Corrente 11

Ano II — Número 11

Maio de 2018

diretor e editor — Afonso Rocha

Corrente d’escrita M a g a z i n e de E s c r i t o r es , l i v r o s e l i t er a tu r a * F l o r i an ó p o li s * S a n t a C at a r i n a * B r a s i l

Corrente d’escrita

Decorreu, com enorme sucesso, nos passados dias 18 e 19 de abril, o Congresso Internacional dos 270 anos da presença açoriana em Santa Catarina — Mar, História, Patrimônio e Identidade.

O congresso foi organizado pelo Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina (IHGSC) e pela Academia Catarinense de Letras (ACL) e teve o apoio institucional do Governo do Estado, da Prefeitura de Florianópolis e do Governo da Região Autônoma dos Açores (fotos ao lado).

Segundo anunciado, as comunicações feitas ao congresso serão posteriormente publicadas em livro. Neste número de “Corrente d’escrita” divulgaremos a comunicação sobre Literatura e Identidade: Açores e Diáspora, do nosso diretor Afonso Rocha, e no próximo número a Comunicação Social: Santa Catarina e Açores, apresentada pelo jornalista e chefe de gabinete do Presidente da Camara Municipal de Ponta Delgada (Açores) José Andrade.

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Fotos: pag. anterior, plateia; da direita para esquerda: Pinho Moreira, governador do Estado de SC; Pinheiro Neto, da ACL; Cesar Zeferino, do IHGSC e Vasco Cordeiro gov. reg. Açores.

Baixo: Gean Loureito, Prefeito de Fpolis (primeiro); Manuel Bolieiro Prefeito CM Ponta Delgada (quarto) e restantes da comitiva dos Açores.

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Literatura e Identidade: Açores e Diáspora Comunicação de Afonso Rocha* ao Congresso Internacional sobre os 270 anos desde a presença dos açorianos em Santa Catarina

milhoes de naturais fora do país, sendo que os cinco principais países de acolhimento sao os Estados Unidos; Japao; Paraguai; Portugal e Espanha. So entre 2010 e 2017, mais de 100 mil brasileiros adquiriram a nacionalidade portuguesa.

Em Portugal, um pequeno país do tamanho de Santa Catarina, com uma populaçao identica ao Rio Grande do Sul ou ao Parana na ordem dos 10,5 milhoes, a que acrescem 5 milhoes vivendo no estrangeiro. Se contassemos todos os portugueses nativos, mais os descendentes espalhados pelo mundo, chegaríamos facilmente aos 40 milhoes. Na atualidade, os principais destinos dos portugueses sao o Reino Unido; a França; a Suíça; a Alemanha e Angola. Por outro lado, Portugal, pela sua posiçao geografica, pelo nível de desenvolvimento e segurança, tambem se tornou num país de acolhimento, sobretudo com imigrantes do Brasil, Cabo Verde e da Romenia.

A diaspora portuguesa começou no longínquo ano de 1500, quando das caravelas de Pedro Alvares Cabral desembarcaram cinco marinheiros e deixados em Porto Seguro, no litoral Baiano. Daí para ca esse caudaloso rio da diaspora nao deixou de crescer.

No que toca especificamente ao tronco portugues dos Açores, que hoje aqui comemoramos, com uma populaçao rondando os 240 mil, tem milhao e meio de naturais fora das suas fronteiras físicas, tendo o Canada, os Estados Unidos e o Brasil, como os principais países de destino.

ESCRITORES DE FRONTEIRA Ao iniciar esta minha reflexao sobre literatura e identidade na diaspora, permitam que adiante alguns numeros: num inquerito realizado em dezembro de 2017 e divulgado em janeiro deste ano, 49% dos brasileiros, se pudessem, sairiam do país, sendo que destes, 52,4% estavam no Sudeste; 49,3% no Sul; 46% no Norte e Centro-Oeste e 45,1% no Nordeste, ou seja, mais de 100 milhoes de habitantes. Estima-se que atualmente o brasil tenha 2,5 Página 4

Quando se fala em diaspora, a primeira ideia que nos vem a memoria sao os africanos, os judeus, os armenios..., mas nao nos podemos esquecer dos enormes fluxos migratorios que, voluntaria ou involuntariamente, abandonam seus países a procura de maior segurança e de melhorias substanciais que nao encontram em seus proprios países.

Sao fenomenos mais recentes os refugiados que chegam diariamente as fronteiras da Europa fugidos de teatros barbaros de guerra, como a Síria e a Eritreia entre outros, refletida na instabilidade que se vive atualmente no Oriente Medio e na Africa. Tambem a mais recente situaçao na Venezuela e do Haiti, engrossaram o caudal da diaspora.

Nao esqueçamos que existirao no mundo cerca de 70

Ano II — Número 11 Países como a França, Luxemburgo, Suíça e outros, que tradicionalmente recebem muitos imigrantes, que fariam se Literatura e Identidade: esses imigrantes abandonassem o país? E os países de Açores e Diáspora origem, que fariam se todos decidissem regressar ao solo patrio? E o Brasil, que foi formado por imigrantes? Nos anos mais recentes o Brasil, um dos maiores países do milhoes de refugiados, e que so em 2017, chegaram a mundo, recorreu a importaçao de medicos cubanos e de Europa mais de 60 mil refugiados. engenheiros portugueses. E em Portugal, com o aumento da Diaspora quer dizer dispersao, e aqui se inclui todo aquele emigraçao nos anos 2008/2012 baixou a pressao social que abandona seu país, procurando fora de fronteiras o que sobre o governo, e mais tarde, foi essa mesma emigraçao nao encontra dentro. que alavancou a economia.

Nem sempre a diaspora e um mal para os países que “exportam” os seus naturais, nem tao pouco um Nao esqueçamos: a diaspora e um movimento de mao desconforto para os países de acolhimento. Existe uma dupla e com a globalizaçao todos ganham. Ja pensaram no troca, um movimento de dar e receber, um ir e vir entre valor das trocas – culturais, saberes, ensinamentos – entre os povos? Mas ha que agir com discernimento. Se culturas e saberes. deixarmos “fugir” a inteligencia, os saberes e a mao de obra Foi na emigraçao dos anos sessenta do seculo passado que de que precisamos, pode ser uma pessima aposta. os germes da revoluçao portuguesa ganharam folego e Recentemente, a Polonia ficou sem pedreiros e descortinaram o caminho radioso que levaria ao fim da carpinteiros... guerra em Africa e a restauraçao das liberdades e da democracia no país. Mais recente, com a crise economica e Falei destes numeros para termos uma percepçao do que e financeira de 2012, foram os proprios responsaveis para nos, portugueses, falar da diaspora, esse movimento governamentais que apelaram a emigraçao maciça de do “vai e vem”, umas vezes imposto pela política, pela jovens e de todos aqueles que nao encontravam sustento economia, pelas religioes, por catastrofes naturais, e outras nem trabalho decente e seguro no país. Como resultado por motivos pessoais. Vivi e vivo esse movimento e pude Portugal perdeu, no imediato, o seu capital mais precioso, acompanhar de perto o que e viver e ser emigrante. Fui ou seja, os jovens promissores de desenvolvimento, obrigado a emigrar para fugir da ditadura, numa altura em progresso e crescimento, mas o que poderia virar numa que mais de um milhao de portugueses viviam em calamidade social, acabou sendo, estrategicamente, numa bidonvilles (bairros da lata) na regiao parisiense. E mais boa aposta. Depois de estudarem e aprimorarem os seus recentemente, voltei a emigrar, agora pelo prazer ludico de conhecimentos com novas ideias, novas tecnologias, novos usufruir da vida, me dedicar as leituras e a literatura. experimentos, esses jovens regressam ao país, trazendo Entrando no cerne da literatura e da diaspora, permitam com eles esses novos saberes, que aplicam na alavancagem que recorra novamente aos numeros para lembrar que do país, na sua modernizaçao, no seu crescimento estamos a falar para um espaço onde 273 milhoes de cidadaos comungam da mesma língua – o portugues - a economico e social.

Hoje, os portugueses estao a resistir a crise e em alguns quarta ou quinta língua mais falada do mundo e a terceira setores ate ja a venceu, e tudo isso graças, tambem, ao mais presente no Facebook e no Twitter, sendo que 250 contributo daqueles que tiveram de sair do país. Entre milhoes tem o portugues como língua oficial (Portugal, 2009 e 2017 a remessa de divisas dos emigrantes subiram Brasil, Moçambique, Angola, Guine -Bissau, Guine1,2 bilhoes de euros, tendo atingido a soberba soma de 3,5 Equatorial, Timor-Leste, Macau, Cabo Verde e Sao Tome e bilhoes neste ultimo ano, enquanto que as saídas se ficaram Príncipe), e outros 23 milhoes como língua falante ou pelos 518,2 milhoes, ou seja, um superavit de quase 3 derivada, utilizada nos oito territorios com influencia bilhoes. Os principais países de onde vem essas remessas portuguesa, nomeadamente na Galiza (Espanha), em Goa, sao, por ordem decrescente: a França, com 1,15 bilhao; a Damao e Diu (India), em Amambai (Paraguai), Antígua e Suíça, com 799 milhoes e a Inglaterra, com outros 350 Barbuda, Bermudas e Guiana. No conjunto, o portugues e falado nos quatro cantos do mundo. Para onde quer que bilhoes. viajarmos sempre encontraremos “uma alma perdida” que Página 5

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Literatura e Identidade: Açores e Diáspora fala ou entende o portugues. Segundo estima o governo portugues, em 2050 a nossa língua sera utilizada por 350 milhoes de pessoas.

Estes numeros trazem grandes responsabilidades para quem utiliza a palavra, seja discursando, escrevendo, se comunicando.

Outra reflexao que nos incomoda deriva do fato de, desde 1901, ano em que se começou a atribuir o premio Nobel de literatura, tal premio so tenha sido atribuído a um unico falante em portugues: Jose Saramago, apesar das quatro candidaturas anteriores, nomeadamente de Julio Dantas em 1951; Ferreira de Castro em 1952; Aquilino Ribeiro em 1960; e Miguel Torga em 1959 e 1962. E ainda mais escandaloso, que nenhum brasileiro tenha sido premiado, nem tao pouco nomeado. Estamos esperançados – nem que seja a título postumo - que nomes como Jorge Amado, o romancista das putas e dos vagabundos – como ele proprio se afirmava –, Machado de Assis, Guimaraes Rosa, Lydia Fagundes Teles, Carlos Drumond de Andrade, Manuel de Barros, Clarice Lispector, Monteiro Lobato, para so falar de alguns, possam vir a ser reconhecidos. Por arrastro, e ja que a candidatura foi oficialmente apresentada, esperamos que a injustiça seja corrigida este ano de 2018, e que o escritor e poeta Emmanuel Medeiros Vieira, de 73 anos, brasileiro natural de Santa Catarina, venha a merecer tao

almejado reconhecimento.

Nao posso esquecer que estamos a comemorar os 270 anos desde a chegada a Santa Catarina dos casais açorianos, em 1748, esse valente povo que semeia a cultura portuguesa pelos quatro cantos do mundo, guarda avançada do territorio portugues plantada nas lonjuras do mar azul, que ao longo da nossa historia miliar pariu filhos ilustres, dos quais nos orgulhamos de ser conterraneos. Refiro-me concretamente a Manuel de Arriaga, político e primeiro presidente da Republica Portuguesa logo apos a sua instauraçao em 1910; ao tambem ensaísta, poeta e político Teofilo de Braga, presidente do governo provisorio da Republica e segundo presidente; a Jaime Gama, deputado, ministro e presidente da Assembleia da Republica; a Mota Amaral, primeiro presidente do Governo Regional dos Açores logo apos a aprovaçao da autonomia e tambem presidente da Assembleia da Republica; aos escritores e poetas Antero de Quental e Vitorino Nemesio, cujas cronicas semanais me habituei a ver na televisao no tempo em que esta ainda era a preto e branco; a intrepida e incansavel deputada, escritora e poeta Natalia Correia.

No campo da literatura lusofona, existe um panorama literario com marcas de ambiencia insular açoriana, que lhe confere uma identidade propria dentro do universo literario portugues e onde, a par de grandes vultos da cultura portuguesa ja referidos como Antero de Quental, Teofilo Braga, Vitorino Nemesio ou Natalia Correia, figuram muitos outros com menor projeçao, mas nao de menor merito. De entre esses, destaca-se ainda, no seculo XVI, Gaspar Frutuoso (1522-1591), talvez o primeiro açoriano que virou escritor, para muitos considerado o maior historiador das ilhas atlanticas, cuja obra “Saudades Foto: Assembleia; Afonso Rocha e o escritor Celestino Sachet

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Literatura e Identidade: Açores e Diáspora da Terra”, se transformou numa autentica memoria do mundo insular. No início do seculo XX, merecem destaque os nomes de Alice Moderno, poetisa, feminista e ativista dos direitos dos animais e Roberto de Mesquita, o poeta de “Almas Cativas”, cuja poesia, profundamente marcada pela insularidade e em especial pelas angustias do isolamento, e considerada pelo ensaísta e crítico Jacinto do Prado Coelho como um dos mais altos expoentes do simbolismo portugues logo a seguir ao poeta Camilo Pessanha.

Posteriormente, temos a chamada geraçao da Horta, grupo de escritores ligados a orgaos de imprensa local aglutinadores de uma forte dinamica cultural e literaria. Deste grupo, que corresponde no continente a geraçao de Fialho de Almeida e Trindade Coelho, destacamse Florencio Terra e Nunes da Rosa, cultores do conto rustico idílico de ambiencia insular, onde estao presentes o campo, o mar, a religiosidade e a emigraçao. Uma geraçao posterior inclui nomes como Cortes-Rodrigues, que fez parte da geraçao d’Orpheu, responsavel pela introduçao do modernismo nas artes e letras portuguesas, tendo tambem colaborado nos periodicos Águia, Presença e outros; Pedro da Silveira, poeta e militante antifascista profundamente comprometido com a afirmaçao do ser-se açoriano no mundo, e a quem alguem justamente chamou, “o mais ocidental poeta europeu”; Dias de Melo, autor de uma das obras literarias açorianas da atualidade com maior projeçao nacional. A sua trilogia "Pedras Negras", "Mar Rubro" e “Mar Pela Proa” projeta-o para a posteridade como, no dizer de outro escritor açoriano, Cristovao de Aguiar, “um símbolo do homem do mar ... um escritor baleeiro, que deu um retrato real da vida do baleeiro”. Mas Dias de Melo tambem escreveu sobre camponeses, pescadores, operarios, e outras classes sociais açorianas; Manuel Ferreira, autor de contos de cariz regionalista, onde marcam presença costumes e tradiçoes insulares do campo, da cidade e do mar. O seu conto” O Barco e o Sonho", foi adaptado a uma seria televisiva com o mesmo nome realizada para a RTP-Açores, pelo realizador Jose Medeiros.

Nos anos mais recentes tem surgido uma nova geraçao de escritores com novas formas de discurso, um novo olhar sobre a realidade açoriana e a condiçao de ser açoriano dentro e fora das ilhas. Uma escrita onde a tematica da emigraçao, fenomeno de importancia fundamental para os Açores, surge tambem numa nova perspectiva. A tematica da guerra africana levada a cabo por Portugal nos anos sessenta, esta tambem presente em muita da escrita desta geraçao, sendo exemplos disso “Braço Tatuado”, de Cristovao de Aguiar, “Lugar de Massacre” de Jose Martins Página 7

Garcia, “Memória de Ver Matar e Morrer” e “Autópsia de um Mar em Ruínas”, de Joao de Melo. Nesta nova geraçao integram-se, entre outros, os ja referidos Cristovao de Aguiar, que no seu romance “Raiz Comovida – a Semente e a Seiva” apresenta um discurso narrativo e um encadeamento de casos que sao uma memoria viva de uma vivencia açoriana fora da cidade; Jose Martins Garcia e Joao de Melo, este distinguido com varios premios e com obras traduzidas em línguas de diversos países; Emanuel Felix, por muitos considerado o maior poeta açoriano da sua geraçao; Onesimo Teotonio Almeida, escritor emigrado, cuja obra retrata a experiencia emigrante açoriana nos EUA; Alamo Oliveira, e ainda mais recentemente, Madalena San-Bento, autora do romance “Diário das Mulheres Toleradas” .

Nao posso deixar de referir, no campo desportivo, o açoriano Pedro Miguel Carneiro Resendes, mais conhecido por Pauleta, jogador de futebol que encantou o publico de todo o mundo, e em particular os portugueses, com sua participaçao na seleçao e os espanhois e franceses, onde foi campeao varias vezes, considerado o terceiro melhor jogador internacional do seculo XXI, agraciado em Portugal com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique.

Permitam-me fazer a justiça e realçar o merito das seguintes personalidades açorianas que atuam na diaspora: Craig Mello, Nobel da medicina; Filipe de Oliveira Batista, diretor-criativo da Lacoste; Eurico Dutra, Getulio Vargas e Tancredo Neves, tres ex presidentes do Brasil; Francisco Vidal, Gabriel Leivas e Julio Sanguinetti, tres ex presidentes do Uruguai; Peter Sousa, fotografo oficial dos ex presidentes Barack Obama e Ronald Reagan; David Leite, um dos maiores gastronomos, criador do famoso hamburguer, a base de bacalhau, McSilva; Emeril Lagasse, um dos mais famosos chefes de cozinha, dos EUA; Carlos Rafael, o maior armador de pesca da America do Norte; Luís Bettencourt, dona da maior empresa de laticínios dos EUA e, finalmente, Manuel Vieira, o maior produtor de batata-doce da California.

Próximo No próximo número de Corrente d’ escrita, publicaremos a comunicação ao congresso do jornalista e chefe de gabinete da Câmara Municipal (Prefeitura) de Ponta Delgada— Açores: José Andrade

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Literatura e Identidade: Açores e Diáspora

Alem dos ilustres referidos, a diaspora portuguesa pariu muitos outros filhos, de originarios e descendentes, que ocuparam e ocupam posiçoes de alto nível no mundo da política, dos negocios, das ciencias, das letras, do espetaculo, dos quais e justo destacar Katy Perry e Nely Furtado, cantoras americana e canadense; Tom Hanks, ator norte-americano; Daniel Silva, escritor e executivo na CNN, no Estados Unidos; Fafa de Belem, Daniela Mercury, Lilia Cabral e Ricardo Pereira, cantoras, atriz e ator, todos atuando nos dois lado do atlantico; Cristiano Ronaldo e Jose Mourinho, jogador e treinador de futebol; Antonio Horta Osorio, economista, presidente do Lloyds Banque, um colosso no mundo da finança; Antonio Damasio, um dos mais conceituados neurocirurgioes, e mais recente ainda, depois de Manuel Barroso na presidencia da Uniao Europeia, o socialista Antonio Guterres, secretario-geral da ONU, e Mario Centeno, presidente do grupo do Eurogrupo.

E se me permitem, ate pela afinidade Portugal-brasil, o filosofo, ensaísta e poeta Agostinho da Silva, que embora nascido em Portugal, viveu no Brasil e foi um dos fundadores da Universidade Federal em Santa Catarina.

Depois deste deambular pela historia da língua, da literatura e da cultura com incidencia na diaspora, permitam-me perguntar: existe, de fato, uma literatura específica da diaspora?

Sim! Claro que que existe.

E o melhor exemplo nos e dado pela literatura brasileira, na sua maioria alimentada por descendentes da diaspora. Ate aos anos sessenta do seculo vinte, a esmagadora maioria dos autores brasileiros vinham dos colonizadores ibericos com particular evidencia nos portugueses, como se comprova pela consulta aos seus sobrenomes. So no seculo XXI, a partir de 1960 ou 1970, e que começaram a surgir autores com sobrenomes de outras origens – talvez filhos, netos ou bisnetos dos cinco milhoes de emigrantes que debandaram o Brasil a partir da independencia – primeiro, com os alemaes e italianos, e ja bem mais tarde, com os japoneses, sírios, libaneses e judeus. Isto mostra a importancia da literatura da diaspora, que incorpora e molda, a literatura de cada país de acolhimento.

Chamei a esta minha reflexao “escritores de fronteira”, que sao, em meu entender, aqueles que saem do país, mas sem nunca o deixarem. Eles sempre carregam um pouco de suas origens, que mesclam com as novas culturas que vao recebendo. Nunca deixaram o país, mas ja tem outros cheiros, outros sonhos, outros espaços, outras realidades que se acumulam e diluem no esteiro patrio. E por isso que ficam “na fronteira”, pisando nos dois lados, absorvendo o novo, sem esquecer o velho, integrando e permutando as Página 8

duas, ou as varias culturas com quem convivem.

Como dizia uma amiga, “quando estou em Portugal, eles me acham brasileira, e quando estou no Brasil, me acham portuguesa”. Na verdade, apesar de termos uma língua comum – o portugues -, temos uma cultura, forma de estar, de temperamento e sensibilidade bem diferente. E o acordo ortografico, apesar de importante, talvez nas relaçoes e contratos internacionais, nao veio “unificar”, nem a língua, e muito menos a cultura de um, e outro povo. Somos irmaos, como se diz na gíria, mas cada um no seu galho.

Alguns de nos, mais inclinados para a pureza, reclamamos muito por causa da suposta brasileirizaçao da cultura portuguesa, a começar no excesso de telenovelas e musivas brasileiras e a terminar no Acordo Ortografico, que para muitos continua a ser uma cedencia imperdoavel da nossa alma linguística ao Brasil. Outros de nos, gostamos do Brasil, porque nos da uma sensaçao de importancia, grandeza, chamemos-lhe lusofonia ou a tal patria, que e a língua portuguesa. Mas sem o Brasil, a tao propalada lusofonia nao passaria de uns pedacinhos de terra localizados na Europa, na Asia ou em Afria. Quem gosta de sentir uma identidade mais misturada em direcçao hemisferico Sul, gosta muito do Brasil e nao se importa com miscigenaçoes culturais e linguísticas. Fica ate aliviado, que isto da “pureza” cansa muito e da trabalho. Ha ainda quem misture um pouco as coisas e goste que os brasileiros falem a nossa língua, mas gostavam mais se nao tivessem esse desplante de a falar de forma diferente da nossa. Para o mal e para o bem, o Brasil e uma das balizas da nossa identidade: pelo medo, ou pelo fascínio, e esta bem presente nas discussoes sobre o que e ser portugues. Para os brasileiros, somos pouco mais do que um povo europeu como qualquer outro, que por obra do destino ou mero acaso lhes deu o nome a língua e aparece nos livros de historia. Tambem lhes demos alguns bons imigrantes, umas boas anedotas e, recentemente, alguns actores de novela desempoeirados. Pouco mais do que isso. Os brasileiros conhecem Portugal, ate tem avos transmontanos, minhotos, beiroes, algarvios, ribatejanos, açorianos, mas estamos longe de ser uma das balizas da identidade brasileira. Nao passamos, para eles, de uma curiosidade historica.

A língua portuguesa e parte, claro, da identidade brasileira, mas sem que por isso os brasileiros sintam uma ligaçao especial ao longínguo país donde a língua veio (e donde vieram tambem a grande maioria dos brasileiros).

Para eles, o nome da língua e um pormenor: o importante e nao ser a mesma língua dos seus vizinhos castelhanos.

Os brasileiros olham os portugueses como “aquele povinho pobre e perdido na ponta sul da Europa” com um milenio de historia que os vieram colonizar, e os portugueses olham os brasileiros como “os filhos que se portaram mal”.

Nem sempre e por cortesia que se ouve tratar “portuga” ou por “brasuca” os naturais de um ou de outro país. Mas como diz o povo, “uma andorinha nao faz a primavera”.

Os dois povos comungam parte substancial da historia, da cultura – e da literatura – com suas particularidades e que circula nos dois lados do Atlantico.

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Literatura e Identidade: Açores e Diáspora Mas os escritores da diaspora tem de, quando escrevem, dependendo ser em Portugal ou no Brasil, adaptar a linguagem, a terminologia, o verbo. No meu caso, como portugues que sou, nao consigo esquecer ou omitir minhas origens patrias, nem me alhear da cultura, das tradiçoes e dos costumes que diariamente me abraçam. Sei que o mesmo acontece com brasileiros que se mudaram para Portugal.

A grande missao dos diasporicos e serem embaixadores da cultura de seus países de origem, e simultaneamente aprendizes no país de acolhimento. Ha que respeitar a cultura de que vem, mas tambem de quem esta. Porque nao sou apatrida e como portugues, nao posso impor minha cultura, mas tambem nao quero que me imponham o abandono dessa mesma cultura. Estar no meio, na fronteira, no equilíbrio, e um exercício permanente de quem escreve e quer ser lido e apreciado.

Como disse Nietzsche “a boa literatura se faz com os pes”, ou seja, para bem escrever temos de sentir o espaço; os cheiros; os ventos e as mares; o colorido e os sabores. Dizia um amigo portugues que escrevia historias sobre o norte do Brasil, que tal empreitada so lhe foi possível quando foi morar para a Amazonia. O cheiro nao se recebe por encomenda. Quem nunca foi ao continente africano, nao sabe o que e sentir Angola, Moçambique, Guine. O mesmo

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aconteceu quando decidi escrever o meu romance historico “Sangue Lusitano”. Se nao me mudasse o Brasil tal projeto nao me seria possível.

Na diaspora, os portugueses escrevem sobre a saudade, a sua terra, os seus entes, o seu passado e o seu futuro, e mesmo em ficçao, “olhando as letras como um lusitano”. E tudo que escrevem sobre o país de acolhimento, tem que refletir, quase que obrigatoriamente, o “selo” dessa origem patria. Nao e so uma questao de linguagem, de terminologia, mas de sentimento. Como disse inicialmente, nunca perdemos as origens, mesmo que assimilemos com ousadia e perfeiçao os novos ares de acolhimento.

Entre Portugal e Brasil, apesar da língua comum, distinguenos os sentimentos, a nostalgia, a saudade – essa palavra fantastica so vivida e sentida em portugues -, a historia milenar de nossa existencia, bem como a terminologia do dia a dia. Atentemos no caso dos casais que vivem juntos, ele de um país e ela de outro, ou vice-versa que, por muito tempo que tenham de companheirismo, sempre encontram diferenças, algumas delas bem fortes. Estas diferenças, no caso dos escritores, ocorrem da mesma forma.

Nao e facil, e eu diria mesmo que nem desejavel, fazer uma “colagem”, uma adaptaçao “fria” a nova realidade. Eu, por exemplo, como membro ativo na diaspora portuguesa e como escritor, que tento ser, nao desejo esquecer as minhas origens, apesar de tudo fazer para me integrar plenamente na realidade brasileira.

Penso ter demonstrado que existe, de fato, uma literatura na diaspora. Resta saber o quanto ele e lida.

Antes atentemos para estes numeros: segundo estimativas credíveis, 44% dos brasileiros pura e simplesmente nao

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Literatura e Identidade: Açores e Diáspora

numa pesquisa junto de alguns leitores, verifiquei que poucos o tinham lido e muito menos compreendido, argumentando com “muitos termos” desconhecidos. Sei de casos identicos com outros colegas, tanto em Portugal como no Brasil.

Desde aí passei a adotar uma linguagem mais amena, trabalhada, mais acessível para o leitor brasileiro, apesar de manter o mesmo rigor argumentativo e tematico do portugues, que sou.

Daqui decorre, que existe, de fato, uma literatura propria da diaspora, seja portuguesa ou de outros países, com sua linguagem específica e ate, com temos e nomes que, de perto ou de longe, tem a ver com essa realidade migratoria.

Termino com estas palavras: os emigrantes sao embaixadores dos países de origem que nao esquecem, e muito menos abandonam as pegadas que lhes marcaram e moldaram a personalidade e os sonhos. A sua posiçao de escritores de fronteira, permite-lhes e obrigam-nos a promoveram e difundirem a cultura, a literatura, o conhecimento do saber de entre um e outro lado da fronteira, ou seja, do país de partida e do país de chegada.

leem e 30%, nunca comprou um livro. Em Portugal, os numeros nao sao melhores. Os dados de 2006 dizem-nos que so 37,1% da populaçao le assiduamente. Mas mais que as estatísticas, os proprios escritores afirmam que as vendas de seus livros sao modestas, ainda mais condicionadas pelo tipo de “portugues” que cada um utiliza.

Ha poucos escritores brasileiros que escrevam no portugues “de Portugal” e mesmo alguns, poucos, que tentaram essa experiencia, nao ficaram contentes. Ja no brasil, existem muitos portugueses da diaspora que escrevem regularmente, e sobretudo nos ultimos dez a quinze anos, muitos deles que vieram para o Brasil para viverem ou mesmo para se dedicar a escrita. E o que se verifica? Um preconceito brando, mas latente, tanto num como no outro lado do Atlantico. Em geral o leitor portugues nao compra livros escritos no “portugues do Brasil”, a nao ser livros tecnicos e especializados, nem o leitor brasileiro compra livros escritos no “portugues de Florianopolis, 19 de abril de 2018.

Portugal”, sendo que os seus autores, se vem obrigados a traduzir e a adaptar as suas obras lusas. Tive essa * Afonso Rocha e portugues, residente em Florianopolis, experiencia com os meus proprios livros. “Olhos d’ Agua” escritor, editor e jornalista; Membro da Associaçao das foi editado em Portugal e, mesmo sendo o meu primeiro Letras/SC e da Academia Internacional de Artes, Letras e livro, teve uma venda razoavel. Quando passei a viver no Ciencias da Cruz Alta/RS; Diretor da revista literaria Corrente d’ escrita/SC; Gestor em contabilidade e Brasil, lancei uma nova ediçao, mas mantendo o “portugues especialista em finanças empresariais pela Faculdade de de Portugal”, achando que seria bem recebido e entendido.

Ciencias Economicos e Empresariais da Universidade De fato, obtive uma venda razoavel, mas posteriormente, Catolica Portuguesa (Lisboa);

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Corrente d’ escrita

Quando eu morrer deitem-me nu à cova Como uma libra ou uma raiz, Dêem a minha roupa a uma mulher nova Para o amante que a não quis.

(Vitorino Nemésio)

Pó e cinzas, onde houve flor e encantos!

E a noite, onde foi luz a Primavera!

Olha a teus pés o mundo e desespera, Semeador de sombras e quebrantos!

(Antero de Quental)

Exposição integrada no ano 2018 dedicado aos Açores, até 19 de maio.

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Entrada franca

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Infelizmente não é só porque em 2018 não haverá prémio Nobel que a Literatura está doente: os escândalos de abusos sexuais também invadem esta faixa de “iluminados” da “nossa” praça.

A academia sueca anunciou que nao vai entregar o Nobel da Literatura este ano, adiando essa decisao para 2019. O anuncio foi feito esta sexta-feira em comunicado na sequencia do escandalo conhecido recentemente que envolve fugas de informaçao e abusos sexuais.

As denuncias desses casos levaram a saída de cinco membros do juri, deixando assim de haver quorum para avaliar e decidir o nome a atribuir o premio maximo da literatura. A Fundaçao Nobel ja tinha anunciado que o adiamento do premio era uma possibilidade. Na mensagem em que confirmam a decisao — lembrando que, embora raras, ja houve situaçoes em que tomaram posiçoes semelhantes, mas nunca por estes motivos –, os responsaveis da instituiçao explicam que “uma das circunstancias que pode justificar uma exceçao acontece quando uma instituiçao que atribui distinçoes e atingida por algo tao grave que pode minar a sua credibilidade”.

O impacto gerado pela denuncia de abusos sexuais esta a ser encarado como uma crise na Academia Sueca que afetou significativamente o premio Nobel. Esta decisao tem por base a gravidade da situaçao e devera ajudar a proteger a longa reputaçao do premio Nobel. Fica ainda esclarecido que a Literatura sera a unica categoria a ser alvo desta

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decisao, as restantes distinçoes serao entregues, como previsto, durante este ano de 2018.

A Fundaçao Nobel anunciou ainda que a academia ira colocar todo o seu empenho na missao de restaurar a sua credibilidade e que todas as situaçoes concretas serao reportadas. Referem ainda que esta em marcha um alargado processo de reforma, para o qual pedem o envolvimento de todos os membros da academia, e que a futura estrutura organizacional devera ficar marcada por uma maior abertura ao exterior.

O Nobel da Literatura, atualmente no valor de nove milhoes de coroas suecas (863 mil euros) foi, tal como os das restantes categorias, sete vezes nao atribuído durante as guerras mundiais do seculo passado — em 1914 e 1918, em 1935, e depois em 1940, 1941, 1942 e 1943 – mas nunca por outros motivos como o atual. O escandalo rebentou em novembro, quando o jornal Dagens Nyheter publicou a denuncia anonima de 18 mulheres de abusos e agressoes sexuais contra o dramaturgo Jean-Claude Arnault, ligado a academia atraves do seu clube literario e marido de um dos seus membros, Katarina Frostenson. (In Observador (Portugal) de 4/5/2018).

Ano II — Número 11

O Semeador, um dos mais importantes eventos culturais com incidência nas Artes e na Poesia, ocorre anualmente no planalto Norte do nosso estado de SC. Para entender sua “história” recolhemos o depoimento de um dos seus maiores entusiastas, o escritor, cronista e presidente da Associação das Letas, Donald Malschitzky, nascido em São Bento do Sul/SC e morador em Barra Velha/SC. Simplesmente arte, uma ideia que semeia Começava a Primavera em Sao Bento do Sul, uma cidade em que ha muitos jardins preparados para recebe -la, e era sabado e o ceu azulava. Morava em frente a Praça Getulio Vargas, no Centro da cidade e lia uma entrevista de Affonso Romano de Sant’Anna em que ele contava sobre a emoçao do Festival de Poesia de Medellin, na Colombia. Os encrenqueiros anjos da utopia, em revoada, sopraram: “Que tal um espetaculo de poesia em Sao Bento, cobrando ingresso e doando a arrecadaçao a uma entidade”?

MPB, musica de raiz, violao classico, piano, bandoneon, piano, poesia, todos artistas no palco simulando um bar, sem mestre de cerimonias, no dia 21 de abril de 2004 a plateia que quase lotou o Centro Cultural Dr. Genesio Tureck assistiu nao a um espetaculo, mas a um hino de amor as artes e a cidade.

Era para ser unico, mas esquecemos de contar a plateia: ao final, cercados por gente que nao queria sair, ouvimos a pergunta repetida: “Quando vai ser o proximo”? No dia 18 de abril de 2018, realizamos a decima-quinta ediçao, desta vez sem o primeiro “Eu topo”: Reinaldo Voltolini, que cantou sua ultima cançao dois meses antes do Semeador 15.

Alguem sugeriu que a cada ano fosse usado um tema, e foi um desfilar de criatividade: America Latina, Bem Brasileiro, Ao Redor do Mundo, Agua, Amor e Criança, Por uma Causa Mundial, Mulher, Viver a Vida, Sol, Artista, Saudade, Alegria, sempre com um tempero especial: a solidariedade que beneficiou escoteiros, CERENE ( Centro de Recuperaçao), cadeirantes, Rede Feminina de Combate ao Cancer, Gerando Amor (adoçao), Associaçao de Parkinson, Soroptimistas, APAE Programa de Visao do Lions.

Mudamos para a Sociedade Desportiva Bandeirantes, com capacidade para ate oitocentas pessoas sentadas. Isso nao evitou que, numa ediçao, passasse de mil, mas, por questao de segurança, agora ficou limitado a setecentas, e sempre lotado, o que valoriza ainda mais o Semeador. Parte desse sucesso se deve a empresas que anualmente adquirem ingressos.

Eramos quatorze, hoje, somos quarenta e cinco, e com fila de espera. Quarenta e cinco artistas que, com seu encantamento, semeiam letras, notas, sorrisos, Levei a ideia para passear na praça e la o cantor e sentimentos. E se nao o fizessem? compositor Reinaldo Voltolini andava de maos dadas com As palavras ditas na despedida de Reinaldo Voltolini suas notas. A utopia tomou outra forma: “Voltolini, o que tentam analisar a hipotese: quem carregaria as pessoas que acha de um espetaculo de poesia e música (esta veio na nao tinham cadeiras de rodas e as receberam do hora para dar sustentaçao a ideia), beneficente, sem cache Semeador? qual o tamanho da fila de espera das mulheres para os artistas”? “Eu topo”. Esses anjos fazem coisas. que precisaram de exames e atendimento medico e o Na segunda-feira, fomos conversar com Ivana Lampe, conseguiram graças ao trabalho das soroptimistas? cantora e entao presidente da Fundaçao Cultural. De novo: E “Gerando Amor”, que mostrou seu trabalho e teve no “Eu topo”. Na hora, fizemos uma lista de artistas e Semeador um palco de difusao do que fazem em favor da chegamos a quatorze, com nos tres somados. Em uma adoçao? quantas pessoas deixariam de se inscrever como semana, todos estavam convidados e “topados”. Queríamos doadores de cornea? sera que olharíamos com os mesmos semear poesia e boa musica e fomos obvios no nome: olhos os portadores de Parkinson?

“Semeador”. Carinhosamente obvios.

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Ano II — Número 11

Simplesmente arte, uma ideia que semeia (continuação)

E a Associaçao dos Portadores de Parkinson teria os alívios financeiros propiciados pelo evento? O CERENE (Centro de Recuperaçao Nova Esperança) teria seu trabalho tao conhecido? Talvez menos mulheres fizessem exame de cancer e alguns jovens nao quisessem ser escoteiros.

Quem tiraria do esconderijo os sorrisos e abraços dos portadores da Síndrome de Down?

Quantas crianças ainda teriam dificuldades de leitura por falta de oculos?

Quantas notas ficariam dispersas no limbo do desconhecido, quantos poemas camuflados no medo da exposiçao?

Quantos de nos, artistas, entidades, apoiadores, plateia, sequer teríamos a oportunidade de nos conhecermos?

Onde ficariam pendurados os aplausos nao dados porque o show nao aconteceu?

Mas aconteceu e acontece: a ideia utópica semeou e frutificou.

Fotos: Facebook de Joberth Krause

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Corrente d’ escrita

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Corrente d’ escrita é uma iniciativa do escritor português, radicado em Florianópolis, Afonso Rocha, e tem como objetivo falar de livros, dos seus autores, suas organizações e das atividades que estejam relacionadas com a literatura e a cultura em geral. Não nos move qualquer interesse comercial , pelo que, os nossos serviços / trabalhos de divulgação não implicam qualquer pagamento.

Chamaremos para colaborar com o corrente d’ escrita os escritores e agentes literários, a qualquer nível, cuja colaboração será exclusivamente gratuita e sem qualquer contrapartida, a não ser, o compromisso para divulgar, propagar e distribuir gratuitamente o presente Boletim Literário.

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A vida do bandeirante Antonio Raposo Tavares (1598-1658),bem como suas famosas expediçoes — ou bandeiras -, ganha tintas ficcionais e com riqueza de detalhes neste livro escrito pelo jornalista portugues Pedro Pinto.

Graças a imaginaçao do escritor, o leitor sera apresentado a um Raposo Tavares mais fantastico — e menos historico -, dedicado nao so a conquista de territorios, mas, por exemplo, ao conhecimento das infusoes e ungentos indígenas, levando muitos de seus inimigos a associa -lo a magia — afinal, o que mais poderia explicar a admiravel resistencia desse homem aos perigos escondidos no entao

desconhecido territorio brasileiro?

Caro amigo escritor: Mande-nos um (pequeno) resumo de seu livro, de sua biogafia e uma foto da capa (indicar também onde e como comprar o livro).

Vamos divulgar (gratuitamente) as suas obras!

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8.º Concurso Internacional de Contos Vicente Cardoso Contos. Tema: Ler é conectar-se com a humanidade Organização: Prefeitura Santa Rosa/RS www.culturaesporte.santarosa.rs.gov.br

Prazo: 15 de junho de 2018

V Concurso Literário da ALLA Contos e Crônicas Organização: Academia Leopoldense de Letras e Artes Contacto: concursoleterario.alla@gmail.com

Prazo: 25 de junho de 2018 Concurso de Poesia: PoemeSe Contato: info@week.com

Prazo 30 de junho de 2018

6.º Prémio de Campos Jordão de Literatura Crônicas e Poesia Contato: concursosculturaiscj.blogspot.com