ISSN 2447-813X
REVISTA MINEIRA DE
ENGENHARIA REVISTA DA SME - SOCIEDADE MINEIRA DE ENGENHEIROS
ANO 9 | EDIÇÃO 39 | NOVEMBRO • DEZEMBRO • JANEIRO/2018-2019
Aloisio Vasconcelos
é o Engenheiro do Ano ∙ 2018 Entrevista Paulo Brant
Vice-governador eleito fala sobre as propostas do novo governo de Minas
Teodomiro Diniz
Indústria 4.0 Artigo Mario Neto
Presidente do CNPq
Palavra do Presidente
Crescer ou desenvolver? Ronaldo Gusmão – Presidente da SME
N
os últimos anos e, principalmente, na última eleição presidencial e para governadores a palavra crescimento foi a tônica de quase todos os candidatos. Ela também é muito presente na fala de boa parte dos líderes empresarias, principalmente quando comparam o crescimento da China com o do Brasil e outros países. Nós brasileiros, porém, damos pouca importância aos conceitos das palavras e expressões da nossa língua e, infelizmente, acabamos ampliando as bobagens alheias. São vários os políticos e empresários falando de “crescimento sustentado”, “autossustentável” e por aí vai. Para eles, crescer é o faturamento de suas empresas, o crescimento da economia, do PIB etc. Mas será que os filhos dessas pessoas crescem ou desenvolvem? Será que eles têm um crescimento sustentado pelos pais? Até quando? Como vimos, o crescimento é sustentado por alguém ou por alguma coisa. Partiremos do conceito de desenvolvimento sustentável. Basicamente, desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades. O desenvolvimento sustentável é economicamente viável, ambientalmente correto e socialmente justo. Essas pessoas querem que seus filhos cresçam, isto é, ganhem altura, ou se desenvolvam, ou seja, estudem, adquiram cultura, conhecimento, dêem valor à vida, aprendam uma profissão, trabalhem, se sustentem, casem, tenham filhos e preservem os recursos naturais para seus filhos? A maioria defende o crescimento indefinido da economia. Isso não existe, porque os recursos naturais são finitos e o homem não produz nenhum bem material, ele transforma os recursos que a natureza produz e depois
Revista Mineira de Engenharia nº 39 | novembro/dezembro/janeiro 2018/2019
os descarta (lixo). Hoje já consumimos 25% a mais do que a terra é capaz de regenerar. Os países ricos esgotaram seus recursos ecológicos. O comércio global é o que os alimenta com recursos de outros países, como o Brasil, que não é só o maior exportador de soja e suco de laranja, mas também de água e terras agriculturáveis. A China não é modelo de desenvolvimento, mas de um crescimento absurdo, sem compromisso ambiental com as atuais gerações e muito menos com as futuras. No ano passado, a China gastou 50 bilhões de dólares para tratar doenças ocasionadas pela poluição ambiental. Estima-se ainda que esse país, em 2010, estará emitindo mais CO2 na atmosfera que os Estados Unidos – hoje o maior poluidor do mundo, com 36% das emissões de CO2. Isso é crescimento ou desenvolvimento? O crescimento a qualquer custo tem um preço alto para a sociedade, pois é ela que sofrerá as conseqüências ambientais e as injustiças sociais. Esses “capitalistas” estão capitalizando os lucros e socializando os prejuízos com a sociedade. Entretanto, essa socialização dos danos ambientais não se restringe à sociedade chinesa ou norte-americana, mas sim a mundial. Veja as mudanças climáticas que afetam o planeta. Isso é insustentável. Do ponto de vista social, não é preciso fazer nenhum comentário a respeito das condições de trabalho na China. As decisões de líderes empresariais devem passar sempre pela peneira da ética. Não existe consciência empresarial, o que existe é a consciência das pessoas dando vida às empresas. As empresas brasileiras precisam desenvolver produtos e serviços com baixo impacto ambiental, desenvolver a utilização eficiente de energia, desenvolver novos mercados, se desenvolver. Que sejam sustentáveis, isto é, que seus produtos e serviços não causem mais impacto ao nosso planeta, que sejam acessíveis à população, que promovam uma maior inclusão social, que valorizem a vida. Desenvolver as pessoas, essa é a chave. E os talentos humanos das empresas precisam estar abertos para isso. Desenvolver com as pessoas novos conhecimentos, novas habilidades, novas maneiras de olhar as coisas. Desenvolver a vontade de sonhar para fazer um mundo melhor. *Escrevi esse texto no início de 2007, pouco depois das eleições que elegeu o então presidente Lula para seu segundo mandato. De lá para cá já se passaram 12 anos e quatro eleições. Tempo suficiente para mudar esse cenário. Mas, tristemente, esse texto continua atual, com exceção de alguns números que, hoje em dia, mostram uma realidade ainda pior. Acabamos de passar por mais uma eleição, baseada nos mesmos discursos daquela época. Por isso, chegou a hora de cobrarmos as mudanças para que, finalmente, comecemos a traçar o caminho que nos levará a tempos melhores.
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ENGENHARIA REVISTA DA SME - SOCIEDADE MINEIRA DE ENGENHEIROS
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Publicação:
Apoio:
Sumário 8 Comissões Técnicas Veja como foi o ano de 2018
10 Engenharia Mineira
Como fica o setor no próximo governo
12 Capa
Aloisio Vasconcelos é o homenageado do ano
20 Sustentabilidade
Construções sustentáveis ganham espaço
34 O lado C do engenheiro
Gilberto Scheffer: engenheiro, escritor e artista plástico
36 Empresas Juniores de Engenharia
Profissionalismo e qualidade nos serviços
38 Empresas sustentáveis
Veja quatro empresas que levam o assunto a sério
22 Mestres da Engenharia Jamil Haddad
26 Tecnologias Sociais
42 Atividades SME
Cursos, palestras e muito mais
Conheça o Biciclotrem
28 Mercado e Tendências Tecnologia no Agronegócio
30 Entrevista
Teodomiro Diniz, vice-presidente da Fiemg e conselheiro da SME
33 Jovem Engenheira
Raquelly Saturnino de Almeida
Artigos 46
Água: uma questão de atitude
47
Engenharia no século do conhecimento
48
Tendências e desafios da Indústria 4.0
49
SME & ferrovias
50
O potencial de desenvolvimento de Minas Gerais
Adalberto Carvalho de Rezende Mário Neto Borges Rita Senise
Nelson Dantas
Edgardo Cáceres
Editorial E
sta 39ª edição finaliza mais um ano de muito trabalho e abre 2019 com igual empenho, compromisso, dedicação e muita energia de nossa diretoria, associados e colaboradores. Energia inspirada e fortalecida pelo exemplo de garra, compromisso, trajetória e resultado do trabalho e da dedicação profissional de nosso maior Engenheiro, Aloisio Vasconcelos. Aloisio foi presidente da SME e sempre se pautou com máxima dedicação, ética, correção e compromisso com o interesse público em todos os cargos e funções públicas que exerceu. Sua mais recente e igualmente brilhante atuação se fez a frente da companhia mineira Cemig Telecom (2015 a 2018). Em apenas três anos ampliou exponencialmente a carteira de clientes, valorizou sua equipe de engenheiros, estabeleceu e superou metas de lucratividade e multiplicou o valor de mercado da companhia. Além de sua trajetória como engenheiro e executivo, seu currículo é abrilhantado com sua atuação como Deputado Federal e Constituinte, vividos em um período onde a ideologia e o compromisso com o interesse público eram valores e motivadores para a atuação de nossos parlamentares. Por toda sua trajetória e exemplo a todos nós engenheiros, Aloisio Vasconcelos receberá, na sede da SME, no dia 11 de dezembro, Dia do Engenheiro, a medalha Engenheiro do Ano - 2018. Em um momento de grandes expectativas de mudança na gestão do estado brasileiro e especialmente de Minas Gerais, o vice-governador eleito, Engenheiro Paulo Brant, nos antecipa alguns pontos que serão enfrentados pelo novo governo e fala sobre os desafios para se criar um ambiente amigável a novos investimentos privados. Entrevistamos também o vice-presidente da FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) e presidente do Conselho Deliberativo do SEBRAE Minas, Engenheiro Teodomiro Diniz Camargos. Em Sustentabilidade, o Engenheiro Roberto de Souza, Presidente do Centro de Tecnologia de edificações – CTE nos traz os desafios para uma construção civil sustentável. Em Artigos formos agraciados com as contribuições de Mário Neto Borges - Presidente do
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CNPq, da pesquisadora Rita Senise e dos engenheiros da SME Adalberto Carvalho de Rezende, Edgardo Cáceres e Nelson Dantas. Na seção O lado C do Engenheiro apresentamos o livro Nós nos nós – joias em jogo, do Engenheiro Gilberto Scheffer, ex-professor de Engenharia da UFMG e da PUC-Minas, recém lançado pela editora Ramalhete. Em Empresas Juniores, nossa reportagem traz aos leitores as empresas de engenharia da Universidade Federal de São João del Rei – UFSJ. A seção Mestres da Engenharia destaca e reconhece a atuação profissional e social do Engenheiro Jamil Haddad, professor titular da Universidade Federal de Itajubá – UNIFEI. Além de um currículo técnico de referência a todos os profissionais da engenharia elétrica, Jamil Haddad é também referência por sua atuação institucional e social, sendo um dos responsáveis pela redação e aprovação da Lei Federal 10295 de 2001, de Eficiência Energética. Em Jovem Engenheiro destacamos a Engenheira de Energia Raquelly Saturnino de Almeida. Graduada em 2016 pelo IPUC - em um curso referência em inovação pedagógica - idealizado e coordenado pelo Eng. Otávio de Avelar Esteves, Raquelly se desponta por sua visão de conciliação das questões técnicas da engenharia com os aspectos de sustentabilidade e compromisso social. Para as comemorações do Dia do Engenheiro, convidamos nossos leitores a participarem, em dezembro, dos eventos: CEOs da Engenharia – Os desafios da Reconstrução - 07/dez., Habilidades requeridas pelo mercado de trabalho e as novas relações profissionais no século XXI - 10/dez., Inovação e desenvolvimento sustentável – 12/dez. e Engenharia Biomédica e as novas tecnologias – 13/dez. Para 2019 a diretoria e comissões técnicas da SME já estão preparando um conjunto de atividades que enriquecerá ainda mais nossas ações. Uma excelente e prazerosa leitura!
Krisdany Cavalcante 7
Comissões Técnicas
Comissão Técnica de Avaliações e Perícias Citando mais algumas ações da comissão, foram ini-
ciadas conversas sobre a facilitação, possivelmente por meio da informatização, ao acesso ao Manual do Proprietário e ao Manual das Áreas Comuns das edificações. Alguns membros participaram ainda do curso de Inspetor 1 – Inspeção de Estruturas de Concreto segundo a norma ABNT NBR 16230:2013, promovido pelo IBRACON e realizado em Belo Horizonte, entre 09 e 11 de agosto.
Equipe durante visita ao trecho da BR 356, que apresentou problemas estruturais.
A
Comissão Técnica de Avaliações e Perícias da Sociedade Mineira de Engenheiros teve forte atuação durante o ano de 2018. Entre os diversos temas discutidos, destaque especial para as Inspeções Prediais. Dentro do assunto, a equipe acompanhou a elaboração da Norma de Inspeção Predial da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), que ainda aguarda aprovação. Fez também planos para elaborar um substitutivo do Projeto de Lei 1142/2014, do Vereador Léo Burguês, que institui a obrigatoriedade de realização de vistorias técnicas nas edificações existentes no Município de Belo Horizonte, assim como sua consequente emenda 01/2016, da ex-vereadora Elaine Matozinhos. O assunto Inspeção Predial foi ainda tema de duas palestras realizadas pelo presidente da comissão, Kleber José Berlando Martins, na sede da SME.
A comissão acompanhou também a revisão da nor-
ma NBR 13752 da ABNT - Perícias de Engenharia na Construção Civil, que ainda está em andamento, e discutiu outros assuntos como a Barragem de Mariana e a norma ABNT NBR 15575-5:2013 Edificações Habitacionais - Desempenho. No mês de abril, a equipe da comissão visitou o trabalho de reforço da cortina atirantada, próximo ao BH Shopping, na BR 356, que apresentou problemas estruturais.
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Inspeção Predial foi tema de cursos realizados na SME.
Para o ano que vem, a comissão planeja continuar com as metas traçadas EM 2018 e trabalhar A CONSCIENTIZAÇÃO DA POPULAÇÃO SOBRE A IMPORTÂNCIA DA INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO DAS obras de engenharias (edificações, viadutos, pontes, pontilhões, etc). Revista Mineira de Engenharia nº 39 | novembro/dezembro/janeiro 2018/2019
Comissões Técnicas
Comissão Técnica de Recursos Hídricos independente. Implicando ainda na retomada da engenharia hídrica como condutora da gestão de recursos hídricos e, portanto, dotando o IGAM de capacidade em recursos humanos habilitados para o exercício de suas competências legais, dentre as quais destacamos: “assegurar o controle, pelos usuários atuais e futuros, do uso da água e de sua utilização em quantidade, qualidade e regime satisfatórios”.
Assim, a Comissão Técnica de Recursos Hídricos, após
A
Comissão Técnica de Recursos Hídricos, em sua primeira reunião, elegeu como pauta primordial e urgente o resgate e o fortalecimento da gestão de recursos hídricos no Estado de Minas Gerais. Essa escolha teve como base uma análise técnica criteriosa que indica a possibilidade de crises severas de desabastecimento de água nos próximos anos em quase todo o território do Estado, gerando insegurança hídrica para as atividades econômicas, sociais e administrativas. Impacto maior poderá ocorrer no que tange necessidade de atração de novos investimentos (solução indispensável para reversão da atual crise financeira vivida pelos mineiros). O tema foi pauta de quatro reuniões, nas quais foram convidados especialistas da importância do ex-presidente das agências ANA e ANEEL, e das companhias Ligth e Sabesp, o engenheiro doutor em recursos hídricos Jerson Kelman, e o professor doutor Francisco Assis, da Universidade Federal do Ceará e participante da equipe que criou e implantou a Companhia de Gestão de Recursos Hídricos, COGERH, tida, juntamente com a ANA, como as únicas instituições brasileiras com boa performance na gestão dos recursos hídricos. Após as discussões, foram elaborados documentos, notas técnicas, ofícios e apresentações para exposição às equipes do novo governo em Minas Gerais, nos quais o fortalecimento pretendido consubstanciar-se-ia, resumidamente, na vinculação do Instituto Mineiro de Gestão das Águas, IGAM, diretamente ao comando superior e estratégico da governança estadual e no resgate, tal como previsto constitucionalmente (Constituição Brasileira e Estadual) e legalmente, do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos, especializado e Revista Mineira de Engenharia nº 39 | novembro/dezembro/janeiro 2018/2019
examinar dados técnicos, informações estatísticas, diagnósticos e prognósticos hidrometeorológicos, além dos problemas institucionais de toda ordem, pôde concluir: o quadro atual de vulnerabilidade hídrica requer imediata atenção do governo estadual visando o fortalecimento institucional do órgão gestor de água, seja como esteio para a consolidação normativa-gerencial do Sistema Estadual de Recursos Hídricos, seja para a aplicação capacitada dos conhecimentos e das ferramentas da engenharia hídrica, já largamente desenvolvidas e disponíveis em Minas Gerais, estado que possui quadros técnicos, individuais, empresariais e institucionais de renome nacional.
A Comissão Técnica de Recursos Hídricos, em seus encaminhamentos, vem se colocando à disposição dos interessados para discutir e avançar no detalhamento das propostas já apresentadas. A mesma Comissão e seus integrantes vêm propondo, também, a recuperação dos preceitos legais e a incorporação de inovações importantes na gestão de recursos hídricos, com o fortalecimento do respectivo Sistema autônomo e especializado no organograma administrativo do estado. 9
Novo Gover no
Vamos fazer valer a Voz de Minas! Lígia de Matos
Paulo Brant adianta os primeiros passos no novo Governo do Estado e deseja que Minas Gerais volte a ter a importância que sempre teve no desenvolvimento do país.
E
ste é um dos objetivos primordiais da nova equipe de Governo, que assume as rédeas de Minas Gerais em 1º de janeiro de 2019. Em entrevista à Revista Mineira de Engenharia, o vice-governador eleito Paulo Brant fala sobre os primeiros planos de atuação para restituir a dignidade e credibilidade do Estado. Por ser engenheiro, Brant compreende que tudo que transforma e gera riqueza na sociedade passa pela Engenharia e que o país precisa voltar a valorizá-la como se deve. “Ainda estamos na fase de análise e avaliação da situação, mas posso afirmar que a primeira preocupação do novo Governo é restabelecer a taxa de investimentos no Estado que hoje é baixíssima. Se considerarmos a situação financeira como está agora, vamos entrar em 2019 com a capacidade de investimento quase zerada. E já pensamos em algumas alternativas que podemos seguir para mudar este quadro. Se a primeira coisa que precisamos restaurar é a capacidade financeira, isso se traduz em uma única ação: Poupar! Nenhuma organização funciona sem poupança e é ela é que vai gerar a nossa capacidade de investir”, destaca Paulo Brant. Esta necessidade, segundo o vice-governador, vai exigir um esforço hercúleo e demandar todo o primeiro ano de Governo (e talvez o segundo também) para que possa investir nas áreas consideradas prioritárias, mas enquanto isso o Estado não pode parar. E para mantê-lo em movimento, é preciso criar alternativas de investimentos que não dependam do aporte do tesouro, como a busca por parcerias público-privadas, concessões e parcerias com organizações da sociedade, por exemplo.
Obras
O vice-governador Paulo Brant deseja que Minas Gerais volte a ser um Estado valorizado como se deve. Foto: divulgação/assessoria de comunicação de Paulo Brant.
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O plano de Governo dos candidatos eleitos trouxe em destaque que, em um primeiro momento, o foco é finalizar as obras que já estavam em andamento ou mesmo paralisadas e só depois pensar em novas; sobre este tópico, algumas possibilidades estão sendo orquestradas. “A título de exemplo, há uma ideia que o Romeu Zema tem defendido e que tem sido considerada bastante viável de acordo com algumas conversas com lideranças na área da Saúde: pegar hospitais inconclusos, com obras paralisadas e transferir esses Revista Mineira de Engenharia nº 39 | novembro/dezembro/janeiro 2018/2019
Novo Governo custos para organizações filantrópicas e sociais que possam concluir os investimentos. Logo, quando a instituição começasse a funcionar, esses responsáveis ficariam com 30% dos leitos e os outros 70% seriam usados pelo SUS. Esta seria uma forma de viabilizar este bem público para gerar serviços à população”, descreve Brant. Sobre empresas como Cemig e Copasa, que apresentam uma capacidade de investimento muito baixa, como já foi detectado pela equipe de transição, a conclusão é que uma gestão mais profissional poderá rapidamente transformar sua situação econômica e torná-las prontas para investir. Outras áreas do Governo, como a de saneamento por exemplo, estão sendo cogitadas para captação de recursos internacionais. “Vamos mobilizar todas as áreas do Governo para resgatar a capacidade de investimento do Estado, buscar parcerias, concessões, PPPs, entidades do terceiro setor e buscar também recursos financeiros externos. Já estamos cientes de que, em um primeiro momento, teremos dificuldades para obter empréstimos, pois o Estado já está tão endividado que dificilmente receberemos autorização. Mas este é apenas um lado da moeda. O outro lado é o que possui mais potencial. Precisamos criar um ambiente empresarial amigável para que os investimentos privados fluam para Minas”, adianta. E todas essas ações passam pela Engenharia, pois nada é feito sem ela e é necessário resgatar seu valor não apenas em Minas Gerais, mas em todo o país. “É fato que, se compararmos o Brasil com a maioria dos países do primeiro mundo, o percentual de engenheiros formados é extremamente baixo e isso realmente prejudica o desenvolvimento do país”.
Ambiente amigável
É certo que o Estado possui atrativos em todas as áreas, mas na visão do engenheiro que também é economista, o setor público não tem conseguido criar um ambiente amigável aos investidores, pois não possuímos segurança jurídica e celeridade para resolver processos de licenciamento ambiental ou de ligação de redes de energia elétrica, por exemplo; isso os afugenta daqui. “No fundo, o que queremos é fazer com que Minas rapidamente se torne um ótimo lugar para se empreender. São essas frentes todas que buscam fazer com que o investimento público cresça e o investimento privado aumente muito mais. Esta é a nossa meta no curto prazo. O Estado tem um grande papel, não no sentido de colocar dinheiro. Gosto muito de enfatizar que o maior ativo que o Governo tem nas economias contemporâneas não é tanto o dinheiro que ele dispõe Revista Mineira de Engenharia nº 39 | novembro/dezembro/janeiro 2018/2019
para colocar diretamente e sim a capacidade que tem pela liderança que pode exercer, pela credibilidade e pela legitimidade para gerar um ambiente econômico que atraia o investimento privado. Este é o papel que temos chance de desenvolver”. Paulo Brant acredita que, se o Governo conseguir um diálogo transparente e confiável com o setor privado, Minas poderá ter um grande surto de investimentos nos próximos anos e que um dos papeis fundamentais do novo Governador é fazer valer a Voz de Minas. “Vivemos em um Estado grandioso e de máxima importância, mas que perdeu espaço e diria até que está completamente abandonado. E isso tem ligação com a força política do Governador. A Voz de Minas tem que falar alto! E Minas ficou para trás mesmo. Temos muita confiança que o novo Governador terá credibilidade, legitimidade e força para resgatar um pouco dessa voz. Esta é mais uma frente que temos que atacar!”.
Transição
O período entre o resultado das eleições e a posse dos candidatos eleitos é chamado de transição e as equipes do antigo e novo Governo se encontram para passar e receber as informações necessárias para dar continuidade ao funcionamento da ‘máquina’. No caso de Minas Gerais, um fato inédito foi apresentado quando milhares de brasileiros, de diferentes Estados, se candidataram para trabalhar como voluntários no processo de transição em Minas Gerais. “A resposta foi surpreendente e superou nossas expectativas. Essa adesão representa a confiança das pessoas nas propostas do novo Governo, ao se disporem a trabalhar, sem remuneração, numa espécie de força-tarefa em prol do Estado. São muitos profissionais com experiência nas áreas pública e de gestão, disponíveis para nos auxiliar no diagnóstico da situação em que se encontra o Estado”, avalia Rodrigo Paiva, engenheiro civil, mestre pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), integrante da comissão de transição e responsável pelo recrutamento do voluntariado. As inscrições, realizadas por meio de cadastro disponibilizado na internet, foram feitas por voluntários de 208 cidades, de 15 estados brasileiros. Os perfis dos candidatos variaram dentro de quase 20 áreas técnicas, sendo que 23,78% deles têm mais de 15 anos de experiência na iniciativa privada e 21,04% também mais de 15 anos na administração pública. Quanto à formação, foram 99 doutores, 51 mestres, 917 pós-graduados e 679 graduados. Os trabalhos tiveram início em novembro, com foco no diagnóstico da condição atual de Minas para fazer um raio X da situação e fornecer subsídios ao processo de adequação de projetos e à reestruturação nas políticas públicas.
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Matér ia de Capa
Só é capaz de vencer quem é capaz de resistir
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Matér ia de Capa
O Engenheiro do Ano de 2018 eleito pela Sociedade Mineira de Engenheiros é Aloisio Vasconcelos, verdadeira sumidade quando o assunto é energia. Lígia de Matos
A
Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) tem o prazer de apresentar o Engenheiro do Ano de 2018: Aloisio Vasconcelos - um homem correto, admirado por todos, verdadeiro colecionador de amigos e, principalmente, um otimista incorrigível. É também um assumido emedebista (e não peemedebista, como gosta de ressaltar), poliglota (fala mais de quatro idiomas), amante do Teatro em todas as suas formas e cruzeirense de coração. Aloisio trabalha a mais de 40 anos a serviço do setor de energia no Brasil, com passagens por grandes empresas do setor público e privado; sua história inclui uma década na política, com episódios memoráveis e essenciais para o desenvolvimento e crescimento do país.
“Não sei como agradecer a esta homenagem, pois
a emoção é realmente muito forte e me transborda. Tenho ótimas lembranças da época em que presidi essa instituição e fiz grandes amigos que me acompanham desde então. É com muita honra que recebo este reconhecimento por toda uma vida dedicada ao setor de energia e o estendo a todas as equipes que compartilharam comigo este trajeto. Ainda espero modestamente poder retribuir à SME com algum conhecimento técnico, sugestões e novas ideias, para que a entidade possa crescer e ser de fato a mais representativa da Engenharia em Minas Gerais”, agradece o engenheiro.
Aloisio é conhecido no mercado nacional por exercer
liderança sobre o ambiente em que se insere, com seu espírito inovador e valorização de suas equipes. “Ninguém faz nada sozinho. Todas as minhas vitórias são coletivas. Por que tive sucesso na Cemig? Porque montei uma equipe com 11 superintendentes espetaculares. Eu sempre me cerco de gente muito competente. Na Eletrobrás, levei comigo outro time de 10 profissionais excelentes. Minha liderança aparece pelas ideias, pelo entusiasmo e também pela vocação de fazer coisas novas e vencer obstáculos e assim foi minha trajetória”.
E, com toda a sua experiência, Aloisio aconselha aos
jovens engenheiros que se aventuram agora no mercado a investir em seus próprios negócios e no estímulo, caso possuam, de suas veias empreendedoras. “Mais do nunca, é necessário que a juventude acrediRevista Mineira de Engenharia nº 39 | novembro/dezembro/janeiro 2018/2019
te no empreendedorismo e faça dele a sua atividade profissional. Hoje é possível ser criador, inventor ou desenvolvedor de projetos até dentro de casa. E isso é uma tendência mundial. A cada dia, o tal do emprego formal e tradicional está ficando mais difícil. Não recomendo, particularmente, o foco na área pública. Quem tem mais inciativa, independência e autoafirmação precisa ir para a área privada ou montar seu próprio negócio”.
Visão de futuro
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oje, apesar do desejo de se dedicar quase exclusivamente à família, Aloisio ainda sonha com novos investimentos e possibilidades para o setor de energia e defende a viabilidade de boas ideias para Minas Gerais, como utilização de energia de PCHs – Pequenas Centrais Hidrelétricas, energia de biomassa (a partir do bagaço de cana) e também usinas de lixo. “Fiz essas propostas ao atual Governo do Estado, mas ainda não vingaram e talvez sejam aproveitadas em governos futuros. É muito importante que Minas comece a vocacionar-se na liderança das energias alternativas no país; todas elas”. Mas se essas são possibilidades, a energia solar é uma realidade concreta e, na visão do engenheiro, Minas Gerais já é e vai continuar a ser líder deste setor no país. “Os aproveitamentos hidroelétricos diminuíram muito. Existem usinas como a de Divinópolis e outra perto de Resplendor, com potencial menor (menos de 100 MW Megawatts), mas acredito que o passo certo agora são as energias alternativas. Seguramente, Minas vai ser – é nisso que estou trabalhando hoje – o maior polo de energia solar do país”. O engenheiro também faz uma análise comparativa e afirma que Minas Gerais vence qualquer Estado do Nordeste neste quesito. Na verdade, apresenta mais que o dobro de capacidade de geração de energia solar que qualquer um e que, sozinho, o Estado produz o equivalente a toda a região nordestina. Ele conta que as fazendas solares, a partir de Pirapora e Buritizeiro, possuem instalações imensas de módulos solares, células fotovoltaicas espalhadas como espelhos com seus coletores de energia, com uma capacidade altíssima.
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Matér ia de Capa “Hoje, temos usinas de 180, 200 MW em funcionamento. Um projeto chinês na região de Manga e Montalvânia chega a 330 MW. Comparativamente, é como a usina de Três Marias. Essa é a grande vocação que temos”. O investimento em PCHs também ocupa seus pensamentos como uma forma de eliminar problemas de fornecimento atuais e futuros. “Sendo Minas a ‘caixa d’ água’ do Brasil, poderia ter diversas pequenas centrais hidrelétricas espalhadas e funcionando bem. Já existe uma em Itabirito e, na Escola Militar de Agulhas Negras, começaram a instalar uma usina em espiral, com custo baixíssimo e nenhum impacto ambiental. Isso precisa ser melhor aproveitado. A população cresce, a demanda cresce e ainda existem pessoas sem energia em algumas regiões do Estado. Se há dificuldades em levar a energia convencional, essa pode ser uma boa solução”.
Um pouco de história
N
ão é possível falar do futuro, sem um vislumbre do passado. Uma vida inteira dedicada à energia não pode ser resumida em algumas linhas, mas é possível apresentar alguns pontos marcantes dessa trajetória. Aloisio Marcos Vasconcelos Novais, mais conhecido como Aloisio Vasconcelos, é natural da cidade de Ponte Nova e acaba de completar, no último dia 05 de dezembro, 76 anos de idade. Sua história acadêmica e profissional pode começar a ser contada a partir de sua vinda para Belo Horizonte, no ano de 1960. Após se formar no Colégio Santo Antônio, ingressou na Escola de Engenharia da Universidade de Federal de Minas Gerais em 1961. A partir de então, nunca mais parou de investir seus dias em ‘energia’. Formou-se em 1965 como Engenheiro Mecânico-Eletricista e seu primeiro emprego efetivo foi na Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), locado na Usina de Três Marias. Em 1968, teve a oportunidade de estudar no exterior, na cidade de Charleston (Carolina do Sul - EUA) por alguns meses e depois, por mais de um ano em Padova (Pádua), na Itália. Ao voltar, teve sua primeira colocação em uma multinacional, na empresa suíça Brown Boveri, onde ficou até 1982, com uma breve passagem pelo INDI (Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais). “Vale lembrar que no final dos anos 70 fui eleito conselheiro do Crea-MG e em 1981 tornei-me presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros, quando conquistamos muitas melhorias, como a nova sede”, ressalta. Nesta época, Aloisio teve despertada a sua vertente política. Por conta disso, deixou a iniciativa privada e aceitou um convite do então governador do Estado, Tancredo Neves, para assumir a presidência da Carpe - Comissão de Construção, Ampliação, Reparo e Conservação dos Prédios Escolares do Estado, em 1983.
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“O período em que estive na Carpe foi muito feliz e também uma grata surpresa. Construímos 189 escolas naqueles quatro anos de trabalho, espalhadas por toda essa Minas Gerais. Não foi fácil, mas graças a isso, consegui me eleger deputado federal, mesmo sem nenhuma experiência política anterior”. Aloisio Vasconcelos tornou-se então um deputado constituinte pelo PMDB e participou das comissões de Minas e Energia (sua zona de conforto) e também de Ciência, Tecnologia e Informática. Ele foi o relator geral do Plano Nacional de Informática, que permitiu a entrada de tecnologia estrangeira de forma controlada e sem remessa de royalties para o exterior e também foi autor da Lei dos Corretores e Agentes de Viagem, retirando dos bancos o monopólio de venda de passagens aéreas e seguros, separando as três atividades. “Particularmente me orgulho muito dessa lei, pois deu liberdade às pessoas de comprarem suas passagens de qualquer companhia aérea ou fazer seguros de carros e casas, com seguradoras de sua escolha”. Após o período da constituinte, o engenheiro voltou para Belo Horizonte, onde assumiu o cargo de Secretário de Estado da Casa Civil por um ano. Conseguiu depois se reeleger, em 1989, para mais um mandato como deputado federal e retomou seu trabalho nas duas comissões já citadas. “Esse mandato foi menos emocionante que o anterior e os ânimos ficaram marcados pelo impeachment do então presidente Collor. Após o término do período, em 1995, por diversos motivos que me desanimaram (por assim dizer), me desliguei da política e voltei à iniciativa privada”, relembra. E nessa volta ele se tornou Gerente de Novos Negócios da alemã Siemens, onde funcionava como uma espécie de diretor regional, responsável pela prospecção de negócios na área de Engenharia Elétrica e teve os primeiros contatos com a telefonia celular (uma grande novidade na época). Ocupou a posição por cinco anos e saiu em 1999, a convite do então governador Itamar Franco para ser diretor da Cemig, tendo sido um dos colaboradores de sua campanha.
Revista Mineira de Engenharia nº 39 | novembro/dezembro/janeiro 2018/2019
Matér ia de Capa
CEMIG & Eletrobrás Até hoje, quando falo da Cemig, meus olhos brilham! É uma paixão de ontem, de hoje e de amanhã.
É uma empresa completa: o estado da arte em energia no Brasil!". Foi um período de foco em inovação, construção de novas usinas e muitas ideias que se tornaram famosas como o Natal de Luz e também o Rodeio dos Eletricistas. Este último era uma competição de provas técnicas como montar um poste, desarmar um transformador e também montar uma chave com rapidez, segurança e qualidade e foi implementado por Aloisio. Ele fez tanto sucesso que se transformou em um evento nacional e Aloisio até recebeu uma homenagem especial por conta disso. Ele acumulava as diretorias de distribuição e comercialização e também a de geração e transmissão. Em sua gestão foi criada a subsidiária Efficientia, encarregada de orientar a indústria a usar racionalmente a energia e evitar desperdícios, ou mais precisamente, trabalhar com eficiência energética. Mais de 10 usinas foram criadas no Estado e três projetos inovadores, idealizados por ele, merecem grande destaque. Um foi a implantação do sistema Autotrack, responsável por monitorar todos os veículos da rede e acionar os que estavam mais próximos, em caso de necessidade para resolução de problemas. O segundo foi a promoção de chefe do interior para superintendente e a criação de um núcleo de distribuição, visando facilitar a tomada de decisões e busca de soluções para uma possível dificuldade de energia no futuro (que se mostrou verdadeira). Já o terceiro foi a criação do Projeto Asin (Ações Sociais Integradas), em que voluntários da empresa doavam algumas horas de seus sábados para suas comunidades, em ações de impacto social. “Começou com 20 pessoas e, quando saí da Cemig no início de 2003, tínhamos mais de 20% dos funcionários engajados, o que dava em torno de 2.600 pessoas cadastradas”, comemora. Em 2003, foi convocado a ocupar a diretoria de engenharia técnica da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) e mudou-se para o Rio de Janeiro. Mesmo sem possuir experiência na área, conseguiu viabilizar obras nos metrôs de Recife e Salvador e deu início à licitação para o projeto de expansão em Belo Horizonte. Um de seus maiores feitos, durante o ano que ficou à frente do cargo, foi a recuperação da Maria Fumaça de Passa Quatro e o incremento do setor turístico da região. O trem parte da estação central de Passa Quatro em direção à estação Coronel Fulgêncio, localizada no alto da Serra da Mantiqueira, próxima ao Grande Túnel, na divisa entre São Paulo e Minas Gerais. Revista Mineira de Engenharia nº 39 | novembro/dezembro/janeiro 2018/2019
Já em 2004, Aloisio foi designado para a diretoria de projetos da Eletrobrás (Centrais Elétricas Brasileiras S. A.) e também indicado para ser o presidente do conselho de administração de Furnas. Foi diretor até maio de 2005, quando assumiu a presidência da Eletrobrás. “Durante a nossa gestão, ela se firmou como uma empresa atuante no mercado de energia elétrica e como agente de fomento e na implementação de programas setoriais e de comercialização de energia, além da retomada de muitas obras no período pós-racionamento. Era já uma empresa muito respeitada e aumentamos sua vantagem competitiva na época”. Foram incontáveis as inovações e iniciativas tomadas no período. Vale destacar algumas como a criação do Proinfa - Programa de Incentivo em Busca de Fontes Alternativas de Energia, que durou de 2004 a 2006 e também assinatura do acordo de cooperação técnica entre Eletrobrás e Petrobrás para estimular a união das duas, progresso e desenvolvimento para o país, em setembro de 2005. E, em 2006, a Eletrobrás foi reconhecida pela Bovespa como uma das empresas do seleto grupo que compõe o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). “Meu mais profundo orgulho foi a criação do Curso de Engenharia de Energia. Uma semente que plantei aqui em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul e também em Campina Grande (Paraíba) na época e que hoje vejo como floresceu e deu ótimos frutos. A ideia era formar um profissional que não fosse um especialista focado em um pequeno tema aqui ou acolá e sim um generalista, que trabalhasse em todo o espectro da Energia. Este mercado hoje é muito promissor e será ainda muito demandado no futuro. A minha presidência significou uma retomada na situação confortável de energia e a coragem de mudança. É preciso sempre mudar e evoluir”. Muitos desafios, perdas e também conquistas marcaram seu tempo na Eletrobrás e ele agradece pelos êxitos como a colaboração na criação da Universidade Eletrobrás, que acabou se tornando Unise – Universidade do Setor Elétrico e também a ampliação de três projetos de eficiência energética: Projeto Reluz (iluminação urbana), Procel nas Escolas (Programa de Combate ao Desperdício de Energia nas Escolas Públicas) e ainda a criação do Excen (Centro de Excelência em Eficiência em Energia), na cidade de Itajubá. “Aquele foi o cargo mais importante que já ocupei na vida, mas quando você começa a perder o gosto pelo trabalho, é hora de reciclar”.
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Novos desafios
A
volta à iniciativa privada se deu no início de 2007, como dirigente da Alstom - empresa francesa produtora de equipamentos sofisticados de transporte. Era o presidente da empresa no Brasil e se mudou para São Paulo. Dois de seus desafios na empresa foram unificar a rede de escritórios e montar um consórcio para as usinas do Rio Madeira, na bacia amazônica. Ele foi o responsável pela criação da Universidade Alstom, um centro de treinamento dentro da própria empresa e também do Coral da Alstom. Em meados de 2008, Aloisio voltou para Belo Horizonte e trabalhou em projetos de consultoria por conta própria. A partir de 2010, foi convidado pela empresa austríaca Andritz a se tornar seu embaixador em Minas, o mesmo que um diretor regional no Estado. “Ela trabalha com geradores e hidrogeradores e outras formas de projetos na área de Engenharia para a produção de energia. Não é uma empresa grande e famosa como as outras, mas é muito sólida e exigente no campo profissional e de qualidade”. Entre as ações de destaque, Aloisio cita o fornecimento de equipamentos para a Usina de Candonga (hoje conhecida como Risoleta Neves) e a de Capim Branco (no Triângulo Mineiro), que também foi renomeada e passou a se chamar Amador Aguiar. “Não era apenas o fornecimento de equipamentos. Acompanhamos montagem, testes finais, geração, efeito, manutenção etc. Esses dois polos de trabalho foram os principais focos, assim como outros negócios com a Vale”. Ele ficou na Andritz até 2014. “Em 2015, veio o convite para que eu assumisse a direção da Cemig. Talvez a vice-presidência ou algo assim, mas a ideia não se viabilizou por razões políticas. Logo em seguida, o presidente da Cemig me ligou e falamos sobre a empresa de forma geral e foi quando ele me convidou para assumir a presidência da Cemig Telecom. Isso aconteceu em janeiro mesmo e tomei o convite como um desafio, uma motivação, pois não era expert na área de Telecomunicações. Era uma oportunidade de aprender um pouco sobre um campo que não dominava. E fui”, relembra. Segundo Aloisio, ele encontrou uma empresa desmotivada, que valia na época R$ 183 milhões, mas com uma equipe muito boa e foi então feita uma verdadeira revolução. Ele mudou o foco da empresa e seu sistema de trabalho e passou a incentivar os funcionários, por meio de programas de motivação profissional, programas de metas e administração por objetivos pré-definidos. “Ela mudou da água para o vinho e, em três anos, saiu do prejuízo para o lucro. Tínhamos em torno de 50 a 60 clientes e chegamos a mil clientes.
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Conseguimos trazer para a Cemig Telecom as grandes empresas corporativas de Minas Gerais como Localiza, Araújo, redes de supermercados e outras corporações. Sei que cumpri bem a minha missão”. A Cemig estava sob pressão por questões financeiras e resolveu então vender a Cemig Telecom, pois ela havia se tornado uma empresa lucrativa, com uma ótima carteira de clientes e bastante interessante corporativamente. “Se bem me lembro, ela foi vendida por quase R$ 700 milhões, ou seja, a Cemig faturou R$ 500 milhões nessa transação”. Sobre a sua saída, Aloisio deixa claro que discordava do caminho seguido e preferiu se desligar amigavelmente. “Existiam grandes projetos de ampliação para alcançar a Europa e os Estados Unidos e eu acreditava que uma joint venture com um grupo estrangeiro seria a solução ideal, mas a escolha foi outra”. A chegada de 2018 trouxe a reabertura de sua empresa AV Consultoria e a opção de trabalhar com pequenos projetos e também menos exigentes fisicamente (em relação a tantas viagens, por exemplo), com foco primordial em energias alternativas, eficiência energética - com destaque para a solar. “E isso é o que desejo continuar a desenvolver em 2019. Existem muitos grupos interessados e muito espaço e já possuo um know how razoável para trabalhar com esses serviços”. Para finalizar, Aloisio Vasconcelos deixa um recado aos colegas. “A classe dos engenheiros deveria ser mais politizada; é um conselho e um desafio. Desafio vocês: entrem na política! Ela em si não é algo ruim e sim os comportamentos políticos. O engenheiro é muito ausente e os números de representatividade são muito baixos. A Engenharia representa 70% do PIB, direta ou indiretamente. Não se faz Saúde ou Educação sem Engenharia. Ela está presente em tudo. O PIB industrial é todo Engenharia, mas a classe precisa ser mais bem representada politicamente e não é”.
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Uma vida profissional em poucas linhas ● Engenheiro Mecânico-Eletricista – Universidade Federal de Minas Gerais; ● Treinamento e Especialização – Charleston (EUA) ● Pós-Graduação – Universidade de Padova (Itália) ● Gerente Regional da Brown Boveri no Brasil ● Consultor no INDI ● Presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros ● Presidente da Carpe ● Deputado Federal pelo Estado de Minas Gerais ● Secretário de Estado da Casa Civil de Minas Gerais ● Diretor Regional em Minas da Siemens ● Diretor de Distribuição e Comercialização da Cemig ● Diretor de Geração e Transmissão da Cemig ● Diretor Técnico da CBTU ● Diretor de Projetos da Eletrobrás ● Presidente do Conselho de Administração de Furnas ● Presidente da Eletrobrás ● Presidente no Brasil da Alstom ● Diretor Regional em Minas Gerais da Andritz ● Presidente da Cemig Telecom ● Presidente da AV Consultoria Revista Mineira de Engenharia nº 39 | novembro/dezembro/janeiro 2018/2019
Preferências culturais
Livros: definitivamente o mais impactante
é “Meu Caminho para Brasília”, escrito por Juscelino Kubitschek e lançado em 1974 pela editora Bloch. Este livro me impressionou muito e tomei a motivação e entusiasmo de JK como exemplos para minha vida. Mas também aprecio muito a coletânea de livros do escritor inglês (que vive em Nova York) Lee Child, que conta as aventuras de Jack Reacher, um ex-policial do exército americano que se envolve em situações de risco ao combater personagens que infringem a lei. Outro de minha preferência é o clássico romance do escritor italiano Umberto Eco, “O Nome da Rosa”.
Filmes: posso citar alguns que sempre me
encantaram como “A Volta ao Mundo em 80 Dias” e “Easy Rider”, mas um que me marcou e me fez chorar do início ao fim foi “Em Cada Coração Uma Saudade”, da década de 50.
Teatro: por ser minha forma de arte pre-
ferida, posso afirmar sem sombra de dúvida ou concorrência, que minha peça preferida é “Roda Viva”, escrita por Chico Buarque no final da década de 60. Se for para citar alguns dos atores que admiro, tenho predileção pelo trabalho de Marco Nanini e Fernanda Montenegro.
Personalidade: definitivamente
escolho JK por toda sua obra, mas se fosse escolher alguém vivo, citaria o advogado, professor e político Pedro Simon, que me influenciou muito e foi um exemplo em minha vida.
Viagens: com certeza a primeira vez que
fui ao exterior foi a experiência que mais me marcou na época. Era 1967 e fui estudar nos Estados Unidos e depois tive a oportunidade de ir para a Itália, onde fiquei por um ano e meio. Mas se for contar a que marcou minha alma e mudou a forma como eu encarava a vida e as pessoas ao meu redor, foi quando estive em Buenópolis, Norte de Minas Gerais, mais especificamente no Distrito de Curimataí, na época em que trabalhei na Carpe. Fiquei absurdamente impactado pela pobreza e falta de estrutura no local. Não existia absolutamente nada lá. Parecia desprovido de Engenharia, por assim dizer. Construímos uma escola moderna no lugarejo e ela se tornou uma referência para tudo. Funcionou como escola, posto de saúde, centro de atendimento, centro esportivo e comunitário e tudo o mais que precisassem. Inclusive instalamos energia solar e foi possível armazenar a merenda escolar em geladeiras.
Maior alegria: minha família! Minha maior realização na vida foi ter me casado com minha esposa em 1970, ter tido meus três filhos e agora meus sete netos.
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Depoimentos O Aloisio é meu amigo desde os tempos de escola e ele sempre foi uma pessoa vibrante, realizadora e de grande visão sobre o futuro. Sempre o vi empenhado em levar as melhores conquistas nos cargos que ocupou e realizou tudo com um brilhantismo ímpar. Esta homenagem é mais que justificada e, em minha opinião, está até atrasada. Sua carreira mostra que ele fez por merecer”
– Márcio Trindade Sou amigo dele há mais de 40 anos e quando o conheci, nossa preocupação era com a Sociedade Mineira de Engenheiros. Disputamos a eleição e vencemos e fui vice-presidente e ele presidente. Desde então nossa vida profissional sempre esteve ligada. É uma pessoa muito séria, honesta, uma figura ilibada. Domina como ninguém o campo da Energia, principalmente a hidrelétrica. Nós dois somos “barrageiros”. Foi um homem público de qualidades incomparáveis, desses que não existem mais, pois unia a habilidade política com o conhecimento técnico, além de ser um cidadão de bem, exemplar e também um ótimo amigo. E o melhor de tudo, meu companheiro de time”
– Jose Pedro R. Oliveira “Nossa amizade começou na SME, quando entrei para a diretoria e ele foi presidente. Esta homenagem surgiu em nossa gestão, foi uma ideia minha e o primeiro a recebê-la foi o Aureliano Chaves. Desde aquela época, o admiro muito por sua disposição, energia, e foco no trabalho para fazer as coisas acontecerem. Depois, trabalhamos juntos na política do Estado, defendendo a importância do papel do Engenheiro em cargos técnicos, e também acompanhamos juntos os primeiros passos de Itamar Franco, quando se tornou senador. Estivemos juntos em muitos momentos importantes, como na campanha de Tancredo Neves ao Governo do Estado e na Carpe. Aloisio sempre teve muito dinamismo, ideias arrojadas e proativas e sempre foi muito querido por todos. Uma pessoa correta e muito culta que me orgulho em chamar de amigo”
– Ivan Libanio Vianna 18
Aloisio por Aloisio Um pouco de sua sabedoria e experiência para a posteridade: “Uma das funções do engenheiro é administrar às vezes posições contraditórias e dar uma solução técnica que seja a melhor para ambos os lados” “Eu acredito que as coisas vão dar certo e jogo com a confiança absoluta e felizmente. Graças a Deus até hoje, 99% deu certo” “No início, eu fui 70% engenharia e 30% família. Depois, passei para 70% política e 30% família e agora, sou 100% família. Na verdade, 90% família e 10% Engenharia. É minha vocação e não posso abandoná-la jamais” “Só é capaz de vencer quem é capaz de resistir - este é o meu lema de vida. Assim como ‘Bola Pra Frente!’ é meu slogan de otimismo” "A energia elétrica possui um aspecto que muita gente desconhece. Você não tem como guardá-la: se a gerou, precisa mandar para algum lugar" "A Política sempre foi uma atividade secundária em minha vida. A Engenharia é a primordial. É a minha vida e o meu prazer" "Defendo que a Política deve ser o instrumento através do qual as pessoas, a sociedade e as coletividades se desenvolvem e, se quiserem se juntar em partidos, podem democraticamente chegar ao poder" “A pressão política é muito difícil. Mas quando a pessoa tem critério, defende uma linha de ação na qual acredita e vai em frente, nenhum tipo de pressão, chantagem emocional ou ameaça age sobre ela" "Quero registrar o meu orgulho de entrar para a história como Deputado Constituinte. Considero fundamental e histórica a minha assinatura na Constituição de 1988" "A vida é feita muito mais de conjunções do que dissenções ou separações" "Tenho um grande orgulho: ter muitos amigos e não ter inimigos. Minha maior riqueza são meus amigos, pois não tenho débitos no campo da fraternidade" "Nós mineiros, preservamos muitos valores - é um fato histórico. Mas, em minha opinião, o grande valor do homem é a liberdade, sempre a liberdade. Precisamos dela como da água de beber" "Gosto de exercer os cargos que tenho com uma atuação discreta. O que deve aparecer é o fruto do meu trabalho e não o destaque individual da minha pessoa" "Eu defendo as energias alternativas. Se é possível, vamos fazer. Cara é a escuridão; qualquer outra energia fica mais barata" Aloisio Vasconcelos escreveu uma autobiografia intitulada “Energia Para Tudo” e a lançou em 2009, pela editora Armazém de Ideias.
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Sustentabilidade
Sustentabilidade é a palavra da vez na construção civil Marina Duarte
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ivemos em um mundo cada vez mais urbano. Segundo estudo realizado pela ONU (Organização das Nações Unidas), estima-se que 66% da população mundial viverá em áreas urbanas até 2050. Essa crescente urbanização traz consequências que vêm se mostrando irreversíveis, sobretudo ao meio ambiente. Falta de água, alterações no clima e altos níveis de poluição são apenas alguns pontos alarmantes. Somamos ainda a preocupação com a correta utilização dos nossos recursos naturais, que estão ficando cada vez mais escassos.
Nesse cenário, a preocupação com o meio ambiente se tornou crucial em todas as atividades que geram algum tipo de impacto. É o caso da construção civil, responsável pela extração de 75% dos recursos naturais e pela geração de mais da metade dos resíduos sólidos do país. Com esses números, podemos perceber o enorme potencial do setor para mudar essa realidade. Para isso, empresas da construção vêm implantando práticas socioambientais em seus projetos. Estamos agora na era dos empreendimentos sustentáveis.
Segundo Roberto de Souza, engenheiro civil e diretor-presidente do CTE (Centro de Tecnologia de Edificações), a preocupação com a redução dos impactos ambientais é uma premissa que deve ser seguida em todas as etapas de uma construção sustentável. “Empreendimentos sustentáveis são aqueles que incorporam tecnologias e conceitos no projeto, na obra e na operação do edifício, que permitam reduzir os impactos ambientais, sociais e econômicos da edificação”. Clarice Degani, Coordenadora Executiva do CBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável), completa: “Uma obra sustentável é aquela que implementa rotinas produtivas, adota medidas mitigatórias aos riscos de poluição dos solos e água, gerencia seus resíduos sólidos e efluentes com responsabilidade, tem atenção redobrada com o consumo de recursos, tanto materiais quanto de energia elétrica e água e, ao mesmo tempo, se preocupa em reduzir os incômodos à sua vizinhança”. Roberto explica ainda que as tendências e práticas sustentáveis adotadas em grande parte destes projetos variam de acordo com suas características, uso e complexidade. “Com a elevação dos custos de ener-
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Roberto de Souza, diretor-presidente do CTE. (Divulgação CTE)
“Existem muitos desafios e serão necessárias ações muito concretas, e até radicais, para que o mundo se torne mais sustentável. Com relação ao ambiente construído, no entanto, acredito que a sustentabilidade é um tema que veio para ficar. O conceito do presente e do futuro é que as edificações sejam sustentáveis e resilientes, ou seja, devem estar preparadas para suportar a escassez de água, de energia, as mudanças climáticas e a nova forma de vida nas cidades, continuando a abrigar as pessoas e oferecendo a melhor qualidade de vida possível”. – Roberto de Souza
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Sustentabilidade gia e as recentes crises no abastecimento de água, por exemplo, os edifícios estão adotando cada vez mais sistemas que garantem menor consumo e maior autonomia no fornecimento em caso de escassez (como tratamento de águas cinzas e de águas pluviais para reuso, adoção de sistemas economizadores de água e energia, etc.), o que torna o edifício não só mais sustentável, mas também resiliente às iminentes mudanças climáticas. Neste contexto, cresce também a adoção de geração de energia renovável nas próprias edificações, ou outras localidades”. Além de uma evolução nos últimos anos das tecnologias e conhecimentos técnicos para executar obras mais sustentáveis, as construtoras contam também com novos produtos. Percebendo a necessidade de trazer novidades para o mercado de edificações sustentáveis, os fornecedores mudaram suas abordagens e passaram a oferecer novos materiais como, por exemplo, vidros mais eficientes, torneiras economizadoras, vasos de duplo acionamento, luminárias LED, tintas ecológicas à base de água ou com baixa emissão de COVs (Compostos Orgânicos Voláteis), etc. “O interessante é que toda essa nova tecnologia puxada por essa demanda da construção sustentável chega hoje aos consumidores finais, que começam a adotar também esses produtos mais eficientes”, explica Roberto. Prova dessa crescente preocupação do setor em construir empreendimentos mais sustentáveis é a existência de diversos tipos de certificação. AQUA, LEED, BREEAM, Procel Edifica e Casa Azul são algumas delas, sendo a LEED e a AQUA as mais adotadas no Brasil. O objetivo dessas certificações é estabelecer métricas de impacto ambiental para comprovar se um empreendimento é sustentável ou um Green Building. “As construções certificadas são referência, uma vez que buscaram essa evolução e se submeteram a auditorias de terceira parte sobre as suas práticas, podendo assim as legitimar perante a sociedade. Observar que entendo como legítimas e com abordagem relevante no Brasil as certificações de etiquetagem de eficiência energética PROCEL Edifica (do programa federal Procel e Inmetro), o processo AQUA (auditado pela Fundação Vanzolini), a certificação americana LEED (validada pelo USGBC) e a inglesa BREEAM (validade pelo BRE)”, explica Clarice.
“Acredito que só o comportamento das pessoas muda o mundo. Edificações sustentáveis sem a ocupação por usuários e gestores prediais cujas práticas reflitam essas preocupações com os meios ambiental, social, cultura e econômico são apenas inócuos green buildings”. – Clarice Degani
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O Edifício Aureliano Chaves, da Forluz, é referência em Belo Horizonte, tendo recebido a certificação LEED NC nível Gold em 2015. (Divulgação CTE)
Ranking O Brasil ocupa o quinto lugar no ranking mundial de certificações LEED, com 489 prédios certificados e 1.302 projetos registrados em processo de certificação, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China, Canadá e Índia. Para Clarice, o país tem potencial para crescer ainda mais nesse aspecto. “Considerando os países mais desenvolvidos, o Brasil acaba por sofrer os impactos da crise econômica dos últimos cinco anos e não avançou o quanto poderia”, pondera. Minas Gerais é o quarto estado no ranking nacional, com 48 projetos registrados para certificação LEED, representando 3,7% deste movimento no país. São Paulo está em primeiro lugar, com 693 projetos registrados, seguido por Rio de Janeiro com 220 e Paraná com 87.
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Mestres da Engenhar ia
Um Verdadeiro Doutor em Eficiência Energética Lígia de Matos
Jamil Haddad, o mestre em destaque desta edição, realmente dedicou toda a sua vida profissional à Engenharia Elétrica, com grande ênfase na parte de eficiência energética e deu importantes contribuições para a vida dos brasileiros.
E
le até poderia ter seguido uma carreira diferente, mas sua verdadeira paixão, a Engenharia, falou mais alto. Jamil Haddad é professor titular da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), vice-presidente da Sociedade Brasileira de Planejamento Energético (SBPE), coordenador do Centro de Excelência em Eficiência Energética (Excen) na Unifei e também diretor do Parque Científico e Tecnológico de Itajubá (PCTI), desde 2014. Sua formação inclui graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Itajubá (1982), mestrado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Itajubá (1989) e doutorado em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Campinas (1993). Suas principais áreas de atuação são conservação de energia, legislação, eficiência energética e planejamento energético.
Sua lista de contribuições em livros e artigos é tão ex-
Jamil Haddad é professor titular na Universidade Federal de Itajubá (Unifei) desde 2013. (foto: arquivo pessoal)
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tensa e intensa quanto seu currículo. Entre eles estão “Eficiência Energética Integrando Usos e Reduzindo Desperdícios” (1999), “Conservação de Energia: Eficiência Energética de Equipamentos e Instalações” (2001), “O Setor Elétrico Brasileiro e a Geração Termelétrica. Geração Termelétrica: Planejamento, Projeto e Operação” (2004), “Eficiência Energética em Sistemas de Ar Comprimido” (2005), “Eficiência
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Mestres da Engenhar ia Energética em Sistemas de ar Comprimido: Manual Prático” (2005), “Eficiência Energética em Sistemas de Bombeamento (2005), “Eficiência Energética em Sistemas de Bombeamento: Manual Prático” (2005), “Eficiência Energética em Sistemas de Refrigeração Industrial e Comercial” (2005), “Eficiência Energética em Sistemas de Refrigeração Industrial e Comercial: Manual Prático” (2005), “Eficiência Energética no Uso de Vapor” (2005), “Eficiência Energética no Uso de Vapor: Manual Prático (2005), “Conservação de Energia: Eficiência Energética de Equipamentos e Instalações. Itajubá – Edição Revisada e Ampliada” (2006), “Geração Distribuída: Aspectos Tecnológicos, Ambientais e Institucionais” (2006) e também “Eficiência Energética: Teoria e Prática” (2007). “Como professor, posso afirmar que minha maior conquista foi ter contribuído para a formação técnica de, literalmente, milhares de alunos; mas como cidadão, me orgulho em dizer que foi o intenso trabalho na tramitação, redação e aprovação da Lei de Eficiência Energética (Lei 10.295/2001), que já gerou muita economia de energia no Brasil. Já como engenheiro, foi ter trabalhado bastante no fortalecimento e consolidação da eficiência energética junto às empresas privadas e instituições públicas, além da elaboração e organização dos Procedimentos de Redes de Distribuição (Prodist) da Aneel”, descreve o professor.
A Lei 10.295/2001 dispõe sobre a Política Nacional de
Conservação e Uso Racional de Energia e visa a alocação eficiente de recursos energéticos e a preservação do meio ambiente. De acordo com ela, o Poder Executivo estabeleceu níveis máximos de consumo específico de energia, ou mínimos de eficiência energética, de máquinas e aparelhos consumidores de energia fabricados ou comercializados no país, com base em indicadores técnicos. Por conta disso, desde então, fabricantes e importadores de máquinas e aparelhos consumidores de energia são obrigados a adotar as medidas necessárias para que sejam obedecidos os níveis máximos de consumo de energia e mínimos de eficiência energética, constantes da regulamentação específica estabelecida para cada tipo de máquina e aparelho. Já os Procedimentos de Distribuição – Prodist - são documentos elaborados pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) que normatizam e padronizam as atividades técnicas relacionadas ao funcionamento e desempenho dos sistemas de distribuição de energia elétrica no país.
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Para Jamil, o maior desafio hoje para os engenheiros é acompanhar os avanços tecnológicos, tanto na Engenharia como nos processos e meios associados ao ensino e conseguir também absorvê-los e incorporá-los no trabalho diário. “Essas mudanças estão principalmente associadas às transformações que permeiam toda nossa sociedade: seja na forma dos relacionamentos profissionais como na sua dinâmica”.
Casado há 33 anos e pai de três filhas, Jamil
Haddad é apaixonado por futebol e xadrez, apesar de estar afastado dos campos e tabuleiros há algum tempo. Em sua adolescência, foi campeão Sul Mineiro Estudantil de Xadrez e conta que se não tivesse enveredado pelo campo da Engenharia Elétrica – a qual dedica-se de corpo e alma – poderia ter sido radialista. “Talvez, se fosse possível e eu tivesse competência, gostaria de ter trabalhado em um programa de entrevistas ou variedades para falar sobre cultura, política ou esportes”, confessa.
Como professor, posso afirmar que minha maior conquista foi ter contribuído para a formação técnica de, literalmente, milhares de alunos; mas como cidadão, me orgulho em dizer que foi o intenso trabalho na tramitação, redação e aprovação da Lei de Eficiência Energética (Lei 10.295/2001), que já gerou muita economia de energia no Brasil". 23
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Tecnolog ias sociais
Conheça o Biciclotrem: Tecnologia Social que mantém viva a história das linhas férreas de Minas Marina Duarte
Segundo a Fundação Banco do Brasil, Tecnologias Sociais são produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis e inovadoras, desenvolvidas na interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social às diversas realidades aonde elas se aplicam.
A
s ferrovias brasileiras tiveram um papel preponderante na história e desenvolvimento do país. Por todo o Brasil, diversas cidades surgiram durante o ciclo áureo do setor ferroviário. Em Cataguases, na Zona da Mata mineira, a Estrada de Ferro Leopoldina (E.F.L) foi a responsável por todo o histórico industrial e cultural ligado ao modernismo que estabeleceu na cidade. Mas, o tempo de ouro das ferrovias ficou no passado. Hoje, o que se vê é o sucateamento de boa parte das linhas, inclusive a que trouxe tantos benefícios para os cataguasenses. Foi a partir desse abandono que surgiu a ideia do Biciclotrem, uma tecnologia social que tem como objetivo mobilizar a comunidade sobre as temáticas valorização, preservação e utilização do patrimônio ferroviário na cidade de Cataguases. O Biciclotrem, desenvolvido de forma colaborativa com a comunidade, é um veículo férreo de propulsão humana, com espaço para até seis pessoas. Atendendo a critérios de segurança, sustentabilidade e inclusão social, o equipamento utiliza sinalização visual e sonora e foi construído com material acessível como bicicletas, tábuas e sucatas de veículos automotivos. De forma técnica, o Biciclotrem consiste em um carril ou troller, construído de longarinas de metalon e 4 cubos de freio a tambor de veículos nacionais adaptados como rodantes, e duas bicicletas atracadas responsáveis pela propulsão e frenagem. Por meio dessa tecnologia, desenvolvida pela ONG Pacto Ambiental, seus parceiros e comunidade, são realizadas ações educacionais, voltadas para disseminar os conceitos de sustentabilidade, economia solidária / criativa e valorização cultural. Além disso, tem como importantes benefícios a ressignificação da utilização do patrimônio cultural ferroviário e o fomento ao turismo na região, já que turistas e população local podem agendar passeios por meio da página no facebook "Biciclotrem - Circuito Ferroviário Vale Verde". Além de Cataguases, o Biciclotrem também já foi implementado nas cidades mineiras de Astolfo Dutra, Ouro Preto, Visconde do Rio Branco, Viçosa, Cajuri e São Geraldo.
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Tecnolog ias sociais
Recursos materiais necessários para implementação da tecnologia: 4 cubos de gol ou monza com a medida de 200 mm; Material para longarina e eixo do carril: 1 barra de metalon 50 X 50 #14; Material para assento, encosto e barra de fixação das bicicletas: 2 barras de metalon 30 X 50 #14; 9 Tábuas de construção 500 X 220 X 20; Material para fixação das madeiras de encostos, assentos e fixação das bicicletas: 28 parafusos cabeça francesa 1/4 x 2 1/2 com porca e arruela; 2 bicicletas; Solda mig/mag; Chave Allen; Chave de fenda; Chave de boca fixa; Esmalte sintético anti ferrugem; Tinta; Buzina; Lanterna; Faixas reflexivas.
Valor estimado para implementação da tecnologia: Aproximadamente R$2.833,00 para construção do equipamento e R$2.298,80 mensais de mão de obra do educador responsável pela execução do projeto político pedagógico.
Por meio dessa tecnologia, desenvolvida pela ONG Pacto Ambiental, seus parceiros e comunidade, são realizadas ações educacionais, voltadas para disseminar os conceitos de sustentabilidade, economia solidária / criativa e valorização cultural. Revista Mineira de Engenharia nº 39 | novembro/dezembro/janeiro 2018/2019
Além de ações educacionais e sociais, o Biciclotrem fomenta o turismo na região de Cataguases, na Zona da Mata mineira
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Mercado & tendências
Tecnologia na agropecuária Marina Duarte
Solução da Startup mineira Intergado é focada no mercado de pecuária de precisão e auxilia os produtores nas tomadas de decisão
E
m 2009, a Intergado, startup mineira com sede em Contagem, detectou um mercado potencial no Agronegócio. Sendo um dos mais importantes setores da economia brasileira, a agropecuária necessitava de investimentos tecnológicos para aumentar a sua produtividade. “Criamos a Intergado com foco em desenvolver e comercializar soluções baseadas nos conceitos de Pecuária de Precisão e fazer parte da transformação do Agronegócio Brasileiro”, explica Marcelo Neves Ribas, um dos fundadores e CEO da empresa.
Para atender a essa demanda, e valendo-se dos co-
nhecimentos da equipe em engenharia eletrônica, mecânica e de software, a Intergado desenvolveu um conjunto de hardware e software capaz de entregar análises de lucratividade na pecuária intensiva, revelando como está a engorda e a evolução individual de cada animal, ajudando nas tomadas de decisão do produtor. “Nosso foco sempre foi fazer diferença na vida do produtor rural e tornar as decisões no campo mais ágeis e precisas. Para isso, desenvolvemos soluções que não existiam e ainda não existem no mercado brasileiro, tendo como concorrentes diretos apenas empresas internacionais”, completa Marcelo.
A startup oferece soluções para Eficiência Alimentar e
de Otimização da Engorda. A primeira, composta por Cochos Eletrônicos, Estação de Pesagem e Bebedouros Eletrônicos, tem como público-alvo os produtores de genética e os Centros de Pesquisa. Já a segunda é composta por Plataforma de Pesagem Voluntária e pelo Software de Otimização do Lucro e foi desenvolvida para atender produtores comerciais que realizam engorda intensiva.
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Revista Mineira de Engenharia nº 39 | novembro/dezembro/janeiro 2018/2019
Mercado & tendências
Como funcionam os sistemas: Cocho Eletrônico Os cochos eletrônicos registram de forma automática o consumo individual de alimento. São dotados de antenas leitoras e de balanças que identificam os brincos eletrônicos e os associam ao desaparecimento de alimento, calculando assim o consumo diário de cada animal e registrando o comportamento ingestivo ao longo do dia.
Estação de Pesagem e Bebedouro Eletrônico Os bebedouros eletrônicos registram de forma automática o consumo individual de água e o peso vivo dos animais. As estações de pesagem são estrategicamente instaladas em frente aos bebedouros, o que permite a pesagem voluntária dos animais sempre que vão beber água. Maior acurácia na avaliação do desempenho.
Cocho Eletrônico
Plataforma de pesagem voluntária As plataformas de pesagem voluntária registram de forma automática o peso vivo completo dos animais sempre que os mesmos acessam o bebedouro. São dotadas de antenas leitoras e barras de pesagem, o que permite a identificação dos brincos eletrônicos e o associam ao peso, calculando assim o ganho de peso diário de cada animal. Por se tratar de pesagem voluntária, o processo não está sujeito à interferência humana e consequentemente de falhas.
Estação de Pesagem e Bebedouro Eletrônico
Além da tecnologia proporcionar uma grande capacidade de mensuração, dando ao produtor diretrizes para tomadas de decisão mais assertivas, o lado financeiro também é um dos grandes benefícios. Com um rápido Payback (Período de recuperação do investimento), a tecnologia se mostra um excelente negócio. Uma balança, por exemplo, tem um custo aproximado de 4 mil reais e consegue manejar até 50 animais. Se considerarmos a vida útil do equipamento, mais a sua manutenção, chegamos a um custo de 14,00 reais por animal, com um retorno que varia de 40,00 a 70,00 reais. “É uma quebra de paradigma. As pessoas acham que tecnologia é cara e não é acessível, mas isso não é verdade”, explica o CEO. Com todas essas vantagens, a Startup tem mais de 1.800 equipamentos negociados no Brasil, Mercosul e Estados Unidos. Revista Mineira de Engenharia nº 39 | novembro/dezembro/janeiro 2018/2019
Plataforma de Pesagem Voluntária
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Entrevista
Teodomiro Diniz Camargos Vice-presidente da FIEMG Marina Duarte
A engenharia sempre exerceu um papel fundamental no desenvolvimento da humanidade. Hoje, na era da Indústria 4.0, a área enfrenta novos desafios. Esse é o tema da entrevista com Teodomiro Diniz Camargos, engenheiro, empresário da Construção Civil, vice-presidente da FIEMG e conselheiro da SME. Acompanhe!
Sabemos que a engenharia sempre foi estimuladora das revoluções industriais. Agora, na era da Indústria 4.0, ou quarta Revolução Industrial, quais são os desafios da engenharia? Eu acho que a formação dos profissionais é um dos grandes desafios. Acredito que a região metropolitana de Belo Horizonte é uma área extremamente positiva para se desenvolver a Indústria 4.0, uma vez que possui um alto nível de formação, com muitas universidades bem qualificadas. Comparativamente com o restante do Brasil, Minas Gerais se encontra numa posição bastante razoável. Fundamentalmente, a Indústria 4.0 é uma indústria de agregação de valor, pois é a conexão de tudo, de todo o circuito da produção. Esse conceito deverá ser colocado em todas as nossas indústrias para que elas possam sobreviver de fato. Esse é um desafio para a indústria mineira, para a indústria brasileira e para a indústria do mundo. Em termos globais, existem alguns países que estão mais avançados nesse sentido, mas o Brasil está começando bem essa estruturação.
Nesse cenário, os engenheiros e demais profissionais da indústria devem repensar sua forma de atuação? Quais as competências fundamentais para se sobressair na era da Indústria 4.0? Em primeiro lugar precisamos destacar que o meio acadêmico deve estar direcionado e ciente da extensão e da profundidade da transformação que se coloca. Porque se a universidade não estiver focada nisso, ela não formará profissionais com essa visão integrada de processo. Então eu acho que a universidade exerce um papel inicial fundamental. Não só as universidades, como também as escolas de nível técnico. A indústria 4.0 precisa também de profissionais de nível técnico com visão de produção integrada.
A FIEMG possui o Programa Engenheiro Empreendedor. Para o senhor, como o comportamento e a atitude empreendedora contribuem para fomentar a inovação e a competitividade da indústria? 30
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Entrevista Já há muito tempo acabou o espaço na indústria e nas empresas para aquele tipo de funcionário que executa apenas o que mandam. A mudança no cenário empresarial é cada vez mais rápida e precisa de profissionais que tenham um nível de formação, de flexibilidade e de evolução no dia a dia cada vez mais fortes. O funcionário precisa ter um caráter vivo, alternativo, criativo. Nesse sentido, a formação empreendedora sempre carrega o profissional de capacidades e não só de informações puras. Ele não precisa decorar matéria alguma, mas precisa saber pensar e administrar bem a mudança. O Programa Engenheiro Empreendedor prepara o estudante para montar um negócio próprio ou para ser um funcionário proativo, capaz de atuar nesse campo de mudança rápida. Dá a ele uma visão dos desafios da indústria e de como ele pode contribuir para resolver esses desafios. O engenheiro empreendedor tem que ter uma formação com foco no negócio, com uma visão do todo. Precisa saber por que está fazendo cada ação e saber aonde quer chegar. A escola de Engenharia pura forma muito bem para as matérias tradicionais. Mas o que fazer com aquilo? Só ser funcionário? Executar tarefas repetitivas? Ou pensar o todo e empreender, saber por que está fazendo aquela função e como mudá-la para ser mais eficiente e produtivo? Então a dúvida tem que estar na cabeça dos estudantes o tempo todo, pois a empresa hoje é inovação. E a cultura empreendedora é a solução mais rápida para que a gente possa virar o jogo.
Como o Brasil está comparado com o restante do mundo? O que falta para sermos mais inovadores e empreendedores? São muitas questões, como o problema da diferença social, por exemplo, que é muito sério. Mas a cultura empreendedora pode ser eficiente para reverter a pobreza das pessoas e do país. Na formação empreendedora do SEBRAE, voltada para estudantes de escola pública, os alunos saem com condições de se alocar no mercado ou nas próprias empresas criadas no NEJ - Núcleo de Empreendedorismo Jovem. Acho que o que falta é fazer cada vez mais isso. Incentivar o empreendedorismo. Revista Mineira de Engenharia nº 39 | novembro/dezembro/janeiro 2018/2019
No Programa Futuros Engenheiros, estudantes de engenharia têm a possibilidade de participar de aulas divididas em temáticas de competências técnicas e habilidades comportamentais, com o objetivo de se desenvolverem para atuar na indústria com mais conhecimento e excelência. Para acompanhar o cenário da Indústria 4.0, foram feitas alterações nos conteúdos e metodologias das aulas? O programa consegue acompanhar essas mudanças, até porque a preparação que se faz não é de ensinamento de matéria, mas sim de ensinamento de espírito, voltado para que os estudantes possam ser flexíveis e consigam acompanhar o movimento. Já inserimos a formação de indústria 4.0 no CIT (Centro de Inovação e Tecnologia) do SENAI e temos também um núcleo de indústria 4.0, com parcerias importantes. Com isso, incentivamos esses alunos ao contato com essas parcerias e com esses movimentos.
Na sua percepção, quais as engenharias que se destacarão na era da Indústria 4.0? A Eletrônica continua em alta, mas, de certa forma, todas as engenharias vão se alavancar. Na indústria da mineração tem o propósito 4.0, na indústria metalúrgica também, na indústria química a mesma coisa. Então todo o processo industrial tem a cultura 4.0 a ser implantada e, com isso, engloba 100% das engenharias. Evidentemente que algumas engenharias têm volumes maiores, mas também terão mais engenheiros. Talvez, na área da construção o processo 4.0 possa ter mais dificuldade, mais lentidão para entrar nos 100%. Na China construíram um prédio enorme em 19 dias. Aquilo é indústria 4.0, toda amarrada entre a produção e o encaixe. Agilidade, precisão, qualidade em todos os sentidos, durabilidade, facilidade de desfazer e de reciclar. A indústria 4.0 da construção é caracterizada ainda por cada vez mais coisas feitas na indústria, que chegam prontas ao canteiro. Antigamente, no Brasil, tinha muita mão de obra e baixa qualificação e nós estamos caminhando para precisar de menos mão de obra, mais qualificação e menos feito no canteiro. Com isso, menor desperdício, maior produtividade e maior sustentabilidade.
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INFRAERO. Eleita a melhor empresa pública da década.
Este prêmio é mais uma confirmação de que estamos na rota certa. Com uma gestão responsável e inovadora, a INFRAERO está vencendo grandes desafios. Ao tempo em que desenvolve novos produtos e serviços, revitalizando a atuação da empresa, permanece sendo uma das maiores operadoras aeroportuárias do mundo. Com a adoção de boas práticas, a INFRAERO alcançou, em 2017, um resultado operacional cinco vezes maior ao do ano anterior.
Jovem Engenheira
Orgulho e vocação para desenvolver o setor de energia no país Lígia de Matos
D
edicação e muito foco no futuro profissional são as características que fazem de Raquelly Saturnino de Almeida nossa escolha perfeita para a seção Jovens Engenheiros. Natural de Belo Horizonte, a Engenheira de Energia tem 24 anos e vive hoje em Portugal, onde cursa o Mestrado em Engenharia de Energias Renováveis pela Universidade Nova de Lisboa. Atua também como responsável pelo setor de projetos fotovoltaicos e gestora na área de marketing da Probanc Solar – Brasil, desde julho de 2017 e ainda como professora de apoio nas disciplinas de Matemática, Físico-Química e Cálculo na AExplica – Centro de Aprendizado. Seu currículo também inclui um período como professora de Química na Escola Estadual José da Silva Couto (Contagem) e outro como estagiária de Pesquisa e Desenvolvimento do CSEM Brasil (Belo Horizonte), ambos em 2016. Neste cargo, Raquelly descreve que se dedicou ao preparo de formulações para produção dos dispositivos fotovoltaicos orgânicos (OPV), bem como na preparação das amostras para testes. “Eu realizava o processo de laminação e acompanhamento dos seus efeitos, avaliação inicial da evolução de pequenos módulos localizados na câmera climática e em ambientes externos correlacionados com o tempo e ainda fazia a análise do tempo de vida e estabilidade dos dispositivos”. Antes disso, a engenheira foi bolsista de iniciação científica pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, onde trabalhou no desenvolvimento de um sistema de monitoramento e melhoria acadêmica, tratando da análise de dados em organização estatística computacional. Sua formatura na instituição como Engenheira de Energia foi em dezembro de 2016. Desde que descobriu sua vocação, o grande objetivo de Raquelly era atuar neste mercado e no desenvolvimento de novas alternativas energéticas. “O meu interesse em Engenharia surgiu pela afinidade que eu tinha com a área de Exatas, durante o meu período escolar, e então busquei várias universidades que apresentassem programas de exposição de seus cursos para encontrar um que me chamasse a atenção. Ao conhecer a Engenharia de Energia, no evento denominado PUC Aberta, fiquei fascinada pela proposta do curso e pela área de atuação. Acreditava - e ainda acredito - na perspectiva e expansão do setor que leva benefícios não só ao profissional em si, mas a toda a população”, relembra. Revista Mineira de Engenharia nº 39 | novembro/dezembro/janeiro 2018/2019
Sonhos se realizam
Após se formar e não encontrar por muitos meses uma posição no mercado que lhe adequasse, Raquelly Almeida decidiu continuar os estudos, pesquisou programas de mestrado na área de Energias Renováveis e se candidatou a vagas no Brasil e Portugal. Mas, como diria John Lennon, “a vida é aquilo que acontece enquanto você está fazendo outros planos”. Uma semana após ser aceita na Universidade Nova de Lisboa, com direito a bolsa de estudos, ela recebeu uma proposta de trabalho na Probanc Solar, empresa de Engenharia localizada em Belo Horizonte, justamente no setor de Energia Solar Fotovoltaica. “Esse era justamente o meu emprego dos sonhos. Aquele que esperei por tantos meses e sem perspectivas. Mas eu não podia perder a oportunidade conquistada em Portugal e estava mesmo decidida a viajar. Conversei então com o dono da empresa e expliquei minha situação. Ele decidiu me contratar pelos dois meses que ficaria aqui antes de partir e, após esse período, me ofereceu a proposta de trabalhar a distância, em projetos e questões da empresa que pudessem ser resolvidos via internet e já estou lá há um ano e quatro meses”, comemora a dupla conquista. O seu mestrado deve ser finalizado em julho de 2019. Segundo Raquelly, seu projeto de maior orgulho até hoje está relacionado a seu estágio no CSEM Brasil, uma empresa voltada para pesquisa e desenvolvimento, com destaque para o setor de células fotovoltaicas orgânicas. “A capacidade de desenvolvimento de uma tecnologia associada a sustentabilidade, por mais inovadora que seja, é fundamental para o planeta. E participar desse projeto, ganhar conhecimento sobre a área, com certeza foi incrível. A Energia Solar Fotovoltaica me fascina e todos os meus estudos e trabalhos até hoje foram voltados para o setor. É um ramo, uma tecnologia na verdade, que possui muito potencial benéfico para a sociedade e para o planeta. E já posso adiantar que meu maior plano para 2019 é terminar a minha tese do Mestrado, com o tema “Células Fotovoltaicas Orgânicas em Eletrospray” e poder concluir o meu curso. Mas também desejo no futuro viajar e conhecer o mundo! O comportamento humano e as diferenças culturais me encantam”.
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O lado C do Engenheiro
Gilberto José Scheffer: uma vida entre números, palavras e pincéis Marina Duarte
A
própria vida de Gilberto Scheffer daria um livro. Nascido em 1943, filho único de pais descendentes de Italianos e Alemães, Gilberto aprendeu com os pais, desde pequeno, o valor dos estudos e do trabalho duro. “Mãe enérgica, Alice, pespontadeira na confecção de sapatos masculinos, especializou-se em botas ortopédicas. Tão logo conferisse prontos os exercícios de casa solicitados no ensino do Grupo Lúcio dos Santos, da rua Padre Eustáquio, no Bairro Carlos Prates de BH, ela colocava o frangote para trabalhar; era no arremate de suas costuras em couro. Valia-se de argumentos fortes para fazê-lo: ‘Nesta vida, quem não trabalha não tem direito nem de respirar, de consumir oxigênio’. E, para motivar ainda mais, havia mesada. O pai, José, chegando da alfaiataria, que com o irmão tinha bem na porta do grupo, dizia sempre, valendo-se dos argumentos da mãe: ‘Você pode trabalhar, mas sua profissão é de estudante!’ Danou-se! Disso bem que eu não gostava”, conta Gilberto com suas belas palavras. E o rapaz seguiu os conselhos dos pais. Em 1960 concluiu o Curso Industrial Básico em Eletricidade na ETBH, hoje Escola Técnica Federal de BH. Na mesma instituição concluiu, em 63, o Curso Técnico em Pontes e Estradas. Fez-se desenhista técnico da Comag. Em 1971 finalizou o Curso de Engenharia Civil na UFMG e um ano mais tarde a sua pós-graduação em Engenharia Sanitária. O esforço gerou frutos. Entre as experiências profissionais, o engenheiro trabalhou no Departamento Municipal de Águas e Esgotos de BH, agora COPASA-MG. “Quando me formei fui disputado no mercado e optei pelo DEMAE”. Em pouco tempo ele passou a chefiar a sessão de projetos de água de BH. Além disso, foi convidado a dar aulas de desenho técnico nos cursos de engenharia da PUC; ficou por lá de 1973 a 2013, 40 anos. Nesse período, entre 1977 e 1997, foi ainda professor da UFMG, consultor da MONASA e do CETEC. Desde 1989, é também Sócio-Diretor da ALPES Engenharia Ltda.
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Telas, tintas e pincéis Mas, a vida de Gilberto vai muito além da engenharia. Ao se aposentar da UFMG, buscou preencher as tardes livres com as artes plásticas (pintura em acrílico e óleo sobre tela). “Desde criança eu gostava de desenhar, mas não aparentava talento especial. Quando me aposentei na UFMG, passei a ter liberadas minhas tardes das quartas e sextas-feiras. Buscando ocupá-las, com o desejo de diversificar, sem cogitar a ampliação de minhas atividades na empresa, matriculei-me num curso livre da Escola Guignard BH. Frequentei as aulas por um curto período e desisti. Um ano depois, verifiquei existir próximo a minha casa, no bairro Santo Antônio, uma excelente professora de pintura. Tratava-se de Conceição Boaventura, uma sumidade no assunto. EnRevista Mineira de Engenharia nº 39 | novembro/dezembro/janeiro 2018/2019
O lado C do Engenheiro
cantei-me com a função e deu no que deu”, relata Gilberto Scheffer, se referindo às inúmeras premiações que conquistou durante a sua aventura pelas artes plásticas. A pintura foi, neste momento de sua vida, um verdadeiro alicerce. Sua primeira esposa, Mary Márcia, mãe de seus três filhos, se encontrava com um grave problema renal e a arte ajudou no processo de superação. Mas, com o passar do tempo, os efeitos inconvenientes do contado com tintas acrílicas e óleo fizeram com que ele buscasse outro caminho das artes.
Gilberto: o escritor Até então Gilberto não pensava em ser escritor. Como mesmo conta, a sua experiência com textos se resumia à escrita de memórias de cálculo em projetos de engenharia. Mas, em 2005, tudo mudou. Com o agravamento dos problemas de saúde da esposa, Gilberto encontrou na literatura uma forma de estar sempre ao lado de Mary. “A Síndrome de Shy-drager, uma enfermidade evolutiva e irreversível, torturou Mary e a todos nós por três anos. Para estar sempre presente a seu lado, pensei em me absorver escrevendo. Tracei a espinha dorsal de um conto que se intitularia Nós. Imaginava não ter criatividade suficiente para escrever senão umas vinte páginas”. O conto, hoje intitulado “Nós nos Nós – joias em jogo”, foi quase todo escrito naquele período. Com a morte da esposa, a inspiração também se foi. “Ficou um vazio que até a inspiração se anulou. O trabalho, no computador, permaneceu dormente. Conheci, aos 65 anos, Almen Procópio de Alvarenga, minha segunda esposa, e a inspiração voltou. O amadurecimento fez-me ver que, involuntariamente, o conto havia salvado a minha vida. No período, ora eu fui Arthur, ora Noemy, por vezes Vlasta, Rúbiens ou Fryda”, conta Gilberto, citando alguns personagens de seu livro.
O amadurecimento fez-me ver que, involuntariamente, o conto havia salvado a minha vida. No período, ora eu fui Arthur, ora Noemy, por vezes Vlasta, Rúbiens ou Fryda”. Revista Mineira de Engenharia nº 39 | novembro/dezembro/janeiro 2018/2019
Nós nos nós O romance de Gilberto Scheffer gira em torno da criação de uma joia rara - valiosa tiara para uma nobre, para uma monarquia que se vai desvendar. No desenrolar da trama, os leitores são surpreendidos por mistérios, intrigas e relações proibidas. Coincidências? A história, que se passa em Hong Kong e Bruxelas, tem uma escrita envolvente, que promete prender o leitor do início ao fim. O livro, que foi lançado no dia 8 de novembro, pode ser encontrado na Leitura, na Ouvidor, na Livraria da Rua, no Conto do Livro e outros pontos.
Para estar sempre presente a seu lado, pensei em me absorver escrevendo. Tracei a espinha dorsal de um conto que se intitularia Nós. Imaginava não ter criatividade suficiente para escrever senão umas vinte páginas”. 35
Empresas Juniores
Comprometimento, seriedade e qualidade são marcas registradas de Empresas Juniores em São João Del Rei Lígia de Matos
O
Movimento Empresa Júnior (MEJ) surgiu na França, em 1960, com o objetivo de oferecer uma vivência empresarial prática ainda na graduação, a partir da criação de empresas pelos próprios universitários. Hoje, o Brasil é o país com maior número de iniciativas do tipo e elas são organizadas nacionalmente pela Brasil Júnior, a Confederação Brasileira de Empresas Juniores. Em Minas, o MEJ é representado pela Federação de Empresas Juniores de Minas Gerais (FEJEMG), que possui mais de 90 empresas juniores espalhadas por todo estado. A Central de Empresas Juniores da Universidade Federal de São João Del Rei (Cenje) completou 12 anos em 2018 e é um dos núcleos mais antigos de Minas, sendo responsável por reunir as 19 Empresas Juniores da UFSJ. Essas empresas atuam realizando projetos para o mercado da região em diversas áreas como Arquitetura, Jornalismo e Agronomia, entre outros, e prestam serviços de alta qualidade e profissionalismo. Entre elas estão duas de grande destaque no setor da Engenharia: Ômega Júnior - Projetos Mecânicos e de Produção e Equip Consultoria em Processos Químicos.
Gerar soluções
A Ômega Júnior, fundada em 06 de junho de 2005, foi essencialmente criada para gerar soluções para seus clientes, desenvolver pessoas capazes de transformar a sociedade e impactar o mercado de forma empreendedora. Ela possui hoje 18 alunos em seu quadro efetivo e 10 trainees; também conta com a colaboração de ex-alunos como consultores em alguns projetos, devido a sua expertise. Professores orientam e validam as etapas de cada projeto. A empresa realiza projetos de Engenharia Mecânica e produção em geral como análises de custos, mapeamento de processos, desenho mecânico, construção mecânica, consultoria em segurança, planejamento estratégico, análise de cargas térmicas e análise de layout, entre outros. A carteira de clientes também é diversificada, incluindo grandes e pequenas empresas de setores bem distintos. “O nosso diferencial é a relação ‘ganho-ganho’ e também os projetos personalizados. Quando somos con-
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A equipe da Ômega Júnior atende empresas de todos os tamanhos e focos de negócios.
tratados, o cliente está garantindo o retorno do investimento que está fazendo, adquirindo um projeto de qualidade que está adequado a sua realidade. E nós, estamos adquirindo um diferencial muito grande para apresentar ao mercado de trabalho. Entre nossos clientes estão a Serraria Agostini, Bomboniere DiFerri, Bozel, Santoza e Jean Modas”, declara César Augusto Caetano de Paiva, Diretor de Comunicação da Ômega Júnior. Dois de seus cases de sucesso são a Serraria Agostini e a Bomboniere DiFerri. “Realizamos mais de 20 projetos de consultoria em segurança para a serraria, nos quais buscamos adequar seu maquinário para a norma regulamentadora 12 (NR12). Este é um projeto muito bem-sucedido: o próprio Ministério Público do Trabalho elogiou e recomendou nossos serviços”, acrescenta César Augusto. Já na Bomboniere DiFerri, a empresa realizou duas análises de custos e, com isso, chegou ao preço ideal para todos os seus produtos, a partir da análise das diversas variáveis do negócio. “E como resultado, as sócias passaram a ter a possibilidade de retirar o seu pró-labore e começaram a focar na venda dos produtos, que são mais vantajosos para o empreendimento”, complementa. Revista Mineira de Engenharia nº 39 | novembro/dezembro/janeiro 2018/2019
Empresas Juniores
Quando somos contratados, o cliente está garantindo o retorno do investimento que está fazendo, adquirindo um projeto de qualidade que está adequado a sua realidade”.
Mais por menos
Já a Equip Consultoria em Processos Químicos foi fundada em 11 de maio de 2011 e possui hoje 28 integrantes ativos. “Podemos dizer que por meio da realização de projetos, conhecemos mais sobre nossa área de atuação e principalmente desenvolvemos o que não vemos em sala de aula. Na empresa júnior lidamos com a prática, aprendemos a solucionar problemas e conhecemos o ‘real’. Não nos restringimos ao ‘ideal’, pois nada ocorre em condições perfeitas. Já na parte de gestão, desenvolvemos nosso relacionamento interpessoal e aprendemos o funcionamento de uma empresa como um todo. É nítido que aqueles que passam por uma empresa júnior, demonstram um maior amadurecimento quando o assunto é liderança”, afirma Mateus Moreira, presidente da Equip Consultoria. Como na Ômega, a Equip conta apenas com a participação de alunos em seu dia a dia e a colaboração de ex-alunos e professores que os orientam e mantem contato constante para quaisquer eventualidades. Sua linha de trabalho envolve Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), Otimização e Meio Ambiente. Seu campo de atuação abrange todas as dimensões, desde micro a macro empresas e também pessoas físicas e seus serviços não se restringem a processos que envolvam apenas a química em si. “Nosso diferencial se baseia no comprometimento de nossos membros, principalmente por já estarmos atuando em nossa área ainda antes de estarmos formados. Este estímulo é o que nos faz querer executar com o nosso melhor, pois ver a satisfação de nosso cliente não tem preço. Além disso, contamos também com mestres e doutores, para maior segurança de nossos projetos. Sem falar do preço abaixo do de mercado, por não contarmos com mão de obra assalariada. Dessa forma, o projeto se garante com uma alta qualidade e um custo acessível, onde nosso cliente sai no lucro e nos tornamos ainda mais capacitados”, descreve o presidente. Entre várias iniciativas realizadas, o ano de 2018 para a empresa foi marcado pelo sucesso do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - PGRSS. Segundo a Lei, este documento é obrigatório em estabelecimentos que envolvem o manuseio de instrumentos que oferecem
Revista Mineira de Engenharia nº 39 | novembro/dezembro/janeiro 2018/2019
Equip Consultoria foca seus objetivos em sempre solucionar os problemas de seus clientes.
É nítido que aqueles que passam por uma empresa júnior, demonstram um maior amadurecimento quando o assunto é liderança.” algum risco biológico como clínicas de estética, odontológicas, veterinárias e estúdios de tatuagem, entre outros exemplos. “Muitas empresas se encontravam em situação de extrema necessidade desse documento. Um estabelecimento sem o PGRSS em dia, corre o risco de pendências frente à vigilância sanitária, o que compromete a retirada de declarações nos órgãos municipais e prejudica o negócio. Logo, a Equip Consultoria se mostrou extremamente apta e comprometida a solucionar esta situação e garantimos a excelência e satisfação de nossos clientes”.
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Empresas Sustentáveis
Conheça algumas boas ideias que se tornaram soluções lucrativas e ampliaram a confiança do público em importantes empresas mineiras Lígia de Matos Hoje, a performance atual do Mineirão supera em 8% a previsão inicial do projeto. Foto: Elderth Theza
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Empresas Sustentáveis
O que significa ser uma empresa sustentável?
P
or definição, a sustentabilidade empresarial é um conjunto de ações que uma empresa toma, visando o respeito ao meio ambiente e desenvolvimento sustentável da sociedade. Logo, para que uma empresa seja considerada sustentável ambientalmente e socialmente, ela deve adotar atitudes éticas e práticas que visem seu crescimento econômico e colaborem para o desenvolvimento da sociedade sem agredir o meio ambiente. Mas vale ressaltar que elas devem realmente apresentar resultados práticos e significativos, pois não adianta fazer uso racional de água e energia se não garante os direitos de seus funcionários ou prejudica de alguma forma a economia local. Com este pensamento em foco, a Revista Mineira de Engenharia selecionou quatro bons exemplos de empresas mineiras que assumem seriamente o seu papel sustentável na sociedade e apresentam resultados efetivos em todos os aspectos e não apenas no marketing. Além de respeitar o meio ambiente, a sustentabilidade empresarial tem a capacidade de mudar de forma positiva a imagem da empresa junto a seus consumidores.
Bons investimentos com resultados efetivos
280 mudas de plantas frutíferas e um espelho d’água que chamam a atenção de quem olha para o edifício por fora. Ele também conta com dois auditórios para 140 pessoas e estrutura de serviços com restaurante, lanchonete, academia, banco, copiadora, bicicletário com vestiário, estacionamento e heliponto. Em relação ao uso eficiente de energia, é equipado com elevadores inteligentes, sistema de automação predial, otimização do uso da luz natural, iluminação e ar condicionado inteligentes. E quanto às práticas voltadas para a eficiência no uso de água, a nova sede possui captação e uso de água da chuva; reaproveitamento de águas cinzas (água proveniente do uso em banheiros, lavatórios e pias); estação para tratamento de águas cinzas; válvulas de descarga com sistema duplo; torneiras acionadas por meio de sensores ou toque; irrigação inteligente e automatizada dos jardins; 10% da área em condições permeáveis (superior à exigência legal) e ainda pisos construídos com blocos intertravados, que permitem o retorno da água ao lençol freático. Outros exemplos de atitudes sustentáveis realizadas pela empresa incluem o engajamento nos esforços nacionais e internacionais de redução das emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa) e fomento do uso de biocombustíveis e iniciativas de mobilidade urbana. No primeiro caso, a empresa abastece toda sua frota com etanol e também investe na conscientização de seus clientes para que eles abasteçam os carros com etanol no período de aluguel. As práticas de eficiência energética também estão presentes nas divisões de negócio e foram desenvolvidas diferentes soluções que permitem o monitoramento das frotas e, consequentemente, a identificação de medidas efetivas de aumento da eficiência energética dos automóveis.
A Localiza é reconhecidamente uma das maiores empresas de locação de veículos na América Latina. Criou em 2017, um programa de sustentabilidade que se alinha às suas estratégias de negócios e seu plano de atividades. Nesse mesmo ano, a empresa se tornou uma das signatárias do Pacto Global das Nações Unidas e também construiu uma nova sede que unificou toda a gestão corporativa em um único lugar, no bairro Cachoeirinha, em Belo Horizonte. São quase incontáveis os projetos desenvolvidos pela empresa dentro de seu programa de sustentabilidade, mas o novo prédio merece destaque pois se tornou um símbolo de modernidade, eficiência e também ousadia.
Sobre a questão da mobilidade urbana, desde 2017, foi implementado o Programa de Carona. É uma iniciativa que conecta colegas de trabalho que compartilham do mesmo trajeto diário casa-trabalho-casa. Segundo dados da empresa, em torno de 30% dos colaboradores da sede já se engajaram no programa, o que representa um total de 531 funcionários, 2.830 caronas geradas e mais de 40.500 quilômetros percorridos com caronas. Este resultado contribuiu para a retirada de 903 carros da rua e evitou a emissão de cerca de 10,3 toneladas de CO2 na atmosfera.
O prédio da sede da Localiza possui 26 andares e 18 mil metros quadrados de área verde. É totalmente automatizado com tecnologia de ponta e promove a sinergia e integração completa dos funcionários com foco em ampliar a produtividade e qualidade de seu desempenho. Dispõe de três varandas recuadas com jardins e uma praça com quatro mil metros quadrados,
A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) é uma das pioneiras no país nas questões de eficiência energética e mais que uma referência quando o assunto é sustentabilidade. Entre exemplos que podem ser citados vale ressaltar os cinco anos da usina solar do Mineirão e a usina fotovoltaica com sistema de armazenamento de 1 MW, além do Programa Energia Inteligente.
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Diversidade e economia
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Empresas Sustentáveis A usina solar fotovoltaica do Mineirão completou cinco anos em maio de 2018 e foi construída pela Cemig, em parceria com a Minas Arena e com recursos do banco alemão KfW. A instalação é uma das maiores do mundo na cobertura de um estádio e tem capacidade de produção suficiente para atender o consumo médio de 1.200 residências. A usina permitiu ao Mineirão se tornar a primeira arena esportiva do Brasil dotada de painéis solares em sua cobertura e obter a certificação LEED Platinum de sustentabilidade. A cobertura do Mineirão possui em torno de 9.500 metros quadrados e recebeu seis mil módulos fotovoltaicos, garantindo uma potência instalada de 1.420 KWp (quilowatt-pico). Toda a energia gerada é enviada para a rede de distribuição da Cemig. Sua performance atual supera em 8% a previsão inicial do projeto. Os módulos solares fotovoltaicos na cobertura do estádio captam a radiação solar e convertem em energia elétrica, em corrente contínua com tensão de 380 volts. Oitenta e oito inversores instalados em oito salas técnicas abaixo das arquibancadas transformam a corrente contínua em corrente alternada. A energia é enviada a duas subestações, uma no lado sul e outro no lado norte do Mineirão. Nas subestações, a tensão é elevada para média tensão. Uma pequena parte de energia gerada é usada na manutenção da própria usina e todo o restante é injetado na rede da Cemig, por meio da subestação de conexão que fica dentro do estádio. Outra importante iniciativa foi a inauguração este ano da primeira usina fotovoltaica do país com capacidade de armazenamento de 1 MW (megawatt). Até então, nenhuma usina deste tipo em operação possuía essa capacidade. O valor total do investimento foi de R$ 22,7 milhões – R$ 17,5 milhões aplicados pela Cemig e R$ 5,2 milhões pela Alsol Energia Renováveis, do Grupo Algar, empresa parceira no projeto. Cemig e Alsol combinam armazenamento de energia e geração distribuída com a instalação de uma planta fotovoltaica de 300 KWp e um sistema de armazenamento de 1 MW. A usina é composta por 1.152 placas solares, com potencial de geração de aproximadamente 480 mil kWh/ano, energia suficiente para atender pelo menos 250 residências, com consumo médio de 150 kWh/mês, por um ano. Antes desse projeto, todas as usinas desta modalidade em funcionamento no Brasil forneciam energia para a rede apenas durante o dia, suspendendo o fornecimento no momento em que o sistema é mais demandado. Com a nova usina, essa lógica foi invertida, já que ela mescla o envio da energia para rede e o armazenamento ao longo do dia com a presença do sol. A partir das 18h, a tecnologia permite que seja injetado na rede seu potencial de 1MW por até três horas. Segundo informações da empresa, uma das finalidades da usina é o desenvolvimento de um novo modelo de negócio, a partir de plantas híbridas que combinam geração fotovoltaica e sistemas de armazenamentos em unidades consumidoras, o que garante a qualidade da distribuição de energia, especialmente em horários de maior deman-
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A nova sede da Localiza está localizada no bairro Cachoeirinha, em Belo Horizonte
da. Há também a expectativa de redução de perdas em alimentadores e transformadores durante o horário de pico, o que influencia a qualidade do serviço. E desde 2015, a Cemig investiu mais de R$ 170 milhões no Programa Energia Inteligente, em projetos que disseminam a cultura do uso consciente e sustentável de energia elétrica. Além das instituições de ensino, clientes e comunidades de baixa renda, entidades sem fins lucrativos, hospitais e iniciativas privadas são beneficiadas com suas ações. Ele é regulado pela Aneel e se baseia no incentivo à mudança de hábitos, resultando na redução e eliminação do desperdício como forma de bom uso e preservação dos recursos naturais.
Fazenda de energia solar A Drogaria Araújo fechou este ano um contrato de parceria com a AES Tietê para a locação de uma fazenda solar remota de potência instalada de 5,3 MWp, em um contra-
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Empresas Sustentáveis
Foto aérea da primeira usina fotovoltaica do país com capacidade de 1 megawatt
to de 10 anos, com objetivo de abastecer em torno de 150 lojas de rua de sua rede de farmácias. A fazenda possui 16 mil módulos fotovoltaicos instalados, o que equivale – em termos de área – a 4,48 estádios do Mineirão. Ela foi instalada ao lado da hidrelétrica de Água Vermelha da AES Tietê, na divisa entre Minas Gerais e São Paulo. Com isso, ao gerar sua própria energia, a empresa deixará de emitir cerca de mil toneladas de CO2 por ano, sendo que seu consumo médio mensal é de 930 MWh, o que equivale ao de seis mil casas. Esta solução, que começou a funcionar no final de 2018, vai garantir um consumo mais eficiente, redução de custos e contribuição com a produção de energia limpa. Este projeto possibilita a geração própria de energia para as lojas e traz como resultado uma solução de consumo responsável aliada à redução de custos.
Compra de energia limpa Em 2018, a Unimed BH inclui 10 de suas unidades no sistema de energia limpa do Mercado Livre de Energia e totaliza com isso, 90% de seu consumo de energia da cooperativa proveniente de fontes renováveis. A cooperativa é signatária da Rede Brasil do Pacto Global desde 2012 e, por isso, tem o compromisso de alinhar suas estratégias aos princípios de direitos humanos, trabalho decente, meio ambiente e combate à corrupção. A empresa tamRevista Mineira de Engenharia nº 39 | novembro/dezembro/janeiro 2018/2019
bém possui outras ações sustentáveis como coleta seletiva, instalação de poços artesianos, utilização de painéis solares e também telhados verdes, além da compra de energia limpa. Entre as unidades da Unimed-BH que adotam esse modelo de fornecimento de energia renovável estão os três edifícios administrativos (Inconfidentes, Rio Doce e Francisco Sales), os Centros de Promoção da Saúde – Unidades Santa Efigênia, Contagem e Pedro I, o Hospital Unidade – Unidade Contorno e a Maternidade Unimed – Unidade Grajaú. A expansão do programa de contratação de energia limpa, assim como todas as ações relacionadas ao meio ambiente, faz parte de uma estratégia maior da operadora que visa contribuir com a sociedade e estabelecer um exemplo a ser seguido por outras empresas, assim como gerar economia real. Segundo dados da Unimed BH, o consumo de energia em 2017 foi 1,16% menos que em 2016 e isso gerou uma economia de mais de R$ 1,8 milhão e a redução de 1,2 milhão de páginas impressas gerou uma economia superior a R$ 100 mil. Esta é apenas uma pequena parte do que essas e muitas outras empresas realizam diariamente em prol do desenvolvimento social e sustentável. Essas práticas precisam ser estimuladas em uma sociedade que visa seu real desenvolvimento e incremento da qualidade de vida e devem ser cobradas e fiscalizadas pelos consumidores.
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Atividades SME
Inspeção Predial:
Maeli Estrela Borges
Qualidade, desempenho recebe prêmio da ABLP Marina Duarte & segurança Marina Duarte
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ssim como nós precisamos ir ao médico regularmente, as edificações também precisam passar por um check-up para verificar o seu real estado de conservação e manutenção, o grau de criticidade das deficiências constatadas e as correções e intervenções necessárias para garantir a segurança e conforto dos condôminos. A inspeção predial consiste em uma análise de todos os sistemas construtivos e equipamentos das edificações, buscando maior desempenho, qualidade e segurança para os seus usuários.
N
Maeli Estrela Borges recebe Prêmio Francisco Xavier Ribeiro da Luz
o dia 21 de novembro, a Diretora da SME, Maeli Estrela Borges, recebeu o Prêmio Francisco Xavier Ribeiro da Luz, da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP). A homenagem foi concedida por sua grande contribuição ao desenvolvimento do setor.
Desde 1971, Maeli dedica a sua vida profissional à
Inspeção Predial foi tema de palestra na SME
Para discutir esse assunto foi realizada, no dia 24 de outubro, na sede da SME, a palestra “A Importância da Inspeção Predial”. Ministrada pelo Engenheiro Civil e Presidente da Comissão de Avaliações e Perícias da SME, Kleber José Berlando Martins, a palestra abordou os conceitos e definições da inspeção predial, as legislações existentes e as metodologias utilizadas para elaboração de laudos. O projeto da Norma de Inspeção Predial da ABNT, que ainda aguarda aprovação, também foi discutido durante o encontro. “A norma da ABNT, que poderá ser publicada ainda este ano, servirá como parâmetro de monitoramento da vida útil de uma edificação. Aliada às normas já existentes, 5674, 14037, 16280 e 15 575 será um importante instrumento para melhorar o desempenho, a segurança e qualidade de vida dos usuários, já supracitados.”, explica Kleber José.
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gestão de resíduos sólidos e limpeza urbana, tendo atuado fortemente na criação da Superintendência de Limpeza Urbana-SLU da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, na implantação da Central de Tratamento de Resíduos de BH, ao ensino da temática nas principais universidades, entre outros feitos. “Essa foi uma iniciativa muito feliz porque aconteceu um reencontro dos profissionais que se dedicaram por tantos anos a essa temática. É um reconhecimento a mim e a meus colegas por termos sido os pioneiros na gestão da limpeza urbana e dos resíduos sólidos”, comemora Maeli.
A entrega do prêmio aconteceu em São Paulo, durante
a Waste Expo Brasil 2018, o mais relevante e importante evento de resíduos sólidos no Brasil. Na ocasião, foram celebrados ainda os 48 anos da ABLP. Revista Mineira de Engenharia nº 39 | novembro/dezembro/janeiro 2018/2019
Atividades SME
SME na XV Semana de Engenharia, Arquitetura e Tecnologias da Informação Marina Duarte
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ntre os dias 6 e 8 de novembro aconteceu, no Campus Buritis do Centro Universitário Newton Paiva, a 15ª Semana de Engenharia, Arquitetura e Tecnologias da Informação. O evento, que é realizado anualmente, é direcionado a todos os alunos da área de exatas da Newton Paiva e conta
com uma diversificada programação, que inclui minicursos, palestras e visitas técnicas. Além dos professores do centro universitário, participaram também convidados especiais do mercado. André Mattioli, Diretor Adhoc da Sociedade Mineira de Engenheiros, foi um dos convidados desta edição. Durante os três dias de evento, Mattioli apresentou a palestra “Sociedade Mineira de Engenheiros - Sua porta de entrada para o mercado de trabalho”, que teve como objetivo mostrar aos estudantes os caminhos para se iniciar a vida profissional, destacando a importância de um bom networking e como as entidades de classe podem auxiliar nesse processo. Ao lado: alunos da Newton Paiva durante a palestra “Sociedade Mineira de Engenheiros - Sua porta de entrada para o mercado de trabalho”. André Mattioli, Diretor Adhoc da Sociedade Mineira de Engenheiros, foi um dos convidados desta edição. (Divulgação SME)
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Atividades SME
Ricardo Sena fala sobre a engenharia no país Marina Duarte
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o dia 12 de novembro a SME recebeu em sua sede o presidente da Andrade Gutierrez, o engenheiro Ricardo Sena. O convite partiu do ex-presidente da Sociedade, José da Costa, que tem colaborado fortemente com a atual gestão. O objetivo do encontro, que contou com a presença de membros das comissões técnicas da SME e ex-presidentes da entidade, foi proporcionar um momento de debate sobre o cenário da Engenharia no país e as perspectivas para o futuro. Ronaldo Gusmão, atual presidente da SME, abriu o debate com a pergunta: “Qual a sua percepção sobre esse cenário de mudança de governo e como a SME pode ajudar a fortalecer a engenharia nesse momento tão decisório?”. Ricardo Sena, que há 50 anos atua na área da engenharia, abriu o jogo e foi transparente em suas exposições. “Estamos passando a régua no passado e espero que este seja um novo começo. Ainda sofremos com as medidas estabelecidas nos últimos tempos, mas acredito que tudo é válido e feito com o propósito de se al-
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cançar algo melhor. Nossa preocupação é que estamos entrando em um novo governo e tem muita coisa a ser feita. Em termos de infraestrutura, por exemplo, quase não tivemos investimentos nos últimos anos”. Sobre as prioridades de investimento em infraestrutura no Brasil, Ricardo Sena foi enfático: “O Brasil precisa investir nas ferrovias. Hoje, o país depende de caminhões e isso precisa mudar”. Durante a conversa, foram abordados ainda outros assuntos, como legislações e modelos de contratação baseado em seguradoras. Para Ronaldo Gusmão, a aproximação da Sociedade Mineira de Engenheiros com as empresas do setor é importante para fortalecer a atuação da entidade e ampliar seus resultados em busca de uma engenharia mais forte e desenvolvida no Estado. “Gostaríamos que a Engenharia voltasse ao patamar que era no passado. Podemos fazer dessa uma bandeira da SME”, finaliza. Revista Mineira de Engenharia nº 39 | novembro/dezembro/janeiro 2018/2019
Atividades SME “O evento foi muito enriquecedor, pois deu para discutir o futuro da engenharia brasileira dentro desse contexto em que vivemos hoje. Presenciamos uma troca de ideias muito interessante e uma enorme pré-disposição do Ricardo Sena”.
– José da Cosa Carvalho Neto, ex-presidente da SME “Ver que essas empresas, que tiveram problemas recentes, têm propósitos novos que chegam para engrandecer a engenharia brasileira e contribuir para o desenvolvimento do Brasil é algo bastante animador. Por isso, eu vejo como muito positivo esse tipo de evento, que traçou, com muita transparência e verdade, o cenário em que vivemos. Deixamos a casa aberta para todas as empresas que queiram vir para esta conversa tão enriquecedora”. – Heleni de Mello Fonseca, ex-presidente da SME “É de grande importância a aproximação da SME com as empresas de engenharia. Dessa forma, devemos ser a tribuna que defende os interesses, não particulares, mas coletivos de toda a classe. Edificando os laços que unem empresas e sociedade estaremos fazendo a defesa do desenvolvimento da engenharia, mais do que necessário no momento atual”. – Márcio Damazio Trindade, ex-presidente da SME
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A rtigos
Água: uma questão de atitude. Reflexões sobre o tema Por Adalberto Carvalho de Rezende*
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á há algum tempo, desde minha infância, ouço falar que a água é um recurso natural que tende a ser escasso. O Banco Mundial, universidades e empresas de saneamento falam sobre isto há mais de 50 anos. Preveem-se conflitos entre nações por disputa pela água. A ONU, em 1992, destacou a data de 22 de março como o DIA MUNDIAL DA ÁGUA, como forma de, globalmente, abordar o tema. Em torno deste dia “chovem” reportagens sobre a ameaça de escassez de água no planeta. A UNESCO, percebendo o desenrolar das questões da água e como forma de buscar caminhos selecionou o ano de 2013 como ANO INTERNACIONAL DE COOPERAÇÃO PELA ÁGUA. E com razão, pois o crescimento demográfico desordenado do planeta prevê que em 2050 a população global chegará a 9,5 bilhões de pessoas. Como consequência aumentará a demanda por alimentos, pressionando o acesso aos recursos hídricos, já que a agricultura é responsável por 72% das necessidades de água doce do planeta. Isso sem falar das necessidades da indústria, que corresponde ao consumo de 20% de toda a água doce. A Ásia se apresenta como a região de maior carência de água. Na África Subsaariana, a água potável não
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chega para 40% dos habitantes, que convivem com severas secas. Ásia e África parecem lugares distantes de nós brasileiros. No entanto, apesar do Brasil deter 12% das reservas de toda a água doce do planeta, e o Brasil tendo apenas 2,8% da população global, um total de 19% dos brasileiros não dispõem de água tratada, conforme dados do Ministério das Cidades. Isto demonstra o pouco compromisso dos brasileiros com o recurso natural água. Observando o entorno de Belo Horizonte, uma importante cidade brasileira, apenas para citar um exemplo da velocidade das perdas hídricas dos rios e córregos, a meros 30 km da cidade, no sopé da Serra da Moeda, verifica-se que no ano de 1952 foram construídas 4 micro centrais hidrelétricas para geração de energia elétrica no Córrego do Barreiro para abastecer propriedades rurais. Hoje, apenas 60 anos depois, correspondendo a uma geração, o Córrego Barreiro diminuiu sua lâmina d’água de 3m de profundidade para os atuais escassos 20 cm. Resulta que os 4 aproveitamentos hidráulicos estão secos, desativados. Isto representa o enfraquecimento e morte do córrego em apenas uma geração. Um fato estarrecedor, uma falta de comprometimento de toda a gestão municipal e estadual, ilustrando um alheamento total da comunidade local. Mas há o que fazer? É claro que sim!!! Temos exemplos de recuperação de nascentes, córregos, ribeirões e rios, tanto fora quanto no Brasil, apesar de casos raros aqui. Soluções de proteção de nascentes, evitando o pisoteio do gado, ressecamento do solo, assoreamento. Soluções de execução de bacias de acumulação, retendo água de chuva, criando fontes de infiltração. Soluções de recomposição de mata ciliar, assegurando a estabilidade das margens e retendo o assoreamento dos leitos dos rios. Ações desta natureza, implantadas em córregos do semiárido do Norte de Minas Gerais permitiram, em 5 anos, aumentar a vazão dos córregos em até 6 vezes. Seis vezes!!! É uma pena constatar que ações desta natureza se constituem casos raros. Há que promover estas ações em maior número e em mais locais. Este é um dos caminhos. Não o único, mas uma eficaz e urgente solução. *Adalberto Carvalho de Rezende é engenheiro, Diretor da Esco Água e Energia Ltda, Diretor da ACR Soluções Racionais, Professor da Escola de Engenharia da UFMG, Membro do Comitê de Desenvolvimento Sustentável da SME e Especialista em economia de insumos.
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A rtigos
Engenharia no século do conhecimento Por Mario Neto Borges*
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ste é o século do conhecimento, nele o tripé ciência, tecnologia e inovação tem sido o insumo decisivo da competição entre os países nos últimos anos. Não se trata do conhecimento acadêmico, burocrático, tradicional, apenas das bibliotecas, mas sim aquele que, gerado nas Universidades e centros de pesquisa, se torna um elo fundamental da corrente do desenvolvimento sustentável, disponibilizado para benefício e usufruto da sociedade. Temos mostrado competência para gerar conhecimento no Brasil. Isso é atestado pelos indicadores científicos de produção de artigos, em periódicos indexados. Hoje o País é responsável por 2,7% da produção mundial. No entanto, na inovação temos amargado índices vergonhosos e decrescentes, com uma pequena recuperação no último biênio. A 64ª posição no ranque das nações não é compatível com o potencial que o Brasil tem. Falta-nos, portanto, avançar na inovação - a transformação desses índices de produção científica, em elementos de desenvolvimento tecnológico, de geração de riqueza. A tecnologia e a inovação se dão majoritariamente nas empresas – isso é o que tem nos ensinado os países desenvolvidos. Portanto, é preciso alavanRevista Mineira de Engenharia nº 39 | novembro/dezembro/janeiro 2018/2019
car a indústria nacional, motivá-la a fazer inovação, a desenvolver tecnologias próprias ao invés de comprar pacotes tecnológicos. A engenharia nacional tem, por conseguinte, um papel fundamental nesse contexto. No século passado, existiu grande resistência de agentes públicos e da academia - principalmente no seio das universidades públicas - quanto à interação entre as universidades e as empresas. Felizmente essa visão vem mudando na medida em que muitos doutores vão sendo formados, no País e no exterior, e conseguem desenvolver pesquisas que dão origem à produtos de interesse da sociedade, como medicamentos, aplicativos e dispositivos eletrônicos, para ficar em poucos exemplos. Produtos esses que são concebidos nas universidades e transferidos para empresas já existentes, ou que irão gerar novas empresas eles mesmos. Os chamados ambientes de inovação vêm crescendo no País a olhos vistos e neles a engenharia moderna é a responsável pela transformação da ciência em produtos e soluções. O uso da inteligência artificial, da internet das coisas, da computação em nuvem vem criando uma engenharia automatizada e robotizada de alta eficiência garantindo a qualidade e baixando o custo dos produtos – é a indústria 4.0. Esse novo cenário tecnológico e de inovação requer profissionais qualificados e adequadamente preparados para essa realidade moderna o que significa também um grande desafio para os cursos de engenharia do País que - necessariamente - precisam se modernizar para preparar os engenheiros que irão atuar neste contexto. É estratégico para o Brasil, especialmente neste momento de mudanças, avançar nas políticas e incentivar, priorizar e financiar, o desenvolvimento tecnológico e a inovação. Isso é necessário e urgente para levar o conhecimento científico produzido ao ponto em que venha aperfeiçoar a indústria, tanto na criação de novos produtos, quanto na melhoria da qualidade daqueles já existentes. Isso dará mais competitividade à indústria brasileira, gerando mais trabalho, renda e impostos. Em outras palavras, criando um ciclo positivo e moderno de desenvolvimento. Não o fazer significa ficar para trás na competição nacional e mundial. Se quiser avançar mais no desenvolvimento integral, o País deve se libertar dos paradigmas do século passado. *Mario Neto Borges é Presidente do CNPq
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A rtigos
Tendências e desafios da Indústria 4.0 Por Rita Senise*
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encione “Indústria 4.0” para a maioria dos executivos da área de produção e verifique que, provavelmente, muitos estão confusos sobre o conceito, outros céticos em relação ao que vêem, considerando apenas como mais uma estratégia de marketing. No entanto, alguns, com um olhar mais atento sobre Indústria 4.0, entendem a mesma com potencial para radicalmente transformar a fabricação, a logística e administração. Percebem e entendem as oportunidades da produção interconectada e digitalizada da “smart factory”, ou seja, a “fábrica inteligente”, e sua interface com a produtividade, otimizando recursos e fazendo emergir novos modelos de negócio. De acordo com o Boston Consulting Group (BCG), a Indústria 4.0, na próxima década, vai levar ao aumento da eficiência e produtividade em todos os níveis de bens e serviços, aproximadamente de € 90 bilhões para € 150 bilhões. Na Alemanha - onde surgiu pela primeira vez o conceito “Industrie 4.0” – e em alguns países escandinavos, a quarta indústria de automação e sistemas de auto-otimização já vem sendo adotada com total agilidade. Multinacionais Alemãs, como Siemens, Bosch e Volkswagen, lideram, de forma pioneira, a aplicação em escala no uso de tecnologias para a produção interconectada e di-
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gitalizada. As mesmas investem em máquinas e produtos, como componentes inteligentes que podem se intercomunicar, transmitindo os dados localmente, globalmente e além dos limites empresariais. Nos bastidores das principais empresas da Europa continental, uma profunda transformação digital está em andamento. Não é mera coincidência que a Feira de Hannover “Hannover Messe”, a mais importante feira internacional de tecnologia industrial, aconteceu em 2018 sob o signo da digitalização. Mas a tendência é global, como confirma a recente pesquisa da BCG, ao informar que executivos da área de produção em 26 países, incluindo os três países líderes, Alemanha, Japão e EUA, pretendem investir 5% ou mais da sua receita anual na digitização de funções essenciais das cadeias vertical e horizontal de suas empresas, até 2030. Os governos escandinavos têm investido fortemente na digitalização da indústria, impulsionados pelas oportunidades decorrentes como o surgimento de recursos de análise e inteligência de negócios. Devido a incentivos governamentais, a Suécia, por exemplo, se encontra entre os cinco principais países com iniciativas de sucesso, em fábricas inteligentes, máquinas conectadas, sistemas reconfiguráveis, robótica avançada e fluxos de informação contínuos. Considerando que o setor industrial e de serviços consome 77% do valor total das exportações do país, a estratégia "Smart Industry” foi lançada pelo Governo Sueco para enfrentar esse desafio. A Indústria 4.0 faz da Suécia um “hotspot” para engenheiros. Ao mesmo tempo, devido ao crescente uso de software, conectividade e análise, de acordo com o “World Wacth”, o país ocupa o 10º lugar na lista de destinos para profissionais com competências em desenvolvimento de software e tecnologias de TI, bem como especialistas em mecatrônica com habilidades de software. Importante incluirmos o desafio de conceder à indústria 4.0 uma forma social adequada, que considere a empregabilidade, a segurança e tipologia de impostos. E principalmente, repensarmos seus impactos no meio ambiente e sustentabilidade, pois não há como falar de ambientes inteligentes, se não houver preocupação com os efeitos da atividade industrial, em toda a cadeia produtiva e seu ecossistema.
*Rita Senise é Pesquisadora Brasileira, residente em Estocolmo. Dra. em Tecnologia pelo Royal Institute of Technology (KTH, Suécia), Consultora da WSP Natlikan Sverige em sustentabilidade e Especialista do COST (European Cooperation in Science and Technology) / União Européia
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A rtigos
SME & Ferrovias
A infraestrutura necessária para assegurar o desenvolvimento de Minas Gerais nas próximas décadas Por Nelson Dantas*
ria nacional foi reduzida a ferrovias isoladas vocacionadas para um simples corredor de exportação de produtos primários, as commodities. O desmanche dessa rede ferroviária antecede a transferência para a iniciativa privada, realizada há 20 anos através de concessão das suas operações e com prazo de 30 anos. O desmanche consistiu em acabar com o transporte de passageiros, acabar com o transporte de carga geral e imputar uma baixa produtividade à empresa estatal sobre a qual as metas propostas na licitação seriam facilmente alcançadas. Assim, nesses 20 anos de transferência para a iniciativa privada houve uma concentração em dois grupos, Cosan e Vale. Ao contrário do que muitos pensam não foi necessária a greve dos caminhoneiros para se colocar o tema ferrovia novamente na pauta. Pelo menos não de entidades que discutem o tema permanentemente como a Comissão Técnica de Transportes da Sociedade Mineira de Engenheiros, SME.
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sses meses de transição entre o governo que finda do Temer e a posse do novo governo eleito serão definidores do Brasil que teremos nos próximos anos. A crise brasileira é séria e precisa de um enfrentamento a altura com transparência e debate público. Questões como o modelo de previdência adotada, o grau de endividamento dos estados e municípios e, principalmente, a dívida brasileira com certeza serão temas centrais. No entanto, a crise não pode ser desculpa para se relegar a um segundo plano o modelo de desenvolvimento em infraestrutura que irá pavimentar o crescimento do país nas próximas décadas. O argumento da crise, por si só, não é motivo para se entregar a toque de caixa ativos brasileiros que são conquistas de gerações e, se vendidas no momento errado, se transformarem numa transferência colossal de patrimônio público para o interesse privado. Essa é a situação atual do setor elétrico com Eletrobrás e Cemig. A situação das ferrovias é diferente. O que se discute hoje é a antecipação da renovação da concessão. Setor estratégico para qualquer governo pela capacidade de reduzir o Custo Brasil, dinamizar a economia, gerar empregos através da sua aptidão natural tanto de transportar passageiros com segurança e conforto, quanto de transportar cargas com confiabilidade e baixo custo, a rede ferroviáRevista Mineira de Engenharia nº 39 | novembro/dezembro/janeiro 2018/2019
A SME vem criticando fortemente tanto a postura da ANTT, a agência reguladora de transportes terrestres, quanto a postura das concessionárias em abandonar trechos e setores estratégicos para o desenvolvimento de Minas Gerais insistindo em que não se deva esperar o fim das concessões para se corrigir esses desvios. Entre as bandeiras da SME estão a responsabilidade por manter funcionando integralmente todos os ramais concessionados e que se dê as garantias necessárias para que trens de passageiros possam voltar a circular pelo menos dois pares de viagem como previsto na licitação. Isso enquanto não vence o prazo contratual. Mesmo assim, quando o governo federal colocou a proposta de antecipar a renovação dos contratos ferroviários visando fazer caixa para enfrentar a grave crise em que o Estado se encontra, a SME entendeu a sua função cívica e, mudando o foco, tem tentado colaborar no intuito de equilibrar os objetivos do atual governo que procura maximizar a geração de caixa com o objetivo da sociedade brasileira de tentar minimizar os equívocos do contrato passado e lançar luz sobre a ferrovia que melhor servirá o Brasil nos próximos 30, 40 anos. Atualmente, a SME vem trabalhando para identificar com mais acuracidade a contrapartida que a Vale deverá fazer nas várias ferrovias concessionadas e a destinação desses recursos para que eles possam ser otimizados. Espera-se que esse trabalho possa ajudar a colocar o desenvolvimento de Minas de novo nos trilhos.
*Nelson Dantas é membro da Comissão Técnica de Transportes da SME, analista de tarifas e custos da BHTRANS e diretor da ONGtrem.
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A rtigos
O potencial de desenvolvimento de Minas Gerais Por Edgardo Cáceres*
Os líderes das entidades públicas e privadas de Minas Gerais jamais enfrentaram uma situação que exigisse tanto da sua participação e da integração dos seus esforços coletivos. Recentemente o presidente de uma entidade líder do Estado manifestou: “Minas precisa sair do sofá e liderar pelo exemplo”. Nada mais necessário e urgente. É incontestável que a falta de gestão é causa recorrente de desperdícios de recursos públicos, e as empresas serão convocadas a cooperar, pois em Minas há competência em abundância. Para racionalizar a análise podemos citar premissas dos novos governos estadual e nacional. Entre elas, Reduzir Desperdícios, Criar Empregos e Atender a Quem Mais Precisa. Reciclado Veicular: A Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) acreditou em Minas. Uma unidade operará no CEFET-MG em dezembro. Há também interesse na Argentina. EUA reaproveita 8 % do peso do automóvel. Japão mais de 90%. Isso reduz custos, libera ruas para carros novos e gera milhares de empregos. A PBH estuda a implantação e o CEFET-MG cooperará com outros países. A expectativa é que o governo estadual implante a primeira rede regional. Reaproveitar Alimentos: Em Contagem várias entida-
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des recebem Complementos Alimentares Desidratados produzidos com excedentes de legumes e frutas doados por produtores e comerciantes. São também produzidas batata, cenoura e banana-passa desidratadas. São todos exemplos de Redução de Desperdícios e Geração de Empregos. Sua replicabilidade pode e precisa ser liderada por Minas Gerais. Suas instituições têm competência para isso. Inovação e Gestão: Na crise de 1990, a FIAT melhorou a qualidade e reduziu desperdícios. Com a SME, FIEMG, CEMIG e ArcelorMittal liderou o Programa Mineiro de Qualidade e Produtividade. Como Melhor Empresa do País (1994), passou de 11 mil para 23 mil colaboradores (1995) e se transformou na empresa brasileira onde se tinha mais satisfação de trabalhar. Poder de Compra: Ao lançar a Mineirização dos fornecedores, a FIAT provocou investimentos e empregos em Minas. Também os capacitou no uso de metodologias de gestão. Esta estratégia aumenta a produção local, reduz custos e gera investimentos e empregos. Isto requer que as prefeituras atuem em parceria com FIEMG, FAEMG, FECOMÉRCIO e outras. Programas de Voluntariado: Na Cemig, Fiat, ArcelorMittal e inúmeras empresas mineiras, há centenas de especialistas se aposentando que podem cooperar em programas regionais. Nas Equipes de Inovação e Melhoria, os membros se desenvolvem rapidamente, e quando são estudantes na fase final dos seus estudos, isso provoca a contratação dos mesmos. Existe legislação específica. Os governos têm o dever de implantá-la. Isso acontecerá com a ajuda de empresas como a CEMIG e entidades especializadas em gestão. Falta só liderar. Resultados Imediatos: No Plano de Mineirização da FIAT seus fornecedores reduziram os defeitos em 82%, o absenteísmo em 27% e os acidentes de trabalho em 24% . Isso com estagiários capacitados na FIAT que os fornecedores contrataram após demonstrar seu potencial. Centenas de estudantes foram empregados. Hoje, as faculdades contam com especialistas em gestão. É
urgente adotar essa estratégia. Infância e Adolescência: Centos de milhões de reais do IR podem ser aplicados no Fundo da Infância e Adolescência (FIA). Requer a liderança do governo para superar os gargalos. A crise exige unir agentes públicos, engenheiros, contadores, jornalistas, professores e empresários num movimento transformador. Temos uma oportunidade única! Os engenheiros sabem conciliar necessidades e recursos disponíveis. Devem ser convocados. *Edgardo Cáceres é Engenheiro, conselheiro de entidades de Minas Gerais e Argentina
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Revista Mineira de Engenharia nº 39 | novembro/dezembro/janeiro 2018/2019
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