Correio da Venezuela 240

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13 mil na Santa Bárbara

A SB movimentou no primeiro ano de actividade para a Madeira, mais de 13 mil passageiros nos dois percursos . p. 24

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Jesús treina na Selecção

Guarda-redes lusodescendente Jesús Miguel foi convocado para os trabalhos da Selecção da Madeira p. 28

Carayaca pede novo censo

Estudo feito há dois anos não incidiu nos campos, precisamente onde muitos portugueses vivem e cultivam p.3

www.correiodevenezuela.com

O jornal da comunidade luso-venezuelana

ANO 08 – DEPÓSITO LEGAL: 199901DF222 - PUBLICAÇÃO SEMANAL – N.º 240 CARACAS,10 A 16 DE JANEIRO DE 2008 - VENEZUELA: BS.F: 1,50 / PORTUGAL:

La Victoria celebra dia de São Vicente Autarquia madeirense traz comitiva de 80 pessoas na próxima semana, incluindo a Banda de S. Vicente e Grupo Coral da Boaventura p. 10

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Deve haver maior envolvimento dos portugueses Presidente da Frente Cívico Militar Bolivariana considera que há “talento” para as causas p.4

Márcio Amaro actua em Turumo Artista madeirense anima Centro Marítimo no domingo 20 de Janeiro p. 14

Inflação mais ‘forte’ que o Bolívar

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EDITORIAL

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CORREIO DA VENEZUELA 10 A 16 DE JANEIRO DE 2008

Nova esperança Director: Aleixo Vieira Subdirector Agostinho Silva Coordenação em Caracas Délia Meneses Jornalistas: António da Silva, Erika Correia, Jean Carlos de Abreu, Tomás Ramirez, Victoria Urdaneta, Sandra Rodríguez Correspondentes: Carlos Balaguera (Maracay e Valencia) Carlos Marques (Mérida) Edgar Barreto (Punto Fijo) Trinidad Macedo (Barquisimeto) Colaborações: Raúl Caires (Madeira) António de Abreu, Arelys Gonçalves Antonio López Villegas, Luís Barreira, Álvaro Dias, Luis Jorge Gerente Executivo Aurelio Antunes Contabilidade Sandra Agosta Publicidade e Marketing: Carla Vieira Ventas Ricardo de León Relaciones Públicas María Amelia Da Rocha Eventos Yamilem González Preparação Gráfica: DN-Madeira Produção: María Alexandra Monteverde C. Fotografia Paco Garrett Distribuição: Juan Fernández e Enrique Figueroa Impressão: Editorial Melvin C. A Calle el rio con Av. Las Palmas Boleita Sur - Caracas Venezuela Endereço: Av. Principal Las Mercedes. Edif. Centro Vectorial (Banco Plaza). Pent House, Urb. Las Mercedes, Baruta Caracas (Ao lado de CONAVI). Telefones: (0212) 9932026 / 9571 Telefax: (0212) 9916448 E-mail: correio@cantv.net URL: www.correiodevenezuela.com Tiragem deste número: 15.000 exemplares Fontes de Informação: Agência de Notícias Lusa, Diário de Notícias, Diário de Notícias da Madeira, Ilhapress, Portuguese News Network e intercâmbio com publicações em língua portuguesa, de diferentes partes do Mundo.

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De regresso ao contacto com os leitores, após um 2007 repleto de notícias relacionadas com o drama dos sequestros, a violência e a incerteza em relação ao futuro, o arranque para o novo ano fica marcado por uma mensagem de reconciliação assumida pelo próprio Presidente, através de uma amnistia, o que deve marcar o início de um ano sob o signo da esperança e do optimismo, da democracia e da vida, que é o desejo de todos os lares na Venezuela. Atrevemo-nos a antever um 2008 de renovação, de empenho e de trabalho para todos. E dentro deste cenário, a comunidade portuguesa não deve ficar à margem, mas sim trabalhar no sentido de deixar de lado as disputas e as rivalidades. O repto pode ser dirigido, por exemplo, à comunidade portuguesa de La Victoria, onde se denota algum divisionis-

mo num clube da zona, que está praticamente abandonado. Apesar disso, a vasta comitiva de cerca de 80 pessoas, proveniente de São Vicente, na Madeira, que se desloca à Venezuela a partir de 19 de Janeiro, 'passa por cima' da situação que vive esta comunidade lusa, o que de alguma maneira vem dar um contributo para união. A comitiva vicentina estará em La Victoria precisamente no dia de São Vicente. Esta visita está a gerar uma série de actividades nessa região que devem ser aproveitadas pelos seus membros para sanar os conflitos antigos e os divisionismos. Que melhor proveito se poderia retirar, senão aproveitar esta ocasião para conseguir trabalhar unidos. E que bom exemplo para começar este ano com mudanças na atitude, na dedicação, no empenho e no trabalho para a comunidade e pela comunidade.

Muito Bom O gesto do presidente Hugo Chávez de incluir na amnistia política os presos ou processados por delitos políticos, principalmente os implicados no golpe de Estado que o derrubou durante 48 horas em 2002 e um indulto para os presos comuns. É um sinal que demonstra vontade de 'deitar para trás' as diferenças do passado, e que deve ser bem visto por todos os sectores da sociedade venezuelana, tal como pela comunidade internacional. Uma oportunidade para trabalhar unidos por objectivos comuns.

Bom O fim de ano acabou por decorrer num ambiente pacífico, sem anomalias graves, obviamente sem contarmos com alguns episódios de violência, quase inultrapassáveis. Em traços gerais, a Venezuela recebeu em paz um novo ano, com esperanças de progresso e de reconciliação, a que acresce

o discurso político de dar maior atenção à insegurança e de combater a corrupção.

Mau

O cartoon da semana O Centro Português, em Caracas, cumpre 50 anos!

A semana

Ah, deve ser por isso que já fizeram mais de 50 reuniões para organizar o aniversário!

As estatísticas do dengue no país atingem níveis alarmantes. O número de infectados em 2007 duplicou o total registado no ano passado. É no interior do país que a situação se torna mais dramática. Números oficiais não existem, devido à proibição

que, desde Julho passado, entrou em vigor e que limita a publicação de relatórios epidemiológicos, tornando ainda mais complicado tomar medidas para combater uma doença que não tem fronteiras e que não distingue classes sociais.

Muito Mau A pesar dos inegáveis esforços realizados pelas pessoas e instituições que estão à frente do Lar da Terceira Idade Padre Joaquim Ferreira e que têm lutado por conseguir fazer daquele um lugar acolhedor, muitos dos residentes estão ali contra a sua vontade. Embora alguns

não tenham argumentos para 'reclamar' perante a sociedade e perante as suas famílias, há casos de conduta inatacável que hoje se sentem abandonados pelos seus familiares mais queridos. Uma situação que se torna mais delicada em épocas como o Natal.


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10 A 16 DE JANEIRO DE 2008 CORREIO DA VENEZUELA

ACTUAL

Carayaca pede um novo censo

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A presidente da Junta Paroquial, Miriam Martínez, expressou a sua preocupação com a violência na sua região. Nova entidade bancária José Maria Nascimento

Miriam Martínez

Victoria Urdaneta Rengifo vurdaneta@correiodevenezuela.com

e algum tempo a esta parte, Carayaca converteu-se numa das zonas de maior violência no estado Vargas. Sobre este tema, a presidente da

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Junta Paroquial, Miriam Martínez, expressou a sua preocupação: "Temos demasiados problemas e não apenas de insegurança, também de habitação, vias de circulação, entre outros". Entre os mais afectados estão os membros da comunidade portuguesa e sobre isto Martínez afirmou que "é uma pena que isto suceda porque eles são parte do nosso povo e esforçam-se muito pelo progresso da nossa região". A entidade regional propôs várias medidas na luta contra a insegurança, como a criação de um espaço fixo para a Guarda Nacional "e assim guardar a nossa paróquia. Para isso pedimos ao presidente da Câmara que nos facultasse esse terreno, pois nós canalizamos os problemas e ajudamos a encontrar so-

luções, mas não temos recursos económicos suficientes para responder a todos os problemas que existem na zona". Martínez aproveitou a ocasião para agradecer a comunidade luso-venezuelana de Vargas "pelo seu imenso contributo e a forma como se integra na nossa sociedade desde há muitas décadas. Para além disso, eles mostram sempre muita organização nas suas actividades, têm associações culturais, religiosas e comerciais". A presidente da Junta Paroquial também destacou "a participação dessa comunidade na solução dos problemas de Carayaca, tanto os partidários do governo como os que seguem a oposição". Uma das actividades concretas que destacou foi "a dedicação com a qual os luso-ve-

"É incrível que numa povoação com quase 100 mil habitantes só tenhamos um banco", começa por nos dizer Maria Sandoval. Como o CORREIO pude constatar, uma longa fila, com uns bons 30 metros, estava formada no passeio da rua principal de Carayaca. Eram pessoas com valores nas mãos que esperavam a oportunidade para fazer o depósito. Muitos comerciantes e população em geral reclamam por uma nova entidade bancária. Maria José da Silva comentou que seu irmão, que vive na mesma localidade, foi alvejado com vários tiros quando esperava nas imediações do banco. E, em consequência dos mesmos, e outras complicações de saúde, veio a falecer tempos depois. Por isso considera que é urgente que outra agência bancária "seja criada na nossa paróquia para podermos escolher e resolver a nossa vida com rapidez e tranquilidade". Por outro lado, Ricardo Gomes, comerciante da zona, diz que é complicado ter de ir de Carayaca a Catia la Mar para fazer depósitos, já que a delinquência esta espalhada por estas paragens. Além disso, as más condições do piso da estrada que liga Carayaca ao Litoral Central desaconselham esta longa viagem.

nezuelanos realizam festas para que foi feito há dois anos não as crianças mais neindagou nos camcessitados da parópos, precisamente "Temos demasiados quia e a forma coonde muitos portumo tratam de integueses vivem e culproblemas e não grar todo o povo hortaliças". apenas de insegurança, tivam nas festividades em Por isso, convidou a também de habitação, comunidade lusohonra da Virgem vias de circulação, entre venezuelana a junde Fátima". Por outro lado, tar-se a uma petição outros". sublinhou que ainpara uma nova inda que exista um vestigação. "É negrande número de residentes cessário um novo censo na nosportugueses, "não se conhece sa população", assegurou Maro número exacto pois o censo tínez.

RAM adverte Consulados Ricardo Duarte Freitas DN Madeira

A burocracia e a morosidade nos serviços consulares portugueses representados nos países de acolhimento da diáspora madeirense no estrangeiro levaram a Assembleia Legislativa da Madeira a advertir o Governo da República que "reflicta sobre toda a problemática da rede consular portuguesa e encontre, de uma vez por todas, as soluções que se impõem, serviços eficientes e de qualidade aos nossos emigrantes". O destinatário da resolução (a primeira de 2008), onde consta a advertência - aprovada por unanimidade dos deputados madeirenses, no final do Verão -, é dirigida ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, organismo público que tutela os serviços consulares. Sendo os Consulados o único meio físico de contacto entre a co-

munidade emigrante e a sua pátria, entende o Parlamento madeirense que "é imperioso que essas estruturas pesadas sob o ponto de vista financeiro, para o Orçamento do Estado, cumpram com rigor e eficiência as funções que lhes incumbem e de cuja eficácia os cidadãos dependem no seu quotidiano". Os deputados madeirenses exigem ao Estado que a modernização da Administração Pública seja capaz de, também ela, migrar para os Consulados do Reino Unido, da Venezuela, da África do Sul "e de outras paragens" onde "o caudal de queixas e denúncias não se esgota". "Há imensas queixas de pessoas que não são atendidas nos Consulados depois de terem percorrido 150 quilómetros de dia e noite", observa João Isidoro, deputado eleito pelo Movimento Partido da Terra e autor deste "voto de pro-

testo contra o Estado" aprovado em plenário e publicado anteontem no Jornal Oficial da Região Autónoma da Madeira. "No fundo recomenda-se que o Governo da República se responsabilize e crie meios operacionais para atender os pedidos dos emigrantes em tempo útil, com celeridade e oferecendo serviços de qualidade no mínimo igual aos concidadãos residentes em Portugal", referiu.O deputado crê na reforma e faz votos para que a modernização da Administração Pública não esqueça os seus serviços consulares. Emigrantes são mais do triplo África do Sul, Venezuela e Reino Unido encabeçam a lista das principais paragens da diáspora madeirense.A comunidade emigrante radicada nestes três países ronda os 740 mil indivíduos, segundo referiu Gonçalo Nuno Santos, di-

rector do Centro Regional das Comunidades Madeirenses.Ainda que os fluxos migratórios sejam fenómenos voláteis e sujeitos a oscilações bruscas, este número representa mais do triplo da população residente no arquipélago da Madeira (cerca de 245 mil, segundo o último censo). Gonçalo Nuno Santos reconhece o problema da morosidade dos serviços consulares - "uma porta avançada de Portugal no Mundo" - sobretudo na obtenção de passaportes, nos registos de nascimentos para a aquisição de nacionalidade, nas procurações, nos testamentos ou nas certidões.Enfim, um rol de documentos de que dependem os emigrantes portugueses para a vida em comunidade. O director do Centro Regional das Comunidades Madeirenses confessa que não tem notado a avalancha de queixas que a resolu-

ção fala."Não tenho conhecimento de queixas muito concretas", admitiu.Algo que se pode explicar pelo facto de muitas das críticas manifestadas nos locais raramente terem repercussões através de reclamações formalizadas em papel. Fartos de esperar A resolução que será enviada ao Ministério dos Negócios Estrangeiros é algo contundente e reveladora do estado de saturação dos emigrantes madeirenses face à "burocracia" e à "inércia" dos serviços públicos consulares.Diz que as deficiências no atendimento e os atrasos no despacho dos processos são apontados desde há vários anos mas "nunca foram completamente esclarecidos".As razões são "de natureza corporativa, ou por inadmissíveis influências pessoais e políticas, ou por mera negligência".


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CORREIO DA VENEZUELA 10 A 16 DE JANEIRO DE 2008

"Devem comprometer-se mais" Presidente nacional da Frente Cívico Militar Bolivariano considera que os portugueses de Vargas têm "talento" para unir-se à causa política da Venezuela Victoria Urdaneta Rengifo vurdaneta@correiodevenezuela.com

os últimos meses, a juventude vem ocupando um lugar relevante na política venezuelana, tanto as facções pró-Governo, como as da oposição, por toda a Venezuela. No Estado Vargas, por exemplo, um dos porta-vozes mais destacados é Luís Pinto Monascar, presidente nacional da juventude da Frente Cívico Militar Bolivariano. Este jovem, que ocupa o cargo directivo desde 2002, já foi director geral do semanário "La Garita" e membro fundador da juventude da Frente Militar de Vargas. Para Monascar, "o país necessita do trabalho de todos. Não importa a cor política. Se trabalharmos com respeito e tendo sempre como norte o benefício do próximo, então poderemos conviver em paz". Este licenciado na escola de comunicações electrónicas, convida os "jovens descendentes de portugueses para se juntarem

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ao nosso trabalho". "Todos devemos comprometer-nos cada vez mais com as causas sociais, pois não se trata apenas de opinar ou criticar, senão de actuar e criar soluções", observou, dando como exemplo as actividades que vêm sendo realizadas no comité da juventude da FCMB. Ali trabalham diariamente com os conselhos comunais, fomentam a participação dos cidadãos em diversas comunidades do estado, apoiam as missões sociais e têm como objectivo ser porta-vozes dos jovens varguenses. Nesta função, aproveitou para reconhecer as falhas "das actuais autoridades varguenses que não estão escutando as pessoas e não seguem o ideal bolivariano ditado pelo presidente". Apesar de Monascar também pertencer ao partido 'oficialista', não tem receio em afirmar que não está de acordo com as acções tomadas pelos órgãos regionais. "E por isso luto, junto dos jovens companheiros da Frente Cívico Militar

para que o golpeado povo varguense seja escutado sempre", assegura. RECONHECIMENTO À COMUNIDADE

Monascar afirmou que no processo social venezuelano "tem sido muito valioso" o contributo da comunidade portuguesa, que é composta por pessoas tanto da oposição como do governo. "A comunidade luso-venezuelana tem uma força importante em Vargas e muitos deles têm talento para unir-se à causa política da Venezuela", disse. Neste sentido, expressou a sua admiração "pelo amor às raízes que os imigrantes portugueses mantém, assim como os seus descendentes. Eles demonstram que se deve estar orgulhoso dos seus antepassados e a da sua cultura". Monascar está trabalhando actualmente num projecto que visa salvaguardar a cultura indígena da sua zona, Carayaca, mediante a divulgação dos

Luís Pinto Monascar

achados arqueológicos. Com o apoio da ministra dos povos indígenas, Alicia Maldonado, foram feitas escavações que levaram à descober-

ta de ferramentas com mais 560 anos na casa Carlos Alberto Vitale. Estes e outros achados vão integrar o espólio do primeiro museu indígena de Vargas.


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CORREIO DA VENEZUELA 10 A 16 DE JANEIRO DE 2008

Inflação é mais "forte" que o bolívar Ainda que a maioria considere que a reconversão facilita o quotidiano dos cidadãos, são muitos os que pensam que os altos níveis de inflação afectarão negativamente o bolívar forte

Apesar de alguns mal-entendidos, os cidadãos já começam a adaptar-se à nova realidade

Jean Carlos de Abreu Edgar Barreto

esde 1 de Janeiro último que a Venezuela deixou de ser o único país da América do Sul a possuir notas de denomina-

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ção elevada com o lançamento do "bolívar forte", que surgiu com menos três zeros. Durante as duas primeiras semanas após a reconversão, foi evidente uma certa confusão tanto ao nível das transacções em numerário com o novo

conjunto de moedas, como também na realização de operações bancárias. Apesar de alguns mal-entendidos, os cidadãos já começam a adaptar-se à nova realidade. Para alguns especialistas, o impacto é basicamente psicológico, pois os venezuelanos não estavam acostumados a lidar com números tão baixos. Ainda que no geral a reconversão tenha decorrido dentro da normalidade, foram muitos os estabelecimentos pertencentes a portugueses que durante os primeiros dias de Janeiro não abriram as portas. "Parece que alguns negócios tiveram medo da reconversão pois, ao contrário de outros anos, a 2 de Janeiro não se atreveram a abrir, preferindo esperar pela total normalização das operações bancárias", comentou Maria Ferreira, uma residente do centro de Caracas que ficou surpreendida ao constatar que no passado dia 3 o mercado Quinta Crespo permanecia encerrado. A maior resistência à nova moeda verificou-se entre as pessoas da terceira idade, já que a maioria teme a

usa-la por recear "confundir-se ou ser enganados". José de Abreu contou ao CORREIO um episódio de um idoso "muito chateado" que foi à sua padaria com o montante total da pensão.

Planos semelhantes, igualmente lançados noutros países que viviam ambientes de inflação elevados, tão-pouco deram resultado. "Angustiado, pediu-me que os trocasse pelos bolívares de sempre, pois negavase a usar as novas notas", relatou. No entanto, para muitos comerciantes a reconversão vem sendo acolhida com satisfação. Mostram-se optimistas e asseguram que será mais fácil lidar com grandes somas de dinheiro. É o caso de João Leonardo de Abreu, que se dedica à venda de enchidos no mercado de Chacao, em Caracas. Este ma-


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Bolívar nasce débil

Jannette Jardim

João Leonardo de Abreu

Nataly Oliveira

deirense, natural da freguesia do Campanário, referiu que durante a primeira semana de circulação da nova moeda não sentiu qualquer dificuldade em receber pagamentos e dar o troco correspondente aos clientes. Lembrando que "os velhos bolívares ainda circulam em maior quantidade que os novos", o comerciante, apesar de reconhecer a comodidade que agora passará a ter no momento de contar grandes quantias, pensa que a reconversão não vai incidir no crescimento económico do país sobretudo devido à alta inflação.

defende que não é difícil trabalhar com a nova moeda. Mas considera que, a haver problemas, estes apresentar-seão na utilização dos cêntimos. "Não estamos acostumados a eles", observa. É por esta razão que no seu negócio, durante os primeiros seis meses, vão estar duas caixas registradoras, "uma para a nova divisa, outra para a velha", de modo a evitar confusões. Para esta comerciante, além do bolívar forte, o que realmente preocupa é a falta de abastecimento de vários produtos que continua sendo um problema grave. "Os distribuidores estão a trabalhar na capacidade mínima porque não há mercadorias e só compramos o pouco que nos trazem", lamenta. Nataly Oliveira, filha de portugueses naturais da ilha de São Miguel,

Açores, estudante de contabilidade pública no Estado Falcón, pensa que a nova moeda não diminuirá a inflação. "Até agora, a confusão com o bolívar forte apresentou-se no momento de realizar o arredondamento para os cêntimos". Por seu turno, Acácio Pestana, proprietário do supermercado "El Pico", estabelecimento comercial situado na zona livre de Paraguaná, opina que o bolívar forte é um mecanismo que foi implementado pelo Governo com o fim de facilitar as transacções financeiras, "simplificando as cifras. Mas isto não é suficiente para produzir qualquer efeito real no valor da moeda, devido a que economicamente o bolívar vai continuar a valer o mesmo face às moedas estrangeiras, ou seja nada".

CÊNTIMOS PODEM CONFUNDIR A luso-descendente Jannette Jardim, encarregada dum estabelecimento de venda de produtos alimentares,

A Venezuela ajustou a sua economia com o bolívar forte num momento delicado, com uma inflação de 22,5%, a taxa mais alta registada na região. Os analistas apontam para que esta conjuntura afectará a curto prazo o novo sistema monetário. O economista José Guerra notou que o Governo venezuelano e o Banco Central da Venezuela perderam credibilidade ao lançar uma moeda que sucumbe ante a inflação e que acabará por converter o bolívar forte num bolívar débil. Na óptica de Guerra, a coincidência da entrada em circulação da nova moeda com um período de alta inflacionista fará com que o dinheiro perca força. "O bolívar forte está em desvantagem e poderá ter os dias contados se o Governo não tomar medidas urgentes que travar a inflação", sentenciou. Vários analistas lembraram que planos semelhantes, igualmente lançados noutros países que viviam ambientes de inflação elevados, tão-pouco deram resultado. Foi o que se passou com o plano Cruzado, no Brasil, e com o plano Austral, na Argentina.

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Optimismo venezuelano não contagia emigrantes

A partir de 1 de Janeiro de 2008, entrou em vigor a reforma da Lei de Ilícitos Cambiais

Délia Meneses

Venezuela é o quinto país do Mundo a considerar que 2008 será melhor, segundo um estudo da associação Gallup Internacional. Não obstante, esta visão optimista não é partilhada por membros da comunidade portuguesa radicada no país que continuam a ver o futuro com incerteza. Em geral, para muitos portugueses, o novo ano está marcado por "expectativas sumamente preocupantes". Para o economista lusodescendente, Miguel Ángel Santos, o repto do 2008 será que o Governo opte por começar a governar. "Para resolver problemas como a inflação, o desabastecimento, a falta de emprego ou a insegurança, há que sentar-se e trabalhar, desenhar planos que

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possam ser postos em prática com disciplina - coisas que o poder executivo até agora não tem feito". Santos adianta que a se manterem as actuais políticas económicas - marcadas pela regulação de preços, a conversão monetária e o controlo das divisas -, o país experimentará uma inflação que pode ultrapassar os 25 por cento, percentagem que em 2007 somou 18,6 pontos. Este ano volta a ser decisivo no plano eleitoral na Venezuela, com os comícios de governadores e alcaides, previstos para Outubro. "Agora todos os anos são eleitorais", comenta, atrás do expositor de uma padaria, o madeirense, natural da Ponta do Sol, Guilherme Oliveira, que acredita que estas eleições serão uma prova importante para demostrar se realmente a oposição tem ganho força. No entanto, lamenta que o ambiente político não seja propício a grandes investimentos e privatizações. "Penso que a oferta não vai crescer significativamente, por isso vamos continuar com problemas relevantes de abastecimento de géneros alimentícios básicos", lamenta o comerciante, ao mesmo tempo que pede que a insegurança seja considerada um dos problemas principais a combater durante este ano. "É preciso rever todo o sistema de justiça do país e acabar com a impunidade que atinge níveis graves". COMBATE À FUGA AO FISCO A partir de 1 de Janeiro de 2008, entrou em vigor a reforma da Lei de Ilícitos Cambiais, que pretende iniciar uma acérrima luta contra o mercado do dólar paralelo. Marina da Silva, filha de emigrantes portugueses da Madeira pensa que esta medida vai golpear ainda mais o

processo produtivo nacional. "O produtor interno está asfixiado com este mecanismo regulador de divisas e pede a gritos que seja flexibilizado, mas com esta lei, os controlos vão ser mais fortes, o que vai entravar ainda mais a importação e distribuição de bens", comenta a psicologa. O FANTASMA DA 'RESSURREIÇÃO' CONSTITUCIONAL Os emigrantes madeirenses na Venezuela entraram no novo ano perseguidos pelo fantasma da revisão constitucional. Há receio de que o presidente Hugo Chávez tente validar aspectos da reforma constitucional através de uma Lei Habilitante - aprovada pelo Parlamento - que concede poderes especiais ao Presidente para legislar por decreto durante 18 meses (até finais de Junho de 2008). "É imprescindível garantir os direitos da propriedade privada dentro do marco jurídico vigente e respeitar a Constituição de 1999", disse Mercedes de Freitas, directora executiva da 'Transparência Venezuela', associação civil sem fins lucrativos que se destina a prevenir e a combater a corrupção. Para De Freitas, 2008 não promete mudança num aspecto que considera fundamental: um programa institucionalizado para reduzir a violência. "A Lei da Polícia Nacional foi uma promessa do presidente Chávez na sua campanha eleitoral de 1998 e dez anos depois esta ainda não foi implementada. A Venezuela tem um grave problema: instituições incapazes de fazer cumprir a lei e um poder executivo que abusa de sua posiçao de domínio, aspecto que muito provavelmente não vai mudar em 2008".


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CORREIO DA VENEZUELA 10 A 16 DE JANEIRO DE 2008

São Vicente com festa rija na Venezuela O dia do padroeiro do concelho irá contar com muita animação musical Marco Freitas DN Madeira

divinha-se festa rija para a celebração do padroeiro de São Vicente entre os portugueses radicados na Venezuela, mais concretamente em Caracas e Maracay. O dia do padroeiro de São Vicente, que se comemora a 22 de Janeiro, numa terça-feira, vai ser celebrado pelos emigrantes madeirenses ao som da Banda Filarmónica de São Vicente e do Grupo Coral e Instrumental da Casa do Povo da Boaventura. A primeira colectividade vai à Venezuela a convite da comunidade vicentina daquele país, enquanto o Grupo Coral da Boaventura terá o apoio total da Câmara Municipal de São Vicente, tanto ao nível da organização como dos custos. A viagem realiza-se de 21 a 29 de Janeiro.

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CULTURA ESTÁ MELHOR NO CONCELHO O director do Grupo Coral e Instrumental da Casa do Povo da Boaventura, Robert Santos, foi apanhado de surpresa pelo convite da Câmara: "Não estava à espera". Esta é uma possibilidade de a colectividade fazer uma viagem que, de outro modo, não seria possível. "O Grupo não tem capacidade financeira para responder a uma actividade desta dimensão". Robert Santos, feliz com o convite da autarquia, adiantou que o grupo vai levar 25 músicos e recordou os tempos em que existia pouco investimento na cultura, para depois elogiar a vereação de Humberto Vasconcelos. "O presidente está sempre atento e apoia-nos muito, mesmo aos idosos". Silvano Ribeiro, vereador da autarquia vicentina, explicou que esta iniciativa está relacionada com as festividades do dia do padroeiro do concelho. "Os nossos emigrantes na Venezuela estão a atravessar um momento particularmente difícil", começou por dizer. "Quise-

mos minorar as dificuldades dos emigrantes, com a recordação dos costumes da terra", acrescentou o responsável.

Banda Filarmónica de São Vicente

CÂMARA CONVIDOU OPOSIÇÃO Silvano Ribeiro adiantou que a vereação de Humberto Vasconcelos, inclusive o próprio presidente, faz parte da comitiva. No entanto, garantiu que o presidente convidou a oposição, tanto os vereadores do PS como os deputados da Assembleia Municipal. "Inicialmente, os deputados municipais estavam inclinados a participar na viagem, mas depois recusaram. Talvez por orientação política", disse Silvano Ribeiro, que garantiu que esta viagem "não é uma acção de campanha". JOVENS PROCURAM MÚSICA José Carlos, um dos responsáveis pela Banda Filarmónica de São Vicente, afirmou que "a banda tem evoluído e está numa fase boa". "Lançámos um CD em 2005 e um DVD em 2006", adiantou. O grande problema desta colectividade "está relacionado com a falta de população no concelho, pois não há gente que chegue para o futebol, bandas ou grupos de coral". Ainda assim, José Carlos admite que actualmente "são

Grupo Coral e Instrumental da Casa do Povo da Boaventura

muitos os jovens que querem se iniciar como músicos". BANDA FAZ 18 ANOS A Banda Filarmónica de São Vicente também vai participar nas festividades de São Vicente na Venezuela, mas a convite da comunidade vicentina. Os encargos da viagem terão de ser suportados pela própria banda. José Carlos,

um dos responsáveis pela banda, assegura que esta está a tentar reunir vários patrocinadores para poder realizar a viagem. A Banda Filarmónica de São Vicente foi formada a 22 de Janeiro de 1989 e irá celebrar os 18 anos de existência na Venezuela. José Carlos adianta que a banda é constituída por 27 músicos e já passou por tempos mais difíceis.

Agenda preenchida O Centro Marítimo da Venezuela, em Turumo, vai juntar no domingo, 20 de Janeiro, os emigrantes das freguesias do concelho de São Vicente num típico arraial madeirense, no qual marcam ainda presença diversos representantes autárquicos e que conta com a apresentação da Banda Municipal de São Vicente. No dia seguinte, segunda-feira 21, a banda, juntamente com o Grupo de Coral da Boaventura, participam num jantar organizado no restaurante Gales do CCCT, que reunirá um grupo de empresários e onde se espera contar com a presença do Alcalde de Chacao, Leopoldo López.

A cidade de La Victoria vai receber a comitiva no dia 22, precisamente no dia de São Vicente. O ponto de encontro será o centro português dessa localidade. Ali será realizada uma missa e um almoço de confraternização com os três grupos folclóricos locais e a comunidade de emigrantes de São Vicente. O som da banda e do grupo coral também se vão fazer ouvir no Lar Geriátrico Padre Joaquim Ferreira, em Los Anaucos, no dia 23, onde a comitiva vicentina tenciona fazer uma doação a esta instituição. O programa festivo prevê uma tarde de convívio no Centro Português em Caracas, na sexta-feira 25, com actuações dos grupos

aos sócios do clube. As comemorações do Dia de São Vicente serão o ponto alto da deslocação. A confraria do padroeiro do concelho em Caracas, presidida por Estela Lúcio de Pereira, está a cargo da celebração que decorrerá sábado, 26, na Missão Católica Portuguesa. As actividades compreendem uma missa solene e arraial com as actuações do grupo coral e da banda. A cidade de Maracay também está incluída na agenda. A comitiva visitará a Casa Portuguesa de Aragua. O momento poderá contar com a presença do governador do Estado, Didalco Bolívar, cuja presença ainda está por confirmar.


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10 A 16 DE JANEIRO DE 2008 CORREIO DA VENEZUELA

VENEZUELA

Comerciante assassinado 22 portugueses presos na Venezuela na véspera de Natal

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Breves

Sandra Rodriguez

poucas horas da chegada do Natal, a tragédia bateu à porta de uma família portuguesa radicada na cidade de La Victoria. O comerciante Carlos Nogueira de Abreu, de 44 anos, nascido em Curvelo de Arca, em Oliveira de Frades, Distrito de Viseu, foi brutalmente assassinado. Dono da padaria "Trigo Pan Center", localizada naquela cidade do Estado de Aragua, Nogueira foi encontrado morto com múltiplas feridas na cabeça e rosto, provocadas por duas armas brancas pertencentes ao seu local de trabalho. Como todos os dias, saiu de casa cedo e chegou ao estabelecimento sem problemas. Aníbal Nogueira, irmão da vítima, relatou ao CORREIO, apesar

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de se encontrar profundamente consternado, alguns pormenores sobre o sucedido. "Às 6 horas, como é costume, passei para tomar o pequeno-almoço e vi que a padaria estava fechada, embora com as luzes de cima ligadas e os dois empregados à espera na rua". Este cenário "muito estranho" levou-o a telefonar para o irmão. Mas como este não atendeu, ligou para a sua mulher para vir abrir as portas. "Foi assim que nos deparamos com esta triste cena", disse Aníbal Nogueira, acrescentando: "aqui não há justiça nenhuma. Quem trabalha é que sai prejudicado. Carlos era uma pessoa que não fazia mal a ninguém, uma pessoa honesta, e encontrar a morte de esta maneira não é justo". As razões do assassinato ainda não foram determinadas.

É que além do roubo, a vingança também entra no campo das hipóteses. Presume-se que um dos seus próprios empregados, que trabalhava há menos de um mês com ele, possa estar envolvido no cri-

Carlos Nogueira de Abreu estava há mais de 25 anos na Venezuela. Deixa a sua mulher, também de origem portuguesa, e três filhos. me, já que se encontra desaparecido desde o dia do crime, 24 de Dezembro. Carlos Nogueira de Abreu estava há mais de 25 anos na Venezuela. Deixa a sua mulher, também de origem portuguesa, e três filhos.

Susto antes de fin de año Jean Carlos de Abreu deabreujean@gmail.com

relógio marcava a meia-noite de segunda-feira, 24 de Dezembro, quando Viviana de Freitas, 27 anos, chegava a casa, situada na urbanização Santa Rosalía, em Caracas. A filha de emigrantes naturais do Funchal e de Santa Cruz, ilha da Madeira, regressava de uma curta viajem à ilha de Curaçao. Foi quando descia da carrinha do noivo que quatro homens armados fizeram o mesmo do interior dum Toyota Corolla, forçando-a depois a entrar novamente na mesma. Segundo o relato feito ao CORREIO por Viviana de Freitas, os ladrões submeteram o seu noivo atirando-o ao chão do carrinha, tendo depois um deles o manietado através da pressão exercida pelo joelho sobre sua a cabeça, enquanto o agrediam e injuriavam. O casal foi conduzido pela zona de San Agustín, no Centro de Caracas, sendo depois libertado na auto-estrada Francisco Fajardo, nas imediações da ponte Los Leones, em el Paraíso. Mas antes disso, ambos foram despojados dos seus pertences de valor. Mais de 5 mil bolívares 'fortes' (5 milhões de bolívares antes da reconversão monetária que entrou em vigor a 1 de Janeiro último) é o valor dos pertences e do numerário roubados à luso-descendente.

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O casal foi conduzido pela zona de San Agustín.

"Os ladrões não me maltrataram em nenhum momento, mas ameaçaram-me com um tiro na cabeça se lhes olhasse para as suas caras", contou. Após vários pedidos, os delinquentes acederam devolver-lhe o passaporte, as chaves de casa e cartão do telemóvel. Agentes da Divisão Contra Roubos do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (Cicpc) encontraram, dois dias depois, o veículo abandonado na Cota 905, na zona de La Vega. Segundo fonte policial, o autores do crime - conhecido na Venezuela como "secuestro express" - (sequestro expresso) por se tratar dum rapto de curta duração com o objectivo de conseguir roubar apenas os valores que as vítimas trazem consigo na altura ou podem dar num curto espaço de tempo - poderão ter utilizado o carro para sequestrar e roubar a outras pessoas.

Vinte e dois portugueses, 14 homens e 8 mulheres, na sua quase totalidade a cumprir pena de prisão por tráfico de estupefacientes, passaram o Natal nas cadeias venezuelanas, entre eles um lisboeta portador do vírus de HIV. Os homens estão detidos no Internado Judicial de Los Teques e na prisão de El Rodeo, Charallave e as mulheres na prisão de Caraballeda, Estado de Vargas, a norte da capital, e no Instituto Nacional de Orientação Feminina de Los Teques (INOF). Entre os reclusos, no Internado Judicial de Los Teques, está Manuel Pedro Gonçalves Samora, 35 anos, natural de Lisboa, a cumprir oito anos de prisão por tráfico ilícito de substâncias estupefacientes.

Preso há quase três anos, Manuel Gonçalves explicou à Agência Lusa que está à espera de uma "medida humanitária" que lhe permita deixar a cadeia e regressar a Portugal para ser atendido pela sua família, porque padece de sida e de insuficiência renal "Dizem que a "medida" já foi aprovada mas para que se torne efectiva tenho que conseguir uma família que me garanta apoio até viajar para Portugal, o que é muito difícil porque estou preso e não tenho contacto com os portugueses que vivem aqui", disse. Entre as mulheres está Maria Antonieta Parreira Amaral Liz, 59 anos, que faz parte de um grupo de três portuguesas condenadas, a 15 de Dezembro de 2005, a nove anos de prisão por tráfico de droga. PUBLICIDADE


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História de Vida Comerciante, fisioterapeuta e pintor om apenas 12 anos, José Gonçalves Faria empreendeu uma viagem rumo a uma terra desconhecida. Aos ombros "carregava" o medo de poder ser enviado para África mas também o espírito de aventura que o levaria a outro país. Aportou na Venezuela em 1946 e ao chegar à América, esperava por um amigo que deveria recebe-lo a saída do barco, que nunca chegou a aparecer. Durante quatro noites dormiu numa praça pública, e durante o dia procurava uma casa para viver. Mas apesar das contrariedades, o destino quis que se tornasse num comerciante próspero e reconhecido longe da sua terra natal. José Gonçalves Faria nasceu a 22 de Maio de 1934, no Estreito de Câmara de Lobos, na Madeira. Desde a sua chegada à Venezuela, este português dedicou a sua vida ao trabalho. Mas trouxe também o gosto e o dom pela pintura. O seu primeiro contacto com as artes aconteceu na Madeira. "Aos nove anos comecei a estudar numa escola de pintura, mas tive que abandonar aquela actividade devido aos fracos recursos económicos da minha família. Na escola ninguém me batia em desenho, era o melhor da turma e pintava muito bem. Aliás, alguns dos meus trabalhos foram expostos", conta com orgulho. Depois de trabalhar em várias empresas na zona de Caracas, este pintor mudou-se para Los Teques, cidade onde encontrou estabilidade. Ali construiu um centro comercial, onde deu inicio a outra das actividades que ocupam o seu dia a dia: a fisioterapia. Esta ocupação surgiu na sequência da sua habilidade nesta área e também devido aos pedidos dos amigos para que optasse pela fisioterapia. "Ser fisioterapeuta foi algo que aconteceu, sem que eu o planeasse", explica, recordando que no início "tratava de pessoas

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que tinham dores na coluna vertebral. E pude verificar que após os meus tratamentos elas melhoravam". Foi então que decidiu "tirar um curso". Não porque sentisse "necessidade, mas porque esse era um requisito legal para exercer a actividade de fisioterapeuta". "Penso que é um dom que permite trazer melhorias as pessoas", diz. A sua experiência e eficiência fizeram com que o seu trabalho enquanto fisioterapeuta fosse reconhecido em toda a Venezuela. "Recebia pacientes vindos de todo o país e alguns vinham mesmo do Curaçao", lembra, observando que também era muito procurado por artistas. A procura pelos seus serviços foi crescendo que decidiu abrir um pequeno consultório, ao qual passou a dedicar todos os dias da semana. Ainda que a fisioterapia preenchesse a vida de José Gonçalves Faria, este não deixou de parte a sua paixão pela pintura e depois de muitos anos sem poder dedicar-se a esta arte, decidiu entrar numa academia para aperfeiçoar e aprender novas técnicas. Desde então nunca mais parou de pintar, pois tal como refere, "ela faz parte da minha vida". "Quando deixo de pintar durante dois dias começo a sentir-me mal", confessa. Já pintou mais de 800 quadros, muitos dos quais têm sido expostos em vários países do mundo, nomeadamente México, Alemanha, França, Espanha e Venezuela. Através da sua arte obteve distinções que conserva com orgulho. Ao longo da sua carreira, Gonçalves vendeu 643 quadros, mas depois decidiu não vender mais, já que tem um projecto para a criação dum museu pessoal, no qual estarão expostas todas as suas obras. "O mais importante é deixar o meu legado aos meus três filhos e não o dinheiro proveniente dos quadros", observa.

José Gonçalves Faria Câmara de Lobos, Madeira

Já pintou mais de 800 quadros muitos dos quais têm sido expostos em vários países do mundo.

"Ser fisioterapeuta foi algo que aconteceu, sem que eu o planeasse", explica.


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Folclore do CP prepara celebração dos 50 anos Jean Carlos De Abreu deabreujean@gmail.com

ara celebrar os 50 anos do Centro Português, em Caracas, o grupo folclórico deste clube organizará um convívio no qual participarão os restantes agrupamentos lusitanos do país com o propósito de fomentar e trocar experiências como a melhor forma para se celebrar o aniversario da instituição social portuguesa mais antiga da Venezuela. O secretário e apresentador do Grupo Folclórico do Centro Português em Caracas (GFCPC), Manuel Marques, adiantou que a 15 de Janeiro haverá uma reunião com o Director de Cultura do clube para "organizar as diversas actividades folclóricas que durante o 2008, terão lugar com motivo do meio século de

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existência do CP. A data do do em 1977, com a finalidade convívio ainda não foi agen- de manter vivas as tradições dada, pois deverá ser acorda- portuguesas na Venezuela e da com a junta directiva do também para "cumprir o sonho de vários portugueses" que centro. O grupo folclórico do CP se encontravam estabelecidos já cumpriu 30 anos, tempo du- no país e que faziam parte do rante o qual tem enfrentado recém-formado Centro Português, em Macaraalgumas dificuldacuay. des, entre elas a Formado por falta de interesse O grupo tem cerca de 30 memdos jovens para seis álbuns bros, sendo a maioparticipar nesta editados em cassete ria filhos de portuforma de expressão gueses, tem sido cultural. Marques e em CD, com uma escola de follamenta que muicanções inéditas clore na Venezuela. tas vezes não se Actualmente, é diconsegue que os rigido por José de filhos dos portugueses participem activamen- Abreu, mais conhecido por Yute nas mais diversas activida- ca, que se encarrega de transdes do grupo, daí que seja ne- mitir as tradições folclóricas de cessário recorrer "a portuguesas a todos quantos venezuelanos para bailar con- vão passando pelo grupo. Além das tradições lusas, nosco", disse. O grupo folclórico do promove também a dança veCentro Português foi forma- nezuelana. O grupo tem seis

CULTURA

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O grupo folclórico do CP já cumpriu 30 anos.

álbuns editados em cassete e em CD, com canções inéditas e versões de temas do folclore português, do continente e dos arquipélagos da Madeira e dos Açores. Entre os diversos reconhecimentos públicos que já recebeu figura a Ordem Francis-

co de Miranda, atribuída pelo Governo venezuelano. Além de ter actuado em várias localidades de Portugal, em Aruba e Curaçao, o grupo participou nas Festas do Santíssimo Sacramento, em New Bedford, no Estado norte-americano de Massachusetts. PUBLICIDADE


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CULTURA

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CORREIO DA VENEZUELA 10 A 16 DE JANEIRO DE 2008

Márcio Amaro actua no Centro Marítimo Este jovem e versátil artista madeirense que surpreendeu com a personagem de "Manuel Bexiga" regressa à Venezuela, onde já tinha estado em 2004 panha eleitoral na ilha, foi alertar através da sátira, como declarou varias vezes o actor. "Nasci numa família rural com poucos recursos, pobre, com muitas dificuldades. Não me senti explorado porque foi, para mim, a grande oportunidade de trazer o teatro à rua", declarou Amaro numa entrevista publicada em Maio de 2007 no Diário de Notícias de Lisboa.

Manuel Bexiga, um personagem interpretado por este actor e músico natural da Camacha.

Délia Meneses uando esteve na Venezuela, em Novembro de 2004, acompanhando a equipa dos veteranos da Camacha, Márcio Amaro, artista madeirense, ficou muito impressionado com a receptividade e o calor humano dos portugueses. Naquele momento, o jovem talento conseguiu causar impacto junto do público que teve a oportunidade de vê-lo em palco e apreciar a sua grande versatilidade e energia como cantor. "Fiquei impressionado. Não esperava

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ver tantas coisas boas. Foram dias que jamais esquecerei. Tinha um impressão errada do país, tendo em conta o que os media nos transmitem, pensava que a Venezuela era muito mais pobre e desorganizada" declarou Amaro em 2004 sobre a sua experiência na Venezuela. Quatro anos depois, e com um currículo artístico mais avultado, o artista de 27 anos regressa ao país para uma apresentação musical no Centro Marítimo no dia 20 de Janeiro. Nesse dia, o clube, situado em Turumo, também vai acolher a Banda Municipal de São Vicente. Em Abril de 2007, a foice ao ombro e

Actualmente Amaro lidera dois projectos musicais

o barrete de orelhas na cabeça foram a imagem de marca de Manuel Bexiga, um personagem interpretado por este actor e músico natural da Camacha, que foi contratado pelo Partido da Nova Democracia (PND) para satirizar Alberto João Jardim durante a campanha eleitoral da Madeira. Márcio Amaro criou, a pedido do PND, esta figura popular inspirada na maneira de falar e de agir do presidente do Governo Regional da Madeira, que não passou despercebido a nenhum eleitor. O objectivo de Manuel Bexiga, que protagonizou a maior surpresa durante a cam-

OS INÍCIOS Aos 14 anos Márcio Amaro começou a integrar os grupos de dança, de teatro e culturais da Casa do Povo da Camacha. Mais tarde ingressou no Curso Profissional de Teatro do antigo Conservatório. Pelo caminho, desempenhou papéis teatrais, "alguns até papéis principais", em instituições como o Teatro Experimental da Camacha. No ano em que terminou o liceu, realizou "um grande espectáculo constituído por sete monólogos". Todos escritos, encenados e interpretados pelo próprio. Foi o '007 Big Agente em directo', que serviu para inaugurar as salas do Camacha Shopping. Foi nesse centro comercial que, há uns cinco anos, nasceu o 'Amigos da Levada'. Um grupo que às quartas-feiras se juntava para confraternizar. Por serem 'Amigos da Levada' era obrigatório haver um levadeiro. Esse levadeiro, interpretado por Márcio Amaro, era conhecido como 'Zé do Rego'. Esse foi o personagem que deu origem ao 'Manuel da Bexiga'.

"Fados" chega às salas espanholas "Fados" está em vias de apresentar-se nas salas espanholas depois de passar pelos festivais de cinema de Toronto e de San Sebastián. Com este filme, o director espanhol Carlos Saura faz uma profunda homenagem a este famoso estilo musical português e às suas origens populares. O filme fecha uma trilogia dedicada às formas de expressão musical urbanas do século XX, depois da realização de “Flamenco” y “Tango”, que foi candidato ao Óscar de melhor filme estrangeiro em 1998. Trata-se dum trabalho que foi iniciado há mais de três anos, quando Saura, então com 75 anos, e com quase 40 filmes realizados, iniciou um lento e minucioso trabalho de investigação, ajudado por especialistas neste estilo musical. Viajou várias vezes a Lisboa, onde visitou tabernas e passeou pelo bairro de Alfama. Foi um estudo profundo e abrangente sobre

as origens do fado que acabaram por ajudar Saura a embrenhar-se num mundo pelo qual já estava apaixonado há muito tempo. "Parece incrível, mas as sevilhanas, o tango, o jazz ou os fados nascem todos na primeira metade do século XIX. São ritmos muito recentes, que nascem em portos e tabernas, rodeados de um ambiente de pecado", explica o realizador. Não é um filme didáctico nem cronológico. "Corre por ritmos e por músicas, por danças e cores. É uma série de números independentes ligados pela luz ou pela cenografia". Em 'Fados' cabem homenagens aos grandes fadistas, como Amália Rodrigues, Marceneiro ou Lúcia do Carmo, juntamente os de agora, como Mariza, Camané ou Carlos do Carmo. Participam também cantores estrangeiros, como os brasileiros Caetano Veloso e Chico Buarque, a me-

xicana Lila Downs, Miguel Poveda ou as cabo-verdianas Cesária Évora e Lura. "Eu adoro o fado porque está marcado pela saudade, pela melancolia. Nasce da despedida, de quando as pessoas partiam para as colónias. É um sentimento que continua vivo, como se comprova vendo os fadistas cantar com os olhos fechados. O fado é força, é sincero e honesto, e expressa o sentir do carácter português", declarou Saura numa entrevista concedida recentemente a um diário espanhol.


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O "gaitero" de São Roque Delia Meneses

uem o vê em cima do palco cantando uma "gaita" ou tocando o "cuatro", nunca reconhece nele as suas origens lusas. "Ninguém acredita em mim quando digo que sou português. Só quando ouvem o meu nome é que começam a duvidas", comenta João Manuel Pestana Rodrigues, que desde 2002 faz parte do agrupamento Cristóbal Medina en gaita: la mágica tradición. Na temporada transacta, que decorreu desde Junho a Dezembro de 2007, este grupo realizou mais de 148 espectáculos. Chegaram a apresentar-se no La Estancia, a 23 último. Animaram ainda incontáveis festas de Natal em restaurantes e alegraram muitos casamentos, especialmente de portugueses. A "gaita", o ritmo que alegra o Natal em toda a Venezuela, é produto duma mistura cultural que tem influência espanhola, negróide e indígena. Nasceu nas margens do Lago de Maracaibo, no Estado Zulia, e por esta razão

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muitos dos seus expoentes são zulianos. Ver um português cantando "gaitas" não é algo comum. No entanto, João Rodrigues tem uma relação an-

João Rodrigues tem uma relação antiga com este género musical, que remonta a 1971 tiga com este género musical, que remonta a 1971, quando viajou a Maracaibo. "Eu tinha 20 anos quando entrei no grupo Los Turpiales, onde comecei a tocar o 'cuatro'", conta. Seguiram-se depois os agrupamentos Estrellas sobre el Lago, Oro Negro, Guarapo en Gaitas, Los Casanova, Catatumbo e finalmente Cristóbal Medina en gaita, onde agora se sente consagrado como artista. Dos dez membros que compõem o grupo, ele é o único português. Natural de São Roque, Madeira, onde nasceu em 1950, chegou à Ve-

nezuela com apenas três anos de idade, juntamente com os seus pais que se dedicaram ao comércio. João Rodrigues só voltou à ilha em 1967, ano em que Caracas foi atingida por um terramoto. Mas espera regressar para visitar os tios e primos radicados no Monte e em São Roque. Com 18 discos gravados e 3 CD's, o madeirense conta que tem incorporado nos seus espectáculos versões de temas populares portugueses e madeirenses como Uma casa portuguesa, Primavera, Bailinho da Madeira, A Cachaça, entre outros. "O público português pede-os sempre e aprecia-os muito", observa. As suas inclinações artísticas, assegura, foram herdadas do seu pai, que tocava a guitarra e pertencia a uma banda na Madeira. "O que sei é produto do meu ouvido musical, pois nunca frequentei cursos profissionais de música", confessa Rodrigues, que vem exercendo a profissão de vendedor em estabelecimentos de venda de produtos alimentares e actualmente trabalha no departamento de distribuição da revista Blitz.

João Manuel Pestana Rodrigues chegou à Venezuela com apenas três anos de idade.

Desde Junho a Dezembro de 2007, este grupo realizou mais de 148 espectáculos.

Presépio: Um sonho de criança

O tamanho da "obra" é estimado em 40 metros quadrados.

João Jerónimo de Freitas é natural de Câmara de Lobos.

Aleixo Vieira

que faço é por satisfação pessoal. Um desejo de criança que levo todos os anos por dentro da minha alma", afirma. Criado num recanto da sua casa, o tamanho da "obra" é estimado em 40 metros quadrados. O seu "maior prazer" é o "espanto" que acompanha as expressões dos adultos e a alegria das crianças que visitam a sua casa todos os anos na quadra natalícia, sobretudo no dia do seu aniversário, data que é celebrada com uma festa de arromba e supera todas as celebrações em família.

a localidade de Montanha Alta, em Los Teques, a casa de uma família portuguesa natural de Câmara de Lobos é toda uma referência para a zona durante épocas de Natal. A última não foi excepção. O presépio que erguido por João Jerónimo de Freitas voltou a chamar a atenção de todos. Apesar de já ter vindo a ser proposto para concursos na localidade há vários anos, o madeirense não quer sequer ouvir falar em prémios. "Tudo o

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Comerciante de profissão, este emigrante madeirense não bebe, não fuma e gosta de fazer truques de magia. Nasceu em Câmara de Lobos e emigrou para a Venezuela com apenas quatro anos de idade. Vivia na Avenida Victoria, em Caracas, e desde criança acompanhou a sua vizinha e amiga da família, a senhora Leónia, nos trabalhos anuais de preparação do presépio tradicional. "O meu passatempo preferido era brincar com a minha irmã e com os animais do presépio, com os bonecos e as luzes", lembra. O regresso a Portugal da vizinha interrompeu por muito tempo esta sua tradição natalícia, já que os seus pais, a partir de então, entenderam que não seria feito mais o presépio em casa. "Foi um desejo que sempre levei comigo de algum dia, na minha própria casa, seguir com esta maravilhosa tradição de Natal". A oportunidade chegou quando João Jerónimo de Freitas casou em Novembro de 1985. Em Dezembro já tinha o espaço reservado para fazer o seu primeiro presépio, tradição que cumpre em casa há 22 anos consecutivos. Mas a emoção que sente é duradoura. "Quando estou a desarmar o último, depois da festa, já estou a idealizar o próximo presépio e a sua iluminação", assegura. Casado e com dois filhos, de 19 e 22 anos, é da sua esposa que recebe ajuda nos cincos dias que precisa em média para preparar as suas emblemáticas lapinhas.


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Nova Agenda Cultural e Desportiva O novo formato pretende ser um mecanismo de divulgação mais eficaz que os anteriores

á está disponível a nova Agenda Cultural e Desportiva 2008 do Porto Santo. Esta foi oficialmente apresentada no passado dia 5 de Janeiro no Salão Nobre do Edifício dos Paços do Concelho pelo Presidente da Autarquia e pelo Vereador da Cultura, Juventude e Desporto. Com um grafismo inovador e atractivo, esta publicação pode ser adquirida gratuitamente no Gabinete da Cultura, Juventude e Desporto da CMPS, no turismo, nos hotéis e em alguns estabelecimentos da Cidade. Para além dos diversos eventos culturais, desportivos, sociais e recreativos, esta pequena brochura contempla ainda um conjunto de informações úteis, não só para os locais mas também para os turistas. A novidade deste ano prende-se com o facto desta agenda poder ser utilizada como bloco de notas e lista telefónica. Na ocasião, o vereador da Cultura, Juventude e Desporto, Magno Velosa aproveitou para

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destacar algumas iniciativas que integram a agenda municipal, nomeadamente as Festas do Concelho, toda a animação de Verão, a Festa das Vindimas, o Porto Santo a Cantar entre outras actividades que irão preencher todo o ano de 2008. Magno Velosa pediu ainda um pouco de mais empenho por parte da população, no sentido de participarem nas iniciativas da autarquia.


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Estudantes Universitários

reuniram-se num jantar de Natal Como já vem sendo hábito, a Câmara Municipal do Porto Santo, reuniu cerca de 80 estudantes universitários, num jantar convívio que teve lugar no restaurante “Estrela do Norte”. O referido jantar contou com a presença de toda a vereação, bem com o presidente da edilidade, Roberto Silva, que aproveitou o momento para deixar votos de maiores sucessos académicos. Esta foi mais uma iniciativa que teve como objectivo reunir todos aqueles que se encontram fora da “Ilha Dourada”, a estudar nas diversas universidades do país, proporcionando uma noite diferente e sobretudo agradável.

Convívio teve lugar no restaurante “Estrela do Norte”

Autarquia celebra Natal

junto dos seus funcionários - Tribo RS fez - Autarquia entregou prendas aos filhos dos funcionários da CMPS

a animação da Festa de Natal

- Almoço-convívio que teve lugar no Forno II

A Câmara Municipal do Porto Santo, nesta quadra natalícia, mais uma vez reuniu todos os seus funcionários para um almoçoconvívio que teve lugar no Forno II, Zarco Shopping, no passado dia 21

de Dezembro. No que diz respeito à animação da festa, esta ficou a cargo da empresa de animação Tribo RS, que apresentou vários sketches que animaram as cerca de 60 crianças

presentes. O que também não faltou foi o divertido karaoke. O momento mais aguardado pelas crianças foi, sem dúvida, a entrega dos presentes, seguindo-se, por fim, um lanche-convívio. PUBLICIDADE


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PORTUGAL

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CORREIO DA VENEZUELA 10 A 16 DE JANEIRO DE 2008

O estudo do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) sobre o novo aeroporto de Lisboa já está concluído e estava para ser entregue ao Governo até sexta-feira, mas o Ministério das Obras Públicas ainda não tinha decidido se o documento iria ser tornado público.

Breves

700 mil inquéritos A Procuradoria-Geral da República (PGR) abriu em 2006 mais de 492.000 inquéritos, de um total de 712.732 movimentados, dos quais foram arquivados mais de metade.De acordo com o

último "Relatório dos Serviços do Ministério Público", a que a agência Lusa teve acesso, em 2006 foram registados 492.441 inquéritos, menos 582 do que em 2005, o que representa uma diminuição de 0,12 por cento da criminalidade participada.O balanço da PGR revela que naquele ano foram movimentados 712.732 inquéritos, dos quais foram concluídos 500.925 (mais 12.056 do que no ano anterior), mas o número de arquivados foi de 51 por cento, totalizando 366.579.

Dono de café multado ‘devido’ a cliente fumador O dono do café 'O Madeirense', em Olhão foi multado por causa de um cliente que teimava em não apagar o cigarro. Depois de chamar a GNR para multar um cliente que se recusava a apagar o cigarro, foi António Barros, o dono do café, quem acabou por ser multado, por não ter no estabelecimento os dísticos de proibição de fumar.No dia seguinte, o proprietário natural da Madeira,

Menos empregos O presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) alertou para a perda de 45.400 empregos no sector em dois anos e considerou que esta não é a

lá colocou os dísticos para que mais nenhum cliente se voltasse a negar a apagar o cigarro por falta de aviso, contudo, diz que ainda não voltou a ser contactado e desconhece o valor da multa. "Ainda ninguém me chamou, não sei de nada", diz, afirmando acreditar que vai ficar tudo "em águas de bacalhau" por o incidente ter acontecido no primeiro dia de entrada em vigor da nova lei. melhor altura para fazer alterações nas relações laborais. José António Silva disse aos jornalistas, no final de uma reunião de concertação social, que o número de postos de trabalho perdidos no comércio foi registado a partir do segundo trimestre de 2005 e durante dois anos. O presidente da Confederação salientou que a destruição de empregos no comércio ocorre a par da abertura de grandes superfícies.

Aumento dá mais dinheiro aos pensionistas A decisão do Governo de dividir o aumento extraordinário das pensões por todo o ano de 2088 vai beneficiar os pensionistas em 2009, porque a taxa de actualização vai incidir sobre uma base mais elevada, explicou o secretário de Estado da Segurança Social.As pensões eram, tradicionalmente, actualizadas em Dezembro, mas, este ano, com a nova Lei, ficou definido que os aumentos passam a vigorar a partir de Janeiro."Ter as actualizações em Dezembro fazia com que estas

actualizações não fossem coerentes com o resto do sistema, em que as actualizações são feitas em Janeiro", disse à agência Lusa o secretário de Estado da Segurança Social, Pedro Marques.Para compensar a actualização relativa ao mês de Dezembro, a lei determina que, "em Janeiro de 2008, a actualização decorrente da aplicação das regras previstas" "é acrescida de um aumento extraordinário equivalente a 2/14 do aumento normal do pensão".

^ ÅçÅ~Þå~ Éëí~î~ Çáëëáãìä~Ç~ Éã Å~áñ~ë ÇÉ éçäîç ÅçåÖÉä~ÇçI Åçã çêáÖÉã å~ sÉåÉòìÉä~ É íÉåÇç bëé~åÜ~ Åçãç ÇÉëíáåçK

Cinco toneladas de cocaína apreendidas em contentor Operação da PJ e polícia espanhola deu golpe "muito interessante" numa rede internacional de tráfico de droga operação "Arcos", em que foram apreendidas quase cinco toneladas de cocaína em Lisboa e detidos sete suspeitos, envolvendo a Polícia Judiciária e autoridades espanholas representaram "um golpe muito interessante numa rede internacional importante", disse a PJ. Com esta apreensão, que decorreu em Dezembro, a Polícia Judiciária (PJ) acredita ter dado "um golpe muito interessante numa rede internacional importante, com muitos recursos financeiros e capacidade organizativa muito elaborada", disse à agência Lusa José Ferreira, da Direcção Central de Investigação do Tráfico de Estupefacientes da PJ. A operação envolveu a PJ e a Polícia Nacional espanhola, tendo culminado na apreensão de cerca de cinco toneladas de cocaína, dissimuladas em caixas de polvo congelado, com origem na Venezuela e tendo Espanha como destino. A droga entrou em Portugal a 22 de Dezembro, no interior de um contentor onde se encontra-

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vam 635 caixas de polvo congelado, das quais mais de um terço (235 contentores) traziam cocaína dissimulada. A cocaína foi dissolvida numa solução química aquosa que foi junta ao polvo e embalada em caixas de cartão. As caixas, com destino a Espanha, traziam papéis e certificados legais de exportação do produto. Por seu turno, o comissário da Polícia Nacional espanhola, Jaime Iglesias, explicou à Lusa que "esta apreensão aconteceu devido a investigações patrimoniais, que decorrem desde Janeiro de 2006", e graças à "estreita cooperação entre as duas polícias" da península. Ambos os responsáveis policiais reforçaram a elevada complexidade e a capacidade industrial da organização criminosa, bem como o "modus operandi", detectado pela primeira vez neste tipo de tráfico. O coordenador nacional da investigação da PJ, José Ferreira, reconhece que "Portugal é uma importante porta de entrada de drogas para a Europa", mas ar-

gumenta que a PJ está atenta e preparada para este problema, tendo reforçado as investigações nas fronteiras e tráfego marítimo bem como a cooperação internacional com outras polícias. A polícia espanhola efectuou buscas domiciliárias em Madrid, Salamanca, Toledo e Cáceres, tendo detido cinco pessoas com idades compreendidas entre os 42 e 76 anos, além de 50 mil euros em dinheiro, várias viaturas de gama alta, computadores e diversos documentos. Nas buscas efectuadas pela PJ, foram apreendidos vários milhares de euros, viaturas, computadores e telemóveis. Em Portugal, os dois detidos alegadamente envolvidos nesta organização internacional têm 49 e 70 anos, respectivamente, sendo um de Setúbal e o outro do Norte do país. A polícia espanhola explicou que "esta organização criminosa estava bem estruturada, com funções distribuídas e bem definidas" e que foge ao tradicional padrão de tráfico em embalagens fechadas contendo até 500 quilos de droga.


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O Banco de Portugal corrigiu em baixa de duas décimas, para 2%, a estimativa de crescimento da economia em 2008. A correcção é justificada com o desempenho menos animador do consumo e das exportações e importações.

Tratado de Lisboa será ratificado na AR Governo português decidiu afastar a opção de um referendo Governo português decidiu ratificar/confirmar o Tratado de Lisboa da União Europeia (UE) por via parlamentar, afastando a opção de um referendo ao documento, adiantou à Agência Lusa um membro do Secretariado Nacional do Partido Socialista (PS). A decisão só foi oficialmente anunciada pelo primeiro-ministro José Sócrates na quarta-feira, na abertura do debate quinzenal na Assembleia da República, que será consagrado ao novo Tratado da UE que substituiu a fracassada Constituição Europeia e que foi assinado em Lisboa, a 13 de Dezembro último, no Mosteiro dos Jerónimos, naquele que foi o maior sucesso da última presidência portuguesa do bloco europeu dos 27, que terminou

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há cerca de uma semana. A decisão final do Governo sobre a forma de ratificação do novo Tratado europeu em Portugal foi comunicada por José Sócrates num jantar que teve lugar na segundafeira, em Lisboa, com os membros do Secretariado Nacional do PS (órgão de direcção restrita do partido). A Comissão Política Nacional do PS aprovou depois, durante a madrugada, por ampla maioria e com apenas sete votos contra, a decisão de propor a ratificação do Tratado de Lisboa da União Europeia por via parlamentar. De acordo com fontes da Comissão Política dos socialistas, foi o secretário-geral do PS, José Sócrates, quem propôs a votação desta proposta.

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Cavaco Silva advertiu para elevados riscos l mêÉëáÇÉåíÉ Ç~ oÉéİÄäáÅ~ `~î~Åç páäî~ ~ÇîÉêíáìI ëÉÖìåÇ~JÑÉáê~ ÇÉ ã~åÜłI é~ê~ ç TV I ä S ÉäÉî~ÇÞëëáãç? ~ é~Ö~ê éÉä~ rbI Éã Å~ëç ÇÉ Ñê~Å~ëëç Çç qê~í~Çç ÇÉ iáëÄç~I èìÉ ë³ éçÇÉ Éåíê~ê Éã îáÖçê ÇÉéçáë ÇÉ ê~íáÑáÅ~Çç éçê íçÇçë çë OT bëí~ÇçëJãÉãÄêçëK ?aÉëéÉêH M ä E V ~ çéçêíìåáÇ~ÇÉ èìÉ ç qê~í~Çç ÇÉ iáëÄç~ êÉéêÉëÉåí~ Åçåëíáíìáêá~ ìã TV I ä S ÉäÉî~ÇÞëëáãç é~ê~ ~ råáłç bìêçéÉá~?I ~äÉêíçì ç ÅÜÉÑÉ ÇÉ bëí~Çç éçêíìÖìðëI å~ íê~ÇáÅáçå~ä ÅÉêáã³åá~ ÇÉ E TV I W I R X E ä łç ÇÉ ÅìãéêáãÉåíçë ÇÉ ^åç kçîç éÉäç `çêéç aáéäçãˇíáÅç ~ÅêÉÇáí~Çç Éã iáëÄç~I èìÉ ÇÉÅçêêÉì åç m~äˇÅáç k~Åáçå~ä ÇÉ nìÉäìòK ^ ~ëëáå~íìê~ Çç qê~í~Çç èìÉ ëìÄëíáíìáì ~ Ñê~Å~ëë~Ç~ ' S R W X M X Y M ä łç bìêçéÉá~ J êÉàÉáí~Ç~I Éã êÉÑÉêÉåÇçëI éÉä~ * V E R ä E É eçä~åÇ~ J Ñçá ç êÉëìäí~Çç èìÉ `~î~Åç páäî~ ÇÉëí~Åçì Çç ÉñÉêÅÞÅáç ëÉãÉëíê~ä Ç~ íÉêÅÉáê~ éêÉëáÇðåÅá~ éçêíìÖìÉë~ Ç~ rbK

“Ambição e celeridade” ANMP exige que ministro contra alterações climáticas repense reforma das urgências Presidente da República Cavaco Silva destacou as alterações climáticas como uma das principais ameaças globais e defendeu que as negociações lançadas em Bali para o regime pós-Quioto devem ser enfrentadas "com ambição e celeridade". "O planeta não pode esperar tanto tempo por um acordo, em torno do regime (climático) pós-2012, como esperou pela entrada em vigor do Protocolo de Quioto", disse Cavaco Silva, no Palácio de Queluz, na cerimónia de apresentação de cumprimentos de ano novo pelos embaixadores estrangeiros acreditados em Lisboa. "É fundamental que as negociações inter-

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nacionais sobre o regime climático para o período posterior s 2012 (...) se caracterizem pela ambição e pela celeridade", disse. O Protocolo de Quioto, que estabelece uma redução a nível mundial dos gases que provocam o efeito de estufa em pelo menos cinco por cento, foi discutido e negociado em 1997, mas só entrou oficialmente em vigor em Fevereiro de 2005. Em Dezembro de 2007, delegados de 180 países reunidos em Bali, Indonésia, chegaram a acordo depois de duas semanas de impasse para iniciar até Abril de 2008 as negociações para um novo protocolo que sucederá ao de Quioto, que tem como prazo de validade 2012.

Associação Nacional de Municípios defendeu que todo o processo de reformulação de urgências e serviços de Atendimento Permanente seja repensado, acusando o Governo de seguir uma política que aumenta a desertificação do país. A associação reitera que não podem ser encerrados serviços sem haver alternativas no terreno, defendendo uma articulação do processo de reestruturação dos Serviços de Atendimento Permanente (SAP) com o da requalificação da rede de urgências e a "necessária interligação com o regime de funcionamento dos centros de saúde e/ou das Unidades de Saúde Familiar". Em comunicado enviado à agência Lusa, a

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ANMP considera que está criada uma situação de tal gravidade que é "indispensável e urgente" que o ministro da Saúde, Correia de Campos, repense as suas políticas, "em favor dos cidadãos e do país inteiro". Relembrando que o acesso à saúde é um direito constitucionalmente consagrado, a ANMP defende que a rede nacional de serviços de saúde deve garantir condições de igualdade para todos os cidadãos, em vez de "contribuir efectivamente para a desertificação do país". "Mais uma vez, as populações do interior estão a ser esquecidas e vêem dificultado o acesso a bens e serviços públicos na área da saúde", afirma-se na nota de imprensa enviada às redacções.


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Festas natalícias animaram concelho durante 37 dias celebração das festas natalícias do Concelho de Santa Cruz arrancou este ano a 1 de Dezembro de 2007, com a Comemoração da Restauração da Independência de Portugal. O encerramento das festividades, que aconteceu a 6 de Janeiro de 2008, com o “Cantar dos Reis”, no Largo do Santo da Serra, pôs fim a 37 dias de festa, com vários momentos de animação que invadiram as ruas de várias localidades do concelho, e também de devoção religiosa.

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A 4 de Janeiro, após uma recepção a vários grupos musicais, Centros de Dia e Lar do Concelho e Escolas no edifício dos Paços do Concelho para o Cantar dos Reis ao Sr. Presidente da Câmara.

A 'Noite do Mercado' de Santa Cruz voltou este ano a ser ponto de encontro e convívio de muitas centenas de munícipes, num ambiente de festa natalícia, a que também se associaram alguns forasteiros. Realizada ao princípio da noite de domingo - oficialmente o primeiro dia das missas do parto -, a iniciativa realizada na 'baixa' da cidade centrou-se sobretudo na tenda montada junto ao Mercado local, baptizada 'Do Parto ao Santo Amaro'.


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A 1 de Janeiro, pelas 16h00, realizou-se o tradicional “Auto de Natal”, na Igreja Antiga da Camacha, com actuação de diversos grupos de “Pastores”, bem como do Grupo Coral e Tuna da Casa do Povo da Camacha e dos Encontros da Eira.

Na Camacha decorreu mais uma tradição, a “Função do Porco”, no Largo Conselheiro Aires de Ornelas – Achada / Camacha”. Este evento, organizado pela Casa do Povo local, retratou um costume tradição desta Vila. O animal chega ao recinto já morto, sendo realizado ao vivo todo o processo de limpeza e corte da carne, que será rifada entre os presentes.

Jantar com universitários No jantar-convívio, que decorreu a 30 de Dezembro, o presidente da Autarquia santa-cruzense, José Alberto Gonçalves, alertou os estudantes para a importância da persecução dos estudos, nomeadamente para a especialização da área de cada um, e ainda para a importância que os alunos representam para o futuro de maior qualidade do concelho, tanto ao nível cultural, intelectual e empresarial como económico e social


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Ano Novo, Vida Nova!(?) Luís Barreira orque a esperança é a última a morrer, no final de cada ano, tentamos esquecer o que de mal nos aconteceu, no ano que passou e aguardamos, ansiosamente, que o novo ano nos traga melhores dias. E o ano de 2007 não foi dos melhores! No plano nacional: o controle do défice; o aumento progressivo dos combustíveis; o desinvestimento, associado ao aumento do desemprego; as reformas introduzidas na sociedade portuguesa, com todos os efeitos perversos, na forma e no conteúdo, como se justificaram ao povo e o distanciamento entre a sociedade e a classe política, fizeram com que, o ano de 2007, fosse um ano de desesperança, para a esmagadora maioria dos portugueses, que viram perder o seu poder de compra, lançando-se, muitos deles, na aventura da emigração, para tentar escapar ao desespero. No plano internacional, o ano que agora findou, também não foi um bom ano! A guerra no Iraque, iniciada pela actual administração americana, com

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base em factos forjados, não só não produziu os resultados publicamente pretendidos, como se eternizou, produzindo uma multiplicação de vidas perdidas. O Irão, com ou sem armas nucleares, mas sempre ameaçador. A Palestina, com mais ou menos muro da vergonha e sem paz à vista. A Rússia, com Putine e os filhos e Putine, na construção de uma sociedade oligárquica. A Venezuela, com o Chávez, que é tudo menos a chave para a resolução da pobreza na América Latina e a Colômbia, com movimentos de raptores e traficantes de droga, mascarados de justiceiros. Continuando nesta viagem pelas desgraças, assistimos inquietos a um Paquistão, com armas nucleares na "bagagem" e uma crise interna que assusta todo o mundo. A seu lado, o vizinho Afeganistão, pátria do terrorismo moderno e depósito mundial de droga, incapaz de ser vergado pelas Nações Unidas. Em plena Europa, olhamos desconfiados para os albaneses do Kosovo, à espera do novo ano, para anunciarem a má nova da sua independência unilateral, em relação à Sérvia e as consequências inevitáveis de mais uma divisão territorial nos Balcãs. A China, gozando da liberdade no mercado externo e da repressão em política interna, continua a disputar as fontes de matéria prima no mundo, aliando-se, se for necessário, ao próprio "diabo". Sem fim à vista: a

fome, a miséria, a corrupção e o despotismo, continuam a martirizar o continente africano. Enfim,... chega! Chega de pensar nos problemas não resolvidos em 2007 e que farão parte da carteira mundial de preocupações em 2008. "Ano Novo,... Vida Nova"! A esperança é a última a morrer! O Iraque vai ser pacificamente dividido entre os Xiitas, Sunitas e o protectorado Turco do Curdistão! E todos viverão na paz possível!... O Irão utilizará a energia nuclear para fins pacíficos, entre os quais, a electricidade, que permitirá irrigar as plantações de "chá da Pérsia"!... A Rússia tornar-se-á o maior exportador mundial de vodka e o maior importador de laranjas de Israel, com Cuba fornecer o açúcar e a Europa a eleger a "vodka, com sumo de laranja", como a bebida da paz. A América Latina vai ter acesso a um desenvolvimento impressionante, beneficiando do "sonho americano", colocado à disposição pelo novo presidente dos Estados Unidos, a eleger muito brevemente. A crise dos Balcãs vai ser imediatamente resolvida, pela entrada de todos os países da região na UE. O terrorismo internacional vai acabar em 2008! As "papoilas" do Afeganistão vão ser substituídas por plantações de batata doce e castanha "pilada", para alimentar os traficantes e adoçar as contas off-shore dos senhores da gue-

rra. A China, nos Jogos Olímpicos, vai ganhar a medalha da liberdade e da protecção da natureza e elege, como futuro presidente, Stanley Ho, o já célebre amigo de Portugal e de alguns portugueses!... E Portugal? Através das novas tecnologias, do já célebre plano "modernizar Portugal": os doentes vão passar a ser consultados por Internet e operados por familiares, via vídeo câmaras; as escolas poderão continuar a fechar, o ensino será feito por Internet; não será preciso ir às compras, encomendase por Internet; namorar,...e mesmo casar, poderá ser feito por Internet; os pastores controlam os seus rebanhos, via satélite; o desemprego continuará a aumentar (consequência de ainda não sermos completamente, um País de serviços...) mas, os desempregados, receberão um subsídio acrescido, por Internet (consequência da poupança em selos e mão de obra); a justiça será aplicada por vídeo-conferência e os condenados andarão em completa liberdade, com pulseira magnética e já não haverá "polícias de giro", teremos câmaras de filmar; para evitar o divórcio da nossa classe política, em relação ao povo, o governo vai descentralizar os seus serviços. O ano de 2008 poderá não ser melhor do que o de 2007. Mas,...por favor, tirem-nos tudo, menos o humor e a capacidade de sonhar!

Adecos, Copeianos e a Venezuela Gaudêncio Figueira

30 de Setembro de 1845, a Venezuela é reconhecida por Espanha como Nação soberana. Como teria sido diferente a História se os cavalos só existissem, por exemplo, dos Pirinéus para cá! Até onde teria ido a cobiça? A principal fonte de energia do séc. XX - o petróleo - apresenta esta característica, localiza-se em zonas específicas do planeta. A Venezuela está numa delas. A 10 de Novembro de 1823, as tropas de Simão Bolívar levaram os espanhóis à capitulação. A 30 de Setembro de 1845, a Venezuela é reconhecida por Espanha como Nação soberana. A efervescência do Continente Americano levou o Presidente Monroe a declarar, na mensagem anual ao Congresso, em Dezembro de 1823: "Os continentes americanos, pela condição livre e independente que conquistaram e que

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mantêm, não devem mais ser considerados como susceptíveis de colonização por qualquer potência europeia". Aquilo que o futuro nos vai revelar é que o vizinho rico do Norte vai procurar o acesso ao petróleo por processos idênticos aos colonizadores europeus. A vida na Venezuela pós-independência decorre com sobressaltos. Por volta de 1903, uma esquadra mista europeia bombardeia portos venezuelanos. Em 1908, o General Juan Vicente Gómez, recorrendo a violenta repressão, restabelece a paz social. Nos 27 anos do consulado de Goméz, além dos enriquecimentos que ele permitiu, assistiu-se, mundialmente, ao aumento da importância do petróleo. Em 1935, o Mundo dividiase entre Hitler e Estaline. Os U.S.A. não queriam que, próximo de casa, surgissem Estados alinhados com Estaline. Chegava e sobrava a 2ª Guerra. Neste contexto difícil, in-

teressava-lhes aceder ao petróleo sem entraves. Havia que garantir "governos amigos" em países preponderantes na energia. A Venezuela passava por dificuldades. Um golpe depõe o Presidente Rómulo Gallegos e a instabilidade só termina com a chegada de Marcos Pérez Jimenez em 1952, que acabou destituído em 1958. Adecos e Copeianos, revezando-se no Poder, assumem os destinos da Nação. A fartura parecia não ter fim. O petróleo permitiu todos os desmandos. Eleito em 1988, Andrés Perez (Adeco) encontrou uma má situação económica. As reacções às medidas de austeridade não se fizeram esperar. A violência social instalou-se. Inflação de 45% e uma dívida externa de $36 biliões não permitiram que, em 1994, Rafael Caldera (ex-Copei), sucessor de Perez, fizesse o triplo milagre de recuperar: a economia, a imagem dos políticos e a dos partidos. Face ao falhanço dos partidos

tradicionais, e atendendo a que em política não há vazio, surgiu, em 1997, o Movimento da V República liderado por Hugo Chávez. A doutrina Monroe afastou os Europeus da América, mas não livrou Venezuela de que a rapacidade do vizinho do Norte caísse sobre o País. As consequências tardaram, mas não faltaram. O regabofe gerou Chávez, um dirigente populista e demagogo. Ele tem um inimigo externo (U.S.A.) que, trabalhado no cadinho da história, tem semelhanças com os bombardeamentos europeus de há cem anos. Junta-lhe a figura de Símon Bolívar e consegue-se um cocktail de "emoções comicieiras" imbatível. Trará Chávez estabilidade à Venezuela? Confesso que para mim será uma grande surpresa. Populismo e demagogia não levam a nenhum lado. Leitor, as mesmas causas levam aos mesmos efeitos em qualquer ponto do globo.

Exemplo a seguir

António López Villegas altatribuna@yahoo.com.mx

No passado mês de Dezembro, tive oportunidade de visitar o "Reino de Musipan", localizado na ilha Margarita. Não queria acreditar que na Venezuela, país que está 'em tanga' no que diz respeito à atenção e serviço público, estivesse a acontecer o que me aconteceu a mim. Visitar Musipan é uma experiência inolvidável que todos devemos viver na ilha Margarita. Quem sabe o mais importante é o sentido de entrega e identificação - todos os têm - dos artistas que se ocupam de entreter os visitantes até à hora de fechar o parque.Tive a ocasião de observar diversas famílias entre as quais se encontravam algumas portuguesas, desfrutar do espectáculo que começa no momento em que se chega até ao momento em que termina, num extraordinário desfile humorístico de todo o elenco artístico. Os risos, a comida, a bebida, o ambiente, a limpeza, a música, a piscina, etc.Tal como ocorre nos parques dos países desenvolvidos - não deixa nada a desejar. Esta experiência pode servir de exemplo do que deve ser um bom serviço numa Venezuela que se asfixia justamente pela carência de uma boa atenção e de serviço ao público. A devoção e o esforço que é realizado por todo o pessoal do Musipan pode e deve extrapolar-se a todas as áreas a nível nacional. Fui sempre um grande crítico do serviço prestado nesta Venezuela e jamais me cansarei de exigir um melhor tratamento e de acreditar que podemos fazê-lo cada vez melhor. Todos sabemos o quão difícil é sair satisfeito com um serviço neste país, seja ele a banca, a siderurgia, a mecânica automóvel, a medicina, a farmácia, etc., para não mencionar os serviços públicos, obrigados a fazê-lo bem. Nunca esquecerei uma ocasião em que tive a necessidade de ir a um banco no Canadá e enquanto esperava ser atendido, um empregado de mesa - mpregado do banco - aproximou-se de mim, conduziu-me e convidou-me a sentar-me, ofereceu-me café, chá, bolachas, para além de me ter convidado a ler os jornais ou a ver televisão. Pensei de imediato: que é isto? Câmara escondida? Um paquete chileno? Não pude negar que me assustei. Enganeime, porque estou acostumado aos bancos na minha terra natal. Não era nada mais que uma política de serviço do banco. Fiquei maravilhado e aproveitei esta experiência para descrever um trabalho que expus numa matéria no mestrado de Finanças chamada "Gerência bancária". Quem sabe um dia, na Venezuela, possamos entender que há que atender os clientes - que são quem paga o ordenado aos empregados - como o que são: a razão de ser das suas instituições.


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Favor enviar as suas cartas e comentários ao endereço electrónico: correio@cantv.net

CARTAS Portugal começa em casa…

Na união está a força

Sou filho de emigrantes portugueses e nunca estive ligado ao dia a dia da comunidade portuguesa na Venezuela, a não ser nos últimos dois anos devido ao meu desempenho profissional. Confesso que nunca frequentei nenhum clube de origem lusitana, nem nenhum outro tipo de associação. Sou originário de uma família humilde e por razões meramente económicas nunca aderimos a esse tipo de clube. No entanto, gostaria de focar aqui um tema que considero que deveria servir de exemplo e vai ao encontro de um problema que muitas vezes levanta o vosso jornal: ensino do português, perda de costumes e raízes, etc. Desde pequeno e apesar das poucas aptidões culturais, tanto o meu pai como a minha mãe ensinaram-nos a falar português, a ouvir em casa música portuguesa, a comer e preparar comida portuguesa, conhecer um pouco da historia da família dos meus pais, enfim, conhecer um pouco da terra onde nasceram. Digo isto porque, apesar de nunca ter frequentado um clube português, falo bem o idioma porque aprendi com os meus pais em casa, adoro a música folclórica portuguesa porque aprendi a ouvir também a sua música, e também aprendi a cozinhar com a minha mãe a comida tradicional portuguesa de que tanto gosta o meu pai. Daí a mensagem desta carta: "O Portugal começa dentro das nossas casas". Hoje estou eternamente agradecido aos meus pais essa intenção de falar português em casa, de colocar música portuguesa e de falarem tanto da terra onde nasceram, sempre com um profundo respeito e agradecimento para com a Terra que lhes estendeu a mão que foi a Venezuela.

Deixo um apelo ao vosso jornal para que oriente a nossa comunidade nesta cidade. Não sou muito de frequentar os clubes, embora os visite de vez em quando. Tenho-me apercebido realmente que nos últimos tempos as coisas não andam lá muito bem entre "grupos" de amigos. Penso que deveriam fazer alguma coisa, talvez o cônsul fosse a pessoa mais idónea para tal, no sentido de evitarmos estar "brigados" uns com os outros, divididos e cansados mais pelas confusões do que pelo trabalho que se realizam nos

Francisco Pereira

Parabéns

clubes. Li uma carta no Correio que me fez reflectir um pouco sobre os clubes portugueses. Os começos realmente não foram fáceis, como muita gente pensa. Mas não podemos deitar a perder obras e iniciativas realizadas pelos nossos antecessores, que na sua maioria nem sabiam ler e escrever. E agora as divisões estão naqueles que foram à escola para aprenderem não só a ler e a escrever como a estar em sociedade. Vamos ser unidos e crescer juntos, pois na união está a força.

Feliz ano para todos. Sou filha de portugueses e escrevo desde Valência. Adoro ler o Correio da Venezuela. A intenção da minha carta é pedir que venham mais vezes a Valência. Aqui somos uma comunidade muito grande e com muitas actividades culturais. Escrevo também para dar os meus parabéns aos responsáveis governamentais da ilha da Madeira pelo excelente espectáculo que vimos na passagem de fim de ano.

Maria Diaz

Mariela de Sousa

Estava enganada.. Sou filha de portugueses naturais da ilha da Madeira. Escrevo para o vosso jornal para falar sobre a minha experiência como "lusodescendente" que regressou pela primeira vez à terra dos meus pais, depois de 32 anos na Venezuela. Nasci neste país e "gabava-me" às minhas amigas que falava português, que era parte do meu currículo linguístico entre o francês e o inglês que estudei na minha licenciatura. Enganei-me, amigas e amigos. Porque não só me apercebi que não sabia falar português como ainda fiquei a saber rapidamente de que não devia falar porque "metia la pata".

Realmente vergonhoso. E só depois de pedir ajuda a uma prima de muitos recursos culturais, que me disse que estava de acordo comigo, é que percebi que o melhor mesmo era não falar português, porque "passava pena". Mas, como eu, quantos filhos de portugueses apreenderam com os seus pais em casa a falar português que eles também aprenderam e que estava errado? Digo isto apenas porque estou regressando a Caracas e procuro escola para aprender a falar o português correcto de Portugal. Luísa Lemos B

INQUÉRITO: QUAL ACHA QUE É O PRINCIPAL PROBLEMA A COMBATER DURANTE ESTE ANO?

Maira dos Santos Salazar Auxiliar de contabilidade

"O primordial é a fonte de trabalho, porque ao aumentarmos os empregos evitaremos a delinquência emergente de pessoas e famílias afogadas em graves situações económicas. Ao gerarmos mais emprego, haverá menos pessoas ociosas, mais circulação monetária e teremos melhores níveis de vida, não só economicamente como também a nível psicológico e social."

Reinaldo José Gonçalves Toro Professor de Educação Física

"Deveria-se melhorar a estrutura, da a macro à micro, a nível institucional do desporto venezuelano, tomando como exemplo a selecção 'Vinotinto' que está no auge. A começar pelo Futebol, já que é um desporto símbolo na Venezuela, melhorar a Federação, criar metas que procurem projectar-nos no futuro. Mais, é preciso trabalhar nas divisões menores, assim cada equipa terá uma escola de futebol com a mesma formação e qualidade de equipas estrangeiras."

Giuseppina Farruggio da Mota Dona de casa

"Há que criar mais lares para crianças abandonadas ou maltratadas pelas suas famílias. Fazer muitas "Colmenas de la Vida" por todo o país. Assim mais crianças receberiam mais apoio. Também é preciso que muitas mais pessoas dêem o seu contributo nesses lares de forma gratuita e solidária, levando os seus conhecimentos através de cursos em várias áreas. E também que surjam muitos novos patrocinadores a dar o seu 'grão de areia' para manter e criar estas instalações."

Rosa Romelia Gomez Comerciante

"São precisas muitas coisas. Mas para mim o problema mais importante é o da saúde, já que se encontra deficiente em termos de materiais hospitalares, em qualidade humana, e em muitas outras áreas. É necessário equipar os hospitais, não só ao nível da infra-estrutura e equipamentos, como também no que se refere ao capital humano, de modo a que seja suficientemente capacitado para atender os pacientes. E é evidente que, além de melhorar os já existentes, há que criar mais unidades hospitalares por todo o país".


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CORREIO DA VENEZUELA 10 A 16 DE JANEIRO DE 2008

Santa Barbara movimentou 13 mil passageiros Catanho Fernandes DN Madeira

Santa Barbara (SB) Airlines movimentou, no seu primeiro ano de actividade para a Madeira, mais de 13 mil passageiros nos percursos Caracas-Madeira e Madeira-Caracas. Vítor Ganço, delegado da companhia venezuelana na Madeira, resume que 2007 foi "um ano extraordinário a todos os níveis". Em declarações ao DIÁRIO considerou que "em apenas um ano conseguimos uma coisa impensável, que foi criar uma cultura própria, havendo uma perfeita identificação da comunidade luso-venezuelana com a companhia", de que resulta uma boa procura da parte dos viajantes e dos agentes de viagens, quer na Venezuela, quer na Madeira. Vitor Ganço observa que só ao fim de dois anos é que se poderá encarar com mais certeza e realidade os resultados obti-

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Vítor Ganço, delegado da companhia venezuelana na Madeira

dos na rota, embora o primeiro ano seja determinante para traçar objectivos e atacar os mercados alvo. "Um ano de aprendizagem" como nos afirmou, em que se determinaram as características do mercado e os contactos com os agentes de viagens, parceiros fundamentais

neste negócio. "Este novo ano será de afirmação e será fundamental para a SB Airlines continuar a contar com o apoio dos agentes de viagens", diz o delegado da SB. O 2007 foi também importante em termos de consolidação da companhia aérea. A SB obteve a sua

certificação ISO 9001 em Qualidade. "Começámos pelo Departamento de Manutenção, importante para a sua credibilização e em termos de concorrência com as restantes companhias que estão no mercado", referiu-nos Vítor Ganço, que esclarece que "o processo será estendido a todos os outros departamentos, nomeadamente operações e passageiros". Neste momento está na forja um acordo global com a Aserca Airlines, outra companhia venezuelana que pode finalmente abrir as portas para um segmento turístico que actualmente não existe ainda. "O nosso mercado é essencialmente étnico, só que os mercados étnicos não são alimentados todo o ano. Nós temos uma operação muito constante entre Junho e Dezembro, e depois baixa. Esta cooperação vai nos permitir outras alternativas de ligações em viagens de lazer, para a República Dominicana, para o Curaçau e outros destinos das Caraíbas", destaca

Vítor Ganço. Embora a SB Airlines tenha a sua rede própria dentro da Venezuela, não há dúvida de que este acordo com a concorrente irá alargar o mercado para o exterior, nomeadamente para a Madeira. A SB Airlines realizou 52 voos entre 16 de Dezembro de 2006 e 17 de Dezembro de 2007, foram realizados com aviões Boeing 767-300, com capacidade média para 240 pessoas. São alugados em ACMI (iniciais inglesas que significam avião, tripulação, manutenção e seguro) à companhia irlandesa 'Icelandair'. Pontualmente um avião da LOT, companhia aérea polaco, esteve alugado pela SB nos primeiros meses deste ano. A companhia fechou negócio recentemente com a irlandesa 'Globespan' para aluguer de mais um avião B767, que começará a voar brevemente. A chegada de mais um aparelho permitirá à companhia voar seis vezes por semana entre Caracas e Madrid e duas para Tenerife, além da Madeira.


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CORREIO DA VENEZUELA 10 A 16 DE JANEIRO DE 2008

Câmara de Guarenas oferece berço ao primeiro bebé de 2008

Yeiber Nicael Zapata Martínez, o primeiro bebé nascido em 2008, no Hospital Dr. Luís Salazar Domínguez, do Seguro Social de Guarenas, Estado Miranda.

Victoria Urdaneta Rengifo

primeiro bebé nascido em 2008, no Hospital Dr. Luís Salazar Domínguez, do Seguro Social de Guarenas, Estado Miranda, foi bem recebido pela Câmara de Comercio desta localidade. O presidente desta as-

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sociação, o madeirense António de Freitas, confirmou a doação de um berço ao recém-nascido, "como mostra de carinho e solidariedade para com este novo venezuelano que foi o primeiro a nascer este ano". O menino nasceu por parto natural às 2h40 de 2 de Janeiro e foi registrado como Yeiber Nicael Zapata Martí-

nez. Media 46 centímetros e pesava 2,6 kg. "Estamos muito emocionados com esta mostra de solidariedade", disse a mãe da criança, Niurka Martínez, de 16 anos de idade, ao lado da qual estava o pai, Carlos Alberto Zapata, casal que reside em Araira, Município Zamora. Também fizeram questão

de agradecer a presença dos representantes da direcção da Câmara de Comércio de Guarenas, que a visitaram logo a seguir ao parto, como foi o caso de António de Freitas, Fernando Rodríguez, Guillermo Corro, Ana María Pappalardo, assim como o gerente do agência do Banco Federal de Guarenas, Jesús González.

Breves

Crescimento económico português de 2008 revisto em baixa O Banco de Portugal reviu em baixa de duas décimas a previsão de crescimento da economia portuguesa este ano, para 2%, com o consumo e as exportações a justificarem o ajustamento. A previsão do banco central português, que consta do boletim económico de Inverno, hoje divulgado, coincide com a da Comissão Europeia e iguala o ritmo de expansão esperado para a Zona Euro. Além disso, é mais pessimista do que a do Governo, que apontava, no Orçamento do Estado (OE) para 2008, para um crescimento de 2,2 por cento, mas mais optimista que a do Fundo Monetário Internacional (FMI), que prevê um crescimento limitado a 1,8 por cento. O crescimento previsto pelo Banco de Portugal para este ano traduz uma aceleração ligeira, de uma décima, do ritmo de expansão estimado para 2007, que foi revisto em alta face aos 1,8 por cento anteriormente previstos. Para 2009, a instituição presidida por Vítor Constâncio prevê uma nova aceleração, de três décimas, para 2,3 por cento. O Banco de Portugal nota que as perspectivas económicas agora divulgadas assentam em cenários de maior incerteza do que as projecções anteriores e que os risco sobre a actividade económica são sobretudo descendentes, dado o enquadramento económico e financeiro internacional.

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TAP é terceira maior exportadora portuguesa A TAP é a terceira empresa com sede em Portugal a nível de exportações, afirmou o presidente-executivo da companhia aérea, adiantando que em 2007 as vendas feitas fora do país totalizaram 1,1 mil milhões de euros. "Hoje, somos a terceira empresa com sede em Portugal que mais exporta", afirmou o Fernando Pinto, durante um encontro com jornalistas, especificando que das três empresas que mais exportam - AutoEuropa, Quimonda, TAP -, "a TAP é a única genuinamente portuguesa". As vendas da TAP atingiram 1,8 mil milhões de euros no ano passado, das quais 1,1 mil milhões foram feitas fora de Portugal, afirmou o presidente-executivo da TAP, adiantando que em 2007 a companhia de bandeira registou um crescimento de 16 por cento na África, 11 por cento na Europa e 8,5 por cento no Brasil. Fernando Pinto disse que apesar dos mercados serem muito protegidos em África, uma das ambições da companhia aérea é "crescer mais Angola", escusando-se a adiantar potenciais novos destinos. No entanto, este crescimento tem sido difícil de compatibilizar com as condições oferecidas pelo aeroporto da Portela, uma situação em que a companhia aérea tem "trabalhado e tem tido muitas melhoras, nomeada-

mente na pontualidade".A este propósito, o presidente-executivo da TAP disse que em Novembro a taxa de pontualidade da companhia aérea se situou nos 72 por cento, aproximando-se assim dos 80 por cento da média europeia. Referindo-se à aquisição da Portugália, Fernando Pinto, disse que a "integração foi perfeita" e que "a redução de trabalhadores teve de ser feita para que o projecto tivesse sucesso". Questionado sobre a privatização da TAP, o presidente da companhia aérea disse que as conversações serão iniciadas no primeiro semestre de 2008, "não estando ainda acertada uma data com o Governo". Para 2008, as duas "preocupações principais" da presidente da TAP são aumento do preço do petróleo, "que torna difícil fazer previsões", e a definição de um sistema de contribuição das companhias aéreas em virtude das emissões de dióxido de carbono (CO2).A propósito das emissões de CO2, Fernando Pinto, afirmou que as companhias aéreas "são responsáveis por apenas dois por cento" do total das emissões, afirmando que a concretização do Céu Único Europeu "retiraria do céu europeu 12 milhões de toneladas de carbono por ano", o que corresponde a "12 por cento do que é gerado ao longo de um ano.


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CONQUISTANDO A ESPANHA

"O medidor dos tempos" Tomás. M. Muñoz. B.

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ecordarmos hoje o célebre "portuSalamanca", na figura de um bom centro-campista que chegou a Espanha em 1996 e que rapidamente se impôs, pela sua ousadia e qualidade de jogo perante todos os adeptos "salmantinos". Estamos a falar de José Américo Costa Pereira, mais conhecido por Taira. Nascido em Lisboa a 18 de Novembro de 1968, é filho de quem muitos consideram o melhor guarda-redes de todos os tempos do futebol luso: Costa Pereira, bicampeão europeu pelo Benfica na década de 60. Começou a jogar futebol na sua cida-

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Para chegar à selecção, Taira teve de sair de Portugal.

de natal, para depois transitar para o Montijo e depois para o Belenenses. Cegou à primeira equipa dos "azuis" em 1989, alterando a titularidade com o banco de suplentes até o verão de 1994. Neste ano foi cedido ao Estrela da Amadora. Mas regressou depois ao clube da "Cruz de Cristo", equipa onde terminou o seu périplo pelo futebol português. Foi no Verão 1996, graças ao pedido de João Alves, que é transferido para a Unión Deportiva de Salamanca, então na segunda divisão espanhola. Um majestoso Taira passou a liderar no meio campo, fazendo uma inesquecível dupla com Giovanella, proveniente também das fileiras do

Belenenses. A temporada seguinte, já na primeira divisão, a equipa revelou um grande futebol ao longo da época, goleando rivais de hierarquia superior como Valência, Barcelona ou Atlético de Madrid. Liderados no meio campo pela recuperação de Giovanella e a visão de jogo de Taira, e guiados pelos golos de Pauleta e César Brito, este "portuSalamanca" continuou funcionando às mil maravilhas. Não surpreendeu ninguém ser chamado à selecção de nacional. Na época seguinte, com a chegada do argentino Russo à direcção técnica da equipa, esta perde visão de jogo e acaba por descer para a categoria inferior. Não obstante, de

novo Taira é o jogador do meio campo com mais jogos efectuados ao longo do torneio. Na equipa "salmantina" disputou um total de 127 jogos entre primeira e segunda divisões, anotando dois golos. Transferiu-se depois para o Sevilha, que se encontrava na segunda divisão. Não contou muito para Joaquín Caparrós, pelo que disputou apenas 19 partidos, marcando um golo. Jogou pelos andaluzes na primeira divisão durante um ano, antes de regressar a Portugal, para um Farense de segunda que entrava em declínio. A sua passagem por Espanha será recordada por ser o autêntico "medidor de tempo, no meio campo do "portu-Salamanca". PUBLICIDADE


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Jesús Miguel treina na Selecção da Madeira Antonio C. Da Silva F. venezuelacontacto@gmail.com

guarda-redes luso-descendente Jesús Miguel de Freitas, que caminha já para a terceira temporada no futebol português, foi convocado para integrar os trabalhos da Selecção da Madeira com vista à participação que esta realiza no próximo Torneio Inter-Associações, que será disputado durante a Semana Santa. A convocatória vem premiar todo o esforço realizado pelo atleta nos últimos tempos. Os trabalhos desta selecção de categoria sub-18 decorrerão nas instalações desportivas do Liceu, onde um total de 32 atletas vão mostrar as suas qualidades e lutar por um lugar na chamada final, sob o olhar do seleccionador madeirense, o professor Rui Mâncio. O CS Marítimo contribuiu com dez futebolistas para esta jornada preparatória, seis deles (incluindo o guardião 'criollo') pertencentes à formação dos juniores "A" verde-rubros, e mais quatro provenientes dos juniores "B" que actuam no 1° de Maio, equipa satélite do clube do Almirante Reis. A chamada é um prémio e um estímulo para o ex-jogador da Hermandad Gallega, que passou uma temporada difícil devido a lesões e na qual perdeu a condição de titular na sua equipa. O Marítimo, nessa categoria (Juniores "A"), disputa a primeira divi-

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A chamada é um prémio para o ex-jogador da Hermandad Gallega

são nacional, zona sul, ocupando neste momento as posições do meio da tabela de classificação. Os próximos da selecção decorrem durante o corrente mês, confiando o guarda-redes 'venezuelano' poder alcançar um lugar na convocatória final e assim marcar presença no referido torneio.

Breves

Maniche vai jogar pelo Inter até Junho Durante os próximos 6 meses, Maniche vai vestir a camisola dos "nerazurri". De acordo com o jornal espanhol "Marca", o Atlético de Madrid chegou a acordo para o empréstimo do jogador, que no final do contrato pode ser vendido ao Inter por 6 milhões de euros. O médio, de 30 anos, deve deslocar-se a Milão esta quinta-feira, para os habituais testes médicos. Maniche pode orgulhar-se de já ter jogado em vários campeonatos: começou no português, depois passou pelo inglês, espanhol e russo, e, agora, no italiano.


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"O meu sonho é ser campeão em Portugal" Corredor profissional de motos Alexandre Rodrigues aspira a competir no campeonato super sport 600 em Portugal Tomás Ramírez tomasramirezg@gmail.com

ma fractura na mão direita retirou-o do segundo lugar do campeonato nacional de moto velocidade, no ano passado. Este ano, Alexandre Rodrigues pretende que a história seja diferente. O angolano de nascimento, que chegou à Venezuela com 16 anos, em 1981, aspira a poder competir no campeonato super sport nos circuitos de Portugal, assim como nos campeonatos nacionais de superbike 600 cc e Supermotard. A temporada portuguesa de motociclismo inicia-se no mês de Abril no circuito do Estoril. O calendário consta de oito provas e corre-se nas pistas mais importantes de Portugal, como Braga e o novo circuito do Algarve. Alexandre só espera pelo patrocínio de uma empresa privada para poder competir nesta categoria. "Este é um sonho que tenho desde pequeno porque o meu pai corria em motos em Angola e quando fomos para Por-

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tugal, só pude correr apenas numa corrida. Depois tive que vender a moto porque íamos com o que tínhamos na mão", disse. Rodrigues tinha já participado anteriormente no circuito português de Braga, debaixo de uma chuva torrencial que o impediu de reconhecer a pista e onde teve que andar numa moto nova. O resultado foi um merecido segundo lugar que lhe deu o impulso para continuar neste tipo de competições. Devido à falta de recursos, Rodrigues teve que deixar o circuito mas confia que este ano a sua sorte seja diferente. O chefe da equipa Rodrigues Racing também espera competir no campeonato latino-americano de 600 superbike para este ano. Para isso está já em reabilitação da fractura sofrida em Dezembro do ano passado. Prepara-se ainda para uma possível participação no campeonato LAMA e CCS nos Estados Unidos. Nas competições norte-americanas, Alexandre Rodrigues também conseguiu bons resultados. No campeonato CCS

participou em três corridas, obtendo o segundo, terceiro e quarto lugar respectivamente. Se o motociclista não conseguir os fundos para competir nos diferentes campeonatos, não haverá complicações, já que tem o calendário ajustado. Deverá avaliar quais os torneios onde vai correr. "O nível do nosso motociclismo melhorou bastante desde que quatro ou cinco pilotos do campeonato nacional com-

petem também nos Estados Unidos". Por isso Alexandre planeia competir este ano nos Estados Unidos para assim melhorar o seu nível, "competindo com os melhores motociclistas da América na actualidade". O piloto português compete ao lado do irmão, Juan Carlos,que corre junto com ele nas competições nacionais e internacionais. Juntos sentem admiração pelos também irmãos Lavado, Luís e Carlos. No que diz respeito ao Campeonato Mundial de Motociclismo, a sua preferência está do lado do italiano Rossi. O também proprietário de uma oficina de motos e de uma loja de roupa em La Candelaria afirma que o motociclismo é a sua paixão e que no campeonato nacional tem que pôr dinheiro do seu bolso para poder participar, já que os patrocinadores às vezes não cobrem o necessário. "Compito com uma moto standard mas para poder lutar com os melhores tenho de incorporar-lhe peças especiais que aumentam a potência. Mas estas são caríssimas", observa. PUBLICIDADE


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Édder Perez 'sacrificado' na estreia a titular estreia a titular do internacional venezuelano do Marítimo, Édder Perez, no jogo em que no Marítimo recebeu e venceu o Leixões por 2-1 não foi muito feliz, uma vez que foi sacrificado, logo aos 39 minutos do jogo, em virtude da expulsão do lateral direito Ricardo Esteves. Sebastião Lazaroni, com o intuito de reequilibrar a defesa, retirou o jogador venezuelano para lançar Briguel, lateral direito de raiz que estava no banco. Enquanto esteve em campo, Édder Perez revelou alguns bons pormenores, ainda que tenha jogado como médio esquerdo e não como lateral esquerdo, posição para a qual está mais rotinado. A partida ficou marcada pelas expulsões (três); os outros dois da formação de Matosinhos. O encontro começou praticamente com um tento de Bruno Fogaça aos três minutos. Contudo, um auto-golo de Ricardo Esteves (cinco minutos) deu o empate ao Leixões, que acabou por sofrer o segundo golo do Marítimo aos 23. Gregory foi o autor do tento.

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As expulsões vieram depois dos golos. Ricardo Esteves foi o primeiro no lado do Marítimo (36). Na equipa do Mar, o árbitro deu ordem de expulsão a Paulo Machado (73) e Silva (88).

Com a vitória nos Estádio dos Barreiros, o Marítimo é sexto classificado com 23 pontos, os mesmos que o Sp. Braga. O Leixões está no 13.º posto com 15. Sporting e Benfica voltaram a perder

pontos, ao somarem uma derrota e um empate em casa do Boavista (2-0) e Vitória de Setúbal (1-1), na 15ª jornada, última da primeira volta da Liga de futebol. Os "leões" somaram a terceira derrota no campeonato, perdendo ainda a possibilidade de igualar pontualmente o Benfica, que, pouco antes, tinha cedido um empate no Estádio do Bonfim. Um resultado com sabor injusto, com o Boavista a marcar por Marcelão (39 minutos) e Jorge Ribeiro (83), numa noite em que a estrela mais brilhante foi mesmo o guarda-redes do Boavista, o luxemburguês Peter Jehle. A última derrota do Sporting datava de 11 de Novembro, frente ao Braga (30), no Estádio AXA e os "leões" terminam a primeira volta com um registo de sete vitórias, cinco empates e três derrotas. Um golo de Edinho, a dois minutos dos 90 regulamentares, permitiu ao Vitória de Setúbal "roubar" dois pontos ao Benfica, depois dos "encarnados" terem marcado primeiro, aos 72, por Mantorras.


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Dois golos marcados por "suplentes" e um resultado que permitiu ao comandante FC Porto, que actuou domingo, na recepção no Dragão a Naval 1º de Maio, voltar a ampliar a sua vantagem pontos na prova, através do regresso às vitórias por 1-0. Os campeões nacionais somam 38 pontos, mais nove que o Benfica, enquanto o Sporting tem 26. O encontro do Bonfim ficou ainda marcado por um desentendimento entre o defesa central brasileiro Luisão e o médio grego Katsouranis, aos 63 minutos, situação que levou o treinador do Benfica, o espanhol José António Camacho, a substituilos pouco depois. No encontro que abriu a jornada, sexta-feira, um golo tardio de Joeano permitiu à Académica de Coimbra empatar, 3-3, com o Sporting de Braga, quando a equipa visitante já festejava o regresso às vitórias. Aos 93 minutos, o avançado brasileiro marcou o golo que negou o triunfo aos "arsenalistas" e lhe impôs o segundo empate consecutivo (após o Boavista, 00), impedindo-os de deixar o sexto lugar (23 pontos) e entrar provisoriamente na zona "europeia". A Académica quebrou a sua pequena série de duas vitórias,

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Liga Bwin 15ª Jornada Académica - Sp. Braga

3-3

Belenenses - Nacional

1-1

Boavista - Sporting

2-0

E. Amadora - V. Guimarães

4-1

F.C. Porto - Naval

1-0

Marítimo - Leixões

2-1

P. Ferreira - U. Leiria

2-1

V. Setúbal - Benfica

1-1

Classificação J V E D G P

mas está a cumprir o melhor ciclo no campeonato, no qual nunca tinha cumprido três jogos seguidos sem perder, ocupando agora o 10º posto, com 15 pontos. O austríaco Linz colocou o Braga em vantagem aos 21 minutos, mas Hélder Barbosa repôs a igualdade, aos 44, e fixou o resultado ao intervalo. No segundo tempo, aos 57, Tiero deu aos "estudantes" uma vantagem que durou apenas dois minutos, tempo para o brasileiro Jorginho repor nova igualdade, antes de Linz "bisar" (69) e colo-

car o Sporting de Braga outra vez na frente. Quando a vitória parecia assegurada, Joeano "roubou" dois pontos ao Braga e ofereceu um precioso à Académica. O Vitória de Guimarães perdeu domingo a possibilidade de subir ao terceiro lugar, capitalizando os deslizes dos clubes da capital, ao perder na deslocação ao terreno do Estrela da Amadora, por 4-1, no seu maior desaire até ao momento na prova. Belenenses e Nacional encerraram segunda-feira com um

empate 1-1 a primeira volta da Liga portuguesa de futebol, no jogo de fecho da 15ª jornada da prova, que deixou o bicampeão FC Porto mais firme na liderança. A equipa anfitriã inaugurou o marcador aos 51 minutos, por intermédio do brasileiro Roncatto, mas o Nacional igualou aos 64, com um golo do uruguaio Lipatin, resultado que manteve lisboetas e madeirenses na oitava e nona posições, respectivamente, separados por dois pontos.

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º

F.C. Porto Benfica Sporting V. Guimarães V. Setúbal Marítimo

15 15 15 15 15 15

12 2 8 5 7 5 7 4 5 9 7 2

Sp. Braga Belenenses Nacional

15 6 5 4 18-15 23 15 4 7 4 13-14 19 15 4 5 6 11-13 17

E. Amadora Boavista Leixões Académica Naval P. Ferreira U. Leiria

15 15 15 15 15 15 15

3 3 2 3 4 3 0

7 7 9 6 3 3 5

1 24-5 38 2 26-9 29 3 22-1426 4 18-1825 1 22-15 24 6 19-13 23

5 17-18 16 5 14-22 16 4 15-18 15 6 15-23 15 8 10-23 15 9 12-22 12 10 9-23 5

16ª Jornada (13-1) Académica - Sporting Belenenses - Naval Benfica - Leixões Boavista - U. Leiria E. Amadora - Nacional F.C. Porto - Sp. Braga P. Ferreira - Marítimo V. Setúbal - V. Guimarães PUBLICIDADE


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RIF: J-31443138-2

w w w. c o r r e i o d e v e n e z u e l a . c o m CORREIO DE VENEZUELA - 10 A 16 DE JANEIRO DE 2008

Abertas as inscrições para o "Prémios Talento 2007" P elo segundo ano consecutivo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros, através do Gabinete do Secretario de Estado das Comunidades Portuguesas promove o concurso "Prémios Talento 2007", que pretende distinguir os portugueses e lusodescendentes residentes no estrangeiro que se destacaram no exercício de actividades em diversos sectores da vida social durante o ano passado. Os concorrentes já podem enviar a suas candidaturas, que serão recebidas pelo Director Geral da Direcção Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas (DGACCP) até o dia 19 de Março de 2008. Segundo consta no regulamento que define o funcionamento do concurso podem concorrer todos os portugueses ou luso-descendentes residentes no estrangeiro, sem limite de idade. As candidaturas devem ser apresentadas por terceiros (com consentimento do próprio) e devem ser submetidas exclusivamente a uma única categoria escolhida entre as já existentes: Artes do espectáculo (cinema, teatro, música e interpretação), artes visuais (pintura, desenho, ilustração, escultu-

ra, fotografia, arquitectura e design gráfico), ou personalidades que se tenham distinguido nas seguintes áreas: associativismo, ciência, comunicação social, desporto, divulgação da língua portuguesa, empresarial, humanidades, literatura, política e profissões liberais. Com vista ao escrutínio dos candidatos será constituído um júri de três pessoas, por cada categoria, especializadas ou com notoriedade relevante nessa área, que seleccionará três candidaturas finalistas e, dentro destas, a respectiva vencedora. REQUISITOS Os interessados devem enviar as candidaturas ao DGACCP no Largo do Rilvas, 1399 -030 Lisboa, Portugal ou entregar a documentação nas missões diplomáticas e postos consulares portugueses anexando a fotocopia do Bilhete de Identidade ou do Passaporte, Curriculum Vitae, relatório detalhado e justificativo da candidatura, acompanhado de documentos comprovativos. As decisões do júri, no tocante a selecção das três candidaturas finalistas, serão tornadas públicas ate o dia 24 de Abril de 2008 e os vencedores serão

Na passada edição a luso-venezuelana Ângela Almeida foi a única mulher distinguida na cerimónia.

anunciados no decorrer da cerimonia pública "Gala dos Prémios Talento 2007", em data a designar e que contará com transmissão directa pelo canal I da RTP e pelos seus canais internacionais. Na passada edição deste concurso mais de 200 portugueses candidataramse, tendo o júri seleccionado 36 finalistas (três por cada área) e a partir dai nomear aos 12 vencedores. A luso-venezuelana Ângela Almeida foi a única

mulher distinguida na cerimónia, na área da Juventude. Engenheira electrónica de profissão, Ângela Almeida fundou e preside à Associação de jovens luso-descendentes da Venezuela. No estado Aragua, tem-se dedicado a actividades de apoio social à comunidade e de âmbito cultural e da língua portuguesa. Tem nesta altura um projecto de educação para crianças desprotegidas albergadas na fundação Sanitas.

e das suas origens lusas. A página será actualizada constantemente, através da colocação de informação de interesse geral e ainda comentários aos temas considerados relevantes. De igual modo, o sítio vai acolher contributos dos visitantes, que serão revistos pelo "webmaster". O sítio apresenta um novo desenho, cor e imagem. O tigre ataviado com roupa portuguesa antiga, que foi baptizado de "Juan Luvencio", é ícone que representa a

instituição social e aos jovens afectos a esta. Uma das principais funções desta página será criar uma base de dados dos lusovenezuelanos profissionais nas mais diversas áreas com o propósito de funcionar como uma lista de emprego onde os interessados na contratação dum jovem com um determinado perfil o possam encontrar sem grandes demoras, dispondo desde logo à informação útil e necessária relativamente ao seu currículo.

Breves

Asoluven tem nova página na Internet Jean Carlos de Abreu deabreujean@gmail.com

A página da Associação de Jovens Lusodescendentes do Estado Aragua (Asoluven) - www.asoluven.com.ve - foi lançada no passado 24 de Dezembro.Trata-se dum espaço onde jovens e adultos de todas as partes do mundo poderão encontrar informação diversa de interesse nacional e internacional, para além das notícias mais relevantes para a comunidade

portuguesa radicada na Venezuela. Juan Manuel Díaz de Almeida, "webmaster" do sítio da Asoluven, referiu que a página mudou de apresentação para "estar de acordo com a era tecnológica em que vivemos e para que todos aqueles que desejem conhecer ou fazer parte da nossa instituição o possam fazer". O lançamento do sítio marca o início duma nova etapa na vida da associação, que deseja reunir jovens profissionais que queiram trabalhar em prol da comunidade

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