JOSÉ SEPÚLVEDA
Meu verso, Meu berço,
MEU POEMA Sonetos
EM PARCERIA COM O SOLAR DE POETAS
FICHA TÉCNICA
TÍTULO
Meu verso, Meu berço, Meu poema
AUTOR
José Sepúlveda
CAPA
José Luís Dine Falcão Sincer e Sepúlveda
DESENHO GRÁFICO
Dinis Lourenço
PRODUÇÃO EDITORIAL
Maria Esther
IMPRESSÃO
Ondagraf, Lda
MODOCROMIA EDIÇÕES Rua de Xabregas, n.º 6, Lt. B 1900-440 Lisboa Telf. 214 009 799 modocromia.editora@gmail.com http://editoramodocromia.blogspot.pt ISBN: 978-989-8601-43-8 DEPÓSITO LEGAL:104687/14 TIRAGEM: 500 exemplares 1.ª Edição: Janeiro, 2014 Todos os direitos reservados de acordo com a legislação em vigor
ÍNDICE Preâmbulo 5 Prefácio 7
Estrela da Manhã 44 No teu jardim 45
Poeta 11
Ausência 46
Meu livro 12
Saudade 47
Arquiteto de palavras 13
Ramalhete 48
Poetas 14
Em teus braços 49
Poesia 15
Rainha 50
Sonho 16
Se eu soubesse 51 As rosas 52
POEMAS DE AMOR
Perfume 53
Carta de Amor 18
O teu sorriso 54
Quisera 19
Tristeza 55
Beijo 20
Beijo 56
Sessenta rosas 21
Anjo meu 57
Anjo meu 22
Ilusão 58
O meu poema 23
Vislumbre 59
Amada, amante 24
As rolas 60
Encontro 25
A rosa do amor 61
Sessenta e uma rosas 26
Menina 62
Quarenta anos depois... 27 Louca paixão 28 Sonho 29
POEMAS DE EXALTAÇÃO Orei por ti 64
Amy 30
Templo 65
A minha estrela 31
Serenidade 66
São rosas 32
Perdoa 67
Esperança 33
Cristo, nossa páscoa 68
Rosas 34
À deriva 69
Um céu de estrelas 35
Grito 70
Promessa 36
Desejo 71
Praia verde 37
Prece 72
Amor eterno 38
Fé 73
Teus olhos 39
Senhor 74
Este poema lindo que te escrevo 40
O toque de Sua mão 75
Beijo 41
Ai, Deus Menino 76
O teu sorriso 42
Noturno 77
Pétalas vermelhas 43
Ressentimento 78
ÍNDICE (cont.)
A MINHA FAMÍLIA
INTROSPEÇÃO
Septimpublica 80
Solidão 114
Na minha aldeia 81
Tristeza 115
Peneda 82
Em Lisboa 116
Emília 83
Tristeza 2 117
Geninha 84
Vazio 118
Armando 85
Vida 119
Maninhas 86
Natureza 120
Anita 87
Reflexo… 121
Meus filhos 88 Rebentos 89
MAR, DOCE MAR
Huguito 90
Um mar de poemas 124
Joana 91
A sinfonia do mar 125
Martim 92
O albatroz 126
Marcos 93
Fúria 127 Junto ao mar 128
OS MEUS AMIGOS
Olhando o mar 129
Amigo 96
À deriva 130
Força de viver 97
Pôr do sol 131
Sereia azul 98
Ao pé do mar 132
Helena 99
Navegando 133
Angélica 100
Relógio 134
Ana Cláudia 101
Passeio Alegre 135
Gaby 102
Veronese 136
Musa 103
Cego do Maio 137
Natália 104
Póvoa de Varzim 138
Amiga 105
Vila do Conde 139
Sedução 106
Do alto do Mosteiro 140
Gostei de ti 107 Lina 108
OUTROS POEMAS
Dança 109
Fome 142
Memórias de Joana 110
Lágrima 143
Musa só-amiga 111
O ursinho 144 Desafio 145
MEU VERSO, MEU BERÇO, MEU POEMA
PREÂMBULO
Do sopro de uma criança nasce a bola de sabão que flutua pelos sonhos que voam da sua mão. Assim nasce a poesia de José Sepúlveda: alegre, leve, fresca, genuinamente translucida flutuando à nossa frente, elevando-nos o ser a valores humanos trajados a rigor, pelo requinte e primazia com que constrói castelos em forma de sonetos. Não se trata de um livro. O “Meu Verso, meu Berço, meu Poema” é um estado de alma de um ser que sendo seu se entrega em partilha e gratidão aos outros. Poesia agregadora de afetos, cimentadora de fé, celebradora de amizades. Maresia de amores, sempre genuínos amores, a cada olhar, a cada sorriso a cada gesto, a cada pôr de sol junto ao seu mar. Sonetos de um coração eternamente apaixonado pelo belo, pelo bem, pela vida que será sempre, como ele próprio nos canta, o seu poema, flutuando em liberdade! Obrigada José Sepúlveda, por amares tanto a poesia e por nos levares contigo nesse voo tão libertador!
Abraço poético. Ana Homem de Albergaria
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MEU VERSO, MEU BERÇO, MEU POEMA
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PREFÁCIO
O prefácio é uma reflexão pessoalíssima, quase sempre uma meta – análise linguística sujeita a princípios e cânones… Não vou por aí! Há também quem diga que o prefácio é aquilo que se escreve depois, se imprime primeiro, e não se lê nem antes nem depois… (Dino Segré). Pois será… Também não vou por aí! Como leitora, sempre leio o Prefacio, namoro a capa e saboreio o título. Esses são, para mim, os primeiros apelos à leitura, à minha leitura. VERSO/POEMA; POEMA/BERÇO – Este título e a capa conquistaram-me: VERSO…POEMA…BERÇO… Logo se sente o embalo, o acalento, o afago, o calor de um ninho quente… Por isso, José, tentarei deixar em prefácio o que a tua poesia verteu para a minha alma. Demorei o olhar, degustei a palavra, entranhei-me no poema, sorvi… Às vezes invadiram-me, outras, evadiram-me: levaram-me, levam-nos a um céu aberto onde te encontramos e nos encontramos… A tua voz liberta-se em soneto! Seja qual for o tema (e são diversificados…) sente-se que não és um neófito na escrita: Revelas
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PREFÁCIO
a maturidade de quem conviveu com os Grandes, de quem os conheceu, com quem adormeceu, amadureceu, maturou e se fez Poeta! Nos teus sonetos moram todos os sonhadores: Neles, todos os sentimentos se abrigam e se exaltam e/ou se libertam. No Universo Poético que nos ofereces, convivem: A volúpia e a solidão; A exaltação e a revolta; O êxtase ou a culpa; A fé e o arrependimento; O delírio ou a humildade. Os teus sonetos são hinos aos sentidos e aos sentimentos; vibrações da alma de marido e pai; testemunhos de introspeção e confissões; caminhos de contrição e dor na ânsia da luz onde a palavra é libertada num misto de dor e gozo! É difícil ser autêntico ou mesmo impossível. Contudo, nós, os leitores, sentimo-nos cúmplices dessa vida vivida ou imaginada. Impossível, não partilhar das tuas emoções; Impossível não partilhar o teu mundo intimo onde exultamos ou tropeçamos contigo, às vezes à deriva; às vezes, em fuga; às vezes em dádiva.
MEU VERSO, MEU BERÇO, MEU POEMA
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A empatia que se estabelece é uma carta sub-reptícia, que escreves a cada um dos leitores, sejam ou não eles, os seus destinatários reais… O soneto, fórmula rígida, não te impede de te passeares por temáticas variadas. Não te intimidam o formalismo, nem o rigor, nem o espartilho da rima. O verso irrompe livre, belo, rico, próprio de quem, pelo trabalho árduo e longo da forja, conquistou o direito à carta de alforria. A adjetivação forte que usas emoldura as palavras, as palavras que escolhes para te ouvires ou fazeres ouvir; para exaltar; mimar; presentear; pôr em causa e intervir… Como diria Torga: A Poesia irrompe das profundezas ígneas do ser e quando se manifesta traz á tona a verdade ainda a fumegar. Aí está ela, a tua Poesia a fumegar! Com os teus poemas propões-nos uma viagem até ao centro do SER e do SENTIR e nós seguimos-te! Amanhecemos e entardecemos com a tua Poesia!
Obrigada, José! Conceição Lima
MEU VERSO, MEU BERÇO, MEU POEMA
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POETA
Pegou em palavras ocas, vãs, Tiradas do seu antro de venturas… Juntou-lhes coisas boas, coisas más E polvilhou com frases mais maduras E o sentimento livre que se faz De coisas simples, quem sabe, inseguras, Partiu à descoberta, sem afãs, De vivo colorido, imagens puras… E de repente viu-se confrontado Com mil palavras, num amontoado… Poliu-as, burilou-as, deu-lhes brilho… Deixou voar bem alto o pensamento Em plena liberdade… e num momento Soltou seu grito: – Oh! Deus, nasceu-me um filho!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
MEU LIVRO
Tu eras meu refúgio, esse caminho Aonde procurava algum sossego. Buscava o teu conforto, o teu carinho, Levava-te escondido e em segredo. E ao pisar as pedras do caminho, Às vezes me perdia, tinha medo De calcorrear a estrada tão sozinho, Desamparado neste meu degredo. E, quando em minha mão, te devorava, Tragava-te palavra após palavra Na ânsia de uma nova descoberta. E página após página encontrava O lenitivo que me consolava E me indicava sempre a estrada certa.
MEU VERSO, MEU BERÇO, MEU POEMA
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ARQUITETO DE PALAVRAS
Ó alma irrequieta, o que te leva À tua estranha forma de viver? Ora navegas ente a luz e a treva, Ora mergulhas num brutal sofrer O que te arrasta a essa vida cega Que faz de ti o mais estranho ser? És alma que se afirma, se renega, Que vive intensamente e faz viver Tu és um arquiteto de palavras: Apanha-las em bruto e quando as lavras Tu dás-lhes vida, luz e movimento… Pasmai, homens sem credo, vá, reparem Que quando estas palavras as cruzarem Não mais se calará teu pensamento!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
POETAS
Quantos poemas fiz, quantas belezas Mandei a meu amor quando era meu, Quantas loucuras vãs, quantas vilezas Ridículas contei, quantas, ó céu! Chamaram-me poeta, quais nobrezas! Que és tu, irmão poeta, mais que eu? Poemas são palavras, são certezas Que a mais singela frase enterneceu. Poetas somos nós, é toda a gente Que vive neste mundo e é somente A forma de escrever que em nós varia Se alguns dizem poemas a cantar, Também os há que os dizem sem falar E quem, silente e só, faz poesia!
MEU VERSO, MEU BERÇO, MEU POEMA
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POESIA
Nesta singela folha te respiro, Teu nome escrevo pela madrugada E guardo no meu peito esse suspiro Roubado de teu peito, minha amada E sinto o coração pulsando imenso Num longo e forte abraço... Só depois Olhamos um pró outro, amor intenso, Num tempo sem ter tempo, só dos dois E as lágrimas caídas dos teus olhos Na folha branca, limpa, sem abrolhos, São para nós momentos de magia Pois nesta folha branca sem valor, Nasceu a mais singela e linda flor, Um cântico ao amor e à poesia!
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SONHO
Eu quero ser poeta, talvez louco, Daqueles a quem nada satisfaz, Eu quero nesta vida ser capaz De desventrar as coisas, pouco a pouco. Viver a vida, o sonho, a ilusão, Na efémera esperança de encontrar Os trilhos desse incerto caminhar Que há de alimentar essa paixão. Eu quero ser poeta sonhador, Sentir o desafio que acarreta Ficar na dependência de uma pena, Se, nesse anseio, em busca desse amor, Concretizar o sonho e for poeta, A vida será sempre o meu poema!
POEMAS DE AMOR
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JOSÉ SEPÚLVEDA
CARTA DE AMOR
Encanto de minha alma, em cada instante Tu nasces e renasces no meu peito. Tu és a minha amada, eterna amante E, envolto nos teus braços, me deleito Ai, doce companheira, doravante Proclamarei o amor e o respeito Que sinto por te amar e nesse canto Serás no meu jardim o amor-perfeito Vem, dá-me o teu abraço, o teu carinho, Ensina-me a trilhar esse caminho Que um dia prometemos caminhar, Quando surgiram pedras de tropeço, Galgá-las-emos sempre a qualquer preço, Sorrindo, de mãos dadas, a cantar!
MEU VERSO, MEU BERÇO, MEU POEMA · Poemas de Amor
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QUISERA
Há duas coisas que, paciente, espero Da minha deusa em forma de mulher; Primeira: estar bem certo que eu a quero; Segunda: estar bem certo que me quer. Depois, ver-me embalar num peito aberto Nada encoberto e sem me aperceber, Ver-me abraçado em frenesim liberto, Corpo com corpo, ardendo sem arder. E ver sonho ancestral concretizar-se: Dois seres num só ser, prontos a dar-se E um fruto desse puro amor nascer. E do seu ventre, em choros aflitos, Surgir loiro rebento, em altos gritos, Nessa aventura louca de viver!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
BEIJO
Que doce esse teu beijo apaixonado! Ai como é bom sentir teus lábios puros E de repente ver-me assoberbado Por sentimentos nobres tão maduros E canto para ti o nosso fado Saído destes lábios imaturos E vamos caminhando lado a lado Galgando derribando imensos muros Trilhemos pois amor nosso caminho Amando, partilhando esse carinho Que em sonhos nos clama a todo o instante E quando, no fragor desta paixão, Sentirmos como é bela esta união, Então, tu serás minha eterna amante!
MEU VERSO, MEU BERÇO, MEU POEMA · Poemas de Amor
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SESSENTA ROSAS
Sessenta rosas, doces primaveras Vividas desde o tempo de menina. São rosas simples, sonhos e quimeras Que vão passando – vida peregrina! Sessenta beijos numa eterna espera De ser feliz. A vida nos ensina Que o mundo gira, gira nesta esfera De sonhos, de ventura em cada esquina. Sessenta abraços, gritos de meu peito, Que busca em teu olhar puro, perfeito, O amor e o carinho que há em ti. São rosas que me trazem a alegria Por ter-te como minha companhia Sentindo, amor, que a vida nos sorri!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
ANJO MEU
Olhaste apreensiva, voz tremente E de repente a mente se insinua. Saltaste decidida à minha frente, Num gesto de magia… estavas nua! Vénus de Milo, bela, feita gente,… A deusa do amor, imensa, pura! E eu perdido, vão delinquente, Olhando-te, perfeita criatura! Que belo! O teu cabelo, o esbelto corpo… Olhava esse teu busto, meio absorto, Perdido, sem saber o que fazer… Meu anjo Branco, doce primavera, Aqui me encontrarás à tua espera Para te ter p’ra sempre por mulher…
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O MEU POEMA
Olhei para os teus olhos cor de esperança, Fiquei extasiado a olhar pra ti… Fui relembrando tempos de bonança E nos teus olhos lindos… me perdi… Beijei teus rubros lábios… De repente, Senti-me a viajar na fantasia Não sei o que sentia em minha mente, Só sei ser o momento que eu queria E ao vislumbrar aquele teu sorriso Tão cheio de doçura, tão preciso, Senti o teu abraço em mim presente… E, de repente, o tempo parecia Parar no tempo, pleno de alegria, E então te senti minha para sempre!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
AMADA, AMANTE
Olho p’ra ti e vejo num instante Um olhar cândido, sereno… E de repente Eu vejo à minha frente a amada, amante Perdida em meu olhar, serenamente… E o tempo no seu passo galopante Não para, vai correndo indiferente… Trocámos mil sorrisos… Doravante O tempo é de magia à nossa frente Deixa-me olhar teus olhos com prazer, E desnudar teu corpo de mulher, Beijar teus doces seios triunfante Deixa-me olhar o teu sorriso lindo E mesmo vendo o tempo se esvaindo Tu serás sempre minha amada-amante
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ENCONTRO
Atravessava a rua lentamente E, de repente, vi-te do outro lado À espera do autocarro que, atrasado, Parava ali na estrada indiferente Entrámos e ficámos frente a frente Silentes, sorridentes – lado a lado! Trocámos um olhar mal disfarçado E nosso coração saltou plangente A voz da alma, só, gritava aflita Num abafado som como quem grita E sente amordaçado o seu clamor E num momento intenso e subtil Trocámos novo olhar, sorrisos mil, E um tremente grito: meu amor!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
SESSENTA E UMA ROSAS
Sessenta e uma rosas, minha amada... São rosas que brotaram uma a uma No renascer de cada madrugada, No teu jardim de sonhos e de bruma Se no percurso dessa caminhada Sentiste alguns dos sonhos se esvaindo, Não fiques triste nem desanimada E segue o teu caminho, mas sorrindo E tu verás, ao renascer da aurora Que vais seguir por essa estrada fora Com novo alento novas energias E um dia, já no termo da viagem, Então, te encontrarás, mulher coragem, Em mananciais imensos de alegrias!
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QUARENTA ANOS DEPOIS...
Um ano e outro ano, minha amada… Quisemos nesse dia recordar O dias de aventura apaixonada Que um dia prometemos partilhar Penoso e longo o nosso caminhar Com rosas e espinhos na jornada Coragem sem limite a derrubar As pedras de tropeço dessa estrada E agora, ao declinar o sol-poente, Olhamos para trás como quem sente Tristezas, alegrias sem medida… E neste humilde lar que Deus nos deu Tu és a bela estrela do meu céu, Meu verso, meu poema, minha vida.
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JOSÉ SEPÚLVEDA
LOUCA PAIXÃO
Há junto a mim uma menina linda Que sempre me enternece o coração E quase em fim de tempo, eu posso ainda Viver consigo o amor, longa paixão Por mais que ela me acosse em cada instante E tente pôr em causa a relação Eu serei sempre o seu eterno amante Senhor do seu amor, dessa afeição E se algum dia, no raiar da aurora A minha amada pensar ir embora Deixando-me a cantar meu triste fado Eu partirei, loucura, em seu encalço Pois não ouso pensar que seja falso O seu amor tão belo e dedicado.
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SONHO
Sonhei contigo… e vi-te entre as estrelas Lançando todo o brilho que há em ti E entre os mananciais de estrelas belas Tu eras a mais bela que já vi E percorri caminhos e ruelas… E olhando essa estrelinha, pressenti Que estrelas são pinturas, aguarelas, Mas tu és sentimento, frenesi… Desfiz-me em pó de estrelas… Descobri Que nessa estrela bela me fundi P’ra dar mais luz e vida… que emoção! Foi quando despertei… Essa magia Me trouxe imensa paz, muita alegria Num belo sonho – um hino à ilusão
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JOSÉ SEPÚLVEDA
AMY
Olhei p’ra ti... e vi-te de repente Olhando para mim com alegria... Meu coração saltava de contente Ao ver o teu sorriso, Ana Maria! Ai, como é belo o teu sorrido lindo, Ai, como é meigo e doce o teu olhar! Deixa-me, amor, viver o sonho infindo Que estou seguindo em sonhos, por te amar E se este sonho se extinguisse um dia? Não sei, amor, não sei o que faria Se um dia tu partisses para sempre... Por isso, eu peço a Deus em oração Que viva sempre em mim teu coração E possa amar-te assim eternamente
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A MINHA ESTRELA
Aquela estrela linda que me guia Quer seja noite e dia, como é bela Seu nome é Amy Dine, Ana Maria E não existe estrela como ela Quando a seu lado, a luz que ela irradia Tudo ilumina enquanto por mim zela... E sinto segurança e alegria Ao ver em si a minha doce estrela A noite vem... Me abraça com carinho Me dá um terno beijo e bem baixinho Me diz: oh! vem, amor da minha vida E sigo nessa estrada que não finda Dizendo-lhe ao ouvido: Como és linda, És luz do meu caminho, Amy querida
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JOSÉ SEPÚLVEDA
SÃO ROSAS
Olhava para mim apaixonada E passeava à volta em meu jardim, Tentava desvendar o que encontrava Nas coisas que eu guardava para mim E enquanto em meus segredos mergulhava Tentando descobrir coisas assim, Num tom apreensivo, perguntava: – Que levas no regaço, querubim? E nesse turbilhão de pensamentos, Querendo controlar os sentimentos Que possam dar tormentos, causar dor, Tentando aliviar a sofridão, Abri de par em par o coração Mostrando-lhe: – São rosas, meu amor!
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ESPERANÇA
Que ventania, amor, é forte o vento Que sopra impiedoso sobre o mar, Varrendo num instante o pensamento De dias tão felizes a cantar. Olhando para trás, num só momento Vivido na esperança de te amar, Ficou cá dentro um triste sentimento De frustração e medo a torturar. Agora, quando olho em teu olhar, Procuro nos teus olhos encontrar Os dias de bonança, o teu calor… Vestido de esperança, hei de ficar Na ânsia de ainda um dia despertar Teu coração para este imenso amor…
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JOSÉ SEPÚLVEDA
ROSAS
Aqui te envio rosas, minha amada… São rosas que eu espalho à tua frente Para que possa ter-te bem presente, Bem perto de minha alma apaixonada… E quando, pela alta madrugada, Tu fazes parte do meu corpo e mente Me sinto como vão delinquente Vagueando tão sozinho nessa estrada São rosas de toucar que eu algum dia, Seguindo para além da fantasia, Hei de entregar-te em suave amanhecer… E quando as minhas rosas te entregar Descobrirei, por fim, como encontrar, De novo essa alegria de viver
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UM CÉU DE ESTRELAS
Um céu de estrelas... Olho o firmamento... Meu pensamento voa para ti Vivendo intensamente esse momento E nesse mar de esperança, te senti Olho tão nobre e puro sentimento Que brota do teu peito e me sorri E nesse enleio imenso, peço ao vento Mil beijos de teus lábios de rubi Estrela minha, brilha em meu olhar, Eu hei de me por ti apaixonar Em cada curva desta imensa estrada… E vamos dar um rumo à nossa vida E nesse céu de estrelas, tu, querida, Serás a estrela em cada madrugada!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
PROMESSA
Se um dia, no percurso desta estrada, Quiseres ser só minha, ai, queridinha, Eu sei, cheguei ao fim da caminhada, Serei o teu amado, serás minha E toda essa vivência atribulada Que às vezes nos perturba e espezinha, Vai ter um fim, serás a minha amada, E eu o coração que te acarinha Almejo ver-te sempre à minha beira, Saber que estás presente, companheira, Que és a outra face do meu fado... E irei viver assim eternamente Com teu amor sincero, tão presente, Serei teu companheiro dedicado...
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PRAIA VERDE
O verde se estendia pela frente Num manto de esperança e de ilusão, A paz perene estava tão presente, Silêncio, harmonia, perfeição Na praia se espalhava um mar de gente Buscando o equilíbrio e a afeição Naquele mar suave, imenso e quente, Fonte de paz, deleite, inspiração E envolto nessa linda melopeia, Seguia de mãos dadas pela areia Cantando, assobiando com dulçor Colhi búzios e conchas e beijinhos Troquei contigo risos e carinhos Vivendo intensamente o nosso amor
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JOSÉ SEPÚLVEDA
AMOR ETERNO
Chegou-me de repente essa princesa E instalou-se dentro de meu ser; Serenidade e paz, rara beleza, As coisas que ela trouxe a meu viver O seu sorriso exprime uma certeza: Paixão imensa em pleno alvorecer E os seus lábios doces, singeleza, Falam de amor! Encanto de mulher! É ela o meu constante pensamento E oiço a sua voz na voz do vento, Que sopra suavemente ao meu redor Anseio que este tempo de bonança Restaure em nós a paz e a confiança, E torne assim eterno o nosso amor!
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TEUS OLHOS
Quanta ternura encerra teu olhar Quanta beleza e paz, quanta harmonia... Meu coração não para de saltar Ao contemplar-te, amor, quanta alegria! E num silêncio louco de pasmar Eu fico por aqui nesta agonia de não saber o modo de te amar E seres tu a luz que me alumia. Quisera que bem cedo chegue um dia De paz perene, amor, que bom seria Que num abraço puro e singular Pudéssemos viver essa paixão Que faz vibrar meu frágil coração Que não se cansa nunca de te amar
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JOSÉ SEPÚLVEDA
ESTE POEMA LINDO QUE TE ESCREVO
Este poema lindo que te escrevo Pela manhã, em suave alvorecer, É para nós um lídimo segredo Que a vida nos ensina a reviver Amar a noite, o dia, o triste, o ledo E tudo o que na vida dá prazer Às vezes nos assusta, mete medo, Mas são lições que temos de aprender Amar é para nós costume antigo Que não está isento de perigo E aonde a cada passo se tropeça Mas nós sabemos que esta vida é assim, Olhamos eu pra ti e tu pra mim E num sorriso tudo recomeça
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BEIJO
Que doce esse teu beijo apaixonado! Ai como é bom sentir teus lábios puros E de repente ver-me acorrentado A sentimentos nobres, tão maduros E canto para ti o nosso fado Saído destes lábios inseguros E vamos caminhando lado a lado Galgando derribando imensos muros Trilhemos pois amor nosso caminho Amando, partilhando esse carinho Que a vida nos outorga em cada instante E quando, no fragor desta paixão, Sentirmos como é bela esta união, Então, tu serás minha eterna amante!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
O TEU SORRISO
Que paz imensa eu sinto a olhar para ti!... O teu olhar transmite-me candura E ao olhar-te foi que percebi Quão belo é teu amor, tua alma pura Eu quero ver o teu olhar sereno, Sentir todo esse afeto que irradia… Quero afagar teu rosto e num aceno Viver tanta paixão, tanta alegria! Deixa-me olhar teus olhos, glória infinda, Que paz perene, Anita, como és linda, Vem, traz-me o teu sorrir, Amy querida! Se me ofereceres o teu sorrir sereno, Guardá-lo-ei pra mim, qual verbo pleno, E ele será meu por toda a vida!
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PÉTALAS VERMELHAS
As rosas, lindas rosas, meu amor São pétalas vermelhas que espalhei Na tua cama, em tudo ao teu redor Co’ as rosas mais formosas que encontrei Inala pois o seu intenso olor, Descobre nelas tudo o que eu não sei Dizer-te por palavras, o fervor Com que te amo e sempre te amarei E um dia, ao recordares este dia Envolta nessas rosas, que a alegria Eu possa ver brilhar no teu olhar Que eu sei que as rubras pétalas dirão Como é feliz e grato o coração Que envolto nessas rosas te vou dar
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JOSÉ SEPÚLVEDA
ESTRELA DA MANHÃ
Estrela da manhã, que lindo o brilho Do teu olhar perene de paixão! Eu corro para ti, qual andarilho Que tenta penetrar teu coração És boreal aurora que partilho Olhando o céu na sua imensidão Como se fora mãe ao ter um filho Parido no palácio da ilusão Ai quem me dera ser polar estrela Que iluminasse a minha estrela bela No seu trajeto rumo à eternidade! E ao ter-se assim bem dentro de meu peito, Com teu amor profundo me deleito, Vivendo na maior felicidade
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NO TEU JARDIM
Um dia, passeando em teu jardim, Eu mergulhei, amor, num sonho lindo… Olhei-te quando olhavas para mim E, ao ver o teu olhar, olhei, sorrindo… E, nesse enleio que não via o fim, Meu coração ficou feliz, sentindo Que o nosso amor crescia. Agora, sim, Podíamos viver um sonho infindo… Que bom sentir-te dentro do meu peito Neste caminho puro, são, perfeito, E ver-te junto a mim, sempre, presente… E peço a Deus, em canto de louvor, Que venha abençoar o nosso amor E possa ter-te sempre, eternamente!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
AUSÊNCIA
Perdido no silêncio desta vida Eu não me encontro, aonde quer que esteja. E vejo a multidão espavorida Mas só a mim não vejo quem me veja Inalo o teu perfume, Amy querida, Olor jasmim que o coração deseja… E, nessa solidão que rouba a vida, Apenas penso em ti… Louvado seja! Vem-me abraçar do teu silêncio imenso E traz-me o teu carinho! Quando penso No teu sorriso, enleio de magia, Meu coração saltita de contente… E tudo se transforma à minha frente Em gestos de ternura, de alegria!
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SAUDADE
Ainda não chegaste, queridinha... Quanta saudade! Aonde quer que estejas, Minha alma corre triste, peregrina, Com ânsias de te amar... Louvada sejas O tempo é uma praga que espezinha Os nossos sentimentos... Vãs pelejas, Bem sabes que sou teu, que tu és minha, E corro para ti, p’ra que me vejas Anseio ver o ter sorriso lindo, Olhar o teu olhar, profundo, infindo Sorver teus lábios, ávido desejo... Sentir o teu abraço e bem baixinho, Ouvir-te sussurrar-me com carinho: Te amo, meu amor... Vem, dá-me um beijo!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
RAMALHETE
Aquele ramo rubro de papoulas Que coloquei em tempos, minha amada, No teu formoso peito, duas rolas, Na noite dessa eterna madrugada, Traduz o meu desejo, ideias tolas Que pairam nesta mente depravada, Amar-te porque quando me consolas Eu vivo com minha alma apaixonada E penso nesse amor intenso, belo, No brilho desse olhar, puro, singelo E sinto o teu carinho, o teu dulçor... E aguardo com fervor o alvorecer De um novo dia. Então, vou-te oferecer Um outro ramalhete, meu amor!
MEU VERSO, MEU BERÇO, MEU POEMA · Poemas de Amor
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EM TEUS BRAÇOS
Embala-me em teus braços, meu amor, Abraça-me com todo o teu carinho, Sorve meu corpo cheio de suor E fala-me em silêncio, bem baixinho E nesse enleio cheio de calor, Olha meus olhos plenos de candura E beija os lábios meus com teu dulçor Neste silêncio eterno de loucura E quando despertares desse momento, Deixa gritar liberto o pensamento E olha-me com teu olhar profundo Fiquemos abraçados e depois Sigamos rumo à vida nós os dois A conquistar o nosso espaço, o mundo
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JOSÉ SEPÚLVEDA
RAINHA
Rainha, minha amada, desce ao paço E olha como é belo o nosso lar, As andorinhas voam no espaço, O rubro sol estende-se no mar... Subamos de mão dada pelo monte Cantando, partilhando o nosso amor, Saciemos nossa sede em pura fonte Que jorra para nós com seu frescor Fiquemo-nos amando, minha amada, P’la noite dentro, até de madrugada, Sozinhos, partilhando esta afeição Eu quero ver ter olhos a sorrir Confiantes no futuro, no porvir E canto porque é meu teu coração
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SE EU SOUBESSE
Ai se eu soubesse, Aninha! Sei agora Dessa tristeza e imensa solidão, Que te atormenta a alma, que em ti mora Trazendo sofrimento, escuridão. Se é triste o sentimento que hora a hora Te vai atormentando o coração, Liberta-te depressa, lança-o fora Desse teu peito cheio de paixão. Escuta, amor, não deixes que o lamento Insista em perseguir-te o pensamento E foge dessa tua escravidão. E então, irás sentir desde esse dia O renovar da força, da energia E a alegria vindo em profusão.
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JOSÉ SEPÚLVEDA
AS ROSAS
As pétalas caíam uma a uma No teu formoso peito, minha amada... E deleitado nesse mar de espuma, Perdido nos teus braços, te beijava Cruzámos nosso olhar em meio a bruma, Silenciosos... Alma apaixonada! Não há na vida nada que consuma O amor que o nosso peito alimentava E ali permanecemos tempo infindo Envoltos nesse enleio, construindo O nosso amor profundo, a nossa mente... Cruzámos nosso olhar e num momento Ali fomos vencidos pelo tempo Que se extinguiu veloz à nossa frente
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PERFUME
Senti o teu perfume, de repente, Entrei no nosso mundo de prazer, Olhei-te nos teus olhos ternamente, Rendi-me aos teus encantos de mulher Ai, minha amada, tudo é diferente Se estas perto de mim! Teu nobre ser Me inspira, me dá forças, me faz gente E em ti encontro um novo alvorecer Se quero ter-te sempre em mim presente, Se anseio que tu sejas minha mente, É por te querer bem, minha querida Que nada em ti me é indiferente, Eu quero-te sentir ardentemente Momento após momento em minha vida
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JOSÉ SEPÚLVEDA
O TEU SORRISO
Que paz imensa sinto a olhar para ti!... O teu olhar transmite-me candura E ao olhar-te foi que percebi Quão doce e bela é tua alma pura Deixa-me olhar o teu olhar sereno, Sentir todo esse afeto que irradia… Quero afagar teu rosto e num aceno Vivê-lo com paixão, com alegria! Deixa-me olhar teus olhos de menina Que paz perene e doce que me ensina A amar a vida. Dá-mo, minha amiga! Se me ofereceres o teu sorrir sereno, Guardá-lo-ei pra mim, qual verbo pleno, E ele será meu por toda a vida!
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TRISTEZA
Não quero ver-te triste meu amor Eu quero ver teus olhos a brilhar Sentir esse carinho, esse calor Vivido na esperança de te amar Esquece todo o sofrimento, a dor Que teimam nossa vida perturbar E lembra esses momentos de fervor Que ambos partilhamos a cantar Não deixes perturbar-te minha amada, Um sofrimento assim não vale nada, Apenas nos trará perturbação Mas quando vir o teu sorriso lindo Eu sei, meu coração está sentindo Quão grande amor nos vai no coração
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JOSÉ SEPÚLVEDA
BEIJO
Olhei teus lindos olhos, num instante Meus olhos despertaram teu olhar... Senti-me de repente amado, amante, Ao ver duas estrelas a brilhar Olhei o teu sorriso. Delirante, Beijei teus doces lábios de encantar... Momento apaixonado, cativante, No qual me sinto em suave levitar Dá-me teus lábios doces, dá-me um beijo, Quando te beijo, amor, é meu desejo Amar-te e abraçar-te com fulgor Beija meus lábios, terno frenesim, E no teu doce beijo sente assim Quão belo e quão profundo é nosso amor
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ANJO MEU
Teus olhos são estrelas cintilando No sideral espaço… e se algum dia Brilharem para mim, iluminando, Eu chorarei, amor, mas de alegria… E se ergo o olhar pró céu de quando em quando Em busca desse olhar, então me agito E perco-me de amores… e, com desmando, Eu brado aos céus… meu Deus, eu quase grito… Meu anjo azul, me perco em teu olhar… Pudera nos teus olhos encontrar Carinhos mil e cheios de paixão, E eu nesse azul celeste que irradia Do brilho desse olhar, descobriria O amor que faz vibrar meu coração
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JOSÉ SEPÚLVEDA
ILUSÃO
Afago em teus cabelos de oiro fino E sinto-me a bailar no imenso mar E quando em suas ondas, peregrino, Eu sonho em nosso puro e terno amar Navego apaixonado, qual menino, Entre marés imensas, a cantar, E sigo sem ter rumo, sem destino, Ao leme desse teu suave olhar Que lindo esse ondular tão doce e belo, Suave o teu perfume, quanto anelo Eu sinto nesse grande amor por ti E ao som do marulhar silente, infindo, Resguardo teu encanto puro e lindo E canto porque a vida nos sorri…
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VISLUMBRE
Ousando desvendar no mar sereno Vislumbres desse teu doce cantar, Te lanço um longo olhar, em tom ameno E oiço melodias pelo ar... E deixo-me embalar no verbo pleno Dos sons celestiais, e sem parar Procuro o teu sorriso... e num aceno, Descubro-o nos teus olhos a brilhar Vem, dá-me um longo abraço..., num momento Voa p’ra ti meu terno pensamento, Tão cheio de carinho, de ilusão... E olho o mar imenso, o céu anil..., E ouso desventrar poemas mil Gerados nesse imenso coração
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JOSÉ SEPÚLVEDA
AS ROLAS
Naquele espaço cândido, dourado, Tão cheio de ternura e de magia, As rolas conviviam lado a lado A partilhar as suas alegrias O teu olhar tão puro, apaixonado, E a troca de carinhos que vivia, Deixavam-me feliz, extasiado, A partilhar aquela fantasia E, de repente, num silêncio infindo, Eu pude ver um quadro lindo, lindo, Que fez saltar meu frágil coração: As rolas saltam loucas do seu leito Pousando em minhas mãos… e me deleito Tão cheio de prazer e de paixão!
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A ROSA DO AMOR
A rosa do amor desabrochou, Se fez semente em versos de encantar, Lançou ao vento o tempo que passou, Soltou seu canto… e aprendeu a amar… E nesse novo rumo que encontrou, E a faz feliz, alegre, a faz vibrar, A rosa do amor reencontrou Motivos p’ra sorrir, para sonhar Agora, neste sonho, são, aberto, Seu coração sorri p’ra mim, desperto, Esperanças mil gritadas num clamor A rosa do amor sonha que um dia Um novo alvorecer, nova alegria Fará, sim, renascer um grande amor…
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JOSÉ SEPÚLVEDA
MENINA
No rubro dos teus lábios encontrei Amor e sedução, princesa minha, Com todo esse dulçor me deslumbrei Vivendo essa magia que eu não tinha No brilho dos teus olhos mergulhei Tentando descobrir minha menina. Ó noite de luar em que sonhei Com cânticos de amor, doce Amyzinha Agora, quando vejo o teu sorriso, Eu sei que o que na vida mais preciso É desse teu encanto e amor profundo. Envolto nesse enleio eterno e forte, Eu tento com amor vencer a morte E construir contigo o nosso mundo!
P O E M A S D E E X A LTAÇ ÃO
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JOSÉ SEPÚLVEDA
OREI POR TI
Eu hoje orei por ti... Pedi a Deus Mais força, amor e paz amiga minha, Que acalentasse sempre os olhos teus Te desse a energia que eu não tinha Pedi-lhe direção pra teu caminho E bênçãos mil derrame sobre ti Que te outorgasse todo o seu carinho, Te desse o amor infindo que há em Si E quando lhe levei esta oração, Sente imensa paz no coração, Senti muita alegria em teu olhar E a força que me vem desse momento Me trouxe imensa paz ao pensamento E uma vontade imensa de te amar
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TEMPLO
Oh! como é bom sentir tanta harmonia Neste lugar solene e majestoso. Ele nos traz momentos de alegria E cria sentimentos de repouso. Oh! como é doce e calma a melodia Ouvida num tom doce e mavioso. Ela nos leva a orar e nos envia Mensagens jubilosas e de gozo. E envolto num silêncio de encantar, Aquele som se espalha pelo ar Sentindo em mim humilde piedade. É que essa plenitude nos incita, Nos grita, nos impele e nos agita Trazendo tanta paz, serenidade!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
SERENIDADE
Eu hoje, ó Pai, senti imensa paz Ao vir a tua Casa de Oração, Gozei desse silêncio que nos faz Sentir amor e paz no coração E é puro o sentimento pois nos traz Momentos de deleite, adoração… É uma sensação que nos apraz E induz à paciência, à reflexão Ai, como é bom viver o Amor, ó Deus, Sentir abrir as portas lá do céus, Ouvir suaves cânticos, louvor!... E no silêncio ouvir dizer: – Meu filho, Eu sinto-me feliz pois vejo o brilho Do teu olhar refletindo o meu Amor!
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PERDOA
Eu sei que vivo em falta p’ra contigo, Que vivo sem viver na Tua luz, Eu sei que sou irmão, não sou amigo E longe de ti vivo, meu Jesus! Eu sei, não sei viver se estou sozinho E meu agir, eu sei como te ofende E quantas vezes fico no caminho Se há um aliciante que me prende Eu sei que este viver não vale nada, É como areia em praia abandonada, É barco em alto-mar, sem direção Por isso, aqui me encontro humildemente Pedindo a tua ajuda, sê clemente É dá-me, Cristo Amigo, o teu perdão!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
CRISTO, NOSSA PÁSCOA
Corria a hora nona e Tu, ó Cristo, Pregado em rude lenho te encontraste. Depois, bradaste aos céus em alto grito: Pai meu, Pai meu, porque me abandonaste? Pediste de beber e desse misto De vinho azedo e fel te saciaste. E num suspiro intenso e já previsto, Numa agonia atroz, só, expiraste! Morreu o Salvador! Na tarde escura Clamores sem fim se elevam à procura Do Deus de amor, do Deus da liberdade! Da tumba, após três dias, ressuscita E uma multidão de humildes grita: Jesus é salvação, eternidade!
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À DERIVA
O breu oculta a minha face escura... Porque será, meu Deus, que vivo triste? Porque será que o mal que em mim existe Resiste em libertar minha alma impura? Que vida triste, cheia de amargura, Olho pra mim e a mágoa que me assiste Insiste em querer ficar, meu ser resiste Mas quase se aproxima da loucura! Não quero este viver, esta ansiedade. Quero gritar à vida, à liberdade, Reencontrar meu sonho já perdido… Se um dia em meu clamor, em meu tormento, Reencontrar por fim meu pensamento, A vida então vai ter novo sentido
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JOSÉ SEPÚLVEDA
GRITO
Senhor, ouve o meu grito, a minha voz! Tu sabes bem de o meu viver incerto, Longe de Ti, quem sabe, aqui, tão perto, Envolto em meus problemas, luta atroz! Eu sei, conheces bem o meu viver, A minha estranha forma de lutar, Esta energia forte a despontar E não saber sequer como o fazer Usa, Senhor, a força que em mim vive Para que possa em Ti sentir-me livre, Clamando a toda a gente com fervor! Aqui me tens, Senhor, toma meu ser, Transforma-o como bem Te apetecer E ensina-o a falar do Teu amor!
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DESEJO
Almejo reencontrar-te, Cristo amado, Entrar nesse Teu peito, em Tua mente, Contar-te as mágoas que minha alma sente, Sentir o Teu perdão desinteressado O brilho dos teus olhos, eloquente Lição de paz, de amor e de harmonia, Faz-me sentir conforto e alegria E torna a minha vida tão diferente Abre meus olhos, quero despertar Da minha letargia, reencontrar A paz que faz viver serenamente Ó! Não desvies teu olhar do meu Eu sei que ainda um dia lá no céu Nós vamos viver juntos para sempre
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JOSÉ SEPÚLVEDA
PRECE
Senhor, estou aqui indiferente, Vivendo na mais pura apostasia Fujo de ti, de mim, de toda a gente Descrente, numa enorme letargia Desejo caminhar e de repente Eu não consigo! Triste, esta apatia Que nos impele a percorrer na mente Caminhos que nos mentem cada dia Meu Deus, vem-me ajudar, quero sentir De novo essa alegria, esse prazer Que nos faz renascer, nos dá fulgor Eu quero olhar pra ti, ver-te sorrir E descobrir que em cada alvorecer Renasce em mim a chama desse amor
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FÉ
Disseste, Shirley, que não eram muitas As inscrições p’rá tua formação Mas bem sabes: poucas todas juntas São muitas quando há Deus no coração Tu vias o grupinho tão pequeno! E mesmo assim seguiste entusiasmada. E então, pediste a Deus, o Verbo Pleno Que te ajudasse nessa encruzilhada Era uma dúzia só… e num repente Apenas oito querem ir em frente… Surgiram-se momentos ruins, tremendos! Mas tu disseste: – O sábado é sagrado. Será domingo o curso. Resultado: Passaram a quarenta os instruendos!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
SENHOR
Quando chegaste em dia de alegria A minha casa onde há paz e amor, Eu partilhei o pão de cada dia Contigo, à minha mesa, meu Senhor. Mas, de repente, toda essa harmonia Num ápice ruiu e ao meu redor O bem e o mal brincaram à porfia E tudo se transforma em grande dor. E em oração me achego a ti, meu Deus; Pedidos mil se elevam para os céus De amigos sem ter fim, num só clamor! E, em Tua meiga voz, disseste: “Amigos, Ó! vinde a mim, cansados e oprimidos E eu vos livrarei de toda a dor!”
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O TOQUE DE SUA MÃO
Terrível, quão terrível essa tarde Em que a doença todo me envolvia, A febre me devora e sem alarde, Sozinho, envolto em dor, me contorcia. Fugi pró quarto e ali, fechado à chave, Prostrei-me sobre a cama em agonia, Que nas entranhas todo o corpo arde E é grande o sofrimento nesse dia. Mas, de repente, nessa solidão, Alguém tocou suave em minha mão E uma imensa calma então senti. Não sei que se passou nesse momento, Só sei que, com Jesus no pensamento, Na mais serena paz adormeci!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
AI, DEUS MENINO
Aí, Deus Menino, desces lá dos céus Aonde eras honrado cada dia E vão-te colocar os filhos teus Para nascer em rude estrebaria Um burro e uma vaca te aqueceram Naquela noite longa, escura, fria Do velho pai se lágrimas vieram, Com muito amor te olhava e te sorria Nem reis nem sábios ali acorreram... Presentes os pastores te trouxeram Com gestos simples mas amor profundo E nesse sítio próprio de animais Sem lágrimas, lamentos, tristes ais, Nasceste, enfim, ó Salvador do mundo!
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NOTURNO
Durante a noite conversei com a treva. Falei-lhe deste nosso estranho amor E perguntei-lhe aquilo que me leva A esta relação que nos traz dor E disse-me em silêncio: – O que te leva A esta vida – trágico estertor – É essa teimosia que te eleva Aos píncaros da glória sem valor. – Se queres prosseguir nesse caminho, Em cada rosa encontrarás espinho Que vai trazer-te dor, deixar ferida… – Ouve o meu grito aqui do meu desterro: Não queiras mais permanecer no erro E dá um novo rumo à tua vida!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
RESSENTIMENTO
Aquele coração humilde e bom Que minha mãe me deu quando nasci, Não tem qualquer valor, perdeu o dom De perdoar, fui eu quem o perdi Saudade, que saudade! O coração Que aos mais humildes consolar eu vi, Já não consegue dar consolação Àqueles a quem tanto prometi Senhor, vem dar-me forças, dar-me paz, Bem vês que só por mim não sou capaz De perdoar a quem me fez sofrer. O orgulho e a vaidade vem limpar Para que a quem me ofende eu possa dar A paz e a alegria de viver!
A M I N H A FA M Í L I A
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JOSÉ SEPÚLVEDA
SEPTIMPUBLICA
O Duraton desliza das montanhas E serpenteia à volta dos socalcos; Parece que rebenta p’las entranhas, Subindo, regredindo, sempre aos saltos. Na compressão das margens algo estranhas, Vislumbro nos seus pontos mais revoltos Memórias de combates e façanhas, Vitórias mais vitórias…, pontos altos! Fernan Gonzalez, Conde de Sevilha; A sua argente espada ainda brilha No cimo das muralhas sós, absortas… Sepúlveda, cidade maravilha! Tomara ser soldado que perfilha Manter inabaláveis tuas portas!
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NA MINHA ALDEIA
Na minha aldeia havia um lindo rio De cristalinas águas a jorrar E quer fizesse sol, fizesse frio, A gente ia até lá, p’ra se banhar. E era para nós um desafio Passar pela turbina, a trabalhar, Atravessar o dique corredio E ir na outra margem passear. Seguíamos cantando por ali fora Aqui colhendo zimbro, ali amora, E desfrutando os sons da natureza. E ao regressar a casa, p’la noitinha, O nosso coração não se continha Por termos desfrutado tal beleza!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
PENEDA A meu visavô paterno
José foi um pedreiro apaixonado Que a terra do Barroso conhecia E transformava a pedra com mestria Com golpes de magia, em todo o lado. Chamavam-lhe Peneda. O pai amado Nascera no Penedo, em Braga, um dia. Depois, Maria Rosa conhecia E em Fafe foi cantar seu novo fado. A esposa, Joaquina, a companheira, Gerava filhos de qualquer maneira Sem médico ou parteira, envolta em dor. No seu humilde lar, tão pobrezinho, Viviam muita paz, muito carinho, Na construção de um verdadeiro amor.
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EMÍLIA À minha avó paterna
Andavas, doce Emília, por vielas Bradando em tristes ais de sangue e dor. Teus pés se arrastavam num langor Exangue e dormitavas co’ as estrelas. Aonde estão as tuas faces belas, E os teus olhinhos cheios de dulçor? E aquelas mãos tão cheias de fulgor Que nem pintor retrata, onde estão elas? Tão jovem quando envolta em ilusão Um filho te nasceu. E desde então Sozinha te encontraste – estranho amor! Ó triste sina, vida pervertida Que te roubou da vida a própria vida E fez de ti um trapo sem valor!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
GENINHA À minha querida mãe
Quanta saudade, mãe, quanta saudade Do teu olhar perene de paixão, Dum coração imenso, da amizade Da tua mão pousada em minha mão. Preciso reencontrar todo o encanto Do teu sereno olhar, dessa alegria Que muito cedo, para nosso espanto, Numa manhã de Março se esvaía. Regressa, mãe, eu quero o teu carinho, Vem, diz-me no ouvido, bem baixinho Que um dia vais voltar, ó mãe querida! E com todo o saber do coração, Vem, diz-me, por favor, porque razão Eu vivo em teu viver por toda a vida!
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ARMANDO A meu pai
Vi-te nascer dum gesto apaixonado, Num grande frenesim e aventura. Depois, ficaste só, abandonado Por pai e mãe, num gesto de loucura! Assim, qual pária, triste, desprezado, Buscaste alguém, carente de ternura. Foi quando, num amor desinteressado, De novo renasceste em madre pura! E homem te fizeste e em luta acesa Criaste um lar tão cheio de riqueza Aonde abunda amor, felicidade! Graças ao Pai, venceste nesta vida, Fizeste-nos felizes. Na partida Deixaste amor e réstias de saudade!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
MANINHAS
Enquanto aqui viveu a sua luta E conheceu mulher após mulher, Meu pai, com sapiência absoluta, Gerou extensa prole em seu saber. A Nanda, a Ema, a Tila e a Saluca Nasceram todas antes de eu nascer. Chegava a minha vez, coisa maluca, Ter que aturar assim tanta mulher! E veio a Olga, a Paula se seguia. E não ficou por aí que, mais tardia, Nasceu a Sílvia em grande confusão. Viveu três casamentos a sorrir E dessa prole que delas viu surgir Eu sou tão só seu único varão!
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ANITA À minha querida Amy
Setembro, fim da tarde, mais um dia Se dissipou tão triste em meu lidar, Apenas mais um dia em que seguia Num barco desvairado a navegar Agora, a sempre grata companhia Que no silêncio dum singelo olhar Tentava transmitir o que sentia Ao soletrar, sozinha, o verbo amar. Surpresa! De repente, vi na estrada Dourada cabeleira que brilhava No ondular mais lindo que encontrei Meu coração saltava de alegria! Olhamos e sorrimos à porfia, Depois, não sei porquê, me apaixonei!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
MEUS FILHOS
De tantas, tantas graças e presentes E bênçãos sem ter fim já recebidas, Nos deste, ó Deus, três filhos diferentes E tão iguais, razão das nossas vidas Olha o Luís, tão sóbrio, tão amável, Seus olhos irradiam alegria… Sorrindo sempre, com falar afável, Vai espalhando amor e simpatia Olha o Miguel, sincero, artista nato, Amante do desporto e do retrato, Pacato em seu viver, giesta em flor! Por fim, o Pedro, filho dedicado, Que insiste viver sempre ao nosso lado Fazendo do meu lar um lar de amor
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REBENTOS
Nascidos dum amor intenso, lindo, Vivido no fragor duma paixão, Nós temos três rebentos, sonho infindo, Que acalentaram nosso coração. E nessa caminhada fomos indo, Sonhando, tão famintos de ilusão. Agora, os filhotitos vão partindo Sorrindo, cada qual por sua mão E um a um saltaram do seu ninho, Levando o nosso amor, nosso carinho, Vivendo, distribuindo paz e amor... Com mil sorrisos, deste nosso lar, Nós vamo-los seguindo e a louvar, Com gratidão infinda ao Salvador
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JOSÉ SEPÚLVEDA
HUGUITO
Huguito, já cheguei, mas que saudade Eu tinha de te ver, meu amorzinho, Vem dar-me aquele abraço, apertadinho, Que me enche de calor, felicidade! O tempo que passei lá na cidade Aonde vivo com tua avozinha Parecia não correr e, adivinha, Parece que foi uma eternidade Trouxe p’ra ti o carro policial, A pista, o dos bombeiros, tal e qual! Mas estas prendas têm pouco valor. Por isso, trouxe-te uma sem igual, Como presente muito especial Eu quis trazer p’ra ti o nosso amor!
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JOANA
Joana, como é lindo o teu olhar Olhando o meu, assim, tão penetrante! Olho p’ra ti e logo, nesse instante, Eu fico enternecido, sem falar! O teu sorriso doce, de encantar, Traz aos meus olhos brilho radiante. E ouço a tua voz tão radiante A me dizer: Avô, vamos brincar? Vem-me abraçar-me, amor, e vem trazer A força e alegria de viver A este meu cansado coração E vem dizer-me com o teu carinho: Eu quero-te abraçar, meu avozinho, Só quero o teu amor, tua afeição!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
MARTIM
Agora que acabaste de nascer, Montado em teu corcel de fantasia, Eu sinto regressar essa harmonia Que se esvaía sem qualquer prazer É quando estás olhando p’ra meu ser Com teu sorriso pleno de alegria Que quero reviver em cada dia Essa alegria imensa de viver Agora, ao ver-te, eu sinto renascer Momentos já vividos com prazer Em tempo já no tempo dissipado Contigo nasce a luz de um novo dia! Por isso, quero a tua companhia E caminhar contigo lado a lado
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MARCOS
Menino lindo com olhar tão vivo, Irrequieto na forma de agir, Mergulho em ti e vejo se consigo Ler nos teus olhos tão lindo sorrir E quando pousas no meu ombro amigo Tua cabeça, sinto o teu sentir… Teu coração a procurar abrigo Tão cheio de esperança no porvir E olhando o teu olhar sereno, Marcos, Aos céus ouso lançar louvores parcos Com sentimento, grato, bem discreto Que desde que chegaste à minha vida A paz à minha volta é mais sentida Pois vejo-te sorrir, querido neto!
OS MEUS AMIGOS
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JOSÉ SEPÚLVEDA
AMIGO Aos meus amigos
Amigo é todo aquele em cujo gesto Se lê dedicação e confiança, Amigo é quem nos mata a desesperança Com fé no sentimento mais modesto Amigo é todo aquele que anda lesto E ama à sua inteira semelhança Na altura em que um amigo perde a esperança E tudo para ele é já funesto Amigo é o que nos traz felicidade Com gestos simples, com sinceridade, Com fraternal amor, sem ilusão Amigo é quem nos ama, quem nos guia, Nos dá coragem, paz e alegria E trata o seu amigo como irmão
MEU VERSO, MEU BERÇO, MEU POEMA · Os meus Amigos
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FORÇA DE VIVER À minha professorinha do coração, Emília Godinho
Que bom ter tantas coisas na lembrança: Memórias de alegria e de verdade Vividas nos meus tempos de criança Na minha velha escola. Que saudade! Vem ver a doce Emília, não se cansa De dar lições de vida e de amizade. Depois, vê-nos partir, cheia de esperança, P’ra conquistar a nossa liberdade! Que bom! Reencontrei-te, que alegria Poder usufruir da simpatia Que à tua volta espalhas com prazer! Sentir que a tua paz, serenidade, Nos leva o sentimento de saudade Que se transforma em força de viver!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
SEREIA AZUL À minha amiga Cármen
Sereia Azul, dulçor dos meus encantos, Sulco os recantos deste imenso mar, Desfaço-me em poemas, doces cantos, Na esperança de algum dia te encontrar E nesse caminhar, livre de prantos, Mergulho nas carícias desse olhar E perco-me nas ondas, rastos santos, Dos teus cabelos lindos a brilhar Deixa voar o sonho, a fantasia, Permite-me viver essa utopia Que em ti, Sereia, pude reencontrar Que desde que caíste no meu peito No afago dos teus seios me deleito E aguardo, na esperança de te amar
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HELENA À minha amiga Helena
Quando acordaste, Helena, era já tarde… Sentaste-te na cama e num momento Pegaste na caneta e sem alarde Soltaste do teu peito o pensamento. Momento lindo em que tua alma arde E anseias transformar-te em elemento… Então, falas de amor e de amizade E do teu Deus que inspira e dá alento. Depois, vem o fragor, orgias bravas; E tentas transmitir-nos por palavras As coisas que te vão no coração… E, de repente, como por magia, Transformas o poema em alegria Que a vida te outorgou em profusão!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
ANGÉLICA À minha amiga Angélica
No teu esquife, de sorriso aberto, Olhavas para mim com terno olhar… Teu coração estava já liberto Da tua escravatura de pasmar Olhei pra ti em tua graça infinda; Sorrias tal qual foras minha mãe E vi no teu olhar – coisa mais linda! – O outro meu sorriso que Deus tem Aliviada agora dos teus fardos, Tristeza, solidão, espinhos, cardos, Transportas esperança no teu peito E lá no assento etéreo, junto a Deus, Tu vais reencontrar os filhos teus E um novo mundo, puro, são, perfeito!
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ANA CLÁUDIA À minha amiga Ana Cláudia
Perdi-me quando a ouvi falar um dia… Minha alma se sentiu apaixonada Sentindo tudo aquilo que dizia Cantando em versos, alta madrugada O tom de sua voz, serena, calma, Nos transmitia coisas de encantar Saídas das entranhas de sua alma E eu extasiado a ouvir cantar Não deixes nunca que esse teu talento Se veja ultrapassado pelo tempo, Mas grita-o com vigor, com alegria Que é belo, nobre e forte o sentimento Que vive na raiz do pensamento E salta do teu peito em poesia
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JOSÉ SEPÚLVEDA
GABY À minha amiga Gaby
Vi-te chegar um dia à Academia Tão cheia de fulgor e confiança Irradiando paz e simpatia À tua volta, plena de esperança Depois, na aula de Psicologia, Nos deste novas réstias de bonança Cantando para nós a melodia Nascida nos teus tempos de criança Mostraste tuas mãos, as mãos de amor Que fazem dumas pedras sem valor Safiras, esmeraldas, rubis, jade Por fim, deixando tudo num momento, No etéreo céu voou teu pensamento Correndo numa imensa liberdade
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MUSA A uma amiga
Eu quero ouvir os sons, essa harmonia Que a musa com seus versos te cantou, Eu quero ouvir o tom e a melodia Cantados quando a vida te entregou! Ó areais sem fim, que dor sentia Quando, abraçada a vós, se confessou! Falai-me, por favor, da nostalgia Que um dia a luz do dia lhe outorgou! Eu quero acreditar: Toda a tristeza São laivos de amargor e de incerteza Que quando, ó mar, trouxer em seu clamor, Então, irá findar essa agonia E vai raiar por fim um novo dia Em que ela encontrará seu grande amor!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
NATÁLIA À minha amiga Natália
A tua imagem meiga e delicada Que olha para nós com tal candura Esconde uma vivência alimentada Por réstias de carinho e de ternura. E quando, junto a nós, aqui sentada, Nos falas desse amor com tal doçura, A nossa mente esvai-se, mergulhada Em água cristalina, imensa, pura. Fica connosco, dá-nos essa paz, Que teu sereno olhar sempre nos traz Palavras brandas, cheias de dulçor. E deixa-nos viver em cada dia Essa experiência linda, essa harmonia Que reacende em nós imenso amor!
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AMIGA A uma amiga
Amiga, como é doce o teu olhar! Se olho para ti num só momento, Descubro coisas tais que se calhar São alimento do teu pensamento! Que bom ver-te sorrir, ver-te brincar, Ver-te voar tão leve como o vento Num sensual e suave levitar Lançando para longe o sofrimento! Ai como é bom sentir-te e de repente, Quase embalado em sonhos e silente Esvoaçar no etéreo céu de anil. Pensar que nesse voo apaixonado Ocultas no teu manto de brocado Um sonho renovado, esperanças mil...
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JOSÉ SEPÚLVEDA
SEDUÇÃO À minha amiga Manuela
Chamaste-me padrinho. Atarantado, Olhando sem saber o que fazer, Aqui fiquei perdido, baralhado, Pensando no que havia de dizer. Trocamos um olhar mal disfarçado Com cândido brilhar. Não ousei ler, No teu sorriso lindo, amordaçado, Palavras que nem qu’ria compreender! Menina frágil, doce, tão sensível, Aqui, desta mansão do impossível, Te envio o meu abraço, o meu carinho. Avança, não desistas, segue em frente, Que mesmo neste mundo inconsistente Um dia hás de encontrar o teu caminho!
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GOSTEI DE TI À minha amiga Ana Lemos
Naquela noite plena de alegria, No fogo da emoção que então vivi, Falamos sobre O Drama de Sofia E sem me aperceber, gostei de ti. Foi quando me falaste. Essa energia Saída de teus lábios de rubi Calou bem forte e quase por magia, Num gesto incompreensível, me rendi. Essas palavras doces, elegantes, Saídas de teu peito por instantes, Tão cheias de ternura e de afeição, Eram poemas cheios de fervor Querendo transmitir gotas de amor Do alfobre do teu nobre coração!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
LINA À minha amiga Lina
Naquele tempo em que ias pró colégio Fugindo à tua sina traiçoeira, Quiseste lá ficar, tornares-te freira E eu não deixei! Meu Deus, que sacrilégio! Nas noites em que juntos lemos Régio Sentados lá na sala, na cadeira, Tu foste a dedicada companheira Que me alentou… Partiste, tempo egrégio! Sonhei, quis ilusão, sofri, bem vês O que o cruel destino de mim fez: Pedi licor, bebi terebintina… Agora, a vida minha é desespero, De tudo o que perdi, apenas quero De novo essa amizade peregrina!
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DANÇA À minha amiga Isabel Costa
Gosto de ver-te em passos delicados Sempre animados, cheios de alegria, Marcando espaços simples, ensaiados, Fazendo-nos dançar. Mas, quem diria! E, envoltos nestes gestos coordenados, Com toques sensuais e de magia, Tu vês-nos saltitar, desajeitados, Quase enlevados na mais doce orgia! E gritas: – Chá-chá-chá, a salsa, a rumba, O tango e uma valsa... Catrapumba!...” – Na que me fui meter, mas que caramba! – ‘Stou mesmo a adivinhar, com tanto esforço, Vou vê-los para o ano lá no corso A dançar chá-chá-chá, em vez de samba!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
MEMÓRIAS DE JOANA À minha amiga Joana Rodrigues
Joana, aqui das Minas do Lousal Eu ouço e canto o grito do teu peito A tua luta entre o bem e o mal Num tom harmonioso, tão perfeito E paro e reflito... É que, afinal, Levado neste enleio, me deleito Em teu singelo e doce versejar Com gestos maternais e de respeito Por isso, Joaninha, aqui eu canto Em melodias simples esse encanto Em descobrir teu coração amigo E ao penetrar ousado em teu viver Eu acabei enfim por perceber Que a vida sempre tem outro sentido
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MUSA SÓ-AMIGA A uma amiga
Ai, Musa, porque impedes que te siga E tentas na amizade tudo ver? Não queiras que te chame Só-Amiga Mas tenta seduzir-nos, ser mulher! Não julgues que um amor na tua vida Vai ser o elixir que dá prazer, Desperta, se ficares só, perdida, O jogo vai ser mesmo p’ra perder Se pensas que virá de um só cantinho, A fonte do amor e do carinho, Esquece que o caminho derradeiro Vais encontrá-lo um dia em qualquer parte Aonde a sedução for uma arte E o teu amor sincero, verdadeiro.
I N T RO SPEÇ ÃO
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JOSÉ SEPÚLVEDA
SOLIDÃO
Cansei-me de ser eu, para que existo? Cansei-me de farsar com toda a gente … Cansei me de imitar um outro cristo Que a ser como eu pensava, era diferente… Cansei-me de sonhar… Sei que sou visto Por loucos, como um louco… E meu ser sente Que ser humano é ser mas não ser isto Que faz sofrer de forma deprimente! Abaixo, ó vida cega, desregrada, Dá paz à minha alma atormentada, Não quero, não mais quero ser poeta! Deixa viver meu pobre coração Bem longe da tristeza, da ilusão, Meus versos que apodreçam na gaveta!
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TRISTEZA
Deixei cair meus sonhos, de repente, E vi-me a navegar em alto mar E naufraguei naquele mar de gente Que já não tinha nada p’ra contar Qual pária, vaguei como indulgente Calcorreando estradas sem parar E nada vendo já na minha frente Co’ a mente no fervor de te encontrar E eis-me vagueando noite e dia Vaiando o entusiasmo e a alegria Naquela esp’rança louca de te ver Ó musa minha, a vida é ingratidão, Não queiras mergulhar nessa ilusão Que apenas nos irá fazer sofrer
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JOSÉ SEPÚLVEDA
EM LISBOA
Nesta Lisboa airosa, fresca e boa, Que abriu mundos ao mundo, noutros tempos! Lisboa já banhada de lamentos Em tempos que passei nesta Lisboa. Num desvario, subo à Madragoa Fugindo à toa desses meus tormentos… Loucura, maldição, esses momentos São gritos de revolta, a vida é loa! Nesta Lisboa tu, quem dói, quem trai. O pensamento meu de ti não sai… Vertigem? Qual a origem? Sentimentos? Vertigem? Qual a origem? Tu, verdade? Os excrementos teus, virgem saudade, À virgem sua enviam cumprimentos…
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TRISTEZA 2
Olhando nos meus olhos, circunspecto, Eu vi o olhar tão cheio de langor, Ausente de carinho, sem afeto, E refletindo muita angústia e dor Ali permaneci silente, ereto, Tentando reencontrar esse vigor Dos tempos que passaram, do dileto Viver que transmitia tanto amor Silêncio! Que silêncio de pasmar! Encontro introspetivo, triste, ausente, Olhando o meu espelho, contrafeito Inerte, adormecido nesse olhar, Fui remoendo, triste, indiferente, O grito amordaçado de meu peito
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JOSÉ SEPÚLVEDA
VAZIO
Que denso nevoeiro, dia frio... Sentado ali na sala, no sofá, Eu sinto desalento e um vazio Que causa calafrio, coisa má E aqui me encontro em puro desvario, Em busca dessa força que nos dá Alento neste andar só, doentio Tão longe duma vida pura e sã Para que serve a vida sem sentido Vivida em sonho efémero perdido Num tempo que se extingue num segundo? Que vale este viver frio inseguro Se vivo em permanência num escuro E não há mundo para além do mundo?
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VIDA
A vida é sofrimento, é alegria, É lágrima, é sorriso, é ilusão, A vida é guerra, é paz, é fantasia, É sombra, é sol, é luz, escuridão A vida é cruz, é virgo, é dor, é cria, É carne, é tronco, é mar, imensidão, A vida é frustração, paralisia, É crença, é lar, é amor, é uma canção A vida é loa, é mito, é noite, é dia, É fé, é sede, é fonte, é fome, é pão, É lentidão, coragem, agonia. A vida é roda imensa que nos guia, É sonho, é despertar, é uma paixão Aonde o nosso corpo rodopia
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JOSÉ SEPÚLVEDA
NATUREZA
A minha amiga surda, a natureza, Falou-me esta manhã em poesia, Falou-me de alegria, de tristeza, Falou-me de ternura e simpatia. No azul, no verde-rubro, singeleza, Nos campos e nas flores, no céu, dizia: – Quem foi o Pai de tão rara beleza? – Foi Deus-Amor, Deus-Paz, Deus-Alegria! Virado ao céu, contemplo o azul sem fim Com misticismo tal que sinto em mim Como o sair do vale mais profundo. E sonho, e quero ver o mar brilhante Que vive em meu olhar em cada instante, Levando-me consigo a todo o mundo.
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REFLEXO… (à laia de soneto)
Quando cheguei ao espelho o meu rosto E me fitei, ainda com a esperança Que um dia me encontraria, sem gosto Fiquei ao ver uns olhos de criança Velhos, velhos! Com desprazer me encosto E ali fico tão vário que me cansa Saber que sou eu e quase que aposto Que nem eu sou. E já sem confiança Olho-me bem. Tristeza! Baixo os olhos E sem querer fito o chão. Só escolhos, Só lixo. Não! sou só! Porque não vou Convosco? Somente por cretinice… De novo, olhei p’ra mim e p’ra mim disse: – Não posso mais deixar de ser quem sou!... … e adormeci no sono da vida
MAR, DOCE MAR
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JOSÉ SEPÚLVEDA
UM MAR DE POEMAS
Como um corcel, cavalga pela praia Em ondas de prazer e alegria Ele saltita, solta-se, desmaia E dá-lhe um longo abraço… e a acaricia E espalha os seus segredos pela areia Beijando-a… Como brincam à porfia Em mananciais de afetos! E se enleia Num rodopio, pleno de magia Ouvi bramar seu forte pensamento E vede que chegado esse momento, Com sentimento, entrega com fervor Um mar de poemas, puro, terno, infindo, Tão cheio de candura, lindo, lindo, Em suaves melodias…, doce amor!
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A SINFONIA DO MAR
Ao longe, o marulhar, a melopeia Das ondas desse meu imenso mar... Chegou de madrugada, maré cheia, Em lindas melodias, seu cantar... Eterna paz, caminho pela areia Olhando mil gaivotas a voar Num mágico bailado que me enleia Aos sons da sinfonia, o marulhar... Se de repente aquele mar se agita, Eu perco-me de amor, minha alma aflita Se lança pelas ondas sem temor... Ó mar sem fundo, tão imenso e forte Tu és meu mundo, sina, a minha sorte, A sinfonia eterna do amor!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
O ALBATROZ
Contava a lenda que naquela praia Havia um albatroz que esvoaçava E ao ver junto do mar, numa catraia, O amor que lhe sorria, ele cantava E o albatroz, feliz, já não se ensaia E voa nessa praia à desvairada Horas sem fim e quase que desmaia Cansado ao adular a doce amada Pobre albatroz, é triste o desencanto O povo surpreendido, com espanto Olhava-o a voar enfraquecido Porque algum dia um cavaleiro errante Roubou-lhe sua amada e vacilante O albatroz partiu triste, ferido…
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FÚRIA
Que violência, mar, porque te agitas Se busco paz e calma ao vir aqui? Eu venho procurar-te e tu me gritas Como se fora intruso, ao pé de ti! Eu gosto de te ver quando me excitas Com ar sereno como o que senti Em tempos de bonança, sem desditas, Nas horas mais bonitas que vivi Agora, ao ver-te em fúria, atormentado, Meu coração se sente amedrontado E triste, sem saber o que fazer. Por isso, Mar, serena o teu furor, Partilha o teu carinho, o teu amor E dá-me a mão, ensina-me a viver!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
JUNTO AO MAR
Voai, esvoaçai, lindas gaivotas, Voai à minha volta com prazer, Trazei-me a minha paz em suaves notas E deem alegria ao meu viver E nas vossas canções tão sãs, devotas, Eu sinta paz, ouvindo esse cantar E dentre as melodias, notas soltas, Encontre a paz serena junto ao mar As águas mil se estendem sobre a praia E o mar imenso quase que desmaia No areal sem fim à minha frente E oiço a encantadora melodia Que soa pela praia todo o dia Num suave murmurar, puro, silente!
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OLHANDO O MAR
Gaivotas numa praia sem ninguém. Olhando o mar, carícia que se eleva Ao sol sem brilho que ilumina a treva E agora nos fugiu para o além… Espuma negra, esguia, num vaivém Calente e tenebroso que nos cega… E, frio, peço à pena que descreva As mágoas desta vida de desdém. Não choro porque é triste ver chorar, Não rio porque é triste ver farsar, Não falo porque é triste ver sofrer… Apenas olho o mar, seu ondular, Na esp’rança de nas ondas desvendar Segredos que me ensinem a viver
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JOSÉ SEPÚLVEDA
À DERIVA
O breu oculta a minha face escura... Porque será, meu Deus, que vivo triste? Porque será que o mal que em mim existe Resiste em libertar minha alma impura? Que vida triste, cheia de amargura! Olho pra mim e a mágoa que me assiste Insiste em querer ficar, meu ser resiste E quase se aproxima da loucura! Não quero este viver, esta ansiedade. Quero gritar à vida, à liberdade, Reencontrar meu sonho já perdido! Se um dia em meu clamor, em meu tormento, Reencontrar por fim meu pensamento, A vida então vai ter novo sentido
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PÔR DO SOL
O mar está sereno. Pela areia, Gaivotas mil brincando ao desafio… É fim da tarde e já a maré cheia Se diluiu por entre o penedio… O sol ameno já não se incendeia Nas águas sem ter fim… e já sorrio Ao contemplar aquela bola cheia Que vai beijando o mar num desvario… E, quando chega a hora, o sol se esconde Lá longe, no infinito e até onde Meus olhos já não podem alcançar… Momentos lindos, de magia, encanto, Ver esse sol cobrir-se com seu manto De espuma, mergulhando no seu mar…
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JOSÉ SEPÚLVEDA
AO PÉ DO MAR
Olhava aquele espelho à minha frente; E ali sentado, inerte, eu via a água Batendo, rebatendo numa frágua E as gotas se espargindo, suavemente… E enquanto caminhava ali, silente, Eu partilhava aquele gozo ou mágoa… E toda essa magia agora trago-a Gravada no meu peito, ternamente… Depois, sentei-me ouvindo a melopeia Das ondas e as gaivotas pela areia Naquela sinfonia de encantar… E, ali fiquei por tempos infinitos Perdido entre a magia desses gritos, Ouvindo os sons aflitos do meu mar…
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NAVEGANDO
Navego nesse mar imenso, infindo, Ouvindo a doce brisa, o marulhar… E nessa melopeia vou seguindo P’ra onde a maresia me levar No céu, as densas nuvens se esvaindo Em lágrimas que tombam sobre o mar… E as forças lentamente vão fugindo, E sinto-me perdido, a navegar… Algumas aves voam lá no céu Sob esse oculto sol, agora breu, Amedrontadas por me ver penar E nesta nostalgia peço a Deus Que venha perdoar pecados meus Que a vida insiste em não me perdoar…
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JOSÉ SEPÚLVEDA
RELÓGIO
Quem passa junto à praia, na Esplanada E eleva para o alto o seu olhar, Vai ver naquela torre iluminada A hora que o relógio teima em dar. Se o tempo para uns não vale nada, É para outros coisa basilar Que o tempo nesta nossa caminhada Passa a correr p’ra nunca mais voltar. Aprende esta lição: se o vires passar Não pares, continua a caminhar Mas vai descontraído, sem ter pressa. Não vale a pena andar sempre a correr Se na verdade o tempo é p’ra viver E em cada instante a vida recomeça
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PASSEIO ALEGRE
Passeio alegre. A multidão se agita Num louco frenesim, sem mais parar. O povo se atropela e se espevita Em longas caminhadas junto ao mar. E toda aquela gente nos incita A passear felizes e a cantar. E nem sequer se fala, quase grita Que é grande o alarido ali no ar. Em noites de luar, o mar sereno Nos chama e nos convida num aceno A desfrutar momentos de prazer. Que bom ouvir o mar, seu marulhar E no silêncio e paz reencontrar Essa alegria imensa de viver!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
VERONESE
Os gritos entoavam lá na praia Perante tal cenário. E, impotente, No Veronese há gente que desmaia Ao pressentir a morte à sua frente. Chegaram os poveiros. Já se ensaia O modo de abordar aquela gente. E o comandante impede que se saia Ao ver nova tragédia tão presente. Então, Lagoa chama os seus amigos E sem ligar a apelos ou perigos Se lançam lá no mar, à sua sorte. E envoltos em coragem, destemor, Alcançam num instante esse Vapor Salvando toda a gente. Gesta forte!
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CEGO DO MAIO
Nasceu num berço humilde e carinhoso Esse poveiro cheio de valor. O mar foi para si seu grande gozo, Alfobre de ternura e grande dor. E em cada dia um gesto corajoso Se sucedia. E ia sem temor Roubar ao mar imenso e revoltoso A vida de um e outro pescador. Tão cheio dessa vida abnegada Foi receber um dia a Torre e Espada Das mãos do Rei. E com simplicidade Pegou numa saqueta com beijinhos E disse, rodeado de carinhos: – São para os seus cachopos, Majestade!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
PÓVOA DE VARZIM
A A A A
Noroeste da Península se situa mais formosa praia lusitana, imensa terra nostra que nos chama, Póvoa, terra minha, terra tua
És berço de poetas, de escritores, De heróis que em terra e mar por ti lutaram E com coragem nobre acarinharam Em vida tantos, tantos pescadores Vem ver o Eça, o Maio, o Calafate, O Sérgio, o Lagoa e quantos mais Que morrem exaltando-a até ao fim Vem ver as lindas colchas de escarlate Durante as procissões, pelos beirais Cantando a linda Póvoa de Varzim
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VILA DO CONDE
Quem foi que deu o nome a nossa terra Lhe chamou sua e a teve por presente? Mistério! É um segredo que se encerra Envolto na penumbra mais silente. Quem foi o Conde que entre paz e guerra Se deslocou p’ra cá com sua gente E disse: – Aqui quem manda e quem desterra Sou eu! Que decisão eloquente! Vímara Pérez, primórdio da nação? O Conde D. Henrique, sim ou não? Quem quer que seja, é-nos indiferente. D. Mendo, conhecido por Sousão, Talvez queira dizer-nos com razão Que os Condes somos nós, a nossa gente!
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JOSÉ SEPÚLVEDA
DO ALTO DO MOSTEIRO
Do alto do Mosteiro eu olho o rio Que corre suavemente para o mar. E vejo ali, por entre o casario, Gaivotas que esvoaçam sem parar. E sinto a brisa num sopro vadio Que teima vir p’ra me acariciar. E sem me aperceber do desafio Que a brisa me lançou, eu vou cantar! Ao fim do dia, nessa tarde amena, A bruma vai descendo em paz, serena, Enquanto, sorrateiro, o sol se esconde. E nesse enleio, estendo um longo abraço A meu amigo, Ventura do Paço, E sento-me A Cantar Vila do Conde!
OUTROS POEMAS
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JOSÉ SEPÚLVEDA
FOME
Estava a inocente criancinha Deitada sobre um monte de farrapos... Cobria o tenro corpo com dois trapos E ali ficavam à espera da mãezinha. Olhava ansiosamente para a rua... E ao ver a sua mãe que ali surgiu A doce criancinha lhe sorriu Correndo ao seu encontro, quase nua. – Mãezinha, dá-me pão, tenho fominha! – Não posso, meu filhinho! – Não o tinha Aquela pobre mãe que à fome mente. E logo a inocente criancinha Ao seu ventre encostou a cabecinha E ali ficou inerte, indiferente!
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LÁGRIMA
Seguia de mão dada pela estrada Lançando para o filho um meigo olhar A sua mente assaz preocupada Por não ter alimento pra lhe dar Os tempos são de míngua, são de mágoa... E nessa luta atroz de cada dia Um pouco de alimento, um copo de água E a fome e a tristeza se alivia Parou num contentor, abriu confiante... A sua expectativa num instante Se esvaneceu... ali não tinha nada E ocultando o seu sorriso lindo, Seus olhos, rio de água se esvaindo, Um pouco de pão duro lhe entregava…
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JOSÉ SEPÚLVEDA
O URSINHO
Era um ursinho branco de peluche Que andava ao dependuro no roupeiro E quando eu preparava um suave duche Olhou p’ra mim com seu olhar matreiro Vestia jardineira azul-marinho Em seu sorrir alegre e sedutor Parecia que dizia bem baixinho – Bom dia, como está, meu rei senhor Fiquei ali parado à sua frente E coisas tais passaram-me p’la mente Que quase apeteceu deitá-lo ao chão E o urso de peluche ali, franzino, Olhava para mim com tal carinho Que quase me partia o coração!
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DESAFIO
Nesta corrida insana e pervertida Que a vida nos coloca no caminho, Às vezes se tropeça, porque a vida Nem sempre trata a vida com carinho. Se acaso o grande amor da tua vida Se torna menos rosa, mais espinho, Rejeita essa afeição incompreendida, Não deixes que te afaste do caminho. Há nova vida além no horizonte, Que pode ser pra ti a fresca fonte Que ao longo do caminho te sacia… Portanto, lança fora o sofrimento E encontrarás momento após momento, Conforto, paz, amor e alegria.
JOSÉ SEPÚLVEDA
Meu verso, Meu berço,
MEU POEMA Sonetos
EM PARCERIA COM O SOLAR DE POETAS