Programa de Bibliotecas da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte

Page 1

1

Cadernos do

Programa de Bibliotecas O Programa de Bibliotecas da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte


Secretaria Municipal de Educação

O Programa de Bibliotecas da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte

Belo Horizonte 2013


Prefeitura de Belo Horizonte Secretaria Municipal de Educação Coordenação geral Dagmá Brandão Silva Tiragem desta edição: 2.500 exemplares Organização e redação: Carolina Teixeira de Paula e Leila Cristina Barros Revisão: Leila Cristina Barros e Patrícia Borges Botelho Projeto gráfico e diagramação: Gustavo Rocha de Souza Fotografia: Gustavo Rocha de Souza Edição e distribuição: Secretaria Municipal de Educação Rua Carangola, 288 – 7o andar – Bairro Santo Antônio – Belo Horizonte (31) 3277-8606 smed@pbh.gov.br É permitida a reprodução parcial ou total desta publicação, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.

P963 O Programa de Bibliotecas da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte / Carolina Teixeira de Paula; Leila Cristina Barros (orgs) - Belo Horizonte: PBH/SMED, 2013. 56 p. (Cadernos do Programa de Bibliotecas, 1) ISBN 978-85-60851-12-6 1. Biblioteconomia – Educação. 2. Biblioteca Escolar. I. Paula, Carolina Teixeira. II. Barros, Leila Cristina. III. Belo Horizonte. Secretaria Municipal de Educação. IV. Título. CDD 027.8




O Programa de Bibliotecas da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte


APRESENTAÇÃO


Dentre as propostas da Gerência de Coordenação de Política Pedagógica e de Formação (GCPF), apresentadas em 2009, na programação da Jornada A biblioteca na escola: múltiplas leitu­ ras, estavam previstas publicações que registrassem a história do Programa de Bibliotecas, diretrizes para as bibliotecas da RMEBH e as práticas desenvolvidas por seus profissionais. Em 2010, um estudo diagnóstico do Programa, realizado por pesqui­ sadoras da Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais (ECI/UFMG), referendou essa necessidade, visto que, até então, não existia uma publicação institucional da SMED sobre o tema. Em 2013, torna­se possível efetivar esta proposta, que certamente dará maior visibilidade às ações da RMEBH. Neste primeiro volume, apresentamos um panorama geral do Programa: sua estrutura, objetivos e eixos, o kit literário, as pre­ miações conquistadas pelo – e por meio do – Programa, relatos de experiência de profissionais de biblioteca, sugestões de leitura e a relação das bibliotecas­polo e suas coordenadas. Sabemos do pioneirismo de nosso Programa de Bibliotecas e da realidade ímpar de Belo Horizonte, uma vez que todas as escolas da RMEBH possuem bibliotecas com profissionais concursados, além de verba própria para investimento num acervo atualizado, diversificado e de qualidade. Conscientes dos muitos desafios a serem vencidos, seguimos firmes no propósito de avançar cada vez mais no fortalecimento de nossas bibliotecas, com a participação e colaboração de toda a comunidade escolar. Também temos consciência da im­ portância desse espaço pedagógico na garantia, ao acesso demo­ crático de nossos estudantes e cidadãos, ao mundo letrado.

Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte

Apresentação

É com muita satisfação que apresentamos o primeiro volume da coleção Cadernos do Programa de Bibliotecas da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte, cujo objetivo é registrar histori­ camente esta importante política da Secretaria Municipal de Educação.



Sumário

1 Introdução 12 2 Estrutura 18 3 Objetivo e eixos 22 3.1 Informatização do sistema 22 3.2 Melhoria e dinamização do acervo 23 3.3 Formação de pessoal 26 3.4 Elaboração de política de leitura para as bibliotecas da RMEBH 27 4 O kit literário: uma política de democratização da literatura 32 4.1 Encontro com escritores 35 4.2 Projeto de intervenção teatral 36 5 Premiações 40 6 Relatos de experiências 44 7 Sugestões de leituras 49 Anexo 52



1 INTRODUÇÃO


1 Introdução O Programa de Bibliotecas da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte (RMEBH) foi criado em 1997, a partir da implantação da Escola Plural, proposta político-pedagógica da Secretaria Municipal de Educação (SMED) vigente à época, com o nome de Programa de Revitalização das Bibliotecas Escolares da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte.1 Ao longo de 16 anos, o Programa construiu uma grande mudança no perfil da biblioteca, consolidando uma efetiva participação desse espaço na vida escolar. Atualmente todas as escolas da RMEBH possuem bibliotecas, com profissionais concursados e especializados; com acervos diversificados, atualizados e de qualidade, graças à verba própria garantida pela Lei Orgânica do Município, e a uma política própria de desenvolvimento de acervo. Na RMEBH, a biblioteca escolar é concebida como um espaço múltiplo de cultura, ação pedagógica, produção de conhecimento e promoção de experiências criativas, é base para os trabalhos desenvolvidos na escola e deve estar a serviço de seu Projeto Político Pedagógico. Nessa perspectiva, a biblioteca faz a diferença na formação do educando, pois é explorada em todo o seu potencial de espaço influenciador do gosto pela leitura e do fomento à 1 Pimenta, L. V.; Aires, M. C. P.; Ribeiro, T. R. Programa de revitalização das bibliotecas das escolas da Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte. Disponível em: <gebe.eci.ufmg.br/downloads/110.pdf>. Acesso em: 24 Abr. 2013.

12


Introdução

pesquisa escolar, sendo “parte integral do processo educativo”.2

Para que o espaço da biblioteca assim se configure, devese promover a dinamização do acervo, permitindo o acesso democrático e a interação do usuário com a rica coleção que possuímos. Além disso, é fundamental a presença de mediadores que busquem estratégias de promoção da leitura contextualizadas com a realidade de cada escola e que estejam inseridos nas discussões pedagógicas. Assim, deseja-se que os profissionais de biblioteca sejam um elo entre a biblioteca e a sala de aula, auxiliando o trabalho docente. Ainda segundo o Manifesto IFLA/Unesco:

está comprovado que bibliotecários e professores, ao trabalharem em conjunto, influenciam o desempenho dos estudantes para o alcance de maior nível de literacia na leitura e escrita, aprendizagem, resolução de problemas, uso da informação e das tecnologias de comunicação e informação.

As atividades desenvolvidas nas bibliotecas devem ser dinâmicas, promovendo a construção do senso crítico, por meio da sensibilização cultural e social. Sob essa ótica, a biblioteca é, então, percebida como um espaço de emancipação do sujeito, que favorece a construção da cidadania daqueles que dela participam e usufruem. Para se atingir esses objetivos, algumas estratégias são de suma importância, tais como: apresentação simpática da biblioteca, propaganda de livros para despertar o interesse dos alunos, organização de palestras rápidas sobre como utilizar a biblioteca e de visitas

2 Manifesto IFLA/UNESCO para biblioteca escolar. 1999. Disponível em: <http://www.ifla.org/VII/s11/pubs/portuguese–brasil.pdf > Acesso em: 27 abr. 2012.

13


Introdução

de autores, exposição de livros, promoção de concursos que envolvam a produção escrita de variados gêneros de textos, a contação de histórias e outras atividades que iniciem e mantenham vivo o contato da criança com o livro.3

Além dessas ações, é preciso que o mediador conheça os projetos da escola e as atividades programadas para que se possa colaborar na disponibilidade de material, mostrando que a biblioteca faz parte do processo educativo.4

Para atender aos princípios e objetivos do Programa, é desejável que os profissionais atuantes nas bibliotecas sejam leitores, uma vez que, segundo Perin, “mediar leitura implica mediar o prazer da leitura, o que requer apresentar-se como alguém que gosta de ler; significa estimular a participação e incentivar as buscas sucessivas de novas leituras”.

Em 2010, foi realizado um estudo diagnóstico do Programa, por meio da assessoria de professoras5 da Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais (ECI/UFMG), a fim de mapear e analisar a atual realidade das bibliotecas da RMEBH e fundamentar a elaboração de novas diretrizes. Com desdobramentos qualitativos e quantitativos, o estudo teve como base relatórios estatísticos6 e questionário respondido pelos profissionais atuantes nas bibliotecas. Com base nos Parâmetros para criação e avaliação de 3 SANDRONI, L.C.; MACHADO, L.R.(org.) A criança e o livro: guia prático de estimulo à leitura. São Paulo: Ática, 1986 apud PERIN, D. A. Mediadores e espaços de leitura: a prática em escolas municipais de Presidente Prudente. Presidente Prudente : [s.n], 2009. p. 43. 4 PERIN, D. A. Mediadores e espaços de leitura: a prática em escolas municipais de Presidente Prudente. Presidente Prudente : [s.n], 2009. p. 42. 5 Maria da Conceição Carvalho é Doutora em Estudos Literários, professora adjunta na ECI/UFMG e pesquisadora do Grupo de Estudos em Biblioteca Escolar (GEBE). Vera Lúcia Furst Gonçalves Abreu é graduada em Biblioteconomia e professora aposentada da ECI/UFMG.

14

6 Esses relatórios – enviados semestralmente pelos bibliotecários à coordenação do Programa – informam sobre o crescimento do acervo, as atividades e projetos realizados pelas bibliotecas, empréstimos, consultas, dentre outros.


Introdução

bibliotecas escolares,7 esse diagnóstico apontou o seguinte quadro, na RMEBH: • as bibliotecas escolares estão instaladas em sala própria e, em geral, possuem ambientes para o armazenamento do acervo, atendimento aos usuários, leitura e utilização de computadores; • muitas bibliotecas já contam com equipamentos para a realização de atividades de busca e uso da informação em ambientes digitais. A maioria delas possui um ou dois computadores com acesso à internet; •

as bibliotecas se beneficiam dos programas nacionais de distribuição de livros e do investimento da instituição mantenedora na formação do acervo. Há uma política para direcionar a formação e desenvolvimento de coleções em função dos interesses da comunidade a que serve;

• a maioria das bibliotecas realiza procedimentos de organização do acervo que possibilitam a localização dos materiais nas estantes, de acordo com o assunto ou área do conhecimento; • todos os serviços e atividades citados nos Parâmetros para o nível exemplar são realizados pelo conjunto das bibliotecas. Mesmo apontando desafios, o resultado do diagnóstico corrobora o pioneirismo do Programa de Bibliotecas da RMEBH, que é referência no país. Destaca-se que, no ano em que o Programa de Bibliotecas completava 13 anos, o Governo Federal promulgava a Lei 12.244, de 24/05/2010, que dispõe sobre a universalização das bibliotecas nos estabelecimentos de ensino do País. 7 Para maiores informações, consultar: GRUPO DE ESTUDOS EM BIBLIOTECA ESCOLAR/UFMG. Biblioteca escolar como espaço de produção do conhecimento; parâmetros para criação e avaliação de bibliotecas escolares, 2010. Disponível em: <http://www.cfb.org.br/UserFiles/ File/projetos/MIOLO.pdf>. Acesso em: 27 abr. 2012.

15



2 ESTRUTURA


2 Estrutura No organograma atual da SMED, o Programa de Bibliotecas está vinculado à Gerência de Coordenação de Política Pedagógica e de Formação (GCPF) e orienta o trabalho nas 189 bibliotecas das escolas de Ensino Fundamental.8 Nessa estrutura, o atendimento ao Programa é realizado por 43 bibliotecários, dos quais 419 são lotados em escolas que possuem bibliotecas-polo, as quais atendem também à comunidade em geral. Esse profissional é responsável pela coordenação dos trabalhos nas bibliotecas-polo e outras 3 ou 4 bibliotecas, em média, chamadas de coordenadas.10 Alguns bibliotecários se organizam em grupos de trabalho, para discussão de assuntos de interesse da biblioteca escolar e apontamento de ações.11 As escolas contam, ainda, com a atuação de cerca de 450 auxiliares de biblioteca e professores em readaptação 8 A E. M. Polo de Educação Integrada (POEINT), inaugurada em 2011, foi concebida para o desenvolvimento de atividades educativas, culturais e de esporte e lazer e atende às escolas da Regional Barreiro. A biblioteca desse espaço desempenha dupla finalidade, uma vez que está aberta às escolas e à comunidade em geral, democratizando o acesso à informação e à leitura. 9 Duas dessas bibliotecárias são lotadas na SMED: na Coordenação do Programa de Bibliotecas e na Biblioteca do Professor. 10 Até 2010, cada bibliotecário atuava em escolas, na medida do possível, próximas umas das outras, dentro de uma mesma Regional. Considerando muito rígido este critério da regionalidade, e buscando uma forma de distribuição mais igualitária, optou-se por fazer uma redivisão de escolas atendidas por profissional, independente da regional de cada escola.

18

11 Grupo de Acervo: Haieska Haum, Juliana Alves Moreira, Maria Valderez de Barros Almeida Ferreira, Wanderlaine Mara Loureiro de Assis. Grupo de Informática: Alice Alves da Silva, Ivo Funghi Baia, Jourglade de Brito Benvindo Souza, Margareth Egídia Moreira, Margarida Rosália Silva, Maria Conceição Carvalho, Maria de Fátima Silva Ribeiro, Sabrina Rodrigues Sanches Brasil. Grupo de Classificação: Eliane Vaz Rodrigues Gomes, Maria Conceição Carvalho, Maria Valderez de Barros Almeida Ferreira, Sirlene Moreira de Pádua, Wanderlaine Mara Loureiro de Assis.


Estrutura

funcional, responsáveis pelo desenvolvimento de projetos de mediação de leitura, de orientação à pesquisa escolar e trabalhos de organização da biblioteca, sob a coordenação do bibliotecário. Também integra o Programa a Biblioteca do Professor, sediada no prédio da SMED, e cujo objetivo é subsidiar, com materiais bibliográficos e especiais, a formação de professores e profissionais da Educação. A bibliotecária dessa unidade de informação é também responsável pela coordenação da Reserva Técnica do Livro Didático do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) do Ministério da Educação (MEC).

Desde 2009, o Programa está sob uma coordenação compartilhada, composta por uma bibliotecária/pedagoga e uma professora de Língua Portuguesa/doutora em Literatura. Cabe a essa coordenação monitorar as bibliotecas mediante visitas às escolas, a partir da demanda; propor diretrizes e orientações para as bibliotecas; fazer análise e compilação de relatórios estatísticos, encaminhados semestralmente pelos bibliotecários. A Coordenação do Programa de Bibliotecas é também responsável por orientar os trabalhos da comissão de seleção de livros literários que compõem o kit escolar dos estudantes.

19



3 OBJETIVO E EIXOS


3 Objetivo e eixos O objetivo principal do Programa de Bibliotecas é propor diretrizes e incentivar a sua implementação nas bibliotecas da RMEBH, promovendo e monitorando práticas de incentivo à leitura e à escrita, a partir da integração da biblioteca com o Projeto Político Pedagógico de cada unidade escolar. Além de apresentar um panorama atual de nossas bibliotecas, o estudo diagnóstico de 2010, já citado anteriormente, possibilitou a atualização dos eixos norteadores do Programa, a saber: informatização do sistema, melhoria e dinamização do acervo, formação de pessoal e elaboração de política de leitura para as bibliotecas da RMEBH.

3.1 Informatização do sistema Desde 1997, o Núcleo de Coordenação de Bibliotecas, atual Coordenadoria do Programa de Bibliotecas, vem trabalhando para implementação de um sistema gerenciador das bibliotecas da SMED. Em 2007, foi iniciado o Projeto Piloto de Automação das Bibliotecas da RMEBH, responsável pelo desenvolvimento de testes e implantação do software Gnuteca. Os trabalhos aconteceram na E. M. Caio Líbano Soares, com a atuação de bibliotecários da RMEBH.12 Em 2011, foi viabilizada a

22

12 Os bibliotecários atuantes no Projeto Piloto são: Ivo Funghi Baia, Jourglade de Brito Benvindo Souza, Margareth Egídia Moreira, Margarida Rosália Silva, Sabrina Rodrigues Sanches Brasil. Também participaram do início dos trabalhos do Projeto Piloto as bibliotecárias Alice Alves da Silva, Maria Conceição Carvalho e Maria de Fátima Silva Ribeiro.


Objetivo e eixos

realização parcial do teste de cooperação entre cinco bibliotecas. A partir dos resultados obtidos e das análises realizadas pela Gerência de Planejamento e Informações da SMED (GPLI/SMED), Prodabel e os bibliotecários, o projeto foi concluído, visto que a nova versão do Gnuteca exigia a execução de outras customizações funcionais.

A partir dessa realidade, e referendada pelos resultados do diagnóstico, a solução encontrada para automatizar as bibliotecas da RMEBH foi a aquisição, via processo licitatório, de um programa aplicativo de computadores para informatização das bibliotecas, em trâmite na SMED.

3.2 Melhoria e dinamização do acervo

O acervo da biblioteca deve ser selecionado tendo em vista o Projeto Político Pedagógico de cada escola e em critérios básicos de qualidade, diversidade temática e de gênero, de forma a possibilitar a ampliação do repertório linguístico e cultural dos seus usuários. Desde 2001, as bibliotecas contam com verba própria para aquisição de materiais bibliográficos e materiais especiais, que consiste na utilização de 10% das subvenções enviadas às escolas, em cumprimento ao Artigo 163 da Lei Orgânica do Município.13 Merece destaque uma compra de livros, realizada em 2003, pela SMED, quando foram adquiridos mais de 200 mil títulos

13 Embora as UMEIs não possuam espaço físico exclusivo para biblioteca, essas unidades têm direito à verba e acesso garantido às bibliotecas das escolas às quais estão vinculadas, denominadas de escolasnúcleo.

23


Objetivo e eixos

de obras de literatura e de formação do professor, numa média de 1.000 títulos para cada escola. A partir de 2004, a cada dois anos, as escolas da RMEBH recebem da SMED o kit de Literatura Afro-Brasileira,14 com o objetivo de promover o acesso à informação de qualidade e diversificada sobre a temática étnico-racial e de gênero, além de corroborar para a efetivação da Lei 11.645/2008, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Destaca-se que, a partir de 2012, a SMED envia às bibliotecas escolares, UMEIs e creches conveniadas um exemplar de cada título literário do kit escolar comprado para os estudantes, com o intuito de apresentar as obras à comunidade escolar, para que os profissionais da Educação também dela se apropriem. A medida atende a uma demanda dos profissionais das escolas, que passam a ter um acesso mais direto aos livros que compõem a pasta dos estudantes. Além do kit de Literatura Afro-Brasileira e dos livros literários do kit escolar, uma outra importante política pública que contribui para enriquecer os acervos das bibliotecas da RMEBH é o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) do MEC, cuja primeira edição data de 1998 e tem o objetivo de promover o acesso à cultura e o incentivo à leitura nos alunos e professores por meio da distribuição de acervos de obras de literatura, de pesquisa e de referência15 para escolas de ensino público 14 O Núcleo de Relações Étnico-Raciais da GCPF/SMED é responsável por orientar os trabalhos da comissão de seleção dos livros que compõem o kit de Literatura Afro-Brasileira.

24

15 PORTAL DO MEC. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12368&Itemid=574>. Acesso em: 07 Mai. 2013.


Objetivo e eixos

do país.

Objetivando a qualificação e a democratização da escolha dos materiais, o Programa de Bibliotecas orienta que, em cada escola, constitua-se uma comissão de seleção de acervo composta por representantes de todos os segmentos – profissionais da biblioteca, direção, coordenadores pedagógicos, professores, funcionários, estudantes e comunidade.

Em 2009, a SMED publicou a Política de Desenvolvimento de Acervo das Bibliotecas da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte, elaborada pelo Grupo de Acervo, com o objetivo de sistematizar as diretrizes para a formação e desenvolvimento dos acervos das bibliotecas das escolas da RMEBH, contribuindo para a dinamização desses espaços enquanto formadores de leitores e apoiadores das ações pedagógicas no âmbito escolar.16

Um aspecto de destaque, referendado positivamente pelo diagnóstico, é justamente no tocante aos acervos das bibliotecas da RMEBH, caracterizados como diversificados, atualizados e de qualidade. É preciso investir sempre na dinamização desses acervos em atividades como, por exemplo: práticas de divulgação intensiva entre estudantes e professores, exposição de novas aquisições, empréstimos domiciliares sistemáticos e regulares, manutenção das bibliotecas abertas durante o recreio, dentre outras.

16 BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal de Educação. Política de desenvolvimento de acervo das bibliotecas da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte. Belo Horizonte: SMED, 2009.

25


Objetivo e eixos

Diante desse quadro, podemos afirmar que o acesso ao livro está consolidado aos estudantes da RMEBH e que esse é o primeiro passo para a democratização de um importante bem cultural, infelizmente ainda pouco acessível à maioria da população brasileira. Uma vez garantido o acesso aos acervos de nossas bibliotecas, e sua intensa divulgação, é necessário investir na capacitação dos mediadores de leitura no espaço escolar, uma etapa fundamental na formação de leitores.

3.3 Formação de pessoal Ao ingressarem na RMEBH, os auxiliares de biblioteca participam de uma formação inicial sobre o Programa de Bibliotecas, a organização da biblioteca escolar e a pesquisa escolar. O Programa também realiza outras ações, como o Encontro de profissionais das bibliotecas da RMEBH e o Fórum de integração da biblioteca com a sala de aula, com a participação de escritores e estudiosos de temas pertinentes à biblioteca escolar. Em sua 13ª edição, o Encontro acontece desde 1999, oferecendo espaço de formação e debate, troca de experiências e divulgação de projetos da RMEBH. O Fórum foi criado por um grupo de bibliotecários da Regional Venda Nova17 e, desde 2010, é organizado pela coordenação do Programa, com o objetivo de discutir a ampliação dos espaços de alfabetização e letramento na escola e promover a integração entre as equipes da biblioteca e dos professores. Além desses momentos de formação, a partir de 2010 os profissionais de biblioteca também têm a oportunidade

26

17 Este evento de formação e debate foi criado pelas bibliotecárias Adriana Pedrosa M. Nascimento, Cláudia Andrade de Barros e Sônia Márcia Soares de Moura, com a participação dos bibliotecários Alice Alves da Silva, Ivo Funghi Baia e Sabrina Rodrigues Sanches Brasil.


Objetivo e eixos

de participar do processo de seleção para curso de pósgraduação, oferecido pela SMED em parceria com renomadas instituições de ensino superior.

No período entre 2009 a 2012, a coordenação do Programa ofereceu o Debate-papo na Educação, cujo objetivo era tratar de temas próprios da Educação, especialmente aqueles relacionados à biblioteca escolar e à formação de leitores. Através de ricas reflexões sobre as leituras necessárias a uma melhor compreensão do momento atual, os encontros aconteceram quinzenalmente, em dois formatos: o Fórum de Ensino de Leitura, em parceria com a Associação Cultural Teia de Textos, e o Videodebate, em parceria com o Núcleo de Relações Étnico-Raciais e de Gênero da GCPF/SMED.

3.4 Elaboração de política de leitura para as bibliotecas da RMEBH

Muitas ações e projetos de incentivo à leitura, de iniciativa dos profissionais das bibliotecas, acontecem regularmente em nossa Rede, das quais destacamos:

• contação de histórias (Hora do Conto; Conto e Reconto; Leitura de livros; Projeto de Contos de Fadas; Projeto sempre uma história; Ler e ouvir histórias, dentre outros); • exposições de livros e trabalhos (novas aquisições da biblioteca; livros de um autor específico; livros antigos; livros danificados; livros para análise dos professores; murais relacionados a datas comemorativas; trabalhos resultantes de contação de

27


Objetivo e eixos

histórias e livros escritos pelos estudantes); • leitura livre (Momento de Leitura; Degustação de Livros; Surpresas Literárias; Li, gostei e recomendo; Cantinho da Leitura; Recreio Literário; dentre outros); • leitura compartilhada com a família (Lendo com a família; Bolsa mágica; Menino Maluquinho por leitura; Quem conta contos encanta; Sacolinha de histórias; Lê pra mim?); • encontro com escritores. Algumas atividades específicas de divulgação e dinamização dos acervos do kit literário acontecem por meio da coordenação do Programa de Bibliotecas e serão apresentadas na próxima seção. Além dessas, destacamos o concurso de redação Eu sou a natureza, realizado em 2009, em parceria da SMED com a Associação Cultural Teia de Textos. Destinado a toda a comunidade escolar, o concurso teve como objetivos: estimular uma reflexão artística e crítica sobre as relações entre os homens e os demais seres vivos, estimular a leitura e a produção de textos literários e contribuir para o desenvolvimento da consciência ecológica dos participantes e da população em geral. Os textos selecionados foram publicados em ônibus do transporte coletivo de Belo Horizonte, em lâminas do projeto Leitura para todos.18 A partir das inúmeras ações já desenvolvidas, seja em âmbito escolar, seja via SMED, e do resultado do

18 O projeto Leitura para todos propõe-se a disseminar textos de literatura entre leitores que não têm acesso aos mesmos. Ganhou o Prêmio VIVALEITURA de 2007, como o melhor projeto de fomento à leitura no Brasil. Organizado pelo MEC, MINC, OEI e Fundação Santillana, o VIVALEITURA é o maior prêmio de fomento à leitura do país.

28


Objetivo e eixos

diagnóstico de 2010, um dos desafios atuais é elaborar e registrar uma política própria da RMEBH, com diretrizes e orientações para a biblioteca escolar, que a corrobore como espaço de cultura, ação pedagógica e mediação de leitura.

29



4 O KIT LITERÁRIO Uma política de democratização da literatura


4 O kit literário: uma política de democratização da literatura Em 2003, a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, por meio da SMED, implantou a política de distribuição de livros literários no kit de material escolar distribuído gratuitamente aos estudantes das escolas municipais, UMEIs e creches conveniadas. Cada estudante recebe dois títulos, exceto os de 0 a 2 anos e 11 meses, que recebem um livro. Em 2008, além do kit de material escolar, foi entregue um kit especial, em caixa própria, contendo cinco livros para cada estudante de até 2 anos e 11 meses e dez livros para cada estudante dos demais níveis de ensino. Na composição dos kits, são selecionados cerca de 100 títulos diferentes, assim distribuídos: 8 no kit de Educação Infantil – 0 a 3 anos; 20 no kit de Educação Infantil – 3 a 6 anos; 20 no kit do 1º ciclo; 20 no kit do 2º ciclo; 20 no kit do 3º ciclo e 12 títulos no kit da EJA. A distribuição dos títulos nos kits é feita de maneira aleatória para que estudantes de uma mesma sala de aula, por exemplo, recebam títulos variados e possam, se assim o desejarem, fazer empréstimos entre si, o que garante uma diversidade de textos que circulam nos espaços escolares. Para avaliação e seleção das obras, a SMED toma como referência os critérios estético-literários do PNBE, do Governo Federal, com algumas adaptações para o caso

32


O processo de seleção dessas obras tem início, anualmente, com a publicação de portaria no Diário Oficial do Município (DOM), instrumento que o torna público e regulamenta os critérios para sua execução. Cada editora pode inscrever até 10 títulos, que são analisados e selecionados por uma comissão, composta por profissionais da SMED, da Fundação Municipal de Cultura e consultores especialistas em literatura. Uma vez selecionados os títulos que comporão os kits, abre-se o processo licitatório para aquisição dos livros, seguido da compra e toda a complexa parte de logística (recebimento dos livros, mixagem, montagem das caixas, embalagem e distribuição nas escolas).

O kit literário

da RMEBH. Além de constituir cada acervo com diferentes gêneros textuais (poemas, contos, crônicas, romances, cordel, livros de imagens e de histórias em quadrinhos), a seleção é feita em função da adequação temática à faixa etária, da qualidade literária e da qualidade do projeto gráfico-editorial.

Objetivando a ampliação do processo de leitura dos estudantes e a democratização do acesso à literatura, esta política tem como pressuposto a importância do papel da família, especialmente dos pais, na formação dos leitores e sua inclusão na prática leitora dos filhos. Os livros distribuídos apostam e investem nas práticas familiares de leitura, considerando-se a importância da literatura na formação do leitor e da expectativa que se tem com a formação de bibliotecas pessoais. Espera-se propiciar um ambiente de leitura nas casas e incentivar os pais à leitura em família e à leitura para seus filhos – ou vice-versa –, de maneira a se valorizar, cada vez mais, o livro como um bem cultural de extrema importância.

33


O kit literário

Essa experiência de contato mais próximo com o livro certamente propiciará práticas que influenciarão diretamente no prazer pela leitura. Desde 2010, a SMED produz catálogos contendo resenhas das obras, a fim de apresentá-las à comunidade escolar. O primeiro catálogo – De livros e vivências tecidas: acervos literários dos kits escolares – registrou parte da história dessa política de leitura, com um breve histórico, dados e informações sobre os kits, além da lista dos livros selecionados desde 2004 e as resenhas dos acervos de 2010 e 2011. Seguiram-se mais dois catálogos: Democratização da Literatura: acervos literários do kit escolar 2012 e Direito à Literatura: acervos literários do kit escolar 2013. O grande volume de investimento anual feito pela Prefeitura de Belo Horizonte demonstra o esforço em democratizar o acesso a esse importante bem cultural que é o livro, para todos os estudantes de sua Rede. De 2004 a 2013, foram adquiridos 5.739.060 exemplares, totalizando um investimento de R$ 69.012.517,38 (sessenta e nove milhões, doze mil, quinhentos e dezessete reais e trinta e oito centavos). O Programa de Bibliotecas promove duas ações de incentivo à divulgação, dinamização e leitura do kit literário: o Encontro com escritores e o Projeto de intervenção teatral nos diversos espaços da cidade.

34


Criado em 2010, o Encontro com escritores tem como objetivo principal incentivar os estudantes à leitura literária, especialmente dos livros dos kits, divulgando e potencializando o seu uso. Além disso, pretende aproximá-los da biblioteca e colocá-los em contato direto com a produção artística, através de seus criadores. Autores que tiveram obras selecionadas nos kits visitam escolas, para bate-papos com estudantes e profissionais sobre a experiência da literatura, a criação literária, a importância da leitura (em seus diversos suportes e gêneros) e temas tratados em seus livros, além de assuntos do seu cotidiano. A visita do autor é um momento único, uma vez que dessacraliza, de certa forma, essa figura geralmente distante do mundo dos estudantes. Vários escritores e ilustradores de renome nacional e internacional já visitaram escolas: Ana Terra, Mário Vale, Leo Cunha, Silvana de Menezes, Júlio Emílio Braz, Jean-Yves Loude, Sônia Rosa, Marco Túlio Costa, dentre outros.

O kit literário

4.1 Encontro com escritores

Em 2011 e 2012, os encontros aconteceram dentro da programação da Jornada Literária, uma das ações do Projeto do 3º Ciclo, desenvolvido pela SMED/GCPF com o objetivo de viabilizar alternativas práticas que contribuam para efetivar qualitativamente o processo de formação escolar com o público adolescente, fundamentadas no protagonismo juvenil, na dimensão prática da construção do conhecimento e na orientação para o trabalho.

35


O kit literário

4.2 Projeto de intervenção teatral nos diversos espaços da cidade O Projeto de intervenção teatral nos diversos espaços da cidade, criado em 2009, acontece sob a coordenação da professora Emilia Nicolai Curto19 e tem como proposta criar grupos teatrais de rua e palco (constituídos por estudantes da RMEBH e profissionais atuantes nas bibliotecas), que produzem espetáculos a partir dos acervos do kit literário. A cada ano são formados 4 grupos e as apresentações resultantes do processo de criação teatral acontecem em diversos espaços da cidade, inclusive nas escolas municipais. O projeto possibilita vivências múltiplas na construção de uma identidade que favoreça a convivência com pessoas e espaços da cidade, incentivando as muitas leituras possíveis, reflexões acerca da importância da leitura como atividade rica e necessária à ampliação do repertório cultural dos estudantes. O projeto pretende ser um instrumento a mais para a valorização do ato de ler, no contexto de uma cidade em busca da democratização de seus espaços e origina-se nas diversas possibilidades de leitura e “viagens” através dos livros. O projeto é desenvolvido em parceria com o Centro Cultural da Universidade Federal de Minas Gerais (CCUFMG), onde acontecem os ensaios e a estreia dos espetáculos. De 2009 a 2013, foram produzidas peças e

19 Emilia Nicolai Curto é professora de Arte da RMEBH, graduada em Belas Artes e especialista em Políticas Públicas para a Juventude.

36


O kit literário

esquetes inspiradas em obras do kit – Raimundo; cidadão do mundo, de Fábio Yabu; Sete histórias para contar, de Adriana Falcão e Ana Terra; Anacleto, de Bartolomeu Campos de Queirós; Marionete, de Mario Vale; Cadê, de Guto Lins; Os estatutos do homem, de Thiago de Mello; A mula sem cabeça, de Sonia Junqueira –, em histórias pessoais dos estudantes e aquelas de domínio público, como o bumba-meu-boi. Além desses espetáculos, foi produzida a montagem Balaio de Gatos, apresentada no projeto “Música & Poesia”, do CCUFMG, em 2011.

37



5 PREMIAÇÕES


5 Premiações Como reconhecimento ao trabalho realizado, o Programa de Bibliotecas e profissionais de biblioteca da Rede foram agraciado com os seguintes prêmios:

2005 • Vencedor do 10º concurso promovido pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) como “Melhor Programa de Incentivo à Leitura junto a Crianças e Jovens”.

2006 • Medalha Profª Etelvina Lima, concedida pelo Conselho Regional de Biblioteconomia – 6ª Região à Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, pela contratação de bibliotecários. • Medalha de Ordem do Mérito do Livro, concedida pela Biblioteca Nacional (RJ) pela “relevante contribuição ao livro, à leitura e à biblioteca”. • Prêmio Carol Kuhlthau, concedido à auxiliar de biblioteca Valéria Fernandes Dias, pela Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais, na categoria estudante de biblioteconomia.

2010 • Prêmio ‘Da Vinci Huis – IASL Fund’ Brazil, concedido à bibliotecária Lília Virgínia Martins Santos, pelo Programa de Bibliotecas da RMEBH.

40


5 Premiações 2010 • Menção honrosa, concedida pela Câmara Mineira do Livro à Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Educação, pela política do kit literário.

2013 • Prêmio Carol Kuhlthau, concedido pela Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais à auxiliar de biblioteca Suzene Furtado Fonseca de Oliveira, na categoria estudante de biblioteconomia.

41



6 RELATOS DE EXPERIÊNCIAS


Projeto Ciranda Literária Iara Ramos Lima Auxiliar de Biblioteca E. M. Gracy Vianna Lage

O Projeto Ciranda Literária, envolvendo turmas da EJA da E. M. Gracy Vianna Lage, surgiu a partir da necessidade de os professores mostrarem aos estudantes que a leitura é uma possibilidade de descobrir e redescobrir tesouros inimagináveis. Era preciso dinamizar a biblioteca, divulgando-a como espaço de leitura e conhecimento. A ideia foi desenvolver atividades sistematizadas com os livros do kit literário EJA/2012 enviados pela PBH/SMED. Foram selecionados oito títulos do kit da EJA/2012: A cama (Lygia Bojunga), Os Estatutos do homem (Thiago de Mello), As mil e uma noites (Tradução de Ferreira Gullar), O trem que traz a noite (Flora Figueiredo), Dez contos do além-mar (Adolfo Coelho e Teófilo Braga), A roupa nova do Imperador: em cordel (João Bosco Bezerra Bonfim), Histórias de quem conta histórias (Lenice Gomes e Fabiano Moraes) e O menino Grapiúna (Jorge Amado). Os livros circularam entre as turmas de forma que cada uma pudesse ler o máximo possível de títulos. A Ciranda Literária na Biblioteca foi composta por visitas sema-nais dos estudantes de 5 turmas da EJA, no período entre junho e novembro de 2012. Várias atividades foram desenvolvidas, como: apresentação da biblioteca em relação às consultas, empréstimos e a composição do acervo; explanações sobre os livros que faziam parte do Projeto; leitura de capítulos de livros; contação de histórias; identificação de gêneros literários. Em sala de aula, o professor buscou contextualizar as histórias lidas, por meio de filmes (Mãos talentosas, O menino Grapiúna), discutindo em grupos as questões problematizadas. Após vários encontros com a turma, foram colhidos depoimentos e impressões sobre os filmes e livros lidos, além da reescrita através de imagens e linguagem escrita. Muitas barreiras foram enfrentadas no decorrer do projeto, pois,

44 44


além da diversidade do público, com idades que iam da adolescência à terceira idade, esbarramos na questão da alfabetização. Em alguns momentos foi essencial que o mediador lesse para os alunos, contextualizando o trecho lido e levando-os a inferir sentidos implícitos no texto. A culminância do trabalho foi a publicação: Ciranda Literária, obra que teve a participação de todos os segmentos envolvidos com o pedagógico da escola (estudantes, professores, biblioteca, coordenação). Ao final do projeto, foi possível perceber que os estudantes desenvolveram o gosto pela leitura e que estes e os professores começaram a frequentar a biblioteca pelo simples prazer de usufruir desse espaço como local de estudo, debates, descobertas e, acima de tudo, a leitura.

Livros didáticos reaproveitados viram jogos educativos Marta de Andrade Santos Auxiliar de Biblioteca E. M. Elisa Buzelin

Consciente do seu papel de parceira na construção do conhecimento no dia a dia da escola, e com o objetivo de incentivar e desenvolver a alfabetização e o letramento, bem como a socialização dos estudantes, dentre outras atividades, a biblioteca da E. M. Elisa Buzelin oferece jogos educativos confeccionados com o reaproveitamento de livros didáticos de PNLD's antigos. Contemplando as diferentes disciplinas, disponibilizamos aos alunos, na hora do recreio, esta forma agradável e descontraída de desenvolverem a cognição e a coordenação motora, facilitando a aprendizagem em sala de aula. O material recortado dos livros (números, figuras, palavras, dentre outros) é colado em papel-cartão, também reaproveitado, para maior firmeza e durabilidade dos jogos confeccionados.

45


Em Língua Portuguesa, foram confeccionados: letras do alfabeto para que os alunos montem palavras; cartas com figuras onde aparece apenas a primeira letra para que se completem os nomes; figuras de pessoas, flores, frutas, dentre outras que sugerem a formação de nomes. No âmbito da História, apresentamos figuras de meninos e meninas para serem vestidos usando roupas variadas (festa, típica, etc.) e adereços (bolsas, sapatos, etc.), visando trabalhar a identidade pessoal, temporal e coordenação motora grossa. No campo da Matemática, são oferecidos números de 0 a 9 para que as crianças disponham-nos na ordem numérica, em sequência de 2 em 2, 5 em 5 e/ou armem e efetuem operações, por exemplo; jogos da memória são usados para trabalhar a percepção espacial, discriminação visual, memória e raciocínio. São também apresentadas figuras geométricas, para o manuseio e a separação de acordo com a forma, e em cores variadas para contemplar crianças com necessidades especiais, que ainda não estão aptas ao seu reconhecimento; figuras mostrando quantidades (frutas, balas, bolos) para os estudantes contarem e montarem problemas, por exemplo. Contemplando a Geografia, são apresentados quebra-cabeças do mapa-múndi, do Brasil, das Regiões brasileiras, da América do Sul, visando ao conhecimento do espaço geográfico em que vivemos. De forma semelhante, são montados, para as Ciências, quebra-cabeças do corpo humano especificando o esqueleto, o crânio, a musculatura, etc. Neste processo, as crianças montam e identificam os ossos, nomeando-os. E atendendo à demanda das duas disciplinas, foi montado o jogo da Trilha Ecológica.

46



7 SUGESTÕES DE LEITURA


BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal de Educação. De livros e vivências tecidas: acervos literários dos kits escolares. Belo Horizonte: SMED, 2011. 104 p.

BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal de Educação. Democratização da literatura: acervos literários do kit escolar 2012. Belo Horizonte: SMED, 2011. 45 p.

BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal de Educação. Direito à literatura: acervos literários do kit escolar 2013. Belo Horizonte: SMED, 2012. 40 p.

BIBLIOTECA ESCOLAR EM REVISTA. São Paulo: USP, 2012. Disponível em: <http://revistas.ffclrp.usp.br/BEREV>. Acesso em:10 mai. 2013.

CADEMARTORI, Ligia. O professor e a literatura: para pequenos, médios e grandes. Belo Horizonte: Autêntica, 2009. (Conversas com o professor; 1). 127 p.

CAMPELLO, Bernadete Santos et al. A biblioteca escolar: temas para uma prática pedagógica. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.

GASQUE, Kelly Cristine Gonçalves Dias. Letramento informacional: pesquisa, reflexão e aprendizagem. Brasília: Editora FCI/UnB. 175 p. Disponível em: <http://leunb.bce.unb.br/handle/123456789/22>. Acesso em: 10 mai. 2013. INSTITUTO PRÓ-LIVRO. Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil. (2a ed.). Disponível em: <http://www.snel.org.br/wpcontent/uploads/2012/08/pesquisa_habito_de_leitura_2008.pd> Acesso em: 25 abr. 2013.

INSTITUTO PRÓ-LIVRO. Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil. (3a ed.). Disponível em: <http://www.prolivro.org.br/ipl/publier4.0/dados/anexos/2834_10.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2013.

KUHLTHAU, Carol. Como usar a biblioteca na escola: um programa de atividades para o ensino fundamental. Tradução e adaptação de Bernadete Santos Campello et al. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

MOURA, Maria Aparecida (org). Educação científica e cidadania: abordagens teóricas e metodológicas para a formação de pesquisadores juvenis. Belo Horizonte: UFMG/PROEX, 2012. 280 p. (Diálogos, 2). Disponível em: <https://www.ufmg.br/proex/cpinfo/educacao/>. Acesso em: 10 mai. 2013.

PAIVA, Aparecida et al. Democratizando a leitura: pesquisas e práticas. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. 235 p. (Literatura e Educação, 5)

PAIVA, Aparecida (org). Literatura fora da caixa: o PNBE na escola – distribuição, circulação e leitura. São Paulo: Editora UNESP, 2012. 213 p.

49



ANEXO Relação das bibliotecas-polo e coordenadas


BIBLIOTECAS-POLO E COORDENADAS REGIONAL BARREIRO • Eloy Heraldo Lima (biblioteca-polo) / 3277-5864 Bibliotecas Coordenadas: Sebastião Guilherme de Oliveira; Aires da Mata Machado; Ana Alves Teixeira • Professora Isaura Santos (biblioteca-polo) / 3277-9114 (biblioteca) ou 5957 Bibliotecas Coordenadas: Dinorah Magalhães Fabri; Pedro Aleixo; Pedro Nava • Vinícius de Morais (biblioteca-polo) / 3277-5838 ou 5839 Bibliotecas Coordenadas: Antônio Salles Barbosa; Aurélio Buarque de Holanda; Helena Antipoff; Professor Melo Cançado • Luiz Gatti (biblioteca-polo) / 3277-9101 Bibliotecas Coordenadas: Antônio Aleixo; Padre Flávio Giammetta; Professor José Braz • Vila Pinho (biblioteca-polo) / 3277-5891 Bibliotecas Coordenadas: Edith Pimenta Da Veiga; Lucas Monteiro Machado; União Comunitária; Dulce Maria Homem • Professor Hilton Rocha (biblioteca-polo) / 3277-9064 ou 9063 Bibliotecas Coordenadas: Cônego Sequeira; Luiz Gonzaga Júnior; Antônio Mourão Guimarães; Jonas Barcellos Corrêa REGIONAL CENTRO-SUL • IMACO (biblioteca-polo) / 3277-7763 ou 7762 ou 5321 Bibliotecas Coordenadas: Presidente João Pessoa; Caio Líbano Soares; Marconi; Santo Antônio (Ensino Especial) • Mestre Paranhos (biblioteca- polo) / 3277-8840 Bibliotecas Coordenadas: Benjamim Jácob; Professor Edson Pisani; Senador Levindo Coelho; Ulysses Guimarães

52


BIBLIOTECAS-POLO E COORDENADAS • Paulo Mendes Campos (biblioteca-polo) / 3277-6353 ou 5640 Bibliotecas Coordenadas: Maria das Neves; Padre Guilherme Peters; Professor Lourenço de Oliveira (Leste); Theomar de Castro Espíndola • Vila Fazendinha (biblioteca-polo) / 3277-5234 ou 5237 Bibliotecas Coordenadas: Santos Dumont (Leste); São Rafael (Leste); Levindo Lopes (Leste); Professor Domiciano Vieira (Leste) REGIONAL LESTE • Padre Francisco Carvalho Moreira (biblioteca-polo) / 3277-5779 ou 5778 Bibliotecas Coordenadas: Monsenhor João Rodrigues de Oliveira; Wladimir de Paula Gomes; Professora Marília Tanure Pereira; Doutor Júlio Soares • Professora Alcida Torres (biblioteca-polo) / 3277-5623 ou 3483-3960 Bibliotecas Coordenadas: Fernando Dias Costa; George Ricardo Salum; Israel Pinheiro REGIONAL NORDESTE • Governador Carlos Lacerda (biblioteca-polo) / 3277-6056 ou 6057 Bibliotecas Coordenadas: Anísio Teixeira; Francisco Azevedo; Professora Maria Modesta Cravo; Emídio Berutto (Leste) • Professor Edgar da Mata Machado (biblioteca-polo) / 3277-6736 Bibliotecas Coordenadas: Elos; Professor Paulo Freire; Oswaldo França Júnior; Professora Consuelita Cândida • Professora Eleonora Pieruccetti (biblioteca-polo) / 3277-6028 Bibliotecas Coordenadas: Américo Renê Giannett; Hugo Pinheiro Soares; Renascença; Francisco Bressane de Azevedo • Henriqueta Lisboa (biblioteca-polo) / 3277-5655 Bibliotecas Coordenadas: Honorina Rabello; Monteiro Lobato; José De Calasanz; Maria Assunção De Marco

53


BIBLIOTECAS-POLO E COORDENADAS • Professor Milton Lage (biblioteca-polo) / 3277-6796 Bibliotecas Coordenadas: Pérsio Pereira Pinto; Prefeito Souza Lima; Professora Helena Abdalla; Governador Ozanam Coelho • Professora Maria Mazarello (biblioteca-polo) / 3277-6751 Bibliotecas Coordenadas: Agenor Alves De Carvalho; Murilo Rúbião; Sobral Pinto; Professora Acidália Lott REGIONAL NOROESTE • Maria de Rezende Costa (biblioteca-polo) / 3277-7235 ou 7236 Bibliotecas Coordenadas: Júlia Paraíso (Pampulha); Marlene Pereira Rancante (Pampulha); Dom Bosco • Professor Cláudio Brandão (biblioteca-polo) / 3277-6044 Ou 6045 Bibliotecas Coordenadas: Arthur Guimarães; Cornélio Vaz De Melo; Nossa Senhora Do Amparo • Padre Edeimar Massote (biblioteca-polo) / 3277-7124 ou 7125 Bibliotecas Coordenadas: Luigi Toniolo; Augusta Medeiros; Dom Jaime de Barros Câmara • Monsenhor Arthur de Oliveira (biblioteca-polo) / 3277-7238 Bibliotecas Coordenadas: Dr. José Diogo de Almeida Magalhães; Honorina de Barros; Maria da Glória Lommez; Carlos Góis • Belo Horizonte (não é Polo) / 3277-6012 ou 6013 REGIONAL NORTE • Cônsul Antônio Cadar (biblioteca-polo) / 3277-6777 ou 6776 Bibliotecas Coordenadas: Hélio Pelegrino; Josefina Sousa Lima; Maria Silveira; Acadêmico Vivaldi Moreira • Francisco Magalhães Gomes (biblioteca-polo) / 3277-7493 Bibliotecas Coordenadas: José Maria dos Mares Guia; Minervina Augusta; Professor Daniel Alvarenga; Tristão da Cunha

54


BIBLIOTECAS-POLO E COORDENADAS • Jardim Felicidade (biblioteca-polo) / 3277-6778 ou 6779 Bibliotecas Coordenadas: Florestan Fernandes; Francisco Campos; Hilda Rabello Matta; Rui Da Costa Val • Secretário Humberto Almeida (biblioteca-polo) / 6717 (biblioteca) ou 3277-6666 Bibliotecas Coordenadas: Tupi Mirante; Desembargador Loreto Ribeiro de Abreu; Sebastiana Novais; Herbert José de Souza REGIONAL OESTE • Mestre Ataide (biblioteca-polo) / 3277-5984 Bibliotecas Coordenadas: Ensino Especial Frei Leopoldo; Maria Sales Ferreira; Francisca de Paula; Professor Christovam Colombo dos Santos • Prefeito Aminthas de Barros (biblioteca-polo) / 3277-6480 Bibliotecas Coordenadas: Padre Henrique Brandão; Professora Efigênia Vidigal; Salgado Filho; Tenente Manoel Magalhães Penido • Oswaldo Cruz (biblioteca-polo) / 3277-9636 Bibliotecas Coordenadas: Deputado Milton Salles; Hugo Werneck; João Do Patrocínio; Magalhães Drumond • Professor Mário Werneck (biblioteca-polo) / 3277-9136 Bibliotecas Coordenadas: Ignácio de Andrade Melo (Pampulha); João Pinheiro (Noroeste); Prefeito Oswaldo Pierucetti (Noroeste); Professor João Camilo de Oliveira Torres (Noroeste) REGIONAL PAMPULHA • Aurélio Pires (biblioteca-polo) / 3277-7915 ou 7421 Bibliotecas Coordenadas: Professor Amilcar Martins; Henfil; José Madureira Horta • Santa Terezinha (biblioteca-polo) / 3277-7106 ou 7105 Bibliotecas Coordenadas: Lídia Angélica; Francisca Alves; Maria de Magalhães Pinto

55


BIBLIOTECAS-POLO E COORDENADAS

• Carmelita Carvalho Garcia (biblioteca-polo) / 3277-7134 ou 7135 Bibliotecas Coordenadas: Anne Frank; Dom Orione; Cora Coralina (Venda Nova); Professora Alice Nacif REGIONAL VENDA NOVA • Carlos Drummond de Andrade (biblioteca-polo) / 3277-5596 Bibliotecas Coordenadas: Ensino Especial de Venda Nova; Vereador Antônio Menezes; Vicente Guimarães; Dr. José Xavier Nogueira • José Maria Alkmim (biblioteca-polo) / 3277-5584 Bibliotecas Coordenadas: Antônio Gomes Horta; Dora Tomich Laender; Miriam Brandão; Tancredo Phideas Guimarães • Joaquim dos Santos (biblioteca-polo) / 3277-7305 Bibliotecas Coordenadas: Adauto Lúcio Cardoso; Mário Mourão Filho; Professora Ondina Nobre; Professor Moacyr Andrade • Presidente Tancredo Neves (biblioteca-polo) / 3277-5584 ou 5585 • Elisa Buzelin (biblioteca-polo) / 3277-5487 Bibliotecas Coordenadas: Alessandra Salum Cadar; Gracy Vianna Lage; Zilda Arns • Milton Campos (biblioteca-polo) / 3277-5581 Bibliotecas Coordenadas: Armando Ziller; Deputado Renato Azeredo; Moysés Kalil; Professor Pedro Guerra • Professor Tabajara Pedroso (biblioteca-polo) / 3277-5445 ou 2627 Bibliotecas Coordenadas: Antônia Ferreira; Cônego Raimundo Trindade; Geraldo Teixeira da Costa; Padre Marzano Matias

56


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.