Plug - set/out/nov 2017

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Informativo oficial da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas

Edição especial 16º Conselho Nacional de Entidades Gerais e 4º Encontro de Mulheres Estudantes da UBES Setembro, outubro e novembro de 2017

COMO O GRÊMIO MUDOU MINHA ESCOLA pg 6

A EDUCAÇÃO NO COMBATE AO MACHISMO pg 4

A UBES APOIA AS DIRETAS JÁ! pg 8


EDITORIAL

SECUNDAS RESISTEM, BRASIL RESISTE! A geração de estudantes secundaristas que ocupou as escolas nos últimos anos é o alicerce mais forte na resistência aos efeitos do golpe de 2016, que rapidamente mostrou a sua verdadeira face com reformas que retiram direitos, atacam a educação e espremem os trabalhadores. As meninas e os meninos, os secundas brasileiros, são várias galeras organizadas em diferentes coletivos, frentes de luta, grêmios, entidades municipais e estaduais, nos vários espaços de debate, nas passeatas e nas ruas. Neste momento, é fundamental combater os graves retrocessos e suas consequências, principalmente para a juventude. O corte de recursos da educação, a “deforma” do ensino médio, o autoritarismo intolerante de projetos como o Escola Sem Partido são alguns dos piores efeitos da ruptura democrática no Brasil. Por isso, a grande e importante unidade dos secundas deve mirar a defesa da educação pública, gratuita e de qualidade enquanto o “desgoverno” de Michel Temer declina inundado por delações, denúncias de corrupção e rejeitado pela imensa maioria do povo brasileiro. Já respirando por aparelhos, o não-governo dá a mão a parlamentares que também estão na corda bamba e, dessa forma, aperta mais ainda o nó contra o seu próprio pescoço.

Diretoria Executiva da UBES Gestão 2015-2017 Presidenta: Camila Lanes Vice-presidente: Jan Victor 1º Vice-Presidente: Mariana Ferreira de Souza Secretária Geral: Juliane da Silva 1º Secretário Geral: Rafael Araujo Tesoureira Geral: Stephannye Vilela Diretor de Relações Internacionais: Jairo Marques Diretor de Grêmios: Danilo Ramos 1º Diretor de Grêmios: Ericleiton Emídio Diretora de Escolas Públicas: Fabrícia Barbosa Diretora de Mulheres: Brisa S. Bracchi Diretor de Políticas Educacionais: Guilherme Barbosa Diretora de Movimentos Sociais: Jéssica Lawane Diretora de Comunicação: Fabíola Loguercio Diretora de Escolas Técnicas: Glória Silva

Expediente O jornal Plug é

uma publicação da União

Brasileira dos Estudantes Secundaristas. Coordenação editorial: Contra Regras - Comunicação Jornalista responsável: Rafael Minoro Edição: Natasha Ramos e Rafael Minoro Jornalistas: Natasha Ramos, Natália Pesciotta e Débora Neves Estagiária: Amanda Macedo Projeto gráfico: 45JJ Endereço: Rua Vergueiro, 2485, Vila Mariana, São

Para devolver ao povo o protagonismo nos rumos do seu País, a campanha da UBES pelas Diretas Já!, junto à Frente Brasil Popular e a Povo Sem Medo, deve ser intensificada, em sintonia com os anseios da população, e assim interromper de vez o processo de desmonte e entrega do País. Estaremos nessa luta ao lado dos estudantes universitários, da galera da pós-graduação, dos trabalhadores, movimentos do campo, da cidade, lutadoras e lutadores que estão aí desde sempre e que acreditam em virar esse jogo. As ocupações mostraram que somos milhões e que podemos sacudir esse país. Um novo capítulo dessa história será escrito no próximo Congresso da UBES, no mês de dezembro, com a reunião de toda essa geração de jovens para definir os caminhos da nossa luta, eleger a nova diretoria desta entidade e ampliar ainda mais nossas ações.

Paulo - SP - CEP 04101-200 Telefone: (11) 5082- 2716 Site oficial: www.ubes.org.br facebook.com/ubesoficial t witter.com/ubesoficial youtube.com/ubescomunica instagr am.com/ubesoficial

Quando os secundaristas resistem, o Brasil resiste junto. Bora pra luta!

MEIA-ENTRADA É MEU DIREITO! Camila Lanes Presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas

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Você sabia que todos os estudantes devidamente matriculados podem pagar meia-entrada em show, cinema, teatro, exposições, eventos esportivos e culturais em geral? Peça o seu documento de identificação estudantil e faça uso deste direito!

https://www.documentodoestudante.com.br/


#ANTES&DEPOIS

“Quando eu era secundarista….” Hoje, Manuela D’Ávila é deputada estadual no Rio Grande do Sul pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e Gleisi Hoffmann ocupa uma cadeira de senadora pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Mas foi no movimento estudantil que elas deram os primeiros passos na vida pública. A primeira chegou a ser vice-presidenta da UNE e a segunda até presidiu as entidades secundaristas de Curitiba e do Paraná. Para o PLUG, elas relembraram suas impressões de quando eram estudantes e compararam com a realidade atual.

GLESI HOFFMANN

MANUELA D’ÁVILLA

QUANDO EU ERA SECUNDARISTA

QUANDO EU ERA SECUNDARISTA

Par ticipar do movimento estudantil… me fez conhecer a política, instrumento para mudarmos as coisas e buscarmos justiça social.

Minha maior referência… era Che Guevara.

Sonhava com… igualdade entre as pessoas, na renda, nos direitos, nas opor tunidades. E continuo sonhando e lutando por isso.

Percebia que o machismo… tinha muito impacto para que meninas não par ticipassem da política. Par ticipar do movimento estudantil… era minha forma de lutar para mudar o mundo.

Política para mim era… algo ainda distante, mas necessário.

Política pra mim era… uma das formas de disputa da sociedade.

Achava que o Brasil… era muito injusto e desigual.

Achava que o Brasil… tinha um futuro maravilhoso a ser construído.

O machismo… era for te.

HOJE Ter par ticipado do movimento estudantil… me faz compreender a impor tância da conscientização da juventude, necessidade de espírito crítico para continuarmos avançando nas lutas sociais Sonho com… igualdade, como antes. E tenho claro que precisamos estimular mais a consciência crítica da juventude. Política pra mim é… minha vida, onde me dedico 100% para lutar. É imprescindível para a democracia e para melhorar a sociedade. Sem política, é a guerra.

HOJE Minhas maiores referências… são as mulheres simples que enfrentam tudo para seguir vivendo! No meu cotidiano e meu trabalho, percebo que o machismo… está em quase todas as relações. Política pra mim é… a forma como trabalho para transformar o Brasil e a vida das pessoas para melhor. Vejo que par ticipar do movimento estudantil… ainda é lutar para transformar o mundo! Acho que o Brasil… precisa resistir ao desmonte do estado iniciado com o golpe.

Acho que o Brasil… volta para o caminho de desigualdades, com o golpe de 2016. Estão destruindo a Constituição Federal de 1988 e os legados de Lula e Dilma. O machismo… continua for te e incentivado por um governo de homens brancos e ricos.

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#AGORAÉQUESÃOELAS

A educação tem papel fundamental no combate ao machismo Estudantes feministas encontram apoio umas nas outras para driblar problemas de gênero nas escolas Desde a manifestação #VaiTerShortinhoSim, realizada em 2016 pelas estudantes do tradicional colégio Anchieta, em Porto Alegre (RS), a luta das secundaristas contra o machismo tem sido evidenciada no ambiente escolar. Na ocasião, as gurias do Anchieta questionavam por que as suas vestimentas eram manipuladas como ferramenta de opressão e controle dentro e fora da escola. Com mais de 27 mil assinaturas, o abaixo-assinado organizado em repúdio à proibição das saias e shorts viralizou na internet. O protesto pouco tinha a ver com o uso das peças, e sim com o que a proibição delas representa. Até hoje, o modelo de educação brasileiro perpetua a ideia de que as meninas devem se prevenir contra os assédios, fazendo-as temer, não usar e se calar, em vez de educar os assediadores. Mas, se engana quem pensa que as garotas permanecem caladas como permaneceram por tantos anos: agora, elas se organizam em coletivos feministas para driblar regras que reforçam a cultura #patriarcal nas escolas.

Piquenique, internet e debates Levantando a bandeira da #sororidade, os coletivos feministas proporcionam o debate de gênero nas salas de aula. No colégio Pedro II (RJ), por exemplo, a Frente Feminista organiza piqueniques para as meninas compartilharem experiências e dar apoio umas às outras. A estudante Eduarda Magalhães frequenta os encontros e afirma que o machismo é um problema frequente no colégio: “Nós sofremos assédio dos garotos – e até dos professores –, porém, a maioria é silenciada, já que escândalos podem sujar o nome da instituição”. Além das reuniões, as estudantes também utilizam as redes sociais para se comunicar. Dê um like

A página “Feminismo ¾” tem mais de 130 mil curtidas e denuncia os casos de assédio na escola.

Ainda sobre assédio nas instituições de ensino, a estudante do IFRN São Gonçalo, Maria Santos, conta que, recentemente, seu professor de matemática disse a uma garota “feche as pernas, sente que nem moça”. A partir da declaração, o coletivo de mulheres promoveu uma semana de conscientização, com debates e distribuição de cartazes feministas pelos corredores do Instituto. Entretanto, apesar da mobilização estudantil, o professor não recebeu nenhuma punição.

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“Nossas escolas precisam corresponder ao nosso tempo. Não voltaremos aos fogões, não deixaremos de ocupar cadeiras nas escolas e disputar vagas nas universidades. Lutamos por uma educação emancipadora e não sexista e, para isso, precisam existir disciplinas a fim de discutir gênero e sexualidade nas escolas” Diretora de Mulheres da UBES, Brisa Bracchi, sobre o sistema educacional que intensifica #estereótipos e #papéisdegênero

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Estereótipo, Papel de gênero, Patriarcal, Sororidade

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Think Olga - thinkolga.com Geledés Instituto da Mulher Negra geledes.org.br Agora é que são elas agoraequesaoelas.blogfolha.uol. com.br Não me Khalo - naomekahlo.com Revista Az Mina - azmina.com.br


#ACIDADEÉNOSSA

Ocupar a cidade é direito do estudante: passe livre estudantil já! É papel das prefeituras garantir transporte para que os estudantes tenham acesso às salas de aula, à cultura, bem-estar e lazer O Passe Livre Estudantil irrestrito é simples. Ele proporciona ao jovem o direito à cidade por meio da mobilidade, já que o estudante dificilmente consegue arcar com o preço do transpor te público. Oferecer a possibilidade de ir e vir, principalmente nas grandes e médias cidades, significa proporcionar uma integração maior entre as regiões e fazer com que a juventude possa ocupar e circular pelos espaços urbanos de modo mais democrático. O movimento estudantil tem um amplo histórico de lutas em defesa de preços mais justos nas passagens e pelo Passe Livre Estudantil, desde 1956, com a Revolta dos Bondes, no Rio de Janeiro, até os dias atuais, com tantos outros levantes e revoltas contra o aumento das tarifas em cidades como Salvador, Natal, Recife, Curitiba, Belo Horizonte e São Paulo. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2014 mais de 1,3 milhão de jovens entre 15 e 17 anos deixaram a escola sem concluir os estudos, dos quais 52% não concluíram sequer o ensino fundamental. “Muitas pessoas estão excluídas da educação porque não podem arcar com o custo do transpor te até suas instituições de ensino, e toda vez que uma tarifa de ônibus aumenta, esta exclusão cresce também”, avalia Camila Lanes, presidenta da UBES. É por meio da utilização do Passe Livre que os jovens que residem em bairros mais afastados podem frequentar escolas, cinemas, parques, museus, teatros entre outras atividades culturais que contribuem para a sua formação cidadã.

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“É obrigação do Estado ter uma educação pública e de qualidade para os estudantes brasileiros. O Passe Livre é um direito que garante a toda a juventude o seu acesso e a sua permanência dentro das escolas. Mas não é só isso. Ele é importante também para complementar a nossa formação cidadã, com acesso à cidade, cultura, lazer e bem-estar” Camila Lanes, presidenta da UBES.

“É necessário compreender a educação como um processo complexo da formação do indivíduo, que existe para além dos muros da escola. O acesso ao lazer e a cultura é importantíssimo para o desenvolvimento do jovem” Emerson Santos, Presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas, que no mês de agosto de 2017 promoveu protestos contra a prefeitura tucana que restringiu o Passe Livre na cidade.

Diferença de acesso a lazer e cultura nas regiões centrais e periféricas:

Centro

Periferia

Como eles acham que eu utilizo meu Passe Livre X Como eu realmente utilizo:

Expectativa

Realidade

Revolta dos Bondes de 1956 + Rio de Janeiro: Estudantes realizam campanha contra o aumento da passagem de bondes na então capital do Brasil. Polícia reprime protestos.

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#MEUGRÊMIOMINHAVIDA #MEUGRÊMIOMINHAVIDA

COMO O GRÊMIO MUDOU MINHA ESCOLA Mais integração, mais solidariedade, mais cidadania; conheça cinco grêmios que melhoraram o ambiente escolar com criatividade e força de vontade Além de facilitar o diálogo entre estudantes e outras esferas da comunidade escolar, os grêmios podem e devem contribuir muito para um ambiente mais humano e harmônico nas escolas. É o que mostram as histórias destas páginas, vindas de várias partes do Brasil. “Participar do grêmio ensina muito aos estudantes, pois é preciso dialogar, se posicionar, mediar ideias e interesses. E a atuação mantém acesa a crença de que é possível ter uma educação e um país melhor”, diz Danilo Ramos, diretor de Grêmios da UBES. Para ele, não há como construir a educação que a entidade defende sem a participação dos grêmios. “Sonhamos com uma escola democrática e com ampla participação de todxs”, explica. Confira algumas ideias que conseguem transformar esse sonho em realidade.

Ainda não tem um grêmio no seu colégio? Vá para a página 10! VEJA TAMBÉM Histórias de como o grêmio transformou a trajetória de pessoas de todas as idades

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MANAUS, AM DEPOIS DAQUELE ASSALTO Rádio do grêmio mobilizou estudantes e conseguiu mais segurança para a escola Em julho de 2016, assaltantes entraram pela quinta vez na escola estadual Dom João de Souza Lima, em Manaus, e fizeram dois jovens de reféns. No dia seguinte, o grêmio mobilizou o colégio a parar as aulas e realizou um ato do lado de fora. Mais dois dias de manifestação se seguiram, debatendo a gestão estadual e federal para a educação. Resultado: a Secretaria do Estado instalou arame farpado nos muros e contratou agentes para a portaria. “A escola nunca mais foi assaltada”, conclui Julio Silva, secretário-geral do grêmio naquela época. Julio explica que a rádio da escola, criada pelo grêmio no começo do ano passado, foi fundamental para o processo: “Além de deixar a escola mais animada e unida, a rádio é um instrumento importante de mobilização”.

SANTA INÊS, MA O MATAGAL QUE VIROU HORTA Além de quiabo, alface e cebolinha, estudantes plantam a ideia de cidadania “Nossa escola tinha um espaço grande ocupado só por um matagal. Pensei que podíamos usar para alguma coisa”, diz Jaime Bezerra, presidente do grêmio Maria Silva Filha. A direção do Centro de Ensino Josué Diniz Alvez aprovou a ideia e a horta virou até projeto pedagógico! Com a professora de Geografia Josélia Brito, os jovens não aprendem apenas a plantar quiabo, maxixe e couve, mas também as ideias de cidadania e consciência. Em esquema de mutirão, os estudantes se dividem em grupos para cuidar da plantação. Toda a comunidade pode participar do projeto, que vai fornecer alimentos para a merenda escolar.


SALVADOR, BA FESTA POR UM BOM MOTIVO Atividades culturais garantem nova cadeira de rodas para estudante e reformas na escola Solidariedade, integração e cidadania foram conceitos que o grêmio trouxe para o cotidiano da escola estadual Barros Barreto, no subúrbio de Salvador. Um arraial junino, no primeiro semestre deste ano, reverteu os ingressos de três reais para a compra de uma cadeira de rodas para um colega que estava precisando. Também com dinheiro arrecadado em atividades culturais, o grêmio conseguiu materiais para reformar salas de aulas que tinham azulejos caindo. “É um absurdo o poder público não cuidar da estrutura da escola, mas não conseguíamos ver a situação sem fazer nada”, diz o presidente do grêmio, Rafael Paiva.

BRASÍLIA, DF A ESCOLA É NOSSA Atividade cultural nos intervalos dá voz e aproxima estudantes Uma atividade do grêmio Honestino Guimarães mudou a realidade dos intervalos no Centro de Ensino Médio Elefante Branco. O projeto de intervalo cultural deixa os estudantes unidos para apresentações de colegas. “Pensamos nisso como uma forma de dar mais visibilidade aos estudantes que tenham bandas, grupo de dança, recitem poemas ou realizem qualquer tipo de arte. Percebemos que chama atenção e envolve muito todo o colégio”, conta satisfeito o presidente do grêmio, Marcelo Acácio.

BELO HORIZONTE, MG QUADRA NOVA, VIDA NOVA Depois de reforma feita pelo grêmio, estudantes realizam campeonato inter-escolas Cansados de ver a quadra da escola estadual Olegário Maciel com as marcas do campo quase invisíveis, os estudantes do grêmio partiram para a ação. Limparam e refizeram toda a marcação. A partir da mudança no espaço, muito mais interação e práticas esportivas podem acontecer no dia a dia. Junto com outros grêmios da região central de Belo Horizonte, eles realizam um campeonato inter-grêmios. “Os times vencedores de cada escola disputarão entre si. É uma forma de estimular o esporte e a interação ao mesmo tempo”, comemora Alberto.

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#CONJUNTURA

A UBES APOIA AS DIRETAS JÁ!

O golpe que tirou ilegalmente a presidenta da República e colocou no poder o presidente ilegítimo Michel Temer (PMDB) promoveu uma ruptura democrática que tem levado o país a uma crise política-ética-institucional sem precedentes. A agenda de retrocessos inclui a entrega da Petrobras, o desmonte das conquistas sociais, o sucateamento da Educação, as reformas do ensino médio, da previdência e trabalhista, que condenam a população pobre e a juventude do país.

1984

1985

1988

O deputado Dante de Oliveira havia protocolado, um ano antes, uma proposta de emenda para o retorno do voto direto para a presidência, o que despertou a onda de manifestações e comícios das Diretas Já.

Apesar da derrota da Emenda Dante de Oliveira no Congresso, o movimento das Diretas Já! contribuiu para a abertura democrática do país, influenciando os parlamentares que, em 1985, escolheram o primeiro presidente civil depois de décadas de governo militar: Tancredo Neves, mas morreu antes de governar o Brasil, que foi então presidido pelo vice José Sarney.

Realização de uma nova Assembleia Nacional Constituinte, que resultou na Constituição Federal de 1988, vigente até os dias de hoje. Após a aprovação do documento, foram definidas eleições gerais para o próximo ano.

1998

2002

2006

Em um processo polêmico, com denúncia de compra de voto, o governo FHC aprovou a emenda constitucional das reeleições para a presidência da República. As votações se deram em um momento de crise econômica e início de esgotamento do projeto neoliberal e das privatizações. Apesar disso, o presidente foi reeleito em primeiro turno.

O 2º mandato de FHC foi marcado pelo aumento da crise econômica e pelas manifestações contrárias à política de juros altos e subordinação do país ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Em contraponto a esse cenário, Luiz Inácio Lula da Silva reuniu uma grande coalizão de partidos de esquerda e outros setores da sociedade, vencendo as eleições presidenciais daquele ano.

A campanha eleitoral deste ano foi polarizada e marcou o debate acerca das transformações sociais do governo Lula, como o programa Bolsa Família e o ProUni. Ao final do processo, o presidente foi reeleito no segundo turno de votações.

Somente devolvendo ao povo o direito de votar para presidente é que será restabelecida a Democracia e a esperança de uma Educação pública, gratuita e de qualidade

2017 Com a instabilidade de Michel Temer e as graves acusações contra os políticos que coordenaram a retirada ilegal da presidenta da República, o país se une novamente na campanha das Diretas Já.

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Um ano depois, graves denúncias de corrupção envolvendo Temer e seu partido vieram à tona, fazendo com que o movimento pelas Diretas Já! crescesse e começasse a ganhar a opinião pública, como ocorreu em 1984. Para 85% da população, o Congresso deveria aprovar uma mudança constitucional que permitisse eleições já, apontou pesquisa Datafolha em abril. Existe uma iniciativa neste sentido: a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 67, de 2016, de autoria do senador José Reguffe (sem partido - DF). “Ouso dizer que, de certa forma, a luta pelas Diretas representa o mesmo que representou em 1984: a esperança de que o Brasil seja um país democrático e soberano”, diz Fabíola Loguercio, diretora de Comunicação da UBES. 1989

1992

1994

As eleições de 1989 foram as mais amplas da história do País, com um total de 22 candidatos. O segundo turno foi polarizado entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Collor de Mello (PRN), que acabou vencendo.

Envolvido em grave episódio de corrupção, o presidente Fernando Collor de Mello (PRN) foi alvo de pedido de impeachment, após campanha Fora Collor, protagonizado pelos estudantes cara-pintadas. Collor renunciou antes do fim do processo e assumiu seu vice, Itamar Franco.

As eleições de 1994 tiveram, como pano de fundo, a tentativa de recuperação econômica do país após a recessão da década anterior. O ex-ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso (FHC) ganhou as eleições, usando o discurso de ser o pai do Plano Real, lançado pelo governo Itamar.

2010

2014

2016

O êxito do segundo mandato do governo Lula, assim como a recente descoberta do petróleo nas camadas pré-sal da costa brasileira, foram o trunfo para que esse projeto político tivesse êxito na sucessão. Pela 1ª vez na história, o Brasil elegeu uma presidenta da República, Dilma Rousseff.

As eleições de 2014 ocorreram em clima acalorado, com o país mobilizado pelas jornadas de junho de 2013, a realização da Copa do Mundo e os debates acerca do Plano Nacional de Educação. O 2º turno foi acirrado, mas terminou com o povo reelegendo a presidenta Dilma.

Foi confirmado o golpe parlamentar sobre a presidenta, com a aprovação de um impeachment ilegal, sem crime de responsabilidade, orquestrado por Eduardo Cunha, Aécio Neves (PSDB) e a mídia brasileira. Assumiu o vice-presidente, Michel Temer (PMDB).

Governo Temer X Educação pública “O prolongamento do governo ilegítimo deixa ainda mais distante nosso sonho de uma educação pública, gratuita e de qualidade”, afirma Fabíola Loguercio. Ela explica que o projeto atual, não aprovado pelas urnas, dá prioridade para privatizações e desejos do “mercado” em vez de focar no ensino, um direito constitucional. O congelamento de investimentos na Educação foi uma das primeiras ações do governo Temer. Para piorar, a abertura dos royalties do pré-sal para o capital estrangeiro anula outra esperança de verba para a área. Sem falar em uma reforma do ensino médio que, sem recursos, deve abrir espaço para o setor privado e aumentar a desigualdade entre estudantes pobres e ricos.

Desalento: dos 30 objetivos do Plano Nacional de Educação (PNE) previstos para 2017, apenas seis foram cumpridos, segundo o Observatório do PNE. Enquanto isso os Institutos Federais, estes sim um modelo defendido por especialistas para formação técnica, pedem socorro. “Os cortes financeiros são tão grandes que alguns podem até fechar”, denuncia Gloria Silva, diretora de Escolas Técnicas da UBES.

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#SELIGANADICA

Dicas para o seu grêmio Cinedebate, jornal mural, mutirão: a UBES indica atividades para a sua escola Cinedebate, jornal mural, mutirões, atividades que ajudem sua comunidade. Estas são apenas algumas das ações que o grêmio da sua escola pode promover. Reúna-se com seus amigos, conversem sobre o que pode ser feito. Aqui são só algumas ideias para inspirá-los, mas muito mais pode ser feito. Mãos à obra!

Tem um grêmio na sua escola?

sim

não

Você sabe como fundar um?

sim

não

Para aprender é só acessar o site da UBES, lá você encontra o passo a passo: www.ubes.org.br

Então se liga nessas dicas!

Realize um cine-debate: O legal aqui é sempre fazer sessões temáticas. Por exemplo, em março exibir filmes que tenham as mulheres como protagonistas, em agosto os estudantes e em novembro a questão do racismo. Isso não é regra, claro. O importante é manter uma periodicidade dos cinedebates, que podem ser mensais, quinzenais ou semanais. Convide professores, pais e a comunidade para participar.

Monte um jornal mural: Junte aquele pessoal que é mais ligado à arte e tecnologia para ajudar a elaborar o jornal. Precisa ter alguém que saiba manusear programas de computador, outro que gosta de tirar foto e mais aqueles que são bons de texto. Convide todos para contribuir com conteúdos sobre o cotidiano escolar e a comunidade. A UBES também preparou uma lista de filmes para você exibir no seu cinedebate, para conferir basta acessar: bit.ly/2vGALZ4

Organize eventos: Chame a galera e converse com a diretoria para ver possibilidade de realizar atividades dentro da sua escola. Podem ser campeonatos, saraus, exposições de arte, skate, batalha de rap, festas típicas.

Ajude sua comunidade: Tente achar as instituições perto da sua escola, façam parcerias. Mobilize o pessoal e façam arrecadações de roupas, alimentos, brinquedos e etc., junte tudo em caixas e doe para instituições de caridade do seu bairro.

Se sua escola não possui um projetor, saiba como fazer um, é simples e fácil. Acesse: bit.ly/2vYvsGV

#UBESResponde Secunda: Oi, miga UBES. Tô super afim de montar um Grêmio na minha escola, mas não sei como fazer. Me ajuda? UBES: Oi, secunda. Essa é fácil! Entre no site da UBES, que lá te explico direitinho! Secunda: Que lacre! Valeu UBES! s2

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Faça mutirão: Sabemos que, muitas vezes, o poder público abandona as escolas. Se sua escola estiver precisando de uma pintura, que tal colocar a mão na massa? Junte seus amigos, peça ajuda da comunidade escolar e bora revitalizar o espaço de todos.


#AMÉRICALATINA

Secundaristas do continente se encontram na Colômbia II Encontro Latino-Americano de Estudantes Secundaristas tem como objetivo unificar a construção de uma educação pública de qualidade no continente

“A América Latina tem lutas específicas em cada país, mas um mesmo ideal: uma educação pública que emancipe nosso povo”, afirma Jairo Marques, diretor de Relações Internacionais da UBES. É para organizar essa luta que acontece em outubro o II Encontro Latino-Americano de Estudantes Secundaristas, na Colômbia. O evento é organizado pela Organização Continental Latino Americana e Caribenha dos Estudantes (OCLAE) e o presidente da entidade, o cubano Yordan Porro, garante que a participação da UBES “é fundamental, pela capacidade de representação e o que representa para os secundaristas brasileiros e do continente”. Responder à pergunta “Que escola queremos?” será o principal objetivo do encontro. “Além da resistência, precisamos criar propostas e avançar na construção”, diz Yordan.

Temas Com o lema “Secundarista, seu nome é povo nas ruas”, o encontro será dedicado à memória de Che Guevara, pelo 50° aniversário da sua morte. A realização na Colômbia mostra apoio ao processo de paz enfrentado pelo país.

100 anos depois

VEJA TAMBÉM: Acesse a convocatória para o II Encontro Latino-Americano de Estudantes do Ensino Médio: HTTP://BIT.LY/2WTFEDY

Já ouviu falar no Manifesto de Córdoba? O movimento, que completa 100 anos em 2018, foi a primeira iniciativa estudantil para reivindicar uma educação acessível e soberana para toda a América Latina. Naquela época, o ensino era ainda mais elitista, antidemocrático e copiado de modelos estrangeiros. Um século depois, secundaristas latinos se reúnem para atualizar o texto e reafirmar o grito. “Ainda precisamos avançar muito em relação à gratuidade e qualidade. É um sonho do movimento estudantil e a principal bandeira da OCLAE”, planeja o presidente da entidade continental.

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#PRÓXIMOSPASSOS

VEM AÍ O 42º CONGRESSO DA UBES! Entenda como funciona o maior fórum do movimento secundarista da América Latina

A cada dois anos, o Congresso da UBES convoca estudantes de todos os cantos do país para compartilhar experiências e opiniões sobre o cenário da educação do Brasil e no mundo, aprovar os rumos da entidade para o próximo período e eleger a nova diretoria e o novo presidente da entidade. A mobilização começa nas escolas antes do encontro. Cada unidade pode eleger o seu delegado, que representará a instituição nas votações do CONUBES.

Quem vai? O CONUBES reúne tudo isso: eleições, palestras, debates, shows e atividades culturais. Podem participar estudantes secundaristas do ensino fundamental, médio, técnico, ensino de Jovens e Adultos (Eja), pré-vestibular e ensino profissionalizante. É possível se inscrever como delegado, no caso de ter sido escolhido para representar sua escola, e assim ter direito à voz e ao voto. Quem não vai deliberar também pode se inscrever, como observador, para participar de todas as outras atividades do congresso. Fique atento na divulgação das datas e informações de credenciamento no site da UBES. O valor da inscrição dá direito a hospedagem em alojamento, alimentação e transporte dentro da cidade do evento.

Como foi o último

GOIÂNIA • BRASIL

DEZEMBRO • 2017

VEJA TAMBÉM Vídeo do último dia do 42º Congresso da UBES.

CONUBES? Nunca foi para o CONUBES? O último aconteceu em Brasília, em 2015, e reuniu mais de 7 mil estudantes de todos os estados do Brasil, quase 3 mil como delegados. Além de ter eleito Camila Lanes como presidenta da da UBES na gestão 2015-2017, o Congresso direcionou a entidade secundarista contra o golpismo que retiraria Dilma Rousseff da presidência da República, no ano seguinte.

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MEIA-ENTRADA É MEU DIREITO! Você sabia que todos os estudantes devidamente matriculados podem pagar meia-entrada em show, cinema, teatro, exposições, eventos esportivos e culturais em geral? Peça o seu documento de identificação estudantil e faça uso deste direito!

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