Revista de Gestão 2015-2017

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Publicação da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas especial para o 42º CONUBES 29 nov a 2 dez de 2017 - Goiânia (GO)

REVISTA DA GESTÃO UBES.ORG.BR

2015 - 2017


DIRETORIA EXECUTIVA DA UBES | GESTÃO 2015-2017 Presidenta: Camila Lanes Vice-Presidente: Danilo Ramos 1º Vice-Presidenta: Mariana Ferreira de Souza Secretária-geral: Juliene da Silva 1º Secretário-geral: Rafael Araújo Tesoureira-geral: Stephannye Vilela Diretor de Relações Internacionais: Jairo Marques Diretor de Grêmios: Jan Victor 1º Diretor de Grêmios: Ericleiton Emídio Diretora de Escolas Públicas: Fabrícia Barbosa Diretora de Mulheres: Brisa S. Bracchi Diretor de Políticas Educacionais: Guilherme Barbosa Diretora de Movimentos Sociais: Jéssica Lawane Diretora de Comunicação: Fabíola Loguercio Diretora de Escolas Técnicas: Glória Silva EXPEDIENTE A Revista da Gestão 2015-2017 é uma publicação especial da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas produzida para o seu 42º Congresso. Coordenação editorial: Contra Regras - Comunicação Jornalista responsável: Rafael Minoro (CR) Edição: Natasha Ramos e Rafael Minoro Jornalistas: Artênius Daniel, Débora Neves, Mateus Marotta e Natália Pesciotta Estagiária: Amanda Macedo Projeto gráfico: 45JJ Endereço: Rua Vergueiro, 2485, Vila Mariana, São Paulo/SP - CEP: 04101-200 Telefone: (11) 5082-2716 Site oficial: www.ubes.org.br Redes oficiais: facebook.com/ubesoficial twitter.com/ubesoficial youtube.com/ubescomunica instagram.com/ubesoficial

Yuri Salvador


A paranaense Camila Lanes é eleita presidenta da UBES durante o 41º Congresso. Brasília, novembro de 2015



ENTREVISTA: 7 PERGUNTAS PARA CAMILA LANES

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ENTREVISTA COM DANILO RAMOS: 3 PERGUNTAS SOBRE PASSE LIVRE

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ENTREVISTA COM JULIENE SILVA: 3 PERGUNTAS SOBRE REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL

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DEPOIMENTO DOS DIRETORES: FALA, SECUNDAS!

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LINHA DO TEMPO: A CORAGEM DO MOVIMENTO ESTUDANTIL SECUNDARISTA

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OCUPA TUDO: OS FRUTOS DA PRIMAVERA SECUNDARISTA

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UBES LUTA ATÉ O FIM DO MUNDO CONTRA A PEC E EM DEFESA DO PNE

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“LEI DA MORDAÇA”, O CAMINHO DOS GOLPISTAS PARA CALAR A EDUCAÇÃO

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O ENSINO TECNOLÓGICO QUE QUEREMOS JÁ EXISTE... E PRECISAMOS LUTAR POR ELE 3º ENG: O BRASIL INTEIRO EM UM SÓ GRÊMIO

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1º ENCONTRO LGBT: TODA FORMA DE AMOR E LUTA VALE A PENA

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MEL DA MOCIDADE: CHICO CÉSAR E UBES LANÇAM CLIPE EM HOMENAGEM ÀS OCUPAÇÕES

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16º CONEG: MOVIMENTO ESTUDANTIL REVIGORADO PARA A RESISTÊNCIA

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4º EME: SEM VOCÊ EU ANDO BEM, MAS COM VOCÊ ANDO MELHOR

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UBES LANÇA CAMPANHA PELO DIREITO À MEIA-ENTRADA ESTUDANTIL

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UM MANIFESTO PARA A EDUCAÇÃO DO CONTINENTE

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UBES APOIA PRODUÇÃO DO FILME “PRIMAVERA” “PRIMAVERA” QUER CHEGAR AOS CINEMAS, AJUDE E PARTICIPE DO FINANCIAMENTO COLETIVO FOTOS DA GESTÃO

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EDITORIAL

anos com gosto de décadas Sério mesmo que foram apenas dois anos? O que se passou no Brasil e no movimento estudantil secundarista desde o início desta gestão da UBES, no final de 2015, tem gosto de décadas. Foram muitas as transformações no país, na juventude, nas formas de luta dos movimentos sociais que tiveram, mais uma vez, a galera secundarista na sua linha de frente. As meninas e os meninos das escolas e institutos federais do Brasil inteiro marcaram o seu lugar na história.

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Débora Neves Primeira reunião de diretoria da gestão 2015-2017

Não é fácil ser a referência da resistência de todo um país contra um golpe. Mas os estudantes secundaristas literalmente ocuparam esse espaço, nas escolas de nor te a sul, na maior ação organizada da juventude brasileira em todos os tempos. Mais de mil ocupações secundaristas chamaram a atenção da sociedade para uma pauta que foi muito além da educação. Quando Michel Temer tomou de assalto a presidência da República, encontrou as nossas barracas e as nossas faixas no caminho.

a UBES e os secundaristas cresceram muito. Tanto em número, por conta do enorme volume de jovens que começaram a se politizar com as ocupações, como em maturidade e qualidade. Realizamos um grande Encontro de Grêmios, o primeiro Encontro LGBT da UBES, o quarto Encontro de Mulheres Estudantes, fortalecemos o combate ao machismo, ao racismo, à LGBTfobia dentro da e scol a, f izemos frente à onda conser v ador a com a defe s a de um mo delo de educ aç ão di ver so, democr á tico e inclusi vo.

Na verdade, o movimento começou bem antes. A gestão teve início no calor da primeira onda de ocupações, que surgiu em São Paulo com o fechamento de escolas no projeto de reorganização escolar de Geraldo Alckimin. Em 2016, quando o golpe avançou a par tir do conluio de gente como Eduardo Cunha, a UBES se mobilizou junto com as frentes Brasil Popular e a Povo Sem Medo para denunciar o ataque à democracia.

Em solidariedade aos jovens de toda América Latina, somamos forças no segundo Encontro Latino Americano de Secundaristas, realizado na Colômbia, defendemos a meia-entr ada, crescemos em alcance nas redes sociais, na chamada grande imprensa e na mídia independente, par ticipamos mais aber tamente do debate público, fomos mais ouvidas e ouvidos, tomamos o protagonismo da luta estudantil com a força das ocupações e da esperança que o Brasil tem sobre nós.

Os estudantes foram a Brasília, protestaram no lado de fora do Congresso contra o show de horrores do dia 17 de abril, com a votação na Câmara do impeachment irregular de Dilma Rousseff. Estivemos em um dos lados daquele vergonhoso muro que foi erguido na capital federal: o lado cer to, contra a farsa de um impeachment sem provas que foi votado para acober tar as denúncias de corrupção dos próprios deputados que diziam “sim”. Os retrocessos que vieram dali foram muitos, como o congelamento dos gastos em educação por 20 anos, a falsa reforma do Ensino Médio que, na verdade, veio foi deformar a escola brasileira, o fascismo de movimentos como o Escola Sem Par tido, a diminuição do acesso à universidade com a proposta de cobrança de mensalidade nas universidades públicas, além dos ataques ao FIES e ao Prouni.

Como escreveu Chico César, que presenteou essa ger ação com a música “Mel da Mocidade”, que teve seu clipe gr avado em parcer ia com a UBE S, os estudantes sabem que são viajantes e vão inventando o destino. Por isso, temos cer teza de que a estr ada ainda ser á longa e repleta de desafios. Mas, já mostr amos par a todo um país, e par a nós mesmos, de que é feito o movimento secundar ista. A emoção e a energia que tivemos par a ocupar um Br asil inteiro ainda resultar ão em muito mais. Toda sorte e melhores ventos à próxima gestão desta grandiosa entidade, que se aproxima agora dos seus 70 anos de vida. União Brasileira dos Estudantes Secundaristas Gestão 2015-2017

Apesar desse, que foi o pior cenário do país desde o fim da ditadura militar,

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ENTREVISTA • CAMILA LANES, PRESIDENTA DA UBES


Yuri Salvador

A paranaense Camila Lanes esteve à frente do movimento secundarista nos últimos dois anos, quando a UBES enfrentou um dos mais graves momentos da democracia brasileira. Durante esse tempo, a diretoria da entidade percorreu todo o país, mobilizou a luta nas escolas, nas ruas, nas ocupações, resistiu ao golpe e ao desmonte da educação. Nesta entrevista, Camila fala sobre a responsabilidade de representar a juventude secundarista na UBES, sobre o aprendizado e o legado da sua geração. Leia abaixo:

Perguntas para Camila Lanes

1) Como definir essa gestão que se encerra no ano de 2017? Acho que se há uma palavra para dizer o que foi, eu escolheria a palavra intensidade. O que os secundaristas viveram e estão vivendo nesses dois anos são desafios imensos e sentimentos à flor da pele. Uma mistura de coragem e ousadia, de medo e de ansiedade, alegrias, tristezas, tudo junto, sem muito tempo para respirar. Adrenalina mesmo. A responsabilidade de enfrentar o golpe, de ocupar as escolas, tudo isso foi um teste sem igual para a nossa entidade, que precisou se organizar como nunca, crescer politicamente como nunca, estruturalmente, fazer o necessário para representar essa luta. E acho que conseguimos. A UBES provou que o movimento estudantil secundarista é capaz de balançar esse país. Não somos 50 milhões à toa. 2) Quem é a Camila antes e depois da UBES? Putz. Primeiro não quero dizer que haverá um depois da UBES. Mesmo sem estar na diretoria, eu quero continuar próxima da entidade apoiando de alguma forma, somando, durante a minha vida toda. Mas o que eu posso dizer é que eu entrei aqui achando que eu conhecia o Brasil e a juventude brasileira, mas ela é muito maior e mais encantadora do que eu imaginava. Aquela Camila que chegou aqui em 2015 não imaginava quanta galera foda existe no movimento secundarista do Acre, do Maranhão, quanta juventude incrível está fazendo luta em Mato Grosso, no Rio Grande do Norte, como é sensacional a geração de estudantes no sul, no nordeste, no sudeste, nas periferias, no campo. São pessoas que vão me inspirar pelo resto da minha vida, onde eu estiver, fazendo o que fizer. Tem muita gente jovem linda nesse país.

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ENTREVISTA • CAMILA LANES, PRESIDENTA DA UBES Yuri Salvador Recém-eleita no 41º CONUBES, Brasília Mídia Ninja

3) O que as ocupações das escolas representaram para você? Quase um vício. Estou me sentindo com abstinência de ocupar. Vamos ocupar alguma coisa (risos)? Falando sério, foram muitos anos fora de casa, vivendo grande parte da vida em diferentes ocupações no país. Antes de ser eleita para UBES, eu vim de uma ocupação no ano de 2012, quando eu tinha 16 e me mudei para o acampamento em defesa da UPES (União Paranaense dos Estudantes Secundaristas). Posso dizer, portanto, que os anos mais importantes da minha adolescência eu passei nesse ambiente da construção coletiva das ocupações. Ali a gente aprende de tudo, a conviver, a respeitar, a dialogar, disputar politicamente dentro das regras, resistir. Como presidenta da entidade, conheci histórias fantásticas, ocupações na zona rural, nas capitais, também chorei e me abati com a repressão, as perseguições contra nós, a morte de estudantes. Foi tudo muito grande.

Ocupa ALESP, maio de 2016

Débora Neves Marcha das Mulheres, 8 de março de 2016, São Paulo Mídia Ninja Camila contra Escola sem Partido

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4) Você é de uma geração de meninas que foram as líderes desse movimento. A maioria das ocupações foram comandadas por mulheres. As meninas ocuparam finalmente seu espaço no movimento estudantil? Eu tenho muito orgulho dessa geração. São mulheres muito novas e ao mesmo tempo preparadas para os maiores desafios, minas de luta, de cabeça erguida, que não nasceram para abaixar a cabeça diante do machismo. Isso também no movimento universitário, na pós-graduação, tanto é que, já há alguns anos, as três principais entidades estudantis, a UBES, a UNE (União Nacional dos Estudantes) e a ANPG (Associação Nacional dos Pós-Graduandos) são dirigidas por presidentas. No movimento secundarista, isso ficou muito claro no nosso último Encontro de Grêmios, quando atestamos que a maior parte dos grêmios no país é hoje dirigida por mulheres. Também no último Encontro de Mulheres Estudantes (EME), que reuniu centenas de lideranças femininas. Mas não dá para dizer que já ocupamos nosso espaço porque, infelizmente, a real é que ainda existe muito machismo no movimento estudantil. Somos silenciadas, objetificadas, violentadas e não é fácil se manter firme. A notícia boa é o nível de organização das secundaristas, cada vez mais novas, querendo debater as questões de gênero na escola, participando de coletivos feministas, quebrando padrões. Essa é a nossa maior esperança. São meninas que ainda vão muito longe.


Marcha contra o Golpe, dezembro de 2015, São Paulo Maurício Magalhães

6) O Brasil vive realmente uma onda conservadora? Como ela te afeta? Nós, do movimento estudantil, temos sido atacados, intimidados nas redes sociais, por esses grupos conservadores, gente que apoia ditadura, gente que se auto-intitula Brasil Livre mas que de livre não tem nada, homofóbicos, lesbofóbicos, misóginos, racistas. Também estamos enfrentando retrocessos como o movimento da Escola Sem Partido e a lei da mordaça. Mas que eu posso dizer é: eles realmente existem na caixa de comentários da internet, mas não tem força nem representação na juventude. Os jovens, os estudantes secundaristas, não curtem conservadorismo, não curtem preconceito e discriminação, não querem volta da ditadura, não querem censura de obra de arte e nenhuma idiotice dessas. Acho que aqui, na escola, nos grêmios, nos institutos federais, nas ruas, sempre haverá muita resistência ao conservadorismo e a vontade de construir um outro futuro.

Débora Neves

5) Como foi para você estudar sobre os golpes nos livros de história do Brasil e, pouco tempo depois, estar na rua lutando contra um de verdade? Foi muito difícil enfrentar um momento de ruptura democrática. A gente sabe que, desde a Constituição de 1988, o Brasil seguiu de acordo com um pacto social, para manter de pé as nossas instituições, para garantir a diversidade de pensamento, o nosso crescimento político. Quando essas figuras tenebrosas como Aécio Neves, Michel Temer e Eduardo Cunha rasgam esse pacto, a gente lembrou na hora foi de tantos jovens, estudantes, meninas e meninos que morreram durante a ditadura militar, para combater uma ditadura e resgatar a democracia. Veio a imagem de Édson Luís, secundarista, de Helenira Rezende, Honestino Guimarães. Isso nos inspirou a ir para a rua e resistir. E vamos continuar resistindo porque os efeitos do golpe ainda não acabaram.

Gravação do clipe do Chico Cesar, em Fortaleza

Yuri Salvador

7) Para onde vai Camila Lanes agora? Vou voltar para a minha casa, que é o Paraná, e continuar na luta. Vou ficar muito perto da juventude, dos movimentos sociais, de tudo isso que eu vivi na presidência dessa entidade e que mudou para sempre a minha vida. Precisamos resistir e vamos combater esse governo até que ele caia. Além disso, acabei de conseguir uma vaga na universidade, vou começar o meu curso e também vou me dedicar muito a isso, era um grande sonho meu e sinto que é uma nova etapa que será muito diferente também. Não vou longe não! Estou na área e serei eternamente grata à UBES por ter definido a minha vida. O coração aqui é secunda e continuará sendo. Muito amor e muita coragem pra gente daqui pra frente.

16º CONEG da UBES

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ENTREVISTA • DANILO RAMOS, VICE-PRESIDENTE DA UBES Matheus Paiva


“A implantação do passe livre não é um gasto e sim investimento para a juventude.”

Perguntas sobre passe livre Danilo Ramos luta pelo passe livre desde que ingressou no Ensino Médio, em Alagoinhas, interior da Bahia (ele cresceu na periferia de Salvador). “Lá, chegamos a fechar o terminal da cidade e dialogar com o poder público, mas o passe livre ainda não é um direito. Seguimos lutando, em todos os lugares do Brasil”. Ele tem a consciência de como essa luta histórica é importante para todos os estudantes brasileiros e representa o direito do jovem à cidade, à cultura e ao lazer, além de combater a evasão escolar

1) O passe livre para estudantes é uma luta histórica do movimento estudantil. Como essa gestão acompanhou a questão? Com muita luta e suor essa gestão batalhou do início ao fim para que o passe livre estudantil deixasse de ser uma utopia para ser uma realidade para todos os estudantes do Brasil, seja ele de capital ou do interior. A luta precisa existir sempre, primeiro porque o passe livre precisa ser realidade em todos os lugares. Além disso, mesmo nas cidades onde ele já existe, constantemente é um direito ameaçado. Como aconteceu nesses últimos dois anos em São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo. Foram alguns dos lugares onde o movimento estudantil não se calou. 2) Muitos dizem que o passe livre para estudantes atrapalha as contas dos municípios. Como explicar que se trata de um direito? É preciso fazer um amplo debate com a juventude e as gestões municipais, pois a implantação do passe livre não é um gasto e sim investimento para a juventude. Representa o direito de circular pela cidade, de acessar cultura e lazer fora do horário escolar e evita a evasão. 3) O que significa, para você, travar esta luta fazendo parte da gestão da UBES? É uma experiência excepcional fazer parte da UBES, a gente fala por milhares de jovens e se lembra de todos os passos até chegar ali. No meu caso, participo de colegiado escolar desde os 10 anos, em Salvador. Aos 15 anos, participei pela primeira vez de uma luta por passe livre, em Alagoinha (BA). Em Salvador, onde cresci, é uma luta travada desde 2003.

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ENTREVISTA • JULIENE SILVA, SECRETÁRIA-GERAL DA UBES

Perguntas sobre redução da maioridade penal

Mídia Ninja


Nascida em Pinheiral, interior do Rio de Janeiro, Juliene se vê como a primeira mulher da família com possibilidade de chegar ao curso superior. Enquanto comemora a melhora no acesso, ainda lamenta muitas desigualdades da sociedade. Nesta entrevista, ela comenta o projeto de redução da maioridade penal (PEC 33/2012) e faz comentários sobre a política de segurança pública. Para ela, uma juventude empoderada pode mudar este quadro

1) A redução da maioridade penal é apontada por muitos como solução para violência. Por que você não concorda com o projeto? Vivemos numa realidade muito desigual. Quando a gente fala de jovem no crime, estamos falando de um jovem que não teve uma série de oportunidades, que foi marginalizado, normalmente negro, exposto a um ambiente opressor e que provavelmente não encontrou outra saída. Não vai encontrar na cadeia uma saída. Reduzir a maioridade penal não ajuda a quebrar o ciclo de violência e sim a perpetuá-lo. 2) A violência é um problema grave também para os jovens e afeta até salas de aula. Que caminhos alternativos poderiam melhorar a segurança pública? O primeiro passo é pensar em reestruturar o judiciário e o sistema repressivo. Temos uma polícia militarizada, racista, machista, que não traz segurança. Temos um Judiciário que não considera crime se um homem ejacula em uma mulher no transporte público. Temos um Supremo que solta empresários, mas que mantém preso, por exemplo, Rafael Braga. Principalmente, temos um Estado que permite uma política de repressão às drogas que não diminui a circulação delas, mas cria

“Reduzir a maioridade penal não ajuda a quebrar o ciclo de violência e sim a perpetuá-lo.”

ambiente de guerra permanente em favelas. Que não garante a mesma Justiça para o Leblon e para a Rocinha. Além de rever isso, é preciso assegurar, por meio de políticas públicas, que as pessoas tenham realmente direitos iguais, educação de qualidade, ingresso na universidade, acesso a bons empregos. Para que não exista uma população vulnerável ao crime. 3) Nestes anos na UBES, o que percebeu sobre a importância de oportunidades e empoderamento? A juventude tem muita força para modificar a sociedade e as ocupações são grande exemplo disso. Nas ocupações, eu dizia que não dá mais para os políticos “fazerem a egípcia” e pensarem que podem fazer o que quiserem no Congresso Nacional, sem denúncia. A juventude mostrou que estará lá, ocupando escolas, ocupando Brasília. Uma juventude crítica contesta, luta por uma sociedade mais justa e não vota em congressistas que vão retirar seus direitos. Quando vemos o desespero de alguns políticos que querem a “Lei da Mordaça”, percebemos o medo que eles têm de uma juventude crítica.

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FALA, SECUNDAS!

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‘‘A UBES é a maior entidade estudantil secundarista da América Latina. Para honrar toda a sua história, que passa pela conquista dos royalties do petróleo para a educação até a resistência à ditadura militar, essa entidade não pode seguir outro caminho senão o da luta! Em memória de Edson Luís, Nilda de Carvalho e pelo presente e futuro dos estudantes que ocuparam escolas em 2015 e 2016, a UBES deve ser cada dia mais rebelde e combativa.’’

Rafael Araújo (RJ) 1º Secretário-geral

Mariana Ferreira de Souza (MG) 1ª Vice-presidente

Diretores falam o que a UBES representa para eles e tentam passar em poucas palavras o que foi estar à frente de uma das maiores e mais importantes organizações do movimento social brasileiro e mundial

‘‘A UBES é um sentimento de autocrítica. Tive a oportunidade de estar por duas vezes na gestão da entidade e nesse tempo tivemos vitórias, retrocessos nos direitos da juventude e um golpe no país. Apesar disso, tenho muito orgulho de ter participado das ocupações estudantis e, mais ainda, da reflexão que o movimento estudantil faz sobre a tarefa de representar os ‘secundas’ do Brasil. A UBES é um tanque de guerra nas nossas batalhas cotidianas.’’


Ericleiton Emídio (RN) 1º Diretor de Grêmios

Stephannye Vilela (PE) Tesoureira-geral Jan Victor (SE) Diretor de Grêmios

‘‘A UBES é uma grande ferramenta de enfrentamento e luta por direitos, sendo uma entidade fundamental na defesa da educação pública de qualidade, da juventude e dos estudantes, bem como das políticas públicas de inclusão social.’’

‘‘Quando a gente entra na UBES, dá aquele frio na barriga, a responsabilidade é muito grande, né? Mas, quando a gente sabe que aquelas lutas do dia a dia vão plantando sementes, e elas vão crescendo e gerando outras lutas e vitórias, o sentimento é de não querer parar e poder, cada vez mais, contribuir para a história de quase 70 anos desta entidade. Tenho muito orgulho de poder ter feito parte desta gestão como Tesoureira-geral. Agradeço pela confiança. Foi um desafio. Acompanhei a regulamentação da lei da meia-entrada e lançamos a campanha “Escola Amiga do Estudante”, de incentivo do Documento do Estudante em prol da cultura, bem-estar e lazer. Além disso, travamos batalhas pelo Passe Livre, contra os retrocessos e em defesa da democracia. A UBES segue a sua trajetória, contagiando milhares de meninas e meninos por todo o país.’’

‘‘Integrar a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas é cumprir um papel fundamental na história do movimento estudantil. Ao participar da UBES, fui capaz de enxergar no olhar de cada estudante a esperança de um mundo melhor; e levar isso adiante a cada passagem em sala de aula do Brasil é gratificante.’’

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Brisa Bracchi (RN) Diretora de Mulheres

‘‘A UBES é uma rebeldia incansável por um mundo melhor. Suas lutas históricas em defesa da educação pública e dos povos oprimidos significa o grito dos brasileiros por uma nova política e sociedade mais igual, justa e libertária. Mesmo com quase 7 décadas de vida, a entidade continua viva e radical, organizando jovens que beberam da fonte das combativas gerações passadas, a exemplo de Edson Luís.’’

‘‘A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas carrega os sonhos de milhares de estudantes secundaristas que acreditam e lutam por um país mais justo, com educação gratuita e de qualidade, livre das amarras do machismo, do racismo e da LGBTfobia. A UBES é amor, dedicação, perseverança e muita luta diária. Fazer parte dessa entidade é, com certeza, construir a história do nosso país.’’

Glória Silva (DF) Diretora de Escolas Técnicas

Fabrícia Barbosa (ES) Diretora de Escolas Públicas

‘‘A UBES é a entidade que me representa em todas as áreas da vida. É onde eu me realizo e aprendo todos os dias a não me calar diante das desigualdades sociais e de gênero. Ainda há muito o que fazer no sentido de transformar essa realidade, mas quando falta esperança a UBES me inspira e me dá força e coragem para continuar lutando pelo Brasil.’’

Guilherme Barbosa (TO) Diretor de Políticas Educacionais

FALA, SECUNDAS!

‘‘A União Brasileira dos Estudantes Secundarista é cada jovem deste país que luta bravamente contra os ataques à educação e aos direitos do povo brasileiro. Ser da UBES é entender o real significado das palavras resistência e luta.’’


Jairo Marques (PE) Diretor de Relações Internacionais Jéssica Lawane (DF) Diretora de Movimentos Sociais

Fabíola Loguercio (RS) Diretora de Comunicação

‘‘Três palavras definem a UBES: rebeldia, luta e esperança. Rebeldia porque no próximo ano a entidade completa 7 décadas de vida e até hoje segue sendo construída com os sonhos mais rebeldes dos estudantes. Luta porque em nada adianta sonhos rebeldes se não lutarmos pelas conquistas, cada secundarista que entra na universidade prova que a luta vale a pena. E esperança por causa dos jovens que se organizam nos Grêmios Estudantis, eles acreditam que podem tornar a escola, o país e o mundo melhor. Viva a UBES e o coração dos estudantes!’’

‘‘A UBES é a maior escola que um jovem pode conhecer. É Rebeldia na prática. Aqui se constrói, de fato, a luta diária pela conquista dos nossos sonhos. Foi incrível participar dessa gestão e da geração que, sem dúvidas, ficará marcada como a geração das ocupações. Vida longa à UBES!’’

‘‘É difícil dizer o que a UBES significa para mim. Talvez porque pessoalmente simbolize muitos sentimentos, embora dentre todos eles o que mais se destaca é o orgulho. Essa palavra define o que eu sinto quando visto a camisa e passo em salas de aula para incentivar outros estudantes a lutarem pela educação. A gente sempre fala em defender o Brasil e os estudantes, mas fazer parte da construção dessa história emociona. Coragem, esperança e felicidade coletiva protagonizam o nosso dia a dia.’’

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FORA, TEMER!

A coragem do movimento estudantil secundarista 2015 As ruas, as escolas, as redes e muitos outros espaços foram ocupados pelos estudantes para denunciar o ataque à democracia brasileira por meio de um golpe arquitetado pelo presidente com a maior rejeição no mundo

16 de dezembro ALERTA GERAL Estudantes e trabalhadores já estavam atentos ao golpe que viria no ano seguinte.

Se um alienígena viesse parar no planeta Terra em qualquer momento de 2016 ou 2017, seria impossível não conhecer duas palavras: “Fora” e “Temer”. A articulação de estudantes e trabalhadores, nas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, foi capaz de revelar os retrocessos do governo ilegítimo que golpeou a democracia em maio de 2016. Os secundaristas já alertavam, desde o Congresso da UBES de 2015, para os riscos do golpismo que acabaria afastando a presidenta Dilma Rousseff mesmo sem crime de responsabilidade. E não recuaram ao lutar incessantemente contra um projeto neoliberal recusado pelas urnas. Relembre aqui por que, no futuro, será impossível estudar a história do Brasil recente sem falar da resistência do movimento secundarista.

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Gestão 2015-2017 da UBES toma posse durante manifestação contra o golpe. Brasília, 31 de março de 2016


2016 8 de março SER MULHER SEM TEMER Foram elas que tomaram a dianteira e puxaram a articulação contra o golpe em 2016, nos atos do Dia da Mulher.

31 de março O CORAÇÃO DO BRASIL NO MANÉ GARRINCHA Jovens de todos os estados enfrentaram horas de ônibus para denunciar em Brasília que o impeachment de Dilma Rousseff é golpe, sim. Além da concentração estudantil no Estádio Mané Garrincha, a Jornada de Lutas pela Democracia teve protestos no Brasil e no mundo.

28 de abril DIA DE LUTA Nas escolas, ruas, redes sociais e universidades, atos mostraram indignação da juventude contra o processo de impeachment em curso.

18 de março NA RUA A resistência se espalhava em atos quase diários pelo Brasil.

17 de abril OLHO VIVO No dia da primeira votação do impeachment pela Câmara dos Deputados, pelo menos 1,35 milhão de pessoas foram às ruas em 24 estados e no Distrito Federal.

31 de agosto LADO CERTO “Os estudantes têm lado certo na história, por isso que vamos nos manifestar e colocar a rebeldia consequente da juventude nas ruas. O governo que tenta tomar o poder é golpista e não nos representa” (Camila Lanes, presidenta da UBES, em protesto no dia da segunda votação do impeachment)

22 de setembro CONTRA REFORMAS Dia Nacional de Paralisação: denúncia aos riscos das reformas e da PEC 241 (hoje Emenda Constitucional 95), propostas pelo novo governo ilegítimo.

13 de dezembro FIM DO MUNDO Ruas cheias contra a aprovação da PEC “do fim do mundo”, que congela verbas da educação por 20 anos.

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FORA, TEMER!

2017 8 de março MULHERES NA RUA MAIS UMA VEZ “Aposentadoria fica, Temer sai” foi o mote dos atos no Dia das Mulheres. Nesta época, uma reforma da previdência elitista e injusta era prioridade do governo Temer.

31 de março MAIORIA CONTRA TEMER No mesmo dia em que uma pesquisa Ibope divulgou aumento da reprovação do governo Temer para 55%, milhares de brasileiros deram demonstração de luta e esperança nas ruas. Apenas 10% aprovavam o governo, que fazia uma manobra para votar a Reforma Trabalhista em regime de urgência, na Câmara.

24 de maio BRASÍLIA É NOSSA Logo depois de denúncias revelarem provas de corrupção contra Michel Temer, o grito de “Diretas Já” tomou as ruas diariamente. Houve o maior “Ocupa Brasília” do ano e entidades estudantis entregaram ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, petição com milhares de assinaturas por eleições diretas imediatas.

15 de março PÃO MURCHO O Brasil amanheceu no clima da música do Criolo “Ferramenta pra Massa”: Hoje eu vou comer pão murcho / Padeiro não foi trabalhar / A cidade tá toda travada / É greve de busão, tô de papo pro ar. Tirando a parte do “papo pro ar”, pois forte mobilização surpreendeu quem não contava com resistência contra desmontes de direitos.

28 de abril MAIOR GREVE ...desde 1989, superando 35 milhões de pessoas! A data também foi simbólica por representar o centenário da primeira paralisação no Brasil, em 28 de abril de 1917.

30 de junho A AULA HOJE É NA RUA A #GrevePorDireitos teve proporção nacional e mostrou unidade por Diretas Já. “Ouso dizer que a luta pelas Diretas representa o mesmo que em 1984: a esperança de um Brasil democrático e soberano”, comparou na época Fabíola Loguercio, diretora de Comunicação da UBES.

17 de agosto ESTUDANTES, PRESENTES “Na rua em defesa do nosso futuro”, lia-se em faixa pendurada no Ministério da Educação. Não só em Brasília, mas em todos os estados a juventude ocupou as vias para dizer que no Brasil de Temer não cabe a educação pública gratuita e de qualidade com que todas e todos sonham.

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Bruno Bou | CUCA da UNE

REFORMAS DE TEMER ATACAM TRABALHADORES E APOSENTADOS As reformas defendidas pelo governo ilegítimo não deixam dúvidas sobre o projeto neoliberal encabeçado por Michel Temer. A da previdência, tenta dificultar o acesso dos trabalhadores à aposentadoria. Sem falar em uma reforma trabalhista que promete novos postos de trabalho, mas que na verdade dará status de emprego formal a bicos mal remunerados e instáveis. A terceirização também foi aprovada pela Câmara dos Deputados, que desengavetou um projeto ultrapassado dos anos 1990, sem segurança nenhuma ao trabalhador.

Manifestação contra Temer em São Paulo, março de 2016


OCUPA TUDO

Os frutos da primavera secundarista

Ao ocupar mais de mil escolas pelo país, estudantes fizeram desabrochar uma nova forma de reivindicação, transformaram a escola e também as suas próprias vidas

PA 4

RO 2

MT 3

União, transformação, conhecimento, resistência. Palavras que podem definir de forma geral um pouco do que aconteceu dentro das escolas ocupadas desde que o governador de São Paulo Geraldo Alckmin anunciou a “desorganização” escolar, no final de 2015. O movimento, que ficou conhecido como Primavera Secundarista, impediu o fechamento de centenas de salas de aula em São Paulo. E não parou por aí. Sementes germinaram Brasil afora. Floresceu um jardim imenso cheio de Marias, Carlos, Gabis, Claytons, Joanas e tantos outros carinhosamente chamados de secundas. Mudaram o rumo das coisas e mostraram que luto para eles é verbo. Em 2016, quando o governo Temer impôs uma “deforma” no ensino médio e, ao mesmo tempo, congelou os investimentos na educação por 20 anos, uma nova onda de ocupações tomou o país. Estava decretado, os secundas tinham ganhado corações, mentes e apoio de toda a sociedade.

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Além de revelar uma coragem expressiva, a primavera secundarista trouxe para a superfície uma rebeldia consequente estampada no rosto de cada jovem das ocupações. Familiares se uniram para doar alimentos, produtos de limpeza e higiene, colchões e cobertores. Professores disponibilizaram aulas gratuitas e artistas ofereceram atividades culturais. Tudo para que o movimento continuasse firme. Foram semanas (em alguns casos, meses!) dormindo em colchões dentro das salas de aula, comendo o famoso macarrão e enfrentando direções de colégios autoritárias, além da pressão da Polícia Militar e a falsidade de uma mídia que muitas vezes não queria entender o que estava realmente acontecendo ali. Mas eles aprenderam que resistir é cuidar um do outro, todo dia. Dividiram tarefas, organizaram mutirões e rodas de conversa, dialogaram e aprenderam juntos.

RS 10


TOTAL

EU OCUPEI A MINHA ESCOLA

1.374 escolas ocupadas segundo levantamento feito pela UBES

Veja os nomes das instituições de ensino ocupadas:

MA

CE

5

1

RN 13

PR

“Me tornei uma pessoa menos individualista e tive a maior aula de cidadania da vida. A ocupação mudou o olhar das pessoas sobre meu colégio que, por ser periférico, nunca tinha sido bem visto. Outras gerações poderão usufruir disso” — Crystina Sulliver, Colégio estadual Frentino Sackser (PR)

“Não me sinto uma líder, mas acabei sendo, neste processo. Sempre pensei em mudar as coisas, mas não sabia como. A ocupação trouxe oportunidade. Cresci, aprendi e reconheci muito mais o poder de uma mulher” — Larissa Shakur, Escola estadual Doutor João Ernesto Faggin (SP)

3

TO

PE

1

AL

8

10

DF

SE

12

BA

GO

1

“Tinha acabado de chegar do Rio e trazia esta ideia das ocupações. Foi uma experiência que mudou minha vida. Nós, estudantes, passamos a interagir, conviver e nos entender” — Iza Fernandes, Escola estadual Sizenando Pechincha Filho (ES)

12

12

MG

ES

76

24

RJ SP

6

306

“Nossa ocupação era vista como ‘feminista’ por ter em sua maioria mulheres à frente. Nós ocupamos, resistimos, lutamos e batemos de frente com quem queria criminalizar o movimento. Com certeza mudou a relação entre as “minas” da escola e os garotos também” — Mariana Benigno, Centro de Ensino Médio 304 (DF)

PR

851

SC 14

Enquanto reivindicavam investimentos, democracia, liberdade e estrutura para a educação, as ocupações marcaram a vida de quem participava delas e chamaram a atenção de quem estava de fora, vendo pela televisão ou acompanhando nas redes sociais. O Brasil tinha mudado a partir daquele movimento.

crédulos. A experiência das ocupações deixou legados sobre a importância de valorizar a escola e os funcionários que trabalham nela, o respeito às pessoas independente das suas particularidades e ensinou cada estudante a compreender que a luta pelo que se acredita deve ser uma constante.

Não à toa, a mobilização secundarista emocionou até os corações mais in-

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OCUPA TUDO Mídia Ninja

Bruno Bou | CUCA da UNE

Bruno Bou | CUCA da UNE

OS LEGADOS DA GERAÇÃO OCUPAÇÃO • Gestão democrática: Durante as ocupações, os secundaristas tomavam decisões em assembleias. É importante que as instituições escutem os estudantes e que deixe-os participarem da construção do ambiente escolar.

O músico Tico Santa Cruz em ocupação em escola no Rio de Janeiro

• Temáticas que abordam o cotidiano da juventude: Temas como racismo, feminismo e LGBTfobia fazem parte da vida do jovem, tais pautas integraram – e muito – o dia a dia nas ocupações estudantis. • Diálogo entre estudantes e a comunidade escolar: A união entre pais, professores e estudantes chamou atenção durante as ocupações. No entanto, casos de diretores autoritários eram bastante comuns. Abrir espaço para o diálogo pode solucionar problemas e até criar novas perspectivas de ensino.

• Mutirões para a melhoria do espaço escolar: Apesar do Estado ser obrigado a fornecer uma infraestrutura adequada e de qualidade para os jovens, os estudantes das ocupações mostraram que é possível realizar atividades para auxiliar na melhora dos ambientes.

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Mídia Ninja

• Participação de convidados e especialistas: Atividades com participação de convidados foram um ponto importante nas ocupações. O cartunista Laerte, a chef de cozinha Paolla Carosella, cantores como Chico Buarque e Tico Santa Cruz, foram apenas algumas das personalidades que visitaram escolas ocupadas e propuseram um “aulão” diferenciado.


Mídia Ninja

OCUPAÇÃO ALESP: A CAÇA AOS LADRÕES DA MERENDA

Contra a falta e má qualidade da merenda escolar, estudantes paulistas ocuparam a Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP) e, após muita pressão, conquistaram a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou o esquema de fraude e corrupção na compra de alimentos. “Mesmo com um relatório final que infelizmente não puniu de fato os políticos envolvidos, os secundaristas foram responsáveis por expor a máfia da merenda”, explica Emerson Santos, presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES).

Emerson Santos, presidente da UPES na ocupação da ALESP, maio de 2016 Mídia Ninja Estudantes ocupam Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul contra privatizações e terceirizações no ensino público, em junho de 2016

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LUTA CONTRA PEC 55

UBES luta até o fim do mundo contra a PEC e em defesa do PNE A chamada “PEC do fim do mundo” congela investimento em áreas estratégicas como a Educação; Temer ataca o futuro dos jovens brasileiros e o PNE, bandeira histórica da UBES, também ameaçado de se perder no tempo

“Nossos sonhos não cabem nessa PEC”. Essa frase foi dita pela presidenta da UBES, Camila Lanes, nos vários momentos em que a entidade lutou bravamente ao lado dos estudantes brasileiros contra a PEC 55. Também conhecida como PEC do Fim do Mundo, a atual emenda constitucional 95 ameaça congelar o futuro de milhões de jovens pelo país pelos próximos 20 anos. A principal arma do ilegítimo Temer, no entanto, não passou sem muita resistência e mobilização dos estudantes, que ocuparam mais de 1.000 escolas pelo país. Esses secundas de luta também marcharam em diversas passeatas pelas ruas do Brasil quase que diariamente para defender a Educação e o futuro do país. Sentindo-se acuado com a força da Primavera Secundarista, Temer quis deslegitimar os estudantes ao dizer que não sabiam o que era uma PEC. Mas, a resposta não tardou: “Sabemos o que é PEC e vamos ocupar tudo!”, disseram os estudantes, que se organizaram em caravanas para ocupar Brasília, pouco depois. Estudantes ocupam Brasília contra a PEC do Fim do Mundo, 29 de novembro de 2016

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1) VAI DIMINUIR OS JÁ INSUFICIENTES INVESTIMENTOS EM EDUCAÇÃO A EC 95, que cria um teto de gastos públicos, prevê um aumento dos investimentos calculados a partir da inflação do ano anterior. Em momentos de crise econômica, com a queda acentuada do PIB, os efeitos sobre os gastos públicos não são perceptíveis, mas a partir do momento em que o país voltar a crescer, os investimentos em educação representarão um percentual menor do PIB, se comparado com a regra anterior [que estabelecia um mínimo de 18% da Receita Líquida dos Impostos para Educação]. 2) INVIABILIZA AS METAS DO PNE Uma meta estruturante do plano que não poderá ser cumprida é a meta 20, que propõe que até 2024 os investimentos públicos em educação sejam elevados, progressivamente, a 10% do PIB. As metas do PNE definem em suas estratégias aumento do investimento público e não sua redução. Assim, sem recursos, todas as metas do PNE podem ser inviabilizadas. 3) AUMENTARÁ AS DESIGUALDADES SOCIAIS Com a redução da transferência dos recursos do governo federal, dificilmente os governos estaduais e municipais conseguirão evitar cortes em áreas prioritárias, como educação, saúde e assistência social. Isso significa um sucateamento dos serviços públicos, o que aumentará ainda mais as desigualdades sociais. *Fonte: Entrevista com Júlio Neres, técnico do núcleo de educação integral do Cenpec

Yuri Salvador

3 MOTIVOS POR QUE A UBES É CONTRA A PEC DO FIM DO MUNDO*


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CONTRA O ESCOLA SEM PARTIDO

“Lei da mordaça”, o caminho dos golpistas para calar a educação

UBES luta contra as ideias reacionárias que tentam impedir debate democrático dentros das escolas e une estudantes contra a Lei da Mordaça

A Primavera Secundarista, levante dos estudantes que ocuparam mais de 1.000 instituições de ensino pelo Brasil, tem pela frente um inverno rigoroso de luta contra os ataques à educação. É que o projeto “Escola sem Partido”, ou “Lei da Mordaça”, tem ganhado espaço em meio à ascensão de pensamento conservador na sociedade. A proposta está em tramitação em Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais pelo país afora e conta com a simpatia do governo ilegítimo de Michel Temer. Em setembro de 2017, munidos da falácia de um ensino neutro, os vereadores de Campinas (SP) aprovaram o projeto de lei 213/2017, de autoria do vereador Tenente Santini (PSD), que prevê medidas no sistema de ensino municipal para impedir o debate democrático sobre temas como gênero, sob o risco de professores serem penalizados. A Câmara de Vereadores de Jundiaí, outra cidade do interior São Paulo, também aprovou projeto similar, colocando uma mordaça sobre da educação. A UBES encabeça campanha permanente contra qualquer ingerência da Lei da Mordaça e defende que, através da reflexão crítica sobre o mundo, é possível melhorá-lo e torná-lo mais justo e democrático. “Esse é o sentido de uma educação libertadora: gerar novos saberes para que possamos combater as injustiças sociais e não encará-las como naturais”, diz Camila Lanes, presidenta da entidade.

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CONTRA A LEI DA MORDAÇA

É PRECISO BARRAR A LEI DA MORDAÇA! O Escola sem Partido já vigora em pelo menos outras três cidades brasileiras: Campo Grande (MS); Santa Cruz do Monte Castelo (PR) e Picuí (PB); e já emplacou, pelo menos, 62 projetos de lei em casas legislativas municipais por todo o país. Em âmbito federal, dois projetos idênticos tramitam no Congresso Federal, o Projeto de Lei 867/2015, de autoria do deputado Izalci Lucas (PSDB-DF) e o Projeto de Lei do Senado 193/2016 do senador Magno Malta (PR-ES), que pretendem alterar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação para a inclusão do “Programa Escola Sem Partido”.


Débora Neves

ONU É CONTRA!

Tainá Santos, diretora de Cultura da UBES, protesta contra a lei da mordaça

Por meio de uma carta ao Estado brasileiro, o Alto Comissariado de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) manifestou repúdio ao projeto. “O objetivo da profissão de professor é instruir estudantes a aprender sobre o mundo em muitas formas diferentes: algumas das quais eles e seus pais podem discordar. Se adotado na forma atual, essa lei bastante ampla pode frustrar esse objetivo causando censura ou autocensura significativa nos professores”, diz um trecho da carta.


ENSINO TÉCNICO, EU DEFENDO! Divulgação Divulgação Diretoria da UBES se reúne com reitores do Instituto Federal no Acre (acima) e no Amazonas

O ensino tecnológico que queremos já existe… E precisamos lutar por ele Rede federal oferece educação de qualidade em 644 municípios, mas tem funcionamento e expansão ameaçados após golpe de Temer colocar tudo a perder

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“Não podemos deixar um governo ilegítimo acabar com o sonho de milhares de estudantes.” Glória Silva, diretora de Escolas Técnicas

Se houvesse um Brasil formado apenas pelos matriculados em Institutos Federais, este país imaginário ficaria na 2º posição mundial em leitura do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes). Já o Brasil real ocupa a 59º posição. Em ciências, os estudantes dos 38 IFs estariam em 11º lugar no mundo, enquanto os estudantes brasileiros ficam em 63º na avaliação. Sim, a qualidade impressiona, mas, inexplicadamente, o investimento cai. Hoje em dia, o recurso para cada estudante já é 40% menor do que em 2011. A verba esperada para 2017 era de R$ 3,528 bilhões, mas só foram aprovados R$ 2,340 bilhões. Disso, acabaram contingenciados 15% da verba para funcionamento e 40% para investimento em novos campi e equipamentos. Muitas unidades não funcionam em capacidade plena e a assistência estudantil, reivindicação da UBES, fica comprometida. É contra isso que a UBES vem lutando desde o golpe de 2016. “Os IFs se tornaram estratégicos para o desenvolvimento nacional. Não podemos deixar que um governo ilegítimo, que não tem o voto do povo, acabe com os sonhos de milhares de estudantes”, resume Glória Silva, diretora de Escolas Técnicas da UBES.

EDUCAÇÃO CONTRA DESIGUALDADE O papel social dos IFs costuma ser lembrado principalmente porque, com uma grande expansão entre 2003 e 2016, eles passaram a chegar em pequenos municípios. “Em muitos lugares, são a única oportunidade de formação e transformação de vida. Precisamos defender essa missão”, pediu em audiência pública Maria Clara Schneider, diretora do CONIF (Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica).

MAIS QUE PARAFUSOS A diretora de Escolas Técnicas da UBES, Glória Silva, lembra que a grande vantagem dos IFs é oferecer ensino científico e tecnológico sem diminuir conteúdos de outras áreas, como história ou filosofia. A Reforma do Ensino Médio sancionada pelo governo Temer, pelo contrário, exige que os interessados em formação profissional abram mão de outras formações. “Queremos mais que apertar parafusos, queremos contribuir para o desenvolvimento do nosso país e construir um Brasil sem desigualdades sociais”, diz Glória.

POSIÇÃO NO PISA leitura ciências

Institutos Federais 2º 11º

Brasil 59º 63º

Expansão da rede federal De 1909 a 2002: 140 campi De 2003 a 2016: mais de 500 novos campi

Orçamento IFs 2017 Solicitado: R$ 3,528 bi Aprovado: R$ 2,340 bi

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3º ENCONTRO DE GRÊMIOS DA UBES

O Brasil inteiro em um só grêmio

Líderes estudantis se reúnem e garantem que a democracia não só muda o ambiente escolar, mas também transforma vidas

Fábio Bardella Universidade Federal do Ceará recebe o 3º ENG

Pedágios, rifas e a irreverência características dos secundas foram algumas das formas encontradas pelos estudantes de vários estados para não perder a 3ª edição do Encontro de Grêmios da UBES, de 30 de janeiro a 01 de fevereiro de 2017. O principal momento de troca de experiência entre lideranças estudantis de escolas de todo o país não teve sequer um dia dia de desânimo, mesmo com as longas viagens. O espírito vivenciado durante todo o evento foi de celebração, luta, festa e a saudável disputa de ideias. Com mais de 1.20 0 grêmios presentes, a Univer sidade Feder al do Cear á foi espaço r ico de debates e trouxe aos secundar istas a opor tunidade de compar tilhar a atuação dos grêmios pelo Br asil afor a, nas ocupações e discutir a cr ise política que afeta diretamente a educação.

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A estudante Mariana Souza, 18 anos, de Belo Horizonte (MG), foi uma das presentes. O encontro mudou sua visão sobre a participação política do jovem. “Antes eu achava que política era só o que o presidente do país fazia. Com o grêmio, entendi que política era tudo que acontece no dia a dia”, conta. A jovem explica que sempre ouviu muito sobre o assunto pois era de interesse dos familiares, mas não compreendia o funcionamento daquilo. “Estudava numa unidade mais isolada, não tinha conhecimento de nada. Até que o grêmio começou a fazer atividades lá. Aí comecei a me interessar, até fui presidenta por um tempo”, lembra.


Fábio Bardella Renegado e Tico Santa Cruz durante o 3º ENG

Mesmo com a Lei 7.398 em vigor desde 1985, que garante a livre organização dos secundaristas nas escolas, os estudantes ainda enfrentam dificuldade na formação e implementação dos grêmios. A exemplo, são os dados levantados pela Secretaria de Educação de São Paulo: Em 2016, os números mostram que apenas 65% das escolas disponibilizam espaço para o grêmio se reunir e trabalhar. E apenas 47% dos gestores consideram e apoiam a iniciativa.

Marcelo Rocha

O grêmio estudantil luta por um modelo de ensino mais participativo, democrático, no qual os estudantes são os principais agentes no processo de mudanças. É exatamente por isso que a UBES proporciona esse tipo de evento, como explica o diretor de grêmios da entidade, Jan Victor. “Esse é um espaço único, em que podemos expor de maneira crítica e organizada todas nossas insatisfações com o governo e também com o modelo de ensino que temos hoje, e aí sim encontrar formas efetivas de combater tudo isso”, afirma.

Camila Lanes no encontro Amanda Macedo Ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, participa do 3º ENG

Você sabia? O espaço do 3º ENG foi inteiramente pensado para reproduzir as ocupações das escolas, ação que gerou identificação e agradou olhares. Um amontoado de cadeiras coloridas, que formava uma pirâmide foi o símbolo mais evidente da resistência dos estudantes, e se tornou atração principal para que os jovens fizessem muitas selfies e postassem em suas redes sociais.

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1º ENCONTRO LGBT DA UBES Amanda Macedo

Toda forma de amor e luta vale a pena

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De forma inédita, UBES organiza um encontro LGBT e coloca no centro dos debates soluções para o problema da intolerância nas escolas e celebração da diversidade


Amar e mudar as coisas: ESCOLA SEM LGBTFOBIA

“Está tudo bem, não tem nada de errado com você”. O depoimento é da estudante, Lua Victória, de 16 anos, mencionado durante o 1º Encontro LGBT da UBES, realizado no início de 2017, na Universidade Federal do Ceará (UFC). O relato gerou comoção na plateia. A jovem de Ouro Preto (MG) contou que aos 15 anos pensava em se suicidar. “Achava que meus parentes preferiam uma neta morta a uma neta lésbica. Fiz tratamento [psicológico] no SUS, mas, apesar da boa vontade, os profissionais não compreendiam minha realidade” explica. Os pensamentos de Lua em acabar com a própria vida só cessaram quando a estudante saiu do colégio que considerava conservador e foi para o Instituto Federal da sua cidade. Lá, conheceu o grêmio estudantil e com ele a compreensão dos colegas, afeto que fortaleceu sua identidade. Foram muitos os relatos feitos pelos secundaristas, que aproveitaram o espaço do Encontro para narrar suas vivências. Com o mote “LGBTfobia Mata!”, o evento contou com participação de ativistas e profissionais que denunciaram a violência sofrida pela comunidade LGBT dentro e fora das salas de aula. Em 2016, segundo levantamento realizado pelo Grupo Gay da Bahia, 343 LGBTs foram mortos no Brasil. É quase uma vítima por dia, sendo o maior número já registrado na história. Munidos de palavras de ordem, alegres e coloridos, os jovens tiveram suas energias renovadas. Em unidade, gritavam em alto e bom som, em um coro que era possível ouvir do lado de fora da UFC: “As gay, as bi, as trava e as sapatão, tão tudo organizado para fazer revolução”.

4 dicas para combater a LGBTfobia nas escolas 1. Debater gênero dentro das salas de aula O debate de gênero nos planos municipais de educação vem sofrendo retaliações por políticos que insistem em perpetuar o ódio e a intolerância. #Dica: Os profissionais da educação devem oferecer instrumentos pedagógicos para refletir, compreender, confrontar e abolir a LGBTfobia nas escolas.

2. Uso do nome social no ambiente escolar Nome social é direito desde 2015, a partir de uma resolução do Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos LGBT. #Dica: Chame o jovem pelo nome ao qual ele se identifica, assim como os pronomes. O uso do nome social em listas de presença, provas e trabalhos é essencial.

3. Como lidar com o Bullying Intimidações atingem 73% dos estudantes do ensino básico, de acordo com dados da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT). #Dica: Abra espaço para que jovens comuniquem situações de preconceito e reforce a necessidade de respeitar o outro.

4. Violência física 36% dos jovens afirmam que já foram agredidos fisicamente no ambiente escolar de acordo com dados da ABGLT/2016. #Dica: O Disque Direitos Humanos – Disque 100, é um serviço de atendimento telefônico gratuito, que funciona 24 horas por dia, 7 dias da semana. As denúncias recebidas são analisadas e encaminhadas aos órgãos responsáveis.

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MEL DA MOCIDADE

Chico César e UBES lançam clipe em homenagem às ocupações Músico e estudantes gravaram em Fortaleza, no Ceará, videoclipe em homenagem à Primavera Secundarista, movimento que ocupou escolas em todo o país

O cantor paraibano no 3º Encontro Nacional de Grêmios, em janeiro 2017

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Maurício Magalhães

Com olhares curiosos, mais de mil estudantes adentraram o Cineteatro São Luiz para acompanhar a gravação do clipe “Mel da Mocidade”. O espaço escolhido cautelosamente possui uma história iniciada em 1939 e é um dos mais belos cartões postais do Ceará.

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MEL DA MOCIDADE Maurício Magalhães Entrada do Cineteatro São Luiz, em Fortaleza Maurício Magalhães

Maurício Magalhães

Camila Lanes apresenta Chico Cesar

Ao subir no palco, Chico César foi recepcionado com longos aplausos, seguidos dos gritos: “Ocupar e Resistir”. O artista que participou das ocupações das escolas se tornou um ícone importante para a juventude e foi exatamente nesse movimento que o cantor se inspirou para criar a canção que remete à luta dos secundaristas. A música levou o nome de “Mel da Mocidade”.

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Foi só ouvir o primeiro verso, que a emoção tomou conta do lugar. Um telão ao fundo trouxe imagens simbólicas sobre a Primavera Secundarista e assim os milhares de jovens acompanharam cada estrofe relembrando aquele que foi um momento histórico para eles e para o Brasil.

Maurício Magalhães Estudantes lotam o cineteatro São Luiz durante gravação do clipe, janeiro de 2017

Maurício Magalhães

Meses depois, a UBES realizou o lançamento do vídeoclipe oficial, no espaço Casa Natura, em São Paulo. Em busca de tornar aquilo especial para os secundaristas de todas as regiões, o vídeo foi lançado simultaneamente nas redes sociais da entidade. “Emocionante! Me dá um orgulho imenso saber que fiz parte tanto do clipe, quanto desse movimento secundarista de muita luta“, disse Pedro Arthur, de Sergipe, apenas um dos milhares estudantes que protagonizaram o momento que ficou conhecido pela resistência dos jovens brasileiros.

Mel da Mocidade Chico César

Maurício Magalhães

Os estudantes são lindos Os estudantes estão vindo Inda mais belos que antes Os estudantes dão flores Que animam os professores E fazem parar os passantes Dezenas centenas milhares Espalham com seus celulares Os beijos que dão em seus pares O que aos soldados parece irritante Os estudantes são fortes Não temem o carro da morte E os gritos dos comandantes Sabem que são viajantes E vão inventando o destino Que é como eles menino E muda a todo instante Sabem que são estudantes E isto é dar vida aos desejos Mais puros e inquietantes Sabem que em seus restaurantes Merenda não cai do espaço Sabem que régua e compasso São o braço dado do amigo E é esse abraço antigo Que peço comigo você cante: O mel da mocidade É o fel dos governantes Melhor ocupar a cidade Escolas ruas palácios Jardins praças espaços Pra tornar as mentes pensantes Mostrar que são meliantes Os assaltantes do futuro Que tornam o presente tão duro Pra vida dos estudantes

Para conferir o videoclipe, acesse: http://bit.ly/2AkAbFG

Stephannye Vilela, tesoureira da UBES, e a secundarista Ana Júlia Ribeiro

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16º CONEG DA UBES Yuri Salvador

Movimento estudantil revigorado para a resistência

Plenária final do 16º CONEG

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Depois de protagonizar o maior ato de resistência dos últimos anos, secundaristas se reuniram no 16º CONEG para definir os rumos do movimento estudantil

Yuri Salvador

“Tenha fé no nosso povo que ele resiste, tenha fé no nosso povo que ele insiste”. A música de Elis Regina representa o sentimento dos participantes do 16º Conselho Nacional de Entidades Gerais (CONEG), realizado dias 8 e 9 de setembro de 2017, na Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo. O encontro teve, simbolicamente, o seu encerramento no auditório do Espaço Anhembi que leva o nome da cantora. Após os debates sobre saídas para a crise política, a educação brasileira e os ataques à democracia, cerca de 500 lideranças estudantis de todo o Brasil deliberaram o direcionamento das lutas do movimento para o próximo período. CONJUNTURA E EDUCAÇÃO A juventude ressaltou a necessidade de ocupar as ruas contra retrocessos do governo Temer, sobretudo, os ataques à educação, como a ilegítima reforma do Ensino Médio e as ameaças do projeto “Escola Sem Partido”. Os estudantes afirmaram que o momento requer resistência a qualquer tentativa de silenciamento da diversidade política nas escolas e do desenvolvimento crítico dos jovens brasileiros. O movimento estudantil também condenou o avanço de medidas autoritárias, a exemplo da militarização escolar. MOVIMENTO ESTUDANTIL O 16º CONEG reforçou ainda a atuação da UBES nas lutas nacionais protagonizadas pela “Frente Brasil Popular” e “Frente Povo Sem Medo”, considerando que a experiência das ocupações formou milhares de jovens para contribuir decisivamente nos efeitos do golpe e na mobilização social.

“O CONEG é um espaço de luta, unidade e ampliação do movimento estudantil” Camila Lanes, presidenta da UBES CONFERÊNCIA POPULAR DE EDUCAÇÃO Durante o encontro, os estudantes denunciaram a exclusão de entidades progressistas da Conferência Nacional de Educação (CONAE) pelo Ministério da Educação (MEC). A partir disso, a UBES decidiu participar de um evento paralelo em 2018: a Conferência Nacional Popular de Educação (CONAPE). De acordo com o diretor de políticas públicas da UBES, Guilherme Barbosa, a integridade da CONAE encontra-se ameaçada: “Desde 2010, a conferência auxilia na construção de políticas públicas fundamentais como o Plano Nacional de Educação (PNE), um documento essencial desenvolvido por centenas de entidades populares. Depois da expulsão de algumas delas, ficou insustentável acreditar na intenção democrática do evento”, disse.

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4º ENCONTRO DE MULHERES ESTUDANTES DA UBES Guilherme Silva | CUCA da UNE Brisa Bracchi, Camila Lanes e Juliene Silva

Sem você eu ando bem, mas com você ando melhor Mulheres estudantes secundaristas enfatizam o protagonismo feminino nas ocupações estudantis Yngrid Manarina | CIRCUS

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Nem as horas de viagem, tampouco o calor beirando os 30 graus desanimaram as mais de 300 jovens que adentraram o auditório da Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, entoando o grito: “nem recatada, e nem do lar, a mulherada está na rua para lutar!”. Era feriado do dia 7 de setembro de 2017, uma quinta-feira, e tinha ali o início do 4º Encontro de Mulheres Estudantes da UBES. Durante o EME, as mesas discutiram questões fundamentais a respeito do empoderamento e da violência contra a mulher. A urgência em construir uma educação feminista também entrou na pauta, já que o modelo de ensino atual ainda reforça estereótipos e papéis de gênero. Entre as convidadas, a pequena Helena Prestes tornou-se destaque. A neta de Luís Carlos Prestes interpretou trecho do livro “Mirela e o Dia Internacional da Mulher”, escrito por sua mãe, a cientista social Ana Prestes, em parceria com as suas duas filhas. A obra literária instiga crianças a pensarem sobre o machismo.

FEMINISMO LIBERTA, MACHISMO MATA A novidade deste EME foi a mesa “Feminismo para quê?”, um espaço de reflexão direcionado aos garotos. O debate proporcionou aos meninos uma perspectiva sobre o papel do homem no combate ao assédio, estupro e feminicídio.


MULHERES NA RESISTÊNCIA, OCUPANDO AS ESCOLAS E O BRASIL

DEBATE DE GÊNERO PRECISA ACONTECER

Em 2016, centenas de meninas lideraram as ocupações nas escolas. Desde então, as adolescentes são maioria na composição dos grêmios e no movimento estudantil.

No último período, as estudantes secundaristas permaneceram na luta pela inclusão do debate de gênero nos currículos da pré-escola até o ensino médio.

Apesar disso, a falta de representatividade feminina nos espaços de poder continua sendo um problema. No Senado Federal, por exemplo, das 81 cadeiras disponíveis apenas 13 são ocupadas por senadoras: doze brancas, uma negra, nenhuma indígena ou transexual.

A discussão de gênero nas escolas é fundamental para o exercício da cidadania, do pleno entendimento da igualdade entre homens e mulheres, e da inclusão social de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais.

Segundo a diretora de Mulheres da UBES, Brisa Bracchi, o EME é uma ferramenta essencial para estimular a emancipação feminina. “A troca de experiências em ambientes como esse transformam não só a vida de quem participou do evento, mas a dinâmica da escola de cada menina que se empodera para lutar por uma sociedade não sexista”, explica.

Na contramão de projetos ultraconservadores como o “Escola sem Partido”, vulgo “Lei da Mordaça”, 84% dos pais concordam com a promoção da pauta nas instituições de ensino, segundo pesquisa do Ibope, encomendada pelo coletivo Católicas Pelo Direito de Decidir, em 2017.

Nesse sentido, a UBES cumpre um papel indispensável na formação dos coletivos feministas dentro das escolas. A organização das estudantes nesses espaços tem se mostrado capaz de provocar transformações que vão muito além das paredes das salas de aula.

No entanto, a bancada evangélica tem inviabilizado o avanço das pautas feministas no Congresso Nacional. Em 2015, após pressões do grupo, o debate de gênero foi excluído do Plano Nacional de Educação (PNE).

A CULTURA DAS MULHERES MUDA O MUNDO A cineasta Tatá Amaral, que participou do 4º EME, integrou o movimento estudantil nos anos 1970, quando os coletivos de mulheres ainda tinham pouca expressão. Tatá foi a primeira de sua geração a gravar um curta e longa-metragem. Para ela, a cultura das mulheres muda o mundo. “Uma sociedade como a nossa – e eu não estou falando só do Brasil, mas da América Latina e até do mundo – é uma sociedade que mata mulheres, por isso precisamos que a cultura das mulheres seja praticada em todos os lugares em que a gente vai. Precisamos ouvir as vozes femininas. Ouví-las na música, na poesia, no cinema e nas representações artísticas”, disse durante o encontro da UBES.

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DOCUMENTO DO ESTUDANTE

UBES lança campanha pelo direito à meia-entrada estudantil Presente no Estatuto da Juventude, o direito à meia-entrada está associado à promoção da criatividade, bem-estar e desenvolvimento integral do jovem A plena formação do jovem passa pelo seu contato com experiências e manifestações culturais que transcendem os muros da escola. Acreditando nisso, a UBES se mobiliza para consolidar a meia-entrada estudantil e garantir o acesso dos secundaristas a ela. Nem todos os jovens de hoje devem saber, mas foi preciso muita luta para que a meia-entrada se tornasse um direito dos estudantes em todo o território nacional. A vitória veio com a lei federal 12.933, aprovada em 2013 e sancionada no dia 1o de dezembro de 2015. Para lembrar desta conquista, a UBES lançou, em outubro de 2017, o primeiro de três vídeos que fazem parte de uma campanha pela valorização do direito à meia-entrada. Os vídeos ilustram a importância do documento nacional do estudante no dia a dia e na formação dos secundaristas.

-> Assista ao vídeo da campanha:

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“Desde que ela entrou na minha vida, tudo ficou mais legal. A gente vai ao teatro, a vários shows. Até a exposições comecei a ir”, diz a personagem, que está no cinema com sua namorada, no 1º dos 3 vídeos da campanha.

UBES X LOLLAPALOOZA A UBES, UNE e ANPG entraram, em outubro de 2017, com um processo judicial contra a organização do Lolapalooza Brasil. O festival aumentou o preço dos ingressos em 63%, de um ano para o outro, e disponibiliza uma “meia-entrada social”, que banaliza o acesso ao direito. “Temos travado uma luta para mobilizar e conscientizar os produtores de eventos, artistas e todo o setor cultural sobre a importância de garantir aos estudantes a meia-entrada de verdade!”, diz Stephannye Vilela, tesoureira-geral da UBES. “Com a meia-entrada assegurada para quem realmente tem direito, a UBES pode batalhar por preços mais justos e acessíveis para todos”, completa.


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ESCOLA AMIGA DO ESTUDANTE Neste sentido de oferecer ao jovem um conjunto de possibilidades e oportunidades que vai despertar nele um mundo novo, a UBES também encabeçou outro projeto. O Escola Amiga do Estudante (arte ao lado) é uma parceria da entidade com instituições de ensino para facilitar o acesso do secundarista ao documento do estudante, propiciando também seu acesso às experiências culturais. O acesso à cultura, lembra a Tesoureira da UBES, Stephannye Vilela, é essencial para superar ondas de retrocessos como as que o Brasil enfrenta desde que o ilegítimo Temer assumiu a presidência, conteúdos escolares, exposições e artistas têm sido censurados.

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AMÉRICA LATINA UNIDA

Um manifesto para a educação do continente 2º Encontro Latino-Americano e Caribenho de Estudantes Secundaristas, na Colômbia, mostra que luta por educação pública soberana não tem fronteiras

Depois de passar dois anos em contato com jovens de toda a América Latina e Caribe, o diretor de Relações Internacionais da UBES, Jairo Marques, conclui: “Temos lutas específicas em cada país, mas também problemas em comum e um mesmo ideal: uma educação pública que emancipe nosso povo”. É para fortalecer esse objetivo comum que a UBES integra a Organização Continental Latino-Americana e Caribenha de Estudantes (OCLAE). Como maior movimento do continente, os secundas brasileiros têm responsabilidade na entidade. São responsáveis pela pasta de movimento secundarista e ajudaram a organizar o 2º encontro secundarista continental, que aconteceu em outubro de 2017, na Colômbia. Neste encontro, os jovens das diferentes nações concluíram que precisam ter um manifesto sobre o ensino básico que defendem, assim como os universitários latinos têm o seu Manifesto de Córdoba, há quase 100 anos. A missão deve ser resolvida em junho de 2018, no 18º Congresso Latino-Americano e Caribenho de Estudantes. Até lá, uma caravana da OCLAE vai incentivar este debate em escolas, universidades e centros de educação dos centros e periferias dos países.

“Temos lutas específicas em cada país da América Latina, mas problemas em comum e um mesmo ideal: uma educação pública que emancipe nosso povo.” Jairo Marques, diretor de Relações Internacionais


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Jairo Marques, diretor da UBES, durante reunião da OCLAE

COMBATER O AVANÇO DO NEOLIBERALISMO Jairo lembra que há muita semelhança entre problemas enfrentados por vários países latinos e caribenhos: “A luta é constante principalmente contra privatização do ensino básico. É uma preocupação no Brasil, com a reforma do Ensino Médio, mas também no Chile, na Argentina. Esses lugares também tiveram movimento de ocupações de escolas”. Para os estudantes da OCLAE, uma onda neoliberal atinge o continente inteiro, mas a união pode ser caminho de resistência. “Enquanto a educação não for um bem público social, um direito humano universal e um dever do estado, o movimento estudantil deve continuar na luta”, conclamou o cubano Yordan Bango, presidente da entidade.

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#OCUPACINEMA

UBES apoia produção do filme “Primavera”

“Primavera” aborda a convivência coletiva, as mudanças individuais de cada um, a educação e a política; filme foi inspirado na geração de jovens que ousou defender a escola pública de qualidade

As ocupações secundaristas contra a proposta de reorganização escolar e o congelamento de investimentos na educação por 20 anos marcaram a vida de muitos estudantes pelo Brasil. Algumas das transformações por qual passaram esses jovens durante o movimento em 2015 e 2016 serão agora contadas pelo documentário “Primavera”, uma produção independente da Clementina Filmes, com o apoio da UBES. Dirigido por Ana Petta e Paulo Celestino, “Primavera” joga um olhar inédito sobre um dos mais simbólicos movimentos da juventude brasileira ocorrido nos últimos anos. Durante as ocupações, a UBES denunciou o autoritarismo de algumas instituições, a falta de democracia nas escolas e os retrocessos na educação levados adiante pelo governo de Michel Temer. Foram milhares de escolas ocupadas, locais onde os estudantes passaram pelos momentos, talvez, mais intensos de suas vidas.

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O que é o filme “Primavera”? “Primavera” aborda a convivência coletiva e as mudanças individuais de cada jovem. “Visitei a ocupação do Colégio Estadual Central, em Belo Horizonte, e a fala do pessoal foi muito tocante. Daí, surgiu a idéia de fazer um filme que contasse um pouco das transformações desses jovens”, relata a diretora Ana Petta, que também dirigiu recentemente o doc. “Osvaldão”, sobre o líder da Guerrilha do Araguaia. Inspirado nos documentários do cineasta Eduardo Coutinho, a produção usou as redes sociais para encontrar estudantes que participaram das ocupações e realizou dezenas de entrevistas em São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Natal (RN) e Curitiba (PR), confrontando estes jovens com as suas próprias histórias de frente a uma câmera. Durante as gravações, surgiram casos impressionantes vividos por cada um dos estudantes. Os depoimentos são a principal fonte de inspiração para a produção do longa. “O mais impressionante é como as pessoas saíram do processo das ocupações. A transformação pessoal é muito profunda, perceptível. A pessoa se transforma e transforma o mundo”, diz a diretora. O filme contribui para dar uma dimensão histórica do que foi a Primavera Secundarista, também, para as próximas gerações.


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SECUNDAS NA TELONA

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“Primavera” quer chegar aos cinemas, ajude e participe do financiamento coletivo Contribua pelo site Catarse e ganhe recompensas exclusivas, como camisas e pôsteres; apoie o desabrochar dessa juventude e o cinema nacional independente

Para o filme “Primavera” conseguir chegar aos cinemas, será necessária a mesma coletividade das ocupações. Produzido de forma independente, já foi possível realizar pesquisas, elaborar roteiros, fazer filmagens e colher depoimentos de meninas e meninos que participaram do movimento. A reta final é a montagem e finalização do documentário, para isso, foi lançada uma campanha de financiamento pelo site Catarse (https://www. catarse.me/primaveraofilme), que está sendo apoiada pela UBES e tem como meta arrecadar R$ 35.750 mil. Os custos de levar um filme para os cinemas ainda são altos, por isso, a coletividade foi a melhor forma encontrada para aproximar as pessoas que acreditam nessa geração de jovens. “É um filme totalmente independente e, para que chegue ao cinema, é muito importante a participação e união de todos”, diz a diretora Ana Petta. “O financiamento aproxima as pessoas, cria vínculo com a obra”, completa.

PARTICIPE DO FINANCIAMENTO COLETIVO No Catarse foram disponibilizados sete opções de financiamento, entre R$ 20 e R$ 200, sendo que o valor corresponde a recompensas exclusivas do filme que serão disponibilizados apenas por meio da colaboração. Colaborando com R$ 100, por exemplo, dá direito a uma camisa, card, adesivo e nome nos créditos do filme. O valor arrecadado vai custear a montagem e finalização do filme, produzir as recompensas, pagar a comunicação e a taxa do Catarse. Além do filme pronto, o apoio de cada um vai viabilizar o objetivo de registrar o movimento para as próximas gerações, servindo de exemplo e semeando a força dos estudantes.

Com o documentário concluído, ele será inscrito em festivais, exibido em salas de cinema no Brasil e entrará no circuito comercial. Futuramente, o longa será disponibilizado também na internet. “Os estudantes que participaram das ocupações saíram conscientes do seu papel político e social. Vão pensar coletivamente neste mundo cada vez mais individualista”, reflete Ana Petta.

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FOTOS DA GESTÃO

Manifestação em defesa do Passe Livre, Rio de Janeiro, 2017

CUCA da UNE

Débora Neves

Jéssica Lawane, diretora de Políticas Públicas, em Marcha das Mulheres, São Paulo, 2016 Fábio Bardella

Camila Lanes em debate do 3º Encontro de Grêmios da UBES, Fortaleza, 2017

Débora Neves

Secundarista LGBT em marcha contra o golpe, São Paulo, 2016

Mídia Ninja

Pedro Feitosa

Manifestação contra Reforma do Ensino Médio Débora Neves

Pedro Gorki, da UMES Natal, protesta contra o golpe na cidade, em 2017

Tallita Oshiro

Posse da diretoria da UBES em manifestação contra o golpe, Brasília, 2016

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Posse da diretoria da UBES, Brasília, 2016


Amanda Macedo

Yuri Salvador

Yuri Salvador

Glória Silva, diretora de Escolas Técnicas, em debate no 16º CONEG, São Paulo, 2017

Danilo Ramos, vicepresidente da UBES, participa do 3º ENG, Fortaleza, 2017

Camila Lanes em manifestação em Brasília, 2016 Yuri Salvador

Débora Neves Fabíola Loguercio, diretora de Comunicação, em Caravana Estudantil da UBES no Maranhão, 2016 Divulgação

Protesto em BH pelas Diretas Já. Yuri Salvador

Rafael Araújo, 1º SecretárioGeral da UBES, em manifestação pelo passe livre, Rio de Janeiro, 2017 CUCA da UNE Guilherme Barbosa, diretor de Políticas Educacionais, no 16º CONEG da UBES

Protesto pelas Diretas Já, Belo Horizonte, 2017 Marcelo Rocha

Marcelo Rocha

3º Encontro Nacional de Grêmios da UBES, 2017

Manifestação contra a reforma do ensino médio, Fortaleza, 2017

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