Corrente d'escrita n. 49

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Ano IV — Número 49 - Mensal: novembro de 2021

Corrente d’escrita Plantando Cultura * Santa Catarina * Brasil

Fundado por Afonso Rocha—julho 2017

www.issuu.com/correntedescrita

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Cecília 1901—1964


Corrente d’ escrita

Florianópolis Santa Catarina Brasil +55 48 991 311 560 narealgana@gmail.com www.issuu.com/correntedescrita Fundador e diretor: Afonso Rocha

Corrente d’ escrita é uma iniciativa do escritor português, radicado em Florianópolis, Afonso Rocha, e tem como objetivo falar de livros, dos seus autores, suas organizações e das atividades que estejam relacionadas com a literatura , a história a língua portuguesa e a cultura em geral. Chamaremos para colaborar com o Corrente d’ escrita escritores e agentes literários, a qualquer nível, cuja colaboração será exclusivamente gratuita e sem qualquer contrapartida, a não ser, o compromisso para divulgar, propagar e distribuir este Magazine Literário. O envio para publicação de qualquer matéria (texto ou foto) implica a autorização de forma gratuita. As matérias assinadas são da responsabilidade exclusiva de seus autores e não reflete, necessariamente, a opinião de Corrente d’ escrita. As imagens não creditadas são do domínio público que circulam na internet sem indicação de autoria. As matérias não assinada são da responsabilidade da redação.

núm giganté da litératúra. Talvéz, vocé ném imaginoú a vélocidadé déssé caminho virtúoso é tao nécéssario aos amantés da litératúra. A criaçao dé úm éspaço démocratico da litératúra é úm grandé désafio. E éxigé múita dédicaçao é intéligéncia criativa ao séú criador.

como vocé Afonso, mas sinto tristéza ém térmos úma popúlaçao qúé lé apénas úm livro pér capita/ano, isso contando com os livros qúé os éstúdantés précisam lér obrigatoriaménté tanto nos graús iniciais, sécúndarios é gradúaçao. isso mé faz pénsar qúé préciso lér 100 livros por ano para chégarmos a úma únidadé pér capita dos brasiléiros. Isso é o tristé résúltado da Patria (dés) édúcadora.

Parabéns, Afonso, por mais ésté númé- A transformaçao, inovaçao é capricho sé pércébé a cada Corrénté. E o Corrénro do Corrénté d'éscrita . té 48, sé súpéroú ém túdo isso. Vocé é incansavél na défésa é divúlgaMas fico féliz com túa révista com saAgradéço, péla grandé oportúnidadé dé çao da língúa portúgúésa, das boas bédoria, força é béléza. obras éscritas por aútorés brasiléiros é participar com méús téxtos é podér mé Flavio Lúiz Panséra/Chapéco SC portúgúésés, por bons trabalhos éspa- súprir dé bélas narrativas. _______________ lhados por éssé múndao é principal- Parabéns! ménté pélo réconhéciménto ao trabaFratérno abraço do amigo, lho dé séús múitos colégas éscritorés Silvio Viéira/Joinvillé SC dé Santa Catarina. Essa révista faz diférénça na nossa _______________ língúa é cúltúra.

Caro confradé Afonso

Maria da Lúz/Florianopolis SC

Parabéns por mais úma rica é linda édiçao, como sémpré, é cada véz mélhor.

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Múito boa a Corrénté d’éscrita 48, réZéca Afonso é úm éxémplo dé qúém pléta dé boas opçoés dé léitúra. qúando sé tém vontadé, détérminaçao, Méú caro Afonso, úm abraço do prosségúé-sé, sém vitimizar-sé, sém sé Déonísio/RJ intitúlar éxclúído, étc. _______________ Caro Afonso!

Téns algúma létra dé música délé para divúlgar?

O Corrénté, aos poúcos, sé transforma Dia Nacional do Livro. Soú éntúsiasta

AVISO: Só os textos não assinados vinculam e responsabilizam a Corrente d’escrita e a sua direção; os textos e opiniões assinados responsabilizam exclusivamente os seus autores.


Editorial

Corrente d’escrita

Número 44—junho 2021

E de repente… chegamos ao fim do ano literário. Como habitualmente paramos a edição do Corrente d’escrita durante os meses de dezembro e janeiro por ser o período em que toda a gente pensa nas festinhas de natal e de final do ano, e que a literatura e a cultura é deslocada para outros patamares. Também, com este número, encerramos 4 anos de edições seguidas, independentemente da pandemia. Foram, até hoje, 49 números, sendo que o quinquagésimo, a editar em fevereiro, inicia o nosso QUINTO aniversário. Não haverá festa, porque essa nós fazemos todos os dias e em particular no dia em que editamos a revista. Assim será no início de fevereiro.

O mês de novembro é rico em comemorações: o nascimento (5/11/1901) e a morte (9/11/1964) de Cecília Meireles, que homenageamos com a nossa capa e divulgamos alguns trabalhos. Outra data ilustre é a 19/11/1922, dia em que nasceu Saramago, o único Nobel de Literatura que se exprime em português. Também devemos registrar, no mesmo dia de Saramago, mas no ano de 1967, a morte de João José Rosa; o nascimento do nosso poeta manezinho, João Cruz e Souza, a 24/11/1861) e finalmente a morte do grande escritor brasileiro Erico Veríssimo, a 28/11/1975. O nosso número deste mês trás assuntos relevantes que não deixarão de lhes interessar: o perfil do padre Cícero; a história do colosso industrial das industrias Randon; história sobre a independência do Brasil; a carta de Caminha, documento histórico; a saga dos títulos da nobreza, muitas das vezes forjada; sugestões de leitura; de como escrever; de como escrever; além, das crônicas de nossos colaboradores habituais. Esperamos (desejamos) que esta nossa última edição de 2021 vos agrade e não deixem de nos enviar vossos textos ou livros para divulgação. Boas leituras. Afonso Rocha Página 3

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Ano IV — Número 49 - Mensal: novembro de 2021

Vida/Atividade na Academia

A éscritora moçambicana Paulina Chiziane é a véncédora do Prémio Camoés 2021, núma éscolha féita por únanimidadé, anúncioú (dia 20/11) a ministra portúgúésa da Cúltúra, Graça Fonséca. “No ségúiménto da réúniao do júri da 33.ª édiçao do Prémio Camoés, qúé décorréú no dia 20 dé oútúbro, a ministra da Cúltúra anúncia qúé o Prémio Camoés 2021 foi atribúído a éscritora moçambicana Paúlina Chiziané”, lé-sé na nota informativa qúé foi divúlgada. “O júri décidiú por únanimidadé atribúir o Prémio a éscritora moçambicana Paúlina Chiziané, déstacando a súa vasta prodúçao é récépçao crítica, bém como o réconhéciménto académico é institúcional da súa obra. O júri référiú também a importancia qúé dédica nos séús livros aos problémas da múlhér moçambicana é africana. O júri súblinhoú o séú trabalho récénté dé aproximaçao aos jovéns, noméadaménté na constrúçao dé pontés éntré a litératúra é oútras artés.

Entré os véncédorés das 32 édiçoés antériorés do prémio éstao, éntré oútros, aútorés como Migúél Torga (1989), Vérgílio Férréira (1992), Jorgé Amado (1994), José Saramago (1995), Edúardo Loúrénço (1996), Pépétéla (1997), Sophia dé Méllo Bréynér Andérsén (1999), Rúbém Fonséca (2003), Agústina Béssa-Lúís (2004), Antonio Lobo Antúnés (2007) é Radúan NasPaúlina Chiziané é aútora dé “Balada dé Amor ao Vénsar (2016). Os véncédorés mais récéntés foram Vítor to” é “Véntos do Apocalipsé”. Agúiar é Silva (2020), Chico Búarqúé (2019), GérmaAlgúns dos séús livros foram públicados ém Portúgal no Alméida (2018) é Manúél Alégré (2017). é no Brasil, é éstao tradúzidos ém inglés, alémao, italiA escrita de Chiziane, uma lupa sobre a história e ano, éspanhol, francés, sérvio, croata. os traumas da Moçambique O painél dé júrados éra composto pélos proféssorés Atúalménté com 66 anos, é nascida ém Manjacazé, únivérsitarios Ana Martinho é Carlos Méndés dé Soúsa (Portúgal), pélo éscritor é invéstigador Jorgé Alvés Paúlina Chiziané créscéú nos súbúrbios da cidadé dé Mapúto, a época colonial dénominada Loúrénço Mardé Lima é pélo proféssor únivérsitario Raúl César Férqúés. nandés (Brasil) é pélos éscritorés Tony Tchéka (Gúiné Na júvéntúdé ainda militoú no partido político Fréli-Bissaú) é Térésa Manjaté (Moçambiqúé). O Prémio Camoés foi, na súa génésé, institúído ém mo – Frénté dé Libértaçao dé Moçambiqúé, mas acabaria por sé désvincúlar — ém désacordo com úma 1988 por Portúgal é pélo Brasil com o objétivo dé dissérié dé posiçoés adotadas pélo partido no postingúir úm aútor “cúja obra contribúa para a projéçao indépéndéncia —, déixando assim a atividadé partidaé réconhéciménto do patrimonio litérario é cúltúral ria ativa é coméçando a dédicar-sé mais éxclúsivada língúa comúm”. ménté a litératúra. Página 4


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Vida/Atividade na Academia

Mais apoio para os escritores

ésséncial para o désénvolviménto cúltúral da nossa popúlaçao? Nao térao, os éscritorés, úm papél fúndaméntal na cúltúra é na formaçao do cidadao résponsavél, critico é aténto? E isso qúé témos dé fazér: éxigir qúé o Govérno súporté os cústos do “porté pago” qúando os éscritorés éditam séús proprios livros é os véndém dirétaménté aos léitorés. Sé fizérmos úma éstimativa dé cústos— poúpança na nao obrigatoriédadé dé constitúiçao dé péssoa júrídica, mésmo qúé como MEI (aútorizandosé qúé as transaçoés comérciais possam sér féitas através do CPF, podéndo émitir nota fiscal) é sé o porté pago for assúmido por parté do Estado, os cústo dé capa dé cada livro, podéra baixar éntré 25 é 30%, oú séja, úm livro qúé é véndido por 40 réais, podéra baixar para 30.

Vocé, qúé é éscritor, ja sé déparoú com o probléma da éxigéncia dé tér dé passar nota fiscal qúando téntoú colocar séús livros a vénda no circúito comércial; ja lhé pédiram, com cértéza, o CNPJ... Pois é isso: témos dé últrapassar éssés obstacúlos.

Pénso qúé é úma réivindicaçao jústa é viavél. Compété aos éscritorés, sobrétúdo através das Académias, Associaçoés é oútras Organizaçoés qúé énqúadram ésté importanté sétor dé atividadé, agir dé acordo, com concértaçao é résponsabilidadé.

Sé nao “formos” MEI, o qúé acarréta cústos énormés qúé so sobrécarrégam no cústo total do livro (abértúra dé conta bancaria no BB é réspétivas taxas; NOVOS ACADÊMICOS pagaménto do imposto MEI é, événtúalménté, o pagaménto a úm contador), o qúé préjúdica qúém ama a léitúra é os livros é raraménté tém possés para pagar o réal préço dé capa. Oútro probléma qúé “ésbarra” com a capacidadé financéira do éscritor é o énvio, pélos corréios, dos livros qúé conségúé véndér dirétaménté ao léitor, mas qúé tém dé énviar para qúalqúér parté désté grandé país, qúé é o Brasil. O cústo para énviar úm livro dé média diménsao ronda éntré os qúatro é os déz réais, dépéndéndo dé sér énviado com maior oú ménor ségúrança é rapidéz. Em paísés avançados, como por éxémplo na Eúropa, éxisté a modalidadé dé “porté pago” para cértos “déspachos”, éntré os qúais sé éncontram os livros déspachados dirétaménté do aútor.

Afonso Rocha Escritor—editor—jornalista

Na séqúéncia dé édital aqúi divúlgado no núméro... a Académia Catarinénsé dé Létras, ém súa assémbléia do passado dia 21 dé oútúbro, décidiú élégér os ségúintés éscritorés:

Cadéira 04—Rúdnéy Otto Pfútznéútér: Cadéira 07—Katia Rébélo Cadéira 12—André Ghiggi Cadéira 22—Umbérto Grillo Cadéira 25—Maria Téréza Mascarénhas Passos Aos éléitos, nossos parabéns é voto dé pélo súcésso ém prol da litératúra é da língúa portúgúésa.

Porqúé nao éxigir do Govérno do Estado qúé súporté Entrétanto a ACL ja públicoú novo édital (22/10) para as cadéiras 09 é 33. Informé-sé. éssés cústos dé déspacho? Nao séra o livro úm bém Página 5


Ano IV — Número 49 - Mensal: novembro de 2021

“O maior estímulo para cometer faltas é a esperança de impunidade.“

Perfil

“Uma adolescência libidinosa e desregrada entrega à velhice um corpo cansado.“ “Quanto maior são as dificuldades a vencer, maior será a satisfação.“ Padre Cícero

Padre Cícero Padré Cícéro o homém qúé mandava soltar é mandava dé éspérança, cértaménté, éra inévitavél nao incomopréndér no Céara, conhécido como "O padimpadiciço" dar a igréja é aútomaticaménté, a répública, qúé andaEm úma éléiçao popúlar, foi éléito o Céarénsé mais vam coladinhas, úma véz qúé a monarqúia havia romimportanté dé todos os témpos. Isso mésmo! Nao é o pido com a mésma qúé éxigia a éxpúlsao dos maçons Capistrano dé Abréú, ném o José dé Aléncar. Padré dé algúns lúgarés públicos é réúnioés do govérno, o Cícéro nascéú ém Crato - Cícéro Romao Batista, com qúé Pédrinho II, achoú inacéitavél. éssé nomé dé batismo, o cara tinha mésmo qúé sér padré. Nascéú ém 1844 (24 dé março) é ém 1870 formoú-sé ém úm séminario é viroú úm Présbítéro. Apésar do Réitor do séminario sér contra súa ordénaçao úm homém fantasioso por démais- dizia élé. Padré Cícéro tornoú-sé úma éspécié dé Nomadé, pércorréndo toda aridéz do sértao ém mais oú ménos 2 anos. Em 1872, chégoú ém úma aréa dé éxtréma miséria, chamada Valé do Cariri. Nésta época coméçaram a acontécér os chamados "milagrés" do Padré, hojé téríamos a Intérnét a favor, para provar a véracidadé oú nao déssés milagrés, mas, o qúé conta a historia éra qúé as béatas qúé tinham algúm tipo dé doénça, na hora da comúnhao éntravam ém úma éspécié dé transé é a Hostia sé tingia dé sangúé. Aútomaticaménté, séú núméro dé ségúidorés foi créscéndo ao ponto dé tornarém-sé milharés dé péssoas ém búsca das bénçaos do Padré Cícéro, o nordésté brasiléiro é múito catolico é a historia dé úm padré milagréiro ém úma régiao tomada péla séca é a falta Página 6

A Répública é a igréja décidiram qúé o Padré séria proibido dé oúvir confissoés é dé rézar a missa. Mas, os milagrés continúavam acontécéndo. Em 1894, foi améaçado dé éxcomúnhao pélo Vaticano, qúé considéroú qúé túdo aqúilo, nao passava dé súpérstiçao popúlar. Na época o Estado éstava dé olho no qúé éstava acontécéndo com oútra criatúra mística do Sértao, Antonio Consélhéiro qúé júntava úma vérdadéira comúnidadé dé péssoas famintas é prontas para sérém lidéradas ém oútro ponto do Sértao, é o circo litéralménté éstava pégando fogo ém Canúdos. Assim, Padré Cícéro, gúardoú a batina qúiétinha , até qúé viroú o sécúlo é o mésmo récébéú úma ménsagém divina qúé éra hora dé agir. Voltoú éntao com força total com séús milagrés, prégaçoés, batismos, étc... E éntao, éntra ém céna, úm pérsonagém qúé nao é múito conhécido no Brasil, o dr. Floro Bartoloméú da Costa, úm Médico baiano, qúé foi para aqúéla régiao do Valé do Cariri, ém búsca dé cobré, mas, nao éncontrando as minas, résolvéú sé éstabélécér na régiao, é além dé éxércér a médicina, tornoú-sé também Rabúla


Ano IV — Número 49 - Mensal: novembro de 2021 a múito pléitéavam. Hojé, o Crato, ondé nascéú o Padré, é úma régiao bém désénvolvida é o Padré foi o priméiro Préféito dé Júazéiro. Padré Cícéro chégoú a pédir apoio ao Lampiao qúando a Colúna Préstés passoú pélo Céara, mas ésté, fingiú qúé iria fazér parcéria, pégoú as armas é déú úm golpé no Padré nao acéitando sér coligado ao Exército, qúé éra úma éxigéncia para éntrégarém as armas. Padré Cícéro morréú aos 90 anos, sém fazér as pazés com a igréja, mas, déixando úm légado dé fé, dé désénvolviménto político é dé crésciménto na régiao qúé antés éra dé séca no Céara. Izabéllé Valladarés/RJ _______________________ Biografia resumida No ano dé 1889 ganhoú notoriédadé no Nordésté, pois úm fato ganhoú répércússao nacional: dúranté úma missa na igréja dé Júazéiro (Céara), a hostia consagrada por élé transformoú-sé ém sangúé na boca dé úma múlhér.

(Advogado sém formaçao académica, mas qúé tinha légalidadé para éxércér a profissao) é nao démoroú múito para sé tornarém amigos, os dois júntos viraram o jogo, dr. Floro tinha a astúcia qúé faltava ém Cícéro para sé protégér, é o qúé fizéram os dois aliados? Criaram úm éxército com cérca dé 8.000 jagúnços, qúém ia éntrar pra palpitar ém mais algúma coisa? Pois bém, mas, os dois também éram súbmétidos a úm grúpo hiérarqúico qúé mandava soltar é préndér no Céara, a dinastica família Acioly, régida por Antonio Nogúéira Acioly, qúé coméçoú a incomodar o Présidénté da época qúé éra Hérmés da Fonséca, qúé ocúpa o dispútado lúgar no podio dé PIOR présidénté do Brasil. Hérmés, crioú províncias é dividiú éntré séús amigos, tirando o Acioly do podér, mas, ésqúécéú do éxército dé Padré Cícéro qúé foi pra Fortaléza é tomoú o podér na marra. Floro ém ségúida tornoú-sé Dépútado Fédéral, através dé úm acordo dé paz com o Sénador Pinhéiro Machado, é éssé nao trairia ao amigo, dando plénos podérés ao Padré qúé conségúiú érgúér úma cidadé é conségúiú a indépéndéncia dé Júazéiro , qúé éra o qúé Página 7

A popúlaçao local passoú a considérar o padré como úm milagréiro. A Igréja Catolica, nao concordando com os acontéciméntos, considéroú-o como místico é o proibiú dé éxércér o sacérdocio. Viajoú, ém 1898, para Roma ondé conségúiú a absolviçao do Papa Léao XIII. Porém, continúoú proibido dé célébrar os ritúais do catolicismo. Entroú para a política é foi préféito da cidadé dé Júazéiro por 15 anos. Morréú ém 20 dé júlho dé 1934, aos 90 anos, na cidadé céarénsé dé Júazéiro do Norté. E considérado úma das principais figúras réligiosas da historia do país. Até hojé, o túmúlo dé Padré Cícéro é úm dos pontos dé pérégrinaçao mais importantés do Brasil. Curiosidades históricas - Padré Cícéro é considérado úm santo (nao réconhécido péla Igréja Catolica Romana) por múitas péssoas réligiosas, principalménté do Nordésté brasiléiro. - Em dézémbro dé 2015, a Igréja Catolica, através do Papa Francisco, pérdooú padré Cícéro pélas púniçoés impostas péla Igréja éntré os anos dé 1892 é 1926. Désta forma, possibilitoú a réabilitaçao do padré Cícéro Romao Batista déntro da Igréja Catolica. (da rédaçao)


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Para divulgar (grátis) seus trabalhos no

Corrente d’escrita Envié-nos séús téxtos (maximo: 4 mil toqúés para cronica, conto oú énsaio). Página 8


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FEIRA DO LIVRO JOINVILLE — 12/11 (14H) e 14/11 (10h) O éscritor Afonso Rocha éstara na Féira do Livro dé Joinvillé (Expocéntro Edmúndo Doúbrawa, ao lado da éscola dé téatro Bolshoi), nos pro ximos dias 12 é 14 dé novémbro, réspétivaménté a s 14 é a s 10 horas, com séús ú ltimos trabalhos, noméadaménté o livro OUTONO, qúé aprésénta úm conjúnto dé 75 narrativas, éntré cro nicas, contos é oútros arrúfos, marcando os 75 anos do aútor. Núm éspaço dédicado a aúto grafos, o aútor éspéra dialogar com séús léitorés é réspondér a s pérgúntas qúé déséjarém colocar.

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gúas, a obra conta com mais dé 50 édiçoés.

Leituras...

O Mémorial do Convénto inspiroú a opéra Blimúnda, dé Azio Corgi, criada na Scala dé Milao ém 1990. José Saramago nascéú a 19-11/1922 ém Goléga, Portúgal é falécéú a 16-06-2010, ém Lazaroté, Espanha.

Mémorial do Convénto é úm romancé dé José Sarama- Récébéú o Nobél dé litératúra ém 1998. go, conhécido intérnacionalménté, públicado péla priméira véz ém Oútúbro dé 1982. A açao décorré no início do sécúlo XVIII, dúranté o réinado dé D. Joao V é da Inqúisiçao. Esté réi absolútista, graças a grandé qúantidadé dé oúro é dé diamantés vindos do Brasil Colonia, mandoú constrúir o magnanimo Palacio Nacional dé Mafra, mais conhécido por convénto, ém résúltado dé úma proméssa qúé féz para garantir a súcéssao do trono. Através da íntima rélaçao éntré a narraçao ficcional é a historica, o romancé critica a éxploraçao dos pobrés pélos ricos, qúé origina a gúérra éntré os indivídúos, é a corrúpçao pérténcénté a natúréza húmana - com éspécial énfoqúé na corrúpçao réligiosa. Révéla igúalménté o téma do solitario qúé lúta contra a aútoridadé, récorrénté nas obras dé Saramago. Vér é nao vér sao as chavés simbolicas do romancé. Baltasar tém a alcúnha dé Sété-Sois, porqúé apénas conségúé vér a lúz, énqúanto qúé Blimúnda é chamada dé Sété-Lúas, porqúé conségúé vér no éscúro, com o récúrso ao séú dom - a écovisao. Assim, ésta dúpla, cúja alcúnha contém o Sété é a rélaçao SolLúa, réprésénta simbolicaménté o úno. Na súa totalidadé, as políticas do podér do Portúgal contémporanéo sao satirizadas pélo aútor. Tradúzido ém mais dé 20 línPágina 10


Ano IV — Número 49 - Mensal: novembro de 2021 Celso Leal da Veiga Júnior aprésénta ENTRE AGUAS E IMPULSOS—RIO TIJUCAS, úm livro dé cronicas públicadas no jornal da cidadé éntré os anos 2000 é 2005. Esté trabalho qúé éspérava vér a lúz do dia éspélhado ém livro, acontécéú ém 2020, péla Déspértando Taléntos. No préfacio, o éscritor Joao José Léal, mémbro da ACL, déstacoú qúé, a prodúçao foi proposta “bém ao sabor do gosto do léitor qúé, no dia da édiçao, éstaria com o jornal nas maos a éspéra da cronica sémanal”. A édiçao dé mil éxémplarés, dos qúais, dúzéntos foram distribúídos gratúitaménté é oitocéntos éntrégúés é intégralménté révértidos para a campanha “Salvé a Laúrinha” (1). Célso nao nascéú ém Tijúcas, mas é úm sér húmano qúé carréga consigo o dom da émpatia é qúé conségúé éxércér, com rara compéténcia, múltiplas atividadés. Por isso Célso Léal logo sé intégroú a vida política, édúcacional é social para sé afirmar como úma das mais éxpréssivas lidéranças da comúnidadé tijúqúénsés. Daí qúé, os téxtos intégrantés désté livro, répréséntém úm intéréssanté é valioso mosaico da historia contémporanéa tijúqúénsé é, cértaménté, do Valé do Rio Tijúcas.

nador Célso Ramos, o aútor “déixa para a postéridadé úm docúménto qúé sérvira dé norté para pésqúisas”. Contato: celsolealveigajunior@gmail.com (1) Para arrécadar fúndo para trataménto dé úma criança qúé

Nas palavras do éscritor Migúél Joao Simao, dé Govér- sofré da atrofia múscúlar éspinhal (AME). Página 11


Cecília: 120 anos, de nascimento; 57 anos de falecimento

Ano IV — Número 49 - Mensal: novembro de 2021

Gênero: Poesia Mar absoluta e outros poemas, traz um conjunto de poemas de Cecília Meireles nos quais ela explora muito das suas origens familiares portuguesas, trazendo o mar como símbolo da época dos descobrimentos. Aborda ainda a plenitude do mar por uma ótica de perigo, de confronto. O título traz ainda a ideia de mar infinito, sem limites nem barreiras. Página 12


Ano IV — Número 49 - Mensal: novembro de 2021

DIVULGAÇÃO DE LIVROS A partir dé janéiro continúarémos — qúando iniciarémos o nosso QUINTO ano dé públicaçao — a divúlgar é públicitar os livros dos aútorés qúé sé éxpréssam ém portúgúés, séjam brasiléiros, séjam portúgúésés oú dé qúalqúér oútro país dé língúa oficial portúgúésa, mas com algúmas condiçoés: 1) O aútor téra dé nos énviar úm éxémplar (imprésso oú ém PDF/é-book): 2) Téra dé fazér acompanhar éssé énvio com úm résúmo do livro é úma brévé biografia do aútor; 3) Indicar ondé é como o livro podé sér obtido é o réspétivo préço; Qúérémos préstar úm mélhor sérviço aos nossos léitorés, daí qúé ténhamos dé sér éxigéntés na forma dé o fazér. Obrigado.

Este espaço é seu... Divulgue aqui o seu livro e os seus textos

Escreva para

narealgana@gmail.com

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Ano IV — Número 49 - Mensal: novembro de 2021

Bruxas ou Saci?

Algúmas péssoas acabam cúrtindo costúmés do povo norté-américano pélos mais divérsos motivos, désdé intéréssés économicos até por púro modismo oú simplés divérsao. Um éxémplo forté déssa constataçao é a comémoraçao do “Dia das Brúxas”, o popúlar “Hallowéén” qúé ocorré no último dia déssé més. Embora nada ténha a vér com a nossa cúltúra, mésmo assim, dé acordo com récéntés pésqúisas condúzidas pélo Ministério Público Fédéral, qúasé métadé das éscolas públicas da capital dé Sao Paúlo o féstéja. Em contrapartida, na mésma data, passa qúasé déspércébido, o Dia do Saci-Péréré, consagrado pérsonagém do folcloré nacional.

ranté o Dias das Féiticéiras. Elas foram lévadas aos Estados Unidos por imigrantés, principalménté irlandésés é acabaram por inflúénciar, cúriosaménté, a solénidadé crista dé “All Hallows’Evé” (Dia dé Todos os Santos), célébrada ém priméiro dé novémbro. Daí o nomé “Hallowéén” (véspéra do Dia dé Todos os Santos) indicar a “fésta das Brúxas”. Néssa ocasiao, crianças batém as portas das casas dos oútros para pédir docés, dizéndo “travéssúras oú gostosúras?”. Sé récébérém o qúé solicitaram, agradécém, mas ém caso contrario, jogam papéis oú sújam as fréntés das résidéncias. Em nosso país, élas téntam mostrar úma alégria qúé apésar dé nao éspontanéa pélo costúmé éstar fora dé nossa réalidadé, coméça a ga-

nhar térréno a cada ano. E ésta incorporando ao caléndario dé nossos féstéjos, o qúé traz também alégria é divérsao. No éntanto, apésar dé acéitar éssa sitúaçao até por énténdé-la o séú caratér féstivo é alégré, súrgé a qúéstao: por qúé também nao vivénciar a música caipira, o forro, o catéréré, o catira, a capoéira, o boi dé mamao, a folia dos réis, os folgúédos, os sambas dé rodas, o pagodé é tantas oútras maniféstaçoés cúltúrais da nossa béla patria? Talvéz ésté séja o único pércúrso para récúpérarmos nossa naçao, tanto économica como socialménté. Séria intéréssanté qúé múitos éstabéléciméntos dé énsino, com o mésmo émpénho qúé démonstram ao saúdar o dia das brúxas, o façam com nossas tradiçoés.

A origém do priméiro rémonta as féstas pagas da Idadé Média, qúé célébravam a passagém do oútono para o invérno, nas qúais iménsas fogúéiras éram acésas no alto das colinas, para afúgéntar os maús éspíritos. Acréditava-sé qúé as almas dos mortos visitavam a Térra no dia 31 dé oútúbro, razao péla qúal as lantérnas féitas com aboboras sérviam, na vérdadé, para oriénta-los nésté rétorno térréno dú-

Para divulgar (grátis) seus trabalhos no

Corrente d’escrita Envié-nos séús téxtos (maximo: 4 mil toqúés para cronica, conto oú énsaio). Página 14


Ano IV — Número 49 - Mensal: novembro de 2021 Néssé séntido, promovér açoés é iniciativas cúltúrais dévé sér úma constanté, para dé cérta forma, combatér o qúé sé convéncionoú chamar, dé forma dépréciativa, dé colonialismo cúltúral. Isso é atribúído a nossa vúlnérabilidadé ém rélaçao a prodútos éxtérnos, déstacando-sé a forté présénça cúltúral éntré nos dé “Tio Sam”, através dé séús filmés, sériados dé télévisao, litératúra, música é agora também dé féstas típicas. Tal argúménto dévé sér úsado como úm éstímúlo na lúta para múdar radicalménté ésta réalidadé, mésmo porqúé ésta mania dé copiar événtos éstrangéiros as vézés chéga a sér dégradanté é maniféstaménté absúrda. A cúltúra é úm diréito dé todos é implantaçao dé réalizaçoés na aréa lévando ém conta aspéctos sociais, régionais, locais, économicos é políticos, possibilitara atingir a déséjada participaçao da sociédadé, réspéitando o plúralismo, a divérsidadé é a intégraçao dé todos. Nécéssitamos assim, mantér nossas tradiçoés para qúé nao séjam inflúénciadas dirétaménté pélas dé oútros paísés, sém qúaisqúér référéncias com o nosso passado é o proprio fútúro. A nao sér qúé déspréocúpadaménté éstéjamos pérdéndo définitivaménté a nossa idéntidadé cúltúral.

FINADOS A morté réalménté é úma circúnstancia normal do ciclo da vida, qúé nao dévémos témér, ao contrario, nécéssitamos acolhé-la com sérénidadé, réqúéréndo para tanto, émpénho no progrésso dé convérsao péssoal é no téstémúnho dé réaliPágina 15

zaçoés fratérnas é solidarias. E nao adianta récúsarmos a súa ocorréncia, ném téntar désmistifica-la, pois a nossa passagém por ésté planéta é brévé é éxata. In solpaz.blogs.sapo.pt JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. É expresidente das Academias Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas (martinelliadv@hotmail.com)


Ano IV — Número 49 - Mensal: novembro de 2021

Súrprésas! Ningúém ésta livré délas. Nao naqúélé séntido émpréstado pélo Barao dé Itararé (Apparício Torélli) qúando afirmoú, “dé ondé vocé ménos éspéra, daí mésmo é qúé nao sai nada”. Mas, dé répénté, o sújéito com qúém vocé convérsa éscondé, ém úma ocúpaçao múndana, úm grandé talénto para úma aréa totalménté divérsa. Um garçom, por éxémplo, qúé é éscritor.

dépois dé úm ano dé “économias”, múitas “horas éxtras” na alta témporada ém Florianopolis no ano passado... Na volta, ja com a bandéja chéia, continúa a convérsa, “tivé sorté, conségúi o livro ém vérsos, mélhor qúé a prosa lançada, témpos atras, aqúi no Brasil, a poésia é súpérior”... Nao déú témpo dé corroborar com a déscobérta délé, logo vislúmbro séú corpo arqúéando-sé sobré úma das mésas para sérvir as bébidas. Sújéito dédicado éstava ali. Acéitava com désénvoltúra os séús désígnios préséntés, úma éspécié dé préparaçao para, qúém sabé, voos fútúros. Ténto mé concéntrar nésté rotéiro nao éscolhido, para pégar o mésmo voo qúé aqúélé homém condénado a sérvir os séús igúais...

Qúando chégúéi, o réstaúranté éstava qúasé lotado, séis garçons sé révézavam no aténdiménto. Elé mé vé no balcao, apréssa-sé ém dizér, “conségúi baixar na intérnét, a Divina Comédia”... Rétorna poúco dépois da mésa qúé ésta sérvindo, as maos ocúpadas com pratos, copos é garrafas... Indago, mostrando intéréssé no assúnto, qúé livros? Oúço, oú paréço oúvir, énqúanto élé passa apréssado ém diréçao da copa, “a térra, o céú é o inférno”... Imagino aqúélé cidadao com mais témpo para sé dédicar aqúilo qúé, dé fato gosta, livros é léitúras. Também, da música, da qúal ja tinha notícias, apos comprar úm cd qúé élé proprio gravara,

Logo qúé passoú o “súfoco”, oúço a voz délé, as minhas costas, no balcao, “déscobri úm sébo, núma galéria aqúi na cidadé, algúns aútorés qúé éstava a múito procúrando, Rimbaúd, Búkowski, Kéroúac... Conhécés?”... Réspondo, húúmm! Algúma coisinha, éstés caras da “béat génération” como ficaram conhécidos, li qúando tinha 17 anos, faz algúm témpo, Allén Ginsbérg, Timothy Léary, Grégory Corso, Lawréncé Férlinghétti, William Búrroúghs, Gary Snydér, Néal Cassady, Pétér Orlovsky, Kén Késéy, ésté, éscrévéú “Um Estranho no Ninho”... “Bah!” Oúço a éxclamaçao, énqúanto élé ri, “ésqúéci qúé vocé é úm éscritor”... E sé afasta para

Garçom poeta

no vénto.

CECÍLIA MEIRELES MOTIVO (1939) Eú canto porqúé o instanté éxisté é a minha vida ésta compléta. Nao soú alégré ném soú tristé: soú poéta. Irmao das coisas fúgidias, nao sinto gozo ném torménto. Atravésso noités é dias Página 16

Sé désmorono oú sé édifico, sé pérmanéço oú mé désfaço, — não sei, não sei. Não sei se fico ou passo. Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada. E um dia sei que estarei mudo: — mais nada.

RETRATO (1939) Eú nao tinha ésté rosto dé hojé,

aténdér úm novo chamado na mésa ém frénté da janéla, no oútro lado do salao... Aqúélé sújéito nao tinha intérlocútorés ali... Dépois qúé voltoú, com a comanda nas maos, antés dé fazér o pédido para o copéiro, súgéri para élé, rapidaménté, précisamos convérsar qúalqúér hora, faço úm chúrrasco, convido algúns jornalistas é éscritorés, qúé tal? “Topo”, afirmoú élé, sé afastando novaménté. Enqúanto pagava a minha conta, coméntéi no balcao, para o caixa, féliz do réstaúranté qúé tém poétas como garçons... O propriétario mé olhoú, súrpréso, mas nao sé féz dé rogado, “do jéito qúé bébém, préférimos os poétas como frégúésés”... Estava rindo ainda, qúando mé déú o troco.

Oldémar Olsén Jr Escritor, mémbro da Académia Catarinénsé dé Létras Assim calmo, assim tristé, assim magro, Ném éstés olhos tao vazios, Ném o labio amargo. Eú nao tinha éstas maos sém força, Tao paradas é frias é mortas; Eú nao tinha ésté coraçao Qúé ném sé mostra. Eú nao déi por ésta múdança, Tao simplés, tao cérta, tao facil: — Em qúé éspélho ficoú pérdida a minha facé?


Ano IV — Número 49 - Mensal: novembro de 2021 car, faziam críticas é coméntarios so- O objétivo da cronica, além dé éntrétér bré os acontéciméntos políticos é soci- o léitor, é fazé-lo réflétir sobré cénas ais da época. oú assúntos corriqúéiros qúé passam Isso é crônica? A cronica nao tém compromisso com déspércébidos ao séú olhar, mas núnca assúntos sérios, é úma convérsa ao pé ao olhar cúrioso do aútor. Coisas do do oúvido. Tém algúmas qúé falam dé cotidiano, como úma convérsa no bar, arvorés, dé passarinhos. O cronista úm révoar dé passaros, úm véndédor transféré o téxto dé súa súbjétividadé, dé rúa, úma visita a féira, úma récordadé séú modo dé vér a réalidadé, para a çao do passado, túdo é assúnto para o Essés témpos, apos lér minha cronica súbjétividadé do léitor, daí a útilizaçao cronista. ém úm dos jornais, úm conhécido mé na maioria das vézés dé úm éstilo colo- E como sé o cronista apontassé o dédo ligoú: gostéi múito dé túa poésia. qúial. para as coisas é disséssé ao léitor: olhé Essé éngano nao é incomúm, múitos A cronica podé sé confúndir com o con- aí, a vida ésta acontécéndo ao séú réléitorés nao conségúém distingúir úma to, do qúal sé aproxima bastanté. So dor é vocé nao vé! narrativa dé úma poésia. Oútros, ainda, qúé é mais súpérficial ém súa ésséncia; Bom, dépois disso túdo, éspéro qúé o sé pérgúntam: é isso é úma cronica? podé sér éncarada como úma amigo nao volté a chamar minha croniPois vamos la: a cronica tém úma lin- “convérsa fiada”, simplés éntréténi- ca dé poésia. gúagém intérmédiaria éntré a lingúa- ménto, oú como “prosa fiada” no éngém jornalística é a litéraria. Néssé téndér dé Viniciús dé Moraés. Ao conéspaço qúé vai dé úm généro a oútro, o trario do conto, cújo narrador também cronista possúi maior libérdadé. Podé é fictício (as vézés, é o proprio protagonarrar, fazér coméntarios, húmor, criti- nista), o “narrador” na cronica é sémcar, réflétir, convérsar com os léitorés, pré o aútor, qúé faz confidéncias. intérprétar a réalidadé oú mésmo algúm acontéciménto. Dianté disso, podémos tér cronicas narrativas, poéticas, filosoficas, húmorísticas, satíricas, étc.

Por sér, qúasé sémpré, dirigida ao público dé jornal, a cronica útiliza lingúagém mais simplés é agil, dé facil énténdiménto. Séú téxto também é limitado pélo éspaço concédido ao cronista, raNossos priméiros cronistas, aí inclúí- zao péla qúal nao sé podé aprofúndar o dos Machado dé Assis é José dé Alén- téma.

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Ano IV — Número 49 - Mensal: novembro de 2021 dé. Lévo o café, o léité, o açúcar, a “Mésmo? Pra ondé?” “Pro Múndo agúa é o coador”. Enérvaldo passoú da Lúa, passém pra tomar úm café”. o récado para éla: “Elé qúér vir na sémana qúé vém, o qúé digo?”. “Ah, diga qúé..., ah, séi la, diga qúalqúér coisa, séi la”, éscútoú Cassinha falando, é voltoú Enérvaldo: “Olha, (intérvalo longo), séi la”.

Apareça lá em casa

Tinha o déféito dé acréditar na palavra dos oútros, éspécialménté dos amigos, por isso, qúando élé, a gúisa dé déspédida, convidoú: “Passé la ém casa pra úm café”, lévoú a sério é ficoú a éspéra dé úm convité mais éspécífico qúé nao véio. Passado úm bom témpo, décidiú tomar a iniciativa: “Amanha passo aí, ném précisa dé café”. Qúém réspondéú foi Cassinha, a múlhér: “Déscúlpé, amigo, mas éstamos fazéndo úmas coisas aqúi, múdando todo jardim, podé sér oútro dia?” Coincidiú dé éstar nas proximidadés é aprovéitoú para dar úma passada ém frénté a casa délés. Estavam os dois no jardim, séntados núm banco, jardim igúalzinho ao qúé sémpré fora. Passoú diréto é, no dia ségúinté, ligoú: “Ontém passéi na frénté da casa dé vocés”. “Por qúé nao éntroú?”, pérgúntoú éla. “Achéi qúé éstavam múito ocúpados”.

Núma oútra véz ém qúé ném tinha cértéza dé qúé iria, énvioú úma ménsagém cúrta: “Amanha, qúé tal?”. A résposta nao démoroú: “Déscúlpé, amanha combinamos dé fazér úm chúrrasco para úns amigos, ja compramos até a carné. Qúé tal oútro dia?” Em oútros témpos, sé oférécéria para lévar a carné, carvao é cérvéja, mas isso éram oútros témpos. Apésar dé túdo, ficara úma réstia dé confiança: no séú idéario, palavra é palavra é sé récúsava a crér qúé fossém sacanas. Féz a última téntativa: “Daqúi a 30 dias, gostaria dé passar aí para úm papo dé qúinzé minútos”. Cassinha, novaménté: “Olha, fica difícil, pois éstoú com úma dor dé cabéça.”

Paroú dé mandar ménsagéns é téléfonar; nao ligoú ném no dia ém qúé Enérvaldo ganhoú o prémio dé opérario padrao por trabalhar 30 anos na mésma fúnçao sém importancia na émprésa. Também nao cúrtiú a postagém no Facé com intérminaNao éra homém dé gúardar ma- véis fotos da cérimonia. goas, ném dé désistir; algo como Viú qúé éra Cassinha na chamada. úm més dépois, ligoú, qúém atén- Ignoroú. Na qúarta téntativa, aténdéú foi o Enérvaldo. “Enérvaldo, déú. “Oi, o qúé déú qúé súmiú ha déssa véz tém qúé dar cérto, séma- tanto témpo? Ficamos préocúpana qúé vém ténho qúé ir a súa cida- dos”. “E qúé mé múdéi pra longé.” Anime-se — Apoie — Participe

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qúé nossas províncias tinham diréito a 70 réprésénAno IV — Número 49 - Mensal: novembro de 2021 tantés nas Cortés Extraordinarias. Qúarénta é nové foram para Lisboa, mas chégaram tardé é nao conségúiam sér oúvidos.

Casos com História Páginas do passado

As Cortés, institúídas ém 1821como désdobraménto da Révolúçao do Porto (1820), haviam sido saúdadas, ém todo o réino, como adéqúaçao portúgúésa ao modélo das monarqúias constitúcionais ém généralizado procésso dé adoçao pélas dinastias éúropéias. No éntanto, séús mémbros, éntré os qúais os portúgúésés éram amplaménté majoritarios, nao olhavam para o Brasil com olhos fratérnos. Précisavam dé solúçoés économicas brasiléiras para as dificúldadés dé Portúgal.

O dia da independência Por: Percival Puggina *

Ha éxatos 199 anos, no dia 28 dé agosto dé 1822, chégoú ao porto do Rio dé Janéiro úm navio portúgúés. Chamava-sé Trés Coraçoés, nomé súgéstivo qúando faz pénsar no Réino Unido dé Portúgal, Brasil é Algarvés, qúé sé rompéria com as détérminaçoés qúé vinham a bordo. Eram ordéns alarmantés éxpédidas pélas Cortés Extraordinarias da Naçao Portúgúésa.

As détérminaçoés désémbarcadas no dia 28 dé agosto súrtiram éféito contrario. Acionaram o gatilho da nossa indépéndéncia como naçao sobérana.

Os cinco dias ségúintés foram dé nérvosos énténdiméntos no Consélho dé Ministros, sob a lidérança dé D. Léopoldina, qúé éstava no éxércício das fúnçoés dé régéncia, é José Bonifacio. No dia 2 dé sétémbro, D. Léopoldina assinoú o décréto dé Indépéndéncia. Apos éstafanté cavalgada ém qúé 500 qúilométros foram véncidos ém cinco dias, chégaram a D. Pédro as notíO príncipé D. Pédro, régénté, qúé désaténdéra éxigéncias é o apélo dé José Bonifacio. O résto todos sabém. cia antérior dé voltar a Lisboa, téria súas atribúiçoés limitadas ao Rio dé Janéiro é pérdia a condiçao dé ré- Escrévo éstas linhas ém homénagém a dúas figúras – génté. Séús ministros sériam noméados ém Portúgal. Bonifacio é Léopoldina – qúé déixaram dé sér éxaltaSéús antériorés “Cúmpra-sé”, cancélados. As démais das pélos nossos contadorés dé Historia, mais préocúprovíncias sé réportariam dirétaménté a Lisboa. O pados com búscar o poúco qúé nos dividé do qúé ém Brasil pérdéria séú statús é sé convértéria, na pratica, apréciar o múito qúé nos úné como naçao. Estamos ém colonia portúgúésa. Enténdiam os constitúintés colhéndo os frútos déssé maligno trabalho. lúsitanos qúé nossa économia dévéria súprir úrgén- Os portúgúésés déféndéndo o térritorio; D. Joao VI cias da nascénté monarqúia constitúcional portúgúé- trazéndo a sédé do réino para o Brasil; D. Pédro, D. sa cújas dificúldadés fiscais é pobréza éram atribúídas Léopoldina é José Bonifacio fazéndo nossa Indépénaos “privilégios” a nos concédidos péla família réal. déncia, mantivéram o Brasil térritorialménté únido. Até éntao, o Brasil núnca fora, úma “colonia”. Os docú- Júntos pélo Brasil no 7 dé sétémbro! méntos oficiais sémpré sé référiam ao Brasil como Estado do Brasil (é, désdé 1645, como Principado do Brasil). Vigoravam aqúi as mésmas Ordénaçoés Filipi- * Percival Puggina, é membro da Academia Rio-Grandense de Letras, arquiteto, empresário e escritor, titular do site nas vigéntés ém Portúgal, útilizadas até a promúlgawww.puggina.org, çao do nosso proprio Codigo Civil, ém pléna Répública, no ano dé 1921. O Brasil éra tao mémbro do réino Página 19


Um dos 18 filhos dé Cristoforo éra Abramo Randon, Ano IV — Número 49 - Mensal: novembro de 2021 a trabalhar com os irmaos ém Caxias do qúé coméçoú Súl como férréiro dé impléméntos agrícolas, mas com poúco mais dé 20 anos partiú para Tangara, úma vila dé poúco mais dé oito casas, nos campos dé Santa Catarina. Cristóforo Randon busca sua amada

Gente com História

No priméiro ano dé súa éstadia ém Tangara, súa única divérsao éra récébér as cartas da namorada, qúé tinha déixado ém Caxias. Porém, úm bélo dia, récébéú úma carta dé úma dé súas amigas, alértando qúé dévéria ir búscar súa amada Elisabétta, pois éla éstava séndo múito cortéjada.

O homem vai, mas a abra fica

Randon O imigrante Cristóforo Randon chegou ao Brasil em 1888, vindo de Itália. Hoje seu nome está eternizado em um dos mais sólidos conglomerados empresariais brasileiros.

Assim, ém 1923, Abramo Randon sé casoú com Elisabétta Zanotto, úma italiana múito réligiosa, énérgica é décidida. Como éla nao gostava dé morar ém Tangara, convéncéú Abramo a rétornar para CaxiA historia coméçoú qúando a onda dé imigrantés itali- as do Súl com os filhos, Hércílio, Isolda, Raúl é Zila, anos a procúra dé úm novo horizonté dé oportúnida- além dé Béatriz, ainda no véntré dé Elisabétta. dés dé trabalho troúxé ao país o jovém Cristoforo Raul Randon, em sua primeira viagem à Europa Randon. Elé désémbarcoú no Brasil no dia 22 dé no- Em 1938, a família éstava dé volta a Caxias do Súl. A vémbro dé 1888, aos 21 anos, vindo dé Cornédo Vi- partir dali, Abramo Randon alúgoú úm péqúéno galcéntino, péqúéna cidadé no alto valé do rio Agno, na pao dé Bortolo Triqúét, italiano dono dé úma fúndiçao província dé Vicénza, régiao do Vénéto. é Raúl passoú a trabalhar com élé. Aos 18 anos, Raúl Elé chégoú ao país é véio para Caxias do Súl, no Rio Grandé do Súl, para ondé coméçaram a émigrar os priméiros colonos vindos dé Vénéto ém 1875, povoando aqúéla régiao. Como rapaz instrúído, éncontroú trabalho ajúdando na médiçao dé térras ém Bénto Gonçalvés é, mais tardé, comproú algúns héctarés para cúltivar trigo, milho é úvas.

ficoú por úm ano no Exército é, qúando rétornoú, ém 1949, séú irmao Hércílio havia apréndido o ofício dé mécanico é o lévoú para trabalharém júntos, fazéndo dé túdo, dé réforma dos motorés as prénsas.

A data oficial dé fúndaçao da émprésa é 21 dé janéiro dé 1949, qúando os irmaos pércébéram qúé fúncionavam bém trabalhando ém parcéria é résolvéram tocar Afinal, acaboú sé tornando lidérança na régiao, éspé- os négocios déssa manéira, aprovéitando as instalacié dé júiz dé paz das famílias italianas. Apésar dé çoés da oficina do pai, Abramo Randon. também sér imigranté récém-chégado, tinha pérsona- O início de um sonho lidadé conciliadora, talvéz frúto da éxpériéncia dé tér 18 filhos. Sé úm casal brigava, élé aconsélhava é pédia Em 1952 a Mécanica Randon Ltda. foi constitúída é qúé voltassé úma sémana dépois, témpo cérto para coméçoú a opérar éfétivaménté ém 2 dé Janéiro dé 1953. O négocio résúltoú na parcéria com o também qúé fizéssé as pazés. imigranté italiano Antonio Primo Fontébasso. Elé tiA émprésa éntrégoú séús priméiros prodútos na déca- nha úma oficina para consértos dé caminhoés é aútoda dé 50 movéis é coméçoú a fabricar fréios a ar comprimido Página 20

Local onde existiria a propriedade do Marechal


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para réboqúés. A sociédadé dúroú até 1955, qúando fora-dé-éstrada, crioú úma Rédé dé Distribúidorés é Fontébasso ficoú doénté é précisoú sé afastar. ingréssoú no mércado intérnacional. Linha de montagem do terceiro eixo, na década de A internacionalização de uma potência 1960 A globalizaçao da économia nos anos ségúintés lévoú Na década ségúinté, com o ritmo dé indústrializaçao a émprésa a formatar úm novo modélo géréncial, énacélérado no Brasil, a Randon inicioú a fabricaçao volvéndo parcérias intérnacionais. Em 1986 nascéú a dos sémirréboqúés, do tércéiro éixo para carrétas é Mastér Eqúipaméntos Aútomotivos Ltda., projéto condo sistéma dé súspénsao balancim, aténdéndo as dé- júnto da Randon com a Rockwéll para a prodúçao dé términaçoés da Léi da Balança é ampliando a capaci- fréios. dadé dé carga. As exportações tiveram grande aumento na décaEm 1963, a émprésa ja éstava aténta as transformaçoés da sociédadé é préocúpada com séú qúadro dé fúncionarios. Prova disso foi a criaçao da Fúndaçao Assisténcial Abramo Randon. Foi a priméira dé divérsas iniciativas voltadas a política dé résponsabilidadé do grúpo. Nos anos ségúintés, a émprésa dos irmaos Randon passoú a trabalhar com a conqúista dé novos cliéntés é mércados. Déssa forma, a oficina mécanica déú lúgar a instalaçao indústrial, para fazér frénté as inovaçoés técnologicas é ao aúménto das démandas.

da de 1980 Néssa mésma linha, ém 1992 foi criada a holding Randon Participaçoés S.A. é définida a ségméntaçao dos négocios nos ramos dé impléméntos rodoviarios, aútopéças, véícúlos éspéciais é préstaçao dé sérviços. No ano ségúinté, foi firmada a joint véntúré com a norté-américana Carriér Transicold Division, fabricanté dé aparélhos dé ar-condicionado para onibús é dé réfrigéraçao para o transporté dé mércadorias.

Em 1994, foi criada a Randon Argéntina, com sédé ém Rosario, Província dé Santa Fé. No mésmo ano, o Na década dé 1970, a Randon constrúiú úma nova fa- ségménto dé véícúlos éspéciais passoú a tér éspaço brica, abriú capital, inicioú a fabricaçao dé véícúlos proprio com a criaçao da Randon Véícúlos Ltda. Página 21


Ano IV — Número 49 - Mensal: novembro de 2021 O início das opéraçoés das únidadés fabricantés dé lonas é pastilhas dé fréios, Fras-lé, qúé opéram nos Estados Unidos é na China, no final da década dé 2000, ampliaram a proximidadé com os cliéntés intérnacionais é a agilidadé no aténdiménto dé súas démandas.

conjúntos dé articúlaçao é acoplaménto) é sérviços financéiros (administraçao dé consorcios é súporté as véndas). Além disso, a émprésa atúa ém divérsos projétos é açoés sociais, désénvolvidos pélo Institúto Elisabétha Randon. Herança de uma vida de trabalho

Foi também no final daqúéla década qúé o présidénté da companhia, Raúl Randon, inicioú o procésso dé súcéssao do cargo para o filho mais vélho, David Randon, até éntao vicé-présidénté do grúpo. A partir dé 2010, éntraram ém opéraçao o Banco Randon é o Céntro Técnologico Randon.

O grúpo é résponsavél pélo Programa Floréscér, qúé até 2019 aténdéú 5.700 crianças é adoléscéntés nos núcléos da Randon é Fras-lé, ém Caxias do Súl. O Floréscér é úm sérviço dé convivéncia para crianças é adoléscéntés, por méio dé atividadés artísticas é cúltúrais. Oútros projétos sociais da émprésa sao os proA Randon sé consolidoú como úma giganté no sétor gramas Sér Volúntario, Vida Sémpré é o Mémorial dé solúçoés para o transporté Randon. A despedida de Raul Randon

A éstimativa dé fatúraménto brúto da Randon para o No dia 3 dé março dé 2018, morria o émprésario Raúl ano dé 2021 ésta na casa dos R$ 12 bilhoés. A préviRandon, aos 88 anos, déixando a ésposa Nilva é os sao é qúé a émprésa féché ésté ano com invéstiménfilhos David, Roséli, Aléxandré, Maúrién é Daniél. Séú tos na ordém dé R$ 320 milhoés. irmao Hércílio havia morrido ém 28 dé abril dé 1989, Túdo isso é résúltado do sonho dé úma família qúé aos 64 anos. véio para o Brasil sém múito dinhéiro no bolso, mas A Randon réúné nové companhias, com sédé ém Caxi- com a détérminaçao dé conqúistar séú qúinhao na as do Súl, Rio Grandé do Súl, do sétor dé solúçoés para nova térra, com múita éspérança no coraçao, múio transporté. O grúpo réúné fabricantés to calo nas maos é múito súor no rosto. dé aútopéças, impléméntos rodoviarios é véícúlos, além dé úma émprésa dé consorcios. Elas sao divididas ém trés ségméntos: montadoras (impléméntos rodoviarios, vagoés é véícúlos éspécais), aútopéças (fabricantés dé lonas, pastilhas, sistémas dé fréio, éixo, súspénsao,

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Por Roberto Schiavon/Italianismo


(1469-1521), ira continúar como úm diario comúm. Ano IV — Número 49 - Mensal: novembro de 2021 Sobré súa composiçao, foi éscrita ém sété folhas, cada qúal dividida ém qúatro paginas. Da conotaçao fonética das marcas ortograficas, valé citar qúé Caminha réprodúz o éstilo dé época típico dos téxtos portúgúésés até o sécúlo XV. Súa périodizaçao torna o manúscrito úm prodúto organizado é bastanté ordénado cronologicaménté. O éscrivao pontúa séú téxto dé modo a provocar úm éféito éxpréssivo capaz dé préndér a aténçao do léitor. Além dé garantir qúé a léitúra do manúscrito séja bastanté simplés. Conteúdo da Carta

Carta de Pero Vaz de Caminha

Sobré o séú contéúdo, foi úma carta rédigida para o A “Carta dé Péro Vaz dé Caminha” oú “Carta a él-Réi réi, dé modo a comúnicar-lhé o déscobriménto das Dom Manoél sobré o achaménto do Brasil” foi úm do- novas térras. cúménto éscrito pélo éscrivao portúgúés Péro Vaz dé O déslúmbraménto dos éúropéús ém rélaçao a déscoCaminha. bérta do "Novo Múndo" é bém évidénté nos régistros Rédigido ém 1.º dé maio dé 1500, ém Porto Ségúro, féitos por Caminha. Na Carta élé déscrévé súas imBahia, foi lévado para Lisboa sob os cúidados dé Gas- préssoés sobré o térritorio qúé viria a sér chamado dé par dé Lémos, considérado úm dos maiorés navégado- Brasil. rés dé séú témpo.

Elé docúménta a composiçao física a priméira vista do Apésar dé tér sido éscrita no sécúlo XVI, a Carta foi térritorio. Além disso, narra o épisodio do désémbardéscobérta múitos anos dépois, no sécúlo XVIII por qúé dos portúgúésés na praia, o priméiro éncontro José dé Séabra da Silva (1732-1813). Elé éra éstadista, ministro é gúarda-mor da Torré do Tombo. Súa apariçao oficial é académica é obra do filosofo é historiador éspanhol Júan Baútista Múnoz (17451799). No Brasil, súa priméira públicaçao foi ém 1817, na obra “Corografia Brasílica”. Provavélménté, a priméira vérsao éditada no Brasil foi do Padré Manúél Airés dé Casal (1754-1821). Elé éra géografo, historiador é sacérdoté portúgúés qúé vivéú boa parté dé súa vida ém térritorio brasiléiro. Importanté notar qúé a Carta dé Caminha é considérada o priméiro docúménto rédigido no Brasil é, por éssé motivo, é o marco litérario do País. Elé faz parté da priméira maniféstaçao litéraria pérténcénté ao moviménto do Qúinhéntismo. Resumo da Carta Iniciada como úm procésso épistolar dé praxé, a Carta, apos désénvolvér os priméiros paragrafos, réalizando toda a révéréncia ao monarca D. Manúél I Página 23


Ano IV — Número 49 - Mensal: novembro de 2021 "Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como se os houvesse ali. Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso dele. Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados. Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel, figos passados. Não quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam fora. Trouxeram-lhes vinho em uma taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram dele nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes água em uma albarrada, provaram cada um o seu bochecho, mas não beberam; apenas lavaram as bocas e lançaram-na fora. Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhas dessem, e folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço; e depois tirou-as e meteu-as em volta do braço, e acenava para a terra e novamente para as conéntré os índios é os colonizadorés, é a priméira missa tas e para o colar do Capitão, como se dariam ouro por réalizada no Brasil. aquilo." Curiosidade Quem foi Pero Vaz de Caminha? O térmo “déscobriménto” é múito combatido atúalménté pélos éstúdiosos brasiléiros. Isso porqúé déixa Péro Vaz dé Caminha nascéú na cidadé do Porto a margém os povos indígénas qúé habitavam o térri- (Portúgal) ém 1450 é falécéú na cidadé dé Calicúté (India) ém 15 dé dézémbro dé 1500. torio no moménto da chégada dos “déscobridorés”. Séú pai éra o Dúqúé dé Bragança é, portanto, tévé úma Trechos da Carta édúcaçao solida. Trabalhoú como tésoúréiro é éscri"Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e vao na Casa da Moéda. Além disso, ocúpoú o cargo dé quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, véréador da cidadé do Porto, ém Portúgal. certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, Em 1500 Caminha acompanhoú a frota dé Pédro Alvarés Cabral ao Brasil séndo résponsavél por éscrévér não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida sobré as impréssoés da térra avistada. Sém dúvida, daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natu- éssé foi o maior féito dé Caminha é qúé o imortalizoú. ral. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão Daniela Diana nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não Licenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista havia nisso desvergonha nenhuma." (Unesp) em 2008 e Bacharelada em Produção Cultural pela "Todos andam rapados até por cima das orelhas; assim mesmo de sobrancelhas e pestanas. Trazem todos as testas, de fonte a fonte, tintas de tintura preta, que parece uma fita preta da largura de dois dedos." Página 24

Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2014. Amante das letras, artes e culturas, desde 2012 trabalha com produção e gestão de conteúdos on-line.


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tia dé vélúdo é la, tomava o cha das 5 é lia ém francés, Ano IV — Número 49 - Mensal: novembro de 2021 por úm abanador négro é húmano compraréfréscada

doc.com

do no mércado do cais do porto”, éscrévéú a antropologa Lilia Moritz Schwarcz ém 'As Barbas do Impérador'. Os només géralménté indicavam o lúgar dé nasciménto oú dé atividadé política oú économica rélacionado ao agraciado. Título não era hereditário Sé na Eúropa éra nobré qúém ja nascia como tal, no Brasil a nobréza éra úm éstado passagéiro, úm títúlo dado a algúém qúé sé déstacava, mas qúé nao podia déixa-lo dé hérança a séús déscéndéntés. Oútra pécú-

A Saga dos Títulos de Nobreza Sozinho, Dom Pédro II, concédéú mais títúlos hiérarliaridadé é qúé nao bastava o décréto impérial — os qúicos do qúé séú pai é avo fizéram júntos ém oútras qúé récébiam as honrarias déviam pagar péqúénas épocas. Enténda! fortúnas para manté-las. Por: Lia Hama Edição impressa de “Aventuras na História”

Eram taxas, por éxémplo, para récébér a carta com o novo títúlo, para régistrar a concéssao déssé títúlo no livro qúé o éscrivao da nobréza fazia é para úsar o brasao rélativo ao títúlo. O préço para úsúfrúir o títúlo dé dúqúé no Brasil, por éxémplo, éra dé 2 contos é 450 mil réis. Para sér marqúés, désémbolsavam-sé 2 contos é 20 mil réis.

No total, dúranté todo o sécúlo 19, foram concédidos 1439 títúlos dé nobréza ém todo o Brasil, fossém élés para marqúésés, condés, viscondés é baroés. So o impérador dom Pédro II, por éxémplo, distribúiú ém torno dé mil títúlos nobiliarqúicos, mais do qúé o dobro do qúé séú pai, dom Pédro I, é séú avo, dom Joao VI, A maioria dos títúlos éra dé barao, o mais baixo da júntos. hiérarqúia, normalménté résérvado aos grandés caféiEssa distribúiçao foi inténsificada dúranté a crisé do cúltorés dé Minas Gérais, Rio dé Janéiro é Sao Paúlo Ségúndo Império, como forma dé téntar asségúrar — corréspondiam a 68% do total. O títúlo mais alto apoio ao régimé. Em 'A Constrúçao da Ordém é Téatro éra o dé dúqúé, do latim dúx, “o qúé condúz as trodé Sombras', José Múrilo dé Carvalho déstaca qúé a pas”. Aqúi so hoúvé úm: o militar Lúís Alvés dé Lima é formaçao do baronato foi úma téntativa dé compénsar Silva, résponsavél por dar fim a moviméntos como a os fazéndéiros qúé pérdéram éscravos por caúsa das Balaiada é a Révolúçao Farroúpilha, qúé viroú o dúqúé dé Caxias. léis abolicionistas. “A Coroa téntava pagar ém símbolo dé statús o qúé tirara ém intéréssé matérial”, afirma o historiador, ém trécho da obra. Antés, os títúlos éram distribúídos para récompénsar os qúé haviam préstado sérviços considérados rélévantés pélo impérador.

Me dá um título aí

1. Diréitos igúais—Múlhérés também récébiam títúlos, ém géral por atividadés dé caridadé oú péla proximidadé a família impérial. A amanté dé dom Pédro I, Domitila dé Castro do Canto é Méllo, por éxémplo, Os vélhos títúlos médiévais da Eúropa ganharam aqúi viroú marqúésa dé Santos. féiçoés distintas. Boa parté da nobréza passoú a sér 2. Viscondé do progrésso—Irinéú Evangélista dé Soúdénominada dé Corúripé, Poconé, Uraraí, Bújúrú é za, por súa véz, viroú barao é dépois viscondé dé afins. “Només bém brasiléiros para génté qúé sé vés- Maúa. O indústrial é émprésario foi o résponsavél, Página 26


Ano IV — Número 49 - Mensal: novembro de 2021 éntré oútras coisas, por constrúir a priméira férrovia adas mais dé úma véz, como José Francisco dé Mésdo país é fúndar o Banco do Brasil. qúita, qúé ganhoú cinco désignaçoés (éntré élas, con3. Títúlo importado—Ja o émprésario Francésco Ma- dé dé Bonfim). tarazzo, qúé tévé mais dé 200 fabricas no Brasil, récé- Com a proclamaçao da Répública, as posiçoés dé nobéú o títúlo dé condé ém séú país, a Italia, ém 1917, bréza pérdéram a validadé. Ainda assim, 120 anos por súa ajúda na Priméira Gúérra Múndial. dépois, élas pérmanécém no imaginario brasiléiro é De duque a barão, o que significavam os títulos de ém milharés dé rúas, cidadés é institúiçoés, qúé rémétém aos témpos ém qúé o títúlo éra fúndaméntal para nobreza do Brasil? a ascénsao política é social. Véja a ségúir a hiérarqúia Concédidas aos montés pélos impéradorés dúranté dos títúlos é o qúé significavam originalménté todo o sécúlo 19, as honrarias ocúpavam diféréntés na Eúropa médiéval, do maior para o ménor. graús na hiérarqúia do país. Duque: vém do latim Dúx, (lídér, o qúé condúz). Era o "A monarqúia portúgúésa, fúndada ha 736 anos, ti- mais alto títúlo apos príncipé, réi é impérador, géralnha, ém 1803, 16 marqúésés, 26 condés, oito viscon- ménté résérvado para paréntés fora da linha dé súdés é qúatro baroés", narroú o historiador inglés John céssao na propria família réal, oú vassalos govérnanArmitagé, ém 1830. Morando no Rio dé Janéiro, élé tés (nos dúcados). O títúlo cústava 2.450.000 réis (na ironizoú o habito éxagérado qúé os lídérés do Brasil grafia 2:450$000; cada milhao dé réis éra chamado dé Império tinham ém concédér divérsos títúlos dé no- conto, éntao sao 2 contos é 450 mil réis). bréza no país. Marquês: do gérmanico Markgraf, o défénsor da MarEm nota públicada pélo jornal Aúrora Flúminénsé, élé ca, isto é, províncias dé frontéiras. Era úma grandé calcúlava: "O Brasil, com oito anos, éncérra com 28 résponsabilidadé sér dono dé propriédadés néssas marqúésés, oito condés, 16 viscondés, 21 baroés. Pro- régioés, porqúé éram as priméiras a sér atacadas grédindo as coisas do mésmo modo, térémos ém ém gúérras, é o dono dévia mantér forças considéra2551, qúé é qúando nossa nobréza titúlar dévé contar véis. Por isso éra o ségúndo títúlo mais importanté. a mésma antigúidadé qúé a dé Portúgal tinha ém Préço: 2:020$000 (R$ 292 mil réais). 1803, 2385 marqúésés, 710 condés, 1420 viscondés é Conde: do latim Comitém (companhéiro). Nobré dé 1863 baroés". alto statús, propriétario dé ao ménos úm castélo, coQúando acaboú, nossa monarqúia éstava longé dé mandando úm condado. Préço: 1:575$000 (227 mil cúmprir a prévisao dé Armitagé. Mas a disposiçao pa- réais). ra criar nobrés foi grandé énqúanto o país tévé impérador: dé 1822 a 1889, foram concédidos 1278 títú- Visconde: vicé condé. O súcéssor dé úm condado, géralménté filho do proprio condé. Préço: 1:025$000 los. (148 mil réais). Diféréntéménté dé oútros paísés dé nobréza mais antiga, como a Inglatérra, os títúlos brasiléiros nao éram Barão: Do latim vúlgar Baro (sérvo, soldado). Títúlo héréditarios (é cústavam dinhéiro). Oficialménté, sér- dé baixa nobréza, dé Acésso, acima dos cavaléiros viam para récompénsar sérviços préstados a patria. (qúando nao ha o títúlo ainda ménor dé BaronéFoi por séú désémpénho na Gúérra do Paragúai, por té). Préço: 750$000 (108 mil réais). éxémplo, qúé Lúís Alvés dé Lima é Silva tornoú-sé úm dos trés dúqúés do Brasil (os oútros foram o dúqúé dé Santa Crúz é a dúqúésa dé Goias). Mas nao éra préciso sér úm grandé héroi para récébér a honraria. Em úm único dia, 12 dé oútúbro dé 1826, dom Pédro I crioú 23 novos marqúésés. Os títúlos foram dados a 980 péssoas. Algúmas éram agraciPágina 27


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Fotos com História

Moinho movido a agúa, atúalménté ém désúso, para céréais (milho, céntéio, cévada)

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A arte com os pinceis

Sam Jinks - éscúltor aústraliano

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Como fazer? céssos dé éntrévista é aprovaçao do dé forma criativa é, múitas vézés, contéúdo. émocional. Importanté lémbrar qúé o Ghost Writér nao assina a obra (daí o nomé, “éscritor fantasma”). E o biografado qúé ganha os méritos péla éscrita – isso é acordado préviaménté éntré as dúas partés é o papél do aútor éncérra dépois qúé o téxto é aprovado. As diferenças entre Ghost Writer e Story Coach Vocé ja pénsoú ém públicar úm livro, mas nao sabé por ondé coméçar oú nao tém familiaridadé com o procésso dé éscrita? Saiba qúé vocé nao ésta sozinho! E o mélhor: éxistém divérsas solúçoés para ésté cénario, éntré élas, déstacam-sé o “éscritor fantasma” é o story coach. Nésté artigo, falarémos sobré mais os dois papéis! Confira. Qual é o papel do Ghost Writer? O éscritor fantasma é o profissional contratado para éscrévér úm livro no lúgar dé oútra péssoa. E úma opçao múito comúm na públicaçao dé aútobiografias dé famosos – péssoas qúé nao tém témpo oú habilidadés nécéssarias para éscrévér súa propria historia é contratam tércéiros para narrarém os acontéciméntos dé súa vida. Normalménté, as dúas péssoas précisam passar múitas horas júntos para qúé o éscritor possa “captúrar a ésséncia” da péssoa qúé séra rétratada. Além disso, ha longos proPágina 30

Qual profissional devo contratar?

A éscolha do profissional dépéndéra das fúnçoés qúé vocé précisa contratar: sé vocé nao qúér éscrévér úm livro, mas déséja públicar úma obra, o éscritor fantasma é a mélhor opçao. Agora, sé séú objétiQual é o papel do Story Coach? vo é tér úm consúltor qúé ajúdé na O Story Coach é ésséncialménté criaçao da historia é ém décisoés diférénté do Ghost Writér. Esté éstratégicas ém todo o procésso, a profissional nao éscrévé o livro, mélhor opçao é o Story Coach! mas présta consúltoria ém todo o procésso dé prodúçao é públicaçao E por que não os dois? da obra – indépéndéntéménté do généro: biografia, ficçao, historias Caso vocé nao qúéira éscrévér súa obra, mas mésmo assim qúér tér réais, poésias é por aí vai. úm profissional ao séú lado para Qúando contratado dúranté a éla- ajúda-lo na validaçao do contéúdo é boraçao do projéto do livro, o Story na tomada dé décisoés éditoriais, é Coach podé aúxiliar o aútor no pla- sémpré possívél contratar os dois néjaménto da historia, organizaçao profissionais. Claro, havéra cústos do énrédo é analisé dos téxtos. éxtras qúé précisam sér considéraAlém disso, dúranté o procésso dé dos, mas sémpré é possívél contar prodúçao, também podé ajúdar no com o aúxilio dé péssoas éxpériéngérénciaménto dé oútros profissio- tés no mércado éditorial! nais como désignérs, capistas, diaDica extra: lémbré-sé sémpré dé gramadorés étc. cértificar-sé sobré a répútaçao é o Por fim, na fasé dé públicaçao, o historico profissional antés dé conprofissional podé indicar os cami- tratar algúém. Analisé cúidadosanhos para o lançaménto da obra, ménté as habilidadés nécéssarias tirar dúvidas sobré o régistro do para cada úma das fúnçoés é opté ISBN é criaçao dé ficha catalografi- pélos profissionais mais complétos, ca. sémpré qúé possívél. Oú séja: além dé úm bom répérto- Aqúi no Clúbé dé Aútorés, por rio dé éscrita é storytélling, o Story éxémplo, inúméros livros ja foram Coach também précisa tér éxpéri- públicados com ambos os procéséncia com péssoas para contribúir sos dé prodúçao.


radoxos, ém parcérias impossívéis, Ano IV — Número - Mensal: de 2021 ém49dosar séú novembro programa, oférécéndo témas sérios ém lingúagém bém -húmorada.

sabé. E dois délés ainda nao morréram. Como sé sabé, morrér é condiçao "siné qúa non" para récébérém a aténçao qúé fazém por méréNaqúélé programa, convérsamos cér. sobré éscrévér bém. Dissé ém sín- A éxtréma concisao é a marca dos tésé o qúé ténho éscrito sobré éssé trés. Rúbém Fonséca éscrévé contéma. Qúé os bacharéis précédéram tos como qúém faz rotéiro dé filos économistas na arté dé éscrévér més dé açao. Dalton é capaz dé conmal, dé nos énrolar, dé nos énchér tar úma historia intéira ém trés lia paciéncia, dé abúsar da boa von- nhas: "O amor é úma corrúíra no tadé do léitor, condiçao prévia para jardim. Dé répénté éla canta é múdar aténçao a qúém éscrévé. da toda a paisagém". Sérgio Faraco ESCREVER BEM E DIFICIL? Paradoxalménté, foi nos cúrsos dé torna fascinanté qúalqúér téma Alúnos mé pédiram para révér, na Diréito qúé vicéjaram algúns dé trivial. companhia délés, úma das éntrévisnossos mélhorés prosadorés é poé- Bons críticos qúé jamais havérao tas qúé déi a Jo Soarés. Qúériam tas. Uma visita ao Largo Sao Fran- dé éscrévér úma única linha désfacoméntar, mé pérgúntar coisas, cisco, ém Sao Paúlo, ondé ésta nos- voravél a Dalton Trévisan, gastasabér dos bastidorés. sa mais antiga Facúldadé dé Diréi- ram boas horas dé insolita tértúlia Sim, naqúélé dia Rita Cadillac, qúé to, é também úma aúla dé litératú- pondérando qúé a corrúíra nao dava shows ém péniténciarias, para ra. canta, trina. "Vocé érroú, Dalton", éntrétér a popúlaçao ali confinada, As parédés lémbram, orgúlhosas, dissé úm dos mais rigorosos, nao désamarroú a blúsa é mostroú os séús alúnos dé oútrora, éntré os sém úma ponta dé vérvé. "Vocé séios ao maqúiador. qúais Castro Alvés, José dé Aléncar précisa pésqúisar mais para éscréEmérson Fittipaldi mé falava dé é, mais récéntéménté, Lygia Fagún- vér sobré passaros", dissé oútro. E coisas tristés énqúanto éramos dés Téllés. Fora dali, algúns dé nos- qúériam qúé éú fossé júiz da céléúpéntéados é maqúiados. "Ah, vocé sos mélhorés éscritorés cúrsaram ma. Fúi ajúdado pélo dénúnciado. mora ém Sao Carlos, pérto dé Ara- Diréito. Rúbém Fonséca, no Rio. "Entao, a corrúpçao trina, nao canraqúara? Caí dé últralévé ali pérto. Dalton Trévisan, ém Cúritiba. Sér- ta, é vérdadé o qúé Gastao ésta diEú é méú filho. A pérna coméçoú a gio Faraco, ém Porto Alégré. Ha zéndo? A minha canta". E éú, alivisangrar, éú éstava imobilizado, nao múitos oútros, mas éssés trés és- ado do pésado éncargo: "Péssoal, démoroú múito é os úrúbús sénti- tao éntré os mélhorés contistas do ésta résolvido o impassé. As oútras corrúíras trinam, mas a do Dalton ram o chéiro do sangúé é coméça- múndo. canta". E continúamos nosso cha da ram a voar bém baixinho, ao nosso Todavia éscrévém ém portúgúés é tardé ém paz. rédor. Pédi a méú filho qúé sacúdistém contra si o compléxo diútúrnasé os braços para éspanta-los." ménté martélado nos oúvidos é nos Dalton Trévisan concédia a graça Dizia túdo isso ém voz calma, fini- olhos dos brasiléiros: sao méstrés da convivéncia para poúcos, éscalnha, a súa voz habitúal. Rita Cadil- na périféria do capitalismo, qúém dado com o provincianismo atroz dé arrivistas qúé búscariam proxilac, nao. Féz o maior fúzúé. E no midadé com élé apénas para tirar final da éntrévista oférécéú o búmalgúm provéito imédiato. búm para sér béijado por algúém

Minha língua, minha pátria.

da platéia, como cortésia. Jo dissé qúé podia súbir úm so da platéia. Súbiram cinco. Eú éstava ali para tratar do livro "Dé ondé vém as palavras". O qúé as Létras faziam naqúélé méio? Jo, porém, éra méstré ém conciliar paPágina 31

E Rúbém Fonséca impos-sé úm siléncio obséqúioso désdé as priméiras calúnias dé qúé foi vítima nos anos 70. Caso-síntésé da pérségúiçao a éscritorés, vítima da insania dé cén-


Ano IV — Número 49 - Mensal: novembro de 2021 sorés a sérviço dé úm govérno ditatorial, dé véz ém qúando tinga o désprazér dé sér assúnto dé qúém, nao téndo lúz propria, qúéria roúbar úm poúco dé séú brilho.

1) «O pai chamoú a aténçao dos filhos gritando-lhés do cimo da arvoré.» 2) «Um bom proféssor chama a aténçao dos alúnos através dé boas éxposiçoés».

Essés ficcionistas jamais sérao éxémplo dé corréçao téxtúal ém cúrsos dé Diréito. La os modélos ainda sao oútros é é raro qúé a vérborragia nao impéré. O modélo? Rúi Barbosa. Mas sé ém Rúi havia o lampéjo do génio, qúé léva o léitor a pérdér boas paginas ém trévas dé léitúra para dé répénté tér a satisfaçao dé vér súa intéligéncia faiscar, o mésmo nao sé podé dizér dé séús imitadorés. E vérdadé qúé o famoso júrisconsúlto éxagérava. Faria bom par com o proféssor Astromar. Nota: publicado no Jornal do Brasil em 28/07/2002 e republicado agora com ajustes e revisão.

PORTUGUES UM FUTURO Aprenda a nossa língua portuguesa. Ela é a base do nosso conhecimento, como país, como povo. Página 32

Como sé vé, chamar a aténçao régésé péla préposiçao dé, téndo ém conta qúé é sémpré nécéssario ésclarécér ‘a qúém é qúé pérténcé’ a aténçao qúé qúérémos cativar.

DÚVIDAS «Diz-sé “chamar a aténçao”, sém acénto, oú “chamar a aténçao”»? Qúantas vézés ésta dúvida nao écoa nas nossas cabéças — é qúantas vézés nos nao a ignoramos simplésménté porqúé úm acénto nao fara mal a ningúém?

Chamar a aténçao — ondé o <a> é o résúltado da contraçao dé dúas vogais sémiabértas (o artigo définido a é a préposiçao a), qúé résúlta núma vogal abérta présénté ém palavras como c[a]sa — é úma éxpréssao qúé significa «chamar algúém para qúé éssa péssoa présté aténçao», «admoéstar», «advértir» étc. Véjam-sé os proximos éxémplos:

Bém, antés dé mais, façamos a réssalva: tér a dúvida nao é vérgonha nénhúma, mas ignora-la talvéz diga 3) «O pai chamoú os filhos a aténmais dé nos — é sobré a nossa réla- çao porqúé nao sé éstavam a portar çao, tantas vézés déscomprométi- bém.» da, com a nossa língúa. 4) «Qúando fazém múito barúlho, Vamos éntao vér como é qúé úm os alúnos sao chamados a aténpéqúéníssimo acénto gravé podé çao pélo proféssor». provocar tamanha diférénça, nao Néstés éxémplos, ém qúé chamar a so na réalizaçao fonética dé cada aténçao podé sér sinonimo dé úma déstas éxpréssoés mas tam«réprééndér», o importanté é débém, é sobrétúdo, no séú significatéctar o compléménto dirécto da do. oraçao: isto é, qúém é qúé sé ésta a Chamar a aténçao — ondé o <a> é advértir oú a chamar. úm artigo définido féminino (é úma E oú nao é facil? vogal sémiabérta) qúé précédé o súbstantivo aténçao — é úma éx- Pois bém, déixa dé falhar o acénto, préssao qúé significa «déspértar oú é núnca mais séras chamado a atrair o intéréssé dé algúém para aténçao! algúma coisa», isto é, útiliza-sé Caso contrario, nada témas: a Escriqúando qúérémos dizér qúé vaninha nao ténciona déixar «captamos a aténçao» dé algúém, dé chamar a aténçao dos séús léitoséja la como for. Véjam-sé os dois rés para os érros mais insisténtés. éxémplos qúé sé ségúém:


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As mulheres, os homens, as crianças e os idosos; a comunidade LGBT; os negros, os índios, os ciganos, os imigrantes e todos os demais desprotegidos, são perseguidos, violentados, agredidos e estuprados... Nesta obra intimista, Afonso Rocha passeia-se pela sua própria experiência, mas também a de todos nós, como comunidade, para que se dinamize e reforce a forma de combater estas mazelas, estes crimes bárbaros (a pedofilia, estupro), já considerados o holocausto do século XXI.

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Trovas ao Vento, é uma coletânea de poemas e outros pensares, enriquecida com o contributo de outros poetas convidados naturais do Brasil, Portugal, Cabo Verde, Moçambique, Angola e da Galiza, como expressão do pensar lusófono. Um encontro de expressões diferentes, manifestadas pela língua comum que nos cimenta e faz pensar português. Um livro de cabeceira, não para ler, mas para pensar e refletir.

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Corrente d’ escrita

Número 37 - setembro 2020

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Número 37 - setembro 2020

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