Revista Mineira de Engenharia 34ª edição

Page 1

ISSN 2447-813X

FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT

ANO 8

|

EDIÇÃO 34

|

ABR - JUN - 2017

DE VOLTA PARA CASA A SME RETORNA À RUA TIMBIRAS, 1514 BALANÇO DA GESTÃO Prestação de contas é aprovada por unanimidade

GESTÃO 2017/2020 SME elege nova diretoria e conselhos

MEDALHA LUCAS LOPES Cerimônia de outorga a Aloisio Vasconcelos

FUTURO DA ENGENHARIA Uma análise do setor em meio à operação Lava Jato


Excellência em e cone ectividad de e Internet de alta velocid dade Redes de alta disp ponibilidade que garantem g a continu uidade e o perfeito funcionamento do os serviços aos seu us clientes.

$ &(0,*7HOHFRP SRVVXL HTXLSHV TXDOLÀFDGDV SDUD DWHQGHU GH IRUPD HÀFLHQWH D VXD HPSUHVD $ )DoD FRQWDWR _ ZZZ FHPLJWHOHFRP FRP _ YHQGDV#FHPLJWHOHFRP FRP 3UHVHQoD HP 0* *2 %$ &( 3(


EDITORIAL | PALAVRA DO PRESIDENTE Augusto Drummond Presidente da SME

Prestando Contas da Gestão 2014/2017 Caros Amigos, O dia três de junho marca o encerramento de nossa atuação à frente da Sociedade Mineira de Engenheiros. Este é, pois, um momento de agradecimento aos homens e mulheres que conosco colaboraram nessa travessia de três laboriosos anos e, também, de prestação de contas do trabalho realizado. Preliminarmente, porém, gostaria de falar da minha satisfação pessoal em contribuir intensamente, como Presidente, para a valorização da Engenharia e o engrandecimento da SME, causas nas quais sempre acreditei e depositei minhas energias, mesmo sabendo das dificuldades. Estou certo de que dirigir a SME foi, sem dúvida, um dos maiores desafios de minha vida! Outro registro importante que eu gostaria de fazer é o da constatação de que, nos últimos três anos, talvez tenhamos vivido uma das maiores crises da Engenharia em nosso país, em decorrência da recessão econômica e do envolvimento de dirigentes de importantes empresas do setor, com o esquema de corrupção instalado no poder. Abominamos tais práticas e não as justificamos, em qualquer hipótese, pelo elevado custo social, mesmo que tenham beneficiado a Engenharia! Vale lembrar o período do regime militar, quando nossa atividade experimentou significativo avanço em diversos campos, mas que nos deixou como herança obras inacabadas, como a Ferrovia do Aço e a Transamazônica e, ainda, uma dívida externa considerada impagável à época! Prestando Contas É bem verdade que no, triênio 2014/2017, não conseguimos realizar tudo que pretendíamos em nosso programa de trabalho. Mas gostaríamos de destacar alguns resultados obtidos. No âmbito das Comissões de Trabalho, as contribuições levadas ao Governo do Estado pela Comissão de Transportes, no tocante a malha ferroviária mineira e a mobilidade urbana. O Comitê de Sustentabilidade conquistou assento no COPAM e encaminhou sugestões para a simplificação do licenciamento ambiental em Minas. Já a Comissão da Agenda 2030, elaborou sugestões às prefeituras sobre o desenvolvimento regional com fundamento nos ODS da Agenda 2030 da ONU. Foi também uma honra para a SME, nesse período, ter homenageado profissionais do quilate do Professor Edson Durão Judice, que exerceu atividade acadêmica por mais de 50 anos, sendo professor de gerações

de profissionais; do Eng. Olavo Machado Junior pelo incentivo à Engenharia à frente da FIEMG com os programas “Engenheiros do Futuro” e “Engenheiro Empreendedor”; do Eng. Sérgio Cavalieri, pela postura de gestão corporativa ética, pautada no compromisso social; do Eng. José Vieira de Mendonça Sobrinho pelo trabalho realizado que o fez merecedor da Medalha Lucas Lopes e do Eng. Aloisio Marcos Vasconcelos Novais, ex-presidente da SME, pela substancial contribuição dada ao setor de energia em Minas Gerais e no Brasil. Outra meta relevante que atingimos foi a de trabalharmos em sintonia com as demais entidades de classe da Engenharia, buscando servir aos engenheiros, às empresas do setor e à sociedade mineira. De Volta para Casa O maior legado da Gestão 2014/2017 foi o de atender a uma das mais antigas e almejadas aspirações de nossos associados: o retorno da SME, após 12 anos, à sua sede própria localizada à Rua Timbiras, 1514, em BH. Com recursos financeiros limitados, advindos da ação judicial impetrada em gestões anteriores, foi possível fazer uma reforma parcial do prédio da sede, proporcionando a mudança da SME em fevereiro de 2017. A recuperação foi conduzida diretamente sob a coordenação do presidente, com a ajuda de profissionais habilitados, com o maior rigor no tocante à qualidade da reforma. Durante pouco mais de um ano, fizemos as seguintes intervenções: substituição do telhado, impermeabilização de todas as áreas externas, substituição das tubulações de água de ferro fundido, alinhamento de todos os pisos com troca de rebocos e utilização de materiais numa concepção estética, simples, moderna, funcional e agradável para acolhimento da SME. Todos os andares foram preparados para facilitar a ocupação, exigindo apenas as obras de ambientação de acordo com a finalidade a que forem destinados. Gestão 2017/2020 À Gestão que ora se inicia, sob a Presidência do Colega Ronaldo Gusmão, desejamos sucesso em levar adiante as aspirações dos associados da SME. Acreditamos e solicitamos aos nossos associados e a todos profissionais do Estado, o apoio e a solidariedade para que o programa de trabalho da Chapa iNova SME se transforme em realidade, para uma SME cada vez mais forte e unida, digna do respeito que sempre teve na sociedade!

3


Seja um associado SME COMPROMISSO COM VOCÊ! A Sociedade Mineira de Engenheiros, por meio de sua equipe, tem desenvolvido uma série de trabalhos para atender cada vez mais e melhor a cada um dos associados.

Por meio de nosso site, da Revista Mineira de Engenharia e da produção de eventos, a SME tem se tornado, cada vez mais, um canal aberto para ouvir suas sugestões e para representar seu interesse no setor.

Em seus 86 anos de existência, a SME trabalha para integrar, desenvolver e valorizar a Engenharia, a Arquitetura, a Agronomia e seus profissionais, contribuindo para o aprimoramento tecnológico, científico, sociocultural e econômico. COMPROMISSO COM O FUTURO Aprimoramento profissional e a inovação tecnológica também têm sido uma das grandes bandeiras da SME para oferecer os melhores serviços para você.

Mais informações: www. sme.org.br - (31) 3292 3962 ou sme@sme.org.br

Augusto Celso Franco Drummond Presidente

Janaína Maria França dos Anjos Diretora

Alexandre Francisco Maia Bueno Vice-Presidente

José Andrade Neiva Diretor

José Ciro Mota Vice-Presidente

Krisdany Vinicius Santos de Magalhães Cavalcante Diretor

Luiz Henrique de Castro Carvalho Vice-Presidente Marita Arêas de Souza Tavares Vice-Presidente Virgínia Campos de Oliveira Vice-Presidente Alexandre Rocha Resende Diretor Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz Diretora Fabiano Soares Panissi Diretor Humberto Rodrigues Falcão Diretor

Publicação

Marcelo Monachesi Gaio Diretor

Fernando Henrique Schuffner Neto Revisão Editorial Flavio Marques Lisbôa Campos Luciana Maria Sampaio Moreira revista@blogconsult.com.br Francisco Maia Neto Jorge Pereira Raggi Projeto Gráfico / Design José Raimundo Dias Fonseca Blog Comunicação Levindo Eduardo Coelho Neto Marcelo Távora Luiz Celso Oliveira Andrade Paulo Henrique Pinheiro de Vasconcelos marcelo@blogconsult.com (31) 3309 1036 | (31) 99133 8590 Rodrigo Octávio Coutinho Filho Wilson Chaves Júnior CONSELHO FISCAL

Túlio Marcus Machado Alves Diretor

Carlos Gutemberg Junqueira Alvim Presidente

Túlio Tamietti Prado Galhano Diretor

Conselheiros Alexandre Heringer Lisboa João José Figueiredo de Oliveira José Eduardo Starling Soares Marcelo Aguiar de Campos

CONSELHO DELIBERATIVO Ailton Ricaldoni Lobo Presidente

Coordenador Editorial José Ciro Mota

Conselheiros Alberto Enrique Dávila Bravo Carlos Eustáquio Marteleto Eduardo Paoliello

Jornalista Responsável Luciana Maria Sampaio Moreira MG 05203 JP

Depto. Comercial Blog Comunicação & Marketing revista@blogconsult.com.br (31) 3309 1036 | (31) 99133 8590 Tiragem: 10 mil | trimestral Distribuição Regional (MG) Gratuita Publicação | SME Sociedade Mineira de Engenheiros Rua dos Timbiras, 1514 - Centro Belo Horizonte - Minas Gerais CEP:30140-061 Tel. (31) 3292 3962 sme@sme.org.br www.sme.org.br

Apoio Compromisso, Inovação e Avanço

4


8

10

14

BALANÇO DA GESTÃO Prestação de contas é aprovada por unanimidade

GESTÃO SME SME realiza encontro para gestão 2017/2020

ARTIGO Rodovias e RMBH Engº Elzo Jorge Nassaralla

18

MEDALHA LUCAS LOPES indicação de Aloisio Vasconcelos foi amplamente comemorada

28

CHAPA iNOVA SME Nova diretoria da SME assume o comando da instituição

32 36

ENTREVISTA Fabiano Martins Cunha

ENGENHEIRO DO ANO SME / 2016 Cerimônia de outorga do título e da medalha

40

46

52

54

56

VOSSA SENHORIA Jornal sobrevive graças a um engenheiro

FUTURO DA ENGENHARIA Uma análise do setor em meio à operação Lava Jato

ARTIGO | CDS/SME Comitê de Desenvolvimento Sustentável da SME

JOVEM ENGENHEIRA Rosiellen França dos Santos

BARRAGENS Evento reuniu 700 profissionais do ramo

58

ENERGIA Leilão pode reduzir em 50% a capacidade de geração da CEMIG

60

CAPA SME retorna para a sua sede própria




SME GESTÃO

Balanço da gestão Prestação de contas do presidente Augusto Drummond é aprovada por unanimidade Luciana Sampaio Moreira No dia 27 de março, com a presença dos membros do Conselho Deliberativo e do Conselho Fiscal da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), o presidente da entidade, Augusto Celso Franco Drummond, fez a prestação de contas da sua gestão, entre os anos 2014/2017. Os relatórios foram feitos em parceria com a contadora Erce de Oliveira Costa, da AGM Contabilidade.

“Além de incentivar as Comissões Temáticas, a SME tem como desafios concluir o processo de mudança e tornar-se uma entidade autossustentável”, adiantou. A renovação do quadro de associados é outro projeto importante, para garantir o vigor necessário para que a “Casa do Engenheiro” possa voltar a ser um espaço de debates e contribuições dos engenheiros para as cidades e para o país.

Após a apresentação dos balanços de atividades e de patrimônio, o documento foi aprovado por unanimidade e sem ressalvas pelos participantes. “Augusto Drummond me substituiu na presidência da SME com muita competência. Ele se engajou no projeto de retornar para a antiga sede e assim fez. Eu permaneci à frente do Conselho Deliberativo e contribuí como pude para que esse grande projeto se tornasse realidade”, enfatizou Ailton Ricaldoni, presidente do Conselho Deliberativo.

O presidente Drummond afirmou que a prestação de contas é essencial. “Estou feliz com o resultado obtido. Sem dúvida, o grande mérito da gestão foi a reforma e mudança para a tradicional sede da SME, na Rua Timbiras, 1514. Face aos recursos limitados – R$ 910 mil, fruto de acordo judicial com o locador do imóvel - resolvi ser o administrador da obra. Contratei profissionais, empresas especializadas e ao longo de 1,3 ano, acompanhei pessoalmente todas as intervenções realizadas pela equipe de quatro operários e auxiliares, para a manutenção do prédio que tem pouco mais de 40 anos de construção e adequação do espaço para uso futuro. Privilegiamos a técnica e a qualidade, para garantir um resultado duradouro para a entidade”.

Para o engenheiro, que presidiu a SME entre 2011e 2014, este é um momento histórico para a entidade, que volta a ter condições para desenvolver diversas atividades e, também, para a atuação das Comissões Técnicas, por meio de contribuições em diversas áreas do desenvolvimento de Minas Gerais e do país.

SOCIEDADE MINEIRA DE ENGENHEIROS

DEMONSTRAÇÃO DE SUPERAVIT/DEFICIT DO EXERCÍCIO FINDO 2016 DEMONSTRAÇÃO DE SUPERAVIT/DEFICIT DO EXERCICIO FINDO 2016

CONTAS RECEITA Contribuição associados Patrocínio Revitalização Sede ART Comissão Receita liquida de eventos (Patrocinios - Despesas eventos) Receita Financeira e recuperacoes Receita Patrimonial

2015 39.219,00 6.650,00 (26.293,48) 71.718,19 153.657,52

2014

60.566,91 2.200,00 38.790,19 14.130,87 32.921,09 1.086.528,85

DESPESAS Despesas c/ Pessoal Despesas Administrativos Despesas Financeiros e Tributários

(356.774,34) (278.184,35) (63.331,98)

(273.135,79) (287.116,79) (17.478,78)

SUPERAVIT/DEFICIT DO EXERCICIO

(453.339,44)

657.406,55

As notas explicativas são parte integrante das demonstrações contábeis

8

2016

61.129,41 34.261,88 85.616,53 111.770,10 5.183,77 139.999,96

(282.009,16) (157.438,76) (5.338,91) (6.825,18)


Nesse período, a SME recebeu o auxílio de engenheiros associados e de profissionais de nível superior de diversas áreas, com anotação de ART.

sobre Análise da Situação Hídrica Mineira, Práticas Sustentáveis na Indústria da Construção Civil, Estudo de Caso PPP Escolas BH, entre outros.

Engenheiro do Ano

Em 2016, o estande da SME recebeu a visita de estudantes de Engenharia, professores e profissionais do setor. A entidade participou do Fórum de Mega-Tendências, que abordou a inovação tecnológica na construção civil.

“Realizamos as três edições da cerimônia, com homenagens ao professor Edson Durão Judice, ao presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), Olavo Machado Junior e, encerrando, ao engenheiro, executivo e líder empresarial Sérgio Cavalieri. Medalha Lucas Lopes Na Medalha Lucas Lopes, o homenageando José Vieira de Mendonça Sobrinho e Aloisio Marcos Vasconcelos Novais, pelo trabalho que realizaram e, no caso do Aloisio, ainda realiza, na área de Energia. O evento é uma parceria com a CEMIG. Prêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação Promovemos o Prêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação, por meio de uma parceria coma Fiemg, para aproximar as Escolas de Engenharia do Estado da indústria mineira. Temos trabalhado para que os projetos que foram premiados ao longo desses três anos possam ser aproveitados pelo setor. Comissões Temáticas Duas comissões tiveram um funcionamento mais efetivo. A Comissão de Transportes realizou eventos e preparou um documento que foi entregue ao governo do Estado, “Proposta Integrada” com demandas prioritárias de logística e transportes nos diversos modais disponíveis. O Comitê de Desenvolvimento Sustentável também teve uma atuação efetiva.Além da participação e promoção de eventos, essa Comissão conseguiu recolocar a SME na lista de entidades que têm cadeira no Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Minascon A SME participou das edições de 2014, 2015 e 2016 do Minascon, com presença em estande e promoção de eventos. Em 2015, a entidade coordenou o Seminário SME de Consumo Consciente de Água e Energia e promoveu debates

Relacionamento com entidades de classe “Nesse período, cuidei muito do relacionamento da SME com outras entidades de classe. Entre os frutos alcançados estão as parcerias com a FIEMG, para a realização do Prêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação e com o Sicepot-MG, que sediou as três edições do Engenheiro do Ano na nossa gestão”. “O SENGE-MG nos apoiou, inclusive com anúncios na revista. O CREA-MG nos abrigou durante a maior parte do mandato e quando houve a ação contra o repasse da ART para as entidades, não houve a cobrança dos alugueis devidos. Reconhecemos a dívida de cerca de R$ 400 mil mas, no momento, não podemos quitar esse valor. A Mútua, a Engecred também apoiaram muito a SME, inclusive com anúncios na revista. “Tivemos um excelente relacionamento com o Colégio de Entidades do CREA-MG, o que denota a integração da SME com as outras instituições que defendem a Engenharia mineira e brasileira”. Futuro da Engenharia “No período da minha gestão, a Engenharia sofreu demais. Além da recessão econômica, os desdobramentos da Operação Lava Jato também acarretaram em interrupção de investimentos e em desemprego para os engenheiros. Nesse cenário, não houve uma mobilização forte o suficiente para valorizar a Engenharia. As entidades que representam o setor não conseguiram se unir em torno de um discurso. Acho que as empresas envolvidas devem “corrigir a rota” por meio de acordos de leniência e instalação de programas de Compliance. Dessa forma, elas continuarão existindo e caberá ao mercado decidir quem fica ou não. Isso já aconteceu em outros países e as coisas foram solucionadas”. 9


SME - GESTÃO

Sugestões para a SME No dia 10 de abril, os Conselhos Deliberativo e Fiscal da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) realizaram um encontro com participantes da chapa iNova SME, que resultou em sugestões para a administração 2017/2020 1. Síntese

3. Qualificação Profissional

Atuação da Sociedade Mineira de Engenheiros visando promover a qualificação do profissional de Engenharia, valorizar o empreendedorismo entre os novos engenheiros, incentivar a inovação tecnológica no âmbito das empresas do setor, resgatar o papel relevante das empresas de engenharia para o desenvolvimento nacional, contribuir com ideias e propostas para as políticas públicas que gerem um futuro promissor para nossas cidades, para o Estado de Minas Gerais e o País, posicionar-se com sólidas argumentações técnicas e credibilidade em assuntos nacionais de interesse dos engenheiros e da Engenharia. Implementar uma Gestão transparente, motivadora, agregadora, democrática e responsável comprometida com um futuro sustentável para a Entidade.

Criar no organograma da SME, setor que irá atuar em parceria com a iniciativa privada do País e do exterior, visando a Certificação Internacional de Qualidade dos Cursos de Engenharia de MG e do Brasil (Proposta Aécio Lira – EduQualis e empresa indiana MeritTrac).

2. Defesa das Empresas de Engenharia Defender a sobrevivência e o fortalecimento das empresas brasileiras de engenharia, em um contexto de respeito às regras de “compliance”, visando disputa dos empreendimentos de engenharia em solo nacional em condições de igualdade com as empresas estrangeiras, sem as amarras que estão sendo impostas às empresas brasileiras por órgãos governamentais do País (TCU etc) em decorrência dos desdobramentos da Operação Lava-Jato. Buscar influenciar junto aos órgãos Públicos Estaduais e Municipais para o reconhecimento da necessidade de certificação de qualidade ISO nas empresas de engenharia mineiras, visando a implantação de governança corporativa e observância da ética profissional nas contratações de serviços e obras. 10

4. Programa de Extensão Acadêmica Estabelecer acordos/convênios de cooperação com Instituições de Ensino Superior com o propósito de familiarizar e comprometer os estudantes e professores com a realidade regional e nacional, de forma que venham a contribuir para o planejamento e a implementação de políticas públicas; 5. Incentivo à Inovação Dar continuidade à realização, anualmente, do Prêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação, visando incentivar a iniciação científica no âmbito acadêmico. 6. Startups de Engenharia Fomentar a criação de startups de Engenharia, incentivando o empreendedorismo entre os profissionais. 7. Permanente Contribuição para as Políticas Públicas Permanente reflexão sobre assuntos de Engenharia de interesse da comunidade, propostos ou não pelo Poder Público, visando oferecer continuamente contribuições na definição de Políticas Públicas. Instrumentos indispensáveis para tal objetivo.


• Ampliação e Consolidação das Comissões Técnicas Reestruturar as atuais Comissões Técnicas, mantendo Comissões atuantes nos principais segmentos da engenharia, visando o estudo, o debate e a divulgação de assuntos técnicos e problemas nos diversos campos especializados, promovendo a realização de palestras, painéis, cursos, seminários, mesas redondas e visitas técnicas, dentre outras iniciativas. As Comissões devem se prestar, também, para a atualização do conhecimento técnico de seus participantes.

lideranças classistas e profissionais da engenharia. Os assuntos debatidos são temas de grande importância para a população, discutidos pelo Poder Público e pela Mídia. • Programa de Voluntariado Institucional Instituir um programa que estimule a participação de engenheiros, especialistas, convidados, professores e estudantes, direcionado à formulação e análise de políticas públicas. 8. Revitalização da Comunicação Social da SME

Ao mesmo tempo, dotar as Comissões de maiores recursos operacionais no tocante a apoio de pessoal e tecnologias de interação entre seus membros;

Aprimorar a comunicação da SME com os profissionais e a Sociedade, nos seguintes aspectos:

Alinhar as Comissões Técnicas da SME às Câmaras Técnicas Especializadas do COPAM (Decreto estadual MG nº 46.953/2016), mantendo as seguintes Comissões:

Manter Assessoria de Imprensa;

Comitê de Desenvolvimento Sustentável – CDS. Comissão de Transportes; Comissão de Energia; Comissão de Mineração; Comissão de Indústria; Manter a Comissão de Educação em Engenharia. • Programa SME 12:30 Retomar a realização de almoço na sede da SME, com a apresentação de palestrante/autoridade sobre tema de interesse, com a presença de associados, convidados, executivos, lideranças classistas e profissionais da engenharia. Os assuntos debatidos são temas de grande importância para a população, discutidos pelo Poder Público e pela Mídia. • Programa Ponto e Contra Ponto Retomar a realização do evento na sede da SME, com a apresentação de palestrantes com opiniões divergentes sobre tema polêmico, com a presença de associados, convidados, executivos,

Assessoria de Imprensa;

Revista Mineira de Engenharia; Ampliar a divulgação e aumentar a interação da revista com as Comissões de Trabalho. Considerar a meta de editar a revista bimestralmente ou trimestralmente em papel. Editar Newsletter, em meio digital, com periodicidade mensal.

sado de manter página da SME em jornais de grande circulação. 9. Eventos Calendário Manter os grandes eventos anuais da SME, de reconhecimento do mérito profissional; Medalha SME e Título Engenheiro do Ano, outorgados a profissional de destaque, no âmbito nacional ou estadual, por ocasião do Dia do 11 de dezembro, dia do Engenheiro. Agendar avaliação sobre reformulação dessa outorga, de forma a agregar-lhe novas premiações; Medalha Lucas Lopes, outorgada em parceria com a CEMIG, por ocasião do aniversário da Empresa, em maio de cada ano, visando homenagear profissional que tenha se destacado no setor de energia; Criar novo evento, a ser celebrado no mês de março de cada ano, em data próxima ao dia da mulher, para homenagear a profissional Engenheira; Realizar o VI Seminário Internacional de Construção Sustentável e o II Seminário de Desenvolvimento Sustentável. 10. Gestão da SME

• Uso dos Recursos da Internet e da Mídia Social Digital

Planejamento Estratégico e Plano de Ação;

Dinamizar o uso do Facebook, Twitter, Instagram e de outras Mídias para a comunicação social. Aprimorar o site da SME, com informações sobre o que está se passando na SME, sobretudo acerca dos trabalhos das Comissões Técnicas. Criar no site uma Biblioteca Virtual, contendo documentos, slides de eventos, palestras e cursos, editais e pareceres técnicos, dentre outros.

Reavaliar o Planejamento Estratégico da SME, definindo um Plano da Ação a ser seguido durante o mandato de 2017 a 2020. Detalhar o Plano a cada ano, com previsão das ações a serem desenvolvidas mensalmente.

• Grande Imprensa Organizar, sempre que houver matéria relevante de interesse da engenharia e da sociedade, entrevista coletiva ou um Café da Manhã com a Imprensa (jornais, rádio, TV, etc) para efeito de dar conhecimento do posicionamento da SME. Manter Página da SME em Periódicos Atuar visando resgatar prática do pas-

Governança Corporativa Adotar governança corporativa com total transparência em processo eleitoral e de gestão, através de demonstrações administrativas e financeiras apresentadas com clareza para discussão com todos os segmentos interessados: associados, diretoria, conselhos deliberativo e fiscal, funcionários e sociedade. Gestão Sustentada Disponibilizar espaços do edifício-sede da SME para o uso remunerado por terceiros (para locação ou cessão 11


SME - GESTÃO

temporária), visando incrementar a geração de receita e, sobretudo, alcançar o equilíbrio econômico-financeiro da Entidade; Garagem – reavaliar o contrato do estacionamento;

Reconstituir e manter através de reuniões com periodicidade definida, o Conselho constituído pelos ex-presidentes da SME com o propósito de colaborar com a Gestão da Entidade.

Hall – cessão para implantação de restaurante/café gourmet, uso para eventos da SME (SME 12:30, Ponto e Contraponto, etc.), locação para casamentos, festas de empresa, uso para exposições de arte ou exposições de interesse industrial;

13. Representação em Órgãos Externos

2º, 3º e 4º andares – auditórios para locação remunerada; 3º, 4º, 5º e 6º andares – espaços para locação remunerada.

• Valorizar e supervisionar as representações da SME em órgãos colegiados externos, garantindo que suas atuações estejam alinhadas com os objetivos e interesses da Entidade.

Aumento de Anuidade

14. Reformulação do Estatuto

Avaliar a possibilidade de estabelecer mensalidade, pelo menos provisoriamente por dois anos, cujo montante anual seja bem superior ao que o associado paga atualmente por ano e que possa ser abatido no Imposto de Renda. Diretores e Conselheiros teriam uma mensalidade maior. Cobrar através de boletos enviados via internet.

Reformular o Estatuto de forma a:

Eventos para Arrecadação Avaliar a oportunidade de venda de Ingressos para Baile, Feijoada, Bingo, etc, a serem realizados no edifíciosede, visando arrecadar fundos para o término das obras de Reforma. 11. Atração de Novos Associados Ampliar a representatividade da SME na categoria, tendo como meta da Gestão 2017/2020 atrair 1.000 (mil) novos associados. Promover campanhas específicas de filiação e desenvolver programas de apoio e atração da mulher engenheira, dos profissionais desempregados e dos recémformados. 12

12. Conselho de ex-presidentes

• Efetuar levantamento de órgãos das administrações estadual e municipal, onde seria de interesse da SME manter representação para influir nas decisões;

• Prever maior participação das empresas; • Atribuir funções específicas aos membros da Diretoria, tais como: Diretor Administrativo, Financeiro, de Patrimônio, Técnico, Cultural, Social, etc. Até que ocorra a revisão do estatuto, esta distribuição de cargos poderá ser feita informalmente pela Diretoria; • Avaliar a conveniência de alteração do nome da entidade para “Sociedade Mineira de Engenharia”, com modernização do logotipo. 15. Espaço Cultural SME Reativar o “Espaço Cultural SME”, abrangendo, sobretudo, as áreas físicas do Hall e Auditório do 4º andar. Integrar este espaço ao Conjunto Cultural Liberdade, compreendido por 14 equipamentos entre museus, igrejas, centros de cultura, teatro, livrarias, cafés e a UEMG (dentro em breve) no contorno da Praça da Liberdade. Para tal, promover a elaboração de estudo técnico vi-

sando a definir o tipo de instrumento de proteção cultural a ser aplicado no presente caso, como prevê a Constituição. Utilizar o estudo com o propósito de obtenção de isenção do IPTU municipal. 16. Ambientes de Convivência Abrigar no edifício-sede ambientes de convivência como a “sala do profissional” (com acesso a internet, impressora, boas revistas, publicações técnicas atualizadas e informação sobre o trabalho das Comissões) e a instalação de restaurante/bistrô (terceirizado). 17. SME Jovem Recriar o SME Jovem, com o objetivo de atrair os estudantes para a vida associativa e incentivá-los à participação nos debates e promoções da Entidade visando a discussão de temas tais como qualidade de ensino, estágio curricular, empreendedorismo e outros. 18. SME Sênior Constituir o SME Sênior, visando através de seus membros efetuar maior contato com as instituições de ensino, empresas e entidades de classe. 19. Interação com as Entidades de Classe • Interagir com as demais entidades de classe do segmento da engenharia (CREA-MG, Senge-MG, Sinduscon-MG, Sicepot-MG, FIEMG, ACMinas, associações e clubes de Engenharia do interior do Estado de Minas Gerais, etc) visando o fortalecimento dos engenheiros e da Engenharia, a participação na definição de políticas públicas e a valorização dos profissionais perante a comunidade; • Atuar de forma propositiva visando colaborar para a formação do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico - CODESE no Estado de Minas Gerais.


SEMINÁRIOSME A SME E OS DESAFIOS DA PESQUISA E INOVAÇÃO NA ENGENHARIA DE TRANSPORTES SME | Terça-Feira | 04 de julho de 2017 | 14h30 às 20h30 Local | SME - Sociedade Mineira de Engenheiros | Rua Timbiras, 1514 - Lourdes - Belo Horizonte - MG. Proposta Discutir os avanços e inovação na engenharia de transportes como potencial agente de transformação para a infraestrutura do país.

Objetivo Institucional Fortalecer e renovar a presença, a participação e representatividade da SME no seu potencial como agente de transformação diante das principais e atuais questões voltadas para a infraestrutura de transportes e logística e como fórum privilegiado para assuntos de interesse dos engenheiros e da engenharia.

Público Alvo Profissionais da área de Engenharia, pessoas físicas e jurídicas que participam do processo de desenvolvimento socioeconômico do Estado e do País, escolas técnicas e de Engenharia, indústria ferroviária, concessionárias de transporte ferroviário e instituições ligadas aos temas.

Temas 1 ) Mobilidade urbana e logística nos conceitos de qualidade de vida do cidadão. 2 ) Desenvolvimento e modernidade da engenharia ferroviária: O Instituto Nacional de Pesquisas Ferroviárias/INPF. 3) Ferrovias ontem, hoje e sempre. Fundo Gestor para Projetos Ferroviários.

PROGRAMAÇÃO 14h30 Abertura Composição da mesa Hino Nacional Saudação do Presidente da SME

17h10

15h 1º Painel “Mobilidade urbana e os conceitos da qualidade de vida do cidadão”

Pesquisas Ferroviárias.”

Palestrante: Prof. Paulo Tarso Resende - FDC

2º Painel

“Desenvolvimento e modernidade da Engenharia Ferroviária O INPF – Instituto Nacional de

Palestrantes Engº Nelson de Mello Dantas Filho Engº Ubirajara Tadeu Malaquias Bahia

Palestrante: Engº Wellington A. Sarmento – STE/DNIT

Coordenador e moderador Engº Marcelo Perrupato e Silva Partícipes: ADRMBH/BHTrans/ ANTP/ANUT/SETRA/SETCEMG

Coordenador e moderador

16h30

Debates

ANPTrilhos– SIMEFRE

16h50

Coffee Break

18h40

Engº Charles Benis - DIF/DNIT Partícipes: ABIFER – ANTF –

Coordenador e moderador Engº PHD Nilson Tadeu R. Nunes/EEUFMG Partícipes: Representantes das Frentes Parlamentares para Ferrovias. 20h10 Debates 20h30 Encerramento Coquetel de congraçamento

Debates

Realização: Comissão Técnica de Transportes / CTT / SME

19h 3º Painel “Ferrovias: Ontem, hoje e sempre. Fundo gestor para projetos ferroviários.”

INSCRIÇÕES

E-MAIL: fabiola@sme.org.br Tel: (31) 3292-3810


ARTIGO

As Rodovias e Belo Horizonte Engº Elzo Jorge Nassaralla

Quando acontece um acidente grave em uma rodovia ou avenida de uma grande circulação, as pessoas sempre dizem que “cidade vai parar”. Em Belo Horizonte, ouve-se essa expressão com frequência, seja porque o Anel Rodoviário não permite desenvolver grandes velocidades em vários momentos do dia. Na BR-040/Sul, nas horas de pico – pela manhã e no final da tarde – a expressão aparece principalmente entre Betim e Belo Horizonte, passando por Contagem. Essa situação se repete, tanto de manhã como durante a tarde, na BR-040/Norte entre o Anel Rodoviário e Ribeirão das Neves, na BR356, em sequência à Avenida Nossa Senhora do Carmo. Na Avenida Cristiano Machado e na sua continuação pelo eixo da Linha Verde, a ladainha é a mesma, durante todo o dia. Por outro lado, as concessionárias têm que vender os carros e caminhões que são fabricados e há uma vontade intrínseca do povo para continuar comprando. Posto isto, passemos para uma realidade maior. Como resolver o problema do trânsito na nossa capital? A 14

Grande Belo Horizonte (RMBH) tem um grande número de municípios e, na realidade, a capital é ponto obrigatório dos habitantes de 34 cidades. Aqui estão os maiores shoppings, os melhores restaurantes, as maiores atrações, o Mineirão, o Aeroporto de Confins, os melhores teatros e isso define a importância da cidade. Há grandes avenidas, porém há problemas sérios no trânsito nessas vias, seja porque a topografia é bastante conturbada, seja porque o grande número de veículos que compõem a frota da RMBH precisa se movimentar para atender as necessidades da população. E o drama vai aumentando à medida que a população adquire veículos, o que não pode ser considerado “um problema”. Adquirir e usar um veículo são direitos de todo cidadão, seja para transportar o proprietário ou seus familiares para buscar o lazer, seja para levá-los de casa para o trabalho e vice-versa. As administrações das cidades é que têm a obrigação de resolver os

problemas, estudando alternativas, soluções, contratando obras com antecedência tal que possibilite remanejamentos e, com isso, melhor aplicação de recursos. O sistema de governo do nosso país exige atenção dos três níveis de administração. Antigamente existia na Região Metropolitana um órgão técnico que fazia estudos gerais sobre o desenvolvimento das várias cidades e regiões e buscava chegar a tempo com suas ideias, resultado de estudos profundos realizados por técnicos habilitados que pertenciam a seus quadros ou firmas especializadas existentes no mercado. E seus estudos eram considerados nos três níveis de administração. Com a extinção do Plambel, os estudos ficaram divididos. As prefeituras passaram a fazer estudos individualizados. O Estado, da mesma maneira, passou a buscar soluções mais particularizadas e o Governo Federal não levou em conta a necessidade de unir os raciocínios em busca de soluções gerais que atendam as necessidades de todos os implicados.


Sabe-se que existem inúmeros projetos que podem ser relacionados como base para o desenvolvimento da busca de um programa que venha a permitir às várias autoridades dos três níveis de governo encaminhar as soluções para futuras implantações das obras em uma determinada sequência que evite criar possíveis embaraços.

SÃO ESTES PROJETOS QUE DEVEM/PRECISAM SER CONSULTADOS: MONTI PMI

Modelo Metropolitana para o Transporte Integrado

1974

-

Plano Metropolitano de Transportes

-

1974

Plambel

-

Sistema Ferroviário Atual e Futuro da RMBH

-

1974

PDIES

-

Plano de Desenvolvimento Integrado Econômico e Social da RMBH

-

1975

-

Plano de ocupação do Solo da Aglomeração Metropolitana de BH

-

1976

STCI

-

Sistema de Transportes de Capacidade Intermediária ‒ Corredor Norte

-

1983

PACE

-

Plano de Circulação da Área Central de Belo Horizonte

-

1996

BHBUS

-

Plano de Reestruturação do Sistema de Transporte Coletivo da RMBH

-

2003

PDTT

-

Plano Diretor de Transporte de Passageiros sobre Trilhos da RMBH

-

1998

METROPLAN

-

Sistema Metropolitano de Transporte Coletivo da RMBH

-

2003

PDDI

-

Plano Diretor de Desenvolvimento Integral da RMBH

-

2011

O/D

-

Domiciliar ‒ Pesquisa Origem e Destino Domiciliar

-

2012

-

Plano de Mobilidade Urbana de Belo Horizonte

-

2013

-

Planos Diretores Municipais das cidades da RMBH

-

Planos Municipais de Transportes das cidades da RMBH

PAITT

-

Programa de Ação Imediata de Transporte e Tráfego

PROBUS

-

Programa de Transporte Público por Ônibus

SISTAR

-

Sistema Tarifário da RMBH

ESTAR

-

Estudo Tarifário

-

Projeto do Rodoanel

-

Programas do Trem Metropolitano

-

Plano Diretor do Aeroporto de Confins

-

Projeto da Linha Verde

-

Projeto de Duplicação da Av. Antônio Carlos

-

Projeto de Restauração/Ampliação do Anel Rodoviário de BH

-

Projetos dos Corredores BRT municipais de BH e BRT Metropolitano

-

Projeto de Veículos Leve e sobre Trilhos ‒ VLT conectando Lagoinha ao Aeroporto de Confins

-

Alguns desses projetos deverão ser consultados em profundidade e outros precisarão ser conhecidos com o objetivo de orientar as soluções buscadas sem interferências maiores entre elas.

Projeto da Duplicação da BR-381/Norte

Acredita-se que seria necessário, inicialmente, discutir sobre uma carta ou mapa de modo a estabelecer diretrizes básicas, que seriam aprovadas, a princípio, pelos vários níveis governamentais. A partir daí, cada órgão trataria do seu quinhão, acertando-se um modo de se juntar as soluções encontradas de modo a se ter, em um determinado ponto futuro, o conjunto dessas soluções apostas em um mapa geral que seria o receptáculo de todos os projetos já implantados, em implantação ou a implantar. Assim, mirando o mapa a seguir apresentado, verifica-se que o Rodoanel se destaca e merece ser implantado por vários motivos, sendo os dois principais: 1) O fato de o traçado atender ao desejo de contornar a área conurbada pela esquerda e 2) Ser considerado o eixo de uma área projetada para receber investimentos oficiais no decorrer dos anos a partir da semente já plantada que é o Aeroporto Industrial. 15


ARTIGO

De maneira semelhante a Alça Oeste precisa merecer uma prioridade e ser projetada urgentemente, pois nos parece ser a melhor solução para ligar a BR-381 Sul à BR-040 ao sul de Belo Horizonte. É verdade que há problemas de meio ambiente que precisam ser resolvidos. Há um estudo, contratado pelo DNIT que está paralisado e apresenta várias alternativas de traçado. É importante que as várias autoridades implicadas se sentem em volta de uma mesa e discutam o assunto com calma e pensamento positivo e acertem uma passagem para esta Alça Oeste. Quem sabe surge uma luz e se define uma construção por etapas de modo a permitir entregar ao transito uma alternativa provisória que seria utilizada por um período que permita se concluir um anel de verdade para ordenar o tráfego de passagem e regularizar o tráfego interno até que se consiga recursos para se implantar os túneis que estão “pintando” na região do Rola Moça. A Alça Sul tem alguns estudos iniciados, porém a região montanhosa que deverá ser atravessada e eventuais problemas ambientais, coloca-a em um plano de expectativa. Há que se dedicar com carinho na busca do “fechamento” deste verdadeiro anel de contorno da área da nossa capital. Observa-se que o Anel Rodoviário – nome que passará a ser incorreto depois de se pensar em um verdadeiro anel – continuará a ser uma via da 16

maior importância para o tráfego da capital e das cidades mais próximas. Sua revitalização passa a ser fundamental e sua adaptação às novas necessidades da Região Metropolitana coloca esta obra na frente das prioridades. Os cerca de 150.000 veículos que trafegam entre a Avenida Amazonas e a Avenida Antônio Carlos merecem uma melhor atenção. A obviedade da importância da cidade de Belo Horizonte como polo gerador e de atração de trânsito é mais que evidente. Hoje – já com atraso de cerca de dez anos – a duplicação da BR381/Norte, saindo do Anel, é a outra grande prioridade na área federal no campo das rodovias. Acredita-se piamente que a duplicação da BR381/Norte fará com que o Anel Rodoviário volte a ter aquela importância que conseguiu quando o sonho do engenheiro Felipe Moreira Caldas (chefe do antigo 6º. DRF na década de 1950) foi implantado: a primeira ligação que permitiu a conexão de todas as rodovias federais que chegavam em Belo Horizonte. Na verdade, a BR-381/Norte é a sequencia natural do Anel Rodoviário. Os engarrafamentos diários que acontecem naquela região – Bairro São Paulo e Alvorada – fazem com que as autoridades rodoviárias do Estado fiquem diariamente preocupadas com os constantes problemas que acontecem ali e sonham com a esperada duplicação, principalmente do final do atual Anel até Caeté, onde estão as obras da duplicação da rodovia que permite o fluxo de São Paulo ao Nor-

deste e vice-versa, surpreendentemente crescente mesmo neste período submetido à crise econômica por que está passando nosso país. Nós que vivemos aqui e que já nos acostumamos com os problemas constantes porque passam os usuários deste segmento rodoviário, mostrados diariamente na imprensa mineira, não fazemos ideia do tamanho das complicações, do custo negativo que rege a movimentação de veículos de passageiros e de cargas que se aventuram naquela região. É necessário reagir, juntar esforços para que o governo federal atenda aos reclamos do povo de Minas Gerais e coloque na praça, com a maior urgência possível, a licitação dos lotes 8A e 8B que ligam o Anel à Caeté e fazemos apelos para que haja recursos para as obras e que Deus ilumine as cabeças das autoridades rodoviárias de Brasília com o mesmo objetivo. O jornal oficial “Minas Gerais” já publicou a conclusão da licitação feita pela SETOP (Edital nº 003/2016), informando sobre a contratação de uma empresa mineira de consultoria para elaborar o Plano de Mobilidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte em 15 (quinze) meses. Haverá melhor oportunidade para se iniciar a conjugação de esforços de todos os interessados na busca de uma solução para os problemas que nos afligem? Engº Elzo Jorge Nassaralla, membro da Comissão Técnica de Transportes da SME



Fotos: Gláucia Rodrigues

MEDALHA LUCAS LOPES

Luciana Sampaio Moreira

Cerimônia de outorga reuniu familiares, engenheiros da área de Energia e gestores públicos O auditório da Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), localizado na região Centro-Sul de Belo Horizonte ficou lotado para a cerimônia de outorga da Medalha Lucas Lopes ao engenheiro mecânico eletricista Aloisio Marcos Vasconcelos Novais. O evento que comemora o aniversário da empresa mineira que acaba de completar 65 anos, em 22 de maio, foi criado em 1995, para homenagear os profissionais que se destacam na área de Energia. A indicação de Aloisio Vasconcelos foi amplamente comemorada, já que ele tem uma forte ligação com as duas Casas. O presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), Augusto Celso Franco Drummond, deu boasvindas aos convidados e fez uma sauda18

ção especial ao homenageado. “É uma alegria imensa para mim, reunir tantos amigos e colegas de profissão para homenagear Aloisio Vasconcelos, uma figura notável”, afirmou. Ele leu, também, a mensagem que o engenheiro, ex-presidente da SME e da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, escreveu especialmente para a cerimônia. Impossibilitado de comparecer, ele saudou o amigo de Londres. “Pessoa queridíssima por todos, não só pela sua trajetória profissional como engenheiro, deputado federal e professor, mas pela sua ética e solidariedade social na gestão de empresas”. O chanceler da Medalha Lucas Lopes foi o engenheiro e presidente da Federação das Indústrias do Estado de

Bernardo Alvarenga, engenheiro eletricista e diretor-presidente da CEMIG

Minas Gerais (FIEMG), Olavo Machado Junior. Para a cerimônia, ele foi representado pelo vice-presidente da entidade, Aguinaldo Diniz Filho, que não escondeu a satisfação em participar da homenagem a Aloisio Vasconcelos.


Autoridades do setor fazem justa homenagem a Aloisio Vasconcelos

“Hoje, realizamos o justo reconhecimento a este mineiro ilustre que é parte da história política e econômica do Estado nas últimas décadas como gestor empresarial de organizações públicas e privadas, pela sua atuação política, como deputado constituinte e, por dois mandatos, deputado federal e, ainda, pela sua crença no associativismo, como presidente da SME ”. O homenageado fez um belíssimo discurso de improviso sobre mineiridade, orgulho e força para lutar. “Diante da dificuldade, o que o mineiro faz? Ele recua, matura, toma tento, decide, avança e faz. Faz coisas como o binômio Energia-Transporte, Usiminas, Fiat, Mineiraçao, Vale, Pelé, Tostão e Reinaldo. Mas a maior obra dos mineiros foi a senhora CEMIG”, declarou. Ele aproveitou a cerimônia para se posicionar publicamente em defesa das usinas hidrelétricas da CEMIG que podem ser leiloadas pelo governo federal ainda neste ano.“O modelo brasileiro do setor de Energia vive um cenário de dificuldades acentuadas. Há cinco anos, não se escutou a técnica para fazer a MP 579 nem o bom senso para publicá-la. Agora, resta mobilizar os 56 deputados da base de Minas Gerais em Brasília para corrigir as dis-

torções que foram criadas. Não admito São Simão ser uma usina chinesa. São Simão – e todas as outras – são Minas purinha”, apontou. Sobre a situação política do Brasil, o engenheiro foi incisivo. “Pela primeira vez, desde o Império, Minas Gerais não tem um assento no executivo federal. Minas Gerais é o Estado-Síntese do Brasil, onde trabalhamos para fazer o melhor para ter um Estado com economia estável, política em equilíbrio e justiça social para todos”, frisou. Para ele, falta ao país encontrar um rumo a seguir para sair de mais essa crise e, com otimismo, transformar problemas em benefícios e oportunidades.

olhos mais uma vez sobre o amanhã o do meu país e antevejo esta alvorada, com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino." O engenheiro eletricista e diretorpresidente da CEMIG, Bernardo Afonso Salomão de Alvarenga, falou em discurso: “Aloisio Vasconcelos é um gestor que é conhecido pela forma justa e simples com que trata os colaboradores. Ele é disponível e aberto ao diálogo e às novas ideias”. Ele também falou sobre a batalha judicial que a CEMIG tem travado para barrar a venda das usinas hidrelétricas.

Executivo sempre envolvido com projetos da ordem de bilhões, em empresas públicas e multinacionais, ele fez a questão de responder a um amigo presente.“O meu patrimônio são mais de 70 anos de vida limpa e a família gostosa que está aqui comigo hoje. Sou rico de amigos que encheram esse auditório para me abraçar”.

“Estamos nessa luta há cinco anos. Há

E terminou a sua fala com a declaração de Juscelino Kubitscheck, ao pisar pela primeira vez em Brasília. “Deste Planalto Central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das mais altas decisões nacionais, lanço os

gia da CEMIG”, explicou.

um contrato de 1997, que garante que a Cemig teria preferência na renovação, mas o documento não está sendo honrado pelo governo federal.Vamos continuar essa luta, com todas as armas porque essa perda impacta em 50% a capacidade de geração de ener-

Também compuseram a mesa solene, o vice-prefeito de Belo Horizonte, Paulo Lamac e o ex-presidente da CEMIG, Guy Maria Villela Paschoal. 19


Aguinaldo Diniz Filho, Aloisio Vasconcelos e Sérgio Cavalieri

Ailton Ricaldoni, Aloisio Vasconcelos e Augusto Drummond

Ronaldo Gusmão, Fernanda Portela, Luiz Portela e Dirceu Brandão

Marcos Kfoury, Antônio Geraldo, Aloisio Vasconcelos, Rodrigo Coutinho, Marco Aurélio e Bruno Gorini

Bernardo Alvarenga, Aguinaldo Diniz Filho, Aloisio Vasconcelos e Paulo Lamac

Marco Aurélio, Gilberto Campos e Alfredo Diniz

Ricardo Vinhas e Aloisio Vasconcelos

Etevaldo Queiroz e Aloisio Vasconcelos

Itamar de Oliveira, jornalista e professor universitário, colega de Aloisio Vasconcelos em muitas frentes “Tenho por ele um enorme carinho. Eu gostaria de destacar que Aloisio é, sobretudo, uma pessoa de diálogo, que arquiteta permanentemente o diálogo. Essa, para mim, é a sua melhor característica. Jardineiro da liberdade e da cidadania”.

Ronaldo Vasconcellos Novais, engenheiro, professor e irmão de Aloisio Vasconcelos Novais “Na nossa casa, somos sete irmãos homens e todos engenheiros. Aloisio é o mais velho e o que primeiro caminhou para a Engenharia. Ele é, tipicamente, um engenheiro, o mais completo da nossa família. A homenagem de hoje é justa e merecida porque ele sempre defendeu a Engenharia com garra. Sempre teve espírito associativista e construiu uma carreira sólida e respeitável”. 20


Aloisio Vasconcelos, Nelson Leite e Cláudio Nilo

Tarcísio Neves, Aloisio Vasconcelos, Arthur Lopes Filho e Augusto Drummond

Dirceu Carneiro Brandão, Fernando Castelo Branco e Geraldo de Almeida Fonseca

Paulo Martins, Fernando Bartolomei e Roberto Cançado Vasconcelos

Alfredo Arantes, Aloisio Vasconcelos e Gilberto Pinheiro

Sílvio Nazaré, Aloisio Vasconcelos e Fernando Bartolomei

Cleide Issa, Serafim Jardim, Tânia Viana, Augusto Drummond, Hérzio Mansur e Marcos Vasconcelos

Homenageado e seus familares

José Vieira de Mendonça Sobrinho “Aloisio começou na CEMIG praticamente comigo, na cidade Industrial. Ele sempre demonstrou uma dedicação muito grande à empresa, baseada na sua inteligência invulgar. Desde o início, ele tinha, além do conhecimento de Energia, um nível cultural elevado. Gosto muito dele. Não convivemos juntos, mas no meu coração e na minha cabeça, ele sempre está presente.”

Mariane Vasconcelos Novais, filha “Orgulho para a nossa família poder assistir essa homenagem. A gente cresceu com o papai falando, com muito orgulho, da SME e da Cemig. Hoje, represento os meus dois irmãos,Adriana, que mora na China e Eduardo, que mora em Boston (EUA). Para nós, ele sempre foi um ídolo, um herói e um exemplo. A gente se esforça para ser um pouquinho como ele e poder construir nossas carreiras com tantos amigos e lisura e transparência e com a mesma paixão que ele tem pela Engenharia Eletricista e pela Energia.”

21


ENTREVISTA - ALOISIO VASCONCELOS

“ 22

“Vivi momentos de maior otimismo que o atual, mas continuo acreditando que a Engenharia é a ciência do bom senso e está presente na preservação ambiental, nas soluções humanas, nas respostas sociais e também na geração de riqueza, emprego, renda e oportunidades para os jovens”


Luciana Sampaio Moreira

O

engenheiro mecânico e eletricista Aloisio Marcos Vasconcelos Novais dispensa apresentações. Ao longo de 51 anos de uma carreira de desafios e muitas histórias bonitas para contar, ele construiu, mais que obras na área de Energia, um nome de respeito e credibilidade. Apesar de ocupar cargos de destaque em multinacionais e empresas públicas como CEMIG e Eletrobras, mantém o jeito discreto e elegante do povo das Minas Gerais, onde nasceu, foi criado e trabalha de forma dedicada pelo desenvolvimento do Estado e do Brasil.

Tenho uma ligação muito forte com a CEMIG, empresa na qual comecei a minha carreira. Estive lá pela primeira vez como estudante. Depois, em 1964, como estagiário. Fui trabalhar na Cidade Industrial, no Departamento de Operação e Manutenção, onde fui recebido pelos engenheiros Luiz Gonzaga Simões e, pelo homenageado de 2016, José Vieira de Mendonça Sobrinho.

Atualmente, à frente da CEMIGTelecom, a porta da sua sala é sempre aberta, para quem quiser chegar. É um ouvinte atento. Os visitantes encontram uma acolhida calorosa e aqueles que vêm de longe, são brindados com alguma lembrança da pátria natal. “Eu aprendi isso em uma empresa que visitei na Europa”, comenta.

A Distribuição impacta no social. Inaugurar a iluminação de uma cidade no interior ou em uma área rural é de uma emoção incomensurável. É sensacional chamar um homem simples e sua família e ligar a luz às 18 horas. A vida delas muda completamente com o acesso ao rádio, TV, geladeira. E somos nós, engenheiros, que fizemos isso acontecer.

Afinal, para o engenheiro, que acaba de registrar, no livro “Energia para Tudo”, partes de suas memórias, sempre há um bom projeto à espera, para ser executado.

A Cemig foi o seu primeiro emprego?

Como é, para o Sr. receber a Medalha Lucas Lopes? Eu me sinto honrado, porque já assisti a muitas cerimônias de colegas que foram agraciados pela Medalha Lucas Lopes, um homem que, além de fundar a CEMIG, durante o governo de Juscelino Kubitscheck, em 1952, ocupou cargos públicos de relevância e tem uma marca muito boa na Engenharia em Minas Gerais e no cenário nacional.

No estágio, eu tive a oportunidade de conhecer as diversas áreas que compõem o setor de Energia. Passei pelos setores de Projetos, Produção, Usinas e Transmissão. A área de Distribuição é a minha favorita entre todas porque leva a energia para as famílias e cidades.

Sim. Depois da graduação, em 1966, continuei na empresa como engenheiro contratado. Entre idas e vindas, ocupei o cargo e gerente de Manutenção Eletromecânica e de diretor das áreas de Distribuição e Comercialização e de Geração e Transmissão. Deixei a diretoria no governo de Itamar Franco, em 2003. Acompanhei a implantação de projetos interessantes como Gemini e Auto Track. Também participei da criação do Rodeio de Eletricistas e da construção de 11 usinas em Minas Gerais. Foi uma época muito boa em termos de investimentos.


ENTREVISTA - ALOISIO VASCONCELOS

A Distribuição impacta no social. Inaugurar a iluminação de uma cidade no interior ou em uma área rural é de uma emoção incomensurável. É sensacional chamar um homem simples e sua

Depois de uma atuação no Estado, o Sr. foi para a Eletrobras? O ex-vice-presidente José Alencar, que foi presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), me chamou para a Eletrobras. Lá, eu participei de projetos como Procel, Reluz e iniciativas interessantes na área de energias alternativas. Na presidência, eu implantei o projeto “Luz para Todos” que fez 8 milhões de ligações na zona rural do País, beneficiando 6,5 milhões de pessoas. Criamos, também, um programa de investimento em pesquisas por meio de universidades.A Universidade Federal de Itajubá passou a sediar o Centro de Excelência em Eficiência Energética. Outro projeto do qual me orgulho foi a criação do curso de Engenharia de Energia, pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUCMinas), que deu muito certo. Fiz palestra para os alunos e fiquei muito emocionado por ver um sonho realizado, para milhares de jovens. 24

E a sua passagem pela Sociedade Mineira de Engenheiros? A SME também é parte da minha vida como engenheiro. Fui diretor social, vice-presidente e, entre 1981 e 1983, fui presidente da entidade. Na minha gestão, trabalhei para transformar a SME em uma “Tribuna Livre” onde a categoria pudesse se manifestar de forma ampla e democrática. Na época, a SME tinha a antiga sede da Avenida Álvares Cabral, que estava sem uso e uma dívida com a Minascaixa. Negociamos o imóvel pelo débito. Mas, de todas as iniciativas da minha gestão, nenhuma se compara à criação das Comissões Técnicas. No início foram sete e acabamos a gestão com nove. Para mim, esse foi o grande trunfo, o maior passo para que a SME pudesse manifestar o seu pensamento interno publicamente, por meio de contribuições e sugestões de engenheiros para os projetos de desenvolvimento do Estado e do Brasil.

família e ligar a luz às 18 horas”

Meu desejo é que, com o retorno para a sede da Rua Timbiras, as Comissões consigam retomar suas atividades e contribuições. Como é estar à frente da CEMIGTelecom? xxxxxx Sempre atuei na área de Energia. As coisas estão indo bem. A empresa voltou a dar lucro e expandiu-se no Brasil e melhorou com a qualidade e a velocidade da transmissão de dados e das respostas correspondentes. Com isso, estamos caminhando para implantar sistemas que possibilitem criar cidades inteligentes. Energia está relacionada com tudo hoje. Com bancos, medicina, aviação e segurança. Energia é absolutamente eclética. O Sr. é um exemplo de profissional que atuou nos setores público e privado com grande sucesso. O que o Sr. diria, hoje, aos seus pares? É preciso fazer corretamente o que deve ser feito e modernamente o


CARREIRA PROFISSIONAL CEMIG Estágios em Operação e Manutenção Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG Engenheiro Mecânico - Eletricista Universidade de Padova/Itália Pós-Graduação CEMIG - Geração e Transmissão Gerente Manutenção Eletromecânica Period of Training and Specialization Charleston, SC/USA BROWN BOVERI (Suiça)Diretor Regional Minas Gerais INDI/Arthur D. Little Consultor /Energia SME - Sociedade Mineira de Engenheiros Presidente Deputado Federal (2 mandatos)

que é atualizado. Se pensarmos que estaremos servindo nossa pátria e as gerações futuras, os

Governo de Minas Gerais Secretário de Estado da Casa Civil

obstáculos ficam menos pesados.

Eficienttia Energia Presidente

Ninguém é arrogante a ponto de dizer que o

ONU Observador do Brasil

engenheiro é importante e que os profissionais das outras áreas não são. Mas a Engenharia é de transcendental importância na vida dos povos e dos países. A Engenharia nacional é responsável direta ou indiretamente por 70% do PIB. Há Engenharia em tudo. Vivi momentos de maior otimismo que o atual, mas continuo acreditando que a Engenharia é a ciência do bom senso e está presente na preservação ambiental, nas soluções humanas, nas respostas sociais e também na geração de riqueza, emprego, renda e oportunidades para os

PUC Minas e UFMG Professor (Energia) SIEMENS (ALEMANHA) Diretor Regional Minas Gerais VALLOUREC MANNESMAN Conselheiro CEMIG Diretor (Distribuição e Comercialização) CEMIG Diretor (Geração e Transmissão) CBTU Diretor (Diretoria Técnica) ELETROBRAS Diretor (Diretor de Projetos)

jovens.

ELETROBRAS Presidente

O Sr. gostaria de dizer alguma coisa mais?

Furnas Presidente do Conselho de Administração

Eu tenho que agradecer a Deus pela vida, à

Alstom (França) Presidente

minha família, às empresas pelas quais eu passei, aos amigos que eu fiz durante a minha trajetória profissional e, também, a todos que, de uma forma ou de outra, contribuíram para essa importante homenagem que eu recebo com tanta alegria.

Andritz (Áustria) Diretor Regional Minas Gerais CIEMG/FIEMG Conselho Superior CEMIGTelecom Presidente


Conhecimento para o futuro da indústria Voltados para estudantes de engenharia e qualificação profissional, programas do Sistema FIEMG preparam alunos e recém-formados para os desafios do mercado Uma indústria forte é construída com engenharia de qualidade. O Sistema FIEMG investe para fazer valer essa máxima. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego revelam que, entre 2003 e 2013, o número de profissionais da área saltou de pouco mais de 146 mil para 273 mil engenheiros no Brasil. Em Minas Gerais, no mesmo período, o contingente passou de 13 mil para mais de 27 mil pessoas. É nesses jovens que a entidade aposta. Para prepará-los para um mercado cada vez mais concorrido e exigente, criou os programas “Futuros Engenheiros” e “Engenheiro Empreendedor”. Os dois programas permitem aos novos engenheiros aliar os conhecimentos teóricos e práticos, obtidos nas faculdades, com o dia a dia do trabalho realizado nas linhas de produção das empresas industriais.

Presidente do Sistema FIEMG, Olavo Machado, ressalta que os novos e futuros engenheiros construirão o Brasil dos próximos anos.

26

Engenheiro Empreendedor O Instituto Euvaldo Lodi (IEL-MG) e o SENAI-MG, em parceria com o Sebrae-MG, realizam o programa com o objetivo de promover a complementação de habilidades – de competências profissionais e conhecimentos acadêmicos – com a realidade de mercado. O principal desafio é capacitar engenheiros com foco em resultados e desenvolver a mentalidade empreendedora dos estudantes de engenharia e egressos com até cinco anos de graduação. “A ideia é estimular o empreendedorismo, oferecendo conhecimento sobre negócios para o setor industrial e aspectos comportamentais”, avalia o presidente do Sistema FIEMG, Olavo Machado. O “Engenheiro Empreendedor” tem 99 horas de capacitação, distribuídas em oito semanas, nas quais os alunos participam de capacitações, mentorias técnicas com especialistas do SENAI-MG e de negócios com empreendedores voluntários, além de palestras sobre temas como sensemaking e capital empreendedor. Os estudantes são estimulados a desenvolver, em times, soluções (produtos, serviços, negócios etc.) para setores ligados à atividade industrial como saúde, eletroeletrônica, metalmecânica, moda, móveis e construção civil. Em 2017, o programa, além da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), está sendo implantado em outras regiões do estado, como Ipatinga, no Vale do Aço, e Santa Rita do Sapucaí e Itajubá, no sul de Minas.


Fotos: Carlos Conde/FIEMG

Jovens participantes dos programas do Sistema FIEMG saem mais preparados para um mercado cada vez mais concorrido.

Futuros Engenheiros Outra iniciativa criada para qualificar a engenharia mineira é o “Futuros Engenheiros”, fruto da parceria entre IEL-MG, SENAI-MG e SESI-MG e apoiada por universidades mineiras. Iniciado em 2013, o programa já teve sete edições finalizadas e recebeu cerca de 8,3 mil inscrições para as mais de 1,2 mil vagas ofertadas nas 55 turmas realizadas até maio de 2017. Desde o ano passado, também passou a ser operado fora da RMBH, nas regiões do Vale do Aço e da Zona da Mata. O planejamento é que, até 2019, todas as Regionais FIEMG espalhadas por Minas Gerais recebam o programa. A metodologia aplicada no programa permite aos estudantes aliar conhecimentos teóricos e práticos, simular a rotina de trabalho na indústria e desenvolver competências comportamentais. A ação é voltada para estudantes matriculados e frequentes do 5º ao 10º período do ensino superior das áreas da Engenharia que residem e estudam nas regiões onde os cursos são ofertados. O programa tem duração de cinco meses com uma carga horária de 400 horas. Entres os cursos oferecidos estão Operação de Processos

em Construção Civil, Operação de Processos de Instalações Elétricas, Operação de Processos em Mecânica Industrial e Operação de Processos em Mineração. Para o presidente do Sistema FIEMG, Olavo Machado Junior, a engenharia é um dos pilares do crescimento do Brasil. “Quem vai construir um novo país são os novos e futuros engenheiros, pois não existe desenvolvimento sem engenharia. O futuro da indústria e do Brasil está baseado na engenharia e na inovação”, pontua. Para ele, os dois programas preparam cidadãos críticos, além de tecnicamente capazes. “Não formamos apenas futuros engenheiros, mas, sim, os engenheiros do futuro. A engenharia e os engenheiros são personagens decisivos no processo de transformação do conhecimento em inovação e tecnologia – e são imprescindíveis na implementação dessas inovações nos sistemas produtivos da indústria de Minas Gerais e do Brasil”, explica.


Eleição SME

Com 34 membros, chapa iNOVA SME será empossada no dia cinco de junho

A

ssociados da Sociedade Mineira dos Engenheiros (SME) elegeram, no dia 19 de maio, a chapa iNova SME para a diretoria e conselho da entidade, para o triênio

O engenheiro Ronaldo Gusmão é o novo presidente da SME

2017-2020. O resultado foi divulgado e

validado pela Comissão Eleitoral no mesmo dia. afe-

tada pela crise

presidente da entidade, disse que o objetivo principal da

nacional.

nova administração será resgatar a importância dos engenheiros na vida mineira e brasileira. “Não existe país desenvolvido sem uma Engenharia forte”, afirma. A eleição foi realizada na sede da SME, à Rua Timbiras,

28

mente

O engenheiro Ronaldo Gusmão, que assumirá o posto de

Segundo Gusmão, o trabalho da nova diretoria

se-

1514, bairro de Lourdes. Entre os engenheiros que lá esti-

guirá à risca o programa defendido pela chapa iNova SME,

veram para votar estão o presidente da FIEMG, Olavo Ma-

desenhado depois de várias reuniões abertas realizadas ao

chado, o atual presidente da SME, Augusto Celso Franco

longo dos últimos meses. “São 15 projetos divididos em

Drummond, o presidente da CEMIGTelecom, Aloisio Vas-

três linhas de ação: “Fortalecimento da SME”, “Apoio aos

concelos, membros da chapa e dezenas de associados que

Jovens Engenheiros” e “Melhor Comunicação com a Socie-

fizeram questão de participar desse momento histórico da

dade” Temos uma agenda cheia pela frente, para tornar a

entidade e da Engenharia, que, nos últimos anos, foi forte-

SME mais representativa, atuante e visível”, promete.


Chapa iNova SME 2017-2020

PROPOSTAS A FAVOR DA ENGENHARIA Pelo fortalecimento da SME

Pelo apoio aos Engenheiros

1. Posicionar-se como SME sobre políticas de

7.. Desenvolver programas de apoio ao engenheiro

Nação em assuntos pertinentes aos Engenheiros e

desempregado e criar a Sala do Engenheiro na SME;

a Engenharia;

8..

2. Tornar a entidade mais representativa, tendo

lhendo startups e projetos e iniciativas de enge-

como meta a atração de mil novos associados em três anos, com especial atenção àqueles do interior

Criar uma incubadora de Engenharia, aco-

nheiros empreendedores;

9.. Promover campanhas específicas para atração e envolvimento de engenheiras e recém-formados;

de Minas;

3. Fortalecer as comissões técnicas, que são as bases da entidade;

Pela melhor comunicação com a classe e a sociedade

4. Criar comissões especiais com a participação de convidados, profissionais de outras áreas das ciências e tecnologias, como: mudanças climáticas, educação, mobilidade, cidades inteligentes, energia, desenvolvimento econômico, código de mineração, sustentabilidade ambiental, agenda 2030/ONU/desenvolvimento regional;

5. Adotar a governança transparente, com a divulgação de balanços técnicos, administrativos e financeiros;

6.

Reformular o estatuto, tornando a entidade

mais democrática, dinâmica e inclusiva;

10.. Reformular o site da SME, de forma mais interativa;

11..Revigorar a Revista Mineira de Engenharia em papel e meios digitais;

12.. Reformular a Medalha do Engenheiro do Ano, agregando novas premiações ao evento;

13.. Promover a volta do restaurante da SME concomitante a um café;

14.. Retornar o projeto “Ponto e Contraponto”, visando o debate sobre temas atuais e contraditórios;

15.. Retornar o projeto “SME 12h30”, com temas de interesse nacional.

29


MUDAM OS TEMPOS. A ENGENHARIA CONTINUA VENCENDO DESAFIOS. A engenharia é muito mais do que planejar, viabilizar e produzir. Ela está presente em todos os momentos de nossas vidas. Há milênios a humanidade sonha, o engenheiro realiza e grandes avanços acontecem, que abrangem forma e conteúdo, produtividade, beleza e funcionalidade, segurança e qualidade de vida. Assim tem sido desde que surgiu a roda até quando conquistamos o espaço.

Contrate um profissional habilitado para projetar, planejar e executar com eficiência.

CONTRATE UM ENGENHEIRO Para a sua segurança, exija A.R.T. - Anotação de Responsabilidade Técnica.


www.crea-mg.org.br


Entrevista – Fabiano Martins Cunha

Luciana Sampaio Moreira

O

superintendente Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura (DNIT) em Minas Gerais, engenheiro civil Fabiano Martins Cunha, tem modificado a imagem desse estratégico órgão da administração pública federal junto à sociedade. Com uma gestão afinada e foco na realização de projetos considerados essenciais para o transporte rodoviário de pessoas e cargas no Estado, ele desenvolve um trabalho árduo para dar maior celeridade às obras já iniciadas e aumentar os recursos disponíveis para garantir melhorias nos 7 mil quilômetros de estradas que cortam Minas. Com a sua chegada, em 2016, a imagem do DNIT junto a população mudou. O que tem sido feito para que isso ocorra? Gosto muito de dizer que se as coisas vão bem, há um histórico. Não quer dizer que a forma de trabalhar seja melhor ou pior do que aqueles que me antecederam. Considero primordial é o apoio e coesão da equipe. A equipe comprou a ideia de gestão. Não tomamos decisão sem anuência e concordância e participação da equipe, sobretudo dos engenheiros. Somos um órgão que lida com obras. Ainda que a gente não execute diretamente, somos o braço executor do Ministério dos Transportes em Minas Gerais. Minas Gerais tem a maior malha rodoviária do Brasil, com 7 mil quilômetros de estradas. A estrutura do DNIT é condizente com essa malha rodoviária? Se eu disser que é condizente, em quantidade, estarei mentindo. Não há órgão público hoje que tenha equipe ideal para trabalhar. Realmente o número de técnicos não é o mais adequado. Nós tínhamos 19 escritórios regionais no Estado e atualmente temos 16. Mas nessas unidades locais, temos equipes multidisciplinares que estão fazendo o seu melhor. São entre 300 e 400 colaboradores, pessoas oriundas do DNER, grupo novo por concursos. Temos aqui pessoas muito comprometidas. Costumo dizer que a malha rodoviária é a imagem do responsável. Quando o cidadão passa por uma malha que está em condições adequadas para a circulação de veículos de carga e de passeio - sem buracos e com a parte de domínio roçada e sinalização adequada - ele tem a sensação de que há um responsável cuidando daquele patrimônio público com a devida atenção.

32

Há recursos disponíveis para projetos de manutenção das rodovias mineiras? Em 2016 fizemos um trabalho de excelência porque vínhamos de dois anos de crise, com recursos muito pequenos. Em 2015 e 2016, estávamos devendo mais de R$ 2 bilhões. Fechamos 2016 com a execução de 130% do orçamento anual.Tínhamos R$ 230 milhões e ao final do ano, por meio de remanejamento de outros Estados, recebemos mais R$ 75 milhões. O resultado dessa atuação foi positivo, com ganho de credibilidade. Com isso, para 2017, estão alocados em torno de R$ 540 milhões para manutenção da malha. Acredito que o valor ideal para o orçamento é de R$ 1 bilhão.Temos 7 mil quilômetros de estradas e a manutenção periódica é menos onerosa que um projeto de reforma depois de anos de uso.


A equipe comprou a ideia de gestão. Não tomamos decisão sem anuência e concordância e participação da equipe, sobretudo dos engenheiros.

Há gargalos? Quais? Travessias urbanas, nas regiões onde há um grande volume de veículos. Um exemplo está na região de Montes Claros, onde há três rodovias que desaguam no corredor da BR251. Temos ali um corredor crítico. Por isso adotamos a mesma postura de gerenciamento que já está em uso em outras rodovias, com ações de curto, médio e longo prazo. Primeiro, é preciso ter um contrato de manutenção, roçada e tapa buraco. O segundo passo é o Programa de Revitalização de Pavimentação que já está licitado e deve ser assinado nos próximos dias. Na 251, é preciso fazer uma grande adequação de capacidade, com terceiras faixas e duplicação. O projeto está orçado em R$ 1 bilhão, com prazo de execução de quatro anos. No entanto, todas as obras rodoviárias realizadas em Minas são mais difíceis. O relevo torna tudo mais difícil, trabalhoso e oneroso. Não se trata de técnica, mas é mais demorado para fazer e o serviço cresce quando é preciso mexer com terraplanagem, em terrenos rochosos e com explosões. Por isso a obra de duplicação da BR-

Na rubrica, temos R$ 350 milhões para as obras da BR – 381.Temos também, R$ 67 milhões para a BR-367, com processo de licitação já no segundo semestre deste ano. Estamos, ainda, concluindo obras antigas como trecho entre Passos e Bom Jesus da Penha da BR-146, que está em obras há mais de 20 anos. Outro projeto que deve ser concluído é o trecho entre Montalvânia e Distrito de Monterrey, no Norte do Estado.

381 tem um avanço tão lento.Tivemos insucessos por parte da licitação, mas hoje, o maior desafio é a metodologia de execução da obra. Fazer as intervenções previstas, com uma movimentação muito grande de veículos é complicado. Temos feito um trabalho proativo junto à bancada mineira na Câmara dos Deputados, mostrando a necessidade de viabilizar a apresentação de emendas orçamentárias destinadas para esse projeto. No ano passado, foram assegurados R$ 150 milhões, além dos R$ 200 milhões previstos em orçamento. Em que situação está o processo de revitalização do Anel Rodoviário? O Anel Rodoviário ficou sob a concessão do Estado de 2012 até agora. Ao final do prazo, o projeto contratado não foi aprovado pelo DNIT, porque não estava em consonância com as normas vigentes. Diante dessa impossibilidade, o caminho natural era o assunto retornar para a Diretoria de Planejamento e Pesquisas, em Brasília. Esse é o setor que, dentro da estrutura regimental do DNIT, trata desse tipo de tema. Entendendo a necessidade de avançar mais nesse projeto, a superintendência mineira, com apoio dos técnicos, entendeu que é melhor trazer para cá, por meio de um instrumento legal interno segundo o qual o órgão pede a delegação e transfere a competência e as responsabilidades pela gestão da importante via. Estamos elaborando termo de referência para contratação do projeto que prevê prazo de 180 dias para en-

trega dos projetos executivos.A média do mercado é de 300 dias, mas o cliente é o DNIT. Então, se a empresa se interessar, mas não tiver a competência de entregar, que não participe da licitação. E a quanto a segurança do Anel Rodoviário? Em parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), Agência Nacional de Transportes Terrestres, concessionária que responde por parte do Anel Rodoviário e setores da Prefeitura Municipal, estamos discutindo um plano emergencial que visa oferecer segurança para o usuário e reduzir os acidentes. A ideia é implementar um controle mais rigoroso de peso e carga, antes que o veículo acesse a pista, por meio de balança móvel. Estamos propondo, também, uma redução da velocidade média em toda a extensão, para desestimular o uso do Anel Rodoviário por pessoas que moram em Belo Horizonte mas preferem se deslocar de uma região para outra usando aquela via porque não há esse tipo de controle. O Anel deve ser usado por veículos de carga que não podem circular nas vias urbanas. Limpeza do entorno também é outra parte desse projeto. Há projetos de revitalização das pistas? Como será feito isso? Vamos fazer o que é possível no momento. Embora a comunidade queira resultados imediatos, esse é um projeto que demanda tempo. Depois da implantação do plano emergencial, vamos contratar a revitalização de todo o pavimento, que sofreu inter33


Entrevista – Fabiano Martins Cunha

venção estrutural há 12 anos. Nessa intervenção, vamos substituir a sinalização vertical e os dispositivos de drenagem que têm sido comprometidos pelas ocupações ilegais e geram alagamentos e pontos de aquaplanagem, por exemplo. O projeto também vai incluir a revitalização das passarelas já instaladas e a construção de outras duas. Os recursos têm que vir do Orçamento Geral da União. Só saberemos quanto e quando, quando estivermos com o projeto em mãos. O DNIT fará a retirada das famílias? É bom lembrar que a área de domínio do Anel Rodoviário oscila.Temos 262 famílias que serão reassentadas neste ano. São da Vila da Luz,Vila Picapau e bairro Bom Destino. Todas estão cadastradas, seladas e com o aval da Justiça Federal, que acompanha esse tipo de processo. Cerca de 120 já foram retiradas por diversos fatores de risco. O DNIT paga o aluguel social. A retirada desses moradores não é vantagem nesse momento, porque não teremos como controlar outras ocupações. A nossa ideia é desobstruir as áreas à medida que a obra avance. O Rodoanel é a solução para o trânsito da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH)? Sim. O Rodoanel é a solução definitiva. Se depender da nossa gestão, ele vai existir, mas esse é um projeto de longo prazo. Como o DNIT –MG tem atuado para aumentar a segurança nas estradas do Estado? Temos adequado as rodovias ao aumento de tráfego de veículos. Nosso objetivo é reduzir o número de acidentes, mas, em casos de colisões frontais, por exemplo, a maioria das ocorrências é causada por incompetência, imperícia e falha humana. Fazemos a nossa parte mas é necessário que o usuário também respeite a sinalização e os limites de velocidade. 34

Qual o maior desafio da sua gestão? Fazer as coisas acontecerem. Isso é muito difícil em órgãos públicos hoje. Às vezes, a sensação que tenho é que estou remando contra a maré.Aqui em Minas Gerais, um dos maiores desafios é o licenciamento. O órgão ambiental é extremamente exigente e determinadas coisas que tangem ao impossível. Um exemplo é a BR-367, no Norte de Minas. Em 2015, uma ponte de madeira que existia lá pegou fogo. Eu passeio de nove a 10 meses de 2016 para conseguir a licença ambiental para fazer um furo de sondagem para fazer o projeto da ponte. No projeto da BR-381, a burocracia é excessiva. Qual é o seu sonho? Trabalhar com as coisas possíveis e reais. Mas quando assumi o desafio de trabalhar em Minas Gerais – eu sou mineiro, mas nunca tinha trabalhado aqui - meu sonho profissional é de ter recursos disponibilizados para fazer a manutenção adequada das rodovias do Estado. A gente sabe o que fazer, mas não tem condições de implantar efetivamente. Minas Gerais vai ter uma Autoban? Se conseguirmos manter o ritmo de obras e o planejamento, nos próximos 10 anos estaremos próximos da Autoban. Esse é um projeto factível. Para tanto, é preciso manter as condições orçamentarias, que seja desejo do governo federal e que tenha interesse político em fazer. Nesse sentido, o relacionamento político é essencial. O prefeito Alexandre Kalil disse que solucionaria o problema do Anel Rodoviário. O que o Sr. tem a dizer a respeito? O prefeito Alexandre Kalil é um homem corajoso mas um projeto como o do Anel Rodoviário não é para Prefeitura cuidar.



Sérgio Cavalieri, Engenheiro do Ano 2016 cerimônia de outorga do título e da medalha de “Engenheiro do Ano 2016”, para o engenheiro civil e empresário Francisco Sérgio Soares Cavalieri, 63 anos, reuniu familiares do homenageado, colegas de profissão, colaboradores do Grupo Asamar, representantes de diversos segmentos econômicos e gestores públicos das esferas municipal, estadual e federal no dia 12 de dezembro, para uma noite que ficará na lembrança dos presentes, como um momento de esperança por dias melhores para o Brasil e para a Engenharia nacional.

A

Considerado um dos mais tradicionais eventos da Engenharia mineira, foi realizado na sede do Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de Minas Gerais (Sicepot-MG), em comemoração ao Dia do Engenheiro, celebrado na mesma data. O presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), Augusto Celso Franco Drummond, saudou os presentes e agradeceu a parceria com o Sicepot-MG, para a realização da cerimônia. Ele reafirmou que a homenagem a Sérgio Cavalieri representa uma grande honra para a entidade que completa 86 anos em 2017.“Estamos aqui para homenagear o Sérgio Cavalieri não apenas pela sua trajetória profissional ou pela sua experiência, mas pela sua liderança à frente da Associação Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE) que tem divulgado valores necessários para o atual momento do Brasil”, enfatizou. 36

O jovem chanceler da comenda, Luciano de Almeida Costa, disse que a recepção da SME à apresentação do nome de Sérgio Cavalieri foi das mais positivas. “Estamos assistindo à falência e a crise dos poderes. Cabe aos engenheiros dar um novo rumo à profissão que acabou combalida, devido a essa situação nacional”, afirmou. Para ele, Sérgio Cavalieri reúne todos os adjetivos necessários para os engenheiros. “É um brilhante engenheiro, um dirigente vigoroso que tem alcançado uma liderança internacional com uma proposta que coloca a postura ética do profissional como algo a ser considerado e respeitado por todos”, destacou. O homenageado não escondeu a emoção. Saudou sua família, os colaboradores do Grupo Asamar, fundado em 1932, em Belo Horizonte, e também os engenheiros presentes. “Sem dúvida, essa é a homenagem mais importante que recebi, pela atividade que escolhi exercer durante toda a minha vida. Agradeço a indicação dos meus pares”, afirmou. Com 40 anos de graduação e diversas histórias de sucesso para contar, Cavalieri ressaltou que os executivos sempre podem fazer um pouco mais em benefício dos menos favorecidos. “É possível fazer um trabalho sério, correto e digno em projetos de obras públicas. Não se pode abrir mão da ética com as pessoas e com os compromissos assumidos”, declarou.


Depoimentos Marcelo Mota, estudante de Engenharia Elétrica pela UFMG “Homenagem merecida, a gente vê a história de um engenheiro que tem trilhado, ao longo da carreira, um caminho de competência e ética. Isso motiva os estudantes que estão chegando ao mercado de trabalho, para seguir esse exemplo e mudar o Brasil para melhor.A Engenharia é uma saída para mudar”.

Alfredo Diniz, vice-presidente da Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas em Minas Gerais “A SME já tem o costume de homenagear grandes nomes e marcar a participação desses engenheiros na história da Engenharia de uma forma que torna ainda mais valorizada essa comemoração do Dia do Engenheiro. Sérgio Cavalieri é uma pessoa que a gente logo percebe que nasceu dentro de casa de engenheiros, viveu Engenharia todos os dias da sua vida e aplicou os ensinamentos da Engenharia em tudo que ele fez”.

Nilton José Soares Cavalieri , engenheiro Civil “Como irmão, acho muito justa a homenagem. Desde a tenra idade, no colegial e depois, no curso de Engenharia, sempre foi um pioneiro de vir para o Norte de Minas para um trabalho na indústria cimenteira, que é fundamental para a região, para Minas Gerais e também para o Brasil. Hoje, à frente da ADCE e da Uniapac, Sérgio faz um trabalho de divulgação da doutrina social cristã junto às empresas, que é importantíssimo para a gestão transparente e ética das organizações”.

Olavo Machado Junior, presidente da FIEMG e Engenheiro do Ano 2015 “Homenagem importante para uma pessoa que se preparou como engenheiro. Como empresário, fez uma gestão vitoriosa nas empresas da família.Tenho muito orgulho de tê-lo na FIEMG, como um vice-presidente que demonstra dedicação e bondade em suas ações. Sem dúvida, ele é um exemplo para os engenheiros e empresários mineiros”.

Emir Cadar Filho, presidente do SICEPOT-MG “Para nós, do Sicepot-MG, é uma honra sediar eventos de expressão para o setor como o "Engenheiro do Ano", grandiosamente conduzido pela SME e que homenageia sempre grandes nomes da Engenharia mineira. Assim como o SICEPOT-MG, a SME tem sua longa trajetória marcada pela contribuição na busca de soluções de problemas não só da classe de engenheiros, mas para toda a população”.

Marcos Sant'Anna, empresário e ex-vice-prefeito de Belo Horizonte e Engenheiro do Ano 1992 “Meu pai foi empregado de uma empresa do avô dele. Ele nem era nascido. Conheço a história da família. Conheci o pai dele. Fomos amigos. Fomos dirigentes de entidade de classe juntos. Ele realmente é uma pessoa de destaque no meio. Das melhores homenagens que a SME poderia fazer”. 37


ENGENHEIRO DO ANO 2016

Luciano Costa, Augusto Drummond, Maria Heloisa Cavalieri, Sérgio Cavalieri e Olavo Machado

José Ciro Mota, Alberto Pinto Coelho, Sérgio Cavalieri e Ailton Ricaldoni

Sérgio Cavalieri, Berenice Cavalieri e Luciano Costa

38

Olavo Machado, Augusto Drummond e Sérgio Cavalieri

Familiares do Homenageado

Emir Cadar Filho, Sérgio Cavalieri e José Luiz Nobre Ribeiro

Sérgio Cavalieri, Solange Moreira e Berenice Cavalieri


Décio Assis, Sérgio Cavalieri, Berenice Cavalieri, Alexandre Resende e Marcus Kfoury

Augusto Drummond, Suzanne Beaudette, Berenice Cavalieri e Sérgio Cavalieri

Olavo Machado Junior, Berenice Cavalieri e Sérgio Cavalieri

Olavo Machado, Augusto Drummond Sérgio Cavalieri e Luciano Costa

Sérgio e Berenice Cavalieri e Márcio Damazio Trindade

Luciano Costa em homenagem

Bruno Garini, Antônio Geraldo Costa, Augusto Drummond, Suzanne Beaudette e José Andrade Neiva

Amigos e autoridades

39


TAMANHO DE UM SELO

Jornal Vossa Senhoria sobrevive graças a um engenheiro Luciana Sampaio Moreira

Engenheiro metalurgista graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFOP) em 1964, Milton Nogueira é um profissional que sempre trabalhou em grandes projetos. Foi assim durante a carreira, quando participou da criação do INDI, na década de 1970 e da equipe que trouxe a Fiat e fornecedores para Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Depois, ele engajou-se no Programa Nacional do Álcool (Proálcool), do Ministério de Minas e Energia. Como consultor da Organização das Nações Unidas, auxiliou 62 países na área de desenvolvimento industrial. Depois da aposentadoria, em 2001, ele tem se engajado em grandes causas de interesse público, com excelente repercussão principalmente nas áreas de meio ambiente e mudanças climáticas. A mais nova delas é um projeto de comunicação. Desde agosto de 2016, é diretor do JornalVossa Senhoria, uma publicação genuinamente mineira do tamanho de um selo, com 3,5 cm por 2,5 cm. Cada página cabe apenas 250 caracteres, com título, assinatura e texto, um verdadeiro exercício de síntese. Para Milton, o desafio do Vossa Senhoria é manter viva uma bonita história do jornalismo brasileiro. “E um jornal heróico que passou por diversos governos. Mais Milton Nogueira, engenheiro que isso, é um metalurgista graduado pela UFOP jornalismo autoral onde não cabe o “copia e cola”. Os colaboradores são excelentes jornalistas e poetas e há, inclusive, uma fila de espera para participar.” 40

História O Vossa Senhoria surgiu em 1935, como uma brincadeira do jornalista filho de alemães e tipógrafo, Leônidas Schwindt, de Divinópolis. A proposta era fazer um jornal pequeno – do tamanho de uma carta de baralho - mas combativo. As críticas ao poder e à polícia deram o tom da publicação entre os anos de 1930 e 1950. Com a morte do fundador, nos anos de 1970, o Vossa Senhoria passou a ser gerido pela filha, Dulce Schwindt. Foi ela que, em 1996, reduziu o tamanho do jornal para a medida atual. Em 2000, o Guinness Book incluiu o jornal na sua lista de coisas únicas e diferentes. A tiragem de 5 mil exemplares permaneceu até 2007, quando ela morreu. A família tentou dar continuidade ao projeto, pelas mãos de Dolores Schwindt. Mas o Vossa Senhoria acabou parado. Quando morava em Viena, na Áustria, Milton Nogueira era um colaborador do Vossa Senhoria. “Eu era amigo de juventude da Dolores, que foi a última filha a tentar dirigir o jornal. Em 2013, ela me passou a publicação, com os direitos e a marca”, comenta. Retomada A retomada das edições mensais, a partir de agosto de 2016, foi notícia em todo o Brasil. Só na TV Record, a matéria teve seis minutos, um recorde. “Mesmo sendo engenheiro, sou parte do mundo. E tem coisas que, como o Vossa Senhoria, estavam em risco de desaparecer. Esse é um projeto de desenvolvimento cultural, um mini espaço para quem quer dar o seu recado”, define Nogueira. Um jornal, por menor que seja, leva mensagens. Segundo o engenheiro, são essas publicações que quebram o oligopólio que rege a mídia brasileira na atualidade. “Esse oligopólio é inconveniente para o atual momento do Brasil. As leis nacionais de mídia de diversos países não permitem que uma empresa tenha TV, rádio, jornal e internet no mesmo pacote. O New York Times pleiteou uma TV mas o governo norte-


ria, por quem passou a nutrir grande admiração. Trabalhar com alguém que gosta e valoriza a comunicação e tem no apoio à cultura uma prática quase diária tem sido bastante agradável, e de grande aprendizado”, afirma.

americano não permitiu. Da mesma forma, a CNN já quis jornal de papel, mas não pode, pela mesma razão. No Brasil, o que acontece coloca em risco a democracia porque centraliza, seleciona e padroniza as informações”, analisa. Equipe responsável Para relançar o Vossa Senhoria, Nogueira não abriu mão de uma equipe profissional ao seu lado. A editora geral da publicação é a jornalista Leida Reis. Graduada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ela tem 26 anos de experiência na sua área de atuação, tendo trabalhado nas redações do Diário do Comércio, Estado de Minas, O Tempo e Hoje em Dia, nos cargos de repórter, editora e editora executiva. Escritora, tem quatro livros publicados e atualmente é proprietária da Páginas Editora.

Na área profissional, o desafio da jornalista é a síntese. Afinal, o Vossa Senhoria fala o essencial, aquilo que as vezes passa desapercebido para o leitor. O jornal tem o formato tradicional, com editorias de política, economia, internacional, cultura, esportes e tecnologia. “Busco informações diferenciadas e uma análise que possa ficar na história, já que procuramos publicar um resumo do que está acontecendo no país e no mundo”, explica a jornalista. Do ponto de vista cultural, as edições do Vossa Senhoria trazem o cronista e o poeta do mês. São nomes consagrados e outros, iniciantes, para os quais o jornal abre espaço pois entende que a literatura precisa encontrar espaço em todas as publicações jornalísticas. O resultado tem sido positivo, com excelente repercussão mesmo quando a mídia caminha, a passos largos, para abolir o papel e tornar-se um produto 100% virtual. Mesmo assim, o Vossa Senhoria tem planos de futuro, como o aumento do número de assinantes no Brasil e ao redor do mundo. “Já temos em Portugal e queremos ampliar o alcance do jornal”, adianta. A assinatura anual do Vossa Senhoria custa R$ 60,00, enquanto a semestral sai por R$ 35,00. Para fazer, basta acessar o site www.vossasenhoria.com.br, que contém a opção de pagamento via Pag Seguro. O jornal está à venda também em algumas bancas da região da Savassi, livrarias como a Quixote, em Belo Horizonte. Em Divinópolis tem presença garantida em bancas e na Boutique do Livro. Em Natal, no Rio Grande do Norte, é comercializado em uma tabacaria.

Leida Reis é a editora geral da publicação e jornalista graduada pela UFMG

Para ela, a parceria com o engenheiro tem sido um desafio prazeroso.“Milton Nogueira é um engenheiro que não se satisfez com o trabalho intrínseco à profissão escolhida.Talvez por ter se especializado em mudanças climáticas, por ter se dedicado a acompanhar as alterações ambientais em função do clima, avançou em direção às perguntas sobre os caminhos tomados pela humanidade, chegando à sua paixão pela cultura. A convivência com colegas engenheiros em Divinópolis, onde morou, o levou a conhecer o jornal Vossa Senho-

“Gostaria de convidar os engenheiros a assinarem o jornal, para receber em casa, mensalmente, uma preciosidade que voltou ao mercado editorial e cultural pelas mãos de um engenheiro. É um bem que agrada a toda família. As crianças acham o máximo e é uma forma de se chamar à leitura, à importância de se manter informado”, reforça. O “Espaço do Leitor” está aberto também para publicar as impressões (sintéticas, claro) sobre o Vossa Senhoria ou outros assuntos. Basta enviar seu comentário para o e-mail para vossa@vossasenhoria.com.br. 41


NOSSO MAIOR NEGÓCIO É MELHORAR VIDAS.

Atuamos nas áreas de Engenharia & Construção, Tr a n s p o r t e & L o g í s t i c a e E n e r g i a , i n v e s t i n d o , c o n s t r u i n d o e administrando negócios que desenvolvem e melhoram a vida de milhões de pessoas pelo mundo. Incluindo a sua. Para nós, todo projeto começa e termina com o mesmo objetivo: fazer a diferença na vida das pessoas.



ARTIGO

A Engenharia e o desenvolvimento econômico e social no Brasil João José Magalhães Soares

A

pós alguns anos de aceleração do desenvolvimento sócio e econômico no Brasil e com excelentes avanços para a engenharia brasileira, nos vemos atualmente mergulhados em uma crise que vai muito além das questões sociais e econômicas observadas por boa parte da população e que vem sendo fortemente sentida por nós engenheiros e engenheiras brasileiros. Isto porque a engenharia, considerada em todo o mundo como berço e alavanca do desenvolvimento econômico e social, tem recebido uma série de ataques que são fruto de “efeitos colaterais” de escândalos pessoais dentro de alguns setores, empresas e governo e precisa, urgentemente, ser abraçada por toda a sociedade para ser reerguida a um patamar condizente com a sua importância para todos. Falaremos aqui apenas dos reflexos para a engenharia, seus engenheiros e engenheiras e não de pessoas ou empresas que, em suas funções administrativas, pessoais ou corporativas, não compatíveis com as atividades da engenharia, se tornaram alvo de investigações que acabaram por colocar a engenharia em um local não condizente com a sua grandeza. A paralisação ou a retenção das obras de infraestrutura, cuja responsabilidade atribuo aos órgãos de governo envolvidos, estão criando uma avalanche de consequências desastrosas para toda a sociedade brasileira. A incapacidade de o governo conduzir suas ações estatutárias de

44

forma integrada e sincronizada com o setor produtivo tem impedido a circulação de bens e serviços causando prejuízos a todos, inclusive ao governo. Uma paralisação destas, de tamanha monta no Brasil, nos coloca em condições de estagnação econômica e social incompatíveis com a necessidade de crescimento de nosso país. Em Minas Gerais, desde o segundo ano desta atual crise, amargamos um histórico de cerca de 300 demissões de engenheiros todos os meses, fruto da grande retração de demandas de novos serviços de engenharia em todas as áreas e consequência da incapacidade de gestão da crise pelo governo. Como consequência desta incapacidade temos um enorme vácuo no desenvolvimento e uma grande retração de conhecimento da engenharia brasileira com possibilidade de sucateamento de boa parte do processo industrial brasileiro se não houver, rapidamente, retomada do investimento nos processos produtivos de infraestrutura no Brasil. A incapacidade de gestão integrada das atribuições entre os três poderes brasileiros coloca nosso país em uma situação de grave risco tecnológico. Os governantes, sejam estes do legislativo, executivo ou judiciário, não podem, para a realização de suas atribuições estatutárias, paralisar os processos produtivos para a realização das suas atividades de Estado. Ao não conseguir sincronizar as ações entre os poderes com a rotina do país, o governo coloca à margem de suas necessidades básicas todos os cidadãos brasileiros, o que é lamentável.


João José Magalhães Soares é engenheiro Eletricista e de Segurança do Trabalho e vice-presidente do SENGE-MG

Quando pensamos em necessidades básicas como saúde, segurança e educação, nós, como cidadãos, só podemos recebê-las de forma correta se a engenharia estiver sendo viabilizada com toda a sua complexidade e sua simplicidade, ao mesmo tempo. Não se oferece saúde sem equipamentos de saúde, sem hospitais, sem veículos de emergências, sem vias de acesso, sem energia, sem processos produtivos corretos e sem os insumos necessários para a atuação dos profissionais de saúde. O Estado não consegue entregar segurança pública sem infraestrutura de tecnologia da informação, sem comunicação efetiva, sem energia, sem sistemas de vigilância, sem engenharia de tecidos para a fabricação de vestimentas corretas, sem calçados adequados, sem coletes, sem a infraestrutura das escolas para educar a população, sem vias de acessos compatíveis com as necessidades de mobilidade, sem os veículos e outros tantos processos de engenharia necessários à atividade de segurança pública. O estado não pode entregar educação sem a construção e manutenção de escolas, sem meios adequados de transportes de alunos, sem a produção de livros, cadernos, sem a construção de salas de aula, sem os uniformes dos alunos, sem os alimentos para criar uma condição mínima para os alu-

nos estudarem e sem as mínimas condições para pais, alunos e professores realizarem as suas atividades. Observamos que a engenharia, inserida e necessária em todas as rotinas de nossa sociedade brasileira, não pode ser paralisada pela falta de integração na gestão dos poderes governamentais existentes no Brasil. Todos nós, engenheiros e engenheiras, em conjunto com toda a sociedade brasileira, aguardamos com grande expectativa que o governo brasileiro consiga organizar meios para viabilizar a execução de todas as suas atividades estatutárias sem paralisar os processos produtivos no Brasil. Precisamos retomar o desenvolvimento social e econômico no país. Não há como se falar em desenvolvimento e crescimento social e econômico em uma sociedade sem que a engenharia seja a sua alavanca. João José Magalhães Soares, Engenheiro Eletricista e de Segurança do Trabalho, Segundo vice-presidente do Sindicato de Engenheiros de Minas Gerais e Presidente da Associação Mineira de Engenharia de Segurança.


FUTURO DA ENGENHARIA

Mudança de conduta e pela retomada do crescimento Recuperação do setor passa por uma mudança de conduta e pela retomada do crescimento econômico nacional Luciana Sampaio Moreira

O projeto de retomada econômica nacional passa, de forma obrigatória, pela reconstrução da Engenharia brasileira. E não pode ser diferente. O setor tem enfrentado um momento duplamente delicado. Além da crise nacional que paralisou os investimentos públicos e instalou um clima de insegurança para os clientes pessoa física, essa importante área, responsável pelo desenvolvimento de tecnologia e inovação, tem experimentado uma exposição negativa graças à Operação Lava Jato que investiga esquemas de corrupção que envolvem as maiores empreiteiras do país, políticos de diversos partidos e servidores de todas as esferas do poder público, a partir de março 2014, quando foi deflagrada. O primeiro reflexo desses problemas é o desemprego dos profissionais da Engenharia. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o número de pessoas ocupadas na construção civil caiu de 7.078 para 6.836 entre novembro de 2016 e março deste ano. As rescisões de contrato têm superado as contratações no segmento. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho, relativos a março deste ano, demonstram que o total de profissionais demitidos foi de 120.606, enquanto o os novos contratados ficaram em 111.547 na mesma base comparativa. Esse é apenas um dos setores de atuação para engenheiros. O presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA), engenheiro José Tadeu da Silva, afirma que, com a recorrente menção das empresas de Engenharia investigadas pela imprensa, a imagem da profissão tem sido gene46

José Tadeu da Silva ralizadamente associada a falta de transparência, corrupção, enriquecimento ilícito e má conduta.“Em determinados casos, a Engenharia tem sido colocada como centro da crise econômica e política pela qual o Brasil tem passado.Tudo isso impacta negativamente na integridade ética e moral dos profissionais da área, que são colocados em xeque a todo momento dentro do mercado de trabalho”, enfatiza. Para ele, a classe dos engenheiros não pode ser rotulada e prejudicada em função de alguns. “Os íntegros precisam, sim, ser reconhecidos e valorizados por trabalharem em prol do desenvolvimento e da economia nacional. Esse é o papel daqueles que escolheram a Engenharia como carreira”, defende. Uma resposta do CONFEA para essa questão ética e moral foi a aprovaçaço do anteprojeto de Resolução nº 1090/2017 que regulamenta o artigo 75 da lei nº 5.194/1966 e prevê o cancelamento de registro de profissionais condenados por má conduta, envolvimento em escândalos ou crimes infa-


mantes, garantindo-se o amplo direito. “No Colégio de Presidentes do Sistema, todos defenderam essa regulamentação. Mas não é só uma decisão plenária, já que os 27 presidentes de CREA deverão aplicá-la. Os fundamentos da Resolução foram encaminhados à Comissão de Organização, Normas e Procedimentos (CONP) pela Comissão de Ética e Exercício Profissional (CEEP). Antes disso, o tema havia sido colocado no sistema de audiências públicas do site do Confea, no período de 24 de outubro de 2016 a 22 de dezembro de 2016, tendo recebido 51 manifestações do público, as quais foram sistematizadas e analisadas tecnicamente para ajudar na elaboração do projeto de resolução. Da lida diária dentro do CONFEA, faz parte ainda a defesa da valorização profissional com atuação no Congresso Nacional, a fim de apoiar os projetos de lei que tramitam na Câmara e no Senado, entre eles, os que visam à recomposição das equipes técnicas de prefeituras, governos estaduais e do governo federal.

O CONFEA também tem levado sua opinião ao público. Em fevereiro passado, por exemplo, durante reunião da Frente Parlamentar Mista da Engenharia, Infraestrutura e Desenvolvimento Nacional, no Congresso Nacional, a entidade endossou o manifesto "À Nação Brasileira", também assinado por outras entidades representativas da Engenharia e pela direção da Frente Parlamentar. “Na carta, externamos nossa “preocupação com a contínua deterioração da nossa economia, o que acarreta dificuldades crescentes para empresas e trabalhadores. Além disso, assumimos o compromisso de atuar em conjunto a fim de oferecer ao país alternativas que possibilitem superar os riscos da crise e retomar o desenvolvimento nacional”, declara o dirigente, para quem a solução para a Engenharia passa pela retomada do crescimento e geração de emprego. 300 homologações por mês O vice-presidente do Sindicato dos Engenheiros de Minas Gerais (SENGEMG) e da Sociedade Brasileira de En-

genharia de Segurança – Regional Sudeste e, ainda, presidente da Associação Mineira de Segurança, engenheiro eletricista e de segurança, João José Magalhães Soares reconhece que a Operação Lava Jato tem trazido efeitos colaterais muito danosos para a Engenharia nacional. “Praticamente todo o controle do setor de infraestrutura está sob o comando do governo e, como todas as questões colocadas pela operação, a decisão do Executivo federal foi para reduzir praticamente a zero a disponibilização de recursos para ampliação, manutenção ou operação de obras”, destaca. Para ele, um grande problema que resulta dessa situação é que, além do desemprego que castiga os engenheiros e engenheiras, há um refluxo negativo das vagas de trabalho de todos as áreas que têm relação com a área de construção pesada.“Quando o setor de infraestrutura tem um desempenho adequado, de acordo com as necessidades do país, ele alavanca os demais segmentos da economia de forma direta e indireta. Ele é o termômetro para a economia de qualquer país”, enfatiza. 47


FUTURO DA ENGENHARIA

Mas o desemprego avança. Em média, o Senge-MG tem realizado em torno de 300 homologações de desemprego por mês.A expectativa do dirigente era de que esse número caísse em 2016, com a retomada da economia. Mas isso não aconteceu e, neste ano, o desligamento de engenheiros continua na mesma base, sem contar as demissões que são realizadas com menos de um ano, quando não há obrigatoriedade de homologação pelo sindicato. Os autônomos também têm experimentado uma redução na demanda por serviços. João José Soares aponta que a conduta ética e honesta é o que garante ao engenheiro uma carreira duradoura. “A atividade de Engenharia é muito importante em todos os países e nós, engenheiros e engenheiras, não podemos aceitar e nem nos envolver com situações não condizentes com o código de ética de nossa profissão. Infelizmente alguns envolvidos são engenheiros, mas o seu envolvimento é pessoal e não técnico”, lembra. Para o dirigente, nesses casos, foi a pessoa que se corrompeu e não o profissional. O cenário para o setor ainda é incerto, em função da incapacidade de o governo investir nas tão necessárias obras de infraestrutura. Enquanto isso, novos players estão ingressando no mercado nacional. Segundo o engenheiro, a internacionalização da Engenharia já está em curso, o que é prejudicial para todos. Além disso, há uma tentativa do governo federal, através do TD 171, que prevê a desregulamentação do setor, em âmbito nacional, para favorecimento de empresas estrangeiras que se habilitem a prestar os mesmos serviços. “A internacionalização ainda não foi feita em grande escala exatamente pela 48

existência de uma regulamentação cujo objetivo principal é garantir equilíbrio técnico, financeiro e legal entre empresas nacionais e estrangeiras e também para equiparar as relações de prestação de serviços entre empresas do Brasil e estrangeiras”, analisa.

UMA VISÃO DE MERCADO A mestre em Economia e Finanças pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e graduada pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Alessandra Ribeiro, é diretora da área de Macroeconomia e Política da empresa de consultoria Tendências. Em 2015, ela fez um estudo sobre o futuro da Engenharia em meio à Operação Lava Jato, que estava apenas começando. Passados mais de três anos, depois do início dessa grande investigação, ainda não há expectativa de retomada da economia, graças à dramática queda nos investimentos, nesse período, não apenas em função da Lava Jato, mas como reflexo da retração econômica que resultou em cortes expressivos de investimentos, também pelas empresas. “A expectativa é que a retomada da confiança, em linha com as reformas estruturais que estão sendo implementadas, eleve os investimentos modestamente neste ano. A retomada de projetos paralisados e o consumo de máquinas, especialmente ligada à agropecuária, devem resultar em crescimento de 2,0% nos investimentos em 2017”, prevê. As prisões e delações afetaram grandes empresários da indústria da construção pesada. E isso não é uma coisa tão fácil de “digerir”, ainda mais para um segmento que sempre teve o respeito da população. No entanto, as

Alessandra Ribeiro empresas envolvidas já iniciaram programas de reestruturação do modelo de gestão, com implantação de medidas de Compliance, que visam garantir o cumprimento de normas legais e regulamentares, das políticas e diretrizes estabelecidas para os negócios, além de evitar, detectar e corrigir qualquer desvio ou inconformidade que possa acontecer e afetar o bom andamento dos negócios. Nesse cenário, as organizações de pequeno e médio porte – que não tinham espaço nas mega concorrências “compradas” ou “trocadas por favores políticos” - estão com o caminho aberto, inclusive por meio de associações com companhias estrangeiras que pretendem ocupar o espaço aberto. “Isso já está acontecendo”, ressalta. Segundo a analista, o esperado crescimento de 9% dos investimentos, com maior consistência de incremento econômico e primeiros efeitos do programa de infraestrutura, da ordem de 9%, deve recolocar a indústria da construção pesada em um novo rumo, bem como a Engenharia nacional.


dros, servidores que têm um estilo de vida absolutamente diverso do salário que recebem. Isso deve ser avaliado de uma forma mais estreita, o que não acontece. “O setor público precisa de governança, compromisso ético e fiscalização dos agentes. Embora isso seja previsto na Constituição Federal, não há mecanismos que garantam essas práticas, diagnostiquem e corrijam as falhas”, lista a advogada.

“O pior para o setor já passou. A expectativa para frente é de recuperação, ainda que com maior tração a partir de 2018. Os projetos de infraestrutura são a grande aposta desta recuperação. Neste sentido, projetos em rodovias, portos e aeroportos devem ficar na mira da categoria.

EM BUSCA DA TRANSPARÊNCIA E DAS MELHORES PRÁTICAS DE GESTÃO Doutora em Direito Administrativo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pós-doutora em Combate à Corrupção pela George Washington University, sócia do “Carvalho Pereira, Rossi Escritórios Associados”, professora de graduação, Mestrado e Douturado (UFMG) e diretora do Instituto Brasileiro de Direito Administrativo (IBDA), a advogada Cristiana Fortini explica que a Lei Anticorrupção ou Lei da Empresa Limpa (nº 12.846/2013), foi um compromisso diplomático assumido pelo Brasil e prevê que, em caso de corrupção, sejam punidas as pessoas físicas envolvidas e também a jurídica. Entre as penalidades estão multas sobre faturamento, perda de bens e da possibilidade de receber subsídios públicos, entre outras. “As empresas precisam de Compliance e programas de integridade, com regras éticas e treinamento de empregados, para as melhores práticas de gestão. Mas o setor público também necessita de regras mais rígidas para dificultar esse tipo de prática. Tudo isso porque a cultura da corrupção é bilateral. O sistema só se sustenta porque há corruptor e

Cristiana Fortini corrupto’, analisa. Para a advogada, é fácil o Estado editar uma lei que penaliza as empresas enquanto o poder público reclama propina a todo instante. “Por mais que as empresas queiram evitar, elas são pressionadas para entrar em um esquema complicado onde elas pagam para participar da licitação, para ganhar e, depois, para receber na data prevista. Em muitos casos, sem uma contribuição financeira, elas são penalizadas nos prazos de pagamento, o que é muito sério”, exemplifica. A tarefa de “purificar” o setor público requer vontade política. Segundo Cristiana Fortini muitos municípios não têm Controladoria ou outro órgão para controlar o agente público, a evolução do seu patrimônio e se há realmente, compromisso ético em fazer parte do serviço público. Da mesma forma, Estados e governo federal também têm, em seus qua-

Segundo a advogada, a corrupção não é um problema brasileiro. No entanto, o excesso de burocracia que marca a administração pública nacional cria dificuldades que fazem com que servidores se apresentem como vendedores de facilidades. Nesse caso, o excesso de regras a cumprir também pode contribuir para a prática da corrupção. Por outro lado, a história de impunidade também contribui para incentivar a prática de novos negócios escusos. “É preciso exigir transparência no gasto público e nos editais de licitação. Fazer com que o governo explique os critérios de escolha de determinada empresa pode ser um bom começo. Quanto mais transparência um país tem, mais a sociedade civil exige transparência do setor público e menos corrupto o país é”, enfatiza. O futuro do Brasil exige que o Estado faça o seu “dever de casa”, o que passa pelo acompanhamento que o serviço público faz de orçamentos, projetos e contratos de execução. Afinal, em se tratando do que é de todos, transparência nunca é demais, conclui.


FUTURO DA ENGENHARIA

municação Social do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais, Evandro Veiga Negrão de Lima Júnior. CONSTRUÇÃO CIVIL O termômetro da economia brasileira é a indústria da construção. Quando há contratações, o mercado sinaliza para um período de crescimento. A crise que afeta o Brasil começou com as demissões no setor que não tem negócios com a administração pública, como lembra o vice-presidente de Co-

SICEPOT-MG Como o setor da construção pesada tem, nas três esferas da administração pública, o seu cliente, a Operação Lava Jato tem mostrado que o relacionamento entre empresas e governo, embora lucrativo para as partes, nem sempre é conduzido da forma correta.

“Nossa atividade é motor do PIB, com 10% do resultado final obtido”, destaca. Para o dirigente, o desgaste da Engenharia não acontece nesse ramo e alerta para o risco de generalizar os julgamentos. “Houve casos de empreiteiras que atuaram de forma condenável, mas isso não pode ser imputado a todo o setor.A Engenharia do Brasil vai muito bem, obrigada”, disse. possa se reaquecer. Da forma que estão não há geração de emprego, renda e nem de riqueza. Ninguém contrata tanto e tão rápido quanto a indústria da construção pesada”, afirma o presidente.

Para o dirigente, a nova lei de licitações que está em tramitação no Congresso Nacional pode até melhorar a relação A exposição exaustiva do setor já tem um recom o poder público em alguns pontos. sultado prático. Diversas entidades represenNo entanto, ele denuncia que, do ponto tativas da cadeia produtiva se uniram para a de vista técnico, faltou a participação dos formar a Associação Brasileira dos Sindicatos e engenheiros nas discussões sobre esse Associações de Classe de Infraestrutura (Braprojeto.“Sinto que faltou a mão de quem sinfra). O Sindicato das Indústria da Construção Emir Cadar Filho entende de Engenharia, quando sobram Pesada no Estado de Minas Gerais (SICEPOTpolíticos e advogados.A nossa ideia, enquanto Brasinfra, é atuar MG) está entre elas. nessa área também. Não queremos que a lei nos beneficie, Segundo o presidente da entidade, Emir Cadar Filho, a Brasin- mas queremos que, além dos deveres, tenhamos direitos. fra não é uma resposta ao atual momento de recessão que Não fomos ouvidos como deveríamos”, declara. tanto afeta as empresas do setor.“Estamos apanhando. Os dePara tanto, a entidade vai trabalhar pela adequação das confeitos de algumas empresa vieram à tona mas os méritos não. dições contratuais, exigir a obrigatoriedade de que as obras Temos que defender nossos direitos porque temos muitos de- públicas sejam precedidas de estudo de viabilidade técnicoveres a cumprir. O nome do setor foi parar na lama, mas nin- econômica, de projeto de Engenharia, de licença ambiental e guém fala das obrigações que temos que cumprir, a tempo e a outros elementos que assegurem a execução, pelas empresas hora, para participar de um processo de licitação”, desabafa. do setor. Multas, farta documentação e garantias de que a obra será executada com todo o rigor técnico necessário são algumas das exigências feitas pelo poder público. No entanto, as empresas não têm qualquer segurança de que receberão pelos serviços prestados na data correta.“É preciso que o governo tenha, em caixa, o recurso necessário para cobrir as despesas com obras, mas isso não existe e o contratante não sofre qualquer penalidade por isso", aponta. A Brasinfra pretende dar voz ao setor de infraestrutura, um setor que ainda não viu as promessas políticas se transformarem em contratos de serviços em 2017.“Continuamos a pão e água, com contratos pequenos de manutenções em estradas. De vulto, não tem nada ainda. Nesse ponto, a Lava Jato influencia na mudança das empresas que participarão das licitações. Mas o Brasil precisa de obras de infraestrutura para que a economia 50

Outra medida que faz parte da pauta da Brasinfra é a garantia de recursos para o pagamento do serviço e punição para contratados e contratantes inadimplentes.A adoção das melhores práticas, pelas empresas do setor, também é outra parte do projeto da entidade, por meio da divulgação do Compliance, para prevenir ou minimizar os riscos de violações de leis, reforçar a transparência, legitimidade e credibilidade no relacionamento entre empresas privadas e setor público. Emir Cadar Filho lembra que, em negócios, quem tem capital muda o setor de atuação. Mas, apesar de todo esse cenário desfavorável, a indústria da construção pesada continua robusta, com seu parque de máquinas parado, à espera de projetos que recoloquem o Brasil no rumo do crescimento.“O que roda a economia é o setor de infraestrutura”, conclui.



CDS | SME

COMITÊ DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

EDUCAÇÃO PARA A GESTÃO! Inês de Oliveira Noronha

No dia 26 de abril foi aprovada a nova Deliberação Normativa (DN COPAM Nº 214/2017), proposta pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMAD), que estabelece as diretrizes para a elaboração e execução dos Programas de Educação Ambiental (PEA) no âmbito dos processos de licenciamento ambiental no Estado de Minas Gerais. Esta nova DN visa atualizar a Deliberação Normativa COPAM nº 110/2007, visto que esta, no período de uma década, não passou por nenhuma modificação. A Deliberação Normativa 214/2017 apresenta em seu Anexo I o Termo de Referência que deverá ser utilizado como base para elaboração, execução, avaliação e monitoramento dos PEAs a serem apresentados pelos empreendedores, no âmbito dos processos de licenciamento ambiental dos empreendimentos ou atividades previstos no seu art. 1º. Parágrafo Único. O PEA deverá ser elaborado e executado considerando o empreendimento ou atividade como um todo, mesmo que este possua mais de um processo de licenciamento ambiental. (Diário Oficial da União, Minas Gerais, 29 de abril de 2017, seção 1, p.10).

52

Os Programas de Educação Ambiental deverão ser estruturados a partir de etapas metodológicas bem definidas, que contemplem obrigatoriamente um Diagnóstico Socioambiental Participativo (DSP). Além das informações coletadas no Diagnóstico Participativo, é importante que o PEA seja elaborado a partir dos estudos ambientais realizados, tendo como referência a tipologia do empreendimento, a atividade licenciada, a área de influência do meio socioeconômico, a realidade local, os grupos sociais afetados e os impactos e danos causados. Ou seja, cada vez mais será necessário o conhecimento, o envolvimento e a participação das comunidades locais nos programas de educação ambiental. O Programa de Educação Ambiental deverá contemplar os seguintes públicos: público interno e público externo. O público interno deverá ser formado pelos trabalhadores próprios e de empresas contratadas, que atuarão na atividade ou no empreendimento, de forma que estes compreendam os impactos socioambientais da atividade ou empreendimento e suas medidas de controle e monitoramento ambiental

adotados, permitindo a identificação de possíveis inconformidades e mecanismos de acionamento do setor responsável pela imediata correção. Já o público externo deverá ser formado pelas comunidades localizadas na Área de Influência Direta - AID da atividade ou do empreendimento. Para a realização do PEA, é importante que o empreendedor contrate uma boa equipe técnica interdisciplinar, com profissionais que tenham formação em curso superior reconhecido pelo MEC. Sobre o(s) profissional(ais) responsável(eis), o documento destaca a necessidade de “identificar o profissional ou equipe responsável pela elaboração do PEA, que deverá possuir experiência em educação não formal e/ou formação com disciplinas na área de meio ambiente ou de pedagogia e, quando houver mais de um profissional envolvido, experiência em coordenação de equipes. (Diário Oficial da União, Minas Gerais, 29 de abril de 2017, seção 1, p.11) Segundo Germano Vieira, Secretário de Estado Adjunto de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável “...


Minas mostra, mais uma vez, que está imbuída em tratar com seriedade, responsabilidade e democracia a questão do licenciamento ambiental e da educação ambiental de forma assertiva e participativa” (SEMAD, 2017).

âmbito dos processos de licenciamento ambiental no Estado de Minas Gerais. 29 de abril de 2017, páginas 10 e 11.

A nova deliberação não explicita, mas é importante que as universidades, centros de pesquisas, organizações não governamentais e outros stakeholders estejam atentos às necessidades da sociedade no que se refere à oferta de cursos de capacitação e de especialização em Educação Ambiental. Estes cursos deverão focar nas mais diversas práticas e metodologias de EA, além de todo embasamento teórico que lhes é peculiar.

SEMAD- Secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Norma promove avanços na educação ambiental vinculada ao licenciamento. Acessado em http://www.meioambiente.mg.gov.br/noticias/1/3095-novanorma-promove-avancos-na-educacao-ambiental-vinculadaao-licenciamento-ambiental no dia 28 de abril de 2017 às 09:45.

É preciso preparar profissionais engajados na educação ambiental, no Estado de Minas Gerais, que conheçam as características dos empreendimentos de significativo impacto ambiental, que tenham uma visão sistêmica do meio ambiente e que busquem o empoderamento das comunidades locais.

1 Inês de Oliveira Noronha é Doutora em Educação, PhD em Antropologia, Mestre em Gestão e Auditoria Ambiental, Mestre em Administração, Pós-graduada em Engenharia Ambiental Integrada, Pós-graduada em Educação Ambiental, Pós-graduada MBA Gestão de Negócios e Competências, Graduada em Pedagogia, Diplomado em Arqueologia e Patrimônio. Foi professora da disciplina DAI III – Diagnóstico e Avaliação de Impactos do Meio Socioeconômico na Pósgraduação da UNA. Foi coordenadora das Pós-graduações em Gestão Ambiental e em Educação Ambiental do SENAC MINAS. É Parecerista da PUC Minas. Pesquisadora. Diretora Técnica da Socioambiental Projetos Ltda, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Conselheira do CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente.

Enfim, além de todo o esforço do setor ambiental responsável pelo licenciamento, é preciso que a classe empreendedora, embora em tempos de crise econômica no país, continue se esforçando no sentido de perceber a educação ambiental como importante instrumento para a gestão ambiental de suas empresas. E é importante que as empresas passem a considerá-la como parte integrante do processo, não como estorvo ou custo adicional, mas como algo que irá possibilitar a construção de um relacionamento com as comunidades do seu entorno, dentro de uma gestão responsável, rumo à sustentabilidade, no curto, médio, ou longo prazo. REFERÊNCIAS .

Diário Oficial da união, Minas Gerais. Deliberação Normativa 214/2017. Dispõe as diretrizes para a elaboração e execução dos Programas de Educação Ambiental (PEA) no

SITES ACESSADOS

2

Diagnóstico Socioambiental Participativo: instrumento de articulação e empoderamento que visa a mobilizar, compartilhar responsabilidades e motivar os grupos sociais impactados pelo empreendimento, a fim de se construir uma visão coletiva da realidade local, identificar as potencialidades, os problemas locais e as recomendações para sua superação, considerando os impactos socioambientais do empreendimento. Desse processo, resulta uma base de dados que norteará e subsidiará a construção e implementação do PEA.

53


JOVEM ENGENHEIRA | ROSIELLEN FRANÇA DOS SANTOS

Agroecologia e Agrobiodiversidade são o futuro da Engenharia Agronômica no Brasil Luciana Sampaio Moreira om 18 anos, a estudante Rosiellen França dos Santos mudou-se de Belo Horizonte para Montes Claros para ingressar no curso de Engenharia Agronômica, no Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Um semestre, ela passou em Portugal, na Universidade de Algarve.

C

Hoje, aos 27 anos e com três anos de graduação, a engenheira agrônoma integra a Equipe Técnica do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, instituição na qual trabalha na área de assessoria de projetos e ações direcionadas para a região do semiárido mineiro. Antes, foi técnica de campo, animadora social e coordenadora de Projetos. A sua história com a Engenharia Agronômica começou cedo. “Quando eu tinha 12 anos, fazia parte de um projeto social e ambiental Amigos do Meio 54

Ambiente (AMA), que foi criado para sensibilizar crianças e adolescentes para a recuperação da Lagoa da Pampulha e para a preservação e uso consciente dos recursos naturais. O interesse pela profissão começou ali. “Inicialmente, vi no curso de Agronomia a possibilidade de me tornar uma profissional apta a integrar as equipes multidisciplinares que confeccionavam os relatórios e estudos de Impacto Ambiental (EIA e RIMA). Durante o curso, na área de ciências agrárias, foram apresentados temas como Agroecologia e Agrobiodiversidade, que motivaram que motivaram o desenvolvimento de trabalhos de conservação, manejo e multiplicação de sementes crioulas que têm sido fundamentais para a sua atuação profissional. “Apesar de ser uma das formações mais antigas das universidades, a Engenharia Agronômica tem sempre a capacidade de se reinventar, de acordo com as principais demandas da população e do mercado. E agora, há um de-

safio: apresentar alternativas para alimentos saudáveis no cenário de alterações climáticas globais”, ressalta. Estágios Rosiellen França afirma que os estágios foram fundamentais para a sua formação como cidadã e profissional. Entre outras experiências, ela destaca os três anos que passou no Centro de Agricultura Alternativa, onde continua trabalhando. “Depois da graduação, desenvolvi “Planos de Estágio” e aprimorei a política dessa área. Hoje, acompanho dois grupos de estagiários que vivenciam a Agroecologia e a experiência dos engenheiros agrônomos e dos profissionais de agrárias que atuam no semiárido de Minas para contribuir para a formação dos estudantes da nossa área”, explica. Segundo a engenheira, a sua atuação tem como finalidade fortalecer as condições socioeconômicas e produtivas de agricultores familiares e, ainda, co-


munidades de indígenas, quilombolas, geraizeiros, catingueiros, vazanteiros e veredeiros que recebem assessoria técnica para a produção agropecuária sustentável. “A primeira relação estabelecida é de respeito aos saberes tradicionais e à cultura local. Nossa intervenção como profissional visa também promover a autonomia desses grupos para que, mesmo diante das mudanças climáticas, consigam produzir seus alimentos saudáveis e sementes crioulas, criar pequenos e grandes animais e ter acesso aos frutos nativos e plantas medicinais das áreas manejadas e preservadas em áreas que têm sido exploradas por diversas gerações”, enfatiza. Embora esse mercado seja promissor para os engenheiros agrônomos, fatores políticos podem reduzir essa área de atuação. De acordo com Rosiellen França, medidas como a extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário e a fragilização das autarquias de garantias de povos indígenas, quilombolas e assentados, entre outros, pode gerar impactos para os projetos até então desenvolvidos.

O direcionamento para a área de Agroecologia é uma tendência para o setor. Segundo a engenheira, esse será o futuro para os profissionais de Agrárias. O acompanhamento do seu setor de atuação tem permitido a ela a oportunidade de se capacitar continuamente para dar continuidade ao processo de formação de novos profissionais que consigam relacionar os aspectos produtivos aos modos de vida das pessoas e à manutenção do ambiente em que vivem e trabalham. Nesse contexto, ser mulher é mais um desafio a enfrentar, para abrir espaço para que outras jovens ingressem na Engenharia Agronômica. No tempo livre, ela organiza a vida social, estuda outras línguas e aproveita para estar com a família e com os amigos. Com uma rotina constante de viagens, com trajetos maiores que 300 km para chegar aos locais de trabalho, a engenheira ainda tem, nessa atividade, a sua preferida. Principalmente se for para fazer ecoturismo, para conhecer novas estradas, pessoas, destinos e ecossistemas. “É assim que eu descanso o corpo e a mente”, conclui. 55


Barragens

Evento reuniu 700 profissionais do ramo de barragens em Belo Horizonte Entre os dias 15 e 18 de maio, Belo Horizonte sediou o XXXI Seminário Nacional de Grandes Barragens (SNGB). O evento que é uma iniciativa do Comitê Brasileiro de Barragens (CBDB), reuniu mais de 700 profissionais da área no Ouro Minas Hotel. O vice-presidente do CBDB e coordenador da programação, engenheiro civil Fabio De Gennaro Castro, disse que os eventos acontecem regularmente desde 1962. “Neste ano, unimos quatro em um, com um conjunto grande de patrocinadores e expositores. A participação nas sessões técnicas foi muito boa, o que mostra o interesse dos profissionais no tema barragens”, explicou. Ele disse, ainda, que o potencial hidrelétrico brasileiro é imenso e que seu aproveitamento é de 50%. "Se temos toda essa potencialidade e a água que é recurso usado para os mais diversos fins, inclusive para a geração de energia elétrica, há um grande trabalho a ser feito. As barragens não são um mal necessário mas um gerador de benefícios, como acumular água para uso posterior”, ressaltou. 56

Fabio De Gennaro Castro, vice-presidente do CBDB

O dirigente destacou, ainda, que depois de um período de “vacas magras”, a retomada de investimentos em barragens tem exigido profissionais capacitados em projetos, execução, gestão e manutenção das estruturas que, no Brasil, são as mais profundas do mundo. No século passado, não tinham mais que 30 metros de altura. Há 10, atingiam 240 metros e podem chegar a 500 metros de altura em 2030. Gestão Considerado o maior acidente com barragens de rejeito no mundo (em quantidade de rejeito propagado), o rom-


Rafael Jabur Bittar, engenheiro e diretor de Gestão de Rejeitos e Estéreis da mineradora Yamana

pimento de Fundão, em Mariana, em 2015, despertou o interesse da população em geral e passou a exigir maior controle por parte das empresas. “Aconteceram outros acidentes do gênero mas, como foi aqui, perto de nós, as pessoas tiveram a oportunidade de conhecer a real dimensão e os impactos negativos associado a uma ruptura de barragem de rejeitos”, avalia o engenheiro e diretor de Gestão de Rejeitos e Estéreis da mineradora Yamana Gold, Rafael Jabur Bittar, que proferiu palestra no primeiro dia do evento. Graduado pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), ele comentou que estudos sobre barragens são antigos naquela instituição, que tem projetos de pesquisa e cursos de pós-graduação nessa matéria específica. “A universidade tem e vai ter o papel importante de preparar mão de obra para atuar nesse setor, que é bastante especializado. As empresas que têm uma gestão implementada, no caso de empresas de mineração de maior porte, estão ao passo de aperfeiçoar ainda mais seu modelo de gestão enquanto as empresas menores estão despertando para a necessidade de dedicar mais qualidade e recursos nessa gestão, o que passa pelo aumento da demanda por profissionais capacitados”, analisou. Mais que isso, cabe a esses gestores interpretar os fatores de risco técnico das barragens para os negócios e, mais que isso, avaliar se os reais impactos de um acidente são aceitáveis. “O risco em barragem de rejeito não pode ser aceito, tem que ser mitigado rapidamente e as empresas devem estar preparadas para isso”, recomendou. Para o engenheiro, a falha, na verdade, é uma combinação de fatores que, uma vez diagnosticados, devem ser administrados para evitar o pior cenário.

Marta Sawaya, engenheira de barragens e assessora técnica de Geologia do MPMG

Geóloga, engenheira de barragens e assessora técnica na área de Geologia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Marta Sawaya comentou que a demanda pela atuação do órgão aumentou muito depois de 2015.“O MP não tem a função de fiscalizar e licenciar, mas atua prontamente a medida em que a população traz suas demandas e incertezas. Depois do acidente de Mariana, aumentaram muito as incertezas e, com elas, as denúncias e pedidos de acompanhamento”, avaliou. Um dos avanços é a regulamentação da lei 12.334/2010, que coloca as barragens como questão de segurança nacional. Entre os avanços da legislação está o Plano de Segurança de Barragens (PSB) que serve de registro para o empreendimento, desde a sua construção até a sua destinação final. No entanto, os diversos órgãos responsáveis pela fiscalização e acompanhamento desses empreendimentos ainda não estão aparelhados para fazer esse importante trabalho, segundo Marta Sawaya. “Não adianta lei sem fiscalização. E isso ainda está faltando”, apontou. Se empresas, órgãos licenciadores e fiscalizadores exercerem bem o seu papel, as barragens não serão problemas e sim parte dos negócios de empresas importantes para a economia nacional. 57


USINAS DA CEMIG

Leilão pode reduzir em 50% a capacidade de geração da CEMIG Luciana Sampaio Moreira

á quatro anos, o governo federal obrigou as empresas do setor de Energia a aceitarem a antecipação do período de vencimento de suas concessões, sob pena de perder parte de seus ativos. Em troca, ofereceu condições desfavoráveis para a renovação. A medida também afetou a Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), que é presença de destaque em todos os rankings do setor de Energia, no Brasil e no mundo.

H

No entanto, a empresa reagiu e negou-se a antecipar a renovação das hidrelétricas de Jaguara, São Simão e Miranda. Além disso, os contratos dos três empreendimentos previam renovação automática e garantida por mais de 20 anos. Assim, nasceu uma batalha jurídica que, ao que parece, está longe de chegar ao fim, para a apreensão de entidades que representam diversos setores da economia do Estado. A intenção do governo federal é licitar São Simão 58

(1.710 MW), Jaguara (424 MW), Miranda (408 MW) e Volta Grande (380 MW) até 30 de setembro, o que pode reduzir, em 50% o potencial de geração da estatal mineira, com impactos diretos sobre os preços cobrados pelo serviço para clientes residenciais e corporativos. MP 579 Considerada positiva no início para solucionar os problemas do setor elétrico nacional e reduzir as tarifas pagas pelo consumidor doméstico e industrial, a Medida Provisória (MP) 579, que foi posteriormente convertida na Lei 12.783/13, é aquele tipo de boa promessa que se transformou em grande problema. Segundo o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), Olavo Machado Junior, ao invés disso, desconsiderou regras básicas que regem o setor, rompeu contratos e, como isso, propagou um ambiente de insegurança jurídica.


Foto : Divulgação CEMIG

"A nossa expectativa é que a Justiça não exponha a empresa a um baque como esse. A CEMIG viabilizou a construção e sempre operou esses projetos, há todo um conhecimento técnico agregado aí e que não deveria ser desprezado", defende Olavo Machado Junior. Com isso, ele reafirma o apoio da indústria mineira à CEMIG, que luta para defender o seu direito.

Ailton Ricaldoni Lobo, presidente do Conselho de Energia da ACMinas

Olavo Machado Junior, presidente da FIEMG

“Também é inaceitável o argumento para insistir na retomada das usinas: o governo alega que precisa licitá-las (vender suas concessões) para arrecadar recursos e reduzir o déficit público. Sabemos que não é missão do setor elétrico gerar receitas para resolver problemas decorrentes da má gestão das finanças públicas. É absurdo, portanto, o argumento apresentado. Ao setor elétrico compete gerar energia para sustentar o crescimento da economia brasileira, que passa hoje pela pior recessão de sua história”, afirma.

O presidente do Conselho de Energia da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas) e ex-presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), Ailton Ricaldoni Lobo, defende um consenso entre os lados, para preservar os interesses da CEMIG e o ressarcimento da União, em um cenário de renovação das concessões. "Legalmente, o governo tem o direito de promover uma nova licitação, se quiser, mas tirar um grupo de ativos de uma empresa em uma tacada só, após anos de operação, é temerário. Negociar uma extensão desses contratos com compensação seria o mais justo", pontua. Igualmente apreensivo com a licitação de outorga das hidrelétricas se mostra o presidente do Conselho de Consumidores da CEMIG, Jose Luiz Nobre Ribeiro, para quem a licitação das concessões colocará em risco a qualidade do serviço para os clientes. "Tanto para o Estado quanto para os consumidores, é bom ter uma concessionária forte, com situação financeira saudável e implementando melhorias no fornecimento para a população", avalia Ribeiro, que acredita na possibilidade de uma saída negocial mantendo os interesses da CEMIG e do governo federal. 59


REINAUGURAÇÃO

SME retorna para a sua sede própria

O

belíssimo saguão da sede da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) voltou a ficar lotado de engenheiros na noite de 20 de março, para a reinauguração do prédio, localizado na Rua Timbiras, 1514. Engenheiros de todas as especialidades e gerações marcaram presença no evento que marcou a mudança definitiva da entidade para a “Casa do Engenheiro”, depois de 12 anos de ausência em função de um contrato de locação. Como não poderia deixar de ser, a cerimônia foi alegre e descontraída. Bem ao gosto dos engenheiros, que aproveitaram a oportunidade para colocar a conversa em dia, visitaram o prédio que guarda capítulos memoráveis da história da octagenária SME. O presidente, Augusto Celso Franco Drummond, cumprimentou os presentes que se reuniram no segundo andar do prédio para o descerramento de três placas comemorativas e, também, a inauguração do retrato do ex-presidente, Ailton Ricaldoni. “Foram R$ 900 mil que usamos para iniciar a reforma do prédio. Privilegiamos a qualidade, como deve ser na Engenharia”, enfatizou o engenheiro eletricista que, durante a sua gestão, teve a oportunidade de coordenar pessoalmente as obras da reforma da sede.

60

Inauguração do retrato do ex-presidente, Ailton Ricaldoni com sua esposa e Augusto Drummond

Entre os serviços realizados estão: reforma do telhado, impermeabilização das áreas externas, substituição da tubulação hidráulica, polimento do granito do saguão e revitalização do segundo e de parte do terceiro e quarto andares do belíssimo prédio, onde foram instaladas salas que podem ser usadas para reuniões ou projetos de capacitação. O excelente resultado alcançado e a transferência da administração da SME para o prédio, segundo Drummond, devem ser motivo para que os engenheiros voltem a se reunir e a se fortalecer, como categoria profissional.


Placas A primeira placa inaugurada é uma releitura de outra, antiga, que trazia a Missão da SME. A segunda, também revitalizada, marcou a retomada do Espaço Cultural, que foi oficialmente criado em 1994, durante a gestão do ex-presidente Rodrigo Coutinho. Entre as iniciativas que devem retornar estão a SME 12h30 e o projeto Ponto e Contraponto. A última e não menos importante marcou o retorno da entidade para a “Casa do Engenheiro”, depois de 12 anos de ausência do imóvel.

Galeria dos ex-presidentes A galeria dos ex-presidentes da SME também ganhou rosto novo, com a inauguração do retrato do ex-presidente Ailton Ricaldoni Lobo. “É uma satisfação inaugurar o retrato do ex-presidente Ricaldoni. Além de amigo, ele foi um grande presidente da SME que, entre outras frentes, trabalhou muito para que, neste momento, estejamos retornando à nossa sede”, afirmou Drummond. O homenageado não escondeu a emoção. “Este é o momento da SME, no qual temos a responsabilidade de colaborar para o desenvolvimento do país, nos aspectos político, econômico e profissional”, adiantou. Para ele, a Engenharia e os engenheiros têm um grande espaço a ocupar no governo. Como “Tribuna Livre” que sempre foi e continua sendo, a SME agora terá as condições necessárias para debater o futuro do país e da nossa profissão. Ricaldoni disse, ainda, que na sede da entidade, as Comissões Técnicas terão o ambiente propício para ampliar suas atividades e propor soluções e contribuições que possam ser usadas para o desenvolvimento sustentável das cidades e do país. “Vida longa para a SME”, comemorou. 61


REINAUGURAÇÃO DEPOIMENTOS Otávio Campos do Amaral, engenheiro civil

Virgínia Campos, consultora no segmento de estudos e projetos ambientais, vice-presidente da SME e coordenadora do Comitê

“Aposentado, tenho me dedicado à lei-

de Desenvolvimento Sustentável da entidade

tura e ao piano. Só de Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foram 35 anos. Mas hoje, aqui na SME, um lugar que eu sempre frequentei e neste salão onde dancei, eu me sinto muito feliz. O retorno é um momento histórico e eu estou emocionado porque teremos de

“Muito importante o retorno para a sede porque é um passo decisivo para a história da Engenharia mineira e fortalece o sentimento de que os engenheiros devem se posicionar sobre as questões coletivas. Nessa gestão, retornamos para o Copam, mas ainda há muito a ser feito”.

volta o Espaço Cultural. Bato palmas e, desde já, tudo o que eu puder, vou fazer para fortalecer a SME enquanto entidade e incluí-la no circuito da Praça da Liberdade. Heleni de Mello Fonseca, engenheira eletricista com especialização em Telecom e Eletrônica e a única ex-presidente mulher da SME

“Extremamente gratificada. A gente sente que a retomada da SME, como entidade que defende os interesses dos engenheiros e do desenvolvimento na-

Fabiano Soares Panissi, engenheiro eletricista, de segurança do trabalho e diretor da SME

“A SME se faz não apenas pela sua sede, mas pelos associados que a representam. A sede é a materialização desse encontro de engenheiros que querem discutir e debater a engenharia. A importância do retorno é justamente essa: concretizar esse espírito de engenharia, de trazer condições melhores para a sociedade”.

cional vai acontecer. Aqui é o lugar para

José da Costa Carvalho Neto, consultor na área de Engenharia

os engenheiros discutirem os rumos da Engenharia e do

e ex-presidente da SME

país. Estamos vivendo tempos difíceis de extremo constrangimento causado pelos escândalos que envolvem as maiores empreiteiras nacionais. Eu acho que temos que discutir técnica e ética. Aqui na sede, as comissões terão um ambiente propício para abordar esses temas e para

“Emocionante, um marco. Desde a construção, esse prédio era nosso, dos engenheiros. Aqui está o fórum máximo da Engenharia em Minas Gerais”.

incentivar a inovação”. Professor Alessandro Fernandes Moreira, Engenheiro e diretor Tarcísio Caixeta, engenheiro de Minas, diretor da Prodabel

“Voltar para casa é sempre muito gratificante, ainda mais para um prédio que tem a importância histórica que esse tem, para engenheiros e para a Engenharia de Minas Gerais. A organização dos engenheiros ganha novo fôlego com esse retorno. A diretoria está de parabéns e o presidente Augusto Drummond fez um grande esforço para transformar esse projeto em realidade”.

62

da Escola de Engenharia da UFMG

Sou associado da SME, fui diretor na gestão do Ailton Ricaldoni e minha história profissional, como professor, está interligada com a SME. Foi aqui, no contato com os meus colegas de profissão, que eu decidi me dedicar à área de educação. Ver o prédio revitalizado é uma satisfação muito grande porque representa a tradição da Engenharia mineira. Muita alegria por estar de volta”.


R E S P E I T O A O M E I O A M B I E N T E É U M D O S N O S S O S VA L O R E S . Á G U A L I M PA E T R ATA D A É O N O S S O C O M P R O M I S S O .

A CBMM tem um grande respeito pela natureza e principalmente pela água que utiliza. Localizada em Araxá, a companhia recircula hoje 95% da água usada em seus processos de produção. Investindo continuamente em tecnologia e controle de qualidade, a CBMM espera alcançar a marca de 98% nos próximos dois anos. Esse é um compromisso com o meio ambiente e com o futuro. CBMM. Aqui tem nióbio.

cbmm.com.br



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.