ISSN 2447-813X
REVISTA MINEIRA DE
ENGENHARIA
FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT
REVISTA DA SME - SOCIEDADE MINEIRA DE ENGENHEIROS
ANO 9 | EDIÇÃO ESPECIAL – ELEIÇÕES 2018
Eleições 2018 Saiba quais são as propostas dos candidatos à Presidência e ao Governo de Minas para a área.
Veja também a opinião de: Joel Krüger
José Carlos Carvalho
Sergio Leite
Rubens Menin
Danilo Silva Batista
SME JÁ ESTÁ FAZENDO SUA PARTE ! PROPOSTAS A FAVOR DA ENGENHARIA PELO FORTALECIMENTO DA SME 1. Posicionar-se como SME sobre políticas de Nação e assuntos pertinentes aos engenheiros e à engenharia; 2. Tornar a entidade mais representativa, ten-
do como meta a atração de mil novos associados em três anos, com especial atenção àqueles do interior de Minas;
3. Fortalecer as comissões técnicas, que são a base da entidade; 4. Criar comissões especiais com a participação de convidados, profissionais de outras áreas das ciências e tecnologias como: mudanças climáticas, educação, mobilidade, cidades inteligentes, energia, desenvolvimento econômico, código de mineração, sustentabilidade ambiental, agenda 2030/ONU, desenvolvimento regional. 5. Adotar a governança transparente, com a
PELO apoio aos engenheiros 7. Desenvolver programas de apoio ao enge-
nheiro desempregado e criar a Sala do Engenheiro na SME;
8. Criar uma incubadora de engenharia, acolhendo startups, projetos e iniciativas de engenheiros empreendedores; 9. Promover campanhas específicas para atração e envolvimento de engenheiras e recém-formados; PELa melhor comunicação com a classe e a sociedade 10. Reformular o site da SME, de forma mais
interativa;
11. Revigorar a Revista Mineira de Engenharia em papel e em meios digitais.
12. Reformular a Medalha do Engenheiro do Ano, agregando novas premiações ao evento.
13. Promover a volta do restaurante da SME concomitante a um café.
divulgação de balanços técnicos, administrativos e financeiros.
14. Retornar o projeto “Ponto e Contraponto” vi-
6. Reformular o estatuto, tornando a entidade
15. Retornar o projeto “SME 12h30” com te-
mais democrática, dinâmica e inclusiva.
sando debate sobre temas atuais e contraditórios.
mas de interesse nacional.
chapa iNova SME | 2017-2020
NÃO EXISTE UM PAÍS DESENVOLVIDO SEM UMA ENGENHARIA FORTE !
PALAVRA DO PRESIDENTE
Pense antes de escolher Ronaldo Gusmão | Presidente da SME “Não há nada errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam”. (Platão)
N
ossa situação ainda não é de perplexidade, mas poderia ser. Nessas eleições não podemos nos deixar levar para os extremos. Precisamos de paz em nossa sociedade. Precisamos de governantes, e que estes sejam os que saberão fazer uma transição sem ódio. Hoje há no Brasil 13 milhões de desempregados formalmente, 13 milhões na informalidade e mais 12 milhões com bolsa família. Essa situação de pobreza extrema deve ser a prioridade, precisamos fazer algo para nossos 38 milhões de irmãos. Só em Belo Horizonte são 5.400 pessoas morando nas ruas. Famílias inteiras sem teto. Como você se sentiria com seu filho nessa situação? PENSE! A crise na engenharia e na arquitetura não poderia ser outra. De janeiro/2015 a junho/2018 mais de 45 mil postos de trabalho foram perdidos pela categoria, e pior ainda, o salário médio dos admitidos é 20% menor que o salário médio dos demitidos. De 2015 a 2017 formaram 310.807 engenheiros no Brasil e não tiveram a chance de serem absorvidos pelo mercado de trabalho na área. Sendo que o país sofre com tantas carências em infraestrutura: estradas, ferrovias, energia, habitação, água, saneamento, etc... Nossa crise atual não é sinal de falência, mas oportunidade de fazermos diferente do que já foi feito até agora. Somos uma jovem democracia de apenas 32 anos. Platão escreveu essa preciosidade sobre política e democracia há 2.400 anos: “Não há nada errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam”. A esperança se divide em dois momentos bem distintos: Indignação e coragem. A maioria das pessoas, hoje em dia, está indignada com nossa situação de uma maneira em geral, mas poucos têm a coragem de ser protagonista, de agir dentro de suas limitações e possibilidades. Quantos o fazem?
Revista Mineira de Engenharia
Democracia não é só criar leis, e deveria ser guiada pelo sentimento de comunidade no qual a maioria da população necessitaria ter. As leis deveriam ser criadas somente após a prática cotidiana da maioria, apenas para dar um ordenamento jurídico daquilo que já é praticado. Precisamos de mudança de hábitos, mas para haver mudança de hábitos precisa haver mudança de mentalidade. Assim nossas atitudes individuais vão forjar uma sociedade mais participativa e inclusiva, sem apatia ou radicalização e sem privilégios. Nossa crise atual é consequência da falta de representatividade da população, a falta de representatividade é causada por falta de líderes na política e a falta de líderes é consequência do golpe militar de 1964. O país ficou na escuridão por 20 anos, até 1984, quando tivemos o grande movimento das “Diretas Já”. Estamos agora diante da mais importante eleição da república desde a volta da democracia. Vamos eleger um presidente, dois terços do senado, todos os governadores e toda a câmara dos deputados. Corremos sim um risco real de um retrocesso devido ao radicalismo dos dois extremos, não só na votação, mas principalmente depois das eleições, quando o eleito precisará de maioria significativa para governar um país que pode estar dividido. Ainda estamos na luz, porque podemos pensar e expressar nossos pensamentos por mais absurdos que possam parecer. Pense, a escolha será sua, mas não pense só em você. Você não está numa ilha sozinho. Somos essencialmente seres sociais, vivemos numa comunidade que precisa de justiça social, de justiça ambiental e mais ainda de justiça econômica para os 38 milhões brasileiros que vivem sem a dignidade de ter um emprego.
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ESPECIAL | ELEIÇÕES 2018
Em defesa da soberania brasileira Por Joel Krüger*
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importância da Engenharia e da Agronomia para a sociedade brasileira nos autoriza e nos impõe que apresentemos nossa contribuição para o processo eleitoral que está prestes a ser concluído, com as eleições em primeiro turno no próximo dia 7 de outubro. Esse compromisso se expressa, originalmente, na Lei nº 5.194/1966, que regulamenta as atividades do Sistema Confea/Crea. O interesse social guia o cotidiano dos nossos profissionais, o que se manifesta em nossa contribuição para o Produto Interno Bruto (PIB) do país, mas, sobretudo, para a segurança e o bem-estar da sociedade. Realizações que dependem, por outro lado, de políticas públicas definidas pelo Legislativo e Executivo, em todos os níveis. Daí a importância de acompanhar e de sugerir algumas linhas de ação, pautadas na ética, na salvaguarda do nosso patrimônio material e humano e em políticas voltadas à defesa da sociedade. Infelizmente, nos últimos anos, o papel fomentador e agregador de investimentos da Engenharia e da Agronomia vem sendo desacreditado. Profissionais e empresas vêm sofrendo as consequências de uma linha de atuação que compromete a nossa essência produtiva, fator de geração de empregos, de divisas e de diversos ciclos de desenvolvimento. Cerca de 50 mil engenheiros perderam seus empregos entre 2015 e 2017. Diversas empresas também vêm sofrendo as consequências dessa ausência de planejamento e os anúncios apontam para o risco em processos que garantem a própria soberania nacional.
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Nossa expectativa é de que o processo eleitoral ainda consiga reverter este cenário. Entre outros aspectos, defendemos a manutenção do sistema elétrico brasileiro nas mãos do Estado brasileiro, por entendermos sua importância estratégica para a defesa da soberania nacional. O que se configura como um posicionamento contra a privatização da Eletrobras, já referendado pelo plenário do Confea, e que se estende também para a Petrobras e a pequenas e médias empresas do setor e ainda para outras áreas essenciais ao desenvolvimento do país. Nesse sentido também sugerimos a ampliação do debate em torno do saneamento básico, questionando a Medida Provisória nº 844/2018, em discussão que vem sendo conduzida por meio da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária -Abes. Temos manifestado nossa preocupação com temas como os investimentos no campo. A defesa do financiamento público da assistência técnica rural, referendada pela Confederação da Agricultura e da Pecuária do Brasil (CNA) e pela Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB, se aliou à importância de ampliar a discussão em torno de temas emergentes. Como representantes de diversas entidades, empresas e profissionais, esperávamos que estes e outros assuntos de interesse da Engenharia fossem debatidos na campanha eleitoral. Durante a última Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia - Soea, em Maceió, convidamos os candidatos para esse diálogo, contribuindo para o planejamento do país. Apesar do desinteresse dos presidenciáveis, ainda acreditamos ser possível recuperar os investimentos perdidos nos últimos anos, buscando encontrar
formas de fomentar e de compartilhar o conhecimento dos profissionais e a estrutura das empresas da Engenharia, da Agronomia e das Geociências. Ao contribuir para a integração, a capacitação e o fortalecimento da categoria, a Sociedade Mineira de Engenheiros – SME fortalece, nesse momento, o debate democrático para que possamos reverter os rumos impostos à Engenharia e à Agronomia. Em julho deste ano, apontávamos em entrevista à SME a necessidade de se investir na infraestrutura, retomando um plano para as grandes obras de engenharia nacionais. Tal expectativa ainda não se efetivou. De nossa parte, temos procurado manter os profissionais e as empresas atentos e participantes desse debate, por meio de reuniões com todas as esferas do poder e em diversos fóruns. Além de contribuir para o fortalecimento do Sistema, principalmente por meio da valorização da nossa base, as entidades de classe. Com a esperança de que nosso país encontre novos rumos, agradecemos esta oportunidade. *Joel Krüger éEngenheiro Civil e Presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia Revista Mineira de Engenharia
ESPECIAL | ELEIÇÕES 2018
As oligarquias, o corporativismo e as eleições de 2018
Por José Carlos Carvalho*
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sociedade brasileira continua oligárquica, em pleno século XXI. As oligarquias estão na política, no Congresso, nos colegiados de governança, nas entidades de classe do setor produtivo e até nas entidades da sociedade civil que, em tese, devem representar novos paradigmas de organização social e política, para superar o patrimonialismo crônico que degenera o espirito da Nação.
gismo que regem as relações da sociedade com o estado nacional nunca permitiram um limite moral claro nessas relações, prevalecendo sempre a ética da conveniência, os interesses pessoais e de grupos. O desfecho das eleições presidenciais no primeiro turno aponta para uma polarização sem precedentes de uma disputa eleitoral no Brasil, desde a redemocratização. Estamos assistindo a agonia de uma nação, dividida entre uma esquerda obsoleta, que acha que o enfrentamento da miséria e da exclusão social se faz com programas de filantropia do estado e o florescimento de uma direita autoritária que acha que o sacrossanto mercado vai resolver todos os problemas do povo. A educação é a única chance que temos de fazer as verdadeiras transformações que o País precisa, mas continuamos deixando as crianças sem escolas de qualidade, principalmente os filhos da pobreza.
Como se não bastasse o histórico das oligarquias, o corporativismo vai se grudando nas estruturas do estado, como ostra no rochedo, um corporativismo malsão que captura as organizações públicas e estatais, transformando-as em fortaleza dos interesses corporativos, em detrimento da população para a qual elas foram criadas.
Tenhamos claro que os que ganham politicamente com essa polarização idiotizada e estéril desejam a manutenção desse cenário, aproveitando-se da maioria dos compatriotas pobres, deserdados e despossuídos, que sem informação e capacidade de autocritica servem de massa de manobra suscetível a todo tipo de manipulação.
As instituições de representação popular, sobretudo o Congresso Nacional, e as Assembleias Legislativas são o espelho do que somos como sociedade, nelas nossos defeitos se apresentam de corpo inteiro. O clientelismo e o fisiolo-
No intenso debate que se trava quase nada se discute sobre as eleições parlamentares, as mais importantes para a definição dos projetos de futuro. Fala-se em reformas, todos clamam por elas, ainda que com nuances diferentes, os presidenciáveis
Revista Mineira de Engenharia
estufam o peito para listar as reformas que pretendem fazer, mas não se explicita que será no Congresso que elas serão decididas. A escolha dos deputados e senadores comprometidos com a democracia, as liberdades, a prosperidade e a justiça social é um imperativo do Brasil atual. É a eles que estaremos delegando o poder de decidir, inclusive de podar as eventuais aventuras autoritárias dos polos em disputa. Não é por acaso que os deputados são chamados de mandatários do voto popular, porque o povo é o mandante. É hora de exercemos nossa soberania na plenitude!! Cabe à SME assumir a vanguarda de um novo estilo de representação da engenharia, abrindo canais de diálogo com o mundo político, apresentando propostas e exigindo posição clara dos nossos representantes sobre os temas que interessam ao desenvolvimento do país, desfraldando a bandeira da sustentabilidade. Precisamos sair da reação anódina para uma atuação proativa. Nossa formação técnica não implica em nos silenciarmos em relação à política. Aliás, toda decisão, por mais técnica que possa parecer, está subordinada a decisões políticas, desde uma pequena ponte até a construção de uma grande hidrelétrica. *José Carlos Carvalho é Engenheiro Florestal, ex-secretário de meio ambiente de Minas Gerais e ex-ministro do meio ambiente.
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ESPECIAL | ELEIÇÕES 2018
País precisa voltar a crescer Por Sergio Leite*
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ado o cenário recente da economia, a polarização e o intenso debate que se estabeleceu na sociedade em torno das candidaturas, as eleições deste ano ganharam ainda mais importância não só para nós engenheiros, mas para qualquer cidadão. Ainda estamos numa fase de consolidação da nossa jovem democracia e precisamos estar atentos e participativos no processo eleitoral. O Brasil é um país de enormes potencialidades, mas igualmente de imensas carências. Estamos vindo de um período marcado por uma forte recessão econômica interna e as projeções de crescimento do PIB ainda são muito tímidas. No primeiro trimestre, havia uma perspectiva concreta de um crescimento do PIB na ordem de 3% e elevação da demanda do consumo aparente de aço em torno de 10%. Hoje, as projeções apontam para um crescimento do Produto Interno Bruto em torno de 1% em 2018 e a perspectiva é que o consumo aparente de aço registre alta de cerca de 5%. Vamos ter, sim, crescimento da economia e do consumo do aço, mas muito aquém daquilo que nós esperávamos e do que o país precisa. O melhor ano de vendas de aço no mercado interno foi em 2013, vinte anos depois de outro pico semelhante, ocorrido em 1993.
te a ter prioridade. Ainda há muitas incertezas de como esse tema será conduzido a partir de 1º de janeiro do ano que vem. Mas seja qual for a escolha da população brasileira, nossa expectativa é essa: que o governo dê a devida atenção à indústria e priorize o crescimento econômico, com reflexos positivos para todos, mas, especialmente para uma categoria profissional de grande relevância e de inquestionável contribuição para o desenvolvimento do país, os engenheiros. Sergio Leite, Presidente da Usiminas
Por tudo isso, precisamos que o Brasil volte a crescer e, dentro desse crescimento, que a indústria vol-
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Revista Mineira de Engenharia
ESPECIAL | ELEIÇÕES 2018
Brain Drain Por Rubens Menin Teixeira de Souza*
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sei deliberadamente a expressão inglesa no título desse depoimento, em substituição à equivalente “drenagem de cérebros” da nossa bela língua portuguesa, porque é com ela que o fenômeno tem sido reconhecido e interpretado neste mundo globalizado atual. O Brasil, de forma muito mais marcante do que qualquer outro país de características e dimensões semelhantes, está assistindo, atônito, um movimento sem precedentes de fuga de cérebros para o exterior, entendidos estes como a identificação de indivíduos mais qualificados e melhor educados, ainda nos estágios iniciais de sua vida produtiva. Alguns tentam minimizar as dimensões e os efeitos danosos dessa evasão de cérebros apontando a existência de outros exemplos históricos que podem parecer semelhantes à primeira vista, como a densa emigração da elite indiana para a Inglaterra ou a mais recente invasão de chineses nas universidades e nos melhores postos de trabalho dos EUA e da Europa. Mas, não são fluxos comparáveis aos originários do Brasil. Como brasileiro enraizado que sou – daqueles que nunca se imaginaram deixando o nosso país – tenho refletido muito sobre isso, para constatar as diferenças das situações que se tenta equivocadamente comparar. Os indianos antes e os chineses mais recentemente buscavam as universidades e a experiência no mercado de trabalho de países mais desenvolvidos não com o propósito de imigração permanente ou de integração definitiva às comunidades que os recebiam. Preponderantemente, esses contingentes, citados como exemplo de comparações equivocadas, buscavam experiências, treinamento e capacitação superiores para aplicá-los em seu próprio país de Revista Mineira de Engenharia
origem, após o seu retorno. Tanto assim, que a maioria desses fluxos foi estimulada oficialmente ou até custeada pelos respectivos governos. A evasão de cérebros brasileiros tem características muito diferentes na maioria dos casos. Estes, não buscam um aprendizado temporário e nem costumam programar o seu retorno. Um grande número deles já parte disposto a se integrar aos países para onde vão, abertos à constituição de famílias por lá e admitindo, freqüentemente, a aquisição de nova nacionalidade. Observo esse movimento com muita preocupação, não só pelas causas que associo ao êxodo, como também, e principalmente, pelos efeitos que ele produz na nossa própria economia. Identifico na raiz do problema e na motivação desse movimento, certo sentimento de desalento entre os jovens brasileiros ou mesmo entre alguns mais maduros e melhor qualificados. Para estes, o sentimento dominante é de que, permanecendo no Brasil seriam subaproveitados, perderiam as melhores oportunidades profissionais ou teriam pior qualidade de vida, para si e para os seus filhos. Muito desse desalento teria sido potencializado pela longa crise econômica que atravessamos e pela falta de perspectiva imediata de superação harmoniosa das dificuldades dela decorrentes. Mais graves ainda são os efeitos desse fluxo. A evasão de cérebros complica mais ainda o nosso já crítico panorama econômico. De um lado, porque, junto com os cérebros evadem-se também os grandes investimentos feitos na sua formação, ou seja, perde-se o esforço nacional aplicado na caríssima educação de boa parte deles. Esse investimento produzirá benefícios no exterior e, quase sempre, pelo longo período produtivo esperado daqueles que ainda terão uma vida inteira pela frente. Essa conta deixa, dentro das nossas fronteiras, um déficit irrecuperável. Mas, o prejuízo maior é que esses cérebros que se evadem representam,
justamente, o fator necessário para que a nossa fragilizada economia volte a se recuperar e alcance padrões superiores de produtividade e desenvolvimento. Lamentável isso. Quero concluir esse depoimento com a constatação que faço acerca de um fenômeno subsidiário, mas extremamente importante na minha visão. Identifico como causa básica para o sentimento de desalento desses cérebros fujões, a inexistência de um “propósito nacional”, ou seja, de um objetivo comum capaz de empolgar todos os brasileiros ou a sua expressiva maioria, como uma força motivadora que possa unir harmonicamente os diversos estratos nacionais, neste país tão polarizado e dividido. Para deter essa evasão, temos que, antes de qualquer outra providência, buscar a convergência de propósitos e interesses, no campo político e doutrinário. E passarmos a considerar, novamente, o nosso país como sendo a terra de oportunidades para uma vida próspera e feliz, situação a ser perseguida como propósito principal de todos os brasileiros unidos em fraternal harmonia. Não há receita alternativa. * Rubens Menin Teixeira de Souza é Engenheiro Civil e Presidente do Conselho da MRV
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ESPECIAL | ELEIÇÕES 2018
A importância das propostas dos candidatos ao Governo de MG para as nossas cidades Por Danilo Silva Batista*
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vida urbana no estado de Minas Gerais tem grandes desafios. Cerca de 85% de sua população de 21 milhões de habitantes vive em cidades. O estado possui 853 municípios, com realidades muitos diversas. Os quadros de desigualdade sociais, econômicas e territoriais são recorrentes. Os candidatos ao Governo de Minas Gerais precisam estar atentos à importância das questões urbanas e apresentarem propostas efetivas para as cidades. Os planos de governo parecem ignorar a importância do tema. É imprescindível que encaremos os grandes problemas das cidades, tais como o aumento da violência social, a deficiência nas infraestruturas, a má qualidade e a falta de manutenção dos espaços públicos, a grave questão da mobilidade urbana, a falta de moradias dignas em contraponto ao excesso de imóveis públicos desocupados, a dificuldade em aliar progresso com preservação ambiental e a precária preservação do patrimônio cultural. Portanto, durante esse processo eleitoral, temos que cobrar dos postulantes ao executivo e ao legislativo, um compromisso verdadeiro com a questão urbana. As cidades são os locais onde a maciça maioria do estado vive. Promover cidades humanas, justas e sustentáveis e que preservem o patrimônio cultural e a memória do nosso estado deve ser o objetivo comum. A Arquitetura e Urbanismo e a Engenharia são essenciais para
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permitir as ações nesse sentido. Os governantes precisam trabalhar no sentido de assegurar investimentos em infraestrutura urbana e em serviços públicos e sociais, de forma a garantir a integração de todas as suas áreas à cidade, com ênfase nas periferias. As políticas de desenvolvimento urbano inclusivo devem vir associadas às ações de melhoria da segurança pública. Outra questão da qual não podemos fugir é o adensamento urbano. Não faz sentido as áreas dotadas de ampla infraestrutura, implantada pelo poder público, não serem incentivadas a receber a maior concentração possível de pessoas, permitindo a intensificação de habitação em áreas centrais, de forma que essa população possa usufruir dos diversos serviços disponíveis e mitigar os graves problemas de mobilidade urbana. Temos visto, em várias partes do mundo, ações de preservação do patrimônio histórico, aliadas ao uso de edificações tombadas tanto para moradia, inclusive via aluguel social, quanto para uso comercial e de serviços. É importante que os governantes vislumbrem essas alternativas que, além de promoverem a preservação cultural, geram benefícios econômicos e sociais. Nesse sentido, é nosso papel cobrar dos governantes uma posição assumida com relação às questões urbanas. É inadmissível que as propostas dos candidatos sejam tão pobres em termos de projetos para as cidades. *Danilo Silva Batista é Arquiteto e Urbanista e Presidente do CAU/MG Revista Mineira de Engenharia
PROPOSTAS | PRESIDÊNCIA
PROPOSTAS DOS CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA EM 2018 RELACIONADAS ÀS ENGENHARIAS (fonte: Valor Econômico)
Veja abaixo quais são as propostas dos candidatos à Presidência da República em relação aos principais temas de interesse para a engenharia, arquitetura e agronomia:
Meio Ambiente/ Sustentabilidade ÁLVARO DIAS
Replantar mata em 3,5 mil municípios e proteger os mananciais. Diz que fará a preservação e aproveitamento integral dos biomas nacionais. Investir R$ 20 bilhões ao ano para tratar esgoto e evitar a poluição das águas.
CIRO GOMES
Expandir, buscando a universalização, os serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto. Estimular a adoção, através de políticas públicas, de energias renováveis como os biocombustíveis, a biomassa, a hidráulica, solar e a eólica. Desenhar um modelo de precificação da poluição, com formas de taxar quem polui ou aprimorar o mercado de certificados de emissão de carbono.
FERNANDO HADDAD
Propõe uma mudança na matriz produtiva liderada pela adoção de tecnologias verdes modernas, flexíveis e inteligentes, capazes de responder às crescentes demandas por sustentabilidade e inovação. Fazer uma reforma fiscal verde, que progressivamente aumente o custo da poluição e que dê prêmios a investimentos e inovação de baixo carbono. A reforma incluirá a desoneração de tributos sobre investimentos verdes (isenção de IPI, dedução de tributos embutidos em bens de capital e recuperação imediata de ICMS e PIS/COFINS), reduzindo o custo tributário do investimento verde em 46,5%. Sem elevar a carga tributária, a reforma também criará um tributo sobre carbono, que já foi adotado em vários países para aumentar o custo das emissões de gases de efeito estufa. A receita será utilizada para reduzir tributos distorcivos e regressivos. Ampliar os investimentos para expandir a geração com energias renováveis (solar, eólica e biomassa). Zerar as emissões de gás de efeito estufa da matriz elétrica brasileira até 2050. Também será perseguida a meta de instalar kits fotovoltaicos em 500 mil residências por ano. Assumir o compromisso com a taxa de desmatamento líquido zero até 2022. Para a expansão da produção agropecuária, os mais de 240 milhões de hectares já abertos para agricultura e pastagens no Brasil devem ser usados de forma mais eficiente. Regular o grande agronegócio para mitigar os danos socioambientais, impedir o avanço do desmatamento, assegurar o ordenamento da expansão territorial da agricultura de escala, impedir excessos das subvenções públicas e subordinar sua dinâmica aos interesses da soberania alimentar do país. O crédito rural terá mudanças. Além de não financiar práticas produtivas ofensivas ao meio ambiente e aos direitos trabalhistas, serão valorizadas as boas práticas ambientais na agricultura. O novo marco legal do Plano Safra conterá diretriz para que, até 2030, o financiamento esteja integralmente voltado para a agricultura de baixo carbono (Plano Safra ABC). Zerar as emissões de gás de efeito estufa da matriz elétrica brasileira até 2050.
GUILHERME BOULOS
Zerar o desmatamento em todos os biomas em uma década e promover a restauração das florestas com espécies nativas. Aumentar a produtividade agrícola nas áreas já desmatadas; ampliar a fiscalização da agropecuária e contra a grilagem de terra. Confiscar bens associados a crimes ambientais e estabelecer novas áreas protegidas. Manter Usinas Angra 1 e 2 até o fim de sua vida útil, e suspender as obras de Angra 3. Revista Mineira de Engenharia
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PROPOSTAS | PRESIDÊNCIA
Meio Ambiente/ Sustentabilidade HENRIQUE MEIRELLES
Seguir com os objetivos do Acordo de Paris, elevando a participação de bioenergia sustentável na matriz energética. Incentivar o reflorestamento e estimular o investimento em energias renováveis. Acelerar programas de redução do desmatamento na Amazônia, de recuperação de nascentes e de revitalização do Rio São Francisco. Converter multas ambientais em novos recursos para serem usados em programas de conservação e revitalização do meio ambiente.
JAIR BOLSONARO
Extinguir o Ministério do Meio Ambiente e unificar as atribuições ao Ministério da Agricultura. Diz que país não pode ter política ambiental xiita nem continuar com a atual política de demarcação de terras indígenas.
JOÃO GOULART FILHO
Rever o Código Florestal para aumentar a proteção do meio ambiente. Aumentar a multa e a pena para crimes ambientais, sobretudo em casos de desastres ecológicos. Garantir a cobertura de 100% da coleta e tratamento de esgoto nos centros urbanos. Fortalecer a transição para combustíveis menos poluentes e estimular políticas de transporte coletivo .
JOSÉ MARIA EYMAEL
Proteger o meio ambiente e assegurar a todos o direito de usufruir a natureza sem agredi-la. De forma genérica, diz que vai orientar as ações de governo a partir do conceito de que "a Terra é a pátria de todos nós".
MARINA SILVA
Propõe desmatamento zero no máximo até 2030. Ampliar o sistema de monitoramento de desmatamento, degradação e mudanças na cobertura do solo e implementar medidas de financiamento e compensação, como o pagamento por serviços ambientais, mecanismos de mercado eficientes, incluindo os mercados de carbono. Promover a efetivação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, estimulando a redução do lixo, coleta seletiva, reciclagem e disposição adequada dos resíduos sólidos. Apoiar os municípios a implementarem planos de contingência e monitoramento de extremos climáticos para a prevenção e mitigação dos impactos de desastres naturais como secas, alagamentos, enxurradas e deslizamentos. Alinhar as políticas públicas aos objetivos gerais do Acordo de Paris, para uma estratégia de longo prazo de descarbonizarão da economia com emissão líquida zero de gases de efeito estufa até 2050. Criar um programa de massificação da instalação de unidades de geração de energia solar fotovoltaica distribuída nas cidades e comunidades vulneráveis. Meta é chegar a 1,5 milhão de telhadossolares fotovoltaicos de pequeno e médio porte até 2022, representando 3,5 GW de potência operacional. Incorporar no médio prazo uma taxa de carbono ao sistema tributário nacional, no contexto de uma ampla reforma tributária. Implantar o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões e outros mecanismos para introduzir a precificação das emissões de gases de efeito estufa.
Os candidatos Cabo Daciolo, Geraldo Alckmin, João Amoedo e Vera Lúcia não possuem propostas específicas sobre o tema. 10
Revista Mineira de Engenharia
PROPOSTAS | PRESIDÊNCIA
Infraestrutura ÁLVARO DIAS
Investir mais R$ 1,2 trilhão em infraestrutura até 2022 .
CABO DACIOLO
Pavimentar 100% das rodovias federais e trabalhar para pavimentar as estaduais e municipais em articulação com os governos dos Estados e municípios.
CIRO GOMES
Investir pelo menos 5% do PIB em infraestrutura. Diz que o Estado deve ser indutor do crescimento. No programa de governo, diz que pretende investir em obras de infraestrutura cerca de R$ 300 bilhões ao ano, através de investimento público ou estimulando o setor privado a fazê-lo. Implantar o Projeto Nacional de Desenvolvimento, com foco no combate à desindustrialização. Defende investimentos em cinco setores para gerar empregos. Investir pelo menos 5% do PIB em infraestrutura. Incentivar o atual modelo de concessões e Parcerias Público Privadas e fortalecer o papel do BNDES nesse processo. Revogar o teto de gastos. Para Ciro, é "imperativo" derrubar a Emenda Constitucional 95, que limita por vinte anos os gastos públicos.
FERNANDO HADDAD
Estado deve voltar a ser indutor do crescimento e investir em infraestrutura. A realização de obras públicas deve puxar o setor privado e gerar oito milhões de empregos em quatro anos. Retomar obras orçadas em R$ 120 bilhões, financiadas parcialmente com recursos de reservas internacionais. O fundo de investimentos será composto por 10% das reservas internacionais, contribuição de bancos públicos e debêntures, para financiamento de projetos de infraestrutura. Revogar o teto de gastos por "impor uma ortodoxia fiscal permanente". Promete revogar também a reforma trabalhista, as mudanças no marco regulatório do pré-sal e a reforma do ensino médio.
GERALDO ALCKMIN
Manter o teto de gastos. Reduzir Imposto de Renda para empresas.
GUILHERME BOULOS
Criar um plano emergencial de obras públicas, com investimentos em infraestrutura, saneamento, moradia, saúde e educação. Fazer o Estado ser agente da recuperação econômica com distribuição de renda em um novo modelo de desenvolvimento. Permitir o financiamento de longo prazo a taxas de juros subsidiadas via BNDES e outros bancos públicos para inovação e investimentos das empresas nos setores-chaves.
HENRIQUE MEIRELLES
Reservar R$ 80 bilhões para a conclusão de cerca de 7 mil obras paradas no país, como estradas, ferrovias, portos, creches, escolas.
Revista Mineira de Engenharia
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PROPOSTAS | PRESIDÊNCIA
Infraestrutura JOSÉ MARIA EYMAEL
Incentivar a construção civil, através de política tributária específica e políticas de desenvolvimento urbano e saneamento básico.
MARINA SILVA
Priorizar obras de infraestrutura com rápida e significativa criação de empregos formais e que favoreçam as perspectivas de crescimento da economia no médio e longo prazo, em especial, obras de saneamento e transportes. Na área de saneamento, revisar a política de subsídios cruzados entre municípios e usuários por meio da tarifa, buscando favorecer o atendimento das regiões mais carentes e pobres do país. Incentivar PPPs e concessões. Para evitar a corrupção em obras públicas, propõe tornar obrigatória a contratação do seguro-garantia para obras públicas, que exige a apresentação de projeto executivo como pré-requisito e institui mecanismos eficazes e transparentes de fiscalização e acompanhamento. Contra o teto de gastos, considerado como medida "inexequível" pela equipe de Marina.
VERA LÚCIA
Adotar um projeto socialista de desenvolvimento. Planos de obras públicas para gerar emprego e resolver problemas estruturais, como o déficit de saneamento básico, escolas e hospitais, financiado com os recursos que hoje pagam a dívida pública e as isenções fiscais às grandes empresas. Revogar a regra do teto de gastos e a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Os candidatos Jair Bolsonaro, João Amoedo e João Goulart Filho não possuem propostas específicas sobre o tema.
Energia ÁLVARO DIAS
Não privatizará a Petrobras "em um primeiro momento", mas, sim, o "entorno" da estatal. Quer estabelecer competição na prospecção, exploração de petróleo, distribuição, refinarias. Promoverá mudanças na política de preços da estatal, utilizando como referência os custos de produção do barril de petróleo no Brasil e não no exterior.
CIRO GOMES
Não vai privatizar a Eletrobras e quer voltar aos percentuais anteriores na lei partilha para a exploração do petróleo e gás nas áreas do pré-sal. Diz que se Eletrobras for vendida pela gestão Michel Temer, vai reverter o negócio. Margem de lucro da Petrobras deve ser de 3%. Segundo Ciro, é um lucro em linha com o que o mundo concorrencial ganha. Diz que mudará a forma de gestão da empresa petrolífera. Expropriar todos os campos de petróleo leiloados para empresas estrangeiras no governo Temer.
FERNANDO HADDAD
Suspender a venda de ativos da Petrobras. Segundo Haddad, o PT não pretende privatizar a Eletrobras. Ampliar os investimentos para expandir a geração com energias renováveis (solar, eólica e biomassa). Também será perseguida a meta de instalar kits fotovoltaicos em 500 mil residências por ano. Multiplicar as Parcerias Público Privadas(PPPs). Uma das propostas é realizar uma PPP nacional para substituição da iluminação pública de todo o país, trocando as lâmpadas convencionais pelos modelos de LED, com maior luminosidade e menor consumo.
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Revista Mineira de Engenharia
PROPOSTAS | PRESIDÊNCIA
Energia GERALDO ALCKMIN
Não vai privatizar Petrobras. Promete limitar a atuação da empresa à prospecção de petróleo. Vai acabar com o monopólio da petrolífera, vender a distribuidora e os campos maduros da empresa no pós-sal .
HENRIQUE MEIRELLES
Defende a pulverização do capital da Petrobras, aumentando o capital privado na Petrobras e fazendo com que a Petrobras seja capitalizada cada vez mais por capital privado, principalmente da Bolsa.
JAIR BOLSONARO
Crítico da política de preços da Petrobras. É contra o repasse diário do aumento do preço das refinarias para o consumidor, apesar de dizer que é preciso deixar o mercado fluir por si só. Os preços praticados pela Petrobras deverão seguir os mercados internacionais, mas as flutuações de curto prazo deverão ser suavizadas com mecanismos de hedge apropriados. Quebrar o monopólio da Petrobras na cadeia do gás natural. No programa de governo, diz que a estatal terá que vender “parcela substancial” de sua capacidade de refino, varejo, transporte e outras atividades em que tem poder de mercado. A Petrobras deverá seguir os preços internacionais do petróleo e que “flutuações de curto prazo serão suavizadas por mecanismos de hedge”. Propõe acabar com as exigências de conteúdo local para exploração de petróleo e diz que “assim a indústria naval brasileira será compelida a investir e alcançar maiores níveis de produtividade”. O presidenciável também se compromete a discutir com os Estados a redução dos tributos sobre energia e combustíveis .
JOÃO AMOEDO
Primeira estatal a ser privatizada seria a Eletrobras. Defende o fim do monopólio da Petrobras, mas admite um controle no preço do combustível. Os reajustes poderiam acontecer de forma mensal ou quinzenal para facilitar o planejamento de quem trabalha "na ponta da operação". Privatização da Petrobras pode seguir modelo da Telebras, de dividir as atividades.
MARINA SILVA
Contra a política de preços da Petrobras. Defende que o reajuste nas refinarias não deve ser repassado diariamente para o consumidor. Analisa que a Petrobras precisa estar integrada com a economia de mercado, mas deve ter mecanismos para assimilar variações do preço do barril do petróleo.
VERA LÚCIA
Reestatizar as empresas privatizadas; isso inclui Petrobras e todas as outras estatais. Estatizar as cem maiores empresas brasileiras e colocá-las sob o controle dos trabalhadores.
Os candidatos Cabo Daciolo, Guilherme Boulos, João Goulart Filho e José Maria Eymael não possuem propostas específicas sobre o tema. Revista Mineira de Engenharia
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PROPOSTAS | PRESIDÊNCIA
Transporte ferroviário, rodoviário, aéreo e hidroviário
CABO DACIOLO
Ampliar hidrovias e ferrovias para d esafogar a m alha r odoviária e estimular o desenvolvimento econômico do país.
FERNANDO HADDAD
Municipalizar a Cide, tributo que incide sobre os combustíveis.
Os demais candidatos não possuem propostas específicas sobre o tema.
Ciência e Tecnologia Não há p ropostas específicas, e xceto a do candidato F ernando Haddad, que propõe “Expandir as matrículas no ensino superior e nos ensinos t écnico e p rofissional. A mpliar os i nvestimentos em ciência, tecnologia e inovação. Universidades e Institutos Federais serão fortalecidos, interiorizados e expandidos e seus orçamentos serão recompostos”. 14
Revista Mineira de Engenharia
PROPOSTAS | GOVERNO DO ESTADO
PROPOSTAS DOS CANDIDATOS AO GOVERNO DE MINAS GERAIS EM 2018 RELACIONADAS ÀS ENGENHARIAS (fontes Folha de São Paulo / UOL)
Veja abaixo quais são as propostas dos candidatos ao Governo de Minas em relação aos principais temas de interesse para a engenharia, arquitetura e agronomia:
Meio Ambiente/ Sustentabilidade ADALCLEVER LOPES
Uso de novas fontes de energia, como eólica e solar. Aumentar a agilidade no licenciamento ambiental. Exercer protagonismo na revitalização do Rio São Francisco e na recuperação do Rio Doce.
ANTÔNIO ANASTASIA
Diversificar matriz energética, tratar esgoto, recuperar rios e proteger nascentes. Promover turismo ecológico. Desburocratizar procedimentos, sem prejuízo da fiscalização. .
CLAUDINEY DULIM
Fomento à utilização de energias renováveis (hidráulica, eólica, biomassa e solar) .
DIRLENE MARQUES
Maior dotação orçamentária para a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) e o Instituto Estadual de Florestas (IEF). Taxação, pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA), do uso de água para mineração. Contestar judicialmente a privatização d e fontes d e água n aturais. Avaliar a i senção d o ICMS s obre energias renováveis. Criação da Rede de Estados Verde, em parceria com outros governos, para atuar na coordenação de políticas públicas para o meio ambiente.
FERNANDO PIMENTEL
Agilizar e simplificar d emandas de l icença a mbiental, tornando o p rocesso eletrônico. Ampliar apoio a comitês de bacias hidrográficas.
JOÃO BATISTA DOS MARES GUIA
Estatais de água e energia (Copasa e Cemig) terão papel importante na preservação de recursos naturais, como a água.
Os candidatos Jordano Metalúrgico e Romeu Zema não possuem propostas específicas sobre o tema. Revista Mineira de Engenharia
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PROPOSTAS | GOVERNO DO ESTADO
Mobilidade Urbana ANTÔNIO ANASTASIA
Reduzir tempo e custo de deslocamentos, integrando regiões distantes e diversos modais. .
DIRLENE MARQUES
Aumentar o valor do vale-transporte para desempregados e estudantes. Aumentar o valor do vale-transporte para desempregados e estudantes. Estatização do transporte coletivo.
FERNANDO PIMENTEL
Prevê criação de Plano de Mobilidade do Transporte Intermunicipal.
JORDANO METALÚRGICO Estatização do transporte coletivo.
Os demais candidatos não possuem propostas específicas sobre o tema.
Infraestrutura ADALCLEVER LOPES
Criar programa de parceria público-privada para investir em infraestrutura.
ROMEU ZEMA
Participação d e entidades privadas p ara construir ferrovias, m odernizar estradas e construir portos secos.
Os demais candidatos não possuem propostas específicas sobre o tema.
Energia Não há propostas específicas para energia de nenhum candidato; as menções referem-se prioritariamente a meio ambiente. 16
Revista Mineira de Engenharia
PROPOSTAS | GOVERNO DO ESTADO
Transporte ferroviário, rodoviário, aéreo e hidroviário ADALCLEVER LOPES
Estabelecer parcerias com governo federal e municípios para melhorar malha viária.
JORDANO METALÚRGICO
Investimento em transporte ferroviário .
Os demais candidatos não possuem propostas específicas sobre o tema.
Ciência e Tecnologia JOÃO BATISTA DOS MARES GUIA
Estatais de água e energia (Copasa e Cemig) terão papel importante na preservação de recursos naturais, como a água.
Os demais candidatos não possuem propostas específicas sobre o tema.
Revista Mineira de Engenharia
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Engenheiros demitidos, admitidos e mĂŠdia salarial de 2015-16 e 17 2015
9.500
2016
2017 R$ 8.814
9.000 R$ 8.264
8.500 8.000 R$ 7.712 R$ 7.806
R$ 7.957 R$ 7.601
R$ 7.808
R$ 7.784 R$ 7.543
R$ 7.664
R$ 7.811
R$ 8.435
R$ 8.576
R$ 8.024
R$ 8.617
R$ 8.520 R$ 8.109
R$ 7.702
R$ 7.913
R$ 8.096
R$ 8.000
R$ 8.208
R$ 8.084 R$ 8.147
2018 R$ 9.000
R$ 8.927 R$ 8.579 R$ 8.232
R$ 8.204 R$ 8.125
R$ 8.135
R$ 8.109
R$ 8.306
R$ 8.295
R$ 8.323
R$ 8.165
R$ 8.126
R$ 7.887 R$ 7.749 R$ 7.818
R$ 7.950 R$ 7.923
7.500 7.000 6.500 6.000
R$ 5.985 R$ 5.924
R$ 6.208
R$ 6.328 R$ 6.066
R$ 6.263
R$ 6.494
R$ 6.540 R$ 6.180 R$ 6.146 R$ 6.196 R$ 6.139 R$ 6.265 R$ 6.231 R$ 6.221 R$ 6.201 R$ 6.241
R$ 6.231
R$ 6.413
R$ 6.316
R$ 6.472 R$ 6.449 R$ 6.482
R$ 6.704 R$ 6.250
R$ 6.387 R$ 6.453
R$ 6.594
R$ 6.433
R$ 6.818 R$ 6.763
R$ 6.530 R$ 6.226
R$ 6.140
R$ 6.416 R$ 6.502
R$ 6.480 R$ 6.393 R$ 6.376 R$ 6.468
R$6.642
R$ 5.983
5.500 4.786
5.000 4.500
4.349
4.308
4.587
4.443
4.547
4.406
4.154
4.035
4.103
4.097 3.835
4.000
3.734 3.000
2.967
3.489
3.425
3.429
3.500
4.108
3.998
3.081
2.875
2.825
3.619
3.482
3.661
3.553
3.566
3.431
3.550
3.538 3.136
3.037 2.752 2.868
2.500
3.695
2.673
2.329
2.241
2.317
2.284
1.988
2.000
2.184
2.911
2.565
2.400 2.132
2.371 2.111
2.105 1.830
1.445
1.500
2.230
2.372
3.152
1.461
2.275
3.123
2.308
3.136
2.284
2.963 2.473
2.941 2.584
2.573
2.655
2.233
2.151
2.795
2.870
2.798 2.512
2.749 2.648
2.949 2.646
2.579 2.556
2.015 1.540
1.000 500 0 jan/15 fev/15 mar/15 abr/15 mai/15 jun/15
Admitidos
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jul/15 ago/15 set/15 out/15 nov/15 dez/15 jan/16 fev/16 mar/16 abr/16 mai/16 jun/16
Desligados
MĂŠdia Salarial Admitidos
jul/16 ago/16 set/16 out/16 nov/16 dez/16 jan/17 fev/17 mar/17 abr/17 mai/17 jun/17
jul/17 ago/17 set/17 out/17 nov/17 dez/17 jan/18 fev/18 mar/18 abr/18 mai/18 jun/18
MĂŠdia Salarial Desligados
Revista Mineira de Engenharia
2.974 2.755
2.800 2.447
ESPECIAL | ELEIÇÕES
ESPAÇO DOS CANDIDATOS Com o objetivo de manter o nosso público informado sobre os planos de governo dos candidatos à Presidência da República e ao Governo de Minas, abrimos este espaço para que cada candidato pudesse se dirigir aos engenheiros,
arquitetos e agrônomos para destacar suas propostas nos assuntos mais importantes para a categoria. Importante ressaltar que todos os candidatos foram contactados por nossa equipe, mas nem todos deram retorno.
CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA Álvaro Dias:
“NÃO DEIXAREMOS NINGUÉM PARA TRÁS”
pregos e renda. Vamos simplificar e reduzir o modelo de tributação, rever a estrutura de gastos públicos e incentivar novos investimentos. Nossa meta é promover um crescimento médio de 5% ao ano, que será alcançado por meio do estímulo ao empreendedorismo e do aumento e melhoria na qualidade da infraestrutura. Até 2022, pretendemos investir mais de R$ 1,2 trilhão em infraestrutura. Setores como transporte e logística, saneamento básico, energia elétrica, telecomunicações e descarte de resíduos sólidos terão prioridade. A recuperação da infraestrutura é fundamental para melhorar os resultados dos setores produtivos, em especial da agricultura e da indústria de base. Investir em energia também é essencial para o crescimento do Brasil. Asseguraremos o suprimento, melhoraremos a qualidade e reduziremos os cursos da energia elétrica, além de promover um ambiente favorável ao investimento, com regulação forte e neutra no setor.
O
meu plano de governo se inspira no trabalho realizado pelo presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961), que transformou o Brasil por meio de um ambicioso programa de industrialização e modernização. Assim como JK, o meu governo priorizará o desenvolvimento nacional, para retomar o crescimento e recolocar o país nos trilhos. Como faremos isso? Através do projeto de refundação da República, que visa substituir o atual sistema corrupto e incompetente. Para isso, será necessário a implantação de grandes reformas modernizadoras: no Estado, política, tributária, da Previdência e do sistema federativo. O meu plano de governo prevê a criação de 10 milhões de empregos, até 2022. Neste contexto, a reforma tributária é fundamental para alavancar a geração de em-
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Refundar a República significa, ainda, redefinir os marcos que expressam as instituições no país. As agências reguladoras serão também objeto desse processo de transformação, a começar pela recuperação do seu caráter técnico e independente. Elas não serão aparelhadas. Por fim, frearemos a crescente evasão de cérebros, um dos impactos mais imediatos e visíveis dos cortes no orçamento em ciência e tecnologia, promovidos nos últimos anos pelo governo federal. Nosso legado, neste campo, será entregar as metas que estabelecemos como essenciais: dobrar o orçamento federal, criar o Programa 200 gênios, integrar empresas, facilitar a liberação de patentes e dar salto nas áreas nuclear e cibernética. Algumas medidas são duras, porém fundamentais. O Brasil não deixará ninguém para trás. *Alvaro Dias é senador e candidato à Presidência da República pelo Podemos
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ESPAÇO DOS CANDIDATOS | PRESIDÊNCIA
Geraldo Alckmin:
CRESCIMENTO COM SUSTENTABILIDADE, PREVISIBILIDADE E JUSTIÇA SOCIAL
A
s propostas de Geraldo Alckmin para retomar o crescimento econômico do Brasil são pautadas pelo pilar da sustentabilidade. Todas as políticas públicas devem satisfazer os interesses dos eixos social (o bem-estar da população como forma de obter justiça social), ambiental (produzir mais com a utilização racional dos recursos naturais) e econômico (equilíbrio entre os dois primeiros objetivos e as expectativas dos agentes envolvidos, públicos ou privados). Elevar a capacidade de inovação tecnológica é, nesse sentido, tarefa indispensável para o crescimento contínuo da produtividade. O Governo Federal deve facilitar o estabelecimento das bases normativas e institucionais que favoreçam a inovação nas atividades industrial, de construção, de serviços e do agronegócio, setores onde os engenheiros, os arquitetos e os agrônomos desempenham um papel fundamental, incluindo o de educação especializada de alto nível. Uma das propostas do candidato diz respeito, portanto, ao fomento de um ecossistema que integre universidades, empresas, fundos de investimento e governo por meio da regulamentação das leis referentes à ciência, tecnologia e inovação. Ao mesmo tempo, por meio da Reforma Administrativa, haverá uma racionalização dos processos da burocracia estatal evitando-se situações onde haja conflitos de competência e indefinição quanto às autorizações necessárias. Para enfrentar os desafios da mobilidade urbana, o candidato vai priorizar o transporte público coletivo em relação ao transporte individual motorizado, além de articular e integrar os projetos de mobilidade às políticas de uso e ocupação do solo dos municípios, bem como ao acesso dos serviços públicos. Investimentos e iniciati-
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vas em mobilidade, particularmente importantes para as grandes metrópoles, serão coordenados com os demais entes federativos (Estados e municípios). Anéis viários, metrô e trens de passageiros terão de estar integrados à rede de ônibus municipais e intermunicipais. Já para as obras de infraestrutura, incluindo a retomada gradual das aproximadamente 7 mil que estão paralisadas, e para a melhoria e/ou ampliação dos modais ferroviário, rodoviário, aquaviário, aéreo e dutoviário, o planejamento prevê, sempre de acordo com a definição técnica de qual modal melhor se encaixa em cada uma das situações, incentivar a participação do setor privado nos investimentos necessários, por meio de concessões e parcerias público-privadas (PPPs). O setor público dispõe de recursos insuficientes para promover esses investimentos e, ao mesmo tempo, equacionar a grave questão da dívida pública sem onerar a sociedade ainda mais com, por exemplo, uma nova carga tributária. Em 2017, o Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) aprovou 145 projetos prioritários para o país, totalizando R$ 275 bilhões em investimentos. O Brasil precisa da iniciativa privada para alavancar o crescimento e cabe ao governo garantir que haja um ambiente de negócios que incentive essa participação, com previsibilidade e confiança nas ações, respeito aos contratos, segurança jurídica e um bom marco regulatório. As agências reguladoras, nesse contexto, terão de ser independentes de fato para que as suas decisões sejam rigorosamente técnicas, mais eficientes, permitindo acelerar o processo de incorporação tecnológica, e para que elas possam oferecer transparência na prestação de contas. No campo da logística, será dado enfoque especial na ampliação da malha ferroviária por meio das novas concessões (Ferrovia Norte-Sul em particular) e na ampliação da capacidade e dos investimentos da malha ferroviária já concedida. No âmbito da energia, as propostas preveem expandir o potencial do Nordeste na geração de energia limpa e renovável, aprimorar o marco regulatório para que o gás natural do pré-sal passe a ter uma participação mais relevante na geração de energia elétrica, fortalecer o mercado livre de energia para torná-la vetor de desenvolvimento econômico, integrar o planejamento das políticas estaduais de energia com a estratégia nacional e aprimorar o modelo de negócios da distribuição de energia elétrica frente a desafios como geração distribuída, redes inteligentes (smart grid), modernização da infraestrutura urbana e mobilidade elétrica. *Geraldo Alckmin é candidato à Presidência da República pelo PSDB Revista Mineira de Engenharia
ESPAÇO DOS CANDIDATOS | PRESIDÊNCIA
Guilherme Boulos:
“UMA NOVA FORMA DE FAZER POLÍTICA” construção de creches, escolas, universidades públicas e hospitais de qualidade, com foco em saúde preventiva, além de desenvolver uma política de segurança pública que respeite os direitos humanos. Para gerar mais empregos e renda, vamos criar também um amplo programa de apoio à agricultura familiar e ao pequeno e médio empreendedor, que hoje se deparam com burocracia e juros altos. Vamos reaquecer a economia investindo em grandes obras públicas, como estradas, ferrovias e portos, e fazendo os bancos públicos (BNDES, Banco do Brasil e Caixa) cumprirem os seus papeis.
U
ma nova forma de fazer política. Nossa proposta central assume como responsabilidade oferecer uma alternativa viável para superar a atual crise de legitimidade no Brasil, com a construção coletiva de um novo caminho mais democrático e menos desigual. Para nós, a politicagem deve dar lugar à participação ativa dos cidadãos, por meio de plebiscitos, referendos e conselhos populares. Os privilégios, que contribuem para aumentar as desigualdades sociais e econômicas, devem ser combatidos com uma Reforma Trabalhista progressiva, fazendo a classe média pagar menos e os super ricos, mais.
Convido a que todos visitem nossa página (www.vamoscomboulosesonia.com.br) e acompanhem nossas atividades nas redes, nos meios de comunicação e nos encontros que estamos promovendo por todo o país. Aqui existe um novo jeito de governar, coletivo, democrático, de baixo para cima, sem rabo preso e com muita vontade de mudança. *Guilherme Boulos é candidato à Presidência da República pelo PSOL
Também, queremos colocar um fim ao “Bolsa Empresário”, que custa R$ 280 bilhões em desonerações fiscais ao país, e aos “auxílios” e penduricalhos das altas cúpulas do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, que só aumentam o abismo que existe entre Brasília e o Brasil. Precisamos de um projeto de desenvolvimento sustentável e ecológico, que não coloque como obstáculo indígenas, quilombolas e populações ribeirinhas. A tragédia do rompimento da barragem de Mariana pela Samarco marcou a urgência de mudanças. Defendemos um processo de transição do atual modelo predatório de extração, para um modelo mais racional, com controle e participação social das comunidades diretamente atingidas. Fato também que o Brasil só voltará a crescer se o governo cumprir seu papel de investir no social e na geração de emprego. Vamos dedicar mais orçamento para a Revista Mineira de Engenharia
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ESPAÇO DOS CANDIDATOS | PRESIDÊNCIA
Henrique Meirelles: “PARA O BRASIL CRESCER COM CONFIANÇA”
Chamado pelo presidente Lula para administrar o Banco Central, lá permaneci por oito anos, produzindo os melhores resultados da economia brasileira em décadas. A inflação baixou, os juros caíram, as reservas cambiais aumentaram e o Brasil cresceu a uma média de 4% ao ano. Uma transformação feita com dedicação e confiança, que gerou um saldo de mais de 10 milhões de empregos com carteira assinada e permitiu a ascensão social de dezenas de milhões de brasileiros. Convidado pelo presidente Temer para tirar o Brasil da mais grave recessão da história, causada pelos erros de gestão do governo Dilma, montamos o dream team da economia. Em um ano, demos uma virada radical: a recessão de quase 8% do PIB ficou para trás e voltamos a crescer. A inflação despencou de mais de 10% para menos de 3% ao ano. Os juros são os menores da história.
S
ou candidato à Presidência da República para que os brasileiros voltem a acreditar na sua capacidade de crescer e de construir um País melhor. Temos o único projeto capaz de fazer o Brasil avançar com confiança. Nesses dias de caminhada, visitei quase todos os Estados, ouvindo lideranças políticas, comunitárias, empresariais e religiosas. Colhi sugestões e debati soluções. O Brasil está cansado dessa briga de extremos, de esquerda e de direita, que querem nos levar a um passado que deu errado. Os altos índices de indecisos nas pesquisas de opinião mostram que o eleitor desconfia, com razão, dessas alternativas ultrapassadas. Temos o melhor programa para o Brasil seguir em frente, com propostas modernas, eficientes e equilibradas. Trago a experiência de quem obteve êxito na iniciativa privada e na gestão pública. Tenho uma biografia íntegra e a consciência honesta de que devo retribuir, com trabalho e espírito público, o que a educação pública do Brasil me proporcionou. Nasci em Goiás, no coração geográfico do nosso país, e estudei em escola pública. Formado em engenharia pela Universidade de São Paulo, e com mestrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, fui o primeiro e único brasileiro a presidir uma instituição financeira global. Presidente mundial do BankBoston, comandava filiais em 32 países do mundo, com centenas de bilhões de dólares em investimentos. Zelei com correção pela confiança que mais de 20 milhões de famílias depositaram em mim, na minha equipe, na instituição que comandei naquela época. Deixei a iniciativa privada e me tornei o deputado federal mais votado da história do meu estado, em 2002.
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O mundo para mim não se divide entre quem gosta do Lula e quem não gosta. Entre quem gosta do Temer e quem não gosta. O mundo se divide entre quem está presente quando o Brasil precisa e quem se omite. Fui enfrentar a crise, enquanto muitos que estão aí agora, se dizendo salvadores da pátria, se esconderam. Quem hoje canta soluções fáceis para nossos problemas não apresentou nenhuma proposta na hora em que o Brasil precisou. Nunca gastou uma gota de suor para tirar o Brasil do atoleiro da Dilma. Eles agora querem voltar ao passado. Nós queremos construir um futuro novo, próspero, ousado, solidário, com igualdade de oportunidades. Queremos uma nação integrada ao mundo e contemporânea do século 21. Na educação, por exemplo, nosso programa prevê investimento forte em creches e na pré-escola para mudar esse sistema que perpetua as desigualdades. A educação, desde a primeira infância, é a chave para igualar oportunidades no futuro. Vamos criar um sistema de financiamento, como o ProUni, para que as mães e os pais de famílias mais carentes possam ter a garantia de vaga nas creches particulares para seus filhos pequenos. Temos excelentes programas para a educação, a saúde, a segurança, a infraestrutura, a agricultura, o meio ambiente, o transporte, o saneamento, a habitação. Mas no mundo de hoje não basta apenas ter ideias corretas. Elas precisam ser realistas, bem planejadas e precisam ser implantadas com eficiência, como eu sempre fiz. No dia 7 de outubro, cada brasileiro terá o poder de decidir quem será o melhor gestor, quem tem capacidade para fazer reformas, para criar uma nova política. Eu me preparei para liderar essa transformação. Vamos, a partir de hoje, construir uma nova história para um Brasil do tamanho dos nossos sonhos. Henrique Meirelles, 73 anos, foi presidente mundial do BankBoston, presidente do Banco Central do Brasil (2003-2010) e ministro da Fazenda (2016-2018). Revista Mineira de Engenharia
ESPAÇO DOS CANDIDATOS | PRESIDÊNCIA
João Goulart Filho:
DISTRIBUIR A RENDA, SUPERAR A CRISE E DESENVOLVER O BRASIL
E
sta eleição está sendo realizada num momento grave da vida nacional. Vivemos a maior e mais profunda crise de nossa história. Ela é resultado da insistência num modelo econômico dependente, onde nossa estrutura produtiva se insere de maneira subalterna no cenário internacional. Por conta disso, o país permanece como exportador de produtos primários e comprador de tecnologia de ponta. A camisa de força deste modelo acarreta uma violenta desigualdade social. Ao concentrar a renda como poucos países do mundo, ele impede o surgimento de um mercado interno. O resultado é que não crescemos de forma autônoma. A renda concentrada na mão de poucos, fruto deste modelo, se dirige para a especulação ou para fora do país. Segundo o Banco Central, sessenta mil pessoas detêm hoje 2 trilhões de reais aplicados no exterior. Os bancos que atuam no Brasil, fruto do controle que o cartel financeiro exerce sobre o BC, obtêm hoje a maior rentabilidade do planeta. Em contraste, o salário mínimo do Brasil é um dos menores do mundo. Menor até do que o do nosso vizinho, o pequenino Paraguai. Com esses salários o país não tem como crescer. Para superar esse impasse, vamos dobrar o valor real do salário em quatro anos, com 20% já no primeiro ano de governo. Paralelo a isso, pretendemos reduzir os juros básicos da economia para patamares internacionais e retomar os investimentos públicos. Revista Mineira de Engenharia
A drenagem externa, provocada pelas trocas desiguais, e a drenagem de recursos para a especulação financeira, são os entraves que temos que vencer para garantir o nosso desenvolvimento. O Brasil envia para fora do país, a título de royalties e remessas, cerca de R$ 170 bilhões todos os anos e paga, somente de juros da dívida, a cifra de R$ 400 bilhões anualmente. Nenhum país do mundo suporta esta situação. Este modelo subalterno está provocando estagnação e destruindo nossa indústria. De 1980 até hoje o país cresceu em média de 2% ao ano. Como a população cresceu nesta ordem de grandeza, podemos dizer que estamos estagnados desde então. As medidas neoliberais, tomadas a partir de 2014, agravaram a situação e o país afundou na recessão. 27,6 milhões de trabalhadores, segundo dados do IBGE, foram desempregados ou estão fazendo bicos. Nossas estatais começaram a ser desnacionalizadas no período FHC e nos governos do PT e PMDB, mais 2.718 empresas públicas e privadas foram compradas por estrangeiros, segundo a KPMG. Nossa indústria de transformação, que já foi responsável por 30% da riqueza produzida no país, hoje não passa de 11%. Ou seja, estamos vivendo um processo de desindustrialização e desnacionalização sem precedentes em nossa história. Nossa candidatura visa enfrentar essa dramática situação. Não vamos seguir administrando a crise com ajustes neoliberais, como vem ocorrendo nos últimos governos. Nosso objetivo é superá-la com investimentos públicos, com valorização dos salários e aposentadorias, com a ampliação do mercado interno e a defesa intransigente de nossas empresas nacionais. *João Goulart Filho é candidato à Presidência da República pelo PPL
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ESPAÇO DOS CANDIDATOS | GOVERNO DO ESTADO
CANDIDATOS AO GOVERNO DE MINAS Adalclever Lopes investimentos, e ser um aliado do empresário e do investidor, que geram emprego e renda para a nossa população. Só assim vamos crescer.
S
enhores Engenheiros,
Minas Gerais passa hoje pela pior crise de sua história. Perdeu competitividade em todos os indicadores econômicos e sociais. Perdeu o respeito e o prestígio que um dia teve na política nacional e perdeu totalmente a sua capacidade de negociação e captação de recursos e investimentos nacionais e internacionais.
Não é uma tarefa simples. Teremos que reerguer um estado com características de pós-guerra. O povo mineiro precisa saber a verdade. A reconstrução de Minas Gerais não será e não pode ser tarefa de um Governador isolado em seu gabinete. O estado precisa que todos os mineiros se unam em torno de um objetivo maior, que é recuperar a grandeza de Minas Gerais acima das disputas partidárias e polarizações que nos trouxeram para este buraco. Tenho certeza que é possível e que a união dos mineiros será capaz de transformar a realidade que vivemos hoje através de uma gestão comprometida, austera, séria e com planejamento. Coloco meu nome e a minha história à disposição dos engenheiros e engenheiras de Minas para oferecer minha contribuição e ao lado de vocês trabalhar para reerguer o nosso estado.
Apesar de ser um estado com tantas demandas e oportunidades, Minas hoje se apresenta com baixíssima capacidade para atrair empresas e investidores e melhorar sua infraestrutura e o bem-estar dos mineiros. De forma inexplicável nos transformamos em um Estado hostil aos que aqui desejam investir (ou já investem) e aos que desejam produzir e comercializar bens e serviços. A vida do empresário e do industrial em Minas Gerais é assombrada diariamente pela alta carga tributária (que cresce em desigualdade com o cenário brasileiro), pela concorrência desleal com outros estados fronteiriços e com o pesadelo burocrático que congela centenas de oportunidades de investimentos e crescimento do estado. É sabido que se o próximo governador não colocar as contas do estado em dia iremos ao colapso. Como governador serei determinado na busca da expansão da economia, em todas as regiões do Estado, tendo a Responsabilidade Fiscal como premissa e prioridade acima de qualquer outra. A única forma de “arrumar a casa” é reduzindo despesas e aumentando receitas. Para isso, precisamos negociar o débito da União com Minas, buscar
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Antonio Anastasia:
“JUNTOS, VAMOS RECONSTRUIR MINAS” destruído pelo governo atual, algumas diretrizes são essenciais, entre elas a simplificação e a desburocratização de processos e estruturas do governo, incluindo licenciamentos. Essas diretrizes do meu plano de governo são fundamentais para resgatarmos a credibilidade do Estado. Precisamos que os empreendedores voltem a acreditar em Minas, para colocar em prática novos negócios ou a expansão daqueles já existentes. Também é imperativo buscar o crescimento ambientalmente sustentável, por meio de iniciativas como a diversificação da matriz energética, tratamento de esgoto, recuperação de rios, proteção de nascentes e novos negócios ligados à economia de baixo carbono. Nesse contexto, a desburocratização de procedimentos ambientais, sem prejuízo da fiscalização, merece atenção.
O
s grandes desafios do próximo governador de Minas são retomar a geração de emprego, ampliar a renda per capita dos mineiros e reduzir as desigualdades entre pessoas e regiões, o que depende fundamentalmente da educação e de um ambiente favorável às atividades econômicas. Hoje, a economia mineira ainda está fortemente atrelada à agropecuária e à mineração. Precisamos avançar, agregar valor à produção e diversificar a economia.
Investimentos em escolas e hospitais, combinados aos da infraestrutura, também precisam ser retomados, assim que possível. E há que ser buscada uma plataforma de transporte e logística moderna, com articulação de modais, em resposta à situação de precariedade atual, ausência de planejamento e de equipamentos de infraestrutura em construção. Hoje, os gargalos estão se multiplicando e exaurindo a capacidade do poder público de investir. Mas, com uma equipe técnica e parcerias com o setor privado, se eleito, vamos encontrar soluções criativas para reconstruir Minas.
Nas cadeias globais de produção e comércio que dispõem de forças de trabalho jovens, qualificadas e empreendedoras existem grandes oportunidades de inovação. Nelas, Minas deve se inspirar e ousar. Setores produtivos com potencial para inserção internacional podem ser ampliados, por meio de novas técnicas e difusão de melhores práticas. Inovações tecnológicas e empresariais geradas por startups também terão prioridade e, para isso, Minas envidará esforços no desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação, em parceria com o mercado, universidades e centros de referência. De 2015 para cá, houve uma queda brutal nos investimentos privados e públicos. Cabe à iniciativa privada os principais investimentos, mas compete ao Estado criar condições favoráveis. Para retomarmos esse ambiente Revista Mineira de Engenharia
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Dirlene Marques
casas, comércios e propriedades rurais. Nosso governo irá criar linhas de financiamento para a geração de energia solar fotovoltaica para pessoas físicas e jurídicas, bem como para conjuntos habitacionais, estimulando assim a micro e mini geração de energia.
A
s propostas do PSOL para o governo de Minas Gerais, na chapa encabeçada por Dirlene Marques e que tem Sara Azevedo como candidata à vice, abordam um viés popular, contendo propostas socioeconômicas que prezam pela renovação. Em relação ao meio ambiente, nosso foco é o desenvolvimento sustentável. Iremos implementar e incentivar a agroecologia no Estado, como uma alternativa às iniciativas econômicas predatórias, como o agronegócio. A dívida ecológica também está em nossa pauta. Queremos que seus autores sejam responsabilizados, ressarcindo os mineiros pela devastação ambiental realizada pela mineração. Desse modo, iremos garantir que haja maior fiscalização e efetiva aplicação da legislação ambiental.
Pontuamos ainda que o PSOL não acredita em completa liberdade para atuação das grandes empresas privadas. Todo tipo de atividade econômica com caráter estratégico demanda regulamentação estatal. Hoje, um dos grandes problemas das agências reguladoras é que não atuam para representar os interesses da sociedade, assim como não estabelecem ou aplicam medidas efetivas que façam com que as empresas, em seus respectivos ramos, ajam de acordo com essas necessidades. Nossa proposta é que as agências possuam mais estrutura e autonomia para fiscalizar e aplicar a lei, além de incentivar a participação popular nos processos de fiscalização e debate.
Pensar as cidades de Minas passa pela adoção de estratégias bem planejadas. Faremos uma revisão estratégica de planejamento de mobilidade urbana, para que possamos garantir a todos e todas o acesso às cidades. Pensar mobilidade urbana significa também estar em consonância com os movimentos populares por moradia e suas linhas alternativas de intervenção na questão habitacional. Também faz parte de nosso programa de governo a recuperação de estradas e áreas urbanas. Investiremos em obras públicas para manutenção e ampliação das estradas, sem a criação de pedágios. Não esqueceremos também da questão energética. Minas Gerais tem um potencial imenso em relação à geração distribuída de energia solar, concentrado em seis microrregiões do estado. Investiremos em sistemas que permitam que o próprio consumidor produza sua energia, com equipamentos instalados nos telhados de
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Romeu Zema
governo. O que pode ser feito, com estudos, é a desoneração do IPVA para os cidadãos. Se motoristas pagam pedágio para rodar em estradas melhores, pode haver redução no imposto. FERROVIAS
A
gradeço a Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) pelo espaço para divulgar minhas ideias e propostas para Minas.
Sou mineiro de Araxá, tenho dois filhos, administrador com mais de 30 anos de experiência em gestão. Decidi entrar na vida pública pelo sentimento de indignação. No NOVO 30 tive a certeza de que poderei ser útil. Lembro que o próximo governo terá um trabalho difícil. Nosso estado está na pior crise da história. Não é ético, nem possível, fazer promessas. Um compromisso que já assumi é não receber salários até colocar o pagamento dos servidores em dia. Abaixo alguns dos temas que gostaria de abordar: INFRAESTRUTURA Em relação aos temas propostos, começo pelas estradas. Minas possui a maior malha rodoviária do Brasil - quase 270 mil km de estradas. São mais de 7 mil Km de rodovias federais, quase 24 mil km de estaduais, e cerca de 240 mil km de municipais. A fiscalização e manutenção deste número de estradas é uma grande responsabilidade. Em nossas estradas, as federais são totalmente pavimentadas. As estaduais têm 14 mil km pavimentados e quase 10 mil km sem asfalto. Mas, nas estradas municipais, a maioria não possui pavimentação - forte motivo para colocar em dia os repasses para os municípios. Temos bons exemplos de rodovias privatizadas, que possuem manutenção e atendimento aos usuários de muita qualidade. Então, a privatização de rodovias economicamente viáveis é benéfica para a população e para o
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Já fomos um estado ferroviário. Hoje temos ferrovias administradas por empresas privadas, que atendem ao escoamento da produção de minério. As viagens com passageiros são opções regionais para o turismo. A solução envolve conversas com as mineradoras, a ANTT e as entidades interessadas em reativar o transporte ferroviário de passageiros. Pelo momento econômico, o governo pode intermediar conversas, facilitar regulamentação e estudos para voltarmos a ter boas ferrovias para passageiros. Parcerias Público-Privadas são a melhor opção. MEIO AMBIENTE O meio ambiente é extremamente importante. Nesta questão, o estado deve focar em uma gestão técnica. É preciso distanciar estado e governo. Precisamos de políticas de estado de caráter técnico, profissional. Promoveremos a valorização do pessoal técnico que saberá trabalhar fiscalização e licenciamento. Os pequenos empreendimentos precisam de liberdade para se implantar e prosperar. Já os grandes empreendimentos podem apresentar, além dos estudos obrigatórios, seguros sobre sua atividade. Seguradoras fiscalizarão com muito mais eficiência e rigor que órgãos oficiais, já que serão parte interessada. O estado seguirá em sua função de regulamentação, acompanhamento e fiscalização. Obrigado por este espaço! Um abraço.
SOLIDARIEDADE, É ASSIM QUE SE COMEÇA ESSES ASSOCIADOS DA SME JÁ ESTÃO FAZENDO SUA PARTE !
SE VOCÊ CONHECE UM DESSES COLEGAS, PERGUNTE O QUE ELE TEM FEITO E SAIBA COMO VOCÊ PODE SER SOLIDÁRIO!
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DESEMPREGADOS
nos anos de 2015 e 2016 - fonte : Caged- Ministério do Trabalho
ENGENHEIROS, ARQUITETOS E AGRÔNOMOS
ATUAÇÃO DA SOCIEDADE MINEIRA DE ENGENHEIROS
Comissões Técnicas da SME
Solenidade de entrega do 25º Prêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação
Eleição para nova diretoria
SME participa ativamente de discussões sobre o contrato de ferrovias
Posse da nova diretoria
A SME e o Diário do Comércio realizaram a 16ª edição do Diálogos DC
SME no Congresso Nacional
Projeto SME 12:30 aborda tema de infraestrutura aeroportuária
Seminário discute mobilidade e qualidade de vida
Venha se associar!
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