Informativo oficial da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas
Especial REVOLTA: 5º EME, 14º ENET e 17º CONEG 17 a 20 de outubro de 2019 São Paulo (SP)
RUSSO PASSAPUSSO CONTA PRA UBES QUAL É A SUA REVOLTA pg 3
PESQUISA: 65% DAS ESTUDANTES JÁ FORAM ASSEDIADAS DENTRO DAS INSTITUIÇÕES pg 4 e 5
LINHA DO TEMPO MOSTRA A REVOLTA DA UBES EM 2019 pg 6 e 7
REVOLTA EM TODO O BRASIL PARA DEFENDER O ENSINO TÉCNICO pg 8 e 9
EDITORIAL
Este Plug é uma edição especial da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas para o REVOLTA: 14º Foto Maiakovski Pinheiro
ENET, 5º EME e 17º CONEG da UBES
Presidente: Pedro Gorki (RN) Vice-presidente: Débora Nepomuceno (BA) Secretária Geral: Julienne Silva (RJ) Tesoureiro Geral: Ericleiton Emidio (RN) Diretora de Comunicação: Stefany Kovalski (PR)
PRA TRANSFORMAR A REVOLTA EM AÇÃO A gente está com muita coisa entalada na garganta. São tempos muito difíceis para quem é jovem e assiste a um dos maiores retrocessos da história do Brasil. E não há outra palavra para descrever o que está dentro do nosso peito. Revolta de quem não aceita a destruição do nosso país. De quem sabe que a juventude é a única força capaz de mudar essa realidade.
Dir. Rel. Institucionais: Willamy Macêdo (CE) Dir. Rel. Internacionais: Bruna Helena de Oliveira (MG) Diretor de Cultura: Igor de Lucca (PR) Diretora de Escolas Técnicas: Rozana Barroso (RJ) Diretor de Grêmios: Márcio Ângelo (SE) Diretora de Mulheres: Maria Clara Arruda (RN) Diretor de Políticas Educacionais: Matheus Vianna 1º Vice-Presidente: Evandro José da Silva (PE) 1º Diretor de Grêmios: Marcos Adriano Prestes (RS) Diretora de Movimentos Sociais: Bruna Santos (SE)
PLUG ESPECIAL REVOLTA Coordenação editorial: Contra Regras - Comunicação
Nós, estudantes, vivemos todos os dias a revolta pela morte de Agatha. De Kauê, de Kauã, de Jenifer, dos nossos colegas das periferias, quase sempre negros e negras, vítimas de um genocídio disfarçado sob a égide hipócrita da segurança pública.
Redação: Artênius Daniel, Diego Guaglianone,
A revolta pela situação da educação pública, atingida pelos cortes no orçamento, pelo descaso com a estrutura das escolas, com os salários dos professores, com a censura e perseguição dentro do ambiente escolar. Revolta pela ameaça às mulheres, aos gays, às lésbicas, às pessoas trans, a toda a população LGBT.
Circus da UBES, Cuca da UNE
Natália Pesciotta e Rafael Minoro Edição: Rafael Minoro Fotos: Arquivo UBES, Maiakoviski Pinheiro,
Ao mesmo tempo, sabemos que a energia da nossa indignação precisa se transformar, por dentro, em cada vez mais organização e unidade para enfrentar os inimigos da juventude. A revolta dos secundaristas está catalisada, neste mês de outubro, na realização do 5º Encontro de Mulheres da UBES (EME), do 14º Encontro Nacional de Escolas Técnicas (ENET), do 17º Conselho Nacional de Entidades Gerais (Coneg). São alguns dos maiores eventos do movimento estudantil brasileiro, que mostram a capacidade da nossa resistência, com a reunião de milhares jovens de todos os estados do país, em São Paulo, para debater os rumos da nossa luta contra o governo Bolsonaro. Temos raiva, temos revolta, temos rebeldia. Mas também temos muitas ideias, muita criatividade, muitas formas de ação para responder a tudo o que está aí. Os estudantes já mudaram a história brasileira diversas vezes. Não será diferente agora. Sejam bem vindas (os). Aproveitem os debates, curtam a programação cultural e voltem para as suas cidades com a REVOLTA na bagagem! Pedro Gorki - Presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas
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Projeto gráfico e diagramação: @JJBZ + @Keko_animal Sede nacional: Rua Vergueiro, 2485, Vila Mariana, São Paulo - SP CEP 04101-200 ubes.org.br
@ubesoficial /ubesoficial
MEIAENTRADA É MEU DIREITO!
ENTREVISTA
RUSSO PASSAPUSSO REPRESENTA A NOSSA REVOLTA!
Músico conversou com o Plug e falou sobre como se sente com o governo tirando dinheiro da educação e nos lembrou que uma música sua tem um lindo verso com a palavra revolta; confira abaixo Quem já foi a um show da BaianaSystem sabe muito bem do que a gente vai falar neste rápida entrevista que fizemos com o vocalista. Russo Passapusso, baiano de Feira de Santana, é a voz à frente de uma das bandas mais potentes do cenário atual da música brasileira. Muitos os comparam aos também nordestinos da Nação Zumbi pela energia das apresentações ao vivo. Antes mesmo de começar os primeiros acordes das poderosas “Lucro” ou “Playson” as rodinhas pipocam e naquele momento a revolta se manifesta de diversas formas. E você Russo, conta pra gente: qual a sua REVOLTA?
Você se revolta todos os dias? A revolta... a revolta é uma passagem pra calmaria. Eu acho que isso tudo faz parte, eu acho que o equilíbrio tá dentro destes dois lados. É como diz a palavra mesmo “revolta”, tem uma volta dentro, um ciclo na história. E faz parte da nossa construção isso tudo, né. Eu acredito que sim, que eu me revolto todos os dias. E acredito que hoje o mundo como está, a mídia, o celular, a velocidade... isso tudo traz pra gente um pouco de descontrole nas nossas emoções, e isso não é bom, não é certo, causa ansiedade. E existem muitos parâmetros que trazem a gente para este ciclo vicioso e aí até mesmo essa revolta pode ser utilizada como massa de manobra. Então eu procuro também fazer o outro lado da questão, né? Yin e Yang, os mantras, a calmaria, o planejar, o traçar planos... as “duas cidades” como a gente já vinha falando ali no disco anterior da BaianaSystem.
Tirar dinheiro da educação lhe causa revolta por quê? Tirá água de quem tem sede, tirar a visão de quem quer enxergar, tirá o tato, o movimento... isso tudo está contido na educação. A educação é o que tira a cegueira de um povo, né. Educação, cultura, a sabedoria, a inteligência... tudo isso vem da educação. O mais revoltante disso é que sem educação as pessoas que vivem neste ambiente, neste limbo, neste terreno infértil, elas são criadas e adaptadas pra fazer o mesmo: para também não dar educação, acho que por uma relação de reflexo, né? Você vê pessoas que não tem educação querendo tirar a educação talvez para que elas possam justificar a sua própria existência. É dentro deste ambiente que gira este massacre, esta perseguição à educação.
Qual verso mandaria com a palavra “revolta”? Eu já fiz um verso com a palavra revolta e esse verso cada vez mais vem se aproximando da situação atual. Eu canto esse verso como um mantra. Já tem a ver até também com a primeira pergunta, que você fala sobre se eu me revolto todos os dias.. o verso fala “Se a babilônia não cair, se o vento não soprar / Se a pedra não ruir, e o sofrimento perdurar / Jah Jah revolta vem aí”.. é o que precede esse sentimento de buscar através da revolta, a revolta que acorda em busca dos nossos direitos de educação, nosso direito de estar em conexão com a humanidade contra a desumanidade. E existe mil formas de articulação, quando se fala de revolta não é só a coisa da pedra no vidro, do grito, da catarse explosiva... não é isso, existem vários tipos de revolta, essa revolta contida que a gente guarda no peito às vezes ela implode e explode de forma mais forte do que uma revolta virtual, uma revolta de frases que compactuam no mesmo ambiente que as fake news caminham, né? Então, existem várias formas de você dar a volta, fazer a revolta... é assim que a gente vai construir e já estamos construindo junto há um tempo. Eu me vejo com muita esperança e é isso que vai fortalecer. Salve, salve!.
Música
Jah Jah REVOLTA - Baiana System Se a babilônia não cair, se o vento não soprar Se a pedra não ruir, e o sofrimento perdurar Se a babilônia não cair, se o vento não soprar Se a pedra não ruir, e o sofrimento perdurar Então vá, a babilônia eu sei que vai cair Vá, não sei mais o que estou fazendo aqui Vá, ôh Jah me leve que eu quero fugir Vá, direto pros estúdios... Adio o cansaço faço como o rei do cangaço Feito de carne e osso mas com punhos de aço Faço parte dos que tomam iniciativa E se tentar me destruir utilizo da minha esquiva Se a babilônia não cair[...] Tudo bem, então, Encontrar a pala no porta-mala do Opala A cara do polícia que cobiça é um no padre outro na missa Enquanto isso o compromisso omisso é o back no bolso Por isso no bom senso, o ragga logo fica tenso Por mais que me convença, nunca muda o que penso O ofício do momento é me sair com talento Afasta onda nefasta e me encontre na paz do rastaman Onda nefasta e me encontre... Afasta onda nefasta e me encontre na paz do rastaman Onda nefasta e me encontre Tudo bem, quem tem Tudo bem, não tem Tudo bem, não tem dinheiro Mas sou da tribo do herdeiro dos filhos de Jah Rastaman vibration Rastaman vibration Se a babilônia não cair[...]Jah Jah Revolta vem [...]
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ESCOLA SEM MACHISMO
BASTA! CHEGA DE ASSÉDIO NA ESCOLA! UBES realiza pesquisa e dados mostram que 65% das estudantes que responderam já foram assediadas dentro das instituições Comentários sobre o corpo ou a roupa, brincadeiras preconceituosos, toques sem consentimento... essas são situações que, infelizmente, fazem parte do cotidiano de muitas estudantes dentro de suas próprias escolas. São casos de assédio que partem de companheiros de sala de aula e, muitas vezes, dos próprios diretores, professores e funcionários. Como não existem muitos dados sobre este tema, a diretoria de Mulheres da UBES lançou em 2018 uma pesquisa para tentar entender o que vivem as meninas dentro de suas escolas. Entre as 203 estudantes que responderam, 65% disseram já ter sofrido assédio. O dado alarmante é que quase metade delas (48%) acusam os professores. A pesquisa foi respondida voluntariamente pela internet, por meio de um formulário divulgado nas redes sociais da UBES e em grupos de estudantes no WhatsApp.
RAIO-X DO ASSÉDIO NAS ESCOLAS JÁ SOFREU ASSÉDIO? 35%NÃO
“A escola está incluída na sociedade, então é natural que reproduza os mesmos padrões. Mas é também na escola que podemos começar a mudar estes comportamentos. Discutir isso e despertar consciências é o papel da escola” explica a diretora de Mulheres da UBES, Maria Clara Arruda. Para ela, é essencial que debates sobre machismo estejam presentes no ambiente escolar, seja na sala de aula, seja por ações do grêmio.
“Tenho percebido que entramos num momento em que pessoas se sentem tranquilas para serem machistas, racistas, homofóbicas. Ao mesmo tempo, as meninas têm se mostrado mais instruídas, conhecem situações machistas e não pensam duas vezes para se posicionar, denunciar, opinar”. Julienne da Silva, secretária-geral da UBES, comenta sobre um paradoxo atual.
QUEM COMETEU O(S) ASSÉDIO(S)? ** 75% COLEGA
48% PROFESSOR
65%SIM 21% FUNCIONÁRIO 3% DIRETOR
QUEM RESPONDEU
ALGUNS RELATOS
203 estudantes \ 20 estados \ 5 regiões
“O professor passou a mão na minha coxa durante a aplicação de uma prova.”
93% tem entre 15 e 18 anos
“Diretor fica mandando mensagem de ‘linda’ pelo Instagram.”
84% estudam em instituições públicas ** Cada estudante podia assinalar mais de uma opção
“Andava em um dos corredores do colégio quando escutei coisas bárbaras sobre meu corpo.” “Professor no meio de uma roda de meninos da sala comentou o quanto eu estava ‘gostosa’ usando uma legging.”
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NAS REDES E NAS ESCOLAS CONTRA O ASSÉDIO Movimentos contra assédio estão cada vez mais fortes em várias regiões do país
#IFORAASSÉDIO RS, Março de 2018
Foto: Letícia Sabbatini
A partir de algumas denúncias sem encaminhamentos, meninas de várias instituições se conectaram via WhatsApp e fizeram ações simultâneas no estado. “Desde o crescimento do movimento feminista nos anos 1960 e 70, as mulheres estão se impondo mais, exigindo respeito da sociedade. Por isso hoje temos mais voz para dizer não”, analisa Ketheryn Fistarol, da União Catarinense dos Estudantes Secundaristas (UCES).
#ASSÉDIOÉHÁBITO Rio de Janeiro, RJ, Agosto de 2018 O estopim foi a demissão de uma professora que defendia muitas estudantes, em uma rede de ensino particular carioca. As denúncias de assédio começaram a ser postadas no Twitter com a tag e o movimento se ampliou para várias escolas do estado, públicas e privadas.
#SUAALUNANÃOÉUMANOVINHA Serra, ES, Julho de 2019 Depois de anos de silêncio, estudantes resolveram denunciar situações de constrangimento e opressão em um colégio na Serra, no Espírito Santo. O tema enfim foi discutido na escola onde isso acontecia.
O QUE SEU GRÊMIO PODE FAZER CONTRA O MACHISMO
1 · AÇÕES DE APOIO ENTRE MENINAS
3 · CARTAZES DE CONSCIENTIZAÇÃO
No banheiro feminino, que tal trocar os desentendimentos por gentileza e fortalecimento? Usem post-its, deixem recados de como a união entre as mulheres pode ser forte!
Algumas ideias de frases: “Assédio não é elogio”, “Depois do não, tudo é assédio”, “A escola é pública, meu corpo não”.
2 · RODAS DE CONVERSA
Em muitas escolas, o grêmio é um canal para receber denúncias de assédio e acompanhar os encaminhamentos junto à direção ou até mesmo Ministério Público, dependendo do caso.
Pode ser um evento para toda a escola (inclusive os homens!), com convidadas especiais e temas pré-estabelecidos, ou uma roda periódica (todo mês), onde meninas possam conversar sobre dificuldades, desafios e questões de gênero.
4 · FACILITAR DENÚNCIA E ACOMPANHAMENTO
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LINHA DO TEMPO
25/02 A CARTA DE VÉLEZ
Ministro Vélez (Educação) manda carta com slogan eleitoral para ser lida e filmada nas escolas, junto com a execução do Hino Nacional. UBES responde com a campanha #MinhaEscolaDeVerdade e com protestos na Câmara dos Deputados.
UBES, Pedro Gorki.
JANEIRO 01/01 MEC fecha a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão.
MARÇO
15/01 Presidente Bolsonaro assina decreto que flexibiliza o porte de armas.
20/03
ABRIL
Governo cria comissão para fazer análise ideológica de questões do Enem.
TROCA DO MINISTRO DA EDUCAÇÃO
25/03
FEVEREIRO
ELOGIO À DITADURA MILITAR
05/02
Bolsonaro determina “comemorações devidas” ao Golpe de 1964. Seu ministro da Educação, Ricardo Vélez, sugere mudança em livros de história sobre o tema. UBES protesta!
Foto: Matheus Alves
Foto: Maiakovski Pinheiro
Bancada de Bolsonaro (PSL) apresenta na Câmara projeto mais rigoroso da Lei da Mordaça, como é chamado o programa “Escola Sem Partido”.
07/02 FESTIVAL DOS ESTUDANTES
Pela primeira vez, as entidades UBES, UNE e ANPG realizaram um festival cultural unificado, incluindo o 4º Encontro Nacional de Grêmios. Mais de 10 mil jovens em Salvador anunciam a resistência.
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Foto: Geraldo Magela
“O governo corta verbas da Educação, paralisa programas, desmerece o papel das escolas e universidades. É nosso papel ser os guardiões do ensino público. Enquanto o governo diz que fazemos balbúrdia, nós fazemos esperança”, protesta o presidente da
Foto: Maiakovski Pinheiro
O inconformismo e a revolta são os sentimentos mais fortes este ano na sociedade brasileira. Ninguém escancarou isso tão intensamente quanto os estudantes ao organizarem o maior movimento de resistência em 2019 em defesa do verdadeiro patriotismo.
Foto: Geraldo Magela
A revolta estudantil em 2019
08/04
Sem apresentar planos e ações em 100 dias, Vélez é substituído por Abraham Weintraub, também sem experiência com a área educacional e que ficou conhecido como o “ministro do chocolatinho” ou o “ministro do guarda chuva”. UMA GESTÃO TRUNCADA
Além do próprio ministro, mais de 10 nomes de alto escalão foram trocados no MEC este ano por disputas internas. O Inep já está em seu quarto presidente. Isso tem paralisado políticas públicas e o planejamento da Educação. PROGRAMAS ESVAZIADOS EM 2019
28/03 JORNADA DE LUTAS CONTRA MORDAÇAS E ARMAS
Juventude reivindica cultura de paz, de pluralidade de ideias e formação digna, mais livros e menos armas.
Governo esvazia Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), Programa Universidade para Todos (ProUni), Proinfância, convênios para creches, Brasil Alfabetizado, Mais Alfabetização, apoio para escolas de período integral, Pronatec, Mediotec.
Foto: Maiakovski Pinheiro
30/04 BALBÚRDIA
18/07 EDUCAÇÃO EM BAIXA
“Universidades que estiverem fazendo balbúrdia terão verbas reduzidas.” Frase do ministro Weintraub ao explicar cortes de verba em três federais. Depois ele amplia a tesoura de 30% para toda a rede federal, incluindo Institutos Federais.
*Educação é o maior problema do Brasil para jovens entre 16 e 24 anos (Datafolha) *Apenas 15% aprovam as prioridades para a Educação (Todos Pela Educação e Big Data)
15/05 TSUNAMI DA EDUCAÇÃO Com dificuldades no Congresso, o presidente Bolsonaro havia afirmado: “Pode haver um tsunami na semana que vem”. Estudantes mostram força e reúnem mais de 1,5 milhão em todas as capitais e mais de 200 municípios contra os cortes na educação.
7,9 BI CORTADOS DA EDUCAÇÃO
3
1
2
1. 30% - R$2.4 BI Educação Básica 2. 28% - R$2.2 BI UFs 3. 12% - R$1 BI IFS 4. 30% - R$2.3 BI Outros
SETEMBRO 06/09 RETALIAÇÃO AO
MOVIMENTO ESTUDANTIL
22/05 AGRESSÃO NO CONGRESSO Representantes estudantis agredidos em audiência com o ministro no Congresso Nacional.
SEGUNDA ONDA DE MOBILIZAÇÕES
Mais uma vez, os atos foram gigantes e mobilizaram mais de 1,5 milhão de pessoas em todo o Brasil.
JUNHO 14/06
GREVE GERAL DA EDUCAÇÃO
08/04 #TIRAAMÃODOMEUIF Rapidamente, reação aos cortes nos Institutos Federais e colégios federais chega a todas as regiões, com vídeos, cartazes e estudantes vestindo preto.
Cortes começam a ter efeitos danosos nos Institutos Federais e estudantes lançam campanha SOS IF.
Estudantes puxam novos atos também no segundo semestre.
30/05
MAIO
09/08 SOS IF
13/08 #13A
Foto: Maiakovski Pinheiro
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AGOSTO
Trabalhadores e estudantes unidos pela Educação e contra reforma da previdência.
JULHO 17/07 “PRIVATIZE-SE”
Como retaliação aos protestos de 2019, o governo lança projeto para acabar com a lei federal da Meia-Entrada e consequentemente com o Documento Estudantil, principal fonte de renda do movimento.
07/09
VOLTA DOS CARAS-PINTADAS
No feriado da Independência, estudantes defendem educação pública e o meio ambiente, ameaçado com aumento de queimadas e desmatamento durante o governo Bolsonaro.
OUTUBRO 17/10 REVOLTA Secundaristas realizam o REVOLTA: 14º ENET, 5º EME e 17º CONEG.
Sob protestos estudantis, o MEC anuncia o projeto “Future-se”. Em vez de garantir verba pública, rede federal é estimulada a procurar capital privado.
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ENSINO TÉCNICO
SECUNDAS LUTAM PELO ENSINO TÉCNICO DE QUALIDADE Revolta dos institutos e colégios federais impulsionou a reação dos estudantes contra os cortes na Educação Falta material para os laboratórios, transporte para atividades de campo e até água nos bebedouros. Essa é a situação de grande parte dos colégios e Institutos Federais neste segundo semestre de 2019, quando os cortes do Ministério da Educação já começam a ter efeitos práticos. Muitas destas denúncias da situação dos IFs estão reunidas no perfil da campanha SOS IF no Instagram (@SOS_IF). A campanha é só mais um passo da luta. Desde o começo do ano, os secundaristas estão numa intensa mobilização em defesa do ensino técnico. No dia 30 de abril, o governo Bolsonaro anunciou um corte de mais de 30% no orçamento da rede federal de ensino. Só nos IFs, o bloqueio chegaria em R$ 1 bilhão. O valor representa 34% do que era previsto no ano para custeio e investimento nas 661 unidades espalhadas pelo país, segundo dados da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior). Logo que foi anunciado o bloqueio das verbas, reitores apontaram que poderia ser impossível terminar o ano letivo, ameaçando o ensino de milhares de secundaristas. Rapidamente, a UBES, junto aos estudantes dos IFs, começaram uma intensa mobilização nas redes com a tag #TiraAMãoDoMeuIF. Em poucas horas, viralizou e engajou milhares de pessoas. Estudantes gravaram vídeos com roupas pretas, cartazes e palavras de ordem. Toda a movimentação foi o estopim para o grande #TsunamiDaEducação no dia 15 de maio. De lá pra cá, mais atos aconteceram pelo país para pressionar o governo contra os cortes e mostrar que a juventude não abre mão de seu futuro.
INSTITUTOS FEDERAIS SÃO REFERÊNCIA EM PRODUÇÃO CIENTÍFICA Filtragem de água em situação de microgravidade no espaço? Os estudantes do IFSC fizeram. Tecnologia para ajudar na comunicação de pessoas com Esclerose Lateral Amiotrófica? Os estudantes do IF Baiano fizeram. Filme plástico biodegradável à base de cascas de maracujá? Uma estudante do IFRS fez.
O desempenho dos estudantes dos IFs é muito superior ao dos colégios públicos, com médias similares à de países desenvolvidos, segundo dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). Mais de 11 mil projetos de pesquisa aplicada estão em andamento e pelo menos 50% dos municípios brasileiros são atendidos direta ou indiretamente pelos campi. O segredo para resultados tão impressionantes? Investimento.
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Foto: Francisco Proner
Estudar no Instituto Federal abre possibilidades incríveis para o futuro da juventude. Muitas oportunidades são únicas, pois nas regiões mais interioranas do país, as instituições figuram sozinhas como uma referência de produção científica. Com grande expansão entre 2003 e 2016, os Institutos Federais são um dos melhores modelos educacionais no país.
“Somos patriotas. Em nós, o sentimento de revolta se mistura com nosso amor por essa terra. Defender o ensino técnico para salvar o Brasil é defender uma educação sem cortes, que garanta merenda, água, materiais nos laboratórios, investimento e valorização. Queremos caminhar rumo à soberania e sabemos que as escolas técnicas são fundamentais para que isso aconteça: um país mais justo e desenvolvido.” Rozana Barroso - Diretora de Escolas Técnicas da UBES
“PRECISAMOS AMPLIAR A REDE FEDER AL, COMO ESTÁ PREVISTO NO PNE”, diz especialista. Entrevista com Ricardo Cardoso, pró-reitor de ensino da IFNMG e integrante do Fórum de Dirigentes de Ensino do CONIF (Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica) Contingenciamento de verbas, como aconteceu neste ano com um bloqueio de R$ 1 bi para os IFs, causa efeitos imediatos como falta de verbas para custeio de manutenção básica. Você avalia que há efeitos a longo prazo, caso esse cenário se repita? A rede federal desenvolve ações de pesquisa, extensão, realização de visitas técnicas, participação em eventos... Quando você contingencia recursos, mesmo com posterior retorno de parte das verbas, as ações que foram perdidas ao longo do ano não se recuperam. Não podemos pensar no IF como uma instituição que apenas oferta aulas. A rede federal prima por uma qualidade educacional socialmente referenciada. É fundamental o comprometimento de 100% de orçamento para que a gente possa cumprir, de fato, nossa função. O investimento no ensino técnico integrado ao ensino médio seria uma das soluções para a melhora do modelo educacional brasileiro? Enquanto em países desenvolvidos há um maior número de matrículas em educação profissional de nível médio, o número no Brasil ainda é pequeno. Precisamos aumentar, como está previsto na meta 11 do Plano Nacional de Educação. O Ensino Técnico Integrado é pautado na pesquisa e extensão, garantindo maior qualidade para os estudantes que chegam às universidades. E um dos pontos mais importantes é a concepção de formação integral do ser humano pautado na cultura, no esporte, na tecnologia, nas artes.
INTERVENTOR DO MEC NÃO ENTRA NO CEFET! Os secundaristas do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) do Rio de Janeiro mostraram que escola é lugar de democracia e barraram o interventor nomeado pelo MEC para a diretoria-geral. Sua nomeação contrariou o resultado da eleição interna da instituição, provocando a mobilização dos estudantes que expulsaram o interventor do CEFET. Com secundarista, não se brinca!
Na sua visão, por que o ensino técnico, desenvolvido em IFs e CEFETs, pode ser considerado um modelo educacional de excelência no Brasil? Os resultados já dizem, nós temos indicadores para comprovar essa excelência. Uma das políticas educacionais mais acertadas nos últimos anos foi a ampliação e interiorização da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica. Deve ser pensando para todo o Brasil e quiçá, para o mundo.
UNIDADES DA REDE FEDERAL PELO BRASIL
140
2011-2019
661(+ 307)
2003-2010
354(+ 214)
1910-2002
Os investimentos saltaram de 2 bilhões para 9 bilhões em uma década (entre 2003 e 2013). Em São Paulo, há 37 unidades do IF. Já no nordeste, há 237, segundo informações do Portal do MEC.
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ESCOLAS MILITARIZADAS
MINHA ESCOLA NÃO É QUARTEL: MILITARIZAÇÃO AMEAÇA LIBERDADE DOS ESTUDANTES Modelo educacional limita a pluralidade em ambiente escolar, impõe regras de comportamento e não soluciona problemas da educação pública O governo Bolsonaro pretende militarizar 213 escolas até 2023. O projeto, apresentado em setembro, prevê a consulta pública com a comunidade para adesão voluntária, mas na prática o autoritarismo fala mais alto. O ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse que pretende terminar o mandato com 10% das escolas públicas com gestão cívico-militar e segundo o próprio presidente, é preciso “impor” o modelo educacional. Atualmente: há 120 escolas militares no Brasil, sendo que 60 pertencem à rede pública. Os defensores desse modelo usam o desempenho dos estudantes em comparação aos demais da rede pública. Contudo, o que diferencia os resultados é o investimento. Enquanto o custo por aluno em um colégio militar é na média de R$ 19 mil, o da rede pública gira em torno de R$ 6 mil. Além do método não ser uma solução para resolver os problemas das escolas, os estudantes são submetidos às regras comportamentais dos militares. Não poder utilizar o próprio cabelo como quiser é um dos exemplos que fere a individualidade dos secundaristas.
“Na idade escolar a gente tá assumindo nossos cabelos, nossos corpos... a existência de padrões físicos, estéticos e de comportamento anula a pluralidade e a diversidade dentro das instituições, acaba com qualquer tipo de diálogo sobre diferenças, algo tão essencial para se aprender a viver em sociedade”. Débora Nepomuceno - Vice-presidenta da UBES
“Um ambiente plural, onde convivam as diferenças e o estímulo ao pensamento crítico, é o papel da escola pública.”
Foto: Maiakovski Pinheiro
Stefany Kovalski - Diretora de Comunicação da UBES.
O QUE É A GESTÃO COMPARTILHADA? Nesse modelo que muda a gestão das escolas públicas, os estudantes ficam na mão dos militares na coordenação e disciplina. Muitas decisões são autoritárias e exigem padrões comportamentais como fila para entrar em sala, bater continência, cabelos padronizados e até uniforme militar. Há nota de comportamento para os estudantes que podem até ser expulsos da escola se tiverem resultado considerado “incompatível”.
ESCOLA MILITARIZADA X COLÉGIO MILITAR Os colégios militares pertencem ao Exército, Corpo de Bombeiros ou Polícia Militar e são voltadas para quem deseja seguir carreira como militar. Já as escolas públicas militarizadas estão sob responsabilidade das secretarias estaduais e municipais de Educação e não recebem as mesmas verbas que colégios militares. Enquanto eles são mantidos pelo Ministério da Defesa, as públicas são mantidas pelo Ministério da Educação.
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Secundaristas foram às ruas de Brasília (28/9) contra a militarização das escolas no DF
ESCOLA X ESCOLA MILITARIZADA? Gestão democrática / Professores na coordenação / “Bom dia” pro tio na entrada / Nota das matérias / Cabelos coloridos, black power, tranças / Advertência para desrespeitar professores e colegas
X
Gestão autoritária / Militares na coordenação / Continência pra sargento / Nota de comportamento Cabelos padronizados / Advertência para unhas pintadas, abraços nos colegas, cabelo solto
CULTURA
+ REVOLTA
NOSSA REVOLTA EM 4 TUÍTES
NOSSA REVOLTA EM 5 CARTAZES DE 2019
2 FILMES QUE RETRATAM NOSSA REVOLTA
Democracia em Vertigem (Petra Costa, 2019), no Netflix
Espero Tua (Re)Volta (Eliza Capai, 2019), no taturanamobi.com.br
AS 3 PRIMEIRAS PALAVRAS QUE VOCÊ ENCONTRAR SÃO SUAS MAIORES REVOLTAS
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CONGRESSO DA UBES
TÁ ACHANDO O REVOLTA LEGAL? IMAGINA SÓ COMO VAI SER O CONGRESSO DA UBES! O maior encontro dos secundaristas na América Latina está chegando. O 43º Congresso da UBES (CONUBES) será realizado no primeiro semestre de 2020 e vai mobilizar jovens de todas as regiões do Brasil. Você que veio até São Paulo para participar do REVOLTA e das atividades do movimento estudantil, se ligue: O CONUBES será convocado no próximo domingo, durante a plenária final do Conselho Nacional de Entidades Gerais (CONEG).
Foto: Nilmar Lage
O QUE É O CONUBES? O Congresso da UBES é o principal momento do movimento estudantil secundarista brasileiro. É o grande espaço que representa as lutas dos milhões de estudantes do ensino fundamental, médio, técnico e preparatório do país.
COMO ACONTECE A ETAPA PREPARATÓRIA NOS ESTADOS? Congresso da UBES é o principal momento do movimento estudantil secundarista brasileiro. É o grande espaço que representa as lutas dos milhões de estudantes do ensino fundamental, médio, técnico e preparatório do país.
COMO ACONTECE A ETAPA PRESENCIAL? Após a eleição dos delegados e delegadas, todos vão à etapa presencial, em um estado e cidade escolhidos pelo movimento estudantil. Os primeiros dias do Congresso são marcados por mesas de debate, grupos de discussão, atos políticos, atividades que envolvem os temas mais urgentes do universo da juventude. Além disso, o Congresso tem atrações culturais, shows, oficinas, atividades de integração dos estudantes de todo o país.
O QUE É DECIDIDO NO CONUBES? O último dia é marcado pela plenária final, quando é eleita a nova presidência da UBES, a nova diretoria da entidade, além de definidos os seus rumos para os próximos dois anos.
MOBILIZE A SUA ESCOLA E FAÇA PARTE DO PRÓXIMO CONUBES! 12
Karol Conká representou e quebrou tudo no último congresso da UBES, em Goiânia (GO), em 2017.
RAIO X DO CONGRESSO DA UBES · O 1º Congresso foi realizado em 1948, quando a entidade ainda se chamava União Nacional dos Estudantes Secundaristas (UNES). Luís Bezerra de Oliveira é eleito o primeiro presidente. · Em 1949, é realizado o 2º Congresso e a entidade muda o nome para UBES e elege o estudante Carlos Cesar Castelar Pinto como presidente. · O último Congresso da UBES foi realizado de 30 de novembro a 2 de dezembro de 2017, em Goiânia (GO), e elegeu o atual presidente Pedro Gorki. · Participaram do último Congresso atrações como Karol Conká, MC Pocahontas, Flávio Renegado e Manuela Dávila.