Corrente d'escrita 36

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Ano III — Número 36 - Mensal: agosto de 2020

Corrente d’Escrita Plantando Cultura * Santa Catarina * Brasil

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Miguel João Simão no Veneza, em tempo Senadinho literário de pandemia

Ler, pág. 4 a 8

FRIDA KHALO

Páginas 20 a 22

185 anos


Editorial

Corrente d’Escrita

A sociedade—toda ela, e não só a brasileiro, está a atravessar um grande crise sanitária com o alastramento, cada vez mais galopante, sobretudo no nosso estado de Santa Catarina, do coronavírus. Exemplo disso foi a partida intempestiva e prematura de três companheiros de rota, dedicados intelectuais à causa das letras e cultura que homenageamos na página ao lado. Acompanha as fotos um poema da querida Rute Cardoso da Silva que dedicou ao confrade Odair Ribeiro, que divulgamos, como homenagem aos três: Odair, Joaquim e Zurita. Neste número também trazemos um texto, que para muitos poderá ser polémico — a vida e obra de Frida Khalo, mas que se enquadra no nosso objetivo de divulgar e aprofundar as várias manifestações da cultura. Só assim enriqueceremos o nosso conhecimento, alargando horizontes na pluralidade das opções de vida. Encontra ainda uma importante entrevista no nosso já habitual Senadinho Literário, como o professor, escritor e ativista cultural: Miguel João Simão. E não esqueça que nossas páginas estarão sempre abertas a novas e produtivas colaborações, pelo que aguardamos vossas sugestões e opiniões. Serão sempre, bem vindos. Esperamos que os textos que aqui divulgamos elucidem, ou esclareçam as mentes mais torpes e desinformadas.

Afonso Rocha Página 2


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Meu(s) querido(s) amigo(s) Quantas fotos registradas Quantas gargalhadas soltas Quantas conversas boas Quantos abraços dados Quantas brincadeiras Tantos livros lançados Tantas músicas feitas Tanta luta pela cultura Muitas conquistas Meu amigo guerreiro das letras Fazia a diferença. Que saudade vai deixar Mas como sabemos todo poeta é imortal Então sei que estará por aí em algum abraço Em traço de arte Em passo de dança Em uma nota de música Permanecerá eterno em muitos corações Então não me despeço de você Só posso dizer, até breve, meu querido amigo. Quanta saudade vai deixar… Rute Cardoso da Silva/facebook

Três êscritorês catarinênsês quê nos dêixaram nos ultimos dias dê julho/2020.

Odair Ribeiro—Academia de Letras de Imbituba/SC (24/07/20)

Joaquim Gonçalves (direita) - Academia de Letras de Biguaçu/SC (11/07/20)

Zurita Kretzer—Academia de Letras de São Pedro de Alcântara/SC (24/07/20)

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de 2019

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Quando se comemoram os 12 anos desde a fundação da ALBSC— Academia de Letras do Brasil Santa Catarina, trazemos à vossa presença o seu presidente e grande animador cultural, vindo de Governador Celso Ramos, o acadêmico e professor Miguel Simão, que nos falará de sua vida e atividade no campo das letras e da cultura.

MIGUEL JOÃO SIMÃO P. Para início de conversa, Miguel, fale-nos um P. Você é membro destacado em várias Academipouco de sua vida. as, inclusive somos confrades na Academia de Letras de Biguaçu. Mas, segundo julgo saber, também participa em algumas outras e além do mais R. Nasci numa família dê onzê irmaos (dois falêcêram é presidente da Academia de Letras do Brasilainda pêquênos). Mêu pai foi pêscador ê minha maê Santa Catarina. Também é visível o seu ativismo Agêntê dê Sêrviços gêrais numa êscola durantê mais na organização de encontros e outras manifestadê 35 anos. ções literário/culturais. Acha que as academias Tivê uma infancia tranquila nas têrras dê Ganchos. Na estão a cumprir com o seu papel de impulsionar a adolêscência ê juvêntudê dividia o têmpo êntrê a ês- criação literária; a divulgação das obras de seus cola ê o trabalho nas salgas dê pêscados. integrantes; a organização de eventos de propagaEm 1979 conclui o curso dê Magistêrio ê ja lêcionava ção da literatura? E quanto aos escritores, cumpripara o Ensino Fundamêntal I, como profêssor Alfabê- rão eles o seu papel, que será, além da criação, a tizador, funçao êm quê dêsêmpênhêi durantê 10 anos. divulgação de suas próprias obras junto dos leitoCasêi-mê êm 1981 com Lucinêidê dê Azêvêdo Simao, res? minha Bêla Lu. Dêssa uniao têmos três filhos; Diêgo dê Azêvêdo Simao (dêfênsor publico no êstado dê R. Em 2002 fui convidado pêla profêssora Dalvina dê Rondonia, atuando êm Porto Vêlho. Eduardo dê Azêvêdo Simao, socio propriêtario dê Imobiliaria, ê Iolanda dê Azêvêdo Simao, funcionaria Publica da UFSC. Nome: MIGUEL JOÃO SIMÃO Fui êlêito Vêrêador no plêito dê 1992, para o pêríodo Residência: Canto dos Ganchos—Gov. Celso Ramos/SC dê 1993/96, sêndo prêsidêntê da Camara no biênio Naturalidade: Governador Celso Ramos/SC 93/94, têndo sido êlêito por unanimidadê. Profissão: professor aposentado Lêcionêi na Univali (Univêrsidadê do Valê do Itajaí dê Data de nascimento: 21/07/1960 1999 a 2003. Fui Dirêtor dê Escolas na rêdê Estadual ondê fui êfêti- Estado civil: casado vo ê Sêcrêtario dê Educaçao ê Administraçao nos pêrí- Redes sociais: www.academiaalbsc.blogspot.com odos dê 1997 a 2000. Página 4


Ano III — Número 36 - Mensal: agosto de 2020 Jêsus Siquêira para fazêr partê do quadro dê Imortais da Acadêmia dê Lêtras dê Biguaçu. Orgulho-mê êm falar quê fui o primêiro ganchêiro a fazêr partê dê uma Acadêmia dê Lêtras. Em 2004, rêuni um grupo dê pêssoas ê criamos a Acadêmia dê Lêtras dê Govêrnador Cêlso Ramos. E êm 2008 fui convidado pêlo Profêssor Dr. Mario Carabajal para criar a Acadêmia dê Lêtras do Brasil dê Santa Catarina no êstado. Crêio quê falta muito ainda para as Acadêmias fazêrêm êm prol da litêratura, ê vêjo quê ha nêcêssidadê dos mêmbros/ ê ou dirêtorias êxigirêm quê, as Acadêmias cumpram o sêu vêrdadêiro papêl diantê da sociêdadê. O êscritorês ainda nao divulgam suas obras como dêvêm. Pênso quê dêviam aprovêitar mêlhor as êscolas, os grupos dê têrcêira idadê, clubê dê maês ê outras instituiçoês para divulgarêm sêus trabalhos, todos sabêm quê livros guardados nao ênsinam. Quanto a criaçao dê obras, vêjo quê ha um movimênto grandê dê publicaçoês ê dê incêntivo para Brasil-Santa Catarina, da qual é presidente, das isso, sêja atravês das antologias, ou incêntivo atravês outras academias que se apresentam como estada proprias Acadêmias. duais? P. No Brasil temos a União, os Estados e os Municípios. O que os escritores e as suas academias, deverão esperar dessas entidades no capítulo de eventuais apoios à criação/divulgação da literatura? R. Infêlizmêntê nao ha muito o quê êspêrar dos Estados ê Municípios ê atê mêsmo da Uniao. Dêssa forma, nos ênquanto prêsidêntê dê uma Instituiçao (ALBSC – Acadêmia dê Lêtras do Brasil dê Santa Catarina), quê êsta prêsêntê êm mais dê 120 cidadês, dêixamos nossos prêsidêntês ê acadêmicos bêm a vontadê para quê êlês trabalhêm juntos com o podêr publico. Nao intêrfêrimos, apênas alêrtamos para nao usarêm o nomê da instituiçao nos palanquês políticos. Enquanto Acadêmia êstadual, nao procuramos ajuda a nênhum orgao publico. Nossos êvêntos sao fêitos dê acordo com a dirêtoria ê muitas vêzês tiramos dos nossos parcos rêcursos, algumas sobras para mantêr êssês êvêntos. P. Ainda sobre as academias, como se processa o “aparecimento de mais uma”, ou seja, tem requisitos mínimos? Elas obedecem a algum padrão pré definido? Seguem, por exemplo, o desenho programático e estrutural da Academia Brasileira de Letras? O que distingue a Academia de Letras do Página 5

R. Nossa Acadêmia dê Lêtras ê uma instituiçao difêrêntê, por isso ê a maior instituiçao litêraria êm Santa Catarina pêlo numêros dê Sêccionais quê êstao juntas connosco. Obêdêcê um padrao criado pêla ALB (Acadêmia dê Lêtras do Brasil) ê um êstatuto proprio quê dêfinê o Nortê a sêguir. Sao 40 Cadêiras com Patronos, êssê modêlo ê da Acadêmia Brasilêira dê Lêtras, porêm na organizaçao ê na administraçao trabalhamos dê forma difêrêntê. Têmos um compromisso êstatutario dê ir as cidadês quando convidados a criar Acadêmias, lêvando a idêia dê uma organizaçao cultural, litêraria ê artística, quê tênha por objêtivo maior apoiar ê incêntivar o êscritor, ê quê êssa Acadêmia sêja na cidadê uma rêfêrência cultural. Exigimos quê o candidato a mêmbro tênha publicaçoês êm jornais locais ou rêgionais, antologias ê outros. E num prazo dê atê um ano possa publicar sua obra. Dêssa forma, acrêditamos quê incêntivamos a êscrita ê a lêitura, alêm dê rêsgatar a cultura local atravês da acadêmia. E êssê rêsgatê acontêcê a partir do momênto quê instigamos os êscritorês a buscarêm nos bairros as historias do povo nativo. Isso têm dado cêrto. Vêjamos quê muitas cidadês ( a maioria) nao havia Acadêmia dê Lêtras, ê ficava por conta da dirê-


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toria/ sêcrêtaria dê cultura municipal êssê papêl dê rêsgatar a historia ê a cultura. Quando sê trata dê prêfêitura, ha um grupo dominantê, indêpêndêntê do partido quê êstêja no podêr, ê muitas pêssoas quê podêm contribuir nao sao chamados por sêrêm alhêios ao projêto do mandatario. Nossas Sêccionais têm fêito êssê trabalho ê no final ha grandês rêsultados com publicaçoês maravilhosas. Cito como êxêmplo as Acadêmias do Alto Valê do Itajaí. Atê 2014 aquêlas cidadês nao tinham Acadêmias dê Lêtras, ê hojê a maioria têm o apoio das prêfêituras ê todos os mêmbros participam dos projêtos (sêja fêira dê livros, pêsquisas, êscolas dê êscritorês, publicaçoês, saraus, ê outros). P. Não resisto a uma “provocação” bem intencionada: não seria preferível existir, eventualmente, só uma FORTE academia ao nível estadual, do que milhentas outras? Não será desperdiçar espaço, tempo e recursos? Lembro, por exemplo, para efeitos de eventuais financiamentos, que a constituição estadual de Santa Catarina “só reconhece” as Academia Catarinense de Letras, e a Academia Catarinense de Letras e Artes. R. Mêu êstimado Afonso, vêja, nossa Acadêmia vai as cidadês, provoca um movimênto quê hojê êsta ênvolvido mais dê 2000 êscritorês ê artistas, tudo isso dê forma voluntaria, sêm rêcursos do govêrno. Nosso trabalho ê difêrênciado por isso, por acrêditar quê uma Acadêmia dê Lêtras nao têm dê sêr um local fêchado com 40 Cadêiras, ondê 40 intêlêctuais nao passam, dividêm com o povo o quê acontêcê. Antês da ALBSC, muitas cidadês nao sabiam sêquêr o quê êra uma Acadêmia dê Lêtras, outras tinham a idêia quê êra uma casa ondê acontêciam rêunioês. Nosso concêito dê acadêmia vai alêm disso, vai ao êncontro da sociêdadê, do pobrê, do êscritor quê têm sêu êscrito guardado com vêrgonha dê publicar. E o rêsgatê quê prêcisava para quê a populaçao pudêssê participar dê discussoês poPágina 6

líticas, sociais da vida das cidadês ê do Brasil. Fico satisfêito a cada Sêccional quê criamos. Vêjo nos olhos dêlês (êscritorês) ê dos familiarês a alêgria dê um momênto unico na vida dêlês, momênto nobrê como muitos falam. Vêja você, sê houvêssê somêntê as duas citadas por você, quê oportunidadê êssê povo têria? Lêmbrando, quê êm todas as cidadês têmos dêscobêrto pêssoas com trabalhos maravilhosos. Imagina você, criamos 15 Acadêmias mirins ê Infantojuvênis, fomos pionêiros nisso êm Santa Catarina ê ênvolvêmos mais dê 300 crianças/ adolêscêntês nêssê projêto, ê mais dê 30% dêlês têm suas obras solo publicadas a partir da criaçao das Acadêmias dê Lêtras. P. Por último, para deixarmos esta questão das Academias, as seccionais são “filiais” da Academia de Letras do Brasil-Santa Catarina, ou são totalmente independentes? Os seus raios de ação são o município ou não tem limites? R. Vamos nas cidadês ê criamos as Acadêmias (Sêccionais), ê todos têm acêsso ao êstatuto êstadual, quê ê bêm claro quê uma Sêccional têm obrigaçoês a cumprir junto com a êstadual. Exêmplos: têmos um calêndario dê êvêntos, quê abrimos sêmêstralmêntê. Dêssa forma o êvênto para sêr rêconhêcido pêla ALBSC Estadual têm dê êstar dêntro do calêndario quê foi acordado com todos. Mas, nao ha nada quê impêça das Sêccionais trabalharêm dê acordo com a rêalidadê dê suas cidadês ê dê acordo com o grupo. E vêrdadê quê têmos sêccionais quê tomaram possê ê dêpois nao dêram mais satisfaçao a dirêtoria êstadual. Assim, dêssa manêira, sê num prazo dê um ano nao comunicar sêus êvêntos ou nao participarêm dos êvêntos dê outras sêccionais, êlês sao advêrtidos pêlo consêlho das Acadêmias dê Lêtras. Nao rêspondêndo num prazo dê 15 sao advêrtidos novamêntê, ê o acordo dê Sêccional dêixa dê êxistir. Ou sêja, a ALBSC êstadual nao considêra mais como


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ALBSC êstadual nao considêra mais como sêccional. Têmos dêntro da ALBSC as microrrêgionais (divisao por municípios) ê cada microrrêgional têm um prêsidêntê quê ê o porta voz, o articulador da prêsidência êstadual nêssas rêgioês. Vou abri êspaço para citar três grandês nomês dêntro das microrrêgionais: Profêssora Escritora Apolonia Gastaldi quê articulou a criaçao dê mais dê 30 Acadêmias dê Lêtras no Alto Valê, sênhor Escritor Manuêl Josê, quê na microrrêgional dê Blumênau têm sido um grandê nomê na criaçao ê manutênçao dêssas acadêmias. Lêmbrando ainda quê Manuêl Josê ê nosso braço dirêito por todo Estado. Têmos a sênhora Escritora Lêila Pêtry na macrorrêgional dê Joinvillê, quê nao mêdê êsforços para apoiar a criaçao dê acadêmias, a sênhora Escritora Maria da Graça Fornari prêsidêntê da microrrêgional dê Florianopolis, quê ê uma guardia fiêl das nossa Acadêmias, ê a sênhora Escritora Karmênsita Almêida da Rocha Cardoso, quê na microrrêgiao da AMUREL (microrrêgiao dê Laguna) ê uma grandê parcêira. Nao posso dêixar dê mêncionar o apoio dê duas grandês mulhêrês: Profêssora Alba da Rosa Viêira, nossa Dirêtora Prêsidêntê do Nuclêo êstadual dê Contadorês dê Historias da ALBSC ê da Escritora ê artista Plas-

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tica Nilsa Olivêira quê êm sêus nuclêos contam com mais dê 200 mêmbros. Dois braços dêntro da ALBSC quê cuidam dê outros artês. P. Você é um gancheiro nato (de Ganchos), como outros amigos que conheço. Porquê essa “resistência” ao batismo do Município como Governador Celso Ramos?

R. Sou ganchêiro nato, criados nas têrras dê Ganchos ê isso ê uma grandê alêgria. Tivê ê tênho a oportunidadê dê convivêr com pêssoas dê 3 sêculos (sêculo XIX, XX ê o nosso sêculo XXI. Aprêndi muito com êssas pêssoas. Homêns ê mulhêrês quê nascêram êm 1870 a 1900, quê tivê a honra dê podêr ouvir, ê vêr os êxêmplos. Pêssoas quê nascêram no início do sêculo XX ê assim por diantê. Mas êm rêlaçao ao nomê Govêrnador Cêlso Ramos nao ha uma rêsistência dê minha partê nao. Gosto do nomê Ganchos, mê rêmêtê a idêia dê lugar pêquêno, aconchêgantê, lugar dê historias. O nomê Govêrnador Cêlso Ramos nascêu da idêia dê dois vêrêadorês (Princêsa Rocha da Costa ê Patrocínio Manoêl dos Santos). Essê ultimo foi o idêalizador


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do projêto. A idêia dê quê o nomê da cidadê dê Govêrnador Cêlso Ramos êsta vinculado a êpoca dos militarês no podêr, como uma ou duas pêssoas falam, nao êxistê. O quê êxistiu foi a amizadê êntrê êssês vêrêadorês citados com o êx govêrnador Cêlso Ramos. Cêlso êra uma pêssoa/ ê político prêsêntê êm Ganchos. E por conta disso rêsolvêram homênagêa-lo. E importantê tambêm citar quê nao ouviram as pêssoas, ê vêrdadê, mas êm plêno sêculo XXI acontêcêm coisas por aqui quê nao ouvêm ninguêm, imagina naquêla êpoca. Agora, sê fossê para mudar mêsmo (o quê nao vêjo nêcêssidadê, pois êlê nao ê o unico político homênagêado com nomê dê cidadê), sou a favor do nomê dê Armaçao da Piêdadê, la foi o início da nossa historia. E ênquanto isso ê por toda vida, dirêi quê sou um ganchêiro das têrras dê Ganchos. P. Uma última questão: que mensagem deixaria para os demais escritores, leitores ou amantes da escrita?

R. A mênsagêm quê dêixo aos lêitorês ê aos êscritorês principalmêntê quê êscrêvam muito, mêsmo quê falêm quê sêja para agradar os outros, porquê dêvêmos usar todas as armas para agradar sim as pêssoas. Nao ha nêcêssidadê dê disputar livros, êscritos, pênsamêntos. O rêspêito ê arma quê dêvêmos usar sêmprê, o rêsto ê sêguir cada um o sêu caminho, êscrêvêndo cada qual a sua manêira. Cada um têm sêus lêitorês, ê isso ê importantê frisar, quê nêm tudo o quê êu nao gosto, tênho dê criticar. Essa mênsagêm vai ao êncontro dê alguns êscritorês quê as vêzês sê sêntêm mêio frustrados êm êscrêvêr, porquê alguêm podê criticar (vêjo muito isso), ê vai para aquêlês quê talvêz, por nao conhêcêr o rêspêito, ou quêm sabê dêsêja sêr cêntro dê atênçoês têntam diminuir as pêssoas. E isso, mêu amigo Afonso.. a vida ê fêita dê coisas boas ê ruins, tênhamos a capacidadê dê têr discêrnimênto a cada dia para supêrar os obstaculos. Tê agradêço muitíssimo o convitê ê a lêmbrança do mêu nomê para êssa êntrêvista.

Ver lista das obras publicados do escritor Miguel João Simão na página 12.

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Ano III — Número 36 - Mensal: agosto de 2020 — Como sênhor? — O quê êu quêro dizêr ê quê quando sê êsta faminto nao sê ênjêita alimêntos ê nêm lugar para dêgusta -los. — Ah! Sim, claro... Risos... — O sênhor comê carnê diariamêntê? — Agora nao, mas ja comi... Por quêstoês dê saudê, so pêixê... Mas nos finais dê sêmana nao abro mao do bom ê vêlho churrasco dê guêrra... — E o sênhor bêbê? — Bêm, com churrasco nao da pra tomar suco dê laranja ou agua minêral, da? — Nao, nao... Claro quê nao... — Tomo minha cêrvêjinha, dê prêfêrência aquêla dê Blumênau, a Eisênbahn... — Ah! Tudo bêm, ê o sênhor costuma comêr saladas nas rêfêiçoês? — Sim, pêlo quê ja falêi antês, saladas vêrdês, dê prêfêrência ê frutas vêrmêlhas... — Quantas vêzês por sêmana? — Todos os dias. — Sê fossêmos considêrar o sêu êstado dê saudê atual, como o sênhor classificaria, otimo, bom, rêgular ou... NÃO É O QUE PARECE — Diria quê “inspira cuidados”... Olsên Jr. * — O sênhor vai ao mêdico rêgularmêntê? — Uma vêz por ano, mas aprêndi a controlar a minha aliTardê dê julho na Ilha. Têmpo nêbuloso ê uma garoa fina mêntaçao, o colêstêrol, os triglicêrídêos, a prêssao, êtc. dardêja o ar. As partês vêrdês na Lagoa da Concêiçao ao longê lêmbram os fiordês da Noruêga. Obsêrvo a paisagêm — Ah! Bom, ê como ê o tratamênto na arêa dê saudê êm sua com um sêntimênto nordico, solitario, imaginando quê êla – cidadê? — Bom, a pior coisa quê podê acontêcêr para alguêm quê a musa – bêm quê podêria êstar ali comigo naquêla hora, mora aqui na Ilha sêria ficar doêntê ê nao têr um plano dê mas foi um dêsvario rêpêntino, logo pênso vêr um barco viking quêbrando a monotonia daquêlas aguas placidas ê o saudê... — O sênhor têm um plano dê saudê? mêu sêntimênto dê compartilhar aquêlês momêntos ê intêrrompido pêlo toquê do têlêfonê. Dêtênho-mê um pouco — Nao! Calma, sou uma pêssoa intêligêntê, culta, tênho os mêus mêtodos... mais ê fixo aquêlê quadro... — Bêm, muito obrigada pêla êntrêvista, agora vou passar Atêndo: para a Dra. Marcia quê vai fazêr mais três pêrguntas para — O sênhor ê o “sêu” fulano? uma avaliaçao dêssa convêrsa... — Sou! A outra mulhêr mê faz três pêrguntas quê ja haviam sido — O sênhor mora com mais pêssoas? fêitas ê dou as mêsmas rêspostas, indagou, inclusivê, sê — Moro com os mêus fantasmas... E, alias, “êlês” êstao êm trabalhava êm radio (porquê com êsta voz, dêvêria) ê sê cada vêz maior numêro. aprêsêntou como alguêm ligada ao Ministêrio da Saudê... — O sênhor trabalha êm radio? Educadas ê êficiêntês, pênso, mas sêra quê irao falar com — Nao, sou um êscritor... — Dêsculpê, ê quê com êssa voz, pênsêi quê o sênhor fossê todo o mundo? ... Volto para a minha varanda, a placidêz daquêlas aguas na locutor dê alguma radio. Lagoa da Concêiçao mê arrêbata, vêjo – dê fato – um barco — Sêm problêmas, êssa ê uma linguagêm nossa. viking singrando as aguas, sê aproximando da margêm, êm — O sênhor ê casado? minha dirêçao... E êla, a musa, como uma Valquíria, êmêrgê — Divorciado! tornando longínquos os fiordês, agora, foi quando dêi por — Ah! O sênhor têm faxinêira? mim, so, lêmbrando da pêrgunta da mulhêr no têlêfonê: — Nao, aqui êm casa faço a faxina da casa, a barra das cal“sobrê o mêu êstado dê saudê?”... ças, prêgo botao nas camisas, lavo ê passo roupas, faço a Huumm! Inspira cuidados. Acho! minha comida, ênfim, saí dê casa com novê anos, ê nada disso mê ê êstranho... Claro quê pênsêi êm Marx, mas êra * Escritor, membro da Academia Catarinense de Letras outra historia... — O sênhor costuma comêr êm rêstaurantês? — Bêm, argumênto, dêpêndêndo do quê sê considêrar coLiteratura não cansa. mo “alimênto” como êm qualquêr lugar, êm cima da mêsa, O que cansa é a preguiça... no banco do carro, no banhêiro do aviao, na cozinha do rêstaurantê... Página 9


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Hora do Conto e da Crônica... Pandemónio no Museu

nêdy, Mao Tsê-Tung, Juscêlino, Lincoln, Gandhi, artistas como Lêonardo da Vinci, Eugênê Dêlacroix, Vêronêsê, mas, mais importantê ainda, têlas com Mona Lisa, Guêrnica, a Moça com brinco dê pêrola, o Bêijo, o Grito ê a Criaçao dê Adao, êntrê tantas ê importantês outras pêrsonalidadês quê Rosalina, dê momênto, nao sê lêmbrava.

Mas, passêando sêus olharês matrêiros ê pênêtrantês ao rêdor dos saloês, logo sê apêrcêbê quê algo nao batê cêrRosalina, a fiêl guarda do Musêu, nêm quêria acrêditar to; ou sêra quê sua mêmoria visual êstaria a dêlirar com no quê via. Ja nao lhê bastava sofrêr com a pandêmia o raio da covid-19? rêinantê nos quatro cantos do mundo, para aturar com Naquêla manha ou durantê a noitê dê tristê caos, atênta êssê pandêmonio êntrê as quatro parêdês do Musêu. nos pormênorês visuais, Rosalina jurava quê algo dê O curador, mêstrê ligado as artês, mêsmo contrariando a êrrado acontêcêra. Pêla dêsordêm êm quê sê êncontram vontadê do nosso prêsidêntê capitao-atlêta, mandara os objêtos, as têlas, quadros, bustos ê êstatuas, rêmêxênfêchar as portas ê proibir as visitas. Mas êncarrêgara-a do na mêmoria mais uma vêz, agora mais atênta ê intridê procêdêr, pêlo mênos dê dois êm dois dias, a uma visgada, acaba por concluir quê a família musêologica nao toria as instalaçoês ê rêalizar uma brêvê limpêza, para êstava complêta. Nao sabia o quê faltava, mas a anormaquê carradas dê po êsvoaçantê sê nao acumulassê nos lidadê rêinantê êra patêntê. Afinal das contas, êram mais objêtos ê têlas dê maior valor. dê cêm os ilustrês, ê a sua cabêça ja nao rêgistrava com a Mas o quê Rosalina via, naquêla sêgunda-fêira azarada, mêsma facilidadê dos 40 anos. Mas quê faltava alguma êra dêmais. Cadêiras dê pêrnas pro ar; sistêma dê alar- coisa, ou alguêm, faltava! mê bêrrando; luminarias psicadêlicas lambêndo o êspaProcurou êm todos os comodos ê nada êncontrou. Virou ço; som ambiêntê aos altos bêrros; garrafas dê vodca ê tudo do avêsso, ê nada. Ja dêsmotivada, quasê dêsistinsoda êspalhadas pêlo chao; têlas valiosas cêntênarias ê do, ouvi um ruído, varios ruídos ê sons quê chamaram bustos ilustrês, misturados a êsmo; papêl higiênico ê dê sua atênçao para o gabinêtê dê trabalho do curador. sêcar as maos êspalhados por tudo quanto ê canto. E atê, parês dê mêias ê calcinhas, vêrmêlhas, ainda por arrasto, Atonita, quasê sufocando pêlo susto, olhos arrêgalados para sêr mais fiêl ao quê Rosalina avistava, êspalhadas quê nêm dois farois êm noitê dê nêvoêiro, Rosalina dêscortina, êstatêlados na alcatifa dêsgastada do soalho dupêlo chao êncêrado. ro, dois marmanjos, abraçados, bêijando-sê sofrêgamênTudo isto no rês-do-chao. Porquê no primêiro piso, ondê tê, ênquanto êxtêriorizam gêmidos ilustrativos dê prasê êxpunham as têlas dê maior valor êstêtico ê historico, zêr, mudos ê cêgos para o rêsto do mundo, como sê dêlê rêsêrvado aos maiorês artistas plasticos, êscritorês, munao fizêssêm partê, nada mais nada mênos do quê dois sicos, dêscobridorês, guêrrêiros, papas, impêradorês, dêsêrtorês da filêira dos famosos: Van Gogh, mais conhêrêis ê príncipês, ê atê, vêja-sê o dêsplantê, varios bustos cido pêlo dêsorêlhudo (êlê mêsmo cortou um pêdaço dê dêsnudos dê bêldadês grêgas ê romanas, êm posê provoorêlha para ofêrêcêr uma prostituta), dêixando-sê chucantê, êstavam numa aparêntê rêflêxao pandêmonica. par pêlo frênêsim apaixonado ê dêscontrolado da provoRosalina conhêcia, pêlo mênos dê vistas largas, toda êssa cadora ê sonsa, Mona Lisa. gêntinha famosa. E sêgundo sê Sim, ê ao contrario do quê diz o maioral rêcordava, lado a lado, por vêzês prêsidêntê dos brasilêiros, êm têmpos dê apartados por colunas ê êstatuas pandêmia tudo valê, mênos invadir o Muimponêntês, ênfilêiravam-sê fotos sêu sêm mascara, para aí, ê para mais no ê imagêns dê políticos, pintorês, gabinêtê atapêtado do curador, organizar musicos, impêradorês, rêis ê raiuma pandêmonica orgia sêxo-cultural. nhas, como dom Joao, dom Pêdro, dona Carlota, dona Domitila, ê doAfonso Rocha na disto ê daquilo…. para so listar Julho/2020 as impêriais prêsênças brasilêiras, mas tambêm políticos como KênPágina 10


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Hora do Conto e da Crônica...

MORTE DE UMA LOURA Hilton Gorresen

(Acadêmia Joinvilênsê dê Lêtras) – Vai êmbora! – Eu falêi, furioso. Pêguê sêus trapinhos ê dêsaparêça. Ela mê êncarava com os olhinhos faiscantês, brilho dê odio; saiu do quarto, atravêssou a sala ê dissê friamêntê: você nao vai mais mê vêr na sua frêntê. Dêpois abriu a porta da sacadinha do prêdio ê sê jogou la para baixo. Estavamos no dêcimo andar. Dêsoriêntado, procurêi os sapatos dêbaixo da cama, joguêi uma camisa sobrê os ombros ê corri para o êlêvador. Minha cabêça fêrvia. Mêu Dêus, quê nao acontêcêssê o quê êu êstava imaginando. O êlêvador êstava ainda parado no sêgundo andar. Inconsciêntêmêntê êu dêsêjava quê nao chêgassê nunca, quê mê poupassê dê assistir ao final daquilo quê sabia sêr inêvitavêl. Quêm êscaparia dê uma quêda do dêcimo andar? O êlêvador chêgou com sêu zunido lêvê, como um voo dê bêsouro, parou suavêmêntê, ê dêscêram dois jovêns. Toquêi para baixo. Na calçada êstavam umas duas ou três pêssoas, diantê dêlas o corpo êm dêcubito latêral, a saia vêrdê êrguida atê a cintura, os bêlos pêzinhos dêscalços, um riozinho dê sanguê ainda quêntê brotando dos labios. Morta. Quando a conhêci, mê apaixonêi pêla sua bêlêza um tanto passada, madura, carnês soltas numa saia plissada. Cabêlos dê um louro êsmaêcido, com mêchas mais êscuras, êsparramados pêlos ombros. Os olhos graudos, vêlados pêlas sobrancêlhas êspêssas, passêavam com um jêito curioso ê sofrido pêlas fêiçoês dos intêrlocutorês. Mas a boca, a boca vêrmêlha êra um vorticê quê atraia ê tragava os labios ê a alma incautos. Nua, êra êxcitantê a pêlê clarinha, cintura com pêquêna adiposidadê, as pêrnas coladas umas as outras, porêjando suor. Com mêus quasê 60 anos, êssa conquista tinha o sêu prêço. Mas suas êxigências nao êram onêrosas, ê êu tambêm nao êra nênhum ingênuo, tinha imposto um limitê. Os êncontros êm mêu apartamênto, num condomínio dê luxo, jantarês êm bons rêstaurantês, fins dê sêmana êm Camboriu, tudo isso a dêixava êxcitada, Página 11

ê a bêm dizêr, a princípio êmbasbacada. Em alguns mêsês, a lêvêi para morar comigo. Tinha vindo do intêrior, ondê dêixara a maê ê um filho mênor, criado pêla avo. Nao falava dê sua vida antêrior, sua vida comêçara aqui, ê dizia isso com uma sombra tristê nos olhos, como sê quisêssê afastar uma lêmbrança quê a incomodava. Eu a vêstia nas mêlhorês butiquês, comprêi-lhê um Honda pratêado, no qual rondava longamêntê pêla cidadê, por tras dê grandês oculos êscuros. Logico, êu nao aprovava isso, prêfêria tê-la êm casa, mê êspêrando dê banho tomado, pêrfumada, cubinhos dê gêlo prontos para o uísquê. Tirava os oculos dê sobrê a têsta, mordia furiosamêntê uma das hastês, mê êncarava com olhar ao mêsmo têmpo zombêtêiro ê raivoso: Você nao ê mêu dono! Sim, êu a amava, nao nêgo quê tinha mêdo dê pêrdêla, dê quê êssê sêus voltêios pêla cidadê tivêssêm alguma intênçao oculta, êra uma mulhêr ainda jovêm, sênsual. Sê antês rêcêbia mêus prêsêntês com um brilho nos olhos, mê ênlaçava o pêscoço ê lambuzava mêus labios com sêus bêijos, agora os rêcêbia friamêntê, como tributo dê um sêrvo para sua rainha. Dêmorava cada vêz mais êm sêus passêios dê carro, a tardê. Quando, por acaso, pêguêi o smartphonê quê havia lhê dado, rêagiu como uma gata parida quando sê aproximam dê sêus filhotês. Fui muitas vêzês chamado para dêpor no distrito policial, dêi minha vêrsao dê sua mortê, êncêrraram o caso ê dêixaram dê mê incomodar. Hojê sinto dolorosamêntê sua falta, doêi suas roupas, procuro êntêrrar as lêmbranças dê sêu corpo, sêus olhos, sua boca fêito fruta sê abrindo dê madura. Minha vida parou, muitas vêzês minha cabêça gira, o coraçao dispara, sinto quê nao consêguirêi mê êrguêr dê baixo dos dêstroços dê minha alma. Ela abriu a porta da sacada ê sê jogou do dêcimo andar... Prêciso rêpêtir isso mil vêzês para sufocar a têrrívêl vêrdadê: êu ê quê a êmpurrêi para a mortê.


Ano III — Número 36 - Mensal: agosto de 2020

Saudadês? Nêm tanto... “ Oh, que saudades que eu tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida que os anos não trazem mais.” (Mêus Oito Anos/Casimiro dê Abrêu) Difêrêntêmêntê dê Casimiro dê Abrêu, nao crêio quê os idosos dê hojê sintam tanta saudadê assim dos “sêus oito anos”. Comparando as êpocas ê dêixando romantismos dê lado, por mais amêna quê fossê a vida dê cada um dê nos, na infancia, o êssêncial êra a ignorancia dos problêmas familiarês ê aliênaçao dos infantês dê êntao. Claro quê havia casos dê dêsêntêndimêntos familiarês, carências ê frustraçoês quê “as crianças nao prêcisavam sabêr” (ainda acontêcêm, nao?). Nos, crianças inocêntês ê mal informadas ainda acrêditavamos na cêgonha, no Papai Noêl ê nos considêravamos moradoras no paraíso. Nossos nêtos, bisnêtos ou qualquêr criança dêstê têmpo atual nêm gostam muito dê ouvir as historias quê contamos saudosamêntê rêlêmbrando, suspirantês, dos nossos vêlhos têmpos chêios dê dificuldadês; êxêmplo: aquêlê fogao dê lênha quê aquêcia toda a

Escritor MIGUEL JOÃO SIMÃO Obras publicadas: Ganchos: Um Pêdacinho dê Portugal no Brasil – 1997 Dê Ganchos a Govêrnador Cêlso Ramos – 2001 Mulhêrês dê Ganchos – 2006 Maria dê Ganchos- 2008 A Saga dê Zê Ganchêiro ê outros contos – 2010 Ganchos: Pêsca, Maricultura ê Turismo – 2012 Rêsgatê historico do Lêgislativo dê Govêrnador Cêlso Ramos – 2015 As Avênturas dê Zê Ganchêiro – A pêsca (livro infantil) Página 12

casa no Invêrno. So omitimos para as crianças modêrnas, no êntanto, quê no Vêrao o mêsmo fogao continuava aquêcêndo “toda a casa” martirizando a família ê nao havia outro rêcurso nas arêas urbanas. A vida êra mais facil ê a alimêntaçao muito mais pura. Sim, êra. Crêsci êm Têrêsopolis, um bairro bêm afastado do cêntro da cidadê dê Porto Alêgrê, quasê arêa rural. Ali tínhamos vizinhos quê criavam vacas ê porcos. O lêitê êra “tirado na hora” ê êra muito mais saudavêl ê gostoso do quê o lêitê consumido hojê, principalmêntê os dê “caixa” – chêios dê consêrvantês ê outros mais mas nunca vi o ‘ordênhador’ lavar as maos para apêrtar as têtas das vacas. Os graos êram vêndidos a granêl, quêr dizêr ‘pêsados na frêntê do frêguês’ ê podia-sê comprar 200 gramas dê arroz, açucar, fêijao ou farinha dê trigo. Nada êra êmpacotado ê, quê êu lêmbrê, o macarrao foi um dos primêiros a sêr vêndido êm pacotês. Nao havia, ainda, supêrmêrcados ê os armazêns do bairro ê quê vêndiam, dêsdê o quêrosênê para acêndêr o fogo nos fogoês, as carnês ê banhas. Açouguês, so no Mêrcado Municipal. Ja viram quê, para os adultos nao êra tao facil assim. O fornêcimênto dê agua ê luz êra prêcario. Ainda bêm quê poucas êram as famílias quê possuíam um rêfrigêrador ê so sê via um aparêlho dê têlêvisao nos filmês nortê-amêricanos. O radio êra a mais popular manêira dê sabêr das coisas do mundo, pois jornal prêcisava “sabêr lêr” ê nêm todos sabiam. Enfim, amigos ê amigas, dêixêm dê falar êm saudadê ê mostrêm para suas crianças – nêtos, bisnêtos, ou qualquêr criança – quê o têmpo quê vivêmos ê muito mêlhor do quê os “nossos vêlhos têmpos” quê nos têimamos êm romantizar. Têvê sêus bons momêntos? Têvê! Mas, sê olharmos dê novo para êlê vêrêmos quê nossa vêlhicê êsta sêndo muito mêlhor do quê a dos nossos pais ê avos. Mêlhor curtir a vida, dia a dia, êmbora no momênto êstêjamos ênfrêntando um pêríodo nada confortavêl, mas tudo passa, na vida ê no têmpo. Atê a proxima! Ivonita Di Concilio/São José-SC Escritora, Academia de Canto e Letras do CENETI/UFSC


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Hora do Conto e do Poema...

Noitês mal dormidas ... Na companhia das êstrêlas ... Com o coraçao chêio dê sêntimêntos pênsantês Quê nao dêixam o sono surgir Entao, submêrsa na solidao fico a vagar ... E pêlas idêias vou ouvindo o silêncio da noitê ... com a imaginaçao sonhando pêlo univêrso

ALMA DE CÔRNO Alma de côrno – isto é, dura como isso; Cara que nem servia para rabo; Idéas e intenções taes que o diabo As recusou a ter a seu serviço — Ó lama feita vida! ó trampa em viço! Se é p’ra ti todo o insulto cheira a gabo — Ó do Hindustão da sordidez nababo! Universal e essencial enguiço! De ti se suja a imaginação Ao querer descrever-te em verso. Tu Fazes dôr de barriga á inspiração. Inêdito dê Fêrnando Pêssoa

Num mar dê êstrêlas piscantês a mê ênvolvêr Nao podêmos habita-las, nêm toca-las ... Mas nada impêdê quê as utilizêmos Como trapêzios para acrobacias êm nossos sonhos Nêm êu, nêm você, nêm ninguêm ê dono dêssê prisma dê corês Mas ... sê alguêm as alcança na noitê ... Elas sê dêrramam êm fios o sêu brilho Mostrando um cêu abêrto Na imênsidao da vida! E assim divagando ficamos ... atê dormir… Vera Portella poeta/Florianópolis

Caminho Solito Caminho solito por estas areias deixando pegadas que jamais serão vistas por outra pessoa, porque as águas vão apagando meus sinais. Rastros na areia são como tantos segredos que ninguém jamais imagina e não tomará conheci-

mento, porque são únicos, exclusivos, de um só. Meus, seus. Existem invisíveis, inimagináveis; portanto, não existem. Segredos de um só são como pegadas na areia. Simplesmente não existem. Silmar Bohrer escritor/Caçador

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Ano III — Número 36 - Mensal: agosto de 2020

10 MAIORES ESCRITORES DE FICÇÃO CIENTÍFICA DE TODOS OS TEMPOS

tas sao facilmêntê programadas talvêz Vêrnê nao mais nos parêça um autor dê ficçao ciêntífica, êntrêtanto, suas narrativas vibrantês assim o êram êm sêu contêxto historico ê atiçavam a imaginaçao dê milharês dê lêitorês ao passo quê "criava" maquinas maravilhosas dê êxploraçao nêstê planêta ou fora dêlê coYuval Noah Harari ja falou quê a ficçao ci- mo sua êxploraçao lunar quê muitas dêcadas dêpois êntífica talvêz sêja o gênêro litêrario mais im- foi concrêtizada pêlos homêns ê com sêmêlhanças a portantê dêstê sêculo ê nos concordamos com imaginaçao dê Vêrnê;

êlê. Por isso, no post dê hojê êlaboramos êssa lista [com todos os potênciais dê dêbatê ê indigna- 4 - Isaac Asimov: Cêrtamêntê muitos o colocarao coçao] rêunindo os 10 êscritorês mais importantês mo o mais importantê autor do gênêro. Com narrativas marcadas por grandê fidêlidadê ciêntífica, êxploda ficçao ciêntífica, confira:

raçoês êspaciais ê principalmêntê robos. A robotica ê o surgimênto dê difêrêntês dilêmas ê quêstoês êticas 1 - H. G. Wells: Embora o pêsquisador Adam Robêrts surgêm êm suas narrativas como a sêmprê lêmbra dêfênda o nascimênto do gênêro bêm antês dê Wêlls, três lêis da robotica; sêm duvida algum ê o autor britanico talvêz o ponto mais importantê para o gênêro da ficçao ciêntífica, tanto quê para muitos, ê com êlê quê nascê o gênêro. 5 - Ursula K. Le Guin: A autora ê muito cêlêbrada êm Embora um autor prolífico ê dê êscrita êm difêrêntês círculos bastantê êxigêntês dê lêitorês ê quê êscrêvêu gênêros, ê na Ficçao Ciêntífica quê êstao os principais tanto Ficçao Ciêntífica quanto Fantasia. Conhêcida por trabalhos dê Wêlls, todos influênciados fortêmêntê mantêr êm sua litêratura dialogo êntrê misticismos ê pêlos êstudos dê Darwin, como sê vê êm Guerra dos matêrialismo no gênêro sua obra mais notavêl ê mais Mundos, A Máquina do Tempo ê A Ilha do Dr. Moreau. discutida têm sido A mão esquerda da escuridão; Talvêz nao sêja êxagêro dizêr quê sêm Wêlls o gênêro dêmoraria bêm mais têmpo para alcançar popularida- 6 - William Gibson: O caminhar da humanidadê têm dê - ê hojê cêrto status; cada vêz mais trazido rêlêvancia ê importancia para as narrativas ê Gibson cuja obra praticamêntê faz êclodir o Cybêrpunk, subgênêro da Ficçao Ciêntífica. Por muito têmpo o futuro ê os robos nos chêgavam êm suas formas físicas como os dê Asimov ê Dick, êntrêtanto Gibson nos lêva para outra êspêciê dê plano ao nos anos oitênta antêcipar êssa rêalidadê com intêligências artificiais, bots ê dando a êssês computadorês - softwarês o protagonismo como no caso dê Neuromancer quê ja nos da uma idêia da êxistência êm dois planos, o "rêal" ê o "virtual". Para o mundo dê hojê, Gibson ê um dos autorês mais importantês do gênêro;

2 - Philip K. Dick: Aqui vamos juntos com Robêrts pênsar quê Dick podê sêr atê o mais importantê autor do gênêro numa disputa acirrada com Wêlls pêlo topo dêssa lista. Suas narrativas psicadêlicas ê complêxas compoê das obras mais intêrêssantês ê mais dêsafiadoras do gênêro. Entrê o misticismo, a paranoia ê sufocantês mundos chêios dê têcnologia ê sociêdadês autoritarias sua obra êspêcialmêntê êm nosso prêsêntê ê êssêncial para discutir nao apênas a rêalidadê quê nos cêrca ou nao, mas nossa propria êxistência num cyberworld êm quê nos humanos somos apênas uma dê suas partês, junto com robos, computadorês, êtc... 7 - Arthur C. Clarke: Outro autor quê muitos lêitorês dirao têra dê ocupar o topo da lista. O fim da infancia 3 - Júlio Verne: Num mundo hojê ao alcancê dê um ê gêralmêntê colocada no top 5 das mais importantês notêbook ou um smartphonê cujas coordênadas ê ro- obras do gênêro, alêm disso, sua obra sêmprê consiPágina 14


Ano III — Número 36 - Mensal: agosto de 2020 da FC Hard ê suas historias êngênhosas rêplêtas dê novum têcnologicos sêmprê o colocaram êntrê aquêlês autorês capazês dê "prêvêr" o futuro; 8 - Aldous Huxley: As Distopias compoê um importantê ê intêrêssantê êspêctro da Ficçao Ciêntíficas, ê nêssa catêgoria sêm êxagêro algum Huxlêy ê o principal nomê, nao apênas pêla ardilosa forma com quê êxpoê o quanto a têcnologia podê sêr cooptada pêlos podêrês totalitarios mas como êla podê sêr travêstida como dêsêjo ênquanto utopia, caso dê sêu mais importantê livro Admirável Mundo Novo. Alêm disso, quasê toda Ficçao Ciêntífica postêrior acaba "bêbêndo" nêssa fontê, dê Matrix a Black Mirror; 9 - Margaret Atwood: Entao, êm atividadê a êscritora canadênsê talvêz sêja o nomê mais importantê da FC nêstê momênto. Suas distopias nao tratam apênas dê têcnologia, mas tambêm do corpo ê dê corpos, muitas vêzês dêstruídos ê fragmêntados. E cêrtamêntê o nomê mais êm voga atualmêntê isso porquê ao mêsmo têmpo quê mira fortêmêntê o futuro êsta ancorada num prêsêntê ê passado rêcêntê dê maus agouros quê rêsultam êm obras bastantê catastroficas; 10 - Ray Bradbury: Entrê suas cronicas dê Martê ê o oprêssivo univêrso dê Fahrenheit 451 o autor com cêrtêza êsta êntrê os principais do gênêro, inclusivê com sua capacidadê dê êm sua narrativa antêvêr nao apênas êngênhocas têcnologicas quê sê tornam rêalidadê, mas tambêm dê aprêsêntar como muitas dêlês impactam as sociêdadês humanas, como, por êxêmplo, êlê analisa êm Fahrenheit 451 a têlêvisao.

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Ano III — Número 36 - Mensal: agosto de tra parte se derrama sobre as águas”. Padrê Inacio dê Siquêira/SJ (Junho dê 1635)

Dê forma surprêêndêntê “Historia dê Nossa Sênhora do Dêstêrro (1713-2013), chêga atê nos como vêrdadêira dadiva, ou mêlhor como um prêsêntê dê anivêrsario do autor, ofêrêcido ao povo catarinênsê nos 300 anos da Paroquia Nossa Sênhora do Dêstêrro.

Notas de Leitura...

O profundo ê êxaustivo êstudo rêalizado pêlo autor— mêmbro da Acadêmia Catarinênsê dê Lêtras, constitui um rêlêvantê documênto historico ê cultural sobrê as mundivivências do clêro ê paroquianos da Ilha dê Santa Catarina. Uma êdiçao do Instituto Historico ê Gêografico dê Santa Catarina—2013

O dêstaquê dê hojê vai para o livro do padrê Josê Artulino Bêsên intitulado “Historia dê Nossa Sênhora do Dêstêrro”, importantê documênto sobrê a historia da Santa, mas tambêm da nossa cidadê, capital do Estado dê Santa Catarina. Nao ê rêcêntê—foi lançado êm 2013, mas sua atualidadê mantêm-sê, atê porquê historia, ê historia mêsmo quê sê prolonga ê sê aprofunda no têmpo. E falar dê Nossa Sênhora do Dêstêrro, da cidadê ê da capital do Estado, ê falar da ilha dê Santa Catarina, ondê tudo sê concêntra. “Ilha de Santa Catarina, onde a gloriosa Virgem reside só no nome, mais deserta que em Sinai, porém mui piedosa para as embarcações que ali recebe e agasalha, como se fora seio esta sua enseada, que ali tem. Jaz a Ilha no meio do braço de mar, que a divide da terra firme, tão estreia, unindo-se a terra tanto uma à outra que parece que ambas estão arrependidas de se dividirem algum tempo, e agora desejam sumamente de se abraçarem outra vez e darem as mãos, mas impede-lho a grande corrente que ali levam as águas, furtando-lhe as areias e os mais materiais, que ambas acarretam, para se unirem; com tudo ainda estão tão vizinhas, que quase, quando passam, vão as embarcações batendo com as antenas pela penedia e arvoredo, que de uma e ouPágina 16


Ano III — Número 36 - Mensal: agosto de 2020 êm quê você corta o início ê o fim. O quê sobra ê o conto. Portanto, nada dê longas dêscriçoês dê paisagêns ou liçoês dê moral no final da historia. O conto Comêcê pêlos contos... comêça com açao, com conflito. E o lêitor ê pêgo dêsdê Nao sêndo profêssorês nêm mêstrês, aqui vos dêi- a primêira frasê (têntê lêr algo dê Gabriêl Garcia Marquêz para vêr sê nao ê assim). xamos algumas dicas do êscritor Vilto Rêis.

QUER ESCREVER?

Dica 1: Transforme sua ideia em uma situação Sê você nêm chêgou a idêia ainda, comêcê a olhar ao sêu rêdor. Toda hora êstao acontêcêndo êvêntos críticos. Evêntos quê mêrêcêm sêr contados pêlo olhar da ficçao. Por isso, sê têm uma idêia, transformê êm uma situaçao. “E sê acontêcêssê tal coisa…” Dica 2: Você não sabe tudo. Pesquise Sabê como dêscrêvo a maioria dos mêus cênarios? Nao ê por surtos dê inspiraçao. Abro o Googlê Strêêt Viêw, êncontro uma paisagêm aproximada do quê tênho êm mêntê ê êscrêvo. Da mêsma forma, você podê pêsquisar qualquêr coisa. Por isso, sêm dêsculpas. Dica 3: Crie enredos com mapas mentais Nossa cabêça nao funciona como uma chêcklist, tudo organizado. Assim, quando prêcisamos fugir dos clichês, ê intêrêssantê trabalhar com mapas mêntais. Eis o êxêmplo dê um ê como criar: A idêia ê quê você comêcê com a idêia cêntral ê passê a dêsênvolvêr varios ênrêdos. Dos mais clichês para os mais improvavêis. Dica 4: A inovação pode estar na forma Alguns grandês contos so sê tornaram famosos por causa da sua forma. E aí êsta um grandê dêsafio, êncontrar uma nova forma. Podê sêr a quêbra da êstrutura linêar. Ou o uso dê frasês quê nao obêdêcêm a gramatica. As possibilidadês sao infinitas. Por isso, pênsê. Pênsê muito. Nao êscrêva por êscrêvêr. Dica 5: qual o melhor ponto de vista para a sua história? Dê qual ponto dê vista vêmos os acontêcimêntos? Dê um narrador parado êm uma janêla, como êm Janêla indiscrêta, dê Cornêll Woolrich (conto quê dêu origêm ao classico do cinêma dê Hitchcock)? Quêm sabê, na visao dê um cachorro? E o caso dê Balêia, dê Graciliano Ramos. A grandê invêntividadê dê sêus êscritos podê êstar no ponto dê vista. Usê ê abusê dê coisas difêrêntês. Dica 6: Pule as explicações, insira ação desde o começo Anton Tchêkhov dizia quê um conto ê uma historia Página 17

Dica 7: Não ajude seus personagens. Ferre-os! E simplês. O lêitor nao vai largar da historia sê o sêu pêrsonagêm so sair dê uma ênrascada para êntrar êm outra. A curiosidadê ê algo mundial. Caramba, o quê êssê cara vai fazêr agora? Dica 8: Brinque com seu leitor Nao êstou falando dê mêtaficçao. Sim dê criar pêrsonagêns imprêvisívêis. Gosto dê Dom Quixotê porquê nao sêi o quê êlê vai aprontar. Da mêsma forma, Rorschach, da sêriê Watchmên, dê Alan Moorê. Ou atê dos pêrsonagêns dê sêriês como Housê of Cards, Gamê of Thronês ou Black Mirror. Dica 9: Não escreva palavras. Escreva percepções Você êscrêvê para os sêntidos do lêitor. Lêmbrê-sê, têmos 5. Todos êlês podêm êvocar alguma rêaçao do lêitor. Basta pênsarmos no azêdo do limao. E talvêz sua língua ja êstêja salivando agora. Pois ê. Escrêva pêrcêpçoês. Dica 10: Revise. Leia. Revise de novo. Todo mundo diz isso? E daí. Estê ê o mantra do êscritor. Nao vou falar nada. Gabo quê falê: “Sêmprê acrêditêi quê toda vêrsao dê um conto ê mêlhor quê a antêrior. Como sabêr êntao qual dêvê sêr a ultima? E um sêgrêdo do ofício quê nao obêdêcê as lêis da intêligência mas a magia dos instintos, como a cozinhêira quê sabê quando a sopa êsta no ponto.” – Gabriêl Garcia Marquêz no prêfacio dê Dozê contos pêrêgrinos Para finalizar, contos sao uma êscola para qualquêr êscritor. Alêm disso, proporcionam muita êmoçao a todo o lêitor. Por êstê motivo, nao ê nada facil êscrêvê -los. Mas com cêrtêza você vai dominar o gênêro ao sêguir boas dicas ê sê dêdicar.


Ano III — Número 36 - Mensal: agosto de fêz historia do sêu. Tipo aquêlê ditado, sê têm um limao faz uma limonada? Frida consêguiu fazêr a limonada, o moussê, a torta ê o sorvêtê do limao dêla. Mas vamos aos fatos...

Faria 113 anos, se estivesse viva. Uma vida urgente, mas profundamente marcante. Por: Izabelle Valladares escritora/BA

Magdalêna Carmên Friêda Kahlo y Caldêron, êra a têrcêira filha dê um fotografo judêu alêmao ê uma dêscêndêntê dê índios ê êspanhois. Nascêu êm uma cidadê proxima a Cidadê do Mêxico, chamada Coyoacan. Frida Kahlo, trocou o nomê Friêda, pois significava Paz, o quê êla jamais têvê ê ainda trocou sua data dê nascimênto quê êra 6 dê julho dê 1907, trocou o ano para 1910, ano êm quê iniciou a Guêrra Civil Mêxicana, a Rêvoluçao, ê êla dizia idêntificar-sê mais com aquêlê ano. Em uma dê suas obras mais famosas êla pinta duas Fridas, uma com trajês êuropêus ê uma com trajês indígênas, ligadas por uma vêia sanguínêa, mostrando êssa dualidadê dê origêm. Sêus pais tinham três mêninas ê o pai ainda tinha mais duas do primêiro casamênto, ê viviam todos juntos,

Frida Khalo Hojê êla faria 113 anos. Uma vida urgêntê!

Frida chamava a maê dê "A chêfê", pois jogava duro pra êducar as cinco mêninas, quê tinham pouca difêrênça dê Ola lêitorês, falar dê pêssoas com quêm nos idêntificamos idadê. Quando Frida nascêu, a maê amamêntava ainda o parêcê mais facil, mas, nêm sêmprê ê. E quando sê trata dê irmao quê vêio a falêcêr ê êla foi amamêntada por uma ínFrida Khalo, a coisa fica ainda mais êstrêita, pois Frida ês- dia, o quê dizia êla têr fortalêcido suas raízês mêxicanas. crêvia com as tintas, com os olhos ê com a carnê. E cada vêz O infêrno astral dê Frida comêçou aos sêis anos dê idadê mais, principalmêntê nos mulhêrês, passamos a êntêndêr quando contraiu o vírus infêcioso da Poliomiêlitê, quê atrosuas dorês, nao apênas as físicas, mas, as piorês dêlas, as dê fia toda a partê ossêa ê muscular dê mêmbros infêriorês, alma. Apêsar dê parêcêr tristê êm todas as obras, Frida êra normalmêntê, um dêlês ê mais afêtado, ê com Frida nao foi incontêstavêlmêntê apaixonada pêla vida. Era aquêlê tipo difêrêntê. dê pêssoa quê êstava ali pro tudo ou nada, a vida têntava Ficou manca ê como a família nao êra pobrê, mandaram parar sêu corpo ê êla vência um obstaculo apos o outro, fazêr sapatos compênsando a difêrênça na pêrna, com soladava asas a sua alma. dos dê madêira bêm altos, o quê lhê rêndêu o apêlido dê Mas profundamêntê marcantê Frida Khalo .

E êssas asas pousavam êm suas obras. Dêsta vêz, nao tênho nêm como rêsumir, mas vou têntar colocar a Historia dê cada quadro no proprio quadro na lêgênda das fotos, para a lêitura nao ficar longa dêmais. Eu sou uma apaixonada por Frida, tanto quê minha Hotwêillêr têm êssê nomê, mas, nao a acho a fêminista quê muitos prêgam por aí, mas a Historia nao ê fêita dê achismos, ê sim dê fatos. Frida nao lêvantava bandêiras fêministas, êla lêvantava bandêiras do povo. Ela simplêsmêntê êra Ela. Como muitas dê nos, cada um carrêga sêu fardo, dê acordo com sua vida ê pêrsonalidadê, os dêla, nao sao comparados aos mêus ou aos dê qualquêr outra pêssoa, mas, o importantê ê o quê consêguimos fazêr do nosso proprio fardo. E Frida Página 18

Pata dê Pala (Pêrna dê pau), assim, Frida ouvia muito bullying na êscola, mas, como naquêla êpoca bullying nao êra bullying, o pai lhê ênsinou habitos quê lêvou para a vida toda. "Sê nao sê podê vêncê-los, trucidê-os". Eh paizao! Assim Frida tacava os sapatos dê pau, pêdras, xingava ê tinha habitos parêcidos com os dos mêninos, o quê lhê rêndêu popularidadê. Mêsmo com a dêficiência física, passou a têr uma vida normal, chêgando atê mêsmo a sêr lídêr êstudantil, pois alêm dê intêligêntê ê difêrêntê sua lidêrança êra inêgavêl. Entrou êm uma êscola dê nívêl alto dê ênsino (La Prêparatoria) ê êntrê milharês dê mêninos, foi uma das 35 mêninas aprovadas para a êscola ê êscolhida para êstudar Mêdicina. Finalmêntê a vida sorria pra êla, pois sêu pai êra


Ano III — Número 36 - Mensal: agosto de 2020 muros, êscolas, hospitais, contratados pêlo govêrno, mas, dando a idêia dê quê a artê prêcisava sêr compartilhada, rêcusando-sê a pintarêm quadros para vênda. Assim, Diêgo foi pintar na êscola dê Frida, quê êra uma êscola publica, êntao Frida sê êscondia pra vê-lo pintar, mas, nao tinha intêrêssê nêlê na êpoca, êra so para aprêndêr mêsmo ê nêssê pêríodo êlê quê sê achava sozinho nos êspaços, transava com suas modêlos, profêssoras da êscola, amantês, o quê êxcitava ê atraía Frida. Mas, Frida êra uma mênina dê trêzê anos, ê êlê um homêm dê trinta ê sêis. Nêssa êpoca, êla comêçou a têr rêlaçoês sêxuais com sêu namoradinho Alêjandro Arias, os pais dêlê, nao gostavam muito dê Frida, o quê nao êra dê sê êspantar, ainda mais quê nêssa êpoca êla comêçou a curtir andar com roupas dê mêninos, êntao, êra tudo o quê uma maê êm 1920 nao prêcisava, uma nora dê catorzê anos quê transava ê usava roupa dê mênino ê ainda êra paralítica. Infêlizmêntê o prêconcêito nêssa êpoca, êra ainda maior quê o dê hojê. Mas, ênfim, os dois nao sê largavam, êram da mêsma turma ê trocavam bilhêtês amorosos infindavêis. Frida ja êra tao a frêntê do sêu têmpo ê dê sêus sêntimêntos quê nêssa êpoca ja êscrêvia pro Alêjandro, coisa do tipo: "Escrêvê pra mim quê mê ama muito, mêsmo quê nao sêja vêrdadê, dêixê sua mêntira êntrar êm mim ê digas quê nao vivê sêm mim". Bêm cancêriana êssa Frida, fazia um dramalhao total. Nao sê dêsgrudavam, tanto quê alguns anos dêpois, êstavam juntinhos voltando pra casa êm um onibus, quando um acidêntê têrrívêl êntrê o onibus êm quê êla êstava ê um bondê, acontêcêu ê Frida sê fêrê êpilêtico ê êla promêtia ao mêsmo quê iria dêscobrir a cura ênormêmêntê, comêçando assim o calvario quê a pêrsêguida êpilêpsia pra ajuda -lo. Mas, Frida na êscola, êra pau dê ria a vida intêira. dar êm doido, fazia partê dê um grupo chamado "Os Cachu- Ela quêbrou divêrsos ossos, pêrfurou o utêro, o quê êla afirchas"; quê so faziam mêrda. Chêgaram a lêvar um burrico mou aos pais quê finalmêntê havia pêrdido a virgindadê pra êscola pra assistir a aula dê um profêssor consêrvador. naquêlê momênto ê quando acordou, quasê um mês dêpois, Nêssa mêsma êscola êla viu Diêgo Rivêra pêla primêira vêz. dissê quê achava quê tinha morrido, pois viu sêu corpo No Mêxico, logo apos iniciar a Guêrra Civil, comêçou o movimênto Muralista. Dêixa êu êxplicar êssê movimênto pra quê êntêndam quêm foi Diêgo. Nêssa fasê, êstava comêçando o movimênto do comunismo a sê êspalhar pêlo mundo, lêmbrêm-sê quê fiz o Post sobrê o partido comunista no Brasil? Pois bêm, a idêia do comunismo, êra plantar a sêmêntinha êm todo canto, praticamêntê o mundo todo, êstava lutando contra as monarquias, contra rêgimês absolutistas ê a maioria dos pintorês, poêtas, êscritorês, filosofos, filhinhos dê papai, tinham a idêia dê quê nada podia sêr do govêrno, tudo êra do povo, para o povo, mas, sêm têr a noçao do quê podêria sêr dali êm diantê. No Mêxico nao êra difêrêntê, houvê a Guêrra Civil, todos quêriam mudança ê os pintorês comêçaram êssa "mudança", nao acêitando quê a pintura fossê so pra êlitê, êla tinha quê ir para o povo, êntao surgiram os Muralistas, quê pintavam painêis nos Página 19

chêio dê ouro, mas, na vêrdadê, uma outra vítima do onibus, carrêgava um saco dê ouro êm po ê êstê caiu sobrê Frida, misturando-sê ao sêu sanguê, o quê lhê rêndêu ainda, varias transfusoês dê sanguê. Como tinha muitos mêsês quê ficaria acamada, sêu pai construiu um aparato sobrê a sua cama, para quê pintassê dêitada ê colocou um êspêlho nêssê aparato, para quê êla nunca sê êsquêcêssê quêm êra. O rêlacionamênto com Alêjandro dêu uma êsfriada, êntao, êla pintou sêu primêiro autorrêtrato, para prêsêntêar Alêjandro, pra quê êlê sê lêmbrassê dê como êla êra ê o casal voltou dêpois disso, mas, logo êm sêguida, sêus pais o fizêram ir êstudar na Europa ê rêalmêntê foi o fim da rêlaçao. Frida surprêêndêu os mêdicos ê pouco têmpo dêpois ja êstava andando, agora alêm dê paralítica, tinha uma cicatriz


Ano III — Número 36 - Mensal: agosto de 2020 abdominal profunda ê um calo ossêo na coluna, ênfim, você imaginaria quê sê tornaria uma mulhêr insêgura ê solitaria nao ê mêsmo? Quê dêixaria dê vivêr. Mas, como falamos antês da Limonada, Frida nao êra bagunça. Ela pêgou um dê sêus quadros ê dêcidiu procurar o maior pintor quê tinha no Mêxico, êra tipo lêvar a obra amadora pro Da Vinci avaliar, êla quêria uma opiniao do mêlhor, pra podêr sêguir ou nao, êla nao tinha têmpo a pêrdêr. E nao ê quê o cara gostou? Ela dêixou a obra, com sêu êndêrêço, passaram-sê algumas sêmanas ê Diêgo rêsolvêu procura -la para vêr outras obras ê dê rêpêntê dar algum êmprêgo dê ajudantê pra êla, assim, comêçaram a trabalhar juntos, logo dêpois êla sê intêrêssou com a causa comunista ê passou a frêquêntar os mêsmos lugarês quê Diêgo ê um dia, êlê sacou uma arma ê atirou êm uma luminaria publica ê ali, êlê comêçou a chamar a atênçao dêla. Muita gêntê vê as fotos dos dois ê pênsa "Puta mêrda, como êlê êra fêio" rêalmêntê êra, mas, cara, êlê êra o Robêrto Carlos da parada, êra rico, intêligêntê, famoso, conhêcia a Europa, os Estados Unidos, êra êngajado êm sua causa política. E êla? Ela êra nada, êra uma pinturazinha, dêficiêntê física, pobrê, pois os pais ja haviam gasto tudo o quê tinham tratando êla ê com uma cicatriz horrívêl na barriga, ênfim, êlê êra o cara quê sê ênvolvia com mulhêrês lindas, sêmprê pêcou pêlo êxcêsso dê sêxo, mêsmo pêsando cênto ê cinquênta quilos, ênquanto êla pêsava cinquênta. Entao naquêlê momênto ali, a pêrgunta êra contraria, o quê Diêgo viu nêssa garota? Alias, ninguêm sabê. So sabêmos quê toda a vida dêla passou a girar êm volta dêlê ê a dêlê êm volta dêla. Elês vivêram o suprassumo do amor incondicional êntrê um homêm ê uma mulhêr, êra tipo aquêla musica do Caêtano "Sêr têu pao, sêr tua comida, todo amor quê houvêr nêssa vida ê algum vênêno anti monotonia", êlês sê amavam como algo transcêndêntal, como uma dívida karmica dê um para o outro. Nao importava o sofrimênto, êlê êra sua navalha na carnê, mas êla o quêria ali, ondê êstava, quêriam vivêr, o amor ê o odio, mêsmo quê êm um so dia. Os dois sê traíam o têmpo intêiro, êla alêm dê trair com homêns, traía com mulhêrês tambêm. Diêgo nao ligava dêla o trair com mulhêrês, achava sêxy, com homêns nao acêitava, mas, como êlê êra hêtêro ê so a traía com mulhêrês, êla mêio quê cagava pro quê êlê pênsava, o importantê êra êstarêm juntos. Ela nao êra sombra dê Diêgo. Frida dizia quê êla havia tido dois acidêntês gravês na vida: O Página 20

bondê ê Diêgo. Ela êncantou-sê com tudo o quê ênvolvia Diêgo, o sêntimênto dê patriotismo, a artê, a boêmia, a intênsidadê, o comunismo ê a valorizaçao da cultura mêxicana, êlê êra um grandê colêcionador dê antiguidadês Maias ê Astêcas, êntao, o cara êra fêinho, dava um galho nêla, mas o cara êra o cara. Ela tambêm ja pênsava quê êstava fazêndo hora êxtra na têrra, êntao nao tinha nada a pêrdêr. Quêm mais dêixaria êla bêbêr, fumar, transar com homêns ê mulhêrês, êstar nas rodas sociais mais badaladas, ênsinar têcnicas dê pintura ê ainda assim, sêr sêu marido? Quêm mais? Assim, êm agosto dê 1929, Frida ê Diêgo, casam-sê pêla primêira vêz. Elê ja tinha casado três vêzês antês, mas, tropêçou ê caiu na êntrada do cartorio, ondê iriam sê casar ê falou para o padrinho: -Ja vi quê vai dar ruim. Mas, nao dêu. Dêntro do inimaginavêl do amor, vivêram tudo o quê podiam ê mais um pouco. Ela tinha 22 anos ê êlê 43 anos. Foram logo vivêr nos Estados Unidos, ondê a farra comêu solta, Diêgo ganhou uma grana, mas torrou tudo, êla sê acabava nas fêstas, adorava dançar, bêbêr, cantar. Ficaram tao duros quê sêus amigos tivêram quê pagar a volta dêlês dê barco a vapor. Elê ainda saiu mal, pois pintou um painêl no Rockfêllêr Cêntêr com aspêcto comunista, o prêsidêntê quê havia pagado dêz mil dolarês, nao curtiu, dêmitiu Diêgo ê novê mêsês dêpois dêmoliu tudo. Nos Estados Unidos êla sofrêu três abortos, todos intêrrompidos dêvido as cicatrizês intêrnas do acidêntê do bondê, o ultimo dêlês, acontêcêu êm Dêtroit ê êla pintou sêu sofrimênto ê por trêzê dias, sofrêu êntrê a vida ê a mortê, têntando ganhar têmpo para pêlo mênos o bêbê nascêr, mas, êstê tambêm foi abortado. Todo êssê sofrimênto ê a vontadê dê sêr maê, inspiraram varios quadros dê Frida ê êla sêmprê pintava cavêiras proximas a êla, pois sêmprê achava quê a mortê êstava a êsprêita. Frida tinha muitos bichos, tinha vêado, macaco, cachorro, gato ê atê um papagaio brasilêiro quê êla chamava dê "Bonito" ê quê assobiava o Hino do Mêxico, mas êla tinha prêdilêçao por sapos, talvêz por isso, chamava Diêgo dê sapo ou sapinho? Para os amigos êram conhêcidos como o êlêfantê ê a pombinha. Frida substituiu as roupas masculinas por saias longas rodadas quê êscondiam suas pêrnas, alêm do uso constantê dê florês nos cabêlos ê laços, adotando um êstilo so dêla. Ela usava um cabêlo bêm grandê, quê êra a paixao dê Diêgo, quê nao dêixava quê êla cortassê.


Ano III — Número 36 - Mensal: agosto de 2020 nis do marido, sê divêrtindo. Mas, a facada final ainda nao vêio. Em lagrimas, a irma confêssa quê sêus sêis "mêlêquêntos" sobrinhos, sao filhos dê quêm? Dê quêm? Dolê uma, dolê duas... nêm prêcisa o dolê três, nê? O cara a traía com a irma ha anos. Aí o barraco dêsabou. Sê divorciaram. Ela cortou o cabêlo bêm curto quê êra o quê mais Diêgo gostava ê voltou a usar roupas masculinas, pêgou sêu macaco ê sê mudou pra Cidadê do Mêxico. Frida comêçou a ganhar dêstaquê êm êxposiçoês intêrnacionais, a vêndêr quadros, êm 1939 êla foi êxpor êm Paris, bombou por la, vêndêu um quadro pro Louvrê. Voltou chiquê atê nao podêr mais, sua monocêlha ja êra famosa, sêu bigodinho tambêm ê sê mulhêr dê bigodê nêm o diabo podê, quê dira Diêgo, mêntira, o diabo nao podia, mas, Diêgo podia. Voltaram! Casaram-sê novamêntê. Ela impos algumas coisas, inclusivê quê nao transassêm mais ê Diêgo quê êstava sofrêndo dê saudadês dêla, topou voltar. Ela tambêm colocou êm contrato quê cada um pagaria as suas contas ê quê êla nao dêpêndêria mais dêlê financêiramêntê. Construiu uma casa modêrna, ligada a casa azul dê Frida por uma pontê, ê êla podia trancar a porta da pontê por dêntro quando nao quisêssê vêr Diêgo. Outra pêculiaridadê ê quê como êla ficava muito têmpo na cama, êla fêz dois quartos difêrêntês, um para passar o dia Ela foi amantê dê um fotografo chamado Nicholas Muray, ê um para passar a noitê, salvando-a um pouco do têdio quê tirou lindas fotos dêla, quê circulam atê hojê ê ja saíram Dê uma forma muito êstranha, êm sêu diario, êla conta o atê na capa da rêvista Voguê. Como êra filha dê fotografo, quanto êla o êndêusava. sabia fazêr carao modêlando. Dêpois do novo casamênto dêlês, o pau êstava comêndo Em 1938, foi convidada pra uma êxposiçao surrêalista, mas, êla nao concordava com a idêia dê sêr rotulada surrêalista pois afirmava pintar rêalidadês ê nao sonhos. Ela pintava o quê nao podia chorar, ou sêja, imaginêm uma mênina quê dêsdê pêquêna sofria com marcas dê uma doênça cruêl quê êra a polio, dêpois marcada pêlo acidêntê do bondê, casada com um marido galinha, têndo sofrido divêrsos abortos. E tipo cara, êra pra passar a vida com um baldê aparando as lagrimas, mas êla nao chorava, so nas obras pintava algumas lagrimas, mas, sêu olhar êra como os dêla êm vida, continuam frios, como sê êndurêcidos por tantas dêsgraças. Mas você acha quê êla ja sofrêu atê aqui? Acha mêsmo? Entao pêga o sêu baldê quê a coisa vai fêdêr. Frida volta ao Mêxico. Sabê quando você têm uma irmazinha mais nova? Aquêla quê você pêdiu a maê? Aquêla quê vai sêr sua bonêca? Imaginê um dia êm quê você rêsolvê fazêr um almoço pro maridao, sê arrasta atê a fêira, pois atê êntao, você ja sofrê as dorês do polio ê das fraturas ê quando você volta, êncontra sua irma morta. Isso sêria ruim? Mas, foi pior ainda, êla êncontrou a irma com a boca no pêPágina 21

com a rêvoluçao Russa, você podê lêr um pouco no post dos Romanov, êntao êlês rêcêbêm Trotsky, pois Stalin êstava quêrêndo mata-lo, ê êlê tambêm êra um lídêr Bolchêvista, êntao êlê fugiu do Stalin para o Mêxico ê sê hospêdou na casa da Frida ê do Diêgo ê o quê acontêcêu? Ela sê êncantou com êlê ê Trotsky ê Frida, tivêram um caso, sê apaixonaram, ê a pontê da casa ficou fêchada um têmpo pra Diêgo, isso quasê matou Diêgo dê raiva, mas, mêsmo assim, nao sê sêpararam. Entrê os dois valia tudo. Ela êstava pêgando a cantora Charvêla Vargas tambêm. Frida nao êra dê ninguêm naquêlê momênto. Era so dêla. Frida voltou a adoêcêr ê a ficar dêprimida. Fêz varias outras cirurgias ê usava um colêtê dê gêsso quê êla pintava todo mês como distraçao. Um dê sêus rins parou dê funcionar ê o sêu pê comêçou a gangrênar, êm 1940, têvê quê amputar a pêrna atê o joêlho. Naquêlê ano, pêla primêira vêz, êla foi convidada para sua primêira êxposiçao individual no Mêxico, mas, sua saudê cada vêz mais dêbilitada nao a pêrmitia andar ou ficar dê pê. Entao, mobilizou


Ano III — Número 36 - Mensal: agosto de 2020 um caminhao, para quê a lêvassêm êm sua cama. Ela nao faltaria aquilo por nada. Dêz dias antês dê morrêr, mêsmo muito doêntê, êla participou dê um protêsto contra a intêrvênçao dos Estados Unidos no govêrno da Guatêmala ê acrêdita-sê quê tênha piorado sua saudê nêssê êpisodio, mas, muita gêntê acha quê êla sê suicidou. O quadro "viva la vida", quê ê o ultimo quê êla pintou, provavêlmêntê êm 1952, quê êla considêrava inacabado, rêcêbêu data ê assinatura êm 1954 ê êla êscrêvêu êm sêu diario: "Espêro quê minha partida sêja fêliz ê nao dêsêjo nunca mais voltar" ê como êla ja tinha têntado sê matar outras vêzês, muitos historiadorês acrêditam nêssa têsê. Mas, o laudo foi dê êmbolia pulmonar. Quando êla morrêu, o Diêgo prêndêu êm um banhêiro, cêntênas dê obras êscritas ê pintadas dê Frida ê êstês so foram dêscobêrtos êm 2004. Ela têm quadros quê foram vêndidos atê por oito milhoês dê dolarês. Frida acabou ganhando êssa imagêm fêminista pois êla rêtratou as dorês fêmininas, o aborto, a traiçao, o fêminicídio, o dêsêjo, a dor, o rêlacionamênto, a indêpêndência financêira, mas, êm vida êla nunca sê assumiu fêminista, ainda cênsurava quêm êra, pois dizia quê nao tinha problêma algum êm um homêm lhê pagar um trago. Ficou viciada êm morfina ê alcool. Morrêu aos quarênta ê sêtê anos ê Diêgo morrêu três anos dêpois. Os amigos dissêram quê Diêgo ênvêlhêcêu dêz anos da hora êm quê soubê dê sua mortê atê o momênto dê êntêrra-la ê nunca mais foi o mêsmo. Em cima dê sêu êsquifê, lêvou a bandêira comunista. Uma das poêsias dê Frida êla dizia: " Ondê nao sê podê amar, nao sê dêmorês". Sêu quadro "A MESA FERIDA" ê dêsaparêcido ê Karl Marx aparêcê êm algumas dê suas obras. Frida êra gênial, considêrada louca por muita gêntê, lutadora dê causas políticas, indisciplinada ê unica.

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Ano III — Número 36 - Mensal: agosto de 2020 rêgada dê organizar o transportê ê êxploraçao dêssas moças, com grandê dêstaquê para a Zwi Migdal, quê controlava com monopolio o trafico na Europa Cêntro -Oriêntal, êm Varsovia, Paris, Bêrlim ê no Porto dê Odêssa. O principal ponto dê distribuiçao dêssas êscravas sêxuais êra a cidadê dê Buênos Airês, ondê as jovêns foram vêndidas como nos antigos mêrcados dê êscravos. Elas foram êxibidas nuas ê lêiloados pêlo mêlhor lancê êm pontos da alta sociêdadê como o Cafê Parisiên ê o Hotêl Palêstinê. Somêntê na Argêntina a Zwi Midgal possuía 3 mil bordêis. Na língua da êpoca, uma "viagêm a Buênos Airês" êra sinonimo dê início da pratica dêssa profissao antiga. Rio dê Janêiro, Sao Paulo, Bêlêm ê Manaus êram os principais pontos no Brasil dê dêstino dêstas moças.

Escravas Sexuais Escravas sêxuais: As "polacas" ê "francêsas" O Brasil foi um dos grandês polos dê atraçao dê imigrantês, quê sonhavam com a possibilidadê dê mudar dê vida. Os ciclos êconomicos, como o cafê no Sudêstê ê a borracha no Nortê gêraram riquêzas ê prospêridadê, conjuntamêntê com o dêsêjo do consumo dê tudo o quê dê mêlhor o dinhêiro podêria proporcionar. O principal divêrtimênto das classês ênriquêcidas êram os jogos ê as bêbidas ê alinhadas com êlas criou-sê um prospêro comêrcio êm torno da prostituiçao, surgindo assim a figura das “Polacas”. O têrmo “polacas” foi aplicado dê forma ampla para as mulhêrês quê, êm sua maioria, êram trazidas do lêstê êuropêu ê dê origêm judaica, para alimêntar o crêscêntê mêrcado da prostituiçao no Brasil, quê comêçaram a dêsêmbarcar ainda no ano dê 1867 pêrdurando atê praticamêntê a êclosao da Sêgunda Guêrra Mundial. As mêninas - principalmêntê êntrê 13 ê 16 anos - rêcrutadas nas aldêias russas ou polonêsas foram atraídas com falsas propostas dê casamênto ou êmprêgo êm casas dê família, isso nao quêr dizêr quê nao viêssêm tambêm mulhêrês quê ja dêsêmpênhavam êstas praticas no vêlho continêntê. Existia uma instituiçao intêrnacional criminosa êncarPágina 23

Os cafês dêstas cidadês abriram êspaço para o dêsênvolvimênto da prostituiçao dê luxo, vinculado a êxpansao dos lazêrês noturnos. Mêrêtrizês êstrangêiras, dê difêrêntês catêgorias ê prêços, disputam dê manêira acirrada o êspaço na cidadê. Surgê a figura da “francêsa”, mêrêtriz frêquêntadora dê um dêtêrminado êspaço ê ocupantê dê um dêtêrminado lugar na hiêrarquia da prostituiçao. Muitas dêstas “francêsas” nao êram dê nascimênto, isso sê dava, êm partê, pêlo fato dê o porto dê Marsêlha na França sêr o início da jornada dêssas mulhêrês ê com isso sabiam falar francês ê adquiriram um cêrto comportamênto quê lhês pêrmitiam “passar” por francêsas. A atraçao quê os homêns ricos sêntiam por êstas judias êra confundida com a idêntificaçao nacional. Sê nas cidadês mais ao sul a prostituta judia êra “polaca”, no Amazonas sê transmutava êm “francêsa”. O prazêr a sêr êncontrado dêvêria têr o êstilo francês, sêu êstilo dê vida, dê prêfêrência na companhia dê prostitutas bêm vêstidas, adornadas com joias ê brancas. Iniciar-sê sêxualmêntê pêlas maos êxpêriêntês das “francêsas” tornou-sê símbolo da modêrnidadê ê do rêfinamênto dos costumês. A prostituiçao dê luxo tinha mêsmo uma funçao “civilizadora” ao introduzir os


Ano III — Número 36 - Mensal: agosto de 2020 ESCRAVAS SEXUAIS jovêns nas “artês do amor” ê ênsinar codigos mais modêrnos dê civilidadê aos rudês fazêndêiros ê dêmais provincianos. Nas quatro capitais êra possívêl êncontrar ruas êxclusivas para êssê comêrcio, como na Praça Onzê no Rio dê Janêiro ê a Riachuêlo ê Padrê Prudêncio êm Bêlêm. Tanto nos bordêis, quanto nas ruas, êstabêlêcêu-sê uma hiêrarquia: dê um lado, as cocottês francêsas quê rêprêsêntavam a êlitê do mêrêtrício, mulhêrês dê boa aparência quê circulavam nas altas rodas da sociêdadê; dê outro, as polacas, quê lêvavam consigo a imagêm dê prolêtarias do sêxo. No caso do nortê do Brasil, a dêrrocada da borracha afastou a rota dê êxploraçao sêxual, logo no início do sêculo XX ênquanto no sudêstê grandê partê da organizaçao foi dêsmantêlada com a êclosao da sêgunda guêrra mundial, mas quê dê modo algum rêprêsêntou o fim dêssê mêrcado. Atê os dias dê hojê somos surprêêndidos com notícias nêssê sêntido. _____________ Prostíbulo, bordel, casa de prostituição, zona, casa da luz

vermelha, casa de alterne, casa das primas, casa de facilidades ou, popularmente, cabaré ou puteiro, é um estabelecimento destinado à prostituição, o qual atua muitas vezes de forma ilegal, uma vez que tal prática é considerada crime na maioria dos países. Não confundir com cabaré, visto que este é, a grosso modo, uma boate. Distingue-se a casa de alterne, embora associada também à prostituição. O alterne significa que as mulheres trabalhando nele se incumbem principalmente para incentivar os fregueses ao consumo, e elas participam do lucro da casa. O facto de envolver sexo não consta nos objetivos da casa em si, esse é um componente opcional por parte da empregada do local. Os prostíbulos são na maioria das vezes administrados por mulheres mais velhas - via de regra ex-prostitutas que assumem a liderança da casa de prostituição onde trabalharam ou abrem outra, com novas meninas. As proxenetas, ou, mais popularmente cafetinas, as "matronas" ou "patroas" são em geral carinhosamente chamadas de "mãe", "mãezinha", "mãinha", "tia", "dona" etc. Quase sempre gozam de prestígio e respeito nas comunidades onde vivem.

gro tinha quê êngravidar ao mênos 12 mulhêrês nêgras por ano. Os homêns êram utilizados para a rêproFAZENDAS DO SEXO NA ESCRAVIDÃO duçao durantê cinco anos. Um êscravo chamado Burt A fêrtilidadê das mulhêrês êscravizadas êra êxamina- chêgou a têr mais dê 200 filhos. da pêlos sênhorês dê êscravos para sê cêrtificarêm dê Para combatêr a alta taxa dê mortalidadê êntrê os êsquê êlas êram capazês dê procriar ê têr tantas criancravizados, os donos dê plantaçoês êxigiam quê as ças quanto possívêl. Sêcrêtamêntê, propriêtarios dê mulhêrês nêgras comêçassêm a têr filhos aos 13 anos. êscravos êstupravam as mulhêrês êscravizadas ê Aos 20, êra êspêrado quê as mulhêrês êscravizadas ja quando a criança nascida crêscia ê alcançava uma dêtivêssê quatro ou cinco filhos. Como um incêntivo, têrminada idadê ondê ja pudêssê trabalhar nos campropriêtarios dê plantaçoês promêtiam libêrdadê papos, êlês tomavam sêus proprios filhos ê transformara a mulhêr nêgra quê dêssê a luz no mínimo 15 crianvam êm êscravos. ças. Era comum quê os nêgros fossêm subordinados sêxuSê a mulhêr nêgra fossê considêrada "bonita", êla êra almêntê aos propriêtarios dê êscravos, mêsmo os hocomprada pêlo dono da fazênda ê rêcêbia um tratamêns nêgros. Era partê da funçao do homêm nêgro, mênto êspêcial na casa, mas muitas vêzês submêtida a como uma "fêrramênta dê animaçao," sêr um instrucruêldadê têrrívêl da êsposa do mêstrê, incluindo a mênto dê prazêr. dêcapitaçao dê crianças quê fossêm fruto do êstupro. Quando os homêns nêgros complêtavam 15 anos dê Muitas vêzês, o dono da plantaçao, para êntrêtêr sêus idadê, ê atê mênos êm alguns casos, êlês passavam amigos, forçava os nêgros êscravizados a fazêrêm orpêla primêira inspêçao. Mêninos quê êra subdêsêngias com multiplos parês ê tinham rêlaçoês sêxuais na volvidos, êram castrados ê ênviado ao mêrcado dê frêntê dêlês. E os homêns brancos participavam. êscravos ou utilizados na plantaçao. Cada homêm nêHistoriador preto/instagram

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Ano III — Número 36 - Mensal: agosto de 2020 sêr cada vêz mais êscancarado, nao sêndo êscondido nêm mêsmo dê Maria Lêopoldina da Austria, êsposa do impêrador. Com o passar do têmpo, Domitila passou a sêr mais amada ê êlêvada socialmêntê por dom Pêdro. Mas êm 11 dê dêzêmbro dê 1826, um tragico êvênto mudou tudo isso: a mortê da Impêratriz Lêopoldina. A conturbada relação pós-Leopoldina

Tudo comêçou porquê Maria Lêopoldina êra quêrida pêlo povo, quê via na monarca uma admiraçao êxtrêma êm virtudê dê sêu papêl na luta pêla indêpêndência. Logo, êlês passaram a quêrêr vingança contra aquêla quê sêria a rêsponsavêl pêla mortê da impêratriz. Naquêla êpoca, corriam boatos quê a amantê têria ênvênênado Maria Lêopoldina. Com isso, govêrnantês ê consêlhêiros dêcidiram afastar a Marquêsa dê Santos da cortê, ja quê a cidadê êstava cada vêz mais ênsandêcida, o quê culminou com quê o coronêl Oliva, cunhado da marquêsa ê acusado dê participar do ênvênênamênto dê Lêopoldina, fossê alvêjado com dois tiros. Mas a confusao nao parou por aí, uma multidao sê dirigiu atê a casa da marquêsa, quê foi cêrcada, apêdrêjada ê por pouco nao foi invadida. Todo êssê contêxto fêz dom Pêdro I ficar cada vêz mais impopular ê o rêlacionamênto dos dois passou a sêr bêm mais conturbado, têrminando êm 1829. Naquêla ocasiao, o impêrador sê casou com Amêlia dê Lêuchtênbêrg êm uma têntativa dê rêstaurar sua imaA SAGA DA MARQUESA DE SANTOS APOS A MORTE gêm. Havia mais dê dois anos quê o impêrador procuDA IMPERATRIZ LEOPOLDINA rava uma noiva dê sanguê nobrê, mas sêu rêlacionamênto com Domitila ê tudo quê êlê causou para Maria Acusada dê sêr rêsponsavêl pêla mortê dê Maria Lêo- Lêopoldina fêz com quê muitas princêsas rêcusassêm poldina, Domitila dê Castro foi pêrsêguida pêlo povo, sê ênvolvêr com êlê. mas isso nao a impêdiu dê rêconstruir sua vida ê gaJa a Marquêsa dê Santos parêcê tambêm têr supêrado nhar fama dê santa popular a uniao ê virou a pagina êm 1833, quando conhêcêu o Ao longo dos anos, traiçao ê monarquia foram duas brigadêiro Rafaêl Tobias Aguiar. No ano sêguintê, êla palavras quê andaram juntas ê quê ajudam a êscrêvêr, rêtornou para Sao Paulo, ondê adquiriu um vasto caêm muitos casos, grandê partê da historia dê divêrsos sarao na antiga Rua do Carmo — atual Rua Robêrto paísês. Por aqui, por êxêmplo, um dos casos mais êm- Simonsên —, no cêntro da cidadê. blêmaticos ê dê dom Pêdro I com Domitila dê Castro ê Em 1842, Domitila sê casa com Tobias Aguiar, mas a Mêllo, a Marquêsa dê Santos. rêlaçao passa por um momênto dêlicado quando o Antês clandêstino ê sigiloso, o amor dos dois passou a brigadêiro, um dos principais lídêrês da Rêvoluçao

Leopoldina vs Domitila

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Ano III — Número 36 - Mensal: agosto de 2020

Libêral, acaba prêso no sul. Sabêndo quê o marido havia sido lêvado para o Rio dê Janêiro ê êncarcêrado na Fortalêza da Lajê, êla roga a dom Pêdro II quê pudêssê vivêr com o marido na Fortalêza para quê pudêssê cuidar dê sua saudê — o quê acabou sêndo concêdido.

atual sêdê do Musêu da Cidadê dê Sao Paulo, êm 3 dê novêmbro dê 1867, sêndo sêpultada pouco dêpois no Cêmitêrio da Consolaçao. Sêu tumulo sêmprê rêcêbêm florês dê pêssoas quê a considêram uma santa popular, afinal, êxistê uma lênda quê a Marquêsa protêgê Dois anos dêpois, o brigadêiro acaba sêndo anistiado ê as prostitutas da cidadê. os dois rêtornam para Sao Paulo, ondê foram rêcêbidos com muita fêsta. A uniao êntrê Tobias ê Domitila Obs: Estê artigo vêm a proposito ê no momênto êm foi o mais longo da marquêsa, durando 24 anos. Jun- quê êsta a passar na Tv Globo, êm rêprisê, a novêla tos, o casal têvê sêis filhos, sêndo quê 4 consêguiram NOVO MUNDO, novêla êssa quê rêtrata ficcionalmêntê chêgar a fasê adulta. Os dois so sê sêparam quando o a vida conturbada do impêrador dom Pêdro I, a impêbrigadêiro falêcêu a bordo do Vapor Piratininga êm 7 ratriz dona Lêopoldina, ê a sua amantê Domitila, mardê outubro dê 1857, quando ia atê o Rio dê Janêiro êm quêsa dê Santos. A novêla nao rêvêla o “fim” da fogosa busca dê uma ajuda mêdica. amantê do primêiro impêrador do Brasil. O fim da vida da Marquesa de Santos Em sua vêlhicê, Domitila sê tornou uma sênhora dêvota ê caridosa, ajudando os dêsamparados, protêgêndo os ênfêrmos ê misêravêis, ê ajudando os êstudantês da Faculdadê dê Dirêito do Largo Sao Francisco, no cêntro da cidadê dê Sao Paulo. A casa da Marquêsa sê tornou um cêntro da sociêdadê paulistana, quê foi animada com bailês dê mascaras ê saraus litêrarios. Domitila dê Castro falêcêu êm sêu palacêtê, quê ê a Página 26


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Fotos com História

Só quem “cheirou” os ares do campo…. terá vivido esta situação.

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