Lendas e Estórias de encantar, Poesia

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Lendas e Estórias de encantar

JOSÉ SEPÚLVEDA 2


Ficha Técnica

Titulo Lendas e Estórias de encantar Autor José Sepúlveda Capa Arranjo de José Sepúlveda

Editado em E-book em janeiro de 2019 https://issuu.com/correiasepulveda

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Autor José Sepúlveda, nascido em Delães, Vila Nova de Famalicão. Hoje a morar em Vila do Conde. Começou a escrever poesia cerca dos doze anos. No decorrer da sua carreira profissional trabalhou primeiro, como funcionário público e depois, durante 35 anos, como empregado bancário. Publicou em alguns jornais e revistas ao longo da sua carreira, actividade que continua a manter. Amante da literatura, administra os grupos do facebook Solar de Poetas, Poetas Poveiros e Amigos da Póvoa, Casa do Poeta, Solarte, Sollá-si-dó, SolarTv Online e Hora do Conto. Apoia vários projetos literários, promovendo a edição de autores em início de carreira, organiza e participa com regularidade em Saraus e Tertúlias, organizando e dando o rosto ao programa Mar-à-Tona em poesia, dos Poetas Poveiros e Amigos da Póvoa. Tem prefaciado e apresentado alguns autores. Participou em diversas Antologias portuguesas, brasileiras e italianas. Publicou dois livros de poesia e possui na sua Biblioteca de E-books disponíveis mais de vinte livros seus (poesia, 4


música, genealogia, história e outros), além de muitas coletâneas de poesia, que organizou e apoiou, através dos grupos que criou e administra no Facebook. Mantem ainda publicações no seu Blog O Canto do Albatroz. Produziu alguns trabalhos pessoais e participou noutros coletivos com colegas da Universidade Sénior do Rotary Club da Póvoa de Varzim. Divulga e apoia outros grupos e programas de rádio cuja temática seja poesia.

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A Ăšltima Ceia, de Leonardo Da Vinci

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Contavam que Da Vinci, o grande Mestre, Quando pintava a Ceia do Senhor, Foi a um Mosteiro, a um lugar agreste, Para encontrar modelos a rigor. Então, com todo o gênio e inspiração, Pintou rosto após rosto. Mas depois, Viu um vazio. Olhou com atenção E nesse grupo lhe faltavam dois. Só quando certa orquestra ouviu tocar E o seu maestro irradiava luz, Da Vinci prontamente o foi buscar Para pintar o rosto de Jesus. 8


Para findar a sua obra de arte, Faltava agora Judas, o traidor; E ao procurar por Roma, em toda a parte, O encontrou num torpe malfeitor. ⁃ Olha meus olhos, vê, não vês quem sou? Aqui me tens, um reles pecador! Da Vinci olhou seus olhos e gritou: ⁃ Não pode ser! O rosto do Senhor! ⁃ Sim, sou eu mesmo, vê quanto contraste Encontras neste meu olhar profundo No qual há pouco tempo te inspiraste Para pintar o Salvador do Mundo! E a lenda diz que à sombra desse olhar Sentiu como um punhal no coração E pela vida inteira foi pagar A pena dessa insigne criação.

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O quarto Rei

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Havia um Rei, um Mago do Oriente, Que ouviu falar na gruta de BelĂŠm E com trĂŞs Reis, um dia, diligente, Pensou seguir a estrela mais alĂŠm. Mas atrasou-se. Inconformado, crente, Durante o seu viver peregrinou Fazendo o bem, salvando muita gente Em troca dos presentes que levou. 12


Um dia quando a cruz eu transportava Para o calvário, o Mago me encontrava: ⁃ Senhor já nada tenho p’ra te dar! Olhei-o co'a mais terna compaixão E disse: - O que fizeste a teu irmão Fizeste-o para mim, te vou salvar! 13


Antonio Giacomo Stradivarius

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De tempo a tempo, vinha ao povoado Com seu bornal ao ombro. E com prazer Satisfazia assim algum recado Que os seus pais pediam p'ra fazer. E sempre que lรก ia, ele parava Na casa desse velho marceneiro E com encantos mil apreciava As obras que fazia, prazenteiro. O mestre era jรก velho e consciente Que aquele sacerdรณcio feito amor Iria precisar e muito urgente De encontrar agora um sucessor. 16


Um dia o jovem viu surpreendido O anúncio: "Preciso de aprendiz" E fez-se luz no sonho adormecido De ser um marceneiro e ser feliz. Mas não, como podia ele pensar Em ser um marceneiro se sabia Que havia tanto jovem no lugar Que estar nele lugar almejaria! Mas quando o mestre como desafio Propunha aos candidatos por tarefa Limpar aquele sótão negro e frio, Fugiam do lugar a toda a pressa. 17


Passaram-se semanas. Ao voltar Um dia ao povoado, com surpresa, Olhou e viu ainda a anunciar "Preciso de aprendiz": Eu, com certeza! E cheio de coragem, entra e diz: "Bom dia, mestre, queira me aceitar, Humilde e pobre, como o aprendiz Que o mestre está tentando encontrar" O mestre olhou o jovem com espanto E disse-lhe: "Às sete da manhã Quero te aqui limpando cada canto Do velho e sujo sótão que ali está". 18


Esfuziante, cheio de alegria, Ao regressar das lidas da cidade, Contou ao pai e disse: "Eu sei que um dia Vou ser um marceneiro de verdade". E se a distância longa que existia Do lar ao povoado, com vontade, Um dia e outro dia a percorria E logo se encontrava na cidade. Chegou o mestre. Olhou com simpatia, E disse para ele calmamente: "Sobe essa escada e limpa a porcaria Que anda lå pior cima, faz-te gente!" 19


Subiu a velha escada. A escuridão Cobria aquele sótão. Com coragem, Foi gatinhando, andando pelo chão, Limpando cada canto na passagem. Passou-se uma semana, outra semana E o mestre observava com surpresa A força e a coragem que ele imana Enchendo essa oficina de beleza. Um dia, o jovem desce aquela escada E disse: "Meu bom mestre, aqui me tem, A lida que me deu ei-la acabada, Me diga por favor se ficou bem" 20


O mestre, com a ajuda do aprendiz, Subiu a escada e com grata surpresa Olhou aquela sala, ora arrumada, Tão cheia de frescura e de beleza E o jovem foi crescendo passo a passo, Fazendo jus à arte que aprendia E desbravando para além do espaço As sensações imensas que sentia. E prosseguiu seu sonho dedicado Levando a sério o mestre e o seu ensino. E um dia se sentiu determinado E ei-lo a construir um violino. 21


Não era mais o humilde fazendeiro, Cresceu e ao seu redor tudo mudou, Evoluiu e num violineiro Prestigiado um dia se tornou. E a fama deste mestre se espalhava E viu a sua indústria florir E toda a gente vinha e procurava Também um violino conseguir. E foi mil violinos construindo Com ávida paixão e amor profundo E pode assim viver seu sonho lindo E ver o Stradivarius correr mundo! 22


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Rรณmulo e Remo

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A fundação de Roma Rómulo e Remo são, segundo a mitologia romana, dois irmãos gêmeos, um dos quais, Rômulo, foi o fundador da cidade de Roma e seu primeiro rei. Segundo a lenda, eram filhos de Marte e de Reia Sílvia, descendente de Eneias. A data de fundação de Roma é indicada, por tradição, em 21 de abril de 753 a.C. 25


Em terras onde Ítalo se assentava, No tempo dos Etruscos, certo dia, A lenda em pergaminhos registava A estória duma infame rebeldia. Amúlio - que de Reia era tio Da jovem quis fazer uma Vestal Mas Marte foi ao Templo em desafio E engravidou-a sem ver nisso mal. E nessa relação, amor infesto, Rómulo e Remo, gémeos naturais, Seriam concebidos e de resto, Depressa separados de seus pais. 26


Dizia-se que Amúlio, em desvario, Furioso com tamanho despudor, Mandou lançar os filhos seus ao rio Num gesto de perfeito desamor. A lenda que no tempo perdurou Foi que uma loba, nessa tarde obscura, Em busca de alimento, os encontrou E os escondeu numa caverna escura. Qual extremosa mãe, os dois meninos Amamentou e eis que, entrementes, Os viu crescer, moldou os seus destinos, E se tornaram fortes e valentes. 27


Até que um dia, Fáustulo, o pastor, Perdidos lá na serra, encontraria Os dois rapazes cheios de vigor E para sua casa os levaria. O doce leite dessa loba mãe, Os fez medrar. E cheios de fulgor, Seguiram conquistando o mundo além, Tornando-se guerreiros de valor. A lenda diz que Remo pretendia Fazer vingar a sua liberdade Mas Rómulo por fim o mataria E construiu assim sua cidade. 28


Depois, seguiu, vitória após vitória A conquistar o mundo - a terra e o céu. E Reia - que perdera sua glória Do incesto com seu filho renasceu! Do fruto dessa vã leviandade Surgiu por fim a Roma Imperial, E no seu seio cresce outra cidade, Quem sabe, um novo Império Universal. Relata a lenda que p'la noite dentro Se ouve a loba uivar com grão clamor, Deixando a sensação, o sentimento, Que Reia incesto foi de um grande amoR. 29


Manda-me gelo!

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Naquela noite, o filho, ora doente, Estava ardendo em febre no seu leito É a pobre mãe, chorando tristemente, Tentava aconchegá-lo no seu peito. O seu filhinho, inerte, atormentado Sentindo tal calor, à mãe pedia Que fosse procurar em qualquer lado Algo de fresco, gelo ou água fria… 32


- Eu vou orar a Deus pedindo gelo E ele vai ouvir o meu apelo Mostrando o seu carinho e afeição… Com fé, aos céus ergueu o seu clamor... Rasgaram-se os abismos e o Senhor Mandou chuva e granizo em profusão! 33


As três árvores

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TrĂŞs arvores no cimo da montanha Falavam entre si para exprimir Sua vontade firme e algo estranha Daquilo que almejavam no porvir Eu quero ser baĂş para guardar Riquezas infinitas meu seio Eu quero ser navio e navegar Cruzando o mar imenso sem receio Nesta montanha altiva Hei de se ficar Mostrando a toda Gente com verdade As coisas que algum dia vĂŁo contar O Amor de deus por toda a humanidade 36


Um dia o lenhador viu a primeira Achou a forte e bela a cortou Limpou a preparou a e co a Madeira Um curro pra animais edificou Subiu de novo e olhou a companheira Ei la formosa cheia de ilusão Cortou a e tal qual como a primeira Com ela fez pequena embarcação E a terceira ali ficou silente Olhando o Ceu feliz e conformada Brilhando qual farol pra toda a gente Que andava pelo monte e a contemplava

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O tempo se passou até que um dia Ao curro aconteceu algo profundo Pois foi em si na sua estrebaria Que viu nascer o Salvador do mundo Quanto ao barquinho andava a navegar Envolto numa imensa tempestade E à voz do mestre viu o bravo mar Obedecer em paz serenidade E lá no alto a outra companheira Agora transformada numa Cruz Anunciava ao mundo prazenteira A salvação trazida por Jesus 38


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Jesus chorou

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Naquele tempo, lá na Galileia Andava S. José, o carpinteiro, Na oficina com a alma cheia De graça e de labor o dia inteiro E sempre que descia pra cidade Comprar matérias primas, pão e vinho, Um presentinho havia na verdade Que o santo adquiria pro filhinho 42


Um dia da prendinha se esqueceu Ao vê lo o deus menino então correu, Com todo o seu carinho o abraçou E o santo, ficou triste e de repente, Lhe disse: não te trouxe o teu presente! E conta a lenda que Jesus chorou 43


Seu nome é Liberdade

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HistĂłria duma menina nascida na prisĂŁo, que teve como pai um prisioneiro e por padrinho um carcereiro que lhe chamou Liberdade

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Cativo, na prisão, pagando a pena Por erros que na vida praticou, Co'a esposa se deitou na tarde amena; E ela, em sua cela, engravidou. Ei-la que nasce, bela, tão serena! Ao vê-la, o carcereiro, então, gritou: - Seu nome é Liberdade! - e a pequena, Com sua doce esposa, apadrinhou.

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Gerado o ser nas lavas de um vulcão, Embriagado, em pura convulsão, Qual preso de si mesmo, em cativeiro, O preso sentiu paz, felicidade, Mas logo viu fugir-lhe a Liberdade Nos braços da mulher do carcereiro!

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Lรกgrima de sal

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Naquela tarde, triste, inconformada, Olhavas esse mar em movimento, Sentada ali na praia, abandonada Co'as mรกgoas ocultas pelo vento... E, peregrina, a lรกgrima salgada Saltava desse olhar, em passo lento, Com amargor, com dor, sabor a nada E envolta no mais puro sentimento... 50


Ali, com teu barquinho de papel Lembravas com saudade o teu batel Tragado, apodrecido pelo tempo... Um suspirar profundo, sem receio, Sabor a sal sentido no teu seio Tragado quase a seco num momento! 51


O velho sรกbio

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Algures, numa cidade, Um homem de pensamento Encontrara a liberdade Num total desprendimento A sua fama era enorme E o seu saber profundo, Sua vida desconforme Com as prĂĄticas do mundo Um dia, foi Ă cidade Um poeta sonhador SĂł com a finalidade De encontrar o professor

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Chega com força e vigor, Abre a porta, que ilusão! Vê o velho pensador Ali, sentado no chão! Pensou alto pra consigo: ⁃Aonde estão os seus bens? Continuou: - Bom amigo, ⁃É tudo isto que tens? O Mestre olhou-o silente Com redobrada atenção E de modo complacente Deu seguimento à questão: - Olhe bem a sua imagem, Repare que nada tem... - Diz o jovem: De passagem - Responde o sábio: Eu também!

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Cicatrizes

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Havia um fazendeiro numa aldeia Que tinha um filho inquieto, irritadiço, Que, de repente, como que em cadeia, Deixava-se levar naquele enguiço. Um dia, o pai pegou pregos, martelo Levou-o até à cerca e disse assim: - Se a fúria te surgir tu, com desvelo, Pregas um prego, mesmo até ao fim. Não tenhas pejo, prega em qualquer lado Sempre que a tua calma em vão se perca, Se de repente ficas irritado, Enterra mais prego nesta cerca. 58


E tu vais ver que a calma vai voltar E a fúria vai deixar-te bem depressa. Depois, o que tu tens a esperar É que essa fúria assim se desvaneça. Passados alguns dias, foi ao prado E o filho olhava o tronco, qual cadinho, Algo espectado, ao vê-lo impregnado De pregos. E lhe disse com carinho: ⁃Olha este cepo. Arranca com cuidado Prego após prego, mesmo p'la raiz, Vais ver, por cada prego retirado, Tu vais notar que fica a cicatriz. Que possa ser p'ra ti uma lição No teu viver e não seja esquecida, A fúria não é mais que confusão Que lança cicatrizes para vida 59


A Ribeirinha

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Nos primórdios da nacionalidade, Argivai, fazia parte do grande espólio que pertencia ao Convento de Santa Clara e incluía na sua área o espaço onde hoje se confina a cidade da Póvoa de Varzim. A madre do Convento era então uma bela freira, Maria Paes Ribeiro, que todos conheciam como a Ribeirinha, o grande amor de El-Rei D. Sancho I. Da sua profícua relação amorosa, terão nascido diversos filhos, um dos quais se tornou seu Aio e mais tarde, amo do seu irmão, El-Rei Afonso II.

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Rezam as lendas que Sancho Primeiro Descia ĂĽ Foz do Ave p'la noitinha A fim de partilhar o travesseiro Com sua terna amante, a Ribeirinha. E no Convento, aquela mulher bela Que tinha por D. Sancho um grande amor Ao ver El-Rei, deixava a sua cela E se entregava cheia de fulgor.

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E fruto desse amor, desse carinho, A madre deu Ă luz um "Afonsinho" Que veio a ser um Aio do seu pai. Cresceu e em seu viver farto, fecundo, Se tornou Amo, de Afonso Segundo, E foi Senhor das Terras de Argivai.

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O Milagre das Rosas

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Andava a nossa Santa atarefada Distribuição pão aos pobrezinhos Pensando que com esse quase nada Aliviava mais os seus cadinhos E ao vê-la um dia o Rei amedrontada Enquanto passeava no jardim, Aproximou-se e disse: - Minha amada, Estais preocupada a olhar pra mim? 66


Que carregais aí, Senhora minha? - São Rosas, meu Senhor! - disse a Rainha. - São rosas em janeiro? Por favor! E ela olhou o Rei sem embaraço, Abriu de par em par o seu regaço E repetiu: - São rosas, meu Senhor! 67


Lenda do Rei Afonso

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Nos conta a lenda que no Ribadouro Afonso de doença padecia E o Aio, ao ver-se envolto nesse agouro, Levou Afonso junto de Maria. Pediu-lhe que curasse o seu menino, Que precisava dele para a guerra, E se ela lhe alterasse o seu destino, Lhe construía um Templo em sua terra. 70


Afonso se tornava um empecilho; E para se ver livre do sarilho Seu filho fez passar p'lo jovem Rei. â ƒEi-lo curado.!. - E o povo, alvoroçado, Gritou: - Milagre, viva o Rei amado! ... E quanto ao mais..., sĂł sei que nada sei! 71


A Lenda do Mosteiro de Salzedas

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Naquele tempo, quando Egas Moniz Um dia foi travado pela sorte, Depois de vida farta é tão feliz, O Vale deu a T’resa, uma consorte. Teresa ao ver se então rica mulher Entre as mulheres num lugar cimeiro, Chamou a si os Monges de Cister Para que edificassem um Mosteiro. E diz a lenda que na construção P'la noite, algum mistério acontecia; Qualquer poder lançava a sua mão E pedra a pedra os muros destruía. 74


E pela treva. até romper o dia, A azafama era grande no valado E no falar do povo se dizia, Que todo aquele Vale era Encantado Um rasto de formigas, p'la noitinha, Se via num constante labutar, Com toda a força que do alto vinha, Mudavam essas pedras de lugar. Atónitos, os Monges de Cister, Sem entender razões desse bulício, Buscavam e voltavam a trazer As pedras para o seu grande Edifício. 75


E assim se repetiu dia-após-dia, De dia a construção ia subindo, Depois, quando a formiga aparecia Pedra após pedra tudo ia caindo. E nessa luta quase desigual, Os Monges, em jejum e oração, Aos céus rogaram por qualquer sinal Do sítio para aquela construção. 76


E as formigas, frágeis, laboriosas, No seu tenaz esforço peregrino, Ao fim de tanta luta, sãs, garbosas, Tomadas foram por sinal Divino. É vê-las ainda hoje, espavoridas Entra-que-sai do velho formigueiro, Mostrando as suas marcas esculpidas Em cada pedra, à volta do Mosteiro! 77


A Lenda da Ponte

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Contava a lenda em versos dum poema Gravado em cada pedra dessa ponte A história da princesa e do dilema Que transbordou além do horizonte. Naquele dia, ao fim da tarde amena, O seu amor não veio. E lá no monte, As lágrimas dos olhos da pequena Jorraram como as águas duma fonte. 80


O espírito da moura, assaz formosa, Se dissipou nas águas do Varosa E encheu de encanto os vales ao redor. E o povo diz que as águas do moinho, Em noites de luar, cantam baixinho A história desse tão sublime amor! 81


Ardinga, a princesa moura

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No alto do Castelo, ei-la encantada A ver o seu amado que surgia Montado num corcel e apaixonada Soltava-lhe um aceno. Até que um dia, De Cavaleiro Mouro disfarçada, Ariane do Castelo fugiria Na ânsia de encontrar, a bela amada, O amor que nunca mais a deixaria. E enquanto no silêncio do Convento, Assimilava a nobre e sã doutrina Que iria nesse idílico momento Restituir-lhe o sonho de menina. 84


Atento, o pai, avesso a tanto amor, Coberto pela noite, surgiria Nos claustros de Convento. E em tal furor, Aos ímpetos do pai sucumbiria. E conta a lenda que essa história linda Da jovem e seu nobre cavaleiro Embora o tempo passe existe ainda Na mente deste povo hospitaleiro. E conta-nos que as águas do Varosa Outrora pura fresca cristalina Depressa ficou rubra, malcheirosa Na sua lenta marcha peregrina. Ao ver o rio, a cor avermelhada, Em todo o povoado se dizia Que o sangue da princesa ora enjeitada Nas águas do Varosa então corria. 85


O Legado

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Contaram que num bar, no faroeste, Dois homens, sem motivo, sem razão, Se envolveram numa luta agreste E provocaram grande confusão. E ei-los em confronto num duelo, O instinto animalesco a refulgir! Depois, já sem agravo nem apelo, Um deles acabou por sucumbir. O outro, o assassino, condenado À morte pela forca nesse dia, Sentia em si o peso do pecado Que a torpe transgressão oferecia. 88


A sua vida agora dependia De um indulto do Governador Que, quando confrontado, pretendia Falar diretamente ao delator. De padre disfarçado, ei-lo surgir Co'a Bíblia. Dentro, a carta de perdão; E o convidou: - Vá, tome, pode abrir! - Não quero, não me traz libertação! Perante essa atitude provocante, Ao ver esse perdão imerecido, Saiu daquele espaço num instante, E regressou a casa constrangido. 89


O guarda então presente no lugar Olhou aquele ingrato transgressor E disse: - Louco! Ousaste recusar Perdão das mãos do teu Governador! Contavam que ao sair dessa prisão P'ró cadafalso, então, determinado, Pediu para deixar à multidão Um testemunho, em forma de legado. Na sua prece, nessa alocução, Gritou aquela gente, inconformado: - Eu morro não por minha transgressão, Mas porque recusei ser perdoado!

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O Recluso

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Com a bela esposa no seu lar de amor Vivia a sua vida tรฃo feliz A aquela filha, graรงa do Senhor, Seria o que da vida sempre quis. Mas, infelicidade, ao seu redor Tinha um amigo em tudo especial, Antiquรกrio, coleccionador, Com uma vida nada natural. Um dia, era alta a madrugada Estremunhado acorda, de repente, Com grande estrondo. Sem ter feito nada Tratado foi como um delinquente. 94


Chegou à esquadra. Então, viu espantado O seu amigo ao lado de um agente. Julgado foi, por fim encarcerado, Embora se soubesse um inocente. Numa prisão tão cheia de perigos Metido foi de forma torpe e vil. E numa cela cheia de bandidos Sobreviveu da forma mais viril. À solitária foi levado, então, Aonde o ser humano era esquecido E entre toda aquela podridão A vida já perdera o seu sentido. 95


Ansiava a liberdade e o destino Levou-o pelas portas da aventura, Mas ao fugir, treslouco, jรก sem tino Foi naufragar na cela da loucura Envolto numa teia marginal Com sua vida presa por fio, Voltou aquela cela onde, afinal, A vida era um constante desafio. E certa noite ei-lo confrontado Com um sequaz, um ser aterrador; E numa luta insana, esfaqueado, Caiu ensanguentado, num torpor. 96


Levado para a morgue, moribundo, Na forma de um cadáver, lá jazia Vivendo aquele sono tão profundo Que a sua condição lhe permitia. E quando o pensamento, enfim, voava Além dos prados, rumo a eternidade, A sua mente, viva, então, lutava Para alcançar de novo a liberdade. E num milagre, quase consciente, De pronto socorrido, ei-lo, assim, Com máculas imensas, diferente, A confrontar a vida até ao fim. 97


Perdera um olho, o intestino, o baรงo, Um rim. E viu-se nesse pesadelo A percorrer o tempo e o espaรงo Tentando descobrir um novo anelo. E com coragem, leva a nau perdida Co'a nova e dedicada companheira, Cosendo cada trapo dessa vida Que a sorte lhe extorquiu a vida inteira. 98


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O castanheiro do ouro

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Bem perto de tarouca terra amada Que um dia alguém chamou vale encantado Existe um casario junto a estrada E um velho castanheiro ali ao lado No tempo em que a mourama ali vivia E submetia todo aquele povo O povo, de tarouca a Ardinia Sofria e almejava um tempo novo Mas conta a lenda que num certo dia Aquela gente com fervor cristão Se quis livrar de toda a mouraria Fazendo a fugir na confusão 102


E ao debandar dali o povo inteiro Cuidando cada qual do seu tesouro E um deles escondeu num castanheiro Um monte de riquezas, joias, ouro E aquele castanheiro foi crescendo Ao longo de mil anos. E as façanhas E lutas desse tempo tão tremendo Deram lugar a rasas de castanhas AtÊ que um pastor cansado um dia Ao ver aquele tronco esburacado Quando ao deitar-se nele encontraria Aquele estranho embrulho ali guardado 103


Coitado do pastor que não sabia Que o ouro era encantando, um desafio, Quais brincos de mulher da mouraria, Em tempos, encantadas junto ao rio. E quando nos seus braços levanta Aquela bola estranha do tal mouro A bola de ouro logo se esfumava E ele viu fugir-lhe o seu tesouro

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E. N찾o mais foi o mesmo esse pastor E sempre com contava a sua hist처ria Mostrava a mancha negra que o calor Gravara nesse tronco qual mem처ria E tanta vez a hist처ria ouviu contar Que o povo acreditou nas joias, ouro. E pelo tempo fora esse lugar Quis batizar de castanheiro do ouro

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A cabritinha e a bruxa

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Ao regressar a casa, a camponesa (Era uma bruxa) viu a cabritinha E entĂŁo pensou: "Coitada, com certeza, Perdeu-se do rebanho. Vai ser minha." E no curral a pĂ´s. Mas ela, esperta, Ao ver aquela falsa caridade, Aproveitou um dia a porta aberta E foi-se a procurar a liberdade. 108


A camponesa foi por toda a parte Usando o seu engenho, a sua arte, Mas nada. "Coitadinha, ao-deus-dará." Lembrou-se então do dito popular: "Não queiras do alheio te apossar Pois bem depressa teu não mais será!" 109


Lenda do Gigante de Ucanha

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Na linda terra de Ucanha Algum dia um lavrador Tinha uma vinha tamanha De matiz multicolor Precisava de a cavar Mas trabalhador nĂŁo tinha E foi homens procurar Para cavar sua vinha Entre os homens que encontrou Um deles era gigante Como mais ninguĂŠm chegou Para si foi bem frustrante 112


- Tanta despesa – dizia – Em comida e em bebida. E o lavrador se sentia Quão vã seria essa lida E lhe disse o bom gigante: - Vá lá, não tenhas receio, Tu vais ver que num instante Não vai ser assim tão feio Nem comida, nem bebida Nesta mesa vai ficar E no fim da nossa lida A vinha vai-se cavar. 113


Conta a lenda, história antiga, Que assim mesmo se passou Foi-se a comida, a bebida E a vinha se cavou Contava-se com humor Que o gigante grandalhão Era bom trabalhador Mas um grande beberrão E trouxeram-lhe um almude Com vinho p’ra o regalar, Beber à sua saúde E ele bebeu sem parar 114


AlguĂŠm o questionou Se vira um rato no vaso E ele assim lhe falou: - Um mosquito? NĂŁo fiz caso 115


O lobisomem e o cavalo

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Um lobisomem meio atarantado Andava com a ideia de casar, Mas como pela noite ele "ia ao fado" A noiva não o quis mais aturar. E tudo cogitava pela aldeia Que estava enfeitiçado é que também, E noites de furor na lua cheia Se via a exorcizar aqui e além E alguém pediu a um velho camponês Que fosse e encontrasse esse casmurro; Levasse roupas e por sua vez Ficasse à espera de um cavalo ou burro. 118


E quando o animal ali surgisse Espicaçasse o dorso sem temer, Depois, que lá ficasse, não fugisse, E visse o que podia acontecer. E ao ver aquela besta do seu lado, O homem fez-lhe um furo no seu dorso E bicho escouceava e assanhado Se pôs a relinchar em alvoroço E eis que um jovem entre enguiço No sítio do cavalo apareceu E viu assim quebrado o seu feitiço No furo que na orelha apareceu E reza a história que na sua lida O povo recordava a lenda velha Do jovem lobisomem cuja vida Marcada foi p'lo furo na orelha 119


Moura Azul

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Andava o Bolonhês atarefado A combater os mouros lá no Sul, Eis senão quando, ei-lo sitiado Por uma esbelta e bela dama azul. Vencido pelo amor, foi com coragem Lutar p'ra conquistar sua afeição E nessa luta acesa, aquela imagem Alimentava assim sua ilusão. Sabia qual troféu o vencedor Teria do inimigo ora vencido: O seu troféu seria ter o amor, Da filha, da mulher, de ente-querido. 122


Quando vencido, sim, era a mulher Que o vencedor houvera de tomar Como trofĂŠu de guerra. A nĂŁo morrer, A filha entregaria em seu lugar. Poupado o inimigo, essa donzela Vestida de um azul de tanta cor Veio atĂŠ si, formosa, fresca e bela P'ra partilhar consigo um grande amor. E eis que desse enlace inusitado Um afonsinho havia de nascer, Gerado nessa fonte do pecado Da guerra que aprouvera acontecer. 123


Chamaram-lhe "Chichorro". Pequenino, Seria um dia um grande lutador, Da prole desses Sousas que o destino Um dia quis tornar num ser maior. Martim Afonso, o Sousa veio dar "Chichorros" em mui grande profusão, Que haviam de algum dia se tornar Orgulho entre os maiores da nação. E D. Afonso, o Bolonhês garboso, Por força desse seu espúrio amar, Ousou gravar na história o grande gozo Que nessa Moura azul foi encontrar. 124


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São José do Assobio

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Contava a lenda que numa Capela Que havia sobre a areia, ao pé do mar, O povo, se passava junto a ela, Ouvia aquele estranho sibilar. E essa gesta humilde acreditava Que São José naquele assobiar Um tempo de mar-cão pressagiava E o povo, temeroso, não saia 128


E quando esse mar-cão se enfurecia, A gesta na Capela agradecia Ao Santo aquele santo desafio. E o povo, com carinho e devoção, À Capelinha, como gratidão, Chamava São José do Assobio. 129


A Semente da honestidade

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E disse o Rei: "As sementes que vos dei estavam secas, de modo algum poderiam nascer. Por certo, as sementes que geraram essas lindas flores diante de mim nĂŁo sĂŁo as minhas. Apenas a menina da montanha teve honestidade suficiente para me contar a verdade. Por isso, ela vai ser a minha sucessora!"

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O velho imperador, ora doente, Olhava o seu ImpĂŠrio com temor; Seu filho era solteiro, sem semente Pra germinar no seu Reino de Amor Um dia, aproximou-se com carinho, Chamou-o e disse: - Quero te ajudar A preparar com zelo o teu caminho E ver a nossa terra prosperar Chegou a hora, andei a vida inteira A ver em ti o novo Imperador, Precisas de encontrar a companheira Com quem vais partilhar o teu amor 132


Mandou os seus arautos pelo reino anunciar por entre a sua gente Que o prĂ­ncipe andava a procurar Uma consorte honesta e diligente Vieram ao palĂĄcio mil beldades Candidatar-se a cargo tĂŁo sublime Com quase todas tantas veleidades, Tanta artimanha, dessa que deprime E deu a cada uma semente Para que em vaso fossem colocar Depois, a flor mais linda e atraente, Iria o seu trabalho compensar 133


E o tempo se passou e nesse tempo Nenhuma sementinha ousou brotar E aflitas, foram todas num momento Buscar nova semente pra semear Mas uma jovenzinha humilde e bela Cuidou da sementinha com carinho Regando e pedindo Ă sua estrela Que a sementinha ousasse germinar Nos conta a lenda que chegado o dia As belas candidatas, convencidas, Trouxeram com seus vasos a alegria De serem com certeza as escolhidas 134


E a jovenzinha olhava aquele vaso Chorando sem saber o que fazer E quando viu enfim chegar o prazo No Paco resolveu comparecer O rei olhou, olhou atentamente, Papoilas, rosas, cravos, cujo encanto Olhava sem triste, quase indiferente, No seu silĂŞncio, oculto no seu pranto Como eram loucas. Ele bem sabia Que tudo aquilo era falsidade, Tentavam iludi-lo e essa magia Ali manifestada era maldade 135


Num canto, no palácio, um triste rosto Olhava um vaso seco, sem ter flor, As lágrimas caiam. Que desgosto Por não poder obter o seu favor E cada uma ria no seu canto Ao ver aquele vaso nu, despido, Ridicularizando o desencanto E a sua vinda ao Paco, sem sentido O filho olhava a jovem com ternura No seu silêncio, triste, inconsolado, Olhava o vaso nu, mas que loucura, Chorava também ele o triste fado 136


Ao vê-la, o Rei pergunta: - porque chora? - A sementinha um dia recebida Secou. Falhei, Senhor, mande-me embora, Indigna sou de ser a preferida O rei abriu seu manto e num instante Cobriu-a e disse: vem, minha querida, Tu hás-de ser um dia a elegante Rainha deste Paco, em tua vida As sementinhas que fiz espalhar Eram estéreis, não dariam flor, Mas todas me tentaram enganar, Tu foste honesta, agiste a teu favor O preço desse teu tão nobre gesto Me faz sentir agora mais feliz Do filho meu serás consorte e presto Tu hás-de ser a nova Imperatriz

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Hino ao Nilo

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Salvé, ó Nilo porque estás tão perto Para dar mais vida à terra do Egito Sacias nossa sede no deserto Levando a água fresca ao povo aflito. Fazes medrar o trigo e a cevada Para alegrar os ricos e os nobres E quando tardas, logo um quase nada Nós vamos possuir, ficamos pobres. Se tardas em chegar, nesses momentos Já chora o faraó e a realeza E nem aos deuses damos alimentos Pois não os temos, grande está tristeza. 140


Deixa que corra a tua fresca água E o nosso olhar se volta para ti, Quando tu vens não há temor ou mágoa E o povo canta alegre e te sorri. Quando transbordas, logo em todo o lado A multidão se achega com fervor E sacrifica aves, muito gado, Para mostrar quão grande é o seu louvor. Bem hajas sempre, ó verdejante rio, Bem hajas tu, ó Nilo, em cada instante, O teu percurso, eterno desafio, Virá alimentar um povo errante. As novas gerações dos filhos teus Alegram-se nos tempos hodiernos E os teus cursos, bênçãos lá dos céus, Irão prevalecer, pois são eternos? 141


Dom Quixote de La Mancha

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Andava o Cavaleiro D. Quixote Em luta com moinhos lรก da aldeia Com Sancho Panรงa, o aio pequenote, Pra libertar a bela Dulcineia Montado em seu cavalo branco e forte, De escudo e lanรงa em riste se incendeia E investe contra as velas cujo porte Enorme torna a luta amarga e feia 144


E Sancho Panรงa em cima do burrico Silente, engole o lancinante grito Do cavaleiro da triste figura E a bela Dulcineia no castelo Aguarda o seu herรณi que com desvelo Procura resgatar su' alma pura 145


Índice Autor ............................................................................... 4 A Última Ceia, de Leonardo Da Vinci............................... 6 O quarto Rei ...................................................................10 Antonio Giacomo Stradivarius .......................................14 Rómulo e Remo ..............................................................24 Manda-me gelo! .............................................................30 As três árvores................................................................34 Jesus chorou ...................................................................40 Seu nome é Liberdade....................................................44 Lágrima de sal.................................................................48 O velho sábio ..................................................................52 Cicatrizes ........................................................................56 A Ribeirinha ....................................................................60 O Milagre das Rosas .......................................................64 Lenda do Rei Afonso.......................................................68 A Lenda do Mosteiro de Salzedas ..................................72 A Lenda da Ponte ...........................................................78 Ardinga, a princesa moura .............................................82 O Legado.........................................................................86 O Recluso ........................................................................92 O castanheiro do ouro .................................................100 146


A cabritinha e a bruxa ..................................................106 Lenda do Gigante de Ucanha .......................................110 O lobisomem e o cavalo ...............................................116 Moura Azul ……………………………………………………………. 120 São José do Assobio .....................................................126 A Semente da honestidade ..........................................130 Hino ao Nilo ..................................................................138 Dom Quixote de La Mancha .........................................142

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