Correio da Venezuela 215

Page 1

Basebol em crescendo

Na Madeira, a modalidade dos lusovenezuelanos não pára de crescer. Já há 5 equipas e 115 praticantes . p. 29

Poucas opções de férias As famí lias revelam que falta tempo e dinheiro para fazer turismo na Venezuela p. 10

Gastronomia aproxima

A Câmara Nacional de Restaurantes quer incluir mais produtos portugueses p. 21

En la Edición 216 Suplemento 38 Aniversario de www.correiodevenezuela.com

O jornal da comunidade luso-venezuelana

Depósito LegaL: 199901DF222 - pubLicação semanaL ano 07 – N.º 215 caracas, 12 a 18 De JuLHo De 2007 - VenezueLa: bs.: 1.500,00 / portugaL:

Famí lias inteiras estão de regresso a Portugal Em Barquisimeto, o cô nsul Pedro Ferreira confessa preocupação em relação a este fenó meno, que atinge também outras cidades p.11

0,75

Portugal anuncia as novas sete maravilhas O mundo esteve de olhos postos no Estádio Luz no sábado 7/7/2007 p.15

Teresa Salgueiro está de regresso

Insegurança afasta muitos associados Em Maracaibo, a Casa de Portugal está reduzida a 10% dos só cios

p. 4

A figura dos Madredeus volta a actuar em Caracas, na UCV p. 32


2

EDITORIAL

CORREIO DA VENEZUELA

12 A 18 DE JULHO DE 2007

Emigração e Turismo Director: Aleixo Vieira Subdirector Agostinho Silva Coordenação em Caracas Délia Meneses Jornalistas: António da Silva, Jean Carlos de Abreu, Érika Correia, Tábita Barrera, Tomás Ramirez, Katiuska Martins, Sandra Rodríguez, Victoria Urdaneta Correspondentes: Carlos Balaguera (Maracay e Valencia) Carlos Marques (Mérida) Trinidad Macedo (Barquisimeto) Colaborações: Raúl Caires (Madeira) António de Abreu, Arelys Gonçalves Luis Jorge, Luís Barreira, Álvaro Dias, Jesús Pérez Perazzo, Antonio López Villegas. Gerente Executivo Aurelio Antunes Contabilidade Sandra Agosta Publicidade e Marketing: Carla Vieira Ventas Ricardo de León Relaciones Públicas María Amelia da Rocha Eventos Yamilem Gonzalez Preparação Gráfica: DN-Madeira Produção: Elsa de Sá Secretariado: Enmanuel Vieira Fotografia Paco Garrett Distribuição: Juan Fernández e Enrique Figueroa Impressão: Editorial Melvin C. A Calle el rio con Av. Las Palmas Boleita Sur - Caracas Venezuela Endereço: Av. Principal Las Mercedes. Edif. Centro Vectorial (Banco Plaza). Pent House, Urb. Las Mercedes, Baruta Caracas (Ao lado de CONAVI). Telefones: (0212) 9932026 / 9571 Telefax: (0212) 9916448 E-mail: correio@cantv.net URL: www.correiodevenezuela.com Tiragem deste número: 15.000 exemplares Fontes de Informação: Agência de Notícias Lusa, Diário de Notícias, Diário de Notícias da Madeira, Ilhapress, Portuguese News Network e intercâmbio com publicações em língua portuguesa, de diferentes partes do Mundo.

o arranque de mais um período de férias, com muitos emigrantes a retornarem a Portugal e em particular à Madeira, será oportuno voltar a reflectir sobre a política de turismo na vertente do mercado da emigração. No caso concreto da Madeira, não se conhecem quaisquer iniciativas por parte das entidades governamentais ou privadas, na área do Turismo, tendentes a aproveitar as enormes potencialidades do turismo da emigração. Felizmente, longe vão os tempos em que as visitas ou viagens de regresso à terra natal se resumiam a momentos emocionais, de tristeza ou de alegria. Felizmente, hoje há um significativo nú mero de "novos turistas", a que a Região Autó noma da Madeira pura e simplesmente não liga. O que chega a ser chocante, pelo potencial desperdiçado. Ao contrário do que se passa com outros nichos de mercado, de certeza absoluta menos rentáveis na perspectiva turística, os países de emigração não têm nenhum programa especificamente preparado para eles. Ninguém pretende um tratamento diferente. Ape-

N

nas as mesmas atenções e profissionalismo, sob pena de muitos conterrâ neos - sobretudo os das segunda e terceira gerações - continuarem a interiorizar que a Europa turística começa em Espanha. Partindo do princípio que ninguém ousará duvidar do potencial financeiro de uma larga faixa da comunidade madeirense na Venezuela, não se percebe por que esperam as autoridades da Madeira. Já começa a cansar ver a Madeira dizer que as culpas são sempre dos outros... Ainda recentemente a nova secretária regional do Turismo esteve na Venezuela, onde reclamou tarifas mais econó micas aos operadores aéreos. Nada mais oportuno. Mas falta o resto: onde estão as campanhas turísticas e a sensibilização deste mercado? Com todo o respeito pelas famílias, não deverá caber aos pais a tarefa de cativar os filhos a visitarem a sua terra natal. Em muitos casos, a informação que dispõem está desactualizada. Por outro lado, este novo segmento turístico não pede compaixão. Exige, isso sim, um profissionalismo que os trate como são tratados noutras regiões turísticas.

O cartoon da semana - Na Madeira os turistas são recebidos no aeroporto com flores...

- É mais ou menos o que se passa com os emigrantes, que são recebidos pela polícia alfandegária!!

A semana Muito Bom A VII Edição do Festival da Canção Feceporven demostrou ser uma iniciativa de grande significado para a actividade associativa portuguesa, que fomenta a união entre os clubes participantes e pode converter-se numa referência de surgimento de novos talentos. Uma maneira de reunir jovens com aptidão para o canto que nascem dos próprios centros sociais. Nesta oportunidade foram premiadas 25 vozes entre os 46 concorrentes.

Bom Nesta edição noticiamos a iniciativa de várias empresas privadas venezuelanas e portuguesas que recentemente entregaram donativos no sentido de ajudar na implementação da modalidade de baseball na ilha da Madeira. Esta actividade, que começou sob a forma de "caimaneras" para matar as saudades, já conta com cinco equipas constituídas, envolvendo um total de 115 jovens, e uma verdadeira paixão de venezuelanos que aumenta cada dia que passa e que pode vir a dar o impulso definitivo à modalidade.

Mau A situação precária por que passam os clubes menos privilegiados do país, como é o caso da Casa de Portugal em Maracaibo. Este centro encontra-se actualmente sem actividade, devido principalmente à insegurança que se regista na zona onde está situado o clube e pelos múltiplos assaltos que têm acontecido dentro das suas instalações, o que fez com que a maioria dos sócios se afastasse. Oxalá que o novo cônsul honorário, conjuntamente com a importante comunidade lusa que reside em Maracaibo, possa ajudar a mudar esta situação a favor de todos.

Muito Mau A imprudência nas estradas, provocada pelo excesso de velocidade ou pelo consumo exagerado de bebidas alcoólicas, quando se tem a responsabilidade de conduzir, tem ceifado muitas vidas injustamente. O caso ocorrido a semana passada tocou particularmente aos frequentadores do clube de Macaracuay, perante a morte de um dos seus sócios, exactamente por causa de um acidente de viação. Um jovem desportista que foi vítima da inconsciência de outro condutor.


12 A 18 DE JULHO DE 2007 CORREIO DA VENEZUELA

actual

3

Filho do 'Abelhinha' morre em acidente de viação Jovem teve morte instantâ nea apó s ser projectado pelo pára-brisas do veículo que conduzia. Tomás Ramí rez

tramirez@correiodevenezuela.com

oward de Castro, de 26 anos de idade, teve na madrugada do sábado morte instantâ nea na sequência de um brutal acidente de viação ocorrido pelas 3 horas, na Avenida Francisco de Miranda, perto da zona do hotel Four Seasons, em Altamira. De acordo com várias testemunhas, o filho de conhecidos empresários madeirenses radicados na Venezuela foi projectado pelo pára-brisas quando o veículo em que seguia foi colhido por uma carrinha. Em consequência de uma queda desamparada sobre o asfalto, o jovem sofreu graves lesões cranianas, que determinaram imediatamente a sua morte. A colisão ocorreu pouco depois do filho de Mateus de Castro ter dado boleia a um amigo até à urbanização Chacao. Foi quando se dirigia para casa que o jovem, que não tinha o cinto de segurança colocado, sofreu o acidente de viação. Ao que tudo indica, o veículo causador do acidente era conduzido por uma mulher que, segundo testemunhas, seguia em excesso de velocidade

H

O agrupamento deixou que o despique brilhasse entre as actividades da jornada.

Um arraial diferente A jornada festiva esteve marcada pela ausência de um dos seus só cios mais queridos Apó s um minuto de silêncio obseros tradicionais pratos da gastronomia madeirense, passando pela vado em memó ria do jovem, o arraial mú sica ao vivo até aos bailes do evoluiu normalmente num ambiente de grupo folcló rico Danças e Canta- colaboração e solidariedade. A Banda Reres, desfrutaram os só cios do Centro Portu- creativa Madeirense animou a tarde com guês no habitual Arraial do Dia da Madei- peças clássicas da mú sica do mundo à mera. Foi uma jornada de festa e de fraternida- dida que os comensais desfrutavam da gasde entre as barracas de cada freguesia, mas tronomia típica da ilha da Madeira. Alguns minutos mais tarde, o grupo também marcada por um sentimento de tristeza geral pela ausência de um dos seus folcló rico Danças e Cantares surgiu com mais queridos só cios, Howard Castro. O a sua mú sica e cor dando uma volta em jovem futebolista que cresceu praticamente torno da piscina. Também desfilaram as no centro morreu na madrugada de sábado, charolas de frutas e as ovelhas. O agrupamento tomou conta do cenário e deixou na sequência de um acidente de viação. O evento começou às primeiras horas que o despique brilhasse entre as actividades da jornada, enquanto que o da tarde com uma afluênpopular Manica tosquiava uma cia atípica para esta celeovelha em pleno palco. bração. Muitos dos só cios O grupo folcló rico Juan Sidó nio, membro da bado clube, que habitualDanç as e Cantares rraca de Câ mara do Lobos, comente frequentam o CP mentou que já participa há 15 anos aos fins-de-semana, consurgiu com a sua Arraial do Dia da Madeira pacentraram-se primeiro no mú sica e cor dando uma no ra colaborar com as organizações cemitério para prestar uma ú ltima homenagem volta em torno da piscina. de beneficência. "Temos a nossa 'zapata' tradicional, pernil, a nossa ao jovem falecido, que carne de vinho e alhos, a poncha contava apenas 26 anos de tradicional de Câ mara do Lobos, chichaidade. O presidente do clube, João da Silva rros e estamos às ordens das instituições Gonçalves, observou que a festa tinha sido que precisem do nosso trabalho", comenbem preparada, mas acabou por "sofrer tou Sidó nio. Por seu turno, Fernando Gregó rio um duro golpe com a morte de Howard", dado que se verificou uma menor partici- Gonçalves, natural da Ribeira Brava, oferecia cordeiro e atum a todos aqueles que pação do que é habitual. "Independentemente desta desgraça, passavam pela sua barraca, do Campanário, o clube é o clube, a vida continua e os mo- de onde é natural. "Os da Ribeira Brava mentos difíceis têm de ser superados com não queremos que a freguesia seja simplesmuita paixão e com muito carinho pelos mente uma cidade, senão que automaticademais. O CP é uma grande família e te- mente passe a ser capital de Portugal", iromos que continuar lutando pela união", nizou. acrescentou.

D

e não respeitou o sinal vermelho. O malogrado jovem, que trabalhava com a mãe na fábrica da família, de confecção de peças de vestuário, era um comerciante empreendedor, só cio de uma loja de bebidas conceituada. Além disso, o filho do famoso jogador de futebol, conhecido por "Abelhinha", também costumava jogar nos torneios da equipa Goal da categoria livre do Centro Português, em Caracas. O funeral do filho de emigrantes naturais do Funchal realizou-se domingo pelas 10 horas com uma enorme concorrência de amigos e conhecidos.

Um madeirense de 41 anos foi esfaqueado quando saí a do trabalho Filipe Gonçalves

m homem de 41 anos foi assassinado na Venezuela, na madrugada da passada quarta-feira. O homicídio aconteceu quando Manuel Guido Pereira, natural do sítio do Pico, São Jorge, saía do estabelecimento comercial onde é gerente com o dinheiro obtido ao longo do dia. Foi nessa altura que o madeirense foi surpreendido por um grupo de ladrões que lhe roubaram o dinheiro, contou a irmã ao DIÁRIO. Algumas testemunhas contaram à família que depois meteram Manuel Guido dentro de uma viatura

U

arrancaram a toda a velocidade. Foi já no interior do carro que o emigrante foi assassinado. O madeirense, radicado na Venezuela há quase 25 anos, foi encontrado degolado, com sete golpes profundos no corpo, a escassos metros do estabelecimento comercial de que era responsável. Ainda chegou a ser assistido no hospital mas acabou por não resistir aos ferimentos provocados pelo objecto cortante. A ú ltima vez que Manuel Guido Pereira esteve na Madeira foi há 15 anos. Além da mulher, deixa também três rapazes, todos menores, com 6, 9 e 14 anos.


4

venezuela

CORREIO DA VENEZUELA 12 A 18 DE JUNHO DE 2007

Insegurança afasta sócios da Casa de Portugal Carlos Marques

aracaibo foi a ú ltima cidade que visitada pela Secretária Regional do Turismo e dos Transporte, Conceição Estudante, no passado fim-de-semana. Antes já tinha passado por Caracas, Maracay e Valência. Na ú ltima paragem do périplo realizado a propó sito das comemorações do Dia da Região Autó noma da Madeira na Venezuela, Estudante ficou a conhecer o importante centro petrolífero e a segunda maior cidade do país. Mas também tomou conhecimento da situação precária que atravessa actualmente a Casa de Portugal, em Maracaibo. O clube encontra-se sem actividades há algum tempo, devido à situação de insegurança que reina na zona, onde os mú ltiplos assaltos que se vêm verificando não pouparam sequer as instalações deste centro social, que permanece agora praticamente sem só cios. Os mais de 200 associados, atemorizados, decidiram deixar de frequentar a casa. Só um 10% dos só cios usa esporadicamente as suas instalações. Uma das actividades que tem conseguido sobrevi-

M

PUBLICIDADE

ver na Casa de Portugal é aquela que é protagonizada pelo Grupo Folcló rico, que assiste regularmente a festas e diversos encontros culturais. Actualmente, estuda-se a possibilidade de transferir o centro para um lugar mais seguro e acessível para a comunidade "luso-marabina", que está composta por mais de oito mil portugueses. Comunidade integrada Num balanço da visita à Venezuela, Conceição Estudante observou que a comunidade madeirense conseguiu uma integração importante em todas as áreas da sociedade do país, pelo que não se evidencia uma situação de preocupação importante em torno da mesma. No entanto, advertiu que no ponto de vista cultural é possível fazer ainda muito mais. "Énecessário fomentar um maior intercâ mbio no â mbito da cultura, assim como promover a participação da comunidade portuguesa no seu país de origem no que se refere à área dos negó cios". Falou também em melhorar as relações entre Portugal e Venezuela no aspecto turístico e de aumentar a frequência das visitas entre os dois países. Estudante adiantou que está previsto efectuar vários inter-

Conceição Estudante com representantes da comunidade "luso-marabina".

câ mbios com o apoio da Embaixada de Portugal na Venezuela, entre eles, uma feira portuguesa que se realizará de 1 a 4 de Novembro na Universidade Metropolitana, onde estarão patentes demonstrações de produtos portu-

gueses para a importação. Em Maracaibo, o acto oficial teve lugar no Restaurante "El Fogó n", em Las Delicias, ao qual assistiram aproximadamente 70 pessoas, entre elas o Cô nsul Honorário de Portugal em Maracaibo, João

da Silva Pereira, o Conselheiro das Comunidades Madeirenses, Virgílio Teixeira, e Odete Martins, Directora do Grupo Folcló rico Casa de Portugal, que apresentou um variado repertó rio de danças madeirenses e continentais.


12 A 18 DE JULHO DE 2007 CORREIO DA VENEZUELA

PUBLICIDADE

5


6

venezuela

CORREIO DA VENEZUELA 12 A 18 DE JULHO DE 2007

"A luta contra o sequestro continua" Autoridades portuguesas e venezuelanas explicam as medidas que actualmente estão a ser implementadas para atacar a 'indú stria' do sequestro Victoria Urdaneta Rengifo

vurdaneta@correiodevenezuela.com

ntre os temas que na actualidade são prioritários tanto para a Venezuela como para Portugal está a luta contra o sequestro. O embaixador de Portugal na Venezuela, João Caetano da Silva, explicou ao CORREIO que estão a ser tomadas algumas medidas para tentar atenuar os sequestros, raptos e extorsões, crimes dos quais são vítimas frequentes os membros da comunidade luso-venezuelana. "Temos tratado de cooperar de diversas maneiras e, quanto a medidas recentes, iniciámos os contactos sobre os sistemas de segurança durante a visita do secretário de Estado das Comunidades, Antó nio Braga", disse. O embaixador português sublinhou depois que "a luta contra o sequestro é para continuar". O caso foi estudado em profundidade com Pedro Carreño, chefe do Ministério

E

PUBLICIDADE

do Poder Popular para Relações Interiores e Justiça, juntamente com os directores da polícia venezuelana, "para se ter uma colaboração mais estreita e concreta", explicou. Além disso, assegurou o diplomata, "a nível de Estado serão constituídas comissões mistas para temas como a troca de presos e extradiçõ-

O embaixador portuguê s sublinhou depois que "a luta contra o sequestro é para continuar es, com o objectivo de se progredir num conjunto de temas de interesse tanto para a Venezuela como para Portugal". Para este Verão já se espera a chegada de um inspector da Polícia Judiciária portuguesa, que ficará sedeado na embaixada da Venezuela, para colaborar nas investigações cri-

minais relacionadas com a comunidade. O secretário de Estado da Justiça, João Tiago Silveira informou que "será oferecida formação em matéria de sequestros e raptos às autoridades de investigação criminal da Venezuela". Por parte das autoridades venezuelanas, Guido de Freitas, deputado da Assembleia Nacional, e quem vem integrando as comissões de cooperação com Portugal, expressou o seu optimismo "pela aliança que se está reforçando na luta contra o sequestro e o narcotráfico". Freitas afirmou ainda que tem sido prestado apoio por parte de autoridades portuguesas. "Ainda que a Repú blica Bolivariana esteja a trabalhar com todos os países europeus, no caso de Portugal já assinámos um acordo com o embaixador e se estabeleceu uma amizade parlamentar Venezuela-Portugal, para tornar mais estreita a relação e mais específicas, mais palpáveis, os esforços de cooperação".

Deputado Guido de Freitas

Embaixador João Caetano da Silva


12 A 18 DE JULHO DE 2007 CORREIO DA VENEZUELA

Portugal e Venezuela analisam narcotráfico

VENEZUELA

7

Autoridades portuguesas e venezuelanas explicam as medidas que actualmente estão a ser implementadas para atacar a 'indú stria' do sequestro Victoria Urdaneta Rengifo

vurdaneta@correiodevenezuela.com

om o fim de analisar temas relacionados com narcotráfico, decorreu em Lisboa uma reunião que juntou secretário de Estado da Justiça de Portugal, João Tiago Silveira, e os representantes da Oficina Nacional Antidrogas (ONA), o Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (CICPC), assim como o Ministério Pú blico e fiscal geral. O encontro na capital portuguesa surgiu no â mbito dos planos para a luta contra o tráfico de drogas pois, como declarou Silveira, "é uma realidade que estamos enfrentando e atacando. A Venezuela e Portugal estão numa situação semelhante por serem lugares por onde passa a droga". A reunião serviu, também, para reforçar as conversações que as autoridades de ambos países mantiveram a 24 de Maio, na Vene-

C

zuela, com a participação do presidente da ONA, Néstor Reverol Torres e a delegação diplomática portuguesa encabeçada pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Antó nio Braga.

A reuniã o serviu, també m, para reforç ar as conversaç õ es que as autoridades de ambos paí ses mantiveram a 24 de Maio, na Venezuela Nessa ocasião, também marcou presença o embaixador de Portugal na Venezuela, João Caetano da Silva, juntamente com o directorgeral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas, José Manuel da Costa Arsénio, o director nacional-adjunto da Direc-

ção Central de Investigação do Tráfico de Estupefacientes, José Brás; e o Embaixador da Venezuela em Lisboa, Lucas Rincó n Romero. Para aprofundar o trabalho em curso entre os dois países, Filipe Costa adiantou ao CORREIO "que os directores do CICPC e da ONA reunirão em Lisboa com a Polícia Judiciária / Ministério da Justiça no pró ximo dia 17 de Julho, com o objectivo de implementar o combate conjunto ao narcotráfico e a cooperação no combate à criminalidade, nomeadamente a que afecta especialmente a comunidade portuguesa radicada na Venezuela". Silveira opina que, como secretário de Estado da Justiça, esta é uma excelente oportunidade para "propiciar a colaboração dos dois estados com a finalidade de compreender melhor a problemática e combatê-la com maior eficácia. Por essa razão estou seguro que podemos trabalhar juntos para encontrar soluções". PUBLICIDADE


8

CÂMARA DE LOBOS

CORREIO DA VENEZUELA 12 A 18 de JULHO de 2007 PUB

Festas de Verão

e do Peixe-espada preto Marchas Populares de São Pedro encheram as ruas da cidade As marchas populares proporcionam enorme colorido e animação às Festas de Verão e do Peixe-Espada Preto, sendo mesmo um dos principais cartazes deste certame. Desfilaram no dia 28 de Junho, cerca de 300 figurantes, divididos em 8 grupos representativos de diversas instituições sociais e culturais do concelho. Foi com visível entusiasmo que largas centenas de pessoas encheram as ruas da cidade câ mara-lobense para participar nas festividades de São Pedro. As Festas de Verão incluíram ainda a realização de uma exposição da Direcção Regional de Pescas e a atribuição do Prémio de Produtividade e Homenagem ao Pescador. No dia 29 teve lugar o concurso de vozes "Revelações de Verão", ao qual se seguiu as actuações dos Crazy Dancers e Onda Azul. O programa das Festas prolongou-se até 1 de Julho, com várias iniciativas musicais e culturais. PUB


12 A 18 de JULHO de 2007 CORREIO DA VENEZUELA

CÂMARA DE LOBOS

9

Festa Cereja Nos dias 16 e 17 de Junho teve lugar a XVIII Edição da Festa da Cereja, na freguesia do Jardim da Serra. Uma iniciativa da Casa do Povo local e apoiada pela Câ mara Municipal. Este certame visa dar a conhecer as potencialidades gastronó micas da cereja.


10

VENEZUELA

CORREIO DA VENEZUELA 12 A 18 DE JULHO DE 2007

Seja por falta de tempo, dinheiro, ou pela insegurança, os pais não sabem onde levar as crianças para se divertirem e conhecerem novos lugares.

Férias de Verão com poucas opções Num país rico em 'llanos', praias e selvas, são muitas as opções que oferecem para um merecido descanso, mas as famílias revelam que falta tempo e dinheiro para fazer turismo na Venezuela. tudo", descreve. Além destas dificuldades, as despesas a efectuar tão-pouco resultam atractivas chegada do mês de Agosto, a para os pais. "Entrar em alguns parques par das férias de escolares, é pa- custa entre 30.000 a 50.000 bolívares por ra alguns um momento de des- criança, sem contar com o preço que os canso enquanto que para outros pais têm de pagar para ter acesso ao a época converte-se num sofrimento. mesmo lugar, e a comida que se consuSeja por falta de tempo, dinheiro, ou me". Por todas estas razões, a família Rodrípelo medo da insegurança, não sabem onde levar as crianças para se diverti- guez decidiu inscrever a sua filha num acampamento que durará duas semarem e conhecerem novos lugares. Tal é o caso de Karina Rodríguez, nas, e onde se encarregarão dela duranresidente em la Florida, Caracas, que as- te todo o dia, levando-a ao cinema, teasegura que na capital não existem luga- tro, às grutas do Cafetal, etc. Pelas mesmas dificuldades passa, res suficientes para a recreação das crianças, apenas lugares muito específicos quando chegam as férias, Sandra de que são frequentados quase sempre por Abreu, mãe de um menino de quatro anos. Residente em Guatire, tem de sutodos. "Parece-me que não há variedade. bir a Caracas quando pode para conseguir desfrutar com o filho Conta-se pelos dedos de e o marido, pois o seu trauma mão os sítios bons para balho não lhe permite parse levarem crianças a se ditilhar muito tempo com a vertirem", lamenta RodríOs parques mais família durante a semana. guez, explicando que leva procurados pelos "Existem lugares, mas a filha de quatro anos e o são sempre os mesmos desbebé de um ano a parques pais sã o os que de há muitos anos, como o didácticos, mas às vezes senestã o dentro da Ávila, o Parque Los Chote "uma certa monotonia". cidade e redondezas . rros, Parque del Este", diz, Os parques mais procureclamando novos atractirados pelos pais são os que vos. "Quando vamos de féestão dentro da cidade e rerias, escolhemos geralmendondezas como: Baby Gym, Danny's Park, situado em Terrazas del te Caracas ou pró ximo da capital. VaClub Hípico, Ávila Mágica, e Expan Zoo, mos a La Guaira, ao cinema, ao Museu no Hatillo, já que por falta de tempo e, das Crianças". Ainda que exista uma ampla varieem muitos casos, de dinheiro, no podem fazer turismo dentro da Venezue- dade de opções no que toca aos chamados planos de férias, esta opção não está la. "Os melhores lugares são os que fi- ao alcance de todos. "Existem muitas cam ao ar livre, como os Jardins da Uni- empresas encarregadas da ocupação de versidade Simó n Bolívar. Os parques tempos livres que organizam acampaque ficam nos centros comerciais estão mentos, mas são caros e nem todas as sempre cheios de pessoas pelo que, em famílias conseguem pagá-los. Então têm vez de saíres para te divertires com os de esforç ar-se para que as crianç as teus filhos, acabas por ficar de mau hu- saiam da cidade e possam divertir-se mor porque não encontras lugar de esta- sem ultrapassar os limites econó micos". Para Edith Tavares, mãe de um mecionamento ou há muita gente dentro do parque e há que estar em filas para nino de quatro anos e uma menina de Érika Correia

ecorreia@correiodevenezuela.com

A

Para a família Rodríguez não existem lugares suficientes para a recreação.

dois, a capital tem lugares de descanso quando se pretende sair para passear um dia, mas se se trata de todas as férias escolares, tem muito pouco para oferecer. "A cidade não tem lugares suficientes para se tirar umas férias nela, daí que o que costumo fazer com os meus filhos é ir à Expan Zoo, ao Jardim da USB, onde há percursos pedonais e se pode andar de bicicleta e, naturalmente, vou também ao Centro Português, para que utilizem a piscina", revela. A escassez de opções não só afecta as famílias com crianças menores de sete anos. Os que são um pouco mais crescidos também sentem dificuldades para ocupar bem o tempo das férias. Irene da Costa é mãe de um rapaz de 11 anos que tem poucas possibilidades de sair

devido às ocupações dos adultos da casa. "A falta de tempo faz com que descuidemos um pouco as saídas do rapaz, pois todos trabalhamos e durante a semana estamos muito ocupados", conta, confessando que trata de mantê-lo ocupado com o colégio e depois com os treinos de futebol, para que não se aborreça tanto". "Se em Caracas não existem lugares para distrair as crianças, posso assegurar que em Guatire muito menos", acrescenta. Esta família opta por assistir a competições de futebol, frequentar parques de diversão como o Luna Park em Guatire ou deslocar-se regularmente à praia, particularmente à de La Guaira, porque a sua família é desta zona.


12 A 18 DE JULHO DE 2007 CORREIO DA VENEZUELA

Regresso de famí lias a Portugal preocupa A inquietação é manifestada pelo cô nsul honorário de Barquisimeto, Pedro Ferreira. Fala dos seus compatriotas com orgulho, não deixando de enaltecer a importâ ncia do seu contributo para a cidade de Barquisimeto o desenvolvimento da cidade. Também fala daqueles que não vivem cerca de 10.000 portugueses. A exemplo do que foram bafejados pela sorte e das difiacontece noutras localidades culdades que muitas vezes sente em da Venezuela, comércio, indú stria, poder ajudar na tramitação de docuagricultura e construção civil são as mentos. "Há pessoas de idade que principais áreas que os lusos aqui nunca foram ao consulado e que perderam a sua documentaradicados dedicam o seu do portuguesa", conta, quotidiano. revelando que "muitas De visita à cidade dos A inseguranç a vem vezes só sabemos que é "crepú sculos", como é sendo apontada português pelo idioma ou conhecida pelos seus por uma ou outra perbelos anoiteceres, o por muitos como o gunta estratégica que CORREIO passou pelo principal motivo fazemos". local de passagem obrigado regresso definitivo Mas o mais triste, tó ria dos muitos portua Portugal . segundo afirma Pedro gueses. A sede do Ferreira, "é o regresso Consulado honorário de definitivo a Portugal de Portugal da localidade é famílias inteiras", muito por culpa da uma verdadeira casa de lusitanos. Pedro Ferreira, natural do concel- "insegurança", que vem sendo aponho da Covilhã, distrito de Castelo tada por muitos como o "principal Branco, empresário da construção motivo da decisão". "As pessoas têm medo dos sequescivil, foi nomeado cô nsul honorário em 2000. Alterna a sua responsabili- tros, dos assaltos, e preocupam-se dade com Maria Lourdes dos Santos e com o futuro dos seus filhos", acresconta ainda com a ajuda de Maria centa, observando que, curiosamente, a política parece não ter tanta influênEugenia de Castro. É um homem simples, de consen- cia no peso da decisão de deixar defiso geral, e com um longo percurso de nitivamente a Venezuela, como acondedicação ao associativismo da região. tece noutras regiões do país. Aleixo Vieira

avieira@correiodevenezuela.com

N

venezuela

11

Melhor articulação com Valência Em Barquisimeto encontramos um consulado moderno, actualizado e com excelentes instalações físicas, para além de estar estrategicamente muito bem situado na cidade. Logo à entrada, um ecrã moderno transmite sem interrupções a programação da RTP Internacional para todos aqueles que ali passam diariamente para tratar de alguma documentação do seu interesse. Mais à frente, uma sala de atendimento e duas salas de reuniões complementam as áreas de serviço, não faltando ainda uma pequena sala de cozinha e um comedor que também serve para acolher da melhor maneira possível uma reunião mais alargada ou uma visita de maior destaque, como por exemplo a última que efectuou o embaixador de Portugal, João Caetano da Silva, acompanhado pelo secretário de Estado das Comunidades, António Braga. São cerca de 20 os portugueses que, em

média, acorrem ali todos os dias para tratar de documentação diversa. Vêm de San Cristobal, de Mérida, Trujillo. Procurações, bilhetes de identidade, nacionalidade, registos de casamentos, são os serviços mais procurados. "Passaportes é um assunto que tem que ser tratado nos consulados principais de Valência e Caracas", lembra o cônsul honorário. O livro de reclamações está bem à vista de todos. As "queixas são poucas e dizem sobretudo respeito à

demora da devolução da documentação que deve ser enviada pelo consulado de Valência a esta dependência local", explica. Sem querer entrar em polémicas, Pedro Ferreira reconhece certa “razão” aos queixosos. "Fazemos o que está ao nosso alcance, pelo que o resto já não depende de nós", atira, sugerindo que "talvez uma melhor articulação" entre a instituição que dirige e o consulado geral de Valência "fosse parte da solução".

PUBLICIDADE


12

CORREIO DA VENEZUELA 12 A 18 DE JULHO DE 2007

Histó ria de Vida

Maria Júlia Rodrigues Campanário, Madeira

"Venezuela é a luz da minha vida" tidos para criança, blusas de senhora, toalhas de mão e, numa oportunidade, chegou a bordar aria Jú lia Rodrigues, para a mulher mais rica da cidanascida no Campaná- de. "Apesar de as coisas terem rio a 17 de Julho de 1929, na Ilha da Ma- corrido muito bem, sentíamos deira, é a mais velha dos cinco que esse não era o nosso norte. filhos de José Rodrigues e Maria Tínhamos expectativas que não Julia Gonçalves, antigos trabal- conseguiríamos alcançar ali, pelo hadores numa fazenda da Ribei- que decidimos procurar por outros lugares onde fosse possível ra Brava. Desde muito pequena, o tra- abrir mais portas", conta. Decidiram regressar a Portubalho foi a sua vocação. Ajudava os pais nas lides da casa e a criar gal para tratar de toda a papelada necessária para emigrar a outro os irmãos. Interrompeu os estudos lugar do mundo. E a escolha acaquando estava na segunda clas- bou por recair na Venezuela, pase, para ajudar a trazer mais al- ra onde dois de seus irmãos tinham emigrado e já gum dinheiro para se tinham radicado casa. Começou a com trabalho e tutrabalhar para a Casa dos Bordados da "Chegá mos em 1952 do. "Chegámos a 13 Madeira, como bora Catia, onde de Outubro de 1952 dadeira profissional. trabalhá mos cinco a Catia, onde, no 'aFoi através de basto' dos meus iruma tia que, aos 20 anos seguidos para mãos, trabalhámos anos de idade, conconseguir a nossa cinco anos seguidos heceu José Rodripara ganhar dinheigues. Casaram-se independê ncia” . ro e conseguir a no mesmo ano e nossa independênpartiram a Angola, cia", recorda. Um em África, onde estavam os sogros encarregados de amigo falou-lhes depois que na uma fazenda muito grande à es- zona de Guatire estavam a vender um "negó cio pequeno, uma pera de ambos. A viagem e posterior estadia espécie de 'abasto'". Acabaram na cidade de Sá da Bandeira não por comprá-lo. Mas algum tempo se revelaram muito frutíferas, já depois, mudaram de ramo, tenque o seu marido começou a fi- tando a sorte numa criação de car doente e a viver com episó - porcos, na qual duraram cerca de dios constantes de febre, o que a quatro anos. Dado que o marido estava camantinha sempre preocupada, dado que também não haviam da vez mais doente e requeria sempre uma grande atenção e médicos para o tratarem. Enquanto esteve em África, cuidados vários, sentiu que o tracontinuou trabalhando com os balho na criação dos animais era bordados, desta feita para uma muito forçado, pelo adquiriram vizinha que depois comercializa- um jardim e uma loja de artesava os artigos. Fazia também ves- nato típico da zona. Érika Correia

M

PUBLICIDADE

50 anos en Guatire "O idioma revelou-se fácil de assimilar", assegura, mas para tal também contribuiu o contacto que "mantínhamos com muitas pessoas, que pouco a pouco nos ajudaram a aprender coisas, além que também gostámos muito da maneira de ser tão alegre dos venezuelanos. Fizemos muitos amigos". A saúde do esposo não lhe permitiu continuar a trabalhar, pois exigi-lhe muitos cuidados e não lhe sobrava tempo suficiente para dedicar-se a duas tarefas tão grandes. Reside em Guatire desde há 50 anos e até hoje tem uma família integrada por duas filhas, dois genros, quatro netos, dois bisnetos e muitos amigos. Desde há mais de 37 anos que não visita Portugal, apesar de ter ainda viva uma irmã na sua terra natal. Não faz planos para regressar. Prefere ficar na Venezuela, que assegura ser a sua segunda terra e onde se sente muito bem. "Dou graças a Deus por terme feito chegar a este país que me deu tudo e me tratou bem. Da Venezuela gosto de tudo, especialmente do clima. A única coisa má é a insegurança", lamenta.


12 A 18 DE JULHO DE 2007 CORREIO DA VENEZUELA

Madeira e Venezuela evocam Simon Bolívar

VENEZUELA

13

Consulado da Venezuela e 'Amigos do Faial' assinalaram Independência da Venezuela Agostinho Silva

asilva@dnoticias.pt

Nada romperá a união entre a Madeira e a Venezuela. A convicção é do cô nsul-geral no Funchal, Felix Mendez Correa, e foi expressa quinta-feira, 5, durante a cerimó nia que assinalou na Madeira o 196.º aniversário da Independência da Repú blica Bolivariana da Venezuela. Por sugestão dos responsáveis da Associação Amigos do Faial, sediada em Caracas, o Consulado da Venezuela na Madeira optou por celebrar a independência do seu país naquela freguesia nortenha que, em 2001, recebeu um busto do 'libertador' Simon Bolívar, numa cerimó nia presidida pelo então 'nú mero dois' de Chavez, o vice-presidente José Vicente Rangel. Num dia maravilhoso e resplandecente, a homenagem da comunidade luso-venezuelana decorreu de forma simples. De-

pois de uma reunião na Câ mara Municipal de Santana, o edil Carlos Pereira e o cô nsulgeral Felix Correa dirigiram-se para a Igreja do Faial, onde foi celebrada uma missa de acção de graças e em que participaram vários madeirenses radicados na Venezuela, entre os quais vários membros da Associação Amigos do Faial. Posteriormente, já na presença do secretário regional Manuel Antó nio Correia, em representação do Governo Regional, e de Helena Borges, chefe de gabinete do Representante da Repú blica, teve lugar a oferenda floral junto do busto de Simon Bolívar. Momento aproveitado pelo cô nsul-geral da Venezuela para enaltecer o "libertador, pai de cinco nações" e a amizade existente entre esta Região Autó noma e o seu país. "Nada romperá esta união entre a Madeira e a Venezuela", assegurou Felix Mendez Correa. "Somos uma só nação". Mais ninguém usou da palavra,

para além de uma luso-descendente que leu, de forma emotiva, poemas de um livro do escritor venezuelano Andrés Eloy Blanco. A cerimó nia ficaria ainda marcada pela entoação do hino da Repú blica Bolivariana da Venezuela pela Banda Filarmó nica do Faial. Um cocktail num restaurante das imediações encerrou a celebração dos 196 anos da independência da Venezuela, durante o qual os convidados puderam apreciar diversas iguarias típicas e tradicionais daquele país. O acto de quinta-feira revestia-se de alguma expectativa, dada a apreensão indisfarçável em relação às mudanças em curso na Venezuela, país onde estão radicadas muitas famílias madeirenses. No entanto, nenhuma referência directa foi ouvida, até porque o cô nsul-geral venezuelano foi o ú nico a usar da palavra. A posição do Governo Regional da Madeira aguardará por outra oportunidade. PUBLICIDADE


14

CORREIO DA VENEZUELA

12 A 18 DE JULHO DE 2007

fotografia: www.memoriachilena.com

O primeiro empresário da Patagónia chilena Em "Punta Arenas", converteu-se no empresário mais emblemático, pró spero e corajoso: José Nogueira. O pioneiro. Arelys Gonçalves

arelyscorreio@hotmail.com

histó ria deste pioneiro começa com o seu nascimento em 1845, na cidade Vila Nova de Gaia, no Distrito do Porto, na margem da foz do rio Douro. Como muitos, Nogueira pertencia a uma família de escassa recursos econó micos. Sem dú vida que tais condições obrigaram o então adolescente (12 anos de idade) a deixar o lar e embarcar numa viagem sem retorno. Alguns indícios falam da passagem de Nogueira pelo Brasil e a Argentina, antes do desembarque em Punta Arenas, nalgum dia de 1866. No entanto, sabe-se com certeza que foi nesta terra onde ficou para reunir o seu enorme patrimó nio e construir o seu império. Nogueira não tinha instrução. Foi um marinheiro vulgar e analfabeto, mas contava com uma vontade e energia sem limites que o ajudaram a suportar as tempestades nas águas do mar austral na pesca do lobo-marinho, que então era a actividade mais rentável da região. Decorria os anos da década de 1870. Além da pesca, Nogueira foi o mais importante criador de gado ovino da região e o maior latifundiário ao receber uma concessão, durante 20 anos, de mais de um milhão de hectares em 1890, uma extensão jamais nunca antes outorgada. Em toda a zona do Estreito de Magalhães, as actividades comerciais, mercantis, mineiras, ganadeiras e de navegação estavam sob o domínio de Nogueira, como o primeiro e mais

A

José nogueira chegou com as mãos vazias e converteu-se num pioneiro pelo amor ao trabalho.

O legado de Nogueira Quando aquele adolescente emigrante deixou à família, possivelmente não imaginava o que construiria muitas décadas depois. o prestigio e a fortuna gerada graças ao amor pelo trabalho, e o especial instinto pelos negócios e sua natural inteligência. não deixou filhos, mas sim um importante património que a viúva e a família souberam administrar e acrescentar. além das contribuições económicas no território, nogueira deixou um legado histórico que hoje ainda se respira na região. em 1927 uma rua foi baptizada com o seu nome, como reconhecimento da cidade. no entanto, nogueira foi imortalizado através da arquitectura, como um símbolo emblemático da época em que viveu o dinâmico português. no centro de Punta arenas destacase uma das suas mais antigas estruturas: a centenária mansão nogueira-braun, que pelo seu valor artístico e a riqueza patrimonial foi declarada monumento nacional em 1982. em 1890, o explorador e marinheiro ordenou a construção da magnífica obra com a participação de um arquitecto francês e com materiais europeus únicos. Depois da morte de nogueira, a missão continuou com a direcção da viúva Sara braun, que não

abandonou a ideia do marido, pelo que em 1905 o palácio foi terminado. Parte daquela mansão de estilo neoclássico foi destinada, a partir de 1992, para um pequeno e exclusivo hotel de cinco estrelas e um dos edifícios mais antigos e famosos da Patagónia. Pelo seu valor e importância recebe continuamente reconhecimentos nas áreas de desenho, arquitectura e hotelaria. em 2004 foi o lugar escolhido pelo rei da espanha, Juan carlos de borbón, como residência temporária numa visita à Punta arenas. o hotel museu possui 25 habitações, todas feitas e ambientadas com um mobiliário do século XiX, que transportam à memória a época dos aventureiros exploradores. a estas qualidades, soma-se a da gastronomia regional e internacional que oferecem ao turista uma prestigiosa atenção como destaca o sítio da internet do hotel (www.hotelnogueira.com). Sem dúvida que a estadia naquele especial palácio da rua bories deve ser uma contribuição adicional para conhecer de perto o desenvolvimento histórico desta região desde a visão de um dos mais reconhecidos promotores, o pai da economia da Patagónia chilena, José nogueira.

acertado empresário. No entanto, outros começavam a surgir, entre eles uma geração jovem que deu continuidade e foram os herdeiros do império levantado pelo português. A Ascensão e quedA do "MAgnAtA" Apesar da importâ ncia que teve este "Magalhães moderno" no progresso e na pró pria historia da região chilena, são muito poucas as publicações que falam dele e são imprecisas algumas das informações difundidas. A morte prematura do emigrante pode ter ajudado a escurecer o valor dos seus contributos no desenvolvimento da Patagó nia. Afortunadamente, o Prémio Nacional de Histó ria do Chile e membro de Mérito da Academia Portuguesa da Histó ria, Mateo Martinic, dedicou um livro intitulado "Nogueira el pionero", para percorrer a vida e obra daquele marinheiro que, sem escola nem dinheiro, como Martinic o descreve, converteu-se no fim do século XIX "no primeiro homem de empresa com visão e recursos ... e que sobressaiu sobre outros...". Aos 26 anos, quando ainda não era um homem de fama nem prestígio, casou com Rosário Peralta, uma jovem de 15 anos. O casamento foi a 10 de Junho de 1871, coincidindo com o dia da morte de Camões e, na actualidade, também com as celebrações do dia de Portugal e das Comunidades. Com o tempo e o crescimento da fortuna de Nogueira, surgiram os problemas. Rosário não era a esposa virtuosa que se esperava, segundo explica Martinic, e conver-

fotografia: www.interhabit.com

em 2004 foi o lugar escolhido pelo rei da espanha, Juan carlos de borbón, como residência temporária numa visita à Punta arenas.

teu-se numa mulher vulgar que incomodava a fama do empresário. Foram estas as razões pelas quais a união desapareceu que em 1883 se legalizou a separação sem descendência. Enterrada a primeira experiência sentimental de Nogueira, surgiu na sua vida o interesse por uma jovem culta, inteligente, de fortuna e interesses comuns. Tratava-se de Sara Braun, a filha mais velha do seu só cio e amigo Elias Braun. Sara era emigrante como Nogueira, mas por outras circunstâ ncias. Nasceu na Lituâ nia e chegou a Magalhães em 1874, com os pais e os dois irmãos, apó s a perseguição das famílias de origem judia na Rú ssia. O casamento foi celebrado em 1887, uma união que também representou a consolidação social e econó mica para estes dois sobrenomes, pilares do sector produtivo da região. Foram anos de triunfos e sucessos os que se seguiram. No entanto, em 1891, já a saú de do pioneiro entrava em decadência. Só com 42 anos de idade, a tuberculose avançava além dos esforços e da vontade por manter-se vivo. Àprocura de um ar melhor para curar a doença, foi morar com a mulher à Arequipa, Peru. Apesar de tanto lutar por vencer aquela doença que o consumia, a 21 de Janeiro de 1893, Nogueira perdeu pela primeira e ú ltima vez uma batalha. Tinha quase 48 anos quando morreu. No cemitério de Punta Arenas ainda hoje se pode ver o grande monumento construído a pedido da esposa Sara Braun, como homenagem ao valor que tiveram as acções do marido para a posteridade. fotografia: www.interhabit.com

o legado mais simbólico do emigrante foi a construção deste palácio neoclássico, declarado monumento nacional em 1982.


12 A 18 DE JULHO DE 2007 CORREIO DA VENEZUELA

A divulgação oficial foi feita sábado à noite no estádio da Luz, em Lisboa.

cULTURA

15

O Cristo Redentor (Brasil) foi escolhido como uma das novas Sete Maravilhas do Mundo.

E as sete maravilhas do mundo são... Grande Muralha da China, o Taj Mahal (Í ndia) e o Cristo Redentor (Brasil) são três das novas Sete Maravilhas do Mundo, foi anunciado no sábado numa cerimó nia em Lisboa. Petra (Jordâ nia), a cidade inca Machu Picchu (Perú ), o Coliseu de Roma (Itália) e a pirâ mide de Chichén Itzá, localizada na península de Yucatán, no México, foram as outras maravilhas eleitas por 100 milhões

A

de pessoas, através da Internet, SMS e linhas de telefone acrescentado, segundo anunciou a organização. A divulgação oficial foi feita sábado à noite no estádio da Luz, em Lisboa, num espectáculo de 12 milhões de euros apresentado pelos actores Hillary Swank e Ben Kingsley e pela modelo e actriz indiana Bipasha Basu. A cerimó nia, assistida por algumas dezenas de milhares de

pessoas nas bancadas (o nú mero não foi divulgado pela organização) e por 1,6 mil milhões de telespectadores em mais de 170 países, movimentou 6.500 pessoas e ficou marcada pelas actuações de Dulce Pontes, José Carreras, Alessandro Safina, Chaka Khan, Jennifer Lopez (sem dú vida a artista mais aplaudida da noite) e o espanhol Joaquin Cortéz, que, para desilusão do pú blico, acompanhou um grupo musical e não chegou a dançar.

A gala terminou com um colorido espectáculo de pirotecnia, depois de o presidente da New Seven Wonders Foundation e mentor da iniciativa, Bernard Weber, ter anunciado a realização das Sete Maravilhas da Natureza, em data ainda por definir. A votação das Novas Sete Maravilhas teve início a 01 de Janeiro de 2006 e a escolha do local da cerimó nia de declaração foi anunciada por Bernard Weber no passado dia 05 de Setem-

bro, sob a justificação de que Portugal é "um país seguro e politicamente estável", com "uma larga experiência na organização de grandes eventos" e "um importante papel na Histó ria mundial, através dos Descobrimentos". A iniciativa foi criticada pela UNESCO por não contribuir para a preservação dos locais eleitos e limitar-se aos votos de quem tem acesso á Internet ou telefone. PUBLICIDADE


16

PORTO SANTO

CORREIO DA VENEZUELA 12 A 18 de JULHO de 2007

PUB

Bandeira Azul hasteada na Praia da Fontinha Na mesma ocasião a Empresa Municipal Porto Santo Verde procedeu ao lançamento do Cinzeiro de Praia A cerimó nia do hastear da Bandeira Azul 2007 já decorreu na praia da Fontinha e foi presidida pelo presidente da edilidade local, Roberto Silva. O galardão recentemente hasteado é sinó nimo de qualidade, quer das praias quer das águas. O autarca referiu que o areal da ilha do Porto Santo cumpre com todas as normas exigidas pela União Europeia. Roberto Silva lembrou ainda que o Porto Santo é mundialmente conhecido pela qualidade das suas areias e águas e que este ano a estratégia local foi a de hastear apenas uma ú nica bandeira em toda a extensão da praia. O Porto Santo poderia ter mais bandeiras em toda a praia, mas a autarquia privilegiou o hastear da bandeira na praia da Fontinha como sinó nimo de qualidade de toda a praia do Porto Santo. Por ú ltimo, a Câ mara Municipal apelou a todos os munícipes e visitantes para que cumpram as normas de higiene e segurança das praias. Na mesma altura a Empresa Municipal Porto Santo Verde procedeu ao lançamento do Cinzeiro de Praia. Centenas de cinzeiros, em forma de cone, serão distribuídas aos frequentadores das praias do Porto Santo por um grupo de jovens voluntários. Estes cinzeiros têm como principal objectivo ajudar a manter a areia limpa, já que uma beata de cigarro demora centenas de anos a ser destruída. PUB


12 A 18 de JULHO de 2007 CORREIO DA VENEZUELA

PORTO SANTO

17

Livro e Colecção de Postais lançados no Dia do Concelho

A Câ mara Municipal do Porto Santo comemorou no passado dia 24 de Junho o Dia do Concelho. Um dia preenchido com várias actividades integradas no programa cultural das Festas do Concelho do Porto Santo / S. João 2007. Das actividades realizadas, é de salientar o lançamento do livro "Porto Santo Antonião" do escritor João Hespanhol. Trata-se do primeiro romance ficção que tem como pano de fundo a Ilha do Porto Santo. Este lançamento teve lugar no Salão Nobre (Paços

do Concelho) e contou com a presença de inú meras personalidades do Município bem como do Secretário da Educação, Francisco Fernandes. Também neste dia foi lançada a nova colecção de postais da Câ mara Municipal do Porto Santo intitulada "Olhares sobre o Porto Santo". Uma colecção composta pelas melhores imagens do Concurso de Fotografia Digital organizado pelo Gabinete da Cultura da Câ mara Municipal do Porto Santo durante o mês de Fevereiro.

Areal Dourado e CMPS dão iní cio ao Programa de Verão A Câ mara Municipal do Porto Santo e a Empresa Municipal Areal Dourado - Eventos deram início às actividades programadas para a Animação de Verão 2007 com uma exposição intitulada "Porto Santo Ilha Dourada", uma visão da Ilha e dos sentimentos daí extraídos. Magna Morna e Luís de Vasconcelos são os protagonistas desta exposição inaugurada no passado dia 1 de Julho na Sala de Exposições do Centro Cultural e de Congressos e no Salão Nobre da Câ mara Municipal e estará patente ao pú blico até dia 15 de Julho. Magna Morna expressa a ó leo sobre a tela o seu conceito de liberdade e espaço dourado que só ali encontra, tendo o azul do mar e o amarelo da praia como principais referências. Já para Luís de Vasconcelos, filho de porto-santenses, este seu regresso a casa é aproveitado para dar a conhecer a liberdade que a praia, o mar e a linha do horizonte provocam em si.

PUB


18

Portugal

CORREIO DA VENEZUELA 12 A 18 DE JULHO DE 2007

A lei que permite a interrupção voluntária da gravidez não será aplicada na Madeira enquanto o Tribunal Constitucional não se pronunciar sobre a mesma, afirmou à agência Lusa o secretário regional dos Assuntos Sociais, Francisco Jardim Ramos.

Breves

Nova ponte sobre o Paiva O contrato de consignação da empreitada de recuperação da Ponte de Caninhas, sobre o rio Paiva, vai ser assinado a 12 de Julho, anunciou fonte da Câmara de Cinfães. A referida

travessia permite a ligação entre os concelhos de Cinfães e Castelo de Paiva e há vários anos que é reclamada a beneficiação e alargamento da ponte, sobretudo depois da requalificação da estrada nacional 222 (EN 222), em que está inserida. A ponte serve essencialmente as populações das freguesias de Souselo e Fornos, respectivamente nos concelhos de Cinfães e Castelo de Paiva.

12 hospitais do Norte começaram a realizar abortos Doze hospitais do Norte de Portugal começam segundafeira a realizar abortos a pedido da mulher, apesar de a regulamentação da lei da interrupção voluntária da gravidez só entrar em vigor a 15 de Julho. Pelo menos três hospitais, o de Portimão, o Garcia de Orta (em Almada) e a Maternidade Alfredo da Costa (em Lisboa) já fazem interrupções voluntárias da gravidez até às 10

semanas, disse à Lusa o presidente da Comissão de Saúde Materna, Jorge Branco, que explicou a antecipação com a procura. "A pressão da população é muito grande. Desde que cumpram a lei não me parece que seja um problema", respondeu Jorge Branco quando confrontado com o facto de a regulamentação da legislação só entrar em vigor dentro de alguns dias.

Radares em Lisboa

cidade, disse à Lusa fonte da Comissão. A mesma fonte adiantou à Lusa que a autarquia foi notificada da decisão na sextafeira passada. A presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Lisboa, Marina Ferreira, tem marcada para o início da tarde de hoje uma conferência de imprensa sobre os radares na cidade de Lisboa.

A Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) autorizou o funcionamento dos radares de velocidade colocados pela Câmara de Lisboa em várias vias da

Dez novos hotéis no Douro garantem 1.000 camas Aregião do Douro poderá contar nos próximos anos com mais 10 unidades turísticas de qualidade, representando um acréscimo de 1000 camas e investimentos de 60 milhões de euros, que vão suprimir lacunas a nível de alojamento. O Douro, Património Mundial da UNESCO desde 2001, é um território de grandes contrastes com indicadores socioeconómicos abaixo da média nacional e actualmente alvo de vários projectos de unidades turísticas de elevada qualidade. O turismo é mesmo apontado por

alguns como a solução para o desenvolvimento deste território, onde a principal fonte de riqueza é o vinho do Porto e um terço da população activa trabalha na agricultura. No âmbito do Plano Integrado Estruturante de Base Regional do Douro (PITER-Douro), homologado pela Secretaria de Estado do Turismo e que tem como chefe de fila a Região de Turismo do Douro Sul, foram aprovados nove projectos de natureza privada.

Foram distribuídos 36 milhões de sacos de plástico de cadeias de supermercados, pacotes de açúcar e de prospectos "onde se apela a um Portugal sem fogos que depende de todos".

Governo confia na campanha de prevenção dos incêndios O dispositivo está no terreno para fazer face às situações que ocorram, mas as preocupações mantêm-se... secretário de Estado da Protecção Civil mostrou-se esperançado nos resultados de uma campanha de sensibilização dos portugueses para a prevenção dos incêndios florestais, e na qual são utilizados meios como sacos de plástico e pacotes de açú car. Segundo Ascenso Simões, que visitou o Comando Distrital de Operações e Socorro e o Centro de Meios Aéreos da Guarda, a campanha que agora teve início, inclui spots na televisão e na rádio bem como a distribuição de 36 milhões de sacos de plástico de cadeias de supermercados, pacotes de açú car e de prospectos "onde se apela a um Portugal sem fogos que depende de todos". A campanha envolve os Ministérios da Administração Interna e da Agricultura, que disponibilizaram dois milhões de euros, e empresas que aderiram ao Movimento Eco, que disponibilizaram cerca de oito milhões de euros. "Em Portugal, nó s temos uma

O

situação anormal em termos de ocorrências. Por vezes, chegamos a ter mais de 500 ocorrências por dia e não há nenhum dispositivo que consiga resolver este problema", admitiu. Com a campanha nacional, o governante reconhece que se pretende contribuir para a diminuição do nú mero de incêndios na floresta.

Todas as indicaç õ es vã o no sentido de que Agosto e Setembro serã o meses muito quentes "Temos que resolver o problema do risco da floresta. Não podemos ter piqueniques, não podemos lançar foguetes nem cigarros", advertiu, acrescentando que é importante sensibilizar as pessoas "para que possam ter comportamentos adequados à vida na floresta". "Se tivermos menos ignições, te-

mos menos incêndios e haverá menos área ardida no final do ano. E é nisso em que apostamos, é num bom comportamento e numa boa relação entre os portugueses e a floresta", salientou. O secretário de Estado da Protecção Civil considerou que, este ano, registou-se uma primavera muito chuvosa, aumentando os riscos para os meses de Verão. "Esta situação leva-nos a acreditar que com um verão um bocadinho mais quente, haja uma situação difícil de combater, porque a primavera chuvosa aumentou a matéria orgâ nica disponível para arder", explicou. O governante garantiu que o dispositivo está no terreno para fazer face às situações que ocorram mas as preocupações mantêm-se. "Todas as indicações vão no sentido de que vamos ter em Agosto e Setembro meses muito quentes com mais matéria para arder e com necessidade de articular melhor os meios", afirmou.


12 A 18 DE JULHO DE 2007 CORREIO DA VENEZUELA

Portugal 19

O Ministério das Finanças enviou aos sindicatos da função pública uma nova proposta para o novo sistema de avaliação do sector na tentativa de conseguir um consenso e introduzir alterações que correspondam a reivindicações sindicais.

49 mil vagas disponí veis

Igreja pede audiência para debater relação com Estado

Concurso nacional de acesso ao Ensino Superior arrancou na passada segunda-feira

s alunos que já concluíram o 12º passado, um aumento que inverte a tenano, tendo realizado os exames dência registada nos ú ltimos anos. nacionais na 1ª fase, começaram De acordo com a tutela, o aumento do nú a partir de segunda-feira a can- mero de vagas, em cerca de 5%, resulta do didatar-se às quase 49 mil vagas do concur- esforço feito pelas instituições no sentido so nacional de acesso ao ensino de alargar a oferta de formasuperior pú blico. O nú mero ção pó s-laboral. Dos 1.031 cursos, 911 Nas licenciaturas de Medicina, de vagas por curso pode ser consultado na Internet a partir estã o já adaptados um dos cursos mais "cobiçano endereço da Internet: ou foram criados de dos" pelos estudantes, abrem http://acessoensinosuperior.pt/. este ano 1.332 vagas no Conraiz nos moldes do Segundo dados divulgados petinente, mais 48 que em 2006. Processo de Bolonha Dos 1.031 cursos, 911 (88%) eslo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, o tão já adaptados ou foram crianú mero de vagas abertas para dos de raiz nos moldes do Proo pró ximo ano lectivo aumentou substan- cesso de Bolonha, prevendo-se que todos cialmente, com mais 2.182 lugares do que estejam já a funcionar de acordo com os em 2006. novos princípios até 2010. No total, as universidades e institutos poli- No ano passado, dos 975 cursos disponíveis, técnicos disponibilizam 48.710 vagas, num 470 já estavam adequados ao Processo de total de 1.031 cursos, mais 56 do que no ano Bolonha.

O

Villaverde Cabral prevê “ abstenção maciça” soció logo e analista político Manuel Villaverde Cabral prevê uma "abstenção maciça" nas eleições intercalares para a Câ mara de Lisboa, que se realizam domingo. "Creio que se está a preparar uma abstenção maciça, ajudada pelo Verão, mas não só ", afirma o professor universitário e investigador num texto enviado à agência Lusa. "O destino de Lisboa será muito parecido com o que tem sido o seu passado desde meados dos anos 80, quando o `neo-fontismo` tomou conta do país, desbaratando-se recursos e mais recursos na construção civil

O

e nas obras pú blicas", sustenta o presidente do Conselho Directivo dos Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Villaverde Cabral prevê que se mantenha o que acontece desde há 20 anos na capital portuguesa, quando o sector imobiliário "entrava numa espiral especulativa que esvaziou o centro das duas nossas maiores cidades de dimensão europeia". "Desde então para cá, Lisboa perdeu 300 mil habitantes, ou seja, perto de 40 por cento [da sua população]. Na Europa, só o Porto perdeu mais", aponta o cientista.

Nas licenciaturas de Medicina, um dos cursos mais "cobiçados" pelos estudantes, abrem este ano 1.332 vagas no Continente, mais 48 que em 2006.

AIgreja Católica pediu uma reunião ao primeiro-ministro para debater a sua relação com o Estado, que é acusado por sectores da hierarquia de não ouvir reivindicações da instituição em áreas como a educação ou a regulamentação da concordata. Alguns destes temas já foram objecto de uma reunião ordinária do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) que teve lugar na terça-feira, 10, em Fátima, disse fonte da hierarquia da Igreja à agência Lusa, que apontou a possibilidade dos bispos tomarem uma "posição de força" face à "surdez" do Governo.

Breves

Mil milhões para acção social O Governo prepara-se para transferir cerca de mil milhões de euros para instituições de solidariedade social - na esmagadora maioria relacionadas com a Igreja Católica - no âmbito das actividades que estas desempenham no apoio aos

Roteiros para o Património Presidente da República inaugurou ontem mais um Roteiro do Património, dedicado ao Baixo Alentejo, mas vai fazer pelo menos mais dois, no Minho e Alto Douro e outro em Coimbra e na região Centro. Fonte da Presidência disse que a iniciativa para Cavaco Silva

cidadãos mais carentes e mais desfavorecidos. Segundo apurou o DN, está a ser ultimado um protocolo entre o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social e aquelas entidades - Misericórdias, mutualidades e instituições particulares de solidariedade social - que fixa o montante anual a transferir dos cofres estatais no apoio à acção social privada. Segundo revelou fonte governamental ao DN, este protocolo serve também de "homenagem ao esforço desenvolvido, há já largos anos, pelas instituições ligadas à Igreja Católica no apoio aos mais desfavorecidos da sociedade portuguesa".

mostrar e sensibilizar a opinião pública para a preservação do Património Cultural vai repetir-se no Norte e no Centro, mas ainda não há datas definidas. Este Roteiro para o Património junta-se aos Roteiros para a Inclusão e para a Ciência, que já tiveram várias jornadas.O primeiro Roteiro da Inclusão, a 29 e 30 de Maio de 2006, foi dedicado às Regiões Periféricas, Envelhecimento e Exclusão, dias depois da estreia de Cavaco nos discurso do 25 de Abril em que defendeu um "compromisso cívico alargado" para cumprir um dos desígnios da Revolução - a "justiça social".


20

portugal

CORREIO DA VENEZUELA 12 A 18 DE JULHO DE 2007

Mendonça ajuda a quebrar gelo entre Lisboa e Funchal O presidente da Assembleia Legislativa anuncia que Cavaco prepara primeira visita oficial à Madeira. Sérgio Gouveia Em Lisboa

s duas mais altas figuras do Estado receberam no mesmo dia, o presidente da Assembleia Legislativa da RAM. Miguel Mendonça saiu do Palácio de Belém a confirmar que Cavaco Silva está "interessado e empenhado" na aproximação entre os ó rgãos madeirenses e da Repú blica. Deixou também adivinhar uma deslocação do Chefe do Estado à Madeira em 2008. Antes, no Palácio de São Bento, Mendonça já tinha tratado com Jaime Gama da visita oficial a Lisboa que, além dos contactos parlamentares, envolverá ainda o Presidente da Repú blica e o Governo de Só crates. A rota de aproximação entre os ó rgãos de soberania nacionais e da Região está assim a passar pelo primeiro titular do ALRAM. A deslocação oficial à Assembleia da Repú blica deverá ocorrer no ú ltimo trimestre do ano - o Parlamento regional irá para férias a 31 de Julho e retomará a actividade a 1 de Outubro - e poderá tomar a forma de uma delegação - "gostava e tenho todo o interesse nisso", garantiu

A

Mendonça sem fechar o assunto. Jaime Gama, conforme reconheceu o pró prio presidente da Assembleia madeirense, continua empenhado na concretização da deslocação oficial. O convite formal já vem de 2006. Tinha sido aceite e derrapado para o primeiro trimestre deste ano, mas a demissão de Jardim, que obrigou a eleições antecipadas, acaba por atirar tudo para o fim de 2007. No anteprojecto da visita, a juntar ao encontro de São Bento, constam então contactos com a Presidência da Repú blica e Governo central. De acordo com Miguel Mendonça, a perspectiva é incluir na agenda de trabalhos uma reunião com o primeiro-ministro e possivelmente com outros governantes. Um modelo seguido com os Açores em Dezembro do ano passado e que ajudará a quebrar o gelo entre Lisboa e Funchal. As aprovações da Lei de Finanças Regionais, a gota de água que provocou a demissão de Jardim, e da Lei das Incompatibilidades, recentemente declarada inconstitucional, turvaram nos ú ltimos meses as relações ALRAM-AR. "Reagimos fortemente às situações por invadirem ou abocanharem as nossas

Cavaco Silva está “interessado” na aproximação entre os órgãos madeirenses e da República.

competências", assumiu Mendonça, concordando que "pontualmente as relações azedaram". Mas a sua experiência política levou a que tivesse de acrescentar: "Existe um momento de crispação e depois há que ultrapassar". A actual fase será então de ulrapassagem das querelas. No Palácio de Belém mora entretan-

to "o garante do regular funcionamento das instituições democráticas", fez questão de dizer o presidente da ALRAM apó s uma audiência para a apresentação de cumprimentos no início da IX legislatura. Isto sem esconder que falou dos assuntos da Madeira com Cavaco "está absolutamente inteirado sobre a vida madeirense e não precisa da minha radiografia". Mendonça aproveitou foi para lembrar que "a observâ ncia da solidariedade entre todos os portugueses" é um princípio constitucional. Encontrou assim pé para abordar as relações até aqui conturbadas entre o Estado e a RAM: "O senhor Presidente está interessado e empenhado na aproximação efectiva das instituições regionais e da Repú blica". Sem ser taxativo, Miguel Mendonça, depois de ouvir Cavaco durante quase uma hora, deixou no ar a possibilidade da primeira visita oficial do PR à Madeira acontecer em 2008. Questionado se tal poderia coincidir com os 500 anos da cidade do Funchal, limitou-se a responder que "seria uma data interessante". Se for, faltam 407 dias.

TAP entre as 200 empresas mundiais com melhor reputação A TAP está entre as 200 empresas que, na opinião dos consumidores de 29 países, gozam de melhor reputação a nível global, numa lista que só inclui mais uma empresa portuguesa - o Grupo Sonae - e quatro companhias de transporte aéreo, com destaque para a Lufthansa. A transportadora aérea nacional surge na 178ª posição do ranking elaborado neste estudo conduzido pelo Reputation Institute, uma organização norte-americana de pesquisa e consultoria sedeada em

Nova Iorque. Denominado Global RepTrak 2007, o estudo pretende medir a percepção positiva, confiança, respeito e admiração que os consumidores sentem relativamente às maiores companhias do mundo. O ranking global de reputação das empresas é liderado pela Lego (Dinamarca), seguida pela IKEA (Suécia), Barilla (Itália), Mercadona (Espanha), AP Moller - Maersk (Dinamarca), Toyota Motor (Japão), Ferrero (Itália) e Petrobras (Brasil).

Victoria tem 85 mil membros no Brasil O Victoria, programa de passageiro frequente da TAP, duplicou praticamente o número de membros no mercado brasileiro nos últimos 12 meses, crescendo dos cerca de 45 mil membros em Junho de 2006 para os mais de 85 mil em Maio deste ano. Segundo a companhia, a elevada adesão dos

clientes brasileiros ao programa Victoria da TAP traduz a crescente importância da transportadora portuguesa nas ligações entre a Europa e o Brasil e é também reflexo de várias campanhas desenvolvidas pela TAP e nomeadamente pelo Programa Victoria naquele mercado.


12 A 18 DE JUNHO DE 2007 CORREIO DA VENEZUELA

ECONOMIA

21

Estreitar relações gastronómicas Embaixador reuniu com Canares, uma instituição que integra 300 restaurantes. Érika Correia

ecorreia@correiodevenezuela.com

Câ mara Nacional de Restaurantes (Canares), presidida por Gianni D'ostilio, foi fundada há 33 anos e está actualmente integrada por 300 associados, a maioria dos quais de origem portuguesa. Recentemente, o Embaixador de Portugal na Venezuela, João Caetano da Silva, visitou pela primeira vez a sede desta instituição, que nasceu em 1974, e que está orientada para a promoção da profissionalização do sector da restauração e facilitar a eficiência e qualidade de serviços a nível internacional. "Conversámos sobre a maneira de reforçar os laços entre Portugal e a Venezuela, o que pode ser feito através da inclusão de mais produtos lusos nos restaurantes, e também incentivar para que nos estabelecimentos sejam servi-

A

dos mais vinhos e comidas típicas de Portugal", explicou D'ostilio, elogiando o "boa preparação" do diplomata. Para o responsável de Canares a presença de só cios de origem portuguesa dentro da câ mara é muito representativa, já que se calcula que seja da ordem

A presenç a de só cios de origem portuguesa em Canares é muito representativa, já que se calcula que seja da ordem dos 60%. dos 60%. Com esta nova aliança com o embaixador de Portugal, estima-se um melhor nível de qualidade para o consumidor. Durante o encontro, também se conversou sobre as maneiras de estreitar as relações gastronó micas com

Portugal. "Pretende-se incrementar essa cultura neste país. Fazer provas de vinhos, promover cursos de comida portuguesa para formar pessoal qualificado, e todo o que está relacionado para se conseguir um melhor funcionamento de um restaurante", acrescentou o presidente de Canares. João Caetano da Silva convidou a Câ mara para participar no festival gastronó mico agendado para Novembro pró ximo, e onde se realizará a apresentação de uma nova linha de vinhos portugueses, que já estão registrados no mercado, para que o povo venezuelano os conheça melhor. Neste momento, Canares está tratando informar todos os associados sobre o tema da conversão monetária do "Bolívar Fuerte", com a ajuda de uma comissão encarregada especialmente para o efeito, a qual faculta ainda assessoria em torno das questões relacionados com a lei do trabalho.

Gianni D'ostilio preside a Câmara Nacional de Restaurantes.

PUBLICIDADE


22

opinião

CORREIO DA VENEZUELA

12 A 18 DE JULHO DE 2007

Vontade inicial António de Abreu Xavier

O Congresso geral da Colô mbia, constituído em 1821, compreendeu a necessidade do comércio e dos estrangeiros para pô r em marcha a jovem repú blica, que compreendia a Nueva Granada e Venezuela. Para tal, em 3 de Setembro, aprovou uma lei de naturalização para os nascidos fora do territó rio e que quisessem vir estabelecer-se nele, a qual apresentava desde lo-

go aos estrangeiros todas as vantagens oferecidas pelo governo liberal. O Congresso também estava consciente da necessidade de abrir a população ao resto do mundo. Os congressistas diziam a respeito que os naturais estavam privados da indú stria, das artes, dos conhecimentos ú teis e de todas as vantagens que trazia a fraternidade com outros povos. O país estava aberto a todo o estrangeiro, em especial a quem, apó s três anos de residência e tendo manifestado a sua intenção de naturalizarse, fosse destro em algum tipo de indú stria ou ocupação para subsistir. Em troca, havia duas condições. Primeira, os princípios de igualdade social exigiam depor qualquer título hereditário ou de nobreza recebido no país de origem. Se-

Terapia intensiva

gunda, em virtude da uniformidade da população nacional, era pedido para se renunciar os vínculos com qualquer outro governo. Naquela época, se o marido se naturalizava, automaticamente também o faziam a mulher e os filhos menores de 21 anos. Se saía do país para resolver assuntos comerciais, a viajem não interrompia a residência mínima exigida. Aqueles congressistas, conscientes da importâ ncia de resguardar o estrangeiro que investia em bens de capital, estabeleceram certos parâ metros para facilitar a naturalização. Quem comprava uma propriedade rural com valor de 1.000 pesos, reduzia um ano da residência exigida e investimentos de 2.000 pesos reduziam dois anos; os casados com mulher do país descontavam 6 meses.

Conforme com o projecto liberal, promulgaram também leis sobre isenção e direitos de importação. Por exemplo, estavam isentos os livros, as ferramentas e sementes para a agricultura, as máquinas e todo o relacionado com tipografias. Pelo contrário, o vinho e o azeite de oliva pagavam 20% de taxa alfandegária; os embutidos, bordados, especiarias e azeitonas, 22,5%. Importar em barcos nacionais significava um desconto de quase 8%. Assim foi o início do comércio internacional na Venezuela: com amplitude de visão e desejos de receber a todo estrangeiro trabalhador. Como se aprecia, a intenção político-econó mica dos primeiros congressistas era de abertura ao capitalismo liberal. Já estariam pensando na globalização?

seu presidente, de braços vitoriosamente no ar, (como qualquer toureiro apó s uma boa faena), não fazia parte dos usos e bons costumes da "nata" financeira. Propor-se comprar o Benfica, fazer um banco do Benfica (?), intrometer-se no plantel do Benfica e hostilizar algumas das suas estrelas, foi um pontapé para o ar, que só não levou o cartão vermelho dos adeptos, porque as finanças do clube falam mais alto. Obrigar o Estado português a ceder-lhe o Centro Cultural de Belém, para fazer um museu de arte com o seu nome, sob pena de transferir para o estrangeiro a sua valiosa colecção de arte, não tem nada do mecenato que possa orgulhar este "Tio Patinhas", mas diz muito sobre as fraquezas do governo. Correr publicamente e de forma grosseira, com o seu director, um intelectual com larga experiência demonstrada, para assumir pessoalmente a direcção do museu, não acrescenta valor ao projecto, que se diz nacional, mas evidencia o poder do "Big Joe". Quando afinal, quem sabe contar dinheiro não é, necessariamente, um bom curador de museus. E, nesta panó plia de acontecimentos incaracterísticos, que têm feito do "Big Joe", o homem mais falado e apetecido, que não se esgota no que antes se refere, mas que continua, a uma veloci-

dade vertiginosa, a animar a cena pú blica e privada portuguesa, o nosso homem não se deixa impressionar pela má língua, nem pelos dedicados elogios que fazem ao seu mealheiro. Parece até que segue a velha ló gica de que, "tanto me faz que falem mal ou bem de mim, o que interessa é que falem de mim", para atingir alguns dos seus fins, que ninguém sabe ao certo quais são, a não ser, acumular mais riqueza! Entretanto o povo vai-se divertindo, aplaudindo e esperando uma boa acção sebastiâ nica, deste "meteoro financeiro", a quem já muitos pensam atribuir a gestão das suas economias. Afinal,... se o homem é esperto, porque não aproveitar? Em Portugal, já se tinham idolatrado políticos, jogadores e dirigentes de futebol, artistas de todos os géneros, santos, reis e rainhas. O que não tinha acontecido, até hoje, era a veneração de um exemplar capitalista da modernidade que, ainda por cima e face às suas modestas origens, faz sonhar qualquer cidadão, por mais pobre que seja. Sinal dos tempos! Quando a economia toma conta das preocupações quase exclusivas das populações, elegem-se este tipo de personalidades à categoria de mitos que, não sendo a "Dona Branca" tem, no entanto, a enigmática postura dos "Men in Black".

Hello Joe!.. Luis Barreira

Portugal anda espantado! A um ritmo alucinante, o País tem assistido, de forma curiosa e expectante, ao estrelato de uma nova figura pú blica que, quase sempre vestida de preto e com uma linguagem de síntese, que mais parece um "caldo" gramatical, associando o português, ao inglês e ao afrikaaner, vem aparecendo de forma meteó rica, em tudo o que é telejornais, rádios e primeiras páginas dos quotidianos. Trata-se, como já devem ter percebido, do já célebre Joe Berardo (ou José Manuel, para os mais íntimos...). Pouco se sabe, publicamente, desta irrequieta personagem do capitalismo moderno português. Até a sua fortuna pessoal. Estimada em alguns milhões de euros, ninguém sabe ao certo quantificar a riqueza do Comendador Joe. Ao que parece, o Joe, originário da Madeira do seu apreciado amigo Alberto João, onde começou modestamente a rotular garrafas de vin-

ho, emigrou para a África do Sul onde montou um negó cio de venda de legumes. Nos anos 80, empregou as suas energias a aproveitar os desperdícios das minas de ouro que, com o aumento do preço do metal precioso, acabou por lhe proporcionar o capital necessário para os grandes negó cios. Assim e como diria o povo: "dinheiro puxa dinheiro", o Joe decidiu investir-se empresarialmente no negó cio dos diamantes, do petró leo, do papel, da banca, dos mármores, dos tabacos, dos hotéis e sabe-se lá mais o quê! Passados 20 anos, este capitalista fruto do "milagre americano", neste caso africano, "aterra" em Portugal e, descontraidamente e sem o fogo de artifício que costuma acompanhar o sucesso financeiro, começa a comprar, a vender, a negociar e a ameaçar as fraquezas do nosso incipiente sistema capitalista. Ele é cortiça, rações para animais, turismo, bancos, vinhos, telecomunicações, clubes desportivos, ó rgãos de comunicação e todo um conjunto de actividades que vão até à sua enorme e valiosa colecção de arte contemporâ nea. Tudo seguia o seu curso normal, não fora ter decidido subir ao palco e deixar-se encadear pelas "luzes da ribalta". Sair da reunião de accionistas do BCP, o maior banco privado português, depois duma feroz batalha contra o

Antonio López Villegas Quando escuto esta frase, sinto arrepios e não posso deixar de pensar na situação crítica de um doente. É como se na porta do quarto estivesse colocado uma placa informativa a dizer: "Terapia Intensiva; aqui pode-se morrer". E, simultânea e naturalmente, o conceito da morte entra no jogo porque está sempre presente neste lugar e isso tem uma carga de medo quiçá maior para os familiares que para o paciente, porque este provavelmente já não tenha consciência do que lhe está acontecer. Quem ingressa neste lugar, também chamado "sala de cuidados intensivos", é porque está demasiado fraco de saúde e necessita de um trato especial da equipa médica que o atende. A terapia intensiva encerra assim uma importante carga de stress para o paciente, a família e os médicos. Na terapia intensiva trabalha-se tendo o diálogo como um marco fundamental e quiçá imprescindível. Neste texto trato de comparar este serviço com o que está sucedendo com a Venezuela nestes tempos actuais. É necessário o diálogo para resolver os assuntos que nos competem a todos. Evidentemente, este governo tem demonstrado até ao cansaço que não partilha deste critério, porque está convencido, primeiro, de que não se pode dialogar com quem não existe e, segundo, de que não poderá convencer ninguém, de que as liberdades não se negoceiam. Apenas os estadistas podem compreender que as ideias não se impõem de qualquer maneira. E não quero dizer com isto que o nosso país já esteja sob terapia intensiva. Ainda creio que não. No entanto, creio que nos estamos acercando perigosamente à porta. Essa placa que não se via bem ao longe - "Terapia Intensiva, aqui pode-se morrer" -, já a começo a ver demasiado bem. E jamais me achei um iluminado que tenha a virtude e seja capaz de "ver" o futuro, mas assim como o vejo eu, simples mortal, estou convencido de que os demais também o vêem, mas ainda não acreditam… Os sinais estão aí. Digo sinais para não dizer: as evidências. Os regimes totalitários sempre se apoiaram nas mentiras, isso podemos ver na história. Creio que não devemos dar-nos ao luxo de entrar na sala de cuidados intensivos. Temos visto através da televisão que ainda transmite estes eventos, com os estudantes a protestar contra a confiscação do direito da liberdade de expressão, exercitando um direito consagrado na Constituição da República. Naturalmente não foi fácil exercê-lo livremente porque como já é costume, quem se opõe às ideias do alto governo está exposto a ser detido em qualquer 'alcabala' para evitar que se concentrem nos lugares previstos. Mas que se passa com os outras classes que também vivem neste país? Vão manter-se cegos, surdos e mudos? Que se passa com os professores, os operários, os médicos, as enfermeiras, os administradores, os engenheiros, etc.? O que sucede à Venezuela de hoje não é um jogo. Provavelmente quando alguém chegar à terapia intensiva será porque nunca acreditou que chegaria ali. Mas é delicado: sabe-se quando se entra, mas não se sabe quando podemos sair. Já está demonstrado que as pessoas morrem na terapia intensiva. Neste serviço, a comunicação com a família e a contenção do paciente são partes essenciais do trabalho. Podemos defini-lo como "interdisciplinar por natureza". "Terapia intensiva faz o suporte clínico do paciente agudo e grave, mas também depende de todos os serviços do Centro hospitalar: neurocirurgia, neurologia, hematologia, cirurgia geral, de pescoço, de tórax... etc. É o que se chama interconsulta, que são os serviços de apoio".


12 A 18 DE JULHO DE 2007 CORREIO DA VENEZUELA

opinião

23

cartas Ouvir Conceição Estudante

Discriminação e violência

A Comissão que organiza, há mais de 25 anos, o Dia da Madeira na Venezuela está de parabéns. Uma celebração impecável, como todos os anos, contou desta vez com a presença de uma figura política de grande sensibilidade social. Conceição Estudante visitou várias cidades do país e leva uma impressão de algumas das necessidades mais urgentes da comunidade portuguesa na Venezuela. Confiamos em que a secretária do Turismo e dos Transportes possa fazer chegar até os outros representantes do Governo Regional da Madeira aquelas que são as principias inquietações dos emigrantes e que possa haver respostas favoráveis que beneficiem todos. Um pedido muito importante fez Estudante, aquele relacionado com a implementação de tarifas mais competitivas que possam motivar os portugueses e venezuelanos a viajar até à Madeira. Oxalá seja ouvido este pedido da secretária, já que é também o desejo de muitos portugueses na Venezuela. A comunidade lusa no país não é somente aquela que frequenta os clubes sociais. Aliás, estes são a minoria. A maioria são os que fazem a sua vida à margem destas associações e que passam muitos anos sem viajar por excesso de trabalho ou por ter que reunir o dinheiro suficiente para levar toda a família. A TAP tem competência e oxalá possa dar aos portugueses essa facilidade para ir à sua terra, oferecendo promoções e melhores preços. Para a Comissão do Dia da Madeira, os melhores desejos e que possam continuar a celebrar o Dia da Região com mais pessoas e não só com os associados de um clube. E obrigado por trazer novamente a Banda d' Além.

Não consigo compreender a atitude do Presidente Chávez que continuamente ofende e discrimina diferentes sectores do país. Parece não compreender que ele é o representante de toda a Venezuela e não apenas do grupo de pessoas que o apoia e que são submissos a todas as suas ideias e pensamentos. É inaceitável a maneira como o presidente Chávez classificou os bispos, chamando-os de "ignorantes", "perversos" e "mentirosos". Recentemente, os bispos venezuelanos manifestaram, com toda a razão, a sua preocupação em relação à reforma constitucional que visa acelerar a instauração do socialismo no país e que está a ser elaborada por um grupo fechado, sem a participação do povo. Não é possível que o presidente de uma nação tenha as atitudes discriminatórias que caracterizam as de Chávez, juntamente com uma

José Marques

linguagem que só promove a violência e divisões entre os diferentes sectores que integram o país. Quando é que o primeiro mandatário vai entender que não pode declarar como "inimigos" a todo aquele que não concorda com as suas ideias. Lamento profundamente que um país como a Venezuela tenha de sofrer semelhante calamidade. Costuma-se

dizer que os povos têm os governantes que merecem. Mas será mesmo verdade que o povo que reside neste país merece semelhante pesadelo? Custa-me a crer. Mas ainda há muitas pessoas que continuam com aquela ideia de "Chávez para sempre"... Que tristeza!

nenhuma pressão para procurar que as investigações sejam mais expeditas. É importante para a confiança dos sócios, sobretudo daqueles mais assíduos a este centro, sentir que os seus dirigentes concedem o devido interesse a um caso tão grave como este, ainda mais existindo a hipótese de cumplicidade interna. É incrível que depois do dia do roubo nunca mais tenham reunido

representantes do CP com as autoridades policiais. Já sabemos de cor como funciona a administração da justiça neste país, e como as investigações ficam nas gavetas. Por isso não se compreende a falta de actividade dos mais interessados em esclarecer o assunto: os representantes do CP.

Carmen Dos Santos

Sem novidades Na edição anterior, o Correio noticiou que três semanas depois do assalto à sede do Banco Plaza, situado nas instalações do Centro Português, em Macaracuay, ainda não havia novidades. É grave que as autoridades policiais ainda não tenham avançado no processo de esclarecimento do caso, e não é menos grave a atitude passiva da direcção do clube que não tem feito, aparentemente,

Marta Ferreira

InquérIto: que achou da vIsIta da secretárIa regIonal do turIsmo e transportes por várIas cIdades da venezuela?

Maria Isabel da Silva Pestana Comerciante

"Pareceu-me uma boa visita e contribuiu para que a nossa comunidade se sentisse apoiada e para que olhemos de outro modo para Portugal. Especialmente aqui, em Maracaibo, Estudante tratou de observar a situação actual da Casa de Portugal, que se encontra sem actividade, já que devido à insegurança que reina na zona e aos múltiplos assaltos que se sucedem dentro dela, levou a maioria dos sócios a se afastarem.

Sí lvio Caetano Empresário

"Foi uma visita importante. Necessitamos que cada vez mais venham pessoas de Portugal, para termos mais contacto com o maior número de figuras e governantes e estes com a nossa comunidade. Esperamos mais apoio por parte das autoridades portuguesas para com nós e nossos filhos".

Ana Maria de Caldera Comerciante

"A visita correu bem. A secretária incentivou toda a comunidade no sentido de conservarmos sempre as nossas raízes de modo a transmiti-las aos nossos filhos e netos. Também convidou os que estão há muitos anos nestes país a visitar Portugal e a ajudar a recuperá-lo. Foram palavras muito estimulantes as que nos deixou."

Jesús Caldera Comerciante

"Estas visitas ajudam-nos a estreitar os laços de união entre os portugueses. Foram muito sinceras as palavras de Conceição Estudante, e até muito comovedoras. Gostei do convite que nos fez de transmitir não só às nossas amizades, senão que também aos nossos filhos, a cultura e o folclore portugueses".


24

EVENTOs

CORREIO DA VENEZUELA

12 A 18 DE JULHO DE 2007

Publi-Tips

Marí a Amelia da Rocha

ameliadarocha@gmail.com

"Chocolaterapia" revitaliza

Para assar em 13 minutos

O chocolate é um excelente antioxidante que ajuda a reparar os danos ocasionados pelos radicais livres. O seu aroma tem propriedades activas que estimulam o bom humor, reduzem a inflamação dos vasos sanguíneos e melhoram a circulação. Pensando nisto, Indústrias Coramodio apresentou "Chocotherapy", uma linha de produtos para uso profissional que combina activos naturais do cacau, com o fim de proporcionar

Cargill da Venezuela introduziu no mercado as novas lâminas de Pasticho Precocido Ronco, que poupam metade do tempo gasto com o forno. Além disto, as suas lâminas onduladas ajudam a fixar melhor a salsa e a carne "a la pasta", para obter excelentes resultados e assim oferecer o melhor à família. El Pasticho Precocido Ronco será comercializado numa

à pele uma agradável sensação de bem-estar e beleza. A linha "Chocotherapy" consta de um creme de esfoliar, máscara corporal e creme para massagens, as quais contribuem para benefícios extraordinários para a pele.

10 anos no mercado

única embalagem de 250 gramas, a nível nacional em todos os pontos de venda em que a marca se encontra actualmente.

Ebel París apresentou ao mercado venezuelano várias linhas de cosméticos para tratamento facial, maquilhagem, fragrâncias, corpo e bem-estar, com a finalidade de aproximar a mulher ao seu ideal de beleza, bem-estar e realização pessoal. Hoje

Novo Chocolisto de Cordialsa Cordialsa Noel da Venezuela acaba de introduzir no mercado nacional a novel versão de Chocolisto com leite e açúcar, mistura de cacau, açúcar e leite que apenas requer água para se obter uma bebida com sabor a chocolate rica e nutritiva, com minerais e vitaminas, desenhada para dar benefícios às crianças em idade de

KelloggapoiaCopa

crescimento. Federico Jaramillo, Gerente Internacional de Marcas para Bebidas de Chocolate, revela que o produto constitui uma resposta às necessidades do consumidor venezuelano de hoje, que agora pode encontrar nesta nova bebida una solução deliciosa e nutritiva para os mais pequenos da casa.

Alimentos Kellogg, além de ser patrocinador oficial da Copa América 2007, aproveitou o auge da mesma para realizar uma promoção com a produção de um comercial para televisão com José Manuel Rey, anunciando a chegada do concurso "Chútala con La Vinotinto", a qual está dirigida a crianças entre 6 e os 13 anos de idade, consumidores de cereais prontos para comer. Na dita promoção, participam as marcas: Corn Flakes, Zucaritas, Choco Krispis, e Corn Pops, com os seus respectivos personagens vestidos com o fardamento oficial da selecção. A campanha vai estar em vigor até 31 de Agosto deste ano.

Marí a Amelia da Rocha

Tempo Livre

"Angustias de la Mediana Edad" Depois do êxito obtido com "De velo y corona", a conceituada dramaturga venezuelana Indira Páez estreia agora a sua nova comédia intitulada "Angustias de la mediana edad", que se debruça sobre temas da actualidade, os quais podem ser apreciados pelo público em geral todas as quintas-feiras às 20 horas no Teatro Escena 8, de Las Mercedes. A produção está a cargo de I.Q. Producciones e conta com um grupo de actores de primeira linha composto por: Astrid Carolina Herrera, Fedra López, Malena González e Sebastián Falco.

celebra 10 anos de vida na Venezuela com uma extensa gama de produtos dirigidos às mulheres a partir dos 20 anos, já que conta com linhas para todo tipo de pele, para cada etapa da vida e para atender às diversas necessidades do género feminino.

ameliadarocha@gmail.com

"La Reina Faraón"

"Nosotras lo hacemos mejor"

O programa do Discovery Channel, "La Reina Faraón", revela evidências arqueológicas, forenses e científicas que identificam um múmia de 3.500 anos de antiguidade como se tratando de Hatshepsut, a rainha que se converteu em faraó do Egipto. Durante a estreia do documentário, prevista para este domingo, 15 de Julho, pelas 21 horas, seguimos uma reconhecida equipa de especialistas forenses, liderada pelo Dr. Zahi Hawass, secretário geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egipto, enquanto pela primeira vez se utiliza as mais inovadoras tecnologias forenses com o objectivo de identificar a Hatshepsut.

EscenaViva Producciones estreou 6 de Julhos o monólogo cómico feminista "Nosotras lo hacemos mejor", do autor porto-riquenho Roberto Ramos Perea, na Sala Doris Wells da Fundación Casa do Artista, com a actuação de Mayra Santos, sob a direcção de Adolfo Nittoli e produção geral de Luisa Fernanda Mattia. Teresa Allyson Pérez enche a Sala Doris Wells com anedotas, reflexões, e narrações impregnadas de humor e picardia, referentes às realidade das mulheres latino-americanas, de forma a levá-las a reflectir pensar… Porquê elas fazem-no melhor? Sextas-feiras e sábados, às 19h30, e aos domingos pela 18 horas.

Operação presente perfeito Este domingo, 15 de Julho, através de uma maratona de oito horas, as crianças poderão por fim convencer os pais a lhes oferecerem os presentes que mais anseiam. Porquê? Porque eles merecem o presente perfeito. Sim, ainda que pensem ser impossível, os agentes dos KND: Los Chicos del Barrio,vão ajudar a cumprir esta difícil missão. Só deverão seguir os conselhos especiais, códigos secretos e estratégias que serão dadas durante todo o dia em Cartoon Network. Qual é melhor parte do Dia da Criança? Os presentes, claro! Durante o mês de Julho, Cartoon Network e KND: Los Chicos del Barrio, vão recrutar crianças para uma nova missão: Operação presente perfeito.


12 A 18 DE JULHO DE 2007 CORREIO DA VENEZUELA

PUBLICIDADE

25


26

DESPORTO

CORREIO DA VENEZUELA 12 A 18 DE JULHO DE 2007

CoNquistANdo A EspANhA

Carlos Xavier: magia "donostiarra" Tomás Muñoz B.

xeneixesalmantino@hotmail.com

a ú ltima oportunidade recordámos um pouco do trajecto de jogador que à base muita garra e talento ganhou o reconhecimento dos adeptos "donostiarra" de Espanha: Oceano. Esta semana vamos a falar do complemento deste jogador naquela Real Sociedad da metade da década de 90: Carlos Xavier. Nascido em Maputo, Moçambique, em 26 de Janeiro de 1961, mudou-se ainda de muito jovem com a sua família para Portugal Continental, onde pouco a pouco foi nascendo esse 'bichinho' de jogar futebol. Foi admirador de jogadores de talento que pontificaram ma metade do campo do Portugal de meados da década de 70, como João Alves. E Carlos Xavier sabia que tinha, desde muito jovem, esse dom inato de excelência para jogar futebol: cabeça levantada, bola encostada ao pé, precisão para efectuar passes

N

Carlos Xavier ainda é recordado pelos adeptos "Txurri-Urdin".

bem medidos para os avançados de serviço, para além de um soberbo poder de remate de longa distâ ncia. Todas estas qualidades fizeram que rapidamente os dirigentes do Sporting se fixassem nele. Foi graças à chegada de Toschack, que lhe deu toda a confiança que precisava, que Carlos Xavier soltou todo esse futebol que transpirava dentro de campo. Temporada apó s temporada converteu-se num dos jogadores mais cobiçados do campeonato português, o que levou a que tanto o Porto como o Benfica se interessassem em contratar os seus serviços, além de outros equipas de Espanha, entre as que se destacou a Real Sociedad. Quando o clube "Txurri-Urdin" contratou Toschak para dirigir a sua equipa, em 1991, o galês pediu Carlos Xavier, o qual nem pestanejou em aceitar a oferta, ainda para mais quando também foi contratado o seu companheiro do Sporting Oceano da Cruz. A equipa espanhola vinha ocupando as ú ltimas posições da tabela

nas ú ltimas temporadas, mas com o duo português à frente, transformou-se conseguiu inclusivamente classificar-se para a Taça UEFA. Todos os domingos, os adeptos que iam ao campo de Atoxa, deleitavam-se com o futebol de Carlos Xavier, que a apesar da posição que ocupava no terreno, era um dos melhores goleadores da equipa, para além de ser rei das assistências para o goleador bó snio Meho Kodro. Para a posteridade ficou um jogo disputado em casa frente ao Barcelona. No do encontro perguntaram a Cruyff, então treinador dos 'blau grana', o porquê de não terem conseguido a vitó ria, ao que este respondeu: "Porque Carlos Xavier não joga para nó s, joga para a Real". Esse era o Carlos Xavier, a elegâ ncia dentro de campo. Disputou mais de 90 jogos de liga pela Real, anotando 11 golos. Voltou em 1994 ao Sporting de Lisboa, a sua outra casa, para despedir-se vencendo uma Taça de Portugal.

Nuno Assis pronto para regressar médio "encarnado" Nuno Assis disse estar pronto para regressar à equipa de futebol do Benfica, depois de estar prestes a concluir uma suspensão por doping. "Foi muito complicado. Não quero falar sobre isso, cada vez menos quero falar. Quero colocar uma pedra nesse assunto", salientou Nuno Assis, que a partir de 26 de Julho está "livre" para voltar a jogar. O médio foi hoje a figura na habitual conferência de imprensa, num dia em que também esteve em destaque no treino da manhã, ao apontar um dos golos (Dabao marcou os outros dois) da "peladinha" orientada por Fernando Santos. Nuno Assis disse estar pronto para o regresso, embora ainda lhe custe cumprir os 90 minutos de um jogo, como aconteceu domingo no jogo-treino em que o Benfica bateu no Seixal os luxemburgueses do Hamm (4-0). "Senti-me cansado, mas fezme bem. É ó ptimo", sublinhou o jogador, revelando que, desta vez - a 28 de Julho já poderá de-

O

frontar os egípcios Al-Ahly, de Manuel José -, não sente a ansiedade de voltar a competir. Nuno Assis acusou a substâ ncia 19 norandrosterona num controlo antidoping realizado a 03 de Dezembro de 2005, no final do jogo Marítimo-Benfica (0-1), tendo sido suspenso por seis meses pela Comissão Disciplinar (CD) da Liga Portuguesa de Futebol Profissional. O futebolista cumpriu uma primeira parte da suspensão, voltou aos relvados, mas, posteriormente, o Tribunal Arbitral do Desporto reconfirmou o castigo ao médio e Nuno Assis viu-se inibido para o resto da época. "Da primeira vez estava mais ansioso. Agora sinto-me mais motivado...", frisou o jogador, confessando que a fase da raiva já passou e de momento não o iria levar a nada continuar a sentir-se assim. Para o atleta indiferentes são também os comentários ou bocas que poderá ouvir, algo que diz já ter acontecido quando defrontou um clube do norte logo apó s o primeiro período de suspensão.

Nuno Assis disse ainda acreditar que vai demorar algum tempo até as pessoas esquecerem, mas que isso acaba por acontecer, tal como sucedeu com o seu actual colega do Benfica (Quim), numa situação semelhante. O médio "encarnado" não cumpriu na íntegra o castigo, porque o Benfica recorreu para o Conselho de Justiça (CJ) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), que, a 14 de Julho de 2006, ordenou o arquivamento da suspensão imposta pela CD da Liga de clubes. Na sequência de uma queixa apresentada pela Agência Mundial Antidopagem, alertada para o caso pelo secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Laurentino Dias, o TAS suspendeu a 04 de Janeiro Nuno Assis por um ano, até ao pró ximo 26 de Julho. Na conferência de hoje, o médio disse também que não existem desculpas para que o Benfica não possa ser campeão, algo que os jogadores gostariam que acontecesse todos os anos, e sublinhou ter sido motivado pelas palavras de Fernando Santos.

No final da ú ltima temporada, o técnico benfiquista disse que o clube da Luz, que terminou a época em terceiro lugar, talvez tivesse sido campeão se Nuno Assis não tivesse sido castigado. "Deu-me mais motivação e

força para ultrapassar o tempo que faltava", frisou o jogador, considerando também que este ano é bom o Benfica ter mantido a estrutura de jogadores na equipa.


12 A 18 DE JULHO DE 2007 CORREIO DA VENEZUELA

Clubes em acção

DESPORTO

27

Com o início do período de férias, os centros socioculturais e desportivos tem numerosas e variadas actividades Victoria Urdaneta Rengifo

vurdaneta@correiodevenezuela.com

Centro Social Luso Venezuelano de AcariguaAraure, situado no Estado Portuguesa, tem pela frente um mês de muita actividade. A começar com a realização da convocató ria de uma assembleiageral de só cios para nomear a comissão eleitoral que orientará as eleições que se realizam em Outubro deste ano. Em matéria de cultura e desporto, o coordenador deste departamento, Ildemaro Ramírez, convida toda a comunidade a assistir entre 14 e 15 de Julho ao torneio de natação "Copa Virgen de Fátima", que conta com a participação de escolas do Estado Portuguesa, assim como de Barinas, Lara e Cojedes. Durante esses dias serão realizadas as eliminató rias para escolher os membros integrantes das selecções de jogos de mesa, que representarão

O

o clube nos Jogos Nacionais de Centros Portugueses, em Puerto Ordaz, Estado Bolívar. Ainda nesse fim-de-semana, será festejado o encerramento do Torneio de Softbol nas suas três categorias e, tal como está na agenda, haverá sessões gratuitas de Bailoterapia, das 19h20 às 8h30. Para 15 está prevista a celebração do Dia da Criança, festa que contará com castelos insufláveis, actuações de palhaços, passeio de comboio, loja de bombons, obras de teatro e prémios. O Centro Português de Caracas, é outra fonte de actividade física e cultural. Johana Soto, coordenadora do deporto, informou que o clube será transformado num palco desportivo entre os das 20 e 24 de Julho, por motivo da realização do X Torneio Internacional do Caribe 2007, na especialidade de Bolas Crioulas, no qual participarão equipas de Aruba, Curaçau, Bonaire e Venezuela. PUBLICIDADE


28

desporto

CORREIO DA VENEZUELA 12 A 18 DE JULHO DE 2007

Proposta para educação fí sica e desportiva Aldrin da Cunha Jardim expô s, na comissão nacional e no Instituto Pedagó gico de Caracas, as suas investigações sobre a importâ ncia dos clubes e ginásios. Victoria Urdaneta Rengifo

vurdaneta@correiodevenezuela.com

educação física e desportiva na Venezuela vive, neste momento, uma etapa de avaliação muito enriquecedora, na qual se está a ter em conta tanto as investigações e opiniões dos professores como a dos empresários de sucesso nesses campos. Aldrin da Cunha Jardim, cujos pais são emigrantes que chegaram à Venezuela vindos de São Jorge, concelho de Santana, na Madeira, é um dos representantes da empresa privada que mais participou nesse processo de crescimento educativo. Desde há vários anos que participa em numerosas reuniões no Comité Olímpico Venezuelano e no Instituto Nacional de Desportos, organizações presididas pelo ministro Eduardo Álvarez, que "faz convocató rias contínuas para que sejamos também protagonistas do desenvolvimento do nosso país, contribuindo com experiências e conhecimentos para melhorar e criar novos caminhos até ao êxito nacional", explicou o empresário, que é também membro do Gatorade Sports Science Institute. Jardim foi seleccionado para expor as suas ideias no Plano Nacional de Actividade Física, cujo director é o professor Willy Subero, e uma das suas propostas é "converter, nas leis e na prática, os clubes e ginásios em ins-

A

PUBLICIDADE

Aldrin da Cunha Jardim

talações de desenvolvimento físico e desportivo, e não apenas como centros sociais ou de recreação", explica o lusovenezuelano. Na acção de formação sobre gestão da Educação Física e Desportiva do Instituto Pedagó gico de Caracas, Jardim afirmou que "é necessário que, no perfil de quem ingressa em Educação Física e Desportiva, se inclua a capacidade de criar clubes e ginásios", como se faz na Universidade Dr. Salvador Allende, no Equador, por exemplo. Para Jardim, "formar profissionais nessas áreas já é parte das exigências actuais do país e se não se preparam

especialistas, será difícil ter pessoas realmente preparadas a nível universitário para assumir a responsabilidade de dirigir clubes e ginásios". "Nestes espaços, formam-se atletas de alto rendimento, que representam a Venezuela em campeonatos nacionais, continentais e mundiais; são cenários de formação educativa e ética de crianças e jovens. Por isso, deve-se dar-lhes o seu justo valor, temos que posicioná-los no mesmo patamar que as federações desportivas ou os institutos de educação física", concluiu o especialista. Promover a cultura ao ritmo

do fitness Outra das propostas de Jardim é difundir a especialidade física do "fitness" como ferramenta de união cultural, "tal como o implementei no Alto Rendimento e 357 Spa Club, mas agora queremos exportar essas experiências para a Madeira". Mais do que o aspecto comercial, este descendente de portugueses sustém que "a maior meta é contribuir para os portugueses amem, sintam e dancem a mú sica venezuelana e a latina através do fitness, fundindo-a com ritmos portugueses, entre outras danças".


12 A 18 DE JULHO DE 2007 CORREIO DA VENEZUELA

Basebol da Madeira recebe apoios

desporto

29

Carlos A. Balaguera

construir o estádio de basebol na ilha. "Actualmente, encontram-se registados 14.200 venezuelanos no Consulado da s cinco equipas que integram a Venezuela na Madeira, o que é um associação de basebol da nú mero importante, já que a ligação Madeira foram tidas em conta dos jovens aumenta cada vez mais". Manuel Luz, presidente da por várias empresas privadas que fizeram doações no sentido de pro- Associação de Basebol da Madeira, comentou que o basebol fissionalizar esta disciplina nasceu há quatro anos como na ilha. O Cô nsul Geral da uma simples "caimanera", Repú blica Bolivariana da O Cô nsul informou mas hoje em dia existem Venezuela na Madeira, Félix ainda que está a ser equipas, as quais são A. Méndez Correa, declarou estudada a possibilidade cinco compostas por 115 jovens. ao Correio que tem já o de alguma instituiç ã o "Fazemos jogos aos sábados equipamento completo para doar um terreno para e aos domingos, na parte da uma equipa de basebol graconstruir o está dio de manhã, no estádio de futeças à ajuda econó mica que bol de Campanário, e à recebeu por parte do basebol na ilha noite no campo de futebol Instituto dos Seguros Sociais, do Paul do Mar". "Estamos que doou a quantia de 30 milhões 674 mil bolívares; a Edelca con- conscientes que, até agora, as pessoas tribuiu com 13 milhões de bolívares e o não aderem massivamente a este desBanif e a linha aérea Santa Bárbara porto, dado que estes campos não têm tribunas, mas de qualquer forma o calor doaram uniformes. O Cô nsul informou ainda que está desta disciplina desportiva está a revoa ser estudada a possibilidade de algu- lucionar toda a juventude que convive ma instituição doar um terreno para na Madeira", disse Manuel Luz. cbalaguera@correiodevenezuela.com

A

PUBLICIDADE


30

desporto

CORREIO DA VENEZUELA 12 A 18 DE JULHO DE 2007

Pepe no Real Madrid rende com 4,2 milhões ao Marí timo Duarte Azevedo DN-Madeira

risteza no olhar, olhos carregados de desejo, um pé engessado e a vontade indisfarçável de saltar para o relvado e... jogar. É um jovem, alto, franzino, sentado no Campo de Câ mara de Lobos, com as muletas ao lado. No relvado, o seu companheiro de viagem já mostra qualidades. Ele, desiludido, limita-se a... olhar. "Sim, penso que tenho lugar na equipa" são as primeiras palavras de Pepe ao DIÁRIO, apó s a sua chegada à Madeira. Estamos no ú ltimo dia do mês de Julho de 2001. No campo, exibiam-se Câ mara de Lobos e Marítimo B, com Ezequias, companheiro de viagem de Pepe, tal como ele oriundo do Corinthians Alagoano.

T

PUBLICIDADE

É um jovem, ainda, forte, mais forte, que a 10 de Julho de 2007 deixa o estágio do FC Porto na Holanda a caminho de um colosso do futebol mundial: Real Madrid. Pelo caminho, muitos milhões... Nem

o pé fracturado impe-

diu viNda para a madeira

Carlos Pereira, presidente do Marítimo, vai a Maceió negociar a vinda de Ezequias, jogador que anos mais tarde haveria, também, de representar o FC Porto mas com passagem anterior pela Académica - hoje está emprestado ao Leixões. A observação ao esquerdino é feita mas quem dá nas vistas é mais jovem - então, com 18 anos, menos dois que Ezequias e dá pelo nome de Pepe. Mais alguns jogos-treino pelo Corinthians Alagoano e nem a frac-

tura do pé direito fazem esmorecer o interesse do Marítimo na sua aquisição. Ezequias e Pepe chegam, então, no ú ltimo dia de Julho do ano de 2001 a Portugal. O primeiro logo mostrou serviço, o segundo teve de esperar algum tempo para se evidenciar perante Nelo Vingada, treinador principal dos verde-rubros. A integração deu-se inicialmente na equipa B, motivo mais que evidente, se necessário fosse, para ilustrar a importâ ncia dessa formação. Pepe ainda dá uma ajuda aos juniores mas no final da época, 2001/02, é chamado para o plantel principal. Curiosamente por causa de Ezequias que havia sido expulso num jogo em Alvalade e os outros 'centrais', Mitchell e Paulo Sérgio, estavam lesionados. Mas o jovem, ainda com idade de jú nior, não se intimida e

FC Porto paga 15% de 28 milhões de euros Como confirma a informação oficial veiculada pelo FC Porto, a transferência de Pepe para o Real Madrid foi feita por 30 milhões de euros. O Marítimo, porém, não tem direito a 15% desse valor mas, sim, esta percentagem sobre 28 milhões na medida em que são retirados os dois milhões supra referidos, quando da ida do atleta para a Cidade Invicta. A grosso modo, o Marítimo prepara-se para receber 4.200 milhões de euros. De uma forma que terá de ser negociada com o FC Porto, até porque os portistas

também não receberão os 30 milhões do Real Madrid de uma só vez. ...mas quis emprestar jogadores em troco do fim da cláusula Ao que se sabe, este negócio só foi possível porque os responsáveis maritimistas não aceitaram, há algumas semanas, uma proposta do FC Porto que indicava o empréstimo de um quarteto de jogadores por esta época com o clube madeirense a abdicar da percentagem que tinha na eventual transferência de Pepe. Que na altura parecia não acontecer...


12 A 18 DE JULHO DE 2007 CORREIO DA VENEZUELA

passa a fazer parte dos eleitos por Vingada. Evidenciando uma disponibilidade física invulgar, nos anos seguintes ganha lugar no centro da defesa mas noutras tarefas também não destoa: sobretudo como 'trinco' mas até a avançado chegou a jogar! do desejo de boloni (Sporting)à indicação de mourinho (Porto) Boloni treina o Sporting e o modo de jogar do jovem brasileiro agrada-lhe. O Marítimo consente que o jogador vá treinar para Alvalade mas os 'leões' resolvem não apostar na aquisição do jogador. Pepe volta à Madeira para continuar a... brilhar. Como 'trinco' faz um jogo perfeito frente ao FC Porto. Deco na altura era o motor do futebol portista e Nelo Vingada resolve apostar na disponibilidade do maritimista para anular a principal 'arma' do adversário. O êxito da acção de Pepe é total, o Marítimo ganha (2-1), e para a histó ria ficou, também, a expulsão dos dois jogadores. Na ocasião Nelo Vingada fez notar que a saída de Pepe foi mais prejudicial para o Marítimo do que a expulsão de Deco relativamente ao futebol portista. A verdade é que no final de 2003/04 o FC Porto seguiu o conselho de José Mourinho e contratou Pepe ao Marítimo - o treinador português, con-

tudo, não chegou a orientar o brasileiro pois transferiu-se para o Chelesa. um milhão de euros. e três jogadores

A mudanç a do jogador para o clube liderado por Pinto da Costa rendeu um milhão de euros ao Marítimo e outro tanto ao Corinthians Alagoano, que ainda tinha uma percentagem do seu passe. Por banda dos verde-rubros, o negó cio - uma imagem de marca da gerência de Carlos Pereira - foi entendido como muito positivo. Na linha de outros, alguns a relevarem a agora tão contestada (?) equipa B, como foram Danny, para o Sporting, e Alan, para o FC Porto. Para além do valor recebido, o Marítimo ainda ficava com 15% sobre futura transferência de Pepe, juntando as aquisições de Ferreira e Tonel, cujos ordenados foram comparticipados pelo azuis-e-brancos. Um outro jogador incluído no negó cio, Rubens Jú nior, não quis vir para a Madeira mas o Marítimo salvaguardou essa situação. Ao valor pago pelo FC Porto teremos que somar, assim, também, a venda de Tonel ao Sporting, um

desporto

31

Real Madrid paga 5% de 30 milhões de euros Os valores que o Marítimo receberá por Pepe não devem ficar por aqui. É que para além do FC Porto o Real Madrid também poderá ter que pagar à colectividade liderada por Carlos Pereira. Bastará o clube madeirense accionar o chamado 'Mecanismo de solidariedade' instaurado pela FIFA que funciona a modos de taxa de compensação pela formação de um atleta. O que significará mais 5%. De 30 milhões de euros. 1 milhão e 500 mil euros. O Real Madrid que já colocou no seu site a história futebolística de Pepe, com especial referência pela sua passagem pela Madeira, nomeadamente pelo Marítimo B, não deverá estar preocupado com esse pagamento. Afinal, contratou "o defesa central perfeito" ou, como também é escrito nessa página, "o central do sec. XXI". Aos 18 anos chegou à Madeira, aos 24 já está no Real Madrid! No total, mais coisa menos coisa, o Marítimo arrecada com este negócio 5.700 milhões de euros. importante para o bem-estar e melhoria de qualidade do plantel, por certo, mas seguindo uma política (re) conhecida, as infra-estruturas - futuro do clube, afinal - não serão esquecidas.

PUBLICIDADE


w w w. c o r r e i o d e v e n e z u e l a . c o m CORREIO DE VENEZUELA - 12 A 18 DE JULHO DE 2007

Centros sociais mostraram as suas melhores vozes Carlos A. Balaguera

A

Breves Teresa Salgueiro regressa só a Caracas A cantora Teresa Salgueiro, vocalista dos Madredeus, regressa à Venezuela pela segunda vez, novamente pela "mão" da empresa venezuelana "OnlyTicket Eventos". O concerto está agendado para o Outubro, embora ainda não se tenham os dias exactos das funções, que vão ter lugar na Aula Magna da Universidade Central de Venezuela.

Categoria Voz Blanca, Idioma Castelhano 1.º lugar: Emile Raga, Casa Portuguesa de Valência 2.º lugar: Andrea Pagua, Centro Social Luso Venezuelano de Acarigua Categoria Voz Blanca, Idioma Português 1.º lugar: Rubén José Rodrigues, Casa Portuguesa de Valência 2.º lugar: Jennifer López, Centro Marítimo

cbalaguera@correiodevenezuela.com

Casa Portuguesa do estado Aragua foi o cenário do VII Festival da Canção, iniciativa que se vem realizando nos diferentes centros sociais que pertencem à Federação de Centros Portugueses da Venezuela. O presidente da Feceporven, Marcelino de Canha, junto com o presidente da Casa Portuguesa de Aragua, Fernando Silva, abriram oficialmente o festival, onde participaram 46 vozes, divididas em cinco categorias. Em cada categoria, os idiomas castelhano e português foram premiados. A Casa Portuguesa Venezuelana de Valência foi o clube que obteve maior nú mero de participantes premiados, com 8 prémios, seguido do Centro Marítimo da Venezuela, com 6. O presidente do Centro Social LusoVenezuelano de Araure, Antó nio Pérez Bigot, pensa que, no pró ximo festival, os participantes em cada categoria deveriam ser sorteados. "Cada centro deve trazer o

Um júri de sete pessoas escolheu os seguintes vencedores:

Categoria Voz Cristal, Idioma Castelhano 1. º lugar: Marinés Reyes, Casa Portuguesa de Valência 2. º lugar: Yelitza Méndez Simões, Centro Marítimo Categoria Voz Cristal, Idioma Português 1.º lugar: Carla da Conceição, Centro Marítimo 2.º lugar: Carem Raga, Casa Portuguesa de Valência

seu jú ri, mas quando o participante pertença ao seu clube, não deve votar nele. Há também que ter cuidado com o som, já que se este aspecto falha, prejudica muito o cantor. Aparte estes detalhes, a participação neste festival tem sido a melhor de sempre, e hoje descobrem-se grandes talentos, e com isso estamos a demonstrar que os portugueses organizados podem dar muito". Para o presidente do Centro Português

Neste mesmo palco, em Outubro de 2006, Teresa Salgueiro, actuou pela primeira vez na Venezuela, no decurso da digressão dos Madredeus intitulada "Um Amor Infinito", que ofereceu dois concertos memoráveis que cativaram e encantaram tanto portugueses como venezuelanos. Um ano depois, Teresa Salgueiro regressa a Caracas, mas desta vez só, para apresentar um espectáculo onde vai interpretar todo o repertório das suas duas produções discográficas: "Obrigado" e "Você e eu", que

de Guayana, Victor Vieira, é lamentável a falha entre o jú ri e a mesa técnica. "Os jurados para este evento não devem estar ligados aos clubes, mas fora isso, este VII festival foi um dos mais bonitos". Por seu turno, o cantor Carlos Kanto, membro do jú ri, considera importante que todo o jú ri domine a língua portuguesa, "para assim poder classificar a boa dicção do idioma".

têm sido um êxito em vendas em Portugal. A conceituada artista, que é uma importante referência quando se fala de cantoras portuguesas, vai percorrer varias etapas da sua vida numa viagem musical por Portugal, Brasil,

A arte de viver em casal França, Itália e África Sob o lema "Uma Vida Melhor é Possível", o Instituto Filosófico Hermético, continua apresentando uma série de fóruns. Nesta oportunidade

será abordada a Arte de Viver em Casal para rever aspectos desta relação que, com frequência, não são tomados em conta e que são fonte principal do fracasso, de insatisfação e de rupturas afectivas. No fórum será desmistificada a ideia de que só a paixão e o sentimento são suficientes para se conseguir uma relação satisfatória. A iniciativa realiza-se quinta-feira, 19 de Julho, pelas 19 horas, na Avenida Francisco de Miranda, Torre Provincial A, Piso 15, Chacao. A entrada é livre.

Categoria Voz Plata, Idioma Castelhano 1.º lugar: Gilberto Enrique Blanco, Centro Social Madeirense 2.º lugar: Gloria Escalona, Centro Marítimo Categoría Voz Plata, Idioma Português 1.º lugar: Francisco Ripoll e Yoryanna Velasco, Centro Marítimo 2.º lugar: Jordán García, Casa Portuguesa de Valência Categoria Voz Dorada, Idioma Castelhano 1.º lugar: Juliemi de Ramírez, Casa Portuguesa de Valência 2. º lugar: Gisela Vera, Centro Social Madeirense Categoria Voz Dorada, Idioma Portugués 1. º lugar: Ana Virginia Martins, Casa Portuguesa de Maracay 2. º lugar: João Marcelino Fernández, Centro Social Madeirense Categoria Canção Inédita Premiada a canção "Cuando Te Vas". Letra, Música e Intérprete: Alberto Arismendi Heredia, Casa Portuguesa Venezuelana de Valência.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.