Correio da Venezuela 222

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www.correiodevenezuela.com

O jornal da comunidade luso-venezuelana

DEPÓSITO LEGAL: 199901DF222 - PUBLICAÇÃO SEMANAL ANO 07 – N.º 222 CARACAS, 30 DE AGOSTO A 05 DE SETEMBRO DE 2007 - VENEZUELA: BS.: 1.500,00 / PORTUGAL:

0,75

Propriedades sem garantias

A reforma constitucional em curso lança a confusão, sobretudo entre as comunidades estrangeiras. Ninguém tem nada garantido. p. 3 e 4

Portugueses desconfiam da polícia venezuelana Comissário Sérgio González lamenta que nem todos os sequestros sejam comunicados ao seu serviço policial. p. 6

Porto Santo vem assinar convénio com El Hatillo Comitiva inclui Grupo de Folclore, que tem actuações previstas em Caracas e em El Hatillo durante a próxima semana p. 24 e 25

Benfica garante acesso à Champions League Encarnados ganharam em Copenhaga por 1-0 e juntam-se aos melhores da Europa p. 29

Daniel Morais 1924 - 2007

p. 13 - 15

Foto: Paco Garret


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EDITORIAL

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30 DE AGOSTO A 5 DE SETEMBRO DE 2007

Até sempre, Daniel Morais! Director: Aleixo Vieira Subdirector Agostinho Silva Coordenação em Caracas Délia Meneses Jornalistas: António da Silva, Erika Correia, Tábita Barrera, Tomás Ramirez, Katiuska Martins, Sandra Rodríguez, Ysabel Velásquez, Victoria Urdaneta Correspondentes: Carlos Balaguera (Maracay e Valencia) Carlos Marques (Mérida) Edgar Barreto (Punto Fijo) Trinidad Macedo (Barquisimeto) Colaborações: Raúl Caires (Madeira) António de Abreu, Arelys Gonçalves, Antonio Pérez Villegas, Luís Barreira, Álvaro Dias, Luis Jorge. Gerente Executivo Aurelio Antunes Contabilidade Sandra Agosta Publicidade e Marketing: Carla Vieira Ventas Ricardo de León Relaciones Públicas María Amelia da Rocha Eventos Yamilem Gonzalez Preparação Gráfica: DN-Madeira Produção: Elsa de Sá María Alexandra Monteverde C. Secretariado: Emmanuel Vieira Fotografia Paco Garrett Distribuição: Juan Fernández e Enrique Figueroa Impressão: Editorial Melvin C. A Calle el rio con Av. Las Palmas Boleita Sur - Caracas Venezuela Endereço: Av. Principal Las Mercedes. Edif. Centro Vectorial (Banco Plaza). Pent House, Urb. Las Mercedes, Baruta Caracas (Ao lado de CONAVI). Telefones: (0212) 9932026 / 9571 Telefax: (0212) 9916448 E-mail: correio@cantv.net URL: www.correiodevenezuela.com Tiragem deste número: 15.000 exemplares Fontes de Informação: Agência de Notícias Lusa, Diário de Notícias, Diário de Notícias da Madeira, Ilhapress, Portuguese News Network e intercâmbio com publicações em língua portuguesa, de diferentes partes do Mundo.

A comunidade portuguesa na Venezuela, e a cultura portuguesa em geral, estão mais pobres! A morte de Daniel Morais deixa um vazio que dificilmente será preenchido, tal a dimensão do legado deste grande intelectual com quem os luso-venezuelanos tiveram o pivilégio de privar durante seis décadas. Homem de grande estatura intelectual, deixa obra a vários níveis. Primeiro pelo simbolismo da construção do Centro Português, em Caracas, amplamente reconhecido como o melhor e o mais emblemático de toda a comunidade portuguesa espalhada pelos cinco continentes. A participação de Daniel Morais nas bases daquele que é o símbolo de Portugal na Venezuela, merece a maior das referências, pela visão que engloba, pela perspicácia do planeamento, dois factores que atribuem ao Centro Português, na capital venezuelana, umas modelares instalações que volvidos 50 anos ainda estão perfeitamente actualizadas e adequadas aos novos desafios.

Depois, a intervenção de Daniel Morais conheceu outros horizontes, sempre guiados pelo seu carisma, pela defesa acérrima da cultura nacional. O trabalho do amigo e intelectual ganham ainda maior preponderância e relevo quando se atenta sobre o perfil das primeiras gerações de emigrantes, chegados de Portugal. Para eles, compreensivelmente, a cultura portuguesa não era a maior das prioridades. A persistência de Daniel Morais garantiu, assim, o equilíbrio necessário às nossas raízes. Se os portugueses conquistaram, na Venezuela, um papel de enorme relevância no meio comercial e das empresas, fomentando empregos e desenvolvendo este grande País, por que não ser também grande em matéria cultural? Daniel Morais não só deu o "corpo ao manifesto, dando contributos práticos, como sempre tentou incutir nas novas gerações o gosto e a atracção pela literatura, história e outras formas de assegurar a cultura portuguesa.

A semana Muito Bom A visita de uma comitiva de cerca de 40 pessoas em representação do município do Porto Santo, vem estreitar relações de amizade e de cooperação com a autarquia de El Hatillo, zona emblemática onde trabalham e fazem vida uma importante comunidade de portugueses. Além do protocolo de geminação que será assinado, também se dará a oportunidade de

mostrar o folclore português e o venezuelano num convívio a realizar-se no anfiteatro do Centro Cultural El Hatillo.

Bom Uma reportagem nesta edição do Correio dá conta das expectativas positivas, em relação à fusão das três câmaras de comercio da Venezuela. Os representantes de diversas empresas filiadas na antiga Câmara de Comércio esperam que a nova "Cavenport" seja a ferramenta de apoio para enfrentar as mudanças que se anunciam na Venezuela, com as novas leis e com a reforma constitucional. Fazemos votos para que a nova estrutura directiva esteja à altura dos desafios que aí vêm.

O cartoon da semana O "agente de ligação", da Polícia Judiciária portuguesa, não devia ter chegado em Agosto?

Sim, mas deve ter-se assustado com tantos sequestros...

Mau A falta de persistência e o desinteresse que demonstram uma grande percentagem da massa associativa do Clube LusoVenezuelano de Catia La Mar, estão a afectar de maneira significativa a actividade deste centro. A direcção pretende relançálo, mas precisa do apoio daqueles que decidirem continuar a dar vida às instalações do centro. Esperamos que a conclusão e entrada em funcionamento do viaduto para La Guaira possa vir a contribuir para animar os sócios. O desenvolvimento do clube depende também disso.

Muito Mau As várias referências da Presidência da República Bolivariana de Venezuela parecem antecipar que o processo de aprovação da reforma constitucional, em curso, pouco espaço reserva para o diálogo plural e flexível.A votaçao em bloco dimimui as esperanças de que possam ser alterados aspectos que têm sido considerados claramente contraproducentes, em especial para o sector privado e produtivo na Venezuela. Assusta sobretudo o enorme poder que fica em mãos do Estado, conforme estipula a nova Constituição.


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30 DE AGOSTO A 5 DE SETEMBRO DE 2007 CORREIO DA VENEZUELA

"Reforma cria um vazio jurídico" A proposta cria um vazio no que toca à propriedade privada, segundo a fundação “pro-vivienda Don Juan Villegas”.

O capítulo dedicado à propriedade deixa muito à deriva.

Tomás Ramírez

íçã~ëê~ãáêÉòÖ]Öã~áäKÅçã

ara muitos, a reforma constitucional que pretende realizar o Presidente da República Hugo Chávez outorga mais poder ao Estado e cria um vazio jurídico no que se refere à propriedade privada. O advogado Elio Huerta, assessor jurídico da fundação "pro-vivienda Don

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Juan de Villegas", opina que a reforma do artigo 115 faz com que a titularidade da terra ou de algum imóvel passe a ser uma incógnita. "Esse capítulo dedicado à propriedade deixa muito à deriva sobre a legislação actual e sobre a legislação futura, já que no que refere à propriedade privada não se dão muitos detalhes". O advogado da fundação a que preside o madeirense

João de Sousa, pensa que a reforma deixa de lado "o uso, desfrute e disposição" da propriedade. "A propriedade privada está sujeita a decisão do Presidente da República. Aí radica um vazio e no direito os vazios resolvem-se com um decreto-lei ou com uma lei. Se esse artigo for aprovado, o Presidente poderá apresentar um decreto-lei no qual queira dispor de um terreno porque é do Estado". O artigo 115 tão-pouco estabelece claramente os direitos que tem o dono de uma propriedade privada. Aquilo de "primeiro tiro-te e depois te pago", segundo Huerta, retira a importância que tem a propriedade privada. As modificações introduzidas pelo mandatário não só estabelecem distintas formas de produção. No projecto assinala-se que "por causa da utilidade pública ou interesse social, poderá ser declarada a expropriação de qualquer classe de bens sem prejuízo da faculdade dos órgãos de Estado de ocupar previamente, durante o processo judicial, os bens objecto de expropriação".

ACTUAL

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Breves

Consulados recebem 40 pedidos de passaporte por dia Um ano depois da entrada em vigor do novo Passaporte Electrónico Português (PEP), os consulados portugueses na Venezuela processam, diariamente, 40 pedidos daquele documento, afirmaram fontes consulares. Em Caracas, segundo o cônsulgeral Teles Fazendeiro, "superaram-se em grande medida as dificuldades" registadas quando o novo sistema foi instalado, havendo actualmente "algumas dificuldades pontuais" nas ligações electrónicas, "que nem sempre têm a mesma velocidade e capacidade de resposta", às quais "o consulado e a sede em Lisboa são alheios", disse Fazenderio à agência Lusa Segundo aquele responsável, "em ternos técnicos" a aplicação do sistema "é de facto um avanço", permitindo "uma positiva rotina de atendimento e de resposta às pessoas".

Fazendeiro frisou ainda que, em média, são processados diariamente "entre 25 a 30" pedidos de passaporte, "mais do que em anos anteriores", porque "o movimento consular aumentou duma forma global em todos os sectores". De acordo com o responsável, em 2006 eram atendidas por dia cerca de 200 pessoas no Consulado-Geral de Portugal em Caracas, número que aumentou este ano para perto de 300 utentes "e, nalguns momentos, chegou às 350 pessoas". Em Valência, segundo o cônsul, são processados nove a 10 pedidos diários de passaportes. "Em termos gerais, o sistema tem funcionado bem. As apreensões iniciais foram superadas, os passaportes chegam a tempo, em cinco dias úteis. Os (pedidos) urgentes chegam mais depressa", disse aquele responsável.

Hipocampo organiza festa da Ponta Delgada Com comida típica madeirense e com os mais tradicionais sons da ilha da Madeira celebra-se a festa da Ponta Delgada, no Hipocampo, Sala Show, em Chacaito. Desde 2 a 9 de Setembro, os interessados poderão desfrutar todos os dias da presença de diferentes grupos musicais, entre eles o rancho folclórico Pérola do Atlântico, Quinta Escala, Ricardo de Castro, el Kid Martínez, e um grupo de acordeonistas a entoarem o tradicional despique. Espetada, milho frito, bolo do

caco e 'bufet de atum', são alguns dos pratos que se poderá degustar durante o certame, na 'Sala Show' do Centro Comercial Chacaito. Segundo o dinamizador deste arraial há vários anos, Manuel da Câmara, ao local da festa costuma ocorrer muito público, sobretudo da comunidade portuguesa e em especial famílias oriundas da freguesia de Ponta Delgada, na Madeira. A festa abre à uma da tarde e estende-se até de madrugada.

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CORREIO DA VENEZUELA 30 DE AGOSTO A 5 DE SETEMBRO DE 2007

Reforma em debate mas sem direito a alterações Agostinho Silva

té final de Outubro, a proposta de Chávez deambulará na opinião pública, mas apenas para mera difusão. Volvidas duas semanas de intenso ruído, da Assembleia Nacional aos órgãos de comunicação social, a proposta de nova Constituição para a Venezuela está praticamente aprovada. Chávez cuida pessoalmente de todos os detalhes, desde a cor do livro a imprimir a nova versão à inclusão de 13 novas competências directas para si. Cília Flores, presidenta da Assembleia Nacional, ainda disse que a proposta era susceptível de "aperfeiçoamento", mas este fim-de-semana o Presidente da República desfez qualquer ilusão: "Se a Assembleia Nacional desfigurar a proposta, retiro-a". Entre os vários sectores da sociedade venezuelana havia uma ténue esperança de que a proposta de Chávez fosse alvo de uma discussão e aprovação, artigo a artigo. No início da discussão de pontos de vista, os chavistas defendiam a votação em bloco e a oposição a alternativa de ponto por ponto. A decisão final será do CNE - Conselho Nacional Eleitoral, mas Chávez também já lhe poupou trabalho, anunciando que

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a "proposta é integral", logo deve ser apreciada em bloco. Registar comentários ou opiniões sobre este processo político junto das comunidades estrangeiras é quase tarefa impossível. Entre os portugueses, sobretudo, a tensão é muito grande, mas ninguém arrisca grandes comentários, optando claramente por um 'esperar para ver', na ténue esperança de que muitas alterações não se confirmem. PODER AINDA MAIS CENTRALIZADO Em causa estão alterações profundas à actual Constituição, cuja versão vigora há apenas oito anos. Para além de impor a sua própria reeleição sucessiva, Chávez chama a si várias e amplas competências, desde a política monetária e cambial à possibilidade de decidir o reordenamento administrativo e territorial. Ao nível da economia da Venezuela, Chávez prepara-se para essa inédita medida de colocar nas mesmas mãos o poder de emitir dinheiro e a faculdade de o gastar, para além dos poderes de regulação da moeda, do crédito e das taxas de juro. Uma alteração que os economistas receiam que venha a provocar um descontrolo sem paralelo na estabilidade financeira do país. Na anterior Constituição, o Presidente da República já dis-

punha de 22 atribuições quase a título podem recorrer para os tribunais, sem pessoal. Agora, Chávez agrega outras 13 travar a expropriação, que tem efeitos competências, entre as quais se destaca a imediatos. Face às inúmeras críticas, a possibilidade de instituir novas cidades e este nível, Chávez já veio deitar água na outras alterações ao ordenamento territo- fervura, mas mantendo tudo como está: rial e federal, sendo que os seus respon- "A propriedade não está ameaçada, dessáveis políticos serão nomeados pelo Pre- de que respeite as necessidades do povo". sidente. Povo e poder popular são A outro nível, a reforma também expressões que inchavista instiga à redução do Chávez já avisou undam a nova Constituição, horário laboral, lançando a que não admite criando a ilusão de que o incerteza em inúmeras empresas e indústrias, especial“desfigurações” à sua "poder comunal", instigado nas ruas e becos, vai explomente de iniciativa estrangeira. Ao impor seis horas diá- proposta. Também quer dir. Só que a mesma proposta prevê um Conselho Presirias de trabalho, Hugo a votação em bloco para o Poder ComuChávez reforça a sua popue não artigo a artigo dencial nal, pelo que tudo o que o laridade junto das classes tra"povo" decidir precisará sembalhadoras, mas põe em caupre da ratificação pessoal do sa a estabilidade de muitas empresas, admitindo-se que os seus pro- Presidente. Ao nível da educação e saúde, copósitos são exactamente esses: provocar o êxodo dos 'capitalistas' para que seja a piam-se as práticas cubanas, em que o máquina estatal a tudo comandar, a Estado se assume como pai, educador e exemplo do que se passa em Cuba. Idên- vigilante, confirmando-se os piores vatiticas incertezas são lançadas ao nível da cínios e provocando a 'fuga' das famílias propriedade privada. Com a aprovação das comunidades estrangeiras. Indiferendas novas regras, Chávez poderá apro- te às críticas, sobretudo ao nível interpriar-se de qualquer propriedade privada, nacional, Chávez prossegue o seu probastando-lhe acenar com o interesse pú- jecto que também vai impondo o culto blico. Caso os privados não concordem, da sua personalidade.


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Portugueses desconfiados A desconfiança em relação à polícia é o maior entrave ao trabalho da Divisão Nacional Contra a Extorsão e Sequestros na Venezuela Agostinho Silva

~ëáäî~]ÇåçíáÅá~ëKéí

ortugueses, italianos e chineses. Estas são as comunidades mais complicadas para a polícia venezuelana, quando se trata de sequestros. "Porque desconfiam da polícia e negoceiam directamente com os sequestradores", explica o comissário Sérgio González, chefe da Divisão Nacional Contra a Extorsão e Sequestro. González lidera um departamento com apenas seis anos de actividade autónoma dentro do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (CICPC) e que até há pouco tempo era reconhecida apenas por PTJ (Polícia Técnica Judiciária). Dispõe de 50 homens preparados para o crime mais em voga no país, supervisionando todos os estados da Venezuela, à excepção

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"O estrangeiro é muito temeroso. Desconfia do corpo policial e não denunciam os sequestros”, considera Sérgio González.

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dos longínquos Apure, Barinas e Táchira, na fronteira com a Colômbia, que dispõem de um corpo policial específico. O controlo das operações é feito a partir da sede da CICPC, no Parque Central, em Caracas. Sérgio González conduz-nos até ao seu gabinete. Liberta-se do casaco e da arma que sempre o acompanha e vai directo ao assunto: "Não há nenhum aumento de sequestros". O que estará a acontecer é uma exagerada exposição mediática, diz. Logo à baila vem o caso dos quatro sequestrados portugueses em Táchira. "As notícias prejudicaram gravemente as vítimas", constata o comissário. "Nunca se deve dar tanta informação aos órgãos de Comunicação Social. Porque isso entorpece e estanca as investigações. O ideal é falar apenas quando tudo já está resolvido". Pela sua experiência nestes casos, é fácil concluir que "enquanto houver tanto ruído à


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nal Eleitoral). González responde com convicção: "Não acredito. Às vezes, nem a polícia consegue ter acesso a esses dados!". O complexo 'Colômbia' é outro fenómeno. "Existem grupos organizados, é verdade, mas não estão ligados nem obedecem às guerrilhas colombianas". O que se passa é muito diferente: "Trata-se de facto de colombianos que pertenceram às guerrilhas, mas que agora são dissidentes desses movimentos subversivos. Vêm para cá e, em grupo ou individualmente, organizamse com base na sua experiência. Estes são os TRÊS GÉNEROS DE SEQUESTROS Falando já em termos genéricos, Sér- casos mais sofisticados, porque levam as vígio González recusa a leitura de que os se- timas para as montanhas, onde conseguem esconder-se e sobreviver duquestros aumentaram nos últirante muito tempo". mos tempos. "O que se passa é Depois há os delinquentes que hoje o sequestro está na mo“As estatísticas comuns. Conhecendo o "meda. E qualquer assalto ou homidemonstram que do que as pessoas têm pelos cocídio é considerado pelas pessoas como um sequestro. São cri- a intervenção da polícia lombianos", tratam de aliar-se a evita o pagamento alguém que tenha aquela names distintos", alega. de resgates”. cionalidade, o que é facílimo Nos sequestros 'expresso' e em toda a Venezuela. "Apenas prolongados, o 'modus operandi' precisam deles para fazerem os é muito mais sofisticado. "Há casos em que os criminosos pegam nas 'Pá- contactos com as famílias. Só o sotaque coginas Amarelas' e começam a atacar por lombiano já atemoriza as vítimas e as fasectores do comércio", descreve o comis- mílias", revela Sérgio Gonzalez, voltando sário. "Agora até já têm listas de telefones ao ponto inicial: "Ao longo deste tempo tocelulares, que vão buscar por exemplo a re- do, tenho conhecimento de apenas cinco vistas que publicitam compra e venda de casos em que as vítimas foram levadas pacarros". Será verdade que há 'buhoneros' ra a Colômbia. De resto, os sequestradores (vendedores de rua) a venderem CD's com apenas ameaçam que o vão fazer". O que parece haver é uma maior proa lista de clientes da CANTV ou com a lista de eleitores do CNE (Conselho Nacio- pensão dos criminosos para se dedicarem volta", não haverá evolução nas negociações com os sequestradores. "Nem a família, nem a polícia devem falar nesta altura". Curiosamente, no mesmo dia destas declarações ao DIÁRIO, em Táchira os polícias encarregues do caso davam uma conferência de imprensa, indicando a provável zona onde estariam os sequestrados, bem como traçavam o perfil 'não subversivo' dos sequestradores. Incompetência ou estratégia para despistar, ficam as dúvidas.

aos sequestros. "É mais rentável do que roubar um carro ou assaltar um banco, por exemplo. Apostam na parte mais vulnerável, estudam as vítimas e analisam o seu nível social. Depois atacam". E os mais vulneráveis são alguns membros da comunidade portuguesa, por serem proprietários da maioria dos estabelecimentos comerciais. Quando colocados perante as situações de sequestro, as autoridades policiais debatem-se com fortes entraves. "O estrangeiro

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é muito temeroso. Desconfia do corpo policial e não denunciam os sequestros. Isso é um grave problema". Segundo o chefe da Divisão Contra a Extorsão e Sequestro, a prioridade de um sequestrador é evitar problemas na cobrança dos resgates. "Os estrangeiros facilitam-lhe essa tarefa: pagam imediatamente e sem chamar a polícia". Neste particular, as comunidades portuguesa, italiana e chinesa são as "mais complicadas".

Famílias começam a passar palavra Esta situação poderá estar a mudar. Essa é a esperança do comissário Sérgio González, baseando-se nalguns casos recentes. "Num sequestro em Acarígua, um empresário português que já passou pela condição de sequestrado foi de um estado a outro convencer a família da vítima a falar com a polícia". O que se revelou de uma importância fundamental para resolver o caso. As famílias começam a passar palavra e isso é um sinal muito positivo. "Temos um grave problema com a desconfiança sobre as polícias, mas as estatísticas demonstram que a intervenção da polícia evita o pagamento de resgates e normalmente representa a captura dos sequestradores", constata González, orgulhoso, por outro lado, "porque até hoje, nos seis anos deste departamento, nenhum funcionário foi envolvi-

do em nenhum crime, seja num carro roubado ou num sequestro". Fundamental, também, para a alteração deste estado de coisas, é a fixação na Venezuela de investigadores policiais vindos directamente dos países com mais estrangeiros. "É importante que haja essa colaboração, pois serão esses agregados policiais que vão fazer os contactos com as famílias das vítimas". O caso italiano é o mais notório, cuja embaixada tem nos seus quadros um agente que trata desta vertente. Servindo-se da confiança que inspira, está em condições de actuar quer na prevenção, quer na resolução de casos dramáticos, servindo de elo de ligação com as autoridades venezuelanas. O agente da PJ portuguesa, que o governo de Sócrates prometeu fixar este mês em Caracas, apenas chegará em Outubro. PUBLICIDADE


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Crianças não se queixam dos sequestradores Tiveram três refeições e estão impressionadas com os rios. Só falta resgatar o pai-tio Carlos Marques

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arte do pesadelo da família Barreto, em Táchira, chegou ao fim. O ambiente na casa dos Barreto, em San Cristóbal, era de incontida alegria. Apesar de ainda faltar resgatar David Barreto, que os sequestradores mantêm em cativeiro, o retorno das três crianças para junto dos familiares foi devidamente festejado. Em curtas declarações recolhidas pelo CORREIO, as crianças foram dizendo que os sequestradores sempre os trataram bem. Nunca lhes faltou nenhuma das três refeições diárias, que eram feitas à base de arroz, frango, plátano e carne de vaca. Ficaram impressionadas com a quantidade de rios que tiveram de ultrapassar. Uma das crianças contabilizou "mais de 14". Nalguns casos, tiveram

que atravessar rios a nado, noutros socorriam-se de uma canoa. "Foi terrível", deixa escapar outra criança. Alberto Luís Parra, o mais alto dos três, repetia constantemente "isto não pode estar a passar-se connosco", conforme recordam os seus companheiros de sequestro. Já no conforto da casa da família e com primos e amigos por perto, as crianças soltaram grandes risadas e até se descontraíram: "Tinham que nos sequestrar logo no dia em que íamos para um aniversário", lamentava David Mariano Barreto, filho do empresário que ainda está sequestrado. "Esses homens têm uns hábitos estranhos", acrescentou ainda. As três crianças foram deixadas pelos criminosos numa canoa que deslizou ao sabor da corrente do rio Arauca, no estado de Apure. Foram recolhidas às 10 da manhã de sexta, no sector La Esperanza, após duas semanas sequestradas. Foram

encontradas molhadas e com várias mordedelas de mosquitos que infestam a zona. Apesar do mau tempo, foram finalmente transportadas para o hospital militar em San Cristóbal, Táchira, onde foram sujeitas a exames médicos. Além da parte emocional, as crianças estão bem e aparentemente recuperadas do susto,

As três crianças foram deixadas pelos criminosos numa canoa que deslizou ao sabor da corrente do rio Arauca. pela forma como se reintegraram na família que não se cansava de repetir os agradecimentos às entidades e pessoas que os ajudaram. "Não vamos sair

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À espera de candidatos A Embaixada de Portugal na Venezuela, o Grupo Santander Totta, e o Instituto Português de Cultura, estão a patrocinar o Prémio Jovem Estudante Santander Universidades, o qual se destina a reconhecer e estimular os méritos académicos, ao nível de licenciaturas, obtidos por candidatos luso-descendentes residentes na Venezuela. A informação sobre este concurso tem sido transmitida através da Embaixada de Portugal a todos os centros portugueses da Venezuela, aos consulados honorários, a associações de jovens luso-descendentes e ao CORREIO da Venezuela. É provável que seja prolongado o prazo

de 15 de Outubro para o final do mês, de modo a dar oportunidade a que se inscrevam mais jovens, uma situação que está por confirmar. Se es um candidato potencial ou conheces a algum jovem estudante que esteja interessado em participar ou que tenha as qualidades para entrar no concurso, anima-o e venham escrever-se. Caso queiram obter informação adicional, podem escrever ao endereço electrónico: embajadaportugal@cantv.net, à atenção da senhora Maribel Tavares, ou contactar pelos telefones: (0212) 263-25-29 / (0212) 263-80-53 / (0212) 263-04-68.

As três crianças agora em casa.

daqui. Esta é a nossa terra e a nossa casa", disse, convicto, o avô das crianças, José Barreto. O general da Divisão do CICPC, Jaime José Escalante, chefe da polícia no estado Táchira, especificou que uma patrulha da guarda costeira tinha saído na madrugada de sextafeira para capturar umas pessoas que faziam contrabando de combustível, tendo dado conta que uma espécie de canoa flutuava na margem do rio Arauca que faz a fronteira na zona entre a Colômbia e Venezuela. Marcos Chávez destacou a importância do trabalho realizado pela polícia venezuelana para conseguir a libertação. "Os três menores de idade encon-

tram-se em liberdade fruto da pressão que fizemos através dos diversos órgãos de segurança: o CICPC, a polícia regional e o Ministério Público", disse o responsável. As autoridades policiais reconfirmaram que continuam as investigações para resgatar o empresário David Barreto. Anunciaram que têm cinco pessoas detidas, três venezuelanos e dois colombianos, todos relacionados com este sequestro. É provável que os sequestradores tenham deixado as crianças para ganharem maior liberdade de movimentos, no cerco que estará a ser feito pelas várias polícias dos estados de Apure, Táchira e Barinas.


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A L V I A J E S Agosto termina con una noticia dramática: el fallecimiento del señor

DANIEL M ORAIS El Centro Portugués, a través de su Junta Directiva y Socios, cumplen con el penoso deber de participar el sensible fallecimiento del señor:

DANIEL MORAIS

deja un gran vacío en el seno de la comunidad portuguesa pero también un significativo legado para las futuras generaciones. Valviajes hace llegar sus más sinceras condolencias a todos sus familiares y amigos.

Q.E.P.D

(Q.E.P.D.) Quien se destacó como el Primer Socio Promotor y Primer Presidente de nuestra Asociación. Hacemos llegar nuestra palabra de aliento y solidaridad a sus hijos, nietos y demás familiares y amigos. El domingo 02 de septiembre a las 11:30 a.m. se llevará a cabo una misa por el eterno descanso de su alma, en la Capilla del Centro Portugués en Caracas.

Se unen al duelo que embarga a la comunidad luso venezolana por el sensible fallecimiento del señor

Daniel Morais En su honor, hoy se entona el glorioso Himno de Portugal, su amado país, y estamos seguros que desde las alturas seguirá guiándonos y escuchando: "Levanta la inquebrantable bandera hacia la luz brillante de tu cielo!"

Lamenta el fallecimiento del señor: La Junta Directiva de

DANIEL MORAIS

"LAR PADRE JOAQUIM FERREIRA"

y envía un mensaje de condolencia a sus familiares y a toda la comunidad luso-venezolana.

Se une al duelo que embarga a toda la Comunidad Portuguesa radicada en Venezuela por la desaparición física del señor

Su ausencia física es una pérdida muy lamentable pero, con certeza, podemos decir que su inmensa obra cultural permanecerá por siempre, en Portugal, Venezuela y el mundo entero.

Desde el Salón de Festejos Gales hacemos llegar a toda la comunidad luso-venezolana nuestra palabra de condolencia por la desaparición física de

DANIEL MORAIS Aunque el dolor nos embarga, debemos mantener en alto el ánimo para apoyar cada vez más la obra de este ejemplar y extraordinario hombre, pues ésa será la mejor manera de agradecer su dedicación y amor por la cultura portuguesa.

DANIEL MORAIS (Q.E.P.D.)

La muerte no borra nada, permanece el legado fructífero de su proyecto cultural, su honestidad y los sueños que hizo realidad. A través de este medio la junta directiva de Automercados Plaza's comparte la pena que embarga a la comunidad luso-venezolana por la desaparición física del señor

DANIEL MORAIS Paz a sus restos


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Hay hombres que luchan un día y son buenos. Hay otros que luchan un año y son mejores. Hay quienes luchan muchos años y son muy buenos. Pero hay los que luchan toda la vida: esos son los imprescindibles. B. Brecht

Es por ello que la ausencia física de Daniel Morais será sentida enormemente por la comunidad luso-venezolana Autocentro MDS C.A comparte a través de este medio su tristeza por esta lamentable pérdida.

El mundo cultural luso-venezolano está de luto. La elevada calidad humana de Daniel Morais y su extraordinaria capacidad para promover la cultura portuguesa hacen que su recuerdo permanezca vivo en nuestros corazones. Agencia de Viajes Orotava se une al dolor que aflige a la comunidad portuguesa por la pérdida física del director del Instituto Portugués de Cultura y envía sus más sentidas palabras de aliento a todos sus familiares y amigos. Paz a sus restos

En Maison Doree elevamos una plegaria por la paz eterna de

DANIEL MORAIS:

Su dedicado trabajo en pro de la difusión de la cultura portuguesa en Venezuela nos hace admirar la trascendental obra de DANIEL MORAIS, ejemplo para varias generaciones. La junta directiva de Central Madeirense se entristece con esta irreparable pérdida y envía las más sentidas condolencias a sus familiares y amigos.

HOMBRE ÉTICO, ÍNTEGRO, HONESTO E INCANSABLE TRABAJADOR.

Morais navegó por los mares de la cultura y hoy llegó a puerto seguro, donde podrá descansar después de un largo camino. Sin embargo, él seguirá presente entre nosotros mientras mantengamos vivo su legado.

Que en paz descanse

ATLAS VIAJES La Junta Directiva de Grupo Hermanos Camacho lamenta la sensible pérdida de un pilar fundamental del movimiento asociativo y cultural luso-venezolano.

DANIEL MORAIS Y hace llegar sus más sentidas palabras de condolencia a todos sus familiares.

Se hace eco del dolor que aflige a los luso-venezolanos por el fallecimiento de Daniel Morais, quien en vida fuera una de las personas más comprometidas con la comunidad portuguesa y fiel promotor de la cultura lusa en nuestro país.

Que descanse en paz Caracas, 29 de agosto de 2007

Caracas, 29 de agosto de 2007


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História de Vida

Luís Rodrigues Caramujo Santa Cruz, Madeira

Vencer obstáculos Trinidad Macedo

o acompanhou toda a vida e com a qual teve três filhos. uís Rodrigues Caramujo é o nome de Ao regressar à Venezuela com a sua esposa, um emigrante que, com 77 anos de ida- a sorte não lhe sorriu. O encarregado que tinde, goza de bom humor e simpatia e ao ha deixado no bar trabalhou durante mês e contar as suas histórias, contagia as pes- meio e deixou muitas dívidas. Pouco tempo soas que o rodeiam. Nasceu no sítio de São Se- depois, o seu sócio pressionou-o para que venbastião, na freguesia de Santa Cruz, e foi o desse a sua parte do negócio e além disso o único varão de cinco irmãos. quarto alugado onde vivia foi ocupado. Teve As suas quatro irmãs vivem no Brasil e duas que fazer uma barraca para abrigar-se com Madelas são freiras. A sua infância e juventude ria. parecem-se com a história de qualquer emiUm cunhado que vivia em Valência estengrante, mas recorda com especial emoção que deu-lhe a mão, dando-lhe alojamento enquanfazia parte da banda municipal de Santa Cruz e to não conseguia casa e emprego. Conseguiu quando eram contratados para tocar nalguma trabalho em pouco tempo num bar situado na festa, tinham que andar durante Avenida 20 com a rua 40, pôde cerca de três horas, consoante a alugar uma casinha passados três distância da freguesia. meses e mandou buscar a sua Da sua infância Quando Luís se apresentou companheira, que se encontrava recorda com especial na junta para o serviço militar, em Valência. Logo depois, os sóemoção que fazia ficou apto e durou 11 dias. Depois cios deste negócio compraram ouparte da banda declarou-se doente e passaram tro na Avenida Vargas, onde tramunicipal mais 11 dias até que um coronel balhou 27 anos seguidos, e do qual amigo do seu pai lhe deu baixa, se retirou depois de ter comprade Santa Cruz. entregando-lhe o livrete militar do a casa numa urbanização de isento de todo o serviço. Nesse Cabudare, cidade vizinha de Bartempo, o seu primo António Rodrigues estava quisimeto. na Venezuela e enviou-lhe uma carta de chaPara ocupar o seu tempo livre, montou um mada, a qual aceitou, viajando para este país quiosque de venda de jornais, onde se manteve na linha aérea KLM, a 14 de Março de 1956. durante 14 anos. Luís nunca mais voltou a PorMal tinha chegado a Caracas e já tinha tra- tugal, mas foi até ao Brasil uma vez para visitar balho, numa sapataria na zona de Los Frailes. as suas irmãs. Ali ficou cerca de três meses até montar a sua Sempre gostou de divertir-se e nunca penprópria sapataria, com a ajuda daquele que pos- sou em riquezas. Apesar da vida ter-lhe colocateriormente seria o seu sogro. Trabalhou no do alguns obstáculos no caminho, continua a negócio durante seis anos e decidiu vender a ser o mesmo homem alegre, e actualmente conloja e comprar o bar 15 Letras, em sociedade. ta com os seus filhos, que já estão a trabalhar, e Nessa época, já tinha poupado dinheiro sufi- desfruta da sua companhia, tal como a dos seus ciente para permitir-lhe viajar até Portugal. netos. Luís é dos poucos emigrantes que beneDurante os sete meses que esteve lá, contraiu ficiam da segurança social venezuelana, através matrimónio com Maria Rodrigues, mulher que da qual recebe uma quantia mensal.

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CULTURA

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Até logo Despedida de Daniel Morais honrou a sua maior paixão: a cultura. Victoria Urdaneta Rengifo

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"Em cada esquina um amigo, em cada rosto igualdade. Grândola, vila morena, terra da fraternidade…", cantaram os membros da comunidade lusovenezuelana ao se despedir de Daniel Morais, no Cemitério de Este, após o velório de três dias que decorreu no Centro Português, em Caracas. Cada estrofe fazia estremecer os presentes, ao recordar a composição de José Afonso, que serviu de sinal para o início do derrubamento da ditadura de Salazar e que agora também se converteu no início para a nova vida de Morais. Este 'hino' era um tesouro para Morais. Numa das cerimónias comemorativas do dia da Revolução dos Cravos disse: "Grândola, vila morena está

Morais e a sua filha.

Morais desempenhava, ao momento da morte, as funções de director do Instituto Português da Cultura.

cheia de simbolismo. Significa a luta e a esperança de um povo por conseguir a sua liberdade, um apelo à união e à fraternidade". "É importante - advertiu Morais nessa oportunidade - que todos compreendamos o valor desses movimentos históricos que tiveram lugar em Portu-

gal, especialmente os jovens luso-descendentes, para que saibam de onde vêm e para onde vão", expressou há alguns meses este orgulhoso filho de Setúbal, onde precisamente a região de Grândola viu a luz. Lisboa foi outra composição entoada no cemitério em honra aos seus ideais e à sua queri-

da cidade natal, assim como a canção Venezuela, famosa peça de P. Herrero que descreveu o amor que Morais sentia por esta nação "onde os meus filhos cresceram e aprenderam a valorar outra cultura", segundo disse numa das entrevistas concedidas ao CORREIO. Por isso cada estrofe foi decla-

mada com tanta emoção em nome de Morais: "Com a tua paisagem e os meus sonhos irei por esses mundos de Deus e as tuas recordações ao entardecer encurtaram o caminho. E se um dia tenho que naufragar e o tufão rompe as minhas velas, enterrai o meu corpo perto do mar, na Venezuela". PUBLICIDADE


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Legado de Daniel Morais viverá para sempre

Exemplar diplomata e intelectual dedicou meio século a difundir as culturas portuguesa e venezolana Victoria Urdaneta Rengifo

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aniel Morais faleceu em 24 de Agosto último, aos 82 anos de idade, mas a sua obra perdurará por a eternidade, pois não só se ocupou de promover a arte e a literatura da Venezuela e de Portugal, como também incutiu em milhares de pessoas o amor pela cultura, sendo além disso um exemplo de ética e rectidão. Fundador do Centro Português, em Caracas, desempenhava, ao momento da morte, as funções de director do Instituto Português da Cultura na capital venezuelana. Deixa um legado importante de meio século dedicado à cultura, à literatura e às gentes de Portugal. O corpo de Daniel Morais foi velado no Centro Português, algo de inédito na história da colectividade. Natural de Almada, distrito de Setúbal, nasceu a 11 de Novembro de 1924, e desde muito cedo que se interessou pelas letras e estudos internacionais. Tal como recordou recentemente numa palestra sobre sua juventude, "aprendi que nos livros se guarda a memória dos povos e também se constróem as bases para o futuro das sociedades". Neste sentido, disse: "sempre trabalhei para difundir às pessoas tudo quanto enriquece a nossa cultura, para que esse conhecimento não se ficasse pelas bibliotecas, mas que também saísse à rua". Fiel à sua palavra, o intelectual sempre apoiou as causas educativas e sociais. Na Venezuela, abriu um precedente no jornalismo ao fundar Ecos de Portugal, uma revista que plasmou a importância da imigração. Morais foi o pilar da fundação e da promoção do Centro Português, em Caracas, algo que para ele foi "motivo de orgulho, porque isso significou um lugar de união para a comunidade luso-venezuelana, assim como um espaço para manter e promover a nossa cultura", segundo expressou por diversas vezes. O catedrático foi também

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Morais foi o pilar da fundação e da promoção do Centro Português.

fundador e director do Instituto Português de Cultura, através do qual mostrou ao mundo o legado lusitano. Às terras de Simon Bolívar, trouxe mais de 30 intelectuais conceituados, como José Saramago, e defendeu várias causas como a distinção à excelência académica, a promoção do teatro e da poesia, assim como fomentou a leitura. Recentemente convidou José Francisco Viegas, tudo em consonância com os seus objectivos de "dar a conhecer a outros países, em especial à Venezuela, o imenso caudal da nossa cultura". Por outro lado, era um grande conhecedor da História, da Literatura e da Arte venezuelanas, ante as quais se posicionou como um intelectual distinto. Também foi um dos pilares do ensino da língua portuguesa, tanto em Caracas, como noutros estados, para além de ter sido o motor de múltiplas actividades realizadas na Escola de Idiomas da Universidade Central de Venezuela. No campo diplomático, Daniel Morais começou em 1989 as suas funções como conselheiro cultural da Embaixada de Portugal na Venezuela.

"Estou muito satisfeito com a minha vida"

Na Venezuela, abriu um precedente no jornalismo ao fundar Ecos de Portugal.

Foi muito mais que um funcionário, conseguindo transformar-se num apoio imprescindível tanto para os portugueses e seus descendentes, como para os venezuelanos interessados na Pátria de Camões. Ali trabalhou para unir os dois países e esforçou-se para ajudar cada um dos estudantes que o procuravam desde várias partes da Venezuela. Também exerceu o cargo de vice-presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Turismo Luso-Venezuelana; foi assessor de publicações bibliográficas, crítico e conferencista, mas sobretudo foi fonte de inspiração para várias gerações.

Compromisso. Esta é a palavra que mais caracteriza a história de Daniel Morais, pois tal como o próprio afirmou: "creio firmemente que cada um deve cumprir com o seu dever, a sua missão e os seus sonhos. Trabalhar para alcançãlos e com eles dar bem-estar aos demais. Humildemente posso dizer que eu sempre fiz o que estava ao meu alcance para cumprir com o meu compromisso cultural". Outra fonte de orgulho para Morais era a sua família e em cada entrevista o tema vinha à baila: "Eles são as forças mais grandes para mim, para além de serem o exemplo de integração com a Venezuela, porque se uniram a venezuelanos e valorizaram muito este país". Finalmente, ante a tristeza que embarga os familiares e, em geral, toda a comunidade, é reconfortante saber que uma personalidade que deu tanto aos outros partiu feliz com tudo quanto viveu. Nas últimas conversas assegurou: "Estou muito satisfeito com a minha vida".


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muito esforço organizou, entre outras obras".

Às terras de Simon Bolívar, Morais trouxe mais de 30 intelectuais conceituados, entre eles José Saramago.

A marca de um mestre Foi guia e exemplo para muitas pessoas de todos os sectores do país, desde a religião e a diplomacia até à arte e a literatura Victoria Urdaneta Rengifo

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trabalho de Daniel Morais permanecerá de forma industritível e ainda que a comunidade luso-venezuelana esteja de luto pelo seu desaparecimento físico, reconhece a transcendência da sua obra.

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SÉRGIO ALVES MOREIRA Morais e Alves Moreira (imigrante português, escritor e famoso livreiro na Venezuela) foram companheiros de muitas lutas, como o próprio Morais chegou a referir. E graças a essas vivências infinitas, Moreira escreveu na sua memória as seguintes palavras, publicadas há vários anos mas que hoje merecem ser recordadas: "Para Daniel Morais. Nos seus 20 (4 vezes) anos. Não deixo no ar rastos de asas, mas estou contente por ter voado. Esta confidência escreveu-a o prémio Nobel de Literatura indiano Rabindranath Tagore. Adoptamos tal pensamento poético à celebração dos 80 anos de Daniel Morais". "Confirmamos que no ar não perduram os rastos de asas. Saudamos, porém, a certeza de que Daniel Morais voou, de que Daniel Morais continua a voar, de que os seus 80 anos são a juventude dos 20 anos quatro vezes vividos

Morais e Mario Soáres.

pelo sonho, pela persistência e os resultados visíveis uns, outros não, na Comunidade portuguesa ou luso-descendente na Venezuela". PADRE ALEXANDRE MENDONÇA O pároco da Missão Católica Portuguesa, conviveu durante 15 anos com Morais, a quem descreveu como "um crente exemplar, um homem extraordinário, de grande entrega aos demais que sempre demonstrou o seu amor a Deus, à sua família e à comunidade". Mais, sublinha que "foi uma peça fundamental no associativismo pois a fundação do Centro Português se deve ao seu imenso trabalho, o que incentivou a criação de outros clubes. Também demonstrou o seu amor pela cultura mediante obras concretas, isto é, não apenas com as palavras senão com as acções". Por outro lado, o sacerdote, que oficiou a última missa de homenagem a Morais no Centro Português, observou que a sua obra permanecerá para sempre já que "se esforçou por ressaltar os valores portugueses, fomentando a nossa cultura. BETTY RODRIGUES Directora de Relações Públicas do IPC, também conviveu muitos anos com Morais. Afir-

mou que "era um grande director, companheiro e amigo. Cheguei há 35 anos e posso dizer que era uma das pessoas mais comprometidas com a comunidade que alguma vez conheci, assim como o foi a sua esposa Maria Rita". Neste sentido, disse que "este belo casal deu o exemplo e os seus filhos (Anita, Maria Elena e Carlos) cresceram num lar de muito respeito pelo folclore, a literatura e tudo quanto se relacionara com a cultura portuguesa." "Neste momento choramos a morte de Daniel, mas ele viverá sempre em nós com a sua obra, esse legado que ficará para as gerações seguintes". FRANCISCO TELES FAZENDEIRO O cônsul geral de Caracas, conviveu com Morais desde 2005 "e desde então", disse o diplomata, passei a admirá-lo pela sua enorme capacidade de trabalho e o imenso interesse em difundir a cultura portuguesa, uma obra sumamente bela e importante tanto para a comunidade lusa radicada na Venezuela como as que se encontram em outras partes do mundo". Fazendeiro elogiou ainda a qualidade humana de Morais "pela sua solidariedade, atitude positiva, força e amor pelos valores portugueses", fazendo ainda questão de destacar a "a transcendência da sua obra, tanto nas actividades do Instituto Português de Cultura, como na secção cultural da Embaixada de Portugal na Venezuela e em cada projecto que empreendesse". No campo da diplomacia, Morais foi também uma pessoa admirada por Fazendeiro, que não hesita em o descrever como "um grande exemplo, pois esforçou-se por unir ainda mais a Venezuela e Portugal". Além disso, lembrou o "apoio à comunidade com feitos concretos, como o Centro Português, o IPC, os programas para fomentar a leitura, as visitas de intelectuais famosos que com

DAVID PINHO O professor conta que conhece a Daniel Morais desde 1975, momento em que descobriu “um homem cheio de força e de capacidades, humano, sério, capaz de poder desenvolver dentro da comunidade portuguesa um trabalho de união entre todos para um fim determinado”. Para o encarregado das aulas de português no Centro de Macaracuay, Morais preocupou-se sempre porque viessem de Portugal ilustres escritores e homens de cultura, “para que todos pudéssemos estar a par da evolução cultural portuguesa. Sempre dentro da sua humildade, simples e transparente, dizia só a verdade e nada mais, meditador e concreto sempre nas suas decisões. Todos os portugueses na Venezuela, devemos agradecer a quem tanto nos deu de sabedoria e conhecimento, com sacrifício pessoal e familiar, hoje podemos admirar esta obra magnífica e transcendental no mundo das comunidades”. MIGUEL MOITEIRO MARQUES Representante do Instituto Camões na Venezuela, recordou com nostalgia que “desde o nosso primeiro encontro, no dia seguinte à minha chegada a Caracas, aquilo que mais me impressionou em Daniel Morais foi a forma como falava: procurava sempre a palavra certa e um rigoroso equilíbrio sintáctico”, disse o intelectual, membro do Centro de Língua Portuguesa e professor da Universidade Central da Venezuela. Além de partilhar um profundo conhecimento da língua portuguesa, que Morais amava,

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Marques ressalta que “era um renovado prazer conversar com ele, não só pela oportunidade de passear pela literatura e escutar as histórias da sua vida – que inveja temos de uma vida assim tão preenchida – mas também pelo sentido de estética que aplicava até na frase mais simples”. Marques descobriu em pouco tempo que a personalidade de Morais era fiel ao que professava. “Numa sociedade em que se reduz as palavras à unidade mais gutural e preguiçosa, o discurso criteriosamente pensado de Daniel Morais era, sobretudo, uma atitude estética perante a vida que se reflectia numa energia e clarividência intelectual impressionantes. De tal maneira que, como ele não podia parar pela morte, a morte parou gentilmente por ele”. ALEIXO VIEIRA O director do Correio da Venezuela considera Morais uma das pessoas mais importantes da emigração portuguesa na Venezuela e no Mundo devido à sua trajectória de vida, à sua entrega total à comunidade “renunciando, quem sabe, a tudo quanto se lhe apresentou na vida” “Portugal e os portugueses na Venezuela ficamos mais pobres com sua partida para o descanso final”, reconheceu. Segundo Vieira, o Correio sempre recebeu todo o apoio de Morais em materia de cultura portuguesa. Recorda que uma das últimas conversas que teve com ele foi na UCV num acto de entrega de livros por parte da Embaixada. “Ele disseme: Está vendo que o que eu sempre lhe disse não era mentira? É uma tristeza que os venezuelanos interessem-se mais pela cultura portuguesa do que os mesmos portugueses, infelizmente é assim meu caro amigo". PUBLICIDADE


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à beira dos 500 anos

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Cumpriram-se este ano 499 anos de história depois da elevação do Funchal a cidade

ecorria o ano de 1508 quando tal aconteceu. E a partir daí a mudança instalou-se por cá, fazendo com que, a cada ano que passa, a cidade tenha sempre algo de novo para oferecer aos seus habitantes. O Funchal tal qual o conhecemos, hoje, passou por muitas fases, numa tentativa de constante aperfeiçoamento, sabendo sempre que essa vai ser uma busca contínua. Felizmente, há sempre mais qualquer coisa a fazer. Se voltarmos atrás no tempo, vamos ver que ainda antes de ser cidade, durante o século XV, o Funchal já era um importante porto comercial. Por força do forte desenvolvimento da cultura sacarina, transformou-se num centro obrigatório de passagem das rotas comerciais portuguesas da época, para onde foram transferidos os grandes interesses comerciais europeus. A partir daí a cidade desenvolveuse ao longo de uma rua ribeirinha que, percorridos quase 500 anos de história, conheceu vários nomes, de entre os quais se destacam Santa Maria, Caixeiros, Alfândega e Mercadores, e que haveria de servir de linha mestra para a 'edificação' da cidade. Foi, pois, a partir desta rua que a cidade se foi construindo. Per-

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pendicular a ela surgiram as ruas que seguem o ritmo das três ribeiras - São João, Santa Luzia e João Gomes - que, vindas do alto das serras se precipitam calmamente no mar, não sem antes atravessarem o largo vale onde se ergue a cidade do Funchal. Em simultâneo foram surgindo os arruamentos paralelos que foram de extrema importância para o desenvolvimento socioeconómico de toda a Região. Entre tantos, destacamos a rua Direita ou a rua da Carreira. E já nesta altura o Funchal mostrava querer galgar as montanhas e vencer os obstáculos criados pela natureza. Foram, assim, construídos os acessos ao Monte, a Santa Luzia e a Santa Clara, ao que se seguiram tantos outros, em parte pelas exigências do crescimento do concelho. Foi esta cidade que, no século XVII, frutos dos importantes tratados comerciais, haveria de receber os mercadores ingleses, que depressa passaram a controlar o mercado vitivinícola ilhéu. Uma nova cidade surgia, com as casas senhorias a marcarem a sua presença. Mas a história continua. E no século XIX o nome do Funchal surgia associado a mitos românticos europeus, graças à passagem pela Ilha da Imperatriz Sissi da Áustria ou da Rainha Adelaide de Inglaterra. Depressa se atribuem ao

Funchal os foros de estância turística e terapêutica. Com a revolução dos transportes aéreos e marítimos, no decorrer do século XX, o Funchal assumese como um centro de turismo internacional, dotado de um impor-

tante parque hoteleiro. E assim se foi construindo o Funchal cosmopolita que hoje conhecemos: desenvolvido, com qualidade de vida e preparado para enfrentar o futuro... Parabéns à cidade! PUBLICIDADE


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O professor Freitas-Magalhães, da Universidade Fernando Pessoa (UFP), Porto, foi distinguido como Educador Internacional do Ano 2007 pelo Centro Biográfico Internacional (IBC), de Cambridge, Inglaterra, anunciou a UFP.

Breves

1.188 hectares afectados O Ministério da Agricultura identificou um total de 1.188 hectares de área de cultivo afectada pelas trovoadas e granizo que caíram no passado fim-de-semana no Norte do

país.Em comunicado, o ministério diz que no que respeita a áreas de cultivo de milho, olival, pomares e amendoais, foram identificados 1.048 hectares de área de cultivo afectada, correspondentes a prejuízos iguais ou inferiores a 20 por cento da produção anual. Neste caso, explica, os agricultores que possuem seguros de colheitas poderão activar os mecanismos de compensação respectivos.

Península Ibérica fala a uma só voz Portugal e Espanha vão defender sábado, na reunião informal de Ministros do Ambiente da União Europeia em Lisboa, a necessidade de mais apoio da UE para as regiões semi-áridas, anunciaram ontem os ministros dos dois países.Em conferência de imprensa, os responsáveis do Ambiente de Portugal e Espanha, Francisco Correia e Cristina Narbona, explicaram ser essencial que a

Modernização das PME A Associação Industrial Portuguesa (AIP) defendeu um pacto entre os partidos políticos para a modernização das PME, que constituem a espinha dorsal da economia,

Europa "compreenda os problemas das regiões semiáridas", apostando na "vontade de colaboração existente para enfrentar as causas do problema". "É oportuno modificar os critérios do Fundo de Solidariedade europeu para ter em conta a incidência do fenómeno das secas, que têm a ver também com a expansão dos incêndios florestais", afirmou Narbona. ao representarem 99,8% da estrutura empresarial."Seria importante que os nossos políticos, em vez de usarem as Pequenas e Médias Empresas como arma de arremesso político, estabelecessem um pacto para a modernidade das empresas portuguesas, trabalhando em conjunto com as associações empresariais para o concretizar", afirma a AIP-Confederação Empresarial numa nota enviada à agência Lusa.

Base de retaguarda da ETA “é uma possibilidade” O secretário-geral do Gabinete Coordenador de Segurança afirmou que não há provas da existência de uma célula da ETA em Portugal, mas admitiu que elementos do grupo possam recolher-se temporariamente em território nacional para planear atentados em Espanha."Não existe um facto provado de uma base de retaguarda da ETA em Portugal, mas é uma possibilidade", disse. Em conferência de imprensa após uma reunião entre o Gabinete Coordenador de Segurança e dois oficiais da Guardia Civil

espanhola, o General Leonel Carvalho adiantou que "não existe um facto provado que indique a existência de uma estrutura da ETA em Portugal". Contudo, admitiu que os elementos da ETA possam recolher-se temporariamente em território português para planear atentados em Espanha."Há uma facilidade que tem a ver com a livre circulação de pessoas e bens e com o facto de Portugal ser um país aberto ao turismo.Quanto à base não sabemos se há ou não", disse.

As altas esferas do PSD são as mesmas figuras que tutelam os interesses económicos" no arquipélago madeirense.

Líder do PS/Madeira quer investigação profunda "O Estado e a União Europeia não podem ficar a leste do que acontece na Madeira", disse João Carlos Gouveia presidente do PS/Madeira, João Carlos Gouveia, afirmou que o partido vai avançar com uma petição junto da Assembleia da República para que se "faça uma investigação profunda a toda a actividade económica" na região. "O Estado e a União Europeia não podem ficar a leste do que acontece na Madeira", disse à agência Lusa o líder dos socialistas madeirense, apontando que "não há economia de mercado na Região, porque as altas esferas do PSD são as mesmas figuras que tutelam os interesses económicos" neste arquipélago Deu o exemplo das vias rápidas construídas na Madeira com 75 por cento de apoios financeiros da UE, sendo o restante do Estado e da Região, e do novo hospital que será edificado na capital madeirense, projectos do Governo Regional que depois são "privatizados". "É preciso saber como as coisas funcionam do ponto de vista da legalidade, quem são os empresários que são donos dessas empresas concessionárias", defendeu. Sustentou que existe na Madeira um "regime excepcional que ultrapassa tudo e todos, sendo a execução de obras uma máquina de fazer dinheiro. A construção

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civil da região funciona em cartel". Escusou-se a "partidarizar e particularizar" a situação, acrescentando ser necessário "apurar as ilegalidades que distorcem por completo a economia". "O Governo Regional é hábil em trazer dinheiro, agora é preciso saber como foi aplicado, não só ao nível da execução dos projectos, mas qual é o submundo des-

PS vai avançar com uma petição junto da Assembleia da República para que se investigue toda a actividade económica" na região ses financiamentos", em termos de Estado e de União Europeia, afirmou. Nesta área, " próprio Estado tem lacunas no controle", destacou João Carlos Gouveia, considerando que se o Estado "for permissivo dá margem a situações de corrupção". Criticou ainda a "falta de vontade" existente por parte dos magistrados do Ministério Público na Madeira para investigar as situações, realçando porém que, neste

momento, há "uma nova atitude e uma alteração na postura do MP na Região". "Deram-se passos significativos, mas é imprescindível existir legislação e apoios financeiros e humanos" quepermitam um melhor trabalho de investigação, sustentou. "Hoje as coisas estão melhores, mas temos de ir mais além e uma das atitudes que o PS pretende tomar, trabalhando com os outros partidos da oposição, é defender na Assembleia da República que os mandatos dos magistrados estejam limitados no tempo", disse. Destacou também que o "Governo da República tem de dar meios humanos e técnicos ao Ministério Público, à Polícia Judiciária e aos tribunais para que não possam usar estas lacunas como mecanismo de desculpa" para a falta de actuação. "Isto tem de ser feito a nível de órgãos de soberania", salientou. João Carlos Gouveia mencionou que muitas das denúncias acabam por não ter sanção moral, caso das violações do Plano Director Municipal detectadas numa auditoria na câmara municipal do Funchal, que diz estarem a ser "branqueadas" com o argumento de serem "procedimentos e actos administrativos".


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O ministro da Administração Interna, Rui Pereira, revelou que deu instruções às forças de segurança, nomeadamente à PSP, para reforçarem a vigilância nas zonas de diversão nocturna no Porto e em Lisboa.

Bastonário da ordem dos Médicos condena IVG em centros de saúde Pedro Nunes sublinha que o sistema público não pode dar uma "falsa segurança” bastonário da Ordem dos Médicos defendeu que realizar interrupções voluntárias da gravidez medicamentosas em centros de saúde "pode banalizar o que não se deve" e acarreta responsabilidades para os médicos de família para as quais não foram preparados. Esta posição de Pedro Nunes é oposta à defendida pelo presidente do Colégio da Especialidade Ginecologia/Obstetrícia da Ordem , Luís Graça, que, também em declarações à Lusa, considerou que cerca de 90 por cento das IVG químicas (com medicamentos), "tirando os 10 ou 12 por cento de casos eventualmente problemáticos", deveriam ser realizados em cen-

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tros de saúde porque é nesses locais que se encontram os "médicos que melhor conhecem a população" e por se tratar de um acto médico simples.

Pode não existir os níveis de segurança que seriam desejáveis, O presidente da Comissão de Saúde Materna e Neonatal, Jorge Branco, confirmou que além do centro de saúde de Viana do Castelo mais "três ou quatro" estabelecimentos do norte do país deve-

rão começar a efectuar abortos a pedido da mulher em Setembro. Até ao final do ano, a IVG medicamentosa deverá ser praticada em centros de saúde de outras regiões de Portugal. Em declarações à Agência Lusa, o bastonário, Pedro Nunes, refere que a realização de abortos fora dos hospitais é má em vários aspectos: "estimula as pessoas a considerar banal o que não deve ser banal, impõe uma pressão sobre os médicos de família insustentável, obriga-os a assumir responsabilidade para as quais naturalmente não foram treinados e a proximidade ao doente dificulta-lhes a alegação de objecção de consciência, ao contrário de um médico hospitalar".

Portugal sobe três lugares no ranking da qualidade

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ortugal subiu três posições no ranking de avaliação da qualidade dos serviços públicos, ocupando agora o décimo sexto lugar, à frente da França, da Itália e da Espanha, anunciou o gabinete do coordenador do Plano Tecnológico. De acordo com uma nota emitida pelo gabinete do coordenador nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico em que é citado o relatório "Leadership in Customer Service", Portugal subiu da décima nona para a décima sexta posição do ranking que avalia os níveis de desempenho dos organismos públicos no domínio da

prestação de serviços aos cidadãos e empresas. No estudo, divulgado pelo gabinete coordenado por Carlos Zorrinho, são apontadas algumas iniciativas que estão actualmente em curso e que "contribuíram para a melhoria do desempenho de Portugal", sendo destacado o papel do Plano Tecnológico, da Iniciativa Ligar Portugal e do programa de simplificação administrativa Simplex. Iniciativas como o Cartão do Cidadão, Empresa na Hora, Marca na Hora, Documento Único Automóvel, Portal da Empresa e rede de Lojas do Cidadão, são também destacadas no estudo.

Câmara de Matosinhos pede reforço policial presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto, pediu um reforço policial no concelho, na sequência do aumento da insegurança nos estabelecimentos de diversão nocturna do Porto. "A informação que tenho é que é uma situação que envolve actores que não têm actividade expressiva em Matosinhos, mas é importante que haja um reforço policial, até para acalmar as pessoas", afirmou o autarca, em declarações à Lusa.

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Guilherme Pinto referiu que já solicitou ao comandante da Polícia Municipal de Matosinhos que peça à PSP um reforço do policiamento do concelho. "É conveniente estar de sobreaviso", disse, salientando que, contudo, não espera um alastramento ao concelho de Matosinhos do aumento da criminalidade nos estabelecimentos de diversão nocturna do Porto, que causou quatro mortos nos últimos dois meses.

A OM defende que o que deveria ser feito era, para cumprir a legislação e a vontade dos portugueses, continuar a definir a IVG como algo negativo.

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Câmara forte para enfrentar mudanças profundas A fusão da Caporven Carabobo, Caporven Nacional e Câmara Lusa Venezuelana, agora transformadas na Cavenport, gera expectativas positivas entre os empresários Ysabel Velásquez

nova Câmara Venezuelana Portuguesa de Indústria, Comércio, Turismo e Afins, é uma iniciativa dos afiliados da Caporven Carabobo, Caporven Maracay e Câmara Lusa Venezuelana que consolida os interesses de mais de mil empresários inscritos, a maioria madeirenses. O seu presidente, José Luís Ferreira, fez sua a expressão 'a união faz a força' para descrever este gesto de irmandade entre os empresários lusos: "estamos muito contentes porque a nova câmara começará a trabalhar a partir de Outubro, com uma direcção vigente por dois anos, e estamos a receber muito apoio das regiões; as secções aproximarão o organismo aos empresários do interior do pa-

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ís". O empresário referiu ainda estarem a vembro no CIEC da Universidade Mereceber muito apoio dos inscritos em ge- tropolitana. Este evento, para além de ral, pois estes esperam que a Cavenport reunir os afiliados, contará com a pre"seja a ferramenta de apoio para enfren- sença da Secretaria Regional de Turistar as mudanças que esperam a Vene- mo da Madeira e uma delegação da zuela, com as novas leis e União Europeia convidada com a reforma constituciopelo embaixador de Portugal nal". na Venezuela, João Caetano A nova câmara Ferreira sublinha que vão da Silva. se consolidar os programas começará a trabalhar A VISÃO DOS AFILIADOS O CORREIO decidiu rede assessoria legal em matéa partir de Outubro, colher a opinião de alguns ria impositiva e laboral para com uma direcção inscritos a fim de saber as que os empresários cumpram vigente por dois anos. suas impressões e expectatios regulamentos do governo vas sobre a unificação das câe acrescenta: "a fusão conmaras. verterá a câmara num organismo ainda mais plural e aberto, que OSWALDO FREITAS - PRESIDENTE DE gere confiança e benefícios para todos". Para além do desafio da fusão, a Ca- CASTELO BRANCO. RAMO: ALIMENTOS "Parece-me uma excelente iniciativa venport está a organizar a Feira da Câmara Lusa, a realizar-se de 1 a 4 de No- porque o facto de as câmaras estarem

unidas num só organismo dá uma ajuda muito mais rápida. Isto significa uma maior representação para todos os afiliados, sobretudo na área económica". JUAN CARLOS ARAÚJO - SÓCIO DO RESLA CASTAÑUELA. RAMO: RESTAURAÇÃO. Este empresário reconhece o apoio da Câmara Luso Venezuelana mas celebra a decisão de unificar a organização: "A fusão traz muitos benefícios, sobretudo o apoio aos comércios na hora de enfrentar problemas de pessoal. O apoio da câmara nesses momentos é muito importante. Esperamos que se abra uma comunicação constante e uma união de empresários onde exista maior feedback. Que nas reuniões se exponham os problemas de todos porque a experiência de um é a esperança para outros também, TAURANTE


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ao enfrentarem situações similares". Araújo completa a sua opinião com uma reflexão acerca do que considera que deveria ser o objectivo da Cavenport: "É importante que esta união entre comerciantes e donos de negócios se consolide para evitar as rivalidades, as competições desleais entre negócios do mesmo ramo, para unificar os preços na venda das bebidas nos restaurantes, por exemplo, para se esmerarem mais e se distinguirem pelo serviço". JOSÉ DIAS VIEIRA - GERENTE DO DEPARTAMENTO DE COMPRAS CENTRAL MADEIRENSE. RAMO: SUPERMERCADOS. Como membro do sector dos supermercados, Dias Vieira, considera que esta decisão será benéfica para o ramo: "Todas as iniciativas que se levem a cabo com a intenção de sermos melhores como comerciantes para brindar os nossos clientes com um melhor serviço são bem-vindas e esta fusão aponta para o progresso". TONY DARIA

DE SAA - ENCARREGADO DA PAFLOR DE ALTAMIRA. RAMO: PADA-

RIAS.

Comprometido com o objectivo de manter um óptimo serviço ao público e uma atenção esmerada, considera que a fusão das câmaras de comércio lusovenezuelanas é uma boa ideia, e espera um apoio mais sólido aos empresá-

A última Feira da Câmara Lusa realizada no Centro Português, em Caracas.

rios do sector: "Esperamos que nos ajude com cursos de manipulação de alimentos, que fazem muita falta aos empresários do ramo, para além de que é importante que esta nova câmara nos dê mais apoio no que diz respeito a assessorias sobre legislação laboral e no

âmbito da nova lei que entra em vigência sobre a segurança industrial, para que todas as padarias estejam coordenadas". Os empresários e comerciantes mostram-se satisfeitos com a consolidação da Cavenport e entendem-na já

como um canal mais expedito para conduzir as suas inquietudes e receber o apoio de pessoas especializadas nas áreas capitais das suas actividades económicas, e é como afirma José Luís Ferreira: "unidos seremos mais fortes para vencer qualquer dificuldade". PUBLICIDADE


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Olá, Daniel!

João da Costa Lopes

ede-me "O Correio" umas palavras sobre o Daniel Morais e eu, por dever a anos de amizade, não mas posso negar e elas vão fluindo num misto de tristeza imensa e de uma inconformidade sem limites, porque a senhora invisível que sempre nos acompanha voltou a triunfar. Nestas horas recentes, quando ainda me parece incrível o sucedido, volto a folhear "As Intermitências da Morte", de Saramago, sabendo que se perguntarmos à Morte onde esteve a sua vitória, não nos responderá, não porque não queira, mas "só porque não sabe o que há-de dizer diante da maior dor humana". É essa a dor que sentimos agora e não há palavra de alento que me aqueça a alma, nem há esperança que me acaricie o espírito destruído pelo choque brutal do passamento do amigo Daniel. Conheci-o nos finais da década dos 50. Para então, eu era um rapazola de 16 anos, recém-chegado a Caracas, e ele um homem perto dos 40. Sabia-o empresário de grande sucesso, mas isso não me impressionava. Mais me interessava que tinha sido um dos fundadores e motor principal do Centro Português, nessa época sediado em El Paraíso, quando essa urbanização ainda merecia esse nome. E muito mais me era relevante que fosse um homem preocupado pela cultu-

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ra, por todas as culturas, mas especialmente pela do seu país natal. O primeiro de muitos encontros com ele e com a Maria Rita, sua grande paixão, foi em casa dos seus cunhados, o Alfredo Mendes e a Naty, uma inglesa que lidava - e lida - com o português como se fosse a sua língua materna. As minhas idas a casa do Alfredo Mendes repetiam-se três ou quatro e até cinco vezes por semana para redigir os programas de rádio da Junta Patriótica Portuguesa e ainda que estávamos perto ideologicamente as nossas discussões, sempre mais sobre forma que conteúdo, eram tão acessas que a Naty, vinha de vez em quando por água na fervura com um lanche-trégua. O Daniel Morais, que se agigantava aos meus olhos porque tinha estado preso no Aljube, assistiu, sempre em silêncio - em silêncio, mas não alheio - as algumas dessas batalhas verbais. Que me lembre, nunca se meteu nelas. Sabendo que não partilhávamos de algumas visões do mundo, evitávamos sempre falar dos nossos desencontros e concentrávamo-nos no que nos aproximava: a paixão por Portugal e a missão, muitas vezes adiada, de estruturar uma organização cuja função única fosse a difusão da Cultura que nos era comum. Porque o que se vai dar dar-se-á, essa oportunidade chegou em 1985 com ocasião dos 50 anos da morte do Fernando Pessoa. Um par de conversas na segunda metade desse ano foi suficiente para, junto com outros amigos, dar vida a um projecto cultural, que com outro nome, se mantém vivo há quase 22 anos. Entretanto e antes da Comissão Fernando Pessoa, o Daniel Morais foi fazendo o que lhe era possível para dar a conhecer a cultura portuguesa neste país. As visitas, entre outras, de Hernâni Cidade, de

Agustina Bessa-Luís e de David Mourão-Ferreira, que foi meu professor de português, juntamente com várias mais iniciativas eram motivo de encontros e para conversar sobre a necessidade de difundir o nosso património cultural. A formação da Comissão Fernando Pessoa e logo a fundação do Instituto Português de Cultura (IPC) tornou o nosso contacto quase diário e cimentou uma relação que já levava décadas até a transformar numa amizade incondicional. Não creio que haja na nossa Comunidade outra figura com o vulto do Daniel Morais, tal a dimensão que ganhou com a sua qualidade humana e com os sonhos que levou à realidade. Nesta hora de desassossego e mágoa, a família sofreu uma perda irrecuperável. Na Comunidade abriu-se, entre milhares de amigos, um vazio impossível de compensar. O IPC ficou ferido de morte. Sei que já não lhe posso fazer perguntas - como descobri há pouco que já não as posso fazer ao meu pai - mas sei o que responderia se lhe fizesse a que me vai na alma: que fazer com o IPC? Continuem! Não se detenham! Cheguem mais longe! Cheguem mais alto! A poucas horas de ver o Daniel Morais por última vez, em repouso final e com uma imagem da Maria Rita onde sempre a levou - junto do coração - a melhor forma de lhe render homenagem e de lhe perpetuar a vivência nos nossos espíritos, agora aturdidos pela sua desaparição física, é continuarmos a sua obra multifacetada, cada quem no campo que escolheu. Só assim o teremos sempre entre nós e em lugar de o despedirmos com: Adeus, Daniel, poderemos dizer todos os dias: Olá, Daniel!

Conversas para uma Cultura da Tradição

Lino Mendes

ão há, nem nunca houve no nosso país, uma "Educação para a Cultura da Tradição isto é, nunca a Escola ensinou (transmitiu) aos seus alunos os valores que os definem e caracterizam, tão-pouco sobre a importância da "cultura tradicional". Não surpreende, por isso, que figuras prestigiosas do país mostrem um total

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desconhecimento da matéria, e que num universo de mais de dois mil grupos que de folclore, se arvorem, apenas umas três a quatro centenas, da representatividade ou para isso trabalhem. Mas, o que é o folclore? Definido em todos os dicionários e reconhecido pela UNESCO, podemos dizer que o mesmo deve "ser entendido como expressão da cultura tradicional, entendendo-se como tal os comportamentos, usos, vivências e valores que qualquer grupo social, relevante culturalmente, utilizou durante o tempo suficiente para impor a marca local, independentemente da sua origem e natureza." E um "grupo de folclore" o que deve ser? Digamos que o "retrato" possível das gentes do antigamente. E aqui entenda-se antigamente como o tempo em que os usos e costumes ainda não sofriam influências

universais, em que mesmo as alterações resultantes do encontro com outras gentes, aconteciam naturalmente. Era a chamada aculturação. Mas, como saber que determinado acto é folclore? O Inspector Lopes Pires tem uma maneira muito interessante de o explicar: 1) Ser popular (ser do gosto do povo… ser da sua predilecção); 2) Ter autor desconhecido; 3) Ser tradicional (passar de geração em geração por via oral); 4) Ser universal (pertencer a uma comunidade cultural significativa e não apenas a uma família ou pessoa). Quanto ao desconhecimento do que é folclore por parte de figuras prestigiosas, por certo que já ouviu muitas vezes a afirmação de que isso não tem importância, não passa de folclore. Pois bem, e segundo a "Sociedade de Língua Portuguesa" tal só é tolerável a um analfabeto ou pessoa de pouca cultura.

Até sempre

Célia Guido Mendes Quando cheguei à Venezuela, no início da minha carreira como leitora do Instituto Camões e num dia que, em muitos sentidos, marcaria o início de uma nova fase da minha vida, fui calorosamente recebida, à porta do avião, em Maiquetía, pelo Sr.Daniel Morais.Alto, elegante, cavalheiro, bem falante, de conversa agradável e sentido de humor de uma inteligência acutilante.Daniel Morais distinguiu-se desde o primeiro momento em que o conheci como o homem dinâmico, assertivo e sempre carinhoso que demonstrou ser durante os oito anos em que tive o singular prazer da sua amizade. Tendo trabalhado conjuntamente com ele, quer no seu papel de responsável pelos assuntos culturais da Embaixada de Portugal na Venezuela, quer enquanto presidente do Instituto Português de Cultura, tive a oportunidade única de o ver em acção, resolvendo situações, limando arestas, criando laços, abrindo oportunidades de cooperação futuras - com uma desenvoltura que jamais conheci em outro homem, uma diplomacia incriticável e uma presença envolvente e inolvidável. Recordo com carinho os muitos momentos que vivi junto a ele, em reuniões sociais, em sessões de trabalho, em conversas informais ou num dos nossos extensíssimos telefonemas, em que nos perdíamos em comentários sobre as últimas novidades da vida cultural do nosso país, sobre questões políticas, sobre que artista ou intelectual trazer à Venezuela pelo aniversário do instituto, sobre as nossas últimas férias em Portugal ou sobre as delícias de um bom almoço ou jantar neste ou naquele restaurante. Nunca a seu lado vivi um momento de tédio ou de aborrecimento.Tinha uma capacidade extraordinária de analisar, dissecar e comentar com uma agudeza e uma ironia deliciosas cada situação, cada personalidade, cada experiência.Tinha um espírito jovem num corpo que, infelizmente, teimava em não acompanhar o vigor que trazia por dentro. Sr.Daniel Morais, nunca me esquecerei de si.Tenho cá dentro um cantinho que será sempre seu, onde com carinho e saudade guardo as memórias de todos os momentos que partilhámos.É com profunda tristeza que me despeço de si - de si, que foi como um pai para mim, me protegeu e me guiou quando mais precisei.Até sempre.


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Favor enviar as suas cartas e comentários ao endereço electrónico: correio@cantv.net

CARTAS

Falta de informação!?

A história repete-se no Centro de Punto Fijo Em 5 de Agosto último, decorreram eleições no Centro Português de Punto Fijo, depois de mais de dois anos de atraso.Vimos então com assombro como neste novo processo se repetiram as mesmas situações irregulares das últimas eleições. Apresentou-se uma 'Plancha Nº l', para não dizer única, porque mais ninguém se atreveu a lançar outra candidatura, posto que se previa que se iria passar o que realmente aconteceu. Novamente se verificou a troca e a venda apressada de acções, uma vez aberto o processo eleitoral, com o único fim de obter votos. Um dos membros da lista única não cumpria com o requisito de ser sócio há mais de seis meses para poder integrar uma candidatura à direcção.No entanto, através de

OPINIÃO

manobras administrativas e com a cumplicidade da junta directiva actual, fizeram-no aparecer como sócio a partir de Janeiro deste ano.A trapaça não passou a prova gráfica, que é a única que poderia determinar se na realidade foi feito em Janeiro ou em Julho deste ano, como suspeitamos que aconteceu. Por outro lado, não houve, e se o havia nunca foi participado pelos sócios, um comité eleitoral perante o qual se pudesse reclamar estas situações irregulares. Enfim, o mesmo que aconteceu há quatro anos. E sabem que o pior de tudo é que na dita plancha há quatro pessoas que há quatro anos criticaram e actuaram legalmente contra essas mesmas irregularidades cometidas nas eleições então realizadas.Quatro anos

depois, em cumplicidade com os que as cometeram nessa oportunidade, fazem o mesmo… Há quatro anos era ilegal.E agora como saem favorecidos é legal. Esperamos que daqui a dois anos, quando esta direcção deva apresentar provas, haja alguma obra que justifique estas novas irregularidades e o nosso centro português esteja em melhores condições que as actuais e pelo menos possamos dizer que para algo serviu este novo engano eleitoral. Esperamos que assim seja. Começaram mal, mas desejamos-lhes boa sorte. José Manuel de Oliveira Domingo Maciel de Faria Ana Maria Botelho Lília Ramos Wong Maria Medeiros Marcolino De Faria António Jardim

Melhor português Quero através deste espaço lembrar aquele projecto que o secretário de Estado das Comunidades, António Braga, trouxe à Venezuela: a chamada Universidade Lusófona. Queria saber se se está a fazer alguma coisa para que esta ideia possa concretizar-se. Penso que isto poderia ser fundamental para uma melhor divulgação da língua portuguesa na Venezuela. A partir do momento que existem dificuldades na transmissão da língua por parte dos progenitores, compete ao

Estado português, em parceria com a sociedade civil portuguesa radicada na Venezuela, promover o ensino e aprendizagem desse bem cultural. Para tal, convém recrutar formadores adequadamente preparados de forma científica e sobretudo pedagógica para conseguir tal objectivo, isto é, tornar o ensino da língua algo mais motivante para os jovens. Ana Freitas

INQUÉRITO: QUAL É SUA OPINIÃO SOBRE COMERCIAIS ORDENADOS PELO SENIAT?

Paver Antunes

dÉêÉåíÉ=Ä~åÅˇêáç=

"Eu não estou de acordo com essa medida porque na maioria dos casos, as empresas são fechadas, não por incumprimento das obrigações fiscais, senão pela forma de gerir os livros ou por algum outro assunto meramente funcional. Um encerramento por 48 horas prejudica muito as empresas. Eu acho que o Seniat deveria dar oportunidade as pessoas para que regularizassem a sua situação sem necessidade de fechar o comercio."

Há tempos li com muita atenção o trabalho sobre a falta de informação que sentida pelos jovens na Venezuela acerca de qualquer iniciativa que o Governo Português lhes destina. Realmente é vergonhoso que não exista comunicação hoje em dia, com tantas facilidades da tecnologia. É vergonhoso que os clubes portugueses não comuniquem nem sequer os programas que devem ser divulgados aos seus associados. Trata-se de um dever que, sinceramente, já nem sei a quem toca cumprir, mas acho que deveria ser fortemente criticado pelo vosso jornal, sobretudo o caso dos clubes portugueses que têm gente disponível nas secretarias para receber todo o tipo de "missivas" e

divulgá-las. Deviam fazer uma reportagem para que as direcções dos clubes reflectissem sobre as suas actividades e acerca das responsabilidades que têm para com os sócios. Compreendo que os clubes tenham muito trabalho, mas é uma questão de se organizarem melhor e bem para que situações como as que acima referi não sucedam mais, porque assim obrigamos também as autoridades consulares e da embaixada a trabalharem mais eficientemente. Criticamos muito, mas na hora de fazer alguma coisa, nem se sequer as divulgamos como deve ser… Maria A. G. Martins

Qual era a surpresa? Sou sócio do Centro Português de Macaracuay e escrevo para o Correio da Venezuela para manifestar a minha indignação para com uma situação que não deve ficar alheia a todos os sócios do clube. Tem a ver com o tratamento que estão a dar a uma pessoa que muito trabalhou pelo clube, assim como para com a sua esposa e filhas ainda adolescentes. Que o Sr. Agostinho não seja a pessoa mais idónea para assumir o cargo que até agora vinha assumindo aí não me meto, o que não estou de acordo é a maneira como o estão a tratar no clube, a maneira hipócrita e com falta de honorabilidade e transparência. Não posso deixar de repudiar o tratamento que está a ser dado à sua esposa e duas filhas, que

praticamente foram criadas no clube, ao lado dos nossos filhos. Afinal quem são os senhores que ordenam estas coisas? São donos do clube? Não pensam nos seus filhos?. E pergunto que culpa têm os filhos do que fazem os pais? Porque não as deixam entrar no clube, impedindoas de frequentar as aulas música que tiveram de desistir. Por favor tratem melhor a "nossa" gente. Que tipo de discriminação é esta? Até quando? Pensem um pouco nos outros e naqueles que menos podem, mas que também são parte da nossa família. Ou não é assim? Não continuem a tratar as pessoas com tanto desprezo e discriminação. F. Ferreira

OS CONSTANTES ENCERRAMENTOS DE ESTABELECIMENTOS

João Pereira `çãÉêÅá~åíÉ

"Eu acho que as pessoas que trabalham em supermercados têm muitos problemas com o Seniat. Mas isso já se trata da infra-estrutura do Estado, não dos comerciantes. Há artigos que estão regulamentados. O Imposto sobre o Valor Acrescentado baixou, e isso deveria ser um ganho para o povo. De todas formas, o Seniat está ganhando muito. Eles dizem que têm cobrado tres vezes mais do que antigamente conseguiam”.

António Gonçalves d~äÉêáëí~

"Realmente eu não posso opinar. Essas são coisas muitos delicadas e eu tenho um negócio. Tenho escutado e visto pela televisão que têm fechado muitos supermercados e negócios, mas não sei exactamente porquê. Não sei se é pela contabilidade ou controlos de compra e venta mal feitos. Eu praticamente não tenho tido problemas, tenho as minhas coisas em dia, tenho uma boa contabilidade e tudo vai muito bem."

Darío Ribeira dÉêÉåíÉ

"Parece-me que é arbitrário. Não se justifica que fechem os mercados pelo simples por causa de números. Eu imagino que é por contabilidade má conduzida. Mas acho que o Seniat procura uma desculpa para fechá-los arbitrariamente. Penso que como baixou o IVA, eles tem que incrementar essa perda de qualquer maneira".


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Comitiva do Porto Santo visita El Hatillo oberto Silva quer aproveitar a ocasião para repetir uma iniciativa semelhante que teve lugar há vários anos, quando se realizou um intercâmbio cultural no município presidido por Alfredo Catalán. O alcalde de El Hatillo mostrou-se interessado na visita do autarca madeirense ao país e referiu que quer "reforçar os laços fraternais entre a Venezuela e Portugal". No dia 6 de Setembro será assinado um acordo de geminação entre as duas autarquias. Uma comitiva de cerca de 40 pessoas desloca-se à Venezuela, compostas por representantes do poder local dessa região e de uma grupo folclórico da ilha. Roberto Silva vai também lembrar aos emigrantes portosantenses que a sua terra não os esqueceu e ainda sublinhar que o

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Porto Santo espera pela sua visita ou das dos seus descendentes. Na ultima visita, foram muitas as pessoas que voltaram depois para ver a ilha, após 20 anos de ausência. O autarca vai assim dedicar especial atenção a importância de divulgar a nova realidade da Ilha nos contactos que vai manter, mesmo junto dos descendentes. "Trata-se de um momento de grande satisfação e ir ao encontro do maior núcleo de emigrantes do Porto Santo na Venezuela", disse o autarca madeirense. Catalán revelou ao CORREIO que vai organizar no anfiteatro do Centro Cultural El Hatillo "um convívio entre o grupo de folclore porto-santense e os nosso artistas venezuelanos de música crioula pertencentes a um grupo Sin fronteras", o que vai acontecer a 6 de Setembro, dia em que será assinado o acordo de


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O presidente da Câmara Municipal do Porto Santo, Roberto Silva, visita a Venezuela pela segunda vez, de 2 a 8 de Setembro, no âmbito de uma iniciativa de intercâmbio cultural acordada com o seu homólogo do Município de El Hatillo, Alfredo Catalán.

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geminação entre os dois municípios. Também estará presente o artista Sebastião, venezuelano que interpreta música portuguesa. "Convidaremos a comunidade portuguesa e todas as pessoas da zona para que se associem a este intercâmbio", disse o presidente da Câmara de El Hatillo. Neste sentido, disse que será disponibilizado o salão de exposição do Município para que "Roberto Silva e a sua comitiva possam expor um vídeo sobre Porto Santo. Em 2004, pela primeira vez, a banda Filarmónica do Porto Santo visitou a Venezuela com o fim de reforçar e estreitar os laços com os emigrantes porto-santenses residentes no país; e mostrar a realidade actual da ilha a todos os portugueses. A visita também serviu para homenagear o conjunto pelo esforço que vinha desenvolvendo em prol da cultura da Ilha e da Região. Este grupo já se apresentou em diversos localidades de Portugal, a que acrescentou o Centro Português, de Caracas, o Centro Social Madeirense de Valência, a Casa Portuguesa de Maracay e as praças municipais de Chacao e el Hatillo, conseguindo provocar grandes recordações e emoções em cada um dos lusodescendentes que assistira aos eventos.

Grupo de folclore leva cultura Fundado em 1963, estreou-se a 21 de Novembro do mesmo ano. Tem como principal objectivo divulgar a cultura porto-santense, através das suas danças e cantares. Os seus trajes remontam ao séc. 18 e princípios do séc. 19, onde predominam as cores sóbrias, representadas através do linho da terra, estoupa, lã, cambraias e a siriguilha. Da sua orquestra, fazem parte o violino, o rajão, e a viola de arame, instrumento característico da ilha. Actualmente, este grupo conta com cerca de 40 elementos nas suas fileiras, com idades

compreendidas entre os doze e os cinquenta e cinco anos. Em 1976, representou a Madeira nas comemorações do Dia de Camões na Venezuela. Desde 1986 que participa no festival de Folclore de Santana, agora denominado "48 Horas a Bailar", e desde 1993 no Festival de São Martinho, no Funchal. Em 1994, representou o Porto Santo na Exponor. O ano de 1998 foi um ano histórico para o Grupo, durante o qual foram contabilizadas diversas saídas para o exterior, bem como inúmeras actuações de norte a sul de Portugal.

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Verde-rubro Edder Pérez assaltado na Venezuela O caricato aconteceu após ter saído do Aeroporto Internacional de Maiquetia, tal como já acontecera com o presidente do C. D. Nacional, Rui Alves. Antonio Carlos da Silva ~ñÉÇêÉò~Çç]Öã~áäKÅçã

defesa-esquerdo do Marítimo, Edder Pérez, foi assaltado no seu regresso à Venezuela para participar no encontro internacional em representação da selecção nacional, contra o Paraguay. O encontro teve lugar quarta-feira e terminou com um empate a uma bola, com o reforço maritimista a actuar durante os 90 minutos. O caricato aconteceu após ter saído do Aeroporto Internacional de Maiquetia, tal como já acontecera com o presidente do C. D. Nacional, Rui Alves, quando em Novembro de 2005 foi assaltado no carro que o transportava para Caracas. Segundo relato do próprio jogador, depois de desembarcar dirigiuse à linha oficial de táxis do aeroporto, tendo dado a direcção do hotel onde se encontravam os restantes

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internacionais da selecção venezuelana. Pouco depois, colocou os auscultadores do seu 'ipod' e acomodou-se para a viagem até Caracas. A meio caminho, o táxi parou abruptamente para deixar entrar um homem que se fazia transportar numa moto. Nesse instante, o condutor virou-se para o jogador e apontoulhe uma arma: "Edder, dame todas tus cosas, pana!". Sem oferecer qualquer tipo de resistência, o jogador cumpriu as instruções dos 'atracadores' que, entre ambos, conseguiram roubar todos os pertences do jogador ex-Caracas FC. Pouco depois foi abandonado junto ao terminal da Bandera, na capital venezuelana. Face ao clima de medo e de insegurança que cresce dia-a-dia na Venezuela, é quase inacreditável que a Federação Venezuelana de Futebol não tenha providenciado um transporte seguro para o seu internacional.

Ultrapassado este incidente, o jogador confessou que regressa à Madeira onde espera vir a garantir um lugar na convocatória do brasileiro Sebastião Lazaroni para o jogo com o Boavista. Nas declarações à imprensa venezuelana, o novo defesa esquerdo do Marítimo desfazse em elogios e confessa estar a gostar da sua mudança para a Madeira, onde já terão feito uma adaptação da sua alcunha na Venezuela ("el rey de la noche") para "el loco venezolano", depois de Edder ter posto quase toda a gente a ouvir 'reggaetón', em vez da "música brasileira que ninguém entende". O lateral esquerdo diz-se sentirse bem fisicamente e que não vê grandes diferenças entre os seus companheiros e ele. "Estou em muito bom nível, agora". A única diferença em relação à Venezuela é que, confessa, na Madeira há menos trabalho físico. "É mais bola", conclui Edder Peréz.

Edder Pérez já regressou à Madeira.

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TAP inaugura quatro voos semanais para a Cidade da Praia A TAP anunciou que vai inaugurar a 28 de Outubro quatro voos semanais directos para a Cidade da Praia, em Cabo Verde, com partidas de Lisboa às quintas, sextas, sábados e domingo, às 21:50. Em declarações à Lusa, fonte oficial da companhia aérea disse que "este novo destino vem reforçar as ligações para aquele país de língua portuguesa, pois manter-seão os voos diários para a Ilha do Sal, o que representará uma oferta semanal total de onze voos entre Portugal e Cabo Verde". A Cidade da Praia passa a ser o oitavo destino da rede TAP em África, juntando-se à Ilha do Sal, Bissau, Dakar, Joanesburgo, Luanda, Maputo e São Tomé, elevando para 35 o número total de ligações semanais entre Portugal e o continente africano. De acordo com a fonte da companhia aérea, "a TAP continua a aproveitar todas as oportunidades disponíveis para consolidar a sua presença em África, contribuindo

para o reforço das relações económicas entre Portugal e os diversos países africanos, assim como para o estreitamento dos laços entre os respectivos povos". "Esclareça-se, no entanto", acrescentou a mesma fonte, "que as ligações aéreas entre Portugal e a generalidade dos países africanos - Cabo Verde é uma excepção -, estão fortemente condicionadas por acordos bilaterais entre os Estados e carecem de autorizações específicas das respectivas autoridades aeronáuticas internacionais". Nos primeiros sete meses deste ano, a TAP transportou, no conjunto da sua rede para o continente africano, 236 mil passageiros, um crescimento de 15,3 por cento face a igual período de 2006. Actualmente, a TAP oferece também aos seus clientes um voo directo para o Cairo, no Norte de África, operado pela companhia Egyptair através de um acordo de partilha de voos (`code-share`).


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30 DE AGOSTO A 5 DE SETEMBRO DE 2007 CORREIO DA VENEZUELA

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Torneios desportivos em Turumo

o próximo 2 de Setembro, no Centro Marítimo da Venezuela, realiza-se o popular "Torneo de Dominó, Casino, Sueca y Bolas Criollas", iniciativa que visa angariar os fundos necessários para custear a viagem da delegação desportiva que representará o clube de Turumo nos próximos "Juegos De-

N

portivos Nacionales de FECEPORVEN". O custo de inscrição de cada casal participante será de 50 mil bolívares, estando acompanhadas estas actividades lúdicas dos clássicos pratos de comida madeirense, como espetada e o bolo do caco; assim como também os colchões insufláveis e jogos para os mais pequenos.

Para 9 de Setembro, está agendada "A Sardinhada" e para 29, a tradicional "Festa das Vendimias", estando marcado para 29 do mês seguinte o "Festival del Arroz". Esta série de eventos foi preparada pelo clube para fomentar o convívio e as actividades sociais dentro de uma associação que tem vindo a crescer paulatinamente a todos os níveis.

Torneio de Dominó, Casino, Sueca e Bolas Criollas será a 2 de Setembro.

Breves

Naide Gomes perde bronze por três centímetros

Médio Pelé já treina no Inter de Milão O futebolista português Pelé já treinou na tarde de terça-feira com os restantes jogadores do Inter de Milão, depois de ter sido oficializada a transferência do médio que actuava no Vitória de Guimarães, refere o clube italiano no seu site. O internacional sub-21, que assinou um contrato válido por cinco temporadas, juntou-se a Luís Figo e aos restantes novos companheiros no centro desportivo Angelo Moratti, depois de ter

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passado os obrigatórios testes médicos. Em declarações à Lusa, o presidente do Vitória de Guimarães, Emílio Macedo encarou o negócio de forma normal. "Foi feita uma proposta que entendemos ser boa e chegamos a acordo", sublinhou. O dirigente esclareceu que não foi contratualizado nenhum empréstimo de jogadores por parte do Inter de Milão e não quis abordar a verba que o Vitória de Guimarães vai arrecadar, negando porém os

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dois milhões de euros aventados. Pelé iniciou a sua carreira nas escolas do Boavista, de onde se transferiu para o Salgueiros e daqui para o Benfica, já como júnior. Chegou a Guimarães em Dezembro de 2005, tendo cumprido o resto dessa época na equipa júnior dos minhotos. Na temporada seguinte, 2006/2007, foi um dos destaques da equipa que conseguiu, na última jornada, a subida à I Liga do futebol nacional.

A atleta portuguesa Naide Gomes terminou na quarta posição o salto em comprimento dos Mundiais de atletismo, que se estão a disputar em Osaca, Japão, ficando a três centímetros da medalha de bronze. A portuguesa entrou muito bem no concurso, com um salto de 6,87 metros, que lhe valeu a liderança, até que a russa Tatyana Lebedeva saltou por duas vezes 7,03, assegurando o ouro. Bastante consistente nos restantes saltos, com mais três saltos acima dos 6,80 metros, Naide Gomes foi ultrapassada pelas também russas Lyudmila Kolchanova (6,92) e Tatyana Kotova (6,90) no último ensaio.


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CORREIO DA VENEZUELA 30 DE AGOSTO A 5 DE SETEMBRO DE 2007

Jorge Gonçalves corre 'todo o gás' em França Piloto de ralis luso-venezuelano está cumprindo um intenso treino para as próximas provas em Magny-Cours Victoria Urdaneta Rengifo

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orge Andrés Gonçalves está em plena fase de preparação para a próxima prova da temporada de Fórmula Campus Renault, onde vem competindo contra pilotos com mais experiência, ainda que isto não o tenha afectado. Pelo contrário, o piloto lusodescendente encara a situação como um desafio suplementar cheio de emoção, daí que afirme: "Estou trabalhando duro para conseguir ocupar os primeiros lugares na minha categoria". A Fórmula CR é uma competição de formação organizada sob a fiscalização da Federação Francesa de Automobilismo Desportivo onde se utiliza propulsor que gera uns 120 cavalos de potência. Tal tem sido o desempenho de "Pollito", como é conhecido carinhosamente, que a prestigiosa escola francesa Auto Sport Academi lhe deu a oportunidade de pertencer a ela desde o ano

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O piloto lusodescendente Jorge Andrés Gonçalves.

passado, graças à sua excelente participação na categoria de karting. Aos 15 anos de idade, converteu-se no venezuelano mais jovem a conduzir um monolugar em pistas europeias. Foi 6 vezes campeão nacional de karting, tendo representado com sucesso Miranda, o seu Estado natal, pelo qual competirá nos Jogos Desportivos Nacionais Los Llanos 2007, uma vez terminada a sua actuação em França. A este respeito, declarou à imprensa local que "o maior desejo é levar o nome de

Miranda". Gonçalves, admirador de Ayrton Senna, tem sido muito elogiado pelos instrutores da categoria. Eles asseguram que a sua meta deve ser, além de melhorar cada vez mais os resultados práticos, manter a concentração e a capacidade de trabalho que vem patenteando estes meses. Para isso, advoga o jovem desportista, é preciso não perder o olhar sobre o sonho de converter-se num piloto de Fórmula 1, objectivo que vem trabalhando arduamente desde a infância.

Breves

Salto de 17,74 metros valeu 'ouro' para Nelson Évora Ao terceiro dia "A Portuguesa" soou no Estádio Nagai, em Osaka, e o Estandarte Nacional foi desfraldado no mais alto mastro do Campeonato do Mundo de Atletismo. Um dia perfeito, de grande inspiração e concentração, permitiu ontem a Nelson Évora saltar para a medalha de ouro na prova do triplo salto, nos Mundiais de atletismo. A primeira medalha de ouro de sempre do atletismo masculino português muito deve à força de vontade do novo campeão do triplo, sempre calmo e seguro dos objectivos. Com 17,74 metros, ao terceiro ensaio, Nelson 'arrumou' por completo a concorrência, com a sua 'guarda de honra' a ser assegurada pelo brasileiro Jadel Gregório (17,59), líder mundial do ano, e pelo norte-americano Walter Davis (17,33), o campeão mundial cessante. Com 'nulos' no segundo e quinto ensaios e prescindindo do quarto, por questões tácticas, 'abriu' com 17,41 e fechou com 17,39. Ou seja, com qualquer um dos saltos

chegaria ao pódio, numa impressionante manifestação de regularidade. "Entrei muito bem na prova e sabia bem que queria fazer um bom resultado", afirmou o campeão do mundo, logo após a competição. "Sabia também que o recorde pessoal (era 17,51) devia dar medalha". "Ainda não consigo acreditar que o fiz... estou muito feliz", acrescenta, consciente de que, a partir de agora, e atendendo à idade (23), passa a ser encarado de outra forma. Um momento cheio de significado, também, foi o receber a medalha das mãos do já retirado Jonathan Edwards, o recordista mundial, já retirado."Já há muito que ansiava receber uma medalha dele... Aprendi muito com ele, a ver os vídeos das suas provas", recorda. "Pensei, ao receber a medalha dele, é lindo, é lindo...". Ao saber que é o primeiro campeão português masculino de sempre, disse que "isso é gratificante" e que dá um "sabor" ainda mais especial à medalha.


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Benfica junta-se a Porto e Sporting O

Benfica qualificou-se quarta-feira, 29, para a fase de grupos da Liga dos Campeões em futebol, ao vencer fora o FC Copenhaga por 1-0, na segunda "mão" da terceira pré-eliminatória, depois de ter ganho por 2-1 em Lisboa. O triunfo foi obtido com um golo de Katsouranis (17 minutos) e permitiu a Portugal colocar três equipas na "liga milionária" pelo segundo ano consecutivo, dando também ao Benfica a terceira presença seguida, o que não acontecia desde as temporadas de 1975/76 a 1977/78. Depois da magra vantagem conseguida na primeira "mão" (ainda com Santos ao "leme"), graças à noite inspirada de Rui Costa, que fez os dois golos do triunfo, o Benfica tinha pela frente um jogo difícil, perante um adversário que se marcasse e não sofresse passava a eliminatória, mas que acabou por não conseguir fazê-lo e tem de se contentar com presença na Ta-

ça UEFA. O FC Copenhaga precisava de marcar para se colocar em vantagem na eliminatória e cedo começou a acossar a baliza de Quim, que viu Léo e Cardozo tirarem duas bolas de cima da linha de golo, aos 8 e 12 minutos, após cabeceamentos dos centrais Hangeland e Gravgaard, respectivamente, ambos na sequência de bolas paradas. A pressão inicial do Copenhaga foi forte, mas, quando tentava sacudi-la, e na primeira vez que chegou à baliza, o Benfica fez o golo, aos 17 minutos, por Katsouranis, num livre estudado em Rui Costa picou a bola para área, Cardozo tocou de cabeça para Nuno Gomes e este assistiu o grego junto à pequena área para o golo. O FC Copenhaga acusou o tento (precisava agora de dois para empatar e três para seguir em frente) e, aos 22 minutos, o guarda-redes Christiansen teve de se aplicar para desviar um remate de Nuno Gomes de fora da área. O campeão dinamarquês re-

assumiu o comando do jogo e aos 31 minutos esteve de novo perto de marcar na sequência de um livre directo, apontado por Jensen à entrada da área, mas a bola foi ao poste depois de um ligeiro desvio de Quim. Apenas três minutos depois, o guarda-redes português voltou a defender por instinto uma bola cruzada por Jensen após um livre, colocando de novo em evidência a fraqueza do Benfica nas bolas lançadas para área, onde Allback falhou clamorosamente o golo aos 41 minutos, ao cabecear sem oposição ao lado. A perdida do avançado sueco permitiu ao Benfica ir para o descanso a vencer e, no segundo tempo, Camacho teve de tirar Nelson (lesionado) e colocar Assis, que foi ocupar o posto de Luís Filipe, recuado o ex-jogador do Sporting de Braga para lateral direito. A segunda parte começou de forma diferente, com mais luta a meio-campo e menos oportunidades, mas, aos 60 minutos, o Benfica teve uma boa hipótese

O triunfo foi obtido com um golo de Katsouranis (17 minutos).

de fazer o segundo golo, que não subiu ao marcador porque Nuno Assis cabeceou à figura de Christiansen na pequena área. O FC Copenhaga só chegou à baliza "encarnada" no segundo tempo aos 64 minutos, quando Hangeland cabeceou por cima, após centro de Hutchinson: aos 69, foi Libor Sionko que aproveitou uma série de maus

alívios da defesa para, de fora da área, rematar cruzado, levando a bola a sair ao lado da baliza de Quim. Aos 81 minutos, Cardozo rematou para a defesa de Christiansen e, aos 88, foi Hutchinson a atirar de cabeça por cima da baliza de Quim, que teve de se estirar a remate de Sionko, já no tempo de compensação, que voltou a falhar o alvo. PUBLICIDADE


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CORREIO DA VENEZUELA 30 DE AGOSTO A 5 DE SETEMBRO DE 2007

FC Porto aproveita 'brinde' do Sporting FC Porto juntou-se no sábado ao Marítimo no topo da classificação da Liga portuguesa de futebol ao vencer o primeiro grande "clássico" do campeonato, batendo o Sporting, por 1-0, no Estádio do Dragão, em jogo da segunda jornada. O único golo dos campeões nacionais foi apontado por Raul Meireles, aos 54 minutos, na sequência de um livre indirecto a punir um erro do guarda-redes sérvio Stojkovic, que agarrou a bola após um atraso do central Anderson Polga. Os "dragões" conseguem vingar a derrota de há duas semanas (1-0), para a Supertaça, na altura com um golo de Izmailov, e Jesualdo Ferreira consegue o primeiro triunfo

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Esta foi a primeira derrota do Sporting nos últimos 14 jogos oficiais. PUBLICIDADE

sobre o seu homólogo Paulo somar a segunda vitória conBento desde que chegou ao secutiva, desta feita frente ao comando técnico do FC Por- Boavista, no Estádio do Bessa, to. por 2-0, com golos de Kanu O FC Porto conseguiu ain- (02 e 20 minutos). da interromper um longo períA equipa insular e os "draodo de invencibigões" são agora lidade dos "leões" as únicas equipas fora de casa para que contam por Os "dragões" a Liga (23 jogos, vitórias os enconseguem vingar 15 vitórias e oito contros realizaempates), que dudos na Liga pora derrota de há duas rava desde que, a tuguesa 2007/08. semanas (1-0), para 07 de Janeiro de A jornada a Supertaça. 2006, o conjunto iniciou-se sexta"leonino" foi bafeira com o setido pelo Sporgundo empate ting de Braga de... Jesualdo Fe- do Benfica frente a uma equirreira. pa recém-promovida ao priEsta foi também a primei- meiro escalão, o Vitória de ra derrota do Sporting nos úl- Guimarães, deste feita sem gotimos 14 jogos oficiais. los, e com o triunfo do Braga O Marítimo havia ficado no Restelo, por 2-0. isolado provisoriamente esta Após a vitória sobre o Patarde no comando da prova ao ços de Ferreira, por 3-1, na pri-


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30 DE AGOSTO A 5 DE SETEMBRO DE 2007 CORREIO DA VENEZUELA

O único golo dos campeões nacionais foi apontado por Raul Meireles, aos 54 minutos.

meira jornada, o Marítimo voltou a registar um novo triunfo, desta feita no Bessa, frente a um Boavista que ainda não marcou esta época. Na primeira jornada, os "axadrezados" foram empatar sem golos a Leiria.

A turma leiriense voltou a empatar, agora a uma bola (1-1) e com a Académica, tendo estado a vencer com um golo de João Paulo, aos 47 minutos, tendo o resultado sido fixado por Joeano, aos 62. O encontro do Municipal

de Coimbra terminou com as duas equipas reduzidas as 10 elementos devido às expulsões de Litos, aos 28 minutos, por vermelho directo, e Hugo Costa, aos 61, por acumulação de amarelos. O Leixões marcou o se-

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gundo na prova ao registar o segundo empata a uma bola, agora no terreno do Paços de Ferreira, depois de ter registado o mesmo resultado frente ao Benfica, em casa "emprestada", no Bessa. Edson marcou para o Paços de Ferreira, aos 51 minutos, mas Marco Cadete repôs a igualdade, aos 76. No encontro que registou mais golos até ao momento na jornada o Estrela da Amadora venceu de forma concludente a Naval 1º de Maio, por 3-1, apesar de ter estado a perder desde o minuto 29, com um golo de Marcelinho. Cardoso iniciou a reviravolta no marcador, a três minutos do intervalo, para Wagnão e Mateus confirmarem a vitória para a turma amadorense, com golos aos 54 e 62 minutos. Vitória de Setúbal e Nacional, na segunda-feira, empataram 1-1 no Bonfim, num encontro, da segunda jornada da Liga de futebol, em que os madeirenses beneficiaram das melhores oportunidades e poderiam ter garantido o triunfo na primeira parte.

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Francis Obkiwelu falha final dos 200 metros O português Francis Obkiwelu falhou a presença na final dos 200 metros ao terminar a primeira meia-final na quinta posição, durante os Mundiais de atletismo, que decorrem em Osaca. Depois de terça-feira ter sido terceiro numa das séries (20,38), Obkiwelu terminou quarta-feira a meia-final com 20,20 segundos. A série em que correu o luso-nigeriano, que tem como melhor marca pessoal nos 200 metros 19,84, foi ganha pelo jamaicano Usain Bolt (20,03). Além de Bolt, garantiram lugar na final os norte-americanos Wallace Spearman (20,05), Rodney Martin (20,18) e Churandy Martina (20,20), das Antilhas Holandesas.Francis Obkiwelu foi eliminado nas séries de apuramento dos 100 metros devido a uma falsa partida.

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w w w. c o r r e i o d e v e n e z u e l a . c o m CORREIO DE VENEZUELA - 30 DE AGOSTO A 05 DE SETEMBRO DE 2007

Colocada a primeira pedra da capela da Virgem do Monte Carlos A. Balaguera

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Centro Social Madeirense celebrou a festa da Virgem do Monte com a colocação da primeira pedra para a construção da capela, obra que será conduzida pela comissão criada em Julho último. Sidónio Barrada, presidente da comissão, disse ao CORREIO que a obra em honra da Virgem do Monte vem preencher um vazio na comunidade, visto que necessitava de um espaço capaz de acolher os indivíduos e suas famílias para a oração. "Já temos o projecto feito por uma jovem arquitecto luso-descendente, que só falta apresentar ao bispo de Valência". A bênção da pri-

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meira pedra esteve a cargo do pároco da Catedral de Valência, padre Pedro Freitas, um luso-venezuelano descendente de madeirenses. "Para esta obra estamos angariando fundos de toda a comunidade portuguesa", observou Barrada, que encabeça uma comissão de 12 elementos. "Temos ofertas de donativos que nos asseguram que, dado o apoio de sócios e não sócios do Centro Social Madeirense, dentro de muito pouco tempo estaremos a terminar a obra", acrescentou.Depois de concluída, a capela será a concretização de um sonho de muitos. A direcção do ano 1998-2000 construiu o altar e a cúpula. "Una obra muito fina que foi aproveitada pelo projecto que agora estamos a levar a cabo".

A maquete da obra.

Padre Pedro Freitas.

Breves CDU-Madeira propõe visita de grupo parlamentar à Venezuela A CDU/M entregou na Assembleia Legislativa da Madeira um projecto de resolução propondo a visita de uma representação parlamentar à Venezuela, tendo em conta o "particular e sensível contexto político" na República Bolivariana. A cópia do documento entregue pelo grupo parlamentar comunista, com carácter de urgência, e distribuída às redacções, salienta que, com pouco mais de 250 mil habitantes, esta região tem uma diáspora que congrega mais de um milhão de emigrantes espalhados pelo mundo. Diz haver uma "imperiosa necessidade de articulação e cooperação com as regiões e países e com as respectivas instituições democráticas dos lugares em que vivem e trabalham os madeirenses e portossantenses".

"Se existem razões de ordem histórica e cultural que a nossa diáspora justifica a necessidade de uma relação de proximidade política com as comunidades madeirenses na Venezuela, outras há que se prendem no momento presente com o particular e sensível contexto político vivido na República Bolivariana, que requerem cuidadas respostas específicas aos problemas sentidos pelos que escolheram viver e trabalhar naquele país da América do Sul", defende. Adianta que a deslocação da delegação parlamentar teria como objectivo "efectivar um contacto mais directo com as comunidades madeirenses radicadas naquele país e para definição mais precisa de formas de cooperação política com as instituições venezuelanas".


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