Quando os Anjos Cantam

Page 1

1


histórias para encher a alma

José Sepúlveda 2


FICHA TÉCNICA

Título Quando os Anjos Cantam Tema Histórias que edificam Autor José Sepúlveda Capa José Sepúlveda Revisão Amy Dine Formatação José Sepúlveda

Publicação em E-book fev. 2020 https://issuu.com/correiasepulveda

3


AUTOR José Luís Correia Sepúlveda nasceu em Delães, Vila Nova de Famalicão, hoje a morar em Vila do Conde. Começou a escrever poesia cerca dos doze anos. No decorrer da sua carreira profissional trabalhou primeiro, como funcionário público e depois, durante 35 anos, como empregado bancário. Publicou em alguns jornais e revistas ao longo da sua carreira, atividade que continua a manter. Amante da literatura, administra grupos no Facebook vocacionados para a literatura, música, artes e divulgações culturais de eventos. Apoiou e apoia projetos literários, promovendo a edição de autores em início de carreira. Organizou durante vários anos, participou e participa em eventos culturais, Saraus e Tertúlias. Durante alguns anos, com o grupo que ajudou a formar Poetas Poveiros e Amigos da Póvoa, deu rosto ao programa Mar-à-Tona em poesia, na

4


Póvoa de Varzim, que comemorava o Dia Mundial de Poesia. Prefaciou alguns livros e apresentou os seus autores. Participou num elevado número de coletâneas de poesia portuguesas, brasileiras e italianas. Publicou dois livros de poesia em papel e possui na sua Biblioteca de E-books mais de vinte outros livros seus (poesia, música, genealogia, história e outros). Promoveu e editou nos seus grupos de poesia um número elevado de coletâneas em E-book. Mantém uma série de publicações nos seus Blogs O Canto do Albatroz e Família Sepúlveda em Portugal. Produziu alguns trabalhos pessoais e participou noutros coletivos com colegas da Universidade Sénior do Rotary Club da Póvoa de Varzim. Divulga e apoia grupos de poesia e programas de rádio cuja temática seja a mesma. Dedica-se à pesquisa genealógica, musical, histórica e espiritual, tendo desenvolvido alguns trabalhos nessas áreas.

5


Dedicamos este trabalho, com fraternal carinho, aos amigos Laura e Joaquim, seus filhos e netos, como tributo de gratidão pela grande dedicação que têm mostrado para connosco ao longo destes anos. Obrigado.

José Luís Sepúlveda Ana Maria Sincer

6


7


RIO DE ÁGUA VIVA

8


RIO DE ÁGUA VIVA Na minha terra, ali junto do Ave Existe um Curso de Água cristalina Que desce pela rua tão suave E espalha a Luz que gera na Turbina. E nesse seu trajeto onde não cabe A simples geografia de um lugar, Transpõe-se muito além de Riba d’Ave E corre pelo mundo sem parar. Um curso de Água Viva feita gente Que leva a toda a parte na corrente, Essa Verdade assaz desconhecida. Com suas águas, firme, frágua a frágua, Fala de Amor: - “Quem bebe dessa Água Não mais vai sentir sede em sua vida!”

9


A IGREJA DE SÃO MATEUS INAUGURAÇÃO DO NOVO TEMPLO.

Igreja Adventista do Sétimo Dia de S. Mateus

Em 1969, o Pastor Fernando G. Mendes estava a apresentar a Revista das Missões num estabelecimento de Delães, no Conselho de Vila Nova de Famalicão. Entre as pessoas presentes encontrava-se D. Rosa de Azevedo Silva que se mostrou interessada em conhecer as doutrinas bíblicas ensinadas pela Igreja Adventista. Em resposta a esse desejo o Pastor Fernando Mendes, que então dirigia a Igreja no Porto, começou a dar estudos bíblicos em casa de António Silva e sua esposa, D. Rosa, na Av. Albino Marques. Em 24 de Setembro de 1970 foi batizada D. Rosa, seguindo-se-lhe seu marido em 27 de julho do 10


ano seguinte. O grupo foi crescendo com novos batismos. Como a sala se fosse tornando pequena, os estudos bíblicos, passaram a ter lugar em Cerqueda, Delães, na casa de Joaquim Machado e sua esposa Laura, batizados, respetivamente, em 17 de março de 1974 e 24 de setembro de 1972. O grupo que se encontrava integrado na igreja de Vila do Conde, foi organizado como igreja, com 29 membros, ao ser inaugurada uma sala aberta ao público, em 22 de setembro de 1979, no Lugar do Loureiro, Delães. Na cerimónia presidida pelo Pastor Joaquim A. Morgado, o obreiro de Vila do Conde, que até então dirigira o grupo, leu a lista dos membros transferidos daquela igreja para a de Delães, que por sua vez, ficou confiada ao cuidado do Pastor Manuel Garrido. Finalmente, em 12 de janeiro de 1991, foi inaugurado o edifício expressamente construído para a sede da igreja de Delães, hoje designada de São Mateus, de acordo com a sua localização atual, na R, de Pocinhos, 151, Oliveira de S. Mateus. Fazem parte da igreja de S. Mateus os grupos de Guimarães e Vizela. Na origem do grupo de Guimarães, deparamos com o nome da jovem Rosa Elisa, moradora nesta cidade, que em 1962 visitou sua irmã Alzira, casada com António Marques da Silva, ambos adventistas, que residiam em Vila Nova de Gaia e eram membros da igreja de Canelas. Num sábado acompanhou-os à igreja e ficou bem impressionada. De regresso a Guimarães, não voltou a ter contacto 11


com a igreja adventista. Em 1966, Arlindo Alves do Couto, alfaiate residente em Guimarães, por meio de Amadeu Mendes, veio ao conhecimento da Mensagem e começou com a esposa e filho a receber estudos bíblicos, em sua casa. Por essa altura, Rosa Elisa, já casada com Fernando Piçarro, foi contactada por um jovem que colaborava na Campanha das Missões e inscreveu-se na Escola Bíblica-Postal. Ao ser-lhe entregue, pessoalmente, por Fernando G. Mendes, pastor da igreja do Porto, o respetivo diploma, logo se iniciaram estudos bíblico, primeiro em casa de Rosa Elisa Piçarro, depois em casa da família Couto, até que em 1 de setembro de 1968 foram batizados na igreja do Porto as irmãs Maria do Céu Alves e Júlia de Paiva Monteiro, respetivamente, esposa e nora de Arlindo Couto. Na semana seguinte, foram registados os seus nomes na igreja de Vila do Conde, da qual vieram também a fazer parte os membros da família Piçarro. Pouco depois alugou-se uma sala na atual Alameda de S. Dâmaso, 73, 1º. Com altos e baixos na sua trajetória, embora os membros continuassem firmes e integrados na igreja de Vila do Conde, o trabalho público em Guimarães foi interrompido, até que, com Jorge Duarte, pastor da igreja de S. Mateus, se reativou em 1998, com a abertura da sala na R. Paulo VI, 221. Hoje, o grupo é constituído por onze membros batizados e a média de frequência, aos sábados, é de trinta e cinco pessoas.

12


O grupo de Vizela começou quando, em meados da década de 1960, Júlia Paiva Monteiro do Couto e Maria Antónia Faria, se deslocaram a esta vila, no trabalho da Campanha das Missões. Aí contataram com Armindo Pereira e Joaquim Lopes. Dado o interesse por eles manifestado, as jovens pediram ao irmão Amadeu Mendes, da igreja de Vila do Conde, que lhes desse estudos bíblicos. Eles e suas respetivas esposas passaram a frequentar as reuniões do pequeno grupo de Guimarães, e por vezes reuniam-se, também, em casa de Joaquim Lopes. Com o tempo, foi alugada uma sala na antiga Rua Elias Garcia, 20, r/c, hoje Rua Fonseca e Castro, no 1º andar do mesmo prédio, mas com o nº 130 B. Com o decorrer dos anos, o grupo de Vizela tem decaído em membros. Hoje conta apenas sete membros batizados e uma criança. Membros em 31 de dezembro de 2006: 105 Obreiros: Fernando G. Mendes (1966-1973), José Pedro Sincer (1972-1973), Abílio Echevarria (19731979), Manuel Garrido (1979), Carlos A. Esteves (1980-1984), Daniel Martins (1984-1986), Rogério Nóbrega (1986-1990), António A. Maurício (19911992), José M. Matos (1992-1993), Júlio Carlos Santos (1993-1995), Fernando G. Mendes (1995-1996), Jorge Duarte (1996-2002), Fernando Ferreira 2002-2006), José A. Vieira (2006-…). Extraído do livro: Arautos de Boas Vindas, do Pr. Ernesto Ferreira

13


ROSA E ANTÓNIO Em 1969, Rosa e António encontravam- se emigrados em Angola.

Rosa e António Silva, os pioneiros

Um dia, andando Rosa pela cidade de Luanda, cruzou-se com um grupo de jovens que andava a anunciar uma campanha evangelística que se iria realizar na Igreja Adventista.

Aceitou o convite e, curiosa, leu. Os temas chamaram a sua atenção e resolveu ir ver como era, levando consigo os dois filhos, Américo e José. O conferencista era o então pastor da Igreja de Luanda, José Sincer. O marido não mostrou interesse e não foi. Enquanto assistia às conferências, os filhos foram convidados a participar noutras atividades especiais, dedicadas aos jovens, orientadas por Amélia Sincer, esposa do Pastor. No fim da primeira conferência, foi apresentada ao casal Sincer, com quem criou afinidades que mais tarde, por ironia da vida, iria desenvolver. No decorrer das conferências, um dia, Rosa, em conversa com o marido, falou-lhe do interesse que 14


aquelas reuniões lhe estavam a suscitar e convidouo a assistir à reunião da sexta feira, cujo tema parecia muito interessante: Onde estão os nossos mortos? O marido aquiesceu, mas, com alguma ironia, desabafou: - Está bem, vou ver onde estão os meus paizinhos. E foi... e nunca mais deixou de ir às reuniões. Atraído não só pelo interesse suscitado pelas temáticas apresentadas, mas sobretudo, pelo clima sadio que ali encontrou, acabou por ser presença assídua nas reuniões da Igreja. Ainda nesse ano, o casal regressa a Portugal, fixando a sua residência em Delães, na Av. Albino Marques, ao lado do antigo Posto dos Correios. Aqui, procura uma Igreja Adventista, sem sucesso. Providencialmente, nesse ano de 1969, Fernando Mendes, então pastor da igreja Adventista do Porto, andava a vender revistas para a Campanha das Missões naquela freguesia, num estabelecimento comercial. Abordado para adquirir uma, Rosa de imediato se apercebeu e comprou a revista. Reavivou-se nela a vontade de voltar àquela igreja e aprofundar mais os seus conhecimentos bíblicos. Assim, não só adquiriu a revista, mas aceitou também o convite de Fernando Mendes para receber estudos bíblicos na sua própria habitação, em Delães. Na sequência desses estudos, Rosa acabou por frequentar a Igreja Adventista do Porto, na Rua Ferreira Cardoso, local onde, no dia 24 de setembro de 1970 15


acabou por se batizar. O marido seguiria o mesmo caminho e em 27 de julho de 1971, selou também o seu pacto com Cristo, ali, na mesma Igreja. Na pessoa do seu pastor e de outros membros, essa família era visitada com regularidade na casa do casal, em Delães, para cujas reuniões começou a convidar alguns amigos, entre eles, a numerosa família de Laura e Joaquim Machado, que logo franquearam a sua casa, mais ampla, para continuação daquelas reuniões. Com o batismo do casal e o crescimento do grupo, sentiram a necessidade de criar um espaço próprio onde se reunir que veio a ser corporizado numa pequena salinha de culto anexa às traseiras dum grande armazém pertencente a Domingos Carvalho, empresário e patrão de António Silva, que lhes cedeu o espaço gratuitamente Com o desenvolvimento do grupo, surge de novo o problema do espaço e da necessidade de melhorar as condições de todos que acorriam para assistir às atividades contínuas da Igreja. A oportunidade surge com o aparecimento duma grande urbanização de moradias onde o grupo conseguiu adquirir um lote de terreno. Ali, com a participação de todos e o poder de Deus acabaria por surgir a Igreja Adventista de S. Mateus.

16


ROSA E ANTÓNIO

Vagueavam pelas ruas da cidade Em Luanda, com seu coração desperto E foram encontrar a liberdade Na Igreja Adventista, ali tão perto. Passaram pelo Porto, olhando os céus, Depois, Vila do Conde os viu crescer E foi num Armazém, pela mão de Deus, Que a Igreja de Delães viram nascer. Juntaram-se aos Machados, grande rol, E construíram um lugar ao sol Trazendo ao Seu redil amigos seus. Foi com labor, com fé, perseverança, Que se acendeu a chama da Esperança Que brilha muito além de São Mateus!

17


LAURA E JOAQUIM Laura e Joaquim viviam na sua casinha humilde lá na aldeia cuidando com carinho a vasta prol com que o seu Senhor os tinha abençoado, crianças que Laura cuidava com zelo e um amor inexcedível. Partilhava ainda uma porção do seu tempo ensinando catequese na sua comunidade. Um dia a sua vida mudou, num encontro inesperado Laura e Joaquim Machado com Rosa e António, que lhe falaram de Jesus de um modo diferente, que os impressionou e surpreendeu. Foi então que, sem vacilar, resolveram mudar a sua vida e entregar-se nas mãos de Jesus. E foram por todo o lado, proclamando as Novas de Alegria a toda a gente. O seu lar logo se tornou num centro de convívio entre pessoas que quiseram partilhar a mesma experiência. Com zelo e carinho, foram apascentando o rebanho e o grupo cresceu. E logo nasceu uma Igreja. Hoje, na mesma casinha humilde, mas cheia desse amor que vem de Deus, partilham com os amigos o amor de Jesus e anunciam ao redor a Sua salvação e o o Seu regresso em poder e glória para nos levar consigo para as Mansões Celestiais. 18


LAURA

O teu cabelo escuro, ora grisalho, Qual touca que protege um grande amor, É berço de labuta, de trabalho, E duma vida feita de labor. Nos dias em que ainda catequista Te davas totalmente ao teu Senhor, Tu não sonhavas ser uma Adventista A proclamar ao mundo o Salvador. Mas o Senhor, com seu olhar perene, Um dia, num momento tão solene, Chegou... E nunca mais deixou de olhar-te, E disse: - Vem, carrega a minha Cruz! E com os olhos postos em Jesus Saíste a proclamá-Lo em toda a parte!

19


RIOS DE ÁGUA VIVA Naquela tarde de primavera Laura encontrava-se, como habitualmente, a lavar roupa no pequeno tanque que tinha no quintal da humilde casa que possuía lá na Cerqueda, mesmo frente ao ínNo espaço onde era o tanque, existe greme caminho, que dava acesso à habitaagora a cabine que serviu para o motor do poço. ção. A dado momento, alguém cumprimentou: - Boa tarde. Quer-me comprar esta revista que se destina a angariar fundos para as missões? - Olá, boa tarde, compro sim, espere só um pouco enquanto vou ali dentro buscar dinheiro. O seu rosto era-lhe bem familiar. Vivia ali perto e durante algum tempo tinha-se ausentado para Angola. Quando regressou com a família à freguesia, era voz corrente em toda a freguesia que “tinham mudado de religião”. Já com o dinheiro na mão, pagou a revista, mas a curiosidade não se fez esperar: - Posso fazer-lhe uma pergunta?

20


- Pode – respondeu-lhe Rosa, quase adivinhando o que viria por ali. - Porque mudou de religião? Imperturbável, serenamente, Rosa, em vez de desfolhar uma ladainha de razões para a sua decisão, serenamente, respondeu lhe com outra pergunta: - Você tem uma Bíblia? - Por acaso, tenho. Foi-nos oferecida pelo senhor Abade, no dia do nosso casamento. Mas, confesso, nunca a li. - Pois leia. Nela vai encontrar a resposta à sua pergunta. E despediram-se. - Depois, passo por aqui para saber a resposta. - adiantou Rosa, acenando cordialmente – Obrigado por ter ajudado. Fique com Deus. E partiu. O peito de Laura batia agora de modo acelerado. Acabou de colocar a roupa nos estendais e foi par casa. Joaquim encontrava-se a descansar. Trabalhava de noite, numa fábrica de fazendas em Bairro, uma freguesia, a uns dois bons quilómetros de distância, e por isso os seus horários de trabalho eram diferentes. Ainda com o coração a bater acelerado, com a revista na não, Laura sentou-se e contou-lhe o que se tinha passado. 21


- Vou ler a Bíblia. Quero descobrir as razões que a levaram a mudar de religião. Queres ler comigo, Quim? - Claro, Laura, se queres fazê-lo, vamos ler os dois juntos. Num ápice, Laura chegou-se junto do velho guarda-vestidos, subiu á cadeira, e vasculhou entre a tralha que lá havia até encontrar aquele emJoaquim e Laura brulho ciosamente ali colocado e que tinha dentro o almejado livro. Ena, tanto pó aqui por cima – desabafou – Nem dei por isso. Desceu, carregando carinhosamente o livro, limpou o pó, desembrulhou-o e ei-lo, novinho em folha. Folheou-o com carinho. Aquele livro ganhara para ela outro significado, queria descobrir os segredos que lá havia, sobretudo, descobrir os motivos que levaram Rosa a mudar de religião. Diariamente, com o maior zelo, o casal lia um pouco mais à procura de novas descobertas. Passados uns dias, Joaquim, inconsolado, surpreendido até, deixava escapar:

22


- Laura, já reparaste? Ainda não li nada que falasse em missa. Laura era catequista na sua igreja, onde preparava as crianças que lhe eram confiadas para a Comunhão Solene. Frequentava a missa com regularidade e impelia Joaquim, que não ia lá muito em missas, a que o fizesse também. Na verdade, ainda não vi também – respondeu. A necessidade de ver respondidas algumas perguntas que começavam a perturbá-la, Laura lá ia para o seu tanque, como sempre. Agora, olhava ansiosa a íngreme estrada que descia até sua casa, à espera que de repente ali surgisse o vulto de Rosa. Como queria ouvir as respostas que lhe daria às perguntas que lhe queria fazer! Nessa tarde, lá vinha ela, serena como sempre, a descer a rua. - Olá vizinha, já descobriu? - Boa tarde, D. Rosa. Como prometi, tenho lido com o meu marido a Bíblia. Temos gostado e aprendido muito, mas há lá coisas que nos deixam confusos. E logo desfiou um rosário de perguntas a que Rosa, com simplicidade, solícita, respondia com o parco conhecimento de Bíblia que então possuía. - Olhe, gostava de ir um dia à sua Igreja, será que posso? 23


- Será um prazer e motivo de grande alegria, para mim e o meu marido. Mas, por favor, não pense que vai encontrar um templo lindo como o seu. Reunimonos num lugar simples, mas onde sentimos a presença de Deus. - Isso não importa, o que gostava era de entender certas coisas. - Se assim é, eu e o António passaremos por aqui no sábado e levamo-la connosco. O grupo vai apreciar muito, tenho a certeza, e recebê-la com muito carinho. O rosto de Laura irradiava alegria. - Que bom, estarei à vossa espera. - Fique com Deus, minha amiga, até sábado. Ao início da tarde, nesse sábado de sol, Rosa e António apareceram no seu velho carocha cor azul celeste (o mesmo que me transportaria mais tarde à Costa de Lavos), para tomar uma das grandes decisões da minha vida, quiçá, a maior, entregar-me a Cristo através das águas batismais). Lançaram-se à estrada e dirigiram-se à cidade berço, Guimarães, que distava uns escassos dez quilómetros da casa de Laura. Ali encontraram o zeloso Sr. Mendes, orientando aquele encontro. Vinha de Vila do Conde, acompanhado com as filhas. semana após semana, para dar 24


apoio espiritual aos grupos de crentes que então se reuniam, em Guimarães e em Vizela, um verdadeiro sacerdócio. À data, esses grupos estavam integrados e recebiam apoio da Igreja em crescimento que existia em Vila do Conde, aonde existe um belo Templo, à data dos mais belos em Portugal, graças à generosidade da família Mendes, que não só o construiu como o equipou na sua totalidade, como reconhecimento às grandes bênçãos materiais que vinha recebendo do Deus em quem confiava. Agora, na Cidade Berço, lá estava aquele pequeno grupo de crentes, qual embrião duma nova igreja, que com assiduidade ali se reunia para aprender a cartilha de Deus. Eram: os Piçarro, os Couto, a Rosa Moreira e alguns mais, um pequenino, mas dedicado grupo. Aquela tarde foi, para Laura, um refrigério de alma. Voltou radiante. Em casa, ela e Joaquim continuavam, agora com redobrado zelo, a ler o Livro Sagrado. Quantas descobertas, ó Deus. Não demorou muito para que começassem a frequentar com assiduidade as reuniões que sábado após sábado eram organizadas na minúscula sala da casa de Rosa e António, na avenida Albino Marques, mesmo ao lado do antigo posto dos correios, frente aos grandes muros laterais da Quinta das Aves, um lugar aprazível que o proprietário - curiosamente, tio 25


de Joaquim - franqueava às gentes da aldeia e a quem o desejasse, para passarem momentos agradáveis de deleite. Ali, podiam ser observadas aves raras e menos raras, das mais diversas espécies, belos jardins, lagos e outras belezas que eram um autêntico regalo e deleite para os nossos olhos. Aos fins de tarde, aquela algazarra dos animais que se preparavam para a refeição, antes de se resguardar. Um lugar edílico que Rosa e António desfrutavam como um ténue vislumbre da Pátria Celestial aonde algum dia almejavam viver. A leitura assídua das Santas Palavras continuava na casa de Laura. Um dia, era ela quem questionava Joaquim: - Olha, Quim, já reparaste que aqui não fala das Leis da Santa Igreja, das orações do Credo ou Salvé Rainha, de todos os ensinos que durante tantos anos andei a ensinar às crianças lá na Igreja? - Já, na verdade - respondia- nada disso vem aqui. Uma coisa ainda me confunde. Porque razão se reúnem ao sábado e não ao domingo, como toda a gente? - É, temos que perguntar. A resposta não tardaria. O pequeno grupo crescia e depressa, o escasso espaço da sala de Rosa e António se tornou exíguo para 26


o número crescente de pessoas que ali acorria aos sábados. Foi então que Joaquim e Laura disponibilizaram a sua sala para que as reuniões ali passassem a ser organizadas. Nesta altura, o Pastor José Sincer – que apesar de ter a saúde debilitada, pelo facto de ter sofrido um enfarte do miocárdio – começou a acompanhar o grupo, agora reunido em casa do casal Machado, tendo em vista poderem usufruir dum maior espaço e se tornar mais prático, dado o grande número de filhos que este possuía. A casa de Laura era muito modesta. As paredes interiores eram ainda de madeira, o que facilitou a adaptação da sala a um lugar mais amplo que pudesse melhor aconchegar o grupo que não parava de crescer. Nessa altura, alguns membros do clero local dirigiram-se diversas vezes a casa de Laura para a tentar demover da sua decisão, chegando até a ameaça-la de que poderiam ficar sem os seus seis filhos.

27


Joaquim e Laura no quintal da sua casa

28


UMA VISITA INESPERADA Por toda a freguesia, corria agora a notícia de que um grupo de protestantes invadira a freguesia e se reunia agora na Covada, em casa do Quim Gato, ideias trazidas lá de fora pelos Pardejos. Nessa altura, as famílias, lá na aldeia, eram mais facilmente identificadas por uma alcunha. Quase todas as famílias as possuíam. Eram: Os Parautas , os Chibarros, os Bijegos os Favecos os Batatas as Tamboras as Patachas, os da Breia, os Tendeiros… e assim por diante. Logo, um movimento de contestação, liderado por dois comerciantes locais (um deles, que tinha o seu negócio de comércio geral debaixo da sua residência, mesmo ali perto do Posto Médico da aldeia, e outro com apelido de Tendeiro, que tinha uma loja um pouco mais abaixo. Certa noite, alguém bateu à porta da casa de Laura. Foi atender e viu, surpreendida, uma Brigada da GNR, um Cabo e outro militar. - Quim, é a guarda. Mas não te preocupes. Está na hora de ires para o trabalho. Vai descansado. Eu trato disso. Deus está connosco. Vou atender. 29


E, abrindo a porta, cumprimentou: - Boa noite, senhores Guardas. - Boa noite – responderam com ar austero - fomos informados de que estavam aqui a reunir regularmente um grupo com mais de quinze pessoas, onde é propagada uma religião que não é a religião do Estado, o que, como sabem, é proibido. - Reunimos, sim – respondeu calmamente – mas dentro da legalidade. Demos conhecimento ao Regedor da freguesia, o senhor Albino Cunha (por ironia, primo de Joaquim) que não só nos autorizou como nos recomendou que caso surgisse qualquer problema, lhe dessemos conhecimento de imediato. - Isso não nos interessa. A lei diz que não podem reunir-se mais de quinze pessoas sem serem autorizadas. E lei é lei. Temos que apreender todos os materiais que usam nestas ações clandestinas e levá-la também connosco ao posto, a Riba d’Ave, para depor e ser levantado o respetivo Auto de Apreensão. - Quanto à apreensão dos materiais, façam o favor de entrar e levarem tudo o que pretenderem. Se me quiserem levar a mim, terão que levar também aquelas quatro crianças assustadas que ali veem, os meus filhos. Não vou deixá-los aqui sozinhas. E entendam bem isto, não somos nenhuns bandidos, senhores Guardas. - Muito bem, vamos levar todos os materiais e voltaremos. 30


- Tomem, aqui estão. Boa noite e que Deus os proteja. Já agora, queria avisá-los que daqui a uma semana, no sábado, vamos organizar uma cerimónia de batismos, nas margens do rio Ave. Já demos conhecimento no Posto da GNR de Santo Tirso, porque os batismos vão ter lugar na margem do Rio que confronta com a Vila das Aves, portanto, da sua jurisdição. Estas já deram o seu consentimento. - Nem pensem, não queremos confusões. Estão proibidos de fazer isso. Estaremos aqui para fazer cumprir a lei e a ordem. - Sim, senhores, irei levar ao grupo esse recado. No sábado de tarde, o pastor Sincer, quando chegou para a reunião semanal, foi informado do que se havia passado. Meteu-se na sua Quatro L e dirigiu-se ao posto da GNR, em Riba d’Ave. Ali, apresentou as suas credenciais e conversou com os agentes, esclareceu o assunto. Estávamos então já na parte final da chamada Era Marcelista e tinham já sido introduzidas algumas alterações, com alguma abertura no campo religioso que permitiam a realização deste tipo de reuniões. Em muitas localidades estavam a ser abertas salas. Aliás, foi-lhes mostrado que a Igreja estava devidamente legalizada em Portugal e que existia desde 1908 como denominação autorizada, por isso, todas essas atividades eram levadas a efeito dentro de toda a legalidade. Logo, toda a documentação foi devolvida e o assunto ficou assim esclarecido.

31


OS PRIMEIROS BATISMOS, NO RIO AVE

No sábado de tarde, um bom grupo de crentes vindos de alguns dos grupos vizinhos, reuniu-se, primeiro, frente à casa de Laura, tempo depois descido a estrada para junto das margens do Rio

Ave, onde decorreria a cerimónia. 32


Era uma data marcante porque nesse dia quatro crentes se entregavam através das águas batismais. Eram eles: Maria, tia de Rosa; Maria da Nazaré, irmã de Joaquim; Américo e José, filhos de Rosa e António, os primeiros conversos. Ao redor da casa, patrulhavam já alguns soldados da GNR, que os seguiram depois até ao rio. Havia ali à volta muita gente que tentava provocar certa turbulência e um ruído ensurdecedor de gritos e do som dum velho gira-discos que tocava, estridente, música profana, fazia-se ouvir em todo aquele espaço, na tentativa de desestabilizarem aquele ambiente solene. Imperturbáveis, os crentes elevavam cânticos aos céus e a cerimónia de batismos realizouse sem percalços de maior. No fim, os militares da GNR presentes acabaram por confessar que estavam ali não com o propósito de impedir a cerimónia, mas sim de os proteger de algo que viesse a acontecer no meio daquela multidão exaltada. Curiosamente, a esposa de um desses militares acabou frequentando o Grupo, até o marido ser transferido para Barcelos. Foi vista mais tarde na Igreja de Braga. Mas Laura e os amigos nunca mais tiveram notícias da mesma. Foi um dia memorável para os crentes que ali se deslocaram de Guimarães, de Vizela, de Braga, de Vila do Conde e de outras localidades.

33


Um pequeno número de crentes, rendia-se a Deus e entregava as suas vidas para que fossem por Si conduzidos. A voz dos anjos fazia-se ouvir no coração dos presentes. Havia alegria e regozijo. Lenta, mas firme, a Igreja ia nascendo.

34


35


UM FUNERAL ATRIBULADO Algum tempo depois, um caso sui generis se passou com o funeral de um dos membros de uma família de crentes da Igreja, o qual não pertencia a esta. Tratava-se do pai de António, marido da Fátima, genro de Laura e Joaquim. No decorrer do funeral, surgiram divergências sobre o tipo de cerimónia a realizar. Uns familiares queriam um funeral católico, os outros, insistiam que deveria ser adventista até porque ele frequentava, se bem que irregularmente, esta igreja. As opiniões acabaram por se alargar aos vizinhos que insistiam num funeral católico, quase insultando o pequeno grupo de adventistas presentes. Nessa altura, apareceu junto ao aglomerado de gente o Sr. Oliveira, marido da Amelinha Tambora, pessoa que gozava na freguesia da maior consideração e respeito que, ao ver um dos presentes dirigirse com impropério e desrespeito ao grupo de crentes, em tom quase ameaçador, abeirou-se dele, lhe disse com autoridade: - Ouve lá, afinal, quem és tu para estares para aqui a dizer disparates? Cala-te! Tomara que fosses como qualquer deles, educado e respeitador. Vai-te daqui. 36


Depois desta intervenção providencial, os ânimos acalmaram. Logo, chegaram a consenso sobre o modo de cerimónia a efetuar, ficando decidido: Abílio Echevarria, o então pastor da Igreja Adventista, acompanharia o funeral até à Igreja Católica. Aí, o ofício seria partilhado por este e o pároco daquela. Depois, o cortejo seguiria para o cemitério, com a presença do mesmo pastor. Foi a oportunidade esperada para ali, na presença de todos, ser dado um grande testemunho de fé perante os que acompanhavam o cortejo fúnebre.

37


A SALA DE CULTO NA CARPINTARIA A entrada de novos conversos, fez sentir-se a necessidade de preparar um lugar com mais espaço, aberto ao público em geral, onde pudessem reorganizar-se e melhor desenvolver o seu trabalho. António trabalhava na área da construção civil, Sala de Culto na Carpintaria como encarregado, na empresa do empreiteiro Domingos Carvalho, um amigo da sua juventude. Este apreciava o seu zelo e estimava-o não só pela sua competência no trabalho, mas sobretudo pela sua integridade. Um dia, António abeirou-se dele e pediu que este lhe cedesse algum espaço na traseira do grande armazém e carpintaria que este possuía mesmo frente ao Cemitério da terra. Este, conhecedor das suas convicções, das crenças de António e família, apreciava sobretudo a grande transformação porque ele havia passado desde que abraçara a sua nova crença e logo aquiesceu.

38


Entusiasmado, António e seus filhos, já crescidinhos, juntamente com a família Machado e alguns outros crentes e amigos, arregaçaram as mangas e logo se lançaram na transformação daquele lugar soturno e cheio de pó, torCasal Echevarria e membros da Igreja nando-o num lugar aprazível onde, com dignidade, se pudesse expor a Palavra de Deus. No início, para aceder ao espaço, era necessário atravessar o enorme salão da carpintaria. Só mais tarde, quando o prepararam para ser consagrado como lugar de culto, tendo em vista a sua inauguração, num dia de grande festa espiritual, com permissão do seu patrão e amigo Domingos, abriram uma porta direta para a via pública, nas traseiras do armazém, tornando assim aquele espaço num lugar mais independente do restante Rosa e António armazém.

39


Se essa alteração teve muitas vantagens, tinha, no entanto, um inconveniente de peso: Na traseira do armazém passava um pequeno riacho que com alguma frequência tornava o acesso lamacento e desagradável. Havia que pensar numa solução mais eficaz e definitiva. E os crentes não mais esqueceram esse seu objetivo. Em 22 de Setembro de 1979 teve lugar a inauguração da igreja da carpintaria. O grupo, até então ligado à Igreja de Vila do Conde, torna-se Igreja independente. Foram então transferidos da Igreja de Vila do Conde, vinte e nove membros.

40


A Igreja nos tempos da Carpintaria, num dia de casamento

41


A NOVA IGREJA

Por fim, o novo Templo da Igreja de S. Mateus

A Igreja do Loureiro (Carpintaria) rapidamente se achou pequena para receber as gentes que ali afluíam. Assim, os crentes começaram a quotizar-se através dum plano orientado, a fim de juntarem verbas que lhes permitissem sonhar com a construção duma Igreja de raiz. O Pastor Rogério Nóbrega foi então um dos impulsionadores da mesma. O Templo viria a surgir mais tarde, com a construção de raiz duma bela Igreja onde, até hoje, o grupo se reúne. Foram muitos os apoios recebidos no decorrer da construção. O bom exemplo dado por alguns dos crentes, serviu como catalisador de ajuda por parte 42


de muita gente, entre ela, pessoas que não tinham contacto com a Igreja. Foi o caso de Domingos Carvalho, patrão e amigo de António Silva. No decurso da obra, foram muitos os camiões de areia, de cimento, tijolo e quantos outros materiais de construção que, generosamente, ofereceu à Igreja, para que o edifício fosse subindo harmoniosamente Uma vez mais, a mão de Deus estava ao leme e o grupo podia caminhar em harmonia.

Em primeiro plano: Grupo de Pastores, no dia da Inauguração: Joaquim Morgado, Presidente da UPASD, Fernando Mendes, José Sincer, Abílio Echevarria, Manuel Garrido e Carlos Esteves

43


44


RIO DE ESPERANÇA Na minha aldeia, lá no Baixo Minho, Naquele espaço que me viu nascer, Crescia como bolas de azevinho Um grupo que deu vida ao meu viver. Movidos pelo amor, quanto carinho, Anunciava a todo o povo meu Os passos a trilhar para o Caminho Que guia para Cristo, lá no céu. Algures, na Cerqueda, nesse lar Humilde e bom, havia de encontrar A luz que irradiava em esplendor. E logo, em São Mateus se construía Com força, com labor, com energia, Um novo Lar, a Casa do Senhor!

45


OS OUTROS FILHOS DE LAURA E JOAQUIM Laura sempre se mostrou uma mulher com um amor inexcedível e coração gigante. A sua casa, se bem que modesta, sempre foi uma porta de abrigo e era sempre grande o suficiente para acolher aqueles que a ela acorriam em tempos de necessidade. Apesar do seu numeroso rancho de filhos, as portas sempre se franqueavam para receber os filhos de Israel que vagueavam à procura de um ninho que os acolhesse e lhes desse carinho. E os casos sucediamse, uns atrás dos outros. É assim que vai ser recordada, pela mãe cujo aconchego se abria e estendia ao longo da sua peregrinação. O seu lar foi e será sempre o lar de amor de uma Mãe de Israel.

46


ALBINO, UM FILHO DO CORAÇÃO No seu lar a instabilidade era muita e constante. O pai, amiúde, chegava a casa noite dentro, criando sucessiva instabilidade no lar, vivendo a família cheia de perplexidade e incerteza. Um turbilhão de pensamentos negativos invadia a mente de Albino, que almejava uma vida melhor. - O que fazer? – questionava-se. Um dia, foi encontrar algum conforto e tranquilidade no seio daquele pequeno número de crentes. O carinho e a amizade que ali encontrou, renovaram-lhe a esperança e sentia agora alegria de viver. Quando souberam que o filho frequentava a igreja, os pais não se fizeram rogados, passando então a persegui-lo e ameaça-lo: - Se sei que voltas a esse lugar – dizia-lhe a mãe com ar ameaçador - mato-te. Nem tempo tens de te arrepender. Confrontado com essas ameaças e a instabilidade que provocavam, pensou abandonar o lar, fugir para onde quer que fosse. Sempre seria melhor que ficar 47


naquela condição. Deixar o seio dessa pequena comunidade que encontrara e que o fazia feliz, prescindir da sua companhia, nem pensar. Melhor viver debaixo duma ponte. Consciente do problema que o jovem estava a viver e preocupado, o Pastor Echevarria foi pedir a Laura e Joaquim que o acolhessem temporariamente em sua casa. O casal logo correspondeu ao seu apelo e recebeu-o no seu lar, como se de um filho se tratasse. Passado pouco tempo, Albino partiria para Angra do Heroísmo, na Ilha terceira, Açores, integrado num grupo de voluntários reunido pelo Pastor Rogério Fernandes, tendo em vista apoiar a reconstrução de algumas casas que tinham sido destruídas por um grande sismo e reconstruirem a pequena Igreja Igreja Adventista de Angra do HeroAdventista, então, com- ísmo (reconstruída por voluntários após o terramoto). O Albino foi um pletamente destruída. desses voluntários. Decorridas algumas semanas, o grupo regressava a casa. Com o tempo, Albino e Armandina criaram entre si laços de grande afeição, que culminaram com a sua união através dos sagrados laços do casamento. 48


Para Albino, Laura e Joaquim vão ser sempre os pais, a quem juntamente com a esposa e filhos vai dedicar sempre o melhor da sua vida.

RAQUEL, A MENINA QUE TINHA UMA VOZ DE OURO A vida não se mostrava fácil, naquele espaço sombrio, onde a solidão a cercava a cada instante. Valialhe aquele jardim verde, às vezes coberto de flores, onde em qualquer rosa ou jasmim encontrava um interlocutor a quem confidenciar as suas angústias. Foi ali, sentada nos sofás carcomidos pelo tempo, cheios de solidão, que conheceu F… com quem foi alicerçando uma amizade ao longo do tempo. Até que um dia receberam a notícia: Chegara o momento do regresso a casa. Um calafrio desceu-lhe ao longo de toda a sua espinal medula. Regressar a casa, seria de novo um suplício. Não, ia voltar tudo ao princípio. Atenta aos seus receios e perplexidade, a amiga convidou-a a ir consigo. Alguma solução se havia de encontrar. E ei-las que chegam a casa de Laura.

49


- A Raquel precisa da sua ajuda. Por favor recebamna por uns tempos cá em casa. Tudo se vai recompor com o tempo. Laura estremeceu. Num ápice, o seu olhar se cruzava agora com o de Joaquim, dos filhos. Os olhos brilhantes destes pareciam suplicar: - Sim, mãe, recebe-a. O olhar sereno de Joaquim parecia aquiescer ao seu apelo. O coração de Laura uma vez mais se deixou quebrantar. Afinal, eram mais umas folhas de couvenabiça. duas batatas e alguns feijões para o caldo, produtos que colhia no seu quintal, cuidado com tanta dedicação pelas mãos do casal e que pela graça de Deus prodigamente lhes dava tanto fruto. Raquel foi crescendo em espiritualidade. A sua voz de ouro ecoava agora nos salões da igreja em louvores ao Criador. Com o tempo, foi- se afeiçoando a Samuel, um filho da igreja com quem viria a unir-se pelos laços inquebráveis do matrimónio. Diz-se por aí que nesse dia, lá nos céus, uma legião de anjos cantava sem cessar hinos de louvor ao Deus de Amor.

CRISTINA BELA ENCONTRA A NOVA MÃE A família de Laura era numerosa e nem toda tinha abraçado ainda a sua nova fé. 50


Era o caso de uma das suas irmãs. Tinha engravidado, mas a sua gravidez tornou-se problemática. Com os maiores cuidados, foi avançando nos dias, sempre com o coração nas mãos para que não perdesse a menina que tanto esperava. Mas o parto correu mal. E inesperadamente a sua irmã viria a falecer no decorrer do mesmo. Bem que ela teria pedido a Laura que, caso algo corresse mal, recolhesse a sua menina e a criasse. Confrontado com a morte da esposa, o marido viase agora numa encruzilhada. E de novo, a luz brilhou no humilde lar de Laura. Quando confrontada com a realidade, logo se dispôs a trazê-la para o seu lar e a criar. Cristina Bela foi um bálsamo para o seu lar de amor, sendo ali criada como se de uma verdadeira filha se tratasse. Criou-se, formou se em farmácia e é ainda hoje uma filha de coração, qual anjo que segue e protege os pais em todas as circunstâncias, mantendo no seu lar um quartinho, sempre disponível à sua espera.

51


IRENE E SUSANA, DUAS FILHAS POR EMPRÉSTIMO Os tempos eram difíceis naquela época e o marido de Amélia, uma sua vizinha teve a necessidade de emigrar. Às vezes, passava longo tempo sem contactar Amélia e as notícias de que algo podia estar a acontecer lá pela França, não lhe davam tranquilidade. O marido trabalhava num hotel em Paris e a vida proporcionava-lhe muitos contactos, nem sempre dos mais aconselháveis. Se Amélia queria manter o casamento, teria que partir ao seu encontro. Mas o que fazer com as filhas, onde as deixar no decurso do período de instalação e adaptação? Foi então que se lembrou da dona Laura, a que tinha outra religião. Se ela ficar com as filhas por algum tempo, estas ficariam em boas mãos. Ganhou coragem e foi ter com ela. Ao inteirar-se dos motivos que a levavam a partir, Laura não hesitou. 52


- Fico com elas, sim. Vai lá e cuida do teu casamento, Deus vai ajudar. À sua chegada, o marido conseguiu que a colocassem no hotel nos serviços auxiliares. Com acordo da Direção do Hotel, ficaram os dois no mesmo quartinho já ocupado pelo marido. Ali, sempre tinham um teto e alimento sem qualquer preocupação. Passado algum tempo, com mais estabilidade económica, alugaram o seu próprio espaço e voltaram a casa de Laura, com o propósito de levarem as filhas. Com o coração alegre, partiram cheios de gratidão pelo zelo e dedicação com que Laura e a família tinham cuidado das suas filhinhas.

53


RAFAEL, O FILHO QUE VEIO DE LONGE Como muitos outros rapazes, Rafael procurou na Europa a oportunidade para prosseguir os seus estudos quiçá conseguir concretizar o sonho de tirar a sua formação superior. Com dedicação e estudo, conseguiu finalmente atingir a sua meta com a conclusão do seu curso em línguas. Na Alemanha, Rafael frequentava uma Igreja Adventista e foi lá que entrou em contacto com Albino e Armandina, que se encontravam emigrados, e com eles fez uma forte amizade. Terminado o curso de línguas e com o seu visto de residência a caducar, mostrou vontade de vir para Portugal, proceder aí à sua renovação e tentar colocação no mercado de trabalho. Mas, os tempos não eram fáceis e o emprego não aparecia. Tentando reorganizar a sua vida, a instâncias da Armandina, acabou por vir parar à casa de Laura e Joaquim, onde encontrou um cantinho para se alojar. E uma vez mais, o modesto lar serviu de refúgio a um dos filhos que Deus lhe enviara para que o cuidasse com carinho.

54


- Posso dar-te um abraço, Mãe? – dizia, dirigindo-se a Laura. Aí permaneceu alguns meses e como nada surgisse, resolveu partir para Lisboa. Tinha-se passado quase um ano. Sem saída para a sua situação profissional, Rafael resolveu regressar ao seu país, onde casou e tem uma legião de filhos. Depois destas experiências, os laços afetivos com a mãe Laura e o pai Quim, nunca mais seriam esquecidos. De longe a longe, muitas vezes, por telefone ou através das redes sociais, contacta-os para lhes deixar algumas mensagens de carinho: - É muita a minha alegria em falar convosco. … Paula disse-me que não estão a gozar de boa saúde. Meu desejo é que o nosso Deus vos dê muita saúde, e muita paz. … Muito obrigado pai Quim, mãe Laura. … Mãe, como vai a tua saúde? E o pai Quim, como vai? … Um dia irei aí para sentir de novo o vosso abraço!

55


JOAQUIM MACHADO

Joaquim Machado

56


JOAQUIM MACHADO

Dia após dia, ali, no teu terreno, Cuidavas das batatas, do feijão, Das couves, dos tomates e, sereno, Louvavas a teu Deus, com devoção. Depois, quando chegava a sexta feira, Batias toda a massa com destreza E ao pôr-do-sol, deixada essa canseira, Um bolo colocavas lá na mesa. Ao Sábado, a família, pela tarde, Volvia ao lar e logo, sem alarde, Já tinha bolo e chá à sua espera. E o paternal amor se alicerçava Na graça do Senhor, que não deixava De estar presente em cada primavera.

57


BENJAMIM MACHADO Os filhos cresceram e casaram. Numa tentativa de alcançarem um pouco mais de independência, constituíram uma empresa de construção civil e lançaram-se à vida. A dada altura, o país entrou numa grande crise económica e a empresa teve que procurar outros mercados. E foi assim que começaram a trabalhar no país vizinho, Espanha, na zona de Segóvia. Cada semana, o grupo e seus colaboradores deslocavam-se ainda ao domingo ou segunda de madrugada, numa ou mais viaturas, e lá iam estrada fora para iniciar mais uma semana de trabalho, para regressar a casa na sexta feira, para se encontrarem com a família e amigos. Naquela madrugada, Benjamim conduzia uma das carrinhas com alguns dos seus colaboradores. Não estavam já longe do lugar de trabalho e sentiu-se cansado, tendo passado o volante a outro dos companheiros de viagem. De repente, sem que nada o fizesse prever, a carrinha descambou ravina abaixo descontrolada, estatelando-se lá no fundo completamente desfeita. Foi pedido socorro e este chegou depressa. Mas Benjamim ficou ali encarcerado, mal se podendo mexer, com lesões graves. Tentava respirar e sair, mas não o podia fazer. 58


Abandonado, encomendava já a vida ao Criador. Foi então que sentiu Alguém que lhe aliviava o tejadilho da carrinha para que pudesse acomodarse melhor, até à chegada do socorro. E ei-lo que chega. Com dificuldades extremas, conseguiram desencarcerá-lo, removê-lo e transportá-lo ao hospital, aonde ficou por longos dias. O corpo estava demasiado esmagado e maltratado. Quando dali saiu, vinha numa cadeira de rodas, paraplégico. Desalentados, os irmãos decidiram terminar com a sociedade e refazer a sua vida, emigrando, cada um de per si. Apesar do infortúnio, Benjamim continuou a lutar pela sua autonomia tentando refazer a vida. Vendeu a moradia que tinha construído enquanto ainda emigrante, antes de tudo ter acontecido, e foi à luta. Adquiriu um pequeno rebanho de ovelhas, que começou a cuidar, mesmo na condição em que se encontrava. Insatisfeito, lançou-se na construção de algumas moradias, com o pensamento de algum dia conseguir ter uma sua de novo. E ei-lo, animado, na persecução dos seus objetivos, sem olhar para trás e confiante de que Jesus continua ao leme e não deixará nunca de o apoiar, na concretização dos seus sonhos. 59


Benjamim

60


BENJAMIM B endito seja Deus, que nesse dia E nviou Seu anjo e te estendeu a mão N o teu torpor, num corpo que sofria, J á quase sem ter fôlego, no chão. A o som da sua voz o anjo Seu M ovido de paixão, sempre a teu lado, I mpressionado, te livrou do breu, M ovendo esse teu corpo esfacelado. M omento eloquente. Muito embora A tua vida seja diferente, C om Seu poder, a luz do céu, agora, H abita em teu olhar constantemente. A o longo do teu tempo, ao teu cantinho D edicas teu vigor, o teu carinho, O Seu amor em ti se faz presente.

61


JOSÉ SINCER Corria o mês de julho de 1972, José Sincer, regressado de Angola, é transferido para a Igreja de Vila do Conde, acabada de construir, e cuja inauguração estava a ser preparada. Ainda na fase de desfazer as malas para se instalar nessa cidade, José Sincer sofreu um enfarte do miocárdio e quase sucumbiu, tendo sido internado no Hospital de São, João no Porto. Foi em convalesça que Rosa e António o reencontraram e com ele criaram afinidades para o

Amélia e José Pedro Sincer

resto da vida.

Mesmo em convalescença, José Sincer acompanhou, desde setembro de 1972 até outubro de 1973, as igrejas de Vila do Conde, de Delães, Guimarães, Vizela e alguns crentes dispersos, em Viana e Valença e outras localidades. Foi então que, em Delães, começou a instruir o casal, desta vez através dum ensino mais focalizado sobre os livros de Ellen White. Foi nesta fase que preparou Laura e Joaquim Machado e alguns outros conversos

62


para o batismo que viria a ocorrer em 24 de setembro de 1973. Joaquim, ainda com problemas de guarda de sábado, viria a batizar-se no ano seguinte, no dia 17 de março, na Igreja de Vila do Conde. Nas memórias de José Sincer, dizia este: “Trabalhei ainda um ano, mas mui penosamente, e pude, então, batizar no rio, em Delães, seis preciosas almas.” Entre eles, estavam José e Américo, filhos de Rosa e António, além de mais quatro conversos. Ali estava presente também Fernando Mendes, pastor da Igreja do Porto. Esses batismos contaram com a presença duma brigada da GNR que, no dizer do Cabo que a chefiava, “estavam ali porque lhes teria chegado aos ouvidos que poderia haver desacatos e vieram para os proteger”. Na verdade, muitos populares, apresentaram-se munidos de diversas alfaias e outros objetos pouco amistosos. Toda a cerimónia, não fosse o ruído de um alto gira-discos, que pretendia perturbar os batismos, correu sem percalços. Ao longo desse tempo, o grupo de jovens MV, então organizado por José Sincer, desenvolveu na Igreja e no espaço público uma série de atividades que não só incentivavam esses jovens como eram apreciadas por todos. 63


A CAPELINHA DO CERRO

O casal Sincer comprara recentemente, a Quinta do Cerro, situada na freguesia de Várzea Redonda, em Figueiró dos Vinhos, propriedade adquirida com o produto da venda da moradia que possuía no Algueirão, Sintra, tendo em 17 de outubro de 1977 fixado aí a sua residência. Logo, começaram a espalhar ao redor a Mensagem Adventista. Com o intuito serem criadas melhores condições para um trabalho evangelístico mais alicerçado, pensaram construir uma pequena capela onde pudessem proclamar as verdades do evangelho. Convidada pelo casal, no verão de 1979, a família Machado – que tinham criado com José Sincer e esposa laços de grande amizade - foi lá passar sete semanas,

64


com o intuito de nesse período se construir a Capelinha do Cerro. Com o empenho de Joaquim, Laura, os filhos e o próprio pastor José Sincer, a capela, com a capacidade de sessenta lugares sentados, ficou concluída em cerca de dois meses. Ao trabalho, juntaram-se ainda dois jovens que viviam em Pedrogão Grande, que ajudaram na abertura dos caboucos, e a Paula Echevarria, filha do Pastor Abílio, que permaneceu com eles todo o tempo. Foi grande a azáfama nesses dias, mas ao fim de cerca de um mês, a Capela do Cerro lá estava concluída. Era um tributo ao apelo feito pelo casal Sincer para ali se construir uma pequena capela onde a mensagem do evangelho pudesse ser difundida entre as gentes que viviam ao redor. A Capelinha foi inaugurada no dia 6 de outubro, com a presença de amigos vindos de algumas cidades e vilas, sobretudo, de terras do norte e centro do país. No decorrer da cerimónia, que contou com a presença do então Presidente da União Portuguesa dos Adventistas, Pastor Joaquim Dias, procedeu-se à cerimónia de apresentação à Igreja do pequeno José Pedro, neto do casal Sincer, filho de Ana Maria e de José Luís.

65


A seara é grande e poucos os ceifeiros – diz o Evangelho - mas com a graça de Deus, a semente da esperança germina ainda ao longo daquelas terras, graças ao empenho de Seus filhos dedicados que, como Laura e a família, estão sempre de coração aberto para, ao seu modo, ajudar a propagar a mensagem da sua esperança, no decorrer da sua peregrinação.

Família Machado na Quinta do Cerro, em Figueiró dos Vinhos

66


67


NA VINHA DO MESTRE

68


69


PROJETO GEMINI Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o reino que vos está preparado desde a formação do mundo. Mateus 25:34

Desde 1844, quando do seu aparecimento, que a Igreja Adventista logo se afirmou como Povo Remanescente, o Israel Espiritual, trilhando o caminho que a há de conduzir à Nova Jerusalém. Chegada a Mensagem a Portugal em 1908, através do pioneiro Clarence Reentro, uma pequena comunidade se foi constituindo e crescendo, muito pela união de famílias que se iam juntando à Igreja, ramificando-se através do casamento entre os seus filhos. Como o povo peregrino conduzido por Moisés, foi trilhando, década após década, o seu deserto, por entre caminhos sinuosos, difíceis, mas firme e segura, com os olhos elevados para o Alto, multiplicando-se, segundo a ordem do seu Mestre, e transformandose numa grande família, unida entre si, como procurarei demonstrar através das páginas que se vão seguir. Ao longo desse tempo, a ligação familiar tem sido o suporte da Igreja e o fôlego que a faz viver e crescer.

70


Um elevado número de outras famílias e crentes, individualmente, que por mera coincidência e a exemplo do que acontecia com o Povo de Israel, se foram unindo à Igreja e que, embora não entroncadas nessa grande família por laços de sangue, fazem parte dela, quais rebentos duma mesma árvore, que ligados à Vide cresceram e se multiplicaram, unidos numa mesma fé e com a mesma força polarizadora que a impele a seguir em direção à Canaã Celestial. Quais novos Livros de Crónicas, nele será descrito ao pormenor a genealogia desta grande família que somos nós. Na Vinha do Senhor, pretende assim demonstrar que é esse polo catalisador que robustece a fé e que faz crescer uma Igreja que convictamente caminha para a Terra Prometida, esta a razão da sua fé. Pretende-se, através dele, o contributo de todos os participantes para que possamos reunir numa só a gigantesca família a Família Adventista em Portugal, através de ligações diretas ou colaterais. Vamos a isso?

71


PREÂMBULO Igreja de S. Mateus Eu sou a videira, vós sois as varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse dará bom fruto. João 15:5

Como que seguindo os ensinos do Mestre, ao longo do seu percurso, as igrejas adventistas em Portugal foram-se desenvolvendo através do testemunho dos seus membros junto dos seus familiares e também fruto das ligações dos crentes entre si. Na sua maioria, as Igrejas cresceram através do casamento de membros da mesma comunidade ou comunidades vizinhas, seguindo assim o conselho de não se juntarem a jugos desiguais que, quantas vezes, sem que nos apercebamos, nos levam na maioria das vezes ao afastamento da Igreja. Nas comunidades em Portugal, nuns casos mais, noutros menos, os companheiros para a vida são encontrados dentro do redil da Igreja. Curioso, quando analisamos a composição de alguns grupos de crentes concluímos que, na sua maioria, as famílias se encontram unidas entre si, por laços sanguíneos que não deixam de nos surpreender.

72


O caso da Igreja de Vila Nova de Monsarros, é paradigmático e poucas são as famílias que não têm entre si e outros membros da Igreja laços de consanguinidade. Vamos analisar um fenómeno semelhante na Igreja de S. Mateus e entender as palavras do Mestre: “Eu sou a videira, vós sois as varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse dará bom fruto”.

73


IGREJA DE S. MATEUS (ANTES, DELÃES) - PIONEIROS

74


SILVA MACHADO, GEMINAGEM

75


FAMÍLIA DE ROSA E ANTÓNIO

76


FAMÍLIA DE LAURA E JOAQUIM

77


“EIS-ME AQUI COM OS FILHOS QUE ME DESTE…”

78


EIS-ME AQUI, SENHOR! Aqui Te trago os filhos que me deste Durante a minha peregrinação, Que gozam, junto a Ti, da paz celeste Que brota d’Esse imenso coração. São tantos os milagres que fizeste No curso deste tempo em convulsão! Contrita, Te chamei e Tu me deste A cada instante alívio e proteção. Ei-los aqui, Senhor, são Teus de novo, Para fazerem parte desse povo Que vai subir contigo ao Lar de Amor! Ao mundo irei gritar: - Hoje escolhei A quem servir, mas eu e a minha grei Havemos de servir ao meu Senhor!

79


LAURA E JOAQUIM

80


81


FÁTIMA E ANTÓNIO

82


JORGE E PALMIRA

83


BENJAMIM E PAULA

84


ARMANDINA E ALBINO

85


LUÍS

86


JOSÉ E TERESA

87


CRISTINA BELA E RICARDO

88


89


CONTEÚDO Ficha técnica ............................................................................................ 3 Autor ........................................................................................................... 4 Rio de água viva ..................................................................................... 8 Rio de água viva ................................................................................... 8 A igreja de São Mateus ..................................................................... 10 Inauguração do novo Templo. ....................................................... 10 Rosa e António ..................................................................................... 14 Rosa e António ..................................................................................... 17 Laura e joaquim ................................................................................... 18 Laura ......................................................................................................... 19 Rios de água viva ................................................................................. 20 Uma visita inesperada ....................................................................... 29 Os primeiros batismos, no rio ave. ............................................... 32 Um funeral atribulado ....................................................................... 36 A sala de culto na carpintaria ......................................................... 38 A nova igreja ......................................................................................... 42 Rio de esperança ................................................................................. 45 Os outros filhos de Laura e Joaquim ........................................... 45 Albino, um filho do coração ............................................................ 47 Raquel, a menina que tinha uma voz de ouro ......................... 49 Cristina Bela encontra a nova mãe ............................................... 50 Irene e Susana, duas filhas por empréstimo ............................. 52

90


Rafael, o filho que veio de longe .................................................. 54 Joaquim Machado ............................................................................... 56 Joaquim Machado ............................................................................... 57 Benjamim Machado............................................................................ 58 Benjamim ................................................................................................ 61 José Sincer .............................................................................................. 62 A Capelinha do Cerro......................................................................... 64 Na Vinha do Mestre ........................................................................... 68 Projeto Gemini ...................................................................................... 70 Preâmbulo .............................................................................................. 72 Igreja de S. Mateus (antes, Delães) - pioneiros ....................... 74 Silva Machado, geminagem ............................................................ 75 Família de Rosa e António ............................................................... 76 Família de Laura e Joaquim ............................................................. 77 Álbum da Família Machado ............................................................ 78 Laura e Joaquim e Família .............................................................. 80 Fátima e António ................................................................................. 82 Jorge e Palmira ..................................................................................... 83 Benjamim e Paula ................................................................................ 84 Armandina e Albino............................................................................ 85 Luís ............................................................................................................ 85 José e Teresa ......................................................................................... 87 Cristina Bela e Ricardo ....................................................................... 88

91


92


93


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.