Simbiose, Poetas da Arte

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José Sepúlveda 1


Conteúdo 1. Ficha Técnica 2. Autor 3. A Cor da Poesia (poema do Autor) 4. Adelino Ângelo 5. Adias Machado 6. Adriana Henriques 7. Amy Dine 8. Arnaldo Macedo 9. Bárbara Godinho 10. Bárbara Santos

11. César Amorim (Mutes) 12. Glória Costa 13. Kika Luz 14. Lídia Moura 15. Luísa Mata

16. Paulo Gonçalves 17. Sabina Figueiredo 18. Sara Mata 19. Poetas da Arte (contracapa)

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Ficha Técnica Título Poetas da Arte, Simbiose Autor José Sepúlveda Capa Foto de Sepúlveda Revisão

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Amy Dine Formatação José Sepúlveda

Editado em E-book https://issuu.com/correiasepulveda

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José Sepúlveda José Sepúlveda, nascido em Delães, Vila Nova de Famalicão, hoje a morar em Vila do Conde. Começou a escrever poesia cerca dos doze anos. No decorrer da sua carreira profissional trabalhou primeiro, como funcionário público e depois, durante 35 anos, como empregado bancário. Publicou em alguns jornais e revistas ao longo da sua carreira, atividade que continua a manter. Amante da literatura, administra grupos no Facebook vocacionados para a literatura, música, artes e divulgações culturais de eventos.

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Apoiou e apoia projetos literários, promovendo a edição de autores em início de carreira.

Organizou durante vários anos, participou e participa em eventos culturais, Saraus e Tertúlias. Durante alguns anos, com o grupo que ajudou a formar Poetas Poveiros e Amigos da Póvoa, deu rosto ao programa Mar-à-Tona em poesia, na Póvoa de Varzim, que comemorava o Dia Mundial de Poesia, com um Sarau onde era apresentada uma coletânea temática de Poesia inspirada no mar. Prefaciou alguns livros e apresentou os seus autores. Participou num elevado número de coletâneas de poesia portuguesas, brasileiras e italianas. 4


Publicou dois livros de poesia em papel e possui na sua Biblioteca de E-books mais de vinte outros livros seus (poesia, música, genealogia, história e outros).

Promoveu e editou nos seus grupos de poesia um número elevado de coletâneas em Ebook. Mantém uma série de publicações nos seus Blogs O Canto do Albatroz e Família Sepúlveda em Portugal. Produziu alguns trabalhos pessoais e participou noutros coletivos com colegas da Universidade Sénior do Rotary Club da Póvoa de Varzim. Divulga e apoia grupos de poesia e programas de rádio cuja temática seja a mesma.

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Adelino Ângelo

O Autor

Adelino Ângelo, pintor português, nasceu a 8 de Novembro de 1931 em Vieira do Minho, na residência dos seus pais, e acabou por viver com os seus avós em Guimarães pelo motivo do seu pai ser Juiz e Conservador do Registo Predial que não o permitia ter residência permanente. Estudou desde a Escola Primária até ao sétimo ano (décimo segundo atual) em Guimarães, como os seus pais não queriam que ele seguisse as Artes, aos 17 anos foi para Lisboa e como era excelente a desenho conseguiu vender todos os seus trabalhos que fazia e com o fruto do seu trabalho conseguiu pagar os seus estudos na Escola Superior de Belas Artes em Lisboa, alimentação e estadia.

De 1957 a 1961, foi Designer para empresas de estamparia no setor das sedas para alta-costura. De 1961 a 1974, foi Professor na escola Comercial e Industrial Francisco de Holanda em Guimarães. Foi o único Professor em Portugal que enriqueceu oTpatrimónio de uma escola, com painéis dos Reis e personagens do Estado, para imbuir no espírito dos alunos o cultivo da cultura. Estas obras foram pintadas gratuitamente a pedido do Diretor, porque mais nenhum dos seus colegas sabia desenhar mãos e caras, assim como a interpretação da anatomia psicológica. De 1974 a 1980 foi forçado a refugiar-se em Espanha porque em 1974 foi agredido e insultado por alguns colegas pelo facto de ter pintado o Prof. Doutor António de Oliveira Salazar e os membros do governo na altura. Toda a sua obra é vincada pela fusão da emoção, realização, originalidade e sentido de criação, tornando-se desta forma num ambiente amargo mas ao mesmo tempo mágico para os olhos de quem a contempla. Na opinião de vários críticos de arte portugueses e estrangeiros (César Príncipe, Sérgio Mourão, José Gomes Ferreira, Francisco Pablos, José Alvarez, Pierre Lazareff, Arturo Paloma, etc...) é considerado o maior intérprete da vida cigana a nível mundial, opiniões estas que estão inscritas em vários livros em Portugal e no Estrangeiro, esta a opinião de diversos colecionadores. 7


Porque me Abandonaste? Deixa-me entrar num coração mendigo Sedento de carinho, de ternura, Qual pária deste mundo apodrecido Vagueando pelas ruas da amargura,

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Porque me abandonaste?

Autor: Adelino Ângelo

Sentir dizer com seu olhar ferido P'los pregos ferrugentos da loucura: - Porque me abandonaste, Pai querido, Em troncos de madeira podre, impura! Quisera nos seus olhos encontrar Qual Cristo que minha alma quer salvar Das manchas de lascívia, do pecado. E em Sua cruz, tormento desta vida, Reencontrar por fim a paz perdida Num mundo pervertido, tresloucado!

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Pai

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Sonhei contigo, pai, vi-te sorrir Feliz, contente, alegre em teu viver E ao ver-te assim não pude resistir E agradecer ao mais sublime Ser. Depois, ao te abraçar, vivi em mim Aqueles dias cheios de esperança E vi brilhar o teu sorriso assim Num cândido sorriso de criança.

Pai

Autor: Adelino Ângelo

E quando despertei do sonho lindo Permaneceu o teu olhar infindo Num manancial de vida e de emoção. E agora sinto ainda o teu abraço A viajar sem tempo e sem espaço, No afago do meu frágil coração. 9


La Salett Levanta os olhos, queda-se a um canto A solfejar a estrofe da paixão!

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Solta as amarras. Como por encanto, A luz do teu olhar, suave canto, Leva até ele a tua inspiração. E o génio se faz Arte. Doravante, Tortura cada espaço e num instante Todo ele é cor e rasga o coração,

La Salett

Autor: Adelino Ângelo

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Mulher Guerreira (A Mariana Dine) Se a força da razão que nos redime Ao longo dum caminho curto, incerto, Quem sabe se é lição que nos ensine No nosso caminhar de ti tão perto.

T Mulher Guerreira

Menina e moça, pelo amor a Dine, Deixaste o lar com coração liberto E foste à aventura. A paz sublime Sentiste nesse fosso entreaberto.

Foi vasta a odisseia que viveste, O teu trajeto longo, farto, agreste, Te deu razões aos molhos p' ra sofrer.

Autor: Adelino Ângelo

Só quando a vida a rodos se insinua É que a razão da vida - a minha, a tua Nos vem mostrar razões para viver!

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Dança Comigo Eu quero desventrar os teus desejos E afagar teus seios com carinho, Banhar-te de caricias, de mil beijos E ouvir-te ao meu ouvido, bem baixinho.

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Olhar com terno olhar teus olhos doces, Beijar teus rubros lábios com paixão, Sentir-te palpitar como se fosses A energia do meu coração. Dança comigo a nossa eterna dança Num rodopio e cheios de esperança, Alheios a quem passa ao derredor.

Dança Comigo

Autor: Adelino Ângelo

E num momento puro de magia, Entrega-te pra mim com alegria E vem viver comigo o nosso amor.

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Pai O teu olhar já gasto pelo tempo Arrasta atrás de si quantas agruras Quanta canseira foi lançada ao vento Quantas dificuldades e torturas.

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Pai

Autor: Adelino Ângelo

Recordo aqueles dias de tormento, Sentado lá na porta da cozinha, Olhando para o tempo sem ter tempo E afagando o rosto de Geninha. Ao ver-te agora assim, recordo os dias De tantas amarguras, alegrias, Que partilhaste um dia em nosso lar. E ao ver as tuas mãos gastas, cansadas, As lágrimas das horas mais amargas Não deixam de escorrer p'lo meu olhar.

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Alma do Desejo Se a luz do teu olhar viesse um dia Manifestar-se em noites de luar, A dor, toda a tristeza, partiria E tu não deixarias de brilhar.

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Alma do Desejo

Autor: Adelino Ângelo

Rainha minha, dá-me o teu carinho Limpa a tristeza oculta do meu ser E fala ao meu ouvido bem baixinho Palavras que me façam renascer. O sonho e a quimera de mãos dadas Correndo pela praia entrelaçadas Naquele abraço puro e singular. E bailo no teu peito puro e lindo Que roda neste nosso amor infindo À espera deste teu eterno amar.

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Criança Ah!, não me mostres esse olhar tão triste Que há brilho nesse teu tão lindo olhar, Não mostres para mim a dor que existe No teu coraçãozito a palpitar.

T Criança

Eu imagino aquilo que já viste Num mundo em sofrimento ao teu redor, A dor, e o sofrimento que persiste Na tua estranha vida em desamor! Meu filho lindo, o brilho dos teus olhos Vai transformar tristezas e abrolhos Em noites de luar plenas de esp’rança.

Autor: Adelino Ângelo

E a força deste teu olhar profundo Irá dizer-nos que o melhor do mundo É o brilho dos teus olhos de criança.

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O Patriarca O seu olhar altivo e petulante, Seguia aquela imensa multidão Ao longo da jornada, triunfante, Na sua eterna peregrinação.

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O Patriarca

Autor: Adelino Ângelo

No curso do caminho, de repente, Surgia um bom lugar e no momento, Juntava todo povo, toda a gente, Num ápice, montava o acampamento. E sob o seu poder e autoridade, Sentia o povo em paz, em liberdade, Seguindo o trilho pária que ele quis. No seu caminho errante, duro, nobre, Qual pária, o patriarca se descobre Naquele olhar austero mas feliz!

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Seca É longa a seca, grassa a falta de água No meu país azul, aqui e além E a gente clama, com tristeza, mágoa, Que chegue, enfim, a água que não tem.

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Seca

Autor: Adelino Ângelo

Em toda a parte, seja aonde for, É grande o seu clamor, amargo e triste, Os animais que morrem num torpor, A seara que nos campos não resiste. O tempo passa, cresce essa agonia E na desgraça, um grito: "Avé Maria" Que ecoa desde o norte até ao sul. O povo chora triste, desespera, Alimentando o sonho e a quimera Que a água volte ao seu país azul.

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Medo Se neste ofusco estado em que me quedo Eu nem consigo prescutar meu eu, Como é possível ser e não ter medo De ser e caminhar por entre o breu?

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Medo

Autor: Adelino Ângelo

Por toda a madrugada, até bem cedo, Eu vejo à minha frente um camafeu Querendo-me assaltar... E em meu degredo Eu sinto-me usurpado do que é meu... E neste estado triste, inconsequente, Aquela imagem negra, recorrente, Insiste perturbar o meu sossego. E acordo perturbado, em sobressalto, E tento situar-me, e com um salto Eu volto ao meu viver tão triste e ledo...

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É tarde É tarde, meu amor, passou-se o tempo E eis que o fim do tempo vai a chegar, Comigo parte o vago sentimento Do tempo que não soube aproveitar.

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É tarde

Autor: Adelino Ângelo

Não sinto em mim rancor, ressentimento, P'lo tempo deste vão peregrinar, Apenas frustração, constrangimento, Por tudo o que esta vida quis deixar. Não chores se eu partir, eu não mereço, Por isso, meu amor, por Deus te peço Que esqueças os momentos de união. Que agora, o sentimento que persiste É que esse nosso amor já não exististe E tudo não passou duma ilusão.

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Ensina-me a pintar Ensina-me a pintar que quando sinto A força do pincel na tela mansa Meu coração palpita e então eu pinto Como se fora um sonho de criança! T

Ensina-me a pintar

Autor: Adelino Ângelo

Ensina-me a pintar. Ó quanto almejo Pegar pincel e tela e num momento Lançar os tons da cor do meu desejo E ver brilhar a luz do pensamento! Ai, quem me dera um dia ser pintor, Lançar-me na aventura e com fulgor Dar rasgo e cor à minha fantasia! Poder pintar no rosto duma tela A cor da minha vida louca e bela E nela ver a cor da poesia!

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She Ei-la desnuda a olhar-me, perscrutando, Em tom de desafio, com fulgor. Paralisado fico. Eis senão quando, Enfrento o seu olhar sem mais pudor. T

She

Autor: Adelino Ângelo

Ao ver-me, seu olhar em desvario Desvia-se do meu. E de repente, Eu sinto no meu peito um calafrio, Como que vindo desse amor ausente. Olhei de novo. Agora, o meu olhar Deixou de ter razão para a deixar Preocupada. Olhou pra mim sorrindo.

Ali permaneci, embevecido, Olhando p’ra seu peito enrijecido, Num frenesim tão louco, me esvaindo.

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Menina do Bar Essa menina bonita Que pela noite se agita Pelas praças e passeios Usa t'shirt laranja, Ladeada duma franja Quase oculta entre os seus seios. No meio da multidão, O sentirTde um coração Que pulsa na madrugada. Como é fresca, sorridente, Quando entrega a toda a gente As coisas que encomendava. Menina do Bar

Autor: Adelino Ângelo

Ah, quando se debruçava, Cada rola saltitava E espreitava p,la janela! Canta lá, fadista, canta Que o seu olhar nos encanta Nesta noite fresca e bela. Menina dos meus encantos, Procuro-te entre os recantos Na ânsia de encontrar Esse teu sorriso lindo Meus olhos estão seguindo, Cativos do teu olhar!

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Quando a noite me chamar No dia em que p'la morte for chamado, Não quero ouvir os sinos a tocar, Não quero ver o ar lacrimejado Nos olhos de quem nunca soube amar. T

Quando a noite me chamar

Autor: Adelino Ângelo

Não quero ver meu corpo engalanado Com flores que perderam seu olor Nem quero ouvir ninguém "cantar-me o fado" Com fúteis ladainhas ao Senhor. Quando eu morrer, não quero ouvir contar Histórias deste meu peregrinar Tão cheio de perfídia e de loucura. Respeitem meu silêncio, nada importa, Que quando a morte me bater à porta Eu possa estar em paz solene e pura!

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Meu Cristo Vi-te pregar algures na Galileia, Nos campos da Judeia, em Samaria, P'ra grandes multidões, pra gente cheia De vãs tribulações, parca alegria! T

Meu Cristo

Vi-te depois sentado, numa ceia, Olhar os olhos tristes de Maria Com lágrimas lavando o pó e a areia, Dos teus cansados pés, naquele dia.

E só então, dilacerado, exangue, Teu corpo se esvaiu laivado em sangue Naquela cruz e frente a um mar de gente.

Autor: Adelino Ângelo

Por fim, na tumba fria repousaste; Em glória, após três dias, tu voltaste E em nós permaneceste para sempre! 24


Meu Cristo Vivo Como foi triste ver-te ali prostrado, Sangrando, inerte , o povo contrafeito, Chorando a tua morte e ao teu lado, A preparar teu corpo assim, desfeito. T Meu Cristo Vivo

Que ingratidão, meu Mestre, as multidões Que foram antes tua companhia Colocam a teu lado dois ladrões E dão-te morte atroz naquele dia. Na tumba de José, onde ficaste Três dias, duas noites, alcançaste O rumo para a nossa liberdade. Depressa, vem buscar-nos, meu Senhor, Queremos aprender do teu amor E estar contigo além, na eternidade!

Autor: Adelino Ângelo

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Adias Machado

Adias Machado, nasceu na Província do Minho, em Portugal no ano de 1961. Dedica-se à pintura desde criança, porque nela encontrou a maneira mais simples de comunicar e partilhar de uma forma sustentada tudo aquilo que lhe brota do sangue e da alma. Aprendeu na intensa observação da natureza a sua forma de pintar e com as almas maravilhosas que se cruzaram com ele, partilharam os saberes e todo o conhecimento estético das coisas simples T da vida.

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O Quadro Um mar de azul se expande traço a traço Num misto de volúpia e de harmonia E cada rosto grita em seu espaço Naquela tela viva, imensa e fria. T

O Quadro

Autor: Adias Machado

Pincel e dor, pedaço após pedaço, Dão brilho e cor, amor e alegria E em mágico poder que é puro e lasso Vagueiam entre o sonho e a fantasia. E o mestre abraça a sua criação Que grita ao mundo, cheia de ilusão, Mostrando o seu frescor e galhardia. E nesse mundo azul cheio de cor Desabrochou, com lágrimas de amor, A paz, a flor, a vida, a poesia.

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Um Hino à Cor São olhos mil que escondem seu olhar Por trás duma cortina oculta em bruma, Audazes rostos prontos a assaltar Com avidez aquele mar de espuma. T

Um Hino à Cor

Autor: Adias Machado

São versos, soletrados de um poema Que, oculto, permanece no seu ninho; São golpes em batalha quase extrema Que vence com ternura, com carinho... No ar já se ouvem cânticos de glória, Elogiando a sua trajetória, O traço e o rigor no espaço infindo. E os sons que os anjos cantam lá no céu São versos que o pintor nos escreveu No seu sublime traço, puro e lindo!

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Meu Barco Navego peregrino pela vida Nas ondas mais revoltas deste mar, O medo e a incerteza dão guarida Ao meu estranho e incerto navegar. T

Meu Barco

E nesta senda louca, vã, perdida, Por entre a multidão, fico a remar Tentando ver ao longe uma saída Que não consigo nunca vislumbrar.

Os magos e os duendes serpenteiam Por essa embarcação e lá semeiam Mentiras e promessas sem ter fim… E nesse turbilhão imenso, agreste, Agarro no meu remo e entrego ao Mestre Que me sorri e diz: - Confia em mim!

Autor: Adias Machado

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Espírito das Artes O Espírito das Artes foi descendo Em Arcozelo, Gaia, no verão, Num paraíso imenso, ali trazendo A Arte numa vasta dimensão. T

Espírito das Artes

Autor: Adias Machado

Envolta em tal magia, a poesia Transparecia em sons celestiais E nos jardins em flor acontecia Fotografia e arte... e muito mais. A Flauta e o Violino, com magia, Levavam pelo ar essa harmonia Celestial à gente ao seu redor. No plácido jardim, à beira mar, O Espírito das Artes quis deixar Aromas mil em cada rosa em flor!

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Na Cruz Naquela rude cruz, tu, pendurado Como qualquer proscrito ou malfeitor, Soltava para o céu um triste brado Sozinho, abandonado em estertor. T

Como era triste! O povo, desvairado, Gritando "à morte, à morte!" num clamor, Estava enraivecido, enfeitiçado, Alheio a qualquer brado, a qualquer dor. E aqueles teus amigos do Jordão Estão ausentes dessa multidão Ocultos, quer te açoitem, quer te vazem.

Na Cruz

Autor: Adias Machado

E tu, num sofrimento atroz, imundo, Ao Pai suplicas num torpor profundo: - Perdoa-lhes, não sabem o que fazem!

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Canta, Poeta Quando o poeta acorda noite fora E Fica a escrevinhar até ser dia, O sol desponta e ao raiar da aurora A festa vai nascendo... há poesia! T

Canta, Poeta

Autor: Adias Machado

E quando na manhã desponta a hora E longe, junto ao mar, se refugia, A angústia e a tristeza vão embora E há festa junto ao mar, muita alegria! Não deixes de cantar, poeta amigo, Que sempre que tu cantas eu consigo Sentir alegre e calmo o coração… É neste teu cantar cheio de esperança Que me aconchego e encontro a confiança Para viver a vida com paixão!

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A cor do Meu Desejo Pintei o mar co'a cor do meu desejo Pra dar mais luz e cor à cor do mar E ao partilhar a cor num doce beijo Minha alma não parava de pintar. T A Cor do Meu Desejo

E no painel surgiu o Maio, o Sérgio, Lagoa e os seus filhos a remar, A lancha dos Poveiros - tempo egrégio E o pescador na faina a labutar! Ergui o olhar e vi gaivotas mil Esvoaçar no imenso céu anil Naquela dança mágica, incontida...

Autor: Adias Machado

E naufragado nesse mar de cor, Meu corpo se extasia mum torpor, Gravando em cor a cor da minha vida!

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Hino de São Vítor São Vítor terra de encanto De onde vem tua alegria? Vem coberta com seu manto Das gentes da freguesia

São Vítor, terra menina, Da cidade o coração, Augusta por ser divina, Insigne por tradição

São Vítor, hei-de exaltar-te Centro de arte e de cultura Que cantas em toda a parte EstaTgesta nobre e pura

Seja aqui, em qualquer parte Os teus momentos de glória Hás-de bordá-los com arte Nos anais da tua história

(coro) Ó povo eleito De raça e glória Grava no peito A tua história

(coro) Ó povo eleito De raça e glória Grava no peito A tua história

Com galhardia Força e poder Em cada dia Vai renascer

Com galhardia Força e poder Em cada dia Vai renascer

Hino de São Vítor

Autores: Adias Machado, Arnaldo Macedo e Adriana Henriques

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Madrinha dos Poetas Madrinha dos poetas, vem cantar A melodia linda do teu peito E a trovadores e vates alargar O seu caminho às vezes tão estreito. T

Madrinha dos Poetas

Autores: Adias Machado, Arnaldo Macedo e Adriana Henriques

Que possas nesse imenso caminhar Concretizar seus sonhos e a teu jeito Abrir as portas desse imenso mar Aonde se navega sem respeito. Rainha dos poetas, vem cantar, Estende o teu abraço e faz brilhar A estrela que ilumina o seu caminho. E quer seja poeta ou trovador, Não deixes de afagar com muito amor As aves que se aninham no teu ninho.

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Selfie É médio de estatura, avantajado, Tramado por palavras e por cor, Cabelo alvinegro, esguedelhado, Sorriso aberto, às vezes, sedutor. T Selfie

Vive na lua, sempre apaixonado, E trata a meninada com glamour. Às vezes, atrevido, endiabrado, Quiçá, l'enfant terrible de l' amour. Gosta de fazer sala em toda a parte, Pra desfrutar de amigos, versos, arte, Sorrisos e abraços repartir.

Autores: Adias Machado, Arnaldo Macedo e Adriana Henriques

Mas se ao acaso solta um galanteio, Ai, vida!, que a parede racha ao meio O Carmo e a Trindade vão cair!...

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Adriana Henriques Nasceu em Salamonde, no concelho de Vieira do Minho, em 9 de Fevereiro de 1978. Frequentou o Curso Geral de Artes Visuais na Escola da Misarelacoop, tendo, posteriormente, ingressado no Curso Superior de Pintura, concluído em 2006, e Licenciatura em Artes / Desenho (2009) na ESAP, Escola Superior Artística do Porto, extensão de Guimarães. Paralelamente à sua formação académica, participou ainda em vários cursos e encontros ministrados no âmbito das artes, tais como: -“Grandes Tendências da Fotografia”, curso teórico ministrado por Maria do Carmo Serén, no Centro de Fotografia; T -Curso de Histórias de Imagens”, ministrado por João Lopes, integrado no Ciclo de Estudos Contemporâneos promovido pela Fundação de Serralves; -Avanca 2002 - Encontros Internacionais de Cinema, Televisão, Vídeo e Multimédia: Workshop “Cinema de Formato Reduzido”, ministrado por Jurdem Lossau (Alemanha) e coordenado por Vítor Silva (Portugal); -Curso “O Corpo Pensado” (o corpo no pensamento) “, ministrado por Maria José Cantista e Sofia Miguéis, integrado no Ciclo de Estudos Contemporâneos – Ciclo do Corpo, promovido pela Fundação de Serralves; -Curso “Organização de Exposições”, ministrado por Miguel Amado, integrado no programa “Arte Contemporânea – Abordagens e Perspectivas”, promovido pela Fundação de Serralves. Actualmente, a Artista Plástica (professora e curadora) desenvolve projectos pedagógicos em várias instituições culturais. Desenvolve e orienta programas para crianças e jovens no campo das artes visuais. 39


Fragmentos Em fragmentos, com palavras, cor, Eu vou urdindo a vida lentamente, Bordando corações plenos de amor Em performances cheias do presente. T

Fragmentos

Autora: Adriana Henriques

E as teias vão surgindo... E no calor De cada passo eu sinto-me diferente; E em cada fragmento o meu fulgor Me escapa, se esvaindo à minha frente! E nesta teia cheia de magia Transporto a minha paz, minha alegria, Em montes de novelos ressarcida. E olhando para o lado, ao meu redor, Em lágrimas sentidas, com amor, Partilho o meu sentir, a minha vida!

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Meu Livro Tu eras meu refúgio, esse caminho Aonde procurava algum sossego. Buscava o teu conforto, o teu carinho, Levava-te escondido e em segredo. T Meu Livro

E ao pisar as pedras do caminho, Às vezes me perdia, tinha medo De calcorrear a estrada tão sozinho, Desamparado neste meu degredo. E, quando em minha mão, te devorava, Tragava-te palavra após palavra Na ânsia de uma nova descoberta.

Autora: Adriana Henriques

E página após página encontrava O lenitivo que me consolava E me indicava sempre a estrada certa.

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As Cores do Mar Deixemos que as palavras se misturem Nas cores da paleta do pintor E esperar que o verbo e a cor perdurem Em novo tempo, espaço, verbo e cor! T

As Cores do Mar

Autora: Adriana Henriques

E juntos, nessa imensa sintonia, A tela há-de voar, lançada ao vento, Levando o colorido, a poesia, A ribombar na voz do pensamento! E quando se espalhar num mar de cor, Poetas e artistas com amor Hão de pintar seus versos com paixão. E o tom e a palavra em sintonia Irão trazer-nos paz e harmonia E preencher o nosso coração.

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Cor e Poesia A vida, a cor, estendem-se no espaço Com gestos de pureza e fantasia, São filhos que te saltam do regaço Num cântico de amor e de alegria. T Cor e Poesia

Ouço teus gritos, sigo-os passo a passo Até ao infinito e se algum dia O sonho se estender num longo abraço, Eu cantarei um hino à poesia. Deixa vibrar o sonho e a quimera, E seja grande ou não a tua espera, Que a cor e o amor em telas se desventre.

Autora: Adriana Henriques

E aos céus eu lançarei este meu grito Para que viva o sonho, a paz o mito, A cor e a poesia eternamente!

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Amy Dine

Ana Maria Dine Falcão Sincer nasceu em Lisboa a 11 de Novembro de 1951. Desde pequenina começou a declamar nas festinhas do jardim-escola da mãe pequenos poemas que esta lhe ensinava. Mais tarde continuou a fazê-lo em festas da Igreja, integrando também grupos de teatro. Aos 11 anos, juntamente com seus pais, foi para Angola aonde estudou, tendo então entrado em contacto com as obras literárias de alguns poetas e escritores portugueses e como era amante da leitura logo ficou fascinada, sobretudo pela poesia. Nessa ocasião, como acontecia com quase todos os jovens de então, iniciou seus primeiros passos na arte poética.

T José Sepúlveda com quem se casou. Tendo regressado a Portugal em 1972,conheceu Escreveu um pequeno livro “ O Toque de Sua Mão”. Nele relata a experiencia vivenciada por toda a família aquando da doença grave de seu filho do meio. Em 2011 seu marido abre no Facebook um grupo de poesia chamado Solar de Poetas no qual é integrada em 2012 e passa a fazer parte como uma das Administradoras. Nesse mesmo ano é também criado o grupo físico dos Poetas Poveiros e Amigos da Póvoa do qual foi uma das fundadoras. Dedica também os seus tempos à criação artística: Pintura, desenho, encáustica e outras artes, bem como à poesia, quer fazendo, quer participando em Saraus, Tertúlias e outros eventos. Participou em algumas coletâneas; A Sinfonia do mar, Heróis do mar, As cores do mar e também em diversas Antologias. 45


Na Serra Vagueio solitário pela terra, E cedo alcanço o vale dos perdidos Silencio... tudo é calmo lá na serra... E sento-me a ouvir os seus gemidos. T Na Serra

A águia no seu voo estonteante Mergulha pela névoa matutina E com olhar fugaz e penetrante Perscruta o alimento, peregrina. Do seu covil a loba parda grita Em estridente uivar e a turba aflita Porfia o seu refugio com temor.

Autora: Amy Dine

E nesta intensa luta, prova a prova, A vida se transforma, se renova, Ditando as suas regras com rigor!

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Mar Silêncio! Vem ouvir a voz do mar, As ondas desse imenso mar de espuma E nessa melopeia singular Na areia se desfazem uma a uma! T Mar

Ó como é terno e doce o marulhar! Esconde-se na noite e, envolto em bruma, Emite melodias pelo ar Na orgia do ondular onde se empluma! Ó mar dos meus encantos! No horizonte Declina o sol... São águas duma fonte Que vão tombando lentas, com candor!

Autora: Amy Dine

E no teu manto carmesim-dourado Se estendem... e num sono delicado Se perdem nas caricias desse amor!

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No Campo No meu silêncio, oiço junto ao rio Os gansos e os cisnes a grasnar, As aves a cantar ao desafio, A fonte de água quente a saltitar. T No Campo

O tempo está toldado. A chuva, o frio, Que neste inverno teimam em ficar, Parecem não ouvir o desafio Da primavera, prestes a chegar. E nesta nostalgia, as águas correm, As folhas ressequidas que ali morrem Enquanto desabrocha a linda flor.

Autora: Amy Dine

O verde, o amarelo, o rubro, o branco E o meu olhar que olha com encanto O céu anil, azul, multicolor!

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Mar de Prata Argente mar, que ocultas no teu ventre Coberto por teu manto de fissuras? São peixes, são sereias, será gente Ou também tu não sabes quem procuras? T Mar de Prata

A gente jaz silente em tua mente, Roubada nas marés cheias de agruras; Os peixes, filhos teus, tu, ternamente, Os vais alimentando de algas puras... E oiço-te a chorar, a marulhar, Murmúrios mais murmúrios pelo ar, Nesse vaivém sem fim, cheio de encanto!

Autora: Amy Dine

Ai, mar de prata, casa de segredos, Que escondes desventuras e os degredos No impávido clamor desse teu pranto!

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Cores de África Já raia o sol, é alta a madrugada, Desperta a natureza em luz e cor... Cruzando o céu anil, a passarada Desfaz-se em mil bailados e esplendor. T Cores de África

Os elefantes seguem pela estrada Lançando aos quatro ventos seu fulgor. Palancas, zebras correm em manada Ludibriando assim o predador. Abacateiros, loengos, imbondeiros, Mangueiras, bananeiras e coqueiros São vida nessa imensa pradaria.

Autora: Amy Dine

E, ao por-do-sol, batuques da sanzala Se fazem ecoar p'la terra rala Enchendo todo o espaço de magia!

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Em Ti O teu sereno olhar, calmo, solene, Que ao meu viver traz força e energia Transforma a minha vida assaz perene Em mananciais de paz e de harmonia!...

Em Ti

Na minha embarcação tu és o leme Que traça o rumo, a estrela que me guia... E em ti me sinto alguém que nada teme E enfrenta o seu viver com alegria... Em cada amanhecer, ao despertar, Eu sigo os passos teus e ouso pisar O teu andar seguro... E, peregrino,

Autora: Amy Dine

Refaço-me em pegadas. E uma a uma Eu pinto em cada onda, entre a espuma, Nos passos teus, a cor do meu destino!

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Amie O teu olhar cativo de menina Que olha para mim com terno olhar É bússula, é cartilha que me ensina Os trilhos em que devo caminhar. T

Amie

Autora: Amy Dine

E nesse rio de água cristalina Em que me encontro ainda a navegar, Meus remos são a íris pequenina Que guia o meu trajeto nesse mar. Envolto num enleio puro e lindo, Perdido no teu mar, eu vou seguindo Remando com teu puro e doce olhar. Nesse trajeto, vida peregrina, Guiado por teus olhos de menina, Nós vamos de mãos dadas navegar!

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T

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Arnaldo Macedo

Arnaldo Macedo Natural de Caldas de Vizela… Com uma obra que atravessou vários estilos, a sua pintura fixou-se na corrente surrealista resultante da influência do pintor surrealista Salvador Dali e do escritor Mário Cesariny. O seu imaginário deambula entre a força simbólica das imagens e a subtileza das palavras.

Ganhou alguns prémios em concursos. Tem participado regularmente em exposições T coletivas e individuais… Além de artista plástico, escreve também poesia.

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Maçã que Voa Essa maçã que voa em liberdade Cruzando terra e mar, o imenso céu, Qual pária ou peregrina, que mal sabe O rumo do destino que escolheu… T

Maçã que voa

Autora: Arnaldo Macedo

Que segue pela estrada da saudade No tempo sem ter tempo, azul ou breu, Persiste em encontrar uma verdade Que prematuramente feneceu. E nesse voo livre, tão fecundo, Janela escancarada para o mundo, Essa maçã sem mácula ou pecado. Num eco que se estende p'las montanhas, Desventra seu sorriso e das entranhas, Ao mundo lança um grito apaixonado!

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T

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Ventos do Norte Já sopra o vento norte, em vão se agitam As ondas desse mar solto, redio, São mágoas, são silêncios que nos gritam Naquele ondular forte em desvario T

Ventos do Norte

Autora: Arnaldo Macedo

E olhando o mar, meus pensamentos ficam Deambulando num torpor vadio... As ondas desse mar personificam O sonho e a quimera ao desafio! Já sopra o vento norte... À sua frente Arrasta as nuvens lenta, lentamente, E o vento se transforma em movimento Na asas desse vento se desbrava A força e a magia da palavra Fonte de amor, raiz do pensamento

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Bárbara Godinho Nasci numa pequena Aldeia no Alentejo E como boa Alentejana o gosto pela poesia nasceu comigo. Recordo quando criança, minha aldeia era visitada pela Biblioteca itinerante da Fundação Gulbenkian , à qual recorria alegremente para consultar e requisitar livros.

Começou aí meu contacto com a poesia. Adorei Florbela Espanca...fiquei fascinada.... Apesar deste meu gosto pela poesia, incentivada por uma amiga, escrevi meu primeiro poema há bem poucos anos, dedicado a minha querida e saudosa mãe. Paralelamente, dedico-me à pintura, momentos T de evasão que me dão paz e calma. Desde aí, vou escrevendo ….o que sinto e me vai na alma....

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A Lenda da Ponte Contava a lenda em versos dum poema Gravado em cada pedra dessa ponte A história da princesa e do dilema Que transbordou além do horozinte. T

A Lenda da Ponte

Naquele dia, ao fim da tarde amena, O seu amor não veio. E lá no monte, As lágrimas dos olhos da pequena Jorraram como as águas duma fonte. O espírito da moura assaz formosa Se dissipou na águas do Varosa E encheu de encanto os vales ao redor.

Pintado para o encontro “Tarouca Vale a Pena, em Maio de 2018. Autora: Bárbara Godinho

E o povo diz que as águas do moinho, Em noites de luar, cantam baixinho A história desse seu tão grande amor!

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Mulher Se houvera de escolher algum tesouro No meu peregrinar por esta vida Eu nunca escolheria prata ou ouro Nem ia atrás da pérola perdida. T Mulher

Não ia procurar jardins em flor Nem pássaro de lira ou colibri Iria desejar o quanto amor Tu me transmites quando ao pé de ti. Por mais que a vida corra, o tempo passe, Se esse olhar singelo que em ti nasce Voltar pra mim em cada alvorecer,

Autora: Bárbara Godinho

De todos os tesouros desta vida A minha escolha, a escolha preferida Serás apenas tu, deusa-mulher!

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Menina do Mar Num corpo escultural de cera pura. Andava pela praia junto ao mar A procurar num manto de frescura O bálsamo que as ondas podem dar. T

Menina do Mar

Autora: Bárbara Godinho

Ao vê-la assim, com tanta formusura, A imensidão de gente ao seu redor Olhava para aquela criatura E nela via a essência do amor. Menina de marfim que aqui se enleia, Um dia vais partir na maré cheia E qual Sereia, lá no alto mar, Agora como sempre, como dantes Vais encantar de novo os navegantes Que ao longo do caminho hás-de encontrar.

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Soubera ser poeta Soubera ser poeta e te daria Poemas da maior inspiração Palavras com carinho, poesia Que enchessem teu enorme coração. T

Soubera ser poeta

Autora: Bárbara Godinho

Soubera ser poeta e num só dia Poemas te faria em profusão Diria em versos tudo o que sentia E como é grande em mim tua afeição. Soubera ser poeta, minha amada, Só quando o for, eu sei que mesmo nada Irá poder vencer tão grande amor. E juntos seguiremos a jornada Que será palco desta caminhada Contigo e sempre, aonde quer que for!

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Bárbara Santos Maria Bárbara Silva dos Santos nasceu em Julho de 1941 numa aldeia da Beira Baixa, Vale da Senhora da Póvoa sendo a mais nova de 9 irmãos. Parte da sua educação é no Colégio Joaquim Diniz da Fonseca na Cerdeira do Coa, entrando no mercado de trabalho, ao completar 18 anos, na Câmara Municipal de Lisboa. Autora junto quadros seus

Em 3 de Novembro de 1962 consegue a sua Licença de Piloto Particular de Aeroplanos, sendo a segunda T mulher brevetada em Portugal.

Depois casou, teve cinco filhos, foi muito coisa, percorreu muitos caminhos, lutou nas diversas frentes e sempre teve como prioridade a família e a cultura, tentando passar esse bem para os filhos e para os que a rodeavam. Conhece bem a emigração e seus efeitos... Criou sempre amizades para a vida. A poesia foi sempre a sua fonte nos momentos difíceis, o conforto. Aos 68 anos, começa a pintar por iniciativa própria e a sua inspiração é mais fruto dos seus sonhos, onde retrata no semi oculto as figuras que passou a vida a ocultar e que surgem na tela mediante uma decisão da mente e em gestos de mãos. Não usa pincéis, e as suas pinturas começam pelas suas impressões digitais. A pintura e a poesia são os grandes suportes da sua vida, assim como a família e amigos que aos milhares navegam num mundo em transformação real e virtual. 65


Serenidade Imensa solitude, esta acalmia Me traz paz e descanso ao coração E fico olhando o mar, a maresia, Perdido na penumbra da ilusão.

T Serenidade

Ai quem me dera ter sossego um dia Viver a paz imensa que vivi E olhando ao meu redor, quanta alegria, Sentir que minha vida me sorri. O vento sopra solto, está sereno, Gaivotas pelo céu num voo ameno, Silêncio e paz se espalha ao meu redor.

Tela acrílica de Bárbara Santos

E nesta nostalgia fria e quente Meu coração transmite a paz silente Dum frágil coração cheio de amor.

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Vida A vida é sofrimento, é alegria, É lágrima, é sorriso, é ilusão, A vida é guerra, é paz, é fantasia, É sombra, é sol, é luz, escuridão.

T Vida

A vida é cruz, é virgo, é dor, é cria, É carne, é tronco, é mar, imensidão, A vida é frustração, paralisia, É crença, é lar, é amor, é uma canção.

A vida é loa, é mito, é noite, é dia, É fé, é sede, é fonte, é fome, é pão, É lentidão, coragem, agonia.

Tela acrílica de Bárbara Santos

A vida é roda imensa que nos guia, É sonho, é despertar, é uma paixão Aonde o nosso corpo rodopia. 67


Uma História Bárbara No meu trajeto feito de mil vidas, Peregrinei durante a vida inteira... Transpus montanhas, vales sem saídas, Dormi exausta à sombra da azinheira.

T Uma História Bárbara

Vi-me envolvida em lutas e intrigas E quando me encontrei a vez primeira, Pari meus filhos, moços, raparigas, Tão cheia de fadigas, de canseira. Pintei o meu caminho de mil cores; Os desamores, crises, os valores, As lutas mil que tive de abraçar.

Autora Barbara Santos Pintura numa das paredes de sua casa Retrato da autora na visão do poeta

E encontrei-me só... E aconteceu, Quando em vigília, a história apareceu E na parede tosca a quis gravar.

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Revolta

T Revolta

Caminho pela estrada co'a ressaca No meio desta praga que surgiu, Privado dessa bucha já tão parca Que um bando de gatunos extorquiu. O povo grita com sua alma farta De coisas das mais reles que já viu; Ladrões! Que vão pró raio que os parta, Perdoe a pobre madre que os pariu. Às armas, portugueses, nobre gente Sigamos mão na mão, todos em frente, Cortando essas algemas e grilhões.

Tela acrílica de Bárbara Santos

E ao renascer das brumas da memória, Nós vamos recontar a nossa história, Libertos dessa corja de ladrões. 69


Navegando As tuas mãos tão cheias de alegria, Qual fonte de energia, de calor, Transmitem muita paz, muita harmonia, Em traços com magia e muita cor.

T Navegando

Tela após tela, surge cada dia O brilho, a luz, a força e o vigor, E a arte e o engenho, com mestria, Nos vens trazer com o teu candor. E toda essa alegria, essa emoção, Que emana desse grande coração E em cor e em magia é transmitida

Tela acrílica de Bárbara Santos

Nos diz que no teu antro de ilusão A vida inventa em cada ocasião Razões que são razão da própria vida. 70


Retrato

T Retrato Quem é José Sepúlveda? POETA...que fervorosamente escreve sobre a vida e a morte, o divino e o profano numa linguagem para todos, inspirada no amor por todas as causas que abraça. Ele é acima de tudo, um fazedor de esperança, um amigo e ser humano sublime, ele é o mar de muitos rios... A sua obra é apaixonante. Bárbara Santos

Tela acrílica de Bárbara Santos Retrato do poeta na visão da artista

Sou fruto duma árvore vadia Que, quando amadurece, não dá flor; Depressa perde o fruto, se esvazia E desfloresce. E a folha cai, sem cor. E quando a minha alma triste e fria Mergulha em desalento ou amargor, A força de vontade se esvazia E a vida vai seguindo em seu torpor. Sozinho, sigo o meu caminho incerto, Não sei se adormecido, se desperto, Qual pária, não sabendo a direção. Tropeço após tropeço, hei de encontrar No meu caminho a noite de luar Que vai iluminar meu coração! 71


Sombras do Vale Vagueio pela sombra duma tela Que no Varosa teve inspiração, E encontro silhuetas que só ela Me pode fazer ver com precisão.

T Sombras do Vale

Pintado para o encontro “Tarouca Vale a Pena, em Maio de 2018.

Pintura acrílica de Barbara Santos

E vejo a camponesa doce e bela Oculta nessa cor em mutação E nos transmite o brilho duma estrela Que brilha em seu palácio de ilusão. Ao longe, aquela princesinha moura Que estende os seus cabelos e que chora A ausência desse seu amor vadio. A amálgama de sombras e magia Estende-se entre a cor e a poesia Nas cristalinas águas lá do rio.

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Fúria Que violência, Mar, porque te agitas Se busco paz e calma ao vir aqui? Eu venho procurar-te e tu me gritas Como se fora intruso, ao pé de ti!

T Fúria

Eu gosto de te ver quando me excitas Com ar sereno como o que senti Em tempos de bonança, sem desditas, Nas horas mais bonitas que vivi. Agora, ao ver-te em fúria, atormentado, Meu coração se sente amedrontado E triste, não sabendo o que fazer.

Pintura acrílica de Barbara Santos

Por isso, Mar, serena o teu furor, Partilha o teu carinho, o teu amor E dá-me a mão, ensina-me a viver!

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Caminhos Quando nasceu a filha, aquela mãe Rejubilou... E, cheia de alegria, Aos céus agradeceu tamanho bem Que entre dor e amor acontecia.

T Caminhos “Todas as mulheres se sentem sereias quando o amor acontece, pois fantasiar é uma qualidade de quem ama. Todavia, a fatalidade é haver homens com coração de monstro e vice-versa, que usam a violência até às últimas consequências e destroem a mulher tanto física como psicologicamente, matando sempre a sereia que há em todas nós. Este quadro é uma homenagem solidária a todas as vítimas de violência doméstica, e a promessa de todos lutarmos contra os que atentarem contra o direito de viver e ser feliz.” (Bárbara Santos)

Pintura acrílica de Barbara Santos

O tempo se passou. Ela cresceu Em corpo e em espirito e a mãe sentia Que o lar era um cantinho desse céu Do seu imaginário . Até que um dia... O companheiro disse: - Vou ali E volto já... Mas nunca mais o vi! E a vida desde então não mais sorriu... A aquela filha, meiga, dedicada, Como se fora um fardo, a maltratava... E triste, abandonada, ao fim... partiu!

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Sinfonia das cores Lancei meus sentimentos numa tela E pus-me a pincelar na noite escura Olhei e então notei ser tão singela A tela desta minha vida obscura.

T Sinfonia das cores

Pintei naquela tela uma aguarela Com as cores que ditava o coração Senti-me aprisionado numa cela De amor, de fantasia e de ilusão. E quando já no fim olhei meu quadro Fiquei olhando um lado, o outro lado, A minha estrada em cores ressarcida.

Pintura acrílica de Barbara Santos

Nos traços dessa tela eu descobri As sensações estranhas que vivi Nas tensas pinceladas desta vida.

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Mulheres do Solar Em cada noite BARBARA seguia E percorria MONTES e colinas O olor singelo e doce da MARIA Descia p'las enCOSTAs peregrinas.

T Mulheres do Solar

Uma homenagem ao Solar de Poetas

Pintura acrílica de Barbara Santos

Perfume tão suave o que sentia Olhando o azul CELESTE além do MAR E ouvia-se no ar a melodia Da frágil JOANINHA a esvoaçar. E ao raiar da AURORA agora eu sinto Uma alegria imensa e um quadro PINTO Se a força de um só DINE anda no ar. E deixo-me embalar nessa alegria Com pétalas de ROSA, com magia, Ao canto dos Poetas no Solar.

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Fado Seriam oito horas menos dez Naquela Quinta-Feira longa e fria; Ela corria para os dois bebés Barata tonta a ver qual del's nascia.

T Fado

A vida do poeta da artista

Pintura acrílica de Barbara Santos

Portela antiga. Andou de lés-a-lés Saltando casa a casa, noite fria; Sentia-se quais trapos de polés Naquele Abril, manhã de um longo dia. No casario, agora plena rua, Prostrada lá num quarto, toda nua, A minha mãe em sangue se esvaía. Ó, estridente som! Na porta ao lado, Guitarras a trinar o mesmo fado, Enquanto outro milagre acontecia!

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César Amorim (Mutes)

César de Barros Amorim (Mutes) nasce em França, Margny Les Compiegne em 1976, regressa a Portugal em 1986, reside atualmente em Arcos de Valdevez. É pintor autodidata, expõe com regularidade desde 2004. Está representado em diversas coleções nacionais e estrangeiras e em vários Continentes, é amante do Cubismo. Já ultrapassou mais de uma centena de exposições, entre as quais Suíça, Suécia, Espanha, Itália, Londres, Paris, Alemanha, já vão fazendo parte da sua caminhada. T Recebeu no Museu do Louvre em Paris, o prémio Arte Prize Picasso em Outubro de 2016 na sua participação na Feira de Arte, Art Fair. Através da sua arte somos transportados para um mundo de histórias contadas através da tela, onde é possível ver uma certa crítica social, religiosa e política em alguns dos trabalhos. São figuras mutantes com predominância de fortes e atrativos campos pictóricos, que nos fazem viajar num mundo imaginário. Mutes busca a desestruturação da obra em todos os seus elementos. Decompondo a obra através de figuras mutantes imaginárias, regista os elementos em planos sucessivos numa visão total da figura, contornando-a nas suas dimensões, sob estranhas e variadas formas com o predomínio de linhas curvas e retas, numa estruturação das figuras e dos objetos desajustados. São danças de uma mão que desenha de forma despreocupada, usando o (DES) Cubismo como forma de se afirmar. 79


Um Mar de Cor Deixa que a cor se estenda pela tela Com toda a rebeldia e sedução E que no fim essa pintura bela Traduza o que te vai no coração.

T Um Mar de Cor

E a amálgama de cor e sentimento Que trazes para nós com devoção Nos possa transmitir o pensamento Tão fruto desse amor, dessa ilusão. E quando em nós brilhar o mar de cor Que para nós partilhas com labor Possamos entender esse teu mundo.

Pintura: César Amorim (Mutes)

Onde o real às vezes nos parece Um desabafo, de onde transparece Um coração rebelde e tão profundo!

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Ao som do Cavaquinho Era o cantar do povo que eu ouvia Ao som desse instrumento singular, A alma que das cinzas renascia No seu trinado simples, popular...

T

Ao som do Cavaquinho

Pintura: CĂŠsar Amorim (Mutes) (Serviu de capa para o livro O Cavaquinho)

Os versos e os sons em sintonia Aos ventos espalhava pelo ar, E o povo assim,tocando, se exprimia Abrindo a alma sua em seu cantar! Uma apĂłs outra as notas esgrimia E ao seu redor o sonho, a fantasia, Em todos se sentia com prazer...

E embalado ao som do cavaquinho, Desafiava a vida e com carinho, Em si vibrava a força de viver!

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O Quadro (Impotência) Eu vi-te ali, não sei o que fazias E nem ousei saber porque razão Na tela colorida te esvaías E davas azo à imaginação.

T

O Quadro (Impotência)

Pintura: César Amorim (Mutes)

Não pude penetrar nas fantasias Que enchiam esse peito de paixão... Apenas pude ver que pretendias Desafiar a mente, a emoção... E nesse mar de tinta, escancarado, Eu vi teu coração apaixonado Pintar o céu anil, envolto em cor!

E pelo espaço pleno de infinito, Logrei voar, lançar meu próprio grito E desventrar a alma do pintor.

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A Magia da Cor Andei um dia inteiro a procurar Nos traços teus, de cor e de magia, Razões para tentar interpretar Um quadro singular... Até que um dia…

T

A Magia da Cor (segunda tentativa de interpretação da tela anterior Pintura: César Amorim (Mutes)

Eu descobri a luz do teu olhar Perdida nesse mar que me dizia Que a vida é um constante labutar Que se constrói com cor e poesia E ao ver aquela tela ,descobri Que toda essa magia que há em ti Estava num só quadro retratada. A vida e luz que existe em cada espaço Se molda lentamente e num abraço Renasce no fulgor da madrugada.

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Assim, não, Senhora Minha Andava a bufalhada de olho em riste Denunciando aqui e acolá O artista, o operário que resiste Aos golpes dos fascistas que ali há.

T Assim, não, Senhora Minha

Na escola, no trabalho, em toda a parte Os filhos duma gata perseguiam Trabalhadores das obras , 'té da arte A ver se por denúncias os corriam. Mas no silêncio o povo do trabalho Fugia-lhes, mandava-os pró baralho E eles, furiosos, aguerridos,

Pintura: César Amorim (Mutes)

Fosse em Caxias ou no Tarrafal Os torturavam duma forma tal Que os mais audazes, sim, eram banidos .

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Mutes Mexe, remexe, o negro, o amarelo, O Branco, o encarnado (cor de rosa), Buscando nessa tela achar o belo, E lentamente põe-na mais formosa.

T

Mutes

Pintura: César Amorim (Mutes)

Salpica, ali um tom azul celeste, Imprime luz e cor em cada espaço. E, lenta, a sua tela se reveste Dos tons que ele acalenta em seu abraço. E olha para a quadro com magia, Agarra no pincel com ousadia E pinta, pinta, feito um andarilho. Para, repinta, olha de repente E pega nessa tela ternamente, Gritando em alta voz: - Nasceu-me um filho!

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Glória Costa Maria da Glória Novais da Costa nasceu em 1975 na cidade de Fafe e atualmente reside em Rio Tinto.

Decidida a expandir as suas ideias, iniciou a sua atividade artística em 2005. Ao longo destes anos desenvolveu e aprofundou as suas capacidades artísticas. Já participou em mais de uma centena de exposições coletivas e individuais em Portugal de norte a sul do país, em Espanha na Galiza, em Oropesa e Barcelona. No Brasil em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Brasília. Encontra-se representada em museus, capas de livros, postais, calendários, galerias e em outras instituições, como em vários T sites Portugueses e no estrangeiro. Atualmente e em paralelo à pintura, Glória Costa dedica-se ao artesanato onde se destaca, com os seus presépios em miniatura. No âmbito da escrita, em 2009 participou na coletânea de textos poéticos intitulada “ A traição da Psiquê ”e em 2011 editou o seu primeiro livro de poesia “A essência do amor”, tendo atingido a segunda edição no final desse mesmo ano. Inserido no mesmo género literário, publicou no início de 2012, o seu segundo livro “Raio de luz”. Tem vindo a participar em diversas Coletâneas de poesia e prosa, entre as quais: “Lugares e Palavras”; “A arte pela escrita seis”; “Audácia dos Sentidos”, bem como nas coletâneas organizadas pelos Poetas Poveiros, para uma das quais – Mar de Bruma – pintou a capa.

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Esse Olhar São verdes os teus olhos cor de esperança, São doces os teus lábios de rubi Dourados teus cabelos de criança Que afago quando estou ao pé de ti.

T

E entrando nessa tela colorida Que envolve o teu viver num mar de cor Descubro como é bom viver a vida Sorvendo em cada impulso um grande amor.

Esse Olhar

No verde, no azul, no rubro intenso, Encontro neste colorido imenso Fulgor, volúpia, intenso o seu poder,

Pintura: Glória Costa

E ao mundo eu lanço um grito de alegria, Tão cheio de prazer e fantasia E então descubro como é bom viver!

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Respira Comigo Eu sinto o coração pulsar de amor Num respirar profundo, envolto em ti, E nessa tela de prazer e cor O teu, o meu silêncio nos sorri.

T

Respira Comigo

Pintura: Glória Costa

E neste enleio pleno de fulgor, Pulsando no teu peito, descobri Que a vida é sentimento, luz e cor Momento após momento, de per si. Deixa abraçar teu coração imenso, Olhar teu lindo rosto e, no silêncio, Cantar a paz, o amor e a alegria… E neste abraço puro e singular, Olhar no céu estrelas e cantar Um hino à vida, um hino à fantasia!

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Teus Olhos Rios de amor descendo p'la colina Por entre os pedregais e os abrolhos, Regatos de água pura, cristalina, Que saltam do verdor desses teus olhos.

T Teus Olhos

E sigo esperançoso, rio acima Envolto nesse olhar e vou seguindo Buscando nos teus olhos de menina O enlevo dum amor tão puro e lindo. E quando atinjo o cume em paz e em Glória Eu sinto em mim o gozo da vitória No olor de cada flor em seu matiz.

Pintura: Glória Costa

E com o teu olhar no pensamento Eu canto aos quatro ventos num momento Os versos tão singelos que te fiz.

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Vendaval Perdi a inspiração, não sou capaz De ver e transmitir tudo o que sinto... O jogo das palavras é falaz E quando comunico, apenas minto.

T Vendaval

A musicalidade se desfaz E a cor que dou às telas que vos pinto É deslavada e fria e já não faz Vibrar os corações... E me ressinto. E quando no silêncio mais soturno Eu tento adormecer e já não durmo E caio na apatia ou desespero,

Pintura: Glória Costa

Eu sinto um frio intenso ao meu redor E vivo no mais torpe despudor Por não vos transmitir tudo o que eu quero.

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Da Minha Janela Olhando da janela, o mar sombrio, Ao longe, se espraiando em luz e cor E espalha-se no seu fulgor vadio Levado em mil torrentes com fulgor.

T Da MinhaJanela

E neste louco e terno desafio, Momento de alma, eu sinto num clamor As garças que, voando ao desafio, Me trazem à lembrança o meu amor.

E sinto no meu peito, nesse instante, Aquele grito louvo, penetrante, Que em cada instante clama e me sorri.

Pintura: Glória Costa

E choro de alegria, de saudade, Busca do nesse mar a liberdade Que sinto quando estou ao pé de ti!

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A Magia da Cor Andei por todo o lado a procurar Nos traços teus, de cor e de magia, Razão que me levasse a interpretar Um quadro singular... Até que um dia

T A Magia da Cor

Eu descobri a luz do teu olhar Perdida nesse mar que me dizia Que a vida é um constante labutar Que se constrói com cor e poesia. E ao desventrar a tela descobri Que toda essa magia que há em ti Estava nesse quadro retratada.

Pintura: Glória Costa

A vida, a luz que existe em cada espaço Se moldam ternamente e num abraço Renascem no fulgor da madrugada.

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Mar de Bruma Vagueio junto ao mar... E no deserto Eu marco os passos meus num véu de espuma E as ondas num vaivém ali tão perto Desfazem as pegadas uma a uma.

T Mar de Bruma

Olhando o céu choroso e encoberto, Avisto um sol sem brilho que se esfuma No imenso mar e do seu sono incerto Almeja despertar por entre bruma. E grasnam as gaivotas livres, soltas, Num louco frenesim, voltas mais voltas Naquele estonteante esvoaçar.

Pintura: Glória Costa

Perante esse ondular, frio, constante, Eu sigo pela praia vacilante Ouvindo a melopeia do meu mar!

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Lugar do Pensamento Um dia viajei além do tempo, A ver se me encontrava e em meu viver, Olhei à minha volta e, num momento, Pintei e repintei todo o meu ser.

T Lugar do Pensamento

E eis-me no Lugar do Pensamento, Num frenesim imenso, espavorida, Num rodopio, em louco movimento, Olhando cada tela colorida!

Para a exposição

Em cada quadro, um ser que se reparte Em poesia e cor, expressões de arte Que tornam esta vida mais sentida.

Oliveira de Azemeis – Julho 2016

Lugar do Pensamento, a arte, o belo, Um grito de paixão, quicá, o anelo Que dá mais cor à cor da minha vida!

Pintura: Glória Costa

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Arco da Paradela Em Paradela existe um Arco antigo Coberto de vestígios do passado, Em cuja essência permanece vivo O espirito de um homem muito amado.

T Arco da Paradela

Pintado para o encontro “Tarouca Vale a Pena, em Maio de 2018.

Pintura: Glória Costa

A História diz - quicá, realidade Que o Conde de Barcelos lá passou No seu caminho para a Eternidade, Seguindo p'ró Convento, onde ficou! E para registar aquele dia, O povo ali três Arcos erigia, Bandeira de uma vida singular. No trilho entre Moimenta e o Convento, O Arco há-de guardar esse momento Que vamos pela vida recordar.

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T

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Taróloga, Médium intuitiva, há vários anos Dedica-se também à pintura, como modo de evasão.. Natural de Caminha , Viana do castelo

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Kika Luz Kika luz é Taróloga, Médium intuitiva, atividade que exerce há vários anos, modo que encontrou para ajudar as pessoas que a procuram e dar-lhes um pouco de conforto, tirar as suas dúvidas e apontar-lhes caminhos, direções. Paralelamente e como forma evasiva de reencontro consigo mesma, dedica-se à pintura, duma forma simples, criativa e dando muito colorido às suas criações. Gosta de interagir com poetas e escritores, com quem desenvolve trabalhos.

Tem apresentado a sua produção pelos lugares os onde passa, os quais têm sido muito apreciados, sem nunca esquecer a atividade de taróloga, que se encontra enraizada T dentro de si.

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Lágrima de sal Olhavas o teu mar em movimento, Sentada ali na praia, abandonada, Com mágoas ocultas pelo vento... E, peregrina, a lágrima salgada Saltava desse olhar, em passo lento, Sem amargor, sem dor e se quedava Perdida nesse oculto sofrimento ... Com teu barquinho frágil de papel Lembravas com saudade o teu batel de Papel Naquele marBarco perdido com o tempo... Um suspirar profundo, peito cheio, Sabor a sal sentido no teu seio E engolido a seco num momento! Pintura: kika Luz José Sepúlveda

Barco de Papel Naquela tarde, triste, inconformada, Olhavas o teu mar em movimento, Sentada ali na praia, abandonada, Com mágoas ocultas pelo vento... E, peregrina, a lágrima salgada Saltava desse olhar, em passo lento, Sem amargor, sem dor e se quedava Perdida nesse oculto sofrimento ... Com teu barquinho frágil de papel Lembravas com saudade o teu batel Naquele mar perdido com o tempo...

Um suspirar profundo, peito cheio, Sabor a sal sentido no teu seio E engolido a seco num momento!

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Encontro Ouviste-me chamar… e de repente Olhaste para a tela, tensa, fria… Tentaste penetrar na minha mente E descobrir porquês dessa ousadia…

T

Encontro

Pintura: Kika Luz

Eu era o teu amado, à tua frente, Que te sorria, cheio de euforia,,, E via-me sorrindo de contente À espera do carinho que eu queria. E, num momento intenso de ilusão, Soprou no meu, no nosso coração, O vento do amor e da ternura! E ao ver-te mergulhada nos meus braços Deixei meus pensamentos vãos, devassos, E amei-te ardentemente, com loucura!

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Fénix Perdi-me nos teus olhos…. E o destino, Ao ver-te, me levou p’ró fim do mundo E vagueei na terra, peregrino, Como se fora um pobre vagabundo.

T

Fénix

Pintura: kika Luz

E todos os meus sonhos de menino Se dissiparam nesse vale profundo. Fiquei á vaguear só e sem tino Buscando a luz num túnel sem ter fundo. E, quando em desespero, sem esp’rança, Quis pôr um fim a esta má lembrança, Lançando ao esquecimento toda a dor, Das cinzas ressurgia nova vida, Contigo… Tu voltaste, minha amiga Trazendo nova força ao nosso amor!

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Poeta Pegou numas palavras ocas, vãs, Tiradas do seu antro de venturas… Juntou-lhes coisas boas, coisas más E polvilhou com frases bem maduras

T Poeta

E o sentimento livre que se faz De coisas simples, quem sabe, inseguras Partiu à descoberta, sem afãs, De vivo colorido, imagens puras… E de repente viu-se confrontado Com mil palavras, num amontoado… Poliu-as, burilou-as, deu-lhes brilho…

Pintura: kika Luz

Deixou gritar bem alto o pensamento Em plena liberdade… e num momento Soltou seu grito: - Ó Deus, nasceu-me um filho!

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Abraço

T

Abraço

Deixa-me ficar contigo, amor, enlaçar-me no teu peito e adormecer , sorrindo, sem tempo nem espaço... e me deleito sentindo o teu calor, o teu abraço, eterno, infindo... Deixa dissolver-me em teu regaço e esvair-me no teu corpo lindo, sorrindo, sem cansaço!!!

Pintura: kika Luz

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Natal da Minha Aldeia Saudades dessa minha eterna aldeia Perdida num recanto, lรก no Minho... A natureza as vezes nos premeia Fazendo-nos lembrรก-la com carinho.

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Natal da Minha Aldeia

Pintura: kika Luz

Como era bom entrar, a casa cheia, A รกrvore, os enfeites de azevinho E na lareira o fogo que se ateia Pra dar maior conforto ao nosso ninho! O pai Armando, alegre, dava o mote E toda a pequenada ia a reboque Cantando com louvor ao Deus-Menino... E quando a noite vinha, jรก sem luz, Ansiosos esperรกvamos Jesus Co'as prendas para o nosso sapatinho!

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Sonho As pétalas caiam uma a uma No teu formoso peito, minha amada... E deleitado frente ao mar de espuma, Perdido nos teus braços, te beijava.

T Sonho

Cruzamos nosso olhar em meio à bruma Silenciosos... Alma apaixonada? Não há na vida nada que consuma O amor que o nosso peito alimentava. E ali permanecemos tempo infindo Envoltos nesse enleio, construindo O nosso amor profundo, a nossa mente... Cruzámos nosso olhar e num momento Ali fomos vencidos pelo tempo Que se extinguiu veloz à nossa frente.

Pintura: kika Luz

(… e despertei) 106


O Céu e o Vale Mergulho em teu azul, no céu imenso, Sentindo como é belo olhar-te assim, No teu azul encanto e brilho intenso Que canto quando cantas para mim.

T O Céu e o Vale

Pintado para o encontro “Tarouca Vale a Pena, em Maio de 2018.

Pintura: kika Luz

No teu olhar o vale, o verde impar Que ao longo do Varosa prevalece E se renova para nos banhar De encanto, para além do meu olhar. Ai, como é bom olhar o verde, o azul, Que brilham muito além do meu paul E em cada instante ganham nova forma. Mergulho nesse mar extenso e verde Bem certo de que em ti nada se perde, Nada se cria, tudo se transforma!

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Cativo No tempo em que fingia ser poeta E versos escrevia o dia inteiro, Papel eu não usava, nem caneta, O dedo era um eterno companheiro.

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Cativo

Pintura: kika Luz

Agora, a minha vida é mais discreta; Metido em meu casulo soalheiro, A minha mente vive circunspecta Nos seus colóquios com o travesseiro. Se de repente a musa me desperta, Levanto-me de noite, a hora incerta, E parto a navegar num doce enlevo.

De iPhone em riste, elevo-me no ar, Sinto um sufoco, quero respirar, E rasgo o peito... Então, silente, escrevo!

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Lídia Moura Lsm Nasceu em 1969 no Porto. Conclui 12 ° ano do curso de Artes no Liceu Carolina Michaelis. Seguindo estudos superiores na Escola Superior e Artística do Porto (ESAP). Frequentou o Curso de Design Computorizada na Escola Artística e profissional Árvore. Fez formação em atelier de Gravura e Litografia na Cooperativa Árvore, sob tutela do Mestre Gravador e Artista Belga Dacos (Guy-Henri Dacos), no intercâmbio de artistas portugueses e estrangeiros com a Académie de Beaux-Arts de Liège. Por vários anos T lecionou no 2° ciclo do ensino básico as disciplinas de EVT e Artes Visuais. Desde 1990 que expõe em Portugal e Liège. Considerando - se uma artista plástica inconformada com o seu saber, segue a busca de mais aprender. Aliando a sua plasticidade, ao experimentalismo conceptual numa afirmação pessoal da sua obra, tem vindo a explorar a temática "Mulher Cristo" situada numa procura de si mesma, enquanto Mulher e Indivíduo...

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Amor Perfeito Encanto de minha alma, em cada instante Tu nasces e renasces no peito , Tu és amada, amiga, eterna amante E envolto nos teus braços me deleito.

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Amor Perfeito (Capa do livro Amor Perfeito) Pintura: Lídia Moura Lsm

Ai, doce companheira, doravante, Proclamarei o amor e o respeito Que sinto por te amar e nesse canto Serás no meu jardim o amor perfeito. Vem, dá- me o teu abraço, o teu carinho, Ensina-me a trilhar esse caminho Que um dia prometemos caminhar. E se surgirem pedras de tropeço, Galga-las-emos sempre, a qualquer preço, Seguindo de mãos dadas a cantar!

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A tua alma azul tão nobre e pura Nascida muito além desse vitral Há muito que vagueia na clausura Em busca do teu sobrenatural. E nesse mundo azul e peregrino Tão frio, noutro Cristo transformada, Desnuda, nas agruras do destino Carregas uma cruz inacabada. Esposa do Senhor, rara beleza, Teu sangue azul vagueia na incerteza Por entre as veias do teu corpo inerte. Mulher Cristo

Sob esse olhar perene, displicente, Se esvai uma nobreza eloquente Pintado para o encontro “Tarouca Vale a Pena, Maio de de 2018. Desse umem elixir amor que o corpo verte. Pintura: Lídia Moura Lsm

Mulher Cristo A tua alma azul tão nobre e pura Nascida muito além desse vitral Há muito que vagueia na clausura Em busca do teu sobrenatural. E nesse mundo azul e peregrino Tão frio, noutro Cristo transformada, Desnuda, nas agruras do destino Carregas uma cruz inacabada. Esposa do Senhor, rara beleza, Teu sangue azul vagueia na incerteza Por entre as veias do teu corpo inerte.

Sob esse olhar perene, displicente, Se esvai uma nobreza eloquente Desse um elixir de amor que o corpo verte.

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A tua alma azul tão nobre e pura Nascida muito além desse vitral Há muito que vagueia na clausura Em busca do teu sobrenatural. E nesse mundo azul e peregrino Tão frio, noutro Cristo transformada, Desnuda, nas agruras do destino Carregas uma cruz inacabada. Deusa do Mar Esposa do Senhor, rara beleza, Teu sangue azul vagueia na incerteza Por entre as veias do teu corpo inerte.

Sob esse olhar perene, displicente, Se esvai uma nobreza eloquente Desse um elixir de amor que o corpo verte. Pintura: Lídia Moura Lsm

Deusa do mar Levanta o teu olhar pleno de esp,rança Por entre as águas claras do meu mar E em mananciais cobertos de bonança Enlaça-me em teus braços ao luar. Afaga os meus cabelos de criança Nos teus cabelos loiros a brilhar E sela com teu beijo uma aliança Que de ti faça a deusa do meu mar. Ó deusa do meu mar, deusa encantada, Traz até mim a alma apaixonada Com teu abraço cheio de fulgor. E no alvor de cada madrugada Serás a minha eterna apaixonada Nas águas desse mar pleno de amor.

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Luísa Mata ( à nossa Bibliotecária)

Levada pela força do querer, Um dia, o seu cantinho de cultura Iluminou, deu cor a cada ser, Sentindo assim no livro renascer A verdadeira essência da leitura! Mas foi no seu olhar tão puro e doce, Ao dar-nos cada livro, delicada, Tão cheia de alegria, que nos trouxe , A essência e a magia da palavra!

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Luísa Mata Luísa Mata, nascida em 1955 em Lisboa, bancária de profissão. Sempre tive gosto pelas artes nas mais diversas vertentes. Desde muito jovem fiz vários trabalhos de pintura, bem como outros trabalhos manuais. A partir de 1990 iniciei as minhas primeiras aulas na Póvoa de Varzim. Tendo apresentado a minha primeira exposição a óleo e acrílico de tema " Janelas" na Filantrópica. A mistura de diversos materiais é algo queTme fascina.

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Um Mar de Cor A imagem que o silêncio imaginou No seu passeio ao Longo do Varosa Num lindo mar de cor se transformou Fazendo jus a terra assim Formosa.

T Um Mar de Cor

E ao pintar o Vale, num momento, A mão em gestos mil se contorcia E transformava em luz e movimento, O mágico sentir de cada dia. O verde aqui, o rubro no outro lado E eis que de repente um lindo quadro Exibe a cor e a vida que em si tem.

Pintado para o encontro “Tarouca Vale a Pena, em Maio de 2018.

E enquanto olhava o filho do seu peito, Pegou no quadro e disse: - Enfim, perfeito! E um mar de cor invade o amor de mäe!

Pintura: Luísa Mata

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Galinha Havia uma galinha lá em casa Que andava no terreiro a esgravatar E à hora do almoço dava a asa Voando para a sala de jantar.

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Galinha

Pintura: Luísa Mata

Depois co'a cabecita feita em brasa Na sala se aninhava a esperar; De tudo o mais, fazia tábua rasa, À espera que meu pai visse chegar E logo que chegava e se sentava, Então, arregalada, ali ficava À espera, redobrando a atenção. Meu pai batia as mãos e, de repente, Saltava p'ró seu colo e, feita gente, Com ele partilhava a refeição.

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Paulo Gonçalves A Pintura de Paulo Gonçalves é feita de inquietações, de emoções ao rubro e da impotência em inverter os caminhos do tempo. A sua Pintura nasce da necessidade de criar, de expor emoções e finalmente da busca da sua paz interior. Pinta profusamente na ânsia de voos ousados ao inconsciente onde enxuga linhas de fuga de desassossegos e de incongruências. Os pigmentos que mistura em linhas, luz e sombras fazem da tela um poema que sabe de cor, onde esconde o grito dos dias em que se reinventa.

Nota biográfica:

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Paulo Manuel Fonseca Gonçalves nasceu em Beja a 15 de agosto de 1977. A sua paixão pelo Desenho desde a infância, fez despertar, mais tarde, uma outra grande paixão: a paixão pela Pintura, na qual se iniciou como autodidata. Contudo, devido à sua insatisfação artística e necessidade de adquirir novos conhecimentos, frequentou aulas de Pintura prática na Fundação Jorge Antunes, tornando-se assim um dos elementos do grupo “Pintores da Cave”. Para o artista, a Pintura é o meio pictórico de eleição que lhe permite exprimir sentimentos, inquietações e anseios. As suas obras artísticas situam-se dentro do universo do Cubismo e da Fantasy Art, carregada de simbolismo. Tem participado desde 2010 em várias exposições individuais e coletivas.

Assina as suas obras como “Fonseca”, em homenagem à mãe. 121


Mar em Fúria No cálido fragor da madrugada O mar, esse mar-cão, em seu furor, Lançou-se em correria desalmada Na praia, enchendo a gesta de pavor...

T Mar em Fúria

As tenebrosas ondas pela estrada Espalham suas águas num torpor; Depois, qual manta rota, esfarrapada, Esvaem-se na areia, sem vigor... Neptuno, o rei do mar imenso e forte, Fustiga sem piedade o molhe norte Que sem temor ou pranto lhe resiste... E, junto à praia, o bravo pescador, Sereno, resguardado em sua dor, Impávido, silente, atento, assiste!

Pintura: Paulo Gonçalves

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Ventos do Norte Já sopra o vento norte, em vão se agitam As ondas desse mar solto, redio, São mágoas, são silêncios que nos gritam Naquele ondular forte em desvario.

T Ventos do Norte

E olhando o mar, meus pensamentos ficam Deambulando num torpor vadio... As ondas desse mar personificam O sonho e a quimera ao desafio! Já sopra o vento norte... À sua frente Arrasta as nuvens lenta, lentamente, E o vento se transforma em movimento. Nas asas desse vento se desbrava A força e a magia da palavra Fonte de amor, raiz do pensamento.

Pintura: Paulo Gonçalves

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Sabina Figueiredo Sabina Figueiredo, nasceu em Vila Seca, no concelho de Barcelos, a 1 de Julho de 1958, mas foi em Moçambique que estudou e viveu até aos 17 anos. Regressada desta ex-colónia, em 1975, prosseguiu os seus estudos em Barcelos e em Esposende, onde iniciou também o seu percurso profissional. Desde 1984, trabalha como Agente da Polícia de Segurança Pública, em Braga, cidade onde vive desde então. O seu interesse pela pintura e pelo desenho foram notados desde cedo e já na adolescência, esboços, aguarelas e desenhos ocupavam parte do tempo livre de Sabina. No entanto, apenas em 1996, decidiuTretomar este hobby e apostar sua formação artística, de forma maioritariamente autodidata.

No sentido de aprofundar e consolidar os seus conhecimentos, entre 2005 e 2009, frequentou o curso de formação em Artes Plásticas, no Atelier Livre da junta de freguesia de S. Tiago da Cividade, em Braga.

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Sabina Sou Deixai que a força, a luz e o sentimento Que brotam das entranhas do meu ser Deslizem em regatos de talento E telas transbordantes de prazer.

T Sabina Sou

Deixai-me ouvir a voz do pensamento, Livrar-me das amarras, renascer, Soltar em cor, em luz, em movimento Grilhões que prendem todo o meu viver. E ao raiar da aurora hei-de mostrar Os traços de magia deste amar Que faz pulsar a vida em seu fulgor. E em cada tela irei levar à gente O meu viver fecundo, a voz tremente Que faz gritar assim com tanto amor.

Pintura: Sabina Figueiredo

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O Meu Azul Vesti-me desse azul que vive em mim E, quando despertei, tive o ensejo De nesse azul de luz sentir, por fim, Dentro de mim a cor de meu desejo.

T O Meu Azul

O meu azul celeste, multicor, Aonde a luz, a cor e a poesia, Na simbiose mística, indolor, Me desse o seu dulçor, sua magia. Passei a navegar num mar de luz E nesse mar sem fim, fazendo jus Ao meu azul celeste, sonho lindo. E só então tomei a decisão De no silêncio, abrir meu coração Ao tom azul celeste, eterno, infindo!

Pintura: Sabina Figueiredo

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Nas Asas do Falcão Nas asas do falcão voei bem alto Em busca dum amor que não sentia. Meu coração saltou em sobressalto Quando no alto o teu amor sorria.

T Nas Asas do Falcão

Nas asas do Falcão fiquei voando Na plenitude desse imenso céu E sinto o teu olhar tão puro e brando Olhando e desbravando o peito meu. Nas asas do Falcão eu vou voar Naquele imenso dia de luar, Tão cheio de prazer e de alegria. E nesse voo puro e singular Que no meu peito sempre irei guardar, Tu hás-de vir voar comigo um dia!

Pintura: Sabina Figueiredo

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Num Campo de Alfazema Caminho nos caminhos do destino Ao por do sol e numa tarde amena, Olhando aquele arbusto de azevinho E inalando o olor da alfazema.

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Campo sem fim, a ave que me acena Chilreando melodias com carinho, Um passarinho larga a sua pena Que cai suavemente em meu caminho. No lago os peixes correm em cardume E eu sinto, meu amor, o teu perfume, Qual bรกlsamo que lanรงas sobre mim.

Num Campo de Alfazema

E o cheiro a alfazema, a pradaria, A tarde amena e tu, quanta alegria, Eu sinto por poder sentir-te assim.

Pintura: Sabina Figueiredo

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Obrigado, Cristo Amigo Quando levaste o peso do pecado, Cambaleando triste pela rua Eu vi o corpo teu dilacerado P'los golpes dessa pele nua e crua.

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O sangue que jorrava do teu corpo Manchava cada pedra do caminho E nesse sofrimento atroz, aborto, Por entre a multidĂŁo, ias sozinho. Chegado enfim ao monte da caveira, Naquele rude tronco de madeira Te deste por amor Ă minha vida.

Obrigado, Cristo Amigo

No alto, no infinito, o Pai chorava AtĂŠ que numa linda madrugada Por teu amor a morte foi vencida.

Pintura: Sabina Figueiredo

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Baila Comigo Baila comigo em campos de açucenas Que nossos versos soltos vão parindo Neste jardim coberto de poemas Que está na Expoética florindo.

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Em mananciais de cores e de temas, Os versos teus e os meus vão colorindo As salas e jardins em horas plenas De inspiração e arte, sonho lindo! Vamos bailar felizes e contentes, Encher o pensamento, as nossas mentes, De júbilo, de graça, de harmonia,

Baila Comigo

Com gestos, com palavras, com paixão, Enchamos de vigor o coração Enaltecendo a arte, a poesia!

Escultura: Sabina Figueiredo

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Sara Mata Sara da Mata nasceu na cidade de PĂłvoa de Varzim, onde atualmente vive. Em 2012 concluiu a sua licenciatura em Artes PlĂĄsticas Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e em 2014 terminou o mestrado com mĂŠrito em Belas Artes na Universidade de Leeds. T

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Rosa Andava a linda Rosa a passear No areal, olhando o mar imenso, Na ânsia de nas ondas encontrar A fonte desse amor tão forte, intenso.

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Rosa (Capa do livro Poveiros) Pintura: Sara Mata

Lá longe numa lancha, a labutar, João mergulha nevoeiro dentro Na esp'rança de entre as brumas desvendar A luz que lhe alimenta o pensamento. O tempo passa, a luz do sol declina; E nessa tarde longa, peregrina, A lancha arriba à praia. E num instante, O verbo se faz verso. A cena infinda Daquele imenso abraço segue ainda Nas ondas desse mar, eterno amante!

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AUTORES DAS TELAS

Poetas da Arte Adelino Ângelo Adias Machado Adriana Henriques Amy Dine Arnaldo Macedo Bárbara Godinho Bárbara Santos César Amorim Glória Costa Kika Luz Lídia Moura Luísa Mata Paulo Gonçalves Sabina Figueiredo Sara Mata

O Músico, o Poeta e o Pintor Juntaram- se uma, duas, tanta vez, Para levar o tom, o verbo, a cor Ao cantos mais sagrados que Deus fez. E cheios de vontade, com labor, Uniram seus talentos e a três Cantaram a alegria, a paz, o amor Que ousaram espalhar de lés a lés. Perfeita a simbiose então gerada, Poetas e pintores de mão dada A ouvir tocar a suave melodia. E a alma do poeta, apaixonada, Permaneceu por toda a madrugada A transformar a cor em poesia.

José Sepúlveda

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