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O jornal feito para o seu esporte OPINIÃO ESPORTIVA Edição nº 2 Porto Alegre Rio Grande do Sul Setembro de 2010
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Leia e P a sse Adiante!
Fábian
Chelkanoff Futebol não é tudo
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Roger
Machado Efeito Renato Portaluppi 11
Seja nosso seguidor no Twitter: @jcontraataque FOTOS JOÃO FREITAS/JCA
ESPECIAL
9 Em três atos: o estilo de vida do Skate na Capital
10 Sogipa busca espaço na elite do voleibol brasileiro INTER
ESPORTEDAVEZ
Entre os melhores do mundo no PUNHOBOL Equipe de Novo Hamburgo viaja como favorita ao mundial da África GRÊMIO WESLEY SANTOS/PRESSIDGITAL
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“Mano, quero poder te ajudar”
Mário Fernandes quer retornar aos gramados
Giuliano declara:
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PERFILDOMÊS
FUTEBOLNI
Roupeiros da Dupla revelam a emoção dos bastidores
Robinho tenta mais uma vez conquistar a Europa 8
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ESPORTESHOW
ENTREVISTA EXCLUSIVA
“Me tornar um ícone mundial é saber que hoje as pessoas simples podem fazer coisas JOÃO extraordinárias”. DERLY
centrais
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Editor Chefe:
EDITORIAL
Guilherme Hamm Editor Adjunto:
Renan Sampaio
jornalcontraataque@hotmail.com
Mais uma vez Contra-Ataque É com muito orgulho que o jornal Contra-Ataque chega à sua segunda edição. Nosso sonho agora está nas ruas, à disposição de cada jovem leitor. Muitos adoram esportes, outros começaram a gostar através das nossas reportagens. Este reconhecimento é o que motiva a equipe. Depois da euforia do lançamento, o objetivo não poderia ser outro do que continuar fazendo o mesmo: ir atrás do que você precisa saber sobre esportes, mostrar o que ninguém tem coragem de fazer. Estamos trilhando um novo caminho. A cada sugestão de pauta, uma surpresa. Como podem existir tantas modalidades inexploradas? Inúmeros campeões que não conhecemos ou histórias nunca contadas. Famosos ou não, todos possuem algo especial. Garimpar tudo isso pode parecer difícil, mas a curiosidade
Estamos trilhando um novo caminho. A cada sugestão de pauta, uma surpresa. Como podem existir tantas modalidades inexploradas?
JCA na web
Tudo isto e muito mais. Não perca tempo. Fique à vontade e não esqueça: “Leia e passe adiante”.
FÁBIAN Chelkanoff*
do jornalista parece não ter fim. Acompanhe o resultado de todo esse trabalho nas próximas páginas do Contra-Ataque. A edição de setembro vincula destaques imperdíveis: do bicampeão mundial de judô, João Derly, até a história dos bastidores dos vestiários da dupla Gre-Nal, com os roupeiros Alemão e Seu Gentil. Surpreenda-se com os representantes do punhobol gaúcho no mundial na África, e não deixe de conferir os personagens que levam o Skate da Capital pelo mundo afora. Os amantes do futebol certamente conhecem Giuliano e Mário Fernandes, mas veja o que esses jogadores revelaram com exclusividade ao Contra-Ataque.
Porto Alegre Setembro de 2010
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Futebol não é tudo No dia 18 de agosto o Internacional levantou a taça de Campeão da Libertadores. Nesta década, foi o time brasileiro que mais disputou e ganhou títulos internacionais. O clube está organizado, por mais que a atual gestão teime em disputar as próximas eleições com duas chapas. Fernando Carvalho tem razão: se a situação rachar, a chance de o Inter afundar com essa ruptura é enorme. Aquela máxima de que jogador não sofre a interferência dos problemas políticos é mentira. É só olhar para o lado e ver. O Tricolor, organizado, fez os colorados sofrerem por duas décadas. Desorganizado, chegou à Segundo Divisão. Mas esporte não é só futebol. Muita coisa rola nos campos e quadras do Brasil, e muito aqui no Rio Grande do Sul. E o Contra-ataque vem mostrando isso. Nessa edição, mais um bom exemplo: o punhobol. Para muitos, uma brincadeira. Para outros, um esporte tão ou mais importante do que o futebol. Aqui em solo gaúcho temos dois grandes expoentes do Sul do Brasil, do país e até do mundo. Sim, Sogipa (POA) e Ginástica (NH) são dois grandes times mundiais. O que? Exagero? Então vamos lá: 1 - Você sabia que o Brasil é o atual campeão do World Games, a Olimpíada dos esportes não olímpicos? 2- Que esta Seleção Brasileira tem boa parte de seus jogadores atuando no RS, na Sogipa ou na Ginástica?
Punhobol: um esporte tão ou mais importante do que o futebol
3 - Que a Ginástica vai para a Namíbia disputar o Mundial de Punhobol? Quase ninguém sabe disso. E quando se fala, há um espanto. Um espanto porque nada disso é divulgado com a importância que merece. Mas essa história pode ser vista por outra ótica. No dia 22 de setembro, por ocasião do 23º SET Universitário promovido pela Famecos da PUCRS, tive a alegria de participar de uma mesa com José Alberto Andrade, da Rádio Gaúcha, e Marcelo Barreto, do canal SporTV. E veio a pergunta: o que os jornalistas poderiam fazer para ajudar na divulgação dos outros esportes? Marcelo deu um outro olhar para a questão. Segundo ele, canais de tevê como SporTV e ESPN, dedicam muito de sua programação para os chamados “outros esportes”. E o espaço aparece sempre que há alguma competição importante. Por conta disso, Barreto fez uma ressalva. Para que estes esportes aumentem sua penetração na mídia, é fundamental que se profissionalizem. Que se organizem. É uma outra visão, também verdadeira. E para isso, ou as empresas decidem que querem investir e lutar de mãos dadas com os clubes e esportistas, como a Topper vem fazendo com o Rugby, ou as comunidades que abracem seus profissionais. Se algo não acontecer, nada vai mudar. Até a próxima! * Formado em jornalismo e mestre em Comunicação Social pela Famecos, passou pela Zero Hora e Diário Gaúcho. Trabalhou ainda nas rádios Gaúcha, Rural, Farroupilha e Metrô, sempre junto com o jornal. Hoje é professor da Faculdade de Comunicação Social da PUCRS.
Porto Alegre Setembro de 2010
Atletas do punhobol gaúcho se consolidam no cenário internacional e colocam a região metropolitana entre as favoritas na Copa do Mundo da África.
Por Eduardo Paganella e Mariana email: esportedavez@hotmail.com
Moraes
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ESPORTEDAVEZ Muito mais esportes em
www.jornalcontraataque.com.br FOTOS/JOÃO FREITAS/JCA
Esporte de origem alemã, disputado por equipes de cinco jogadores, ganha destaque através do time de Novo Hamburgo treinado por Marcos Schmidt
Punhobol gaúcho é mundial
Prova disso é que a Ginástica/ Rissul/Sulbra, de Novo Hamburgo, conquistou o último torneio sulamericano masculino de punhobol. A equipe embarca para a Namíbia em outubro, onde disputa o Mundial interclubes. O clube da região metropolitana de Porto Alegre já venceu a competição
Por dentro do jogo O Faustball (punhobol em alemão) é praticado desde a Idade Média: suas primeiras referências datam do século XVI, na Europa; Desenvolveu-se na Alemanha no século passado e espalhou-se pelo mundo por correntes migratórias; Alemanha, Áustria, Itália e Suíça são os países em que o punhobol é mais popular;
em três oportunidades e busca o tetracampeonato em 2010. No cenário brasileiro, a Ginástica divide o posto de melhor punhobol do país com seu vizinho e maior rival, a Sogipa. As duas equipes já foram campeãs nacionais em várias oportunidades. Para o presidente da Federação Gaúcha de Punhobol e treinador da Ginástica, Marcos Schmidt, o segredo do sucesso das equipes do Rio Grande do Sul se deve principalmente ao envolvimento dos atletas com o esporte. “Aqui o trabalho é bem feito, pois a gente faz com amor e dedicação. Somos o espelho do melhor”, diz. Ainda que o Estado seja modelo no país, não há nenhum tipo de incentivo municipal e estadual ao punhobol. Já em Santa Catarina, a história é outra: por lá, a modalidade é amplamente valorizada pelos municípios em virtude dos Jogos Abertos de
Por conta da colonização germânica, o esporte é muito forte na região Sul do Brasil; A Sogipa possui dez títulos do Mundial Interclubes; a equipe Ginástica venceu em três oportunidades; Martin Becker é o nome de maior expressão no punhobol mundial; no Brasil, a referência é George Schuch; O objetivo do jogo é rebater a bola sobre a rede para
Santa Catarina (Jasc). É comum a contratação de jogadores dos clubes locais para defender as cidades durante a competição. O campeonato catarinense de punhobol conta com dez equipes, enquanto no Rio Grande do Sul, são apenas três. Schmidt acredita que aproximadamente 500 pessoas praticam o esporte em solo gaúcho e 2 mil em todo o país.
Quem também seguiu o rumo do pai, é o atualmente atleta da seleção brasileira e coordenador técnico da Sogipa, George Schuch. Ele salienta que o esporte, muito popular em lugares de colonização germânica, teve um salto no Brasil depois de 2005, com a criação do Bolsa Atleta, que apoia financeiramente esportistas de alto nível.
Outro fator que contribui para a perpetuação da modalidade no Estado é, na maioria dos casos, o gosto pelo punhobol passado de pai para filho. A equipe de Novo Hamburgo é um exemplo disso. O treinador Marcos Schimidt é pai de João Carlos, atleta da Ginástica. O jogador de 22 anos faz parte da seleção brasileira. Dão, como é chamado pelos colegas, há três anos se divide entre Brasil e Áustria, atuando no clube da cidade de Grieskirchen, mesmo local onde o atleta leciona tênis, para complementar a renda na Europa.
“Antes, nós éramos praticamente obrigados a vencer os campeonatos, pois a premiação pagaria os custos da viagem. Hoje a situação é financeiramente mais confortável, mas é impossível de se viver só do punhobol”, afirma Schuch. Sem a ajuda dos governantes e com pouca visibilidade na mídia, o punhobol segue uma potência mundial no esporte. Se depender da motivação de Schuch essa realidade persistirá. “Continuaremos dando o sangue para vencer”, reforça.
impedir ou dificultar a devolução pelo adversário;
11 pontos e abrir dois de vantagem sobre o adversário;
A quadra de punhobol é um retângulo de 50 metros de comprimento por 20 metros de largura; o chão é um gramado plano; é dividida por uma linha e uma rede, fita ou corda;
Os quatro fundamentos básicos do punhobol são: saque, defesa, passe e batida;
Ganha o jogo a equipe que vencer 2 ou 3 sets (em um jogo por série); o set termina quando um time passar dos
Cada equipe possui cinco jogadores; um mesmo atleta não pode encostar mais de uma vez na bola em uma jogada; As penalidades são: exclusão temporária, cartão amarelo e cartão vermelho.
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uando o esporte é praticado na grama uma coisa é certa: os brasileiros não podem ser ignorados. E o punhobol comprova isto, afinal, o Brasil é o atual campeão do World Games. Na edição de 2009, em Taiwan, a seleção brasileira venceu uma das maiores potências do esporte, a Suíça. Bairrismos à parte, os atletas do Rio Grande do Sul contribuem para este sucesso e as equipes gaúchas estão sempre entre as mais competitivas do mundo.
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Por
Cássio Santestevan
email: gremiocontraataque@hotmail.com
GRÊMIO
Com a volta prevista para outubro, o jogador busca conquistar a titularidade no Grêmio e estar entre os nomes da seleção brasileira.
Porto Alegre Setembro de 2010 WESLEY SANTOS/PRESSIDGITAL
“Não vejo a hora de entrar em campo” Zagueiro ou lateral, Mário Fernandes intensifica os trabalhos de fisioterapia e recuperação física para voltar a tempo no Campeonato Brasileiro deste ano
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ário Figueira Fernandes, 20 anos completados no dia 19 de setembro, tem jeito de menino. Por trás da promessa de um futuro brilhante há simplicidade, humildade e um jeito acanhado de responder as perguntas, características do jovem que sai do interior e tenta a vida na Capital. Porém, Mário não apenas mudou-se para a cidade grande para projetar sua carreira. Nascido na distante São Caetano do Sul, no estado de São Paulo, o jogador viajou aproximadamente 1100km e trocou o Estádio Anacleto Campanella, casa do São Caetano - seu primeiro clube - pelo Olímpico Monumental, em Porto Alegre. Foi contratado pelo Grêmio por R$ 1 milhão. Seu passe foi disputado também por Palmeiras e Santos, em janeiro de 2009, quando se destacou nas categorias de base do São Caetano, na Taça São Paulo de juniores. Meses antes, demonstrou segurança na zaga da equipe, que disputava o Paulistão sub-20 de 2008, onde foram vice-campeões.
Na época, jogaram de igual para igual com o renomado Santos, que tinha Paulo Henrique Ganso e André. Logo que chegou ao Grêmio, Mário passou por problemas pessoais. A mudança repentina de rotina e o contato com uma cidade maior o fizeram retornar repentinamente para o estado onde nasceu. A ascensão no time do Grêmio foi instantânea e veio nos primeiros jogos, com atuações consistentes. Porém, tão logo a sequência de lesões começou a aparecer, os médicos do clube colocaram o então garoto de 18 anos a fazer reforço muscular. No momento, somente esse problema impedia o jogador de se afirmar como futuro craque.
Eu penso em defender a seleção, mas eu sei que tenho que ter calma. A ideia é continuar no Grêmio para chegar lá. No entanto, esse potencial para crescer foi freado em julho de 2010, quando uma lesão crônica nos dois ombros, que vinha sendo
tratada com fisioterapia, o tirou de vez da equipe gremista. O jogador sentia dores que o acompanhavam desde sua época no São Caetano, mas que se tornaram mais fortes com a sequência de jogos. Mário Fernandes possui uma frouxidão congênita nos ligamentos dos dois ombros. Com a cirurgia, realizada no ombro direito em julho, espera-se que ele retorne na segunda quinzena de outubro ao Tricolor. Em entrevista ao Jornal Contra-Ataque na sala de imprensa do Grêmio, sentado em uma cadeira até pequena para os seus 1.89m de altura e 77kg, Mário responde a pergunta sobre o seu retorno aos gramados. “Estou no momento final de recuperação da lesão. Eu faço fisioterapia pela manhã com o Henrique e à tarde dou uma corrida para não perder o preparo físico. Assim, quando eu voltar, posso pular essa parte da preparação”, afirma o jogador, instruído pelo fisioterapeuta do clube, Henrique Valente. Nome especulado para as Olímpiadas de 2012, Mário Fernandes, repetindo as atuações de 2009, deverá ter chances no elenco da
renovada seleção brasileira de Mano Menezes. Como todo jogador de futebol, sonha com a amarelinha. “Eu penso em defender a seleção, mas, sei que tenho que ter calma. Estou voltando e saio um pouco atrás na briga por uma vaga. Mas, a ideia é continuar no Grêmio, que as coisas vão surgir naturalmente”, afirma.
Prefiro ser zagueiro, mas onde me colocarem, eu jogo. Sondado por clubes como Inter de Milão, Juventus e Porto, ele permaneceu no Brasil. Sobre a permanência de Neymar no país, ele comenta. “Eu já tinha a mesma opinião que ele de continuar aqui, porque alguns jogadores vão para fora e ficam esquecidos ou ao retornar, não conseguem se firmar nas equipes”, analisa Mário. Se depender do atual técnico do Grêmio, a espera do menino para conquistar a titularidade não será tão grande. “O Mário é muito bom jogador. Eu o conheço e lógico que conto com ele. Sei que, sem dúvida, pode dar a resposta que eu preciso.
Está voltando de lesão e no momento que estiver totalmente recuperado, irei analisar a sua situação”, afirma o comandante gremista, Renato Gaúcho. Mário Fernandes chegou ao Grêmio como promessa. Terminou o ano de 2009 como titular, foi eleito o melhor zagueiro do Campeonato Gaúcho de 2010. Quando atuou na lateral direita, com mais liberdade, marcou até gols. Tem imposição e antecipação. É defensor moderno. “É ruim ficar sem jogar. Um dos auxiliares até me disse antes de uma corrida em volta do gramado: ‘Até que enfim você calçou as chuteiras’ e realmente era verdade” lembra Mário sobre sua rotina. “Eu não vejo a hora de entrar em campo”, afirma ele, revelando a ansiedade de estar logo dentro das quatro linhas. Ora improvisado na lateral, ora zagueiro - sua posição de origem - ele responde rapidamente. “Prefiro ser zagueiro, mas onde me colocarem, eu jogo”, confirma o menino que só quer saber de jogar futebol.
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Porto Alegre Setembro de 2010
Talismã colorado na conquista da América e nova cara da renovada seleção de Mano Menezes, Giuliano garante se sentir em casa no Beira-Rio.
Por
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Guilherme Hamm e Rodrigo Pizolotto
email: intercontraataque@hotmail.com
INTERNACIONAL JOÃO FREITAS/JCA
“Já me sinto gaúcho e colorado” Após a infância pobre no interior do Paraná, o meia Giuliano encontrou no Internacional a oportunidade de crescer e realizar o sonho de brilhar no futebol
Mas não é qualquer um que pode fazer um pedido dessa importância. A carreira de Giuliano Victor de Paula, 20 anos, decolou em uma noite de caráter histórico. Épico, pode-se dizer. O cenário é de guerra: fumaça, pouca visibilidade. Argentinos cantam enlouquecidos. Em meio ao breu, Andrezinho enxerga um vulto de camiseta branca entrando livre na área do goleiro Orión. O passe sai perfeito. O menino consegue a conclusão magistral. A bola entra mansa no canto direito do arqueiro do Estudiantes.
O Inter classificava-se para as semifinais da Copa Libertadores da América. “Naquele momento, a gente ressurgiu no campeonato. Fiquei uns três dias sem acreditar que eu tinha feito o gol. No aeroporto, os torcedores gritavam meu nome. Demorou para cair a ficha que aquilo tudo estava realmente acontecendo”, descreve o guri. Até chegar ao gol mais importante da sua vida, o caminho foi difícil. Começou a ser trilhado em Vila Lindoia, Curitiba, na casa dividida com sete irmãos. “Ele era um menino muito calmo, gostava de soltar pipa e sempre foi muito inteligente. Nunca ficou em recuperação no colégio”, garante a mãe. Dona Tarcília conta que Giuliano sempre pedia a ela uma comida especial. “O menino adorava comer pão duro passado no ovo. Até hoje, quando vem aqui na minha casa, ele pede essa comida”, lembra, emocionada. Movido à simplicidade, o craque deu seus primeiros passos nas praças perto da casa da mãe, no Paraná. “Eu só voltava pra casa de noite. De vez em quando, não aparecia nem para comer”, conta um bem-humorado
Giuliano. Talento e amor pelo futebol fizeram com que, aos oito anos, ele passasse em um teste no futsal do Paraná Clube. Aos nove, já estava também no campo. E com apenas 16 anos, foi alçado aos profissionais da equipe.
O menino adorava comer pão duro passado no ovo. Até hoje, quando vem aqui na minha casa, ele pede essa comida. Dona Tarcília, mãe de Giuliano
A religiosidade também marcou a vida do menino de Curitiba. Nesse ponto, entra também na história a semelhança com Kaká, o grande ídolo de Giuliano. Sozinho, aos 11 anos, ele começou a freqüentar a 25ª Igreja do Evangelho Quadrangular. Os rituais evangélicos davam força e alegria a uma infância marcada pela pobreza. “A ida para a igreja me deu direcionamento e consciência para saber que eu precisava de Deus para as coisas darem certo”, relata. Em 2008, a carreira levantou voo. Após a escolha dele
como o meia revelação do Campeonato Brasileiro da Série B, surgiu o interesse de diversos clubes de ponta do país. Palmeiras e São Paulo estavam entre eles. “O Internacional, na época, estava disputando o título brasileiro e eu queria fazer parte de um time que jogasse sempre para ganhar”, explica. Além disso, a possibilidade de fazer parte de um elenco que tinha Nilmar, Alex, Magrão e Guiñazu, chamou sua atenção. E o guri optou por viver em Porto Alegre, que tinha um estilo de vida parecido com o da capital paranaense. Durante a Libertadores de 2010, ganhou o apelido de talismã. Ao todo, foram seis gols na competição vencida pelo colorado. A maioria deles em momentos decisivos. Um dos mais importantes foi na vitória de 1 a 0 contra o São Paulo, na semifinal. Contra o Chivas, abriu o caminho para o título e, no Gigante, a consagração. Quando 50 mil vozes já gritavam “é campeão!”, houve o lance de craque. O guri passa no meio de dois zagueiros e, com um toque sutil, encobre o goleiro mexicano, fazendo o terceiro gol colorado. “Meu tempo aqui no Inter
ainda não acabou”, avisa. O jogador pretende ser campeão brasileiro e mundial em 2010 e ainda disputar a Libertadores de 2011. Sobre o final do ano, em Abu Dhabi, Giuliano admite que já acompanha os jogos da Inter de Milão. “São jogadores conhecidos mundialmente e que tem uma personalidade muito grande. Isso aumenta ainda mais a nossa motivação para vencer”, enfatiza. O currículo de Seleção, que já era encorpado, ganhou a cereja do bolo com a convocação de Mano Menezes. Desde que Giuliano foi chamado pela primeira vez para a seleção sub-15, nunca mais deixou de vestir a amarelinha. Enquanto dezembro não chega, o guri segue calmo e tranquilo, como foi descrito pela mãe. Ele vive na capital gaúcha junto com a esposa e está completamente adaptado ao Rio Grande do Sul. “Já me considero gaúcho e colorado. Consegui encarnar o espírito de luta daqui e aliar com a técnica”, enfatiza o talismã do bi da América. E apoio mesmo é o que nunca faltou na vida do craque. Dona Tarcília emociona-se ao fazer o prognóstico sobre o futuro do filho. “Um dia, ele ainda vai ser um dos melhores do mundo. Tenho certeza”, sonha.
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recado saiu do fundo do coração aos microfones do ContraAtaque. Mais precisamente, direcionado ao técnico da seleção brasileira, Mano Menezes. “Mano, eu estou aqui buscando meu espaço. Quero poder te ajudar”. Desse jeito, mantendo sempre a humildade e a simplicidade, que Giuliano conseguiu alcançar seu principal objetivo. Garantiu lugar na seleção canarinho. O craque colorado agora faz parte do renovado elenco que o treinador pretende utilizar nos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres, e na Copa do Mundo de 2014, no Brasil.
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ENTREVISTA EXCLUSIVA
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Por Guilherme Hamm/Foto de João Freitas
izem que muitas conquistas acabam em vão, que os ídolos esportivos passam sem que o seu exemplo e esforço sejam aproveitados. Mas não leve isso como regra.
Em 1988, quando Aurélio Miguel alcançou a primeira e única medalha de ouro da história do judô brasileiro em Olimpíadas, João Derly era apenas um menino de sete anos. Com uma fonte de inspiração e o incentivo da família e do técnico Kiko, o judoca gaúcho dava ali os primeiros golpes rumo a uma trajetória vitoriosa no esporte. Em 2005, o atleta ganhou o ouro inédito
Como foi tornar-se o primeiro judoca brasileiro campeão mundial no Cairo, em 2005? Foi muito especial. Um título que já vinha sendo buscado há quase 60 anos. Mesmo com muitos atletas, ninguém havia conquistado. Para mim, foi uma honra. Eu me assustei um pouco, não sabia se era um merecedor. Mas depois pensei que tinha me dedicado. Eu queria aquilo. Então, comecei a curtir um pouco mais essa vitória, coroando a dedicação, as dificuldades, a falta de patrocínio, ou seja, todas as coisas que passei.
em mundiais. Dois anos depois, no Rio de Janeiro, veio a consagração com o bicampeonato. Sem a tão sonhada medalha nas Olimpíadas de Pequim e com uma lesão que o afasta dos tatames desde o final do ano passado, o judoca pensa agora nos jogos de 2012, em Londres. Enquanto não retoma a antiga forma, o atleta vibra com as conquistas da mais nova medalhista em mundias, a companheira de treinos Mayra Aguiar. Ele recebeu o Jornal Contra-Ataque e o local não poderia ser outro: o tatame da Sogipa, clube onde treina há 22 anos. Confira a entrevista:
para que elas se tornem não só vencedores no esporte, como na vida. A repentina fama o assustava de alguma maneira? No início, eu ficava meio acanhado. As pessoas me olhavam enquanto comia. Pensava que tinha feito algo errado. Mas, depois entendi que, às vezes, aquele pode ser o único momento em que as pessoas podem ter uma impressão de ti. Pode ser uma impressão que fica para a vida toda. Então, procurei tratar todos sempre da melhor maneira possível.
Por ser gaúcho, qual a sensação de ser o protagonista desse feito? Sou bairrista até demais. Mas esse é o espírito que a gente aplica dentro do tatame. Fala-se do futebol, da pegada aqui dos gaúchos. E é assim que é o nosso judô: movido por essa vontade e determinação. Quando fui campeão, em 2005, o Ronaldinho Gaúcho era o melhor jogador do mundo. Tínhamos o Felipão, a Gisele Bündchen, a Daiane dos Santos. Fazíamos essa brincadeira de que o Estado iria dominar o Brasil (risos). O fato é que eu valorizo as coisas da nossa terra.
Me tornei um ícone e sabia que tinha que passar o exemplo para essa criançada, para que elas se tornem não só vencedoras no esporte, como na vida. O que mudou a partir desse título? Nesse momento, me tornei mesmo um profissional. Eu pude me dedicar 100% ao esporte. Ocorreram mudanças como os patrocínios, e, junto a isso, houve um maior investimento no clube, oportunizando assim que outros atletas se tornassem profissionais. Hoje, estamos colhendo os frutos daquele período, nos tornamos importadores de atletas. Todos querem vir treinar aqui. As pessoas o reconheciam na rua? Recebi o carinho das pessoas, principalmente das crianças. Essa admiração, uma coisa pura. Me tornei um ícone e sabia que tinha que passar o exemplo para a criançada,
Sinto-me um vitorioso como ela, como se eu estivesse lá também. Isso aqui se tornou uma família. Em relação a vice-campeã mundial de judô, Mayra Aguiar
Veio o segundo título mundial, conquistado em 2007, no Rio de Janeiro. Foi especial por ser no Brasil? É difícil dizer o filho que a gente mais gosta (risos). Para mim, teve um gosto especial. Primeiro, a torcida do teu lado, vibrando muito. Isso ajudou bastante. Sair do tatame e abraçar as pessoas que fazem parte do teu dia-a-dia é especial. Cumprimentar teus pais, teu professor, tua esposa, que era namorada naquela época. Eu não precisei chegar ao Brasil para festejar com todos. Naquele momento havia um clima de euforia com o judô nacional. Foi o ano de ouro do esporte no país? O fator casa influencia bastante. Aquele ano nos deixou mal acostumados. Até 2005, não tínhamos nenhum ouro. Aí, no mundial de 2007, conquistamos três e um bronze. Mas, acho que o fator casa foi o diferencial. A torcida foi determinante nessas conquistas. Nas Olimpíadas de Pequim, você chegou como o grande favorito na sua categoria. A medalha de ouro era dada como certa. Como foi aquela eliminação já na segunda rodada? Eu sempre imagino buscar o ouro, a vitória. Foi doloroso. Mas com o
tempo a gente começa a refletir. Foi um ano em que eu tive muitas dificuldades, muitas viagens. Acabei sobrecarregado e me machuquei. Não treinei 100% naquele ano. Não cheguei mal nas Olimpíadas. Porém, pequenos detalhes fazem a diferença. No ciclo olímpico são quatro anos de trabalho em busca de um objetivo que pode acabar em segundos. Aquela derrota foi uma surpresa para você? A vida é assim. O esporte é assim. No judô, segundos podem mudar tudo. A gente se prepara para lidar da melhor maneira possível. Desde criança, nos acostumamos com vitórias e derrotas. Claro, é muito frustrante. Mas só vivenciando. Eu me cobro bastante, precisava muito de uma medalha. Só que eu olhava pessoas felizes apenas por estar em uma Olimpíada, e, às vezes, não valorizamos isso. O choro na chegada ao país, após a derrota nos Jogos Olímpicos, foi por você, por sua família ou pela torcida que o apoiava? Eu estava em um momento muito sensível. Parece que tu levas uma nação nas costas, e ter que dizer o que aconteceu, o porquê da derrota. É complicado. A impressão é de que uma nação inteira ficou decepcionada. Foi por esse sentimento que vieram algumas lágrimas.
Parece que tu levas uma nação nas costas, e ter que dizer o que aconteceu, o porquê da derrota. É complicado.
Ficha técnica Nome: João Derly de Oliveira Nunes Júnior Idade: 29 anos Nasceu em Porto Alegre, em 2 de junho de 1981 Principais títulos no Judô: 2005 - Campeão Mundial no Cairo, Egito 2007 - Bicampeão Mundial e Pan-Americano no Rio de Janeiro 2009 - Bicampeão PanAmericano em Buenos Aires, Argentina
Sobre a derrota nas Olimpíadas de Pequim
Ao longo da sua carreira foram três trocas de categoria. Por quê? Os problemas com a balança voltaram a atrapalhar? Já no ano passado eu tive problemas com o peso. Fizemos alguns exames e para manter os 65kg haveria um desgaste muito grande. Então, começamos a pensar nas Olimpíadas de 2012, restavam ainda mais três anos. Optamos por trocar de categoria para não passar um período de extrema dificuldade, o que poderia me >>
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prejudicar muito. Com essas trocas, prolongamos mais a carreira. Isso é muito comum no meio do judô. No final do ano passado você sofreu uma grave lesão no joelho esquerdo. Você já tinha passado por alguma experiência que o fez sair dos tatames?
membros superiores. Logo, começo a musculação na parte inferior. E até dezembro espero treinar normalmente. Competições só em 2011. Você já pensa nas Olímpiadas de 2016, no Brasil, ou o foco é nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012?
Lesão a gente nunca deseja, mas eu tive pouquíssimos problemas quando mais jovem. Às vezes, pagamos o preço pelo massacre de tantos treinos. Pena que veio nessa hora, mas, algum dia, iria surgir. É claro que fico chateado. Porém, isso está fortalecendo a minha cabeça e a minha vontade de voltar com tudo.
Um passo de cada vez (risos). Primeiro uma coisa, depois outra. Vai ser mais difícil em 2016, mas, em 2012, a gente ainda tem chance, tem que correr atrás. Encaro como um desafio. Isso torna as coisas mais gostosas.
Como foi assistir de casa o mundial de Judô disputado este ano em Tóquio?
Depois de me tornar campeão mundial o trabalho aumentou. Eu cuido de um projeto social, visito diversas entidades que prestam esse tipo de trabalho. Dou algumas palestras contando a minha história, para que sirva de inspiração e motivação para as pessoas. Onde tem judô eu vou atrás para difundir mais ainda esse esporte.
É um pouco complicado, mas, por sorte, a Mayra (Aguiar) estava lá. Tínhamos alguém para torcer muito. É estranho olhar de fora e pensar que eu poderia estar lá. Esse sentimento é diferente.
Como é o dia-a-dia de um bicampeão mundial?
Você imaginava que chegaria tão longe?
Sobre a forma com que o esporte é visto pelos políticos
Qual era a alternativa para acompanhar as lutas? Eu acompanhava pelo computador da minha casa, com a minha esposa Gabi. Na final da Mayra, tive que ficar com o telefone no viva-voz porque o Kiko (treinador de Mayra) não tinha áudio no computador dele. Eu falava para ele vir para a minha casa, e ele não queria correr o risco de perder a luta. Nós passamos a noite inteira no telefone. Fiquei a madrugada toda enlouquecido na internet. Como você se sentiu com a prata conquistada pela gaúcha Mayra Aguiar? Sinto-me um vitorioso como ela, como se eu estivesse lá também. Isso aqui se tornou uma família. Todos ficamos contentes. Queremos levar esse esporte à frente, continuar mantendo essa tradição de vencedores.
rseverança atames
Com 22 anos de carreira, João Derly é um exemplo de que o Judô pode mudar vidas
A Mayra representa o futuro do judô no país? Com certeza. Vice-campeã mundial com 19 anos. Eu vejo nela uma grande evolução. A Mayra amadureceu bastante e muito rápido. Ela tem tudo para ser um exemplo e um ícone do esporte. Se Deus quiser, com muitos títulos. Como está a sua recuperação? A volta aos treinos será em 2010? Já estou fazendo a parte física nos
Eu fico muito honrado. Nem nos meus sonhos eu imaginava isso. Fico muito feliz de ver a simplicidade de onde cresci. Hoje, me tornar um ícone mundial, saber que pessoas simples podem sim fazer coisas extraordinárias. Há o devido reconhecimento em relação às suas conquistas? Não posso reclamar. Muitas que conquistei foram através do esporte.
“Fala-se do futebol, da pegada aqui dos gaúchos. E é assim que é o nosso judô. Essa vontade e determinação”. Analisando o diferencial dos judocas do Estado
O Brasil está aproveitando a oportunidade de sediar uma Olimpíada para impulsionar as modalidades esportivas no país? A política tem que mudar um pouco a cara. O esporte não é um coitadismo, não precisamos apenas de uma ajuda. O esporte é um produto, é um educador. Ele pode mudar muitas vidas. Temos que trabalhar a partir das escolas. Dar oportunidade para as crianças, para que possamos tirá-las das drogas, a chance para que elas tenham um futuro melhor. Existem avanços nesta área? O governo perde de formar atletas. Ele apoia, muitas vezes, os que estão prontos, ou seja, os que já são ídolos do esporte. Perdem-se oportunidades. Existiram melhorias, mas ainda precisamos de mais.
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A política tem que mudar um pouco a cara. O esporte não é um coitadismo, não precisamos de uma ajuda.
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Por
João Vitor Ferreira e Vinícius Fernandes
email: futebol.ni@hotmail.com
FUTEBOL
NACIONAL E INTERNACIONAL
Na sua terceira equipe no velho continente, Robinho pode ter a última chance para se consagrar em um grande clube da Europa.
A última chance
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obinho é um excelente jogador. Um craque. Foi bicampeão brasileiro com o time do Santos apresentando as famosas “pedaladas”. Na equipe da Vila, foram quatro temporadas, entre 2002 e 2005. De lá, o jogador foi vendido para o Real Madrid. Em Madri, de 2005 à 2008, conquistou dois campeonatos espanhóis e uma Supercopa da Espanha, mas isso não foi o suficiente para os galácticos. Em setembro de 2008 foi vendido para o Manchester City. Na Inglaterra teve altos e baixos. Sua primeira temporada foi boa, ficando entre os artilheiros do Inglês. Na segunda, foi prejudicado devido à uma lesão e por isso foi pouco aproveitado.
É difícil imaginar que a equipe funcione com Ronaldinho, Pato, Ibrahimovic e Robinho juntos. Um deles vai sobrar. Sem conquistar títulos e envolvendo-se em polêmicas fora de campo, no início deste ano, Robinho foi emprestado ao Santos. No peixe, o atacante foi campeão paulista e da Copa do Brasil, junto com a nova geração dos Meninos da Vila. Com mais esta boa passagem no futebol nacional, ele retornou à Inglaterra e, depois de muita
Porto Alegre Setembro de 2010
Consagrados e contestados
FOTOS/DIVULGAÇÃO
negociação, partiu para um novo destino no Milan. Ao lado de outros brasileiros, como Ronaldinho Gaúcho e Pato, além de craques como Ibrahimovic, essa pode ser a última chance de Robinho em um grande clube europeu. É o que pensa o jornalista da ESPN Paulo Vinicius Coelho (PVC). Para ele, o jogador não teve êxito na Europa por um erro de planejamento. “Ele viajou para lá pensando que teria o mesmo sucesso que tinha no Brasil, mas não foi o que aconteceu”, revela.
Destino de Felipão pode ser igual ao de Luxemburgo No dia 28 de agosto de 2010, Atlético Mineiro e Palmeiras se enfrentavam no Estádio Ipatingão pela 17ª rodada do Campeonato Brasileiro. Na ocasião, não eram as duas tradicionais camisas, tampouco os jogadores em campo que protagonizavam o espetáculo.
Robinho tenta conquistar os europeus
Segundo o jornalista, o atacante não se esforçou o suficiente para ser o craque que era nos tempos do Santos. “Robinho jogou em um nível digno, mas não para ser o melhor”, opina. A rápida passagem pela Inglaterra pode ser explicada por um mal-entendido. “Ele já chegou à Inglaterra desapontado. Entrou no avião achando que jogaria no Chelsea, e quando o avisaram que iria para o Manchester City, isso lhe causou um impacto”, completa o jornalista. O fato é que Robinho terá que se esforçar para ter
sucesso no Milan. O time não vai jogar para ele, muito pelo contrario. PVC acredita que o brasileiro pode até ser reserva na equipe italiana. “É difícil imaginar que a equipe funcione com Ronaldinho, Pato, Ibrahimovic e Robinho juntos. Um deles vai sobrar”, diz. Essas respostas, entretanto, só virão com o tempo. Resta torcer e aguardar que os tempos das “pedaladas” voltem agora em terras europeias.
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Mundo da bola Enfim, mudou
Apertados
Fim do sonho
A Federação Russa comunicou uma novidade para a próxima temporada: o campeonato nacional adotará o calendário utilizado por todo o futebol europeu, que inicia no outono e acaba na primavera. Agora, a temporada começará em meados de julho e terminará em maio. A competição é disputada por 16 equipes e atualmente tem um calendário único em virtude do clima que é muito rigoroso no inverno.
Depois do fracasso da seleção inglesa na Copa da África deste ano, a Federação Inglesa de Futebol definiu normas mais rígidas para os clubes. Agora, além da limitação do número de inscritos em 25 jogadores, a lista deve incluir oito profissionais que tenham sido registrados em clubes ingleses ou galeses por pelo menos três anos, antes de completarem 21 anos. A nova regra visa que os clubes tenham mais jogadores locais.
O sonho da Federação Portuguesa de Futebol em contar com o técnico José Mourinho para as próximas duas partidas da seleção nas Eliminatórias da Eurocopa 2012 (contra Dinamarca e Islândia, dias 8 e 12 de outubro, respectivamente) não será realizado. O Real Madrid, equipe do treinador, não irá liberá-lo. Mourinho afirmou que continuará comandando somente a equipe merengue na temporada 2010/11.
A data marcara um histórico confronto de treinadores. Comandantes que, somados os currículos, calculam seis Brasileirões e quatro Copas do Brasil, para citarmos apenas torneios de âmbito nacional.
Técnicos consagrados que já venceram muito, por vezes, ficam sem o grande objetivo, saturados de grandes conquistas. Detentores de grandes conquistas, Luxemburgo e Felipão se encontravam em um presente antagônico ao dos pomposos confrontos, por eles disputados, na década de 90. Nada de palco lotado, grandes craques e disputa por títulos, como ocorreu em um passado recente. O pequeno estádio do interior mineiro recebia pouco mais de 11 mil espectadores e ambas as equipes tinham como ambição se distanciar da zona de rebaixamento. Desde que retornou da breve passagem pelo Real Madrid, em 2006, Luxemburgo conquistou três campeonatos paulistas, mas não conseguiu formar equipes suficientemente fortes para voltar a conquistar títulos de maior expressão. O mesmo ocorre com o treinador
gaúcho, que preferiu passar pelo Bunyodkor, do Uzbequistão, antes de retornar ao futebol brasileiro. A preocupante campanha do Atlético Mineiro no Brasileirão, inferior a do rebaixamento de 2007, culminou na demissão de Luxemburgo. O treinador deixa o cargo com o seu pior desempenho na principal competição nacional. Foram seis vitórias, três empates e 15 derrotas, com apenas 29% de aproveitamento. Se não obtiver melhores resultados, o destino do técnico gaúcho pode ser semelhante ao de seu colega de profissão. O penta campeão mundial com a seleção brasileira teve sua arrancada bem diferente da esperada pelos palmeirenses. O aproveitamento de Felipão é inferior ao de Antônio Carlos e Muricy Ramalho, que anteriormente treinaram o alviverde paulista. Mais alarmante é o fato de que, sob comando de Luís Felipe, o Palmeiras tem o aproveitamento de 28% em casa. O comentarista da Rádio Gaúcha, Nando Gross, credita o insucesso dos treinadores pelo comodismo de ambos. “Técnicos consagrados que já venceram muito, por vezes, ficam sem o grande objetivo, saturados de grandes conquistas”, diz. O jornalista crê que se fosse outro treinador no lugar de Vanderlei, a demissão teria ocorrido antes. “O Celso Roth foi demitido do Atlético Mineiro por não levar o time à Libertadores. O Luxemburgo só não foi demitido antes porque era o Luxemburgo”, argumenta Gross.
Porto Alegre Setembro de 2010
Criada em 2001, a pista de Skate do IAPI possui 4000m2 de área livre para a prática do esporte. É um dos principais pontos de encontro dos skatistas locais.
Por Juliano Westphal email: juliano_westphal@yahoo.com.br
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ESPECIAL
FOTOS/JOÃO FREITAS/JCA
SKATE de Porto Alegre em três atos Campeão mundial de Street, o gaúcho Luan Oliveira vive há dois anos em Long Beach, Califórnia (EUA), o berço do Skate
De acordo com o Instituto de Pesquisas Datafolha, em trabalho encomendado pela Confederação Brasileira de Skate, no ano de 2006, 10% das residências da Região Sul apresentavam, ao menos, um praticante do skate. Isso representa pouco mais de 8 milhões de lares. Nenhuma outra região do país apresenta números tão expressivos, percentualmente. Nessa reportagem veremos, em três atos, alguns dos personagens porto-alegrenses desse esporte criado nos anos 50 por surfistas californianos.
1. O Palco Cerca de 50 pessoas e seus respectivos “carrinhos” estão lá, na Praça Frederico Balvé, a famosa “Pista do IAPI” passando a tarde de um dia útil sobre rodas, ajudando a consolidar o Estado como um dos maiores praticantes do skate no país.
Construída em 2001, seus 4000m2 a fazem ser uma das maiores e melhores pistas públicas do Brasil. Localizada na Av. Cristovão Colombo, quase na junção com a Av. Plínio Brasil Milano, a Pista do IAPI é uma das mais importantes da capital, não apenas pela qualidade, mas por sua diversidade. Todos andam nela. De campeões mundiais a crianças recém saídas das fraldas, há espaço para que todo tipo de público desfile pacificamente suas habilidades. No entanto, os praticantes do esporte correm um constante risco de acidentes devido à falta de reformas necessárias.
17, quase saindo do Ensino Médio, começou a se envolver com a questão organizacional do skate. Nunca mais parou. “Tudo volta para o skate”, lembra a estudante de Jornalismo da PUCRS.
“Não considero o skate um esporte, mas, sim, um estilo de vida. É uma questão de personalidade”, completa. Grazi Oliveira respira skate.
A ligação da apresentadora com o “carrinho” é tão intensa que, no início de 2010, Grazi passou dois meses no estado da Califórnia (EUA), estudando a cultura do skate no berço mundial do esporte. A pesquisa fará parte de seu trabalho de conclusão de curso, que abordará como a mídia cobriu os primeiros passos do skate no Brasil.
Em cinco meses no meio dos profissionais, ele já havia vencido uma etapa do Circuito Mundial de Street Skate, realizada em maio de 2010 em Fortaleza, Ceará. Aos 20 anos, não existiria melhor cartão de visitas para Luan Oliveira, que, entre uma competição e outra, estava na Capital. Mas, só de passagem. O gaúcho de
3. O Campeão
Porto Alegre e cria da Pista do IAPI mora há dois anos em Long Beach, Califórnia (EUA). Luan é tratado pela mídia especializada como uma das grandes promessas do skate mundial e, mesmo com tanta expectativa sobre ele, o sorriso titubeante ainda é característica marcante de sua personalidade. Talvez esse seja um dos segredos do seu sucesso. “Tenho mais responsabilidade e maturidade. Mas está ótimo. Eu sempre me diverti bastante. O que importa é ser feliz”, sorri.
2. A porta-voz Apenas 15% do total de praticantes do skate são mulheres. Grazi Oliveira é uma delas. Apresentadora do único programa de rádio voltado ao segmento no Estado (“Skate Player”, no ar toda segunda-feira, das 21h30 às 23h, na rádio Pop Rock), Grazi dá voz aos praticantes do Rio Grande Sul. “Não sou uma skatista profissional, mas uma profissional do skate”, define-se. Mesmo com apenas 21 anos, Grazi pode ser considerada uma veterana. Começou a andar com 15 anos. Aos
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ão 15h de uma quarta-feira razoavelmente ensolarada. Dia raro para o chuvoso mês de setembro. Ela, mesmo com um resfriado malcurado está lá. Ele, skatista profissional, faz jus à classe esportista e não abandona o trabalho nem nas horas vagas. Para eles, o skate é mais que um esporte. É uma paixão. Um estilo de vida.
Grazi Oliveira, estudante de jornalismo, leva adiante o “carrinho” através das ondas do rádio
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Por Leonardo Fister email: esportes.show@hotmail.com
ESPORTES SHOW
A Sogipa é primeira equipe de Porto Alegre na busca pelo título da Superliga de Vôlei. Sem a UCS na disputa, a base de jogadores continua a mesma. JOÃO FREITAS/JCA
Porto Alegre Setembro de 2010
Mais esportes Esgrima
Técnico Jorginho Schmidt acredita na força da torcida gaúcha para um bom desempenho na competição nacional
A Capital na Superliga
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uando a Universidade de Caxias do Sul (UCS) anunciou o fim da equipe de vôlei que disputava a Superliga Masculina, o Rio Grande do Sul correu o risco de ficar sem representante na principal competição da modalidade no cenário brasileiro. Coube à Sociedade Ginastica de Porto Alegre (Sogipa) dar continuidade ao projeto. A equipe Fátima/Medquímica/Sogipa contará com a mesma base de jogadores da UCS e manterá o comando técnico de Jorginho Schmidt. O Rio Grande do Sul sempre contou com boas equipes na competição, a Frangosul Ginástica de Novo Hamburgo e a Ulbra de Canoas chegaram a conquistar o título. Mas a capital dos gaúchos jamais teve um representante na principal competição de voleibol do Brasil. Os porto-alegrenses ficaram empolgados com a novidade. No primeiro treino que o grupo realizou na Sogipa, muitas pessoas foram conferir de perto o trabalho dos novos atletas. Para Roberto Minuzzi, gaúcho de Caxias do Sul e ponteiro da equipe, a primeira experiência em Porto Alegre foi muito positiva. “Foi muito bom conhecer o ambiente. É muito agradável ver toda essa gente torcendo por nós. Isso é fundamental para o projeto dar certo”, conta o atleta. Porém, quem quiser ver os novos
jogadores com mais frequência na capital vai ter que esperar um pouco, pois até novembro eles seguem a pré-temporada na Serra. A comissão técnica e os jogadores são unânimes em afirmar que o time gaúcho não é favorito, mas irá trabalhar para fazer uma boa campanha. O técnico Jorginho Schmidt ressalta que a participação do público será fundamental para uma boa performance de seus comandados. “A torcida sempre foi um valor presente no ginásio. Eu acho que grande parte de uma vitória é causada pelo ambiente que o
atleta encontra quando entra em quadra”, destaca o comandante. Minuzzi, eleito três vezes o melhor atacante da Superliga, lembra que o conjunto possui muitos atletas do Estado e que os fãs podem esperar uma postura muito aguerrida da equipe. “Os jogadores vão dar o sangue, porque a gente gosta do Rio Grande do Sul. O nosso vôlei vai ter a mesma postura do futebol gaúcho, isto é, uma atitude de muita pegada. A torcida vai assistir a grandes jogos”, afirma. A temporada 2010/2011 da Superliga começa na segunda quinzena de novembro.
MARCOS NAGELSTEIN
A gaúcha Augusta Oliveira, 18 anos, atleta do Grêmio Naútico União (GNU), obteve o melhor resultado do Rio Grande do Sul durante o Torneio Nacional de Esgrima, disputado em Porto Alegre. Na final do florete feminino, a atleta venceu a paranaense Christine Botros, da APPES, por 15 a 14. No masculino, o gaúcho Guilherme Toldo, 19 anos, também do GNU, conquistou a medalha de bronze.
Futebol Americano O Porto Alegre Pumpkins sagrouse campeão da edição 2010 do Gaúcho Bowl. Na final, a equipe da capital bateu o Santa Cruz Chacais por 7 a 0. A partida foi disputada no Estádio dos Plátanos, em Santa Cruz, e contou com um bom público. Os moradores, amigos e amantes do esporte compareceram em peso as arquibancadas e fizeram a sua parte, incentivando o time local. Após a conquista do campeonato gaúcho, o Pumpkins volta as suas atenções para a Liga Brasileira de Futebol Americano, onde a equipe ainda busca a sua primeira vitória. O próximo jogo dos porto-alegrenses será em outubro contra o Joinville Gladiators (SC).
Rugby gaúcho O Farrapos, de Bento Gonçalves, está na final da Copa do Brasil de Rugby. A decisão acontece na casa do Federal, no próximo dia 2, em Vinhedo (SP). Os dois finalistas já garantiram vaga para o campeonato brasileiro da próxima temporada. Será a estreia dos gaúchos na principal competição do país.
Novo Estádio Desde o dia 10 de setembro, o Rio Grande do Sul possui um estádio para a prática do Rugby. O Farrapos utilizará as instalações do Estádio da Montanha. Neste ano, a equipe da serra quebrou a hegemonia dos clubes da capital ao vencer o campeonato gaúcho.
email: vc.contraataca@hotmail.com
VOCÊ CONTRA-ATACA
Qual é o seu ídolo no esporte? Nossa equipe foi às ruas saber com quem os jovens mais se identificam no esporte. De Tiger Woods a Edmundo saiba quem são os ídolos da galera. É hora do VC Contra-Ataca. Meu ídolo é o ex-jogador de futebol Edmundo. Ele é um exemplo para os guris que estão começando. Apanhava muito dentro de campo mas nunca caía. Apesar de maleducado, sempre foi um jogador de muita técnica e raça.
Meu ídolo é o Bernardinho, treinador do vôlei masculino. Admiro muito o trabalho dele, os títulos que ele alcançou. Ele é um exemplo de determinação, empenho e liderança. Karen Passos, 21 anos Fonoaudiologia/UFCSPA
FOTOS JOÃO FREITAS/JCA
Camila Costa, 22 anos Enfermagem/UFRGS
Um dos maiores jogadores de todos os tempos foi o Basílio (jogador do Corinthians na década de 70). Ele era oportunista, fez gol na hora certa, foi o cara que empurrou o time. O Basílio é um dos grandes ídolos da massa corinthiana.
Meu ídolo é o Alexandre Pato, pois além de jogar bem ele é muito lindo. Ele é um exemplo de jogador bem-sucedido. Já conquistou vários títulos importantes e tem um futuro garantido no exterior. Kyria Cruz, 17 anos Colégio Univest - SC
Gaio Monte, 22 anos Direito/UFRGS
O maior gênio dos esportes é o Tiger Woods (jogador de golf). Ele elevou suas habilidades motoras e mentais a um nível tão extremo, que hoje consegue dominar esse esporte complexo com perfeição. Ele merece ser valorizado.
Como gremista, acho difícil escolher apenas um ídolo. Um cara que representou bem a essência do tricolor foi o Dinho. Ele não tinha muita habilidade, nem técnica, mas sempre foi muito raçudo. Dinho era o cara. Kauai Padaratz, 22 anos Biologia/UFRGS
Felipe Nicola, 21 anos Medicina/UFRGS
Meu ídolo no esporte é o Ronaldo Fenômeno. Admiro a sua trajetória de superação. Ele enfrentou uma fase muito difícil na Europa, se recuperou de várias lesões e conseguiu dar a volta por cima. Eu o considero um exemplo de vida.
O Michael Jordan é o meu maior ídolo no esporte, por ser muito persistente. Ele sempre falou sobre a importância de continuar treinando, mesmo após errar uma cesta definitiva no último segundo de partida. Leonardo Knijnik, 18 anos Medicina/UFRGS
Luis Barbará, 21 anos Jornalismo/PUCRS.
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Jornal Contra-Ataque
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ROGER
Machado*
Efeito Renato Portaluppi Ano de Copa do Mundo é sempre um ano atípico para o futebol. Com a parada de quarenta dias no meio do calendário, os clubes brasileiros têm a oportunidade de fazer ajustes no seu planejamento, visando a parte seguinte da temporada. Dispensar, contratar jogadores e treinadores, além de dar um polimento na parte física, técnica e tática de sua equipe se torna obsessão dos clubes. A parada para Copa fez mal ao Grêmio. Depois de um primeiro semestre promissor com a conquista do Campeonato Gaúcho e de um bom inicio de Campeonato Brasileiro, a retomada não foi no mesmo nível. Em algum momento e por algum motivo especial, o time saiu dos trilhos. A baixa produção, os resultados negativos e problemas de indisciplina no vestiário derrubaram o técnico Silas e deixaram o Grêmio à deriva, sem comandante. Muitos nomes foram levantados para assumir, mas o Grêmio decidiu por Renato Portaluppi, o maior ídolo da história do clube. Escolha acertada pelo momento que a equipe atravessava. Quando jogador, Renato foi um ponta Com Portaluppi direita driblador e percebi que era audacioso, como possível jogar um técnico mostra futebol ofensivo que pensa futebol de um ponto de sem ser uma equipe vista diferente desequilibrada. da maioria dos grandes treinadores revelados no Rio Grande do Sul, que jogaram na defesa e organizam seus times da zaga para o ataque. Ter jogado no ataque permite a Renato idealizar seu time com uma vocação ofensiva. Foi muito importante ter sido comandado pelo Renato durante o período que estive no Fluminense. Neste período, percebi que era possível jogar um futebol ofensivo sem ser uma equipe desequilibrada. Assim, venci muitos jogos jogando um futebol bonito e ofensivo, cometendo poucas faltas e tomando poucos gols. Renato chegou e com seu estilo aos poucos foi arrumando o time. Ele indicou alguns jogadores, resgatou outros que estavam em baixa e recuperou a autoestima de um grupo combalido pelos últimos insucessos. Desta forma, Renato equilibrou o time e os resultados apareceram. Quando escolheu trazer um grande ídolo para dirigir seu time, a direção desejava mais que um treinador. A direção queria tratar as questões táticas e emocionais da equipe, mas também queria acalmar o torcedor, pois não seria qualquer comandante que traria a tranquilidade de volta e teria o respaldo para trabalhar. O objetivo em curto prazo era deixar a zona de desconforto e se aproximar do bloco intermediário da tabela, aquele que briga pela competição SulAmericana. Depois disso, pensar na Libertadores poderá ser uma realidade, pois o time está maduro para planejar outros objetivos maiores. *Roger se destacou no Grêmio por dez anos, conquistando inúmeros títulos, entre eles a Libertadores da América de 1995. O jogador já atuou no Japão e foi campeão da Copa do Brasil pelo Fluminense. Roger também fez parte da seleção brasileira na Copa América em 2001.
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Porto Alegre Setembro de 2010
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PERFILDOMÊS
Seja em bons ou maus momentos, lá estão eles. Os roupeiros da dupla Gre-Nal ficam longe dos holofotes, mas vivenciam tudo o que acontece nos bastidores.
Porto Alegre Setembro de 2010
Os guardiões do vestiário FOTOS JOÃO FREITAS/JCA
Guilherme Hamm
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chegada a hora da partida. Torcedores soltam os primeiros cantos, as luzes do palco se acendem e a massa espera a bola rolar. Só quem está ali pode descrever essa sensação. Agora imagine ouvir o som das arquibancadas, estar dentro do vestiário, mas não poder participar de toda a festa. Essa é a vida dos roupeiros da dupla Gre-Nal. “A gente sofre muito porque fica sem saber o que está acontecendo lá fora. Não sabemos se vamos ganhar ou perder o jogo. Aqui no Beira-Rio, eu consigo ver alguma coisa ali do túnel, mas, fora de casa, é esperar que a torcida adversária fique quieta. Isso é sinal de que não estamos perdendo”, revela o roupeiro Gentil Passos, 54 anos, 36 deles dedicados ao Internacional. Para Seu Gentil, como é conhecido, o rádio deu voz a tudo o que acontece dentro de campo. “Meu radinho de pilha é o meu companheiro. Não me deixa nunca. Ele passou para mim todas as nossas glórias”, completa.
O que acontece aqui dentro, fica aqui dentro. Marco Aurélio Severino, o Alemão, também dá seu jeito para não perder nada do espetáculo. Roupeiro do Grêmio há 16 anos, ele afirma que mesmo sem ver as partidas, participar dos grandes momentos do clube faz tudo valer a pena. “É uma satisfação enorme. Qualquer um gostaria de estar aqui nesse momento. A gente fica muito feliz”. Ele comenta ainda que a curiosidade dos amigos é muito grande em relação ao que acontece dentro do vestiário. “Todos me perguntam, mas o que acontece aqui dentro, fica aqui dentro”. E brinca. “Não falo nem para meus filhos”. As memórias do passado estão sempre presentes na vida de quem realmente faz parte da história da dupla Gre-Nal. Seu
Trato os jogadores como se fossem meus filhos. Gentil procura nem lembrar dos anos difíceis. O roupeiro colorado prefere contar o momento mais inexplicável das suas mais de três décadas no Internacional, a final contra o Barcelona no Mundial de Clubes. “Quando o Índio se machucou, pediram uma outra camisa porque a dele estava suja de sangue. Tive que correr uns 300m até o vestiário. Cheguei lá e tinham mais de vinte volumes. Não sabia onde ela estava. Olhei um malote e levei a mão, puxei a número três do Índio. Parece que Deus colocou na minha mão. Eu nunca vou esquecer”. Do lado tricolor, Alemão também tenta apagar da memória o difícil rebaixamento em 2004. Da série B, o roupeiro do Grêmio quer relembrar apenas a histórica Batalha dos Aflitos.
Gentil, há 36 anos no Inter, revela o melhor companheiro de vestiário em dias de jogos: o radinho de pilha “Eu estava no vestiário quando o Domingos foi expulso. Ele entrou quebrando tudo. Mas daí o Galatto defendeu o pênalti. Nós ficamos de joelhos, abraçados. Foi quando entrou um diretor gritando: ‘goool do Grêmio’. Depois disso foi só alegria”. O que une esses dois personagens é a paixão pelos seus clubes. Alemão veio com a família de Cachoeira do Sul para a Capital. Trabalhou como engraxate e vendedor. Gremista, desde criança, entrou para o time de gandulas do Olímpico em 1988. Seis anos depois começou a carreira de roupeiro. “Aprendi tudo o que sei com o Seu Hélio”, explica. Seu Gentil foi além. Com 18 anos, o jovem, natural de Osório, chegou a realizar um teste no Beira-Rio. Ele conta que acabou se machucando nas férias de 1974, mas permaneceu para ajudar o antigo roupeiro do clube. Ele garante que não houve frustração pela abreviada carreira como jogador. O fato é que um ano depois, o roupeiro comemorava com Manga, Valdomiro e Figueroa o inédito título do campeonato brasileiro. Homenageado pelo grupo de jogadores na semifinal da Libertadores deste ano contra o São Paulo, no Morumbi, Seu gentil emociona-se. Para ele, isso tudo é uma fonte de motivação para seguir trabalhando. “Foram as amizades que me mantiveram aqui até hoje. Trato os jogadores com se fossem meus filhos”. Os dois roupeiros agora planejam o futuro. Alemão, 33 anos, ainda quer viver muitas conquistas com o Grêmio. Sonha com o tri da Libertadores da América. Seu Gentil já enxerga o momento de parar. Mas, antes disso, espera ver o bicampeonato mundial do Inter em Abu Dhabi. Emocionado, ele explica como pretende deixar o vestiário colorado. “Quando eu parar, que seja devagarinho. Assim, não vou sentir tanta falta”, desabafa.
Alemão não diz nem aos filhos o que acontece no vestiário