Literatura em movimento: acervos literários do kit escolar 2016

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Secretaria Municipal de Educação

Literatura em movimento acervos literários do kit escolar 2016

Belo Horizonte 2016


Prefeitura de Belo Horizonte Secretaria Municipal de Educação Organização e redação: Dagmá Brandão Silva, Carolina Teixeira de Paula e Leila Cristina Barros Revisão: Leila Cristina Barros e Tadeu Rodrigo Ribeiro Projeto gráfico e diagramação: Gerência de Comunicação Social/SMED Edição e distribuição: Secretaria Municipal de Educação Rua Carangola, 288 – 7º andar – Bairro Santo Antônio – Belo Horizonte (31) 3277-8606 smed@pbh.gov.br É permitida a reprodução parcial ou total desta publicação, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial. L775 Literatura em movimento: acervos literários do kit escolar 2016 / Carolina Teixeira de Paula; Dagmá Brandão Silva; Leila Cristina Barros (orgs) Belo Horizonte: SMED, 2016. 47 p. 1. Catálogo kit escolar 2016 – Livros literários. I. Paula, Carolina Teixeira. II. Silva, Dagmá Brandão. III. Barros, Leila Cristina. IV. Belo Horizonte. Secretaria Municipal de Educação. V. Título. CDD 017


Sumário Apresentação 05 Educação Infantil: 0 a 3 anos 07 Educação Infantil: 3 a 6 anos 11 Primeiro ciclo 19 Segundo ciclo 27 Terceiro ciclo 35 Educação de Jovens e Adultos (EJA) 43



Apresentação Conforme vem ocorrendo sistematicamente desde 2010, apresentamos à comunidade escolar o catálogo referente ao kit literário do ano corrente. Em 2016, a publicação Literatura em movimento: acervos literários do kit escolar 2016 cumpre, assim como nas edições anteriores, o objetivo de apresentar as obras literárias entregues anualmente aos estudantes da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte (RMEBH) e da Rede de Creches Conveniadas. Lembramos que o kit literário é uma política pública de leitura da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) que visa à distribuição de livros de literatura aos estudantes vinculados à Secretaria Municipal de Educação (SMED), permitindo o acesso a esse bem cultural, ainda de pouco alcance para a maioria da população. Tendo como foco principal os mediadores de leitura da escola, em especial os professores e os profissionais de biblioteca, acreditamos que este catálogo tem grande potencial de uso, uma vez que estão aqui relacionadas as 90 obras que constituem o kit 2016, acompanhadas das imagens das capas e respectivas resenhas, organizadas por ciclos de formação. Assim, a partir deste material, o mediador de leitura poderá conhecer o acervo selecionado e planejar ações de divulgação e dinamização das obras para os estudantes e, se possível, para seus familiares. Seguindo as orientações da SMED, observamos que várias ações de promoção e de valorização dos livros do kit têm sido realizadas nas escolas, partindo dos profissionais de biblioteca, de professores ou preferencialmente de ambos os profissionais, num trabalho integrado. É o que ocorre, por exemplo, quando a entrega das obras é realizada de maneira diferenciada, permitindo que os envolvidos no processo compreendam a importância dos acervos do kit na formação estética, cultural e intelectual dos beneficiários diretos dessa política. Em novembro de 2015, por exemplo, a E. M. Fernando Dias Costa, da Regional Leste, realizou uma festa para a entrega dos livros de literatura da Educação de Jovens e Adultos (EJA) Múltiplas Idades, reunindo literatura, música e artes.1 Consideramos que a valorização dos acervos, pelos estudantes, será mais exitosa se houver ações semelhantes a essa, tendo em vista que os professores são os maiores influenciadores da leitura, segundo apontam pesquisas sobre hábitos de leitura no Brasil. 1

A ação ocorreu por iniciativa da coordenadora da EJA Múltiplas Idades, Maria de Fátima de Castro (informação retirada da Intranet da Educação). Disponível em: <http://intranet. educacao.pbh/acontece-na-escola/literatura-na-eja>. Acesso em: 15 Dez. 2015.

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Destacamos também os avanços da política do kit literário, a saber: 1) elaboração dos catálogos, a partir de 2010; 2) envio de um exemplar de cada um dos livros do kit para compor os acervos das escolas de Ensino Fundamental, unidades municipais de educação infantil e creches conveniadas, desde 2012; e 3) formação para os profissionais da Educação sobre os livros que compõem o kit, a partir de 2014. Por fim, cabe lembrar que, em 2016, a política do kit completa 13 anos ininterruptos, fato que a situa entre uma das mais importantes políticas de distribuição de livros de literatura do país. Para tanto, entre os anos de 2004 e 2015, foram adquiridos 6.663.975 (seis milhões seiscentos e sessenta e três mil novecentos e setenta e cinco) exemplares de livros, totalizando um investimento de R$ 82.532.988,57 (oitenta e dois milhões quinhentos e trinta e dois mil novecentos e oitenta e oito reais e cinquenta e sete centavos) nessa política voltada à leitura literária. Acreditamos ainda que, para ter continuidade e se configurar efetivamente como uma política de leitura, é fundamental que os profissionais da Educação dela se apropriem, a começar pelo conhecimento e divulgação dos catálogos, passando por um trabalho que dê visibilidade a esses acervos e proporcione o encontro do leitor com o livro.

Secretaria Municipal de Educação

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Kit escolar 2016 EDUCAÇÃO INFANTIL - 0 a 3 anos


Literatura em movimento - Acervos Literários do Kit Escolar 2016

Não A obra Não, da escritora e ilustradora colombiana Claudia Rueda, traz belíssimas ilustrações texturizadas que apresentam a mudança da estação do outono para o inverno. A narrativa mostra as várias tentativas da mamãe ursa em convencer o filho sobre a necessidade de se abrigarem do inverno iminente. Após cada assertiva da mãe, o ursinho tem respostas que retratam, com humor e ludismo, a curiosidade e a capacidade de argumentação das crianças na primeira infância. Mostra também a relação afetiva singela entre mãe e filho, permeada pelo cuidado. A obra possui um projeto gráfico-editorial sofisticado, que tenta reproduzir as sensações provocadas pelo frio intenso e pela neve. Por apresentar uma realidade diferente da vivida no Brasil, a obra proporciona uma ótima oportunidade de o pequeno leitor vivenciar uma experiência diferente e ampliar seu repertório cultural, com a ajuda de um mediador. Título: Não | Autora: Claudia Rueda | Ilustradora: Claudia Rueda | Tradutora: Mariana Marco Antonio | Editora: Pensarte | Ano de publicação: 2013

Tem lugar para todos A obra Tem lugar para todos é uma narrativa por imagens que recria a história do dilúvio e da Arca de Noé, sendo que a intertextualidade com o texto bíblico não é óbvia no início. O leitor acompanha, no sentido da leitura, a fila formada pelos animais, desde os menores insetos até os maiores paquidermes, passando por diferentes cenários. Ao longo das páginas, o céu e o ambiente vão se tornando cada vez mais escuros, prenunciando o dilúvio. Na penúltima página, as primeiras gotas de chuva indicam que o deslocamento realizado na leitura não foi somente espacial, mas também temporal. A obra também explora os formatos dos animais, que procuram se acomodar e se encaixar no interior da arca, ou mesmo antes, na fila. Desse modo, sugere, de forma sutil, os conflitos que poderiam advir da reunião de animais tão diversos. Assim, embora siga uma estrutura simples e linear, a obra explora, de maneira lúdica, diversos detalhes que abrem possibilidades de interpretação dos leitores e de interação com a linguagem visual. Título: Tem lugar para todos | Autor: Massimo Caccia | Ilustrador: Massimo Caccia | Editora: Jorge Zahar Editor | Ano de publicação: 2012

Ah não, Boris! A obra é escrita e ilustrada pelo premiado designer e ilustrador irlandês, que, em 2007, entrou para a lista dos cem melhores designers da revista Time. Com trabalho artístico de qualidade, a narrativa gira em torno de Bóris, um cachorro bagunceiro que se esforça para obedecer às ordens de seu dono, Davi. Ele até tenta se comportar, mas suas travessuras se acumulam, ao longo da narrativa, de forma lúdica e engraçada. Assim, um doce delicioso na cozinha, um gato que cruza seu caminho e um jardim de terra fofa parecem irresistíveis ao cãozinho. A cada travessura, o cachorro ouve de seu dono a mesma expressão de repreensão: “Ah não, Bóris!”. O texto verbal possui estrutura bastante enxuta, o que facilita a leitura, sendo complementado pelas imagens, que contam com recursos expressivos pertinentes à idade do leitor em potencial, notadamente traços e cores. A linguagem verbal, com frases curtas e coloquiais, possibilita aos leitores estabelecer pontes de significação entre as imagens, em razão dessa qualidade de interação entre texto e ilustrações. Título: Ah não, Boris! | Autor: Chris Haughton | Ilustrador: Chris Haughton | Editora: Rovelle | Ano de publicação: 2014

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Educação Infantil: 0 a 3 anos

Meu penico O aspecto mais relevante da obra é que a predominância das ilustrações e o texto verbal reduzido podem facilitar a interação da criança pequena com o livro, de maneira autônoma. Desse modo, a obra é coerente com o que se imagina que sejam as expectativas de um leitor de 0 a 3 anos, faixa etária para a qual o livro é destinado. O texto é marcado por uma narrativa que se constitui a partir de um jogo já anunciado no título: uma criança, apertada para fazer cocô, se indaga se deve fazê-lo na fralda ou no penico. Ao observar o comportamento de um gato e de um cachorro, decidese pelo penico. As ilustrações colocam o foco na criança, demonstrando adequação a esse público. Em uma das cenas finais, a criança, já assentada em seu penico, é observada pelo gato e pelo cachorro. Embora o texto tenha estrutura muito simples, há uma experimentação de recursos lúdicos que podem instigar as crianças à leitura. Título: Meu penico | Autor: Leslie Patricelli | Ilustrador: Leslie Patricelli | Editora: Panda Books | Ano de publicação: 2012

Amarra meu cadarço? Amarra meu cadarço, do escritor e cartunista João Marcos, é mais uma história da dupla Mendelévio e Telúria, os irmãos travessos de tantas aventuras em quadrinhos. O enredo focaliza a visita que os dois irmãos farão à casa da avó. A peripécia ocorre quando Tertúlia percebe que os sapatos do irmão estão desamarrados. O desafio é arranjar quem os amarre, pois eles não conseguem realizar tal tarefa. Os irmãos pedem ajuda a uma série de criaturas retiradas da caixa de brinquedos, os quais não podem, por razões óbvias, ajudá-los: o dinossauro, o palhaço, a girafa, a bola. O lado cômico e divertido é alcançado graças à impossibilidade natural dos brinquedos de auxiliar os dois irmãos. Por fim, tudo se resolve de maneira previsível, mas adequada ao universo infantil. A obra tem potencial para se constituir como uma porta de entrada do público-alvo com a linguagem dos quadrinhos. Título: Amarra meu cadarço? | Autor: João Marcos | Ilustrador: João Marcos | Editora: A Semente | Ano de publicação: 2014

Cores Cores é uma obra dirigida às crianças que estão começando a ter contato com as cores e aprendendo a distingui-las. Dessa forma, é apresentada, em pequenos quadros, uma breve série de frutas e legumes: a maçã vermelha, a cenoura cor de laranja, os limões amarelos, as ervilhas verdes, a beterraba roxa, os mirtilos azuis. Há uma personagem que exerce a função de elemento de ligação entre os quadros ilustrativos: um pequeno e ágil coelho branco, que ora faz o papel do hortelão, ora do responsável pelo pomar onde são cultivadas as frutas. A obra oferece, assim, uma maneira divertida e lúdica de apresentar às crianças pequeninas o espectro de cores e de incentivar o consumo saudável de frutas e legumes. Além de apresentar assunto importante de ser tratado pedagogicamente com as crianças da primeira infância, a obra consiste em oportunidade de contato com o objeto livro, numa edição com tamanho pequeno e folhas duras, que permitem o manuseio seguro pelos pequenos. Título: Cores | Autora: Natalie Marshall | Ilustradora: Natalie Marshall | Tradutor: Gustavo Henrique Tuna | Editora: Gaudi | Ano de publicação: 2014

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Literatura em movimento - Acervos Literários do Kit Escolar 2016

Adivinha onde estou? Adivinha onde estou? faz parte da coleção “Roda de amigos”, direcionada para crianças bem pequenas. A edição é bastante adequada ao público infantil: possui muitas cores e ilustrações de traços fortes e bem definidos, além de ser realizada em material resistente e com pontas arredondadas, evitando que a criança se machuque. A obra explora os ambientes e o cotidiano de uma criança, associando-se às vivências experienciadas na infância. A sincronia entre texto e imagem permite que a criança da educação infantil seja estimulada a fazer a ligação da palavra com a figura representada. Ao final da história, o leitor é desafiado a descobrir onde o garoto está, a partir das descrições e pistas que foram dadas ao longo do livro. Título: Adivinha onde estou? | Autora: Sonia Junqueira | Ilustradora: Mariângela Haddad Editora: Gutenberg | Ano de publicação: 2015

O dia de Chu Sempre que o ursinho panda Chu (o personagem desta narrativa) espirrava, “coisas ruins aconteciam”. Por isso, onde quer que fossem, seus pais ficavam temerosos de que o filhote espirrasse. Certo dia, porém, não tiveram como evitar, e Chu deu um espirro tão forte que fez o maior estrago em toda a cidade. Apesar de possuir um enredo simples, a obra deve agradar ao público da Educação Infantil, que facilmente se encanta com o maravilhoso mundo dos animais. As ilustrações são uma atração à parte, apresentando uma série de detalhes que, além de complementar o texto, atraem os olhares curiosos das crianças, que poderão encontrar cenas engraçadas de outros animais presentes na história. Vale ressaltar outro atrativo da obra: as relações intertextuais nas imagens, que o mediador de leitura poderá trabalhar com os pequenos leitores, como é o caso da referência à obra do pintor americano Edward Hopper. Título: O dia de Chu | Autor: Neil Gaiman | Ilustrador: Adam Rex | Tradutora: Ana Bergin | Editora: Rocco pequenos leitores | Ano de publicação: 2013

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Kit escolar 2016 EDUCAÇÃO INFANTIL - 3 a 6 anos


Literatura em movimento - Acervos Literários do Kit Escolar 2016

Minha mãe não é legal Minha mãe não é legal, da escritora chilena Loreto Corvalán, narra o conflito de uma menina em relação à sua mãe. Construída com pouquíssimo texto, basicamente as proibições e permissões da mãe da narradora, a obra traz belas ilustrações, que parecem sair do papel e juntar-se ao leitor. Isso ocorre porque toda a estrutura visual da obra lembra um tabuleiro de xadrez, onde os “jogadores” podem dispor suas peças. No caso da menina, o “pode” e “não pode” da mãe alternam seu movimento de aceitação ou não, até que, “findo o jogo”, ela decide que a mãe é legal, contrariando a sugestão inicial contida no título. A capa é atrativa e possibilita um primeiro contato positivo entre a obra e o leitor; nela se vê parte de uma mulher (da cintura para cima) emoldurada por um tabuleiro. Essa imagem adianta para o leitor que algo de diferente acontecerá com aquela personagem: ela será avaliada pela filha. Tal estratégia estimula a curiosidade do público, despertando um interesse que permanecerá ativo até o desenlace final da narrativa. Título: Minha mãe não é legal | Autor: Loreto Corvalán | Ilustrador: Loreto Corvalán | Tradutora: Andréia Nascimento | Editora: Sopa de letrinhas | Ano de publicação: 2012

O leão e o pássaro Na obra O leão e o pássaro, a amizade dos dois animais é narrada predominantemente por meio de imagens, de forma sutil e delicada. Enquanto o seu bando vai embora, com a chegada do inverno, um passarinho ferido é cuidado pelo leão, que o leva para morar em sua casa, iniciando-se, assim, uma bela amizade. Entretanto, com a chegada do verão, o seu bando retorna e o pássaro parte. As estações do ano mudam à medida que o leitor vira as páginas, transformando a relação entre o personagem e o ambiente criado; ou seja, o livro é dinâmico e deve cativar a atenção do leitor em suas diferentes possibilidades de apreciação estética, criando espaços para o leitor imaginar e estimular a criatividade. A obra é original, artística, acessível e tem um projeto gráfico-editorial bem-sucedido. As diferentes perspectivas e disposições das imagens sequenciais trabalham entre espaços vazios (do real) e preenchimentos (da fantasia), situando o leitor no jogo. Título: O leão e o pássaro | Autora: Marianne Dubuc | Ilustradora: Marianne Dubuc | Tradutora: Ana Caperuto | Editora: Positivo | Ano de publicação: 2014

O soldado Saldanha O soldado Saldanha é uma narrativa em versos. O enredo apresenta o protagonista Saldanha, que se recusa a praticar os comportamentos esperados de um soldado: não gosta de usar farda, quepe e coturno; não quer pegar o fuzil; não leva o cantil na mochila e não gosta de acordar cedo. A construção narrativa usa a repetição para apresentar a história e traz, a cada página, novos elementos à trama, auxiliando a leitura autônoma das crianças, principalmente as que se encontram nas fases iniciais de escolaridade. Os versos apresentam sonoridade e o uso da repetição gera humor. A obra explora o caráter fantasioso, ao revelar, no final da trama, que o soldado é apenas um boneco na mão de um menino, demonstrando, pela inferência, que toda a história é criada pela fantasia da criança. Essas características fazem parte do universo fantasioso da infância e enriquecem consideravelmente os aspectos literários na obra: “E o Soldado Saldanha / Deitou na mão do menino. / Que o guardou com carinho / No quartel da fantasia / Para brincar no noutro dia”. Título: O soldado Saldanha | Autora: Ducarmo Paes | Ilustrador: Sérgio Magno | Editora: Miguilim | Ano de publicação: 2014

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Educação Infantil: 3 a 6 anos

Diálogo ou a vaca que não foi pro brejo No título da obra, a palavra “diálogo” aponta para a interlocução, convergindo para a ilustração, que sugere uma conversa entre dois animais feitos de legumes. Em tipos menores, o título contraria a expressão popular, com a indicação “ou a vaca que não foi pro brejo”, sugerindo que o diálogo possibilita evitar experiências frustrantes. As ilustrações são curiosas, pela composição peculiar, que “brinca” com os alimentos, à semelhança do que fazem as crianças. A presença repetitiva das ilustrações cumpre a função de sinalizar a alternância de turnos da fala, cooperando para a representação dos diálogos, como se vê nas histórias em quadrinhos. Além disso, a cada página, a troca de personagens pontua a mudança de situação comunicativa, já que não há marcações que indiquem o princípio e o término do diálogo. As breves conversas empregam, em abundância, expressões idiomáticas, pontuações enfáticas, interjeições e gírias que contextualizam os encontros dos animais no plano da oralidade e favorecem a aproximação da obra com o público-alvo. Título: Diálogo ou a vaca que não foi pro brejo | Autora: Mônica Versiani Machado | Ilustrador: Sebastião Nunes | Editora: Aaatchim Editorial | Ano de publicação: 2013

Menino-arara Menino-arara é uma obra de imagens que tem como personagem um pequeno índio do povo Uru-eu-Wau Wau, habitante da região amazônica. Esse grupo é conhecido por manter uma relação bastante afetuosa com os animais e, em especial, com as araras. A narração por imagens organiza-se em torno da amizade entre o indiozinho e a arara, seu animal de estimação. Ela fornece, a todos os membros da tribo, bonitas e raras penas coloridas. Com elas, tecem-se cocares e enfeites diversos, que são usados por todos os habitantes da aldeia. A obra tem potencial para agradar aos leitores da Educação Infantil, por apresentar belas imagens e uma narrativa visual com a qual esse público pode dialogar, com ou sem a mediação de um adulto. Título: Menino-arara | Autora: Adriana Mendonça | Ilustradora: Adriana Mendonça | Editora: Baobá | Ano de publicação: 2014

O guarda-chuva O guarda-chuva é uma narrativa por imagens que apresenta a viagem de um cachorrinho, em torno de diversas partes do planeta, após encontrar um guarda-chuva vermelho, durante uma tempestade. O personagem passa pelas regiões geladas dos polos, visita a floresta amazônica, as savanas africanas, os desertos do oriente, as paisagens do fundo do mar e as estepes geladas para, após dar a volta ao mundo, retornar à sua casa. A tópica do objeto mágico – no caso, o guarda-chuva – é explorada com eficácia, permitindo ao leitor uma visão panorâmica – tal como a do cachorro – sobre a diversidade geográfica do planeta Terra. As ilustrações acompanham a perspectiva do personagem principal, que observa do alto, como se estivesse em um balão, as paisagens percorridas, oferecendo um ponto de vista privilegiado para o jovem leitor. Título: O guarda-chuva | Autores: Ingrid Schubert e Dieter Schubert | Ilustradores: Ingrid Schubert e Dieter Schubert | Tradução: De Paraplu | Editora: Brinque-Book | Ano de publicação: 2014

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Literatura em movimento - Acervos Literários do Kit Escolar 2016

Ratinhos O volume compõe-se de vinte e um pequenos poemas que enfocam, de maneira lúdica e divertida, o cotidiano e o universo de inúmeros ratinhos. Nos versos, predominam jogos de palavras e expressões frequentemente retirados da linguagem coloquial. Exploram-se os recursos poéticos e expressivos da língua, tais como a rima, as aliterações e assonâncias, o que confere ao texto agilidade e leveza. A utilização de fragmentos de parlendas e de cantigas infantis oriundas da tradição oral é outro importante recurso poético utilizado para despertar a atenção do potencial leitor. As ilustrações dialogam harmonicamente com o texto, auxiliando a interação com o mesmo. Título: Ratinhos | Autor: Ronaldo Simões Coelho | Ilustrador: Humberto Guimarães | Editora: Reviravolta | Ano de publicação: 2013

Alô, papai! Na obra Alô, papai!, da autora americana Alice Horn, com belas ilustrações de Joelle Tourlonias, um pai e seu filho conversam pelo telefone. A criança sente-se sozinha, tendo apenas por companhia o bichinho de pelúcia. Ao ser perguntado a respeito de qual presente traria para casa, o pai dá asas à imaginação e inventa um divertido jogo com o filho, que questiona cada um dos diversos brinquedos imaginários sugeridos pelo pai: um trator com asas, um avião com remo, um barco com rodas, um carro a vapor, um trem com cauda longa e peluda, um cachorro com chifres, um bode de óculos. Inverte-se, nesse jogo, a ordem convencional que vê no adulto o ser racional e na criança o reinado da imaginação. No final, o presente tão esperado pela criança revela-se uma agradável surpresa. Título: Alô, papai! | Autora: Alice Horn | Ilustradora: Joelle Tourlonias | Tradutora: Heloísa Prieto | Editora: FTD | Ano de publicação: 2013

Dorme, menino, dorme A temática da obra Dorme, menino, dorme, da escritora chilena Laura Herrera, organiza-se em torno dos medos e pavores noturnos de um garotinho. Ricamente ilustrada, a história revela, de modo conciso e exato, o garotinho aterrorizado pelo medo. Há uma voz que busca acalmá-lo, soando como um refrão, que é significativamente a expressão que dá título ao livro. Guiados por essa voz, alguns personagens da família entram em cena, na tentativa de fazer o menino adormecer: a irmã, o pai, a avó, o avô, a tia, mas em vão. No final, o leitor descobre que a voz que acalentava a criança era da mãe, que, metalinguisticamente, está contando ao menino a história de um garotinho que tinha medo da noite e dificuldade para cair no sono. A escritora afirma ter se inspirado em uma cantiga de ninar inglesa, “Hush, baby, hush”, mas situando sua narrativa no sul do Chile. Título: Dorme, menino, dorme | Autora: Laura Herrera | Ilustradora: July Macuada | Tradutora: Cecilia Guida | Editora: Livros da Matriz | Ano de publicação: 2015

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Educação Infantil: 3 a 6 anos

Joana e o pé de feijão Pela referência contida no próprio título, o leitor pode perceber que este livro de imagens, da escritora e ilustradora Silvana de Menezes, revisita o clássico conto de fadas “João e o pé de feijão”. Aqui, a protagonista é Joana (para estabelecer a ligação lúdica com o personagem do célebre conto da tradição oral inglesa, “João”). A menina planta um pé de feijão à noite e, ao acordar no dia seguinte, depara-se com uma enorme planta à sua janela. Acompanhada de uma amiga inseparável, a galinha d´Angola sobe pelas ramas do vegetal e vive inúmeras aventuras amedrontadoras nos lugares por onde passa. No final da história, abre-se a possibilidade para introdução de outro conto, pois a galinha d´Angola, para surpresa geral, bota um ovo, que é uma moeda de ouro. Título: Joana e o pé de feijão | Autora: Silvana de Menezes | Ilustradora: Silvana de Menezes | Editora: Abacate | Ano de publicação: 2014

Leo e a baleia A obra Leo e a baleia é o primeiro livro escrito pelo premiado ilustrador britânico Benjie Davies, que narra a delicada história de amizade entre um garotinho que vivia com o pai – que era pescador – e um filhote de baleia que encalha na praia próxima à casa onde moravam. Como ambos têm em comum o fato de serem solitários, desenvolvem uma ligação marcada pelo companheirismo e pela troca solidária. O desfecho narrativo acontece quando o pai do menino descobre o “amigo inusitado” do filho e, ao mesmo tempo, percebe que precisa dar mais atenção ao filho. A temática da solidão infantil e os estratagemas que se criam para vencê-la podem funcionar como bom estímulo para a reflexão sobre a necessidade de se estabelecerem vínculos sólidos e duradouros na vida. Título: Leo e a baleia | Autor: Benjie Davies | Ilustrador: Benjie Davies | Tradutora: Marília Garcia | Editora: Paz e Terra | Ano de publicação: 2014

Nos tempos do vovô Nos tempos do vovô é uma divertida história sobre um avô que tenta mostrar ao neto as diferenças entre as coisas do passado e as coisas dos tempos atuais. Porém, todas as vezes que o avô descrevia uma coisa, o seu neto Pepe a imaginava baseado nos seus conhecimentos, portanto, formava uma imagem de forma literal. Assim, a obra leva o leitor a refletir sobre como as crianças interpretam o que falamos. O que é falado nem sempre é entendido por elas da maneira que imaginamos, porque cada um interpreta as palavras baseando-se nas suas vivências. Nunca é possível saber se as palavras que falamos são realmente entendidas como nós gostaríamos que fossem. Assim, a narrativa proporciona ao leitor uma experiência literária construtiva, tanto pelo texto escrito quanto pelas ilustrações, que acrescentam muitas informações à obra. É uma oportunidade também para que o jovem leitor amplie suas referências culturais e seu conhecimento de mundo. Título: Nos tempos do vovô | Autora: Lilli Messina | Ilustradora: Lilli Messina | Tradutora: Hedi Gnaedinger | Editora: Saber e ler | Ano de publicação: 2014

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Literatura em movimento - Acervos Literários do Kit Escolar 2016

O zoo de Joaquim O zoo do Joaquim é uma narrativa que mostra as divertidas criações de um menino que acorda numa manhã com a ideia de ser inventor. A partir de simples objetos e acessórios cotidianos, Joaquim cria um universo de estranhos animais, dando-lhes vida. E assim surgem: uma ave exótica feita com um espanador, um galo feito com uma buzina e um despertador, um elefante a partir de uma corneta e outros animais nada convencionais que vão compor esse curioso zoológico. Para ilustrar a história contada em versos, com rimas e jogos de palavras e de sonoridades, o autor e ilustrador Pablo Bernasconi coloca um pouco da própria infância e explora as relações entre formas e conceitos, entre texturas e cores. O resultado é um conjunto de engenhosas criações capaz de chamar a atenção dos pequenos leitores, que podem se inspirar e criar seus próprios animais. Título: O zoo de Joaquim | Autor: Pablo Bernasconi | Ilustrador: Pablo Bernasconi | Tradutora: Fabiana Werneck Barcinski | Editora: Girafinha | Ano de publicação: 2009

Vai e vem A obra é um belo livro de imagens que conta a história de um garotinho experimentando o vai e vem das ondas. Mas, como o imaginário infantil é capaz de ir muito além da realidade, essa simples brincadeira, de correr da onda quebrando na praia, torna-se uma grande aventura. O menino fica assustado com uma onda mais forte e se põe a correr, mas um peixinho aparece, e com ele uma incrível viagem se inicia. Na tentativa de salvar o peixinho, o menino é levado por uma ave para o alto mar e, lá de cima, vê animais assustadores, como tubarões e polvos gigantes, vivendo alguns momentos de desespero e outros de diversão, até conseguir voltar em segurança para terra firme. Então se sente feliz pela experiência fantástica que vivenciou. O que é mais formidável em livros de imagens como esse é a possibilidade de cada um construir sua própria história. Título: Vai e vem | Autor: Laurent Cardon | Ilustrador: Laurent Cardon | Editora: Gaivota | Ano de publicação: 2012

O gato Viriato: o encontro O livro de imagens O gato Viriato: o encontro, do premiado autor Roger Melo, narra a saga de um gato que desejava entregar uma flor para a sua amada. Ele passa por vários desafios até chegar ao seu destino, como esquivar-se do passarinho e da vaca que tentam roubar-lhe a flor. Tamanha era a vontade de se encontrar com a namorada, que o gato Viriato passa destemidamente por tudo e por todos, conseguindo chegar ao seu destino final. No entanto, a gatinha não estava lá no momento marcado. Desesperado, põe-se a chorar, até que a sua amada aparece e eles podem vivenciar um encontro cheio de carinho e aconchego. Assim, por meio das cenas, o autor vai tecendo a narrativa, com romantismo, roubando o coração de todos os leitores que acreditam nos finais felizes. Título: O gato Viriato: o encontro | Autor: Roger Melo | Ilustrador: Roger Mello | Editora: Duetto | Ano de publicação: 2013

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Educação Infantil: 3 a 6 anos

Noites de chuva O medo de chuva é um sentimento comum entre as crianças. Ainda mais quando essa chuva começa a encharcar toda a casa por meio das goteiras que vêm dos buraquinhos do telhado. Mas, graças a sua carinhosa e criativa mãe, Rosinha e Zezinho transformam uma noite de chuva em uma incrível aventura. A cama e o lençol tornam-se um barco e os irmãos navegam nas águas da imaginação, enfrentam monstros marinhos, redemoinhos, dragões e acabam descobrindo que noites de chuva podem ser também muito divertidas. Noites de chuva é um livro delicado, cheio de sonhos e imaginação. A autora Anna Claudia Ramos aborda, de forma lúdica, a questão do medo e das dificuldades da vida, que podem ser enfrentados com sabedoria, fantasia e amor. Título: Noites de chuva | Autora: Anna Claudia Ramos | Ilustradora: Anielizabeth | Editora: Globo livros | Ano de publicação: 2013

E você? A obra E você? é semelhante a uma brincadeira de esconde-esconde e apresenta uma linguagem simples mas cativante. Explora a escrita dos numerais e a noção de quantidade à medida que sugere, por meio de frases curtas, quantos animais o leitor deverá encontrar em cada cena. A obra poderá desenvolver o olhar da criança para que ela não fixe seu olhar somente naquilo que está em evidência, mas que seja capaz de observar os mínimos detalhes das ilustrações. O texto verbal e as ilustrações se interagem à medida que as frases indicam os personagens, e estes estão escondidos nas cenas repletas de detalhes. A curiosidade da criança à procura do personagem escondido faz com que ela use também os seus olhos, colocando-se no lugar do personagem-narrador. Título: E você? | Autora: Rosinha | Ilustradora: Rosinha | Editora: Jujuba | Ano de publicação: 2013

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Kit escolar 2016 PRIMEIRO CICLO


Literatura em movimento - Acervos Literários do Kit Escolar 2016

Faz de conta Por meio de imagens, a obra Faz de conta narra a aventura de um menino e seu cão, durante um passeio na praia. Com um tema de interesse para o público infantil, a história se desenvolve mesclando elementos da realidade e da imaginação da criança. Assim, o castelo de areia transforma-se em um grande castelo; o graveto trazido pelo cachorro ora é um cavalo, ora uma lança, ora uma espada, ora uma vara mágica; os pássaros são dragões; os siris são ogros; as ondas são os tentáculos de um polvo gigante. O menino se transforma em um mago; e o cachorro, em animais fantásticos. No final, o menino utiliza o graveto para ilustrar, na areia, a história vivida por ele e seu cachorro. O desfecho surpreendente deixa para o leitor a seguinte pergunta: a história foi imaginação ou realidade? Com projeto gráfico primoroso, a obra possui belas ilustrações, com traços próximos aos quadrinhos; mescla desenhos em preto e branco com cores e explora todas as páginas para contar a história, envolvendo o leitor e propiciando uma ótima experiência com o livro de imagens. Título: Faz de conta | Autor: Tino Freitas | Ilustrador: Romont Willy | Editora: SESI-SP | Ano de publicação: 2015

Cadê o juízo do menino? Cadê o juízo do menino?, escrito por Tino Freitas e ilustrado por Mariana Massarani, é um livro de história curta, com texto divertido e linguagem acessível, que enriquece os versos de modo criativo e com ritmo, com uso vocabular e indícios de diálogos e sintaxe apropriada ao público-alvo. Além disso, a obra também cria interesse por outras leituras, ao ilustrar o menino e sua irmã entre livros, numa rede, destacando um título: O gênio do crime. Por outro lado, o desfecho da história nos faz crer que o menino achou seu juízo num livro de aventura, o que instiga a imaginação infantil, diverte e cria um canal para a sugestão: “fim?”. O autor termina a história deixando aberta a possibilidade de reflexão e de participação do leitor. Onde o menino pode achar seu juízo? Onde mais? Assim, o leitor fica livre para recriar o que inferiu, absorveu e deseja imaginar para a história. Título: Cadê o juízo do menino? | Autor: Tino Freitas | Ilustradora: Mariana Massarani | Editora: Manati | Ano de publicação: 2009

Histórias da coleção gato e rato A obra Histórias da coleção gato e rato é composta por três narrativas dessa importante e histórica coleção, que marcou gerações de leitores e ganhou vários prêmios, como: Selo de Ouro – O melhor para criança – FNLIJ; Prêmio Bienal Noroeste de Literatura infantil e juvenil e Menção honrosa na 6ª Muestra Internacional de Publicaciones infantiles y Juveniles, em Gijón, na Espanha (1979). Além disso, os livros da coleção foram selecionados para as salas de leitura da FAE-MEC e vários deles, traduzidos e publicados em outros países. Nessa obra, são apresentados os clássicos O rabo do gato, O barco, O pote de melado. Criadas pelo casal Eliardo e Mary França, em 1978, quando passaram a trabalhar juntos, essas histórias primam pela integração entre texto e ilustração. O estilo artístico do casal caracteriza-se pela simplicidade nas linhas, pela expressividade e ingenuidade dos personagens, pela concepção das imagens, pelos tons de cores vibrantes que as definem. Os enredos giram em torno das peripécias nas quais os animais se envolvem. Título: Histórias da coleção gato e rato | Autora: Mary França | Ilustrador: Eliardo França | Editora: ME Mary e Eliardo Editora | Ano de publicação: 2015

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Primeiro Ciclo

Um avô, sim A obra aborda temática atraente ao público infantil: a possibilidade de ter uma mascote. A trama é constituída por três personagens: um menino, que ganha um cachorro, mas sonha com outras mascotes; um avô, que fantasia mundos e realiza os desejos do neto; e a mãe reprovadora e limitadora. A linguagem é acessível e adequada ao público-alvo, com frases curtas e diretas. Seguindo essa simplicidade, a narrativa é marcadamente linear e baseia-se em estrutura repetitiva. Primeiro, o menino expõe seu sonho; em seguida, são enumerados os possíveis animais de estimação. Elencando os animais e pontuando aqueles que seriam inaceitáveis pela mãe, o narrador conduz o leitor até o desfecho, no qual se “descobre” que o avô do menino lhe ensina como encontrar a “magia do mundo” e a viver em liberdade. O avô preenche de fantasia o mundo do menino, oferecendo-lhe a possibilidade de possuir, na brincadeira, tudo aquilo que a mãe não permite. Por fim, a narrativa pauta-se na ideia de que a verdadeira liberdade só existe, de fato, no campo da imaginação. Título: Um avô, sim | Autor: Nelson Ramos Castro | Ilustrador: Ramón París | Tradutora: Cláudia Ribeiro Mesquita | Editora: Comboio de Corda | Ano de publicação: 2013

Todos zoam todos Do autor colombiano Dipacho, esta obra lúdica e irreverente apresenta as especificidades de personagens animais, para afirmar que todos são “zoados”. A história apresenta vários tipos de animais com características gerais aplicáveis aos humanos: essas peculiaridades são o grande motivador para serem “zoados” ou para “zoar” uns aos outros. O tema é tratado de forma leve e a diferença é explicitada e aceita, sem teor moralista ou como forma de constrangimento, já que as personagens fazem chacota e também são alvo dela. Sendo representados como animais, os personagens promovem maior aproximação com as crianças, já que o tema faz parte do universo infantil. Assim, a narrativa é desenvolvida com muito humor e naturalidade, no sentido de que o gracejo faz parte do convívio entre os vários animais. O tema permite ao leitor conhecer e conviver com a diferença, mesmo que o “problema” da chacota não tenha solução, conforme alerta o texto final. Assim, o texto sugere colocar todos em um mesmo pé de igualdade, já que todos são zoados. Título: Todos zoam todos | Autor: Dipacho | Ilustrador: Dipacho | Tradutora: Márcia Leite | Editora: Edições Jogo de Amarelinha | Ano de publicação: 2013

Poeminhas da terra O destaque da obra Poeminhas da terra, de Márcia Leite, é a utilização da cultura e do cotidiano das tribos indígenas brasileiras. Também é importante ressaltar o uso de palavras em tupi-guarani que passaram a integrar o léxico da língua portuguesa. A exploração da linguagem poética por meio dos recursos da aliteração (Uirá Urubu Uirapuru), da assonância (na boca / pipoca / tapioca / farinha de mandioca) e da anáfora (Junta sapé / Junta taquara / Junta vara / Junta graveto) confere aos poemas a dimensão lúdica que atrai e diverte o jovem leitor. A apresentação dos usos e costumes das tribos indígenas – como os jogos, as brincadeiras e as comidas – pode funcionar como estímulo à curiosidade do leitor, além de colocá-lo em contato com a diversidade cultural brasileira. Título: Poeminhas da terra | Autora: Márcia Leite | Ilustradora: Móes | Editora: Pulo do Gato | Ano de publicação: 2014

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Literatura em movimento - Acervos Literários do Kit Escolar 2016

Petúnia Publicado originalmente em inglês, Petúnia é o primeiro de uma série de volumes sobre a gansa desastrada. A narrativa é dinâmica, divertida e cheia de surpresas provocadas pelas travessuras da gansa orgulhosa, introduzindo o leitor num universo original, que convida à participação criativa na leitura. Com qualidade literária, Petúnia aborda temas importantes e aspectos humanos universais, tais como o orgulho, a sabedoria e a humildade. A edição apresenta um projeto gráfico-editorial atraente, contextualizando também a obra, recurso de grande importância, uma vez que se trata da tradução de um livro publicado em 1950, nos Estados Unidos. Há dois paratextos: a biografia do autor, na terceira capa, e um convite à leitura do livro, na quarta capa. As ilustrações, em cores vibrantes, apresentam qualidade artística, são divertidas e expressivas. A capa exibe ilustração coerente com o projeto estético-literário da obra, é chamativa e atraente para o público infantil. Título: Petúnia | Autor: Roger Duvoisin | Ilustrador: Roger Duvoisin | Tradutora: Mila Dezan Editora: Caramelo | Ano de publicação: 2014

Tatu-balão A obra Tatu-balão está estruturada em versos rimados e narra a história de um tatu que queria ser um balão. Durante suas tentativas frustradas de voo, conhece um menino e sua pipa; e é justamente por meio da rabiola da pipa de Damião que o personagem realiza o seu sonho. Nasce ali uma grande amizade; e Damião, em dias sem vento, rola com seu tatu morro abaixo e os dois se divertem bastante. Além da qualidade dos versos, as ilustrações são criativas, ampliam as possibilidades significativas do texto verbal e instigam o leitor ao contato com a obra. A narrativa possui um enredo bem-construído: estão claramente definidos os personagens e suas ações, o conflito gerador, a progressão, o clímax e o desfecho. A linguagem utilizada é adequada a crianças pequenas, e o fato de apresentar animais interagindo pode ser um forte atrativo para pequenos leitores. Título: Tatu-balão | Autora: Sônia Barros | Ilustradora: Simone Matias | Editora: Aletria | Ano de publicação: 2014

Snoopy: a felicidade é um cobertor quentinho Esta edição das histórias em quadrinhos protagonizadas pelo célebre cão Snoopy tem uma particularidade: é um volume que reúne uma história única, ou seja, trata-se de uma sequência com ação narrativa delimitada e sequencializada. O enredo focaliza as aventuras e desventuras de Linus, em companhia de um velho cobertor e do fiel beagle Snoopy. Os outros personagens de Charles Schulz, companheiros e amigos de Linus, também comparecem e dão movimento e vivacidade à história: Charlie Brown, Lucy, Schroeder. As situações narrativas dizem respeito a cenas do cotidiano das crianças, como brincadeiras, medos, inseguranças, tudo isso filtrado por uma visão bem-humorada e divertida do universo infantil. Título: Snoopy: a felicidade é um cobertor quentinho | Autor: Charles M. Schulz | Ilustrador: Charles M. Schulz | Tradutor: Wellington Sberk | Editora: Nemo | Ano de publicação: 2013

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Primeiro Ciclo

Chapeuzinho Amarelo Esta célebre releitura do conto de fadas “Chapeuzinho Vermelho” marca a estreia de Chico Buarque na literatura infantil, em 1979. Chapeuzinho Amarelo é assim designada por ser uma menina extremamente medrosa (tem medo de tudo: trovão, minhoca, sombra, pesadelo e de um lobo que se transforma num bolo fofo, por meio do efeito obtido com a repetição e o encadeamento da palavra lobo: LO-BO-LO-BO), que enfrenta e supera o medo. O texto poético explora rimas, assonâncias e aliterações, o que torna a linguagem lúdica e adequada ao público-alvo. Com efeito, o diferencial do texto de Chico Buarque é a exploração das potencialidades do poético, sem deixar de enfatizar a temática ligada à superação divertida e jocosa dos medos infantis. Por outro lado, e paralelamente à leitura lúdica, há, nas entrelinhas, outra possibilidade de interpretação, já que o texto aborda também a repressão, aspecto dominante da época em que foi escrito, sob forte censura. Título: Chapeuzinho Amarelo | Autor: Chico Buarque | Ilustrador: Ziraldo | Editora: José Olympio Editora | Ano de publicação: 2014

Mateus e seu gato vermelho Na narrativa de Mateus e seu gato vermelho, a escritora argentina (e também cantora, compositora e professora) Silvina Rocha, o protagonista é um menino muito inventivo que, um dia, tendo ganhado um caderno, resolve desenhar um inusitado gato vermelho e alegre. A ação narrativa desenvolve-se em torno desse acontecimento. A imaginação e a criatividade de Mateus fazem com que ele vá acrescentando detalhes e informações ao cenário inicialmente criado para receber o gato vermelho: o pratinho de leite, o novelo de lã, a bola; até mesmo um pequeno rato é criado para complementar o habitat do gato vermelho. Trata-se de uma sensível alegoria dos poderes da fantasia infantil e da maneira como é possível construir mundos a partir da arte e da imaginação. Título: Mateus e seu gato vermelho | Autora: Silvina Rocha | Ilustradora: Lucía Mancilla Prieto | Tradutora: Mila Dezan | Editora: Caramelo | Ano de publicação: 2014

Pati e os lobos A obra Pati e os lobos, da escritora e ilustradora sueca Pija Lindenbaum, apresenta a história de uma menina que tem medo de tudo. Na escola onde estuda, costuma ficar à margem das brincadeiras e aventuras dos colegas, pois imagina que algo sempre pode dar errado. Esse é o conflito principal, em torno do qual a narrativa se estrutura. Mas a garota é obrigada a enfrentar seus piores medos e pavores quando, durante um passeio pelo bosque, com a turma da escola, ela se vê perdida e diante de lobos cinzentos e dentuços. Encena-se, portanto, um verdadeiro rito de passagem na vida da protagonista, a partir do enfrentamento e da superação dos inimigos imaginários, na história, representados pelos lobos cinzentos. A garota vai descobrir também que não são sempre aquilo que parecem ser. Título: Pati e os lobos | Autora: Pija Lindenbaum | Ilustradora: Pija Lindenbaum | Tradutora: Fernanda Sarmatz Akesson | Editora: Companhia das Letrinhas | Ano de publicação: 2014

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Literatura em movimento - Acervos Literários do Kit Escolar 2016

O piolho A obra O piolho, do consagrado escritor mineiro Bartolomeu Campos de Queirós, constrói-se a partir da exploração gráfica da palavra “piolho”, que se desdobra em outras duas: olho e repolho. Criam-se, a partir daí, lúdicos e divertidos jogos de linguagem, que são valorizados pelo texto visual, por meio das ilustrações profusamente coloridas e bastante representativas do texto verbal, elaboradas pela artista plástica e designer Adriana Mendonça. A escolha de um ser repulsivo e pouco literário como o piolho e a sua consequente transformação em figura divertida, algo cômica, é um estímulo para o pequeno leitor também se aventurar na criação de jogos de palavras inusitadas e engraçadas, por meio da técnica da “palavra que puxa palavra”. Título: O piolho | Autor: Bartolomeu Campos Queirós | Ilustradora: Adriana Mendonça | Editora: RHJ | Ano de publicação: 2003

O menino que tinha uma panela na cabeça A obra O menino que tinha uma panela na cabeça é mais uma história protagonizada pelo já célebre “Menino Maluquinho”, personagem criado pelo cartunista Ziraldo. Neste volume, o menino, já com 10 anos, é instado pela professora a escrever a sua “autobiografia”. Inicia-se, então, uma verdadeira “via sacra” em busca das informações mais significativas de sua vida. Ele acaba por concluir que os acontecimentos têm muitas versões, dependendo do ponto de vista de quem os conta ou reconta. A solução para o desencontro de informações está em um “baú de memórias”, montado pelo avô. Por meio de pequenos restos do passado (pedaços de brinquedo, cartões postais, botões), o menino consegue, afinal, escrever um pequeno texto e propor uma interessante “autobiografia” do futuro, em que o protagonista se desdobra em muitas atividades profissionais. Título: O menino que tinha uma panela na cabeça | Autora: Anna Muylaert | Ilustrador: Ziraldo | Editora: Melhoramentos | Ano de publicação: 2013

Olívia e o grande segredo Olívia é uma gatinha que não consegue guardar segredos. E, ao contar o segredo da sua melhor amiga para outro bichinho, ele acaba se espalhando e chegando aos ouvidos da Júli, que foi quem contou o segredo para Olívia. A história é bastante divertida e reproduz um hábito comum das pessoas de quererem sair contando para todo mundo fofocas da vida alheia. Dessa forma, além de divertir os pequenos leitores, a obra também provoca reflexões sobre a conduta das pessoas, no que se refere ao respeito à privacidade alheia. As ilustrações acompanham a sequência na qual vai se espalhando o segredo, assemelhando-se à brincadeira do “telefone sem fio”. As expressões das personagens e as suas ações completam o sentido do texto, ajudando os leitores iniciantes a interpretarem a história. Título: Olívia e o grande segredo | Autor: Tor Freeman | Ilustrador: Tor Freeman | Tradutora: Gilda de Aquino | Editora: Brinque-book | Ano de publicação: 2014

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Primeiro Ciclo

O rei dos animais A obra O rei dos animais é uma fábula bem-humorada sobre o poder e a responsabilidade nele implicada. A narrativa conta que, certo dia, o rei dos animais resolve usar todo o seu poder para ditar leis que facilitassem a sua vida, sem se preocupar com as repercussões que essas leis arbitrárias causariam na vida dos outros. Cansados de tantas regras, os animais decidem depor o leão do seu título de rei dos animais e escolhem a girafa para assumir a liderança da floresta. Porém, o poder lhe sobe à cabeça e ela acaba cometendo os mesmos erros do leão. Assim, esta divertida fábula ajuda o leitor a refletir sobre questões políticas sempre atuais, dando condições para que ele se torne um cidadão crítico e atuante na sociedade. Título: O rei dos animais | Autor: Miguel Tanco | Ilustrador: Miguel Tanco | Tradutora: Graziela R. S. Costa Pinto | Editora: Edições SM | Ano de publicação: 2014

Era um avesso: curiosas historietas e rimas que deram na veneta A obra Era um avesso é uma narrativa divertida e inteligente, cuja originalidade instiga a inteligência e o senso crítico da criança, por meio da intertextualidade com outros contos de fadas. As personagens das historietas agem de modo diferente dos padrões de comportamento encontrados na maioria dos contos de fadas e nas parlendas. Subvertendo a ordem natural das coisas, mudando tudo de lugar e de sentido, o autor brinca com as palavras por meio da escrita de pequenos e inusitados textos, rompendo com a linearidade da narrativa tradicional dos contos de fada, criando ricas intertextualidades e, ainda, alterando as características habituais de seus personagens. O livro tem potencial para encantar grandes e pequenos leitores, com suas rimas engraçadas, versos fluidos e diferenciados. Título: Era um avesso: curiosas historietas e rimas que deram na veneta | Autor: Márcio Januário Pereira | Ilustrador: Biry Sarkis | Editora: Compor | Ano de publicação: 2013

A fome do lobo A fome do lobo é um conto acumulativo que narra a história de um lobo faminto que sai à procura de uma presa para saciar a sua fome. Porém, cada animal que ele captura inventa uma justificativa para enganá-lo, e o lobo acaba desistindo de comê-lo. E assim, de bicho em bicho, o lobo atravessa floresta em busca de algo que possa alimentá-lo, mas em vão. No fim da tarde, cansado e extremamente faminto, chega a uma casa onde mora uma família. Lá, é recebido por uma criança e, sem esperar que a porta fosse aberta, entra, ameaçando devorar todos que moram ali. Para sua surpresa, a avó da criança o convida para comer uma deliciosa macarronada que ela tinha acabado de preparar; assim, a fome do lobo é saciada e ele se torna amigo da família. Além de um enredo envolvente, a história conta também com belíssimas ilustrações que a completam e a tornam muito mais emocionante. Título: A fome do lobo | Autora: Cláudia Maria de Vasconcellos | Ilustrador: Odilon Moraes Editora: Iluminuras | Ano de publicação: 2014

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Ônibus A obra Ônibus, da autora canadense Marianne Dubuc, relata a experiência de uma menina que nunca havia andado de ônibus sem a companhia de alguém. No entanto, a menina entra em um ônibus nada convencional. Os passageiros são animais que agem como humanos. As ilustrações fazem referências ao conto clássico de “Chapeuzinho Vermelho”. Os detalhes das imagens comunicam mais do que a linguagem escrita, seja pelas precisas caracterizações dos personagens ou pelas pistas que as cenas vão deixando pelo caminho. O livro é um jogo de detalhes e significados. As frases curtas e as letras em caixa alta vão chamar a atenção dos leitores dos anos iniciais, que estão iniciando no processo de alfabetização. O livro é apresentado em páginas duplas que se tornam uma só, fazendo com o que o leitor acompanhe a jornada como se fosse um filme. A autora brinca com as referências e cativa o leitor a cada virada de página. Título: Ônibus | Autora: Marianne Dubuc | Ilustradora: Marianne Dubuc | Tradutora: Maria Viana | Editora: Jujuba | Ano de publicação: 2014

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Kit escolar 2016 SEGUNDO CICLO


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Um mar de gente A obra Um mar de gente conta a história de uma menina que conhece o mar, possibilitando a reflexão sobre o outro, porque a identificação da protagonista, como menina, faz com que o leitor reconheça a personagem como qualquer criança, dona de uma história comum a tantos brasileiros. As descobertas da protagonista, em seu primeiro dia na praia, favorecem, por sua vez, a reflexão sobre si mesma e sobre a realidade, porque os leitores confrontam traços de sua vivência e de sua realidade próprias com as experiências vivenciadas pela personagem. Assim, as percepções da garota confirmam como a sua vivência pode instigar a reflexão sobre a realidade, no momento em que a personagem verifica a existência de realidades e pessoas diferentes de seu ambiente habitual. Trata-se de uma obra simples, de leitura inicial, mas cujo projeto gráfico-editorial apresenta aspectos bastante positivos em razão do diálogo estabelecido entre as ilustrações e o texto verbal. Título: Um mar de gente | Autora: Ninfa Parreiras | Ilustradora: Suppa | Editora: Florescer| Ano de publicação: 2014

Fases da lua e outros segredos Inspirada em indagações e figuras de linguagem criadas por seus dois filhos, Marilda Castanha – importante autora e ilustradora da literatura infantil brasileira – compõe o seu Fases da lua e outros segredos, recriando, de forma poética e sensível, as descobertas infantis sobre fatos da vida, do cotidiano de todas as crianças na fase dos porquês e das explicações criativas de que quem lida com a linguagem de forma imaginativa e lúdica, como no poema “Seres aéreos”. “A mãe afirmava: / – Tudo que balança no ar, voa. / – É mesmo – concordou o menino – / Passarinho, helicóptero, morcego, asa-delta e borboleta. / – E também urubu, mosquito, libélula, gaivota, beija-flor e avião. / Logo o menino silencia, / fica pensando e completa: / – Mas rabo de cachorro NÃO!”. Os diálogos, seja com a menina ou com o menino, são ilustrados de forma primorosa, em perfeita sintonia com a ludicidade dos textos. Título: Fases da lua e outros segredos | Autora: Marilda Castanha | Ilustradora: Marilda Castanha | Editora: Peirópolis | Ano de publicação: 2014

O lenhador e a pomba A obra O lenhador e a pomba, do escritor e ilustrador holandês Max Velthuijs, é uma adaptação de história dos Irmãos Grimm. A narrativa tem como temática a ganância do ser humano, que nunca está satisfeito com o que tem. O pobre lenhador tem um desejo realizado por uma pomba encantada, mas não fica satisfeito e quer mais, até que começa a provocar dor e sofrimento em outras pessoas para acumular riquezas, sendo castigado e perdendo tudo o que havia conquistado. O tema da narrativa e a forma como é apresentado são pertinentes ao jovem leitor, com potencial para ampliar as suas referências culturais e éticas e contribuir para a reflexão sobre o outro e sobre si próprio. Pela sua obra de ilustrador de literatura infantil, o autor recebeu, em 2004, o prêmio Hans Christian Andersen, concedido pela International Board on Books for Young People. Título: O lenhador e a pomba | Autor: Max Velthuijs | Ilustrador: Max Velthuijs | Tradutora: Marília Garcia | Editora: Paz & Terra | Ano de publicação: 2014

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Segundo Ciclo

Chiquinha, escola e mundo afora Esta narrativa sequencial, dirigida ao público infantil, é protagonizada por personagem criada pelo cartunista e ilustrador Miguel Paiva. Na obra, são apresentadas as coisas de que Chiquinha gosta, além de suas vivências e contatos em um mundo tecnológico, permeado de computadores, celulares e amizades virtuais. No fundo, Chiquinha gosta mesmo é de viajar e pretende, quando crescer, ser uma “viajante profissional”. Os quadrinhos são justapostos em vários níveis, combinando imagens e sequências com uma linguagem simples para introduzir a história, com personagens que preenchem o mundo virtual, real e histórico de Chiquinha. A presença de um traço simples, com domínio da arte do desenho, marca as ilustrações emolduradas de forma harmônica. As imagens integram o universo infantil; a leitura se torna dinâmica, por meio da sucessão rápida de imagens e textos curtos e o formato dos quadrinhos é convidativo ao público-alvo. Título: Chiquinha, escola e mundo afora | Autor: Miguel paiva | Ilustrador: Miguel Paiva | Editora: Florescer | Ano de publicação: 2014

Contos de Grin Golados Contos de Grin Golados é uma obra que reconta, de modo bem-humorado, três contos infantis clássicos dos irmãos Grimm: “Chapeuzinho Vermelho”, “Rapunzel” e “Os Três Porquinhos”. Os títulos são modificados para, respectivamente: “Chapeuzinho de Natal”; “Rapunzel no alto da torre” e “Pedrito, Palito e Palhaço”, mas as narrativas mantêm os principais elementos do original, o que permite ao leitor estabelecer relações intertextuais. A obra apresenta, ao longo dos contos, outras referências literárias e musicais como: Menino Maluquinho, Reinações de Narizinho, Menina Bonita do Laço de Fita e Arca de Noé, dentre outras. O texto e as imagens estão distribuídos de forma harmônica, permitindo o diálogo entre esses dois signos e ampliando suas possibilidades significativas. As ilustrações são expressivas, chamando a atenção pela função variada que cumprem nas narrativas: ora descrevem o que está no texto, ora o complementam. Assim, texto e ilustração valem-se da intertextualidade de modo criativo no sentido de incitar o imaginário do leitor. Título: Contos de Grin Golados | Autor: Leo Cunha | Ilustrador: Eliardo França | Editora: Signo | Ano de publicação: 2012

Breve história de um pequeno amor O enredo de Breve história de um pequeno amor, de Marina Colasanti, focaliza a história de amor e companheirismo que se desenvolve entre uma mulher solitária, moradora de um apartamento, e uma ave. Ao fazer obras de reparo no telhado do prédio, ela se depara com um ninho de pombo com dois pequenos filhotes. A partir dessa descoberta, a mulher vê sua vida transformar-se lentamente, em função da relação de cumplicidade e amor que vai sendo criada. Trata-se de uma bela alegoria sobre a existência: o filhote de pombo representando a juventude e o seu ímpeto; e a mulher madura simbolizando as possibilidades de aprendizado que as transformações naturais que acometem seres e coisas propiciam. Título: Breve história de um pequeno amor | Autora: Marina Colasanti | Ilustradora: Rebeca Luciani | Editora: FTD | Ano de publicação: 2013

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O fio de Ariadne A obra é um pequeno conto traduzido do espanhol, que aborda o conflito entre pai e filha, em linguagem cheia de referências simbólicas e densidade poética e psicológica, acentuadas por ilustrações delicadas, abertas à participação estética dos leitores. O projeto gráfico-editorial é cuidadoso e os paratextos são adequados para o leitor em formação, com destaque para as biografias que salientam a relevante trajetória do autor e da ilustradora no cenário da literatura infantil espanhola. O texto tem qualidade literária e densidade nas imagens poéticas, algumas de caráter onírico, como esta: “apanha um estranho peixe, segura-o, abre as mãos e ele voa”. A obra se abre à participação dos leitores, que, só no final, saberão, por exemplo, a razão por que a protagonista chorava: o pai havia gritado com ela. Outra qualidade do texto é sua referência intertextual com o mito grego, desde o título até a metáfora final, quando a menina reencontra o pai: “Ela vê um minotauro enfurecido (...) De repente, o minotauro desaparece e o pai, com um sorriso nos lábios...”. Título: O fio de Ariadne | Autor: Javier Sobrino | Ilustradora: Elena Odriozola | Tradutora: Paloma Vidal | Editora: Rodopio | Ano de publicação: 2013

Joões e Marias Na obra Joões e Marias, da dupla José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta, é uma divertida releitura do célebre conto de fadas “João e Maria”. O diferencial da proposta é a possibilidade de o enredo desdobrar-se em inúmeros outros, pois cabe ao leitor decidir, por meio de comandos fornecidos pelo próprio texto, qual a versão que ele deseja ver desenvolvida. É como se fosse um jogo de armar. Têm-se, então, quatro histórias que transcorrem paralelamente à história de “João e Maria”, o que explica o plural contido no título da edição. O outro diferencial é a linguagem extremamente irônica e bem-humorada, que atualiza o conto da tradição oral, coletado pelos Irmãos Grimm, adequando-o ao universo das vivências mais caras ao jovem leitor contemporâneo. Título: Joões e Marias | Autores: José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta | Ilustrador: Laurent Cardon | Editora: Alfaguara | Ano de publicação: 2014

Cordelendas A obra Cordelendas, do escritor, educador e contador de histórias César Obeid, com ilustrações de Nireuda Longobardi, contém seis histórias narradas em forma de cordel que dialogam com a tradição das narrativas e lendas indígenas brasileiras. As personagens nela presentes são animais da fauna nacional, ligadas ao universo mítico e simbólico das tribos brasileiras como o papagaio, o sapo, a onça, o jabuti e o jaguar. Há também a presença de seres mágicos como o caipora, que remete ao mundo das lendas indígenas. Narradas em ritmo de cordel e com a utilização de rimas e ritmos próprios ao gênero, essas histórias constituem patrimônio imaterial da cultura popular brasileira, pois ajudam a manter viva a tradição oral dos povos da floresta. Título: Cordelendas | Autor: César Obeid | Ilustradora: Nireuda Longobardi | Editora: Editora do Brasil | Ano de publicação: 2014

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Segundo Ciclo

O leão e o camundongo O livro de imagens O leão e o camundongo, do escritor e ilustrador americano Jerry Pinkney, propõe-se a recontar a célebre fábula de Esopo, que retrata a relação de cumplicidade e solidariedade entre um camundongo e um leão. Ambos os animais representam alegorias: um simboliza o fraco e sem poder; o outro, por sua vez, é a expressão do poderio e da grandeza. Ao se ajudarem mutuamente, o fraco e o forte, o pequeno e o grande, é tecida uma alegoria da condição humana, que busca equilibrar dois polos, muitas vezes vistos como antagônicos e conflitantes. As belas ilustrações traçam um continuum narrativo detalhado, o que valoriza as nuances mais sutis do enredo imaginado por Esopo e atualizado nesta edição moderna. Título: O leão e o camundongo | Autor: Jerry Pinkney | Ilustrador: Jerry Pinkney | Tradutora: Monica Stahel | Editora: WMF Martins Fontes | Ano de publicação: 2011

Mel na boca Mel na boca, do conhecido escritor e ilustrador André Neves, é a delicada história da convivência e da aprendizagem mútua entre um avô e seu neto. Um terceiro personagem ajuda a criar o cenário da trama: um pintassilgo preso em uma gaiola. A analogia entre o avô (ex-músico de banda de cidade do interior), o neto (apreciador de música e provável seguidor dos passos do avô) e o pássaro cativo é evidente, pois o gosto musical é o elemento que aproxima os três personagens. O ritual de passagem por eles vivido cumpre-se quando o menino consegue andar de bicicleta sozinho, sem o auxílio das rodinhas, logo após ter libertado o pássaro. O avô compreende o gesto do menino; entende que ambos estão vivenciando um processo de transformação. Usufruem, assim, dos benefícios da liberdade ou a libertação de medos e angústias: o avô, o menino, o pássaro. Título: Mel na boca | Autor: André Neves | Ilustrador: André Neves | Editora: Cortez | Ano de publicação: 2014

Toca de gente, casa de bicho A referência mais imediata do pequeno conto Toca de gente, casa de bicho, do escritor Mauro Martins, é a história bíblica de Noé e sua arca cheia de animais. Em tom bem -humorado, narra-se a história de uma família constituída por pai, mãe, filho, avós, empregada e filha da empregada, todos habitantes de uma casa que era também uma espécie de zoológico ou de arca bíblica, pois nela morava cerca de 349 bichos de todas as espécies. O conflito narrativo instaura-se quando a mãe, por não suportar mais tamanha bagunça e confusão, dá um ultimato à família, em termos radicais, obrigando-a a escolher: “Ou eu ou os bichos”. Inúmeras peripécias são relatadas até que o desfecho imprevisível aconteça. Título: Toca de gente, casa de bicho | Autor: Mauro Martins | Ilustrador: Flávio Fargas | Editora: In Pacto | Ano de publicação: 2009

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Literatura em movimento - Acervos Literários do Kit Escolar 2016

A menina que perdeu as cores A protagonista da narrativa A menina que perdeu as cores descobre, certo dia, ao acordar, que havia deixado de enxergar as cores. Dessa forma, seu mundo estava agora resumido ao preto, ao branco e ao cinza. A menina procura, então, adaptar-se à nova realidade e descobrir os encantos de um universo monocromático e monótono. Produzida em linguagem lírica e com andamento rápido, a narrativa enfoca a percepção, os conflitos e as angústias da protagonista, ao ter que desenvolver em si mesma a capacidade de lidar com uma realidade nova e, por vezes, hostil. O desfecho da história, inconcluso, aberto e imprevisível, oferece ao leitor a oportunidade de exercitar a imaginação, construindo sentidos possíveis para a resolução do conflito central encenado no texto. Título: A menina que perdeu as cores | Autor: Marcelo Moutinho | Ilustradora: Anabella López | Editora: Pallas | Ano de publicação: 2013

Asterix entre os pictos A obra Asterix entre os pictos, escrita por Jean-Yves Ferri, apresenta fatos históricos, misturados a referências à cultura popular. As tiradas cômicas e as aventuras vivenciadas pelos personagens é capaz de agradar aos leitores de todas as idades. Os quadrinhos contam que, no inverno, um homem preso em um grande bloco de gelo vai parar na aldeia dos gauleses. Todos se reúnem para ajudá-lo, e Asterix e Obelix decidem viajar à distante Escócia. Lá, conhecem diversos clãs de pictos, enfrentam um líder malvado e tentam trazer a paz à região. O desenhista fez a opção de usar alguns quadros maiores para retratar a aldeia dos gauleses, o encontro com o monstro do Lago Ness, a aldeia dos pictos e a chegada dos romanos à Escócia. Os detalhes das cenas motivam os leitores a se debruçarem sobre os quadrinhos a fim de não perderem nenhum dos detalhes dessa emocionante aventura. Título: Asterix entre os pictos | Autor: Jean-Yves Ferri | Ilustrador: Didier Conrad | Tradutor: Gilson Dimenstein Koatz | Editora: Record | Ano de publicação: 2013

Brisa na janela Com o traço delicado, um pouco de humor e a pureza das imagens, a autora e ilustradora Elma expressa, por meio de suas ilustrações e palavras, as emoções divididas entre uma avó e sua neta. A menina Brisa, por ter esse nome, adorava brincar com o vento. E, como também gostava de desenhar, queria registrar a ventania nos seus desenhos, mas não sabia como representar algo que não via. Para ajudar a neta, a avó sopra no seu ouvido palavras em forma de poesia. Assim, a menina compreende que, com sensibilidade e imaginação, pode desenhar o vento passando sobre as coisas e as pessoas. Dessa forma, é capaz de realizar o seu desejo. A simplicidade e a leveza da narrativa podem criar no leitor a possibilidade de acalmar a ansiedade e refrescar os pensamentos. Título: Brisa na janela | Autora: Elma | Ilustradora: Elma | Editora: Cortez | Ano de publicação: 2014

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Segundo Ciclo

Boule & Bill – A turma do Bill Esta obra é mais uma edição das bem-humoradas histórias de Boule & Bill, um garotinho travesso e seu fiel cachorro Bill. A produção, criada por Jean Roba no fim dos anos 1950, tem um teor nostálgico e uma impassível inocência de seus personagens, sem perder a chance de ensinar coisas novas às crianças. Mesmo abordando assuntos modernos em suas mais recentes edições, assinadas por Laurent Verron, a obra consegue manter um alto valor literário, arrebatando leitores de todas as idades. O livro traz histórias completas dos dois amigos, dando um maior espaço às ilustrações, numa narrativa de fantasia e ternura que mistura elementos do universo infantil com a realidade dos adultos. É uma HQ em formato diferenciado, que encanta pela leveza de sua história e de seus desenhos. Título: Boule & Bill – A turma do Bill | Autor: Laurent Verron | Ilustrador: Laurent Verron | Editora: Nemo | Tradutor: Fernando Scheibe | Ano de publicação: 2013

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Kit escolar 2016 TERCEIRO CICLO


Literatura em movimento - Acervos Literários do Kit Escolar 2016

Memórias de um cabo de vassoura Constituindo uma obra já clássica da literatura infantojuvenil nacional, Memórias de um cabo de vassoura, de Orígenes Lessa, é uma narrativa que, por meio de uma inteligente alegoria, faz uma análise pertinente e atual dos comportamentos humanos. A história do cabo de vassoura, narrador e personagem central, nos é apresentada em um texto cuja fonte e tamanho bem escolhidos são entremeados por poucas ilustrações em preto e branco, mas em perfeito diálogo com o texto, que remete aos traços comuns aos livros dos anos 1960 e 1970. Além de uma pequena biografia do autor, a obra relaciona os títulos publicados pelo autor, como o consagrado O feijão e o sonho. A obra é bem sucedida na proposta de ampliar as referências estética e cultural do leitor, com alusões a Aleijadinho e sua arte, ou a presença, em meio ao enredo, de trechos de músicas já consagradas no imaginário popular como “Fita amarela”. Portanto, Memórias de um cabo de vassoura é um clássico resgatado em bom projeto gráfico-editorial, que tem potencial para cativar os leitores de hoje. Título: Memórias de um cabo de vassoura | Autor: Orígenes Lessa | Ilustrador: Avelino Guedes | Editora: Global | Ano de publicação: 2012

O nascimento de Celestine O nascimento de Celestine faz parte da série de álbuns ilustrados Ernest e Celestine, da famosa escritora belga Gabrielle Vincent, falecida em 2000 e reconhecida mundialmente pela sua produção, inspirando longa-metragem de animação de mesmo nome, finalista do Oscar de 2014. No Brasil, seu livro A pequena marionete recebeu o prêmio de melhor livro de imagem, em 2007, concedido pela FNLIJ. No livro, com delicadas ilustrações a pincel e tinta sépia, a autora narra a história de como Ernest, um urso solitário e de bom coração, encontrou a ratinha Celestine e de como ambos se tornaram companheiros inseparáveis. Um clássico sensível e comovente, que praticamente dispensa as palavras, e toca direto o coração do leitor. Título: O nascimento de Celestine | Autora: Gabrielle Vincent | Ilustradora: Gabrielle Vincent | Editora: 34 | Ano de publicação: 2014

O homem que lia as pessoas Trata-se de uma narrativa de memórias, escrita em primeira pessoa por um menino que estuda no terceiro ano. Por meio do texto, ele recupera a figura do falecido pai, sujeito com a capacidade de ler as pessoas, prestando atenção a signos não verbais como olhar, gesto, caminhar, vestuário, ações. A criança é, portanto, testemunha dos fatos vividos, todos eles centrados na imagem paterna. Para a qualidade da obra, concorre o projeto gráfico-editorial muito bem-sucedido e as ilustrações, sugestivas pelas suas cores, movimento e jogos de luz e sombra, harmonizando-se de forma expressiva com o texto verbal. Na quarta capa, há uma apresentação da obra, que sintetiza sua proposta: “no esforço de compreender um traço paterno – a capacidade de ‘ler as pessoas’ –, um menino resolve escrever um livro de memórias. Em meio às lembranças de palpites certeiros do pai sobre a inocência de um cigano, a má intenção de dois rapazes, o resultado de uma partida de futebol, a história revela a construção do vínculo entre pai e filho”. Título: O homem que lia as pessoas | Autor: João Anzanello Carrascoza | Ilustrador: Nelson Cruz | Editora: Moitará | Ano de publicação: 2013

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Terceiro Ciclo

Haicai do Brasil Haicai do Brasil é uma coletânea de poemas concisos e fortemente imagéticos, de autores brasileiros, que podem instigar o jovem estudante. Os poemas reúnem aspectos peculiares aos haicais, como a síntese, o emprego de 17 sílabas e a busca por imagens contundentes. Há poetas menos conhecidos e também grandes nomes da literatura nacional, como Carlos Drummond de Andrade, Érico Veríssimo, Mario Quintana. A variedade de escolas e influências é um dos pontos fortes da obra, que mostra inovações brasileiras no haikai, identificadas, por exemplo, na presença de título e rima (inexistentes na forma tradicional japonesa), como em “Noturno”, de Guilherme de Almeida. Os versos são compreensíveis para o leitor em formação, deixando entrever o caráter lúdico obtido pelo intertexto ou pelo mero exercício formal, retratos singelos do cotidiano ou associações insólitas. As ilustrações são minimalistas como o haicai e conferem movimento e expansão ao conjunto. As poucas linhas de cada desenho, em geral horizontais, remetem, muitas vezes, à arte japonesa da caligrafia e sugerem avanço contínuo, algo que confere agilidade ao texto. Título: Haicai do Brasil | Autores: Olga Savary, Oldegar Vieira, Teruko Oda et al. | Ilustradora: Adriana Calcanhoto | Organizadora: Adriana Calcanhoto | Editora: Edições de Janeiro | Ano de publicação: 2014

Visita à baleia A obra narra a relação de um menino com o mundo e seu pai. A visita a uma baleia, exposta na cidade, é o pretexto para levar o leitor ao pensamento da criança, com seu potencial imaginativo e analítico. A cada página, a narrativa apresenta novas situações de tensão, expectativa e humor, mantendo o interesse do leitor. A ilustração amplia o texto verbal e o complementa, compondo uma obra agradável e atrativa. Desde a capa, percebe-se a opção provocativa do ilustrador: o título refere-se a uma baleia, mas a ilustração traz apenas uma montanha verde, com um esboço de bicicleta e três pessoas em cima. A imagem da baleia só aparece nas últimas páginas e de forma esboçada, mantendo a expectativa até o fim. Mesmo quando aparece a imagem da baleia, ela é um esboço, e o leitor tem espaço para imaginar o animal conforme queira. Alguns recursos utilizados na ilustração potencializam os sentimentos presentes no texto. Trata-se, portanto, de um texto ágil, lúdico e complexo, pelas reflexões que provoca sobre a relação entre adultos, crianças e sociedade. Título: Visita à baleia | Autor: Paulo Venturelli | Ilustrador: Nelson Cruz | Editora: Posigraf Ano de publicação: 2013

Có & Birds Este livro de história em quadrinhos, de Gustavo Duarte, compõe-se de duas narrativas: “Có!” e “Birds”, ambas com ação narrativa concentrada em torno de uma ameaça. Na primeira história, ocorre o ataque de alienígenas a um sítio, cujo dono entra em conflito com os invasores que querem roubar seus porcos e galinhas. Na segunda história, alguns pássaros tentam driblar a funesta presença da morte, enganando-a. Inteiramente ilustrado em branco e preto, as imagens têm um toque moderno e minimalista. Um dos pontos fortes da obra é o fino senso de humor e ironia que perpassa ambas as narrativas. Pelo fascínio que os quadrinhos exercem, especialmente sobre os jovens leitores, a obra tem potencial para proporcionar uma leitura rica de significados. Título: Có & Birds | Autor: Gustavo Duarte | Ilustrador: Gustavo Duarte | Editora: Quadrinhos na Cia | Ano de publicação: 2014

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Literatura em movimento - Acervos Literários do Kit Escolar 2016

Quem conta um conto aumenta um ponto: histórias criadas a partir de ditados populares O livro intercala 13 poemas curtos com 12 pequenos contos, explorando dizeres apresentados em ditados populares bastante conhecidos. A autora explora diversos recursos expressivos para abordagem dos temas e gêneros explorados. Tanto nos contos quanto nos poemas, há uso do humor, provocado pela quebra de expectativa, como, por exemplo, no conto “macaco velho não bota a mão em cumbuca”, em que os personagens, sem saber, participam de propaganda eleitoral, e o velhinho que todos achavam tolo se mostra o mais esperto. As histórias têm encadeamento bem-articulado, uma apresentação breve dos personagens, a situação-problema e sua solução, envolvendo diálogos, o que torna a leitura leve e prazerosa. Geralmente, os contos e os versos caminham de forma que os textos terminem com o provérbio a que se referem; isso, às vezes, é feito de forma que surpreende o leitor, mesmo que ele já tenha lido o provérbio no título, como, por exemplo, em “casa de ferreiro, espeto de pau”. Título: Quem conta um conto aumenta um ponto: histórias criadas a partir de ditados populares | Autora: Bel Assunção Azevedo | Ilustradora: Sônia Magalhães | Editora: Autêntica | Ano de publicação: 2014

Bom mesmo é correr! A obra é uma novela sobre a relação de dois jovens que aprendem a lidar com as dificuldades de aceitação pelos outros jovens, principalmente na escola. Johnny é o menino de óculos grandes e redondos, com boné e mochila nas costas, que, no caminho da escola, encontra a menina que será sua companheira de conversas e descobertas. A história do menino que corre até a escola e quer ser policial proporciona um encontro dos leitores com jovens com dificuldade de aprendizagem e de adaptação. Por ser considerada superdotada, Daphne também não consegue adaptar-se à escola. As relações familiares dos dois personagens aparecem na narrativa de forma sutil e sob a ótica dos jovens. A história é envolvente, pois Johnny e Daphne descobrem cumplicidades e sensações, assim como estratégias para correr de tudo o que os entristece. Assim, a obra apresenta rica discussão de temas como a dificuldade de aprendizagem e de adaptação dos jovens às dinâmicas escolares, numa linguagem leve, sem didatismos e com muita poesia. Título: Bom mesmo é correr! | Autora: Jo Hoestlandt | Ilustradora: Mariangela Haddad | Tradutora: Ana Carolina Oliveira | Editora: Dimensão | Ano de publicação: 2014

Aquela água toda Os onze contos que compõem este volume apresentam questões e problemáticas comumente associadas ao universo juvenil: a primeira experiência de contato com o mar, o primeiro amor, os rituais de iniciação ao amor e à amizade, os momentos de paz e tranquilidade em família, os medos, o sofrimento e a dor, a vivência da morte e a consciência da finitude das coisas e dos seres, tudo contado sob a perspectiva de um narrador adolescente, com capacidade reflexiva para interrogar-se a respeito dos grandes temas metafísicos que atormentam o ser humano. Com profundidade psicológica, escritos em linguagem lírica e ágil, os contos podem proporcionar, ao jovem leitor, uma rica experiência de encontro com o outro e consigo mesmo. Título: Aquela água toda | Autor: João Anzanello Carrascoza | Ilustradora: Leya Mira Bran der | Editora: CosacNaify | Ano de publicação: 2012

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Terceiro Ciclo

O Rio e eu Em tom autobiográfico, a história de O Rio e eu, da consagrada escritora Lygia Bojunga, apresenta a vivência da narradora em relação a dois espaços que lhe são especialmente caros: a cidade do sul do Brasil em que nasceu e o Rio de Janeiro, para onde se muda ainda na infância. O Rio, obviamente, será o cenário onde transcorre a maior parte dos acontecimentos da vida da narradora: a adolescência vivida à beira-mar, os namoros, as amizades, o primeiro emprego, o encantamento pelo teatro e pela arte. Trata-se de uma sensível declaração de amor à cidade que dá título ao volume, escrita em linguagem poética e endereçada a todos os que se sentem atraídos pela beleza da paisagem e pelo esplendor da cultura carioca. Título: O Rio e eu | Autora: Lygia Bojunga | Ilustradora: Zizi Sapateiro | Editora: Casa Lygia Bojunga | Ano de publicação: 2010

Os três ratos de Chantilly Com projeto gráfico e ilustrações primorosas, Os três ratos de Chantilly é uma fábula que tem como protagonistas três ratinhos cegos. A ação narrativa tem início com os três personagens caminhando por uma estrada. Eles encontram uma coruja que lhes oferece alguns benefícios. Sabe-se que a coruja é um animal ligado à simbologia tanto da sabedoria quanto da esperteza. A coruja da história é ardilosa e matreira e tenta enganar os ratinhos. A moralidade da fábula diz respeito à capacidade de os ratinhos conseguirem vencer a esperteza da coruja, ludibriando-a. No final da história, eles seguem seu percurso de andarilhos, sabendo que não se pode confiar em todos que inopinadamente aparecem pelo caminho e oferecem facilidades. Título: Os três ratos de Chantilly | Autor: Alexandre Camanho | Ilustrador: Alexandre Camanho | Editora: Jogo de Amarelinha | Ano de publicação: 2014

Manual da delicadeza de A a Z Os 26 poemas que compõem esta edição de Manual da delicadeza de A a Z, de Roseana Murray, estão todos atravessados por uma temática que se preocupa com certas grandes questões da existência humana: as relações entre o indivíduo e o planeta, a problemática da consciência da transitoriedade da vida, o encontro harmonioso com o outro, os sentimentos de amor e solidariedade para com todas as coisas e seres que habitam o universo. Trata-se de poesia que se debruça sobre as grandes interrogações existenciais humanas mais do que se preocupa com a utilização dos recursos expressivos da linguagem poética. A estratégia utilizada para levar a cabo tal empreitada é a de construir um alfabeto de palavras-conceito (tais como zelo, esperança, afago, dádiva, tempo, silêncio) e, a partir delas, produzir o poema. Título: Manual da delicadeza de A a Z | Autora: Roseana Murray | Ilustrador: Elvira Vigna Editora: Quinteto Editorial | Ano de publicação: 2014

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A história de O nariz A história do nariz, originalmente narrada por Nikolai Gogol, é recontada, nesta edição, por Andrea Camilleri e ilustrada por Maja Celija. A narrativa tem início com um dos seus personagens principais, o barbeiro Ivan Jákovlevich, que, num certo dia, para a sua surpresa, encontra um corpo estranho no meio do seu pão. A coisa esbranquiçada que ele encontrou era o nariz de um homem e Ivan o reconhece: pertencia ao major Kovalev. Assim, inicia-se uma série de acontecimentos, até que o nariz pudesse retornar ao seu dono. A história do nariz é um caso extraordinário de muitos que ocorrem nas histórias de ficção. Contudo, o autor conseguiu elaborar um enredo ao mesmo tempo intrigante, crítico e cômico, capaz de seduzir os leitores e tornar-se parte de um importante legado deixado por Gogol para a literatura universal. Título: A história de O nariz | Autor: Nikolai Gogol | Recontada por: Andrea Camilleri | Ilustradora: Maja Celija | Tradutora: Joana Angélica D’Avila Melo | Editora: Galera Record | Ano de publicação: 2014

A menina do mar A menina do mar é o primeiro conto da autora Sophia de Mello para a infância e foi editado, pela primeira vez, em 1958. O livro conta a história de um rapaz que morava na praia e que um dia, em um dos seus passeios pelos rochedos, se depara com uma menina pequena e de cabelos azuis, dançando com um polvo, um caranguejo e um peixe. A partir daí, nasce uma grande amizade entre eles. Mesmo sendo de mundos diferentes, a terra e o mar, eles passam a conviver e ensinar um para o outro as singularidades do lugar onde vivem. A menina aprende com o rapaz o que é o amor, a saudade e a alegria. E, depois de ficarem algum tempo separados, o rapaz aceita viver com ela no fundo do mar. A ilustradora Veridiana Scarpelli faz um bonito trabalho com as cores, representando o encontro dos dois universos, colorindo em azul a paisagem que era marrom como a terra, antes da chegada da menina do mar. Título: A menina do mar | Autores: Sophia de Mello e Breyner Andresen | Ilustradora: Veridiana Scarpelli | Editora: Cosac Naify | Ano de publicação: 2014

Pequeno grande herói A narrativa conta a história do garoto Xiao Li, que se torna herói depois que um terrível terremoto destrói boa parte da região onde ele morava, no interior da China. Com a catástrofe, a escola do garoto desaba, e ele consegue se salvar e salvar outros colegas que ainda estavam vivos sob os escombros. O livro conta, de forma leve e bem-estruturada, o que esse menino de apenas 10 anos fez para resgatar os amigos. Para vencer o caos, em direção à ordem, ele utiliza aquilo que a catástrofe natural não pôde destruir: os valores da cultura. Ele usa ainda procedimentos lúdicos, a exemplo dos jogos de pega-varetas e cabra-cega, como estratégias para vencer o desespero de todos os envolvidos na situação catastrófica. O percurso narrativo do herói cativa o leitor, conduzindo-o ao grande desfecho da história, que irá emocionar todos aqueles que se sensibilizam com atitudes verdadeiramente nobres. Título: Pequeno grande herói | Autora: Angela Leite de Souza | Ilustradora: Cris Eich | Editora: Melhoramentos | Ano de publicação: 2013

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Terceiro Ciclo

Calvin e Haroldo – O livro do décimo aniversário A obra faz parte de uma série de tirinhas desenhadas pelo renomado autor Bill Watterson. O personagem principal, Calvin, é um garoto hiperativo de seis anos de idade, com imaginação fértil e que tem um amigo chamado Hobbes, seu tigre de pelúcia com nome de um filósofo inglês, que foi rebatizado como Haroldo aqui no Brasil. O menino considera o brinquedo como sendo o seu melhor amigo e o identifica com as características dos seres humanos. O autor consegue transformar uma HQ cômica em um veículo capaz de invocar emoções e pensamentos filosóficos de uma maneira comovente e inesperada. Ele demonstra, por meio dos seus personagens, a curiosidade sobre o mundo natural e as mazelas da natureza humana. É um livro capaz de agradar crianças, jovens e adultos de qualquer idade. Título: Calvin e Haroldo – O livro do décimo aniversário | Autor: Bill Watterson | Ilustrador: Bill Watterson | Tradutor: Alexandre Bolde | Editora: Conrad | Ano de publicação: 2013

Contos de lugares distantes Os contos do autor Shaun Tan, presentes neste livro, podem parecer improváveis à primeira vista, mas cativam e se tornam mais interessantes a cada página. Em todas as pequenas histórias, a mensagem é clara: o pensamento pode ir além do que os olhos veem. A partir de elementos fantásticos e criaturas imaginárias, o autor retrata fatos do dia a dia. Realidade e fantasia convivem em harmonia e transportam o leitor para dentro desse universo mágico e encantador. As ilustrações misturam diversas técnicas, como colagem, uso de canetinha e de tintas de vários tipos. Os desenhos exprimem uma delicadeza que remete à atmosfera dos sonhos. E o texto e as imagens se complementam perfeitamente, tornando o livro uma verdadeira obra de arte. Título: Contos de lugares distantes | Autor: Shaun Tan | Ilustrador: Shaun Tan | Tradutor: Érico Assi | Editora: Dom Knigi | Ano de publicação: 2014

De não em não De não em não é um texto marcado pela angústia de uma mãe que se encontra impotente diante da fome dos seus filhos. O livro conta a história de uma família que dormia “por terra, entre trastes, frio e mais abandono”, e que é assolada por seu algoz, a “origem das lágrimas dos meninos.”. Tendo como tema central a fome, Bartolomeu Campos de Queirós descreve o mundo real e retrata o sofrimento daqueles que não têm o que comer. O principal recurso de sua prosa poética são as metáforas, que exprimem os sentimentos despertados pela triste realidade social. O autor faz uma crítica ao capitalismo, suas ações perversas e o seu enorme desprezo pelos mais necessitados. O texto desperta a sensação de incompletude que move os sujeitos à imaginação. As ilustrações criam imagens fortes, como, por exemplo, a lua refletindo a pobreza num prato vazio. Título: De não em não | Autor: Bartolomeu Campos de Queirós | Ilustrador: Alê Abreu | Editora: Global | Ano de publicação: 2009

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Kit escolar 2016 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS - EJA


Literatura em movimento - Acervos Literários do Kit Escolar 2016

O saber do tempo A obra apresenta quatro contos inspirados em narrativas oriundas de diversas culturas: sumeriana (“O imortal Berossus”), hindu (“O homem que conversava com potes”), hebraica (“O filho de Jemime”) e grega (“Um dia no Olimpo”). Com texto simples e bem cuidado, a autora lança mão de “outros olhares sobre personagens, valores e mitos de histórias que atravessaram o tempo, preservando a força, encanto e sabedoria que ainda nos comovem e instigam”. Cada conto é demarcado por uma ilustração que ocupa uma lauda inteira. Para a realização do trabalho, a ilustradora teria preferido o “mistério, não a revelação dos segredos que acompanham o ritmo das histórias”, ampliando, assim, as possibilidades significativas do texto verbal. A edição traz paratextos que contextualizam a obra, a autora e a ilustradora, além de notas com informações referentes ao acesso aos meios orais e escritos das histórias que inspiraram os contos. Os textos proporcionam uma leitura fluida, a linguagem é bem-cuidada e de fácil compreensão, podendo ampliar o repertório cultural do leitor. Título: O saber do tempo | Autora: Arlene Holanda | Ilustradora: Andrea Ebert | Editora: Armazém da cultura | Ano de publicação: 2012

Fábulas fantásticas A obra é uma coletânea de 58 fábulas do escritor americano Ambrose Bierce (18421913). Os textos são de leitura rápida, mas trazem sempre um componente questionador que exige do leitor que associe as situações representadas a comportamentos humanos recorrentes. Assim, as fábulas de Bierce têm uma roupagem moderna e deixam a moral, por vezes nem tão clara, por conta do leitor. Além dessa postura crítica e construtiva que as fábulas de Bierce exigem de seus leitores, o projeto gráfico contribui também para a ampliação dos sentidos e para uma postura ativa por parte do leitor. Nessa direção, há uma grande variação de aproveitamento do espaço das folhas do livro com as ilustrações de Sebastião Nunes, que retomam ilustrações do século XIX. Tais ilustrações podem se referir a um texto que está na página esquerda ou direita, podem expandir-se de uma página para outra ou trazer um personagem em uma página e outro personagem em outra página. Esse jogo com as imagens confere certa dinâmica ao livro, o que pode motivar ainda mais a leitura. Título: Fábulas fantásticas | Autor: Ambrose Bierce | Ilustrador: Sebastião Nunes | Seleção e tradução de: Israel Jelin | Editora: Aaatchim Editorial | Ano de publicação: 2014

O gato A obra O gato, de Bartolomeu Campos de Queirós, com belas ilustrações de Anelise Zimmermann, é um pequeno conto alegórico que tem como personagens a lua e um gato. Por compartilharem identidades e afinidades, tais como o gosto pela solidão e pela noite, os personagens estabelecem um diálogo, que é o motivo principal da ação narrativa do conto. A lua e o gato, seres noturnos e solitários, conversam a respeito de algo que os inquieta: a consciência da finitude e a consequente ação do tempo sobre todos os seres e coisas. Assim como a lua, que nasce e morre a cada noite, analogamente o gato se vê confrontado com a natureza precária e transitória de tudo que vive. Assim, o escritor mineiro nos apresenta uma bela alegoria sobre a existência humana. Título: O gato | Autor: Bartolomeu Campos Queirós | Ilustrador: Anelise Zimmermann | Editora: Paulinas | Ano de publicação: 2014

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Seis homens A obra narra a breve história de seis homens que buscavam um lugar onde pudessem viver em paz. Quando encontram o local almejado, formam um exército e se põem a guerrear para proteger as riquezas acumuladas de outros povos. Assim, o livro discorre, de maneira alegórica, sobre a origem das guerras. A elaboração estética das imagens, em preto e branco, aliada ao texto, estimula a capacidade crítica do leitor. A diagramação de toda a obra, simples e convidativa, aguça a curiosidade para a leitura. O projeto editorial privilegia o diálogo crítico entre texto e imagem e ressalta o efeito da divisão de páginas como dois lados antagônicos. O texto possui cunho filosófico e ideológico, e o sentido não é dado de modo explícito ou óbvio, permitindo ao leitor fazer suas próprias reflexões e associações no que diz respeito a atos cotidianos que possuem consequências que ultrapassam a pequenez do dia a dia. Há, portanto, abertura para a construção de sentidos e possibilidade de ampliação das referências estéticas e culturais do leitor pretendido. Título: Seis homens | Autor: David McKee | Ilustrador: David McKee | Tradutor: Leo Cunha | Editora: Galera Record | Ano de publicação: 2014

O livro do acaso O livro é um convite para o leitor, a partir de frases “ao acaso”, recolhidas de vários autores consagrados da literatura de língua portuguesa (Padre Antônio Vieira, Olavo Bilac, Alberto Caeiro, Florbela Espanca, Artur Azevedo, Lima Barreto, João do Rio, dentre outros), que se entrelaçam, refletindo sobre aspectos comuns da realidade. Dessa forma, aproxima-se dos estudantes da EJA, que, já experientes, podem associar elementos do texto a situações vivenciadas no seu dia a dia. O jogo das frases encadeadas compõe uma narrativa, articulada à metáfora da árvore, pelas belíssimas ilustrações que compõem a obra, harmonizada pela textura da madeira em suas nuances de cores. A linguagem e a combinação das frases são apropriadas ao leitor pretendido. As metáforas (possíveis de entendimento, a partir do contexto), conferem beleza aos textos, composto de tantas vozes, despertando o desejo pela leitura. Há, no final da obra, a relação de todas as obras dos autores, cujas frases foram utilizadas, em um conjunto intertextual primoroso. Título: O livro do acaso | Autor: Nelson Cruz | Ilustrador: Nelson Cruz | Editora: Abacate | Ano de publicação: 2014

O galo e a raposa O expressivo livro de imagens O galo e a raposa, de autoria do paulista Alexandre Camanho, apresenta a história de dois animais tradicionalmente hostis um ao outro: o galo e a raposa. Como é comum nas histórias que envolvem os dois personagens, a raposa – muito astuta – planeja um modo de devorar a ave, representada como um ser vaidoso, cheio de si. A princípio, a raposa parece levar a melhor, ao tocaiar o galo, mas este, de maneira astuta, arma um estratagema para ludibriar o inimigo e sair vencedor da contenda, invertendo, portanto, os estereótipos tradicionalmente referidos a cada um desses bichos. A obra pode ser uma ótima porta de entrada para o livro de imagens na Educação de Jovens e Adultos, ao tratar de um gênero que certamente agradará a esse público. Título: O galo e a raposa | Autor: Alexandre Camanho | Ilustrador: Alexandre Camanho | Editora: Sesi-SP Editora | Ano de publicação: 2014

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Macanudo Macanudo é uma palavra bastante utilizada na Argentina para se referir a uma pessoa amável, simpática, prestimosa. Também é o nome escolhido para batizar uma série de tirinhas de autoria de Ricardo Liniers Siri, publicadas no periódico portenho “La Nación”. As historietas do volume chamam a atenção por seu humor inteligente e bizarro; as personagens são, na sua maioria, animais como ovelhas, coelhos, pinguins, este último frequentemente representado como um bicho culto, solitário e curioso. A destacar, ainda, a dimensão surreal presente em muitas historietas, a despeito da também frequente presença da crítica social, cujo alvo preferencial centra-se na classe dos políticos, no seu modo de viver e agir, bem como nos partidos aos quais pertencem. Título: Macanudo | Autor: Ricardo Liniers | Ilustrador: Ricardo Liniers | Tradutor: Claudio Martini | Editora: Zarabatana Books | Ano de publicação: 2014

Lua no brejo A obra Lua no brejo, de autoria de Elias José, com ilustrações da consagrada Graça Lima, traz uma reunião de poemas e algumas trovas, com ênfase na dimensão lúdica e na exploração de diversos recursos expressivos da linguagem poética, tais como repetições, jogos de palavras, aliterações. É de se notar o aproveitamento do material da tradição popular, como é o caso de algumas cantigas, quadrinhas e parlendas, tais como: o “boi da cara preta”, “a barata na careca do vovô’”, “atirei o pau no gato” e “o rato roeu a roupa do rei de Roma”. A utilização adequada desses jogos poéticos pode ser um bom motivador para o desenvolvimento de habilidades de linguagem e para a formação da sensibilidade poética do leitor jovem ou maduro. Título: Lua no brejo | Autor: Elias José | Ilustradora: Graça Lima | Editora: Projeto Editora | Ano de publicação: 2007

O homem que fazia chover & outras histórias de Carlos Drummond de Andrade A obra é uma coletânea de fábulas, anedotas, parábolas e contos do grande escritor mineiro Carlos Drummond de Andrade. Os textos se destacam pela fluência, pela caracterização precisa dos personagens, pela linguagem a um só tempo clássica e moderna, pela comicidade e pela humanidade. A fantasia e a realidade se misturam, resultando numa leitura leve, instrutiva e agradável. O autor incentiva a liberdade para escrever, como muitos modernistas do seu tempo, e dá um tom crítico aos seus escritos, com desfechos irônicos e sarcásticos. Uma característica da produção de Carlos Drummond que está presente nesta obra é a apreensão e crítica sobre os caminhos escolhidos pelos seres humanos. Com o olhar atento, é capaz de contemplar as fragilidades da alma humana e as angústias que a perseguem durante a vida. Título: O homem que fazia chover & outras histórias de Carlos Drummond de Andrade | Autor: Carlos Drummond de Andrade | Editora: Boa Companhia | Ano de publicação: 2013

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Educação de Jovens e Adultos - EJA

Três velhinhas tão velhinhas Em Três velhinhas tão velhinhas, a autora Roseana Murray trata de dois assuntos delicados, mas muito comuns na sociedade. Ela aborda, de forma inteligente e bem-humorada, a realidade da morte e o interesse das pessoas nos bens materiais daqueles que se foram. A narrativa apresenta a história de três irmãs que moram num antigo casarão. Cada uma tem seus gostos e suas manias, mas as três têm, em comum, uma coisa: a paixão pelo casarão. Porém, os seus futuros herdeiros não comungam desse mesmo sentimento e, por isso, cobiçam a posse daquele bem para dividir entre eles. As velhinhas conseguem enganar a família cheia de cobiça e dão uma lição de caridade para aqueles que só pensavam neles mesmos. Merecem destaque as ilustrações de Elvira Vigna, que faz uso da técnica de desenho com giz de cera, criando semelhanças com o grafismo infantil, por meio da aparente ausência de perspectiva. Título: Três velhinhas tão velhinhas | Autora: Roseana Murray | Ilustradora: Andréia Resende | Editora: Paulus | Ano de publicação: 2013

O lenço branco O lenço branco é uma emocionante história narrada em primeira pessoa, escrita pelo premiado autor Viorel Boldis. O narrador-personagem conta sobre a sua infância numa cidadezinha da Transilvânia, em meio às colinas, numa comunidade com características típicas do campo. Seus primeiros anos foram marcados pelo contato com a natureza e a presença de um pai severo, a quem chamava de “general”. Quando aprontava alguma peraltice, fugia da ira do pai, escondendo-se na casa dos amigos; e o lenço branco pendurado na janela era o sinal combinado com a mãe para liberar sua volta à casa, depois que o pai se acalmava. A ênfase da narrativa é a partida e o retorno desse filho pródigo à terra natal. O final da história surpreende o leitor em um desfecho inesperado e tocante. As xilogravuras em preto e branco que ilustram o livro são consoantes às imagens do texto e evocam uma paisagem sombria, onírica e rústica. Título: O lenço branco | Autor: Viorel Boldis | Ilustradora: Antonella Toffolo | Tradutora: Eliana Aguiar | Editora: Pequena Zahar | Ano de publicação: 2012

Ombela: a origem das chuvas O autor angolano Odjaki narra a história de Ombela, uma deusa africana que, ao chorar de tristeza, fez nascer a chuva. Para que ela não fizesse mal aos que vivem na terra, chorando água salgada, Ombela resolveu chorar apenas nos mares. Então o pai de Ombela ensina que chorar pode ser bom e que a alegria pode fazer surgir outro tipo de lágrima. Ensinou também que há hora para sorrir e hora para chorar. Ombela aprende que há tempo para tudo e, com a ajuda do pai, suas lágrimas doces e salgadas encontram outros lugares para ir. Por meio dessa história, Ondjaki transmite para os seus leitores que “a tristeza faz parte da vida” e que também se pode chorar de felicidade, “com lágrimas doces que enchem rios e lagos. O autor propõe aos leitores uma aproximação à natureza e uma autoaprendizagem sobre as emoções. As ilustrações de Rachel Caiano mostram desenhos de rostos negros e fortes em sintonia com essa narrativa curta e intensa, assim como remete o leitor para atmosferas de outros continentes. Título: Ombela: a origem das chuvas | Autor: Ondjaki | Ilustradora: Rachel Caiano | Editora: Pallas Míni | Ano de publicação: 2014

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