Porque Ele Vive

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JOSÉ SEPÚLVEDA

EM PARCERIA COM O SOLAR DE POETAS


FICHA TÉCNICA:

TÍTULO

Um Porque Ele Vive AUTOR

José Sepúlveda ILUSTRAÇÃO (capa)

Maria Matos Graça ILUSTRAÇÕES (interior – miolo)

Glória Costa PINTURA (contracapa)

Adiasmachado DESENHO GRÁFICO

Dinis Lourenço PRODUÇÃO EDITORIAL

Maria Esther IMPRESSÃO

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx MODOCROMIA EDIÇÕES, LDA Telf: 263 047 905 · TM: 934 833 264 modocromia.editora@gmail.com ISBN: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx DEPÓSITO LEGAL: xxxxxxxx TIRAGEM: 300 exemplares 1.ª Edição: Maio, 2015 Todos os direitos reservados de acordo com a legislação em vigor


ÍNDICE Reflexão | 5 Esperança Esperança Reencontro Ressentimento Perdoa Prece Confiança Consagração Meu Deus… Meu Anjo Samaritana Foi Deus Fica Connosco No Templo Jerusalém Pecadora A Ceia Paixão de Cristo Talvez um dia Profecia Templo Tempestade Zaqueu Sermão da Montanha Meu barco Paz Anjo lindo Refrigério Pecado Original Desejo O toque de Sua mão Oração

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Prova de Fé Serenidade Navegando Orei por ti Em teu jardim Natureza Na cruz Redenção À deriva Grito Noturno Primavera Velhinho Fome Islão Bill Santos Pedala, Miguel O Menino Noite de natal Natal na minha aldeia Feliz Natal Ai, Deus Menino Natal II É Natal O Natal da Vaquinha Ceia de Natal O Presépio Fronteira Uma Estrela Vai voltar Natal

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REFLEXÃO

Bebes a inspiração nos Evangelhos… Os teus Sonetos são um Hino ao Criador, ao Cristo Redentor, ao Pai amigo e tolerante. São palavras de esperança, profissões de fé que, num processo introspectivo ou em questionamentos ao Alto, encantam, emocionam, confortam, motivam… Diante do Cristo Crucificado ora te ajoelhas, penitente; ora, estendes a mão, confiante ; ora te consentes a coroa de espinhos; te flagelas ; ora te inflamas, pela fé, pela força, de O saberes teu Pai, teu Senhor, teu Salvador…. Com os teus poemas, acreditemos ou não nesse Cristo, acreditemos ou não com a mesma dose de fé, nós, os leitores, como eu, vislumbramos e tocamos essa Luz, esse Caminho para as subtilezas da alma de quem acredita que “ELE VIVE” e é o CAMINHO, a VERDADE e a VIDA”. Conceição Lima

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ESPERANÇA

Na sua sabedoria, Jesus Cristo me dizia: – Não temas nem tenhas pressa Porque se olhares bem o mundo Verás que num só segundo Toda a vida recomeça!

Porque Ele vive, posso ver o amanhã; Porque Ele vive, temor não há Eu sei que minha vida não será mais vã, Pois meu futuro em Suas mãos agora está. Willian J. e Glória Gaither (1936)

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Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. Jó 19:25

ESPERANÇA

Ali, onde o silêncio se mistura Com choros e lamúrias sem ter fim, Repousa tanta, tanta criatura Coberta de açucenas e jasmim! Um misto de saber e de ternura De ódio, de afeição, coisas assim… Ali aguarda toda a criatura Que teve a sua vida de arlequim. Pobres e ricos, sem ter distinção, Novos e velhos, cheios de ilusão, Fracos e fortes, gente de espantar! E um peregrino sonho de criança; Nascer, viver, morrer, ter a esperança De um dia, triunfante, despertar!


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REENCONTRO

Andei num mundo vil que vil eu era, Buscando amor e paz, felicidade! Trocava as amarguras por quimera, Fingia querer amar, por caridade E o mundo de mentira e falsidade Onde vagueei, fez triste este meu ser, Até que, noite fora, essa verdade Desconhecida em mim via nascer A salvação é Cristo! Deus é Amor! P’rá salvação há um Mediador! Jesus morreu por toda a humanidade! Dia após dia, a luz dessa esperança Brilhou em mim e eu, homem-criança, Em Cristo vi nascer a Liberdade!

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RESSENTIMENTO

Aquele coração humilde e bom Que minha mãe me deu quando nasci, Não tem qualquer valor, perdeu o dom De perdoar, fui eu quem o perdi Saudade, que saudade! O coração Que aos mais humildes consolar eu vi, Já não consegue dar consolação Àqueles a quem tanto prometi Senhor, vem dar-me forças, dar-me paz, Bem vês que só por mim não sou capaz De perdoar a quem me fez sofrer. O orgulho e a vaidade vem limpar Para que a quem me ofende eu possa dar A paz e a alegria de viver!


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PERDOA

Eu sei que vivo em falta p’ra contigo, Que vivo sem viver na Tua luz, Eu sei que sou irmão, não sou amigo E longe de ti vivo, meu Jesus! Eu sei, não sei viver se estou sozinho E meu agir, eu sei como te ofende E quantas vezes fico no caminho Se há um aliciante que me prende. Eu sei que este viver não vale nada, É como areia em praia abandonada, É barco em alto mar, sem direção. Por isso, aqui me encontro humildemente Pedindo a tua ajuda, sê clemente É dá-me, Cristo Amigo, o teu perdão!

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…como o vaso, que ele fazia de barro, se quebrou na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso… Jeremias 18 4

PRECE

Estou aqui, Senhor, indiferente, Vivendo na mais pura apostasia, Fujo de ti, de mim, de toda a gente Envolto nesta triste nostalgia. Desejo caminhar e de repente Eu não consigo. Triste esta apatia Que nos impele a percorrer na mente Caminhos que nos mentem cada dia. Meu Deus, vem-me ajudar, quero sentir De novo essa alegria, esse prazer Que nos faz renascer, nos dá fulgor. Eu quero olhar para Ti, ver-Te sorrir, E descobrir que em cada alvorecer Renasce em mim a chama desse Amor

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…tu és a minha esperança, Senhor Deus; tu és a minha confiança desde a minha mocidade. Salmo 71:5

CONFIANÇA

És Tu, meu Pai Celeste, és Tu, Ventura, Quem traz sossego e paz a este meu ser, És Tu minha coragem, meu poder, Alívio do tormento e da amargura! És Tu a Luz de toda a criatura Que vive neste mundo de descrer, És Tu a sua força, o seu querer, O fim do desespero e da loucura. Porém, o ser humano é ingratidão E foge de ti, Pai, é a negação Da sua própria espécie, do Amor! Se alguém me perguntar quem és, não vou Dizer somente: É Deus! Direi: EU SOU! E mesmo o que não crê virá, Senhor!


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CONSAGRAÇÃO

Senhor, ouve o meu grito, a minha voz! Tu sabes bem do meu viver incerto, Longe de Ti, quem sabe, aqui, tão perto, Envolto em meus problemas… Luta atroz! Eu sei, conheces bem o meu viver, A minha estranha forma de lutar, Esta energia forte a despontar E não saber sequer como o fazer. Usa, Senhor, a força que em mim vive Para que possa em Ti sentir-me livre, Clamando a toda a gente com fervor! Aqui me tens, Senhor, toma meu ser, Transforma-o como bem Te apetecer E ensina-o a falar do Teu amor!

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MEU DEUS…

Quando chegaste em dia de alegria A minha casa aonde há paz e amor, Eu partilhei o pão de cada dia Contigo à minha mesa, meu Senhor. Mas, de repente, toda essa harmonia Num ápice ruiu e ao meu redor O bem e o mal brincaram à porfia E tudo se transforma em grande dor. E em oração me achego a ti, meu Deus; Pedidos mil se elevam para os céus De amigos sem ter fim, num só clamor! E, em Tua meiga voz, disseste: Amigos, Ó, vinde a mim, cansados e oprimidos E eu vos livrarei de toda a dor!


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MEU ANJO

Seguia calmamente pela estrada E o choque acontecia. De repente Senti ali a morte à minha frente, Que a fútil vida não valia nada… A viatura, louca, desvairada, Levava o que encontrava à sua frente… E um anjo que não vi, suavemente, Meu rosto no seu ombro acalentava Mexi as mãos, os pés, o corpo, a mente, Tentei abrir a porta lentamente E vi-me a caminhar nos passos meus Na paz dos céus, contrito, agradeci Ao Deus de amor p’lo Anjo que não vi E ali foi enviado por meu Deus!

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Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber. João 4:7

SAMARITANA

Foi tormentosa a rota que seguia E ao chegar cansado, envolto em pó, Era bem grande a sede que sentia Quando parou no Poço de Jacó. Havia uma mulher que ao meio-dia Ali se deslocará triste e só. E, ao vê-la assim o Mestre lhe pedia Lhe desse de beber, tivesse dó. E, saciado, Cristo de repente, Lhe disse: – Terei sede novamente Bebendo dessa água que me dás. Por isso, dar-te-ei água diferente Que te fará feliz eternamente E lá no céu viver conforto e paz.

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No princípio criou Deus os céus e a terra. A terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas. Disse Deus: haja luz. E houve luz. Genesis1:1-3

FOI DEUS

Quem fez o mar imenso que se estende De terra em terra, pleno de alegria; Corais e peixes, vida que se entende, Se extingue, se renova, se recria? Quem fez brilhar o sol que nos acende, A chama do amor em cada dia! Quem fez a lua que nos surpreende Sempre a girar, tão cheia de harmonia? Quem fez as fontes, rios e animais, As aves em chilreios matinais, As flores, cada qual com seu matiz? Quem fez o ser humano assim, perfeito E o vale tão profundo e escorreito? Eu sei! Foi Deus. Por isso, eu sou feliz!


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Saíram pois da cidade e foram ter com ele João 4:30

FICA CONNOSCO

Ouvimos teu chamado pela mulher Que viste junto ao poço de Jacó, De como conhecias seu viver, Do rumo que levava, triste e só. Queremos dessa água receber Para poder livrar-nos desse pó Porque essa água nos faz renascer Da vida que atormenta e mete dó. Fica connosco, dá-nos a alegria De renascer contigo em cada dia E ter-te a nosso lado bem presente Que para nós o tempo do passado Jaz esquecido algures, em qualquer lado, E o mundo é em si mesmo tão diferente!

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E entrou Jesus no Templo de Deus e expulsou todos os que vendiam e compravam no Templo… Mateus 21:12

NO TEMPLO

O templo estava feito num mercado E havia ali imensos peregrinos Comprando aves, bois e cordeirinhos Para se redimirem do pecado. Numa algazarra, os vendilhões, ao lado, Apregoavam gado, vasos, linhos… Jesus chegou, olhou, apavorado Gritando a quem cruzava seus caminhos: – Deixai em paz a Casa de Meu Pai Hipócritas, com a confusão parai! E a todos expulsou, envolto em dor. No templo a multidão foge e se agita O povo, os sacerdotes, tudo grita Perante esta revolta do Senhor!


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Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados… Mateus 23:37

JERUSALÉM

Como era triste o rosto do Senhor Olhando lá do alto da montanha! Sabia que a cidade do amor Em breve ia passar por dor tamanha… Dizia a profecia que algum dia Soldados entrariam na cidade E tudo o que na frente lhes surgia Seria derribado, sem piedade. Jerusalém que matas teus profetas, Irás viver as horas mais incertas, Teu povo será pária em todo o lado. Será levado p’ra todo o lugar, Irá passar tormentos de pasmar E assim pagar o preço do pecado!

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E eis que uma mulher da cidade, uma pecadora, sabendo que ele estava à mesa em casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com unguento; e, estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas e enxugava-lhos com os cabelos da sua cabeça: e beija-lhe os pés, e ungia-lhos com o unguento. Lucas 7:37/38

PECADORA

O dia fora longo e se juntaram No lar dum publicano. Era Simão. No meio da cidade se encontraram E combinaram essa refeição. Tinham pés sujos. Eis que não chegaram Os servos para aquela ocasião. Pensavam p’ra consigo: não passaram P’lo ritual da purificação. Foi quando essa mulher entrou em cena Com frascos de alabastro e alfazema E se lançou aos pés do Salvador. As lágrimas corriam pela face E com os seus cabelos, sem disfarce, Chorando, enxuga os pés do seu Senhor!

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Depois que lhes lavou os pés, tomou os seus vestidos e sentou-se à mesa… João 13:12

A CEIA

Havia um ritual entre os antigos No qual se repartia o vinho, o pão. E assim, Jesus juntou-se com amigos P’ra partilhar a sua refeição. Era costume haver alguns escravos Que ali chegavam para refrescar Os pés doridos desses convidados Num ritual, para os “purificar”. E foi então que Cristo, de repente, Se debruçou perante aquela gente E lhes lavou os pés, com humildade. E cogitaram. Ninguém entendia Que aquele gesto simples lhes abria Caminhos para a sua liberdade!


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Deram-lhe a beber vinho misturado com fel; mas Ele, provando-o, não quis beber. Mateus 27:24

PAIXÃO DE CRISTO

Corria a hora nona e Tu, ó Cristo, Pregado em rude lenho te encontraste. Depois, bradaste aos céus em alto grito: Pai meu, Pai meu, porque me abandonaste? Pediste de beber e desse misto De vinho azedo e fel te saciaste. E num suspiro intenso e já previsto, Numa agonia atroz, só, expiraste! Morreu o Salvador! Na tarde escura Clamores sem fim se elevam à procura Do Deus de amor, do Deus da liberdade! Da tumba, após três dias, ressuscita E uma multidão de humildes grita: Jesus é salvação, eternidade!

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Jerusalém, Jerusalém, matas os profetas e apedrejas os que te são enviados! Lucas 13:34

TALVEZ UM DIA

Talvez um dia eu vá ter o ensejo De visitar a terra onde nasceu Esse Menino lindo que eu almejo Um dia venha a ser modelo meu. Talvez um dia, o dia eu não prevejo Mas sei que um dia, o dia será meu. Que, na verdade, o dia que eu desejo É o dia em que estaremos lá no céu. P’ra mim o importante é no momento Tê-lo consigo no meu pensamento, Sentir sua amizade e companhia. De resto, visitar coisas do mundo, Não é o meu desejo mais profundo, E eu hei de lá chegar, quem sabe, um dia!


P O R Q UE E L E V I V E

E o Rei lhes disse: Tive um sonho e para saber o sonho está perturbado o meu espírito. Daniel 2:3

PROFECIA

Nabucodonosor sonhou um dia Com uma estátua paradoxal. O que queria dizer era imortal, Não mago nem astrólogo sabia. Chamou caldeus e sábios, Dizia: – Do sonho me esqueci. – E no final A todos ele a morte prometia Se não o libertassem desse mal. E foi que um prisioneiro se lembrara Dum servo seu que na prisão ficara E revelara sonhos sem igual. Chamaram Daniel. Com destemor Foi dar ao rei recado do Senhor: A estátua era a História Universal.

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Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do Senhor… Salmo 122:1

TEMPLO

Ó, como é bom sentir tanta harmonia Neste lugar solene e majestoso. Ele nos traz momentos de alegria E cria sentimentos de repouso. Ó como é doce e calma a melodia Ouvida num lugar tão piedoso. Ela nos leva a orar e nos envia Mensagens jubilosas e de gozo. E envoltos num silêncio de espantar, Aqueles sons se espalham pelo ar Criando em nós sentido de humildade. E todo este ambiente nos incita, Agride, nos impele e nos agita Trazendo tanta paz, serenidade!


P O R Q UE E L E V I V E

E eis que no mar se levantou uma tempestade, tão grande que o barco era coberto pelas ondas… E os seus discípulos, aproximando-se, o despertaram dizendo: Senhor, salva-nos, que perecemos… Mateus 8:24/25

TEMPESTADE

Ali no barco tudo está aflito Que o mar em fúria não vai acalmar E entre confusão e tanto grito A gente apela aos céus para ajudar. – Chamai o Mestre, o mar está revolto E todos nós iremos perecer. O barco anda à deriva, o cabo solto, E não vemos ninguém p’ra nos valer – Porque temeis? Ouvi a vossa prece. O mar, o vento, tudo me obedece… E num só gesto todo o mal passou E o Mestre deu dois passos adiante, Ergueu os braços seus e num instante Aquele mar em fúria se acalmou!

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E Zaqueu, correndo adiante, subiu a uma figueira brava para o ver… Lucas 19:4

ZAQUEU

Andava o Mestre por Jerusalém Pregando a toda a gente com fervor E ali, entre a folhagem, viu alguém Que o escutava atento, sem temor. E junto àquela árvore se detém Dizendo para o homem com vigor: – Desce daí porque hoje me convém Jantar contigo no teu lar de amor. Zaqueu, doutor da lei e fariseu, Ao contemplar o Mestre, percebeu Que sua vida estava diferente. E neste encontro pleno de amizade Reconquistou aquela liberdade Que nos conduz a Cristo para sempre!


P O R Q UE E L E V I V E

E Jesus, vendo a multidão, subiu ao monte e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos; E, abrindo a sua boca, os ensinava… Mateus 5:1/2

SERMÃO DA MONTANHA

O bom Jesus falava à multidão Do alto da montanha. E toda a gente Ouvia Cristo e, abrindo o coração, Ali permanecia tão contente. Felizes os que sofrem que algum dia Terão seu galardão no novo Lar, Felizes os que choram que a alegria Um dia para eles vai voltar Com todos que estiverem ao teu lado Sê sempre carinhoso e dedicado, Partilha o que tiveres p’ra partilhar De tudo o que fizeres a teu irmão De mim vais receber o galardão Um dia, quando em glória Eu regressar.

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Entrega o teu caminho ao Senhor, confia n’Ele e Ele tudo fará… Salmo 37:5

MEU BARCO

Navego peregrino pela vida Nas ondas mais revoltas deste mar, O medo e a incerteza dão guarida Ao meu estranho e incerto navegar. E nesta senda louca, vã, perdida, Por entre a multidão, fico a remar Tentando ver ao longe uma saída Que não consigo nunca vislumbrar. Os magos e os duendes serpenteiam Por essa embarcação e lá semeiam Mentiras e promessas sem ter fim… E nesse turbilhão imenso, agreste, Agarro no meu remo e entrego ao Mestre Que me sorri e diz: – Confia em mim!


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A Minha Casa será chamada Casa de Oração… Mateus 21:13

PAZ

A chuva cai, o mar em tom aflito Lança o seu grito em todo o seu furor… E nesta solidão, eu vou contrito Seguindo nas pegadas do Senhor Silêncio e paz… Entrei na Tua Igreja E à minha volta tudo é paz e calma A solidão se foi – louvado seja! E o júbilo voltou à minha alma Ó, como é bom o teu refúgio, ó Deus, Sentir teu aconchego, a paz dos céus, Em cânticos suaves de louvor. E almejo o nobre dia em que do céu Vieres resgatar o povo teu, Com glória e majestade, em esplendor!

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…Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido e com voz de arcanjo e com a trombeta de Deus; e os que morrerem em Cristo ressuscitarão primeiro… Tessalonicenses 4:16

ANJO LINDO

Essa menina frágil se estendia Ali na rude palha dum colchão Ao brilho da candeia que insistia Em dar mais luz à sua escuridão. Rendida ao tempo, ali permanecia Lutando contra a sua condição; Tuberculose, sim, ela sabia Que não havia outra solução. Aonde estás, gazela espavorida Correndo com fulgor, cheia de vida, Em mananciais de paz e de alegria?… Dormindo agora em teu vestido de anjo, Vais renascer nos braços de um arcanjo, Vencida a morte e a dor…naquele dia!


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…por causa dos meus irmãos e amigos, direi: Haja paz em ti… Salmo 122:8

REFRIGÉRIO

Que refrigério, ó Deus, este aconchego Do Templo teu, da Casa de Oração, As suaves melodias, o enlevo Tão pleno de harmonia e perfeição. Quando aqui venho, sempre de Ti levo Conforto, muita paz, consolação E sinto o Teu carinho, o Teu apego Acalentando um frágil coração. E mesmo sendo eu vil e pecador, Aqui me encontro, ó Deus, ó meu Senhor. Sentindo o Teu amor, o teu carinho E neste enleio, em minha devoção, Te peço, vem, estende Tua mão E leva-me, Senhor, p’lo teu caminho

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…porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus… Romanos 3:23

PECADO ORIGINAL

Do pó da terra um dia te formei E dei-te a minha Lei pra seres feliz. A terra e animais eu te entreguei E era muito bom tudo o que Eu fiz… Estavas só e uma mulher te dei Formada da costela, da raiz. Mas ela transgrediu a minha lei Um dia, ao ser tentada. Não me quis. Que dia triste, Adão, que dor intensa! Tu rejeitaste o acesso à vida imensa Que com tão grande amor eu te quis dar! Para te reaver mudei a história… E quis mostrar-te o gozo da vitória Morrendo numa cruz pra te salvar!


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…virei outra vez, e vos levarei a mim mesmo para que onde eu estiver estejais vós também… João 14:3

DESEJO

Almejo reencontrar-te, Cristo amado, Entrar nesse teu peito, em tua mente, Contar-te as mágoas que minha alma sente, Sentir o teu perdão desinteressado O brilho dos teus olhos, eloquente Licão de paz, de amor e de harmonia, Faz-me sentir conforto e alegria E torna a minha vida tão diferente Abre meus olhos, quero despertar Da minha letargia, reencontrar A paz que faz viver serenamente Ó! Não desvies teu olhar do meu Eu sei que ainda um dia lá no céu Nós vamos viver juntos para sempre!

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Na minha angústia clamei ao Senhor e Ele me ouviu… Salmo 120:1

O TOQUE DE SUA MÃO

Terrível, quão terrível essa tarde Em que a doença todo me envolvia, A febre me devora e sem alarde, Sozinho, envolto em dor, me contorcia. Fugi pró quarto e ali, fechado à chave, Prostrei-me sobre a cama em agonia, Que nas entranhas todo o corpo arde E é grande o sofrimento nesse dia. Mas, de repente, nessa solidão, Alguém tocou suave em minha mão E uma imensa calma então senti. Não sei que se passou nesse momento, Só sei que, com Jesus no pensamento, Na mais serena paz adormeci!


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Posso todas as coisas n’Aquele que me fortalece… Filipenses 4 13

ORAÇÃO

Senhor, não tenho forças p’ra pensar. Se penso, o meu pensar não é seguro, Se espero, essa verdade que procuro É meu sofrer, Senhor, é meu penar Quando em Ti vivo, vivo p’ra sonhar Com sentimento são, imenso, puro. E brilha a luz no meu solar escuro, E sinto ânsia infinita de cantar Desculpa, Deus, desculpa, Pai Celeste, Meu coração sem cor, minha alma agreste Que vive a profanar queixumes seus. A minha crença em fogo prevalece! Eu posso tudo em quem me fortalece! E eu sei que a minha força és tu, Meu Deus!

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A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vêem Hebreus 11:1

PROVA DE FÉ

Disseste, amiga, que não eram muitas As inscrições p’rá tua formação; Mas tu sabias: poucas todas juntas São muitas quando há Deus no coração. E vias o grupinho tão pequeno! Mas, mesmo assim, seguiste entusiasmada… Então, pediste a Deus, o Verbo Pleno Que te ajudasse nessa encruzilhada… Era uma dúzia apenas… De repente, Apenas oito querem ir em frente… Seguiram-se momentos bem tremendos! Mas tu disseste: – Sábado é sagrado! Será domingo o curso! – Resultado: Passaram a quarenta os instruendos!


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SERENIDADE

Eu hoje, ó Pai, senti imensa paz Ao vir a tua Casa de Oração, Gozei desse silêncio que nos faz Sentir amor e paz no coração E é puro o sentimento pois nos traz Momentos de deleite, adoração… É uma sensação que nos apraz E induz à paciência, à reflexão Ai, como é bom viver o a,Amor, ó Deus, Sentir abrir as portas la do céus, Ouvir suaves cânticos, louvor!… E no silêncio ouvir dizer: – Meu filho, Eu sinto me feliz pois vejo o brilho Do teu olhar refletindo o meu Amor!

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NAVEGANDO

Navego nesse mar imenso, infindo, Ouvindo a doce brisa, o marulhar… E nessa melopeia vou seguindo P’ra onde a maresia me levar. No céu, as densas nuvens se esvaindo Em lágrimas que tombam sobre o mar… E as forças lentamente vão fugindo, E sinto-me perdido, a navegar… Algumas aves voam lá no céu Sob esse oculto sol, agora breu, Amedrontadas por me ver penar E nesta nostalgia peço a Deus Que venha perdoar pecados meus Que a vida insiste em não me perdoar…


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OREI POR TI

Eu hoje orei por ti… Pedi a Deus Mais força, paz e amor, amiga minha, Que acalentasse sempre os olhos teus Te desse a energia que eu não tinha. Pedi-lhe direção pra teu caminho E bênçãos mil derrame sobre ti; Que nunca te negasse o Seu carinho, Te desse o amor infindo que há em Si. E quando lhe levei esta oração, Sente imensa paz no coração, Saudade imensa do teu doce olhar. E a força que me vem dessa amizade Me traz amor e paz, serenidade E uma vontade imensa de te amar.

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EM TEU JARDIM

Um dia, passeando em teu jardim, Eu mergulhei, amor, num sonho lindo… Olhei-te quando olhavas para mim E, ao ver o teu olhar, olhei, sorrindo… E, nesse enleio que não via o fim, Meu coração ficou feliz, sentindo Que o nosso amor crescia. Agora, sim, Podíamos viver um sonho infindo… Que bom sentir-te dentro do meu peito Neste caminho puro, são, perfeito, E ver-te junto a mim, sempre, presente… E peço a Deus, em canto de louvor, Que venha abençoar o nosso amor E possa ter-te sempre, eternamente!


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NATUREZA

A minha amiga surda, a natureza, Falou-me esta manhã em poesia, Falou-me de alegria, de tristeza, Falou-me de ternura e simpatia. No azul, no verde-rubro, singeleza, Nos campos e nas flores, no céu, dizia: – Quem foi o Pai de tão rara beleza? – Foi Deus-Amor, Deus-Paz, Deus-Alegria! Virado ao céu, contemplo o azul sem fim Com misticismo tal que sinto em mim Como o sair do vale mais profundo. E sonho, e quero ver o mar brilhante Que vive no meu ser em cada instante, Levando-me consigo a todo o mundo!

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NA CRUZ

Naquela rude cruz, tu, pendurado Como qualquer proscrito ou malfeitor, Soltavas para o céu um triste brado Sozinho, abandonado em estertor. Como era triste! O povo, desvairado, Gritando “à morte, à morte!” num clamor, Estava enraivecido, enfeitiçado, Alheio a qualquer brado, a qualquer dor! E aqueles teus amigos do Jordão Estão absortos entre a multidão Calados, quer te açoitem, quer te vazem. E tu, num sofrimento atroz, imundo, Ao Pai suplicas num sofrer profundo: -Perdoa-lhes, não sabem o que fazem!

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JOSÉ SEP Ú LV EDA

REDENÇÃO

P’ra quê lembrar a morte no madeiro E o sofrimento atroz que ali passaste? P’ra quê viver teu grito derradeiro Na cruz: Pai meu porque me abandonaste? Metido numa tumba, tu, primeiro, Conforme a profecia, repousaste… Depois de ali passares o tempo inteiro, Nessa manhã feliz ressuscitaste. Foi nesse alvorecer de luz e glória Que saboreaste o gozo da vitória Anunciando a paz, com resplendor. E todos meus pecados perdoaste… Me redimiste e foi que me enviaste A partilhar o teu imenso amor!


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À DERIVA

O breu oculta a minha face escura… Porque será, meu Deus, que vivo triste? Porque será que o mal que em mim existe Resiste em libertar minha alma impura? Que vida imunda, cheia de amargura, Olho pra mim e a mágoa que me assiste Insiste em querer ficar… Meu ser resiste Mas quase se aproxima da loucura! Não quero este viver, esta ansiedade. Quero gritar à vida, à liberdade, Reencontrar meu sonho já perdido… Se um dia em meu clamor, em meu tormento, Tu fores meu eterno pensamento, A vida então vai ter novo sentido!

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GRITO

Senhor, ouve o meu grito, a minha voz! Tu sabes bem de o meu viver incerto, Longe de Ti, quem sabe, aqui, tão perto, Envolto em meus problemas, luta atroz! Eu sei, conheces bem o meu viver, A minha estranha forma de lutar, Esta energia forte a despontar E não saber sequer como o fazer Usa, Senhor, a força que em mim vive Para que possa em Ti sentir-me livre, Clamando a toda a gente com fervor! Aqui me tens, Senhor, toma meu ser, Transforma-o como bem Te apetecer E ensina-o a falar do Teu amor!


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NOTURNO

Durante a noite conversei com a treva. Falei-lhe deste nosso estranho amor E perguntei-lhe aquilo que me leva A esta relação que nos traz dor. E disse-me em silêncio: – O que te leva A esta vida – trágico estertor – É essa teimosia que te eleva Aos píncaros da glória sem valor. – Se queres prosseguir nesse caminho, Em cada rosa encontrarás espinho Que vai trazer-te dor, deixar ferida… – Ouve o meu grito aqui do meu desterro: Não queiras mais permanecer no erro E dá um novo rumo à tua vida!

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PRIMAVERA

Chegou a Primavera. Que alegria Sentir a natureza ao meu redor, Ouvir o rouxinol, a cotovia, Cantando para nós canções de amor! Ó como é linda e suave a melodia Da flauta que da boca do pastor Espalha pelo ar essa harmonia Que cria em nós momentos de louvor. Que lindas borboletas, tão singelas, Repara bem, parecem aguarelas Pintadas pelas mãos de um querubim! O mundo à nossa volta está em festa, A Terra se transforma numa orquestra Tocando sinfonias sem ter fim!


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VELHINHO

O seu olhar tão triste e delicado, Amargurado e cheio de incerteza, Parece transmitir-nos um recado De como a vida às vezes nos despreza. E ao vê-lo assim, tão só, desanimado, Tão magoado e cheio de tristeza, Meu coração se sente amargurado Por ver o mundo agir com tal frieza. Quisera, amigo, dar-te a minha mão, Sentir pulsar em mim a gratidão Do teu olhar soturno e maltratado. Vem, dá-me o teu abraço, meu irmão Que o teu sorriso faz meu coração Sentir-se mais feliz, recompensado!

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FOME

Estava a inocente criancinha Deitada sobre um monte de farrapos. Cobria o tenro corpo com dois trapos E ali ficava à espera da mãezinha Olhava ansiosamente para a rua E ao ver a sua mãe que ali surgiu. A doce criancinha lhe sorriu Correndo ao seu encontro quase nua. – Mãezinha, dá-me pão, tenho fominha! – Não posso, meu filhinho! Não o tinha Aquela pobre mãe que à fome mente. E logo aquela pobre criancinha Ao seu ventre encostou a cabecinha E ali ficou inerte, indiferente!


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ISLÃO

Deixai o mundo árabe avançar Na sua trajetória para a vida, Fazei que as armas parem de troar Nas vossas longas guerras sem guarida Deixai aquele povo reencontrar Na caminhada longa do porvir P’los areais imensos do seu lar O equilíbrio que os faz sorrir Deixai nossos irmãos, não é com guerra Que um dia alcançaremos paz na terra, Que a guerra é ódio e morte o que nos traz E quando esse caminho for em frente As armas vão calar-se de repente E finalmente encontraremos paz.

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BILL SANTOS

Vi-te chegar, com teu sorriso brando, Sempre contando histórias de encantar, Vi-te sorrir, do Salvador falando, Nessa alegria imensa de pregar, Depois, emudeceste… e, eis senão quando. Lançaste a profecia ali no ar… E assim, pudeste nesse lume brando A história do Universo desvendar… E eu via o Salvador p’ra mim sorrindo, O meu temor fugindo, se esvaindo, E o coração bradando em altos prantos… Bem hajas, pregador, porque algum dia Está Escrito – cheios de alegria, Iremos com Jesus, pastor Bill Santos


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Dedicado ao meu filho Miguel quando da doença grave por que passou. (Poema reescrito a partir de uma mensagem encontrada na Internet)

PEDALA, MIGUEL

No princípio, eu olhava para Jesus com outro olhar. Via um Jesus vigilante, Juiz que não esquecia as coisas erradas que eu fazia Sempre, a cada instante. Ele estava ali, com Seu poder, Senhor e Fonte do saber… Reconhecia a Sua imagem mas não tinha coragem de O conhecer … Mais tarde, quando passei a conhecê-Lo, pareceu-me que a vida era como um passeio de bicicleta e percebi que Jesus seguia atrás, de forma discreta, segurando-me e ajudando-me a pedalar… E tudo ficou mais belo!

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Não me lembro quando foi que Ele mudou para o meu lugar, só sei que desde esse dia a vida ficou cheia de alegria… E queria cantar! … Conforme o tempo voava como o vento e agora me tornara paciente, tudo ficou mais compreensível, todo o momento feliz e atraente… Quando eu estava no comando, sabia onde queria chegar e quase sempre encontrava um caminho exequível. Mas, incrível, não ficava satisfeito, Tudo aquilo era previsível… mas imperfeito… Depois que Jesus assumiu a liderança, Cresceu-me a confiança. Dia após dia descobria que Ele conhecia atalhos maravilhosos. Passei a subir montanhas, transpor terrenos pedregosos, trajectos vertiginosos! Tudo o que tinha que fazer era segurar-me confiante E correr, correr, sempre adiante… Ele dirigia, E eu, contente, sorria! E conquanto


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Às vezes me parecesse uma loucura Ele apenas dizia: “Segura, Miguel, segura!” … Quando me sentia ansioso e preocupado, perguntava-Lhe: “Senhor, vamos por esse lado?” Ele corria, e trocávamos olhares à porfia… Pouco a pouco foi crescendo a confiança. E quando às vezes me surgia a desesperança, Ele virava-se para trás, agarrava fortemente a minha mão… e zás! Na sua doce e mansa fala, dizia: “Pedala, Miguel, pedala!” Levou-me até pessoas que não conhecia; deu-me o dom do serviço e da alegria… Depois, olhava para mim… e sorria. Muitas das pessoas que trouxe até mim apoiaram-me em momentos difíceis e me ajudaram a superar obstáculos e a prosseguir assim na minha caminhada. …E, juntos, derrubámos toda a barricada! E dia após dia passei a pedalar na Sua companhia…

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Um dia, olhando para mim, olhos nos olhos, disse-me: “Entrega os dons que trazes na mochila aos amigos e vizinhos da montanha ou da vila. Às tuas costas são abrolhos, ou espinhos, é supérflua… e pesada!, Não vale nada!” E, sorrindo, comecei a distribui-los por todos que encontrava. E pude descobrir com alegria que quanto mais dava, mais recebia! E o meu fardo era mais suave e leve em cada dia… … Ao princípio, não compreendia e vivia indeciso e com temor. Mas o Senhor conhecia bem os “segredos” da minha bicicleta, sabia como incliná-la em curvas arrojadas, como eleva-la para transpor obstáculos e valadas, lugares pedregosos, charcos lamacentos, proteger-nos de frios e de ventos… … e no meio de tantas redundâncias, desmembrar caminhos e atalhos, encurtar distâncias… …e trabalhos!


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Aprendi a ouvi-Lo cantar ao pedalar nos caminhos mais incertos, aprendi a apreciar a planície infinda, Estendida em espaços abertos, E cada dia mais linda…, mais linda! senti o soprar da fresca brisa que nos desliza pela fronte, ao subir a serra, ao descer o monte… E eu sorria ao desfrutar tanta alegria! … Agora, quando sinto que não posso ir mais além, olho em Seu olhar sereno que num aceno me sorri Como quem diz: – Estou aqui… e com fraternal carinho, murmura baixinho: Pedala, Miguel, pedala, filhinho!…

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Poemas de Natal

O MENINO

Belém Efrata está alvoroçada! O povo se aglomera em todo o lado Cansado por aquela atroz jornada Atravessando o monte e o valado. A jumentinha mansa, fatigada, Cansada, quase que perdia o tino, Trouxera nessa sua caminhada A mãe e, no seu ventre, o seu menino. Mas ao chegar feliz, pra seu espanto, Os dois não encontraram um recanto Aonde pernoitar, pela cidade. E numa manjedoura, entre animais, No aconchego santo de seus pais, Nasceu o Salvador da humanidade!

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NOITE DE NATAL

Dobrei aquela esquina. Ali num canto, Um pobre vagabundo mais um cão… Olhei com atenção… P’ra meu espanto, O cão comia, o vagabundo não! Nos olhos seus não vi temor ou pranto, Não senti dor, tristeza ou solidão… O vagabundo olhava-o com encanto, O cão lambia alegre a sua mão… Ao longe, na mansão iluminada, Ouviam-se cantar na madrugada Cantigas de louvor ao Deus-Menino. E o vagabundo olhava entre as estrelas, E recebeu do cão as coisas belas Quais prendas que lhe pôs no sapatinho!


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NATAL NA MINHA ALDEIA

Saudades dessa minha eterna aldeia Perdida num recanto, lá no Minho… A natureza as vezes nos premeia Fazendo-nos lembrá-la com carinho Como era bom entrar, a casa cheia, A árvore, os enfeites de azevinho E na lareira o fogo que se ateia Pra dar maior conforto ao nosso ninho! O pai Armando, alegre, dava o mote E toda a pequenada ia a reboque E davam seu louvor ao Deus-Menino… E quando a noite vinha, já sem luz, Ansiosos esperámos Jesus Co’as prendas para o nosso sapatinho!

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FELIZ NATAL

Neste Natal, a voz do pensamento Irei lançar ao vento num clamor E tu vais ser o eterno sentimento Que guardarei no peito com amor. E a luz do teu olhar em movimento, Rasgado pelo tempo e pela dor, Vai ser no nosso eterno firmamento A estrela que irradia luz e cor! Vem-me abraçar! No nosso sapatinho Só quero o teu amor… E o teu carinho Irradiará na pruma do pinheiro! E num abraço puro e singular, No teu olhar meus olhos vão brilhar E então vai ser Natal o ano inteiro!


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AI, DEUS MENINO

Aí, Deus Menino, desces lá dos céus Aonde eras honrado cada dia E vão-te colocar os filhos teus Para nascer em rude estrebaria Um burro e uma vaca te aqueceram Naquela noite longa, escura, fria Do velho pai se lágrimas vieram, Com tanto amor te olhava e te sorria. Nem reis nem sábios ali acorreram… Presentes os pastores te trouxeram Com gestos simples mas de amor profundo. E nesse sítio próprio de animais Sem lágrimas, lamentos, tristes ais, Nasceste, enfim, ó Salvador do mundo!

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NATAL II

Que frio! Cai a neve lá na aldeia… E os pequeninos correm ao quintal Em busca de pedrinhas e de areia Para o presépio deste seu Natal. E partem pelo vale, pelo monte, Colhendo musgos, líquenes, azevinho, À espera que a avozinha venha e conte A história da vaquinha e do burrinho. E mesmo com as mãozinhas tão geladas, Constroem seu presépio… E animadas Co ‘as luzes que dão brilho ao seu redor, Revivem o Natal da sua aldeia E toda essa magia que rodeia A história do Menino Deus de Amor!


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É NATAL

Tempo de harmonia… Tocam os sinos, Rejubilando, Ao Deus-Menino… Tempo de paz, De amor E de alegria! Anunciemos Com carinho A chegada Do Menino… Dia após dia! Feliz natal

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O NATAL DA VAQUINHA

Com muita honra e prazer Venho aqui anunciar Que uma linda mulher Veio em meu leito gerar Chegaram de Nazaré Após longo caminhar E nem ela nem José Tinham onde pernoitar Esta minha manjedoura Vai ser o repouso seu Há melodias lá fora São os anjos lá do céu Vou dar-lhes o meu cantinho Humilde para dormir Olha-me bem o menino Que não para de sorrir Burrico, vem por favor Nesta noite longa e fria Dar um pouco de calor Ao menino e a Maria Estou contente e feliz Nesta noite iluminada Co’a senhora e o petiz Estou bem acompanhada


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Andam cânticos no ar São os pastores à porfia Parecem querer cantar Para Jesus e Maria Chorai, ó homens sem tino, Bradai alto em tristes ais Lançastes este menino Neste curro de animais Sinto o coração em brasa E esse sentir é profundo Pois nasceu na minha casa O Salvador deste mundo

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CEIA DE NATAL

Chegada a hora da Ceia, Tudo se senta ao redor Dessa mesa farta, cheia De carinho, muito amor Batatas com bacalhau, Molho de azeite, beleza, Com troços a dar co’pau De couve, da portuguesa Vinho tinto era aquecido Com pedaços de maçã; Adocicado, servido, Melhor bebida não há Há doces por todo o lado: Rabanadas, aletria, Formigos, creme queimado, Regados com malvasia Amêndoas, figos e nozes, Uvas passas pela mesa, Para afinar nossas vozes Para a festa, com certeza Anda magia no ar E muita muita alegria Porque a festa vai durar Toda a noite, ate ser dia


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O nosso pai dava o mote Com o fado da Favela Daquela mulher sem sorte Do café e da tigela Rapa, tira,deixa, põe, Começou a brincadeira, Toda a gente se dispõe A brincar a noite inteira “Uma pomba duas pombas Três pombinhas a voar Uma é minha outra é tua Outra e de quem a agarrar” E a festa continuava Tão cheia de frenesim, Muito se ria e cantava O Trevo e o Alecrim No meio da pequenada As prendas faziam jus Pois toda ela aguardava A chegada de Jesus Uma dúzia de bombons Umas meias a estrear, Com papéis de muitos tons Para a árvore enfeitar

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Um carrinho de folheta Bonecas de papelão E para alegrar a festa Rebuçados de tostão Naquele humilde cantinho O nosso lar, doce lar 0 amor e o carinho Não paravam de brotar Agora sinto saudade Muita saudade, diria De tanta felicidade Que nesse tempo vivia Natal, ó quanta alegria! E se todos, afinal, Vivêssemos cada dia Como um dia de Natal?


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O PRESÉPIO

No natal da minha aldeia Tudo era tão diferente Havia uma noite cheia E sorrisos entre a gente Era tão grande a alegria E o povo fazia jus Co’a chegada de Maria E do menino Jesus Ainda mal o sol nascera, Íamos nós, valentões, Apanhar musgos e hera Pinheiro, pinhas e pinhões O presépio era montado Com muito amor e carinho Ali, um papel pintado E umas folhas de azevinho Umas bolinhas de vidro Com um ar multicolor E algodão convertido Em neve, com muito amor São José, nossa senhora E o menino Jesus Pastores p,los campos fora E uma estrela a dar luz

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Uma vaquinha, um burrinho, Ovelhinhas com fartura Três reis a meio caminho, Tanta, tanta criatura E com toda a devoção, Com carinho, com respeito, Se alegrava o coração O presépio estava feito.


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FRONTEIRA

Se algum dia chegares à fronteira E notares que ainda podes passar Pede a Deus que te ajude e proteja Na fronteira não podes ficar Cinco virgens tão tristes choraram Noite dentro o esposo chegou Suas lâmpadas se apagaram Para si a fronteira fechou Se um amigo te abrir a fronteira E tu vives que podes passar Pede a Deus que te ajude e proteja Na fronteira não deves ficar Cinco virgens alegres cantaram Noite dentro o esposo chegou Suas lâmpadas não se apagaram A fronteira pra si não fechou Muita vez na fronteira da vida Se ao acaso a fronteira fechar Pede a Deus que te ajude e proteja Na fronteira não hás de ficar Ouve a voz de teu Deus que te chama E te indica a melhor direção Ouve e sente o quanto te ama A fronteira é o teu coração

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UMA ESTRELA

Uma estrela surgiu Lá nos céus de Belém Para dar luz radiosa A toda a Terra Um menino nasceu Numa gruta no além E crescer e ensinou E pregou O fim da guerra No Jordão Vi-o emergir Em paz e amor Renasceu E o seu rosto Era brilho, esplendor A alegria surgiu Entre luz, som plangente, Querubins e anjos mil A cantar com toda a gente Em jesus nasce a luz Que nos conduz à salvação Nasceu, cresceu, morreu P’la liberdade


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O Senhor, bom Pastor É paz e amor, imensidão Caminho que nos leva À eternidade Lá na cruz vi Jesus expirar A inimigos cruéis confortar Vida eterna oferece Com seu grande amor Se aceitarmos com gozo e com fé O bom Redentor Crede pois em Jesus Nossa paz nossa luz Crede pois no senhor Nosso libertador

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VAI VOLTAR

Há muito, muito tempo Entre os campos de Belém Se ouvira que nascera Uma criança singular O menino crescia E a multidão dizia Que vinha Mataram o Senhor Que vinha pra salvar Vai voltar Vai voltar Há de voltar Há de voltar Cristo Cristo Vai voltar O tempo se passava E aumentava o seu clamor E quando ela falava A gente ouvia com ardor Mas o erro apontou E o povo não gostou Mataram Vai voltar Vai voltar Há de voltar


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Há de voltar Cristo Cristo Vai voltar Dois mil anos passaram E alguém acreditou Nas solenes mensagens Que um dia quis deixar E aguarda essa criança Tão cheio de esperança Que um dia Que um dia vai voltar Vai voltar Vai voltar Há de voltar Há de voltar Cristo Cristo Vai voltar

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NATAL

Vejam bem o desatino Destes ilustres mortais Deixar nascer o Menino Num casebre de animais Que frio, como está frio Na choupana do Menino Que se aquece co’o bafio Da vaquinha e do burrinho Vamos numa correria Levar-lhe com emoção O calor e a alegria Que nos vai no coração Neste dia de harmonia E de paz universal Façamos de cada dia Mais um dia de Natal

JOSÉ SEPÚLVEDA

PORQUE ELE VIVE EM PARCERIA COM O SOLAR DE POETAS


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