Observatório Cerqueira César
SP
Jornal produzido por alunos de Jornalismo | Universidade Anhembi Morumbi | 1º semestre de 2017
Hospitais são referência em infraestrutura Instituto do Coração - INCOR. (Foto: Bruna Giovanna)
Trânsito Quase 10 mil veículos trafegam no bairro em horário de pico
Parque Trianon mantém área de Mata Atlântica preservada na Av. Paulista
Metrô Cerca de 90 mil passageiros circulam pelas estações da região
Paróquia São Luiz Gonzaga completa 100 anos de tradição Interligação das estações Consolação e Paulista. (Foto: Wellington Amorim)
Paróquia São Luiz Gonzaga. (Foto: Wellington Amorim)
Economia crise chega ao bairro Tubaína Bar oferece drinques exóticos
Araçá reúne mausoléus históricos Tecnologia aplicativo muda fachada de Hotel
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Expediente
Editora-chefe Profª Rose Naves
Layout Final Prof. Ricardo Senise Edição Coordenadores Carlos Carlini Fernanda Lopes Equipe Amanda Basso Antonio Souza Bruna Barros Elma Daniela Guilherme Schmidt Isabela Sartori Jéssica Nakayama Larissa Ribeiro Natalia Almeida Revisão Coordenadores Bruno Esteves Daniela Martins Equipe Amanda Oliveira André Martins Beatriz Paparazzo Camila Losano Catherine Ayres Leonardo Sarti Ramires Gomes Rodrigo Santos Thaís de Freitas Thatiana Mazza Victor Noronha
Observatório SPCerqueira César Vitor Chicarolle
Wellington Amori
Edição de Fotografia Coordenadores Luana Reis Mariana Sucupira Equipe Amanda Porto Ana Cezário Ana Alves Camila Ventura Isabela Paes Juliana Daléssio Leonardo Zilioti Letícia Matos Marcos Martins Natalia Bassi Raquel Rodriguez Thais Borges Thiago César Vitória Fonseca
Reportagens
Design Coordenadores Pedro Sereno Stephanie Mayer Equipe Bárbara Nunes Bianca Pinheiro Bruna Formiga Diego Pacheco Géssica Esteves Giovanna Bento Heloísa Marques Ianca Marinho Maynara Ribeiro Tamiris Martins
Memória - 4 Pedro Sereno Antônio Souza Leonardo Zilioti Rodrigo Santos Vitor Chicarolli Natureza - 5 André Martins Ana Carolina Cezário Leonardo Sarti Vitória Fonseca História - 7 Amanda Porto Bianca Pinheiro Diego Pacheco Guilherme Schmidt Heloísa Marques Juliana Dalessio Luana Reis Wellington Amorim Infraestrutura - 9 Ana Carolina Alves Bárbara Nunes Bruna Formiga Daniela Martins Fernanda Lopes Giovanna Bento Maynara Ribeiro Natália Almeida Tamiris Martina
Economia - 11 Amanda Basso Amanda Oliveira Camila Losano Carlos Carlini Marcos Martins Arquitetura - 12 Beatriz Paparazo Camila Ventura Letícia Mattos Ramires Gomes Raquel Rodrigues Stephanie Hahne Thiago César Trânsito - 14 Bruno Esteves Elma Daniela Géssica Esteves Metrô - 15 Ianca Alcaraz Jéssica Nakayama Natália Bassi Thaís de Freitas Thatiana Mazza Lazer - 16 Bruna Barros Catherine Louise Isabela Paes Isabela Sartori Larissa Ribeiro Mariana Sucupira Thais Borges
editorial
Cerqueira César é referência em infraestrutura na região central Imagine um bairro histórico, no coração de São Paulo, com tradição e contemporaneidade. Esse é o bairro de Cerqueira César, fundado em 1890. O nome da localidade é uma homenagem a José Alves de Cerqueira César (1835 – 1911), senador da República em 1897 e um dos fundadores do jornal “A Província de São Paulo”. Na região, as edificações neoclássicas da Faculdade de Medicina da USP e do Hospital das Clínicas (HC) compõem um dos maiores polos de infraestrutura da área de medicina, da América Latina. Situada na Avenida Doutor Ar-
naldo, a faculdade foi a primeira escola de medicina do Estado, inaugurada em 1912. Já o HC é referência em diversos tratamentos e reconhecido por suas pesquisas inovadoras, como no tratamento do Mal de Parkinson. Aproximadamente 9 mil veículos circulam entre a Avenida Paulista, Rebouças e a rua da Consolação nos horários de pico e é grande o fluxo de pessoas diariamente. Cultura, Mata Atlântica, hospitais de ponta e gastronomia para todos os gostos, também podem ser encontrados. O Cemitério do Ara-
çá, na Avenida Doutor Arnaldo, é a última morada de nomes como o jornalista Assis Chateaubriand, o jogador de futebol Denner e as atrizes Nair Belo e Cacilda Becker. Em Cerqueira César está localizado uma importante reserva de área verde remanescente da Mata Atlântica, no parque Trianon. São mais de 130 espécies. Destas, 8 corriam risco de extinção e foram recuperadas. A área de lazer é repleta de trilhas e playgrounds para todos os públicos, com intervenções artísticas frequentes. A peça “Sonho de Uma Noite de Verão”, de William Sha-
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kespeare, foi uma dessas intervenções. Já o WZ Hotel, na Av. Rebouças, usa um aplicativo para alterar a fachada do prédio. O recurso pode alterar as cores das chapas metálicas e das luminárias de LEDs que constituem a edificação. A história e a infraestrutura da região colaboram para elevar o custo de vida dos moradores. Apesar disso, os habitantes são conhecidos por seu alto poder aquisitivo, como mostra pesquisa realizada em 2012 pelo Datafolha. O bairro é inspiração para outras regiões da cidade e do país.
1. Bairro Cerqueira César 2. Hospital das Clínicas 3. Parque Trianon 4. Hotel WZ Jardins 5. Entroncamento. 6. Estação Paulista do Metrô 7. Cemitério do Araçá 8. Tubaína Bar 9. Paróquia São Luís Gonzaga
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Com custo elevado, Araçá concentra sepulturas de famosos Várias personalidades estão sepultadas no local
Cemitério do Araçá preserva diversos mausoléus de mais de um século. (Foto: Antônio Souza)
O Cemitério do Araçá, localizado na Avenida Doutor Arnaldo, foi construído em 1887 e, desde então, conserva várias sepulturas de famílias tradicionais paulistanas e de pessoas públicas. Administrado pela Secretaria de Serviços e Obras da cidade, tem 222 mil metros quadrados. Segundo o administrador do local, José Urias, 62, o cemitério é o mais sofisticado e elitizado da região. O custo de um terreno para um túmulo gira em torno de 60 mil reais, com seis gavetas e dois ossários. Sepulturas simples custam por volta de 26 mil reais. Urias diz que o lu-
gar pode ser considerado um parque, já que é constantemente utilizado pelo público para caminhar ou andar de bicicleta. Sobre a arquitetura das construções, Urias afirma que as covas mudaram ao longo do tempo. “Antigamente eram feitas de mármore Carrara. Hoje, predominam construções de concreto e estátuas de ferro”, explica. O cemitério possui cerca de 80 obras expostas dos artistas Victor Brecheret, Armando Zaggo e Eugenio Prati. A estruturação de um túmulo é realizada em aproximadamente 90 dias, declara um dos empreiteiros, Ismael Afonso, 44. Ele conta que
geralmente as famílias optam por obras simples com anjos e crucifixos, por remeter aos valores cristãos. Mais de 27 mil pessoas foram sepultadas
no local ao longo de 130 anos. Dentre elas, cerca de 40 famosos e representantes da alta sociedade. Alguns nomes como o jornalista Assis Chateaubriand, as atrizes Cacilda Becker e Nair Belo, o jogador de futebol Denner Augusto e o político Plínio de Arruda Sampaio. O Mausoléu da Polícia Militar do Estado, onde são enterrados somente os policiais que morreram em ação, também está localizado no cemitério. A estrutura do Araçá tem ao todo 31 funcionários espalhados pela administração e sepultamento. Há oito salas de velório divididas em dois andares. De acordo com um dos sepultadores do local, Roberto Martinez, 51, em média, nove enterros são realizados por dia. A manutenção e a limpeza são terceirizadas. Uma ONG chamada “Viva Pacaembu” ajuda na preservação.
Uma das figuras públicas mais influentes do cenário da comunicação brasileira, Assis Chateaubriand foi enterrado no Cemitério do Araçá em 1968. (Foto: Antônio Souza)
memória/natureza
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Parque abriga reserva de Mata Atlântica na Avenida Paulista Local tem cerca de 135 espécies de plantas
O local possui uma área com cerca de 48.600m² de reserva da vegetação natural do complexo atlântico. (Foto: André Martins)
Localizado na Avenida Paulista, o Parque Tenente Siqueira Campos, mais conhecido como Parque Trianon, abriga uma grande área verde remanescente da Mata Atlântica. A área, que tem início no bairro de Cerqueira Cesar e se estende até o Jardim Paulista, tem cerca de 48.600m² de reserva, o que torna o local um marco de preservação. Segundo a zootecnista e administradora do parque, Erica Gartne, de 47 anos, quando o parque foi inaugurado, a proposta era proporcionar uma área de lazer aos moradores da região. Contudo, não
é de conhecimento de todos os frequentadores a importância que o local tem. “Visito o parque todos os dias entre o intervalo das minhas aulas para ler um livro e relaxar, mas não sabia da rica vegetação que possui,” conta a estudante de Rádio e TV da Universidade Anhembi Morumbi, Beatriz Tonin, 19. A vegetação conta com cerca de 135 espécies de plantas registradas, das quais 8 estão em risco de extinção. Dentre elas, podemos citar a cabreúva, árvore que floresce de julho a setembro, o chichá, que naturalmente
cresce apenas no complexo florestal atlântico, e o palmito-jussara, uma palmeira nativa da vegetação atlântica. A catalogação destas e de novas espécies fica por conta de especialistas e biólogos da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. O auxílio do governo para o cultivo das espécies é excepcional. Entretanto, de acordo com a gestão do parque, esse apoio varia a cada troca de mandato no Estado. Esse é um dos fatores que provoca problemas na gestão do parque. Por exemplo, uma palmeira que foi inserida clan-
destinamente no bosque. “Ela não pertence ao grupo de árvores do complexo atlântico. O seu crescimento afetou diretamente no desenvolvimento das demais espécies. A sua sombra impede que o sol atinja as sementes do solo”, confidencia Erica. A manutenção e limpeza das praças que fazem parte do complexo do parque são de responsabilidade da equipe de funcionários contratados pela administração. Em dias mais movimentados acaba não sendo suficiente. Dessa forma, o auxílio de frequentadores assíduos é essencial
6 para a conservação. Um deles é o porteiro de um prédio da região, Francisco Pereira, 56. “Diariamente, no meu horário de descanso, eu venho aqui regar algumas plantas e varrer a sujeira. Isso ajuda a relaxar”. O acesso ao parque é gratuito e o horário de funcionamento é das 6h às 18h, de domingo a domingo. As entradas principais estão na Avenida Paulista, que possibilita o acesso através da linha 2 do metrô, pela estação Trianon Masp, e na Rua Peixoto Gomide, altura do número 949.
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A vegetação do local é omposta por cerca de 135 espécies. (Foto: André Martins)
natureza/história
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Igreja acolhe moradores há 100 anos
Paróquia São Luís Gonzaga é o ponto de encontro de fiéis Na esquina da Rua Haddock Lobo, em frente à Av. Paulista e dentro do bairro Cerqueira César, está localizada a Paróquia São Luís Gonzaga. A construção em estilo greco-romano, conforme projeto do ex-aluno do Colégio São Luís, o engenheiro e arquiteto Luís de Anhaia Mello, teve início em 1915. A igreja foi inaugurada em 1917 e recebe os fiéis da região desde então. O grande pórtico em estilo jônico inspirado no Templo de Erecton, em Atenas, acolhe os paroquianos e visitantes. Suas colunas de 11 metros em granito rosa são encimadas por capitéis de bronze que pesam três toneladas e reforçam a fé dos católicos dia após dia. “Ora, sem fé é impossível agradar a Deus”, conta dona Maria, que frequenta a igreja desde 1966. Maria Rosa Albuquerque, 54, viúva desde 2012, não deixa o cronograma religioso que seguia com o marido. Vai à missa todos os domingos ouvir a palavra de Deus. “Quem se aproxima de Deus deve crer em sua existência e acolhimento”, afirma a fiel enquanto sobe os degraus da igreja. O sacrário em bronze com o interior dourado traz a impressão de um templo romano e encara cada visitante que entra. Ao lado,
Paróquia São Luís Gonzaga tem capacidade para receber até 400 fiéis. (Foto: Luana Reis)
os castiçais de 1,10 metros pesam 22 quilos cada. O ambiente mostra verdadeiras peças de arte modeladas e fundidas no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Dona Maria já tem seu lugar reservado: segunda fileira à esquerda, na ponta do extenso banco da igreja. Enquanto a missa se prolonga, os fiéis moradores de Cerqueira refugiam-se dentro do âmbito religioso contra o barulho e agitação da vizinha Avenida Paulista. De acordo com o site da igreja, o local tem capacidade para 400 pessoas. “Não se es-
queçam da hospitalidade. Foi praticando-a que, sem o saber, alguns acolheram anjos”, declama o padre Paulo, 64, que ministra as missas há 11 anos. Segundo ele, a imagem de São Luís Gonzaga, que fica sobre o altar-mor, tem nove metros de altura e foi construída com mármores e ônix de Marrocos. Após a celebração da eucaristia, os visitantes se locomovem até a porta de entrada. Todos sabem que no domingo seguinte se reencontrarão para compartilharem a fé e a paz do ambiente. Enquanto alguns fiéis se despedem, ou-
tros continuam ajoelhados no estrado baixo do banco, apreciando o silêncio que reina na paróquia. Após a missa, Dona Maria se resguarda na Capela São José, local pequeno no interior da igreja, para orar pelo falecido marido. “Eu só quero o meu marido no conforto do solo sagrado junto a Jesus Cristo.” De acordo com o Padre Paulo, meditações sinceras são bem-vindas em qualquer lugar. “Fico feliz que ela compartilhe esse momento pessoal aqui, onde a paróquia abriga corações desamparados e cheios de amor desde 1917. ”
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Hospitais da região recebem Pacientes têm atendimento eficiente e especializado
O Instituto do Câncer é referência na área de oncologia desde sua fundação em 2008. (Foto: Bruna Formiga)
O complexo formado pelo o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) e pelo Hospital Nove de Julho proporciona atendimento qualificado em Cerqueira César, de acordo com a avaliação dos usuários entrevistados. Na região, que é referência na área da saúde, encontra-se assistência da rede pública e privada. Ambas ganharam destaque pela infraestrutura de ponta, beneficiando pacientes de diversas regiões. Inaugurado em 1944, o HCFMUSP, localizado na Avenida Doutor Arnaldo, está vinculado à Secretaria de Estado da Saúde e ao ensino da Universidade de São Paulo. O conjun-
to ocupa uma área total de 600 mil metros quadrados. É constituído por oito institutos e dois hospitais auxiliares nos quais onde são realizadas assistências clínica e especializada. “Nós temos uma média mensal de 124 mil consultas ambulatoriais. Em urgência e emergência são, aproximadamente, 650 atendimentos diários”, disse o gerente administrativo do Hospital, Luciano Soares Fonseca, 43 anos. Para garantir a eficácia de todos os processos realizados, o Instituto Central implementou o Programa de Auditoria Interna e Gestão de Riscos. “O intuito é verificar as notificações sobre incidências e introduzir novas
rotinas que melhorem a segurança do paciente”, segundo Luciano. A aposentada Sandra Aparecida Brito, 73, é atendida no Hospital das Clínicas há 28 anos. “Eu morava no interior. Sofri um acidente de carro Tive infecção nos nervos e fiquei paraplégica. Mudei para São Paulo e comecei o tratamento. Já na capital, uma médica do ambulatório Matarazzo, que ficava no bairro Bela Vista, me transferiu para cá. Já fiz cirurgia de retirada da paratireoide. Passo no dermatologista, no gastro e reumatologista. Fiz vários exames e ainda vou fazer mais. Os médicos atendem a gente com carinho. Alguns me chamam de comadre.”
No Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), o encaminhamento deve ser feito pela rede pública de saúde. “Aqui não tem Pronto Socorro para pessoas de fora porque é designada uma verba para o tratamento de cada paciente. Primeiro tem que passar no médico da Unidade Básica de Saúde. Ele pede uma biópsia e, quando tiver um laudo comprovando o tumor, você entra em uma lista de espera do Sistema Único de Saúde (SUS), que te direciona a algum hospital”, explicou a técnica de enfermagem, Michele Vieira de Oliveira, 33, que trabalha no local há dois anos e meio. O ICESP investe em tratamento oncológico
infraestrutura
m pacientes de todo o país humanizado, do diagnóstico à reabilitação. A estrutura dispõe de ambulatórios, unidades de internação e centros cirúrgicos. “Na unidade tem 457 leitos, dois andares de UTI e 16 salas cirúrgicas”, afirmou Michele. “O mais importante é o treinamento que recebemos para lidar com as adversidades. Principalmente paciente em fase terminal, que a família sofre muito. E, nos casos de alta hospitalar, tem o Programa Ensinando a Cuidar, para os familiares continuarem com os cuidados em casa.” A Lei Nº 12.732, de 22 de novembro de 2012, determina que o SUS ofereça o primeiro tratamento ao indivíduo com câncer no prazo de até 60 dias, contados a partir do momento em que for dado o diagnóstico. A também aposentada Linda Cristina Benício da Conceição, 62, conseguiu a vaga no Instituto do Câncer em menos de dez dias. “Eu sou de Guarulhos e estou com tumor nos ossos e na mama. Antes eu ia à clínica particular, mas uma quimioterapia é caríssima. O que você juntou por vários anos, em uma semana vai embora. Aqui a qualidade é de primeiro mundo e tudo gratuito”, contou a paciente. “Vem gente até de fora. Já tive contato com uma argentina, logo no início, e outra uruguaia. Teve uma do Acre também.
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O Instituto de Infectologia Emílio Ribas foi construído em 1880. (Foto: Bruna Formiga)
Eu conheço o pessoal na recepção mesmo. ” No Instituto do Coração são disponibilizados ambulatórios e internação em cardiologia e pneumologia, além de um setor de emergência, que prioriza casos de maior gravidade. O Incor é pioneiro no uso de novas tecnologias, sobretudo nas áreas da hemodinâmica e cardiologia intervencionista. “O objetivo é analisar a circulação sanguínea do coração, em tempo real, através da realização de exames que diagnostiquem e tratem doenças com maior segurança, utilizando técnicas menos invasivas”, esclareceu Juliana Tavares, 25, que trabalha no setor de administração do instituto há cinco anos. Oferecendo assistên-
cia particular na região, o Hospital Nove de Julho possui três unidades localizadas na Rua Peixoto Gomide. Com uma estrutura completa para atendimentos de urgência, realização de exames e diagnósticos, é um dos poucos do país que dispõe do robô da Vinci. “É um sistema utilizado em cirurgias robóticas, especialmente nas áreas de urologia, aparelho digestivo e ginecologia. O robô já auxiliou mais de mil procedimentos desde 2012, quando foi adquirido. Ele proporciona maior precisão nas intervenções cirúrgicas”, contou a enfermeira, Maria Aparecida Silva, 44 anos. Atendendo a uma variedade de convênios, sendo mais procurado
pelos usuários dos planos da Amil, Sulamérica e Bradesco, o hospital tem um local exclusivo para consultas, o Centro de Medicina Especializada. “São mais de 50 especialidades e 12 centros de referência”, disse Maria. “Além disso, inauguramos, em 2016, a nova Unidade de Onco-Hematologia, com 16 leitos, para transplantes de medula óssea. ” A diferença entre o atendimento dos hospitais públicos e privados da região está apenas no tempo para a autorização dos procedimentos, tendo em vista que na rede pública é necessário o encaminhamento. Para os usuários, a qualidade é um padrão na área da saúde em Cerqueira César.
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Observatório SPCerqueira César Infraestrutura
economia
Crise econômica afeta moradores
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Moradores buscam formas de se adaptar à crise
A advogada Célia Marcondes atua na associação de moradores desde 2001. (Foto: Marcos Martins)
O bairro Cerqueira César tem sido afetado pela crise econômica brasileira. O principal problema enfrentado é a saída dos moradores devido ao alto preço dos aluguéis, o que atinge diretamente os bares, shoppings e restaurantes da região. Segundo uma pesquisa do Datafolha, em 2012, a renda média familiar varia de três a seis mil reais, nos limites da Consolação, e de seis a 12 mil reais nas áreas próximas ao Jardim Paulista. Há variação média de 30% no valor dos imóveis ao comparar trechos diferentes da região. O preço médio do metro quadrado é de dez mil reais, de acordo com o levantamento da Zap Imóveis, em 2015. O arquiteto Eric Buckup, 40, teve seus
lucros reduzidos após a crise econômica e fechou o escritório que mantinha no distrito. “Primeiro o número de clientes diminuiu muito e, depois, eu desativei o espaço físico e dispensei funcionários”, conta o paulistano. Eric afirma que conseguiu equilibrar as finanças alugando um dos quartos do apartamento em que mora, através do site Airbnb. “Entre janeiro e fevereiro desse ano, meu número de hóspedes brasileiros e gringos caiu, mas agora o índice subiu novamente e considero a localização fundamental para esse sucesso”, explica. O músico Rodrigo Roviralta, 45, mora no bairro desde que nasceu e conta que mudou bastante de apartamento, fi-
cando sempre na mesma região. Agora, a recessão atingiu diretamente seus rendimentos. “Todo mundo foi afetado com isso, desde a diarista que vem à minha casa, até o dono da padaria, que não ganha mais com o meu cappuccino. Sei que essa é a realidade de muitas classes”, diz. “O bairro é bom, mas está decaindo, assim como a cidade. Além das pessoas não cuidarem de seu lugar, a Prefeitura também não cuida. A Alameda Santos fede”, critica Rodrigo. “Hoje em dia, está com os mesmos problemas de zeladoria pública ou de imóveis abandonados que qualquer outro bairro”, completa. Célia Marcondes, gerente de relacionamentos da SAMORCC (Sociedade dos Amigos, Moradores e Empreendedores do Bairro Cerqueira César) revela a situação imobiliária da região. “Um apartamento de um milhão de reais, no bairro Jardins, custa, em média, 700 mil na Consolação. Isso se explica porque em Jardins possuem mais áreas verdes e espaços elegantes, mas estamos transformando também as ruas da Consolação em Alamedas para equilibrar essa situação.” A organização, que não possui fins lucrativos,faz a intermediação dos interesses dos moradores com as autoridades públicas. “A associação é importante para exigir qualidade nos
serviços básicos que às vezes carecem de manutenção, porque os políticos não fazem nada de livre e espontânea vontade”, afirma Célia. “Os últimos prefeitos, desde a Marta Suplicy, acham que o nosso bairro não precisa de muita coisa por sermos de classe média e termos infraestrutura. Priorizam outras regiões mais necessitadas”, explica a gerente, que diariamente interage com os moradores através de e-mails e ligações telefônicas. Já o psiquiatra Cassio de Andrade, 62, deixa as críticas de lado e é nostálgico. “Estou de volta ao bairro depois de quase 40 anos. Morava com a minha mãe próximo ao Hospital Santa Catarina e passei minha vida indo e vindo daqui. Queria um dia vir e ficar. Então fiquei.” Morador da Alameda Jaú, o idoso comemora a pluralidade dos moradores na região. “Graças a Deus aqui vivemos bem com as diferenças, porque o perfil dos habitantes mudou muito, não tem apenas idosos, mas também gente jovem.” Os limites geográficos dessa área nobre, que tem como centro a Avenida Paulista, são delimitados pela Avenida Rebouças, pelas ruas da Consolação, Caio Prado, Frei Caneca, Dr. Penaforte Mendes, Herculano de Freitas, Plínio Figueiredo, Estados Unidos e Alameda Casa Branca. Terminando na Avenida Nove de Julho.
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Em distintas épocas, edificações inovaram na arquitetura do bairro
Hotel usa aplicativo para alterar as cores da fachada e público pode interagir
Tecnologia permite que transeuntes interajam com a fachada de led do edifício. (Foto: Stephanie Hahne)
Na região Cerqueira César é possível encontrar prédios novos, como o WZ Hotel Jardins, e estruturas mais antigas, como a do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP). As duas construções, contudo, representam marcos do avanço da tecnologia em períodos diferentes. O hotel, localizado na Avenida Rebouças, foi reinaugurado em
Infográfico exibe relação de cores que a fachada apresenta com a qualidade atmosférica.
2014 e tem uma fachada única na América Latina, constituída por chapas metálicas iluminadas por LEDs. Quando anoitece, o prédio passa a ser interativo. Essa conexão é viabilizada pelo aplicativo WZ Hotel Luz, disponível para Android. Quando ninguém está usando o aplicativo, as cores das chapas são alteradas de acordo com a variação da temperatura, poluição atmosférica e sonora. O arquiteto Guto Requena, 37, é o responsável pela obra. Segundo a assessoria do profissional, a proposta desse tipo de construção faz com que as pessoas olhem mais para a arquitetura da cidade. O gestor de projetos da YDreams Global, Theo Weidgenannt, 38, revela que esteve em todos os estágios da criação do aplicativo para o WZ Hotel Jardins. Segundo Weidgenannt: “O arquiteto contribuiu com a nossa direção criativa e também participou ativamente nos ajustes de interação, cores e comportamentos no visual final da fachada”. A menos de um quilômetro do hotel, o Hospital das Clínicas, que foi projetado pela empresa Ramos de Azevedo & Cia e fundado em abril de 1944, é referência em atendimento e pesquisas científicas. Na época de sua inauguração, foi destaque em
arquitetura tecnologia e hoje sustenta o visual antigo, mas ainda funcional. O assessor Fernando Leite Zamith, 60, afirma que a área construída do complexo hospitalar equivale a quase dez estádios do Pacaembu. Paciente desde 1991, Ronaldo Marins de Jesus, 52, escolheu se tratar no HC, pois no interior não encontra tratamento adequado. “O hospital está sempre adaptando o espaço disponível para atender cada vez mais pacientes. A demanda aumentou muito.” Segundo
dados do site oficial, cerca de 45 mil pacientes são atendidos por dia. Residente do Instituto do Coração (InCor) há dois anos, Giolana Mascarenhas da Cunha, 29, conta que o local tem tecnologia avançada. “Eu acredito que as UTIs e o centro cirúrgico oferecem tudo o que o paciente necessita. Pode-se dizer que estão entre os melhores e mais modernos do país”, disse a profissional. Ambas as construções são referências
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Painel de cores do aplicativo. (Foto: Stephanie Hahne)
em arquitetura e em tecnologia no bairro de Cerqueira César. O hotel apresenta uma estrutura que remete à modernidade. Enquan-
to isso, o hospital faz o contraste da arquitetura antiga, e mesmo assim contém avanços tecnológicos na área da saúde.
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Entroncamento concentra grande fluxo de carros e pessoas Confluência de vias liga bairro a diversas regiões da cidade
Região tem trânsito intenso constantemente. (Foto: Wellington Amorim)
O encontro da Avenida Paulista com a Rebouças e a Consolação forma um entroncamento na principal via de acesso ao bairro Cerqueira César. Este percurso é uma importante ligação para a região central da cidade pois reúne uma grande quantidade de prédios comerciais e residenciais. Segundo dados da CET, cerca de 6.000 carros e 3.500 motos transitam no período das 7h às 10h no sentido centro, e 4.000 carros e 2.400 motos das 17h às 20h no sentido bairro. Concentra-se um maior número de veículos no entroncamento no horário de pico, entre 7h45 às 8h45 e das 17h
às 18h. O tempo médio para percorrer o trecho é de, aproximadamente, 4 minutos. Sem congestionamento, a demora pode diminuir em até 50%. Há 19 anos Frederico Rodrigues, 59, trabalha como taxista no ponto localizado na esquina da Avenida Paulista com a Rua da Consolação. Ele optou pela região devido a grande demanda de corridas e facilidade de locomoção. O bancário Fernando Oliveira, 32, afirma utilizar esse trajeto diariamente para chegar ao trabalho. “Moro no bairro Santa Cecília e trabalho em Pinheiros. Apesar de passar por
aqui no horário de pico, comparado com outras regiões da cidade, não acho o trânsito ruim”, diz Oliveira. O transporte coletivo é uma outra alternativa para circular pelo bairro Cerqueira César. De acordo com a SPTrans, há 61 linhas disponíveis em dias úteis, das quais 51 circulam pelo entroncamento. Juntas transportam 580.912 usuários nos dias úteis e 421.516 aos finais de semana. O bairro é contemplado com corredores e faixas exclusivas de ônibus nas vias Teodoro Sampaio, Paulista, Rebouças e Consolação. Os moradores da Zona Norte, Daniel Gomes, 28, assistente de
projetos, e Anderson Silva, 29, técnico em informática, trabalham na Alameda Franca. Ambos utilizam uma linha de ônibus que liga a região a Zona Norte da cidade. “Gosto de trabalhar no bairro e o corredor facilita a minha locomoção. O trajeto que eu faria em uma hora, faço em 40 minutos”, explica Gomes. As vias de Cerqueira César são essenciais para o fluxo da cidade de São Paulo. Além disso, o bairro abriga importantes hospitais, parques e cemitérios. Com 127 anos de existência, a localidade é ponto de referência para o outras regiões da capital.
trânsito/metrô
Metrôs do bairro transportam 190 mil passageiros por dia Linhas verde e amarela do metrô facilitam a locomoção no bairro
Fluxo de passageiros na estação Consolação, Linha Verde do Metrô. (Foto: Wellington Amorim)
O bairro Cerqueira César é atendido pelas estações Paulista, Consolação e Clínicas. Elas facilitam a mobilidade urbana na região, pois interligam linhas importantes como a 2-Verde e a 4-Amarela. De acordo com o Departamento de Imprensa do Metrô, cerca de 190 mil passageiros utilizam o serviço todos os dias. Segundo o site oficial do Metrô, a estação Paulista é a mais nova entre as três, inaugurada em 2010, e possui uma ligação subterrânea com a Consolação, inaugurada em 1991. A estação Clínicas, construída em 1992, oferece fácil acesso ao Hospital das
Clínicas. Juntas, totalizam 32 mil m² de área construída e ligam cerca de 5 km de distância. O estudante Matheus Yoneyama, de 19 anos, utiliza esse meio de transporte todos os dias e explica: “Utilizo o Metrô ao invés do ônibus porque o trajeto é executado mais rápido. ”Quem também concorda com essa rapidez é a estudante Bárbara Sakamoto, 20. Apesar dos elogios, ela acredita que melhorias precisam ser feitas. “A pior dificuldade é a lotação em si, que torna o ambiente perigoso, mais suscetível a assédio e furto. ” O grande fluxo de pessoas movimenta o
comércio. Luane Vital, 24, é fiscal de um quiosque que vende doces e vê muitos benefícios em ter um ponto de venda dentro do Metrô. “Por mais que as pessoas estejam de passagem, elas veem que tem alguma coisa e param para comprar. ” O gerente de outra loja, Antônio dos Santos, 26, concorda. “Montar um comércio nesta área é muito vantajoso.” De acordo com o Metrô, todas as estações funcionam de domingo a sexta das 04h40 até meia noite e aos sábados das 04h40 até 01h. O bilhete custa R$ 3,80 e pode ser adquirido nas bilheterias dentro do Metrô.
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Tubaína Bar oferece drinques exóticos Local atrai público com drinques de refrigerante e com produtos orgânicos
Local recebe o público todos os dias. (Foto: Thais Borges)
A região Cerqueira César recebe, diariamente, diversas pessoas à procura de novas experiências, sabores e oportunidades devido a sua grande variedade de estabelecimentos. En-
tre eles, o Tubaína Bar, tornou-se ponto de encontro para paulistas de todas as idades e tribos. Localizado na rua Haddock Lobo, 74, o bar começou oferecendo o refrigerante Tubaí-
na e drinques a base dele que segundo uma das idealizadoras, Verônica Goyzueta, não havia nenhum local que valorizasse a tradição centenária no Brasil de produzir refrigerantes com frutas brasileiras. “Resolvemos ser os primeiros e fazer essa pesquisa”, afirma. Verônica explica que os bartenders que passaram por lá trouxeram muitas ideias para elaboração dos drinques e agregaram em um projeto que foi da casa desde a fundação. “Muitas vezes criávamos o drinque a partir de um nome ou de uma brincadeira.” O Tubaína Bar traz ousadia e charme para o centro da cidade. Conta com 34 tipos de Tubaína, 21 outros drinques, além de pe-
quenos produtores do refrigerante, a maioria do interior de São Paulo. Em entrevista ao jornal, Verônica contou que a maioria dos refrigerantes são artesanais e, por serem produzidos em pequena escala, são os mais pedidos. A psicóloga Luana Luz, 27, que é de São Paulo, adora fazer happy hour na região e diz que sempre repete a dose das bebidas quando vai ao Tubaína Bar. “Cerveja dá sempre vontade de ir no banheiro. Gosto de experimentar a variedade de sabores que oferecem aqui”, finaliza. O bar foi o primeiro da capital paulista a receber o Selo Restaurante Sustentável devido ao uso de no mínimo 30% dos produtos frescos e orgânicos.
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