O jornal de comunidade luso-venezuelana - Caracas, 15 de Fevereiro a 03 de Março de 2010
DEPÓSITO LEGAL: 199901DF222 - PUBLICAÇÃO SEMANAL ANO 10 - N.º 347 | VENEZUELA: BS.F. 3,00 - PORTUGAL: EUROS 1,50
TEMPORALASSASSINO
Último balanço revela 42 mortos
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Especial Madeira 25 de Fevereiro a 03 de Março de 2010 A SEMANA Muito Bom
Para quem sente tudo o que diga respeito à Madeira, ou a qualquer outra parte de Portugal, é um tremendo conforto sentir a solidariedade e o apreço com que a Venezuela se manifestou, relativamente ao desastre natural na ilha portuguesa. E foi deveras significativa a emoção e a sinceridade com que o governo venezuelano e outras instituições da Venezuela se referiram à dor do povo madeirense, o que equivale a dizer uma grande parte da colónia portuguesa aqui residente.
Bom Pelo que nos foi dado ver, a resposta imediata de todas as instituições e autoridades diplomáticas, quer nos aspectos formais, quer na organização e coordenação das recolhas de ajudas, assistimos a um exemplar funcionamento das instituições. Um exemplo da eficiência e da entrega a uma causa que, de facto, tocou no coração de todos os portugueses ou luso-descendentes. Um exemplo para outras situações, também.
Mau Foi uma terrível angústia a que vivemos nos primeiros três dias da tragédia na Madeira. A falta de informação, as dificuldades de comunicação telefónica, o serviço fraco da RTP-Internacional no início da tragédia, tudo ajudou a agravar a ansiedade. Não é admissível que qualquer canal venezuelano, sem excepção, estivessem a noticiar mais do que o canal de “todos” os portugueses. Incompreensível.
Muito Mau É também nestas alturas que alguns aproveitam para fazerem ouvir as suas críticas aos trabalhos e ao desenvolvimento, muitas vezes infundadas. Há que destacar, também, que simplesmente há pessoas nascidas apenas para criticar e depois do mal estar feito. Curiosamente, quase sempre são aquelas que mais usufruem dos avanços, das construções, dos túneis etc. etc.. Muitas vezes podem ter razão, mas o momento não é o mais adequado. PUB
CORREIODAVENEZUELA
EDITORIAL Olhar em frente Já não sobram palavras para qualquer referência mais ao terrível temporal que assolou a Madeira e que tanta vítima fez, para além de deixar famílias desoladas. Dificilmente as imagens dantescas nos vão sair da memória, porque demasiado frescas. Mas é imperioso olhar para em frente, porque a vida é feita de perseverança e não de desânimo e de derrotismo. Como principal mola orientadora do futuro, temos de destacar a enormíssima onda de solidariedade que o mundo gerou em torno da pequenez da Madeira, o que diz bem da grandiosidade das almas generosas. Desde a nossa redacção, em Caracas, às mais mediáticas reacções em todo o mundo, é impressionante o poder do solidariedade. Cumpre-nos destacar aqui a parte da generosidade do governo Venezuelano e de todos os que vivem neste País.. Para já, o nosso semanário dedica parte substancial desta edição com reportagens e actualização da informação desde o local da tragédia, com o contributo da redacção do DIÁRIO de Notícias da Madeira, que aqui agradecemos. Depois, não podemos ignorar a catadupa de chamadas telefónicas e
a recepção de tantas mensagens de solidariedade e de apreensão, recebidas no nosso jornal. À parte esta natural ligação da Comunidade luso-venezuelana, regista-se o interesse empenhado e a dor não disfarçada da generalidade do povo venezuelano e seus representantes, um povo amigo que ainda há dez anos se viu enlutado por uma situação idêntica, com as cheias em Vargas. Claro que há também a lamentar alguns detalhes que, em circunstâncias como as que passámos, se tornam de facto significativas. É o caso do deficiente trabalho da RTP-Internacional nos primeiros dias da tragédia, fomentando o repúdio. Outro papel que temos a destacar foi o da Comunicação Social venezuelana, pela cobertura que deu e continua a dar ao desastre e que muito serviu para que milhares de portugueses na Venezuela pudessem estar um pouco mais tranquilos. Nesta altura, em que o desastre ainda está fresco, não podemos enveredar pela culpabilização deste ou daquele factor. Para já, preferimos relevar o elevado sentido de responsabilidade de todos os centros e instituições socias, desportivas, culturais e comercias, que demonstram estar unidos em torno a Madeira.
IMAGEN DE UMA TRAGÉDIA
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25deFevereiroa03deMarçode2010
EspecialMadeira
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Bandeira da solidariedade içada
Comunidadeajuda Madeira ANDREA GUILARTE CARLA SALCEDO SERGIO FERREIRA Uma tragédia inesperada assolou a ilha da Madeira no passado dia 20 de Fevereiro. Alguns madeirenses residentes no país viram com horror, através dos ecrãs de televisão, que uma desgraça semelhante à de Vargas estava a acontecer na sua terra natal. Zonas como a Ribeira Brava, Funchal, Curral das Freiras e Calheta foram afectadas pelo mau tempo, que deixou um grande número de mortos e desalojados. Logo de seguida a comunidade lusovenezuelana começou a mobilizar-se. Rezas, cadeias de mensagens e algumas reuniões, de onde nasceram diferentes ideias, começaram a surgir com a finalidade de prestar ajuda às vítimas da catástrofe.
Acomunidadelusaresidente no país já se organizou e prepara acções para ajudar as vítimas Desde domingo, dia 21, em diferentes zonas da Venezuela, realizaram-se missas em honra dos defuntos e sobreviventes da desgraça, para além de dar apoio moral e emocional aqueles que não tinham ainda podido localizar os seus familiares na Madeira. As bandeiras de Portugal foram içadas a meia haste nas instalações da embaixada, consulados e alguns clubes. As instituições e associações lusas também içaram a bandeira da solidariedade, activando alguns planos de contingência com a finalidade de dar uma mão amiga aos mais afectados.
Consulado Geral de Caracas Na terça-feira, dia 23, levou-se a cabo a primeira reunião de apoio na sede do consulado geral de Portugal em Caracas, que contou com a presença de diferentes representantes das principais associações e instituições lusas. Ao finalizar a reunião, foi difundido um comunicado no qual se informa sobre a abertura de uma conta bancária na Venezuela, para fazer donativos. “Foi uma reunião produtiva e positiva, onde todos unimos a nossa boa vontade para ajudar as vítimas. Devemos canalizar o esforço das diversas entidades que participaram nesta reunião para que os donativos cheguem ao seu destino, para além de mostrar solidariedade com as vítimas desta tragédia que nos tocou tanto, sobretudo porque os venezuelanos já viveram uma tragédia deste género há 10 anos, que também foi muito sentida pela comunidade por-
Missão Católica Portuguesa O padre Alexandre Mendonça, em nome da Missão Católica Portuguesa, convida à Sagrada Escritura no próximo domingo, dia 28, uma missa que será celebrada em nome das vítimas da tragédia da Madeira, e em favor da paz e da protecção do seu povo. A jornada inicia-se na Capela do Centro Marítimo de Turumo, pelas oito e meia da man-
hã; a celebração seguinte é na capela do Centro Português, pelas onze e meia, e no final, pelas cinco e meia, uma missa na sede da Missão em San Bernardino. Nestas missas far-se-á uma colecta para ajudar as vítimas e colaborar com a reconstrução da zona. Esta ajuda económica vai canalizar-se através da Caritas Venezuelana.
Conselheiros das Comunidades Portuguesas Bandeira a meia haste como símbolo de luto
tuguesa. Temos visto muitas mostras de solidariedade dos venezuelanos e agradecemos isso”, sublinhou a cônsul Isabel Brilhante. Nos próximos dias será levada a cabo nova reunião.
Centro Social Madeirense de San Diego A junta directiva do Centro Social Madeirense de Valencia decretou luto na sua sede, no domingo, dia 21 de Fevereiro, data em que, pela tarde, se celebrou uma missa pelo eterno descanso das vítimas mortais e pelas famílias afectadas pelas enxurradas. Desde o
O mau tempo deixou um grande número de mortos e desalojados na ilha da Madeira
dia 23, alguns espaços do clube destinam-se a prestar informações a sócios e visitantes, sobre as diferentes contas bancárias que o governo de Portugal e a sua embaixada na Venezuela abriu para colaboração na reconstrução da Madeira.
O conselheiro das comunidades portuguesas na Venezuela, Luís Jorge, assegurou: «Estamos a organizar todas as actividades em conjunto com as comunidades». Acrescentou que a Embaixada de Portugal e o Consulado de Caracas tem trabalho de forma a criar as directrizes e planos de ajuda para as vítimas do temporal na Madeira. «Tudo está em processo. Esta semana os membros da comunidade lusa na Venezuela darão a conhecer o programa de angariação de fundos para os afectados. Como conselheiro a sua mensagem é de solidariedade com os familiares das vítimas. Estamos muito atentos e envolvidos com a reconstrução da ilha» assegurou o conselheiro. Por outro lado, outra das conselhei-
Conselheiros estudam como ajudar
ras Estela Pereira disse que, «Embora viva na Venezuela adoro a ilha da Madeira, desejo que se recupere rápido, e que o turismo volte a activar-se e continue a ser a «Pérola do Atlântico».
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Especial Madeira 25 de Fevereiro a 03 de Março de 2010
Barquisimento prepara iniciativas
Preparam iniciativas para fundos nos clubes
O Cônsul Honorário de Portugal em Barquisimento, Pedro Ferreira, comunicou-se com o Correio da Venezuela para expressar as suas palavras de apoio a todos os habitantes da ilha da Madeira, assim como também á comunidade madeirense na Venezuela que de uma ou doutra maneira viu-se afectada. «Quero expressar aos portugueses e compatriotas madeirenses o meu sentimento de pêsames, de dor e de grande preocupação com este desastre tão grande para tantas famílias. Estamos muito tristes pelo que aconteceu na ilha e desde já estamos a procurar iniciativas que nos permitam reunir fundos que serão enviados à Madeira. Estive a falar com as direcções Luso Larense e Atlântico Madeira, para que juntos possamos reunir quantias de dinheiro.» Por seu lado, a correspondente do Correio da Venezuela em Barquisimento, Maria Trinidad Xavier de Macedo, comunicou que a Academia da Espetada da respectiva cidade realizará o Grande Encontro da Amizade no domingo, dia 27 de Fevereiro de 2010, em conjunto com as Academias de Caracas e Maracay, No evento realizarão um chamamento à comunidade para juntar esforços a favor da Madeira, além de explicar possíveis acções a tomar.
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‘Grão de areia’ da Academia da Espetada Na passada segunda-feira, pelas sete e meia da tarde, o restaurante Avanti Ristorante Pizzeria, em Las Mercedes, recebeu os membros da Academia da Espetada Caracas para celebrar a sua décima tertúlia. Como todas as suas reuniões mensais, esta também tinha um tema. Sílvia Henriques, presidente da junta directiva da associação, disse que “era um tema carnavalesco e para celebrar o mês do amor, mas tendo em conta os acontecimentos na Madeira no passado sábado, a Academia da Espetada Caracas fará um donativo do total do valor arrecadado na tertúlia.” Aquele valor foi depositado numa conta bancária para ajudar os afectados, “já que o governo regional português, em combinação com as autoridades venezuelanas, decidiram que em vez da comunidade portuguesa que vive na Venezuela entregasse géneros, os donativos fossem em dinheiro para a rápida reconstrução da ilha”, explicou.
Adiantou ainda que a associação, da mesma forma que outras organizações, manteve uma reunião com o Consulado de Portugal em Caracas para colaborar com o plano de ajuda que foi activado na Venezuela. “Uma maneira de trabalhar pelo povo afectado”, disse. “A Academia da Espetada é solidária perante os acontecimentos que possam suceder, tanto na ilha da Madeira como em qualquer área do território português”, disse a presidente, antes de dar
As Academias da Espetada irão pôr o seu grão de areia
Sociedade de Beneficência de Damas Portuguesas A presidente da Sociedade de Beneficência de Damas Portuguesas, Mary Monteiro, expressou as suas palavras de apoio e solidariedade com o povo madeirense, depois de assistir à reunião convocada, na passada terça-feira, no Consulado de Portugal em Caracas. Assegurou que a instituição realizará as tarefas correspondentes para convocar um almoço benéfico, no dìa 21 de março, as 13:30 h, a favor das vítimas da tempestade que fustigou o passado fim-de-semana ao «Jardim do Atlântico». Monteiro aproveitou a oportunidade para convidar a comunidade para o próximo almoço de beneficência, a realizar-se domingo 7 de Março, na
início à sessão. No fim da noite, mais de cinco mil bolívares fortes foram recolhidos no chamado ‘saquinho verde’, que se encheu com os contributos dos participantes no evento. Segundo Henriques, mais de 14 mil bolívares fortes tinham sido recolhidos antes, com as entradas para a tertúlia. “Dinheiro que será depositado para ajudar os afectados pelo temporal na ilha da Madeira”, reiterou.
Damas Portuguesas fará almoço benéfico
sede da instituição localizada em Macaracuay, onde serão anunciadas as acções a seguir para colaborar com a causa madeirense.
Nova Esparta também colabora O correspondente do Correio da Venezuela na ilha Margarita, Ricardo Santos, informou que no Estado de Nova Esparta planeiam-se diferentes actividades com a finalidade de reunir fundos para a ilha da Madeira. O Cônsul Honorário de Portugal em Margarita, Juan Nolasco, irá propor arrecadar fundos no jantar do bacalhau a realizar no domingo, ou pelo menos solicitar ajuda aos que assistam ao respectivo evento no Centro Luso de Margarita. De igual modo encontram-se em conversações para planificar actividades ou eventos para reunir uma quantidade.
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Queres ajudar a Madeira? Deposite na conta Venezuelana do Banco Plaza intitulada « Solidariedade Madeira» 0138-0001-49-001005278-0 Faça uma transferência Internacional ao « Fundo de apoio à Reconstrução /Madeira», no banco Banif, identificada com o IBAN: PT50003800011986711677151
Precisa de Informação? Todos os interessados em obter informações sobre a situação de algum familiar na Madeira e que não tenha sido ainda localizado, devem contactar o Centro das Comunidades Madeirenses através do número (+351) 291203805. Para esclarecimientos adicionais contactar ao Consulado Geral de Portugal em Caracas mail@caracas.dgaccp.pt / mail@valencia.dgaccp.pt e/ou 0424-109.53.41
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25deFevereiroa03deMarçode2010
Caracas e Valência: Academia do Bacalhau anuncia planos O presidente da Academia do Bacalhau, José L. Ferreira, informou que a associação já realizou uma contribuição destinada à ajuda humanitária para os flagelados da Madeira. «O primeiro de muitos que virão, seguir-se-ão muitas iniciativas para recolher fundos», disse. Por outro lado, informou que já contactou empresas importadoras de Vinho do Porto para realizar uma grande prova de vinhos nos próximos dias. O local ainda não foi dado a conhecer mas aspira para que seja numas instalações grandes o suficiente para que participe
um grande número de empresas e se consigam recolher mais fundos. O presidente da Academia do Bacalhau de Valência, Nelson Coelho, indicou que os sócios da instituição sentemse «muito transtornados e lamentam o problema e o desastre que vive a ilha da Madeira. Todos temos familiares que se viram afectados. Actualmente não temos podido marcar nenhum jantar em benefício da Madeira devido ao falecimento do nosso querido Juan Pinto Farias, contudo, estamos a estudar datas para pôr o nosso grão de areia».
Feceporven y Guayana dão a sua contribuição O presidente da Federação de Centros Portugueses da Venezuela, Victor Vieira, informou que a direcção da federação encontra-se em processo de contactar os clubes e centros portugueses do país com a finalidade de originar diversas iniciativas que permitam arrecadar fundos destinados a Madeira. «Estamos a transmitir a informação do consulado e o número da conta às PUB
direcções de cada um dos clubes. No dia 14 de Março realizaremos a reunião anual da Federação e um dos pontos a tratar será a angariação de fundos». De igual forma, o responsável da FECEPORVEN ressaltou que o Centro Português de Guayana encarregou-se da realização de cartazes e material de apoio para desenvolver uma campanha publicitária entre os sócios.
EspecialMadeira
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AltosMirandinos:representantesavaliampassosaseguir O Cônsul Honorário de Portugal nos Altos Mirandinos, Pedro Gonçalves, expressou a sua tristeza pela quantidade de mortes e afectados com origem no temporal sofrido na ilha da Madeira. Enviou os seus mais sinceros pêsames aos familiares das vítimas, assim como também o seu sentimento de apoio: «Estamos dispostos a ajudar e preparados para apoiar e coordenar qualquer actividade benéfica em apoio às vítimas da catástrofe, seja a nível regional ou a nível nacional. Temos realizado panfletos com o número da conta do Banco Plaza no qual podem depositar. De igual modo temos colocado anúncios em locais comerciais e nas próximas horas teremos uma reunião para avaliar iniciativas que nos permita reunir fundos. Gonçalves acrescentou que está muito agradecido à comunidade dos Altos Mirandinos, pelas constantes chamadas de apoio e força. «Uma comunidade que está sempre disposta a contribuir e que sempre asseguram ser parte de Portugal, já que os portugueses são parte da comunidade venezuelana», assegurou. Por seu lado o representante da Igreja e encarregado do projecto do Santuário da Virgem de Fátima, José Antonio
Nos Altos Mirandinos prepara-se uma missa
Concepción, uniu-se à dor que está a sofrer o povo madeirense, tanto no físico como no espiritual e enviou uma mensagem de esperança «No meio das piores calamidades Deus sempre está presente. Um exemplo é a imagem de Nossa Senhora da Conceição que sobreviveu apesar da capela ser destruída». O padre Concepción explicou que a Associação Amigos da Virgem de Fátima difundiu através do seu grupo do Facebook o comunicado do Consulado e o número da conta na qual se pode depositar. «Estamos a organizar uma missa, não temos dia exacto, mas assistirá o bispo de Los Teques Freddy Fuenmayor. O dinheiro arrecadado na eucaristia será destinado à Madeira».
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Especial Madeira 25 de Fevereiro a 03 de Março de 2010
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COMUNICADO Profundamente consternada com a tragédia causada pelo temporal do último fim de semana na ilha da Madeira, a comunidade Portuguesa e luso-venezuelana reagiu de imediato expressando a sua solidaridade perante o sucedido. Tendo em vista canalizar todas as manifestações de boa vontade e colaborar no esforço da ajuda a todos os afectados por esta catástrofe bem como na reconstruçao das Infra estruturas danificadas, foi decidido abrir uma conta para recolha de donativos no Banco Plaza intitulada “Solidaridad Madeira” # 0138-0001-49-001005278-0 Com a abertura da conta em apreço apela-se a todos, à semelhança de outras ocasiões em que deram mostras de extrema generosidade e inexcedível sentido de entreajuda, a colaborar nesta iniciativa e a contribuir para ajudar as vítimas do temporal na Madeira e assim mitigar os efeitos devastadores de tão terrivel tragédia que toccou a tantos familiares y amigos. Para esclarecimientos adicionais contactar mail@caracas.dgaccp.pt
mail@valencia.dgaccp.pt e/ou 0424-109.53.41 Todos os interessados em obter informações sobre a situação de algum familiar na Madeira e que não tenha sido ainda localizado, devem contactar o Centro das Comunidades Madeirenses através do número (+351) 291203805. Caracas, 23 de fevereiro de 2010. Embaixada de Portugal em Caracas Consulado Geral de Portugal em Caracas e Consulado Geral de Portugal em Valencia Instituições representativas da comunidade portuguesa
COMUNICADO DA CÂMARA MUNICIPAL DA RIBEIRA BRAVA A Câmara Municipal da Ribeira Brava - MADEIRA, através do seu Gabinete de Apoio aos desalojados, desta lamentável situação, lançou no seu site, a lista de desalojados deste concelho, e os locais onde se encontram com os respectivos números de telefones, para que os seus familiares no caso de o entenderem poderem entrar em contacto com os mesmos.
SITE: www.cm-ribeirabrava.pt INFORMAÇÕES: apoiomunicipe@cm-ribeirabrava.pt , herbertosilva@cm-ribeirabrava.pt
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Especial Madeira
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Governo venezuelano oferece ajuda à Madeira ANDREA GUILARTE aguilarte.correio@gmail.com O Governo venezuelano, através do Ministério de Relações Exteriores, emitiu um comunicado através do qual lamentou os acontecimentos na ilha da Madeira. No texto assinado pela cônsul adjunta da Venezuela no Funchal, Mariela de Gouveia, o Governo ofereceu o seu apoio para trabalhar no restabelecimento do normal funcionamento da Região. Na segunda-feira, o Governo de Chávez emitia outro comunicado onde se lia que “perante a situação de emergência, a Venezuela prepara o apoio imediato e assistência, pondo à disposição do governo português a ajuda necessária para recuperar o quanto antes o normal funcionamento da região autónoma”.
O cantor poderia participar em um grande concerto
CarlosKantodisposto acantarpelaMadeira ANDREA GUILARTE aguilarte.correio@gmail.com
O Governo Venezuelano fez-se solidário com os afectados da Madeira
O cantor luso, Carlos Kanto, poderia participar em um grande concerto que se levaria a cabo no Estado Miranda, se outros artistas responderem à convocatória para um evento em benefício das vítimas do temporal na ilha da Madeira. O cônsul honorário de Portugal nos Altos Mirandinos, Pedro Gonçalves, informou sobre os planos de uma actividade especial para
recolher fundos que sejam investidos na ajuda aos prejudicados. «Estamos prontos a colaborar. Conversaremos para fazer em conjunto algo significativo», disse. Até ao momento planeiam a realização de uma grande missa e de peditórios no Estado Miranda, no entanto não se acertaram datas para realizar tais actividades. «Carlos Kanto participaria nos eventos se outros artistas lusos respondem à convocatória», indicou. PUB
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Especial Madeira 25 de Fevereiro a 03 de Março de 2010
Lista de Vítimas
ANTÃO MENDES
AGOSTINHO RODRIGUES
CORREIODAVENEZUELA
AGOSTINHO MARTINS
BENVINDA FARIA LEITÃO
n Cerca de 55
n Reformado,
n Sítio da
n Santo
anos, Santo
Ribeira de
Achada de
António
António
Machico
Baixo, Gaula
(Funchal)
(Funchal)
(Machico).
(Santa Cruz)
Morreu quando
EMANUEL SILVA DN-Madeira
Até à última quarta-feira, tinham dado entrada no necrotério sob a pista do aeroporto, - e realizadas as respectivas autópsias - 42 cadáveres. A lista que apresentamos não é oficial nem definitiva e pode conter alguns nomes de desaparecidos.
FRANCISCOLEONARDOPINTO
procedia à limpeza de um ribeiro.
CECÍLIA FÁTIMA CÂMARA
CARLOS GABRIEL SÁ GÓIS
ELIAS FERNANDES LEITÃO
FRANCISCA
n Santo
n Tendeira,
n Dirigente da
n 3 anos,
António
Caniço (Santa
Associação
Santo António
(Funchal)
Cruz)
dos
(Funchal)
Deficientes das Forças Armadas, Santo António (Funchal)
FRANCISCOFERNANDESBELO
GONÇALO N. F. FERNANDES
JOSÉ SABINO F. TEIXEIRA
JOSÉ DINIS FIGUEIRA CARMO
n Ex-
n Bombeiro,
n Trabalhador
n Taxista,
n Santo
funcionário do
Monte
da ‘Horários
Camacha
António
Madeira
(Funchal)
do Funchal’,
(Santa Cruz)
(Funchal)
Palácio, Vasco
Santo António
Gil de Baixo,
(Funchal)
Santo António (Funchal)
JOÃO DE FREITAS
MARIA ROSA J. RODRIGUES
MARIA TERESA G. S. SANTANA
MANUEL ABREU FREITAS
MANUEL DE JESUS NUNES
n Reformado,
n Reformada,
n Santo
n Taxista,
n Monte
Santa Luzia,
Camacha
António
Santa Luzia
(Funchal)
(Funchal)
(Santa Cruz)
(Funchal)
(Funchal)
RUI NORBERTO N. CASTRO
SARA BEATRIZ NÓBREGA
TERESA MARIA R. AFONSO
ANA GRAÇA O. HENRIQUES
GREGÓRIO CANHAS
n Estudante,
n Estudante,
n Funcionária
n Rua
n 32 anos,
5 anos, Caniço
Santo António
pública,
Eleutério de
Sítio da
(Santa Cruz)
(Funchal)
Corujeira,
Aguiar, Santo
Capela, Curral
Monte
António
das Freiras,
(Funchal)
(Funchal)
dirigente do clube local (Câmara de Lobos) -desaparecido
JOSÉ ANTÓNIO FREITAS
MARIA LÍDIA GOUVEIA JESUS
n Cerca de 50 anos,
n 40 anos, Estrada da
mecânico da
Corrida,
‘Horários do
Jardim Serra
Funchal’, Poço
(C.ª Lobos)
Morgado,
n Maria Conceição Macedo - 82 anos, reformada, Pomar da Rocha (Ribeira Brava) n Anacleta Macedo Silva Cerca de 40 anos, cozinheira dos Bombeiros Voluntários da Ribeira Brava, Pomar da Rocha (Ribeira Brava)
Santo António (Funchal)
ROBERTO M H CONCEIÇÃO
n Maria de Jesus Silva Desabamento da casa no sítio do Pinheiro, freguesia do Arco da Calheta (Calheta)
BENVINDA D. J. FIGUEIRA
n Rua
n Seara
Eleutério de
Velha, Curral
Aguiar, Santo
das Freiras
António
(Câmara de
(Funchal)
Lobos)
n Maria Fátima M. Abreu Pita Funcionária do 'Sá', 42 anos, Pomar da Rocha (Ribeira Brava) n Augusta Silva - Desabamento da casa no sítio do Pinheiro, freguesia do Arco da Calheta (Calheta)
n Manuel Macedo Abreu Cerca de 40 anos, agricultor, Pomar da Rocha (Ribeira Brava) n Carla Macedo Pita - 15 anos, estudante, Pomar da Rocha (Ribeira Brava) n Ezequiel Abreu - 8 anos, estudante, Pomar da Rocha (Ribeira Brava) n Joel - Morreu numa viatura encontrada anteontem na Estrada Luso-brasileira, Santa Luzia (Funchal) n José Francisco Capêlo Funcionário da 'Estradas da Madeira'. Morreu na desobstrução da ligação ao Paul da Serra (Calheta)
n João Manuel - 47 anos, morador no Lombo dos Aguiares, na casa onde residia, Santo António (Funchal) n Marcelino Macedo Pita - 11 anos, estudante, Pomar da Rocha (Ribeira Brava) n Rosa - Estrada Lusobrasileira, Santa Luzia (Funchal) n Octávio Nuno V. Teles - 28 anos, Levada do Pico do Cardo de Dentro, Santo António (Funchal) n Pamela Gaines - Cidadã britânica, turista, de cerca de 50 anos
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25 de Fevereiro a 03 de Março de 2010
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O mundo reage perante a tragédia na Madeira ANDREA GUILARTE aguilarte.correio@gmail.com
Papa benze as vítimas
Na terçafeira o Papa Benedicto XVI benzeu as vítimas, as suas famílias, assim como os socorristas que trabalham nas tarefas de resgate após o temporal, que no sábado devastou a ilha portuguesa da Madeira. O sumo pontífice enviou um telegrama no qual transmitiu: «Todo o seu afecto à comunidade local e encomenda as vítimas à misericórdia de Deus, enquanto pede consolo e apoio para os familiares, os feridos e para todos aqueles que perderam os seus bens».
Activam Fundo de Solidariedade Europeu Como tem sucedido noutras ocasiões, Portugal espera que a União Europeia envie uma ajuda financeira de pelo menos 75 milhões de euros provenientes do Fundo de Solidariedade desta organização, para começar a construção das estruturas afectadas. O Fundo de Solidariedade Europeu foi criado à oito anos e dispõe de um orçamento anual
de 2.000 milhões de euros. A quantidade de 75 milhões destina-se a casos de catástrofe natural regional de excepção, categoria em que encaixam as tempestades da Madeira. A petição formal de ajuda de Portugal à União Europeia está actualmente em preparação, é apressado falar de quantias exactas pois o cálculo dos danos leva o seu tempo.
Estende-se a Consternação O presidente de Cabo Verde, Pedro Pires, enviou segunda-feira uma nota de condolência ao seu similar português Aníbal Cavaco Silva. Pires assinalou que seguiu com «apreensão e consternação as notícias sobre as trágicas consequências das intensas chuvas que fustigaram a ilha da Madeira nos últimos dias, particularmente
a perda de vidas humanas e a (grande quantidade) de prejuízos materiais nos deslizamentos e inundações ocorridas».
Autoridades Espanholas oferecem ajuda Desde Espanha, o Rei Juan Carlos e o presidente do governo José Luís Rodríguez Zapatero ofereceram a ajuda que seja necessária para responder aos flagelados na ilha da Madeira. O Rei falou ao telefone com o presidente português Aníbal Cavaco Silva, para expressar-lhe as suas condolências pelas vítimas das inundações registadas no arquipélago e oferecer-lhe a ajuda de Espanha para ajudar os prejudicados por estas chuvas torrenciais. Rodríguez Zapatero ofereceu ajuda ao primeiro ministro português José Sócrates, para tentar suavizar os efeitos do temporal.
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Parlamentarios expresaron solidaridad ANDREA GUILARTE aguilarte.correio@gmail.com
Al cierre de esta edición, el Grupo Parlamentario Amistad Venezuela-Portugal presentó ante la Asamblea Nacional un pronunciamiento en solidaridad con el gobierno portugués. La primera diputada en intervenir fue Desirée Santos Amaral, quien manifestó su preocupación por la dura realidad que enfrenta la isla. “Hemos traído este pronunciamiento porque sé que la solidaridad de los venezolanos con el mundo es indudable, sobretodo con los portugueses”, acotó. La diputada leyó el pronunciamiento que será entregado al Embajador de Portugal en Venezuela y a las organizaciones sociales que representan en el país a las comunidades luso-venezolanas. PUB
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Especial Madeira 25 de Fevereiro a 03 de Março de 2010
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Autarcas e militares mostraram as operações no terreno
CavacoSilvatambém molhou os pés JORGE FREITAS SOUSA DN-Madeira Alguém disse: ‘Senhor Presidente, olhe que pode molhar os sapatos’. A resposta de Cavaco Silva foi pronta: “Sapatos há muitos, Madeira há só uma”. A frase, dita no meio da chuva e da lama, na Serra de Água, simbolizou o espírito de uma visita de poucas horas que terá significado muito mais do que a última vez em que Cavaco Silva esteve na Madeira, durante uma semana. Ontem, o Presidente da República veio trazer a solidariedade do País a uma Região abalada por uma tragédia sem precedentes próximos mas, sobretudo, verificar, no local, a dimensão da destruição. Chegou com um atraso de quase uma hora, vindo da inauguração do centro nacional de vídeo-conferência da PSP, onde já tinha entrado em contacto com o comando regional e praticamente dispensou o protocolo no aeroporto. A comitiva rumou de imediato para o Funchal. O primeiro contacto de Cavaco Silva com o cenário de destruição da Madeira foi no Campo da Barca, onde a bomba de gasolina desapareceu. A primeira paragem foi na Avenida do Mar, junto à Praça da Autonomia, ou do que resta dela. Miguel Albuquerque resumiu o que tem sido o trabalho de retirada de pedra e areia das ribeiras e as operações de limpeza. Uma tarefa que mereceu rasgados elogios do PR. Ao contrário de outras situações oficiais, em que foi sempre comedido nas intervenções e nos contactos com a população, desta vez procurou saber tudo. Quantas escavadoras estavam a funcionar - o secretário regional Santos Costa disse que eram 164 - e como se tinha processado a ajuda às vítimas. Albuquerque resumiu o drama dos últimos dias, numa cidade que começa, aos poucos, a recuperar alguma normalidade. Ao lado, Alberto João Jardim ia acrescentando pormenores sobre a coordenação entre serviços, sobretudo entre a Protecção Civil, as autarquias, o Governo e as Forças Armadas.
“Senhor Presidente ajude-nos” Com a chuva a apertar, a caravana
de ‘jipes’ seguiu para um dos concelhos mais afectados: a Ribeira Brava. Sobre a vila, um helicóptero Lynx, da fragata Côrte-Real, ajudava nas operações de busca feitas por quatro botes de fuzileiros , mas não foi esse aparato que atraiu o PR. A subida para a Serra de Água levou-o à zona da Meia Légua, onde a estrada está obstruída e o cenário de devastação conseguiu impressionar até alguns
PR visitou locais mais afectados e os desalojados que estão do RG3. Elogiou a coordenação da ajuda e destacou a importância da sobrevivência da hotelaria militares de alta patente, com tarimba de veteranos de outras guerras. De regresso à vila, os primeiros abraços a vítimas da enxurrada. Como sempre, as mulheres são mais expansivas e foram duas irmãs que se dirigiram a Cavaco Silva. “Ajudenos”, foi o que se ouviu durante a breve paragem. Pelo meio, algum tempo para falar com um conterrâneo que já estava à espera. O Bispo do Funchal, António Cavaco Carrilho, algarvio como o PR, falou do trabalho da Igreja Católica, sobretudo da Cáritas Diocesana no apoio aos desalojados e aos familiares dos que morreram. Jardim também entrou na conversa e, depois de prometer casas para os que ficaram desalojados, pediu ao Bispo para tentar arranjar a mobília e os electrodmésticos. A meio de uma rua da Ribeira Brava, ficou o acordo entre o Governo Regional e a Diocese.
Jardim ‘chama’ turistas Com Cavaco Silva a ver a destruição de pontes e casas, o presidente do Governo Regional teve tempo para dar uma pequena entrevista a uma estação de televisão da Galiza. Falou em português, que os galegos até preferem ao castelhano e aproveitou para tentar atrair turistas. A Madeira, disse, está como uma casa “em que caiu o tecto, mas que continua de pé”. É preciso reconstruir
Cavaco Silva veio trazer a solidaridade do Paìs a Região de Madeira
Hotelaria sobreviveu No final de uma reunião, na Quinta Vigia, com o Governo Regional e as diversas entidades envolvidas nas operações de socorro, o Presidente da República deixou uma mensagem aos madeirenses que deram um “uma grande lição” de coragem ao País. A coordenação das operações também foi elogiada. Cavaco Silva aproveitou para referir um facto importante para a economia madeirense: a hotelaria sobreviveu à catástrofe, o que permite manter a principal actividade da Região. “Devemos ter a inteligência para aproveitar todos os apoios”, aconselhou, no fim de uma pequena conferência de imprensa que antecedeu o regresso a Lisboa.
mas, prometeu, “isso vai ser feito já”. Numa mensagem que se deve estender a outros países, lembrou que a melhor ajuda que podem dar é “vir cá” em férias. “Podem ver alguma coisa ainda fora do lugar e um pouco de lama”, reconheceu, mas a Madeira “continua bonita”. De regresso ao Funchal, duas paragens distintas. A primeira, para um ‘briefing’ pormenorizado no Comando Operacional da Madeira, que tem coordenado a acção das Forças Armadas nos últimos dias. O_major-general Rosas Leitão, comandante da Zona Militar e os oficiais responsáveis pelas várias operações de apoio logístico, técnico e humanitário, resumiram as suas actividades. Reconhecimento, evacuações e transportes aéreos, remoção de lixos e entulhos, abasteci-
mento de água e comida, alojamentos, operações de busca em terra e apoio sanitário, foram algumas das formas de colaboração com a Protecção Civil. Um grupo de militares de Engenharia tem feito vistorias às diversas pontes afectadas pelos temporais. O comandante da Zona Militar justificou a boa resposta dada pelas várias unidades, “no meio de uma grande desgraça”, ao treino conjunto que tem sido realizado. Logo a seguir, no Regimento de Guarnição 3, Cavaco contactou com uma das vertentes mais solidárias das Forças Armadas. Com a ajuda de diversas organizações humanitárias, como a Cruz Vermelha e a Cáritas, a unidade militar acolhe mais de uma centena de desalojados e procura dar-lhes um conforto mínimo.
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Comunidades
Natureza rasga o seu trilho entre a construção
RICARDO DUARTE FREITAS DN-Madeira Visto do ar torna-se evidente que as alterações mais ousadas da orografia natural dos vales e das ribeiras dão maus frutos. Num voo de vinte minutos entre o litoral, baixa da cidade e subida até à cota 300 do anfiteatro do Funchal, sobressai o rasto de destruição que varreu tudo o que ladeia as ribeiras de São João, de Santa Luzia e de João Gomes. Entre a construção que afunilou os grandes escoadouros da cidade e a implantação de infra-estruturas em áreas instáveis, a natureza foi cavando o seu caminho semeando o caos à custa de perdas humanas e materiais. O pequeno ribeiro que ladeia as oficinas da Penteada, em São Roque, chegou a ser notícia nestas páginas não tem dois anos, quando alguém entendeu transformar uma vereda num caminho particular ‘comendo’ metade do curso de água. Eis que o ribeiro transbordou e a força das águas com pedras e lama sacudiu literalmente a frota da PSP, danificando mais de 20 veículos só no exterior. O afunilamento das ribeiras ganha uma dimensão aterradora junto ao varadouro de São Lázaro e à sede do Clube Naval do Funchal. O entulho da Ribeira de São João rebentou na
Um voo de 20 minutos é suficienteparaperceber que a calamidade eclodiu nas ribeiras e nos vales onde o Homem mais se serviu da natureza
‘gargantilha’ ali instalada, com a construção da plataforma da rotunda sobre aquele que é um dos três cursos de água com maior caudal do Funchal. A torrente de lama não tardou em lavrar o seu curso, descendo pelo túnel da Rua Calouste Gulbenkian, sob o edifício da Escola Profissional Cristóvão Colombo, e fazendo foz em pleno varadouro de São Lázaro, base do Clube Naval do Funchal. As embarcações e equipamentos foram empurrados para o mar, onde um navio dragava o entulho, desassoreando a boca da marina. No ‘teatro’ das operações ao longo das três ribeiras, a urgência de resposta à calamidade que já custou vidas humanas justificava o prejuízo lançado ao mar. Entre a Praça da Autonomia e o cais da cidade contámos três aterros provisórios, a que se juntam ao do parque da Shell, na Praia Formosa. A Avenida do Mar era um pântano de lama.
O aparelho estava impossibilitado de abastecer devido aos danos no heliporto
Um voo è suficiente para perceber a calamidades das chuvas
Na Estrada Monumental, um vaivém de pesados. Vista de lá de cima, a zona histórica da cidade é feita de labirintos em tom castanho. A Rua de Santa Maria é das mais atingidas. Algumas pontes sobre as ribeiras de João Gomes e de Santa Luzia estão parcialmente destruídas. Voando para montante, o cenário não era animador. Na Fundoa, parte das novas instalações da padaria Socipamo foram destruídas por uma derrocada. Acima da rotunda, a ribeira transbordou lançando pedras sobre a
estrada e várias infra-estruturas industriais. Sobre dois edifícios do parque de máquinas industriais, instalados sob uma encosta escavada, estão a cair terras. O DIÁRIO pretendia prosseguir o voo até às zonas altas do Funchal, Curral das Freiras e Ribeira Brava, mas ontem, também o helicóptero operava com limitações. O aparelho estava impossibilitado de abastecer devido aos danos no heliporto e as reservas de combustível tinham de ser geridas com rigor. PUBLICIDADE
12 Pão Nosso de cada dia
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Umatradiçãoqueseconverteunum“delicioso”negócio
Sonhoscomsaboracafé
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Há muitos anos, um jovem italiano quis deixar para trás os rigores da II Guerra Mundial onde tinha lutado e decidiu procurar um novo horizonte. Subiu a bordo de um navio que o levou de Nápoles, em Itália, até o porto de La Guaira, na chamada ‘terra de graça’. Com essa mesma esperança, o seu neto Pedro La Marca empreendeu outra viagem em 2001 e ainda que não tivesse de cruzar o oceano nem passar dias a navegar até chegar a outro país, a sua viagem também implicou bastantes riscos. A viagem foi no mar dos negócios, pois aos 21
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Aos 21 anos, Pedro La Marca empreendeu o desafio de abrir um franchisingnaáreada alimentação anos abriu uma loja no centro comercial Boleita Center, um franchising de uma reconhecida marca de sanduíches. “Junto com dois sócios, empreendemos um árduo caminho e enfrentamos muitos obstáculos, mas sempre com muito optimismo”. Nessa altura experimentou “a primeira vez” em muitos aspectos. “Foi a minha entrada neste ramo, a primeira experiência num negócio de alimentos e bebidas, o primei-
ro grande passo… Sem dúvida que era uma caminhada costa acima, mas o desejo de fazer bem as coisas e ter êxito foi mais forte”, afirmou La Marca. Pelo caminho, os sócios decidiram seguir outra rota e ele assumiu o leme, converteu o local na marca independente Manhattan Café, expandiu a sua gama de produtos, assim como de pães, doces, pratos quentes, e criou uma ampla variedade de café. “Nisto foi fundamental não só o bom serviço e a atenção ao cliente, mas também os equipamentos de primeira, como a máquina Rancilio, que funcionou na perfeição e ininterruptamente durante os 365 dias do ano durante nove anos”, disse, um testemunho
Manhattan Café é a grande meta alcançada do jovem empresário
fiel do progresso da empresa. “Ao terminar cada jornada fazemos a limpeza e a manutenção adequadas, e a cada três ou quatro meses é revista por um especialista e esteve sempre em perfeitas condições”, explicou La Marca. Para ele, o trabalho permitiu-lhe comprovar que “nem só de pão vive o homem”, como reza o ditado, também vive de café, e por isso está muito orgulhoso “dos 20 tipos de café: frios, quentes, com licor, creme, leite, e do resto de variantes tão diferentes como os gostos e exigências dos clientes”. Nas suas 28 mesas já sentou muita gente famosa, artistas consagrados ou profissionais emergentes, mas ele agradece a presença de todo
o comensal, pois afirma que o mais simples dos clientes pode deixar grandes ensinos. “Mas o que mais aprendi foi a conhecer-me a mim mesmo e às minhas capacidades, por exemplo, a cozinhar, a atender e sobretudo a ser paciente e perseverante, porque os acontecimentos difíceis não podem desviar-me do caminho”. Uma dessas tormentas foi a paralisação nacional, quando o centro comercial teve de encerrar durante três meses. Três lojas acabaram por fechar as portas porque não podiam manter os custos. “Para nós foi difícil continuar pois logo a seguir chegou outra coisa, mas continuo aqui, lutando e assumindo desafios porque acredito firmemente neste negócio e na Venezuela”.
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Reconstruçãovaigarantir1000postosdetrabalho
Milhões de euros vão garantircarteiradeobras MIGUEL TORRES CUNHA DN-Madeira A reconstrução das infra-estruturas públicas destruídas no concelho do Funchal e da Ribeira Brava vai levar pelo menos dois a três anos. E o esforço maior terá de ser feito na regularização da ribeira entre a Serra d’ Água e a Meia Légua onde tudo foi tudo destruído, entre estradas, casas e outras infra-estruturas. Embora o Governo Regional só na sexta-feira tenha pronto o primeiro balanço dos prejuízos, o DIÁRIO sabe que cerca de 15% dos 500 Km da rede de estradas regionais terão de ser reparadas ou então reconstruídos, com destaque para a ligação entre a Ribeira Brava e o túnel da Encumeada. As obras de reconstrução serão em alguns casos muito complexas e dispendiosas, pois na maioria dos casos vai exigir a regularização de ribeiras
ou a consolidação de escarpas, já que o perigo de derrocada aumentou consideravelmente.
Dificuldades criam retracção Por outro lado a promessa de construção de casas - tal como destacamos na página 3 - para os que perderam as suas moradias deixa antever, também, um investimento em grande escala na construção de habitação. O colapso de estradas, pontes, ribeiras e de dezenas de casas deixou a Região e os madeirenses em dificuldades, podendo num primeiro momento provocar mais desemprego, a perda de rendimentos de um número muito grande de madeirenses e comerciantes, com reflexos nas transacções comerciais. Só que o esforço de reconstrução terá um efeito positivo na economia regional. Segundo apuramos, a reconstrução das zonas afectadas garante trabalho às
As obras de reconstrução serão em alguns casos muito complexas
grandes empresas de construção civil por mais dois, três anos. E as grandes intervenções vieram salvar uma ‘carteira de obras’ que estava a esvaziar-se. Assumindo a Região, bem como o Estado - com a ajuda da União Europeia - que a prioridade é a reconstrução de todas as infra-estruturas danificadas, o esforço público será de algumas centenas de milhões de euros por ano, podendo mesmo superar os mil milhões de euros se for considerada uma intervenção de fundo na regularização das ribeiras.
Novos empregos, mais riqueza Numa altura em que a economia regional agudizava, gerando desemprego, a reconstrução vai garantir cerca de mil novos postos de trabalho, contribuindo deste modo para que a economia se mantenha ‘quente’. Ou seja, a injecção de dinheiro fresco vai manter as empresas em actividade, estas por sua vez vão assegurar o emprego, sendo previsível um aumento do Produto Interno Bruto, fenómeno já estudado em outras regiões onde ocorreram acidentes naturais desta envergadura. PUB
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Melhoria do tempo permitemaisresgates mas faltam meios RAÚL CAIRES DN-Madeira A melhoria verificada no estado do tempo e uma maior disponibilidade de meios materiais e humanos permitiram, ontem, o resgate de vários cadáveres. Cerca de 24 horas depois daquela que, segundo os entendidos, é considerada a segunda maior catástrofe natural que se abateu sobre a Madeira, os bombeiros puderam começar a dedicar mais tempo para recuperar os corpos de pessoas presas em casas e automóveis. Entre as casas localizadas no início da Estrada Luso Brasileira, os bombeiros recuperaram mais um corpo, elevando assim para três o número de mortes confirmadas naquele local. Por resgatar do interior de outros veículos entalados ou entre casas poderiam estar ainda pelo menos mais três pessoas. Ao terem conhecimento de que havia corpos por resgatar e que estes podiam ser seus familiares, surgiram no local várias pessoas que à procura informações ou confirmações. Mas foram convidadas a abandonar o local, onde elementos dos Bombeiros Voluntários Madeirenses, ajudados por um grupo de populares, envidavam,
entre grandes esforços e poucos meios, a conclusão da missão que lhes havia sido incumbida. Entre o grupo de populares se deixou sujar de lama encontravam-se vários cidadãos de nacionalidade brasileira, entre os quais Fabiano, de 26 anos, que perdeu toda a sua documentação e haveres na enxurrada que atirou os automóveis sobre as residências. “Tenho que ajudar. É o mínimo que posso fazer”, observou, lamentando não poder ter salvo mais no dia da enxurrada. Foram necessárias cerca de 7 horas para que o corpo de um homem, com cerca de 60 anos, fosse retirado do carro para a morgue. O número de efectivos e a qualidade das ferramentas disponíveis para realizar o desencarceramento denunciaram mais uma vez a escassez de meios que os corpos de socorro vêm denotando desde o início da tragédia. O improviso de que se socorreram estes homens ficou bem expresso no recurso ao balde de uma Caterpillar para descer o corpo desde o terraço para a via, onde aguardava uma ambulância. Também só ontem de manhã é que foi possível retirar cinco pessoas, quatro adultos e uma criança, que ficaram debaixo dos escombros de uma residência esmagada com a queda de uma
A melhoria do tempo permitirà o resgate de vàrios cadàveres
Os bombeiros puderam começar a dedicar mais tempo para recuperar os corpos presos
24 horas depois da tragédia, foi possível resgatar vários corposdepessoaspresasem casas e carros estrutura metálica, no sítio do Laranjal, freguesia de Santo António. A acompanhar os trabalhos estava o senhor o homem que perdeu a mulher, um filho e a neta, entre outros familiares. Em paradeiro desconhecido mantinha-se ontem o ex-sacristão da Sé Catedral, Manuel Araújo Nunes, 66 anos. De rosto dolorido e sem confiança num retorno a casa com vida estava a sua mulher, Maria Isabel. “Só quero que apareça o corpo para fazer o funeral. Não tenho esperança”, disse-nos a mulher, Maria Isabel Nunes, 63, numa voz trémula, sentada na sala de sua casa, onde a fomos encontrar, na Travessa do Laranjal. O antigo funcionário da Diocese do Funchal saiu de casa, na companhia de um vizinho, para tentar desviar a água que estava a transbordar de um ribeiro. Estava coberto da cabeça aos pés com uma capa impermeável de cor amarela. Eram perto das 9h30. Segundo relatos não confirmados, sensivelmente à mesma hora desapareceram uma idosa e uma criança na zona do Trapiche. No Monte, onde também abundam relatos de desaparecidos, os trabalhos de limpeza decorriam ontem um pouco por toda a zona da Corujeira. Um dos casos mais complicados foi registado na zona do Caminho do Cabeço das Lombas. Com a ajuda de uma
escavadora, que ia tirando o maior, ou com pás e enxadas, ou todo e qualquer instrumento improvisado que pudesse servir para remover terras, paus ou pedras, os moradores limpando as lamas e outros destroços. Além de dezenas de automóveis destruídos, um ferido grave e alguns desaparecidos, cinco casas foram arrasadas pela enxurrada que se abateu sobre zona, que ocorreu no sábado por volta das 10h30. Paulo Calaça, 37 anos, foi obrigado a mudar-se para a casa de um familiar juntamente com a mulher e os três filhos menores. Da casa anterior restaram alguns electrodomésticos e sobretudo a roupa das crianças. “Quanto ouvi o estrondo de uma árvore a bater atrás da casa, não pensei em mais nada”, contou o cozinheiro, que diz não saber como vai orientar o futuro de oras em diante. Umas centenas de metros a montante, um pouco depois do estaleiro da Tecnovia, centenas de pedras com várias toneladas de peso e eucaliptos de grande porte jaziam na estrada, dando a impressão, a quem deles se aproximava, de uma pequenez abismal. Mais do que irreconhecível ficou o largo das Babosas. Foi lá que encontrámos um casal de alemães, Heike e Josef Gruen, na Madeira pela primeira vez. Dias antes tinham estado no mesmo lugar, que atravessaram para realizar o percurso da levada dos Tornos. Sabiam avaliar a dimensão da destruição, pois já não podiam ver o edifício da capela nem uma casa de três andares. Em vez disso só podiam ver terra, pedras e troncos de eucaliptos. Apesar de tudo, asseguram que não se sentem “desmotivados em voltar à Madeira”.
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Homens e máquinas evitam nova ‘bomba relógio’
500 homens e centenas de máquinas tentam limpar as ribeiras
Meio milhar de homens e mais de uma centena de màquinas e camiões nos trabalhos urgentes de limpeza das ribeiras
AGOSTINHO SILVA DN-Madeira As maiores empresas de construção que trabalham na Madeira têm meio milhar de homens e mais de uma centena de máquinas e camiões nos trabalhos urgentes de limpeza das ribeiras. E este é um trabalho vital para a segurança do Funchal e dos seus cidadãos, já que o assoreamento da foz das ribeiras afectadas pelo aumento do caudal é uma ‘bomba relógio’ iminente, caso volte a chover. Segundo os elementos apurados, a Tecnovia mobilizou duas centenas de homens, que garantem a manobra de 15 máquinas e 30 camiões ao longo de 15 horas por dia, procurando retirar milhares de metros cúbicos de pedra e outros detritos depositados na Ribeira João Gomes, ao longo de cerca um quilómetro, entre o Campo da Barco e a Praça da Autonomia. A situação gera alguma apreensão pois estão depositados quantidades muito grandes de detritos, pelo que o trabalho com
a urgência de que urge desimpedir as ribeiras para a água correr para o mar e não voltar a invadir as ruas, lojas e outros imóveis. Vai levar pelo menos quinze dias para garantir níveis de segurança adequados, mas a limpeza dessa ribeira vai exigir trabalho durante mais de um mês. Milhares de metros cúbicos vão obrigar a igual número de viagens de camiões. Na ribeira de São João, entre a foz e a zona do Dolce Vita, regista-se uma das situações potencialmente perigosas, até para a estrutura de alguns edifícios, o que obrigou a Tâmega a destacar uma dezena de máquinas pesadas e quarenta camiões, envolvendo meia centena de trabalhadores. Operando em condições difíceis, pois o acesso à ribeira é mais complexo e não pode ser feito a partir das margens, a empresa calcula que tem trabalho para um mês e meio. A AFA tem em curso uma das maiores operações que já desenvolveu na sua história. Porque a
sua actuação divide-se por vários concelhos e em diferentes zonas. Madalena do Mar, Lugar de Baixo e Tabua têm situações muito complexas, tal como na Meia Légua e Ribeira Brava. O pessoal da AFA está também envolvido nos trabalhos de desobstrução dos acessos ao Curral das Freiras, tendo máquinas, camiões e homens na Ribeira se Santa Luzia, a trabalhar na 5 de Outubro e na ‘Pestana Júnior’. A empresa da Calheta envolveu trinta máquinas pesadas, mais de meia centena de camiões e centena e meia de homens que estão a trabalhar ininterruptamente. Também a Zagope foi chamada a este esforço, tendo deslocado meia centena de homens, cinco escavadoras pesadas, duas pás carregadoras, duas máquinas mais pequenas, três ‘dumpers’, quatro camiões e 9 viaturas. O seu trabalho está a incidir na foz da ribeira João Gomes, junto à Praça da Autonomia, tendo um efectivo na Tabua, tendo procedido a trabalhos na via rápida.
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Treze mortos fora do Funchal Fora do Funchal, os concelhos mais atingidos pelo temporal de sábado, foram a Ribeira Brava e Câmara de Lobos. Contudo, nos restantes há também vítimas e danos materiais a lamentar. No total, foram já recuperados 13 corpos, mas há ainda três por descobrir. Na Ribeira Brava, a situação mais dramática foi a do Pomar da Rocha, onde sete pessoas da mesma família foram arrastadas por uma enxurrada. Em Câmara de Lobos, há uma morte a registar, no Curral das Freiras, onde uma pessoa está ainda desaparecida, e outra no_Jardim da Serra. Também na Calheta houve mortes: duas irmãs faleceram depois da casa onde viviam ter desabado na sequência de uma derrocada, no Sítio do Pinheiro, Arco da Calheta. Há ainda a marcar este sábado trágico a morte de um funcionário da Estradas da Madeira que foi atingido por uma pedra nas obras de limpeza da estrada Paul do Mar. Em Santa Cruz, além dos dois mortos já divulgados, há cerca de 40 pessoas a necessitar de alojamento. A chuva intensa acabou por ser a responsável pela morte de um idoso, de cerca de 80 anos, na Ribeira de Machico.
Bairro residencial e túnel na Serra d'Água RAQUEL GONÇALVES DN-Madeira
Na sequência da visita de Alberto João Jardim à Serra d’Água, o Governo Regional decidiu que naquela localidade, e para resolver os problemas habitacionais que se colocaram depois da tempestade, será construído um novo bairro habitacional de raiz para alojamento da população. Entretanto, a nova estrada que fará a ligação entre a Ribeira e a Serra d´Água vai ser feita em túnel para garantir uma maior segurança e uma maior celeridade. Até que esta nova ligação viária esteja concluída, será aberto um trilho que permitirá a passagem de automóveis e peões. O Governo Regional decidiu lançar um apelo relativo à circulação nas vias-rápidas e vias-expresso, sobretudo à volta do concelho do Funchal, pedindo aos condutores que só circulem por razões de necessidade e quando o fizerem devem utilizar, preferencialmente, a faixa da direita, em velocidade razoável, facilitando a passagem das viaturas de socorro e de todas aquelas que estão envolvidas em missões oficiais. Continua ainda o pedido para que as pessoas só se desloquem ao centro do Funchal se tiverem mesmo necessidade de o fazer. Isto porque estão a ser criadas muitas dificuldades, que podem ser facilmente evitadas.
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Remoção dos escombros junto ao Bazar do Povo
A Igreja da Ribeira Brava inundada por estas àguas lamacentas
Rastrosdeu
Os bombeiros na sua procura de sobreviventes
Desparecimento da ponte entre a Tabua e a Ribeira Brava
Os desmonoramentos da Madeira, provoca no passado fim de semana, deixou um sald desaparecidos. As perdas materiais são inca ser apagados tão facilmente da memória de q
A violência da intempéride abriu fendas na estrada
A Avenida do Mar e das Comunidades Madeirenses já em fase avançada de limpeza
Locais salvarem alguns bens materiais
Equipas de resgate na Anadia
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Madeira
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Aqui bem patente a força das águas e a destruição provocada por estas naTabua
matragédia
ados pelo forte temporal que assolou a ilha do de pelo menos 42 falecidos e dezenas de lculáveis e os rastos da tragédia não poderão quem viveu momentos tão desconcertantes.
As esplanadas, lojas e mercado da Ribeira Brava inundados
Àrdua tarefa de limpeza e reconstrução espera...
O pontão da Ribeira Brava não sobreviveu ao impacto das ondas e cedeu
A rua comercial da Fernão Ornelas
As vítimas deste temporal....
A Marina do Funchal irreconhecível, com a destruição bem patente nestas imagens
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Localidades que estiveram isoladas por várias horas, devido ao desaparecimento de estradas de ligação
O Edificío Marina Shopping atolado em lama e pedras
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Ao fundo o Mercado dos Lavradores,e a procura de refúgio
O busto de Sá Carneiro na Avenida do Mar
As vítimas que esta tempestade colheu sábado de manhã na zona do Laranjal
O aparecimento de uma estrada, escavada pela força das àguas
A Rotunda do Infante transformada numa ribeira
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A destruição dantesca na zona da Pena
A estrada na Ponte de Pau destruída pela força das águas
O cruzamento da Pena momentos após a catástrofe
A Avenida do Mar transformada num mar de lama
A Avenida Arriaga junto à Rotunda do Infante
A ribeira junto ao BeerHouse ainda com a àgua a correr com violência, um rasto apenas do que se passou sábado
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Declarar calamidade prejudicaria todos
Ajudafinanceiradaeuropa oudoestadonãodepende dessa declaração MIGUEL TORRES CUNHA DN-Madeira
A defesa dos cidadãos que perderam casas, automóveis e outros bens, bem como de toda a economia regional sustentam a posição de Alberto João Jardim quando este se recusa a declarar o estado de calamidade nos concelhos do Funchal e Ribeira Brava. Nos últimos dias foram várias as interpretações das palavras do presidente do Governo Regional, deixando perceber um qualquer conflito de interesses com as seguradoras, suspeita que Guilherme Silva reforçou em declarações a um jornal nacional, onde afirmava que as companhias de seguros ficariam isentas de assumir os encargos decorrentes dos contratos assumidos com os PUB
segurados. Ao invés do que afirmou o advogado e deputado do PSD – principal conselheiro de Jardim - a Lei de Bases da Protecção Civil deixa claro que “são nulas, não produzindo quaisquer efeitos, as cláusulas apostas em contratos de seguro visando excluir a responsabilidade das seguradoras por efeito de declaração da situação de calamidade”. Dito de outra maneira, as seguradoras não podem evocar a excepcionalidade da ocorrência, traduzida com a declaração de calamidade, para fugir ao pagamento dos estragos provocados em bens segurados. A intervenção do sector segurador é, assim, inevitável, até porque os apoios da União Europeia, o mesmo do Estado português, através de fundo especiais
Alberto Jardim se recusa a declarar o estado de calamidade em Funchal e Ribeira Brava
não cobrem bens seguráveis, destinando-se apenas a pagar prejuízos públicos. Situação diversa coloca-se na contratação internacional ao nível turístico. E terá sido esta a razão fundamental para a recusa do Governo Regional em declarar o estado de calamidade.Nos contratos a celebrar entre os turistas e os diferentes operadores, em cada um dos países de origem, as condições contratuais poderão ser brutalmente alteradas perante uma assumpção de estado de calamidade. O DIÁRIO sabe que nos últimos dias alguns dos grandes operadores europeus têm mantido reuniões e esse tem
sido um dos alertas deixado. A Madeira terá de ultrapassar depressa os actuais constrangimentos, não permitindo pretextos aos clientes para cancelar os seus programas sem terem de ressarcir os operadores, as companhias de aviação e os hotéis. Tendo a cumplicidade de José Sócrates, que acertou com Alberto João Jardim a estratégia, a Região tem garantias de ajuda financeira – tal como destacamos na página ao lado – do Estado e da União Europeia, ao mesmo tempo que as seguradoras terão de assumir as condições expressas nos seus contratos.
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Asprincipaispreocupaçõesdacomunidadeluso-venezuelana
“A nossa fé não se molha nem se inunda”
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O espírito lutador do povo português é inquebrável e perante as adversidades que se apresentam, não se amedronta nem se dá por vencido. Inclusive aqueles que vivem nas comunidades estrangeiras, como a Venezuela, que estão muito atentos aos acontecimentos e com a disposição de ajudar os conterrâneos. Para alguns portugueses que fizeram vida na Venezuela, como Maria dos Santos, a chuva catastrófica foi algo recorrente. Esta é a segunda vez que sofre uma situação assim, pois perdeu a sua família na tragédia de Vargas e agora revive aquela inconsolável tristeza ao ver o ocorrido com a sua família e vizinhos na Madeira. No entanto, tanto ela como
Algumas famílias já viveram outras tragédias na Madeira e na Venezuela as demais famílias que estão a passar pela mesma situação não perdem as esperanças e ainda que se encontrem muito agoniados, asseguram estar “muito agradecidos a Deus porque nos deu forças para continuar a lutar por estas terras tão belas, como são a Madeira e a Venezuela, porque a nossa fé não se molha nem se inunda”. Como era de esperar, a maior aflição de todos os entrevistados é “a quantidade de perdas humanas, feridos e desalojados, especialmente nas zonas mãos afectadas até ao momento”, disse Fátima Rodrigues (re-
sidente em Guarenas), ao saber do lamentável estado de lugares como a Furna, Pomar da Serra, Espigão, São João, Curral das Freiras, Madalena, Paul do Mar e Jardim da Serra. Por outro lado, José dos Santos, natural do Funchal, acrescentou que “se bem que o presidente da Câmara do Funchal, Miguel Albuquerque, com os bombeiros municipais, se empenharam na procura de vítimas, existe muita angústia pois há demasiados obstáculos nas vias de trânsito e é difícil acelerar a busca de mais corpos, sobretudo no centro da cidade”.
Comunicação Maria de Sousa, oriunda da Ribeira Brava mas a viver há várias décadas em Caracas, e outras pessoas de Portugal continental que entraram em contacto com a nossa redacção,
Para alguns portugueses que fizeram vida na Venezuela a chuva foi recorrente
afirmaram que “a informação prioritária é sobre os abrigos pois precisamos saber se temos lá familiares ou vizinhos”. Para além disso, esperam que “as redes telefónicas e de Internet melhorem, pois sabemos que muitas instalações foram afectadas pela tormenta e entendemos isso perfeitamente”, no entanto, “também estamos preocupados já que precisamos de contactar para lá e tem sido difícil”. José Teixeira, bem como outros membros da comunida-
de portuguesa, é da opinião que “a RTP I não transmitiu informação suficiente. Os portugueses que residem no estrangeiro estão muito preocupados e esperávamos que precisamente este canal nos desse notícias detalhadas, imagens, declarações, testemunhos…Mas enquanto a Madeira passa por uma verdadeira tragédia, o canal tem na sua programação poucas notícias e muitos concursos, jogos e temas que neste momento não são prioritários”. PUB
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Alta Tribuna
Desrespeitando os palhaços Nos tempos recentes, os estudantes, conscientes da importância das liberdades humanas, que reclamam os direitos de liberdade de expressão que desde há algum tempo vêm sendo violados e lesados pouco a pouco, assim como outros direitos, vestiram-se de palhaços em forma de protesto. Fizeram-no com o propósito de fazer ver, através do gesto, a actuação cúmplice de quem integra a Assembleia Nacional que, longe de trabalhar para a missão para que foram eleitos, simplesmente se limitam a condescender sem demoras e sem reparos, todas as ordens emanadas do poder executivo central. Foi uma maneira um tanto jocosa
Antonio López Villegas
por parte dos estudantes, sem violência, mas carregada da maior ironia para desclassificar a tarefa dos deputados que mais bem deveriam ocuparse dos gravíssimos problemas que atravessa a Venezuela em todos os sectores. As reacções não se fizeram esperar. Não precisamente dos deputados, senão de alguns a quem conheço por exercerem o difícil ofício de palhaço porque se sentiram ofendidos na sua integridade profissional. Eles disseram que “ser palhaço é um ofício demasiado sério para que os estivessem comparando com essa classe de gente que tem brincado até à exaustão com a vontade do povo”.
“O grémio de palhaços deveria emitir um protesto nacional contra os estudantes por terem tentando manchar esta profissão”, foi Dito também através de um programa de rádio. Mas o mais curioso é o sentido de responsabilidade com que estes profissionais assumem a sua profissão. Os palhaços sempre nos acompanharam, desde a nossa mais terna infância, e inclusive até à idade adulta. As nossas idas ao Circo, aos aniversários, baptismos de filhos ou sobrinhos, evocam bons momentos porque esta arte não é tão fácil como muitos podem pensar que é. Entreter e fazer rir não é fácil e, na essência, esse é o ofício do palhaço.
Crónicas de Lisboa
Jornalistas: Andrea Guilarte, Carla Salcedo António da Silva, Sergio Ferreira Soares, Victoria Urdaneta. Correspondentes: Carlos Balaguera (Maracay e Valencia) Carlos Marques (Mérida) Edgar Barreto (Punto Fijo) Trinidad Macedo (Barquisimeto) Silvia K Gonçalves (Guayana) Sandra Rodriguez (La Victoria) Ricardo Santos (Margarita) Colaborações: Raúl Caires (Madeira), Arelys Gonçalves Antonio López Villegas, Luís Barreira, Álvaro Dias, Luis Jorge, Ysabel Velásquez, Carlos Agostinho Perregil R. Administração: Gloria Cadavid Publicidade e Marketing: Carla Vieira Paginação: Elsa de Sá
Pai, fazes-me falta Ao sete anos, José “perdeu” o pai, por causa duma daquelas doenças da época e a partir daí, foram insuficientes as vezes que o viu ou com ele conviveu, até este falecer, mas ficaram-lhe para sempre as recordações daqueles sete anos duma vivência simples e própria do mundo rural da década de cinquenta. Depois, sempre com curtas e “distantes” visitas, ouvia atentamente os conselhos do pai e, após cada despedida, com os olhos húmidos das lágrimas contidas, rememorava tudo o que tinha ouvido naquelas tardes das visitas hospitalares. Todos os seus conselhos lhe atingiam o âmago da sua profunda tristeza, mas que nem num abraço de conforto se poderia refugiar, por mal da doença dele. Dentre os muitos conselhos, um deles gravou-selhe bem fundo na alma: “Filho, faz-te homem, já que eu não posso ajudar-te”. Atirado bem cedo para a dureza da vida, migrando, José foi “crescendo” e sempre na busca de ser cada vez mais o herdeiro da memória do seu pai, que a doença impediu de
Director Aleixo Vieira Subdirector Agostinho Silva Coordenação Sergio Ferreira Soares
Serafim Marques
Correcção: Alexandrina Andrade
realizar uma das tarefas mais sublimes do ser humano, isto é, ser Pai em toda a sua plenitude, mesmo que na partilha da pobreza material, muito característica daquela época. Na capital José, sentia a falta do seu pai nos bons e maus momentos, tal como sentia saudades da mãe e dos irmãos que permaneciam na aldeia até passarem a ser também “meninos-homem e poderem também migrar para a cidade, mas aquele conselho do pai era a sua força interior e a estrela orientadora do seu caminho de luta solitária, mas sem desvios, em busca duma vida melhor e da sua realização pessoal. Nas dificuldades, não tinha o pai para o ajudar tal como nas alegrias também não o tinha para com ele as poder partilhar. Nos reveses, cerrava os dentes e aguentava estoicamente e os seus sucessos “festejava-os” sozinho e o seu orgulho interior, pelos seus feitos, quase que lhe rebentavam o peito de alegria e dor em simultâneo. Por vezes e no silêncio da sua vida, dava consigo a chorar e a falar com o pai: “Pai, fazes-me tanta fal-
ta”. “Custa tanto lutar sozinho, e não te ter ao meu lado para veres que eu estou a concretizar o teu conselho”. Depois, dizia ainda, para consigo: “Um pai como tu foste, só pode estar num local de onde consegues ver-me e sentirás orgulho neste teu filho a quem tu quiseste transmitir o teu desejo de pai, quando te apercebeste que o teu papel não duraria muito mais tempo”. “Foi essa a única mas a mais importante herança que me deixaste, mas gostaria que estivesses cá, neste mundo, para partilhar contigo os valores e as referências que, mesmo ausente, me foste “transmitindo” durante todos estes anos”. É verdade que os valores sociais e humanos foram-se alterando e, no nosso país, o 25 de Abril” deu um forte empurrão na mudança daquela sociedad que defendia outros valores e referências e, por isso, muitos pais e filhos de hoje já não pensam como as duas personagens da história atrás. Os pais de hoje, muitos deles “pais faz de conta”, não sabem desempenhar o seu papel.
Assessoria Gráfica: Raimundo Capelo Fotografia: Paco Garret Secretariado: Anaís Salazar Distribuição: Enrique Figueroa Impressão: Editorial Melvin C. A Calle el rio con Av. Las Palmas Boleita Sur - Caracas Venezuela Endereço: Av. Principal Las Mercedes. Edif. Centro Vectorial (Banco Plaza). Pent House, Urb. Las Mercedes, Baruta - Caracas (Ao lado de CONAVI). Telefones: (0212) 9932026 / 9571 Telefax: (0212) 9916448 E-mail: correio@cantv.net www.correiodevenezuela.com Tiragem deste número: 15.000 exemplares Fontes de Informação: Agência de Notícias Lusa, Diário de Notícias, Diário de Notícias da Madeira, Ilhapress, Portuguese News Network e intercâmbio com publicações em língua portuguesa, de diferentes partes do Mundo.
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Cartas:
25 de Fevereiro a 03 de Março de 2010 especial
Cartas & Inquérito
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Favor enviar as suas cartas e comentários ao endereço electrónico: correio.prensa@gmail.com
Que falta de bom senso
Obrigado Hugo Chávez Frias
Hora de retribuir a solidariedade
Queridos amigos, acudo a este meio para expressar a minha pena e solidariedade. Nasci na bela ilha da Madeira e sofri muito ao ver a destruição que a natureza lhe causou. Ao ver as primeiras notícias desta lamentável catástrofe, todos os madeirenses e descendentes (somos muitos na Venezuela), tratámos através de vários meios de comunicação contactar com as nossas famílias e amigos. Mas só foi possível sentir muita frustração e impotência já que não tem sido possível falar com ninguém. A nossa única ligação e a mal chamada televisão de todos os portugueses, o canal RTP. E repito mal chamado canal de todos os portugueses pois parece que classificam os madeirenses como “cidadãos de segunda”, por causa da fraca cobertura e insensibilidade que demonstrada ante uma situação de desastre. No sábado dedicaram pouco tempo a passar imagens que nos electrizavam, comoviam e desesperavam. Não davam nenhuma opção para que o “outro Portugal”, espalhado pelo mundo, pudesse estabelecer contacto com alguma organização, paróquia, associação civil, etc., que pudesse acalmar a angústia de não saber nada sobre as suas famílias. Senhores directores da RTP, como é possível que, no dia seguinte, domingo, cumprissem com a programação habitual, com programas faraónicos, sem dedicar atenção a uma tragédia desastre de tal magnitude que sofreu um pedaço de Portugal e que destroçou o coração dos madeirenses e restantes portugueses? A minha indignação é ainda mais forte quando no horário previsto para o noticiário da Madeira optaram por passar um programa de cariz politico onde caricaturas dialogam com bastante sarcasmo e, justamente, para ridiculizar o Presidente do Governo da Madeira, quando este está a enfrentar o tal desastre. Que falta de sensibilidade, de profissionalismo e de bom senso. Que lastima que o mundo português que esta fora de Portugal não disponha de outro canal para poder manter as suas raízes. Mas estou seguro de que encontraremos a maneira de sermos representados dignamente. Aproveito para expressar a minha solidariedade com todos os habitantes da minha bela ilha, com as suas autoridades e instituições e faço os mais sinceros votos para que possam superar, o mais brevemente possível, toda a dor que sentem pelas vidas perdidas e recuperar a normalidade. Estou segura de que assim será. Sou um madeirense de nascimento e coração e conheço a idiossincrasia da minha gente, pura e honrada, que não teme o trabalho nem as dificuldades e que não suplica por esmolas pois procura com esforço as oportunidades. Um abraço.
Chamo-me Manuel Nóbrega Ferraz e vivo na Venezuela há 49 anos. Sou simpatizante do Presidente venezuelano desde o dia que ele tentou o derrubar o presidente Carlos Andres Perez. Mas o motivo desta minha carta não é para falar de tempos passados. É para falar do presente e do futuro. Queria que os portugueses soubessem que a Venezuela nunca teve um presidente tão nosso amigo como é o presidente Hugo Chávez. Que eu saiba foi o primeiro presidente do mundo a falar do assunto e a prometer ajuda! Para aqueles que ainda têm dúvidas de que é o presidente mais amigo de Portugal de todos os tempos, basta ver mais este gesto, além outros ao nível comercial que tem tido com os empresários e empresas de Portugal. Afinal onde está o presidente dos Estados unidos, o presidente inglês e outros?! Eu e a minha família, de 17 pessoas, gostamos muito dele e admiramo-lo muito. Para que não fiquem dúvidas, obrigado senhor presidente Hugo Chávez.
Que tristeza senti e alarmada fiquei ao ver tanta gente a sofrer. Senti-me nervosa, como se fosse ao lado da minha casa. Sou venezuelana mas considero que conheço a Madeira, pois todos os dias falo com a senhora da padaria perto da minha casa, em Catia, e aprendi a conhecer até a gostar da ilha que tanto me fala a senhora Gorete da Silva. Escrevi esta carta para deixar uma mensagem de carinho, de esperança e admiração. Os meus mais sentidos pêsames por aqueles que perderam familiares na ilha. Vivi em Vargas e sei que muitos portugueses nos ajudaram nesta tragédia que nos atingiu. Por isso acho muito bem que o nosso presidente Chávez tenha manifestado publicamente uma intenção de ajudar a ilha da Madeira.
Elizabeth dos Santos da Silva, Caracas
M. Nascimento Faria
Cobertura decepcionante Sou luso-descendente e gostaria de comentar uma cena vivida na nossa casa nos três dias seguintes à tragédia da Madeira. Os meus pais, assim como todas as minhas tias, todas de idade avançada, estiveram sempre atentos a tudo e não deixavam de ver a televisão internacional portuguesa. Rezaram bastante mas criticavam o facto de o mesmo canal pouco ou quase nada informar sobre a tragédia. A minha família, por recomendação de amigos, passou então a ver a “Globovivion”, já que aqui a informação, embora não fosse completa, era mais contínua e mais descentralizada. Fiquei com pena e tratei de saber o porquê desta situação, e até cheguei a pensar que fosse normal este tipo de postura para não alarmar tanto as pessoas. Lamentavelmente não era nem uma coisa nem outra. Fiquei a saber que o motivo era político, já que a televisão era do Governo português e este, sendo socialista, não simpatizava muito com o Governo da ilha; daí as serem dadas a conta gotas. Fiquei triste e desiludida porque vi nos meus pais e tios a angústia de saber acerca da sua terra, das suas famílias e amigos do seu país. Enfim, escrevo para o vosso jornal com a intenção de manifestar o meu desacordo por estas politiquices. Primeiro a vida, sempre!.
Lúcia Fernandes Freitas
Lucy Bernardes
Orgulho Queria manifestar o meu orgulho por ser originária da ilha da Madeira e gostava também de dizer que sinto o mesmo por ser português e venezuelano. Gostei de saber que o Cristiano Ronaldo dedicou golo à ilha que o viu nascer. Também fiquei a saber, através da televisão que o primeiroministro Sócrates separou a política dos acontecimentos e visitou a Madeira para ver a tragédia real. É de salutar que o tenha feito e também mostrado intenção de dar todo tipo de ajuda às pessoas afectadas pela tragédia. A terminar, gostaria de agradecer ao presidente da Venezuela, embora não seja seu simpatizante, pela ajuda que prometeu à ilha da Madeira. A vida assim, com solidariedade, é mais bonita, mais amena, menos egoísta…
Margarida Ferreira
“Força” Amigos portugueses, amigos do Correio da Venezuela e, particularmente, amigos naturais da ilha da Madeira. Sou venezuelano e quero unir-me à dor da comunidade madeirense que vive na Venezuela. Desde pequeno que aprendi a lidar com ela e tenho muitos amigos portugueses oriundos desta ilha portuguesa, que já tive oportunidade de conhecer, em 2001, a convite de um casal de vizinhos meus amigos. Adorei a ilha, como também adorei o seu povo. Fiquei chocado com as imagens que vi na televisão e tanto eu como a minha esposa e filhos, fizemos questão de vos dizer que, como nós, existem muitos venezuelanos de outras origens que admiram e que sentem na pele esta tragédia. De igual modo, gostaríamos de endereçar a todos os familiares das vitímas, alguns dos quais até vivem na Venezuela, as nossas mais sinceras condolências.
Mario Belega e família
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Cultura
Agenda Cultural
“Rincones de Baruta” chegam à USB A partir de quarta-feira, 24 de Fevereiro, a Universidade Simón Bolívar irá acolher a segunda exposição fotográfica “Rincones de Baruta” (Recantos de Baruta), que resulta do IV Concurso de Fotografia Baruta, no qual participaram dezenas de fotógrafos profissionais e amadores. A amostra é constituída pelas melhores fotografias de um dos municípios mais diversificados, complexos e fascinantes de Caracas.
Siudy Garrido em workshops pelo país Uma das mais reconhecidas professoras de dança, Siudy Garrido, vai estar em digressão pela Venezuela à frente de workshops no interior do país. Cidades como Maracay, Valência, Barquisimeto foram escolhidas pela dançarina para compartilhar a sua experiência. Para mais informações, pode contactar com a Academia Academia Siudy Siudy (0212) 2638963.
Jesus Cristo Superestar volta à Aula Magna Em 20 de Fevereiro último, uma casa cheia abriu a nova temporada do musical Jesus Cristo Superstar. O musical, que narra os acontecimentos dramáticos da vida de Jesus através da visão de Judas Iscariotes, conta com actuações de Johnny Sigal, Karina, Grande Lucas, Aponte Cayito, Gerardo Soto, Armando Cabrera, Rolando Padilla e 40 artistas. As funções decorrem aos sábados, às 6h00 pm e domingos, às 11h00 am e 6h00 pm. Os bilhetes podem ser comprados nas lojas Esperanto no quiosque da Aula Magna.
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Descobrindo Portugal
De Margarita para toda a Venezuela SERGIO FERREIRA SOARES sergioferreirasoares@gmail.com A comunidade luso-venezuelana está muito orgulhosa por poder ouvir mais uma boa notícia: O programa de rádio “Descobrindo Portugal”, que é como transmitido às segundas e sextas-feiras, na Ilha Margarita, viu o seu horário ser alterado devido ao apoio dos ouvintes. A partir de agora será transmitido entre das 8h00 às 8h30, passando assim a ser emitido num dos horários mais desejados pelos locutores da indústria. De dia para dia cresce o número de portugueses a sintonizar a estação Bucarena 107,7 FM, para desfrutar de um programa fresco, novo, variado e com as notícias mas relevantes da comunidade lusa na Venezuela. O seu apresentador, também correspondente do CORREIO no estado de Nueva Esparta, Ricardo Santos, explicou que o programa procura criar vínculos entre a comunidade venezuelana e os portugueses que residem no nosso país. Santos acrescentou que o programa é composto por cinco secções. “Portugal e seus amigos” estabelece contactos com venezuelanos que se consideram portugueses de coração; “Não há gente como a nossa”, ressalta aspectos da música, gastronomia, turismo e idioma portugueses; “Rua Luso Activa”, dá a conhecer eventos culturais e artísticos dos portugueses e luso-descendentes no Centro Luso Venezuelano de Margarita; “Desporto”, destaca os eventos desportivos
«Descobrindo Portugal» muda de horário e segue conquistando os seus ouvintes
Programa de rádio transmitido duas vezes por semana, na Bucarena 107.7 FM, mudou para um horáriocommaisaudiência mais importantes no clube e finalmente, “Lusitânia em dia”, dá informação do Consulado Honorário de Portugal da região.
À procura de patrocinadores Actualmente, Ricardo Santos e a
sua equipa estão à procura de novos patrocinadores que possam ajudar a manter o programa no ar. Lembre-se que o sector da rádio depende inteiramente do apoio da publicidade. E se muitas iniciativas radiofónicas luso-venezuelanas estão a sair do ar é devido à falta de patrocinadores, observou. Neste sentido, Santos exortou os empresários lusos radicados na Venezuela para apoiarem este programa que está causando sensação entre os compatriotas que também residem cá. Prova disso foi a mudança de horário, reflectindo o aumento na audiência.
CentrodePuntoFijoelegeaprimeirarainha
Invictus: Um filme de ensinamento
SERGIO FERREIRA SOARES JOSÉ MANUEL DE OLIVEIRA T.
O filme baseado no livro de John Carlin, “O factor humano”, já está nas principais salas de cinema no país. A história passa-se após Nelson Mandela sair da prisão e tenta explicar como é que ele usou o rugby (conhecido como o desporto dos brancos) para unir o país depois do Apartheid. É certamente um filme sóbrio, cujo principal ensinamento a união e quebra das barreiras discriminatórias.
Este domingo, 28 de Fevereiro, a partir das cinco da tarde, será levada a cabo a eleição da Rainha do Centro Português de Punto Fijo, no estado Falcón. Oito belas jovens luso-descendentes, com idades compreendidas entre os 15 e 25 anos, vão concorrer ao título, que pela primeira vez será organizado neste centro social do ocidente do país.
A iniciativa já foi catalogada como um “êxito”pelosorganizadores eaJuntaDirectivadoClube Os organizadores e produtores deste evento, a directiva do clube e os membros do grupo folclórico Nova Geração, salientaram o facto de terem concorrido oito jovens. Esta adesão foi entendida como um êxito,
pelo que se espera que venha a servir de estímulo para atrair os sócios e demais membros da comunidade lusitana desta cidade para participar nas distintas actividades que aqui se realizam. A eleição está inserida no âmbito da ‘Octavita’ de Carnaval do clube, a qual, além da competição de beleza, dará lugar à realização de concursos de disfarces, comparsas, além de comidas típicas, bebidas, música para um bom convívio e muita diversão.
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Cultura 25 de Fevereiro a 03 de Março de 2010
Breves Culturais Ciclo de cinema na UCV A próxima sexta-feira, 26 de Fevereiro, às 10 horas, será projectado o filme “O Acordo”, no Auditório da Escola de Educação, Universidade Central da Venezuela, Caracas. A projecção faz parte do Ciclo de Cinema Português, Manoel de Oliveira, que tem lugar nesta casa de estudo com o apoio do Centro de Língua Português e do Instituto Camões.
Sem vencedores do concursodeculturalusa Apesar do bom desempenho dos competidores na segunda fase do concurso “Quem quer ganhar?”, realizada na sexta-feira, 19 de Fevereiro, não houve um vencedor. O participante Osyeilin Vale esteve perto de avançar para o topo da pirâmide, mas uma questão deteve-o. Está em preparação uma edição futura.
Encontro de sensibilidadeambiental No próximo 26 de Fevereiro, será realizado, entre as 9 e as 6 horas, o Primeiro Encontro de Arte e Ambiente - Sensibilidade Ambiental, na sede do Instituto Pedagógico de Caracas, na paróquia de El Paraiso. Com esta iniciativa procura-se promover os valores culturais e ecológicos na comunidade. O calendário de apresentação do encontro destaca a abertura da exposição de fotografia e de vídeo, a cargo da professora luso-descendente, Candelaria Ferreira. Os interessados em participar neste evento podem contactar a entidade organizadora do mesmo através do seguinte endereço de correio electrónico: nidiatab@yahoo. com
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Em 2011
Dudamel dirige Orquestra de Los Angeles em Lisboa LUSA/CORREIO DA VENEZUELA O maestro venezuelano Gustavo Dudamel vai dirigir a Orquestra Sinfónica de Los Angeles em Janeiro de 2011 na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, no âmbito de uma digressão pela Europa. A temporada 2010/2011 daquela orquestra norte-americana foi anunciada recentemente e dá conta que a digressão europeia começará em Lisboa com dois concertos a 21 e 22 de Janeiro na Gulbenkian, seguindo-se actuações em Espanha, Alemanha, Reino Unido, França, Hungria e Áustria. Tendo como convidada a mezzosoprano Kelly O´Connor, a orquestra de Los Angeles irá interpretar peças sinfónicas de Gustav Mahler, Ludwig van Beethoven, Leonard Bernstein e John Adams. Gustavo Dudamel é o director musical da Orquestra Sinfónica de Los Angeles desde Setembro de 2009, pelo que a actuação daquele agrupamento em Portugal será a primeira sob a sua alçada. O jovem maestro venezuelano, de apenas 29 anos, esteve em Lisboa em Dezembro passado a dirigir a Orquestra Juvenil Ibero-americana, no Grande Auditório da Gulbenkian. A nova temporada da Orquestra Sinfónica de Los Angeles começa a 7 de Outubro, em casa, com uma noite de gala no Walt Disney Concert Hall para
Gustavo Dudamel é o director musical da Orquestra Sinfónica de Los Angeles desde Setembro 2009
Maestro venezuelano vai orientar uma actuação na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa celebrar a música latina, com a presença do tenor Juan Diego Flórez. Do trabalho de Dudamel à frente desta orquestra, destaque ainda para o convite feito a Esa-Pekka Salonen para maestro laureado da sinfónica de Los Angeles. Um dos mais mediáticos maestros da
actualidade, Dudamel nasceu em 1981 em Barquisimeto, Venezuela, começou a estudar violino aos 10 anos e, pouco tempo depois, composição. Em 1996, então com quinze anos, Dudamel foi nomeado director musical da Amadeus Chamber Orchestra e três anos depois passou a dirigir a Orquestra Juvenil Símon Bolívar. Em Maio de 2007, obteve o prémio da Latinidade, atribuído por 37 países latino-americanos e africanos membros da União Latina, pelo seu contributo cultural.
Sim podemos! Victoria Urdaneta Rengifo
“Se não queres repetir o passado, estuda-o”, dizia o filósofo luso-descendente Baruch Spinoza. E em consonância com essas palavras ainda falamos sobre personagens da nossa história, das quais temos muito que aprender. Espinosa nasceu em 24 de Novembro de 1632, em Amesterdão, Holanda, e morreu com apenas 44 anos, víitma de tuberculose, em Haia, a 21 de Fevereiro de 1677. Descendia de portugueses que professavam a religião judaica e que emigraram para a Holanda no final do século XV. A herança cultural e religiosa que deixou, ou racionalismo de Espinosa, tem influências em filósofos
judeus, como Maimónides e Chasdai Crescas, mas também algumas características de Séneca, Cícero, entre outros. Sobre Espinosa podemos dizer que escreveu o “Tratado teológico-político”, defendeu a democracia como a melhor e a mais ajustada à Razão. Foi o precursor do pensador francês Rousseau, consideradouma das grandes figuras do pensamento social europeu do século XVIII. Mas o que mais me chamou a atenção foi um simples mas profundo conselho sobre como se envolver na política de modo crítico e ponderado, sempre pensando no razões dos outros antes de os julgar: “Eu tenho me esmerado para não ridicularizar as acções humanas, não deplorá-las, mas sim
para as entender”. É sem dúvida uma qualidade que nós devemos promover, nestes tempos de tanta controvérsia. Também escreveu “Os princípios da filosofia de René Descartes” e as obras publicadas postumamente “Tratado da Reforma do Entendimento”, “Ética demonstrada segundo a ordem geométrica” e “Breve Tratado sobre Deus, o homem e a felicidade.” Tinha uma forma particular de olhar para a existência de Deus: “Por Deus eu entendo um ser absolutamente infinito, isto é, uma substância constituída por infinitos atributos.” Pareceme incrível, mas 333 anos depois da sua morte estas palavras continuam sendo discutidas.
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25 de Fevereiro a 03 de Março de 2010 especial
Desporto
96 mil metros para grandes projectos
Mundo Verde
Evento dá a conhecer novo terreno do CP CARLA SALCEDO LEAL csalcedo.correio@gmail.com O Centro Português de Caracas organizou uma ‘parrillada’, no passado dia 21 de Fevereiro, com a finalidade de dar a conhecer aos sócios
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o novo terreno do clube onde serão construídos campos de futebol. Os sócios tiveram acesso ao terreno e puderam, assim, ter uma melhor visão das obras que se vão realizar. Quem teve oportunidade de deslocar-se ao terreno pôde
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e Não é por acaso que o mundo está passando por mudanças, muitas produzidas pelos danos que os seres humanos têm causado no planeta. É hora de reagir e retribuir à Mãe Terra tudo o que ela tem proporcionado. e Lembre-se de desligar os aparelhos electrónicos quando não estiver a utilizá-los.
O passeio a cavalo foi um dos grandes atractivos do encontro
desfrutar de diversas actividades, organizadas de forma gratuita, como passeios a cavalo, percursos em veículos rústicos pelo terreno e ainda degustar a tradicional espetada. “Tivemos uma primeira reunião porque havia muitos sócios que não conheciam o terreno e esta era uma boa forma de o conhecerem. Muitos sócios ficaram contentes porque tinham uma visão de um terreno muito incómodo, e deram-se de conta que afinal não era assim”, disse o presi-
dente da junta directiva do CP, António Gabriel Gouveia, que acrescentou que contam com um novo projecto para construir uma via pública de quatro canais entre o novo terreno do clube e o Cementerio del Este, que vai desembocar na Puente El Encantado. O dirigente do clube prevê que as obras se iniciem dentro de cerca de três meses, num terreno com 96 mil metros, depois de concluídos os processos legais com a alcaldia e o Ministério do Ambiente.
e Use lâmpadas economizadoras de energia, assim pode reduzir seu consumo de electricidade e ajudar o planeta. e Ligue o ar condicionado apenas quando seja necessário e na temperatura adequada. Lembre-se que por cada grau que reduz no seu ar, está usando mais 8% de electricidade. e Desligue os carregadores para de aparelhos electrónicos e telemóveis após o uso. e Quando for fazer compras utilize sacos recicláveis. Recicla, conserva e proteger o meio ambiente.
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Desporto 25 de Fevereiro a 03 de Março de 2010
RealproíbeCR9departicipar no jogo de solidariedade EDMAR DES
FERNAN-
DN-Madeira Ronaldo Cristiano bem tentou sensibilizar os responsáveis do Real Madrid para a importância do jogo de solidariedade entre FC Porto e selecção da Madeira, pedindo autorização para participar, mas a resposta, segundo apurou o DIÁRIO, foi negativa. Tudo porque o Real Madrid pretende ‘salvaguardar’ a integridade física da sua jóia da coroa pelo que, à semelhança de outros eventos que não são obrigatórios, a recusa foi rápida como forma de preservar o mais valioso activo da instituição. A situação até pode merecer a indignação do povo madeirense, mas é preciso não esquecer que os pediPUB
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dos de ajuda para acções de solidariedade que chegam ao clube de Madrid são às centenas, pelo que esta recusa não foi mais do que a aplicação de uma regra interna. O Real Madrid, aliás, parece ter mudado radicalmente a este nível... Longe vão os tempos em que os ‘galácticos’ Beckham, Zidane e companhia, podiam faltar aos treinos por causa de meros compromissos publicitários. Cristiano Ronaldo, por exemplo, tinha tudo agendado para passar o último ‘réveillon’ na Madeira mas foi impedido de o fazer pela direcção ‘merengue’. Independentemente disso, Cristiano Ronaldo mantémse empenhado em contribuir para ajudar as famílias afectadas pelo temporal.
Danny na Madeira no domingo O jogador madeirense diz estar “chocado” com as imagens que tem visionado. Nesta altura, Danny encontra-se em Marbella (Espanha) no estágio do Zenit e contactado pelo DIÁRIO, ontem à tarde, revelou que “toda a família se encontra bem”, mas mostrou-se igualmente bastante preocupado com tudo o que tem acontecido nos últimos dias. Por isso mesmo, já pediu ao treinador que o dispense da concentração, com o objectivo de visitar a Região já no próximo domingo, para ver familiares e amigos, mas também com o intuito de se disponibilizar para ajudar em tudo o que for possível. “É muito triste e quero ajudar”, referiu. Danny já está a par da vontade do FC Porto orga-
nizar um jogo solidário, que contará com a presença de uma selecção da Madeira. Ao seu empresário Jorge Mendes, já deu a indicação de que se encontra totalmente disponível para participar nesse encontro, mas até ao momento ainda ninguém o contactou. “Quero ajudar em tudo o que puder e, porque estou longe, já falei com a minha esposa para que veja em que sentido posso direccionar a minha ajuda”, disse o jogador que, por agora, não sabe ainda se esse jogo será realizado na Madeira ou no Estádio do Dragão. No entanto, a vontade de realizar essa iniciativa na Região é muito grande e até se disponibiliza, para realizar um jogo entre os amigos de Danny e de Cristiano.
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1 liga
Porto goleia Braga e isola Benfica LUSA/CORREIO DA VENEZUELA
Os ‘dragões’ venceram, no passado domingo, 21, os bracarenses por 5-1, resultado que permitiu ao FC Porto manter-se na corrida ao “penta”, mas acabou por isolar o rival Benfica na liderança da prova. Cumpridas 20 rondas, os “encarnados”, que já tinha ganho 3-0 à União de Leiria (3 de Fevereiro), têm o melhor ataque (52 golos marcados), a melhor defesa (11 sofridos) e 49 pontos, contra 48 do Sporting de Braga e 43 do FC Porto. Raul Meireles, o uruguaio Alvaro Pereira, o colombiano Falcao - marcou duas vezes e só está a um tento do paraguaio e benfiquista Cardozo, líder dos marcadores - e o argentino Belluschi apontaram os tentos que permitiram ao Benfica ser, com os mesmos jogos dos adversários, líder isolado pela primeira vez.
Por seu lado, o Sporting de Braga sofreu mais de metade dos golos que tinha concedido nas primeiras 19 rondas (8) e a segunda derrota, três meses e 14 dias depois do que era a única (0-1 no reduto do vizinho Vitória de Guimarães). A jornada arrancou na sexta-feira com o derby da Madeira, jogo que terminou empatado a uma bola. O Nacional chegou primeiro ao golo, por Kléber, enquanto o Marítimo empatou por Felipe Lopes. Nos outros encontros, destaque para o Sporting, que coleccionou o sétimo encontro sem ganhar em todas as competições, ao empatar 0-0 em Olhão, face à Olhanense, agora quatro pontos acima da “linha de água”. Destaque ainda para o triunfo do Paços de Ferreira no reduto do Rio Ave (2-1), no que foi o sexto jogo consecutivo sem perder do “onze” de Ulisses Morais.
Os dragões dedicaram um verdadeiro recital de futebol aos visitantes
A Académica somou o segundo triunfo fora consecutivo, novamente em Lisboa, ao vencer o Belenenses por 2-1, no encontro de encerramento da 20.ª jornada da Liga portuguesa de futebol. Duas semanas após o triunfo em Alvalade (2-1) e depois de não ter ganho nos primeiros oito jogos como visitante, a formação de Coimbra resolveu o jogo cedo, com tentos do marfinense Vouho (18 minutos) e do austríaco Berger (22).
O suplente camaronês Yontcha apontou, aos 60 minutos, o tento que ainda deu esperanças ao conjunto “azul”, que, no entanto, não evitou o 11.º desaire na prova e o 18.º encontro consecutivo sem ganhar. Com este triunfo, o “onze” de André Villas-Boas manteve o 11.º lugar e aumentou de cinco para oito pontos a vantagem sobre o 15.º e penúltimo colocado, o Leixões, derrotado por 2-0 no reduto do Vitória de Guimarães, sábado. PUBLICIDADE
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Desporto 25 de Fevereiro a 03 de Março de 2010
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Academia de Campeões no Terceiro Torneio da Academia Cup 2009 desde o Estado Mérida Desde a bela cidade de Mérida, estaremos-lhe apresentando o segundo programa dedicado à Academia Cup 2009, o correspondente à fase eliminatória do torneio; com a participação das melhores escolas e academias de
Futebol Club, Academia Sefarti, Acade-
futebol do nosso país em diferentes ca-
mia Futuros Vinotinto.
tegorias desde a Sub-19 até a Sub-14, na modalidade de futebol (7) e futebol
Se queres conhecer muito mais sobre
(11), entrevistas aos atletas, treinadores
as equipas participantes desta terceira
e representantes, destacando-se nesta
edição da Academia Cup 2009, sintoni-
edição as partidas organizadas pelo
za, Meridiano Televisión, esta sexta-feira
plantel da Academia Emeritense, Acade-
às 17:00h com repetição no sábado ao
mia de futebol São Lázaro do Estado de
12:30h, em academia de Campeões o
Sucre, Academia de futebol de Nowak
programa líder do futebol das camadas
do Estado Carabobo, Academia Tricolor
jovens na Venezuela através dos ecrãs
Venezuela do Distrito Federal, Academia
de Meridiano Televisión, Os Especialis-
Amefuti do Estado de Aragua, Caracas
tas em Desporto.
Sexta-feira às 5:00 p.m.
academiadecampeones@gmail.com
O Portimonense não soube aproveitar o deslize do Beira Mar para assaltar o comando
Liga de Honra
Portimonensefalha assalto à liderança LUSA/CORREIO DA VENEZUELA
A 15 de Dezembro de 1999, a Venezuela viveu uma grande tragédia natural, com mais de 50 mil pessoas desaparecidas. O estado Vargas foi uma das áreas mais afectadas, zona onde vivia uma importante parte da comunidade portuguesa radicada na Venezuela. Passados dez anos sobre a catástrofe,
Novembro de 2007 é a responsável pelo
os sobreviventes reencontraram-se para
programa ‘Contacto Venezuela’ para a
relembrar dias que nunca vão esquecer,
RTPi.
honrar os desaparecidos e dar graças a Deus pela oportunidade de estarem
Através do endereço electrónico
vivos, junto com as suas famílias,
http://ww1.rtp.pt/multimedia/index.
amigos e anteriores vizinhos. ‘Contacto
php?tvprog=17736 o público pode
Venezuela’ esteve lá para conhecer
aceder ao arquivo dos programas recen-
mais detalhes sobre esta iniciativa.
temente emitidos.
Conduzido pela luso-descendente Sandra Rodrigues, ‘Contacto Venezuela’
VENEZUELA CONTACTO
é transmitido quinzenalmente, todas as
Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2010
sextas-feiras, em três emissões. É pro-
Hora venezuelana (ou de acordo com
duzido pela Roteiro Films C.A., Produ-
o fuso horário): 4:30am - 3:30 p.m. –
tora Nacional Independente, que desde
9:30 p.m.
roteirofilms@gmail.com
venezuelacontacto@gmail.com Av. Principal San Luis,Torre Mayupan, Piso 1, Ofic. 1-4, Urb. San Luis El Cafetal. Distrito CApital. Caracas-Venezuela. Zona Postal 1061
O Portimonense falhou no domingo, 21, o assalto à liderança da Liga de Honra de futebol, ao deixar-se surpreender logo nos instantes iniciais do jogo com o Trofense, com quem perdeu em casa por 3-1. A equipa de Portimão tinha uma oportunidade de ‘ouro’ de assumir o comando do campeonato, depois da derrota no sábado do Beira-Mar em Oliveira de Azeméis, mas acabou por deixar ‘quase’ tudo na mesma. O Beira-Mar mantém a liderança no campeonato, com 36 pontos, mais um do que Portimonense (35), que passou a repartir o segundo lugar com a formação de Oliveira de Azeméis, a que saiu mais beneficiada da 20.ª jornada. No jogo de sábado com o BeiraMar valeu à Oliveirense um golo já nos descontos (2-1), um cenário em tudo diferente ao sucedido em Portimão, em que o Trofense já vencia por 2-0 no primeiro quarto de hora. Depois disso o Portimonense ainda reduziu (2-1), mas o conjunto do norte do país voltou a marcar e confirmou a
Algarvios deixaram-se surpreender pelo Trofense, com quem perdeu em casa por 3-1
surpresa. A jornada favoreceu também outro clube nortenho, o Feirense, que subiu ao quarto lugar (está a quatro pontos do líder) por troca com os açorianos do Santa Clara, a quem venceu por 2-1. O Aves também ganhou vantagem a meio da tabela (venceu o Carregado e subiu ao sétimo lugar), beneficiando de uma série de empates: Fátima e Gil Vicente (0-0), Varzim e Freamunde (2-2) ou mesmo do Estoril (2-2 com o Chaves). Na zona de descida o Sporting da Covilhã (15.º e penúltimo) pôde respirar um pouco mais ao vencer por 2-1 no confronto com outra equipa em risco, o Penafiel, 14.º da classificação. O ‘lanterna vermelha’ Carregado ficou mais longe (mantém os 13 pontos), depois de hoje perder na visita a Vila das Aves (2-1).
Ojornaldacomunidadeluso-venezuelana
25 de Fevereiro a 03 de Março de 2010 especial
Desporto
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RealEspporempatacomEstudiantesdeMérida
Torneio Clausura têm três líderes CARLA SALCEDO LEAL csalcedo.correio@gmail.com
O Real Esppor regressou ao Brígido Iriarte, no passado domingo, 21, com o objectivo de somar três pontos. Mas o facto casa não surtiu o efeito desejado ante um dos seus principais rivais, a implacável equipa de José Gavidia, Estudiantes de Mérida. Os primeiros minutos da partida pautaram-se por um jogo equilibrado e trancado por ambos equipas. Mas o Esppor conseguiu inaugurar o marcador ao minuto 36, através de um golo de Kike García, que aproveitou um ressalto na sequência de um pontapé de canto para enviar a bola para o fundo das redes. Quando as equipas já se PUBLICIDADE
Equipa ‘blanca’ perdeuaoportunidade de consolidar-se no primeiro posto preparavam para ir para o descanso, o panorama do jogo alterou-se para a equipa ‘blanca’. Jogavam-se os dois minutos dos descontos quando John Flores permitiu ao lateral direito meridenho, Álvarez, fazer uma arrancada nesse sector para centrar a bola para a cabeça de Luigi Erazo, que acabou por marcar na própria baliza, restabelecendo assim o empate. Os meridenhos regressaram inspirados ao campo, e aproveitaram a insegurança e os erros que iam sendo come-
Real Esppor encontra-se empatado no primeiro lugar com outras equipas
tidos pelos merengues, pelo que foi com alguma naturalidade que acabaram por cegar ao 2-1, apenas dois minutos depois do reinício da partida, com um tento de Aldave. Darío Martínez fez entrar em campo Heiber Díaz
e Leandro Vargas ao mesmo tempo. Os três pontos pareciam ter como dono o ‘onze’ andino. Mas quando o relógio indicava o minuto 80, um novo pontapé de canto ditou o golo merengue, por intermédio de Armín Márquez.
No minuto 92, Kike García recebeu o seu segundo cartão amarelo, pelo que ficou impedido de participar no encontro do 28 de Fevereiro. A liderança do Torneio é repartida pelo Real Esppor, Deportivo Italia e o Monagas.
O jornal da comunidade luso-venezuelana Caracas,
25 de Fevereiro a 03 de Março de 2010
www.correiodevenezuela.com
Último balanço oficial revela 42 Parques mortose29desaparecidosnototal sim vítimas DN-MADEIRA
DN-MADEIRA O temporal que assolou a ilha da Madeira no sábado causou, segundo o último balanço do Governo Regional estima a existência de 42 mortos, tendo dado entrada na morgue 39 corpos, 37 dos quais foram já autopsiados. Em conferência de imprensa, ao final da manhã de quinta-feira, a secretária regional do Turismo, Conceição Estudante, explicou que o número de 42 mortos foi sempre uma estimativa, porque existem corpos que ainda falta resgatar de locais sinalizados. A porta-voz do Governo Regional anunciou que o número de desaparecidos passou de 16 para 29, citando informações do Ministério Público. “À medida que as pessoas vão tendo capacidade de comunicação”, as autoridades têm tido novos dados e agora o Ministério Público será a entidade que irá ser responsável pela divulgação de números. A estimativa de 42 mortos mantémse, mas o Governo Regional prefere citar somente o número de 39 corpos que deram entrada no necrotério, somandose ainda 18 feridos ainda internados. O temporal que assolou a Madeira, no sábado, causou ainda cerca de 600 desalojados, muitos deles encaminhados para o regimento militar do Funchal.
Segundo o ùltimo balanço do Governo Regional estima a existència de 42 mortos
O presidente do Serviço Regional de Proteção Civil, Luís Néri, afirmou que “até ao momento (14:30 de quinta-feira) em nenhum parque de estacionamento do Funchal foi encontrado qualquer cadáver”. O responsável acrescentou que “os trabalhos de esvaziamento de água no centro comercial do Anadia estão terminados”, o mesmo sucedendo nas caves daquele centro comercial, da Marina Shopping, do Pelourinho e Oudinot. Os trabalhos de extração de água ainda estão a decorrer nos parques do Dolce Vita, do Anadia Atrium e no Madeira Medical Center. Esta posição contraria as suspeitas iniciais das autoridades que apontavam para a existência de mortos no parque de estacionamento do shopping Anadia. Nas operações de busca no piso -2 do parque subterrâneo do Shopping Anadia foram encontrados três automóveis. Para o local foram enviados cães pisteiros da GNR que têm estado a fazer uma busca definitiva. De acordo com os cálculos da Proteção Civil, estima-se que a máquina já tenha retirado do interior das caves mais de 60 milhões de litros de água.
TemporalassociadoàsenxurradasdeVargas DN-MADEIRA O temporal que assolou a Madeira trouxe à memória dos luso venezuelanos as enxurradas que, em dezembro de 2009, atingiram o Estado de Vargas, altura em que foi ampla a solidariedade dos madeirenses com os emigrados. “Isto é uma realidade que toca a todos, não só porque obviamente a comunidade madeirense aqui é numerosa, mas também porque traz memórias de
acontecimentos recentes. Estamos a falar da tragédia de Vargas de há 10 anos”, explicou à Agência Lusa a cônsul de Portugal, Isabel Brilhante Pedrosa. “Muitos deles também tiveram familiares e amigos que foram atingidos por essa catástrofe e portanto isto é um reviver de momentos muito dolorosos, que nos trazem todas essas recordações. Acresce que obviamente toda a comunidade aqui sempre deu mostras de uma grande generosidade e de um grande
sentido de entreajuda e solidariedade”. Por outro lado, segundo José Luís Ferreira, presidente da Academia do Bacalhau de Caracas e da Câmara Venezuelana Portuguesa de Comércio e Turismo, muitos dos madeirenses e luso descendentes radicados na Venezuela receberam as primeiras notícias através de familiares e amigos e cedo deram conta das grandes dimensões da tragédia. “A primeira coisa que nos fez lembrar foi o que sucedeu no Estado de Vargas”.
O temporal fez lembrar as enxurradas de Vargas