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www.correiodevenezuela.com
O jornal da comunidade luso-venezuelana
‘Lunchería’ destruída Estabelecimento estava fechado há três meses para investigações p. 6
DEPÓSITO LEGAL: 199901DF222 - PUBLICAÇÃO SEMANAL ANO 07 – N.º 241 CARACAS, 17 A 23 DE JANEIRO DE 2007 - VENEZUELA: BS.F.: 1.50 / PORTUGAL:
0,75
Chávez anuncia visita de Sócrates Presidente venezuelano assegura que o Primeiro-Ministro português prometeu vir a Caracas dentro de três meses p.11
Um assalto comovente Portugueses recordam ‘sequestro’ ao Santa Maria há 47 anos p.24
Basebol:Madeira quer um campo p. 26
Quieres trabajar como periodista? Consulta el aviso en la Última Página
Português candidata-se a Vargas Carlos Teixeira diz que é altura dos portugueses passarem do "coro dos lamentos" para o "coro dos que querem transformar as coisas" p.10 PUBLICIDADE
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EDITORIAL
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CORREIO DA VENEZUELA 17 A 23 DE JANEIRO DE 2008
Amnésia do costume Director: Aleixo Vieira Subdirector Agostinho Silva Coordenação em Caracas Délia Meneses Jornalistas: António da Silva, Erika Correia, Tomás Ramirez, Victoria Urdaneta, Sandra Rodríguez Correspondentes: Carlos Balaguera (Maracay e Valencia) Carlos Marques (Mérida) Edgar Barreto (Punto Fijo) Trinidad Macedo (Barquisimeto) Colaborações: Raúl Caires (Madeira) António de Abreu, Arelys Gonçalves Antonio López Villegas, Luís Barreira, Álvaro Dias, Luis Jorge Gerente Executivo Aurelio Antunes Contabilidade Sandra Agosta Publicidade e Marketing: Carla Vieira Ventas Ricardo de León Eventos Yamilem González Preparação Gráfica: DN-Madeira Produção: María Alexandra Monteverde C. Fotografia Paco Garrett Distribuição: Juan Fernández e Enrique Figueroa Impressão: Editorial Melvin C. A Calle el rio con Av. Las Palmas Boleita Sur - Caracas Venezuela Endereço: Av. Principal Las Mercedes. Edif. Centro Vectorial (Banco Plaza). Pent House, Urb. Las Mercedes, Baruta Caracas (Ao lado de CONAVI). Telefones: (0212) 9932026 / 9571 Telefax: (0212) 9916448 E-mail: correio@cantv.net URL: www.correiodevenezuela.com Tiragem deste número: 15.000 exemplares
Fontes de Informação: Agência de Notícias Lusa, Diário de Notícias, Diário de Notícias da Madeira, Ilhapress, Portuguese News Network e intercâmbio com publicações em língua portuguesa, de diferentes partes do Mundo.
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Por força da maior feira de turismo que decorre esta semana em Lisboa, a autoridades e operadores do sector turístico têm produzido uma série infindável de declarações, promessas, expectativas. Projectam-se mercados, argumentam-se cenários, o que se justifica, dado estarmos perante os maiores responsáveis governamentais e das empresas que lidam com o sector turístico. No entanto, chega a ser deprimente o facto de, uma vez mais, toda a espécie de especialistas ser contagiada por uma estranha amnésia colectiva em relação a uma das vertentes do negócio que lhes interessa: o mercado turístico virado para a emigração. É ridículo, mas é verdade: nenhum operador turístico português aposta de forma consistente, dinâmica e continuada em explorar o filão do mercado dos luso-descendentes. É que na Venezuela, na África do Sul e noutros países de forte presença portuguesa, já não existem apenas emigrantes que regressam ao país para ir ver a família e os terrenos.
Desde há muito que, felizmente, há determinados sectores das várias comunidades espalhadas pelo mundo que fazem turismo em tantos países, menos em Portugal. E não o fazem porque não gostam de ser tratados de forma desigual. Um cidadão de um qualquer país do Norte da Europa encontra programas turísticos dirigidos a Portugal, com tudo feito à medida. Como deve ser. Mas os emigrantes, sobretudo as segundas e terceiras gerações, têm de saltar por cima de Portugal, para entrarem na Europa com o estatuto de turistas. Se calhar, se falassem inglês, se tomassem pequenos-almoços reforçados no hotel para não terem que almoçar, se se abastecessem nos supermercados em vez de irem a restaurantes, se deixassem os lucros das suas reservas nos países de origem, então já seriam recebidos como turistas. Para quando a criação de pacotes turísticos concebidos à medida dos luso-descendentes, acompanhados da correspondente divulgação? Será que ninguém sabe fazer contas?
O cartoon da semana Eu não falo inglês quando vou a Portugal...
Mira, então, és emigrante! Nunca serás turista!!!
A semana Muito Bom A comunidade portuguesa começa o ano com uma agenda muito preenchida, com diversas actividades, envolvendo vários centros sociais, entre eles o Centro Marítimo, o clube de La Victoria e a Casa Portuguesa do estado Aragua. Estas iniciativas estão relacionadas com a presença na Venezuela de uma vasta comitiva de São Vicente, na Madeira. Espera-
mos que este bom começo do ano possa motivar um ano intenso de actividades no seio da comunidade lusa.
Bom A visita a Portugal do reconhecido professor e director de orquestra, maestro Perez Perazo, propiciou importantes contactos com músicos portugueses.Para além disso, está previsto que possam deslocar-se este ano à Venezuela para partilhar experiências com os seus congéneres venezuelanos.Uma boa oportunidade para que se realize um intercâmbio entre os dois países numa área diferente da tradicional, e onde ambas as nações têm muito que compartilhar.
Mau A companhia 'Santa Bárbara' protagonizou esta semana um atraso de mais de três dias, na ligação semanal entre Madeira e Caracas. Como consequência, largas dezenas de passageiros tiveram que alterar os seus planos por um
período anormal. Apesar de se saber que ninguém provoca um atraso por simples prazer, teria sido conveniente que a companhia aérea providenciasse uma solução mais rápida. Esse era o seu dever.
Muito Mau Droga, outra vez. A operação em que foram apreendidas quase cinco toneladas de cocaína em Lisboa e detidos sete suspeitos junta-se às múltiplas ocorrências registados entre Portugal e Venezuela neste âmbito. Uma organização criminosa que estava bem estruturada, com funções distribuídas e bem definidas e que foge ao tradicional padrão de tráfico em embalagens fechadas. A que nível se encontram as anunciadas medidas de reforço da cooperação no combate ao tráfico de drogas entre os dois países, bem como as actividades da chamada comissão mista luso-venezuelana para combater o trafico de drogas?
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“Lunchería” Funchal destruída pelas chamas
Estabelecimento estava fechado há mais de três meses para investigações no âmbito de um caso de suposta venda de drogas por parte de um dos encarregados. Tomás Ramírez tomasramirezg@gmail.com
“lunchería” Funchal, situada em pleno centro da cidade de Los Teques, transformouse em cinzas devido a um grande incêndio que se registou na rua Miquilén. Enrique da Silva, luso-venezuelano filho de pais madeirenses, reportou a perda do seu negócio num sinistro presumivelmente provocado pelas 3.30 da manhã da passada sexta-feira. Segundo relatos dos funcionários do Corpo de Bombeiros de Miranda, a combustão teve origem na “lunchería” Funchal, a qual permanecia fechada desde há três meses por estar a ser alvo de uma investigação judicial devido à suposta venda de droga que um dos encarregados faria a partir daquele local. As labaredas estenderam-se até
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à tasca, o ponto de venda de lotarias, um talho e a várias lojas do minicentro comercial JJ. Como medida de segurança, os 10 apartamentos do edifício Los Teques foram evacuados durante mais de duas horas. O proprietário da “lunchería” presume que vários sujeitos entraram no local para levar mercadoria porque outros presumíveis delinquentes tinham entrado no dia anterior para subtrair um televisor e um equipamento de som. Por isso, este luso-descendente filho de pais naturais da Ponta do Sol deu instruções para que se desactivassem as instalações eléctricas. Os delinquentes terão supostamente usado velas para iluminar o negócio e assim poder concretizar o roubo. "Eu só ia de manhã para fechar a caixa e levar a mercadoria. Não tinha muita relação com o negócio nem com o que se pas-
sava durante o dia". O luso-venezuelano pensa que o móbil do crime foi o roubo porque encontrou diversas caixas de licores nas ruas vizinhas e presume que eram da “lunchería” Funchal. O negócio, avaliado em 500 milhões, ficou completamente perdido e não tinha seguro. Enrique da Silva indicou que as
averiguações relacionadas com a venda de drogas no local terminavam no próximo dia 19 e que iriam reabrir o negócio depois disso. Mas o incêndio frustrou os planos do luso-descendente, que perdeu também a agência de lotarias situada ao lado da “lunchería”. Os 40 efectivos dos bombeiros levaram mais de três ho-
ras para combater as chamas com o recurso a camiões-cisternas. A meio da manhã, a Brigada de Investigação de Sinistros do corpo de bombeiros se apresentou no lugar para fazer uma inspecção e determinar a causa do incêndio. Até agora descartaram que a causa tenha sido uma falha do sistema eléctrico.
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"Querem impor uma lei que não foi discutida"
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A preocupação é de José Teixeira, presidente da Federação Nacional de Trabalhadores da Educação. s educadores venezuelanos comemoraram o seu dia exigindo a discussão do contrato colectivo e pedindo um diálogo com o governo para discutir as reivindicações salariais. Um dos que elevou a sua voz de protesto foi o presidente da Fenatep (Federação Nacional dos Trabalhadores da Educação), José Teixeira, que declarou estar preocupado pela intenção da Assembleia Nacional em impor um projecto de Lei Orgânica da Educação que não foi discutido nem com as comunidades nem com o educadores. Nesse sentido, o sindicalista madeirense natural do Funchal exigiu que se volte às mesas de discussão. "Qualquer tentativa que tenha como propósito reformar a actual lei deve contar com a participação, em princípio, de todos os educadores do país para que se tenha uma legislação que responda ao inte-
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Quatro milhões e meio de cidadãos estão fora do sistema educativo tradicional.
resse comum sem exclusão e sem sectarismo, em que prevaleça o interesse nacional", disse. Outra das preocupações da Fenatep, segundo Teixeira, é a contratação
colectiva e exigiu respeito. "É uma farsa que se tenha acabado com a exclusão social, existe no nosso país quatro milhões e meio de cidadãos venezuelanos com idades compreendidas entre os 1
e os 18 anos que estão fora do sistema educativo tradicional e fora também das missões, por isso urge melhorar as condições reais da população e garantir o acesso pleno aos direitos que a Constituição estabelece". Teixeira fez um apelo a todo o sector para que mantenha "a firmeza, a resistir, a organizarmo-nos da melhor maneira e a manter o espírito de luta", acrescentando que neste momento gozam de bom poder de mobilização nas bases dos trabalhadores. Felicitou os docentes pelo trabalho nestas alturas. "O apelo é ser luz durante as trevas". Acredita que o movimento magisterial "está hoje em dia em melhores condições para enfrentar as condições adversas porque está claro que o governo nacional é que não quer discutir a contratação" pois tanto docentes chavistas como anti-chavistas querem fazêlo. PUBLICIDADE
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Consulado Virtual "não funciona" PSD questionou o governo sobre a "efectiva" entrada em funcionamento do Consulado Virtual, sistema criado pelo governo em Novembro e que disponibiliza via Internet um conjunto de serviços. Num requerimento entregue na Assembleia da República, os três deputados social-democratas eleitos pela emigração dizem que o Consulado Virtual "não funciona", apesar do secretário de Estado das Comunidades, António Braga, ter anunciado que o sistema estaria "operacional e pronto" a ser utilizado a partir de 13 de Novembro, dia da apresentação. Os deputados Carlos Gonçalves, José Cesário e Carlos Páscoa questionaram o Ministério dos Negócios Estrangeiros sobre as razões desse atraso. A preocupação dos social-democratas surge depois de emigrantes portugueses se queixarem ao grupo parlamentar do PSD por não terem ainda recebido a senha que dá acesso ao Consulado Virtual. "Senhas pedidas uma semana após a sua entrada em funcionamento, ainda não foram recebidas pelos requerentes", disse à Agência Lusa o
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O Consulado Virtual disponibiliza via Internet um conjunto de serviços.
deputado Carlos Gonçalves. "Se ninguém recebeu as senhas, não é possível ter acesso aos serviços. Por isso o Consulado Virtual não funciona", acrescentou. Os deputados criticaram ainda o facto das senhas, solicitadas aos consulados da área de residência, serem enviadas por correio, o que "acaba por aumentar o tempo de espera". Os social-democratas questionaram também o governo sobre os motivos que não permitem enviar a sen-
ha por via electrónica. O Consulado Virtual consiste num sistema que, via Internet, disponibiliza serviços e informações que apenas estavam acessíveis nos postos e secções consulares portuguesas no estrangeiro. Pedido de documentos, que não necessitem da presença física dos emigrantes nos consulados, e a marcação de atendimento nos postos são alguns dos serviços disponíveis no Consulado Virtual.
Breves
Candidaturas até ao final do mês para o Parlamento dos Jovens Incentivar o interesse dos jovens pela participação cívica e política é o principal objectivo do Parlamento dos Jovens, uma iniciativa institucional da Assembleia da República (AR) desenvolvida ao longo do ano lectivo com as Escolas do Continente, Regiões Autónomas e os Círculos da Europa e fora da Europa, que desejarem participar, e que culminará com duas Sessões Nacionais que se realizam anualmente no Parlamento. A primeira sessão é destinada aos alunos do ensino secundário (1º e 2º Diversificado), terá lugar em Abril e o tema de debate será: União Europeia: participação, desafios e oportunidades. A segunda se realizará em Maio para os alunos do 2º e 3º ciclos do ensino básico (que vão desde o 5º ate o 9º ano) os quais debaterão sobre Energias alternativas e preservação do ambiente. Ambas actividades pretendem incentivar as capacidades de argumentação dos jovens na defesa das ideias, com respeito pelos valores da tolerância e da formação da vontade da maioria. A Embaixada de Portugal em Caracas informa aos jovens luso-venezuelanos interessados em participar nesta iniciativa que as candidaturas serão recebidas até finais de Janeiro.
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Madeirense candidato à Câmara de Vargas Professor Carlos Teixeira apela à comunidade luso-venezuelana do Estado para apoiar a sua candidatura através de voluntariado Tomás Ramírez tomasramirezg@gmail.com
Câmara Municipal de Vargas já tem um précandidato às eleições que se realizam no final deste ano: o professor Carlos Teixeira. Este madeirense de nascimento apresentou a sua candidatura ao público numa emotiva sessão acompanhado por alguns dos seus apoiantes, no Hotel Eduard's de Macuto, estado Vargas. A ocasião serviu também para que Teixeira apresentasse o seu plano inicial de governo. Segundo este professor de História nascido no Funchal, "o plano poderia ser modificado de acordo com as contribuições dos cidadãos nas diferentes assembleias de voluntários que se criarão ao longo da campanha". "Eu aspiro a que seja constituído um grupo voluntário de luso-venezuelanos com Carlos Teixeira, ter o seu apoio. Isso é o mínimo a que possa aspirar da nossa comunidade porque eu sou produto de uma emigração de madeirenses que se estabeleceu em Vargas em 1965 e sou parte dessa segunda geração de portugueses que adoptou a Venezuela como Pátria e está a fazer muitas coisas por ela", expressou Teixeira. O professor de História pensa que os portugueses na Venezuela devem envolver-se mais na solução dos problemas. "Devemos passar do coro de lamentos para o coro dos que querem transformar as coisas que os incomodam". O slogan da campanha de Carlos Teixeira será "Um 'Alcalde' para todos", já que acredita que os varguenses estão descontentes devido à discriminação política e a polarização que se sofre na Venezuela. O acto contou com a participação de numerosas personalidades e promotores sociais da localidade que apoiam a candidatura de Teixeira. Destes, destacou a presença de um número considerável de pessoas que apoiam a proposta do presidente Chávez, apesar de o madeirense lhe ser adverso. O objectivo de Carlos Teixeira é reunir-se com os outros pré-candidatos da oposição a meados do mês de Fevereiro,
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com o fim de procurar uma candidatura única que enfrente o candidato proposto pelo chavismo. O luso-venezuelano propõe no seu plano de governo aproveitar a situação geo-estratégica do município para atrair os investimentos e assim fomentar o emprego na região. Com um plano de incentivos fiscais, Teixeira pretende activar a indústria pesqueira e turística de Vargas. No que diz respeito aos problemas de habitação, o pré-candidato aspira a um controlo sobre o cadastro do município, elaborando um inventário com os terrenos municipais. O actual promotor social desportivo no bairro El Cardonal pretende recuperar os espaços públicos dos varguenses, negociando com a economia informal e formalizando-a paulatinamente. Recuperar as vias alternativas e uma nova demarcação das ruas são outras das propostas de Teixeira para o município Vargas. No que diz respeito ao tema da recolha do lixo, o historiador avança com um plano para acondicionar o actual vazadouro de Santa Eduvigis. O espaço será sustentável mediante a criação de uma planta de bio-combustível e outra de adubos. Outras acções para combater o problema dos despejos sólidos neste município eminentemente turístico será a recolecção do lixo casa a casa e uma forte campanha de educação ambiental nas escolas. Em matéria fiscal, Carlos Teixeira propõe aumentar o número de contribuintes, incluindo os buhoneros, na economia formal. Para além disso, pretende acabar com a dívida do governo central com o estado e com o município e automatizar os serviços tributários para acabar com a discricionariedade dos funcionários públicos e assim prevenir a corrupção. Os programas sociais do plano de governo de Carlos Teixeira basear-se-ão na adjudicação de recursos às organizações civis e às organizações não governamentais (ONG) para que os planos sociais se desenvolvam a partir daquelas. Desta maneira, acredita que se está verdadeiramente a dar o poder local ao cidadão.
O objectivo de Carlos Teixeira é procurar uma candidatura única que enfrente o candidato proposto pelo chavismo.
Perfil e trajectória
O acto contou com a participação de numerosas promotores sociais da localidade
Para além disso, o funchalense aspira a criar uma empresa de transporte própria do município para melhorar a qualidade do serviço e comprometeu-se a rever e diversificar as rotas de transporte. Em matéria cultural, o pré-candidato protegerá os grupos varguenses mediante a criação de um fundo de ajuda e um clube para os artistas locais. Também tem planeado a criação de uma escola de música para cada uma das paróquias do
município. No âmbito desportivo, o importante para Teixeira é a atribuição de bolsas para os atletas mais destacados do município Vargas. A construção de uma escola de treinadores, o reacondicionamento das instalações desportivas e workshops para a confecção de materiais desportivos são os outros objectivos a cumprir em matéria desportiva no plano de governo do madeirense.
Carlos Teixeira chegou à Venezuela com um ano de idade, vindo da ilha da Madeira, em 1965. Formou-se a poucos metros da sua casa, na escola primária República de Panamá, situada na populosa zona de El Cardonal na paróquia de La Guaira. Fez os estudos superiores no Pedagógico de Caracas, com especialização em História. Exerceu cargos como a direcção de educação do estado Vargas, a direcção de gestão económica da mesma governação e actualmente é promotor cultural e desportivo do bairro onde habita. "Soube exercer com aplicação e transparência a minha actuação como gestor público. Por isso aspiro a continuar a fazê-lo com a grande responsabilidade que significa ser 'alcalde' do município Vargas", expressou Teixeira.
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VENEZUELA
Mantém-se o 'braço de ferro' entre Câmara e vendedores ambulantes Nelly Altuna altunanelly@gmail.com
ontinua o diálogo entre os comerciantes da economia paralela e o Município Libertador sobre as opções para a sua colocação noutras zonas. Qualquer consenso parece estar longe de ser conseguido. Mas os trabalhadores informais mantêm-se alerta e reunidos na praça Caracas. No início do novo ano, perto de sete mil comerciantes informais, tradicionalmente conhecidos como "buhoneros", que costumavam operar na praça Caracas e na zona central da cidade, foram desalojados pela 'Alcaldia' Libertador. Esta medida provocou acções de rua violentas. Um grupo de comerciantes afectados pela medida queimaram contentores de lixo, colocaram barricas nos arredores de Quina Crespo e ameaçaram realizar acções similares nos próximos dias caso os seus problemas não sejam solucionados.
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Para Carlos de Pontes, presidente do mercado de Quinta Crespo, o problema dos 'buhoneros' tem vindo a arrastar-se desde há muito tempo e o governo agora está a procurar soluções. O madeirense disse que muitas destas pessoas que trabalham na economia informal preferem deixar os seus trabalhos formais porque o "buhonerismo" dá-lhes mais lucros, "Actualmente encontra-se em construção o local onde vão ser colocados, mas este espaço não é suficiente para todos. Há que procurar soluções efectivas", acrescentou. Por seu turno, Manuel Rosales, director administrativo do mercado, reconhece que estes comerciantes informais são pais de família e têm que ganhar o seu sustento, mas estavam a causar dano à comunidade. "Com eles não se podia deslocar livremente. Havia que circular nas ruas, expondo-se a um qualquer acidente, porque estes senhores tinham os passeios ocupados". Sublinhou que ainda que oferecessem produ-
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tos mais económicos que no mercado, estes eram de fraca qualidade, e ainda enganavam com o peso dos produtos. "Muitos vinham reclamar aqui à administração do mercado ao serem enganados pelos vendedores de rua". IMOBILIZADOS E SEM EMPREGO Segundo o decreto número 278, os trabalhadores informais não poderão instalar-se no centro histórico da cidade de Caracas. Tão pouco isso irá acontecer na avenida Baralt, na avenida San Martín, avenida Sucre de Catia, paróquia Candelária, bulevar de Sabana Grande e as suas diferentes transversais, a avenida Francisco Solano, a avenida Casanova e as suas adjacências. Juan Manuel de Gouveia, ferreiro, disse que o que mais o afectava era "quando os meus fornecedores chegavam, não tinham como descarregar porque eles tinham tomado todos os passeios". É da opinião que os 'buhoneros' sejam colocados no Mercado para a Economia
Actualmente encontra-se em construção o local onde vão ser colocados os “buhoneros”
Juan Manuel de Gouveia
Carlos de Pontes
Popular que está a ser construído na área do mercado da Quinta Crespo, atrairia mais utilizadores ao mesmo e isto seria vantajoso para todos. Para já, os vendedores in-
formais do centro de Caracas enviaram um comunicado à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Nacional para que sejam ouvidos os seus pedidos. PUBLICIDADE
Chávez anuncia visita de Sócrates a Caracas O primeiro ministro terá prometido a visita no primeiro trimestre de 2008 Délia Meneses
Durante a mensagem à nação, na passada semana, na Assembleia Nacional, o presidente Hugo Chávez teceu elogios a Portugal e ao primeiro-ministro José Sócrates. Na apresentação do balanço da actividade do Governo Bolivariano em 2007, Chávez disse que falou com Sócrates no dia 10 e que, durante essa conversa, o primeiro-ministro expressou a vontade de concretizar rapidamente uma visita à Venezuela. Pelo teor da conversa, disse Chávez, José Sócrates deverá visitar Caracas ainda durante o primeiro trimestre deste ano. Durante o contacto telefónico entre os dois dirigentes foram focados temas como a produção de bens alimentares. Chávez recordou que os preços de cereais, leite e alimentos em geral registam aumentos incríveis. "O que se passa é que quase não se fala disso porque os grandes meios do capitalismo projectam o que lhes convém", disse. O presidente adiantou que tal como não se pode vi ver sem combustíveis, também não se pode viver sem alimentos, acrescentou o presidente venezuelano antes de acusar os Estados Unidos de
ter contribuído para o aumento do custo dos bens alimentares. "Portugal é um dos países que conta com uma significativa colónia de imigrantes em Venezuela e com essa visita se afirmarão ainda mais os laços de amizade que sendo renovado entre Caracas e Lisboa", explicou Hugo Chávez. Em Novembro passado o presidente Chávez cumpriu uma importante visita a Portugal onde foram feitos acordos de desenvolvimento conjunto, nomeadamente no sector energético. Além disso, foram abordadas medidas para garantir a estabilidade económica da comunidade portuguesa na Venezuela e foram estabelecidas importantes ligações empresariais.
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História de Vida
Virgínia de Freitas Santa Cruz, Madeira
"Já não tenho nada lá" Erika Correia
m Santa Cruz, uma povoação de pescadores situada na Madeira, nasceu Virgínia de Freitas, a 13 de Agosto de 1923. Pouco pôde aprender na escola, mesmo o mais básico, pois quase todo o tempo era consumido pelos trabalhos do lar, preparava a comida dos seus irmãos, lavava e engomava, e quando tinha um pequeno instante, bordava, e se tivesse alguma sorte podia ganhar algum dinheiro extra como doméstica nas casas de pessoas endinheiradas da zona. "Quando necessitavam do meu trabalho iam a casa buscar-me, e cobrava por dia, não estava contratada fixa. A maioria das vezes, eram famílias endinheiradas. Dessa maneira pude poupar algum dinheiro para os meus gastos, os meus pais não podiam dar-me tudo, então eu mesma comprava a roupa e os sapatos". Foi na sua freguesia que conheceu Manuel Nunes, que foi seu amigo toda a vida, desde a infância, vizinho de muitos anos, já que eram primos. Formalizaram o seu noivado, e aos 27 anos contraiu núpcias. "O meu marido viajava sempre para a Venezuela, vinha ganhar um pouco de dinheiro e regressava a Portugal. Na Madeira falava-se muito desta terra, era o melhor lugar para emigrar. Enquanto ele ia e vinha, eu ficava cuidando do nosso primeiro filho". O seu primogénito tinha apenas um ano quando rumaram à América. Pisaram solo venezuelano em 1953 e o primeiro lugar a que chegou foi a Los Dos Cerritos de San José, na urbanização Sarria de Caracas. Foi ali que se estabeleceram e adquiriram um talho, no qual o marido trabalhou incansavelmente, enquanto ela se dedicava ao lar. "O mais difícil foi o idioma, custou-me muito mas tratava sempre de falar com as pessoas de maneira a dominar a língua. Foi aqui que nasceu o meu se-
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A sua última viagem a Portugal foi há 17 anos, com um dos seus filhos, e assegura não ter necessidade de voltar.
gundo filho, mas nunca nos pudemos estabelecer economicamente como queríamos. O meu marido adoeceu e um dos meus filhos, neste caso o mais novo nessa altura, tinha que cumprir serviço militar, pelo que decidimos voltar a Portugal. Vendemos o talho". Depois de estar vários anos em viagens intermitentes entre Portugal e a Venezuela, nasceram mais quatro filhos, e adquiriam, em várias vezes, alguns talhos e pastelarias. Até que todos os seus filhos se foram casando e formando as suas próprias famílias. Uma leucemia letal fez com que Virgínia enviuvasse há 35 anos. O seu destino dirigiu-a até à zona mirandina de Guatire, lugar que conhecia porque tinha visitado familiares por diversas vezes, e desde então a sua vida é dedicada aos seus filhos, netos e bis-
netos. "Nunca esteve nos meus planos vir para a Guatire, fi-lo porque o meu marido morreu e a maioria dos meus filhos veio viver para esta zona. Tinha duas irmãs e cunhados por estes lados, e para não ficar só, agora vivo com os meus filhos, já estou a viver aqui há 20 anos". A sua última viagem a Portugal foi há 17 anos, com um dos seus filhos, e assegura não ter necessidade de voltar, pois a sua família está aqui, e as recordações que nunca poderá tirar da sua mente. "Da Venezuela gosto de tudo, graças a Deus sempre tive comida, roupa e saúde. Pude viajar várias vezes até à minha terra com os meus filhos, no início de barco e das últimas vezes de avião, com todas as comodidades. Mas já não tenho nada em Portugal a não ser família mais afastada".
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17 A 23 DE JANEIRO DE 2008 CORREIO DA VENEZUELA
VENEZUELA
"Adoptei uma criança sem saber que sofria de paralisia cerebral"
Ana Maria Araujo e a filha Ana Gabriela
Erika Correia
peculiar história de Ana Maria Araujo começa quando lhe é diagnosticada a impossibilidade para procriar. Durante muitos anos esteve sob diversos tratamentos para conseguir engravidar, mas os fil-
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hos nunca chegaram. Foi então que recorreu ao Tribunal de Menores para adoptar uma criança. Trata-se de uma situação pouco comum entre a comunidade portuguesa, mas esta mulher natural de Santa Cruz, Ilha da Madeira, encarou-se como a única alternativa disponível. Cansada dos procedimentos médicos, e apoiada pelo marido, com quem está casada há 26 anos, não tiveram dúvidas. "Fui ao Tribunal de Menores para ver se tinham uma criança disponível para adopção, mas não tinham ninguém", começa por contar Ana Maria, que foi assim obrigada a esperar. A 22 de Dezembro recebeu um telefonema de uns funcionários do Tribunal informando sobre existência de uma menina de dois meses, que se encontrava disponível para qualquer casal que a desejasse adoptar. Não pensou duas vezes e começou a tratar de todo o processo correspondente. "A mãe verdadeira levou-a ao tribunal porque não tinha recursos económicos para sustentá-la. Eu nunca vi a bebé, simplesmente disse que a queria", explicou, referindo que enquanto tratava de ultrapassar todos os trâmites a criança permaneceu na sede de Fundana (fundação que acolhe crianças sem família) de San Bernardino. "Foi-me en-
tregue na manhã de 23 de Dezembro. Foi um dos melhores presentes de Natal que já tive", recorda. A menina foi baptizada com o nome de Ana Gabriela. Foi só aos oito meses de nascida que os médicos lhe diagnosticaram paralisia cerebral, que lhe afectou a capacidade motora. Não se pôde estudar mais o caso clínico porque não se tinha qualquer tipo de antecedentes, já que a sua progenitora tinha disponibilizado dados falsos junto do Tribunal. "Há quatro anos, graças a uma operação, começou a andar e a manter-se de pé. Demorou muito a falar, mas com terapias temos remediado este aspecto", explica a mãe adoptiva, observando que a menina estuda actualmente num colégio para crianças especiais. "A parte da aprendizagem é bastante difícil para ela. Lê se tiver alguém ao lado dela, caso contrário, não consegue fazer sozinha", descreve. A partir de um artigo publicado no CORREIO em Dezembro último, no qual se relatava o trabalho de Fundana (Fundação Amigos da Criança que precisam de Protecção) Araújo sentiu um grande interesse em assistir a uma festa promovidas por esta associação para apadrinhar, no passado Natal, um menino sem família. A madeirense
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aproveitou a oportunidade para contactar a presidente da instituição com o desejo de adoptar outra criança. Neste momento, a Ana Araujo está a realizar várias acções para concretizar a adopção de um bebé que tenha entre um ou dois anos de idade, e que preferencialmente se encontre acolhido nas instalações da FUNDANA, localizadas na Avenida Rio de Janeiro, de Caracas, onde assistiu à festa, levando presentes e amadrinhando no último Natal uma menina. "No princípio gostava de ter um rapaz, mas como eles são mais independentes, prefiro que seja uma menina; também para que faça mais companhia a Ana Gabriela", diz, contando que a menina “é a nossa alegria apesar do seu problema" e que a "família está contente por tê-la". "Quero dar-lhe uma irmã, para que quando eu já não esteja, ela tenha alguém que zele pelo seu bem-estar". O casal Araújo é proprietário dum supermercado em Caucagua, zona em que residem desde há muitos anos. Ambos têm colaborado na doação de roupa, brinquedos e comida junto de instituições encarregadas de promover o resgate e protecção de crianças abandonadas ou maltratados pela família. PUBLICIDADE
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"Sou apaixonado por Portugal" Criador do programa de rádio dedicado à comunidade luso-venezuelana diz que o seu sonho é voltar a transmitir aquele popular programa. Victoria Urdaneta Rengifo vurdaneta@correiodevenezuela.com
os finais da década de 70, o experiente locutor José Ulloa criou "Venezuela e Portugal", um programa que se dedicava a difundir a história e os costumes de ambos os países. "Encheu-me de muito orgulho ser ouvido não apenas pela numerosa comunidade formada por emigrantes portugueses mas também por muitos guaireños interessados nesse país, numa época em que existiam poucos. Eu transmitia notícias da nação lusitana, canções famosas desses anos, biografias de grandes personagens e, em geral, a fusão cultural destas belas nações", explicou o locutor do estado Vargas que actualmente trabalha na emissora Z100.30 FM. "Leio sempre o CORREIO e cada vez que via as Histórias de Vida ou os perfis, imaginava a minha história nessas secções, pois ainda que não tenha nascido na pátria de Camões, sou um venezuelano apaixonado por Portugal", confessou o popular "Pepe Ulloa". Este comunicador começou no mundo da música em 1966 na antiga emissora Vargas, foi correspondente das estações de maior implementação na Venezuela, como a Rádio Continente e a Rádio Rumbos, assim como as emisso-
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ras regionais Ondas Panaamericanas em El Vigía e a La Voz do Escalante em Santa Bárbara del Zulia. DIVULGAR A HISTÓRIA DOS EMIGRANTES Para Ulloa, o mais importante das experiências vividas no programa "Venezuela e Portugal" foi demonstrar que todas as histórias são valiosas "provenham de uma pessoa famosa, de um próspero comerciante ou do mais humilde do povo, pois todos chegaram com a mesma vontade de progredir, com o mesmo espírito optimista e o mesmo amor pelas suas raízes", afirmou. "Passar as notícias do primeiro-ministro de Portugal é tão relevante como falar das belas histórias das gentes da minha povoação. Como Hidalgo, a quem depois dos deslizamentos diziam 'vai-te de La Guaira' e ele contestava: 'eu fico porque esta também é a minha terra' e nunca fechou o seu negócio até o dia de hoje; ou Jorge, o português dono da padaria de Punta de Mulato, que há pouco encontrou um músico venezuelano em Portugal e disse-lhe "irmão, que feliz estou de ver um guaireño". Ulloa também costumava contar as vivências de emigrantes "como Arturo Coelho, que criou a famosa Fortaleza; o Juvenal Macedo, proprietário do "3 Estrellas", que foi a primeira loja de venda de peças auto do estado e um dos pioneiros em apresentar ofertas. Também está
"Pepe Ulloa" actualmente trabalha na emissora Z100.30 FM.
o popular Jardim, que teve a primeira venda de peças usadas para automóveis em Vargas. Todos eles são parte do crescimento da nossa região", comentou Ulloa. Para ele, estas histórias são tão emocionantes como as vividas com persona-
gens famosos como Amália Rodrigues, "a rainha do fado, a quem conheci na Rádio Caracas Televisión. Fiquei impressionado com o seu poder, mas o que realmente gostei foi ver que ela ficou maravilhada com a rápida integração da comunidade portuguesa na Venezuela".
"Temos de ser mais unidos" Edgar Barreto de Gouveia ebarreto@correiodevenezuela.com
rlando Freitas, um cantor de 41 anos de idade, desde há mais de 10 que se dedica a difundir a música portuguesa no território venezuelano, com o estilo pimba imposto pelo cantor luso Emanuel, em Portugal, trazido para a Venezuela por este engenhoso intérprete. Conhecido pelas suas duas produções discográficas “Lembranças” e “Orlando Volumen 2", o cantor de origem venezuelana e tez morena nasceu do ventre de uma mãe 'llanera' de San Fernando de Apure e de um pai de origem portuguesa oriundo de São Jorge, na Madeira. "Canto desde os 15 anos de idade quando participava, pelo instituto onde estava no curso do ciclo básico, num concurso intercolegial de nome "La Voz Liceísta", onde pude ganhar em diversas oportunidades, mas mais há dez anos, quando integrei um grupo musical luso-venezuelano chamado Sedução Juvenil, onde cantávamos música portuguesa, latina, merengue e salsa". Este grupo dedicou-se depois em exclusivo à música portuguesa. Era formado por cinco jovens lusodescendentes e com Orlando Freitas como vocalista.
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Orlando Freitas nasceu do ventre de uma mãe “llanera”
"Pertencíamos ao Centro Social Madeirense de San Diego. Depois separei-me do grupo para iniciar a minha carreira como solista". A relação deste cantor com Portugal deu-se desde muito pequeno. "Aos quatro anos fui à Madeira e regressei aos oito, estudei lá durante esse tempo. E por isso domino muito bem o idioma português. "As pes-
soas ficam admiradas quando vêem alguém da minha cor a cantar no seu idioma, ficam em choque porque sou moreno, orgulhoso porque é a cor da minha mãe". No que diz respeito à sua carreira a solo, Freitas afirma ter recebido muitos reconhecimentos mas não prémios, já que na Venezuela não há nenhum galardão para os cantores lusitanos e para além disso não há nenhum tipo de apoio nem incentivo económico, nem de editoras". "As produções são financiadas pelos próprios artistas". Mas o maior prémio para este intérprete lusitano é ver as pessoas a dançar a sua música e receber os aplausos dos seus seguidores. Na sua passagem pelo estado Falcón, Orlando, numa divertida tertúlia, também falou sobre o lamentável "cancro" chamado desunião na comunidade lusitana na Venezuela. "Enquanto nós não nos reconheçamos não haverá solução. A desunião entre os portugueses é muito grave porque quando tu vês alguém que é português que está a avançar numa ideia, em vez de apoiá-lo e ajudá-lo a dar-lhe seguimento, procuramos maneira de fazê-lo tropeçar para que não chegue e nós possamos chegar primeiro. Temos que procurar maneira de nos unirmos e que o êxito seja de todos. Se fazemos tropeçar o outro, a seu tempo seremos nós a tropeçar".
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Músicos lusos visitam Venezuela Depois de apresentar o seu livro sobre Marcos Portugal, em Lisboa, o maestro Jesús Ignacio Pérez Perazzo reuniu-se com o embaixador para apresentar os seus projectos para este ano Tomás Ramírez tomasramirezg@gmail.com
embaixador de Portugal na Venezuela, João Caetano da Silva, manteve uma reunião com o maestro e músico Jesús Ignacio Pérez Perazzo e com o professor Oswaldo Lemos, do Conservatório de Coimbra, com o propósito de trazer à Venezuela orquestras juvenis de Portugal. Este intercâmbio está a ser planificado para os meses de Junho e Julho. A orquestra do Conservatório de Música de Braga será a convidada para alguns concertos e também para fazer "workshops" com os conservatórios de música da Venezuela. Espera-se ainda que a orquestra possa dar conferências sobre o modelo português de escola integrada de música, muito diferente do modelo venezuelano. O representante máximo diplomático da nação lusa na Venezuela é da opinião que esta actividade pode constituir um contributo significativo para a experiência venezuelana. "Para a embaixada é muito importante a cooperação nesta área de orquestras juvenis porque a experiência da Venezuela é única no mundo, isso é algo indiscutível. Ao haver mais intercâmbio, mais contacto e mais cooperação nesta área, será muito importante para os dois países" Caetano da Silva pretende levar a cabo este evento no final do mês de Junho para que coincida com a celebração dos 50 anos do Centro Português. Outro dos projectos que vieram à luz na reunião foi o de tentar trazer, no final do ano, a selecção de todos os conservató-
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O embaixador manteve uma reunião com o músico Pérez Perazzo e com o professor Oswaldo Lemos.
rios de música juvenil de Portugal. Este conglomerado de músicos realiza-se anualmente no país dos navegadores e contém cerca de 80 elementos. A ideia de convidar os melhores músicos jovens de Portugal foi do professor Oswaldo Lemos, que trabalha actualmente no Conservatório de Música de Coimbra, e está envolvido com as orquestras juvenis portuguesas. UMA VIAGEM PRODUTIVA Na sua recente viagem a Portugal, no mês de Dezembro, o maestro Pérez Perazzo apresentou, na Biblioteca Nacional de Lisboa, a sua obra sobre Marcos Portugal (um livro escrito com Albe Belisario, que é uma biografia em forma de novela, acerca do mais importante compositor português do último quarto do século XVIII e inícios do século XIX).
O acto contou com a presença do crítico musical e musicólogo Manuel Morais, da clavista Cremilda João Fernandes e do organista Gerard Doverer. A oportunidade serviu como base para que a biblioteca nacional fizesse uma exposição aberta ao público com os manuscritos originais de Marcos Portugal. O maestro apresentou ainda o livro na Biblioteca Pública Regional da Madeira. Os responsáveis do Banif e a secretária regional do Turismo, Conceição Estudante, foram os convidados de honra do evento. Jesús Pérez Perazzo agradeceu ao CORREIO de Venezuela e ao Diário de Notícias da Madeira por terem patrocinado tanto o CD como o livro, assim como a tournée em Portugal para apresentação dos seus projectos. O Conservatório da Madeira foi uma das muitas paragens que fez durante o
Discos clássicos de fado chegam a Portugal primeiro lote, de 5.000 discos, alguns com gravações inéditas, de música portuguesa, maioritariamente de fado, da colecção do britânico Bruce Bastin, adquirida por Portugal por 1,1 milhões de euros, chegou a Portugal a semana passada. Os 5.000 discos ficarão em depósito num armazém na região de Lisboa, seguindo-se a sua conferência no Museu do Fado. O passo seguinte será a inventariação por uma comissão de peritos, ainda não constituída, que tem 50 dias para determinar se o espólio corres-
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ponde ao valor da venda mento do protocolo de acordada em protocolo. compra assinado em DeA comissão será cons- zembro passado. "Caso a tituída por dois represen- avaliação não correspontantes do Ministério da da ao esperado, o Estado Cultura e oupoderá denuntros dois da ciar o protocoEmpresa Munilo", disse, à LuOs 5.000 discos cipal de Gestão sa, fonte ligae Animação ficarão em depósito da ao processo. Cultural de LisO segunnum armazém na boa, que, tal codo lote de região de Lisboa. mo o ministé3.000 discos, rio, participou proveniente com 400.000 do Brasil, onde euros para a foram enconcompra do espólio, e um trados por Moças e adquirepresentante do coleccio- ridos por Bastin, deverá nador, que será o musicó- chegar em Junho, disse, à logo José Moças, segundo Lusa, José Alberto Sardinanunciou Bastin, à Lusa. ha, o advogado português Dos resultados da ava- do coleccionador. liação depende o cumpriSegundo José Alberto
Sardinha, "tal como o transporte destes primeiros 5.000, também o dos restantes 3.000 discos será às custas de Bruce Bastin". A verba de 1,1 milhões de euros será paga de forma faseada, ficando saldada em 2009. Entre as "raridades", encontram-se registadas em 78 rotações as vozes das lendárias Júlia Florista e Júlia Mendes, além de Alfredo Marceneiro, Maria Alice, Maria Silva ou Maria do Carmo Torres. Segundo o coleccionador, metade dos discos comprados são de fado e os restantes de canções, teatro de revista e até folclore.
seu périplo. A experiência foi uma oportunidade única para ter mais conhecimento sobre o sistema de aprendizagem musical português. Pérez Perazzo assumiu também o compromisso, com Conceição Estudante, de difundir a cultura portuguesa sempre e quando tivesse o apoio das instituições da comunidade lusitana na Venezuela. Na cidade do Porto, o músico venezuelano visitou a Casa da Música, cujo director o recebeu pessoalmente. Ali houve lugar a uma tertúlia entre compositores e alunos avançados sobre música portuguesa e o desenvolvimento musical na Venezuela. Em Viana do Castelo, teve a oportunidade de conviver com os membros da orquestra de vento e cordas dessa cidade, a quem deu uma palestra e dirigiu um pequeno ensaio. Braga também fez parte da agenda. Nesta cidade estudou o sistema de escolas musicais portuguesas. Segundo Pérez Perazzo, este modelo é digno de ser copiado. "A integração escola musical - escola normal é muito interessante. Vale a pena conhecê-la em detalhe". Durante a estada em Portugal o director de orquestra também aproveitou para divulgar e distribuir o CD 'De outra praia no mesmo oceano', que é uma recompilação de músicas populares portuguesas - algumas da Madeira - executada pela Orquestra Sinfónica de Venezuela, com arranjos do próprio Pérez Perazzo. "O CD teve êxito tanto na Madeira como no continente. Todos quantos o ouviam ficavam encantados. Onde íamos, todos tinham posto o disco". PUBLICIDADE
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Um pouco da nossa terra...
Mensagem do presidente da Câmara Municipal, antes da visita à Venezuela
preciso coragem para uma pessoa, um dia, pegar nas suas malas, cheias de sonhos, cheias de projectos de vida, e partir para terras distantes, tentar melhor sorte. Se, como o poeta Fernando Pessoa cantava, "a minha pátria é a língua portuguesa", e essa anda sempre connosco, já a nossa terra é a nossa "Mátria", e esta só a podemos levar no coração. A ligação à nossa Mátria (mãe terra) é muito forte e inquebrantável. Isso vêse no apego às nossas tradições, aos nossos santos venerandos, à nossa gastronomia, enfim a todo um conjunto de traços característicos que a comunidade madeirense evidência, esteja ela onde estiver, está sempre presente. Por isso recordamos as coisas que
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deixámos na nossa terra, quando partimos. Em Latim Recordar provém de "recordare" e significa trazer de volta ao coração. Daí a saudade. Daí a nossa lusitana maneira de ser. Os emigrantes Portugueses estão espalhados por todo o mundo, e de entre estes os madeirenses concentramse na Venezuela e também na África do Sul. Ir até junto destes nossos corajosos
compatriotas, é para nós um dever, a todos os títulos: porque merecem que alguém lhes traga um pouco da sua terra, porque precisam de saber que estamos com eles e que não nos esquecemos deles, porque, porque, porque. Estaremos brevemente na Venezuela com uma considerável comitiva, a fim de junto dos nossos e com os nossos confraternizarmos e em conjunto celebrarmos o Santo Padroeiro da nossa terra. À primeira vista para os de cá - Madeira - a comitiva até pode parecer numerosa, para os nossos compatriotas que nos receberão de braços abertos parecerá, sempre, insuficiente o seu número, tal a vontade de rever amigos, familiares, conterrâneos, matar saudades. A Casa do Povo da Boaventura, o grupo Coral, a Banda de São Vicente,
representam a nossa comunidade, bem peculiar. Os órgãos municipais, desde logo comigo à cabeça representando a Câmara Municipal e a Presidente da Assembleia Municipal e restantes membros da Assembleia, todos fazemos questão de ao mais alto nível levarmos um pouco de São Vicente (e suas freguesias de São Vicente, Ponta Delgada e Boaventura) até junto da nossa comunidade que vive e trabalha num País afastado da nossa pérola do Atlântico. Para o emigrante as coisas nem sempre são fáceis. A Venezuela é um País de acolhimento que passa por momentos de adaptação e evolução no contexto de um continente conturbado, ao nível económico, social, entre outros. Portugal também passou por momentos semelhantes até consolidar as suas estruturas democráticas. Isso requer tempo, perseverança, solidariedade e so-
bretudo união, numa comunhão de objectivos comuns, porque comum será o destino dessa grande Nação Venezuelana. Temos razões para acreditar no sucesso das reformas em curso. Temos a certeza que a nossa comunidade dará o seu valioso contributo para um futuro melhor para todos. É com enorme satisfação que apesar das dificuldades por que passa a Madeira, em geral, designadamente devido a alguns constrangimentos impostos pelo exterior, é apesar de tudo uma enorme alegria para mim poder proporcionar aos meus compatriotas o testemunho da nossa admiração por tudo quanto significam, pelo exemplo de luta que nos dão a todos. Obrigado.
Humberto Vasconcelos
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As universidades de Aveiro, Porto e Minho assinam quartafeira um protocolo de cooperação em nanomedicina com três universidades da Galiza, com vista a criar ainda este ano um Programa de pós-graduação ao nível de Doutoramento.
Breves
Alargar o pré-escolar O primeiro-ministro afirmou que o Governo vai fazer parcerias estratégicas com as autarquias para alargar a rede do ensino pré-escolar e atingir em 2009 os 100% de cobertura para as crianças com cinco anos.
"Faremos parcerias estratégicas com as autarquias para conseguir que a nossa rede de pré-escolar atinja os 100% em 2009 para as crianças com cinco anos", disse José Sócrates, no final de uma reunião em Lisboa de mais de duas horas com 25 autarcas das regiões metropolitanas de Lisboa e Porto.Sócrates reconheceu que ainda restam concelhos, "em particular nas áreas metropolitanas", com percentagens abaixo da média nacional de cobertura.
‘Portal de Emprego’ arranca na Primavera O portal ‘Emprego.pt' vai arrancar no final de Março ou início de Abril nos moldes de outros portais de emprego já existentes em Portugal mas, com recurso a novas tecnologias, pretende fomentar a oferta e a procura de trabalho em todas as áreas", explicou Nuno Craveiro Lopes, de 33 anos, que lidera o projecto. "Propostas de trabalho a tempo inteiro ou a tempo
140 passageiros retidos Um problema nas tubagens de uma casa de banho do avião deixou no sábado em terra por mais algumas horas os cerca de 140 passageiros do voo da TAP Lisboa-Caracas, disse o
parcial, de trabalho temporário ou em regime 'freelancer' são algumas das opções que o portal vai oferecer", assegurou o empresário na área da informática e novas tecnologias que adquiriu o domínio emprego.pt em 2003. Os conteúdos do portal ainda não estão disponíveis, mas qualquer pessoa pode fazer a pré-inscrição. porta-voz da empresa.A partida do avião do aeroporto da Portela estava prevista para as 10h30 e foi inicialmente adiada para as 12h30 e depois para as 14 horas."O atraso deveu-se a um problema detectado nas tubagens da casa de banho e está a ser tratado", explicou António Monteiro.O porta-voz da TAP confirmou que a saída do voo está marcada para as 14 horas, adiantando que os passageiros foram informados do problema.
PJ faz mais duas detenções na noite da Invicta Dois irmãos que as autoridades associam à onda de violência no Grande Porto, um de 19 e outro de 16 anos, foram detidos segunda-feira pela Polícia Judiciária e deverão conhecer quarta-feira as medidas de coação, disse fonte conhecedora do caso.Os dois rapazes foram detidos no Bairro da Giesta, em Valbom, Gondomar, por efectivos do Combate ao Banditismo da PJ/Porto, numa operação que chegou a estar marcada para Dezembro passado e que foi adiada por causa de alegadas
fugas de informação. A PJ associa pelo menos um dos jovens às disputas pelo controlo da segurança nos estabelecimentos de diversão nocturna no Porto, que está na origem de quatro mortes. Imputa-lhe mesmo uma tentativa de homicídio, segundo a mesma fonte.Os detidos, que alegadamente integravam o denominado "Gangue da Giesta", estão também indiciados pela prática de vários roubos a estabelecimentos comerciais na zona do Grande Porto.
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Portugal está a voltar atrás no modelo de desenvolvimento Manuela Ferreira Leite diz que consolidação orçamental não está feita e que não há condições para as famílias ex-ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite considerou esta semana que Portugal está a voltar atrás no modelo de desenvolvimento, com a aposta em grandes investimentos públicos, a diminuição das exportações e o emprego de baixas qualificações. Manuela Ferreira Leite, que falava nas jornadas parlamentares do PSD, em Vilamoura, Loulé, defendeu ainda que não há sinais de retoma económica nem deverão surgir proximamente, que a consolidação orçamental não está feita e que não há condições para as famílias pouparem nos próximos dois anos. "Se o PSD tiver, e vai ter com certeza, a preocupação de credibilidade nas suas propostas, se tiver uma oposição persistente, não será difícil tirar a confiança ao actual primeiroministro, porque os portugueses deram-lhe a sua total confiança. Só se pode esperar me-
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nor confiança no futuro", concluiu. Na sua intervenção, Ferreira Leite afirmou que se assiste a "um retorno ao anterior modelo de desenvolvimento" caracterizado por uma "aposta no crescimento através de grandes investimentos públicos, que eles próprios não são produtivos". "Vejo os grandes investimentos públicos a surgir e as exportações a baixar", frisou, dizendo que houve a ilusão de que se caminhava para "um modelo de desenvolvimento com exportações e investimento privado", mas isso não se confirma. "Provavelmente o aumento das exportações verificado nos dois últimos anos teve uma natureza conjuntural. Com as restrições no sector público, os empresários procuraram outros mercados", sugeriu, completando que foi uma mudança "superficial, que abana ao primeiro sopro". Sublinhando a seguir que "o aspecto mais significativo do au-
mento do emprego tem a ver com empregos sem qualquer qualificação", a social-democrata concluiu não haver "nenhum sintoma de que o modelo económico esteja a melhorar". "Nestas circunstâncias o que perspectivo para a economia portuguesa é que ou havia sinais significativos de retoma ou não vejo margem de manobra para que surjam proximamente", acrescentou, comparando a crise financeira norte-americana e o aumento do preço do petróleo a "sombras negras que vão pairar pelo menos neste ano e no próximo". Segundo Ferreira Leite, também se houvesse efectiva consolidação das finanças públicas haveria consequências como "a confiança dos consumidores e dos investidores" e não há. "Eu continuo a dizer que a consolidação não está feita", acentuou. Neste contexto, a ex-ministra das Finanças disse não ver de que forma as famílias conseguirão poupar.
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O presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, garantiu segunda-feira que estará ao lado do povo madeirense no dia em que este decidir enveredar pelo caminho da independência.
Taxa de risco de pobreza baixou em Portugal para 18% em 2006 Inquérito às Condições de Vida e Rendimento realizado em 2006 indica menos portugueses em risco de pobreza taxa de risco de pobreza em Portugal diminuiu em 2006, face ao ano anterior, situando-se nos 18%, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados no início desta semana. A taxa de pobreza situouse nos 19%, em 2005, e nos 20%, em 2004. O Inquérito às Condições de Vida e Rendimento realizado em 2006 indica que 18% dos indivíduos residentes em Portugal se encontravam em risco de pobreza, o que reflecte uma redução face aos dois anos imediatamente anteriores.
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A taxa de risco de pobreza corresponde à proporção de habitantes com rendimentos anuais por adulto equivalente inferiores a 4386 euros no ano anterior (cerca de 366 euros por mês). A distribuição dos rendimentos caracteriza-se por uma acentuada desigualdade, tendo em conta que o rendimento dos 20% da população com maior rendimento era 6,8 vezes o rendimento dos 20% da população com menor rendimento (6,9 nos dois anos anteriores). O primeiro-ministro, José Sócrates, serviu-se destes dados para defender que os riscos de
pobreza e as desigualdades de rendimento estão a diminuir em Portugal. As palavras do primeiro-ministro foram proferidas após ter estado reunido cerca de duas horas em São Bento com autarcas da Associação dos Municípios do Oeste. "Apesar de o INE não atribuir estes resultados a nenhuma medida específica do Governo, detecta-se que o risco de pobreza desceu fundamentalmente junto dos idosos. Estou convencido que o complemento solidário para idosos teve aí um efeito fundamental", declarou.
Breves
Mais de 261 mil ‘aceleras’ ^ mçäÞÅá~ jìåáÅáé~ä ÇÉ iáëÄç~ êÉÖáëíçì OSNKTOU áåÑê~ÅžıÉë ~ç äáãáíÉ ÇÉ îÉäçÅáÇ~ÇÉ ÇÉëÇÉ ~ Éåíê~Ç~ Éã ÑìåÅáçå~ãÉåíç Ççë ON ê~Ç~êÉëI áåáÅá~Çç Ñ~ò ~ã~åÜł ëÉáë ãÉëÉëI ~Ñáêãçì ç Åçã~åÇ~åíÉ ^åÇêÐ dçãÉëK ^ë ã~áë ÇÉ OSM ãáä áåÑê~ÅžıÉë Ñçê~ã
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Videovigilância na zona histórica do Porto quase operacional s técnicos da empresa responsável pela colocação das câmaras de videovigilância na zona histórica do Porto já iniciaram os trabalhos preparatórios para a colocação do equipamento, que deverá ficar operacional no final do mês. Em declarações à Lusa, o presidente da Associação de Bares da Zona Histórica do Porto (ANZHP), entidade que lançou este projecto inédito em Portugal, afirmou que o dia de hoje servirá para "acertar todos os elementos" e visitar os locais onde as 13 câmaras serão colocadas. Os detalhes, disse António Fonseca, serão ajustados numa reunião que decorreram, também, no Comando Metropo-
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litano da PSP. "A obra deverá arrancar nos próximos dias", afirmou António Fonseca, referindo que esse trabalho dependerá muito das condições climatéricas, uma vez que "enquanto estão a ser instaladas as câmaras estas não podem apanhar chuva". Segundo o mesmo responsável, o equipamento é "do mais sofisticado que existe no mercado" e será colocado pela empresa ADT. "É uma empresa com muita experiência, que assumiu também a colocação de idêntico equipamento na cidade de Londres (Inglaterra), assim como na Assembleia da República e nas instalações da Polícia Judiciária", frisou.
Número de abortos clandestinos diminuiu ao fim de seis meses prática de aborto clandestino está a diminuir, mas ainda é "um pouco cedo para conhecer exactamente a situação", reconheceu o ministro da Saúde, Correia de Campos, num balanço dos seis meses de aplicação da interrupção voluntária de gravidez. Recordando que o princípio da alteração do quadro legal era evitar os abortos clandestinos, o governante sublinhou que "já se evitou" esse tipo de procedimentos, mas "não há a pretensão do Ministério
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para de repente acabar com as situações clandestinas". "Essas situações acontecem ainda por falta de informação, conhecimento, acesso, pudor ou atavismo", acrescentou. O governante referiu ser ainda cedo para conhecer exactamente a situação devido à necessidade de comparações no território e ao longo do tempo. A interrupção voluntária da gravidez passou, a 15 de Julho, a ser permitida por vontade da mulher, até às 10 semanas de gestação.
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ECONOMIA
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CORREIO DA VENEZUELA 17 A 23 DE JANEIRO DE 2008
'Festa da Flor' conquista prémio nacional de turismo
Catanho Fernandes DN Madeira
'Festa da Flor' recebeu em Lisboa o prémio 'Turismo de Portugal' na categoria de Animação. A cerimónia de entrega dos prémios teve lugar na Feira das Indústrias de Lisboa
(FIL), e foi presidida pelo secretário de Estado do Turismo, o madeirense Bernardo Trindade. Na terceira edição dos 'Prémios Turismo de Portugal' participaram 99 projectos, representando um investimento total de 180 milhões de euros. O concurso, da responsabilidade da SET, está dividido em quatro categorias: Cidade, Natureza, Serviços e Animação.
Da Região Autónoma da Madeira apresentaram-se como candidatos oito projectos: dois em Natureza, três na Animação e três nos Serviços. Os objectivos dos 'Prémios Turismo de Portugal' visam a implementação de iniciativas que possam qualificar e valorizar a oferta turística, bem como a promoção da inovação no sector, de forma a posicionar Portugal enquanto destino turístico de referência, sendo ainda um sinal do valor que o Governo, através do Turismo de Portugal, atribuiu à requalificação da oferta turística, contribuindo, deste modo, para a prestação de um serviço de qualidade aos turistas e também para a melhoria da qualidade de vida das populações. A 'Festa da Flor' é hoje um dos mais importantes cartazes turísticos da Madeira, trazendo anualmente à nossa ilha um número muito expressivo de turistas e proporcionando uma excelente ocupação hoteleira. O júri da 3ª edição dos 'Prémios Turismo de Portugal' foi presidido pelo empresário André Jordan, fazendo ainda parte o presidente do Turismo de Portugal, Luís Patrão, o presidente da Confederação do Turismo de Portugal, José Carlos Pinto Coelho e o presidente da TUI Portugal, o madeirense Duarte Correia.
A Turismo interno tem potencial Ricardo Miguel Oliveira DN Madeira
turismo interno em Portugal tem um grande potencial de crescimento e é errada a secundarização deste tipo de turismo pelos operadores do sector. Uma convicção expressa durante a apresentação pública do estudo "A Caracterização do Turismo Interno Portu-
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guês", promovido pela Associação Nacional das Regiões de Turismo (ANRET) e desenvolvido pelo Centro de Estudos de Turismo (CESTUR). A apresentação do estudo contou com a presença de Vitor Neto, presidente da Comissão Organizadora da BTL, Miguel Sousinha, Presidente da ANRET e Sanches Silva, professor da Escola Superior de Turismo do Estoril e Coordenador do estudo. De salientar que os portugueses
são os principais turistas na maioria das regiões de Portugal e representam o 2.º mercado logo a seguir ao Reino Unido. No Algarve e na Madeira representam o 3º grande grupo de turistas. O coordenador do estudo sublinhou também que o turismo interno não está ligado ao turismo de baixo custo, pois o aumento das estadias de portugueses em hotéis de 4 e 5 estrelas têm aumentado assim como nas Pousadas de Portugal. Nestas últimas, em
2006 representaram 56% dos hóspedes. O estudo promovido pela ANRET revela que os portugueses identificam que é necessária uma maior promoção dos destinos nacionais e um aumento do conhecimento dos destinos para aumentar a escolha por destinos nacionais. Salientam ainda a necessidade de haver uma boa relação qualidade/preço e programas turísticos mais diversificados.
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Breves Duas marcas portuguesas entre as maiores do mundo As duas maiores cadeias portuguesas de retalho estão entre as maiores empresas do sector no mundo, segundo o relatório "2008 Global Powers of Retail", divulgado pela consultora Deloitte. O ranking, que identifica as 250 maiores empresas do sector do retalho, continua a ser liderado pela norte-americana WalMart, seguida pela francesa Carrefour, que no final de 2007 deixou de operar em Portugal. A maior empresa portuguesa do sector é a Jerónimo Martins, que ocupa a 138.ª posição, tendo subido 12 posições relativamente ao lugar ocupado no estudo de 2006. A outra empresa portuguesa que está nesta lista é a Modelo-Continente, no 183.º lugar, tendo ganho sete posições desde o relatório de 2006. A Jerónimo Martins opera em Portugal e
na Polónia, enquanto a Modelo-Continente, que adquiriu as lojas da Carrefour, está só presente em Portugal. A Deloitte indica que o ranking deste ano assinala a entrada de retalhistas chineses e russos nesta lista restrita do sector.Segundo o relatório, são seis os retalhistas da Rússia e da China que figuram pela primeira vez no ranking.O destaque vai para o grupo chinês Bailian, que entrou directamente para a 101.ª posição, enquanto o retalhista russo mais bem colocado foi o grupo X5 Retail Group, que ocupa a 191.ª posição. O volume total de vendas das empresas incluídas no ranking ascendeu a 3,25 mil milhões de dólares no exercício de 2006, mais 8% em relação ao ano anterior, de acordo a Deloitte.Apenas 36 empresas registaram um decréscimo das vendas em 2006, contra 49 em 2005.
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OPINIÃO
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Uma aliança insular Manuel S.M. Leal
iz referência aqui, há tempos, ao trabalho do presidente Aberto João Jardim em defesa do povo da Madeira. Seria dar um eco a estes escritos que a nossa imprensa da diáspora não possui se alvitrasse a possibilidade de ter persuadido alguém. Controverso, vernáculo na linguagem, popular na percepção das gentes e nos maneirismos que acompanham a sua comunicação de cariz sociolinguístico, o presidente do governo da Madeira bate o pé quando não se vê ouvido e acorda Lisboa sem reverência. Obtém com o seu vozeirão psicológico o protesto da imprensa alfacinha respirando o ar antigo do império. Sabe manobrá-la à distância como quem treina um animal de circo. Escrevi então que as autonomias regionais ainda se encontram em perigo, constitucionais ou não. Tenho sugerido ao longo de anos que havia e há ainda - necessidade de uma aliança dos Açores e da Madeira, ousada e coerente, para moldar a República e a nação perante a realidade de um país de regiões. Implícito no meu artigo, estava o apelo ao presidente Carlos César para se declarar açorianíssimo. O Partido Socia-
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lista do seu tempo de militante contra a predominância do Partido Social Democrata de Mota Amaral não soube pugnar pela Autonomia dos Açores. Alinhou pela autonomia fabricada em Lisboa. A nomenclatura e o articulado estatal, a orgânica institucional da República não são verdadeiramente nacionais. Servem sobretudo o interesse dos grupos preponderantes sediados em Lisboa e a burocracia que lhes assegura o poder. Por isso o Partido Socialista, o partido do Governo da República, de acordo com o deputado Guilherme Silva, opor-se-á ao aumento dos poderes autonómicos se os Açores e a Madeira constituírem um bloco. Foi este bloco e a elasticidade progressiva da autonomia preconizada por Mota Amaral que se subentendiam na asseveração do Partido do Atlântico, condenado a abortar, mísero de talento e sem acesso ao hemiciclo parlamentar em Lisboa. Não era a primeira vez que nos Açores ainda se era Portugal quando o Continente deixara de sê-lo. Mas no Mindelo, na terceira década de 1800, ficara derramado em vão o sangue insular sem a memória portuguesa do Arquipélago então denominado de colónia. Os portugueses que aparentemen-
Porqê o "u"? Gaudêncio Figueira
Português está prestes a mudar... mas não o suficiente. Aquilo a que se propõe (Protocolo Modificativo do) Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa é uma migalha do que seria uma urgente limpeza de incoerências no que escrevemos. Esteve empatado durante muitos anos e surge agora demasiado apressado, sem ouvidos para diversas entidades que deveriam ser fulcrais na sua elaboração. Não mereceriam estas obras de reparação da Língua Portuguesa aprofundados estudos? Presumo que pelo menos tantos quanto os que já foram feitos (e se farão?) sobre a nova localização do Aeroporto de Lisboa e que envolvessem linguistas com soluções práticas e visões inovadoras que originassem protótipos de uma nova escrita do Português que proporcione uma mais rápida e consistente aprendizagem para um estudante do nosso idioma. Uma dessas incoerências é a má gestão do nosso alfabeto: as letras S, G e X jamais deveriam alterar a sua verdadeira sonoridade na presença de vogais ou sequer fazer a função de outras letras como nas palavras: "avisar", "sugerir" e "existir", que se deveriam naturalmente escrever: "avizar", "sujerir" e "ezistir". Do mesmo modo: "jerir" e "axar" ou mesmo "ezijir" (porque
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te se esquecem do que são enquanto outros se apoderam do país, apresentam rupturas altamente narcisistas no disco duro cerebral. Portugal foi sempre uma sociedade falha de recursos e mantém-se um país pobre de espírito. Ao chegar-se à Revolução Industrial e depois à preponderância da ciência, o país não soube criar tecnologias. Ficou-lhe a nacionalidade como recompensa da subserviência à Grã-Bretanha, vincada na imagem de Beresford no século XIX enquanto D. João se sumia no Brasil. Como Pina Manique, e o padre António de Camões e João Soares D'Albergaria mais perto de nós, sofreram como José de Almeida - e eu mesmo - a perseguição do estado. Suspeito que outros foram também punidos através de outras vias por terem escrito ou falado das "últimas consequências". Isto ainda há tempos se viu quando uma ministra quis silenciar opositores do partido do governo. Salazar fez o mesmo, quiçá com idêntica crueza primária e agressiva no subconsciente. Subverteu a razão com a subtileza criminosa na tentativa de persuasão das instituições jurídicas. A polícia secreta e a intimidação subterrânea possuíam quiçá a mesma ferocidade sem os filtros sociais e estran-
também não pronunciamos a palavra "exigir" como "ecsiguir"). Se escrevemos "compreensão" porque não escrevemos "compensasão"? Temos 4 grafias para o mesmo som "sss": C (com "e" e "i"), Ç, S e SS. Também o C de "Cão" e o Q de "Quando" têm o mesmo som sem contar com o K, cujo uso em SMS é uma moda frívola e parola pois o Q já faz rigorosamente o mesmo. Se quiséssemos ser realmente coerentes deveríamos até decidir entre o C de "Cão" e o Q de "Quando" - "Qão" ou "Cuando", "Qímiqo" ou "Címico" - e também terminar com U palavras como pratu, garfu, copu, que é como realmente as pronunciamos. Se o H de "húmido" e o P de "óptimo" vão desaparecer então deverse-iam também eliminar todas as letras mudas que, até hoje, nos esbanjaram incontáveis instantes de escrita e toneladas de papel & tinta com o seu inútil silêncio. Se inclusão no nosso alfabeto do K, do W e do (regressado) Y se deve ao uso do Inglês então que deixemos também de cercar com "" as palavras desta universal língua ou tombá-las com itálico como se fizéssemos questão de salientar que não pertencem à nossa cultura quando, na verdade, cada vez mais o são. Deveríamos sim, importar caracteres de outras línguas que nos ajudassem a eliminar ambiguidades (como as da fonética
geiros que aguentam a mão armada do poder actual. Na aparência, não se trata de uma ditadura com tarrafais. Mas conserva-se o estado democraticamente tirano na manutenção da preponderância dos tules políticos. E aí está o partido socialista, Continental, ameaçando de novo a Autonomia se a Madeira e os Açores apresentarem uma proposta de aumento dos poderes autonómicos. No tempo da União Nacional, Portugal pertencia a 200 famílias abstrusas nos solares monárquicos. Mas já nem isso existe. Os donos do país físico e económico são outros. Os dinheiros dominantes somam influências europeias e sufocam os trocos da propriedade nacional. Este relacionamento, no entanto, faz-se agora de modo diferente num processo em que os partidos são os intermediários. Não é o processo partidário que se põe em causa, mas a ausência de integridade intelectual e lógica a soldo de objectivos que ultrapassam a unidade nacional e a igualdade de todos os portugueses. Tentou-se esconder este estado doentio da nação portuguesa com a submissão ao consumeirismo dos donos do mundo. Como nos dias de Carmona - ainda ele era idealista - Portugal está doente.
de "â" e "ã") ou nos permitissem estabelecer uma melhor ponte com o Português Brasileiro. Num Português limpo poderíamos ter: "sedênsia", "xeqe", "xinezíse", "sicatríx", "ginxar", "gizadu", "sirurjía", "aqeser", "desizão", "qinquajézima", "qiosqe", "jenjíva", "flecsível", "Acsílas", "ausíliu", "talvex", "ezijênsia". E levando mais longe: "vejetarianijmu", "isu", "ixtu" i "aqilu"... Segindu alguma desta minha lójica pasu a uma versão primária de um posível novu Portugês. São compreensíveis a estranheza qe se sinta ao ler este teistu i a rezistência a uma ipotética mudansa para esta nova escrita mas a Adaptasãu é uma das faculdades Umanas mais puderozas i admiráveis i u ábitu é cura para muita coiza. Já a pregisa é u contráriu... Se us manuais terãu de ser todus reeditadus qe o fosem entãu pur uma maior razãu, qe não optásemus pela inérsia mas sim pela ezijênsia de uma retificasãu muito mais duradoura. Parese-me inútil u argumentu de qe estaríamus a perder trasus du pasadu na nosa língua pois u mesmu argumentu surjiu conserteza aquandu das alterasões ortugráficas de 1911, 1931, 1945, etc., i já ningém realmente escreve nu mesmu Portugês dOs Lusíadas, pois nãu? Nãu veju porqe a escrita não deva obedecer à forsa da fonética pois é esa sonuridade qe caracteriza u Portugês pur todu u Mundu.
Um beco sem saída Hélio Bernardo Lopes Como se sabe do grande curso da vida, as coisas valem pela sua aparência, o que até é natural. Ora, uma das aparências que nos chegam do funcionamento da nossa sociedade, é o razoável descrédito do nosso Sistema de Justiça. E foi esse descrédito que determinou, em mui boa medida, o estado de beco sem saída a que chegou Portugal. Vá-se por onde se for, o clamor social, na ausência das restantas causas do problema, seria sempre suficiente para promover as essenciais e necessárias reorganizações do que pudesse estar a mostrar-se como desviante. Em contrapartida, as causas oriundas da governação do País, praticada ao longo de décadas, e de um modo geral bastante medíocre, encontram a sua principal fonte no modo como os portugueses têm manuseado o seu direito de voto. Não é possível esperar que uma escolha bipolar, sempre sem variações e ao longo de décadas, para mais num país sem tradições democráticas, tenha outra consequência que não seja, precisamente, a de dar aos eleitos, quase sempre os mesmos, essa infelicíssima garantia de que o poder de legislar se poderá transformar no instrumento de comando e controlo da própria defesa contra os riscos de se vir a ser atingido pelo Sistema de Justiça, quando for o caso. Ora, estes trinta e três anos de vida política da nossa III República mostram, precisamente, que nunca um detentor de soberania foi condenado no seio da sociedade portuguesa. Uma situação que se constitui, de facto, num verdadeiro acontecimento quase-impossível, e que quase está ausente da generalidade dos Estados do Mundo de hoje.Uma fantástica e anormal singularidade! A verdade objectiva, que já hoje quase ninguém discute, é que o tempo moral que passa se vem caracterizando por uma crescente menorização das pessoas e do valor da vida, sempre em favor do lucro empresarial ou do sucesso, seja pessoal ou outro. Acontece que uma sociedade que se paute por valores desta natureza, que são os que suportam o modelo neoliberal, hipertrofiado no seu pior pelo fenómeno da globalização, nunca pode deixar de conduzir a generalidade das pessoas a níveis crescentes de infelicidade. E é isso que se pode hoje ver, e sentir, à saciedade.É neste contexto que se inserem as infelizes recentes alterações nos domínios penal e processual penal.Elas irão, como vai poder ver-se, inviabilizar a generalidade das investigações no domínio da grande criminalidade económica e financeira. Sem um ínfimo risco de poder errar, é praticamente certo que não surgirão novas acusações nestes domínios, para tal bastando que as quadrilhas criminosas envolvam, de modo profundo, os mil e um instrumentos da moderna economia internacional, bem como as ditas modernas tecnologias. Um verdadeiro suicídio judiciário e político!
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OPINIÃO
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Favor enviar as suas cartas e comentários ao endereço electrónico: correio@cantv.net
CARTAS Bem-vindo São Vicente Li com bastante emoção na última edição do Correio que uma comitiva com um número importante de madeirenses, mais de 80, vai deslocar-se à Venezuela com uma agenda variada e que contempla até actividades no interior do país. Nos últimos meses temos sido acarinhados com visitas deste tipo, o que nos alegra muito e nos faz sentir privilegiados, já que somos tidos em conta, tanto pelas autoridades regionais, como pelos nossos conterrâneos que vem integrados nos diferentes grupos culturais. Já estiveram na Venezuela comitivas de Câmara de Lobos, Porto Santo, Santa Cruz. Agora é São Vicente. Mas esperamos que todos os concelhos da Madeira possam ter a oportunidade de um contacto próximo com a comunidade portuguesa radicada neste lindo país. É sempre uma experiência que deixa gratas recordações, que muda a perspectiva desde a qual os madeirenses olham para a Venezuela, pois vêm a outra cara do país, diferente daquela que projectam os meios de comunicação social. Sem obviar os perigos da violência e da insegurança, esta terra tem muito para oferecer aos nossos amáveis visitantes. Bem-vindos amigos de São Vicente, o nosso muito obrigado pelo esforço feito para concretizar esta viagem. Nos faremos tudo o que esteja ao nosso alcance para que se sintam em casa. Esperamos que no regresso à ilha possam fazer com que outros grupos também se sintam motivados a nos visitar. Partilhem a vossa experiência vivida por cá. Estes esforços são duplamente importantes sobretudo neste momento quando para nós, emigrantes, é muito mais difícil poder viajar à nossa terra. Que o contacto se mantenha graças à sua presença sempre querida na nossa segunda Pátria. Fátima de Sousa
Gostei do vosso jornal Tive acesso ao vosso jornal em Caracas pela primeira vez e achei-o muito interessante, sobretudo pelo facto de ser feito em bom português, o que não vejo, lamentavelmente, na informação distribuída em muitos centros e clubes portugueses espalhados pelo país. Gostaria de começar por dizer que a Venezuela sempre foi, para mim, um país que me seduziu imenso. Muito por culpa da influência dos meus primos que cá vivem, e que de vez em quando nos visitavam em Portugal, contando-me acerca desta linda terra. Até que decidi visitá-la. Confesso que ao desembarcar no aeroporto senti calafrios, na subida para Caracas também. Depois foi uma agradável descoberta: muitos conterrâneos, muita alegria, os clubes portugueses... Que tanta obra feita sem
subsídios. Enfim, acabei por encontrar o que não estava à espera. Estava preparado para um cenário de insegurança e de grande perigo. Andei de noite, visitei amigos, também foi ao centro de Caracas (El Silencio). Não gostei da barafunda e das piratarias que ali encontrei à venda, mas nem por isso deixa de ser interessante e atractiva essa zona. Sobre os venezuelanos que lindo povo... Espero que os portugueses que aqui vivem entendam que vivem num grande país, que passa algumas dificuldades políticas como em todos os países do mundo, mas não se desanimem e continuem a confiar na Venezuela. De facto é um país para se viver. Parabéns pelo vosso jornal. Carlos Ferreira
Aprender português Sou filha de pais portugueses naturais do Norte de Portugal e acompanho as noticias portuguesas todos os dias (que remédio…) Em casa, a RTP é canal obrigatório ao jantar. Confesso que até gosto e talvez por isso tenha adquirido o gosto de aprender português. A ideia até foi bem aceite em casa, o que não contávamos, tanto eu como os meus irmãos, é que fosse tão difícil aceder aos cursos do idioma de Camões. Segundo nos explicaram, a falta de professores é a principal razão, o que não se compreende porque em Portugal o sector com mais desempregados é precisamente os dos professores. Pergunto se por acaso não podem enviar para a Venezuela alguns daqueles que fazem parte dessa lista de
desempregados. Penso que era uma oportunidade para aqueles que realmente estejam interessados em trabalhar, porque o caso também é esse. Será que querem realmente ensinar (trabalhar) ou preferem permanecer no desemprego, ou seja sem fazer nada e receber salário de desemprego. Da minha parte aqui fica a chamada de atenção e oxalá alguém leia este escrito como uma sugestão válida e se prontifique a resolver um problema que afecta aqueles que querem aprender o idioma dos seus pais. Leio sempre o vosso jornal e até aprendemos um pouco de português através dele. Regina Pereira
INQUÉRITO: QUE PENSA ACERCA DO TRABALHO DESENVOLVIDO PELOS CONSULADOS HONORÁRIOS NA VENEZUELA?
Paulo Roberto Pereira da Silva Professor
"Na verdade nunca tratei de qualquer assunto e não sabia que havia um consulado de Portugal em San Cristóbal. Pensei que apenas existia em Caracas e Maracaibo. Pela proximidade, creio que é mais fácil ir a San Cristóbal e suponho que o seu trabalho deve ser eficiente. Mas tendo em conta a população lusovenezuelana de Mérida, onde estão bastantes portugueses, penso que seria importante ter um consulado, para assim não ser preciso ir a outro Estado."
Fernando Guerreiro Comerciante
"Valência é tão grande e existem tantos portugueses que se formos de Mérida acabamos por não ser atendidos de tanta a espera. Outro problema é o tempo que demoram os papéis a vir de Portugal para a Venezuela e vice-versa. Peço mais rapidez. Sei que estas coisas têm de passar obrigatoriamente por Portugal e ser 'filtradas' em Valência, mas acho que era possível, e desejável, as coisas fossem agilizadas."
María Jesús de Tavares Socióloga e dona de Casa
"Quis há muitos anos solicitar um visto para entrar em Portugal, através do consulado de Maracaibo. Mas não o consegui. Tive de ir ao consulado de Caracas, onde finalmente o consegui. O meu marido, desde que chegou à Venezuela, estava inscrito neste posto consular, daí que tudo tenha sido processado rapidamente. Eu acho que são colocados muitos entraves aos consulados honorários, que já de si têm muito pouco espírito de serviço. São mais políticos, diplomáticos, muito simbólicos em comparação aos consulados espanhóis, que se organizam duma maneira mais social, são mais rápidos e são mais atenciosos com os seus conterrâneos ".
Maria Odete Martins de Meneses Comerciante
"Em Maracaibo, as instalações e o serviço prestado é de primeira qualidade. Há quem critique. Mas não vejo razão para tal já que são sempre bem tratados e acabam por ver os seus problemas resolvidos. As únicas críticas que faço são as seguintes: deviam colocar o escudo do consulado no edifício onde o consulado se encontra instalado, porque muitas pessoas que o procuram não o conseguem encontrar com tanta facilidade; e, o Consulado Geral em Valência devia possuir um maior contacto com o Consulado de Maracaibo de modo a estar a par dos assuntos dos utentes sem grandes perdas de tempo."
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REPORTAGEM
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CORREIO DA VENEZUELA 17 A 23 DE JANEIRO DE 2008
Testemunhos de um assalto histórico O assalto ao 'Santa Maria', na Venezuela, terá sido o primeiro acto de subversão à ditadura em Portugal. Havia dois madeirenses por dentro da 'Operação Dulcineia'. Eis alguns relatos inéditos Aleixo Vieira Fotos: Correio de Venezuela
oi há precisamente 47 anos, a 20 de Janeiro de 1961, que teve lugar a 'Operação Dulcineia', a partir de La Guaira, na Venezuela. Tratou-se provavelmente do primeiro grande incidente transatlântico, um assalto a um navio de passageiros, e logo envolvendo Portugal. O sequestro do 'Santa Maria', muito conhecido da emigração portuguesa, fora planeado e organizado por um movimento de oposição a Oliveira Salazar, a partir da Venezuela, onde despontava Henrique Galvão. O grupo militar embarcou a 20 de Janeiro em La Guaira, no navio com destino a Portugal, depois de passar no Curaçau e Miami. Três dias depois da largada, ao som do Hino Nacional, o comandante da operação anunciava a tomada do 'Santa Maria', que estrategicamente adoptava um novo nome: 'Santa Liberdade'. A reacção interna provocou um morto, em circunstâncias pouco conhecidas. Do grupo liderado por Henrique Galvão constavam dois madeirenses. Entre os passageiros, sim, havia imensas pessoas oriundas da
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Madeira, alguns dos quais têm feitos os seus relatos ao longo destes 47 anos. Desta vez, o CORREIO foi um pouco mais longe e logrou registar depoimentos históricos, com protagonistas directos do plano de acção que catapultou o assalto do 'Santa Maria' para a agenda internacional, cumprindo assim um dos objectivos da operação: chamar a atenção do mundo para a ditadura imposta por Oliveira Salazar em Portugal. TEMPOS DIFÍCEIS Decorria o ano de 1961, eram tempos difíceis e de ditadura em Portugal. A emigração portuguesa aumentava consideravelmente. África do Sul e Venezuela eram
os destinos de eleição. "Fugir à tropa" era argumento generalizado nas famílias portuguesas para esconder um pouco as dificuldades que tinham os jovens em singrar na vida. Queriam produzir, trabalhar. Algo que só conseguiam em terras estranhas. Eram longas as jornadas de trabalho, com alojamento precário em pensões onde se amontoavam grupos de emigrantes. Futebol, Eusébio, Amália e a devoção a Nossa Senhora de Fátima eram tudo o que dava alento à aventura por terras de Simon Bolívar. Em contrapartida, iam recebendo também o boletim mensal de bom comportamento enviado pelos acólitos de Salazar . Política
era assunto tabu, por ignorância e desconhecimento. Queriam mesmo era trabalhar. Apenas um pequeno grupo, onde pontificavam alguns intelectuais, pensavam e actuavam de maneira diferente. "Portugueses: Nuestra Patria tiene los ojos puestos en nosostros. Seamos dignos de ellas. Por um Portugal livre e democrático. VIVA PORTUGAL." Este era o boletim emitido a 5 de Outubro de 1960 por um grupo denominado 'Movimento Democrático de Liberacion de Portugal y Sus Colónias', distribuído a medo, dadas as suspeitas de que a polícia política da ditadura em Portugal, a PIDE, também operava na Venezuela. Os portugueses não estavam sós. Um grupo de espanhóis também se juntou, descontente com a ditadura de Franco, em Espanha. O comandante Sotomayor foi quem liderou a operação por parte dos espanhóis, na qual participaram 22 portugueses. "SE NÃO ATERRAR, ABATAM-NO" "Naquele tempo, ter uma licenciatura era ser uma pessoa importante. Muitos dos que integraram o movimento anti-salazarista eram pessoas com muita prepara-
ção", refere Joao Fernandes, apontando alguns exemplos. Este ex-emigrante, agora a residir em Portugal, diz-se um apaixonado pelo fenómeno do assalto ao 'Santa Maria'. "Sempre gostei de História. Era pequeno e estava na Venezuela na altura do assalto", situa. A sua amizade com Camilo Tavares, um dos membros activos do movimento, fez aumentar o interesse pelo acontecimento. "Temos que contar o que eles viveram e o que sabem, senão levam tudo consigo para debaixo da terra." Não esconde a admiração que tem pelo amigo. "Não só foi um dos mentores do assalto ao 'Santa Maria' como também foi o responsável pelo sequestro do avião que sobrevoou Lisboa e distribuiu mais de 100 mil panfletos contra Salazar, acrescenta Fernandes. Recorda que na altura o ditador português deu ordem de captura: "Se não aterrar, abatam-no!". João Fernandes relembra que o regime não contou com a astúcia do grupo que sobrevoou a capital portuguesa. "Voavam tão baixo que não foram detectados pelos radares e regressaram a Casablanca sem problemas."
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Eram tempos difíceis em Portugal. Tudo tinha que ser minuciosamente calculado na Venezuela. Toda a operação foi feita em segredo e preparada nas montanhas do Ávila, com vista para La Guaira. Todos os participantes já 'conheciam' o 'Santa Maria', estudado ao pormenor através de uma réplica do navio. "FUI EU QUE LEVEI AS ARMAS" O alentejano Luís Manuel Neto de Oliveira também foi parte importante da operação. Vive actualmente na ilha de Margarita, na Venezuela. Tem 83 anos e embora com deficiência auditiva, por causa de um acidente de viação, lembra-se de todos os detalhes. Relata o assalto ao 'Santa Maria' como algo normal na sua vida: "Quem tem medo não vai à guerra." É a sua primeira entrevista, 46 anos depois. "Tinha prometido que nunca falaria com ninguém sem prévia articulação com o meu companheiro Sérgio Alves, mas como já estou velhinho acho que as coisas devem ser ditas." Contraria a versão que armas entraram no barco dentro de uma urna. "Quem sabia de armas era eu e quem as levou fui eu." Coube-lhe a missão mais importante e perigosa da operação, na sua perspectiva. "Entrei a correr para o barco com as duas malas na mão, já as escadas estavam a recolher. Parei junto aos guardas na porta e disse-lhes com muito sangue frio para revistarem as ma-
las. Responderam-me quase aos gritos: 'Entra depressa! Não vês que as escadas já estão quase no barco?'" O alentejano correu directo ao camarote para esconder as armas. "Tudo fazia parte do plano da operação. Conhecíamos o barco pela maqueta original." Luís Oliveira prefere não relatar os acontecimentos a bordo que levaram à morte do subcomandante do navio. No entanto, deixa escapar que "essa morte lamentável esteve do lado dos espanhóis." Sobre os passageiros, relata o seu apoio, mas recorda-se também da angústia que em certos momentos manifestavam. Perguntavam quase todos: "Quando é que desembarcamos?" Nunca teve receio que o barco fosse abatido pelos americanos. Garante também que ninguém da operação pretendeu afundá-lo. "São loucuras que falam sem saber." Depois da chegada apoteótica ao Brasil, relata que o pior começaria ali. "Fomos abandonados à fome e à miséria". Valeu-lhe o apoio que recebeu do seu companheiro Camilo Tavares. "Passei fome e quando regressei à Venezuela tinha 25 quilos a menos." Elogia Humberto Delgado, exilado na altura no Brasil. "Sotomayor, esse sim, foi o verdadeiro comandante da operação", disse, sobre o capitão espanhol. "Galvão era mais ditador que Salazar." PRATICAMENTE ABANDONADO Actualmente a viver na ilha
de Margarita, Luís Oliveira vê passar o tempo entre os livros no quarto que mantém alugado e o 'café' do seu amigo madeirense Daniel. Casado, tem uma filha, mas é um homem só. "Estou separado da família, mas não divorciado", clarifica. Vive da pensão mínima ao emigrante carenciado. "Dá para pagar o aluguer e a comida. Já é bom", diz este emigrante, que os vizinhos definem como tendo uma conduta irrepreensível. Sobre a importância histórica que o assalto ao 'Santa Maria' possa ter, Luís Oliveira prefere deixar a avaliação para os políticos de agora. "Andei na escola com o Mário Soares. Perguntem-lhe por mim, ele sabe quem sou." Dos apoios recebidos para 'operação Dulcineia', diz que pouco se lembra, embora esteja convencido que o grupo de portugueses "nem sabia o que estávamos a planear fazer." Dos membros da operação, recorda o madeirense Jorge Pestana. "Era um pequeno novo e esperto. Sabia o que estava a fazer e era muito simpático connosco." "DEIXOU OS AMIGOS DE BOCA ABERTA"
Jorge Pestana foi um dos dois madeirenses envolvidos no assalto ao navio. Natural da Ribeira Brava, era filho do guarda fiscal da freguesia. O irmão, Trindade Pestana, recorda esses tempos. "Vivíamos juntos e até compartilháva-
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Luis Oliveira
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mos o mesmo quarto. Nunca percebemos que ele estivesse metido em nada." A única explicação que tem para o envolvimento do seu irmão na 'Operação Dulcineia' é o facto dele ter trabalhado com um português de apelido França, que vendia terrenos no Brasil. "Jorge deixou os amigos de boca aberta". No dia em que embarcou em La Guaira, conta Trindade Pestana, "foi jogar futebol na equipa de trabalhadores da Central Madeirense e nem se despediu dos irmãos nem dos amigos. No final do jogo disse-me: 'Fica com as botas e os calções, porque tenho que ir para o interior do país.'" O irmão ainda hoje se questiona: "Será que estava ameaçado para não falar do caso a ninguém?" A surpresa foi grande no dia seguinte quando viu o nome do irmão nos jornais. "Não queríamos acreditar. Depois, sei que passou muitas dificuldades no Brasil. Foram abandonados, passaram fome
e sem trabalho. Nem por telefone queria falar no assunto." Na Madeira, dias depois, o pai era demitido da Guarda Fiscal na Ribeira Brava. "Pensaram que o meu pai estava ao corrente das andanças do meu irmão, mas não sabíamos. Pobre do meu pai", refere emocionado. Para tristeza dos pais, Jorge Pestana nunca regressou à Madeira. "Tinha medo de ser preso, porque na altura foi sentenciado pela PIDE a 21 anos de prisão." Com família constituída no Brasil, Jorge regressou à Venezuela 37 anos depois. Evitou sempre falar aos amigos no assalto ao 'Santa Maria'. Trindade Pestana não esconde uma certa decepção em relação aos políticos actuais. E deixa a pergunta no ar: "Para quê tanta luta, se depois foram abandonados no Brasil? Quem reconhece, hoje, esse acto de subversão que contagiou o mundo?" PUBLICIDADE
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Tacos, luvas e bolas... já só falta um terreno Basebol madeirense já não é apenas um 'hobby'; há cada vez mais jogadores Filipe Sousa DN Madeira
basebol é um dos desportos predilectos dos venezuelanos, modalidade que tem vindo a crescer na Madeira e de forma sustentada, muito por força e vontade de filhos de ex-emigrantes madeirenses venezuelanos. Neste momento contabilizam-se cinco equipas - Caciques Basebol Club; Campanários Basebol Club; Funchal Basebol Club; Bravos Latinos Basebol Club; e Lobos Basebol Club/Clube Desportivo do Curral das Freiras. Cada uma destas colectividades conta com pouco mais de vinte jogadores, o que significa dizer que a modalidade conta já na Região com mais de cem jogadores filiados. As acções de sensibilização têm vindo a suceder-se e muito têm contribuído para
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o crescimento do basebol. No entanto, a última acção/promoção, intitulada 'Copa www.venezolanosenmadeira.com', evento que pretendia contribuir para a formação, desenvolvimento físico, intelectual e psíquico dos praticantes e espectadores, teve de ser adiada em virtude do mau tempo e do estado do campo de futebol da Adega, no Campanário, onde habitualmente se reúnem os amantes da modalidade. Ora, as infra-estruturas são o grande óbice da evolução do basebol, que há muito reclama por um 'cantinho' próprio. Disso mesmo deu conta ao DIÁRIO Manuel Luz, presidente da Associação Cultural Recreativa de Basebol e Softbol da Madeira. "O nosso grande problema é não termos um campo com as medidas regulamentares. Jogamos no Campanário, num campo de futebol de terra batida, que tentámos adaptar à realidade do basebol, com
As infra-estruturas são o grande óbice da evolução do basebol, que há muito reclama por um 'cantinho' próprio
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TAP transportou quase 8 milhões de passageiros em 2007 A TAP transportou quase 8 milhões de passageiros em 2007, o que corresponde a um crescimento de 12,8 por cento do seu tráfego em relação ao ano anterior, anunciou a transportadora aérea nacional. A empresa, que transportou no ano passado 7.930.454 passageiros, colocou à disposição dos seus clientes um total de 13,2 milhões de lugares, o que correspondeu a um crescimento da oferta de 14,1 por cento. Dos lugares oferecidos pela TAP, 590 mil respeitam ao mercado europeu e 150 mil ao Brasil.De acordo com um comunicado da TAP, a Europa foi o segmento de mercado com maior crescimento absoluto, mais 588 mil passageiros (Mais 14,9 por cento), seguida do Brasil, com mais 149 mil (mais 17,1 por cento).
Mas, em termos relativos, todos os sectores de mercado onde a TAP opera tiveram um desempenho positivo, com aumento do número de passageiros transportados. No território nacional a TAP ultrapassou o milhão de passageiros nos voos para as Regiões Autónomas, o que corresponde a uma crescimento de 2,4 por cento, e ultrapassou o milhão e meio nos voos com partida do Porto, registando um crescimento de superior a 20 por cento. A TAP considera que o crescimento alcançado no número de passageiros foi conseguido, nomeadamente, à custa dos novos destinos (Brasília, Sevilha, e Hamburgo) e do reforço da operação noutros. Actualmente a TAP voa para 57 destinos.
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medidas mais ou menos certas. da. A comunidade luso-venezueSe nós tivéssemos um campo on- lana ronda, na Região, as 15 mil de pudéssemos mostrar a moda- pessoas, portanto, existe uma balidade, tal daria outra projecção se social para fazer crescer a moao basebol", destacou Manuel dalidade, mas sem uma estrutuLuz. ra não vale a pena pensar em O presidente da Associação crescer", insistiu. Cultural Recreativa de Basebol e Softbol da Madeira garante SÓ PRECISAM DE UM TERRENO Manuel Luz tem-se desdomesmo que a evolução da modalidade está seriamente amea- brado em contactos, com o inçada pela falta de uma infra-es- tituto de dotar o basebol das trutura condigna. "Até ao nível condições mínimas para a sua da formação temos vindo a rea- prática. Mas continua a faltar 'o' lizar um bom trabalho. Os res- espaço físico. "O Consulado da ponsáveis do Funchal Basebol Venezuela na Madeira ofereceuClub estão a dar formação em se para contactar o Governo venezuelano no sentido escolas e a aceitação de que seja esta entitem sido muito grandade a financiar o esde, quer de alunos A comunidade tádio. O que apenas quer de pais, simplesluso-venezuelana pedimos é um terremente por ser um ronda, na Região, no. Obviamente que desporto diferente. não queremos consExiste um interesse as 15 mil pessoas. truir algo como o nopor parte da populavo campo da Choução, mas nós não popana ou os Barreiros, demos divulgar mais o basebol porque não temos um queremos apenas um campo que permita ter as medidas exactas campo real". O Nacional quer edificar um e oficiais, para que possamos facampo de basebol na sua Cidade zer evoluir a modalidade. Manuel Luz garante que o Desportiva. Uma boa notícia para Manuel Luz. "Qualquer insti- basebol não atrai somente lusotuição que queira virar-se para venezuelanos, pois também é o basebol será muito bem-vin- praticado por madeirenses. "Es-
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Manuel Luz
tão a começar a aderir. Pessoas que vão ver um jogo e que depois vestem uma luva e pegam num taco. Assim que as regras básicas são percebidas torna-se tudo mais fácil e ganha-se adeptos. Só falta mesmo o campo", voltou a insistir. BOLAS A 3 A 6 EUROS O basebol não é um desporto caro, embora o investimento inicial seja um pouco elevado. Uma bola pode custar entre 3 e 6 euros. O problema é que por jogo, por exemplo, na Liga Norte-americana, a mais famosa do Mundo, utiliza-se para cima de 150 bolas. Quanto às luvas, podem custar entre 60 e 70 euros e os tacos de alumínio perto de 80 eu-
A modalidade conta já na Região com mais de cem jogadores filiados.
ros. A isto junte-se o fardamento oficial que ronda os 50 euros. Feitas as contas, para começar a praticar o basebol (sem a ajuda de terceiros) precisará de cerca de 200 euros. No entanto, poderá fazê-lo de forma gratuita experimentando, por exemplo, treinar juntamente com os jogadores de uma das cinco equipas
filiadas na Madeira. Como nota final, registe-se que na Liga Profissional Norteamericana jogam mais de cem jogadores venezuelanos. Os Red Sox, de Boston, onde existe uma grande comunidade de portugueses, são os actuais campeões da Liga, depois de terem batido na final os Colorado Rockies. PUBLICIDADE
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Campo de Guatire estreia iluminação
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Scolari já só pensa no Euro
A obra consta de oito postes de luz, com três holofotes cada um.
Erika Correia
instalação do sistema e iluminação artificial no campo de futebol do Centro Sociocultural Virgem de Fátima, situado na urbanização de Castillejo, é apontada como um grande feito. Graças ao apoio recebido por vários dos sócios, a obra foi levantada a pulso e com esmero em prol de aproximadamente 300 atletas de várias categorias. Com um investimento de 12.000 bolívares fortes, angariados através de inscrições e mensalidades dos alunos da escola de futebol, o clube realizou a compra dos materiais respectivos para a instalação das estruturas eclécticas. A mão-de-obra foi oferecida por Manuel Duarte que, acompanhado por um grupo
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de quatro homens, instalou todos os postes eléctricos, enquanto que Fidel Lara, também accionista do clube, doou a metade da quantidade de cabos necessária para completar a tarefa. A obra consta de oito postes de luz, com três holofotes cada um, di-
A obra foi levantada a pulso e com esmero em prol de 300 atletas de várias categorias
vididos por todo o terreno que possui as medidas exactas dum campo profissional, com uma área de jogo de 100 metros de comprimento por
60 metros de largura. Adicionalmente, foi realizado um trabalho especial no campo de 'futbolito' com a colocação de postes de luz que utilizam mercúrio, material que proporciona uma grande iluminação e pouco consumo de electricidade, além de se ter procedido à colocação de relva artificial. Actualmente, alguns atletas encontram-se a participar nos jogos da Liga Cesar Del Vecchio, que realiza em Caracas, competição onde está presente também uma grande quantidade de jovens luso-descendentes. Continuam abertas todas as inscrições para todos aqueles que desejem iniciar-se neste desporto. Os treinos decorrem de segunda a quinta-feira, entre as 16h00 e as 20h30.
Para Luiz Felipe Scolari, seleccionador português, as transferências de Hélder Postiga, do FC Porto para o Panathinaikos, e de Maniche, do Atl. Madrid para o Inter, são positivas, uma vez que os jogadores poderão ganhar ritmo para o Euro: "Acho interessante, porque quanto mais jogarem melhor estarão para uma possível convocatória para o Europeu. Agora, se vão ou não ser convocados só em Maio se saberá." O seleccionador português, Luiz Felipe Scolari, adiantou esta quarta-feira que já enumerou os adversários para a preparação do Euro-2008, mas não revelou quais as selecções que quer defrontar. "Primeiro será Itália. O segundo ainda não foi definido, existem uma série de detalhes que estão a ser estudados pela Federação. São detalhes técnicos e de organização dentro da FPF e provavelmente estão solucionados na semana que vem", disse Filipão. O treinador brasileiro referiu que há uma série de "jovens a subir de qualidade, alguns nos sub-21 outros nos seus clubes" e que o departamento técnico da selecção tem observado os jogadores "para saber se no futuro podem ser chamados". Quanto a Rodrigo Tiuí, avançado brasileiro ex-jogador do Fluminense e novo reforço do Sporting, Scolari diz que é "um bom jogador".
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Guimarães já é terceiro e ameaça Benfica
Vitória de Guimarães ascendeu segunda-feira ao terceiro lugar da Liga portuguesa de futebol, ao vencer no reduto do Vitória de Setúbal por 1-0, em encontro que encerrou a 16ª jornada da prova, e ameaça já o segundo posto da prova, na posse
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do Benfica. Um golo de Mrdakovic, aos 59 minutos, bastou para que a equipa sensação da prova saísse do Bonfim com os três pontos e ultrapassasse o Sporting na pauta classificativa, beneficiando do empate (1-1), domingo, dos "leões" no reduto da Académi-
ca de Coimbra. O Vitória de Setúbal, classificada como a outra equipa sensação da prova, falnhou assim o propósito do terceiro lugar, que também alcançava caso derrotasse os vimaranenses, que podem ascender ao segundo posto na próxima ronda, caso vençam na recepção ao Benfica, precisamente o segundo classificado. Depois de ter-se evidenciado domingo no seu regresso à Liga portuguesa - anotou o tento da vitória (2-1) do Belenenses sobre a Naval 1º de Maio -, o camaronês Meyong tornou-se hoje notícia pela negativa, já que terá actuado irregularmente. O avançado terá actuado oficialmente pelo seu terceiro clube esta época, o que vai contra os regulamentos internacionais, já que um jogador pode ser inscrito por época em três clubes diferentes, mas apenas pode actuar oficialmente em apenas dois.
Melhor marcador do campeonato em 2005/2006 (16 golos), Meyong, de regresso após uma aventura falhada em Espanha, entrou aos 55 minutos, para o lugar de Amaral, e facturou de grande penalidade, possibilitando a vitória à sua equipa. Mais do que o regresso em grande de Meyong, a primeira ronda da segunda volta ficou marcada por mais um passo de "gigante" do FC Porto rumo ao "tri", às suas custas e também aos empates dos "grandes" lisboetas, que somaram a segunda ronda consecutiva sem vencer. No Dragão, sábado, os "dragões" golearam o europeu Sporting de Braga por 4-0, com mais dois tentos do argentino Lisandro Lopez (já soma 13), um do seu compatriota Ernesto Farias, que se mostrou, com um golo e uma assistência, e outro de Raul Meireles. Com este triunfo, o FC Porto passou a contar mais 11 pontos do que o Benfica, "empata-
do" em casa pelo Leixões, e já 14 em relação ao Sporting, que se adiantou em Coimbra, aos 81 minutos, por Tonel, mas deixouse empatar, aos 94, altura em que o sérvio Pavlovic igualou. Os "encarnados" mantiveram o segundo lugar, enquanto os "leões" caíram para o quarto depois do triunfo de hoje do Guimarãem em Setúbal. Nos outros encontros da jornada, destaque para o triunfo do Paços de Ferreira sobre o Marítimo (3-1, sexta-feira), com novo "bis" do brasileiro Wesley, e para a vitória do Nacional no reduto do Estrela da Amadora, graças a um tento de Alonso, com a contribuição de Nelson. Por seu lado, o Boavista deu sequência ao triunfo por 2-0 sobre o Sporting com uma vitória por 3-1 sobre a "lanterna vermelha" União de Leiria, que esteve a vencer, mas voltou a não conseguir o primeiro triunfo e já segue a 10 pontos do 15º colocado. PUBLICIDADE
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Falta articulação entre consulados Délia Meneses
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a Venezuela existem duas dependências consulares, Caracas e Valência, das quais dependem seis consulados honorários. A falta de articulação e de comunicação entre os consulados gerais e as pequenas sedes existentes em diferentes estados no interior do país constitui actualmente um dos principais motivos de queixa dos utentes. Alberto Marques, quem reside na cidade de Mérida, iniciou há mais de um ano uma cruzada para poder obter a nacionalidade portuguesa, mas o processo está paralisado pela enorme dificuldade que implica mandar buscar a certidão de nascimento do seu pai, natural do Funchal. "Não temos família na ilha que possa ajudar nesta gestão e o consulado - o que lhe corresponde é a sede honorária situada em San Cristobal - não facilita o processo. Por enquanto estou sem avançar por este obstáculo", comenta Marques para quem um dos problemas que mais afecta aos portu-
gueses que vivem longe de Caracas e Valência é a falta de informação. "Em San Cristóbal o cônsul nunca está no consulado, o horário de trabalho é muito limitado (das 9h30 até 12h30) e os que vivem em Merida precisam até de sete horas para chegar a esta sede consular porque as vias de comunicação são muito más", lamenta Marques. "A queixa geral é que os portugueses radicados no interior do país, e são muitos, não estão a ser bem atendidos", comenta por seu turno Francisco de Abreu, outro luso-descendente que procura obter a nacionalidade e que teve que pagar a um agência de viagens para poder tramitar a certidão de nascimento do pai. O luso-descendente radicado em Maracaibo lamenta que o serviço não esteja à altura "das sedes consulares da União Europeia como Espanha, Itália ou França. É preciso dar mais autonomia aos consulados honorários pois praticamente não podem fazer nada, como ocorre na sede de Maracaibo, já que tudo se concentra nas sedes
Ferido gravemente em assalto à mão armada José Maria Nascimento josemarianascimento@hotmail.com
gerais o que atrasa todos os processos. E como nós dependemos do consulado de Valência, que fica a 600 Km…" Um facto que põe em evidência a ausência de contacto entre o consulado e os portugueses - comenta outro utente - é que no consulado honorário de San Cristobal só há três pessoas recenseadas (três eleitores) numa localidade onde vivem perto de 500 portugueses. Nas sedes gerais o movimento consular aumentou duma forma global em todos os sectores. Em 2006 eram atendidas por dia cerca de 200 pessoas no Consulado-Geral de Portugal em Caracas, número que aumentou no 2007 para perto de 400 utentes. "É verdade que as filas continuam mas não com a mesma incerteza de outros tempos", reconhece João Silva sobre o serviço consular em Caracas. "Cada um já sabe que o sacrifício da madrugada é para obter uma marcação consular, que pode demorar até três meses, consultar sobre os requisitos que precisa ou conhecer com precisão a data para voltar".
Depois de uma longa jornada no Mercado Mayor de Coche, Fernando Nunes Vieira, natural da Freguesia dos Canhas, ilha da Madeira, regressava a casa com o fruto do seu trabalho quando foi alvo de um assalto à mão armada.A família, que o esperava em casa, situada na zona de Petaquire, mais conhecida como a 'Ponta do Pargo venezuelana' devido às suas fazendas agrícolas, não escapou à acção dos delinquentes. Vários homens armados com armas de fogo e catanas tinham feito reféns os membros da sua família.Após uma longa discussão, Fernando Nunes foi violentamente agredido na cabeça com uma catana, sendo depois sequestrado e levado para as altas montanhas de Rio Arriba, onde acabou por ser abandonado com uma grande ferida na cabeça. Felizmente foi encontrado algumas horas mais tarde por uns agricultores da zona, que o levaram ao centro de saúde local para ser encaminhado para o Hospital de El Junquito, onde ficou internado dado a gravidade do seu estado de saúde. Um amigo de Fernando Nunes Vieira relatou que os sequestradores, ao saberem que vinha do Mercado de Coche, montaram uma emboscada para apoderar-se do dinheiro que trazia.Este caso, semelhante a tantos outros que vêm ocorrendo na região, já foi entregue às autoridades.Amigos e familiares esperam que este não acabe como os anteriores, ou seja, em 'água de bacalhau'. Vizinhos da zona de Petaquire reuniram-se para confortar a família e saber acerca do estado de saúde do amigo Fernando. "Não podemos continuar nesta angustia.Quase todos os dias uma pessoa que vem do Mercado, depois de um dia árduo de trabalho, é assaltada", lamentou um vizinho. Outro pediu mais uma vez a intervenção das autoridades policiais, nomeadamente através de "mais vigilância na estrada que liga Junquito a Petaquire e a Carayaca, já que assaltantes aterrorizaram os agricultores locais, e levando nosso pão de cada dia".Um agricultor relatou depois que Fernando foi sempre "um colaborador da zona" e várias vezes presidente das Festividades em Honra a nossa Senhora de Fátima dos Cedros."Uma boa pessoa e um bom homem", comentou com lagrimas nos olhos.
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