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Ano II — Número 22 - Mensal: abril de 2019

Corrente d’Escrita P lantando Cultura * Santa Catarina * Brasil

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185anos anos 185

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Corrente d’Escrita

C

omo programado.

Realizou-se o colóquio que aqui anunciamos na edição passada, ao qual compareceram bastantes pessoas, sobretudo interessadas no tema proposto: a língua portuguesa—ontem & hoje, firmando-se como um importante evento, em defesa da língua e da cultura. Os palestrantes foram contundentes na defesa da língua, seu ensino e seu aprendizado, colocando a tónica na necessidade de se aprimorar os métodos e incentivar o estudo. Todos eles: Maria Tereza de Queiroz Piacentini; Nereu do Vale Pereira; Deonísio da Silva e Afonso Rocha, sentiram-se profundamente prestigiados e agradeceram a presença de inúmeros escritores, professores e jornalistas, que se quiseram associar a este evento. Pelos oradores foi questionada a eficácia dos acordos existentes, sobretudo o último Acordo Ortográfico, no sentido de unificar a língua entre os vários países que usam a língua portuguesa (LP) como língua oficial. Aqui na Corrente d’escrita continuaremos a batalhar pelo aperfeiçoamento do ensino e aprendizado do português. Para uma melhor compreensão iremos editar e distribuir a intervenção do nosso diretor, por ser a única escrita. Na sequência, sempre que possível, também divulgaremos estudos e posições dos restantes palestrantes, relativamente a esta matéria. Todos somos poucos para defender a nossa língua. Colabore connosco.

Afonso Rocha—diretor Página 2


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E la nave va A conversa se direcionava cada vez mais para a louvaçao do sucesso material e, sem notarem, para o insucesso da vida na Terra. Tentei calar-me e o consegui por um tempo, ate que a constataçao da “misperception” (miopia da realidade) do pessoal se tornou insuportavel pois eram todos teoricamente estudados e ligados a economia de mercado, dei uma de inocente e perguntei: “Ja leram o artigo de Kenneth Boulding sobre a economia de cowboy?”. Risadas nervosamente ironicas – as vezes a ironia e usada para esconder a ignorancia – e as palavras repetidas como se uma criança lhes houvesse dito uma bobagem: “Economia de cowboy!!!”. Sabendo que nao adiantaria faze-lo, nada expliquei. Certamente, ate o hoje nao sabem quem foi Boulding e muito menos o que quis explicar com seu artigo. Ele nasceu em Liverpool, em 1910, mais tarde mudou-se para os Estados Unidos, onde faleceu em 1993. Foi economista, educador, filosofo interdisciplinar, poeta e pacifista. Página 3

Escreveu mais de trinta livros e centenas de artigos, um deles, intitulado “A economia de cowboy”, em que retrata esse personagem violento, explorador, descuidado e desrespeitoso, vivendo como se tudo fosse infinito, das terras ao capim para os bois. Dali, faz uma analogia com a pratica da economia moderna que tem os mesmos princípios, age de igual maneira e se apoia na crença de que os recursos sao infinitos e que eventuais problemas sao o custo do progresso. O sucesso, com o nome de progresso, e medido pela produçao e pelo consumo, sem se importar com as consequencias. Boulding propoe a unica soluçao possível para a sobrevivencia da humanidade: a economia de astronauta, ou de nave espacial. “Amalucou-se”, devem pensar alguns (muitos?), mas e exatamente isso: vivemos numa nave com recursos finitos, o que inclui a humanidade, e nao temos escolha, ou caminhamos celeremente para o fim ou mudamos nossa forma de encarar a economia, substituindo o conceito de sucesso como produçao pelo de vida saudavel, em que o que importa e a terra, a natureza, a preservaçao de tudo que existe. Nessa nave de espaço e recursos limitados, dependemos dos outros para sobreviver e eles de nos, tudo tem que ser racionado, reutilizado, reciclado, pois nao temos mais para onde crescer e muito menos para amontoar lixo. Mas infelizmente, as pessoas com complexo de cowboy preferem risos nervosos e ironia ignorante. Ate nao terem mais de que rir. Donaldo Malschitzky Escritor, contista e cronista.


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Na terra de doutores… Ha que colocar alguma ordem na casa!

Pode o profissional do Direito ser chamado de Doutor? Não! Por: Roberto Wanderley Nogueira * do, redargui em que consistia essa angustia(?) e ela me respondeu que nao dominava o latim com que essas procuraçoes costumam ser instrumentalizadas. Nesse momento, uma razao pedagogica perquiriu sobre se a aluna conhecia o instituto e ela respondeu afirmativamente, dando mostras de seu conhecimento aplicado com apoio na legislaçao. Logo a fiz ler o dispositivo relacionado e, sem a menor preocupaçao de sofisticar o enredo com aforismos ou estrangeirismos de qualquer natureza, lhe ofereci dados concretos com que pudesse trabalhar, a vagar, em casa. Na aula seguinte, retornou alegremente porque havia descoberto, em si mesma e por si mesma, um talento adormecido que a Academia nao tinha sido capaz, ate entao, de explorar adequadamente. A felicidade pedagogica consiste exatamente em resgatar, mediante mecanismos de facilitaçao, os talentos humanos para o conhecimento, a sensibilidade e a utilidade social. Ora, essa tarefa nao e integrada de nenhuma preocupaçao com os tratamentos de ocasiao, pois esse linde e atributo circunstancial para as relaçoes sociais e nao exatamente para a composiçao dos saberes. No conA formaçao da sociedade brasileira sofreu a indisfartexto dinamico da pedagogia, vale, a um so tempo, a çavel influencia das tradiçoes coimbras, mediante as inteligencia e a sensibilidade repercutindo sob a plataquais os modos de tratamento e as formas de expresforma subjetiva do carater. sao finamente detalhadas em linguagem erudita, quaPor isso mesmo, costuma-se atribuir se sempre gongorica e raramente clara e nem sempre "excelencia" (primazia, qualidade de superior) aos em vernaculo, cumpriam o seu papel de registrar a modos de produçao científica, filosofica, das artes e da historia e os comportamentos. cultura, bem como de seus resultados, nao as pessoas Um observador atento da cena social pode questionar de seus autores, em substancias falíveis. Nada obstanas razoes por força das quais a sociedade contemporate e tendo em vista a força transcendente de certas nea abaixo do equador, latina, caso brasileiro, contitradiçoes formalísticas, embora arbitrarias e nao apenua a se exprimir em grande parte de uma mesma manas por serem dogmaticas, sociedades como a nossa neira e quase sem resistencia. tem administrado a expressao "excelencia" como traCerta ocasiao, uma aluna de Direito muito talentosa e tamento para personagens da alta hierarquia oficial. ja em período letivo avançado me revelava que sofria S Segue pagina seguinte angustia por nao saber redigir procuraçoes. PreocupaPágina 4


Ano II — Número 22 - Mensal: abril de 2019 Outrossim, uma corruptela linguística aproximou, sinonimicamente, esse enredo da nomenclatura doutoral que e privativa de certa titulaçao academica, a dizer, dos que contribuíram efetivamente para o avanço das ciencias, das artes e do pensamento filosofico no tempo em que produziram teses que, submetidas a outros tantos doutos reunidos em Banca de Averiguaçao (representativa da Comunidade Academica), encontraram legítima aprovaçao e reconhecimento.

"doutor", ele deveria ser tratado apenas de "senhor" em obsequio ao tratamento cerimonioso e geral devido a todo cidadao. Por isso mesmo, traduz um rematado exagero regulamentar, baseado em tradiçao dotada de variavel arbitraria, a prescriçao de "excelencia" como forma de tratamento devido aos Magistrados e a outros profissionais do Direito, reciprocamente considerados como sujeitos processuais. Conclui-se que e inconstitucional a regra do Paragrafo unico, parte inicial, do artigo 16, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal (RISTF) bem como as demais disposiçoes que, no ambito dos Tribunais, prevejam a mesma hipotese ("Receberao o tratamento de Excelencia...").

Nada disso, evidentemente, esta presente nas investiduras profissionais, publicas ou privadas, quando do exercício das atividades jurídicas, de tal sorte que parece incompreensível que se atribua tratamento de "doutor" aos bachareis em geral e apenas por causa dessa referencia. Excelente, sim, e o trabalho com base no qual o hoMas, o quadro de dislexia coletiva vai mais alem. De mem se torna notabilizado e dignificado. Aquele que o fato, ressalva mais historicamente curioso que o pro- realiza sera consequentemente honrado em face descesso legislativo de base regulamentar tem sido atraí- sa sacralidade da qual faz mençao o genio de Maximo do para a institucionalizaçao dessa corruptela linguís- Gorki no opusculo Como aprendi a escrever. tica que mais parece uma expressao vaidosa do que Numa palavra: vivemos no Brasil um "Reino de Fantapropriamente um símbolo a representar determinada sia" ou, no sentido pirandelliano, "Assim e..., se lhe relaçao ou papel social de relevo. E claro que isso nao parece!" se confunde com a titulaçao legal de certas autoridades como Ministros, Desembargadores e Juízes os * Roberto Wanderley Nogueira e Doutor em quais, a luz da Constituiçao Federal, estao prefiguraDireito Publico; Pos-doutor em Ensino dos, expressamente, na Lei Organica da Magistratura Jurídico; Professor Adjunto na Faculdade de Nacional (LOMAN, artigo 34). Direito do Recife e da Universidade Catolica de Do ponto de vista legal estrito, por outro lado, se a autoridade em referencia nao dispuser tambem de uma titulaçao academica que lhe conceda o título de

Brevemente, uma nova atividade diretamente ligada aos escritores e à literatura. Centro de Florianópolis, uma vez por mês. Parceria entre: Corrente d’escrita Prefeitura/Fundação Franklin Cascaes Mais notícias no próximo número. Página 5

de Pernambuco. Juiz Federal em Recife. Texto inicialmente publicado no Jornal FORENSE, em agosto de 2010.

CARTA


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istória Não apaguemos esta luz

Camarao foi uma indígena brasileira, provavelmente da etnia Potiguara, que viveu no seculo 17, na regiao onde localiza-se atualmente o bairro de Igapo, Rio Grande do Norte, as margens do Rio Potengi. Foi catequizada por padres jesuítas juntamente com seu marido, Felipe Camarao. Entrou para a historia brasileira por participar de batalhas junto com seu marido durante as invasoes holandesas em Olinda e no Recife. As invasoes holandesas foram o maior conflito políticomilitar da colonia. Foi uma luta pelo controle do açucar, bem como das fontes de suprimento de escravos. Como os costumes tribais nao permitiam que ela lutasse diretamente no grupo do marido, ela se tornou líder de um pelotao feminino, e os dois grupos lutavam juntos. Clara e Felipe Camarao participaram de varios confrontos contra o domínio holandes. Um dos mais famosos foi a batalha de Porto Calvo, em 1637. Sua coragem levou a vitoria contra a invasao holandesa e fez Clara entrar para a historia como uma heroína. Seu marido faleceu, pouco tempo apos a batalha dos Guararapes. Nao existem registros da vida de Clara apos a morte do marido. Mesmo esquecida por muitos anos na historia, Clara Camarao foi homenageada em versos pelo poeta brasileiro Jose da Natividade Saldanha. E a Refinaria Potiguar Clara Camarao recebeu seu nome em homenagem a ela. Em 27 de março de 2017, o nome de Clara Camarao foi inscrito no Livro dos Herois da Patria.

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GOLPE, SIM OU NÃO?

tarde. O regime censurava ate as mas notícias: epidemias, desastres e atentados. Musicas, filmes e novelas tambem foram censurados.

Junto com os regimes da Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai, a ditadura brasileira integrou a Operaçao Condor, uma aliança para perseguir opositores no Cone Sul. O regime tambem ajudou a treinar oficiais chilenos em tecniHa que esclarecer, de uma vez por todas, a natureza do cha- cas de tortura, tendo colaborado no sequestro de 1978 de mado “Golpe militar de 1964”, ate porque, aqui e acola sem- dois ativistas uruguaios em Porto Alegre, que foram entrepre aprecem malfadadas posiçoes, quer porque querem gues ao país vizinho. abafar uma ou outra versao do golpe, ou porque nao entenApos tres anos de ajustes, os militares promoveram, a parderam nado do que se passou. tir de 1967 investimentos e oferta de credito. AparenteSocorrendo-nos dos varios ecos da imprensa, conseguimos mente a formula deu resultados. Entre 1967 e 1973, a exesclarecer que a perseguiçao de adversarios se concentrou pansao do PIB brasileiro foi de 10,2% ao ano. O país passou nos meses apos o golpe de 1964 e entre o final da decada a ser a decima economia do mundo. O crescimento aumende 60 e início dos anos 70. Mais de 5 mil pessoas foram alvo tou a popularidade do regime durante a fase mais represside puniçoes como demissoes, cassaçao e suspensao de diva da ditadura. Mas o “milagre” virou pesadelo. reitos políticos. Ao todo, 166 deputados foram cassados. O E a sua conta chegou apos os dois choques do petroleo e regime tambem perseguiu membros das suas proprias fileiuma serie de decisoes desastrosas para manter a economia ras. Pelo menos 6.951 militares foram presos, desligados e aquecida. Ao fim da ditadura, o país acumulava dívida expresos. terna 30 vezes maior que a de 1964 e inflaçao de 225,9% a Assim como a perseguiçao política, os assassinatos de opo- ano. Quase 50% da populaçao estava abaixo da linha de sitores promovidos pelo regime se concentraram em algu- pobreza. Os militares pegaram o país com graves problemas fases da ditadura. Mas todos os generais-presidentes mas, mas entregaram-no quebrado. foram tolerantes com a pratica. A comissao nacional da verA censura e a falta de transparencia favoreceram a corrupdade (CNV) apontou a responsabilidade do regime militar çao. O período foi marcado por varios casos, como o Coroapela morte de 224 pessoas e pelo desaparecimento de 210. Brastel, Delfin, Lutfalla e a explosao de gastos em obras. O Durante o governo Medici (1969-1974) morreram 228. regime promoveu e protegeu figuras como Paulo Maluf e Na ditadura a tortura virou uma pratica de Estado. No goAntonio Carlos Magalhaes, que ja nos anos 70 eram suspeiverno Castelo Branco (1964-1967) foram apresentadas 363 tos em casos de corrupçao. Tambem abafou casos, como a denuncias de tortura. Na fase Medici seriam mais de 3.500. compra superfaturada de fragatas do Reino Unido nos anos O relatorio “Brasil: Nunca Mais” lista 283 formas de tortura 70. como afogamentos, choques eletricos e pau de arara. Nos A ditadura promoveu ainda obras faraonicas, divulgadas 21 anos registaram-se 6 mil denuncias. com propaganda ufanista, como Itaipu e a ponte RioAo ar o golpe, os militares citaram a corrupçao e o esquer- Niteroi. Algumas foram marcadas por desperdícios e erros, dismo do governo Jango. A luta armada, apresentada por como a Transamazonica e as usinas de Angra. Em 1969, o vezes como razao da ditadura, nem foi mencionada. So em regime criou reserva de mercado para empreiteiras nacio1966 ocorreram as primeiras açoes relevantes de grupos nais ao proibir a atuaçao de estrangeiras. E nessa epoca que extremistas. Em 1974 ja todos haviam sido aniquilados, empresas como a Odebrecht passam a dominar as obras do mas a ditadura duraria mais uma decada. país. O regime militar recorreu a uma serie de decretos, chama- Em 1979, seis anos antes do fim da ditadura, foi promulgados atos institucionais para manter o seu poder. Entre 1964 da a Lei da Anistia, perdoando crimes cometidos por motie 1969 foram promulgados 17 atos, que estavam acima da vaçao política. Mas ela tinha mao dupla: garantiu tambem a constituiçao. Alguns promoveram a cassaçao de adversaimpunidade para agentes responsaveis por mortes e torturios (AI-1) e a extinçao dos partidos políticos existentes (AI ras. No Chile e na Argentina, dezenas de agentes foram con-2). O mais duro deles, o AI-5, instituiu, em 1969, a censura denados por violaçao de direitos humanos apos a volta da previa na imprensa e a suspensao do “habeas corpus”. democracia. No Brasil, ninguem foi punido.

Por: Afonso Rocha *

Boa parte da imprensa apoiou o golpe, mas varios jornais passaram a criticar o regime, alguns mais cedo outros mais Página 7

* Escritor, jornalista, editor


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No início foi assim Conhecemo-nos no voltear da vida, nos arredores do mundo, nos entrefolhos dos lençois coloridos, conduzidos pela febre das tecnicas virtuais. E foi atraves desses canais modernos de comunicaçao e relacionamento, que esgrimimos argumentos, batalhamos nas ideias, localizamos pecados e virtudes, ate que o nosso desejar, o nosso pulsar das entranhas, se libertou, e aí, nosso conhecimento virtual, passou a tomar formas físicas, ideias e desejos mais acesos, acalorados, com vontades muitas das vezes concretizadas, num cruzar de gestos e de posiçoes, que nossos olhares bebiam atraves da webcam, dos olhos magicos do tempo moderno, dos sentidos mais distantes, dos desejos cruzados e por vezes escondidos. Mas faltava-nos o melhor, o sugar dos cheiros, o passear pelos entrefolhos dos corpos, o palrar das vozes que fazem de nos, simples mortais, carnais, vivos e carentes, homens e mulheres sequiosos do bem-querer, do bem-amar, do bem-sentir, correr, dentro de nos, a seiva do transe, do tesao, do eriçar dos pelos pubicos e nao so. E foi entao, que numa noite de maior desprendimento e calor, que nos corria pelo corpo acima e abaixo, que subia e descia num turbilhao de amontoados escombros pelas veias, pelas dumas de teu ventre, de teu peito, que a decisao foi tomada: tua fortaleza protetora, tua lura adestrada, tua volupia, tua caverna de prazer, seria invadida por este senhor, teu senhor, teu cavaleiro, teu servo apesar das honrarias, que desceria ate teu reino, teu castelo de nupcias, teu reduto de prazer, e ambos, tomaríamos de assalto esse devasto corpo, esse anarca do desejo, esse teu e meu pular de tesao, e abafaríamos, com beijos, abraços e penetraçoes pelos rios do amor, a fome de teu, de nosso, desejo. Por isso, aqui estou eu. Para agora e para sempre. Afonso Rocha Escritor

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Ano II — Número 22 - Mensal: abril de 2019 mos em torno dela e minha mae nos explicou: "Demorei muito tempo para perceber que cada um e responsavel pela sua vida, demorei anos para descobrir que minha angustia, minha mortificaçao, minha (Conselho aos pais que vivem se preocupando depressao, minha coragem, minha insonia e meu escom tudo e com todos de sua família. Otimo para tresse nao resolvem seus problemas, mas sim aumentam os meus. voltar a respirar e a viver) E eu nao sou responsavel pelas açoes dos outros, mas sim responsavel por minhas reaçoes diante disso. Minha mae tinha muitos problemas. Nao dormia e se Portanto, cheguei a conclusao de que o meu dever pasentia esgotada. Era irritada, rabugenta e azeda. E ra comigo mesma e manter a calma e deixar que cada sempre estava doente, ate que um dia, de repente, ela um resolva o que lhe cabe. mudou. A situaçao estava igual, mas ela estava difeJa fiz cursos de ioga, de meditaçao, de desenvolvimenrente. to humano, de higiene mental, de vibraçao, de prograCerto dia, meu pai lhe disse: maçao neurolinguística e de milagres, e em todos eles - Amor, estou ha tres meses a procura de emprego e encontrei um denominador comum, todos conduzem nao encontrei nada, vou tomar umas cervejinhas com ao mesmo ponto: os amigos. Eu so posso ter ingerencia sobre mim mesma, voces Minha mae lhe respondeu: tem todos os recursos necessarios para resolver as - Tudo bem. suas proprias vidas. Meu irmao lhe disse: Eu so poderei dar-lhes o meu conselho se por acaso - Mae, eu vou mal em todas as materias da faculdade. me pedirem e, segui-lo ou nao, depende de voces. Minha mae lhe respondeu: Por isso, de hoje em diante, eu deixo de ser o recetacu- Tudo bem, voce ja vai se recuperar. E se nao conselo de suas responsabilidades, o saco de suas culpas, a guir, e so repetir o semestre, mas voce paga a matrículavadeira de seus arrependimentos, a advogada de la. suas faltas, o muro de seus lamentos, o deposito de Minha irma lhe disse: seus deveres. Deixo de ser quem resolve seus proble- Mae, bati o carro. mas ou cumpre suas responsabilidades. Minha mae lhe respondeu: A partir de agora, declaro-os a todos ADULTOS INDE- Tudo bem filha. Leve-o para a oficina, procure uma PENDENTES E AUTO-SUFICIENTES. forma de pagar o conserto e, enquanto o arrumam, va Todos na casa da minha mae ficaram mudos. trabalhar de onibus ou de metro. A partir desse dia a família começou a funcionar meSua nora lhe disse: lhor pois todos na casa sabem exatamente o que lhes - Sogra, venho passar uns meses com voces. compete fazer. Minha mae lhe respondeu: - Tudo bem, ajeite-se na poltrona da sala e procure Texto: autor desconhecido. uns cobertores no armario. Todos nos na casa da minha mae nos reunimos preocupados ao ver essas reaçoes. Suspeitavamos que tivesse ido ao medico e que ele lhe tivesse receitado uns comprimidos de “Se Virem" de 1000 mg. Com certeza tambem estaria ingerindo uma overdose. Propusemos entao fazer uma "Intervençao" a minha mae para afasta-la de qualquer possível vício que viesse a ter com algum medicamento "antibirras". Mas qual nao foi a surpresa quando todos nos reuni-

UMA MULHER FELIZ!

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Fotos com História

Coleta do lixo, Rio de Janeiro, 1919 Página 10


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Dicas de português...

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Florianópolis Santa Catarina Brasil +55 48 991 311 560 narealgana@gmail.com www.issuu.com/correntedescrita Fundador e diretor: Afonso Rocha

Corrente d’ escrita é uma iniciativa do escritor português, radicado em Florianópolis, Afonso Rocha, e tem como objetivo falar de livros, dos seus autores, suas organizações e das atividades que estejam relacionadas com a literatura , a história e a cultura em geral. Chamaremos para colaborar com o Corrente d’ escrita escritores e agentes literários, a qualquer nível, cuja colaboração será exclusivamente gratuita e sem qualquer contrapartida, a não ser, o compromisso para divulgar, propagar e distribuir este Magazine Literário. O envio para publicação de qualquer matéria (texto ou foto) implica a autorização de forma gratuita. As matérias assinadas são da responsabilidade exclusiva de seus autores e não reflete, necessariamente, a opinião de Corrente d’ escrita. As imagens não creditadas são do domínio público que circulam na internet sem indicação de autoria. As matérias não assinada são da responsabilidade da redação.

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Cada conto apresenta uma narrativa propria e uma trama de contorno especial. Nos varios contos o autor exercita a sua criatividade, mostrando o seu apurado talento como escritor e contista. Enfim, sao textos de inegavel valor literario que tem a capacidade de encantar os leitores. Contacto com o autor: braz@braz.adv.br


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