Corrente d' Escrita

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Florianópolis/SC

Ano II — Número 15 - Mensal: Setembro de 2018

diretor e editor — Afonso Rocha

Corrente d’Escrita M a g a z i n e de E s c r i t o r es , L i t er a tu r a , A r t e, h i s t ó r i a e C u l tu r a * S a n ta C at a r i n a * B r a s i l

185anos anos 185

Uma vez por outra (aos domingos) o centro da cidade ganha +vida...

482 bateristas concentraram-se no centro de

Florianópolis na maior concentração de músicos das Américas e o terceiro maior do mundo (19/2018).

Tudo começou em 2013 com 36 bateristas. Em 2017 concentraram-se 350 e em 2018 foram 482— entre os 8 e os 80 anos - a maior concentração de músicos nas Américas, integrados no programa: maratona cultural. Trata-se de uma idealização do músico Alexei Leão.


Corrente d’Escrita

Numa tarde de alegria e benéfica para todos, alguns membros efetivos da Academia de Letras de Biguaçu deram as boas vindas às crianças que formarão (19/9) a futura Academia de Letras Mirim de Biguaçu. Foi a primeira vez que as crianças tomaram contato com escritores experientes que as acompanharão e ajudarão na sua nova função de “escritores mirim”. Como já divulgamos na edição anterior do “Corrente”, estas crianças foram escolhidas pelos seus colegas e professores junto das escolas estaduais, municipais e particulares da cidade de Biguaçu. Cada um deles escreveu um texto, que aprovado também nas respetivas escolas, integrará a próxima antologia da Academia, e que será lançada já no próximo dia 19 de setembro, em cerimônia integrada nas festas da cidade. Essa antologia, que além dos trabalhos das crianças integra textos dos Académicos de Biguaçu, será distribuída pelas escolas do município, bem como por outras autoridades e entidades ligadas à cultura e à literatura catarinense. BEM VINDOS ACADÊMICOS

M I R I M

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Florianópolis/SC

Ano II — Número 15 - Mensal: Setembro de 2018

A MISCIGENAÇÃO NO BRASIL

novas oportunidades de trabalho e vida. Estes formaram comunidades que se espalharam, em grupos específicos, pelo campo, comercio e industria. Embora multicultural e geneticamente mestiça, a sociedade brasileira teve influencia preponderante do elemento portugues pela maior presença numerica e afluencia constante ao longo dos seculos, desde o descobrimento, fato que marcou indelevelmente a construçao da naçao e formaçao do povo brasileiro. Para os mestiços que formaram basicamente a sociedade brasileira, ha para nomea-los os termos: - Mameluco, caboclo, caiçara – mestiço de branco com índia (a coloraçao da pele acobreada lembrava os mamelucos egípcios); - Curiboca – filho de índio com mameluca; - Mulato – filho de negra com branco; - Pardo – filho de mulata com pai branco; - Cafuzo – filho de negro com índia; - Cabra – filho de negro com mulata; - Crioulo – filho de pais negros, nascidos no Brasil; - Mazombos – descendentes de pais brancos europeus; Os japoneses que emigram sao os issei;

Um pouco da nossa História

- Nisseis – sao os filhos desses emigrantes;

- Sanseis – sao os netos; A miscigenaçao foi um processo genetico-cultural que - Yonseis – sao os bisnetos; deu origem a formaçao do povo brasileiro. A princípio, na epoca do descobrimento, os grupos etnicos eram o - Gosseis – sao os trinetos; ameríndio e o europeu, marcadamente o portugues. Com a introduçao do cultivo da cana-de-açucar no Respeite a diversidade meio do seculo XVI, a necessidade de mao-de-obra Ela nos engrandece. importou africanos (principalmente escravos bantos e sudaneses) que se miscigenaram com o branco e o índio ja presentes no territorio sul-americano. Nos seculos XVIII, XIX e XX aportaram no Brasil levas de colonos portugueses (açorianos), italianos, espanhois, alemaes, contratados para substituir com trabalho livre e remunerado o trabalho escravo que, em 13 de maio de 1888, se extinguiu com a Lei Aurea. Em menor numero, o governo brasileiro foi abrindo espaço a grupos de japoneses, chineses, sírio-libaneses, coreanos, franceses, ingleses, norte-americanos e lesteeuropeus, que aqui tambem se instalaram buscando Página 3


Corrente d’Escrita tos, incorruptíveis, que perseguiam ladroes e assassinos e os colocavam na cadeia. Ninguem queria pertencer ao time dos bandidos. Naquele tempo, o crime nao compensava. Os desonestos acabavam sempre atras das grades. Por: Hilton Görresen * Hoje, quais sao os modelos apresentados a juventude? Os caras que nao estudaram e viraram celebridades. De uns anos para ca ficou difícil educar os filhos. Os As moças que permanecem algumas semanas encerque ja estao criados, tudo bem. O problema sao os radas na “gaiola de ouro” do BBB e dali saem para famais novos. zer um “ensaio erotico” para alguma revista. A poQuando nao esta frequentando baladas, o garoto pas- pozuda que namora um jogador famoso ou um cantor sa o dia entre a internet e a academia. de pagode. O político ou empresario que enriqueceu – Pra que tanta academia? da noite para o dia, a base de corrupçao, enganos e – Pra poder ficar trincado. superfaturamentos. O poderoso chefe do trafico de Lido com palavras todos os dias, mas essa conceçao drogas. eu nao conhecia. Atualmente, por certo, os antigos herois nao seriam os – E o que quer dizer isso, e uma palavra nova? mesmos. Para acompanhar a “modernidade”, o Fan– Trincado e o cara de corpo definido, com massa tasma seria um explorador dos pigmeus que o acolhemuscular, barriga tanquinho. ram; Tarzan cobraria pedagio aos que entrassem em – E pra que isso? Os grandes sedutores do cinema nao sua floresta; Mandrake, num passe de magica, faria tinham nada disso, tinham corpo normal como todo desaparecer verbas publicas; e o Flash Gordon vendemundo. Veja o Tony Curtis, o Gary Cooper, o Harrison ria ao governo foguetes interplanetarios superfaturaFord. O Clark Gable era ate meio gordinho. dos. (Cronica publicada no jornal A Gazeta de Sao Bento do Sul – E quem e essa velharia? em 11.08.2018) Bom, pelo menos frequentando a academia, descola um pouco as nadegas da cadeira defronte da internet. * Hilton é cronista, escritor, membro da Academia de Letras Mas o pior sao os estudos. Nesse vaivem ninguem o ve de Joinville. É de São Francisco do Sul e reside em Joinville. pegando num livro ou abrindo um caderno. – Voce nao vai estudar? – Nao. Eu tenho o ouvido bom, basta escutar o que o professor fala. – Engano seu, isso nao basta. Tem que fazer leituras, pesquisar, aprofundar os temas das aulas. Voce nao quer ser alguem na vida? Quer ficar trabalhando de operario? (Isso e o que os pais da gente diziam sempre). – E para ser alguem precisa estudar? Que estudo que o Lula tem? E o Ronaldinho, o Neymar... Fica ruim discutir com tais argumentos. Mudo de assunto antes que ele tambem se lembre do Tiririca. Mas isso nao e tudo. Antigamente, tínhamos como modelo os herois dos gibis e do cinema. Herois hones-

PARA QUE ESTUDAR?

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Corrente d’Escrita

ANTONIETA DE BARROS - Vida e Obra Homenagem do escritor Afonso Rocha, no seu ato de posse da Cadeira número 6, na Academia de Letras de Biguaçu (ALBig). (30 de Julho 2018)

Caros confrades e confreiras,

ajuntamentos e reunioes eram proibidas, para comunicarmos uns com os outros, tínhamos de escrever clandestinamente, quase em codigo, e ficar calados. Aos dezoito anos ja editava panfletos e jornais duplicados manualmente que eram distribuídos clandestinamente nas escolas, quarteis militares, campos e fabricas. Desde esses dezoitos anos nunca mais deixei de me comunicar por escrito, mas tambem pela palavra, quer em jornais, revistas, radio e, desde que me aposentei ha cerca de sete anos, atraves da participaçao em inumeras antologias e livros, dos quais destaco dois romances historicos (Olhos d’Agua e Sangue Lusitano) e um de poesia (Trovas ao Vento).

Permitam manifestar-vos o meu profundo orgulho em Participo nas atividades da Associaçao das Letras, de ser recebido por tao distinta Academia de Letras, baambito estadual mas com sede em Joinville, e sou luarte do saber e da cultura da cidade e do município membro correspondente na Academia Internacional de Biguaçu e do estado Catarinense. de Artes, Letras e Ciencias, de Cruz Alta, no Rio GranCidade e Estado onde me sinto em casa, embalados de do Sul, onde ocupo a cadeira 21, tendo como patroque somos pelas cores, pelos cheiros, pelos sabores e no o grande poeta popular portugues Antonio Aleixo. pelos saberes das origens e da língua comum que Sou membro, a partir de hoje, da Academia de Letras tambem partilhamos. de Biguaçu, e candidato declarado a Cadeira 40 da Venho das longínquas terras lusitanas das Beiras, cal- Academia Catarinense de Letras, que tem como patrocorreei por outros horizontes, por mares ja dantes no, o saudoso escritor, natural de Canasvieiras, onde desbravados, outras temperaturas e sensibilidades, tambem eu resido, Vergílio Varzea. outras formas de viver e de estar, mas foi aqui, em Assumo a cadeira seis da Academia de Letras da nossa terras que tem origem nos meus, e diria mesmo nos cidade com orgulho redobrado, por ser a casa da crianossos antepassados, para viver, criar raízes e, quem çao artística e literaria por excelencia, confronto de sabe, morrer. ideias e projetos gerados a partir da cultura comum Por isso, se me permitem, diria com orgulho e de papo alçado como diríamos na terrinha, que esta terra banhada pelo mesmo mar que me viu nascer, tambem e minha. Filho de camponeses e artesaos pobres, cedo tive de me virar para o trabalho e so mais tarde pude concluir a formaçao academica superior. Estudei legislaçao trabalhista; legislaçao tributaria; ciencias contabeis e sou especializado, pela Faculdade de Ciencias Economicas Empresariais da Universidade Catolica Portuguesa (Lisboa), em gestao empresarial.

dos nossos povos irmaos. E assumo num momento historico, em que a nossa Academia abre as suas portas aos mais jovens, com a criaçao quase inedita da Academia de Letras Mirim de Biguaçu. Com este ousado projeto, a nossa diretoria lança raízes de continuidade e de alargamento do gosto pela literatura dentro e fora da Escola, ou seja, o gosto pela criatividade e a responsabilidade social. Parabens pois a diretoria por tao elevada e grata decisao.

Na senda do que fizeram meus antecessores na cadeira, Zelca de Castro Sepetiba, ilustre professora que O meu aproximar e o gosto pela escrita, pelas letras, e veio do Rio de Janeiro, e o desembargador Sergio Isidoro Heil, nascido e criado em Florianopolis, assumo digamos que pela palavra, nasceu com as restriçoes o compromisso solene de acolher as honrosas bandeique nos eram impostas pela ditadura que reinou em Portugal ate 25 de abril de 1974. Ou seja, uma vez que ras apontadas pela patrona ANTONIETA DE BARPágina 5


Corrente d’Escrita Mas quem é esta mulher de fibra e destemida que foi escolhida para patrona da Cadeira 6 na nossa Academia? Antonieta de Barros nasceu em Desterro, atual cidade de Florianopolis, no dia 11 de julho de 1901 e faleceu a 18 de março de 1952. Esta sepultada no cemiterio Sao Francisco de Assis, no bairro do Itacorubi, tambem na capital do Estado. Foi a primeira mulher parlamentar no Estado de Santa Catarina e a primeira deputada negra do Brasil. Filha de um jardineiro e de uma lavadeira, ambos escravos negros libertos, Antonieta de Barros nasceu numa epoca quando quem mandava no campo da política eram os homens – todos brancos, e claro – e o destino de meninas pobres e modestas era serem empregadas de famílias poderosas. Antonieta chegou a trabalhar em casa do político catarinense Vidal Ramos, pai de Nereu Ramos, que chegou a ser vicepresidente do Senado brasileiro e presidente da Republica interino, por dois meses. Ainda menina, Antonieta perdeu seu pai e sua mae e, para aumentar os seus recursos, em 1917 transformou sua propria casa habitacional em uma pensao para estudantes tao carentes quanto ela. Esta seria a oportunidade para que começasse os estudos e, como demonstrou desde cedo um grande interesse pelo aprendizado, foi acolhida numa escola da regiao para cursar o estudo fundamental. Em 1921, ingressou na Escola Normal Catarinense, o que so foi possível com o auxílio financeiro de amigos da família.

futuro. Pensando nos futuros Academicos Mirim da nossa Academia, relembro o avançado pensamento de Antonieta que, nos seus escritos e nas suas conversas, afirmava: "educar e ensinar os outros a viver; e iluminar caminhos alheios; e amparar debilitados, transformando-os em fortes; e mostrar as veredas, apontar as escaladas, possibilitando avançar, sem muletas e sem tropeços.

Mas para a jovem Antonieta, aquela nao era apenas a oportunidade de conseguir um emprego cobiçado por moças pobres como ela. Na verdade, foi o início de uma das mais legítimas vocaçoes de educadora de que temos notícia no Brasil. Antonieta continuou ensinando ate o fim de sua vida.

"Ides ensinar pequeninos” dizia ela aos educadores. “Ensinai-os, pelo exemplo, a ser bons, sem ser tímidos; a ter a coragem da lealdade, sem ser indelicados; a ser valentes, na defesa da propria felicidade e na do proximo, sem a estreiteza do egoísmo. Nao deixeis que a raça, a cor, a fortuna e todos esses ridículos naQuando se formou, criou o Curso Particular Antonieta das em que se perdem, muitas vezes, as criaturas, sede Barros, com a convicçao de que o ensino era a con- jam traços de distinçao, entre os pequeninos que o Senhor vos confiar. diçao de libertaçao das pessoas pobres. Foi tambem professora de portugues e de psicologia no Colegio E reforçava: "socializai a criança, fazendo-a viver conCoraçao de Jesus, no Colegio Dias Velho e no Colegio vosco as virtudes de que sereis pregoeiros, a fim de Catarinense. Entre 1937 e 1945 foi diretora do Cole- que cada uma aprenda que as nobres açoes so reflegio Dias Velho e do Instituto de Educaçao. tem a beleza quando praticadas por um imperativo de Antonieta dizia que a educaçao era o caminho para o Página 6

consciencia.


Corrente d’Escrita um pouco mais do ar e da luz, que hoje se obteve. Isto, porem, sem acotovelamento, dentro dos limites da "O lar e a escola sao as oficinas onde se formam e se sua individualidade, sem ferir ou negar direitos de aprimoram os caracteres. A ambos, pois, cabe, dentro outrem. O bem-estar, entre os humanos, so sera durada sua linda e soberba finalidade, preparar e adestrar douro quando houver conhecimento da individualidao espírito do que, inevitavelmente, entrara, amanha, de propria e o respeito pela do proximo. no grande combate, que nao so abate os fracos, mas Senhora de um tempo que ainda nao tinha chegado tambem os desprevenidos. So o conhecimento da ciAntonieta avisava: "Que os pequeninos conheçam o encia da vida permite ao homem fugir das paixoes veneno que destila a lisonja, a bajulaçao, armas dos negativas que proliferam la fora, onde as competiçoes incapazes, dos que necessitam de muletas; que aprense chocam e os homens se entredevoram”. dam a repudiar os ginastas das espinhas flexíveis e,

Antonieta de Barros

"E, se, pelo desamor, ou – incuria dos que nos deveriam guiar – penetramos na grande luta, sos, olhos vendados, ignorantes da dissimulaçao do ataque e da ginastica da defesa, quantas quedas e como os desencantos se encastelam em nosso caminho!... Em meio aprendizado, apenas, ja se sente a alma cansada, magoada, dolorosamente envelhecida, em farrapos... E forte e privilegiado e o que nao sucumbe vencido, e se deixa ir, arrastado no grande turbilhao... Que se inicie cada criança no conhecimento dos deveres, inerentes a sua condiçao de humano. Nao e bastante dizer-se humano: e preciso se-lo realmente, agindo com a preocupaçao elevada de alcançar, na aurora de amanha,

sobretudo, que nao se deixem vencer pela vaidade – o mais tolo dos sentimentos, capaz de esbater e apagar todas as virtudes. Que se mostre aos pequeninos, com a luz do coraçao e da experiencia, "o caminho por onde devem andar", ensinando-lhes que todas as estradas sao pedregosas e ha espinhos em todas as veredas, mas que, por ser cada criatura o deus da sua trajetoria, e seu dever imperativo a realizaçao do divino milagre – tanto mais admiravel quanto mais difícil: transformar em frutos e flores as pedras e os espinhos encontrados na dolorosa 'senda de curvas estreitas'".

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Autor com alguns dos amigos que o quiseram honrar com suas presenças


Corrente d’Escrita Ser professora era o seu principal talento, mas Antonieta nao parou por aí. Em 1926, fundou o periodico "A Semana", colaborou com o jornal "A Republica", de 1931 a 1936, escrevendo cronicas com o pseudonimo de Maria da Ilha. Em 1937, publicou a primeira ediçao de um livro de cronicas, "Farrapos de Ideias", o mesmo título de sua coluna em "A Republica", onde aprofundou as suas ideias de vanguarda.

mento urbano de Santa Catarina e mesmo de outros estados, como Sao Paulo, por exemplo. E ainda patrona de outras cadeiras academicas, como no nosso caso e no de Balneario Camboriu, para so referir as mais proximas.

Segundo consta, Antonieta de Barros ainda tera um sobrinho vivo que vivera no Parana. O nome de Antonieta de Barros foi dado a muitas escolas e equipa-

Muito obrigado pela vossa atençao, pelo apoio e pela presença.

Numa altura em que a sociedade esta em crise; em que o timoneiro esta enterrado num lamaçal sem Norte; em que o cidadao perde a esperança e entra num A renda financeira do livro foi destinada ao abrigo dos desatino; em que os valores morais sao maltratados filhos de leprosos da Colonia Santa Tereza, conhecido ou deitados ao lixo; quando quem governa ou deveria como "Filhos de Lazaro". governar e perseguido pela justiça e quem ensina, ou Com a nova Constituiçao de Getulio Vargas, em 1934, deveria ensinar mais prevarica; em que o futuro se Antonieta concorreu a eleiçao para a Assembleia Le- mostra inconsistente e nebuloso, como Academico, gislativa do Estado e foi eleita, em 1935. Seu mandato como homem atento as questoes da vida e da sociedafoi ate 1937, pelo Partido Liberal Catarinense. O inte- de, comprometo-me a defender as ideias e a postura arrojada de vida que nos legou a professora ANTONIressante e que Antonieta nao se dizia feminista, mas pregava que a mulher deveria deixar de depender do ETA DE BARROS. homem e conseguir sua independencia graças ao es- Mulher de fibra, de coragem, como corajosos foram os tudo. que desbravaram os matos e fundaram bairros e cidaEm 1951, ela deixou a política e morreu no dia 18 de des como Biguaçu; homens como os da nossa Academia, que arrojadamente se lança na tarefa de divulgar março de 1952, no Hospital de Caridade. Tinha apenas 51 anos. Nao se casou, nem teve filhos. O jornal "O e criar literatura, como esta a acontecer com a AcadeEstado" noticiou: "A capital do Estado foi ontem aba- mia de Letras Mirim de Biguaçu; como corajosos selada com a dolorosa notícia do falecimento da Exma. rao todos aqueles que, nao se deixando abater, corSra. Antonieta de Barros, que dias antes fora interna- romper ou envolver em trapaceiras ilícitas, levantarao do charco o país, e farao dele, nao um país de onda no Hospital de Caridade. A notícia de imediato se propalou por toda a cidade, provocando a maior cons- de se queira fugir, mas um país seguro e moderno onde havera gosto de viver. ternaçao".

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Corrente d’Escrita

Lembro-me... Das cerejas rosadas e carnudas, - que se comem ao borralho em maio; Das uva frescas e sumarentas, - que se colhem em setembro: Das águas cristalinas e frescas, - que brotam do ventre da terra mãe; Das andorinhas enlaçadas, - que esvoaçam nos beirais do canastro; Do sol doirado e quente, - que beija suavemente a crista das ondas; Do luar prateado, terno e doce, - que afaga no mês de agosto; Da gazela viva, palpitante, rebelde e meiga, - que se passeia na pradaria;

Escrito nas areias da vida * "Não é a noite que traz o vazio Foi você que deixou. Não é a noite que é fria Foi o seu coração que esfriou. Não é a noite que é solitária É você que preferiu a solidão Aos meus cuidados, Meu carinho e minha atenção. Não, não é culpa da noite É culpa das pedras de gelo Que se abrigam em peitos fechados Em grutas disfarçadas de sentimentos Em olhares perdidos em telas brilhantes Não, não é a noite Pois a noite é linda Silenciosa e companheira A culpa é do vazio em mundos perdidos Por calçadas abertas e carros fechados. Não, a culpa não é da noite... A culpa é do amor, Da falta dele!" (Carol Santos) * https://www.facebook.com/escritonasareiasdavida/ Página 9

Dos lábios sedosos, carnudos, quentes e doces, - que adornam tua juventude; Do teu arfar envolvente e irresistível quando beijas... De tudo me lembro. E de ti, meu amor... Nunca me esquecerei!

Afonso Rocha *

* escritor—poeta


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Casa dos Açores de Santa Catarina Nota de falecimento.

JANGA NEVES O manezinho nascido em 1946, Joao Otavio Neves Filho, viveu uma vida intensa voltada as artes. Cursou Artes Plasticas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, programaçao visual na Fundaçao Armando Alvares Penteado, xilogravura com Ana Carolina, litografia com Antonio Grosso e arte contemporanea com Romanita Disconzi. Integrou o Grupo Nossarte e era membro da Associaçao Brasileira de Críticos de Arte. Expos nos principais centros culturais do País. Um grande animador cultural, dirigiu a Associaçao Catarinense dos Artistas Plasticos de 1982 a 1986 e por seu trabalho teve o reconhecimento do renomado crítico Harry Laus, o qual declarou que Janga desenvolveu um importante trabalho em prol da atualizaçao da arte catarinense. Por varios anos assinou a coluna de artes plasticas dos Jornais O Estado e Diario Catarinense. Tambem publicou muitos artigos no jornal Notícias do Dia. Foi por 3 vezes, membro do Conselho Estadual de Cultura na Camara das Artes Plasticas, por 4 vezes juri do Salao Nacional Victor Meirelles. Criou a galeria de artes Casa Açoriana: Artes e Tramoias Ilhoas em 1985 Página 10

de Santo Antonio de Lisboa, da qual era curador, continuando tambem a contribuir eventualmente para a cultura com publicaçoes de críticas em jornais e como curador de exposiçoes pelos museus e salas de artes da cidade. Janga nos deixou no dia de hoje (15/8/2018) aos 72 anos. Anos dos quais nos orgulhamos e ja os tomamos como um legado deixado por este grande homem. E sempre um grande pesar dizer adeus a cidadaos que da grandiosidade de seus feitos a simplicidade de ser um manezinho marcam as nossas vidas. Hoje, rendeiras, pintores, oleiros, artesaos de todas as vertentes, dizem adeus a um exímio curador e critico de arte e nos, espectadores, o aplaudimos em pe pelo seu trabalho na arte florianopolitana e catarinense. Nossos sentimentos aos familiares e amigos.

Corrente d’ Escrita apresenta seu pesar à família, amigos e à comunidade pela perda de mais este importante vulto da cultura catarinense.


Florianópolis/SC

Ano II — Número 15 - Mensal: Setembro de 2018

Divulgamos a seguir um comunicado da Academia Catarinense de Letras e Artes (ACLA), por considerarmos pertinente os assuntos nele versados, nomeadamente no que concerne a literatura e as artes em geral. Qualquer manifestaçao que tenha por objetivo a divulgaçao e o apoio a literatura tera nosso apoio irrestrito. No caso vertente do Edital para aquisiçao de livros de autores Catarinenses, já tarda que este regulamento seja reformulado, de modo a contemplar também os residentes no Estado, HÁ DOIS OU TRÊS ANOS, e nao ha cinco ou dez anos, como alguns protagonistas tem aventado. Nao vamos esperar que os escritores que residam no Estado morram para que suas obras possam ser lidas, estudadas nas escolas e apreciadas pelos catarinenses. URGE RESPOSTA... Página 11


Corrente d’ escrita

Florianópolis Santa Catarina +55 48 991 311 560 narealgana@gmail.com Loja virtual: narealgana.lojaintegrada.com.br

Corrente d’ escrita é uma iniciativa do escritor português, radicado em Florianópolis, Afonso Rocha, e tem como objetivo falar de livros, dos seus autores, suas organizações e das atividades que estejam relacionadas com a literatura , história e a cultura em geral. Não nos move qualquer interesse comercial , pelo que, os nossos serviços / trabalhos de divulgação não implicam qualquer pagamento. Chamaremos para colaborar com o Corrente d’ escrita os escritores e agentes literários, a qualquer nível, cuja colaboração será exclusivamente gratuita e sem qualquer contrapartida, a não ser, o compromisso para divulgar, propagar e distribuir o presente Magazine Literário.

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Dicas de português...

Se você é escritor com obra publicada ou não, envie-nos os seus textos literários que gostaria de divulgar. Quem sabe não os encontrará nas páginas do “Corrente d’escrita”? A publicação será gratuita e a responsabilidade será sempre do autor. Os textos devem estar revisados, num máximo de 4 mil toques, com espaços. Enviar para: narealgana@gmail.com


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Se você é escritor com obra publicada ou não, envie-nos os seus textos literários que gostaria de divulgar. Quem sabe não os encontrará nas páginas do “Corrente d’escrita”? A publicação será gratuita e a responsabilidade será sempre do autor. Os textos devem estar revisados, num máximo de 4 mil toques, com espaços. Enviar para: narealgana@gmail.com


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https://www.sympla.com.br/vi-encontro-catarinense-de-escritores__323410

VI Encontro de Escritores Segundo informações da Organização... o Encontro deste ano terá novidades. A troca de ideias acontecerá nas palestras, nos papos que, neste ano, terão mais tempo para acontecer, em uma oportunidade única para sabermos o que acontece de bom por aí... Qualquer associação literária terá 5 (cinco) minutos para apresentar algum projeto específico que esteja desenvolvendo. Se você, caro leitor, é um deles, ou conhece alguém nessas condições, chame-o para compartilhar connosco seus resultados. Basta inscrever-se até o dia 11 de setembro, através do e-mail da Associação das Letras (associacaodasletras@hotmail.com), informando qual é a entidade representada. Página 14


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Livros—divulgação paciencia, espera e perseverança sao algumas das sabedorias metaforicamente tecidas nas liçoes dos jardins, que podem ser redescobertas nesta pratica de observar profundamente. Mais que com olhos curiosos: Com o olhar sensível. As autoras: Elizabeth Fontes e mineira de Leopoldina, radicada em Joinville desde 1999. Musicista, compositora, arte educadora, arte terapeuta e escritora. Autora dos livros “Historia de uma Aquarela”, “Sobre os Jardins” e “Elas Contam.” Membro honorário da ALASFS - Academia de Letras e Artes de São Francisco do Sul. Membro efetivo da ALLA - Academia Leopoldense de Letras e Artes. Por sua vez, Maria Lúcia Rodrigues e catarinense de Ituporanga. Ilustradora, artista visual e mestre em Patrimonio Cultural e Sociedade. Autora do livro “A Narrativa Visual na Literatura Infantil Brasileira”. Ilustradora da capa de tres volumes da Coleçao Livro dos Livros - Resenhas do Prolij. Ilustradora dos livros “Historia de uma Aquarela”, “Sobre os Jardins”, “Coração Guarani”. E professora da Escolinha de Artes da Casa da Cultura Fausto Rocha Junior de Joinville.

Sobre os Jardins, agora em segunda ediçao, e um texto poetico sobre a vida, baseado na metafora dos jardins. O livro traz a riqueza de conteudos emocionais, filosoficos e O livro encontra-se à venda no site de valores humanos que se pode aprender em contato com www.observatorioliterario.lojavirtualnuvem.com.br. os jardins e com as sabedorias neles enredadas. No mundo Preço: R$ 25,00. de hoje, tao massificado pelo “imediatismo”, valores como Página 15


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Livros—divulgação A inspiraçao primeira para o livro surgiu na observaçao mercadologica literaria. Um livro de contos romanticos exclusivo para o publico masculino, poderia dizer-se, artigo inexistente nas prateleiras das grandes livrarias. Identificada essa “brecha” LiriHa passou ao trabalho de pesquisa de campo com o publico-alvo: homens solteiros, de classe media, do sul e sudeste do país, com idades que variavam entre 30 e 40 anos. Esses foram questionados pela escritora acerca do amor romantico; da expectativa com relaçao as mulheres, família e/ou, o futuro so; a escritora tambem quis saber como eles lidam com a questao da solteirice madura, com a carreira e quais eram suas inseguranças. E sobe estes temas que versa “Destinatário”, que os interessados poderao adquirir junto da autora, por R$ 25,00. LiriHa e natural de Joinville e tambem e de sua autoria “O Brasil, os Brasileiros e o INSS”. Autora: contatoliriha@gmail.com

A V I S O Em alguns casos de acesso à nossa loja virtual, o cliente recebe uma informação de que o site não é seguro... Devem ignorar tal aviso. Isso só acontece porque nossa ligação é na versão gratuita. À pergunta de se quer continuar, deve responder SIM.

Não há qualquer perigo no acesso.

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