Agenda
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BAHIA Desenvolvimento regional
Futuro das cidades
Da mobilidade urbana ao uso racional da รกgua, especialistas mostram como o estado pode ser mais sustentรกvel, no primeiro seminรกrio do Fรณrum Agenda Bahia 2014
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EVANDRO VEIGA
Com auditório lotado, especialistas do Brasil e do exterior debateram O Futuro das Cidades, tema do primeiro seminário do Fórum Agenda Bahia deste ano
Qualidade de vida
Uma cidade só pode ser sustentável se reunir práticas que priorizem o bem-estar dos moradores Jorge Gauthier Salvador precisa pensar no futuro de forma sustentável. Essa foi a meta apresentada pelo prefeito ACM Neto, na abertura do Fórum Agenda Bahia 2014, que começou a debater, na terça-feira, dia 11, o tema Cidades Sustentáveis. “Se eu pudesse resumir a sustentabilidade em uma única expressão eu diria que ela é igual à qualidade de vida. Quando a gente encara os problemas do dia a dia das cidades brasileiras, especialmente as metrópoles, como é o caso de Salvador, percebemos que esses problemas tiram qualidade de vida de seus moradores”, avaliou o prefeito. Para desenhar esse futuro, segundo ACM Neto, é preciso agir já no presente. “É fundamental que haja um compromisso coletivo para planejar o futuro, mesmo sabendo que essas ações só vão se refletir daqui a algumas décadas”, explicou. “Por isso, Salvador hoje está tocando o projeto Salvador 500, pensando a cidade para os próximos anos, integrando nos aspectos social, econômico e ambiental, incluindo o novo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e nova lei de Ordenamento e Uso do Solo”, garantiu. O prefeito destacou algumas medidas relevantes. “No plantio de árvores, nossa meta até 2016 é plantar 100 mil árvores na cidade. Ano que vem, vamos entregar o Parque
da Cidade todo reformado e também estamos realizando a recuperação de passeios, todos eles com piso tátil”, afirmou. Outra ação indicada pelo prefeito foi a instalação da iluminação de LED e também da adoção de energia solar nos prédios públicos. “Na mobilidade urbana, recentemente, assinamos um novo contrato de concessão do serviço de transporte exigindo renovação completa da frota para ter níveis menores de poluição na nossa cidade,
além de conforto para o usuário”, afirmou. O prefeito adiantou “meta ambiciosa”: o projeto Salvador Vai de Bike contará com 350 quilômetros de ciclofaixas, ciclovias e ciclorrotas para que a bicicleta passe a ser vista como um meio de transporte adequado às praticas de sustentabilidade. Além disso, o prefeito anunciou que vai lançar uma campanha em toda a cidade em defesa da limpeza urbana: quem jogar lixo na rua será
multado. “Vamos iniciar com uma fase educativa e depois vamos distribuir os agentes de fiscalização de limpeza na cidade”, revelou. O presidente da Rede Bahia, Antonio Carlos Júnior, destacou que o tema deste ano, Cidades Sustentáveis, afeta diversos setores e é essencial, pelo aspecto econômico, social e ambiental. “O Agenda Bahia 2014 tem como tema Cidades Sustentáveis, um grande
É fundamental que haja um compromisso coletivo para planejar o futuro de Salvador
O tema Cidades Sustentáveis é um desafio para governos, empresas e sociedade
Qualquer setor da economia precisa ter uma estrutura de cidade agradável, sustentável
ACM Neto, prefeito de Salvador
Antonio Carlos Júnior, presidente da Rede Bahia
Ricardo Alban, presidente da Fieb
desafio para governos, empresas e sociedade. Este ano, o fórum inova ao escolher um tema único que será transversal nos quatro seminários”, disse o presidente da Rede Bahia. Antonio Carlos Júnior citou a temática do primeiro seminário, O Futuro das Cidades, realizado na terça-feira. O Fórum Agenda Bahia é realizado pelo jornal CORREIO e rádio CBN, com apoio da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb). Também na abertura do evento, o atual presidente da Federação, Ricardo Alban, afirmou que é desejo do setor industrial da Bahia aumentar sua competitividade sem esquecer a sustentabilidade. “Não existe crescimento econômico sustentável sem o crescimento da indústria. Qualquer setor da economia precisa ter uma estrutura de cidade agradável, sustentável e em condições de circulação e ambientação. Isso está relacionado com a capacidade produtiva. É difícil manter o nível de produtividade do colaborador quando, por exemplo, ele tem angústia e dificuldade em se locomover na cidade”, lembrou. Ricardo Alban prometeu seguir as metas do seu antecessor, Carlos Gilberto Farias (que morreu há mais de uma semana), de interiorização da indústria e apoio à pequena e média empresa sem tirar a atenção dos grandes investimentos.
EXPEDIENTE Diretor de redação Sergio Costa (sergio.costa@redebahia.com.br) Edição Rachel Vita (rachel.vita@hotmail.com) Reportagens Flávio Oliveira (flavio.oliveira@redebahia.com.br), Jorge Gauthier (jorge.souza@redebahia.com.br), Monique Lôbo (monique.lobo@redebahia.com.br) e Thais Borges (thais.borges@redebahia.com.br)Design Morgana Miranda (morgana.lima@redebahia.com.br) Tratamento de imagens Raniere Borja Oliveira (raniere.oliveira@redebahia. com.br) e Erlanney Rocha (erlaney.rocha@redebahia.com.br) Infográfico Fieb e Bamboo
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Cidade para pedestres
De Afuá, no Pará, a Freiburg, na Alemanha: exemplos onde a qualidade de vida vem em primeiro lugar Jorge Gauthier e Thais Borges Ruas sem carros, destinadas às pessoas. As bicicletas que se multiplicam em prol do desenvolvimento sustentável. O transporte público que permite o deslocamento a pé para pequenas distâncias. Da pequena Afuá, no Pará, a Freiburg, na Alemanha, os exemplos de cidades que dão prioridade à qualidade de vida dos moradores através de políticas de sustentabilidade se multiplicam pelo mundo. “Uma cidade melhor requer melhores pessoas. Precisamos ser melhores todos os dias em relação à cidadania para que as cidades sejam melhores”, defende Lincoln Paiva, presidente da Green Mobility, consultoria de projetos internacionais de mobilidade urbana e de desenvolvimento sustentável, que participou do Fórum Agenda Bahia, em Salvador. Quando a sustentabilidade já faz parte da cultura, como em Freiburg, na Alemanha, os moradores participam mais ativamente das decisões sobre o planejamento da cidade. “As pessoas aprendem a cooperar, criam uma comunidade mais forte e tornam a área mais atraente. Criamos uma cidade viva”, diz Steffen Ries, diretor da Innovation Academy in Freiburg, considerada a cidade mais sustentável do mundo. MOBILIDADE Na cidade alemã, que tem pouco mais de 220 mil habitantes, quase 70% da população vive perto de ferrovias - lá, os trens são mais utilizados do que os ônibus. Além disso, as bicicletas são o meio de transporte mais comum. “Todos já têm suas bicicletas, mas, em 2020, as bikes devem ser o principal meio de transporte” (confira no infográfico ao lado). Mesmo hoje, o número de bikes já é duas vezes maior que o de carros, que é cerca de 80 mil. “Investimos na infraestrutura para bicicletas, com a criação de túneis e pontes só para ciclistas”, afirma Ries. No bairro de Vauban, que tem cinco mil habitantes, há ruas em que somente bikes são permitidas. Outras, os veículos só podem circular a menos de 40 km/h. A cidade foi dividida por zonas verdes e vermelhas. As verdes só aceitam bikes. As vermelhas permitem carros. Nessas áreas verdes, nenhum morador tem permissão para estacionar na rua, mesmo se for na frente de casa. “Se tiver um carro, você tem que comprar uma vaga no estacionamento. Só que uma vaga pode chegar a R$ 60 mil, que é o preço de um carro”,
explicou Steffen. De acordo com ele, a quantia faz com que as pessoas questionem se realmente precisam de um carro. “O benefício que temos não é o dinheiro, mas o fato que temos menos carros nas ruas”, argumenta. APOSTA Logo que essa divisão começou, ainda na década de 1990, até a prefeitura achava que não fosse funcionar. “Achávamos que ninguém fosse querer comprar as casas da área verde. Por isso, dividimos em três etapas. Quando percebemos que a primeira foi bem aceita, decidimos expandir”, revela. Para Steffen, o sucesso veio porque as pessoas abraçaram a ideia. “Se você tem um carro em frente de casa, faz tudo de carro. Mas, se você tem que andar três quilômetros para ir até onde está o carro, no estacionamento, você pensa duas vezes. As pessoas mudaram os hábitos e começaram a ir andando ou ir de bicicleta”, explica. Além disso, os moradores da região estão a, no máximo, 2,5 km de distância do trem, o que permite a ida de casa até o outro modal de bike. Já na Suécia, 80% dos moradores usam o transporte público, segundo a chefe de Mercados Emergentes da SP Technical Institute of Sweden, Jessica Magnusson. “Desenvolver a mobilidade faz parte das áreas estratégicas que trabalhamos, que incluem energia, descarte de lixo, segurança e tecnologia da informação”, revela Jessica. ‘CAMINHÁVEL’ Produzir áreas caminháveis dentro das cidades, segundo Lincoln Paiva, significa desenvolvimento, ao reduzir pontos de acesso. “Ciclovia não é só para ciclistas, mas para todos os pedestres. As ciclovias reduzem a velocidade dos carros para, no máximo, 40 km/h. Isso ajuda a reduzir o ruído, a poluição e atrai pessoas para as ruas. A cidade fica mais humana e mais segura com gente nas ruas”, destaca Paiva. Na cidade de Afuá , no noroeste da ilha do Marajó, no estado do Pará, foi proibido por lei ter carro e moto. Os 34 mil habitantes, por sua vez, priorizam seu deslocamento pelo uso do espaço público. “Numa cidade com menos carros, há mais interação entre as pessoas”, acredita. Lincoln Paiva lembra que a percepção que temos da cidade é de como nos locomovemos por suas ruas. “E se fazemos só isso de carro tudo vira privado e não coletivo”, argumenta.
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Steffen Ries: infraestrutura para bicicletas
Solução
- Estimular o uso de bicicletas com investimentos na infraestrutura, como a implementação de ciclovias, ciclofaixas, túneis e pontes para bikes - Incentivar as pessoas a desistir do carro: trocar o automóvel pelo transporte público, bikes ou por caminhadas para distâncias mais curtas
EVANDRO VEIGA
Lincoln Paiva: pessoas melhores fazem cidades melhores
Solução - Investir no conceito de urbanização que privilegie os pontos caminháveis nas cidades - Criar ruas com limite de velocidade de até 40 km/h para carros, a fim de estimular o uso de bikes - Apostar nos espaços urbanos que possam ser usados e projetados para a pessoa frequentar e criar novas conexões
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BIKE SERÁ O PRINCIPAL TRANSPORTE DE FREIBURG EM 2020
1982 1999 2020
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Vaga para a cidadania
São Paulo instala minipraças nas áreas de estacionamentos e cria espaços de convivência para as famílias FOTOS DE DIVULGAÇÃO
Jorge Gauthier No lugar de 40 carros estacionados entram 400 pessoas curtindo o clima urbano em áreas de convivencia no asfalto. A maior metrópole do Brasil, São Paulo, está passando por um movimento de transformação através de projeto chamado parklets. Foi a primeira cidade da América Latina a instalar o projeto que teve início em São Francisco com objetivo de criar minipraças, de 10 x 2,2 metros, no lugar de duas vagas de estacionamento. “Hoje já são 10 e até o final do ano teremos mais 20 Parklets em São Paulo. A receptividade tem sido muito boa. As pessoas estão usando esse espaço que era restrito para os carros”, disse Lincoln Paiva, consultor internacional de mobilidade urbana e desenvolvimento sustentável. “Os carros tiraram os
espaços das pessoas. Quando se compra um carro não significa que você ganhou uma vaga de estacionamento na rua”, argumenta Lincon. Pesquisa realizada pela George Washington University, apresentada por Lincoln Paiva em sua palestra, indica que as melhores cidades para viver nos EUA são aquelas que tem maior índice de WalkUp – os chamados pontos caminháveis. DESENVOLVIMENTO Pesquisadores identificaram e estudaram 558 pontos nos EUA, sendo 66 em Nova York. Esses pontos são os locais de onde é possível fazer o deslocamento sem a necessidade de usar transporte público. Nessa área, de acordo com o levantamento, concentra 48% de tudo o que é produzido naquela região. “O urbanismo caminhável trabalha em sinergia com o desenvolvimento”, alerta o consultor.
O projeto dos Parklets começou nos Estados Unidos e hoje já ocupa 10 pontos da cidade paulista
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PRÁTICAS QUE MUDAM A CARA DAS CIDADES FOTOS/DIVULGAÇÃO
Bicicletas por todos os lados
<< Em Freiburg, na Alemanha, 70% da população vive perto de estações de trem, que são o meio de transporte público mais usado para longas distâncias. Lá, não tem metrô. Mas bondes e ônibus com faixas exclusivas. Bilhete único permite utilizar trens e bondes por cerca de 3 mil quilômetros da cidade. “É muito comum que as pessoas sigam de bicicleta até uma estação e peguem o trem para ir trabalhar no centro da cidade”, afirma Steffen Ries.
Além de Hammarby Sjöstad, em Estocolmo, outra região industrial da Suécia virou ecobairro: Western Harbour, em Malmö. No Distrito Sustentável do Porto Oeste ou Bo01 projetaram modelo de desenvolvimento urbano-ambiental para a transformação do lugar. O primeiro passo foi recuperar o solo contaminado. Cerca de 600 moradias foram construídas, além da instalação de geradores eólicos e painéis para energia solar.
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>> Três mil km de transporte público
Recuperação do solo e energia sustentável
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As ciclovias de Freiburg foram até alargadas para as bicicletas, de acordo com o especialista Steffen Ries. “Isso torna o trânsito mais lento para carros e faz com que as pessoas pensem em outras alternativas, como ir de bicicleta ou a pé. Outras ruas são exclusivas para bicicletas”, diz o alemão. A meta de Freiburg é aumentar ainda mais o espaço das bikes pelas ruas e diminuir o dos carros. O bairro de Vauban, com cinco mil habitantes, é uma referência nesse transporte.
Túneis e pontes éxclusivas para ciclistas
Na cidade em que há mais bicicletas do que carros, foi preciso investir na infraestrutura para esse modal, de acordo com o especialista alemão Steffen Ries. Para que a bike se torne o principal meio de transporte da região, novos investimentos estão sendo feitos. Novos túneis e pontes exclusivas para bicicletas serão construídos. “Em algumas pontes, passam 10 mil bicicletas todos os dias”, revela Steffen Ries, da Innovation Academy in Freiburg.
Áreas mais produtivas
Pesquisa realizada pela George Washington University revela que as melhores cidades para viver nos EUA são aquelas que têm maior índice de WalkUp. Especialistas identificaram e estudaram 558 chamados pontos caminháveis nos EUA – sendo 66 em Nova York. Esses pontos marcam as distâncias que são possíveis de serem percorridos sem o uso de transporte. As áreas caminháveis, segundo a pesquisa, são mais produtivas.
<< O bairro de Hammarby Sjöstad, em Estocolmo, era considerado uma área industrial degradada. A prefeitura decidiu recuperar a região e construiu às margens do lago Hammarby Sjö, modelo referência em sustentabilidade para o mundo. O ecobairro conta com uma rede de transporte público e gestão sustentável dos resíduos sólidos. Houve redução no consumo de água e energia. As águas do lago são próprias para banho e perfeitas para um mergulho.
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Ecobairro no lugar de região industrial
Mais conectados com sua cidade
Em Afuá , na ilha do Marajó, no Pará, foi proibido por lei ter carro e moto. Os moradores circulam a pé ou de bicicleta e ocupam todos os espaços: brincam até no aeroporto da cidade. Apesar de viverem em uma ilha, a seis horas de barco de Macapá, eles têm uma visão mais ampla de cidade, na avaliação de Lincoln Paiva. “Eles consideram como seu espaço o mundo. Nas grandes cidades, elegemos como nosso espaço apenas a nossa casa. Quem vive isolado?”, questiona.
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Para enfrentar a crise da água Especialista destaca que somente com inovação, conscientização da população e planejamento é possível reduzir consumo ARISSON MARINHO
Monique Lôbo, Flávio Oliveira e Thais Borges
Jessica Magnusson defendeu uma abordagem holística para solucionar problemas como a falta de água
Solução - Criação de um plano de longo prazo específico para as necessidades de cada cidade: é preciso entender o crescimento da população e a situação de cada local para tentar prever os problemas que podem surgir no futuro, como a crise hídrica que afeta cidades brasileiras atualmente - Uso de pesquisa, inovação e tecnologia para buscar a eficiência hídrica - Conscientização da população e das empresas pelo uso racional do consumo de água
Usamos os lençóis subterrâneos e a água de superfície para o fornecimento. Para mim, não há diferença entre água potável e a água tratada do esgoto. É tudo igual
Um planejamento a longo prazo, com uso de inovação, tecnologia e conscientização da população.ParaachefedeMercados Emergentes da SP Technical Institute of Sweden, Jessica Magnusson, que veio a Salvador para participar do Fórum Agenda Bahia, a combinação desses fatores permitiu à Suécia garantir o uso racional da água. Apenas em Hammarby Sjostad, referência como ecobairro no mundo, a redução do consumo passou de 200 litros para 150 litros por habitante, ao contrário decidadesbrasileirasquesóaumentaram o consumo nos últimos anos. DiversasregiõesnoBrasiltêm enfrentado problemas com a seca. Depois do Nordeste, os maiores centros urbanos do país, como São Paulo e Rio de Janeiro, sofreram com a estiagem e a falta d’água. A crise tem afetado outro setor, de energia: com o baixo nível das hidrelétricas, as termelétricas passaramaserusadas,usinasqueutilizamenergiasuja,comocarvão mineral. Jessica Magnusson destaca que, para começar seu planejamento hídrico, as cidades precisam identificar os desafios e o que realmente precisam fazer nos próximos anos, contando, inclusive, com o crescimento sua população, para planejar seus projetos e obras. Outro fator importante é identificar o curso das águas, de onde vem e para onde vai, e sua qualidade, relevante, inclusive, para definir o conceito de reúso. “Se você não sabe como as coisas estão hoje, é muito difícil prever os problemas do futuro”, disse. Assim, cada cidade deveria estudar sua própria realidade e chegar a uma solução, explica Jessica.NaSuécia,porexemplo, não há problemas de fornecimento de água. Desde a década de 90, o país criou alternativas sustentáveis para uso racional e reúsodaágua.Entreosprojetos, um sistema de tratamento de esgoto que permite que a água de superfície seja sempre potá-
vel, segundo a pesquisadora. “Usamos os lençóis subterrâneos e a água de superfície para o fornecimento. Para mim, não há diferença entre água potável e água tratada do esgoto. A água que bebemos é a mesma que a água que é jogada fora, por isso tudo está conectado. É a mesma coisa, porque acredito em uma visão holística da água”, esclareceu Jessica. PROBLEMA GLOBAL Para Jessica, a crise hídrica enfrentada hoje por cidades brasileiras poderia ser resolvida com essa visão mais ampla. “Mas é importante lembrar que boa parte da água que abastece o Brasil vem da região Amazônica. Dessa forma, é preciso lidar com o assunto com uma estratégia global, porque é um problema global.Elesdevemtentarresolvero problemadesdeabase”,opinou a sueca. Jessica se referiu aos desmatamentos crescentes na Floresta Amazônica que têm interferido no volume de chuvas de regiões brasileiras, como o Sudeste. NOVA VISÃO Para o secretário municipal da Cidade Sustentável, André Fraga, o principal desafio do Brasil é combater a imagem de que o país tem uma fonteinesgotáveldeágua.“Essa ideia de que a água não vai acabar só atrapalha. Não é só em São Paulo que está havendo problemas. Três anos atrás foi em Santa Catarina, a Amazônia passou por secas, o Nordeste passa por isso historicamente”, lembra André Fraga. Lembrando do apagão que ocorreu em 2001, que afetou a distribuição de energia elétrica no país, André argumentou que o único resultado positivo da crise foi que as pessoas passaram a racionar o consumo. “Passamos a entender melhor e a economizar mais, mesmo que na marra”, brincou. Para o secretário, o saneamentobásicoéograndeproblema do Brasil. “Não conheço uma cidade com um rio urbano limpo. Temos a lei, mas precisamos de investimento para deixardemandaresgotoparaos rios”, afirmou o secretário.
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Energia, só se for renovável Thais Borges A redução do consumo de energia é um dos objetivos do governo da Suécia, que implantou o conceito de SymbioCity em suas cidades. De acordo com a chefe de mercados emergentes do Instituto de Pesquisa Técnica da Suécia, Jessica Magnusson, o consumo já passou de 150 kWh por ano para 118 kWh
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por ano. “Começamos com isso há 25 anos. Agora, queremos reduzir para menos do que 90 kWh”, disse a pesquisadora, durante sua palestra no 5º Fórum Agenda Bahia. De acordo com ela, o país incentiva o uso de energias renováveis - como energia solar e eólica. Em Estocolmo, a meta é que 50% da energia utilizada seja limpa. E mesmo sem ter tanto sol disponível
quanto no Brasil, os painéis solares são comuns na Suécia. “Nós utilizamos esse tipo de tecnologia nas casas passivas (que produzem sua própria energia), por exemplo”. Já em Freiburg, na Alemanha, o envolvimento da população é tão grande que um grupo de torcedores de futebol chegou a pagar pelos painéis solares de um estádio local, em 1995, segundo o gerente da
Academia de Inovação de Freiburg, Steffen Ries. “Antes disso, a energia do estádio vinha da Rússia, com um gás. Mas, nesse caso, o futebol ajudou a criar consciência ambiental nas pessoas”. Na cidade de Borás, que fica no oeste da Suécia, inclusive, os moradores tentam eliminar todos os resíduos fósseis. “Nós conseguimos reduzir a emissão de carbono em até 20%. Mas ainda é um
grande desafio. Foram necessários muitos anos para mudar o pensamento das pessoas, para que elas entendessem a importância de cuidar do meio ambiente”, afirmou Jessica Magnusson. Em Borás, apenas 1% do lixo produzido vai parar em aterros sanitários - a cidade conseguiu dar um destino diferente para o restante. “O resto é reciclado ou vira biocombustível”.
NOVAS TECNOLOGIAS
Eletromobilidade
Além da ampla rede de transporte público, o país investe ultimamente na produção de carros, ônibus e barcos movidos a eletricidade, mais sustentáveis. Segundo Jessica, ajuda a criar sistema mais eficaz. “A cidade se torna também mais silenciosa”, disse.
Comunicação local
A mídia deve ser uma aliada na divulgação de experiências sustentáveis, para a especialista sueca Jessica Magnusson. “Isso provoca discussões sobre como a sustentabilidade afeta as pessoas, o ambiente e a saúde das pessoas”, afirma.
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Mesmo no Inverno, os suecos usam o espaço público
Sistemas móveis inovadores
Com as novas tecnologias e a facilidade para comprar smartphones, os suecos usam aplicativos que facilitam sua vida. “Nós podemos ver desde o nível do reservatório de água até o local onde os ônibus estão. Tudo para a vida diária”, explicou Jessica. DIVULGAÇÃO
DIVULGAÇÃO
Hammarby Sjöstad: de região industrial à ecobairro
Bonde elétrico atende os passageiros na Suécia
Construção de cidades sustentáveis depende do engajamento dos cidadãos O engajamento dos cidadãos é crucial para garantir a sustentabilidade das cidades. Este foi o ponto de convergência entre os palestrantes do primeiro dia do Agenda Bahia no debate entre eles que fechou o evento na terça-feira, dia 11. Um exemplo dado pelo alemão Steffen Ries - que relatou o exemplo da cidade de Freiburg - foi o uso do carro, que polui o ar pela queima de combustível fóssil. “É preciso mudar a mentalidade. Deixar de ver o
carro como prova de status. As pessoas têm que ser sustentáveis para mostrar que é legal adotar práticas sustentáveis”. “É preciso ter um trabalho para mostrar as vantagens de ser sustentável”, afirmou a sueca Jessica Magnusson. “O comprometimento de empresas com a sustentabilidade só se dá se esse compromisso for pensado como estratégia de negócio. Cabe ao consumidor valorizar empresas que produzam de maneira
ecologicamente correta”, disse a consultora da ONU Ana Carla Fonseca. “O poder público tem de fomentar a participação da sociedade, até por obrigação legal”, falou o secretário de Cidade Sustentável de Salvador, André Fraga, tocando no desafio para que esse engajamento se dê: o alcance da participação popular. “A população tem que se envolver desde o planejamento. E é preciso investir em comunicação, o poder público e as empresas
têm de querer ouvir e dar retorno [sobre as opiniões, sugestões, críticas, etc]”, afirmou Ana Carla. Outro caminho foi dado pela sueca, citando exemplo de seu país. “Um novo playground seria construído na cidade e três modelos foram apresentados. Decidiu-se que venceria o escolhido pelas crianças com votação nas escolas”, contou, afirmando que a mudança para uma cultura de sustentabilidade começa sempre com um trabalho de educação e pelas
crianças que, naquela ocasião, também tiveram uma aula de participação popular e planejamento urbano. Ao contrário do senso comum, as pessoas estão, sim, com vontade de serem ouvidas e de participar ativamente das decisões sobre suas cidades. Exemplo disso é o projeto Garimpando Soluções, apresentado por Ana Carla. Em seis meses, o projeto reuniu 850 propostas de moradores de São Paulo para melhorar a vida delas e de toda a cidade. ARISSON MARINHO
Donaldson Gomes, editor-assistente de Economia do jornal CORREIO, moderou o debate com André Fraga, Ana Carla Fonseca, Jessica Magnusson e Steffen Ries
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Construção aliada
Casa passiva é responsável por produzir a energia que consome, com menor impacto ao meio ambiente Ana Mascarenhas citou exemplos de eficiência energética
Solução
- Construir casas que tenham eficiência energética - Planejar prédios com arquitetura sustentável que foquem na iluminação e ventilação natural e reduzam o uso de aparelhos que consomem muita energia, como ar-condicionado - Instalação de painéis solares para a geração de energia - Usar o calor dos equipamentos que existem dentro da casa para produzir energia renovável
É um conceito de edifícios com alta performance energética, além de alto conforto térmico
Thais Borges Você consegue imaginar como seria a sua vida se sua casa produzisse toda a energia que consome? É, toda a eletricidade viria da própria casa, bem como do material com os quais ela foi construída... Não é conversa fiada, não. Esse tipo de construção já existe e tem até um nome próprio: ‘casa passiva’ (em inglês, ‘passive house’). O conceito, que surgiu na Alemanha, na década de 1990, foi apresentado pela gerente de eficiência energética do grupo Neoenergia, Ana Christina Mascarenhas, no Fórum Agenda Bahia. “Eles usam uma série de conceitos de edifícios com alta performance energética, além de alto conforto térmico”, explicou Ana Christina. Na Europa, é comum que essas casas tenham painéis solares na fachada. Mas, se fosse para funcionar aqui no Brasil, o ideal é que os painéis ficassem na cobertura. “Se nós usássemos na fachada, aqui, acabaríamos perdendo metade da energia gerada”, explica Ana Christina. A especialista acredita que a maioria dos prédios construídos na Bahia não pensa na arquitetura sustentável. “Não planejam um sistema passivo, em que se valorize a iluminação e a ventilação natural”, O gerente da Innovation Academy in Freiburg, Steffen Ries, defende a ideia de que um edifício que produza sua própria energia seja adaptado para a realidade de Salvador. “Vocês precisam de um conceito que ajude a resfriar o local. Uma boa ideia pode ser construir a casa de forma que se produza sombra, por exemplo. Assim, os moradores não precisariam usar tanta energia com ar-condicionado, por exemplo”, comentou. O ar-condicionado, como lembra Ana Christina Mascarenha, é o maior vilão
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por consumir muita energia. “E usamos cada vez mais esse aparelho porque nossos prédios são todos fechados e envidraçados”, lembra. EDUCAÇÃO Em Freiburg, no sudoeste da Alemanha, todas as casas que são construídas devem seguir o conceito de ‘passive houses’, citado pela gerente da Coelba. “Na verdade, não só as casas, mas também prédios, como escolas de educação infantil, também”, garante. Uma das
principais fontes de energia nos edifícios de Freiburg é a luz do sol. “A casa não precisa de outros combustíveis. Ela fica aquecida pelo sol, mas recebe o calor das pessoas que vivem nela, já que as pessoas também produzem calor”, disse Ries. Na Suécia, a tecnologia também é usada na construção de residênciais, segundo Jessica Magnusson: “Nós construímos casas para que possam produzir energia renovável que supra necessidades da própria casa”. DIVULGAÇÃO
A casa passiva de Freiburg, na Alemanha, onde conceito foi criado
Consumo consciente para evitar desperdício de energia Ana Christina Mascarenhas chamou atenção em sua palestra sobre a necessidade da eficiência energética. A previsão é que em 2035 o consumo mundial aumente cerca de 30%. “O alto consumo de energia é preocupante. No mundo, há 1,4 bilhão de pessoas sem acesso à eletricidade”, alerta. Na Bahia, segundo Ana Christina Mascarenhas, são 200 mil habitações sem energia, número que foi reduzido com o programa Luz para Todos. “Se o Nordeste crescer como previsto, e assim esperamos, cerca de 30%, podemos ter problemas. Não precisamos
de racionamento, mas consumir menos energia”, avisa. Por isso, a Coelba tem desenvolvido programas para conscientizar e ajudar a população no consumo consciente de energia. Já substituiu 239 mil geladeiras velhas por novas desde 2005. A economia, segundo Ana Christina Mascarenhas, daria para abastecer uma cidade como Barreiras por 10 meses. Outro programa da Coelba é o de auxiliar moradores na certificação de selo de eficiência energética, uma espécie de etiqueta para prédios residenciais, como já acontece com alguns aparelhos, como televisão.
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EVANDRO VEIGA
CORREIO Salvador, domingo, 16 de novembro 2014
desenvolvimento regional*
Agenda Bahia | 13
Hidrovias à baiana
Para especialista, Baía de Todos os Santos poderia abrigar transporte de passageiro do Comércio ao Subúrbio EVANDRO VEIGA
Jorge Gauthier Segunda maior e mais navegável do mundo, a Baía de Todos os Santos atualmente tem apenas a travessia Salvador-Itaparica pelo sistema ferry-boat como instrumento de navegação. “É muito pouco para o potencial de exploração que há nessa região. Acredito fortemente que devemos reconquistar o caráter fluvial e anfíbio do Brasil. A Baía de Todos os Santos e a Baía de Camamu poderiam puxar essa valorização da cultura construtiva de cidades flúvio-marítimas”, afirma o coordenador do Grupo Metrópole Fluvial da UniversidadedeSãoPaulo,Alexandre Delijaicov. O professor é um dos responsáveis pelo projeto Hidroanel, de despoluição e integração dos rios de São Paulo para o transportesdecargaedepassageiros, além da criação de ilhas para a reciclagem dos resíduos sólidos. Para o especialista, na Baía de Todos os Santos poderia ser implantado o transporte de passageirosparabairrosdeSalvadordoComércioaoSubúrbioFerroviário, por exemplo. O novo modal ajudaria na mobilidade urbana da cidade, avalia. A hidrovia do Rio São Franscisco é outra região de desenvolvimento hídrico pouco aproveitada na Bahia e no Nordeste, segundo o professor. “O eixo do São Franscisco que pega alguns estados, sobretudo a Bahia, é extraordinário para a navegaçãodecargasepassageiros. É a bacia totalmente brasileira. Os governos têm que ter um empenho para fazer essa hidrovia funcionar”, sugere. COMPETITIVIDADE No São Franscisco, atualmente, há obras de dragagem sendo realizadas em 21 pontos para possibilitar a navegação, inclusive no período onde há pouca oferta de água no rio. “A integração entre rodovias, hidrovias e ferrovias facilitaria a distribuição logística de produtos de consumo nas cidades”, destaca. Para Delijaicov, as cidades tenderam, ao longo da história, a construir canais cobertos e ig-
norar os potenciais de navegação. “Poderíamos, em vez de tampar o rio, investir na navegação fluvial. Isso seria diferencial competitivo, por exemplo, para o transporte de cargas públicas”, ressalta. Dentre essas cargas, com potencial transporte pelas hidrovias, estão o sedimento de dragagem, o lodo das estações de esgoto, entulhos, movimento de terras e escavações. HIDROANEL Delijaicov integrou o grupo de professores que desenvolveu o projeto do Hidroanel, em São Paulo. A ideia é criar–cominvestimentomédio de R$ 2 bilhões - uma rede de vias navegáveis formada pelos rios Pinheiros e Tietê e pelas represas Billings, Taiaçupeba e Guarapiranga, que irão integrar mais de 170 quilômetros de hidrovias urbanas. Com pelo menos três canais (um central de navegação e drenagem e outros dois, às margens, com túneis para o esgoto), o Hidroanel teria ainda a facilidade de integrar a população nessas regiões. “Os rios das metrópoles precisam também ser pensados como locais de uso para as pessoas também”, argumenta. Apropostadoprojetopaulista é despoluir especialmente os rios, especialmente o Tietê, para criar rotas de transporte de cargaedepassageiroem17cidades. Ao longo dos rios também serão instaladas“ilhas”dereciclagem de resíduos sólidos. “É como se entrasse a linguiça e saísse o porco”, brinca, sobre a possibilidade de reaproveitar o lixo.
O eixo do Rio São Francisco é extraordinário para navegação de cargas e passageiros
DIVULGAÇÃO
Para Alexandre Delijaicov, ainda há muito potencial para ser explorado nas hidrovias do estado
Solução - O transporte hidroviário é a alternativa para o transporte de cargas e de passageiros - Reduz o custo logístico para as empresas, além de menor impacto no meio ambiente - Através de hidrovias, é possível promover a integração com outros modais de transporte, como o rodoviário e o ferroviário - Para o Rio São Francisco, canais laterais permitiriam a navegabilidade até em período de seca, avalia Delijaicov
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Projeto do Hidroanel em São Paulo: integração com moradores
14 | Agenda Bahia
CORREIO Salvador, domingo, 16 de novembro 2014
desenvolvimento regional*
Criatividade é valor Cidade ganha econômica e socialmente quando é espaço de inteligência coletiva e colaborativa ARISSON MARINHO
Flávio Oliveira Como é a cidade em que você quer viver? O que você faz individualmente para fazer da sua cidade aquela na qual quer viver? Essas são as duas perguntas que os cidadãos devem se fazer para construir uma cidade criativa, segundo Ana Carla Fonseca, consultora da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o tema Economia Criativa. Ana Carla participou do Fórum Agenda Bahia, na terça-feira, com a palestra Cidades Criativas e Inteligência Urbana. A criatividade, segundo especialistas em Recursos Humanos, é um valor cada vez mais exigido dos trabalhadores, seja para inovar processos, seja para criar produtos e serviços que façam as empresas conquistarem novos mercados. Só que uma cidade também pode ser criativa. Quando se transforma em um ambiente propício à criatividade, ou seja, inspire novos olhares e vivências de seus habitantes, levando-os a serem individualmente criativos. CONCEITO Em sua palestra, Ana Carla destacou que municipalidades de todo o mundo trabalhavam de forma diferente o conceito de cidade criativa. Foi quando, em 2008, por uma iniciativa dela, especialistas de 18 países se reuniram para estabelecer padrões para caracterizar uma cidade como criativa. Foram identificados três traços. O primeiro deles é a inovação. Não importa se grandes ou pequenas, a adoção de soluções inovadoras contribui para melhorar a vida das pessoas. Para este fundamento, a consultora da ONU citou três exemplos. Em Pequim, na China, havia dificuldade em engajar
as pessoas em uma política para a reciclagem de garrafas Pet. Logo, instalaram máquinas nas estações de metrô onde os cidadãos entregavam as garrafas usadas em troca de descontos nas passagens do transporte. Quanto maior o peso total das garrafas plásticas entregues, maior o desconto. “Essa experiência é legal pois permite às pessoas enxergarem um valor para uma ato de sustentabilidade”. avalia. Outro exemplo citado foi o de aluguel de carros elétricos em Paris (França), e de uma bicicleta desenvolvida na Dinamarca que acumula a energia gerada pelo usuário em uma bateria, automaticamente acionada em momentos em que o ciclista demonstra cansaço ou necessidade de esforço adicional. CONEXÕES O segundo pilar da cidade criativa são as conexões que permitem a integração entre vários setores do município e entre habitantes de diferentes níveis sociais e culturais. “As conexões têm de se dar em 360°. Muitas cidades são feitas de ilhas que precisam se relacionar. Só existe criatividade com diversidade”, pontuou. O terceiro ponto em comum é a cultura local. Elemento que, segundo ela, transforma a cidade em um espaço de inteligência coletiva e colaborativa. No caso das conexões, ela citou como exemplo projeto de Londres (Inglaterra) que transformou moradores de rua em guias turísticos, diminuindo a tensão entre os sem teto e as famílias que habitam aqueles endereços. Já no caso da cultura, citou projetos de Dublin (Irlanda) e Lima (Peru), em que o poder público se dispõe a ouvir as sugestões dos moradores para implementar intervenções urbanas e políticas públicas.
Ana Carla é consultora da ONU para Economia Criativa
Muitas cidades são feitas de ilhas que precisam se relacionar. Só existe criatividade com diversidade Ana Carla Fonseca, consultora da ONU CONEXÕES
Carnaval de Salvador pode ajudar a desenvolver novas indústrias Especialista em Economia Criativa, Ana Carla Fonseca falou também sobre as potencialidades de Salvador. Economia criativa é a denominação dada a todo empreendimento que gera riqueza baseada na criatividade - criação de música, filmes, software, roupas, etc. Para ela, o Carnaval é uma força poderosa para desenvolver diferentes indústrias criativas locais. Por isso, recomenda que a festa seja uma ponta de lança para divulgar outras artes e artistas baianos. Ana Carla sugeriu a criação de circuitos musicais, para levar turistas e habitantes da cidade para comunidades fora do trajeto carnavalesco para ouvir a produção musical feita nesses espaços
não necessariamente ligada aos ritmos momescos. Também sugeriu que os abadás dos blocos sejam criados por estilistas locais com o uso de materiais tipicamente usados no artesanato baiano. Uma terceira sugestão foi a de que a decoração dos trios elétricos seja feita por grafiteiros que se manifestam nos muros de Salvador. “Toda esta exposição do Carnaval vai sim carrear outros movimentos”, garantiu. Em entrevista após a apresentação, ela disse que o Carnaval é um exemplo de como a cultura pode produzir o contato entre pessoas de diferentes níveis sociais da cidade, fator essencial para produzir uma cidade criativa.
@ Dublin (Irlanda) Desenvolveu o projeto Beta Macro. Trata-se de uma área onde a municipalidade investe em soluções baseadas nas sugestões de seus moradores. Uma das propostas adotadas foi a abertura dos espaços reservados para estacionamento para intervenções artísticas, colorindo área que seria sempre cinza.
Pequim (China) Um problema que exigiu solução inovadora foi como engajar os cidadãos à política de reciclagem de garrafas plásticas (Pet). Para alcançar o objetivo, foram instaladas máquinas coletoras em estações do metrô. Essas máquinas pesam as garrafas entregues. Quanto maior o peso somado das garrafas recolhidas maior o desconto obtido na passagem do metrô.
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São Paulo (Brasil) Sampa Criativa, uma parceria do Garimpo de Soluções e da Fecomércio, ouviu, durante seis meses, sugestões de moradores para melhorar a cidade. Uma das propostas que estão sendo desenvolvidas é a disponilização de equipamento de GPS para que corredores de rua identifiquem à compainha responsável a localização de bueiros entupidos ou com vazamento de gás. @
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CORREIO Salvador, domingo, 16 de novembro 2014
Agenda Bahia | 15
Lixo vira dinheiro
Prefeitura quer aumentar reciclagem de resíduos de 10% para 46% e injetar R$ 2,5 bi na economia da cidade ARISSON MARINHO
Monique Lôbo Com uma população estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2.902.927 pessoas, Salvador produz, em média, 70 toneladas de resíduos sólido por mês. Mas apenas 10% desse total é reciclado. Em palestra no Fórum Agenda Bahia, o secretário municipal de Cidades Sustentáveis, André Fraga, anunciou que a prefeitura pretende aumentar esse alcance para 46,37%, e reciclar 34.635,24 toneladas de lixo por mês. Com a nova estimativa, Salvador teria R$ 2.464.875,85 por mês injetados em sua economia a partir do lixo. Para alcançar a meta, André Fraga explicou que a prefeitura vai realizar um programa de coleta seletiva, que começa a ser implementado ainda este mês, com o objetivo de transformar resíduos sólidos em dinheiro. “Não temos políticas públicas de coleta de lixo. Com a nova proposta de coleta seletiva vamos fazer com que o resíduo vire dinheiro”, explicou Fraga. COLETA O novo programa vai ser baseado em três pilares: a demanda reprimida, os catadores avulsos e as 18 cooperativas que existem atualmente na cidade. “Identificamos que muita gente já faz a separação em casa, mas não tem um espaço para deixar. E também tem as ações pontuais com os catadores e as cooperativas”, apontou. As estratégias do programa também estão divididas em três etapas. A primeira delas, que já começa a ser executada a partir da segunda quinzena de novembro, compreende a criação de 200 pontos de entrega de resíduos na cidade. O material recolhido vai ser direcionado para cooperativas para que elas possam ampliar sua renda e ter uma participação mais ativa. “Essa etapa começa a trabalhar a mobilização social. Já temos até parcerias com empresas, como a Coelba, por exemplo, que vai colocar alguns desses pontos para que as pessoas possam ter descontos na sua conta de energia”, revelou. A segunda estratégia vai responsabilizar os grandes geradores de resíduos para que viabilizem a coleta, transporte e destinação do próprio lixo. Segundo o secretário, essa etapa começa a valer a partir de 1º de janeiro de 2015. A alternativa oferecida pela prefeitura é que as empresas implementem programas in-
Secretário André Fraga garantiu que as primeiras ações para coleta seletiva começam este mês
Nossa meta é chegar ao nível das cidades europeias. Lá, se o cidadão não separa o lixo é multado em 200 euros ternos de coleta seletiva e reduzam a produção de lixo para até 300 litros por dia. Assim, podem voltar a contar com a coleta pública. “Os grandes geradores vão ter duas opções: ou fazem toda a logística do recolhimento do seu lixo ou implementam programas de coleta seletiva”, argumentou. EM CASA A terceira etapa é o grande desafio do programa: a coleta seletiva porta a porta. O objetivo dessa estratégia é transformar o recolhimento de lixo em uma política de coleta seletiva semanal. “Vai ser como já é feito com o lixo comum, as pessoas terão o dia específico para colocar o material reciclável para o caminhão passar e pegar”, explicou o secretário. Essa etapa do programa é a que está menos adiantada, com previsão para o início da implementação em 2016. “Estamos finalizando o orçamento e buscando financiamento, porque é um projeto complexo de logística”, disse Fraga. O secretário falou que a prefeitura optou por gastar mais tempo no planejamento para poder identificar as demandas da cidade e as melhores formas de solucioná-las. “O contexto da coleta seletiva de Salvador é outro, mas a nossa meta é chegar ao nível das cidades europeias. Lá, se o cidadão não separa o lixo, ele pode ser multado em € 200”, contou. E o exemplo vai ser seguido por aqui. O secretário confirmou o anúncio feito pelo prefeito ACM Neto, durante o Agenda Bahia, de que, a partir de 2015, quem for flagrado jogando lixo na rua será multado. “A Semop [Secretaria Municipal de Ordem Pública] é que está operando isso com a Limpurb. Vão ter agentes nas ruas que vão multar as pessoas”, adiantou.
Reciclagem
- Prefeitura começa a implantar este mês sua política de reciclagem do lixo: 200 pontos na cidade irão oferecer coleta seletiva dos resíduos sólidos - Grandes geradores terão que arcar com a destinaççao dos resíduos sólidos - Até 2016, haverá coleta seletiva porta-a-porta em Salvador - Quem jogar lixo na rua será multado em cerca de R$ 1 mil
Cidade sueca envia apenas 1% do lixo para aterro Antes da apresentação do secretário André Fraga, a chefe de Mercados Emergentes da SP Technical Institute of Sweden, Jessica Magnusson, apresentou o modelo sueco de gestão sustentável dos resíduos sólidos. Na cidade de Boras, 99% do lixo é reaproveitado, e apenas 1% vai para os depósitos de resíduos. Esse resultado só é possível atualmente porque houve investimento há mais de 30 anos e uma planejamento na direção certa. “Não pensem que para vocês isso será impossível. Para a gente também não foi fácil. É preciso começar”, adianta Magnusson. Do material reaproveitado em Boras, quase 50% é utilizado
na produção de energia, cerca de 20% para reciclagem biológica (que se transforma em biogás) e 30% para a reciclagem de materiais. “Uma parte vai para os combustíveis, mas é combustível de uma forma boa, que contribui muito pouco para a poluição do ar”, disse Jessica. A cidade sueca está acima da média europeia que, em 2010, reciclou aproximadamente 60% do lixo produzido. A cidade de Freiburg, na Alemanha, por exemplo, consegue reaproveitar 69% dos resíduos, como informou o gerente da Academia de Inovação de Freiburg, Steffen Ries. Se Boras for comparado aos Estados Unidos, a
diferença é ainda maior, já que a potência global jogou, em 2010, mais de 50% dos seus resíduos sólidos em aterros. Para o secretário municipal de Cidades Sustentáveis, André Fraga, os exemplos são inspiradores, mas precisam ser vistos com cautela. “Eles começaram na década de 60 e em 90 já estavam multando as pessoas, responsabilizando o cidadão pelo lixo. Estamos começando. Precisamos beber dessas fontes. Mas Salvador está em outro contexto e passou por um momento difícil”, disparou. Para o alemão Steffen Ries, o mais importante é dar o primeiro passo. “Tudo leva tempo, mas é necessário paciência”, concluiu.
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CORREIO Salvador, domingo, 16 de novembro 2014
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