P r é m i o Ta l e n t o 2 0 0 9 Correio de Venezuela
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Edição Especial
Caracas, Dezembro de 2014
publicaÇão Nº 585
NATAL 2014
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Ano 14 • Depósito Legal: 199901DF222 • BsF. 10
2 Editorial
Dezembro 2014 | Correio da Venezuela
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Estamos no final de mais um ano. Por imposição de uma situação que nos ultrapassa, temos sido obrigados a imprimir apenas uma edição mensal do CORREIO da Venezuela. No entanto, o nosso compromisso mantém-se, no contacto semanal, em edição digital, que continua, sabemos, a ter muita aceitação entre os nossos fiéis leitores. Durante década e meia temos acompanhado a vida da Comunidade Portuguesa e dos seus descendentes em Venezuela. Sem esquecer outros temas, recorrentes do que consideramos uma perfeita integração com o Povo Venezuelano, juntos trabalhando para que este País progrida e se desenvolva harmoniosamente. Não têm sido fáceis os últimos anos, mas é neste esforço, sempre insano e voluntarioso, temperado com muita esperança, que temos continuado a dar o melhor a esta terra, onde nos consideramos também cidadãos. E desta determinação têm resultado alguns ganhos que têm, nalgumas ocasiões nestes últimos anos, nos enchido de orgulho, pelo que os Portugueses continuam a aportar para este País e quanto ainda poderemos fazer se continuarmos juntos e unidos. Em cada dia renascemos, determinados e decididos de que o caminho é para a frente, torneando obstáculos, resolvendo situações, e ganhando força para vencer o desespero que, por vezes, nos assola. Tem sido assim, e muito diferente não será no futuro, pois os tempos não estão fáceis para ninguém, em qualquer parte do mundo.
três
Vamos trabalhar para mais um Ano. Sem programa especial, em termos de agenda. A incerteza afasta-nos de programas prévios. Contudo, temos a certeza de que poderemos contar com a dedicação de todos e o empenho constante para que
os nossos países – Portugal e Venezuela – ganhem rumo e estabilidade. É esta agenda incerta que pretendemos cumprir, mas com Amizade e Dignidade.
dois
retrospectiva Em termos de comunidade há aspectos que se destacam pois são sucessos ganhos com trabalho, insistência e perseverança. Os Portugueses têm esta facilidade de se moldar aos tempos e às circunstâncias, lutam e festejam as vitórias. Por isso não escondemos o que de relevante se tem feito e que tem ocorrido. O crescimento de alunos nas aulas de Português, por motivos diversos, sabemos, é a prova de que a Língua de Camões e tudo aquilo que ela expressa de relevante no viver da Alma Lusíada, está viva e se alastra, também aqui, num mundo que já engloba 240 milhões de falantes. A construção da réplica do Santuário de Nossa Senhora de Fátima, e outras iniciativas do mesmo tipo que hoje verificamos noutros estados venezuelanos, são também prova do espírito empreendedor dos Portugueses. Se é certo que a Fé os move, a verdade é que a obra resulta de algo mais: da vontade indomável de fazer e realizar, de construir e de deixar para os vindouros um marco de referência e de presença inconfundíveis. Seguindo o espírito criativo, deparámos neste ano com uma mão cheia de grandes artistas, luso-descendentes, que se afirmam em diversas áreas de intervenção artística, com enlevo e perfeição, com excelentes performances, que dignificam a Venezuela, entre os demais representantes nacionais, no continente americano. E continuámos a ter fortes realizações de empenhados dirigentes nas associações lusitanas que proliferam em terras crioulas, nas de entretenimento dos seus associados, mas, sobretudo, naquelas que têm fins de beneficência e que cooperam no âmbito social com aqueles que menos têm, excluídos ou desventurados, com quem queremos celebrar, também, este Natal. As palavras são poucas, em dimensão e significado, para expressar o agradecimento que a Comunidade deve a essas pessoas que tanto se preocupam com o Bem Estar desses nossos compatriotas.
fotoflash
Boas Festas! O foco desta edição está, naturalmente, concentrado no Natal. É por isso que a nossa mensagem e o realce deste Fotoflash, que ao longo do ano destaca algumas das boas realizações ou dos eventos mais comentados da Comunidade Luso-Venezuelana, tem de estar também direccionado nesse sentido. “Boas Festas” é uma designação muito peculiar da comunidade madeirense, que é muito grande entre os Portugueses na Venezuela, e que traduz, na verdade, a grandeza que os ilhéus sempre atribuíram ao Natal, quer na vertente religiosa, onde na ilha se celebram até as tradicionais Missas do Parto que antecedem o Nascimento de Jesus, quer na vertente mais pagã do divertimento, dos presentes e das iguarias que sublinham este tempo de Festa. É também com um voto de Boas Festas que vos saudamos neste cantinho, na esperança que estes dias sejam de Fraternidade e de Celebração entre todos, de união e de tolerância, como, desde sempre, sugere a Mensagem de Jesus Cristo. E nesse sentido juntamos, aqui, também os que não seguem a mesma doutrina ou religião, ou que seguem por caminhos diferentes, mas que sabem que o Bem Comum é o desejo que se formula e se vive neste tempo de irmandade, em que os Homens de despem de preconceitos e aceitam as diferenças. Com respeito e dignidade.
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Correio da Venezuela | Dezembro 2014
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A Festa
O Natal português Marta Caires
Celebrado por todo o país, o Natal tem especial expressão a norte na rica mesa da consoada e na Madeira, onde as festas vão de 8 de Dezembro ao Dia de Reis. Os madeirenses designam a época como a Festa, a mais importante e esperada de todas as que se fazem no arquipélago, mas nos Açores e no continente sobrevivem tradições de um povo católico que, a cada Natal, se repetem. A norte, entre o Douro e o Minho, o banquete da noite da consoada (de 24 para 25 de Dezembro) é o melhor de todos os dias do ano. E não podia ser mais português, já que à mesa vai o bacalhau cozido com batatas, couves e ovo. No Minho também se serve polvo numa ementa onde entra o vinho do Porto e os doces. A aletria, a receita onde se troca o arroz por massa doce, as migas doces ou mexidos, as rabanadas, os sonhos e o tronco de Natal compõem a lista das sobremesas. A noite da consoada, nos tempos de maior fervor católico, ter-
minava com a Missa do Galo e as crianças, que deixavam o sapatinho para as prendas, abriam os presentes na manhã do dia de Natal. Hoje as famílias ligam menos aos ritos religiosos e trocam-se os presentes durante a consoada. E o costume é mais ou menos o mesmo por todo o território continental, o que muda é a ementa, que cada região adaptou ao que a terra dava. A norte os presépios feitos de musgo verde foram durante anos a principal decoração de Natal, mas
actualmente o que domina nas casas é a árvore, quase sempre artificial, sem cheiro a pinheiro e enfeitada com as tendências de cada ano e de acordo com a decoração de cada sala. O que não mudou foi o prato do dia de Natal feito dos restos da consoada e a que se dá o nome de “roupa velha” Lugar de pastoreio, nas Beiras, a consoada inclui, além do bacalhau, cabrito assado e, como em quase todo o interior português de Trásos-Montes ao Alentejo, os rapazes em idade de casar vão buscar um madeiro para arder no adro da igreja ou na praça de cada aldeia na noite da consoada. É provável que o costume seja anterior ao cristianismo e esteja relacionado com o solistício de Inverno. O lume novo é como a Festa dos Rapazes em Trás-os-Montes, também assinalada por altura do Natal. Os rapazes com mais de 16 anos vestem-se caretos (mascarados) na noite de Natal e colocam máscaras de diabos. E durante uma noite são permitidas diabruras. A festa terá origem pagã, mas ainda se faz pelas aldeias de Tras-os-Montes.
O Natal na Madeira vai de 8 de Dezembro ao Dia de Reis e os madeirenses designam a quadra como a Festa, por ser a mais importante de todas as que se fazem no arquipélago. E pela Festa tudo muda nas ilhas, até a disposição das pessoas. São os dias das limpezas em casa, das compras, das missas do parto, da noite do mercado e as visitas à família nas oitavas do Natal. As iluminações no Funchal ligam, no totalidade, a 8 de Dezembro, o mesmo dia em que, reza a tradição, os madeirenses começam as limpezas. Faz parte da época limpar, pintar, encerrar o chão e fazer arranjos em casa porque é assim que se recebe o Menino Jesus. A tradição diz que é por esta altura que se começam a fazer os bolos de mel. Os licores, o de tangerina é muito afamado, também. Ainda se faz a função do porco, mas é proibido por lei matar o animal em casa. A carne vai servir para as festas que não há Natal na Madeira sem uma sandes de carne vinha e alhos. O movimento no Funchal aumenta com as compras e, a 15 de Dezembro, começam as missas do parto. As missas são as novenas à Virgem e até dia 23, a revéspera de Festa, há romarias nas igrejas ao amanhecer. Há violas, acordeões e, porque é tradição, rebentam-se bombas de garrafa. As bombas são pequenos cartuchos de pólvora que rebentam ateando lume, quase sempre de um cigarro. São próprias desta quadra na Madeira e continuam a rebentar, apesar de todas as restrições e regras impostas à venda destes artefactos. As bombas rebentam nas missas do parto e, depois do Natal, na semana que vai até ao Fim do Ano. Só que a Festa faz-se de muitos passos e a 23 de Dezembro o povo sai à rua para a noite do Mercado. Hoje é uma festa para beber e comer, mas tem na origem o dia das últimas compras numa época em que não havia maneira de conservar os alimentos. Era a noite de ir comprar ramagens, tangerinas e o ananás dos Açores para comer no dia 25 de Dezembro. Na Madeira, a consoada não tem a importância de outros lugares, mas come-se sempre uma canja antes de ir para a Missa do Galo e há romaria em várias igrejas. O dia 25 é celebrado dentro de portas, em família, e à mesa vai o melhor. Antigamente, ia uma galinha, carne de vinha e alhos e, manhã cedo, havia cacau quente para beber. Passado o dia de Natal, começam as oitavas e é por esta ocasião que se fazem as visitas à família, se provam os licores e apreciam os presépios. Na Madeira há duas versões: a escadinha de origem algarvia com o Menino Jesus em pé e o presépio feito de papel pintado a imitar a gruta de Belém. A sul, mesmo em Lisboa, a capital composta de gente vinda de todos os cantos do país, também se celebra a consoada, mas está inclui peru assado. É em Lisboa e no Porto que ainda existem lojas especializadas na venda do bacalhau. Estabelecimentos antigos com clientes fiéis que, todos os anos, encomendam o melhor bacalhau para a noite de 24 de Dezembro.
No Alentejo, além do bacalhau, há lugar para os pratos de porco que, quase sempre, é morto em Dezembro e a pensar no Natal. A noite da consoada, que nesta região dá pelo nome de missadura, é aquecida também pelo madeiro a arder na praça. Os pratos da missadura só se comem depois da missa do galo. Antes disso servem-se os pratos de peixe. PUB
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Dezembro 2014 | Correio da Venezuela
Cada região Venezuela
tem a sua tradição de Natal Fernando Cámara
De norte a sul e de este a oeste, a quadra natalícia é muito especial na Venezuela O Natal na Venezuela é vivido com muita emoção. Seja qual for o recanto do país que se visite, podese encontrar um grande número de tradições que fazem parte da cultura dos seus habitantes. O presépio, as ‘hallacas’, os Reis Magos, os presentes regalos da ‘noche buena’ e o fogo de artifício, são apenas alguns exemplos comuns, mas cada uma das regiões possui tradições e costumes muito próprios, alguns dos quais desconhecidos até para os venezuelanos. Por quase todo o país, os festejos inseridos na quadra natalícia terminam a 6 de Janeiro, com a celebração do Dia dos Reis Magos. No dia seguinte celebra-se a missa e realizam-se procissões e cantos para esperar os Reis Magos. Nascimento do Menino marca a agenda em Mérida Ainda se mantém muitos costumes nesta região e estão intimamente relacionadas com as festas de Natal de Cristo, as quais costumam movimentar muitas pessoas, “Las Paraduras” e “El Robo del Niño”,
que são de origem colonial. “El Pesebre”, melhor conhecido como o nascimento, é preparado dias antes da chegada do Natal. Outro pormenor importante é a decoração das casas, tanto interna como externa, com adornos da época, como a árvore, o presépio e as deliciosas ‘hallacas’ para o jantar de ‘Nochebuena’, e a montagem das luzes que enchem de alegria e esperança a família para a chegada do menino Deus e do ano novo. Também se celebram as missas de ‘aguinaldo’ (cânticos), entre 16 e 24 de Dezembro, entre as 4 e as 6 da tarde. Nestes eventos costumam participar músicos que entoam ‘aguinaldos típicos da zona. Em algumas localidades realizam-se representações com os pastores. ‘La Paradura del Niño’ (Nascimento do Menino) é uma festa se leva a cabo no início de cada ano novo nas povoações do Estado de Mérida. As pessoas acreditam que, tendo o menino nascido na noite de 24 de Dezembro, já em Janeiro pode levantar-se e caminhar sozinho, ou seja, é a celebração dos primeiros passos do menino. Como se festeja? Em cada casa, o proprietário convida os seus amigos a uma determinada hora. O presépio brilha à das velas e quando chegam os padrinhos, começam as rezas e brinda-se à saúde do infante. Depois das orações, se entoam-se os ‘aguinaldos’, os padrinhos aproximam-se do presépio e
ajoelham-se ante o menino. Depois levantam-no para o passear pela casa. Por último, é deixado em é entre Maria e José. O Natal começa em Outubro Os foguetes e as gaitas iniciam as festividades dezembrinas desde muito cedo, em Outubro. Depois vem a Feira da Virgem de la Chiquinquirá, ou da Chinita, e no mesmo dia, ‘Las Águilas del Zulia’ disputam a partida programado para esse dia. A comida é um dos aspectos mais destacados: as ‘hallacas’, os pães de ‘jamón’, o pernil, as uvas, os ‘sancochos’ de frango, o arroz de frango, a salada de frango, entre outras iguarias. Na Avenida Bella Vista de Maracaibo, são ligadas as luzes. Antes disso, realiza-se a limpeza das ruas. Cabe recordar que esta importante artéria viária atravessa a cidade de norte a sul. Nesta zona, o Menino Jesus está em cima de Santo Nicolau e é quem tradicionalmente pões os brinquedos debaixo da árvore de Natal. Sem esquecer as trocas de presentes que estão marcados pela frase “caro que regalamos y lo barato que recibimos”. No oriente há influências de vários lugares O oriente do país é uma zona muito influenciada pelos andaluzes, catalães e canários. A transmissão da sua cultura deixou muitos costumes, como os cânticos e a
música. Os espanhóis designam as suas canções de Natal por ‘villancicos’. Na Venezuela, são chamadas de ‘aguinaldos’, as quais fazem parte importante do repertório musical desta zona. Aspecto interessante no oriente é que devido à sua ampla dimensão, em cada área existem distintas tradições. Em Anzoátegui destacase a dança ou baile indígena que usualmente se observa em Caigua, uma antiga povoação de missão, na qual se vê muita influência espanhola. Em Cumaná, o diabo (um homem disfarçado) encarna o conceito religioso e moral da ideia do mal e apesar de que o traje contenha componentes indígenas, provém de Espanha.
pital que descia à cidade para vender flores na quadra natalícia. É daqui que provém a expressão “¡llegó Pacheco!” (Chegou o Pacheco!).
‘Cruz del Ávila’ dá início ao Natal na capital Em Caracas, o arranque do Natal ocorre com o acendimento da ‘Cruz del Ávila’, a 1 de Dezembro, a qual apenas de apaga a 6 de Janeiro. Foi inaugurada em 1963 e mede 37 metros de altura por 18 de largura. Não se pode esquecer que a chegada do frio é associada com a ‘baixada de Pacheco’, que era um personagem muito querido da ca-
As pessoas ficam loucas no ocidente A 28 de Dezembro, quando se comemora em todo o país o Dia dos Santos Inocentes, celebra-se nos estados de Mérida, Trujillo e Portuguesa a festa de ‘los Locos y Locainas’, na qual homens vestemse com trajes rasgados e sujos e cobrem o rosto com máscaras ou pinturas para não serem reconhecidos.
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Dezembro 2014 | Correio da Venezuela
Silvia C Di Frisco sdifrisco@correiodevenezuela.com
O nascimento de Jesus celebra-se em todos os recantos do mundo A festa de Natal é uma das mais importantes do cristianismo. O nascimento de Jesus é comemorado, todos os anos, em quase todos os recantos do mundo. Com o passar do tempo, as relações entre gerações e as diferenças culturais foram criando um leque infinito de tradições e costumes em torno da celebração. Jantar em família, prendas aos entes queridos e dedicar mais tempo àqueles com quem não se está frequentemente são actividades que estão na agenda de todos nas vésperas de Natal. O que não pode faltar O nascimento de Jesus foi representado inúmeras vezes em quase todo o tipo de materiais ou superfícies. Segundo reza a história, o primeiro presépio foi exposto durante a noite de Natal de 1223, feito por São Francisco de Assis, numa cova em Itália. Nos presépios populares da Península Ibérica, na Europa, inclui-se uma figura típica, muito antiga, chamada ‘caganer’, que representa um agricultor no acto da defecação, e que faz referência a cultos agrários relacionados com a fertilidade do campo. A árvore de Natal é, provavelmente, a figura mais versátil da celebração. Actualmente comercializam-se de todo o tipo e são decoradas com um sem fim de acessórios. Acredita-se que a sua origem surge da sacralização dos elementos naturais, costume dos povos druidas da Europa central que actualmente se situam no Reino Unido. A árvore do Universo, em cuja copa e raiz se encontravam o céu e o inferno, respectivamente, era adornada pelos druidas em datas próximas do Natal cristão, como parte da sua adoração ao deus sol e à fertilidade. A ceia de Natal consiste num banquete ou festim, que, geralmente se realiza à meia-noite, em família ou entre amigos, honrando o nascimento de Cristo, que teve lugar a essa hora. Este íntimo momento de espera, carregado de simbolismo e reflexão, é similar à celebração judia do ‘Pésaj’. Comese paio, bacalhau, porco, cordeiro e outros pratos, dependendo do lugar em que se celebre ou as tradições da família. Prendas, doces e carvão Os costumes de Natal mais tradicionais dizem que as prendas recebidas pelas crianças em De-
TRADIÇÕES
Natal é universal zembro são trazidas pelo Menino Jesus ou pelo Pai Natal. No entanto, diversas culturas atribuem a entrega de presentes a outros personagens mais pitorescos e menos conhecidos, como os Reis Magos e o Espírito de Natal. Uma lenda russa conta a história de uma idosa de grande coração que deu asilo, em sua casa, aos três Reis Magos durante o seu percurso rumo a Belém. Babushka, como é conhecida, foi convidada a acompanhá-los mas decidiu limpar primeiro os brinquedos do filho, que tinha guardado, para oferecer ao Menino Jesus. Tardou uns quantos dias, mas finalmente empreendeu viagem. Quando chegou à gruta, não encontrou ninguém, pois já todos tinham ido embora. Babushka não se deu por vencida e, ano após ano, procura o messias, casa a casa. Se encontra uma criança que tenha sido boa, deixa-lhe prendas antes de partir, já que sabe muito bem que toda a criança é sempre uma esperança para a Humanidade e uma prenda de Deus. História semelhante é a de Befana, figura típica do folclore natalício em Itália, descrita como uma idosa sorridente que voa numa vassoura. Tal como na história de Babushka,
Segundo reza a história, o primeiro presépio foi exposto durante a noite de Natal de 1223, feito por São Francisco de Assis, numa cova em Itália
os Reis Magos pedem-lhe que os acompanhe a Belém, mas Befana não quis ir. Posteriormente, arrependeu-se e decidiu sair e procurar os Reis carregada com uma cesta de prendas, doces e carvão. Befana pára em todas as casas que consegue pelo caminho, com a esperança de encontrar o Menino Jesus. Desde então, deixa caramelos e
brinquedos nas meias das crianças que foram boas, e nas que não se portaram bem, uns quantos bocados de carvão. Durante o Natal basco, esperam-se os obséquios de Olentzero. Este personagem, representado como um homem gordo, esfarrapado, sujo, que come bem e é ‘borracheiro’, vive isolado da sociedade e dedica-se a fazer carvão vegetal no bosque. Todos os invernos, desce das montanhas às povoações para vender o seu carvão, e ainda que se acredite que não gostam muito de crianças, aqueles que foram bons recebem presentes seus, na manhã de Natal. Em alguns países, exige-se aos mais pequenos da casa que dêem resposta a alguns pedidos antes de abrirem os presentes. Na Alemanha, por exemplo, as crianças esperam com impaciência o som de uma campainha anunciando que as prendas já estão debaixo da árvore. Antes de abri-las, deverão entoar o cântico Stille Nacht, heilige Nacht, a tradicional Noite de Paz. Na Letónia, as prendas são trocadas por poemas. O costume exige que, depois da ceia de Natal, as crianças recitem pequenos poemas junto à árvore de Natal antes de abrirem as prendas.
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Origem atribuída à civilização Celta
Espírito do Natal e da Prosperidade Shary do Patrocinio
A época de Natal é propícia para a realização de rituais que atraiam a prosperidade, paz, amor e união. Um deles, muito conhecido e enraizado nos costumes venezuelanos é o Espírito do Natal, que se celebra a 21 de Dezembro e que remonta a mais de 2000 anos. As suas origens são atribuídas à civilização Celta, quando celebravam a chegada do Inverno, conhecido como solstício de Inverno, o momento em que o hemisfério Norte do Planeta terra se encontra mais longe do sol, fazendo com
que os dias sejam mais curtos e as noites mais longas. Os Celtas acreditavam que durante esse processo astronómico, o sol morria para renascer a 25 de Dezembro, data que mais tarde o cristianismo adoptaria como nascimento de Jesus. Entre os pagãos, esta festividade conhece-se como Yule, vocábulo do nórdico Jul, que significa
‘roda’, enquanto na tradição Caledónia recebe o nome de Alban Arthan. Não obstante, sob uma outra aceitação, a crença relata a descida à terra do Espírito do Natal para visitar os homens de boa vontade na noite de 21 de Dezembro entre as 10:00 e as 12:00, pelo que é o momento ideal para fazer os pedidos e desejos que sejam cumpridos.
Tradições
· A tradição cristã de Portugal marca os festejos natalícios. É costume assistir à Missa do Galo e terminar esta celebração beijando os pés da imagem do Menino Jesus.
Passo a passo para receber o Espírito do Natal 1. Um dia antes da celebração é recomendável não ingerir nenhum tipo de carnes nem bebidas alcoólicas e ter uma atitude positiva e de harmonia para que a energia flua. 2. Tomar banho no dia com um ritual de pétalas de rosa, mel e essência de mandarina. O ambiente deve estar muito limpo e ordenado. Desligar os aparelhos electrónicos que não sejam necessários porque bloqueiam a energia. 3. Orientar a mesa para onde surgem os primeiros raios de sol. 4. Os materiais a utilizar são velas 12 velas brancas, uma manta branca ou de Natal e objectos dourados. Papel branco sem linhas, lápis, fósforos, incenso da sua preferência, flores ao seu gosto, quatro pratos pequenos, arroz em grãos, um punhado de sal, açúcar e terra. Três velas amarelas, duas azuis, três vermelhas, essência de mandarina e um vaso de cerâmica ou madeira. 5. A primeira coisa que deve fazer é acender as 12 velas brancas e coloca-las numa mesa onde possa colocar os materiais para o ritual. Estas 12 velas devem ficar acesas desde o início do ritual de pedidos até que finalize. 6. Deve pôr a manta e colocar os objectos de cor dourada na esquina direita da mesa e o arranjo floral no centro. 7. Os quatro pratos com o seu respectivo conteúdo (arroz, açúcar, sal, terra) devem colocar-se nas quatro esquinas da mesa. Se a sua mesa é redonda ou ovalada, coloque-os de modo a que desenhem um quadrado com o ramo de flores em cima no centro e o detalhe dourado do lado direito superior da mesa. 8. Pegue em papel branco e num lápis para escrever a sua carta. Pode fazê-lo em letra maiúscula para dar mais poder aos pedidos e inclinando a letra para a direita como símbolo
O Natal em Portugal:
de avanço na vida. 9. A essência da mandarina é usada para as mãos ao iniciar os pedidos. Uma pessoa pode dirigir os pedidos e os demais seguem a seguinte oração: “Deus todo-poderoso criador de todo o Universo e do infinito. Venho a ti este dia/noite, fazer o ritual de pedidos e que nos rodeie de toda a tua abundância. Peço-te pelo equilíbrio no universo. Peço-te pela saúde do Planeta. Peço-te pela paz do mundo. Peço-te que não falte alimentos aos povos do mundo. Peço-te harmonia das nações. Peço-te muita luz para os que dirigem as suas nações. Peço-te por todas as minhas amizades e pessoas próximas no dia-adia. Peço-te para toda a minha família paz, amor, saúde e prosperidade. Peço-te por mim, para que me dês paz interior, tolerância, atitude para aprender com os erros, que compreenda os meus semelhantes e familiares. Peço-te harmonia, saúde e prosperidade para continuar a crescer como pessoa.” 10. Ao terminar de escrever e depois de ter lido os pedidos que escreveu em voz alta, enrole o papel branco, que será queimado com um pouco do fogo da vela amarela, da azul e da vermelha, depois coloque-o no vaso ou prato na mesa para que os pedidos tenham mais força. 11. Neste ritual de queimar os pedidos enquanto se queima a folha de papel dizemos em voz alta: “Universo abundância em harmonia e prosperidade te oferecemos estes pedidos para o bem-estar do mundo, do meu país e de todos os nossos semelhantes. Em perfeita ordem divina. Ámen.” 12. Ao terminar os pedidos e o ritual, juntam todos as mãos para dizer Ámen. (Fonte: Diário Últimas Notícias)
· Nas regiões de Bragança, Guarda ou em Castelo Branco, depois da missa queima-se um tronco num grande fogueira no adro da igreja. · A pesar de ser um país de profunda tradição católica, às crianças portuguesas recebem presentes dos Reis Magos, mas sim do Pai Natal (Papá Noel) no início da madrugada de 25 de Dezembro. O Pai Natal deixa os presentes na árvore. · Na Praça do Comércio, em Lisboa, cria-se todos os anos um ambiente “ainda mais caloroso” com a instalação de uma árvore de Natal de 28 metros de altura, que é iluminada a 1 de Dezembro. · Nos primeiros dias do ano, as Janeiras surpreendem quem caminha pelas rua. Trata-se de grupos que cantam nas ruas temas tradicionais desejando um Ano cheio de sorte. · Na povoação de Benquerença, na região de Castelo Branco, os jovens percorrem as ruas com farinha para desenhar cruzes brancas nas portas das casas.
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Dezembro de 2014 | Correio da Venezuela
Superstições
que se tornam tradições
O Natal na Venezuela: Joel Melin Abreu
Apesar de os portugueses que emigraram para a Venezuela ainda manterem as tradições trazidas da terra natal, com o passar dos anos, assumiram os rituais venezuelanos como seus. O Natal e o fim de ano são duas épocas que tradicionalmente se prestam a superstições e rituais com os quais queremos invocar boa sorte para o ano que está prestes a começar. Estes rituais começam dez dias antes da última noite do ano, com a chegada do Espírito do Natal, ou do Senhor Natal, festa que se celebra durante o solstício de Inverno (21 de Dezembro). As crianças também têm as suas tradições, seja enviar a carta ao Pai Natal ou colocar os sapatos debaixo da árvore, para que ali sejam deixados os presentes. Os mais pequenos cumprem o seu ritual antes da ‘noite boa’, à espera que a
Tradições
superstição esteja certa. Elian de Abreu, luso-descendente, assegura que “todos os meses de Dezembro, quando a minha mãe monta a árvore, deixo o meu cartão nos ramos e coloco sempre o meu sapato debaixo da árvore para que o pai Natal se lembre de me dar uma prenda”. Na Venezuela, esta tradição europeia é mais comum durante o Dia de Reis, enquanto que a 24 de Dezembro, as crianças vão deitar-se cedo para que o Menino Jesus deixe as prendas em casa. A última noite do ano A noite de fim de ano é a data onde as superstições são seguidas mais è letra. Maria da Silva, oriunda da Madeira e residente em Maracay, Estado de Aragua, diz que a sua família realiza as mesmas rotinas todos os 31 de Dezembro. “Comemos uma colherzinha de lentilhas, que nos trará prosperidade e sorte, e oferecemos um punhado aos nossos amigos e sócios, para que o ano que vem seja pleno de abundância e prosperidade nos negócios”, disse. Já os portugueses, a 12 segundos do novo ano, comem 12 passas, acompanhadas de um desejo por cada uma. Na Venezuela, as passas são substituídas por uvas. Um dos actos mais comuns minutos antes da meia-noite, no fim
· No primeiro domingo de Dezembro, começam das celebrações em Aragua e Carabobo com uma festa chamada ‘Velorio, Danza o Romería de los Pastores del Niño Jesús’. Têm lugar procissões e danças na ruas e nos tempos, acompanhados por instrumentos de cordas. · Em Táchira, Mérida e Trujillo, realiza-se a ‘Paradura del Niño’: uma demonstração de devoção expressa em complexos e elaborados presépios conjuntamente com um costume que consiste em passear o Menino Jesus num lençol de seda, com cânticos e procissões. · A 21 de Dezembro, grupos familiares abrem as portas das suas casas e oferecem um pequeno jantar para celebrar a chegada do Espírito do Natal, acompanhado de mandarinas. · No 24 de Dezembro, as famílias reúnem-se à volta da mesa para o tradicional jantar de Natal, acompanhado por gaitas e ‘aguinaldos’. As crianças esperam a chegada do Menino Jesus e de São Nicolau, dependendo da zona do país. do ano, é tirar as malas dos armários, para poder viajar durante todo o ano, ter dinheiro nos bolsos, preferivelmente dólares e euros, para que cheguem em abundância nos 12 meses seguintes, e subir a uma cadeira se quer encontrar um (a) companheiro (a) no ano seguinte. Tomar banho em champanhe e lançar grãos pela janela para conseguir prosperidade, beijar o companheiro para se manterem unidos, arrumar e limpar a casa para libertá-la das más energias, são algumas das crenças para cumprir nestes dias.
· A 28 de Dezembro, dia dos Santos Inocentes, celebra-se em Mérida, Trujillo e Portuguesa a festa de ‘Locos y Locainas’: pessoas com trajes raiados e sujos, que tapam os rostos com máscaras os pintura para não serem reconhecidos. Em Lara esta festa é conhecida como ‘los Zaragozas’. · A Queima do Ano Velho é celebrada nos estados de Táchira e Mérida a 31 de Dezembro e consiste em atear fogo a um boneco que representa o ano que termina. · Entre 4 e 7 de Janeiro também no Estado de Trujillo, se celebra a chegada dos Pastores e Reis Magos com velórios que duram toda a noite com cantos e oferendas ao Menino Jesus. · As festividades natalícias populares terminam nos dias 2 e 3 de Fevereiro em Mérida com uma das mais vistosas celebrações, ‘los Vasallos de la Candelaria’, uma celebração muito colorida e musical.
Correio da Venezuela | Dezembro 2014
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10 Natal 2014
Dezembro de 2014 | Correio da Venezuela
Natal venezuelano: Uma tradição em forma de presépio Joel Melin Abreu
A iconografia do presépio na maioria das culturas europeias está reservada às telas e quadros, enquanto na Venezuela, com os contributos próprios da nossa cultura, já é costume a elaborada representação tridimensional. Belém, nascimento, presépio... são vários os nomes usados em diferentes países de língua espanhola. É a representação de cenas do nascimento de Jesus Cristo, exposta em lares, igrejas e em muitos locais públicos, como escolas, organismos oficiais, lojas, etc. A construção e exibição de presépios faz parte das tradições de Natal em
muitas partes do Mundo, especialmente nos de tradição católica. Esta tradição intercultural passa de geração em geração, desde a Europa ao continente americano. Apesar das diferenças existentes entre um país e outro no que diz respeito aos rituais de elaboração e de celebração, o nascimento ou presépio está sempre presente nos lugares onde existe um coração crente nesta história religiosa. Origem de uma tradição Algumas crónicas sobre o tema assinalam que o presépio mais antigo ainda se conserva, embora apenas em parte, na basílica romana de Santa Maria a Maior, mas foi São Francisco de Assis que criou o primeiro, no eremitério de Greccio, em 1223. Por isso se pode afirmar que o presépio provém de Itália e chegou à América através de Espanha, na época da colonização. Esta manifestação europeia foi cimentando paulatinamente e foi se transformando e adaptando até converter-se no que é hoje desfrutado no Natal latino-americano. A especificidade da nossa
Foram os andinos a trazer a tradição do presépio para Caracas
dos nossos dias não renunciou ao costume de ‘pôr o presépio’, incorporando como companheiros do cenário a árvore de Natal e outros adornos mais recentes.
cultura deu ao presépio não só elementos materiais através dos quais se manifesta a fé colectiva e a individual, mas também o comportamento ritual e festivo que os processos interculturais foram desenhando até torná-los característicos de cada zona. O venezuelano
Presépios vivos Os presépios vivos foram se enraizando como costume desde a época da colonização, com um grande poder entre os crioulos. Tal costume de representar o presépio com actores difundiu-se rapidamente por todo o território venezuelano, e particularmente na
região dos Andes, onde adquiriu especial importância e visibilidade. Em Caracas e noutras grandes cidades, talvez a tradição tenha perdido força, mas graças às sucessivas migrações da província para as cidades e para a capital, recuperou essa força, e, no meio do modernismo urbano das últimas décadas, sobrevive em algumas comunidades populares de Caracas, como La Pastora e, mais recentemente, no famoso boulevard de Sabana Grande. Aqui, cada peça do presépio é um tronco de árvore, onde não existe nenhum corte. Foram talhadas pelos irmãos Erazo, reconhecidos artesãos de Tovar, Mérida, e pintadas com pigmentos naturais, provenientes das flores. O processo de confecção deste peculiar presépio levou um ano, pois teve de permanecer vários meses em formol, de forma a que a madeira absorvesse as cores. A figura mais alta, que é a do anjo, mede três metros. Ainda que esta obra seja para ser apreciada sobretudo pelos mais velhos, os mais pequenos gostam de andar perto destas figuras de madeira, crescendo em redor de um presépio proporcional ao tamanho de tudo o que os rodeia. Passeando por Caracas Na capital, mais especificamente no Centro Comercial Paseo Las Mercedes, duendes reparam brinquedos, pessoas esquiam, podem ver-se conhecidos heróis infantis, um parque de atracções sobre a neve e pessoas a cantar ‘villancicos’, tentando reviver o espírito de Natal. Falamos da ‘Villa Navideña’ (‘Vila Natalícia’), do designer de jóias marabino George Wittels, que criou esta cidade miniatura há 10 anos para recordar os natais que costumava passar na sua terra natal. “A ideia é transportar o espectador para um mundo imaginário, a coisas que as pessoas não tiveram oportunidade de ver ou fazer. É um lugar que transmite paz e tranquilidade”. Saindo da zona de Las Mercedes, chegamos a Valle Arriba, onde está talvez o presépio com mais história da Venezuela. Em 1943, os Irmãos da Ordem Hospitaleira de São João de Deus, que se tinham fixado em Mérida desde 1630, e que iniciaram as suas actividades em Caracas em 1942, montaram o primeiro nascimento como parte de um costume que estenderam aos cinco continentes. Com quase 70 anos de existência, uma extensão de seis metros de largura por quatro de altura, cerca de 300 peças feitas em gesso e com um tamanho entre 20 a 50 centímetros cada uma, relatam a anunciação à Virgem Maria, o nascimento de Jesus, a visita dos Reis Magos e a fuga para o Egipto.
Correio da Venezuela | Dezembro 2014
Natal 2014 11
Natal: Tempo de Religião Sergio Ferreira Soares
O significado das festividades dezembrinas vai muito além das festas e troca de prendas. Chegamos às últimas semanas do ano e, junto com elas, o tráfego nas principais cidades da Venezuela, as longas filas nas lojas dos centros comerciais. A razão? Nos tempos que correm, o Natal tornou-se numa data comercial perfeita para dar prendas aos nossos familiares e amigos. E ainda que o Natal na Venezuela se caracterize pela união e confraternização com os mais chegados, há quem considere que estas datas tão esperadas perderam a sua essência.
O Natal é uma das festas mais importantes do cristianismo, que comemora o nascimento de Jesus Cristo em Belém. Existem diversas teorias sobre a origem do 25 de Dezembro como dia do nascimento. No entanto, divergências no que diz respeito à data fizeram com que fosse adoptado o referido dia como a data oficial do nascimento de Cristo, e o 6 de Janeiro como a Revelação. Para as igrejas orientais, a Revelação é mais importante que o Natal, já que é nesse dia que se dá a conhecer ao Mundo. Para o catolicismo, o Natal é uma temporada de festas que contém um tempo de preparação, chamado Advento, que se inicia quatro domingos antes do 25 de Dezembro. É costume celebrar-se várias missas no Natal, com diferentes conteúdos, consoante o horário. Assim, na noite anterior, há a famosa Missa do Galo, à meia-
noite. Em alguns locais há, inclusive, uma Missa da Aurora, que se celebra precisamente ao amanhecer do dia 25 de Dezembro. E há a Missa do Meio-Dia, sendo costu-
me que, antes ou depois, o papa envie uma mensagem de Natal a todos os fiéis do Mundo, conhecida como ‘Urbi et Orbi’. Mas mais do que as crença ou
religiões, em todos os casos o Natal é a altura perfeita para a reflexão e para partilhar o pouco ou o muito que temos com os mais necessitados.
Alexandre Mendonça
José António Concepción
O que é o Natal? É um tempo de graça infinitamente belo, em que o Senhor nos permite, ano após ano, viver a imensa experiência do amor infinito de Deus com o nascimento do seu amado filho no coração de todo o homem que o ama. O Natal é este tempo de graça em que todos sentimos que o amor de Deus está presente no acto de querer partilhar e manifestar o nosso amor aos seres que nos rodeiam. Isto só se vive quando sentimos a presença de Deus no nosso coração.
O que é o Natal? É o nascimento de Cristo Jesus, o Filho de Deus feito homem para nossa salvação. Antes de tudo, o Natal deve significar um mistério: O Deus que se fez homem. Em segundo lugar, deve oferecer um momento de alegria para todos, porque Deus se fez homem para reconciliar a Humanidade. Por último, deve ser um momento de encontro entre pessoas que serve para fortalecer os laços para a vida.
Como se deveria celebrar o Natal? Deveria ser celebrado de maneira cristã, ouvindo a voz de Deus através da sua igreja, que nos chama a uma conversão e sentir a imensa alegria de que esse amor de Deus chegue a todos os seres, especialmente aos mais necessitados, através das nossas obras de caridade e de amor.
Como se deveria celebrar o Natal? Em primeiro lugar, apelamos a todos que entendam que o Natal é um momento que Deus nos oferece para aprofundar esse mistério de Deus feito homem; se estamos agradecidos pelo que somos e temos, devemos dedicar algum tempo, entre as muitas ocupações que temos, à reflexão em torno deste mistério.
Director da Missão Católica Portuguesa
Acredita que o Natal perdeu a sua essência? O Natal não perdeu nada do essencial porque é obra amorosa de Deus. Lamentavelmente, os seres humanos são dóceis nas palavras mas alguns vêem-se privados de viver a experiência do nascimento do Menino Deus. Que mensagem envia a quem ainda não ajudou os nossos irmãos mais necessitados? A mensagem, queridos filhos, é que tomemos consciência de que não podemos amar a Deus se não amamos os nossos irmãos, especialmente os mais necessitados. Este tempo é propício para manifestar, de maneira extraordinária, que amamos Deus porque amamos os nossos irmãos. Não deixe de aproveitar este tempo de graça, em que o senhor nos concede mais um ano. Não fiquemos no passado, vivamos o que o presente nos traz e olhemos para o futuro com a certeza que o Senhor nos ajudará a construir um Mundo mais justo e mais perfeito, desejado pelo nosso coração. Quer acrescentar algo? Que os frutos do nascimento do Filho de Deus, que são a justiça, paz e amor, sejam a realidade do nosso Mundo, da nossa Venezuela, e de forma particular, dos lares da comunidade.
Director da Associação Civil Amigos da Virgem de Fátima
Acha que o Natal perdeu a sua essência? Definitivamente sim. O Natal ficou-se pelo materialismo e muitas vezes não se lhe dá o verdadeiro sentido espiritual que deve ter. Isso pode ser enfrentado dizendo-o frequentemente, fazendo um apelo às pessoas para que entendam que o sentido do Natal não está no meramente material, mas sim na partilha com os outros e viver esta bela experiência de agradecimento a quem nos dá tudo. Que mensagem envia a quem ainda não ajudou os nossos irmãos mais necessitados? Que ponham a mão no coração e pensem por um momento se não estão realmente em dívida com Deus. Acho que a melhor maneira de pagar a Nosso Senhor é ajudando os pobres e os mais necessitados, porque é precisamente no pobre e no necessitado que conseguimos contemplar Deus. Quer acrescentar algo? Quero convidar toda a comunidade luso-venezuelana a celebrar este Natal com oração, indo à missa e agradecendo a Deus por tudo o que nos dá em cada dia das nossas vidas.
12 Natal 2014
Dezembro de 2014 | Correio da Venezuela
Do amigo secreto às portas
Natal de mudanças e tradições
Carla Salcedo Leal
O engenho dos venezuelanos é posto à prova inclusive em épocas como o Natal, altura em que a criatividade tem um papel fundamental. Dizem por aí que o venezuelano suportou todas as crises que viveu devido ao seu ânimo, mas sobretudo pelo engenho que têm para superar as situações. E o Natal é um desses momentos em que se nota particularmente essa criatividade de que tanto se fala, porque se bem que é certo que este é um país consumista, também o é que o poder de compra da maioria tem sido reduzida nos últimos anos. Mas isso não limita as festas, que não ficam aquém. Pelo contrário, todas essas energias são colocadas em criar um feliz Natal na companhia dos entes queridos. Tradições e engenho Ainda que se diga que muitas das tradições que existem no país são fruto da mistura de raças e do intercâmbio cultural, o certo é que muitas delas são típicas desta época, e com o passar do tempo, foram variando para adaptar-se à situação que lhes cabe enfrentar. Por exemplo, este ano, especialmente, os tradicionais porquinhos de Natal (mealheiros) migraram
para caixas forradas com papel de embrulho e adornadas com versos e laços de Natal, a fim de chamar a atenção dos clientes. Vêem-se mesmo colocados ao pescoço dos vendedores de gelados e até de vendedores ambulantes de lotaria, porque afinal todos têm direito ao seu ‘subsídio’ de Natal. Para além disso, a partilha entre familiares e amigos, as reuniões sociais, montar o presépio e a árvore, fazer as hallacas e comer doce de papaia ou bolo preto são desses prazeres a que os venezuelanos ainda não estão dispostos a renunciar. Inclusive o famoso amigo secreto foi variando conforme a situação económica do grupo. Muitos preferem estabelecer o montante máximo de uma prenda ou um valor específico e descobrir a quem o oferecem no dia do evento, mesmo depois de terem comprado a prenda. As famosas patinatas nos colégios e as verbenas natalícias têm agora outros nomes, e outro público também, com a denominação de Gaitazos ou ‘Intercolegiales de Gaitas’, e os parrandones natalícios nas urbanizações começam a abrir passagem. Chamar a atenção Nesta oportunidade, destacamos duas actividades características do Natal que estão directamente relacionadas com a criatividade. Uma é a tradição de forrar as portas das casas ou escritórios com um tema natalício que as torne o mais chamativas possível. Isto não só se vê em urbanizações como também
em edifícios de entidades públicas e privadas, que organizam concursos para escolher no final do dia que departamento fez a melhor decoração. E, claro, há sempre uma retribuição aos vencedores. Os mais criativos recorrem às suas melhores ideias, e não há limites para as criações, seja porque desenham uma caixa de prendas, seja porque armam um boneco de neve a partir de um conjunto de copos de plástico que posteriormente são usados em qualquer reunião. O segundo aspecto notável este ano corresponde a uma prática que tem ganho mais força nos últimos anos, e que normalmente é organizada em ambientes de empresas. Trata-se de um concurso de cartas dos desejos entre os funcionários nas quais se estabelece um montante máximo para o desejo que querem ver realizado este Natal, e uma data limite de entrega de cartas. No dia do convívio da empresa, um determinado número de participantes é premiado com o desejo que cada um escreveu na carta. Criatividade na cozinha Mesmo que o tema já tenha sido focado várias vezes, não se pode despedir do ano sem destacar a fusão entre a cozinha portuguesa e a venezuelana, fusão que se aviva nesta altura do ano, sentida por muitos como época de saudades, e onde o prato típico é a hallaca de bacalhau, o que descreve na perfeição a junção entre ambas as culturas, mesmo quando as tradições estão muito enraizadas. Feliz Natal!
Fotografias com história
Emilio Biel Conde de Bolhão. A par do trabalho de estúdio na Casa Biel, dedicou-se também Na imagem desta semana à fotografia de paisagem e de imobserva-se a ponte D. Luís I, uma portantes obras de engenharia. ponte sobre o rio Douro que une Em 1885, iniciou o levantamento o Porto a Vila Nova de Gaia. Foi documental e fotográfico do Cainaugurada em 1886 e é um dos minho de Ferro em Portugal e do locais mais emblemáticos da ci- Porto de Leixões em Matosinhos dade. entre 1884 e 1892. Foi também O autor do retrato foi Emílio fotógrafo da Casa Real, na époBiel, que nasceu em Amberg, ca do Rei D. Fernando de SaxeAlemanha, a 18 de Setembro de Coburgo-Gota, também alemão 1838 , e morreu no Porto a 14 de (casado com D. Maria II). Setembro de 1915. Foi um neEm resultado das suas fregociante e fotógrafo germânico quentes viagens pelo país, Biel considerado um dos precursores editou, no Porto e noutras cidada fotografia em Portugal. des, uma obra de oito volumes (A Depois de uma curta pas- Arte e a Natureza em Portugal). sagem por O seu espólio Lisboa, esta- A par do trabalho de encontra-se acbeleceu-se tualmente no no Porto em estúdio na Casa Biel, Arquivo Histó1860, quando rico Municipal dedicou-se também à tinha apenas de Porto. Foi 22 anos. Ali fotografia de paisagem e colaborador da dedicou-se revista Ilustraao comércio de importantes obras de ção Portuguee à edição de sa (1884-1890) engenharia. livros. Como e d a re v i s t a editor, publiBranco e Necou uma edição de Os Lusíadas, gro (1896 – 1898). considerada uma das obras mais A acrescentar a isso, foi um importantes do país. Tinha a re- apaixonado pela tecnologia e presentação para Portugal de fez vários trabalhos importantes: firmas como Coats & Clark, Benz, instalou a luz eléctrica em Vila entre outras. Real, foi administrador da EmEntre 1862 e 1864 teve uma presa Águas do Gerês, introducasa de venda de na Rua da Ale- ziu a primeira instalação de luz gria. Em 1874, adquiriu a Casa eléctrica no Porto e o primeiro Fritz (depois conhecida como telefone, entre outras coisas. Casa Biel), na Rua de Almada, No início da Primeira Guerra local comercial dedicado à foto- Mundial, pouco antes de morgrafia, iniciando assim a sua car- rer, viu todos os seus bens serem reira no ramo. Depois, a ‘E. Biel & confiscados devido à sua origem Cía’ mudou-se para o Palácio de alemã.
Fernando Cámara
Fcamara@correiodevenezuela.com
Correio da Venezuela | Dezembro 2014
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14 Natal 2014
Dezembro de 2014 | Correio da Venezuela
A arte de fazer ‘hallacas’ Kenner Prieto
A ‘hallaca’ é tradicional da Venezuela, especialmente no Natal, época em que a família se reúne para preparar este delicioso prato. Na Venezuela, não há Natal sem ‘hallacas’, um sinónimo da mistura de raças e da transmissão da tradição de geração em geração. Há uma grande variedade de receitas, cada família as faz de forma diferente, e mudam também de região para região. Em todos os casos, a elaboração desta iguaria torna-se na desculpa perfeita para celebrar e para o convívio entre amigos e familiares. Reza a história que o nome da ‘hallaca’ provém da combinação de duas palavras: ‘allá’, referindo-se aos componentes do guisado, que vêm de outros países, e ‘acá’, referindose à massa e às folhas de plátano naturais destas terras. Como resultado, ao combinar o de lá com o de cá, nascia a tão apreciada ‘hallaca’. Existem diferentes formas de prepará-la, como também diferentes receitas, que variam de família para família, mas guardando o tradicional do nosso manjar de Natal. Comer uma ‘hallaca’ é viver uma tradição, mas elaborá-la e tornar esse processo de confecção no centro de uma festa anual é manter viva a alma do Natal na Venezuela. A ‘hallaca’ é a alma da ceia de Natal e uma das criações originais da cozinha venezuelana que mais prazer, satisfação e orgulho gera nos venezuelanos. A sua elaboração torna-se, geralmente, numa verdadeira cerimónia participativa na qual são distribuídas tarefas aos participantes desta tradição: Cozinhar, amassar, envolver e amarrar. Existem diferentes tipos de ‘hallacas’, dependendo de cada região do país: A andina, a oriental, a ocidental, a da capital, e a portuguesa. ‘Hallacas’ andinas Esta reconhecida ‘hallaca’ tem a particularidade de levar o recheio cru, ficando depois a cozinhar durante uma hora e meia. O conteúdo caracteriza-se por ter grão de bico e tomate picado. Mariana Carreño recomenda que as ‘hallacas’ sejam feitas por etapas: No primeiro dia,
demos encontrar carne de galinha ou frango, vaca ou porco. Tudo isto envolto em folhas singulares de plátano, amarradas com fios. María González prepara as ‘hallacas’ numa reunião mais íntima, em que as suas filhas são as principais ajudantes na preparação. Entre as três, dividem as actividades da criação das ‘hallacas’ típicas da capital, e ao terminá-las, enviam algumas aos amigos mais próximos. lavar as folhas; no segundo, deixar o guisado com todos os ingredientes a repousar, já que este só é cozinhado já com as ‘hallacas’ envolvidas; e no terceiro dia, dedicar-se à confecção. ‘Hallacas’ orientais Nereida Bolívar comenta que na sua casa, a família reúne-se desde muito cedo para celebrar a vinda do espírito de santidade do Natal. “Reunimos pai, mãe, irmãos, cunhados, sobrinhos, filhos e até os avós se juntam a este belo trabalho. Dançamos, cantamos e rimos entre gaitas, enquanto fazemos as ‘hallacas’”, contou. A ‘hallaca’ oriental é natural dos Estados Sucre, Anzoátegui y Bolívar. A sua característica fundamental é que no recheio, leva rodelas de batatas e ovos escalfados. Para que fique bem, apenas uma pessoa deve encarregar-se de elaborar, e acrescentar o vinho só no final, nunca antes, porque as carnes ficam duras. ‘Hallaca caraquenha’ A tradicional ‘hallaca’ leva uma pitada de açúcar para dar-lhe um toque doce na preparação, e o guisado para o recheio pode levar até 25 ingredientes. O toque singular desta ‘hallaca’ é a massa de milho colorida com ‘onoto’, que lhe dá o tom amarelado, e no recheio po-
‘Hallaca’ ocidental Esta ‘hallaca’ é muito parecida com a ‘caraquenha’, mas o que diferencia uma da outra é que esta última tem um sabor mais picante. Ao confeccioná-las, é colocado no guisado um toque de picante, dandolhe, assim, um pouco mais de sabor. Adicionalmente, a ‘hallaca’ leva menos ingredientes que a ‘hallaca’ tradicional. Alejandra Rivero comenta que a sua família costuma reunir-se a 23 de Dezembro para fazer as ‘hallacas’ em casa da avó, onde ano após ano, reúnem-se irmãos, pais, sobrinhos e netos para festejar uma época de união. ‘Hallacas’ de bacalhau Marlene Pereira nasceu na Madeira e actualmente vive em Caracas. Para ela, o Natal é uma data de união familiar que junta a sua pequena família que está em Caracas para confeccionar as tradicionais ‘hallacas’, que os acompanham ao longo de toda a época de Natal. Reúnem-se no início de Dezembro e, para além de fazerem as ‘hallacas’, têm um ‘amigo secreto’ para a troca de prendas. A particularidade destas ‘hallacas’ é que no recheio, levam bacalhau. “A minha família é amante de bacalhau e para não perder os nossos costumes portugueses, quisemos unir as duas culturas fazendo as ‘hallacas’ de bacalhau”, disse Marlene.
Pratos Típicos de Natal em Portugal
Minho e Douro
Estremadura
Bacalhau com Todos, Polvo, Vinho Quente, Roupa Velha, Amêndoas, Avelãs, Figos, Peru Assado, Mexidos, Aletria, Rabanadas com Calda de Açúcar.
Bacalhau com Batatas e Couves cozidas, Cabrito com Batatas Assadas, Broas de Batatas Doce, Filhós, Fatias Douradas, Azevias, Aletria.
Alentejo Bacalhau Cozido, Peru Recheado com Carnes Alentejanas, Carolo, Coscorões, Azevias de Grão ou Batata Doce.
Trás-os-Montes e Alto Douro Bacalhau, Polvo, Passas, Figos, Filhós de Jerimú, Migas Doces, Canja de Galinha, Assado de Peru, Borrego, Porco ou Leitão
Algarve Galo, Bacalhau, Peru Recheado, Rabanadas, Broas de Milho, Empanadilhas.
Açores Madeira Espetadas, Carne de Vinha d´Alhos à Moda da Madeira, Canja de Galinha, Bolo de Mel da Madeira, Bolo de Abóbora, Bolo de Noz, Licor.
Galinha, Canja, Guisada, Assada, Porco, Vaca, Arroz Doce, Licor, Rabanadas.
Beiras
Bacalhau, Cabrito Assado com Batatas, Sonhos, Rabanadas, Bolo Torto, Filhós de Joelho.
Correio da Venezuela | Dezembro de 2014
Joel Melin Abreu
no Natal venezuelano.
Existem diferentes expressões gastronómicas que identificam a celebração da época natalícia Venezuela, tanto por parte dos nascidos na terra de Bolívar como dos portugueses, que acrescentaram tradições gastronómicas à cultura venezuelana.
Entre Portugal e a Venezuela Na Venezuela, os crioulos consomem pratos e sobremesas típicos da Madeira e do continente português, e, por seu turno, os portugueses que emigraram para esta terra souberam apreciar a sobremesa natalícia venezuelana, até ao ponto de esta passar a fazer parte da mesa de Natal das famílias lusas. As queijadas são uma das iguarias predilectas dos portugueses oriundos dos Açores. Margarida de Sousa é natural de Ponta Delgada, a maior cidade da região autónoma. Na época de Natal, faz estes doces típicos para toda a família e vizinhos, nascidos, na sua maioria, em Valência, cidade onde reside. Diz que a receita é fácil e os ingredientes conseguem-se em qualquer supermercado. Para esta lusa, o importante é manter vivas as tradições gastronómicas de Natal que trouxe do seu país, para além de transmiti-las a pessoas que ainda não as conhecem, mas que passam a apreciá-las desde o primeiro momento. Sousa diz que sempre gostou de doçaria. “Tenho muitas amigas a quem ensinei a preparar bolos e doces portugueses. Faço desde os mais simples às sobremesas mais complicadas”, garante. Em todas as épocas de Natal, é ela quem se encarrega de levar as sobremesas para as reuniões familiares. “É tradição na minha família que seja eu a encarregar-me dos doces que comemos depois das grandes refeições”, comentou. Mariana Benzaquen diz que, mesmo sem ter família portuguesa, aprendeu a preparar algumas iguarias típicas, como o bolo de mel e as saborosas broas. “Cozinho sempre doces e vende-os às pessoas em Catia que não os sa-
A Venezuela veste-se de festa no Natal, engalana-se com o seu melhor ambiente, é época de sabor e de festejo, de reunião e de encontros, de calor humano e de felicidade. Em qualquer recanto venezuelano celebra-se a chegada do Deus Menino e um sem número de tradições surgem em todo o território. Dezembro começa com alegria e o venezuelano desfruta desta época intensamente, entre música, reuniões, brindes e deliciosos pratos natalícios que marcam a nossa identidade. Desta maneira, encontramos na mesa de Natal apresentações de sobremesas como o doce de mamão, típico da Venezuela, assim como a famosa torta negra, o bolo de mel e as sempre saborosas broas, trazidas pelos emigrantes portugueses, que, apesar de não ser nosso, entrou na nossa mesa até se tornar característico
Natal 2014 15
Doces de Natal continuam a unir tradições bem fazer mas que gostam, e ao mesmo tempo faço sobremesas venezuelanas que vendo a famílias portuguesas da zona, porque gostam, porque não são comuns e porque não as sabem preparar”. Para estas ‘doceiras’, o Natal é a melhor época do ano, pelo convívio com familiares que normalmente não vêem ao longo do ano, e porque podem pôr em prática o que aprenderam de outras culturas na arte das sobremesas, partilhando com familiares e amigos, tanto venezuelanos como portugueses.
Torta Negra Ingredientes
• 200 gr. de manteiga • 2 chávenas de açúcar mascavado • 2 1/2 chávenas de farinha • 1 colherzinha de baunilha • 6 ovos • 6 ‘pastilhas’ de chocolate negro
Preparação
• 1 pitada de sal • 2 colherezinhas de fermento em pó • 1/2 chávena de leite • 1 pitada de canela • Frutas maceradas
Retira-se a casca da papaia e corta-se a polpa em fatias finas. Estende-se as fatias sobre uma travessa, polvilha-se com bicarbonato e deixa-se repousar até ao dia seguinte. Coloca-se depois a papaia numa panela grande, acrescenta-se o açúcar, coloca-se um pouco de água (uns quatro dedos da panela), acrescenta-se o cravinho (para dar sabor) e deixa-se cozinhar lentamente até que a papaia cristalize. A fruta liberta muito líquido, pelo que não será necessária mais água. Deixe esfriar, e coloque, ainda morno, em frascos de vidro ou numa taça grande.
Doce de Papaia Ingredientes
• 5 Kg. de papaia verde • 2,5 Kg. de açúcar branco •1 colher de bicarbonato •Cravinho a gosto • Um pouco de água
Preparação
Retira-se a casca da papaia e corta-se a polpa em fatias finas. Estende-se as fatias sobre uma travessa, polvilha-se com bicarbonato e deixa-se repousar até ao dia seguinte. Coloca-se depois a papaia numa panela grande, acrescenta-se o açúcar, coloca-se um pouco de água (uns quatro dedos da panela), acrescenta-se o cravinho (para dar sabor) e deixa-se cozinhar lentamente até que a papaia cristalize. A fruta liberta muito líquido, pelo que não será necessária mais água. Deixe esfriar, e coloque, ainda morno, em frascos de vidro ou numa taça grande.
16 Natal 2014
Dezembro de 2014 | Correio da Venezuela
Noite venezuelana iluminada entre estalidos Kenner Prieto Victoria Urdaneta
Os fogos de artifício tornaram-se numa tradição de Natal que, entre estalidos e cores, iluminam o céu do nosso país. Uma das tradições que nunca falha nas noites de 24 e de 31 de Dezembro em cada Estado do nosso país é a dos espectáculos pirotécnicos. Passada a meia-noite, começam a rebentar no céu milhares de fogos de artifício que encantam quem os vê, enchendo tudo de magia, esperança e emoção. A Venezuela é um dos países em todo o mundo onde se regis-
tam as maiores vendas deste tipo de material pirotécnico. Muito antes do mês de Dezembro, crianças e jovens começam a detonar os conhecidos ‘triki trakis’. E são cada vez mais as pessoas que guardam uma boa quantia em dinheiro ao longo do ano para poder preparar o seu ‘repertório’ de foguetes, e oferecer à comunidade um festim de tonalidades. Entre os produtos mais procurados estão ‘cebolitas’, ‘fosforitos’, ‘martillos’, ‘tortas’, ‘cohetones’, ‘tumbarranchos’, ‘estrelinhas’, ‘bombeadores’ e ‘morteiros’, entre outros. Mas a um tradicional e bonito espectáculo junta-se um facto não tão bom: É que são cada vez mais os acidentes e incêndios originados pela manipulação incorrecta dos artefactos, o que já levou à criação de leis que proíbem a venda de alguns materiais. Entre os portugueses, a prática disseminou-se, e em algumas zonas do país, as competições familiares generalizaram-se,
Bombeiros em emergência O fogo-de-artifício é, em primeiro lugar, composto por “artefactos muito perigosos que só devem ser manuseados por pessoas especializadas nesse trabalho”, adverte Franklin Mata, sargento ajudante adstrito ao Distrito Capital. “Uma vez, no meio de umas eleições presidenciais, levaram um senhor com a mão envolta e quando tiraram a toalha, viram que não tinha mão”. Devido a consequências como essa, Mata assegura que “não é suficiente o facto de serem manuseados por um adulto, porque ser maior de idade não dá automaticamente experiência suficiente. Isso é como as queimadas controladas: Por estarem atentos ao fogo, não significa que seja seguro, quando na realidade o que vale é uma queimada ‘organizada’, onde estão presentes todos os bombeiros, a polícia, etc. Pois bem, o mesmo acontece com o fogo-de-artifício, devem estar presentes profissionais preparados para isso.” Precavido, como exige ao seu ofício, é assim Mata, um bombeiro, que sabe bem o que é o risco, e não é vão que já vai com dois enfartes e muitas vivências de filme, como a de trazer ao mundo uma criança em plena situação de emergência ou ter socorrido os sobreviventes da tragédia de Vargas, onde esteve isolado entre dois dias e três dias junto com um companheiro e trabalho.
para ver quem oferece o espectáculo de luzes mais vistoso, o que às vezes acaba em desgraça. Confrontados com o facto de ser um divertimento de elevada perigosidade, os adeptos destes fogos comentam que, actualmente, existe uma maior segurança na forma como estão concebidos, para que o risco seja mínimo, existindo, inclusive o controlo remoto, para que o contacto seja mínimo no momento das detonações. No entanto, as autoridades não pensam da mesma maneira. No passado, os vendedores ambulantes de Caracas tinham imensas variedades, a compra era fácil e era possível conseguir diferentes tipos de material pirotécnico em qualquer esquina da capital, o mesmo acontecendo no interior do país. Actualmente, devido aos inúmeros acontecimentos trágicos, o Governo decidiu proibir a venda destes produtos , através da Lei Orgânica para a Protecção da Criança e do Adolescente (‘Ley Orgánica para la Protección del Niño y del Adolescente’ - LOPNA). A lista de materiais autorizados e proibidos é renovada anualmente. Estes últimos correspondem a produtos detonantes com elevado risco durante a sua manipulação por combustão. A comercialização destes produtos é, assim, um assunto delicado, porque se os produtos não estiveram num local adequado e seguro, pode haver detonação, e esta pode causar lesões graves, como mutilações. Neste sentido, a lei protege os mais pequenos sancionando os vendedores que vendam os artefactos em causa a menores de idade. Uma mudança de vida Não é preciso contar histórias a Manuel dos Santos, ele já as viveu como protagonista. “Foi a 24 de Julho de 2004, quando Portugal e Espanha jogavam para o Euro. Saímos para a rua para celebrar e entrou um foguete no carro, caiu nas minhas pernas, agarrei-o para o lançar para longe mas explodiu a pouca distância e as minhas mãos ficaram completamente destroçadas”, conta o luso-descendente, quase dez anos depois. Após esta tragédia, foi levado para o Centro Diagnóstico de San Bernardino, em Caracas, mas a sua vida já tinha mudado para sempre. “Mesmo com tudo o que aconteceu, não estou contra o fogo-deartifício, o que me parece terrível é que este seja manuseado por pessoas que não estão aptas para isso. Quando são manuseados por peritos, dá muito mais alegria aos espectadores, e como exemplo temos a festa de São João, em Portugal, um espectáculo belíssimo. O fundamental é que seja feito por uma empresa de gente treinada.”
Correio da Venezuela | Dezembro 2014
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18 Natal 2014
Dezembro de 2014 | Correio da Venezuela
PROGRAMA DAS FESTAS
Mais dias de festa mas com poupança de 100 mil euros. Fotos ASPRESS
Natal e fim de ano
com 36 dias de festa Élvio Passos DN MADEIRA
As festas arrancam com a iluminação da baixa do Funchal, no dia 1, e terminam com a festa do ‘Cantar os Reis’ a 5 de Janeiro. As festas de Natal e de Fim de Ano, organizadas pela Secretaria do Turismo, vão durar 36 dias e seguir os mesmos moldes dos anos anteriores. Ainda assim, foi possível poupar cerca de 100 mil euros, relativamente aos custos do ano passado. Os dois milhões 570 mil euros vão maioritariamente para as iluminações (1.194 mil euros) e para o fogo (1.046 mil euros). As festas arrancam com a iluminação da baixa do Funchal, no
dia 1 de Dezembro, e terminam com a festa do ‘Cantar os Reis’ a 5 de Janeiro. Pelo caminho, 2.662 pessoas vão garantir a realização das festas em múltiplas actividades, nomeadamente em 19 grupos folclóricos e 16 bandas filarmónicas, entre muitos outros. Quanto à taxa de ocupação hoteleira, com a reserva de que os números deverão evoluir até ao Natal e ao fim do ano, Conceição Estudante, que apresentou a festa, nota com agrado o crescimento registado, relativamente a idêntica data do ano passado. Para o Natal foi registada, na última quarta-feira, uma taxa 58% de ocupação (55% em 2013) e para o fim de ano 88% (80% em 2013). Neste ano haverá, no anfiteatro do Funchal, 23 postos de fogo a que se juntam 8 na orla marítima e na baixa da cidade. No mar estarão três. O posto do Parque de Santa Catarina passa para o terreno do
Savoy e vai haver um no Lido. No Porto Santo também haverá um posto. Conceição Estudante reforçou o apelo aos proprietários de prédios na baixa, para que facilitem a colocação das iluminações, na
certeza de que não sairão patrimonialmente prejudicados. Ainda assim, se houver algum problema, o que é considerado pouco provável, a empresa que está a fazer a montagem tem a obrigação de o reparar.
1 de Dezembro - Abertura das iluminações na baixa do Funchal. 6 Dezembro - XX Encontro de Tunas Universitárias - Centro de Congresso da Madeira - 21 horas. 8 de Dezembro - Arranque da restante iluminação em todo o Funchal. 9 de Dezembro - Abertura da exposição ‘O Natal na Casa da Calçada’ - Museu Frederico de Freitas. 12 de Dezembro - Entre as 15 e as 20 horas, início da animação a cargo dos 19 Grupos Folclóricos e das 16 Bandas Filarmónicas - baixa do Funchal (até ao final das festas); 18 horas - Abertura Oficial das decorações natalícias na baixa citadina, com os seguintes projectos: ‘Natal e os seus aromas’ – Largo do Chafariz; ‘Presépio de Natal 2014 – Placa Central da Av. Arriaga; ‘Aldeia Etnográfica’ – Largo da Restauração; ‘Presentes de Natal’ – Placa Central da Av. Arriaga; ‘O Natal das Crianças’ – Jardim Municipal; Abertura ao público do Presépio do Lar de Santa Isabel - Espaço Infoart. 13 de Dezembro - Concerto de Natal pela Orquestra de Bandolins da Madeira - 21 horas - Centro de Congressos da Madeira. 14 de Dezembro - 18 horas - actuação do ‘Grupo Tradições – Madeira’ - Placa Central em frente à Sé. À mesma hora - Teatro Municipal Baltazar Dias - Recital de Piano. A AOCM terá mais dois espectáculos, a 22 e a 30 de Dezembro, ambos às 16 horas, sendo o primeiro na Igreja Inglesa do Funchal e o segundo, novamente no Teatro Municipal. 16 de Dezembro - 7h30 - Arrancam as Missas do Parto na Sé do Funchal – actuações do grupo de Cantares Tradicionais de Natal. Abertura da Exposição ‘Mensagem – presépios madeirenses’ - Museu Etnográfico da Madeira – Ribeira Brava. 18 de Dezembro - Concerto de Natal - 18 horas - Palácio de São Lourenço Orfeão Madeirense e Coro Stimme. 19 de Dezembro - 18h30 - Átrio do Teatro Municipal Baltazar Dias - arranca o XVII Festival de Coros de Natal. 20 a 31 de Dezembro - 20 horas Jardim Municipal - Espectáculo “Natal de Sonhos”. 21 de Dezembro - ‘Concerto de Natal’ - 18 horas - Teatro Municipal Baltazar Dias - a cargo da Orquestra Clássica da Madeira. 23 de Dezembro - 20 horas - Noite do Mercado. 28 de Dezembro - 19 horas - 56ª Volta à Cidade do Funchal em Atletismo; ‘Concerto de Fim de Ano’ - OCM - 18 horas - Teatro Municipal Baltazar Dias. 31 de Dezembro - Espectáculo ‘Noite de Passagem de Ano’ - 21 horas - Praça do Povo - a cargo da Associação Orquestra Ligeira da Madeira. 4 de Janeiro - 18 horas - OCM - ‘Concerto de Ano Novo’ - Teatro Municipal Baltazar Dias; 21 horas.
Correio da Venezuela | Dezembro de 2014
Espectáculo pirotécnico
130 mil peças de fogo para um ‘Diamante de Luz’
Ana Luísa Correia DN MADEIRA
Aumento de disparos resulta de maior uso de peças de calibre reduzido
CORREIO/LUSA
“A iluminação desenha o corpo da cidade e das suas particularidades constroem-se os motivos de luz”, explicou Paulo David As iluminações de Natal do Funchal recuperam este ano a tradição da ‘Festa’ dos anos 40 do século passado, com o recurso a “fios de luz que expressam o corpo da cidade”, num projecto concebido pelo arquitecto Paulo David. “A iluminação desenha o corpo da cidade e das suas particularidades constroem-se os motivos de luz”, explicou Paulo David no projecto que elaborou para a Secretaria Regional do Turismo da Madeira. A ‘Festa’ é a designação comum que os madeirenses dão à época de Natal e, este ano, à medida que os enfeites se montam, é possível perceber um recurso imaginativo
‘Madeira - Diamante de Luz’ é o tema do espectáculo pirotécnico da passagem de ano 2014/2015 a cargo da Macedos Pirotecnia. Segundo Carlos Macedo, porta-voz da empresa vencedora do concurso público lançado pela Secretaria Regional do Turismo, o contrato foi assinado no final de Novembro e está tudo a ser preparado para a noite de 31 de Dezembro. Sobre as dúvidas que tem suscitado o número de peças de fogo prometidas pela empresa para o espectáculo
da passagem de ano, Carlos Macedo explica ao DIÁRIO que se trata de uma opção “técnico -artística”. “A originalidade do design dos espectáculos da Macedos foi sempre uma imagem de marca da Macedos. Para este ano, os designers da empresa conceberam um espectáculo diferente, que se baseia na utilização massiva de peças de menor calibre. Foi uma opção técnicoartística”, explica. “Daí o grande aumento do número de disparos, que resulta de um muitíssimo maior
Natal 2014 19
uso de peças de calibre reduzido.” Esta será uma opção que não vai prejudicar em nada a qualidade do fogo de artifício do fim de ano, garante. “O espectáculo deste ano vai ser diferente, mas será seguramente bonito, inovador e digno dos pergaminhos do fim de ano na Madeira, pois continua a ser um dos espectáculos pirotécnicos mais prestigiados do mundo, a maior manifestação pirotécnica de passagem de ano a nível mundial e o maior da Europa.” O responsável prefere não tecer mais comentários às dúvidas e críticas levantadas por empresas concorrentes e faz questão de acrescentar que “a competência técnica da Macedos, o profissionalismo do seu pessoal e a qualidade dos nossos espectáculos são por demais conhecidos dos madeirenses”. Quanto às afirmações proferidas por Rui Camisanova, Carlos Macedo diz se recusar discutir essa matéria na praça pública e que por serem afirmações “gravemente difamatórias”, serão “apreciadas pelos tribunais”. Inspirado no Ano da Luz Sem querer levantar demasiado o véu sobre o espectáculo pirotécnico da passagem de ano, Carlos Macedo refere que a inspiração para o mesmo tem por base a celebração do Ano Internacional da Luz que se inicia às zero hora do dia 1 de Janeiro de 2015. Foi com esta ideia em mente que os designers da Macedos conceberam ‘Madeira - Diamante de Luz’, um tema que
Ornamentação
Iluminações de Natal no Funchal desenham “corpo da cidade” em que “a tradição é inovação”. Algo que está a deixar os madeirenses em expectativa já que, por exemplo, numa praça da cidade uma novidade tecnológica vai permitir que os transeuntes possam mudar a cor da estrutura com recurso ao telefone. O arquitecto inspirou-se para este trabalho na “génese dos grandes hotéis” da época em que a ‘Festa’ sai destes locais e “transita para as ruas da cidade”. “Os edifícios mais nobres começam a iluminar os seus contornos como forma de celebração natalícia (…) e este retrato é recuperado, enfatizado e constitui-se enquanto conceito global para a intervenção”, explicou o arquitec-
As iluminações foram ligadas entre 1 e 8 de Dezembro. Fotos ASPRESS
a empresa acredita que se integra, na perfeição, na noite e no espírito das festas. “A Madeira é justamente conhecida como ‘A Pérola do Atlântico’, um ‘diamante’ lapidado pelo magnificente azul do céu e do mar e da imponência dos vales e das montanhas onde a flora é diversa e excepcional. O que distingue a ilha da Madeira e do Porto Santo de outras ilhas é sem dúvida o inigualável brilho do mar e as singulares cores das florestas e dos jardins que plenificam a ilha da Madeira. Estas na passagem de ano tornamse ainda mais exuberantes quando os céus se enchem com o fascinante colorido vindo das cores do fogo-de-artifício conjugado com os milhões de luzes de Natal. É um espectáculo mágico, único e deslumbrante, de cor e brilho”, afirma Carlos Macedo. Recorde do Guinness já foi batido O recorde do Guinness que foi estabelecido em 2006 na Madeira pela Macedos Pirotecnia já foi batido “duas vezes e está num patamar muito acima do espectáculo proposto para este ano para a Madeira”, diz Carlos Macedo. Em 2013 já tinha sido batido por um espectáculo realizado no Kuwait e a 1 de Janeiro de 2014 foi estabelecido novo recorde, desta vez no Dubai, com um total de 479.651 peças. “Com os actuais constrangimentos orçamentais, não me parece que a Madeira possa aspirar a recuperar o recorde”, acrescenta o responsável.
to. Na solução desaparecem os excessivos “postes com armações metálicas”, para dar lugar a uma imagem em que se sublinham os edifícios e, particularmente, onde é dada a sensação de que a cidade tem uma “malha urbana” definida. O adorno com as luzes acaba por criar um contraste entre o escuro do mar e o efeito de presépio que a baía da cidade permite. Os principais edifícios da baixa do Funchal terão faixas de luz que ajudam ao recorte. Diversos locais da cidade terão iluminação baseada no património arquitectónico da região, como é o caso do cais da cidade outrora a principal porta de entrada na região – que, devido à sua extensão, será o palco privilegiado para ver o teto do altar-mor da Sé Catedral do Funchal, replicado num arranjo suspenso. Uma série de elementos decorativos, também eles baseados em edifícios nobres da cidade, estão em montagem, nas principais praças do Funchal. Um dos últimos elementos da nova iluminação de Natal são as árvores.
20 Natal 2014 soltas A Baixa de Coimbra vai celebrar a época de Natal e fim de ano com um programa de animação, que inclui 33 espectáculos musicais e 18 eventos desportivos, anunciou a Câmara da cidade. O orçamento ronda os 60 mil euros. Além das iluminações de Natal e sonorização em 18 ruas, praças e largos, o programa “Luzes sobre a Baixa de Coimbra”, que decorre entre 06 de Dezembro e 6 de Janeiro de 2015, integra um total de quase centena e meia de iniciativas e realizações, entre as quais as actuações das bandas Quinta do Bill e Banda Red, na noite de passagem de ano. Destaque também para um espectáculo de fogo-de-artifício (lançado nas margens do rio Mondego, junto à Ponte de Santa Clara), sincronizado com a música do DJ Tom Enzy, num “’set’ produzido para o efeito”, que actuará no Largo da Portagem. Saiba mais em www.beiras.pt.
Um vasto programa dinamizado ao longo de Dezembro Concertos, exposições, animação de rua, teatro, dança e artesanato integram um vasto programa, dinamizado ao longo de Dezembro, que assinala a quadra natalícia em Setúbal, com actividades para toda a população. A actividade solidária “10 milhões de estrelas. Um gesto pela paz”, com venda de velas, entre os dias 4 e 24, das 10h30 às 19h00, na Praça de Bocage, é um dos muitos eventos do “Natal em Setúbal 2014”, programa desenvolvido pela Câmara Municipal em parceria com várias associações, colectividades e instituições do concelho e juntas de freguesia. Mais em www.rostos.pt. Actividades de rua, comboio turístico, espectáculos solidários e concertos musicais são as iniciativas previstas num programa festivo que engloba algumas novidades: concurso de gorros, caixa de trocas e passaporte transfronteiriço de compras de Natal. O objectivo é celebrar o nascimento de Jesus Cristo e a criação de diferentes sinergias de dinamização comercial. O Executivo Municipal de Monção, reunido no auditório da Biblioteca Municipal de Monção, aprovou a proposta de animação de Natal no valor global de 4.875,00 € mais IVA. Desenvolvida em parceria com a Associação Comercial e Industrial dos Concelhos de Monção e Melgaço, o objectivo centrase na criação de um ambiente natalício atractivo que favoreça a dinamização do comércio tradicional.
Dezembro 2014 | Correio da Venezuela
Porto
Natal no com pistas de gelo, mercado e presépio ao vivo CORREIO/LUSA
Concertos, espectáculos e actividades pelas ruas vão também ‘colorir’ a Invicta A Câmara do Porto levou, este ano, a iluminação a 30 ruas e locais da cidade, um aumento de quatro em relação ao ano passado. Este ano, a Invicta tem também pistas de gelo, mercado de Natal, presépio ao vivo, concertos, espectáculos e actividades pelas ruas porque quer ser um referencial do ponto de vista da atracção turística. Ao longo da Avenida dos Aliados, a autarquia colocou cinco estruturas triangulares “Texturas Sonoras”, da autoria da arquitecta Isabel Barbas, que podem ser tocadas pelas pessoas, individualmente ou em grupo, emitindo som e luz. Sem avançar muitos pormenores, o independente Rui Moreira revelou que irá ser disponibilizado papel de embrulho com a imagem do Porto. Perante centenas de pessoas que se con-
Lisboa
A árvore de 26 metros de altura e 14 de largura.
centraram frente à Câmara do Porto, entre palmas, para assistir à iluminação das muitas micro-lâmpadas que compõem a árvore, o autarca salientou que o Natal é uma época “muito importante”, daí o investimento fei-
Antiga Feira Popular de Lisboa reabre no Natal
Há dez anos que Lisboa não via o seu parque de diversões.
to. Na programação de Natal, a autarquia canalizou este ano 161 mil euros, enquanto em 2013 foram 140 mil euros, valor suportado “por vários protocolos”.
CORREIO/LUSA
A antiga Feira Popular de Lisboa vai estar aberta no Natal para permitir “matar saudades” dos carrosséis. A antiga Feira Popular de Lisboa vai estar aberta entre 28 de Novembro e 25 de Janeiro, por ocasião do Natal, para permitir aos lisboetas “matar as saudades” dos carrosséis que ali existiam. “Pelo quinto ano consecutivo, vamos aproveitar a época natalícia e matar as saudades da Feira Popular”, afirmou Hélio Amaral, um dos organizadores do evento. Hélio Amaral acrescentou que, em Lisboa, “praticamente só durante a altura do Natal” é que existem carrosséis na cidade e que muitas vezes os munícipes lamentam que tenham de se deslocar a Setúbal ou a Corroios (Seixal) para se divertirem com os filhos. A Feira Popular foi criada inicialmente para financiar férias de crianças carenciadas e mais tarde passou a financiar toda a acção social da Fundação O Século. Encerrou há mais de 10 anos e nunca mais Lisboa voltou a ter um parque de diversões. Durante dois meses, estão de volta atracções como a casa dos espelhos mágicos, a roda gigante (18 metros), uma super-pista de carrinhos de choque, um hipercarrossel que faz voltas em oito e um pavilhão de matraquilhos - este último foi um dos grandes sucessos do ano passado, adiantou.
Correio da Venezuela |Dezembro de 2014
Consumo
NATAL 2014 21
Transportes
easyJet reforça ligações Portugueses que na época natalícia utilizam cartão de crédito no Natal vão gastar mais nesta quadra CORREIO/LUSA
A easyjet vai operar voos adicionais nas épocas de Natal e Ano Novo, para as ligações a Bordéus e ao Luxemburgo, anunciou a companhia aérea em comunicado. Nos dias 27 de Dezembro e 3 de Janei-
ro, dois sábados, estão previstos um voo adicional entre Lisboa e Bordéus e outro em sentido contrário. Na rota Lisboa-Luxemburgo, servida por três frequências, vai realizar-se uma frequência adicional nos dias 28 de Dezembro e 4 de Janeiro, domingo.
CORREIO/LUSA
Escapadelas
Apesar do aumento do gasto médio, são menos os portugueses com intenção de pagar as compras de Natal com cartão de crédito De acordo com o Observador Cetelem, as intenções de gastos com cartão de crédito para compras de Natal aumentaram consideravelmente face a 2013. No ano passado, os portugueses pretendiam gastar, em média, 262 euros com cartão de crédito, valor que subiu agora para os 360 euros, o mais alto em quatro anos. Apesar do aumento do gasto médio, são menos os portugueses com intenção de pagar as compras de Natal com cartão de crédito: apenas 11% pensam fazê-lo, quando em 2013 eram 13%. O estudo revela ainda que, se em 2013 a maioria dos utilizadores de cartão de crédito (46%) pretendia gastar entre 100 a 249 euros nas compras de Natal, este ano a maior parte dos portugueses (30%) tenciona gastar mais (entre 250 a 500 euros). Há ainda uma percentagem considerável (8%) de consumidores que pretende gastar entre 500 e 1.000 euros e uma minoria (3%) que tenciona ir além dos 1.000 euros. Os jovens entre os 18 e os 24 anos são os consumidores que menos possuem cartão de crédito (6%) e que menos tencionam utilizá-lo como forma de pagamento neste Natal (3%). A faixa etária dos 35 aos 44 anos
Funchal, Luanda e Paris são os destinos mais procurados pelos portugueses para o Natal Apenas 11% pensa usar o cartão de crédito, quando em 2013 eram 13%. CORREIO/LUSA
é a que apresenta maior intenção de utilizar cartão de crédito: 37% possuem-no e 17% esperam utilizá-lo. São os consumidores pertencentes à classe socioeconómica mais alta (AB) que mais têm cartão de crédito (60%) e que apresentam maior intenção de usar esta forma de pagamento nas compras de Natal (17%). Inversamente, apenas 4% dos indivíduos da classe mais baixa (D) possuem cartão de crédito e pretendem utilizá-lo para pagar compras de Natal. Na análise por regiões constata-se que são os lisboetas quem mais possui cartão de crédito (31%) e são também os que mais pretendem utilizá-lo nas compras de Natal (13%). Pelo contrário, poucos portuenses dizem possuir cartão de crédito (9%) e apenas 6% tencionam recorrer a esta forma de pagamento durante a época natalícia. Este estudo foi desenvolvido em colaboração com a Nielsen, tendo sido realizados 600 inquéritos.
Compras aumentam na última semana de Novembro CORREIO/LUSA
A SIBS - Sociedade Interbancária de Serviços revelou que as compras e os levantamentos realizados através da rede Multibanco nos primeiros dias da época de Natal, entre 24 e 30 de Novembro, cresceram face a igual período de 2013. Na última semana de Novembro, foram realizados nas caixas automáticas da rede multibanco 8,5 milhões de levantamentos no valor de 544 milhões de euros. Já
os pagamentos representaram 15,8 milhões de compras no valor global de 646 milhões de euros. No total, e em comparação com o mesmo período do ano passado, registou-se um aumento global (levantamentos e compras) dos volumes processados na rede multibanco de 3,5% no número de operações e de 3,2% no montante transaccionado. O valor médio levantado por dia foi de 64 euros e, em compras, o valor médio dos pagamentos em lojas foi de 41 euros.
Funchal, Luanda e Paris ocupam os primeiros lugares do ranking, nas diferentes categorias em análise, no estudo “Viajar no Natal” (http://www.edreams.pt/ tendencias-viagem/natal/ ) recentemente elaborado pela eDreams, que analisa os destinos mais procurados pelos Portugueses para passar a época natalícia. Entre os destinos nacionais, Funchal, Lisboa e Porto são os mais procurados pelos portugueses que se encontrem em outros locais do território. Contudo, são cada vez mais os cidadãos que optam por passar esta época festiva longe da família, à descoberta de novas culturas. Por isso, o estudo da eDreams agora apresentado revela que Paris, Londres e Genebra sãos os destinos europeus mais procurados para passar o Natal de 2014. Segue-se o Funchal que continua a ser um dos destinos
de eleição dos portugueses. Já no que respeita ao top de destinos internacionais, as cidades de Luanda, Rio de Janeiro e São Paulo são as eleitas pelos portugueses nesta época. Em 2014, grande parte dos portugueses optou por viajar em datas mais próximas à época natalícia. O estudo da eDreams indica ainda que 19% das viagens reservadas para a época natalícia têm como datas de saída 19 e 20 de Dezembro.
22 Natal 2014
Dezembro de 2014 | Correio da Venezuela
Beneficência faz-se sentir até ao fim do ano Victoria Urdaneta
As academias e sociedades encerram o ano ajudando os mais necessitados As associações beneficência da comunidade luso-venezuelana continuam a demonstrar com acções os seus desejos de ajudar os demais e, ainda que 2014 já esteve perto do fim, continuam a trabalhar nesse sentido. A Academia da Espetada de Barquisimeto, “efectuou donativos a pessoas necessitados apesar dos múltiplos obstáculos pessoais que se colocaram a alguns dos seus membros, fruto da situação económica em geral durante 2014”, explicou a presidente Trinidad Macedo, enquanto dava conta de que há um par semanas foram entregues produtos no Asilo Madre Teresa de Calcutá, sector Agua Viva de Cabudare, Estado Lara. Além disso, “será efectuado outro donativo no fim do ano, especialmente de alimentos que é a carência mais profunda que se apresenta actualmente”. Quem desejar juntar-se a esta causa ou
colaborar de alguma maneira, poderão obter mais infirmação pelo telefone (0251) 2628768. Com este mesmo espírito colaborativo, a Academia da Espetada de Caracas realizou uma festa de beneficência a 9 de Novembro com um pleno total, e em 2 de Dezembro desenvolveu uma campanha de donativos para as crianças internadas no Hospital J.M. de Los Ríos, o qual visitou para entregar presentes e artigos diversos. Cinco dias mais tarde, foram recolhidos em distintos lugares que costumam apoiar durante todo o ano, como a Casa Hogar Domingo Savio, Madre Niña e Hogares Bambi. “A isto se soma as ajudas fixas que oferece a academia a diversas pessoas, que terão neste mês os seus presentes especiais de Natal”, expressou a presidente Sílvia Henriques, aproveitando a ocasião para “agradecer a todos aqueles que se unem à nossa causa, como as autoridades de Portugal na Venezuela, o Secretário de Estado José Cesário; empresários e, obviamente, as amigas que todas as semanas se reúnem para dar o melhor de si”. Por seu turno, a Academia da Espetada de Maracay, encerrou
“E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido. 10 Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé.” (Gálatas 6:9-10) o seu programa de eventos com a “Noite branca de Natal”, a qual contou com a animação de um grupo de gaitas, vários grupos musicais, troca de presentes e até um Pai Natal distribuindo lembranças para recordar a quadra, segundo descreveu a sua presidente, Ana Maria de Abreu.
Já a Sociedade de Beneficência de Damas Portuguesas finalizou o seu ciclo de actividades de 2014 com o almoço de São Martinho, na última semana de Novembro, no qual participaram cerca de 400 pessoas. Na ocasião, a presidente
Quando a atenção vai toda para os porquinhos... Carla Salcedo Leal csalcedo@correiodevenezuela.com
As tradicionais figuras surpreendem os consumidores com as suas formas e vestes Com a chegada da época de Natal, surge também a criatividade dos venezuelanos, que procuram, de alguma forma, obter dinheiro para cobrir os gastos extra da temporada. E assim apareceram os tradicionais porquinhos de plástico que todos os anos são decorados pelos seus donos, engenhosos
na hora de chamar a atenção dos consumidores e assim conseguir gritar ‘Alimentaram o porquinho! Obrigaadaaaa!’o maior número de vezes possível. As montras das padarias, estacionamentos, casas de banho públicas e até os ‘aventais’ dos vendedores de bilhetes de lotaria enchem-se de um sem fim de modelos de porquinhos que esperam estar cheios até ao dia 24 de Dezembro. Desde cedo A meados do mês de Novembro, os donos ou encarregados dos estabelecimentos compram um dos porquinhos para os seus empregados, que se conseguem com facilidade nas lojas chinesas.
Ali começa o trabalho dos empregados, que utilizam materiais como feltro, pedaços de tecido, algodão e pinturas para decorar as figuras de plástico que recebem os clientes sempre com um sorriso. Outros decidiram não usar a tradicional figura, usando a sua imaginação e, recorrendo a caixas de sapatos ou até a outro tipo de adornos natalícios e com mensagens alusivas ao Natal, conseguem fazer com que quem passa no balcão deixe o seu contributo. Um ‘banco’ fácil Disfarçados de diferentes personagens, ou até no seu estado natural, a realidade é que os porquinhos conseguem reunir dinhei-
da sociedade, Maria Eugenia de Freitas, reiterou que estão abertas as portas da associação a todas as pessoas e instituições que queiram colaborar para assim unirem esforços para lograr cada vez mais e melhores obras.
ro suficiente para ajudar a cobrir as necessidades dos beneficiários. Depois de quase quatro semanas de exibição, finalmente partese o porquinho, a 24 de Dezembro. Os ganhos, que oscilam entre os 400 e os 3000 bolívares fortes, são repartidos em partes iguais entre os empregados, que utilizam o dinheiro para comprar a ceia de Natal, completar as prendas do Menino Jesus ou comprar a roupa para estrear nos dias 24 e 31. Os porquinhos ‘mais gordos’, como os chamam, são os que ficam em estabelecimentos onde o público recebe trocos em moedas ou notas de baixo valor, como estacionamentos, padarias e quiosques de serviços. Quem coloca os porquinhos em zonas onde se embrulham as prendas também consegue boas quantidades. Mas os porquinhos também não conseguem escapar à delinquência, pois as somas conseguidas são uma tentação para delinquentes, que todos os anos aperfeiçoam técnicas para furtar as figuras com todo o seu recheio.
Correio da Venezuela | Dezembro 2014
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Ensino do idioma registou progressos Victoria Urdaneta
2014 foi um ano bastante activo, com encontros, certificações, concursos e a até a criação de uma associação de professores O ensino do idioma luso na Venezuela registou progressos significativos, apesar de ter evidenciado falta de desenvolvimento em alguns aspectos. David Pinho, que foi eleito director da Associação Venezuelana para o Ensino da Língua Portuguesa, e coordenador de numerosas cursos de Português, indicou que entre o rol de sucessos estão a abertura dos dois cursos em Mérida, o aumento de alunos no Instituto Universitário Tecnológico Américo Vespucio, IUTAV, no Centro Sociocultural Virgem de Fátima de Guatire, no Centro de Catia La Mar, no Colégio San Agustín e Colégio Fátima, entre outros. Inclusivamente foram abertos mais turnos nestes clubes, que desde há algum tempo já vinham registando um elevado índice de estudantes, como foi registado no Centro Português, em Caracas, para nomear um dos casos mais bem sucedidos entre as 33 instituições que promovem o ensino da língua portuguesa no país, nas variantes brasileira e portuguesa, que juntam aproximadamente 3500 alunos. A par do incremento no número de alunos, que trouxe a necessidade de formar mais professores, também convém destacar as actividades que contribuíram para a difusão da língua. “Por exemplo, a participação na Feira Internacional do Livro FILVEN, no mês de Março, o concurso “Quem foi Camões?”, efectuado a 10 de Junho entre as instituições da capital, que ofereceu dicionários e livros de interesse; assim como o concurso Postais de Natal, que motivou os estudantes de colégios e liceus a escrever em português e mostrar as tradições mediante imagens”, descreveu Rainer Sousa, Coordenador do ensino do Português na Venezuela,
Instituto Camões implementou novos projectos Portugal através da Universidade de Lisboa e decorre na Universidade Central da Venezuela”.
A criação da Associação Venezuelana para o Ensino da Língua Portuguesa chegou num momento especial, com o auge da língua portuguesa na Venezuela e no mundo”. pertencente ao Instituto Camões e que funciona na Embaixada de Portugal em Caracas, a qual ofereceu, em Outubro, uma biblioteca ao referido IUTAV. Por outro lado, destacou a “certificação internacional de 74 alunos (de 8 aos 18 anos de idade), mediante um exame preparado pelo Governo português e que contou com o apoio da CAPLE (para pessoas com mais de 18 anos), que também foi emitido por
Associação de professores A criação da Associação Venezuelana para o Ensino da Língua Portuguesa (fruto do Encontro de Professores e de várias reuniões que se seguiram) marcou um ponto de viragem importante na difusão do idioma luso. Pinho explicou ao CORREIO que “chegou num momento especial, com o auge da língua portuguesa na Venezuela e no mundo”. “Concretamente, pretende-se trabalhar na obtenção de livros pedagógicos e material de escolar, assim como na falta de professores. Se é verdade que pesa o baixo salário e as melhores opções económicas que oferecem a tradução e a interpretação, deve-se insistir na formação académica dos docentes” e, de facto, há vários estabelecimentos de ensino que demonstram interesse, como a Universidade Central da Venezuela, Universidade de Carabobo e Universidade Pedagógica Experimental Libertador-Maracay.
Encontro de alunos Uma actividade que gera grande expectativa para 2015 é a que perspectiva a realização de um Encontro de Estudantes, no qual se mostrará a diversidade de talentos expressos na língua portuguesa. Outro objectivo será “uma nova participação na FILVEN, desta vez com a presença de duas editoras portuguesas, numa tentativa de ampliar a disponibilização de material escolar para as aulas de português, porque esta é uma limitação que se tem apresentado”, explicou Rainer Sousa. por fim, também está agendado o II Encontro de Professores de Português, o arranque da AVELP e o aumento de participantes para as certificações.
Victoria Urdaneta
Conferências, exposições e uma nova cátedra fazem parte dos objectivos alcançados em 2014 A leitora do Instituto Camões, Sofia Saraiva, que tem liderado o Centro de Língua Portuguesa na Venezuela, alcançou objectivos importantes na difusão da cultura portuguesa neste país, especialmente junto da população estudantil. Entre os eventos promovidos por Sofia Saraiva destaca-se a exposição intitulada “25 de Abril: sempre”, realizada nos espaços do Centro de Estudos Latinoamericanos Rómulo Gallegos, Celarg, entre 24 de Abril e 11 de Maio. “Calculamos que assistiram 450 pessoas. Foi uma experiência muito satisfatória, que permitiu chegar não só à comunidade portuguesa como também ao público em geral, já que inclusivamente participaram muitos jovens que compreenderam a importância dessa revolução”. Neste evento surgiram caricaturas de João Abel Manta, como um retrato de António Oliveira Salazar representando o ocaso do poder. Noutros quadros aludiu-se à formação dos partidos políticos e à instauração da democracia; aflorou-se o tema da descolonização de África; recordou-se a chegada de Mário Soares a Lisboa, a 28 de Abril de 1974, regressando
Para Saraiva é fundamental dar a conhecer na Venezuela a obra dos escritores, cineastas, filósofos e artistas portugueses. do exílio em Paris; e até se incluiu o Zé Povinho. Promoção da lusofonia Para Saraiva é fundamental dar a conhecer na Venezuela a obra dos escritores, cineastas, filósofos e artistas portugueses. No entanto, considera que é “justo estabelecer uma relação com as pessoas de todos os países lusófonos porque eles também mantém vivo o idioma. Por isso, logramos trazer delegados de Cabo Verde, Moçambique e da Guiné à celebração dos 20 anos da Escola de Idiomas Modernos da Universidade Central da Venezuela, UCV, onde além disso orientei um workshop para estudantes”. A ideia do encontro com os convidados internacionais era conhecer sotaques, particularidades da dicção, anedotas e outros elementos essenciais para quem optou pelo português. A esta vivência soma-se “a satisfação de ter participado no maior número possível de actividades culturais e históricas e o apoio nos exames para as certificações”.
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Dezembro de 2014 | Correio da Venezuela
Desafios da Associação
Nacional Mulher Migrante Victoria Urdaneta
Em preparação encontra-se uma revista sobre o II Congresso e já se está trabalhar num outro dedicado ao folclore A Associação Nacional Mulher Migrante promoveu diversas actividades ao longo de 2014, todas com o afã de “promover, organizar e executar vários tipos de iniciativas que possam contribuir para o estudo da problemática da migração feminina luso-venezuelana”, tal como explicou Milú de Almeida, presidente da referida associação, que também é conselheira das Comunidades Portuguesas eleita pelo círculo consular de Caracas e membro da Comissão de Educação, Língua e Cultura. Esta associação também se encarrega de “fomentar a colaboração com as mulheres profissionais e dirigentes de associações, combater as ideias e os movimentos xenófobos, promover o apoio e a integração da mulher na sociedade, assim como a defesa dos seus direitos de participação social, económica e política”. Entre o rol de actividades recentes esteve o II Congresso Na-
A fé é essencial para um Santuário e disso não há dúvidas. Ainda assim, as contribuições permitem continuar a construção dos templos, e por isso, quem quiser contribuir ou obter mais informações, tem os seguintes números de telefone à disposição: Santuário de Guatire: 0212-3476990 Santuário de Carrizal: 0212-3815413
cional, realizado no Salão Caroní, do Hotel Gran Meliá Caracas. Nesta ocasião, contaram com a participação de conferencistas como Maria Teresa da Silva Relva, Embaixatriz de Portugal na Venezuela; Luiz de Albuquerque Veloso, Cônsul-Geral de Portugal em Caracas; Ana Maria de Abreu, primeira vogal da associação e presidente da Academia da Espetada Mãe de Maracay, Estado de Aragua; Fátima de Pontes, Directora Nacional de Cultura da Federação de Centros Portugueses da Venezuela, FECEPORVEN; Maria do Rosário, promotora cultural; Karina de Oliveira, Directora e professora da Academia Lusa de Idiomas, ALDI; e Rainer Sousa, Coordenador do ensino da língua portuguesa do Instituto Camões. “Destacaram-se as intervenções de Cesarina da Corte, que falou sobre o Direito, Néstor Pereira de Teatro, Dubraska Ollarves dos Meios de Comunicação, Yani Moreira sobre o Associativismo, Tatiana de Freitas acerca dos Jovens luso-descendentes e Ade Caldeira sobre o orgulho de ser português”, acrescentou De Almeida. Conclusões do II Congresso As exposições dos convidados e das intervenções da audiência originaram múltiplas conclusões que, por devido à limitação de espaço, transcrevemos aqui apenas parte das mesmas. “Na Venezuela
Activas nas redes Poderá obter mais informação, visualizar vídeos e fotos dos eventos no sítio da Internet www. mulhermigrante.org. ve e manter-se a par das suas actividades pelo twitter: @ MulherMigrantVE existem importantes instituições portuguesas, sociais, empresariais, artísticas, de beneficência e culturais, centradas em promover a inclusão associativa, desportiva, cultural e artística, onde o papel fundamental e relevante da mulher portuguesa é sumamente valioso e importante. No entanto ainda há homens que acreditam que as mulheres são incapazes de dirigir associações e assumir importantes desafios. Por outro lado, na Venezuela, existem muitos casos de empreendedorismo e investimento português e luso-descendente. A cadeia de comercialização de alimentos é um dos exemplos mais fortes e significativos. Existem fábricas, redes nacionais de supermercados,
Planos para 2015 Está a ser preparado o acto de baptismo de uma revista sobre o congresso, com publicação prevista para Março de 2015, Mês da Mulher. Tal como precisou Milú de Almeida, presidente da Associação Nacional Mulher Migrante luso-venezuelana, a publicação “inclui todos os currículos dos conferencistas, os textos das conferências, conclusões e propostas, assim como diversos mensagens das autoridades portuguesas”. Mais, “para o final do ano está planeado um congresso nacional sobre folclore português com membros da Federação de Folclore Português. Possivelmente será realizado numa cidade do interior do país, pois a ideia é descentralizar as actividades da MMVE”, explicou. padarias, que foram criadas por portugueses e que são geridas pelas gerações de relevo. Por outro lado os jovens encontram grandes obstáculos na área associativa, onde existe una marcada diferencia de responsabilidades, um ambiente dominado pelas
Unidos pelos santuários Victoria Urdaneta
Continuam as actividades para recolher fundos, e dar, assim, continuidade à construção O Santuário de Nossa Senhora de Fátima fica localizado na Cova da Iria, em Fátima, Portugal, e não é apenas uma referência obrigatória quando se fala da devoção, é-o também para todos os santuários marianos a nível mundial. Ali se ergue a esperança de muitos fiéis
que desejam um templo assim, em honra à Virgem, nos seus países de origem. É esse sonho que está a ser tornado realidade na Venezuela, e um dos casos ocorre em Guatire, Estado de Miranda, onde se ergue o Santuário Nossa Senhora de Fátima, cuja ideia nasceu há muitos anos, mas foi apenas há quatro que o projecto ganhou forma e a construção teve início. Actualmente, a estrutura principal já está completa, exibindo uma peça relativa à Santa doada por Portugal, em 1976, e os espaços do Santuário acolhem actividades recreativas para incentivar a colaboração da população e recolher fundos para
a construção. Desde a primeira pedra colocada pelo bispo Gustavo García Naranjo, já estiveram no Santuário muitos convidados conhecidos, como o Núncio Apostólico na Venezuela, monsenhor Pietro Parolín, bem como embaixadores e cônsules. No entanto, “não importa o título das pessoas, o fundamental é a fé no Santuário, e por isso digo que os mais importantes a pisar essa construção foram pessoas simples, do povo, cada crente que pede à Virgem, cada humilde colaborador”, afirma o director do Centro Sociocultural Virgem de Fátima, António de Freitas, que este ano visitou por três vezes o Santuário
primeiras gerações, que mesmo querendo manter a portugalidade carecem da abertura suficiente para permitir integrar as novas gerações e aceitar novas propostas, isto a pesar da existência de casos de organismos que foram resgatados por luso-descendentes.
em Portugal. O segundo Santuário que está a ser construído na Venezuela fica nos Altos Mirandinos, que nasceu quando o padre José António da Conceição foi, em 2006, a uma missa na Basílica de Fátima, onde pediu à Virgem a construção de uma casa para ela na Venezuela. Em 2008, conseguiu a constituição legal da Associação Amigos de Nossa Senhora de Fátima nos Altos Mirandinos, e a meio do ano foi assinada a doação dos 7 mil metros quadrados de terreno em Llano Alto, por parte de uma família venezuelana com muitos anos de devoção à Virgem, depois de belo milagre concedido. Pouco tempo depois, celebrava-se a missa para pedir a bênção do terreno e a colocação da primeira pedra, com a presença do padre Conceição, entre outros representantes da Igreja.
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Grupo Control 2004 marca a agenda da segurança privada Fernando Cámara
Entre os clientes mais destacados da empresa encontram-se a CocaCola e a Pdvsa A insegurança na Venezuela converteu-se num dos principais problemas que afecta a população. Devido a este facto, muitas empresas passaram a requerer serviços de segurança de modo a que possam salvaguardar as suas instalações e pessoal. Trata-se dum sector que tem crescido enormemente com o passar dos anos e onde grupo Control 2004 tem dado cartas e actualmente é uma referência a nível nacional. Esta empresa foi fundada em 2004, com colaboradores provenientes dos corpos de segurança do Estado, como também da área civil. Em 2005, a empresa iniciou a sua actividade formal. “Nesses anos já havia muita preocupação a respeito da segurança. E estavase a assistir a uma grande procura de empresas privadas e públicas solicitando empresas de segurança para contratar os benefícios dados pelos vigilantes”, comentou o vice-presidente da empresa Mario Rodríguez. Oferecem serviços na área de segurança pessoal (física) como também na área de segurança
electrónica (alarmes). Na primeira, são destacados elementos que vigiam zonas e áreas (perímetros) das empresas que são clientes. Na segunda, providenciam câmaras, equipamentos contra incêndios, cercas eléctricas, entre outras equipamentos. Uma das premissas desta empresa é que a segurança é preventiva e não reactiva, ou seja, evitar as situações de risco. Para tal, é fundamental a preparação de cada um dos seus elementos/colaboradores. “A ideia é dar aos nossos vigilantes a formação e as ferramentas necessárias para que possam mitigar qualquer eventualidade que possa suceder”, disse José Morillo, chefe do departamento de Recursos Humanos. O escritório principal da em-
presa está localizado em Caracas, mas existem sete sucursais em várias partes do país: Maracaibo, San Cristóbal, Barquisimeto, Barcelona, Valencia, Puerto Ordaz e Margarita. Além disso, é garantida uma cobertura de todo o território nacional. O recurso humano que ingressa na empresa é aquele que se move neste mercado e que já trabalhou em empresas do ramo. “Deve-se recrutar pessoas do mercado e isso faz com que tenham uma série de condições. Para poder ingressar, é realizada uma série de provas que têm um certo grau de rigidez, tendo em vista que devem cumprir com o perfil requerido pela empresa. Depois, passam pelo psicólogo e pelas suas provas psicotécnicas; e é verificado se possuem antecedentes penais. Por outro lado,
quanto à experiência do candidato, caso não a tenha nós temos um programa de formação. Tudo isto para cumprir os requerimentos do Ministério do Interior e Justiça, que é quem nos supervisiona”, explicou Morillo. O Grupo Control 2004 tem cerca de 1.100 funcionários a trabalhar como vigilantes em todos os estados. Além do escritório central em Caracas, existem duas gerências regionais (Oriente e Ocidente). “A pesar de serem pequenas, contam com supervisores e coordenadores. Para poder gerir esse número de homens, deve-se contar com uma estrutura que tenha a capacidade de satisfazer as necessidades dos nossos clientes. Devemos supervisionar constantemente todas as pessoas que se encontram na rua a
vigiar”, relatou Morillo A expansão da empresa tem sido realizada paulatinamente. “Mario [Rodríguez] e eu fomos para o interior, com contactos feitos desde a capital, com as malas vazias, em busca de clientes. Houve membros da junta directiva naquele momento que não estavam de acordo. Foi uma aposta arriscada porque não havia garantia de lucros imediata. Mas, pouco a pouco, as coisas foram-se compondo e convertemo-nos na referência no país no nosso ramo”, contou Morillo. Mais além de a ver como um negócio, o serviço é visto como um compromisso com a sociedade. “Em cada vigilante nosso, há quatro pessoas que dependem disto. Se se multiplica por quatro ou cinco, geramos quatro a cinco mil empregos indirectos”, observou Morillo. A carteira de clientes da empresa está composta por companhias importantes, como a Coca-Cola, Seguros Constitución, Pdvsa, Pdvsa – Gas, El Servicio de Farmacia del Estado, La Faja Petrolífera del Orinoco, Pego Occidente, entre outras). “É vital para nós manter a estes grupos corporativos connosco. Com a Coca-Cola temos mais de seis anos de relação. Aí está a chave, em ser constantes e haver nascido numa época de muita competitividade e de alto risco”, esclareceu Morillo. São providenciados cursos de formação aos vigilantes. A empresa também está em dia com a tecnologia. “Agora num banco vês apenas um vigilante porque dentro da guarita têm uma série de câmaras que lhe permitem monitorizar tudo”, observou Morillo. “Também temos crescido internamente porque antes se levava tudo em físico, em capas e agora temos um sistema onde operamos com uma ampla base de dados”, complementou Rodríguez.
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Venezuela vibra em Dezembro com a sua música
Victoria Urdaneta
Fernando Cámara
A gaita é o mais ouvido no Natal e no fim do ano Na Venezuela, o Natal comemora-se com muita euforia e fervor. A música faz parte importante da celebração e é uma tradição muito enraizada. A gaita, os ‘aguinaldos’, a ‘parranda’, entre outros, enchem os lares de música, as ruas, os estabelecimentos comerciais. De todos estes géneros musicais, a gaita é a grande protagonista. Trata-se de um género musical originário do Estado de Zulia e que foi declarado Bem Patrimonial Cultural e Artístico da Venezuela. Em Estados como o de Zulia, Falcón e Trujillo pode-se ouvir durante os 365 dias do ano. A juntar a isso, começou a ganhar popularidade na década de 50 do século passado. Os instrumentos usados são: o ‘furruco’, ‘cuatro’, ‘maracas’, ‘charrasca’ e ‘tambora’, entre outros. Diferentes grupos deixaram a sua marca através do tempo e em cada Natal ecoam nas emissoras de rádio e casas venezuelanas. Alguns desses grupos são os seguintes: Maracaibo 15: É um grupo venezuelano de gaita zuliana fundada em Caracas em 1974 pelo cantor Betulio Medina. Combina a gaita
Gran Coquivacoa
zuliana com a música folclórica como ‘parrandas’, música oriental e música internacional, géneros tais como a ‘cumbia’, ‘porros’ e muitos outros. Vale a pena recordar que o seu nome foi recomendado pelo animador da televisão venezuelana Renny Ottolina. No seu longo trajecto, gravou mais de 30 álbuns e as suas canções mais famosas são: La Negra del Tamunangue, Venga un Abrazo, Amparito, La Moza, La Primavera, Parranda 87, Palo Palo, Navidad Sin Ti, El Cañonazo, entre muitas outras. Gran Coquivacoa: É um conjunto gaiteiro radicado na cidade de Cabimas. Em 1969, entrou no grupo Nelson Martínez ‘El Santo Negro de la Gaita’, que deu a conhecer o grupo com as suas ‘tamboreras’. Anos depois, Nelson Martínez seria cantor do ‘Súper Combo Los Tropicales’. Em 1976 entrou no Abdenago Borjas Romero (Negüito Borjas), que se converteu no líder indiscutível do grupo e que agora partilha com Javier González, Oscar Borjas, Luis Hernández, entre outros. Mais de 30 discos engrossam a sua lista de produções. Vários singles marcaram através dos anos: Sin Rencor, Gaita Onomatopéyica, Negra Cocoa Coa, La Gaita Que A Mi Me Gusta, La Pava, El Oso Gracioso, Las Cabras, La Perola, La Hallaca, entre outros. Rincón Morales: É um dos decanos conjuntos gaiteiros da actualida-
Rinc’on Morales
Na literatura também há espaço para estas datas
Maracaibo 15
Os aguinaldos não ficam para trás Tal como as gaitas, os ‘aguinaldos’ fazem parte do repertório musical dos venezuelanos no último mês do ano. Em geral, estão intimamente associados com a festa de Natal e advento que a igreja católica celebra no âmbito do nascimento de Jesus Cristo. Musicalmente, é uma evolução do ‘villancico’ europeu e, como este, pode cantar-se com ou sem acompanhamento instrumental. As letras são versos geralmente hexassílabos, tradicionais, compostos e até improvisados em algumas ocasiões. Entre os instrumentos normalmente utilizados para acompanhar os ‘aguinaldos’ estão o violino, o ‘cuatro’, o clarinete, o bandolim, o ‘furro’ ou o ‘furruco’, os tambores, as maracas e a guitarra. Existem inúmeros ‘aguinaldos’ e alguns são utilizados como exemplos de excepção da música venezuelana. Entre os mais conhecidos estão: Niño Lindo, Din Din Din, Cantemos Cantemos, Espléndida Noche, Nació El Redentor, De Contento, Fuego Al Cañón, El Burrito Sabanero, Aguinaldo Venezolano, Casta Paloma, Corre Caballito, Tun Tun, Tucusito Tucusito, La Capilla Está Abierta, Un Feliz Año Pa’ Ti, A Ti Te Cantamos, Luna Decembrina, Purísima, Alegre Cantemos e El Ángel Gabriel. de, nasceu entre os anos de 1957 e 1958, entre reuniões familiares e serenatas de Natal. Os irmãos Rincón, Néstor e Hernán junto com Francisco Morales e outros amigos do grupo, sem marcação prévia, em reuniões de fim-de-semana, alternavam as palestras e entretenimentos com sessões informais de gaitas matizadas com os provocantes improvisos de Francisco. Em pouco tempo, a fama do grupo transpôs os limites familiares e foi então que foi convidado a concorrer num programa de rádio, e ao formalizar a sua inscrição, fêlo com o nome de Rincón Morales. O triunfo foi absoluto e os êxitos intermináveis. Alguns dos seus êxitos são: Orinoco, China Chinita, Añoranzas, entre outros.
O Natal é uma data muito apreciada por alguns escritores mas também polémica para outros, como é o caso de José Saramago, nascido na Azinhaga, Santarém, em 1922 e falecido em Espanha em 2010. O escritor venceu o Prémio Nobel da Literatura em 1998. Para ele, esta época do ano caracteriza-se pelo consumismo e significa “viver numa bolha que nos defende do que se passa lá fora”, sem dar-se de conta que há pessoas “nascidas no apocalipse que vivem toda a sua vida nele e não têm nenhuma esperança”. Uma visão diferente é do célebre Fernando Pessoa, poeta, ensaísta e tradutor nascido em Lisboa em 1888 e falecido na mesma cidade em 1935, famoso (entre muitas outras coisas) pelos seus heterónimos Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro. Para Pessoa, “Ele é o eterno menino, o Deus que faltava. Ele é do divino que ri e que brinca. É um menino tão humano que é divino”. O seu poema intitulado ‘Natal’ deixa ver a sua posição: “Nasce um Deus. Outros morrem. A verdade /Nem veio nem se foi: o Erro mudou./Temos agora uma outra Eternidade,/E era sempre melhor o que passou./Cega, a Ciência a inútil gleba lavra/. Louca, a Fé vive o sonho do seu culto./Um novo Deus é só uma palavra./Não procures nem creias: tudo é oculto.” Outra figura importante na literatura que se refere ao Natal é Sophia de Mello Breyner, nascida no Porto em 1919 e falecida em Julho de 2004. Foi distinguida com o Prémio Camões em 1999 e com o Prémio Rainha Sofia de Poesia Iberoamericana em 2003. Para ela, esta data fazia parte das suas melhores recordações da infância, quando celebrava de acordo com as tradições nórdicas e reflectia isso mesmo inúmeras vezes nas suas obras.
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30 Cultura
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IPC celebrou 29 anos de vida
Eurocultura
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Richard Zenith foi o conferencista convidado O Instituto Português de Cultura (IPC), celebrou no Bar a Nau do Centro Português, em Caracas, o seu 29.º Aniversário no passado 30 de Novembro, dia em que também se assinala morte de Fernando Pessoa (1935). Nesta oportunidade, o instituto convidou o escritor Richard Zenith, vencedor em 2012 do Prémio Fernando Pessoa (galardão concedido anualmente a um cidadão português que tenha sido protagonista de uma obra relevante e inovadora na vida artística, literária ou científica do país); além do Guggenheim Fellowship (1987), PEN Award por poesia e tradução (1999) e o Harold Morton Landon (2006). Zenith é considerado um especialista na obra do lendário escritor e desta feita deu uma conferência subordinada ao tema “Fernando & Ofélia Revisitado”. Refira-se que depois desta apresentação, teve lugar, a 2 de Dezembro, na Livraria El Buscón, o debate “Pessoa: heterónimos e desassossego”, sessão que contou com a participação de Joaquim Marta Sousa, Maria Antonieta Flores e Rafael Arráiz Lucca. O autor aprofundou o significado que teve o amor na vida de Pessoa, representado pela jovem Ophélia Queiroz, a quem conheceu em Novembro de 1919 quando ela entrou como mecanográfica num escritório da baixa lisboeta, onde ele já havia trabalhado como tradutor de correspondência comercial. Daquela relação nada se conhecia, até que vieram à luz as cartas que ele lhe escreveu (48 publicadas em 1978 e precedidas de um texto aclaratório de Ophélia) e das cartas dela para ele (publicadas em 1996, anos depois do seu falecimento, 1991). Para Zenith, que actualmente está trabalhar numa biografia de Pessoa, esta e outras histórias do escritor significam sempre uma “grata experiência, porque é um escritor apaixonante. Por exemplo, a heteronímia faz recordar que dentro cada ser humano habitam muitos outros, às vezes até sem nos darmos conta”. Por outra lado, destaca a capacidade
Agência EFE celebra 75 anos de trabalho A Embaixada de Espanha convida à exposição ‘EFE. 75 anos em fotos’, em comemoração do 75.º aniversário da reconhecida Agência de Notícias espanhola. A mostra conta com 75 impressionantes imagens que percorrem um trajecto jornalístico em Espanha, Iberoamérica e no mundo, das quais 25 são dedicadas exclusivamente à Venezuela. A mostra fica patente ao público a partir de 7 de Dezembro, na Sala de Exposições da Fundação BBVA de La Castellana, de segunda domingo, das 11:00 am às 3: pm.
Unidas por um click
de Pessoa de “insistir na verdade, não aceita respostas fáceis. Tudo é posto em dúvida. Sempre vai mais além e essas coisas parecem-me fascinantes” e precisamente por isso, “traduzi-lo é uma enorme responsabilidade e um grande prazer porque a boa literatura, a de peso, a de substância, pode-se levar muito bem para outro idioma”. Poemas, livros e canções O acto contou com a presença das autoridades diplomáticas de Portugal na Venezuela e dos representantes das diversas associações, academias e sociedades da comunidade portuguesa, que elogiaram o trabalho realizado por João da Costa, presidente do IPC; Fernando Campos, vice-presidente; Ysabel Ferreira, Primeira Secretária; Mário de Bastos, Segundo Secretário; Luísa Campos, Tesoureira; e os Directores José Carlos Rebelo, Francisco Almeida Garret, Carmen Marques e Gustavo Gonçalves, juntamente com outros colaboradores. Todos eles se esforçam diariamente para manter vivo o legado de Daniel Morais
‘Unidas por um click’ é uma das exposições realizadas no âmbito do mês da Foto 2014, com auspício da Embaixada de França. A expo mostra como dois países tão distanciados um do outro podem estar unidos por uma mesma representação artística como a fotografia. Participam nesta exposição os fotógrafos Florinda Ramírez, Karyn Rodríguez, Rosimar Contreras, Yelania Rosales, Elena Contreras, Norys Oberto, Carlín Barreto, Carla Ramírez, Debora Vejaran, e estará aberta ao público até Dezembro na Arte Bortot da loja Kalosh.
Sobre o convidado Richard Zenith nasceu em 23 de Fevereiro de 1956, em Washington, Estados Unidos. É um escritor e tradutor que apesar de ter nascido em solo americano possui cidadania portuguesa desde 2007. Licenciou-se pela Universidade de Virgínia em 1979 e viveu na Colômbia, Brasil, França e Portugal, onde reside desde 1987. É um destacado tradutor para inglês, destacando-se as obras de autores como António Lobo Antunes, José Luís Peixoto, Sophia de Mello Breyner Andresen, Antero de Quental, João Cabral de Melo Neto, Nuno Júdice, Luís de Camões, entre outros. (fundador do instituto e do Centro Português em Caracas, criador do periódico Ecos de Portugal, entre muitos outras obras), de Betty Rodrígues e Segismundo Soares. A gala terminou chave de ouro, com a voz de Andrea Imaginario, reconhecida cantante que já en-
galanou com a sua música outros eventos do IPC, na companhia do guitarrista Roberto Jirón, destacado artista venezuelano e autor de excelentes arranjos musicais com letras baseadas em poemas de Pessoa, alguns dos quais foram interpretados na velada.
Prémio à Poesia A Oficina Cultural de Espanha convoca para o XV Prémio Casa da América de Poesia Americana, com especial atenção para poemas que abram ou explorem perspectivas inéditas e temáticas renovadoras. Poderão concorrer autores nacionais de qualquer dos países da América com obras escritas em espanhol, rigorosamente inéditas, que não tenham sido apresentadas a nenhum outro prémio e cujos direitos não tenham sido cedidos a nenhum editor de qualquer parte do mundo. O prazo de admissão de originais termina a 29 de Maio de 2015.
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Gales
Salón Majestic Wilmer Pereira e Viviana Da Mata contraíram núpcias Fernando Cámara
Na noite do passado sábado, 15 de Novembro, o Salón Windsor de Banquetes Galés recebeu a celebração da união matrimonial de Viviana Da Mata e Wilmer Pereira. A Igreja de la Concepción, situada em El Paraíso, foi escolhida para a realização da cerimónia religiosa, a qual foi abençoada pelos padrinhos Alejandro Granadillo e Maiyali de Granadillo, que também desejaram uma longa vida de amor e união ao casal. Na entrada do salão, as boas-vindas aos convidados foi dada pelos mais de 180 convidados pelos pais do noivo, José Antonio Pereira e María Fernandes de Pe-
reira, oriundos do Caniço, ilha da Madeira, e pelos pais da noiva, Nelson Alfredo Da Mata, nascido em Gaula, e Rita de Da Mata, venezuelana de nascimento. Música romântica ambientou o espaço enquanto os recém-casados chegavam ao salão, tendo depois sido tocada uma valsa. Seguiu-se uma sessão de música dançável para que os convidados pudessem celebrar juntamente com o casal o seu dia especial. O vestido da noiva foi desenhado pela empresa transnacional Pronovias, cuja loja em Caracas encontra-se situada em Las Mercedes, Caracas. Já o bolo de casamento foi elaborado por Doña Margoth, também sediada em Las Mercedes.
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Finanças pessoais instantâneas
Chegou o fim do ano e o pagamento dos subsídios Isabel Idarraga
“Este ano passou voando”, disse-me a minha mãe esta semana. Esta expressão é ouvida com frequência à medida que se aproxima o fim do ano. Para muitos é motivo de alegria a iminência do pagamento dos subsídios e pensar no que vão poder fazer com esse dinheiro. Os mais sábios, planeiam, cuidadosamente, com suficiente antecipação, qual a utilização a dar para obter um benefício que perdure no tempo. Muito já se falou acerca das prioridades a considerar no momento de receber
os subsídios, especialmente nos últimos anos, os quais se converteram na única entrada importante de numerário adicional ao rendimento mensal. Isto é assim porque foram reduzidas a bonificações por desempenho ou resultados de gestão, produto da crise económica que tem vindo a afectar os salários. Sem dúvida que o método mais importante para utilizar eficientemente os subsídios é o planeamento. Este compreende várias tarefas que, na medida em que se incorporam os nossos hábitos
financeiros, se convertem em grandes aliados quando queremos usar os nossos recursos com a esperança de obter retornos interessantes, ainda que no meio de uma recessão económica. O primeiro passo é a elaboração de uma lista com o que queremos e o que desejamos, recordando que a poupança deve estar sempre em primeiro lugar. Depois, avaliamos quais as alternativas que agregam mais valor às nossas vidas. O desejo de ter uma máquina de lavar nova que substitua uma que
está em muito bom estado, provavelmente não será tão útil como um equipamento de ar acondicionado que ofereça conforto adicional aos nosso descanso. Uma vez estabelecidos os nossos objectivos, atribuímos quantidades de dinheiro a cada um. Aqui nos daremos conta, na maioria dos casos, que os fundos são insuficientes, pelo que teremos que fazer uma nova revisão para ajustarmos a quantidade que receberemos. Completada esta tarefa, temos o orçamento pronto e procedemos
à localização das melhores ofertas no mercado para fazer compras inteligentes. E, ao receber os subsídios, executamos a segunda actividade mais importante, a acção. Convém fazer as compras ou investimentos planeados tão rápido quanto possível para evitar cair em tentações que depois nos levarão a lamentos. Imaginemos a sensação de satisfação quando, ao terminar a época natalícia, comprovamos que temos cumprido com os objectivos estabelecidos para o uso dos nossos subsídios.
e audição podem ser dispensados dependendo do país de procedência. A educação e cuidado com as crianças é um dos pontos mais cruciais no momento de apostar numa nova vida. Este processo de escolha é difícil tanto no país de origem como no de acolhimento e demora algum tempo para avaliar alguns factores. O primeiro deles é a proximidade com o lugar de residência, pois a poupança de dinheiro em combustível e em transportes públicos é necessária enquanto se consegue o sustento familiar. No entanto, não representa uma preocupação maior, devido a que nas cidades bem pen-
sadas, por cada zona residencial há estabelecimentos educativos e comerciais. nível de educação é outro elemento a considerar e, no geral, há instituições públicas e privadas identificadas com letras (A,B,C) dependendo do tipo de estudos. A melhor maneira de aferir a proximidade e qualidade é através da Internet com o fim de se fazer uma boa escolha. Com tudo isto, não quero dizer que os sapatos turísticos sejam melhores que os dos imigrantes. Trata-se de duas viagens distintas, uma com data de regresso próxima, outro com um “até breve” incerto que fica nos corações de quem se despde no avião e de quem o aborda.
palavras
Um país, duas visões Shary Do Patrocino
Visitar um país como turista definitivamente não é o mesmo do que chegar como imigrante. Para o turista, os dias passam rapidamente e parecem ser curtos ante o desejo de ir às compras, visitar museus, lugares emblemáticos, conhecer a vida nocturna e a gastronomia dessa cultura. Para o imigrante, os dias tornam-se longos e ainda que tampouco haja tempo que perder, a preocupação vai muito mais além de um par de sapatos ou de uma fotografia para as redes sociais. A primeira decisão a tomar é o alojamento. Um hotel ou um resort sempre são boas opções se se trata de um descanso total longe
das obrigações e afazeres. Não obstante, quando a expectativa em torno desse novo destino é uma vida permanente e de procura de oportunidades; a casa de um familiar ou amigo é a melhor ajuda que te podem oferecer. Esta é sem dúvida uma das melhores boas-vindas, sobretudo quando os pensamentos e a incerteza parecem converter-se em hóspedes vitalícios na tua cabeça. Porque assim como há partidas planeadas devido a estudos ou trabalho, há muitas outras improvisadas que necessitam dum ponto de encontro com a nova realidade na qual nos deixou o avião. É assim como arranca
uma nova história. É assim como começa uma nova vida. E, um após o outro, tão perfeito como Deus o fez, passam o dias. Sem importar o destino, outro tema a resolver para o imigrante é a sua legalidade no país através de uma boa assessoria legal que lhe leve a conseguir uma identificação social e licença de laboral, dois requisitos primordiais. Para alugar um carro ao turista apenas basta apresentar a sua carta de condução estrangeira. O imigrante deve estudar as normas e sinais de trânsito para sujeitar-se a um exame teórico-prático que lhe permita obter a documentação de maneira permanente. Os exames de vista
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J-00360930-7
Correio da Venezuela | Dezembro 2014
4ta. Transversal, entre A. Andr茅s Bello y Alfredo Jhan. Urbanizaci贸n Los Palos Grandes, Caracas, ZP 1060
saúde em día
36 Miscelanea
Dezembro de 2014 | Correio da Venezuela
Conselhos para um Natal saudável Sergio Ferreira Soares
A chegada do Natal, esperada por muitos e ‘odiada’ também por muitas bastante, pressupõe o começo de uma época cheia de magia, felicidade e alegria para partilhar com os nossos familiares, amigos e os seres que mais queremos. É um momento único, em que desfrutamos de horas de tranquilidade sentados em redor de uma mesa, na qual podemos encontrar com uma grande variedade de deliciosas receitas e as sobremesas mais requintadas. Mas também é comum cometer certos excessos, com os quais nos debatemos em Janeiro, depois de termos c o m provado que aumentamos de peso, e aí vêm a s lamentações e as
consequências. Por isso, esta semana trazemos algumas recomendações para que tenha um Natal saudável. Coma de tudo, mas em pequenas quantidades: Dado que no Natal é comum a elaboração de uma grande variedade de receitas e sobremesas próprias destas festas, é óbvio que não devemos perder a oportunidade de poder desfrutar delas, mas com moderação: Não é o mesmo comer uma porção de torrão ou exceder-se e comer metade do pacote. A chave? Comer em pequenas quantidades vai permitir-lhe comer de tudo, e provar de tudo um pouco. Siga uma dieta equilibrada: Ainda que em determinados dias tenha ingerido iguarias ou jantares natalícios nos quais tenha de se exceder um pouco, os seguintes dias são ideais para depurar o organismo e continuar mantendo uma dieta equilibrada. Não se esqueça que comer todos os dias cinco porções de frutas e verduras frescas é fundamental. Também as infusões e chás ajudarão a desintoxicar e depurar o seu organismo naturalmente.
Pratique exercício físico regularmente: Vai ajudar a que se mantenha em forma, a queimar gordura e as calorias a mais que consumiu nos dias anteriores, e para além disso, evitar o típico stress natalício, tão característico destas festas. Basta que pratique todos os dias pelo menos 30 minutos de exercício físico, ainda que o ideal seja chegar a uma hora. Para queimar gorduras, o recomendável é escolher um bom exercício aeróbico, como correr ou caminhar. E se o praticar cinco vezes por dia, melhor ainda. Tente não stressar: No Natal, com o rebuliço típico pela busca de prendas, preparação de refeições ou visitas que fazemos, é habitual sentirmo-nos stressados e ansiosos. Para evitá-lo, deve sempre tratar de parar, respirar, relaxar e desfrutar um pouco da magia destas festas e afastar-se do seu sentido mais consumista. Não se esqueça do mais importante: Desfrute deste Natal como nunca e trate de preocupar-se apenas com coisas importantes.
Sabia que…?
Peru de Natal
Benoit Sinthon, Chefe Executivo Hotel Cliff Bay
Ingredientes para 6 pessoas 1 peru de 3kg
Para o recheio 200gr de peito de peru 1 ovo 150gr de natas líquidas 100gr de miolo de pão de forma 200 gr de leite 1 cebola picada 300gr de castanhas cozidas do Curral das Freiras 50gr de salsa picada o coração e o fígado do peru brandy 1 cubo caldo galinha Magi
Para o caldo 2 cenoura descascadas 1 cebola 1 alho francês 1 bouquet garni (conjunto de ervas aromáticas amarradas ou presas num elástico. Usa-se, por exemplo, o alecrim, a salsa, o tomilho, o louro)
Preparação
Carla Salcedo
Curiosidades sobre o Natal
Milhões de pessoas em todo o mundo celebram o Natal. Algumas recordam os que já partiram enquanto outras festejam em grande o que o ano novo irá trazer. Independentemente dos motivos de cada um para celebrar, existem inúmeras curiosidades em torno desta época. Os três reis magos, por exemplo, datam do século VI d.c.. Melchior, que representa os europeus,
segredos de cozinha
ofereceu ao Menino Jesus um presente de ouro que atesta a sua realeza. Gaspar, representante dos semitas da Ásia, ofereceu ao Menino o bem mais apreciado desta zona, o incenso, como símbolo da sua divindade. E por último, Baltasar, negro e com barba, identificando-se com os filhos de Cam, os africanos, que entregam a mirra, em alusão à sua futura paixão e ressurreição. Os restos mortais dos reis ma-
gos estiveram durante 300 anos em Constantinopla, onde antes era Bizâncio e agora é Istambul, na Turquia. Foram depois trasladados para Milão onde ficaram até 1162, ano em que o imperador Barba-Ruiva saqueou Milão e entregou os restos mortais ao arcebispo Reinaldo de Dassel, que decidiu mudá-los para Colónia, Alemanha. Os restos dos três reis magos descansam num cofre de ouro e prata que pesa cerca de 350 quilos. Em alguns países existe a lenda da bruxa Befana, que varria a casa com a sua vassoura quando os reis magos passaram rumo ao presépio de Belém e a convidaram a ir com eles. A bruxa não os acompanhou e sentiu-se arrependida. Por isso, Befana sai todos os anos para distribuir prendas, em busca do Menino Jesus, como sinal de arrependimento. Contam que esta lenda da bruxa Befana teve origem em Itália.
1
Flambear o peru, tirar e reservar a parte do fígado e coração no frigorífico. Dentro do robot de cozinha, ralar o peito de peru em pedaços junto com o ovo, as natas líquidas, o miolo de pão no leite, a cebola picada, as castanhas cozidas, a salsa picada, o coração e o fígado.
2
Temperar o peru por dentro de sal e pimenta e por brandy.
3
Numa panela ponha duas cenouras cortadas, uma cebola, um alho francê e 1 bouquet garni, juntar 5 litros de caldo de galinha, e cozer 30 minutos em lume brando o peru, pois o caldo não pode ferver para não ficar rijo!
4
Retirar do caldo e deixar descansar em cima de uma grelha 10mn.
5
Por o peru num tabuleiro com gordura de pato ou banha de porco e assar no forno a180 graus durante 40 minutos e de vezes enquanto com uma concha deitar a gordura por cima do peru para ficar suculento e alourado .
Acompanhamento
Castanhas assadas de Curral das Freiras e Batata doce assadas Cogumelos Seta frescos da Região salteados com alho e salsa
Dica do Chefe
Às vezes, o peru sai demasiado seco depois de assar. Por isso, o facto de cozer num caldo primeiro e depois assar permite ter um peru suculento por dentro e pele tostada e bem alourada por fora. Na hora de assar sugiro que ponha 1 folha de couve cru por cima dos peito do peru para travar a cozedura dos peitos e evitar que fiquem seco
Bom Natal para todos!
Correio da Venezuela | Dezembro 2014
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38 Desporto
Dezembro de 2014 | Correio da Venezuela
Portugal
Desilusão no Mundial
compensada com
Benfica campeão português de futebol pela 33.ª vez O Benfica conquistou, em Abril, o seu 33.º título de campeão nacional de futebol, a duas jornadas do fim da edição 2013/2014 da I Liga, ao vencer em casa o Olhanense por 2-0, na 28.ª ronda. O brasileiro Lima, aos 57 e 60 minutos, marcou os tentos do conjunto comandado por Jorge Jesus, que passou a contar 73 pontos, mais sete do que o Sporting, quando há apenas seis por disputar. A formação “encarnada”, que não ganhava a prova desde 2009/2010, tem agora mais seis títulos do que o FC Porto, que tinha triunfado nos últimos três campeonatos, e 15 em relação aos “leões”, o último em 2001/2002.
Sevilha de Beto vence nos penáltis ‘águias’ perdulárias Em Maio, o Sevilha derrotou o Benfica na final da Liga Europa, ao vencer por 4-2 no desempate por grandes penalidades, no Juventus Stadium, em Turim. Em 120 minutos, nenhuma das equipas conseguiu marcar qualquer golo e, na “lotaria”, Cardozo e Rodrigo permitiram a defesa ao internacional português Beto. O Benfica somou a oitava derrota consecutiva em finais de taças europeias, depois de ter ganho as duas primeiras, da Taça dos Campeões Europeus, em 1960/61 e 61/62.
a Bola de Ouro de CR7 e dezenas de medalhas
CORREIO/LUSA
A grande desilusão protagonizada pela selecção portuguesa de futebol no Mundial do Brasil 2014 foi compensada por dezenas títulos em várias modalidades O ano que agora termina ficou marcado pela grande desilusão protagonizada pela selecção portuguesa de futebol no Mundial do Brasil 2014. Portugal despediu-se da prova sem passar da fase de grupos. Teoricamente, a par da Alemanha, a ‘equipa das quinas’
era a mais forte do Grupo G e a que tinha maior probabilidade de passar à fase seguinte. No entanto, só os germânicos confirmaram esse favoritismo. A condição física e as lesões deixaram um péssimo “cartão de visita” da selecção. Em dez dias de prova, os atletas lusitanos sofreram dez lesões, sendo nove musculares, condicionando desta forma o andamento dos jogos e as opções da equipa técnica. Fisicamente, os jogadores mostraram grandes debilidades, podendo encontrar-se explicação para isto na pouca utilização de alguns deles nos seus clubes e nas prolongadas lesões ao longo da última época. Numa primeira instância, o seleccionador Paulo Bento resistiu ao desaire. Mas após perder em casa, por 0-1, frente à Albânia, no início da qualificação para o Euro
2016, acabou por ser substituído por Fernando Santos. Valeu que, no início do ano, Cristiano Ronaldo, conquistou Bola de Ouro 2013 referente ao Melhor Futebolista do Mundo, troféu que juntou ao conquistado em 2008, o que torna Cristiano Ronaldo o primeiro português a vencer por duas vezes este prémio. Eusébio, em 1965, e Luís Figo, em 2000, também conquistaram este troféu. Em 2010, José Mourinho recebeu a Bola de Ouro para Melhor Treinador. Durante esta cerimónia de atribuição da Bola de Ouro 2013, realizada na Suíça, foi feita uma homenagem a Eusébio, falecido a 5 de Janeiro. Cristiano Ronaldo poderá juntar mais uma Bola de Ouro, referente 2014, já que o jogador português foi nomeado juntamente com o argentino Lionel Messi.
Portugal conquista primeiro título europeu de ténis de mesa
Lusos são campeões do mundo de karaté tradicional
O madeirense Marcos Freitas e os continentais Tiago Apolónia e João Monteiro, juntos na selecção portuguesa há quase uma década, viveram, em Setembro, um “sonho de miúdos” e conduziram Portugal ao primeiro título europeu de ténis de mesa, batendo (3-1) a poderosa Alemanha. Após vencerem os germânicos no MEO Arena, em Lisboa, com duas mil pessoas a festejar nas bancadas, os três jogadores, juntamente com os “suplentes” Diogo Chen e João Geraldo e a restante
Portugal sagrou-se, no final de Novembro, campeão mundial de karaté tradicional, disputado na cidade do Cairo e no qual participaram potências mundiais da modalidade, como os Estados Unidos, a Rússia e o Canadá. Na prova colectiva mais importante, Rui Morais, Pedro Silva e Joaquim Mendes conquistaram o título mundial, após ultrapassarem as equipas da Argélia, Argentina, Chipre, Egipto e Sudão. Este feito teve a particularidade
equipa técnica, abraçaram-se efusivamente junto à mesa em que Portugal tinha acabado de garantir a medalha de ouro.
dos karatecas portugueses terem vencido todos os combates realizados. Na competição individual de seniores, Pedro Silva sagrou-se vice-campeão do mundo, tendo perdido apenas um combate pela margem mínima com o representante da Palestina. Na prova de kata júnior, o karateca Joaquim Mendes conquistou a medalha de prata, após levar de vencidos 12 karatecas.
Mais medalhas de bronze em várias modalidades Em 2014, Portugal conquistou também a medalha de bronze na estafeta de 5.000 metros no Mundial de patinagem de velocidade, que decorreu em Rosário, na Argentina. Diogo Marreiros, Martyn Dias e Ricardo Esteves, que já tinham sido terceiros nos 3.000 metros do Europeu, conseguiram um feito inédito para a patinagem portuguesa. O trio luso foi apenas batido pelas equipas da Holanda, nova campeã, e da Argentina. Jessica Augusto conquistou o bronze na maratona nos Campeonatos Europeus de atletismo, que decorreu em Zurique, na Suíça. A atleta portuguesa, de 32 anos, detentora da melhor marca do ano (2:24.25 horas), completou a prova em 2:25.41, atrás da francesa Christelle Daunay, nova campeã europeia, que terminou com 2:25.14, e da italiana Valeria Straneo, medalha de prata, com um registo de 2:25.27. Os portugueses Hélder Silva (C1 200) e Teresa Portela (K1 200) conquistaram as medalhas de bronze nas respectivas categorias dos Europeus de canoagem, que decorrem em Brandenburg an der Havel, na Alemanha. Em 2011, em Belgrado, Hélder Silva tinha sido sexto classificado na mesma especialidade e este ano já tinha conquistado a medalha de bronze numa das etapas da Taça do Mundo.
Telma Monteiro medalha de prata n os Mundiais de judo
Telma Monteiro conquistou, no final de Agosto, a medalha de prata na categoria de -57 kg nos Mundiais de judo, em Cheliabinsk, na Rússia, depois de perder na final com japonesa Nae Udaka. A judoca, de 28 anos, conquistou a medalha de prata pela quarta vez num Mundial, depois de ter sido vice-campeã em 2007, ainda nos -52 kg, e em 2009 e 2010, contando ainda com um bronze em 2005, com apenas 20 anos.
Correio da Venezuela | Dezembro 2014
Balanço
Desporto venezuelano deu várias alegrias em 2014
Desporto 39 converteu-se no primeiro atleta venezuelano na história a obter três medalhas nuns Jogos Olímpicos. O crioulo venceu duas medalhas de prata (50 e 200 metros) e uma de bronze (100 metros), na vertente de bruços. Por seu turno, a judoca Elvismar Rodríguez conquistou o bronze nos 78 quilogramas; e Rosbeilys Peinado, venceu a de prata no salto com vara, tal como o voleibol de praia e o lutador Anthony Montero.
Fernando Cámara
Vários títulos colectivos e êxitos individuais, marcaram o ano que agora termina O ano de 2014 foi importante para o desporto venezuelano. Os títulos do Zamora FC, Marinos de Anzoátegui e Navegantes del Magallanes fizeram vibrar as respectivas massas de adeptos e equipas técnicas e de atletas. Tampouco se pode esquecer de José Luis Altuve, campeão ‘bate’ da Liga Americana; o campeonato sul-americano de basquetebol e os crioulos que participaram nos Jogos Olímpicos da Juventude de Nanjing. Mas ainda há muito para recordar. E é o que vamos fazer ao longo deste texto que procura compilar os principais êxitos do desporto venezuelano ao longo de 2014. Magallanes sagra-se bicampeão da LVBP Apesar de ter terminado em quarto na temporada regular com um registo de 33 vitórias e 30 derrotas, o Magallanes acabou por erguer o troféu de campeão pelo segundo ano consecutivo, o 12.º na história do clubePara o ‘round robin’, a gerência mudou diversos aspectos que melhoraram a novena e serviram para a catapultar até à final, onde se enfrentaram o Caribes de Anzoátegui, que venceram por 4-1 na série. Quando terminou a campanha regular, Luis Sojo, que havia sido o ‘manager’ da safra anterior, deixou o cargo por mútuo acordo, sendo substituído por Carlos García. Dois jogadores da Nave Turca, Mitch Lively e Eliecer Alfonso, lograram distinções como Melhor Jogador da Semana. Inclusivamente, Mitch Lively conquistou o galardão de Melhor ‘Pitcher’ do ano. Entre outros prémios: Álex Cabrera, do Tiburones de La Guaira, levou o de Melhor Produtor e Mais Valioso; o cubano Hassan Pena, do Águilas del Zulia, o de ‘Cerrador’ do ano; Aaron Thompson, do Tigres de Aragua, o de “Setup” do Ano; Alfredo
Zamora FC revalida título de campeão
Em Junho, o Marinos de Anzoátegui sagrou-se campeão da Liga Profissional de Basquetebol, ao derrotar, em sete jogos, o Trotamundos de Carabobo. A equipa oriental dominou a campanha regular ao terminar em primeiro na tabela de posições. Além disso, conseguiu o seu quarto título nos últimos seis anos. O Marinos deixou de fora o Guaqueríes de Margarita nos Oitavos de Final, com um registo de cinco vitórias e três derrotas, e na semifinal, eliminou o Gigantes de Guayana em seis compromissos.
“Vintotinto” vence Torneio Sul-americano de Basquetebol
Pedrique, do Caribes de Anzoátegui, Manager do Ano; Carlos Sánchez, do Tiburones, Novato do Ano; Bob Abreu, do Leones del Caracas, Regresso do Año e Anderson de la Rosa, de Cardenales de Lara, Receptor do Ano. Zamora FC revalida título de campeão O Zamora FC também logrou revalidar o campeonato nacional de futebol. Venceu o Torneio Clausura na última jornada, o que permitiu disputar a final ante o Mineros de Guayana, campeão do Abertura. Justamente, ambas as equipas foram os líderes da tabela acumulada. Os ‘negriazules’ somaram 75 pontos e os ‘blanquinegros’, 72. No encontro de ida, a vitória sorriu ao conjunto barinés, por 4-1. O jogo de volta foi vencido pelo
Mineros (2-0), mas insuficiente (4-3 no agregado). O título valeu a Noel Sanvicente ser nomeado seleccionador nacional. “Vintotinto” vence Torneio Sulamericano de Basquetebol Em Julho, a selecção venezuelana de basquetebol venceu pela segunda vez na sua história o Torneio Sul-americano desta modalidade. Os pupilos do argentino Néstor “Che” García derrotaram na final, por 74-65, precisamente a selecção da Argentina. A “vinotinto” quebrou um jejum de 23 anos, já que o seleccionado nacional repetiu o feito alcançado em 1991, quando a selecção comandada pelo ex-NBA Carl Herrera, encheu-se de glória em Valência ao derrotar a Brasil. Marinos de Anzoátegui conquista 10.ª estrela na LPB
Venezuela supera-se em nos jogos de Nanjing A Venezuela protagonizou uma actuação destacada nos Jogos Olímpicos da Juventude de Nanjing, com nove medalhas (uma de ouro, seis de prata e duas de bronze), e um total de 13 diplomas Olímpicos. Números que superaram os alcançados nos jogos realizados em Singapura (2010). A selecção de futebol feminina sub15, pela primeira vez na história, conquistou uma medalha por equipas numa competição olímpica. As venezuelanas perderam por 5-0 na final frente à China. Mas a selecção de Kenneth Zseremeta chegou à final sem registar qualquer derrota. O nadador Carlos Claverie
José Luis Altuve campeão de ‘bateo’ das Grandes Ligas O ‘pelotero’ do Astros de Houston, José Luis Altuve, sagrou-se campeão de bate da Liga Americana com uma média de .341. Somado a isso, foi primeiro em imparáveis conectados (225), primeiro em bases estafadas (56), esteve entre os dez melhores em OBP (.377) y e 12.º melhor OPS (.830) do jovem circuito da MLB. Recorde-se que o jogador bateu a marca de ‘hits’ do Astros que estava em mãos de Craig Biggio desde 1988 e a de um venezuelano, a qual era propriedade de Magglio Ordóñez desde 2007. Também venceu o Prémio Luis Aparicio, que distingue o melhor crioulo na MLB. ‘Criollos’ em destaque nos Jogos Centro-americanos Uma destacada actuação foi alcançada pelos 546 atletas que integraram a delegação da Venezuela aos XXII Jogos Centro-americanos e do Caribe, Veracruz 2014, ao somar um total de 245 medalhas durante a participação em provas de 35 modalidades, entre 14 e 30 de Novembro. A Venezuela terminou em quarto lugar em termos de medalhas, 56 de ouro, 79 de prata e 110 de bronze. A classificação final ficou com Cuba no topo, com 254 medalhas: 123 de ouro, 66 de prata e 65 de bronze; seguida pela selecção anfitriã, México, com 332: 115 de ouro, 106 de prata e 111 de bronze. A Colômbia ficou em terceiro lugar, com 223 medalhas: 70 de ouro, 75 de prata e 78 de bronze. As disciplinas que somaram o maior número de douradas foram a natação, com 16 medalhas, esgrima, 5, e levantamento de pesos, karaté e atletismo, com 4 cada uma.
P r ê m i o Ta l e n t o C o m u n i c a ç ã o S o c i a l 2 0 0 9
imagens da semana
Como é tradição, a 1 de Dezembro os caraquenhos esperam com ansiedade o acender a Cruz del Ávila: uma tradição que desde 1963 indica a chegada do Natal à capital venezuelana. A estrutura tem 37 metros de altura e 18 metros de largura, está situada a 1.530 metros sobre o nível do mar, no cerro Papelón do Parque Nacional Waraira Repano, e conta com 144 lâmpadas de poupança. Depois das 6:00 da tarde de cada dia 1 de Dezembro, vizinhos de San Bernardino, La Pastora, e de outras paróquias têm por costume subir até ao pulmão vegetal de Caracas para festejar com tambores, frutas e comidas o tradicional acender o símbolo. Esta tradição que cumpriu 51 anos surgiu por iniciativa do engenheiro Ottomar Pfersdorff, funcionário da EDC, que a 1 de Dezembro de 1963 conseguiu, com a ajuda de outros trabalhadores, manter as luzes acesas do Hotel Humboldt para produzir a imagem de uma cruz cristã de 30 metros de altura.
‘Papel de Natal’ tem como missão transmitir uma mensagem ecológica de que há uma só Terra e que os seus recursos são limitados. Trata-se de um filme do realizador português José Manuel Ribeiro, produzido pela produtora Praça Filmes. O filme combina animação com imagens reais e estreia nas salas de cinema portuguesas a 18 de Dezembro. Foi numa noite de Natal que o realizador teve a ideia para esta média-metragem: José Manuel Ribeiro ia na rua e apercebeu-se da enorme quantidade de caixotes de lixo cheios de papel e de cartão. O filme pretende passar a mensagem de que é necessário gerir os recursos com inteligência e utilizar os progressos científicos, “desenvolvendo uma reciclagem o mais eficiente possível” para preservar o ambiente. O filme é descrito como tendo uma linguagem simples mas apelativa, dirigida aos mais novos, pois serão eles os herdeiros do futuro. A personagem principal da história é Dodu, um rapaz de cartão construído a partir de desperdícios de papel por uma menina chamada Camila, que anda à procura do pai. A missão de Dodu é encontrar o pai de Camila e resgatá-lo do Monstro Desperdício.
O CORREIO da Venezuela deseja um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo repletodepaz,alegriaemuitas bênçãos aos seus leitores, anunciantes,colaboradoresea todososportuguesesevenezuelanos.