Revista Mineira de Engenharia

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ISSN 2447-813X

REVISTA MINEIRA DE

ENGENHARIA

FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT

REVISTA DA SME - SOCIEDADE MINEIRA DE ENGENHEIROS

ANO 9 | EDIÇÃO 38 | AGOSTO/SETEMBRO/OUTUBRO 2018

Eleições 2018 Saiba quais são as propostas dos candidatos à Presidência e ao Governo de Minas para a área.

Veja também a opinião de: Joel Krüger

José Carlos Carvalho

Sergio Leite

Rubens Menin

Danilo Silva Batista


SME JÁ ESTÁ FAZENDO SUA PARTE ! PROPOSTAS A FAVOR DA ENGENHARIA PELO FORTALECIMENTO DA SME 1. Posicionar-se como SME sobre políticas de Nação e assuntos pertinentes aos engenheiros e à engenharia; 2. Tornar a entidade mais representativa, ten-

do como meta a atração de mil novos associados em três anos, com especial atenção àqueles do interior de Minas;

3. Fortalecer as comissões técnicas, que são a base da entidade; 4. Criar comissões especiais com a participação de convidados, profissionais de outras áreas das ciências e tecnologias como: mudanças climáticas, educação, mobilidade, cidades inteligentes, energia, desenvolvimento econômico, código de mineração, sustentabilidade ambiental, agenda 2030/ONU, desenvolvimento regional. 5. Adotar a governança transparente, com a

PELO apoio aos engenheiros 7. Desenvolver programas de apoio ao enge-

nheiro desempregado e criar a Sala do Engenheiro na SME;

8. Criar uma incubadora de engenharia, acolhendo startups, projetos e iniciativas de engenheiros empreendedores; 9. Promover campanhas específicas para atração e envolvimento de engenheiras e recém-formados; PELa melhor comunicação com a classe e a sociedade 10. Reformular o site da SME, de forma mais

interativa;

11. Revigorar a Revista Mineira de Engenharia em papel e em meios digitais.

12. Reformular a Medalha do Engenheiro do Ano, agregando novas premiações ao evento.

13. Promover a volta do restaurante da SME concomitante a um café.

divulgação de balanços técnicos, administrativos e financeiros.

14. Retornar o projeto “Ponto e Contraponto” vi-

6. Reformular o estatuto, tornando a entidade

15. Retornar o projeto “SME 12h30” com te-

mais democrática, dinâmica e inclusiva.

sando debate sobre temas atuais e contraditórios.

mas de interesse nacional.

chapa iNova SME | 2017-2020

NÃO EXISTE UM PAÍS DESENVOLVIDO SEM UMA ENGENHARIA FORTE !


PALAVRA DO PRESIDENTE

PENSE ANTES DE ESCOLHER Ronaldo Gusmão | Presidente da SME

“Não há nada errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam”. (Platão)

N

ossa situação ainda não é de perplexidade, mas poderia ser. Nessas eleições não podemos nos deixar levar para os extremos. Precisamos de paz em nossa sociedade. Precisamos de governantes que saberão fazer uma transição sem ódio. Hoje há no Brasil 13 milhões de desempregados formalmente, 13 milhões na informalidade e mais 12 milhões com bolsa família. Essa situação de pobreza extrema deve ser a prioridade, precisamos fazer algo para nossos 38 milhões de irmãos. Só em Belo Horizonte são 5.400 pessoas morando nas ruas. Famílias inteiras sem teto. Como você se sentiria com seu filho nessa situação? PENSE! A crise na engenharia e na arquitetura não poderia ser outra. De janeiro/2015 a junho/2018 mais de 45 mil postos de trabalho foram perdidos pela categoria, e pior ainda, o salário médio dos admitidos é 20% menor que o salário médio dos demitidos. De 2015 a 2017 formaram 310.807 engenheiros no Brasil e não tiveram a chance de serem absorvidos pelo mercado de trabalho na área. Sendo que o país sofre com tantas carências em infraestrutura: estradas, ferrovias, energia, habitação, água, saneamento, etc... Nossa crise atual não é sinal de falência, mas oportunidade de fazermos diferente do que já foi feito até agora. Somos uma jovem democracia de apenas 32 anos. Platão escreveu essa preciosidade sobre política e democracia há 2.400 anos: “Não há nada errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam”. A esperança se divide em dois momentos bem distintos: Indignação e coragem. A maioria das pessoas, hoje em dia, está indignada com nossa situação de uma maneira em geral, mas poucos têm a coragem de ser protagonista, de agir dentro de suas limitações e possibilidades. Quantos o fazem? Revista Mineira de Engenharia 38 | agosto/ setembro/outubro 2018

Democracia não é só criar leis, e deveria ser guiada pelo sentimento de comunidade no qual a maioria da população necessitaria ter. As leis deveriam ser criadas somente após a prática cotidiana da maioria, apenas para dar um ordenamento jurídico daquilo que já é praticado. Precisamos de mudança de hábitos, mas para haver mudança de hábitos, precisa haver mudança de mentalidade. Assim nossas atitudes individuais vão forjar uma sociedade mais participativa e inclusiva, sem apatia ou radicalização e sem privilégios. Nossa crise atual é consequência da falta de representatividade da população, a falta de representatividade é causada por falta de líderes na política e a falta de líderes é consequência do golpe militar de 1964. O país ficou na escuridão por 20 anos, até 1984, quando tivemos o grande movimento das “Diretas Já”. Estamos agora diante da mais importante eleição da república desde a volta da democracia. Vamos eleger um presidente, dois terços do senado, todos os governadores e toda a câmara dos deputados. Corremos sim um risco real de um retrocesso devido ao radicalismo dos dois extremos, não só na votação, mas principalmente depois das eleições, quando o eleito precisará de maioria significativa para governar um país que pode estar dividido. Ainda estamos na luz, porque podemos pensar e expressar nossos pensamentos por mais absurdos que possam parecer. Pense, a escolha será sua, mas não pense só em você. Você não está numa ilha sozinho. Somos essencialmente seres sociais, vivemos numa comunidade que precisa de justiça social, de justiça ambiental, e mais ainda de justiça econômica para os 38 milhões brasileiros que vivem sem a dignidade de ter um emprego.

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DIRETORIA E CONSELHOS

SME . Sociedade Mineira de Engenheiros PRESIDENTE

VICE-PRESIDENTES

Ronaldo Gusmão

Luiz Otávio Silva Portela

Flávio de Azevedo Carvalho

José Antônio Silva Coutinho

Rodrigo Antônio de Paiva (Licenciado)

DIRETORIA

André Mattioli (ad hoc)

Fabiano Panissi (ad hoc)

Fabyola Resende (ad hoc)

Fernanda Santos Portela

Krisdany Cavalcante (ad hoc)

Léu Soares de Oliveira

Luciano de Almeida Costa

Maeli Estrela Borges

Misael de Jesus dos Santos Sá (ad hoc)

Sumaia Zaidan

Valéria Telles Dias Netto

Wilson Luiz Martins Leal

Rodrigo Coutinho

Adolpho Valladares Portella

Alessandro Fernandes Moreira

Antônio Geraldo Costa

Heleni Fonseca

Luiz Alberto Garcia

Márcio Damázio Trindade

Marcos Villela de Sant'Anna

Marita Arêas de Souza Tavares

Ronaldo Vasconcellos Novais

Haroldo Guimarães Brasil

José Amador Ribeiro Ubaldo

José Nelson de Almeida Machado

Guilherme Brandão Federman

CONSELHO DELIBERATIVO

CONSELHO DELIBERATIVO

Teodomiro Diniz Camargos

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Carlos Eduardo Orsini Nunes de Lima

Clémenceau Chiabi Saliba Júnior

CONSELHO FISCAL

Marcos Túlio de Melo

Revista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018


REVISTA MINEIRA DE ENGENHARIA

EDITORIAL N

esta 38ª edição, a Revista Mineira de Engenharia traz aos seus leitores a consolidação das propostas dos candidatos ao segundo turno das eleições ao governo de Minas Gerais e à presidência da República. Elaborada a partir dos programas de governo dos candidatos, esta matéria de capa aborda as questões fundamentais afetas aos interesses sociais, econômicos e à engenharia mineira e nacional. Nesta edição há também um espaço aberto aos candidatos, para livre apresentação de suas propostas para engenheiros, arquitetos, agrônomos e demais profissionais das áreas tecnológicas. Assim, a Sociedade Mineira de Engenheiros – SME mantém, nesta sétima eleição direta do período democrático, o seu protagonismo tradicional na promoção do diálogo com os atuais postulantes ao governo estadual, Romeu Zema e Antônio Anastasia, e ao governo federal, Fernando Haddad e Jair Bolsonaro, proporcionando aos nossos leitores uma abordagem mais objetiva e racional para orientar as suas escolhas no segundo turno eleitoral.

Mineira de Engenharia destaca ainda a tentativa governamental de antecipar as renovações dos contratos de concessões ferroviárias. O tema entrou em pauta na Comissão de Transportes da SME devido ao interesse do atual Governo Federal em renovar os contratos por 10 anos antes de seu término e ao fato dos recursos provenientes desta antecipação não preverem investimentos necessários às demandas de Minas Gerais. Na seção Entrevistas, contamos com a participação do Presidente da Infraero, Engenheiro Antônio Claret e do Coronel do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, Tadeu do Espírito Santo, trazendo aos nossos leitores suas ações à frente destas importantes instituições de nossa sociedade. Assim, desejamos a todos uma ótima leitura e reflexão para a escolha do segundo turno eleitoral, que definirá o destino de todo o povo mineiro e brasileiro.

Nas seções de artigos, a edição conta com contribuições de profissionais de reconhecida competência: Sergio Leite (Presidente da Usiminas), Rubens Menin (Presidente do Conselho de Administração da MRV), Joel Krüger (Presidente do CONFEA), Danilo Silva Batista (Presidente do CAU/MG) e José Carlos Carvalho (ex-secretário de meio ambiente de MG e ex-ministro do meio ambiente), que abordam temas relacionados ao crescimento econômico, à soberania, ao desenvolvimento de nosso estado e nosso país, dentro do contexto eleitoral 2018.

NOTA: Cumprindo sua missão e vocação histórica de diálogo com as instituições democráticas e seus agentes públicos, independente da convicção partidária, sempre pautada no princípio do interesse público, a SME publicou, em setembro, uma edição especial da Revista Mineira de Engenharia, onde apresentou as propostas dos candidatos que participaram do primeiro turno eleitoral. Esta edição foi publicada apenas em versão eletrônica e disponibilizada no site da Sociedade Mineira de Engenheiros e nas redes sociais.

Além das propostas dos candidatos, a Revista

Krisdany Cavalcante

Revista Mineira de Engenharia 38 | agosto/ setembro/outubro 2018

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COMISSÕES TÉCNICAS DA SME Além de fortalecer o relacionamento, as Comissões Técnicas da SME são uma grande oportunidade para desenvolver um trabalho voluntário em benefício de Minas Gerais e do Brasil. COMISSÃO TÉCNICA DE AVALIAÇÕES E PERÍCIAS Presidente, Kleber José Berlando Martins COMISSÃO TÉCNICA DE MINERAÇÃO E METALURGIA Presidente, Sidon Etrusco COMISSÃO TÉCNICA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Presidente, Márcia C. Magalhães

COMISSÃO TÉCNICA DE ENSINO DE ENGENHARIA E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL Presidente, Marita Arêas de Sousa Tavares COMISSÃO TÉCNICA DE MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE Presidente, Virgínia Campos COMISSÃO TÉCNICA DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA Presidente, João Jacson Braga

COMISSÃO TÉCNICA DE ENERGIA Presidente, Eudes Eduardo Lopes COMISSÃO TÉCNICA DE DIREITO NA ENGENHARIA Presidente, Hérzio Mansur

COMISSÃO TÉCNICA DE TRANSPORTES Presidente, José Antonio Silva Coutinho

COMISSÕES TÉCNICAS E EMPRESARIAIS EM FORMAÇÃO. VENHA FAZER PARTE! COMISSÕES TÉCNICAS:

COMISSÕES EMPRESARIAIS:

ENGENHARIA MÉDICA / POLÍTICA URBANA MOBILIDADE URBANA

ENGENHARIA AMBIENTAL / ARQUITETURA ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL

REVISTA MINEIRA DE

ENGENHARIA REVISTA DA SME - SOCIEDADE MINEIRA DE ENGENHEIROS

Projeto Gráfico / Design Lucas Oriel lucas@lucasoriel.com

Jornalista Responsável Marina Duarte MG 16212 JP

Departamento Comercial Fabiola Veríssimo eventos@sme.org.br Tel. (31) 3292 3810

Redação Marina Duarte Sandra Castro

Tiragem impressa 10 mil - trimestral Edição Eletrônica 45 mil contatos

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Distribuição Regional (MG) - Gratuita Publicação | SME Sociedade Mineira de Engenheiros Rua dos Timbiras, 1514. Lourdes - Belo Horizonte - MG. CEP:. 30.140-061

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Declaração de utilidade pública pela Lei 1313, de 14/11/1955 do Governo do Estado de Minas Gerais e 2034, de 28/12/1971, da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte - Rua Timbiras, 1514 ‒ Bairro Lourdes ‒ CEP:30.140-061 ‒ Belo Horizonte ‒ Minas Gerais - sme@sme.org.br - www.sme.org.br

Publicação

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Apoio

Revista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018


REVISTA MINEIRA DE

ENGENHARIA REVISTA DA SME - SOCIEDADE MINEIRA DE ENGENHEIROS

8 10 13 14

Espaço dos candidatos ao Governo de Minas Propostas dos candidatos ao Governo de Minas O cenário da Engenharia Hoje Propostas dos candidatos à Presidência da República Artigos – Eleição 2018 Joel Krüger - Presidente do CONFEA

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José Carlos Carvalho - ex-Ministro do Meio Ambiente.

18

Sergio Leite - Presidente da Usiminas

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Rubens Menin - Presidente do Conselho da MRV

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Danilo Silva Batista - Presidente do CAU/MG

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Recursos Hídricos em Minas Gerais Ferrovias – Concessões Mestres da Engenharia – Maeli Estrela Borges Inovação Mercado e Tendências Eventos SME Entrevista: Coronel Tadeu do Espírito Santo – Combate à incêndios e pânico Entrevista: Antônio Claret – Presidente da Infraero SME Jovem – André Mattioli Empresas Juniores – Civil Jr e Projet Artigos SME

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Fabyola Gleyce da Silva

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Marya Karolline Vaz Bertoldo

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Misael de Jesus dos Santos Sá Atuação da SME

Revista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018

1931-2018

EDIÇÃO ESPECIAL

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ELEIÇÕES 2018

ESPAÇO DOS CANDIDATOS Com o objetivo de manter nossos associados informados sobre os planos de governo dos candidatos ao segundo turno do Governo de Minas, abrimos este espaço para que cada candidato pudesse se dirigir aos engenheiros, arquitetos e agrônomos para destacar suas propostas nos assuntos mais importantes para a categoria. Confira:

Antonio Anastasia

“JUNTOS, VAMOS RECONSTRUIR MINAS”

prioridade e, para isso, Minas envidará esforços no desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação, em parceria com o mercado, universidades e centros de referência. De 2015 para cá, houve uma queda brutal nos investimentos privados e públicos. Cabe à iniciativa privada os principais investimentos, mas compete ao Estado criar condições favoráveis. Para  retomarmos esse ambiente destruído pelo governo atual, algumas diretrizes são essenciais, entre elas a simplificação e a desburocratização de processos e estruturas do governo, incluindo licenciamentos. Essas diretrizes do meu plano de governo são fundamentais para resgatarmos a credibilidade do Estado. Precisamos que os empreendedores voltem a acreditar em Minas, para colocar em prática novos negócios ou a expansão daqueles já existentes.

O

s grandes desafios do próximo governador de Minas são retomar a geração de emprego, ampliar a renda per capita dos mineiros e reduzir as desigualdades entre pessoas e regiões, o que depende fundamentalmente da educação e de um ambiente favorável às atividades econômicas. Hoje, a economia mineira ainda está fortemente atrelada à agropecuária e à mineração. Precisamos avançar, agregar valor à produção e diversificar a economia. Nas cadeias globais de produção e comércio que dispõem de forças de trabalho jovens, qualificadas e empreendedoras existem grandes oportunidades de inovação. Nelas, Minas deve se inspirar e ousar. Setores produtivos com potencial para inserção internacional podem ser ampliados, por meio de novas técnicas e difusão de melhores práticas. Inovações tecnológicas e empresariais geradas por startups também terão

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Também é imperativo buscar o crescimento ambientalmente sustentável, por meio de iniciativas como a diversificação da matriz energética, tratamento de esgoto, recuperação de rios, proteção de nascentes e novos negócios ligados à economia de baixo carbono. Nesse contexto, a desburocratização de procedimentos ambientais, sem prejuízo da fiscalização, merece atenção.   Investimentos em escolas e hospitais, combinados aos da infraestrutura, também precisam ser retomados, assim que possível. E há que ser buscada uma plataforma de transporte e logística moderna, com articulação de modais, em resposta à situação de precariedade atual, ausência de planejamento e de equipamentos de infraestrutura em construção.  Hoje, os gargalos estão se multiplicando e exaurindo a capacidade do poder público de investir. Mas, com uma equipe técnica e parcerias com o setor privado, se eleito, vamos encontrar soluções criativas para reconstruir Minas. Revista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018


ELEIÇÕES 2018

Romeu Zema

A

gradeço a Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) pelo espaço para divulgar minhas ideias e propostas para Minas.

Sou mineiro de Araxá, tenho dois filhos, administrador com mais de 30 anos de experiência em gestão. Decidi entrar na vida pública pelo sentimento de indignação. No NOVO 30 tive a certeza de que poderei ser útil. Lembro que o próximo governo terá um trabalho difícil.Nosso estado está na pior crise da história. Não é ético, nem possível, fazer promessas. Um compromisso que já assumi é não receber salários até colocar o pagamento dos servidores em dia. Abaixo alguns dos temas que gostaria de abordar: INFRAESTRUTURA Em relação aos temas propostos, começo pelas estradas. Minas possui a maior malha rodoviária do Brasil -  quase 270 mil km de estradas. São mais de 7 mil Km de rodovias federais, quase 24 mil km de estaduais, e cerca de 240 mil km de municipais. A fiscalização e manutenção deste número de estradas é uma grande responsabilidade. Em nossas estradas, as federais são totalmente pavimentadas. As estaduais têm 14 mil km pavimentados e quase 10 mil km sem asfalto.  Mas, nas estradas municipais, a maioria não possui pavimentação - forte motivo para colocar em dia os repasses para os municípios. Temos bons exemplos de rodovias privatizadas, que possuem manutenção e atendimento aos usuários de muita qualidade. Então, a privatização de rodovias economicamente viáveis é benéfica para a população e para o governo. O que pode ser feito, com estudos, é a desoneração do IPVA para os cidadãos. Se motoristas pagam pedágio para rodar em estradas melhores, pode haver redução no imposto. FERROVIAS Já fomos um estado ferroviário. Hoje temos ferrovias administradas por empresas privadas, que atendem ao escoamento da produção de minério. As viagens com passageiros são opções regionais para o turis-

Revista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018

mo. A solução envolve conversas com as mineradoras, a ANTT e as entidades interessadas em reativar o transporte ferroviário de passageiros. Pelo momento econômico, o governo pode intermediar conversas, facilitar regulamentação e estudos para voltarmos a ter boas ferrovias para passageiros. Parcerias Público-Privadas são a melhor opção. MEIO AMBIENTE O meio ambiente é extremamente importante. Nesta questão, o estado deve focar em uma gestão técnica. É preciso distanciar estado e governo. Precisamos de políticas de estado de caráter técnico, profissional. Promoveremos a valorização do pessoal técnico que saberá trabalhar fiscalização e licenciamento. Os pequenos empreendimentos precisam de liberdade para se implantar e prosperar. Já os grandes empreendimentos podem apresentar, além dos estudos obrigatórios, seguros sobre sua atividade. Seguradoras fiscalizarão com muito mais eficiência e rigor que órgãos oficiais, já que serão parte interessada. O estado seguirá em sua função de regulamentação, acompanhamento e fiscalização. Obrigado por este espaço! Um abraço.

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ELEIÇÕES 2018 | PROPOSTAS

PROPOSTAS DOS CANDIDATOS AO GOVERNO DE MINAS GERAIS · 2º TURNO Fonte: Folha de São Paulo

Veja quais são as principais propostas de Antonio Anastasia e Romeu Zema, candidatos que disputam o segundo turno das eleições para o Governo de Minas:

blico, com corte de gastos e redução da máquina pública. · Redução da burocracia e da desigualdade. SAÚDE: · Integrar rede de atenção à saúde. · Priorizar atenção primária e prevenção. · Reverter o quadro de retenção de recursos para a saúde.

ANTONIO ANASTASIA MEIO AMBIENTE/ SUSTENTABILIDADE: · Diversificar matriz energética, tratar esgoto, recuperar rios e proteger nascentes. · Promover turismo ecológico. · Desburocratizar procedimentos, sem prejuízo da fiscalização. MOBILIDADE URBANA: · Reduzir tempo e custo de deslocamentos, integrando regiões distantes e diversos modais. CIÊNCIA E TECNOLOGIA: · Incorporar novas tecnologias. ECONOMIA: · Estabelecer incentivos e um ambiente propício ao desenvolvimento e empreendedorismo, com base em parcerias entre setor público e privado. · Austeridade para retomar investimento pú10

SEGURANÇA: · Monitorar áreas de vulnerabilidade e desenvolver ações de prevenção, com foco no combate à violência contra jovens e minorias. · Integrar ações e informações dos órgãos de segurança. EDUCAÇÃO: · Investir no desenvolvimento do professor e em novas metodologias de ensino. · Facilitar relação dos pais com a escola. · Fortalecer universidades estaduais e estimular pesquisa. OUTROS: · Abrir dados e informações públicas, além de canais de atendimento e avaliação para ampliar a participação popular. · Reduzir assimetria de oportunidades e de renda em função de sexo, raça e cor. · Atenção à mulher para acesso ao mercado de trabalho, pré e pós-natal, entre outros. Revista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018


ELEIÇÕES 2018 | PROPOSTAS

· Criar setor de inteligência para violência no campo.

ROMEU ZEMA ECONOMIA: · Não aumentar impostos. · Facilitar o empreendedorismo. · Simplificar e desburocratizar o ambiente de negócios, sem intervenções. · Cortar despesas e enfrentar privilégios. · Instituir previdência privada complementar para servidores. · Tornar empresas públicas mais eficientes e menos estatais. SAÚDE: · Garantir o pagamento em dia de servidores da saúde. · Delegar administração para Organizações Sociais e parcerias público-privadas. · Integrar centros de saúde e hospitais. · Instituir programas em que o governo compre serviço privado de saúde para a população.

EDUCAÇÃO: · Parceria público-privada para construir e administrar escolas. · Condicionar recursos às escolas e bonificação de professores ao desempenho escolar. · Parcerias com escolas privadas. MEIO AMBIENTE: · Não trata do tema especificamente. TRANSPORTE: · Participação de entidades privadas para construir ferrovias, modernizar estradas e construir portos secos. AGRICULTURA: · Melhorar educação no campo. OUTROS: · Usar instituições de pesquisa como fonte de dados para qualificar ações do Estado. · Reavaliar contratos do poder público.

SEGURANÇA: · Colocar fim à impunidade, criando soluções com Ministério Público, Judiciário e Defensoria Pública. · Colocar mais policiais da administração nas ruas. · Dar suporte ao trabalho investigativo e oferecer penas alternativas. · Integrar polícias e guardas. Revista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018

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Revista Mineira de Engenharia nยบ 38 | agosto/ setembro/outubro 2018 Revista Mineira de Engenharia


O CENÁRIO DA ENGENHARIA HOJE Engenheiros demitidos, admitidos e média salarial de 2015 a 2018 no Brasil 2015

9.500

2016

2017 R$ 8.814

9.000 R$ 8.264

8.500 8.000 R$ 7.712 R$ 7.806

R$ 7.957 R$ 7.601

R$ 7.808

R$ 7.784 R$ 7.543

R$ 7.664

R$ 7.811

R$ 8.435

R$ 8.576

R$ 8.024

R$ 8.617

R$ 8.520 R$ 8.109

R$ 7.702

R$ 7.913

R$ 8.096

R$ 8.000

R$ 8.208

R$ 8.084 R$ 8.147

2018 R$ 9.000

R$ 8.927 R$ 8.579 R$ 8.232

R$ 8.204 R$ 8.125

R$ 8.135

R$ 8.109

R$ 8.306

R$ 8.295

R$ 8.323

R$ 8.165

R$ 8.126

R$ 7.887 R$ 7.749 R$ 7.818

R$ 7.950 R$ 7.923

7.500 7.000 6.500 6.000

R$ 5.985 R$ 5.924

R$ 6.208

R$ 6.328 R$ 6.066

R$ 6.263

R$ 6.494

R$ 6.540 R$ 6.180 R$ 6.146 R$ 6.196 R$ 6.139 R$ 6.265 R$ 6.231 R$ 6.221 R$ 6.201 R$ 6.241

R$ 6.231

R$ 6.413

R$ 6.316

R$ 6.472 R$ 6.449 R$ 6.482

R$ 6.704 R$ 6.250

R$ 6.387 R$ 6.453

R$ 6.594

R$ 6.433

R$ 6.818 R$ 6.763

R$ 6.530 R$ 6.226

R$ 6.140

R$ 6.416 R$ 6.502

R$ 6.480 R$ 6.393 R$ 6.376 R$ 6.468

R$6.642

R$ 5.983

5.500 4.786

5.000 4.500

4.349

4.308

4.587

4.443

4.547

4.406

4.154

4.035

4.103

4.097 3.835

4.000

3.734 3.000

2.967

3.489

3.425

3.429

3.500

4.108

3.998

3.081

2.875

2.825

3.619

3.482

3.661

3.553

3.566

3.431

3.550

3.538 3.136

3.037 2.752 2.868

2.500

3.695

2.673

2.329

2.241

2.317

2.284

1.988

2.000

2.230

2.184

2.372

2.911

2.565

2.400 2.132

2.371 2.111

2.105

2.275

3.123

2.308

3.136

2.284

2.963 2.473

2.941 2.584

2.573

2.655

2.233

2.151

1.830

2.795

2.870

2.798 2.512

2.749 2.648

2.949 2.646

2.579 2.556

2.974 2.755

2.800 2.447

2.015 1.540

1.461

1.445

1.500

3.152

1.000 500 0 jan/15 fev/15 mar/15 abr/15 mai/15 jun/15

Admitidos

jul/15 ago/15 set/15 out/15 nov/15 dez/15 jan/16 fev/16 mar/16 abr/16 mai/16 jun/16

Desligados

Média Salarial Admitidos

jul/16 ago/16 set/16 out/16 nov/16 dez/16 jan/17 fev/17 mar/17 abr/17 mai/17 jun/17

jul/17 ago/17 set/17 out/17 nov/17 dez/17 jan/18 fev/18 mar/18 abr/18 mai/18 jun/18

Média Salarial Desligados

fonte: MTB Caged/Ietec

Como teremos uma engenharia forte com esse cenário? O que podemos fazer para mudar essa situação? Revista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018

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ELEIÇÕES 2018 | PROPOSTAS

PROPOSTAS DOS CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA EM 2018 · 2º TURNO Fonte: Valor Econômico

Jair Bolsonaro e Fernando Haddad disputam o segundo turno das eleições presidenciais de 2018. Veja quais são as principais propostas dos dois candidatos:

alimentar do país. O crédito rural terá mudanças. Além de não financiar práticas produtivas ofensivas ao meio ambiente e aos direitos trabalhistas, serão valorizadas as boas práticas ambientais na agricultura. O novo marco legal do Plano Safra conterá diretriz para que, até 2030, o financiamento esteja integralmente voltado para a agricultura de baixo carbono (Plano Safra ABC). Zerar as emissões de gás de efeito estufa da matriz elétrica brasileira até 2050.

FERNANDO HADDAD MEIO AMBIENTE/ SUSTENTABILIDADE: Propõe uma mudança na matriz produtiva liderada pela adoção de tecnologias verdes modernas, flexíveis e inteligentes, capazes de responder às crescentes demandas por sustentabilidade e inovação. Fazer uma reforma fiscal verde, que progressivamente aumente o custo da poluição e que dê prêmios a investimentos e inovação de baixo carbono. A reforma incluirá a desoneração de tributos sobre investimentos verdes (isenção de IPI, dedução de tributos embutidos em bens de capital e recuperação imediata de ICMS e PIS/COFINS), reduzindo o custo tributário do investimento verde em 46,5%. Sem elevar a carga tributária, a reforma também criará um tributo sobre carbono, que já foi adotado em vários países para aumentar o custo das emissões de gases de efeito estufa. A receita será utilizada para reduzir tributos distorcivos e regressivos. Ampliar os investimentos para expandir a geração com energias renováveis (solar, eólica e biomassa). Zerar as emissões de gás de efeito estufa da matriz elétrica brasileira até 2050. Também será perseguida a meta de instalar kits fotovoltaicos em 500 mil residências por ano. Assumir o compromisso com a taxa de desmatamento líquido zero até 2022. Para a expansão da produção agropecuária, os mais de 240 milhões de hectares já abertos para agricultura e pastagens no Brasil devem ser usados de forma mais eficiente. Regular o grande agronegócio para mitigar os danos socioambientais, impedir o avanço do desmatamento, assegurar o ordenamento da expansão territorial da agricultura de escala, impedir excessos das subvenções públicas e subordinar sua dinâmica aos interesses da soberania

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MOBILIDADE URBANA:Municipalizar a Cide, tributo que incide sobre os combustíveis. Nas mãos dos prefeitos, o recurso deve ser usado para planos de mobilidade urbana. INFRAESTRUTURA: Estado deve voltar a ser indutor do crescimento e investir em infraestrutura. A realização de obras públicas deve puxar o setor privado e gerar oito milhões de empregos em quatro anos. Retomar obras orçadas em R$ 120 bilhões, financiadas parcialmente com recursos de reservas internacionais. O fundo de investimentos será composto por 10% das reservas internacionais, contribuição de bancos públicos e debêntures, para financiamento de projetos de infraestrutura. Revogar o teto de gastos por “impor uma ortodoxia fiscal permanente”. Promete revogar também a reforma trabalhista, as mudanças no marco regulatório do pré-sal e a reforma do ensino médio. ENERGIA: Suspender a venda de ativos da Petrobras. Segundo Haddad, o PT não pretende privatizar a Eletrobras. Ampliar os investimentos para expandir a geração com energias renováveis (solar, eólica e biomassa). Também será perseguida a meta de instalar kits fotovoltaicos em 500 mil residências por ano. Multiplicar as Parcerias Público Privadas(PPPs). Uma das propostas é realizar uma PPP nacional para substituição da iluminação pública de todo o país, trocando as lâmpadas convencionais pelos modelos de LED, com maior luminosidade e menor consumo. CIÊNCIA E TECNOLOGIA: Expandir as matrículas no ensino superior e nos ensinos técnico e profissional. Ampliar os investimentos em ciência, tecnologia e inovação. Universidades e Institutos Federais serão fortalecidos, interiorizados e expandidos e seus orçamentos serão recompostos. Revista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018


ELEIÇÕES 2018 | PROPOSTAS

EDUCAÇÃO: Revogar a reforma do ensino médio implementada pelo governo Michel Temer. Forte participação do governo federal na oferta do ensino médio. Convênio com os Estados e o Distrito Federal para que o governo federal se responsabilize por escolas situadas em regiões de alta vulnerabilidade. Atuar na formação dos educadores e na gestão pedagógica da educação básica. Expandir a educação integral. Rediscutir os repasses da União por faixa etária e o financiamento das novas necessidades da educação básica. Garantir que todas as crianças, adolescentes e jovens de 4 a 17 anos estejam na escola. No ensino fundamental, serão realizados fortes ajustes na Base Nacional Comum Curricular. Implementar uma forte política nacional de alfabetização. PRIVATIZAÇÃO: Suspender a venda de ativos da Petrobras. Segundo Haddad, o PT não pretende privatizar a Eletrobras. Rever o acordo Embraer/ Boeing e eventuais vendas de ativos da Eletrobras e Petrobras, segundo Pochmann.

JAIR BOLSONARO MEIO AMBIENTE/ SUSTENTABILIDADE: Extinguir o Ministério do Meio Ambiente e unificar as atribuições ao Ministério da Agricultura. Diz que país não pode ter política ambiental xiita nem continuar com a atual política de demarcação de terras indígenas. ENERGIA: Crítico da política de preços da Petrobras. É contra o repasse diário do aumento do preço das refinarias para o consumidor, apesar de dizer que é preciso deixar o mercado fluir por si só. Os preços praticados pela Petrobras deverão seguir os mercados internacionais, mas as flutuações de curto prazo deverão ser suavizadas com mecanismos de hedge apropriados. Quebrar o monopólio da Petrobras na cadeia do gás natural. No programa de governo, diz que a estatal terá que vender “parcela substancial” de sua capacidade de refino, varejo, transporte e outras atividades em que tem poder de mercado. A Petrobras deverá seguir os preços internacionais do petróleo e que “flutuações de curto prazo serão suavizadas por mecanismos de hedge”. Propõe acabar com as exigências de conteúdo local para exploração de petróleo e diz que “assim a indústria naval brasileira será compelida a investir e alcançar maiores níveis de produtividade”. O presidenciável também se compromete a discutir com os Estados Revista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018

a redução dos tributos sobre energia e combustíveis. EDUCAÇÃO: Defende o ensino a distância, desde o fundamental até o superior. Segundo o candidato, é uma forma de baratear os custos com educação e combater o marxismo. Militarizar o ensino e nomear general para o Ministério da Educação. Criar em dois anos um colégio militar em todas as capitais de Estado. Investir em pesquisa nas universidades e mudar currículo do ensino fundamental. Defende que o objetivo principal da educação é “atender à economia e formar um bom profissional”. Contra a política de cotas nas universidades. “Expurgar” a ideologia de Paulo Freire das escolas, mudar a Base Nacional Comum Curricular, impedir a aprovação automática. PRIVATIZAÇÃO: Cortar despesas e “privatizar aceleradamente”, para abater dívidas e reduzir gastos financeiros, e fazer uma reforma fiscal. O economista responsável pelas propostas, Paulo Guedes, calcula que é possível arrecadar R$ 700 bilhões com privatizações. Há dúvidas sobre as estatais que o presidenciável concorda em privatizar. Bolsonaro já admitiu privatizar a Petrobras. O programa de governo não detalha quais estatais, das 141, serão fechadas ou vendidas. Afirma que “algumas serão extintas, outras privatizadas e uma minoria, pelo caráter estratégico, preservadas”. Criar uma cláusula para vetar parceiros como a China na venda de estatais. Utilizar ações de classe especial, as chamadas “golden share”, na alienação de empresas. Quebrar o monopólio da Petrobras na cadeia do gás natural. No programa de governo, diz que a estatal terá que vender “parcela substancial” de sua capacidade de refino, varejo, transporte e outras atividades em que tem poder de mercado. A Petrobras deverá seguir os preços internacionais do petróleo e que “flutuações de curto prazo serão suavizadas por mecanismos de hedge”. Propõe acabar com as exigências de conteúdo local para exploração de petróleo e diz que “assim a indústria naval brasileira será compelida a investir e alcançar maiores níveis de produtividade”. O presidenciável também se compromete a discutir com os Estados redução dos tributos sobre energia e combustíveis. PREVIDÊNCIA: Capitalizar a Previdência, com a operacionalização do sistema por instituições financeiras privadas como bancos, segundo o economista da pré-campanha, Paulo Guedes. Essa previdência privada deverá ser regulada pelo governo, com uma carteirinha “verde-amarela”, fora do INSS e sem encargos trabalhistas para as empresas. O trabalhador poderá escolher entre o sistema novo e o atual modelo. Guedes defende a transição para um modelo de capitalização, embora não tenha detalhado como será feito isso. Propõe que a idade mínima para se aposentar seja de 61 anos para homens, com 36 anos de contribuição, e 56 anos para mulher, com 31 anos de contribuição. Criar um fundo com recursos da privatização para custear a transição para um novo sistema de Previdência, segundo o economista Paulo Guedes.

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ESPECIAL | ELEIÇÕES 2018

Em defesa da soberania brasileira Por Joel Krüger*

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importância da Engenharia e da Agronomia para a sociedade brasileira nos autoriza e nos impõe que apresentemos nossa contribuição para o processo eleitoral que está prestes a ser concluído, com as eleições em primeiro turno no próximo dia 7 de outubro. Esse compromisso se expressa, originalmente, na Lei nº 5.194/1966, que regulamenta as atividades do Sistema Confea/Crea. O interesse social guia o cotidiano dos nossos profissionais, o que se manifesta em nossa contribuição para o Produto Interno Bruto (PIB) do país, mas, sobretudo, para a segurança e o bem-estar da sociedade. Realizações que dependem, por outro lado, de políticas públicas definidas pelo Legislativo e Executivo, em todos os níveis. Daí a importância de acompanhar e de sugerir algumas linhas de ação, pautadas na ética, na salvaguarda do nosso patrimônio material e humano e em políticas voltadas à defesa da sociedade. Infelizmente, nos últimos anos, o papel fomentador e agregador de investimentos da Engenharia e da Agronomia vem sendo desacreditado. Profissionais e empresas vêm sofrendo as consequências de uma linha de atuação que compromete a nossa essência produtiva, fator de geração de empregos, de divisas e de diversos ciclos de desenvolvimento. Cerca de 50 mil engenheiros perderam seus empregos entre 2015 e 2017. Diversas empresas também vêm sofrendo as consequências dessa ausência de planejamento e os anúncios apontam para o risco em processos que garantem a própria soberania nacional.

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Nossa expectativa é de que o processo eleitoral ainda consiga reverter este cenário. Entre outros aspectos, defendemos a manutenção do sistema elétrico brasileiro nas mãos do Estado brasileiro, por entendermos sua importância estratégica para a defesa da soberania nacional. O que se configura como um posicionamento contra a privatização da Eletrobras, já referendado pelo plenário do Confea, e que se estende também para a Petrobras e a pequenas e médias empresas do setor e ainda para outras áreas essenciais ao desenvolvimento do país. Nesse sentido também sugerimos a ampliação do debate em torno do saneamento básico, questionando a Medida Provisória nº 844/2018, em discussão que vem sendo conduzida por meio da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária -Abes. Temos manifestado nossa preocupação com temas como os investimentos no campo. A defesa do financiamento público da assistência técnica rural, referendada pela Confederação da Agricultura e da Pecuária do Brasil (CNA) e pela Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB, se aliou à importância de ampliar a discussão em torno de temas emergentes. Como representantes de diversas entidades, empresas e profissionais, esperávamos que estes e outros assuntos de interesse da Engenharia fossem debatidos na campanha eleitoral. Durante a última Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia - Soea, em Maceió, convidamos os candidatos para esse diálogo, contribuindo para o planejamento do país. Apesar do desinteresse dos presidenciáveis, ainda acreditamos ser possível recuperar os investimentos perdidos nos últimos anos, buscando encontrar

formas de fomentar e de compartilhar o conhecimento dos profissionais e a estrutura das empresas da Engenharia, da Agronomia e das Geociências. Ao contribuir para a integração, a capacitação e o fortalecimento da categoria, a Sociedade Mineira de Engenheiros – SME fortalece, nesse momento, o debate democrático para que possamos reverter os rumos impostos à Engenharia e à Agronomia. Em julho deste ano, apontávamos em entrevista à SME a necessidade de se investir na infraestrutura, retomando um plano para as grandes obras de engenharia nacionais. Tal expectativa ainda não se efetivou. De nossa parte, temos procurado manter os profissionais e as empresas atentos e participantes desse debate, por meio de reuniões com todas as esferas do poder e em diversos fóruns. Além de contribuir para o fortalecimento do Sistema, principalmente por meio da valorização da nossa base, as entidades de classe. Com a esperança de que nosso país encontre novos rumos, agradecemos esta oportunidade. *Joel Krüger éEngenheiro Civil e Presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia

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ESPECIAL | ELEIÇÕES 2018

As oligarquias, o corporativismo e as eleições de 2018

Por José Carlos Carvalho*

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sociedade brasileira continua oligárquica, em pleno século XXI. As oligarquias estão na política, no Congresso, nos colegiados de governança, nas entidades de classe do setor produtivo e até nas entidades da sociedade civil que, em tese, devem representar novos paradigmas de organização social e política, para superar o patrimonialismo crônico que degenera o espirito da Nação.

gismo que regem as relações da sociedade com o estado nacional nunca permitiram um limite moral claro nessas relações, prevalecendo sempre a ética da conveniência, os interesses pessoais e de grupos. O desfecho das eleições presidenciais no primeiro turno aponta para uma polarização sem precedentes de uma disputa eleitoral no Brasil, desde a redemocratização. Estamos assistindo a agonia de uma nação, dividida entre uma esquerda obsoleta, que acha que o enfrentamento da miséria e da exclusão social se faz com programas de filantropia do estado e o florescimento de uma direita autoritária que acha que o sacrossanto mercado vai resolver todos os problemas do povo. A educação é a única chance que temos de fazer as verdadeiras transformações que o País precisa, mas continuamos deixando as crianças sem escolas de qualidade, principalmente os filhos da pobreza.

Como se não bastasse o histórico das oligarquias, o corporativismo vai se grudando nas estruturas do estado, como ostra no rochedo, um corporativismo malsão que captura as organizações públicas e estatais, transformando-as em fortaleza dos interesses corporativos, em detrimento da população para a qual elas foram criadas.

Tenhamos claro que os que ganham politicamente com essa polarização idiotizada e estéril desejam a manutenção desse cenário, aproveitando-se da maioria dos compatriotas pobres, deserdados e despossuídos, que sem informação e capacidade de autocritica servem de massa de manobra suscetível a todo tipo de manipulação.

As instituições de representação popular, sobretudo o Congresso Nacional, e as Assembleias Legislativas são o espelho do que somos como sociedade, nelas nossos defeitos se apresentam de corpo inteiro. O clientelismo e o fisiolo-

No intenso debate que se trava quase nada se discute sobre as eleições parlamentares, as mais importantes para a definição dos projetos de futuro. Fala-se em reformas, todos clamam por elas, ainda que com nuances diferentes, os presidenciáveis

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estufam o peito para listar as reformas que pretendem fazer, mas não se explicita que será no Congresso que elas serão decididas.  A escolha dos deputados e senadores comprometidos com a democracia, as liberdades, a prosperidade e a justiça social é um imperativo do Brasil atual. É a eles que estaremos delegando o poder de decidir, inclusive de podar as eventuais aventuras autoritárias dos polos em disputa. Não é por acaso que os deputados são chamados de mandatários do voto popular, porque o povo é o mandante. É hora de exercemos nossa soberania na plenitude!! Cabe à SME assumir a vanguarda de um novo estilo de representação da engenharia, abrindo canais de diálogo com o mundo político, apresentando propostas e exigindo posição clara dos nossos representantes sobre os temas que interessam ao desenvolvimento do país, desfraldando a bandeira da sustentabilidade. Precisamos sair da reação anódina para uma atuação proativa. Nossa formação técnica não implica em nos silenciarmos em relação à política. Aliás, toda decisão, por mais técnica que possa parecer, está subordinada a decisões políticas, desde uma pequena ponte até a construção de uma grande hidrelétrica. *José Carlos Carvalho é Engenheiro Florestal, ex-secretário de meio ambiente de Minas Gerais e ex-ministro do meio ambiente.

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ESPECIAL | ELEIÇÕES 2018

País precisa voltar a crescer Por Sergio Leite*

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ado o cenário recente da economia, a polarização e o intenso debate que se estabeleceu na sociedade em torno das candidaturas, as eleições deste ano ganharam ainda mais importância não só para nós engenheiros, mas para qualquer cidadão. Ainda estamos numa fase de consolidação da nossa jovem democracia e precisamos estar atentos e participativos no processo eleitoral. O Brasil é um país de enormes potencialidades, mas igualmente de imensas carências. Estamos vindo de um período marcado por uma forte recessão econômica interna e as projeções de crescimento do PIB ainda são muito tímidas. No primeiro trimestre, havia uma perspectiva concreta de um crescimento do PIB na ordem de 3% e elevação da demanda do consumo aparente de aço em torno de 10%. Hoje, as projeções apontam para um crescimento do Produto Interno Bruto em torno de 1% em 2018 e a perspectiva é que o consumo aparente de aço registre alta de cerca de 5%. Vamos ter, sim, crescimento da economia e do consumo do aço, mas muito aquém daquilo que nós esperávamos e do que o país precisa. O melhor ano de vendas de aço no mercado interno foi em 2013, vinte anos depois de outro pico semelhante, ocorrido em 1993.

te a ter prioridade. Ainda há muitas incertezas de como esse tema será conduzido a partir de 1º de janeiro do ano que vem. Mas seja qual for a escolha da população brasileira, nossa expectativa é essa: que o governo dê a devida atenção à indústria e priorize o crescimento econômico, com reflexos positivos para todos, mas, especialmente para uma categoria profissional de grande relevância e de inquestionável contribuição para o desenvolvimento do país, os engenheiros. *Sergio Leite, Engenheiro e Presidente da Usiminas

Por tudo isso, precisamos que o Brasil volte a crescer e, dentro desse crescimento, que a indústria vol-

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ESPECIAL | ELEIÇÕES 2018

Brain Drain Por Rubens Menin Teixeira de Souza*

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sei deliberadamente a expressão inglesa no título desse depoimento, em substituição à equivalente “drenagem de cérebros” da nossa bela língua portuguesa, porque é com ela que o fenômeno tem sido reconhecido e interpretado neste mundo globalizado atual. O Brasil, de forma muito mais marcante do que qualquer outro país de características e dimensões semelhantes, está assistindo, atônito, um movimento sem precedentes de fuga de cérebros para o exterior, entendidos estes como a identificação de indivíduos mais qualificados e melhor educados, ainda nos estágios iniciais de sua vida produtiva. Alguns tentam minimizar as dimensões e os efeitos danosos dessa evasão de cérebros apontando a existência de outros exemplos históricos que podem parecer semelhantes à primeira vista, como a densa emigração da elite indiana para a Inglaterra ou a mais recente invasão de chineses nas universidades e nos melhores postos de trabalho dos EUA e da Europa. Mas, não são fluxos comparáveis aos originários do Brasil. Como brasileiro enraizado que sou – daqueles que nunca se imaginaram deixando o nosso país – tenho refletido muito sobre isso, para constatar as diferenças das situações que se tenta equivocadamente comparar. Os indianos antes e os chineses mais recentemente buscavam as universidades e a experiência no mercado de trabalho de países mais desenvolvidos não com o propósito de imigração permanente ou de integração definitiva às comunidades que os recebiam. Preponderantemente, esses contingentes, citados como exemplo de comparações equivocadas, buscavam experiências, treinamento e capacitação superiores para aplicá-los em seu próprio país de

origem, após o seu retorno. Tanto assim, que a maioria desses fluxos foi estimulada oficialmente ou até custeada pelos respectivos governos. A evasão de cérebros brasileiros tem características muito diferentes na maioria dos casos. Estes, não buscam um aprendizado temporário e nem costumam programar o seu retorno. Um grande número deles já parte disposto a se integrar aos países para onde vão, abertos à constituição de famílias por lá e admitindo, freqüentemente, a aquisição de nova nacionalidade. Observo esse movimento com muita preocupação, não só pelas causas que associo ao êxodo, como também, e principalmente, pelos efeitos que ele produz na nossa própria economia. Identifico na raiz do problema e na motivação desse movimento, certo sentimento de desalento entre os jovens brasileiros ou mesmo entre alguns mais maduros e melhor qualificados. Para estes, o sentimento dominante é de que, permanecendo no Brasil seriam subaproveitados, perderiam as melhores oportunidades profissionais ou teriam pior qualidade de vida, para si e para os seus filhos. Muito desse desalento teria sido potencializado pela longa crise econômica que atravessamos e pela falta de perspectiva imediata de superação harmoniosa das dificuldades dela decorrentes. Mais graves ainda são os efeitos desse fluxo. A evasão de cérebros complica mais ainda o nosso já crítico panorama econômico. De um lado, porque, junto com os cérebros evadem-se também os grandes investimentos feitos na sua formação, ou seja, perde-se o esforço nacional aplicado na caríssima educação de boa parte deles. Esse investimento produzirá benefícios no exterior e, quase sempre, pelo longo período produtivo esperado daqueles que ainda terão uma vida inteira pela frente. Essa conta deixa, dentro das nossas fronteiras, um déficit irrecuperável. Mas, o prejuízo maior é que esses cérebros que se evadem representam,

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justamente, o fator necessário para que a nossa fragilizada economia volte a se recuperar e alcance padrões superiores de produtividade e desenvolvimento. Lamentável isso. Quero concluir esse depoimento com a constatação que faço acerca de um fenômeno subsidiário, mas extremamente importante na minha visão. Identifico como causa básica para o sentimento de desalento desses cérebros fujões, a inexistência de um “propósito nacional”, ou seja, de um objetivo comum capaz de empolgar todos os brasileiros ou a sua expressiva maioria, como uma força motivadora que possa unir harmonicamente os diversos estratos nacionais, neste país tão polarizado e dividido. Para deter essa evasão, temos que, antes de qualquer outra providência, buscar a convergência de propósitos e interesses, no campo político e doutrinário. E passarmos a considerar, novamente, o nosso país como sendo a terra de oportunidades para uma vida próspera e feliz, situação a ser perseguida como propósito principal de todos os brasileiros unidos em fraternal harmonia. Não há receita alternativa. * Rubens Menin Teixeira de Souza é Engenheiro Civil e Presidente do Conselho da MRV

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ESPECIAL | ELEIÇÕES 2018

A importância das propostas dos candidatos ao Governo de MG para as nossas cidades Por Danilo Silva Batista*

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vida urbana no estado de Minas Gerais tem grandes desafios. Cerca de 85% de sua população de 21 milhões de habitantes vive em cidades. O estado possui 853 municípios, com realidades muitos diversas. Os quadros de desigualdade sociais, econômicas e territoriais são recorrentes. Os candidatos ao Governo de Minas Gerais precisam estar atentos à importância das questões urbanas e apresentarem propostas efetivas para as cidades. Os planos de governo parecem ignorar a importância do tema. É imprescindível que encaremos os grandes problemas das cidades, tais como o aumento da violência social, a deficiência nas infraestruturas, a má qualidade e a falta de manutenção dos espaços públicos, a grave questão da mobilidade urbana, a falta de moradias dignas em contraponto ao excesso de imóveis públicos desocupados, a dificuldade em aliar progresso com preservação ambiental e a precária preservação do patrimônio cultural. Portanto, durante esse processo eleitoral, temos que cobrar dos postulantes ao executivo e ao legislativo, um compromisso verdadeiro com a questão urbana. As cidades são os locais onde a maciça maioria do estado vive. Promover cidades humanas, justas e sustentáveis e que preservem o patrimônio cultural e a memória do nosso estado deve ser o objetivo comum. A Arquitetura e Urbanismo e a Engenharia são essenciais para

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permitir as ações nesse sentido. Os governantes precisam trabalhar no sentido de assegurar investimentos em infraestrutura urbana e em serviços públicos e sociais, de forma a garantir a integração de todas as suas áreas à cidade, com ênfase nas periferias. As políticas de desenvolvimento urbano inclusivo devem vir associadas às ações de melhoria da segurança pública. Outra questão da qual não podemos fugir é o adensamento urbano. Não faz sentido as áreas dotadas de ampla infraestrutura, implantada pelo poder público, não serem incentivadas a receber a maior concentração possível de pessoas, permitindo a intensificação de habitação em áreas centrais, de forma que essa população possa usufruir dos diversos serviços disponíveis e mitigar os graves problemas de mobilidade urbana. Temos visto, em várias partes do mundo, ações de preservação do patrimônio histórico, aliadas ao uso de edificações tombadas tanto para moradia, inclusive via aluguel social, quanto para uso comercial e de serviços. É importante que os governantes vislumbrem essas alternativas que, além de promoverem a preservação cultural, geram benefícios econômicos e sociais. Nesse sentido, é nosso papel cobrar dos governantes uma posição assumida com relação às questões urbanas. É inadmissível que as propostas dos candidatos sejam tão pobres em termos de projetos para as cidades. *Danilo Silva Batista é Arquiteto e Urbanista e Presidente do CAU/MG

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COMISSÃO TÉCNICA DE RECURSOS HÍDRICOS

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Nos últimos cinco anos, o Estado de Minas Gerais foi submetido a oscilações muito adversas nos fenômenos hidrometeorológicos, compatíveis com a variabilidade estatística presumível para esses processos naturais, mas que resultaram em situações muito desfavoráveis (cheias extremamente concentradas e fortes em algumas regiões e instantes – que provocaram inundações severas em diversas localidades – e estiagens muito rigorosas e persistentes em outras épocas – que produziram situações muito graves de desabastecimento ou de paralisação de empreendimentos). O efeito danoso mais importante e persistente dessas variações no período recente correspondeu à grande diminuição dos armazenamentos hídricos (perceptível nos reservatórios ou nos lagos naturais e menos visível, mas igualmente presente, nas reservas subterrâneas). Na prática, a situação geral tecnicamente observada em maior ou menor grau, em quase todo o território estadual, pode ser resumida na seguinte constatação: as bacias hidrográficas estão fortemente descarregadas (pouco volume armazenado), em quantidade muito mais significativa do que a visível diminuição do volume existente nos reservatórios de abastecimento, de outros propósitos específicos ou de uso múltiplo. Recarregar essas bacias, mesmo admitida a incerta recuperação do regime normal de precipitações, demandará muito tempo. Em termos mais simples – a menos que um fenômeno oposto e de maior intensidade ocorra imediata e generalizadamente – é de se esperar a persistência de estiagens críticas no horizonte dos próximos anos.

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As disponibilidades hídricas efetivas nessas circunstâncias precisam, por isso mesmo, ser muito bem administradas pelo sistema público de gestão das águas, focando principalmente a emissão ou revisão racional de outorgas de uso dos recursos hídricos, a fiscalização do real cumprimento dessas mesmas outorgas (autorizações para a explotação legal das águas), o combate eficaz à utilização clandestina ou irregular desses mesmos recursos hídricos, a adoção de critérios atualizados e seguros para a fixação dos limites explotáveis, a garantia de efetividade para as utilizações outorgadas e o monitoramento preciso do comportamento do estado corrente em todos os corpos armazenadores de água.

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O Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos apresenta, atualmente, uma estruturação funcional bastante inadequada e uma capacidade operacional limitadíssima, o que impossibilita a sua atuação nas importantes tarefas descritas nos tópicos antecedentes. O inconveniente maior e que contribuiu de forma significativa para a

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redução da capacidade operacional do sistema decorreu da vinculação do IGAM – Instituto Mineiro de Gestão das Águas à SEMAD – Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, com a consequente agregação dos procedimentos de outorga e fiscalização das águas às providências mais gerais e menos especializadas do sistema de administração ambiental. Qualquer análise técnica desse assunto pode apontar, com clareza e rapidez, para a conveniência de desagregação dos dois sistemas, colocando a gestão das águas na atribuição exclusiva e independente do IGAM (vinculado diretamente ao comando superior e estratégico da governança estadual), observadas as disposições originais estabelecidas na Lei n° 3.199/99. Evidentemente, essa essencial desvinculação administrativa do IGAM precisaria ser conduzida concomitantemente com a não menos necessária reestruturação do órgão gestor, restaurando e ampliando a sua capacidade operacional anterior, mudanças essas que precisariam ser ativadas com bastante rapidez para que o resultado delas esperado possa ocorrer na conjuntura hídrica desfavorável presumida tecnicamente para um período imediato e de duração relativamente longa, dentro do horizonte de previsibilidade mais confiável.

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A natureza dotou o Estado de Minas Gerais com disponibilidades hídricas relativamente fartas, embora com conhecidas variações territoriais, que as tornam menos abundantes ou mais escassas em algumas regiões específicas. Essas disponibilidades naturais, grosso modo, seriam suficientes para garantir as necessidades básicas da população deste estado (principalmente o abastecimento público domiciliar e a irrigação de culturas) e a sua utilização como insumo ou fator de produção em empreendimentos industriais (incluindo geração de energia, refrigeração em instalações fabris, produção de vapor, incorporação a produtos, veiculação ou diluição de efluentes e outras utilizações do gênero). Apesar deste quadro natural bastante favorável, no período mais recente têm ocorrido episódios relevantes de insuficiência hídrica ou de desastrosas inundações. No corrente exercício, 80 municípios já declararam, oficialmente, a existência de estado de calamidade pública por absoluta insuficiência de água para abastecimento humano, e esse número pode aumentar até o final da estiagem. Por outro lado, a ocorrência de cheias extremas e de catastróficas inundações no período úmido (aquele que decorre entre os meses de outubro e março) têm produzido desastres econômicos significativos e posto em risco a vida humana em diversas localidades, merecendo destaque os episódios recentes nos municípios de Rio Casca e Uru-

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COMISSÃO TÉCNICA DE RECURSOS HÍDRICOS

cânia, entre outros. Muitas são as razões para essa surpreendente situação. A variação exagerada do regime hídrico, com a ocorrência de eventos extremos críticos (cheias e estiagens), embora compatível com a expectativa estatística desse tipo de fenômeno, foi especialmente severa e desfavorável nesses últimos anos e tem probabilidades concretas de repetição nos anos vindouros, apesar da imprevisibilidade dos fenômenos naturais envolvidos. Mas, outros fatores não naturais precisam ser considerados para o perfeito entendimento dessa situação desfavorável: as deficiências de planejamento, a falta de investimentos em infraestrutura hídrica e, sobretudo, a gestão ineficiente do uso das águas.

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A relativa fartura das disponibilidades hídricas e a razoável regularidade sazonal do regime hidrológico no Estado de Minas Gerais deveriam fazer com que a água não viesse a se transformar em fator limitante para o desenvolvimento econômico e social, conforme já se verifica no período recente, projetando um quadro ainda mais desfavorável para o futuro imediato. De fato, além das insuficiências já apontadas de forma geral nos itens precedentes, outras situações de interesse específico merecem ser mencionadas, ainda que resumidamente. Uma delas é a situação hidrologicamente precária do abastecimento de água na Região Metropolitana de Belo Horizonte através de um grande sistema integrado com Revista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018

captações nas bacias hidrográficas dos Rios das Velhas e Paraopeba, tanto em regime natural como em regime regularizado por grandes reservatórios, no qual somente pôde ser evitado um programa rigoroso de racionamento ao consumo com o recurso improvisado de construção de outras captações precárias e provisórias. O atual estado de baixa acumulação nos mencionados reservatórios, assim como – e principalmente – a circunstância de estarem as respectivas bacias hidrográficas bastante descarregadas, permitem supor a continuidade da situação crítica, indicando a possibilidade concreta, nos anos imediatos, da repetição de limitações forçadas ao consumo humano e industrial. Essa possibilidade, aliás, está presente também em muitas outras regiões e municípios não integrantes da aglomeração metropolitana de Belo Horizonte. Outra das situações merecedoras de destaque é o significativo prejuízo econômico decorrente da insuficiência hídrica para garantir extrações mínimas de água em algumas instalações industriais estratégicas e em grandes empreendimentos de agricultura irrigada. Estimativas feitas por entidades empresariais indicam que as limitações hídricas, se não revertidas, poderão alcançar percentual significativo do PIB estadual, além de afastar investimentos importantes para a retomada de crescimento econômico. Todas essas questões resultaram ou ainda ocorrerão principalmente por conta da inexistência atual de um sistema estruturado e competente para a gestão de recursos hídricos no Estado de Minas Gerais.

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Para tornar mais efetiva a contribuição descrita na presente Nota Técnica de Recomendação Estratégica, a Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) incumbiu a sua Comissão Técnica de Recursos Hídricos – constituída por profissionais de grande experiência e notório conhecimento nessa matéria – da importante tarefa de detalhamento das principais providências necessárias à instalação de mecanismos técnicos e institucionais para a constituição de um sistema autônomo e eficiente para a gestão das águas no território estadual. O material resultante desse detalhamento será encaminhado às instâncias competentes e franqueado à comunidade técnica especializada. Com a convicção de que esta entidade estará, mais uma vez, prestando um relevante serviço à Engenharia e a todos os mineiros, recomendamos, finalmente, que a questão tratada na presente Nota Técnica de Recomendação Estratégica seja recebida com interesse e considerada com a atenção que o assunto requer.

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FERROVIAS - CONCESSÕES

ANTECIPAÇÃO DOS CONTRATOS DE CONCESSÃO FERROVIÁRIA Sociedade Mineira de Engenheiros participa ativamente de discussões sobre o tema Marina Duarte

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uito se tem falado sobre as atuais renovações dos contratos de concessão das ferrovias. O tema entrou em pauta devido ao interesse do Governo Federal em renovar os contratos 10 anos antes de seu término, uma das consequências da Medida Provisória 752/16, que se transformou na Lei Federal 13.448 de 2017. Desta forma, com prazo inicial de 30 anos, as concessões chegariam ao final somente após 40 anos de vigência. Mas, para se entender os principais pontos dessa renovação, é preciso voltar um pouco no tempo, mais especificamente a 1996, quando a malha ferroviária nacional e todas as suas instalações, material rodante e tudo mais sob a posse e uso único da Rede Ferroviária Federal (RFFSA) passou a ser administrada por algumas empresas que dependiam do transporte ferroviário para que seus produtos chegassem aos portos. Na ocasião foram passadas para as concessionárias 28.000 km de linhas em condições de uso.

A Sociedade Mineira de Engenheiros se posiciona contrária à resolução da ANTT por considerar que as concessões já têm 20 anos e a malha ferroviária não foi ampliada, pelo contrário, foi abandonada pelas concessionárias. “É inconcebível um governo pensar numa renovação das concessões por mais 30 anos faltando somente mais três meses de mandato. Acreditamos que uma postergação da aplicação dessa proposta dará tempo para discutir e analisar mais criteriosamente o assunto”, explica José Antônio Silva Coutinho, Vice-Presidente de Relações Institucionais e Presidente da Comissão Técnica de Transportes da SME.

O que se viu depois daí foi o abandono da maior parte das operações existentes na RFFSA, sendo a de passageiros a primeira e mais completamente paralisada delas. Além de abandonar operações de carga e passageiros, elas abandonaram também as linhas, especialmente as que não se dirigiam especificamente a portos. Em 2013, por pressões do Ministério Público Federal, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) definiu uma resolução estipulando multas às concessionárias pelas linhas abandonadas.  Agora, com a discussão da antecipação das concessões, a história das ferrovias ganha um novo capítulo. A proposta é que a antecipação aconteça com a garantia de investimentos pelas concessionárias estimados em R$ 25 bilhões. Um dos pontos polêmicos dessa proposta é que parte do dinheiro seria destinado para a construção da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico) para escoar grãos de Água Boa (MT) até Campinorte (GO), e não utilizados na recuperação da malha ferroviária mineira.

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SME esteve presente em Audiência Pública na ALMG Crédito: Sandra Castro

AUDIÊNCIA PÚBLICA No dia 10 de setembro, o assunto foi discutido em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Participaram da audiência o Deputado João Leite (PSDB), presidente da comissão, e representantes da Procuradoria-Geral da República e do Governo do Rio de Janeiro. A SME também esteve presente, destacando o posicionamento da entidade. Revista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018


MESTRES DA ENGENHARIA

MAELI ESTRELA BORGES Maior atuação como engenheira sanitarista, Maeli Estrela Borges se dedica há mais de 30 anos ao ensino, com ênfase na Gestão de Resíduos Sólidos Sandra Castro

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frase preferida da engenheira Maeli Estrela é: “O saber, a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria, se aprende é com a vida e com os humildes” (Cora Coralina, poetisa goiana). Apoiadora, conselheira e incentivadora, em todos esses papéis Maeli atuou como socializadora do conhecimento para desenvolver a reflexão e crítica no aluno. Maeli é graduada há 50 anos como Engenheira Arquiteta Urbanista pela Escola de Arquitetura da UFMG, e atuou como engenheira sanitarista e professora de Higiene da Habitação e Conforto Ambiental no Curso de Arquitetura e Urbanismo da FAMIH (1982 a 2007); professora da disciplina Saneamento do Meio no Curso de Medicina do Trabalho da Fundação Lucas Machado/ Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais (1982 a 2000); e professora da disciplina de Resíduos Sólidos no Curso de Direito Ambiental do Centro de Atualização em Direito-CAD, nos últimos 20 anos. Ministrou e ministra cursos de pequena duração sobre Resíduos Sólidos na PUC-MG, CEFET-MG e Sociedade Mineira de Engenheiros - SME, entre outros. “Eu me identificava mais com as disciplinas relacionadas com ciências exatas e saneamento, e por ter sido incentivada pelos meus professores Dr. Hélio Lopes e João Boltshauser, resolvi fazer também o curso de Engenharia Sanitária na Escola de Engenharia da UFMG”, diz Maeli. Na UFMG cursou, como pré-requisito, algumas disciplinas de engenharia civil durante um ano porque o referido curso, na época, era só para engenheiros civis.

EXEMPLO PARA OS FILHOS O gosto pela tarefa de ensinar foi também assimilado pelos filhos. Leonardo Estrela Borges, advogado, é professor do Instituto Brasiliense de Direito Público-IDP-DF e consultor da CNI. A filha Lílian Estrela Borges Baldotto, agrônoma e bióloga, é professora na Universidade Federal de Viçosa - Campus Florestal. “Atualmente o maior desafio de educar é a perspectiva de, ao concluir um curso, o formando ficar fora do mercado de trabalho”, diz Maeli. Um conselho que Maeli daria a seus amigos? “Não desista de seus sonhos!”, enfatiza. Revista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018

ALÉM DE ENSINAR Dentre as suas realizações, além de ensinar, Maeli também atuou como Assessora de Engenharia Sanitária. O primeiro trabalho de Maeli foi o projeto arquitetônico do Centro de Profilaxia da Raiva da Secretaria Municipal de Saúde da PBH, construído no Bairro São Bernardo, em 1972, para abrigar os cães de rua e produzir vacina antirrábica. Na época, havia uma população muito grande de cães abandonados nas ruas e a possibilidade de transmissão da raiva canina. Em seguida participou como avaliadora dos produtos do Plano Diretor para a Limpeza Urbana de Belo Horizonte, elaborado por um consórcio composto pelas empresas NATRON Engenharia S.A., Escritório Técnico Enaldo Cravo Peixoto, ambas do Rio de Janeiro, e pela SANETEC, de Belo Horizonte. Este Plano deu origem à criação da autarquia Superintendência de Limpeza Urbana-SLU da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, que norteou a atuação da entidade com planejamento e autonomia financeira, administrativa e técnica. Na SLU foi admitida em 1973, e exerceu, por 34 anos, além do cargo de carreira, vários cargos comissionados: Assistente do Superintendente, Assessora Técnica, Chefe da Divisão de Planejamento, Chefe da Divisão de Operações, Chefe da Divisão de Destino Final do Lixo, Chefe do Departamento de Transportes, Diretora de Operações e Superintendente da SLU. A formação como arquiteta e urbanista foi também muito importante para desenvolver ações planejadas, a exemplo da implantação da Central de Tratamento de Resíduos de BH, do planejamento das atividades de limpeza urbana na Capital, e da descentralização operacional da SLU, que antecedeu a criação das Administrações Regionais da PBH.

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INOVAÇÃO

INOVAÇÃO AGORA PARA UM PROGRESSO INTEGRADO NO FUTURO Sandra Castro

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oje é a primeira vez que temos tecnologia e big data suficiente para entendermos onde nossas ações estão nos levando, e pela primeira vez podemos perceber o mal que fazemos pensando somente na revolução industrial tendo como único foco o lucro a qualquer custo. A sustentabilidade começou como um clichê, um marketing social, e hoje está mudando de patamar. Conforme a carta anual do Larry Fink, fundador da BlackRock, o maior fundo de gestão de NY, quem não pensar em gerar valor para a comunidade nos seus negócios estará fora do mercado nos próximos 20 anos. Em entrevista exclusiva para a Revista Mineira de Engenharia, o especialista André Menezes nos esclarece sobre negócios de impacto, inovação e tecnologias para um mundo mais sustentável, como introduzi-las em comunidades e empresas, e as novas formas de governança empresarial e comunitária. André descreve que vê o impacto como um tipo de inovação atual. Pensar no seu negócio tendo em mente como ele pode ser positivo e atender requisitos de todos os envolvidos (stakeholders desde cliente, fornecedores, parceiros e comunidade onde atua) é um desafio, e usar inovação pra isso é essencial. “O produto somente gera impacto quando é utilizado pela multidão”, diz André, e continua: “Gosto muito da Inovação Frugal (conceito que significa tornar produtos e serviços mais simples, baratos e acessíveis) dando acesso para 7 bilhões de pessoas”. André aqui indica o livro “A Riqueza na Base da Pirâmide”, de C.K.Prahalad. André é CEO na ImpactLab (impactlab.com.br), palestrante, idealizador e empreendedor social na Baanko (baanko.com), startup que promove programas de desenvolvimento e investimento em Negócios de Impacto com base nos 17 Objetivos de Desenvolvi-

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mento Sustentável (ODS). É também professor na Fundação Dom Cabral (FDC), consultor no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Presidente Voluntário do Instituto “Um Pé de Biblioteca” - projeto para melhorar a educação no Brasil por meio das bibliotecas; e membro e líder de capítulo na SDSN (Sustainable Development Solutions Network), rede da ONU para o desenvolvimento sustentável local. André realiza multitarefas, mas com um único objetivo: a busca pelo progresso integrado baseado na sustentabilidade. Uma frase preferida de André: “Qualquer coisa que você faça será insignificante, mas é muito importante que você o faça. Pois ninguém o fará por você”. (Mahatma Gandhi) DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO UNIDO AO DESENVOLVIMENTO HUMANO “O desenvolvimento econômico deve trazer também a felicidade e a paz para as pessoas” (Diário do Comércio, Editoria Opinião, 05/05/2018, Nair Costa Muls, doutora em Sociologia). Muitos tentam conquistar desenvolvimento econômico sem sucesso em empresas, comunidades e países, mas para atingir um desenvolvimento econômico saudável é necessário se ter um desenvolvimento humano para tal. É bem diferente o projeto de desenvolvimento econômico de um país na África subsaariana e num país europeu de primeira linha, e isso precisa ser levado em conta. “Para que possamos pensar em um modelo econômico que funciona bem em um país desenvolvido precisamos ter passos de desenvolvimento humano e educação da população para aumentar o nível de confiança, e com isso ter um ambiente propício que permita tal projeto”, afirma André. Essa reflexão diz muito sobre como ter em conjunto desenvolvimento econômico e felicidade/paz. “Existem países que ainda não possuem desenvolvimento econômico Revista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018


INOVAÇÃO

eu e você fazemos juntos muito mais que a soma do que cada um é capaz de fazer sozinho. É o espírito e capacidade de viver em comunidade que deu ao homo sapiens a capacidade de crescer e desenvolver. “Agora chegou a hora de usarmos isso a favor do planeta também”, atesta André. Dentre os 17 ODS, André fala sobre a capacidade de Minas cumprir até 2030 o ODS11-Cidades e Comunidades Sustentáveis (tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis). “É um grande desafio, mas não impossível. O que devemos pensar é em como facilitar e criar um ambiente mais propício para tal”. Na SDSN, rede da ONU em Minas, a integração dos setores é muito importante: ter o governo, empresas e organizações sociais cada um fazendo seu papel é fundamental, e mais que isso, trabalhando em conjunto com os outros setores a fim de propiciar o crescimento sustentável. Ações devem ser feitas por governos e sendo lideradas por empresas, e vice-versa, o que consequentemente gera capacidade para se ter uma sociedade mais sustentável. André Menezes

na matriz do padrão global, mas em quesito de felicidade andam dando um banho em muitas grandes nações, vide Cuba e Butão”, diz André. O Butão, com uma economia emergente, preocupa-se com uma meta mais elevada de desenvolvimento, o Índice de Felicidade Interna Bruta (FIB). O FIB mede o que faz o povo não mais rico, mas sim mais feliz, e vem dando o que falar na gestão do desenvolvimento econômico. O governo do Butão entende que criar um ambiente onde os cidadãos possam buscar a felicidade é mais importante que maximizar o PIB. ODS DA ONU UNE AS PESSOAS EM UM MESMO OBJETIVO: SALVAR O PLANETA TERRA Em quais espaços os ODS devem ser discutidos? André responde: “Todos! Essa deve ser uma agenda de A - Z, do norte ao sul”. André assegura que quanto mais falarmos dos ODS, mais vamos conseguir colocar todos em uma mesma agenda e com isso conseguir atingir soluções para problemas mais complexos. “Muita gente junto faz milagre, gosto muito de usar a inteligência coletiva, onde 1 + 1 = 3” ou seja, Revista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018

A TRANSFORMAÇÃO DA CULTURA LOCAL O simples fato de trabalhar em conjunto, em rede, promove a cultura, a formação de valores. Cultura é um tema relevante, pois o que queremos normalmente é evoluir uma parte que percebemos que está ruim. “Gosto muito, e indico, a ferramenta Fluxonomia 4D. Ela expande a visão do tripé da sustentabilidade, incluindo junto com o social, ambiental e econômico, o pilar cultural”, explica André. As startups do San Pedro Valley-SPV (premiada comunidade com mais de 300 startups, localizada em Belo Horizonte), estão aí para provar: ao invés de trabalharem de forma descoordenada, cada uma pensando somente no seu dia-a-dia, trabalham juntas, permitindo trocas em grupo para promover mais crescimento, não somente para elas, mas para Minas Gerais. “Queremos estudar como o SPV se relaciona com o desenvolvimento sustentável proposto pelos ODS, e qual a contribuição do grupo para potencializar e acelerar esse processo”, afirma André. “Em resumo, o caminho é trabalhar em grupo, em comunidade, entendendo cada vez mais como suas ações impactam (negativamente e positivamente) na comunidade, para que se possa assim tomar decisões mais completas e assertivas”, conclui.

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MERCADO E TENDÊNCIAS

CONTÊINER: SOFISTICAÇÃO E SUSTENTABILIDADE Marina Duarte

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olhar criativo de empresas, arquitetos e designers trouxe uma nova funcionalidade para os contêineres. Se antes eles eram vistos apenas nos navios e portos, hoje compõem belos projetos em centros urbanos espalhados pelo mundo. Além de trazer um ar moderno e sofisticado para a construção, a utilização de contêineres tem um viés sustentável, uma vez que são reutilizados produtos que seriam descartados. A redução dos entulhos e da necessidade de tijolo, areia, cimento, ferro, entre outros materiais, também é um ponto positivo no quesito sustentabilidade. César Rohrer Groppelli, Diretor-técnico e engenheiro da Attuare Engenharia, explica que as vantagens desse tipo de construção não param por aí. “Investir em uma estrutura em contêiner é se basear em 3 premissas: reusabilidade, agilidade e mobilidade. A utilização dos contêineres em edificações é uma alternativa sustentável para o descarte dos mesmos na natureza. Além disso, uma obra em contêiner é muito mais ágil que a construção tradicional em alvenaria, haja vista que a estrutura já se encontra pronta. Por fim, a mobilidade torna uma estrutura em contêiner possível de ser retirada e deslocada para um local distinto em virtude de ser uma estrutura em módulos. Portanto, essa solução se faz uma alternativa de construção sustentável, de baixo custo e flexível”, ressalta o engenheiro. No catar, emirado do Oriente Médio e sede da Copa do Mundo de 2022, o estádio Porto de Doha será construído com contêineres. O local, que terá capacidade para 40 mil pessoas, será montado com um sistema modular inteligente e poderá, após o torneio, ser desmontado e dar lugar a uma nova construção. No Brasil, o uso de contêineres também é tendência. Por aqui é possível encontrar bares, casas, condomínios e escritórios feitos com o material reutilizado.

Na primeira fazenda urbana da América Latina, localizada em Belo Horizonte, todo o projeto teve como norte a sustentabilidade. Para isso, foi priorizado a reutilização de materiais. As mesas e cadeiras tiveram como matéria prima a madeira plástica, que sofre um processo de transformação do plástico jogado fora. Já o piso foi feito com material de rejeito de mineração. E para finalizar, os contêineres também deixaram de ser sucata e assumiram um papel de destaque no projeto.

REVESTIMENTO INTELIGENTE NA CONSTRUÇÃO CIVIL Marina Duarte

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construção civil é um dos setores que mais gera resíduos. Para diminuir os impactos ambientais, existe uma procura cada vez maior por soluções mais sustentáveis. É o caso do revestimento inteligente, uma nova tecnologia importada do Japão pela empresa mineira Ecogranito. O material, que leva o mesmo nome da empresa, consiste em um revestimento semelhante às rochas de granito, porém com tecnologia de respiração inteligente. Com a aplicação dessa tecnologia, não é necessário o corte de rochas, sendo o produto fabricado a partir do aproveitamento dos resíduos gerados do processo de extração de mármores e granitos nas jazidas. Sua forma sustentável de fabricação diminui consideravelmente os impactos ambientais. Mas os benefícios de sua utilização vão além. Com aparência final muito parecida com as rochas ornamentais, o Ecogranito possui um preço de mercado bem mais competitivo (cerca de 25% mais barato que as rochas). Além do preço, podemos citar ainda a aplicação simples e rápida, a versatilidade de uso, a boa durabilidade e a grande resistência ao intemperismo, como à exposição solar, chuva e poeira. A MRV Engenharia e a Drogaria Araújo são algumas das empresas mineiras que já utilizam o material. Na rede de drogarias, por exemplo, o revestimento inteligente está presente na maioria das lojas da cidade, num total de 38 unidades implantadas até hoje.

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EVENTOS SME

SME REALIZA PALESTRA SOBRE ACÚSTICA EM EDIFICAÇÕES A nova edição da ABNT NBR 10152 proporciona melhor resposta técnica aos profissionais Sandra Castro Profissionais se reuniram para discutir a nova edição da ABNT NBR 1015. Crédito: Sandra Castro

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cústica em Edificações - A nova edição da ABNT NBR 10152 e sua correlação com a norma de desempenho e com a NR-17” foi o tema de evento realizado na SME no dia 31 de julho. Programado para ser de 19h às 21h, o evento se estendeu até as 22h, devido ao grande interesse dos participantes no assunto. O palestrante, Diretor da SME e Coordenador da Comissão de Desempenho Acústico da ABNT, Engenheiro Eletricista Krisdany Cavalcante, trabalha com acústica desde 1999. Muito atencioso, Krisdany respondeu uma a uma todas as dúvidas dos participantes.

Ambiente – CONAMA, nº 001 de 1990, na Norma Regulamentadora nº 17, do Ministério do Trabalho, que trata sobre ergonomia e que prevê que os ambientes que têm atividades de trabalho intelectual e em leis municipais.

A nova edição da ABNT NBR 10152 apresenta valores de referência para diferentes ambientes internos de uma edificação. Tais valores são estabelecidos de acordo com a finalidade de uso do ambiente, visando a preservação da saúde e do bem-estar humano.

Krisdany destacou a importância da nova edição da norma, principalmente no que diz respeito aos impactos na saúde: “A questão da acústica diz respeito à nossa condição de saúde. E esta é uma preocupação da OMS (Organização Mundial de Saúde). Ambientes com nível de pressão sonora elevado fazem com que o nosso metabolismo fique alterado, elevando a adrenalina e o cortisol, dentre outras alterações que induzem o estresse. Dependendo da condição, uma noite de sono prejudicada por um ambiente ruidoso gera, no dia seguinte, irritabilidade e mau-humor. A natureza do corpo humano traz essa correlação direta”, explica Krisdany.

Um padrão saudável de pressão sonora é fundamental para um bom uso, convívio e para a saúde física e mental das pessoas. Por isso, a ABNT NBR 10152 é referenciada em alguns regulamentos legais, como na Resolução do Conselho Nacional do Meio

A engenharia tem a função de adequar os ambientes à nossa condição fisiológica. Assim, a ABNT NBR 10152 estabelece os valores de referência para finas de projeto e avaliação de ambientes internos a diferentes tipologias de edificação, como residências, hotéis, es-

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colas, shopping centers hospitais, igrejas, dentre outros, e também os procedimentos de como se fazer a medição e a avaliação nestes ambientes. “Estas são atividades típicas dos engenheiros e dos arquitetos que trabalham com adequação de ambientes construídos e com projeto e construção de edificações”, relata Krisdany. Priscila Welter, engenheira e sócia da ALON Engenharia, participou da palestra e se mostrou satisfeita com as novas informações. Priscila conta que após a palestra na SME se sente melhor preparada para atender às diversas necessidades de cada cliente. “A palestra foi importante para esclarecer acerca da função da norma em questões legais, principalmente junto à resposta de juízes e demandas judiciais, que é o que nós trabalhamos no momento. A norma anterior não esclarecia alguns pontos e deixava algumas lacunas a preencher. Essa norma veio para a gente fechar essas lacunas e responder tecnicamente muito melhor do que nós estávamos respondendo”, declara Priscila, certa de ter alcançado, com a palestra, seu objetivo de ser uma profissional cada vez melhor.

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EVENTOS SME

NORMA DE DESEMPENHO PARA CONSTRUÇÃO CIVIL DE EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS Marina Duarte

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elhorar o desempenho nas edificações é um objetivo constante do setor da construção civil. Em busca de critérios mais bem definidos para alcançar maior qualidade nas construções habitacionais, iniciou-se, no ano 2000, os primeiros estudos sobre a Norma de Desempenho para Construção Civil de Edificações (NBR – 15.575:2013), incentivados pela Caixa Econômica Federal e a Financiadora de Estudos e Projetos- Finep. Em 2007 foi disponibilizada a primeira edição da norma para consulta pública. No entanto, a mesma só foi publicada em 2013, após vários ajustes. Cerca de 40 arquitetos e engenheiros se reuniram, no dia 28 de agosto, na sede da SME, para debater os conceitos, ferramentas e metodologias para implantação dessa norma. Os engenheiros Leandro Guerra Martins e Marcelo Ribeiro de Godoi, responsáveis por apresentar a temática, explicaram que o objetivo da norma é inserir o fator qualidade nas edificações, tendo, para isso, o foco nas necessidades dos usuários. Desta forma, a NBR – 15.575:2013 explora conceitos e

Leandro Guerra mostra aos participantes os principais requisitos da norma. Crédito: Marina Duarte

requisitos novos que as normas prescritivas não exploravam: Durabilidade (vida útil); manutenabilidade; e conforto tátil e antropodinâmico dos usuários. “A Norma serve de instrumento para o usuário se basear na obtenção de um produto melhor. Da mesma forma, ela também serve como instrumento para as construtoras projetarem e construírem produtos de mais qualidade e que satisfaçam os requisitos dos usuários. É uma via de mão dupla”, explica Leandro Guerra. Sobre a obrigatoriedade, ou não, do cumprimento da norma, Marcelo Ribeiro completa: “A norma não é lei, mas como o código de defesa do consumidor cita a necessidade dos fornecedores de produtos e serviços somente colocarem no mercado produtos de acordo com as normas expedidas, o ideal é que a construção siga os requisitos da Norma de Desempenho”, explica.

SEGURANÇA

- segurança estrutural - segurança contra incêndio - segurança no uso e operação

HABITABILIDADE

- estanqueidade - desempenho térmico - desempenho acústico - desempenho lumínico - saúde, higiene e qualidade do ar - funcionalidade e acessibilidade - conforto tátil e aerodinâmico

SUSTENTABILIDADE - durabilidade - manutenabilidade - impacto ambiental

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NÍVEIS DE DESEMPENHO

REQUISITOS DE DESEMPENHO

S I M

Superior DIFERENCIAL COMPETITIVO

Intermediário

(VENDA POR DESEMPENHO) - divulgação - marketing - material de vendas

Mínimo

ATENDIMENTO OBRIGATÓRIO

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EVENTOS SME

SEGURANÇA NO TRABALHO PARA GESTORES DE GRANDES EMPRESAS Marina Duarte

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conteceu na SME, no dia 4 de setembro de 2018, o curso Segurança no Trabalho para Gestores de Grandes Empresas. A engenheira e Diretora Técnica Cultural da SME, Sumaia Zaidan, foi a responsável pelo treinamento e iniciou o evento comentando que “desde a antiguidade, muitos pensadores e estudiosos observavam que acidentes e doenças dos trabalhadores eram ocasionadas por contato e inalação de substâncias manipuladas em seus ofícios. Em 400 anos A.C., Hipócrates identificou que mineiros foram envenenados pela exposição a minerais que continham chumbo”. A palestrante abordou a legislação brasileira aplicável, a responsabilidade civil e criminal da liderança e a gestão de Saúde e Segurança do Trabalho em empresas de grande porte, detalhando as etapas básicas de um bom planejamento. Marcus

VICE-PRESIDENTE DA SME PARTICIPA DE REUNIÃO DA CÂMARA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO DA FIEMG Marina Duarte

Magalhães, engenheiro mecânico e CEO da MUN-LOG (empresa P2P, que conecta fornecedores, clientes e profissionais da área de equipamentos para construção civil, mineração e agronegócios), participou do curso e destacou a importância do tema. “A gestão do risco do acidente e da responsabilidade civil e criminal dos gestores é uma parte sempre importante de rever e também entender como a lei é aplicada”, diz Marcus, satisfeito pelo fato de o curso ter acrescentado importantes informações aos seus conhecimentos da área, e completa: “O cuidado com as pessoas é essencial, pois elas são a parte mais importante no processo. Têm que ser protegidas, preservadas”, conclui. Para maior interação da turma, a instrutora Sumaia lançou a pergunta

aos participantes: Por que praticar a segurança? Dentre as várias respostas, Herlys Torres, engenheiro da empresa Cedus - Centro Avançado em Diagnóstico, respondeu que se deve praticar a segurança “para prezar pela integridade das pessoas ao executar um trabalho”, garantiu o entusiasmado jovem engenheiro colombiano. Sumaia destacou, dentre as etapas de Gestão de Saúde e Segurança, o diagnóstico da empresa, ou seja, definir em que estágio de maturidade essa etapa se encontra dentro da curva de Bradley, a aproximação e empoderamento dos gestores, e a definição de ferramentas e procedimentos adequados. Finalizou acrescentando: “Segurança do Trabalho é acima de tudo planejamento e responsabilidade de todos”.

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o dia 24 de setembro, o vice-presidente da SME, Luiz Otávio Silva Portela, representou a entidade na 1ª reunião de 2018 da Câmara da Indústria da Construção da Fiemg, presidida pelo engenheiro Teodomiro Diniz Camargos. Durante o encontro, Teodomiro Diniz e o engenheiro Aurélio Marangon Sobrinho, presidente do Sinduscon de Juiz de Fora, informaram aos presentes detalhes do Minascon 2018, marcado para iniciar no dia seguinte à reunião da Câmara. O Minascon é um evento unificado da Construção Civil e teve como tema deste ano Novas Tecnologias e a Reinvenção da Indústria.

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EVENTOS SME

UM SONHO CHAMADO USIMINAS Marina Duarte

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odos os grandes projetos na vida de uma pessoa e na vida das empresas partem de um sonho”. Foi com essas palavras que Sergio Leite de Andrade, Presidente da Usiminas, iniciou a palestra “A Construção do Presente e do Futuro de uma Empresa”, realizada na sede da Sociedade Mineira de Engenheiros. Com 62 anos de criação e 55 de operação, a Usiminas é o maior complexo siderúrgico de aços planos da América Latina e um dos 20 maiores do mundo. Uma empresa consolidada no mercado, mas que enfrentou, entre 2015 e 2017, os momentos mais difíceis de sua história. Em 2015, os resultados da empresa começaram a se deteriorar. Os números eram tão ruins que, no primeiro semestre de 2016, a empresa corria o risco de entrar em recuperação judicial ou até mesmo decretar falência. Para mudar esse cenário, foi desenvolvido um plano de trabalho com foco na mobilização das pessoas e geração de resultados. “A recuperação da Usiminas partiu de um sonho. O sonho de recuperar uma empresa, que estava em situação extremamente crítica, e reposicioná-la no mercado, na posição que ela construiu ao longo de mais de 50 anos. E foi esse sonho que mobilizou a nossa equipe”, conta Sergio Leite. O primeiro passo, conforme conta o presidente, foi a criação do grupo dos 10, composto pelos principais executivos da empresa. “No início da história da Usiminas existiu um outro grupo que foi muito importante: os 7 samurais. O grupo era formado por engenheiros que foram ao Japão na década de 50 para receber treinamento técnico para a entrada em operação da Usiminas. Mas, na verdade, os 7 samurais eram 10. Da mesma forma, o grupo dos 10 é composto por 17 executivos da empresa”. A partir da criação desse grupo, iniciou-se um trabalho de diagnose da situação, para, desta forma, começar a estabelecer projetos e planos de ação para a criação de um sistema de gestão robusto, com objetivos, indicadores e metas definidos. “Com isso, nós envolvemos e mobilizamos todos os nossos empregados, buscando o conhecimento de cada um e procurando agregar esse conhecimento individual na geração de resultados. Foi com a mobilização das equipes, feita com um acompanhamento intenso e projetos bem definidos, que nós conseguimos fazer esse grande trabalho”, ressalta o presidente.

camos essa meta, a maioria das pessoas não acreditava, achava que era impossível. Mas todos se mobilizaram para construir esse resultado. O mais importante foi que, no trimestre seguinte, nós cumprimos a meta que parecia impossível e geramos R$ 307 milhões de Ebitda”. Luiz Márcio Araújo Ramos, Diretor de Desenvolvimento Organizacional e Gestão de Pessoas da Usiminas, também destaca o importante papel da equipe no processo de recuperação da empresa. “Uma empresa se constitui de pessoas. E esse desafio foi vencido pelas pessoas que estão dentro da Usiminas. Quando você tem uma ação mobilizadora, uma ação de envolvimento das equipes, de construir um propósito coletivo, as coisas acontecem. Então, valorizando as pessoas no dia a dia, sendo coerente entre aquilo que se fala e aquilo que se pratica que a gente consegue superar os resultados”, explica.

“Todos os grandes projetos na vida de uma pessoa e na vida das empresas partem de um sonho”. Sergio Leite, Presidente da Usiminas As ações desenvolvidas pela Usiminas envolvem ainda o fortalecimento e preparação das lideranças. Para isso, a empresa, em parceria com a Fundação Dom Cabral, vem realizando um intenso trabalho junto a 410 líderes, com o objetivo de preparar essa liderança para os momentos que virão pela frente. “A gente tem que ter uma liderança protagonista, que faça as coisas acontecerem e, sobretudo, uma liderança que seja inspiradora, que tenha capacidade de aglutinar as equipes, de engajar aquelas pessoas no alcance dos resultados”, destaca o diretor. Maurício Rodrigues Coelho, ex-diretor Industrial da Usiminas e aposentado desde 1998, acredita que o crescimento da empresa depende também do cenário econômico do país. “Para a Usiminas crescer, ela precisa que o país cresça. Nos dois últimos anos ela cresceu, mas agora precisamos torcer para o país se desenvolver também”, ressalta. Casa cheia durante palestra de Sergio Leite, Presidente da Usiminas. Crédito: Sandra Castro

Dentre as metas estabelecidas, estava a geração de R$ 100 milhões de Ebitda por mês. Meta otimista por se tratar de uma empresa que vinha gerando resultados negativos, como conta Sergio Leite: “Quando nós colo-

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EVENTOS SME

INOVAÇÃO E PRODUÇÃO TECNOLÓGICA - ENERGIA, ÁGUA E SANEAMENTO Sandra Castro A SME e o Diário do Comércio apresentaram, dia 26 de setembro, na sede da SME, a 16ª edição do Diálogos DC-Inovação e Produção Tecnológica. Iniciativa do Movimento Minas 2032 para desenvolver discussões nas diferentes esferas da sociedade, e gerar soluções para Minas cumprir os ODS da ONU, o Diálogos DC resgata assuntos de relevância para o Estado. A mesa foi formada pelos moderadores Ronaldo Gusmão, presidente da SME e Luiz Carlos Motta Costa, presidente do jornal Diário do Comércio; pelos convidados Aloísio Vasconcelos, engenheiro eletricista, ex-diretor da Cemig, ex-presidente da Eletrobrás e da SME, e Sérgio Menin Teixeira de Souza, engenheiro civil e presidente da Comissão Técnica de Recurso Hídricos da SME. O Diálogo DC contou com a presença de representantes de várias entidades e do empresariado mineiro, de profissionais interessados nos temas em discussão, de membros da Diretoria e associados da SME, e da Imprensa. O evento discutiu os temas energia, água e saneamento correlacionados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, ODS 6-Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todas e todos, e ODS7-Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todas e todos. “Com a função de nortear as políticas públicas e atividades de cooperação entre as nações, os ODS impulsionam o desenvolvimento socioeconômico, tecnológico, político, cultural e ambiental, estabelecendo uma série de metas que envolvem temáticas diversificadas” (fonte: http://dialogosdc.com.br/dialogos/mm2032-2/ ). Aloísio Vasconcelos iniciou o diálogo com o tema energia elétrica e a necessidade de sua universalização, pois a energia é condição vital para qualquer ser humano. “O mundo hoje não pode mais desperdiçar energia. Temos que ensinar o industrial a consumir energia sem perda, economizando quando possível. Na engenharia, a cada dia temos inovação, que gera avanço tecnológico e leva ao movimento sustentável”, alerta Vasconcelos. Logo a seguir Sérgio Menin falou sobre a água e seu uso para navegação e irrigação. “O fato é que os usos da água são muitos”, afirma. “A engenharia tem mecanismos para controlar os extremos, a escassez e a abundância de água”, completa. Menin explicou que o gerenciamento eficaz da disponibilidade de água deve ser bem trabalhado, desenvolvendo os vários modelos de gestão da água com a ajuda da tecnologia de ponta. Revista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018

Seguido pela fala do moderador Ronaldo Gusmão, Vasconcelos deu continuidade ao tema energia elétrica e falou sobre a tecnologia maremotriz, capaz de gerar energia por meio do movimento das marés. Ele destacou a importância da parceria entre as empresas de energia públicas e privadas, e de investir nas novas tecnologias disponíveis: “A inovação tem que ser no interior das pessoas também”, acrescenta. O participante André Mattioli, engenheiro eletricista e atual 2º Secretário da Comissão Cidades Sustentáveis da Sociedade Mineira de Engenheiros, perguntou sobre a posição do Diário do Comércio perante os ODS. O moderador Luiz Carlos Motta, presidente do jornal, respondeu que capta conhecimento para produzir reação, para que sejamos mais ativos e termos consciência de que somos os protagonistas da inovação. E Adriana Muls, coordenadora do Diálogos DC, completou: “O Diário do Comércio sempre teve essa conduta, muito antes dos ODS”. Logo a seguir, o participante Fernando Varella, empresário na área agroambiental, apresentou à mesa um projeto inovador para gerar energia a partir do lixo com aproveitamento total e sem desperdício. Aloísio finalizou sua fala contando sobre o seu sonho em transformar o mundo em um lugar mais justo e do valor da responsabilidade de todos: “Se não houver fruto, valeu pela beleza das flores. Se não houver flores, valeu pelo esforço das folhas. Se não houver folhas, valeu a luta do caule. Se não houver caule, valeu a tentativa da semente”, concluiu brilhantemente em meio aos aplausos de todos os participantes.

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ENTREVISTA - COMBATE À INCÊNDIOS E PÂNICO

Tadeu do Espírito Santo, Coronel do Corpo de Bombeiros, fala sobre Projetos de combate à incêndios e pânico A SME, representada pela diretora e engenheira Sumaia Zaidan, participou da Reunião do Conselho Consultivo de Segurança Contra Incêndio e Pânico, que aconteceu no dia 18 de junho de 2018, na Cidade Administrativa do Estado de MG. A reunião explicitou a importância do Conselho Consultivo em cumprimento ao previsto no Decreto 44.746/2008, destacando-se a apresentação sobre o INFOSCIP e progressos do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais (CBMMG) na área de Segurança Contra Incêndio e Pânico. Em entrevista à SME, o Coronel Tadeu do Espírito Santo, Diretor de Atividades Técnicas do CBMMG, destacou as ações realizadas pela organização. Qual o objetivo e principais atribuições do Conselho Consultivo de Segurança Contra Incêndio e Pânico do Estado de Minas Gerais? O Conselho Consultivo de Segurança Contra Incêndio e Pânico (CCSCIP) é um órgão colegiado, formado por membros do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais e representantes da Sociedade Civil, instituído pelo artigo 28 do Decreto Estadual 44270/2006 e mantido pelo Decreto Estadual 44.746/2008. O principal objetivo do CCSCIP é promover a integração entre os diversos agentes da sociedade corresponsáveis pela segurança contra incêndio e pânico, promovendo em suas reuniões debates que resultem em assessoria ao Comandante-Geral do CBMMG no que trata das ações e campanhas preventivas realizadas pelo Corpo de Bombeiros. Além disso, tem como principal atribuição promover a integração entre as várias instituições que compõem o CCSCIP, objetivando otimizar as ações do CBMMG que propiciem segurança à comunidade. O CCSCIP tem ainda como atribuição discutir e propor sugestões, quando da elaboração de Instrução Técnica para deliberação do Comandante-Geral do CBMMG, destacando-se que o art. 4º do Decreto Estadual 44.746 estabelece como competência exclusiva do Comandante-Geral do CBMMG a homologação das Instruções Técnicas, além de manifestar-se a respeito de temas relacionados à prevenção contra incêndio e pânico, incluindo intervenções e soluções excepcionais, quando for o caso.

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O que é o INFOSCIP, e qual seu objetivo? O INFOSCIP é o Sistema de Informações do Serviço de Segurança Contra Incêndio e Pânico, desenvolvido pelo CBMMG através da PRODEMGE, em parceria com a SEDS (Secretaria de Estado de Defesa Social) e SEPLAG (Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão), como parte dos Projetos Estruturadores do Governo do Estado de Minas Gerais. O INFOSCIP tem por objetivo simplificar as ações do Serviço de Segurança Contra Incêndio e Pânico (SSCIP), fornecendo meios de coordenação e controle de Processos de Segurança Contra Incêndio e Pânico (PSCIP). Possibilita aos Responsáveis Técnicos meios versáteis de consultas, solicitações e outros serviços facilitadores para tramitação de projetos técnicos digitais com a finalidade de regularização de edificações e áreas de risco, propiciando transparência, rapidez e economia. Quais órgãos estão associados e conectados ao INFOSCIP e qual a vantagem de utilizar este sistema? O INFOSCIP está integrado a sistemas de outros órgãos, sendo eles: Secretaria de Estado de Fazendo (SEF) – para a emissão de taxas e confirmação dos respectivos pagamentos; Junta Comercial do Estado de Minas Gerais (JUCEMG) – para o conhecimento da abertura de novos empreendimentos sujeitos à fiscalização; PMMG – Geosite – para a validação de endereços das edificações/áreas de risco e estudos de geoestatística; CREA-MG – para validação dos responsáveis técnicos filiados a este conselho; CAU/BR – para validação dos responsáveis técnicos filiados a este conselho. O INFOSCIP proporciona várias vantagens: rapidez na tramitação de processos, transparência, possibilidade de gerência da tramitação por demanda (centralização), economia (espaço, pessoal, deslocamento, impressão), atendimento online, pesquisa de projetos online, auditoria instantânea, segurança no arquivamento dos PSCIP e apoio operacional. Desde quando o INFOSCIP está funcionando em Belo Horizonte, região metropolitana e demais cidades de Minas Gerais e qual a sua abrangência atual em Minas? O sistema INFOSCIP começou a operar na Região Metropolitana de Belo Horizonte em 3 de setembro de 2012, atendendo 34 municípios. Em 2017, deu-se início ao processo de interiorização e o sistema foi recepcionado por Unidades do CBMMG que atendem 149 municípios, que representam aproximadamente 33% da população miRevista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018


ENTREVISTA - COMBATE À INCÊNDIOS E PÂNICO

neira e 42% de todos os Processos de Prevenção Contra Incêndio e Pânico protocolados no Estado. Até o final do ano de 2018, o INFOSCIP atingirá 300 municípios e, até o final do ano de 2019, todos os municípios de Minas Gerais estarão contemplados. Qual o tempo gasto, em média, para o CBMMG avaliar um projeto? E liberar um AVCB? E quando se tratar de renovação, considerando que o projeto esteja correto e não existam correções a fazer? O prazo legal previsto para a análise de um projeto é de 30 dias. Entretanto, este prazo varia de acordo com a demanda de cada unidade. No Centro de Atividades Técnicas (CAT), que é responsável pela análise do maior volume de projetos, sendo todos os da RMBH, o prazo atual para a análise está em 2 dias úteis. Com relação às vistorias, o prazo legal é de até 10 dias úteis após o protocolo da solicitação de vistoria. O prazo varia de acordo com a demanda de cada unidade do CBMMG responsável pela área.Os pedidos de renovação de AVCB não requerem análise de projeto nem vistoria prévia e, em média, têm demandado 2 dias para a deliberação. Todo projeto de engenharia é acompanhado por ART - Anotação de Responsabilidade Técnica, emitida em nome do autor. Porém, nenhum deles é avaliado pelo CREA ou outro órgão, exceto os projetos de Combate à Incêndio e Pânico, que são avaliados pelo CBMMG. Por que os projetos de Combate à Incêndio e Pânico, mesmo tendo a ART, são avaliados pelo CBMMG? É de extrema importância destacar que o CBMMG não avalia o projeto apresentado pelos engenheiros ou arquitetos. Os aspectos técnicos apresentados nos processos de segurança contra incêndio e pânico são de inteira e exclusiva responsabilidade dos responsáveis técnicos, o que é comprovado através da emissão da ART ou do RRT, que podem, diante de qualquer irregularidade, responder tanto administrativamente quanto penalmente. O ato de analisar os processos, realizado pelo CBMMG, consiste em uma verificação de itens e parâmetros prescritivos de segurança contra incêndio e pânico, o que significa que o CBMMG confere se o que foi projetado está adequado ao previsto nas Instruções Técnicas no que trata dos parâmetros mínimos de segurança para determinada medida ou equipamento preventivo. Essa análise de projetos é de competência exclusiva do CBMMG, prevista na Lei 14.130/2001, e é necessária, uma vez que a segurança contra incêndio e pânico é tema de segurança pública que visa preservar a incolumidade das pessoas e de seus bens. Revista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018

Cabe destacar aqui que os parâmetros de exigência das medidas preventivas são fruto de pesquisas e estudos realizados por órgãos normalizadores de referência nacional ou recepcionados no Brasil, como a ABNT e NFPA. Como o CBMMG está formatado e organizado para avaliar e analisar estes outros projetos? Tudo começa pela qualificação. O CBMMG garante, durante a formação básica de ingresso e ao longo da carreira, que seus militares sejam capacitados para os trabalhos relacionados ao serviço de segurança contra incêndio e pânico. O Curso de Formação de Oficiais, graduação de nível superior, oferece disciplinas técnicas e jurídicas, além das específicas da atividade de bombeiro, conferindo ao militar plenas condições de realizar a análise dos projetos de segurança contra incêndio de pânico e vistorias de avaliação de riscos. Outro bom exemplo de formação continuada oferecida pelo CBMMG é o CASCIP, Curso de Atualização em Segurança Contra Incêndio e Pânico, curso online, que periodicamente é realizado para nivelar e agregar conhecimento a todos integrantes do Serviço de Segurança Contra Incêndio e Pânico do CBMMG. Especificamente quanto à análise dos processos de segurança contra incêndio e pânico, tem-se que esta ocorre de forma descentralizada, de forma que cada região do Estado é atendida por uma unidade específica do CBMMG. O processo é apresentado pelo RT na unidade ou através do INFOSCIP – nos locais onde o sistema já está implantado, e é analisado por militares pertencentes àquela unidade especifica do CBMMG.

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ENTREVISTA – SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA

INFRAERO: UM CASE DE SUCESSO Em entrevista para a Revista Mineira de Engenharia, Antônio Claret, engenheiro, Presidente da Infraero e sócio da SME, conta qual foi a estratégia utilizada para reverter o cenário da empresa e alcançar a sustentabilidade financeira. Confira!

Quais ações sustentáveis a Infraero realiza atualmente? Tão logo assumi a presidência da Infraero, fiz um diagnóstico da empresa e implantei um plano de sustentabilidade, juntamente com a revisão de todo o planejamento estratégico. Com isso, o principal objetivo foi garantir a viabilidade econômico-financeira do negócio, aumentando receitas e reduzindo gastos, sem que houvesse queda na qualidade da prestação de serviço aos usuários dos aeroportos – muito pelo contrário, intensificando o trabalho de agregar valor à experiência de se passar pelos aeroportos da empresa. Em 2018, a otimização de custos e despesas operacionais já traz uma redução de mais de 12%. Isso comprova que, com uma melhor alocação dos recursos, é possível ter o melhor atendimento possível e tornar a Infraero uma empresa cada vez mais eficiente. Ainda com o plano de sustentabilidade, a Infraero intensificou o Programa de Incentivo à Transferência ou à Aposentadoria (PDITA), cujo resultado impacta sobremaneira na redução do custo de pessoal da empresa, que já atinge marcas de mais de R$ 200 milhões anuais de economia. Projetos já implantados ligados à redução da estrutura corporativa e de suporte à operação, como a redução de mais de 40% no número de diretorias (de sete para quatro), também já rendem, aproximadamente, uma economia de R$ 30 milhões anuais. A implantação do Centro de Serviços Compartilhados (projeto recentemente premiado pela inovação no setor público pela Escola Nacional de Administração Pública - ENAP) traz mais produtividade, ganho de escala e melhor prestação de serviço interno e externo. Há que se acrescentar o novo plano de desenvolvimento de negócios, ampliando significativamente as receitas comerciais, com desenvolvimento do varejo aeroportuário, das concessões com investimento (já mostrando importante movimento de aproximação com a iniciativa privada), da área de logística de carga, da comercialização de serviços e

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sistemas desenvolvidos pela empresa, agregando valor ao conhecimento adquirido em 45 anos de experiência e elevando a marca da empresa a patamares mais altos. Quanto à sustentabilidade ambiental, é bom ressaltar que a Infraero possui uma Política Ambiental própria e dispõe de estrutura organizacional dedicada ao tema. Assim, no âmbito interno, a sustentabilidade ambiental é desdobrada nos níveis estratégico (política, diretrizes, programas e ações norteadores), tático (execução de serviços técnicos dedicados aos aeroportos, como elaboração de planos de gerenciamento de resíduos sólidos e recursoshídricos, monitoramento de ruído, inventário florestal, entre outros) e operacional (atividades de controle e fiscalização ambiental, bem como o cumprimento das diretrizes do nível estratégico, implantação de produtos e rotinas, além do controle e fiscalização ambiental no âmbito dos aeroportos). Somando-se a isso, a Infraero desenvolve e executa, continuamente, diversos programas sociais junto às comunidades vizinhas aos sítios aeroportuários sob sua gestão. Quais os benefícios de incluir essas estratégias nos negócios da empresa? Com todas essas iniciativas e coletando bons resultados nesses últimos 2 anos, a Infraero mostra como sua expertise de 45 anos de mercado se faz valer, numa capacidade de reação e mudança enorme, inclusive cultural. Com isso, valoriza-se o capital humano tão forte existente na empresa, fortalecendo sua capacitação e executando um sistema de governança e gestão capaz de imprimir melhoria contínua nos processos e, consequentemente, nos resultados. Em termos ambientais, vale destacar os benefícios com os equipamentos para os sistemas de reuso ou de Revista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018


ENTREVISTA – SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA mapeou e deu melhor aproveitamento a áreas comerciais valiosas dentro e fora dos terminais de passageiros. Além dele, projetos de redução de consumo de água e energia, bem como melhor aproveitamento da mão de obra, etc.

aproveitamento de águas pluviais, que geram impacto positivo na redução do consumo de água potável; sistemas de iluminação a LED, que além de consumirem menos energia têm maior vida útil, reduzindo reposições e geração de resíduos, bem como a redução de despesas financeiras com energia elétrica. Quais os benefícios que a empresa pôde perceber com a implantação do plano de sustentabilidade? Após fechar 2015 com Resultado Operacional Recorrente negativo de mais de R$ 220 milhões, em 2016, após a entrada da gestão atual, a Infraero reduziu esse déficit para R$ 120,6 milhões. Já no ano seguinte, 2017, a estatal teve um saldo positivo de R$ 505,4 milhões, uma virada impressionante. A expectativa é fechar o ano de 2018 com uma receita de mais de R$ 3 bilhões, contra uma despesa ainda menor que os anos anteriores, gerando Resultado Operacional positivo em torno de R$ 470 milhões, mesmo com a saída de mais 4 grandes e rentáveis aeroportos de sua rede (concessões recentes dos terminais de Fortaleza, Salvador, Florianópolis e Porto Alegre). Os bons resultados levaram a empresa ao equilíbrio de suas contas, e esse pode ser considerado o melhor benefício do plano de sustentabilidade implementado nesta gestão. Além disso, o novo modelo de governança e gestão, já reconhecido pelo governo, instituições, empresas e entidades diversas, foi fundamental para todo esse movimento.

Aliado a isso, uma gestão sustentável precisa de constante apoio da Alta Gestão na execução de uma governança e gestão modernas, que envolvem e contam com o apoio de todos os níveis da empresa, ou seja, as pessoas que nela trabalham, o que traz a possibilidade de transformar a empresa e todas as partes que se relacionam com seu negócio. É isso que vem acontecendo na Infraero, a transformando em empresa referência em soluções aeroportuárias, em nível nacional e internacional. Em termos de sustentabilidade, como o senhor vê o Brasil frente ao restante do mundo? Acredito que o Brasil segue um bom caminho em relação à sustentabilidade, pensando em médio e longo prazo. Entretanto, há sempre o que se melhorar. Sendo o país com a maior floresta e com a maior reserva de água doce do mundo, somos cobrados pela preservação de nossas riquezas. Devemos pensar em sustentabilidade de uma maneira ampla, com olhos não só para a economia, mas também para a sociedade e para o meio ambiente. Na sua opinião, quais os desafios e soluções para que o mundo se torne mais sustentável? Acima de tudo, acredito que precisamos não só de leis e regras, mas também de fiscalização mais rígida e frequente, além de forte conscientização geral, em todos os níveis, de forma a garantir um futuro melhor às novas gerações. A sinergia entre as nações nessa direção é também muito importante para termos um movimento global consistente e com planejamento, que é fundamental nesse caso.

Quais serão, na sua visão, as tendências da gestão sustentável para os próximos anos? A gestão sustentável tem de ir desde atos simples, como a troca de copos reutilizáveis no lugar de copos descartáveis – o que gerou uma economia de R$ 36 mil por ano, o que abre caminho para mudanças mais estruturantes, até ações mais complexas, como reestruturações em todos os níveis e projetos estratégicos de retorno maior em termos econômicos, sociais e ambientais. Como exemplo, o Voo de Negócios, que Revista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018

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SME JOVEM

JOVENS ENGENHEIROS E AS MUDANÇAS QUE O BRASIL PRECISA Engenheiro André Mattioli: consciência e responsabilidade social Sandra Castro

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ais que elaborar soluções a partir de tecnologias para os diversos problemas encontrados na sociedade, o engenheiro deve saber analisar ocorrências, solucionar novos problemas e prever boas oportunidades de negócios. André Henrique Marinho Mattioli tem 26 anos e é engenheiro eletricista. Atual 2º Secretário da Comissão Cidades Sustentáveis da Sociedade Mineira de Engenheiros e graduado no Centro Universitário Newton Paiva, André cursa duas pós-graduações, uma em Finanças Aplicadas (PUC-MG) e outra em Negócios de Geração Fotovoltaica (UNIFEMM). Além destas especializações, cursa disciplinas isoladas de mestrado na UFMG, sendo elas: Tópicos Especiais em EP- Geração e Compensação Distribuída em Micro-Redes de Baixa Tensão e a disciplina Gestão de Carbono Aplicada.

CONSCIENTE DO LEGADO QUE DEIXARÁ, ABRAÇOU A SUSTENTABILIDADE “Eu me movo por desafios. Meu avô reclamava que eu o acordava bem cedo aos domingos, para juntos assistirmos o Globo Rural. Esta temática da agricultura, do meio ambiente se incorporou em mim. Porém me perguntava qual seria meu legado, minha marca”, diz. André se deparou com a área de energia elétrica, que ao seu ver é a base da sociedade moderna. Dar a devida atenção à geração, distribuição e transmissão da energia elétrica é um grande passo para a humanidade evitar problemas ambientais e climáticos que estão acontecendo em proporção global. “Isso que

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me motiva a continuar os estudos nesta área da engenharia”, afirma André. Durante a faculdade, André foi estagiário na Leme Engenharia e trabalhou na área de proteção e controle de subestações elétricas. A Leme foi então comprada pela Tractebel Energia, multinacional líder no mercado europeu de soluções de engenharia para realizar projetos sustentáveis de criação de energia. Era a oportunidade que André sempre sonhou para poder dar sua colaboração para o mundo: “Alinhou o conhecimento que eu estava estudando na faculdade com problemáticas reais”, conta André. Agora ele conseguia entender o fluxo da energia desde a hidrelétrica até o consumidor final, o dimensionamento de uma subestação, plantas técnicas e diagramas de interligação de equipamentos. O ambiente desafiaRevista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018


SME JOVEM

dor de uma empresa referência no ramo de energia, somado a trabalhar em equipe, desenvolver bons relacionamentos interpessoais e desempenhar um papel ativo no meio-ambiente foi essencial para a sua formação profissional.

pessoal e profissional foi incrível! Ao final do estágio, me sentia confiante para transitar entre diversas áreas, de ambiental até civil”, ressalta.

DURANTE O CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

André iniciou sua participação na rede SDSN Minas Gerais, representando o Smart Campus Newton, um programa de extensão para alunos, com seus projetos alinhados aos ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

O ambiente universitário sempre inspirou André, que via com fascínio a oportunidade de se conectar com mestres e doutores da sua área de estudo. Durante a faculdade, além da grade curricular bem técnica, costumeira da engenharia elétrica, André se dedicava a projetos de extensão, voluntariado e empreendedorismo, com a intenção de complementar o aprendizado da faculdade, e assim melhor se posicionar no mercado de trabalho. “No período da graduação, por 3 anos, eu tinha uma vida dupla, literalmente”. Na parte do dia André exercia a função de bancário no Banco Bradesco S.A. e a noite estudava engenharia elétrica. Dois segmentos distintos, em que a única relação eram os números. “Me foi de muita valia a experiência bancária, desde o tratamento do cliente, ao entendimento de como funcionam as aplicações de investimentos e rentabilidade”, diz André.

ESTÁGIO Sair de uma posição de confiança do ramo bancário para ser estagiário em outra foi uma mudança bem complexa, porém necessária. “Se nos acomodarmos, temos a ilusão de que sabemos e somos mais importantes que os outros companheiros”. Foi um desafio fazer essa transição, sem contar no lado financeiro, ganhando 4 vezes menos. Desde o momento da aprovação da vaga André já frequentava a empresa, ia lá para pegar materiais de estudo e acelerar seu conhecimento. Se sentiu muito bem acolhido, foi bem recepcionado e apresentado a todos os colaboradores da empresa: “e olha que eram 4 andares de empresa”, diz. Ao final já tinha uma mesa, com um computador para dar início aos trabalhos. “Tudo tem seu lado bom, certo? Ao me colocar em uma posição de aprendizado, meu crescimento tanto Revista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018

TRAINEE

Foi convidado após esta reunião a participar da Baanko, que é uma organização que utiliza os ODS da ONU para fomentar o ecossistema de Negócios de Impacto Social. Participou do time de organização do MAGNUSS, um programa de 17 semanas para desenvolver e investir em negócios de impacto, dedicando a cada semana a abordar um dos ODS, e como os negócios se portam perante suas diretrizes. Devido à sua contribuição, foi convidado a integrar o time de especialistas do ImpactLab, um lab de consultoria que tem como base melhorar os resultados dos negócios através do impacto social. Sendo trainee participou ativamente de grandes projetos como os da Fundação Dom Cabral, BeGreen Fazendas Urbanas, MRV Engenharia e Sebrae AgitaEdTech, além de integrar e participar ativamente do ecossistema mineiro de inovação e empreendedorismo, sendo este considerado um dos mais importantes do país.

AS GERAÇÕES E SUA IMPORTÂNCIA NA HISTÓRIA Hoje, André atua na área de empreendedorismo em negócios de impacto socioambiental e em projetos de energias renováveis, principalmente solar. Inovar, criar e desenvolver: essa é a arte da engenharia, que os jovens ampliam com seus sonhos. A participação da juventude no debate em torno das questões fundamentais da engenharia e do mercado de trabalho é decisivo no crescimento do país. Geração que vai transformar o Brasil e construir uma nova etapa da engenharia brasileira, devemos apostar nos jovens talentos.

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EMPRESAS JUNIORES

EMPRESAS JUNIORES DE ENGENHARIA

Experiência para quem faz parte e serviço de qualidade para quem contrata Marina Duarte

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star em uma cidade histórica, que não possui um mercado aquecido na área da construção civil é um dos grandes desafios da Civil Jr, empresa júnior do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Ouro Preto. Fundada em 1996, é a segunda mais antiga da universidade. Como as demais empresas juniores, a Civil Jr é uma associação civil sem fins lucrativos, gerida exclusivamente por estudantes de graduação e com o suporte de professores e profissionais da área.  Seu campo de atuação abrange sete tipos de projetos: topográfico, arquitetônico, elétrico, hidrossanitário, estrutural, de incêndio e de minoração acústica.  Para o Diretor-Presidente da Civil Jr, Valmir de Paulo Bernardes, a localização pode ser um desafio para a empresa, mas a vontade de aprender e satisfazer os clientes é o que os move a cada dia. “Contamos com uma equipe unida, empenhada e capaz de criar soluções viáveis, inovadoras e de excelência. Isso só é possível porque a equipe é alinhada com a estratégia da empresa de focar na satisfação das pessoas: clientes e membros”, comenta Valmir. Toda essa dedicação da equipe resulta em serviços de qualidade para os clientes, e o que é melhor, com baixo custo. “Nossos serviços possuem preços menores quando comparados aos do mercado sênior, o que os tornam mais inclusivos para pessoas de baixa renda e pequenas empresas. Apesar de serem mais baratos contam com a mesma qualidade, já que as pessoas que os executam possuem sede por aprender e demonstrar que são capazes”, explica. Em uma empresa júnior, os benefícios são uma via de mão dupla. Os clientes ganham e a equipe ganha também. Valmir relata que nos três anos em que faz parte do time da Civil Jr já teve crescimentos significativos, tanto no âmbito profissional como pesso-

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A Civil Jr foi fundada em 1996 e é a segunda empresa júnior mais antiga da UFOP. Crédito: Divulgação Civil Jr

al. “Essa experiência me transformou. Hoje tenho consciência do que quero para o meu futuro, pois me conheço melhor. Me tornou mais responsável, desenvolveu minha comunicação e meu senso crítico. Além disso, tenho a oportunidade de atuar com pessoas únicas e que me fazem entender a importância de respeitar as diferenças.  No âmbito profissional, além do conhecimento técnico adquirido, me proporcionou habilidades em gestão e vivência empresarial, de forma que hoje sou mais protagonista em minhas ações e escolhas”, conta Valmir, que hoje está com 23 anos e cursa o 7º período de Engenharia Civil.

PROJET Outra empresa júnior de engenharia, também da Universidade Federal de Ouro Preto, é a Projet. Fundada em 1999, a Projet é formada por graduandos do curso de Engenharia de Produção e atua no mercado em quatro áreas. Gestão de Pessoas, com Revista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018


EMPRESAS JUNIORES

os serviços de Avaliação de Desempenho, Descrição de Cargos e Pesquisa de Clima Organizacional. Gestão Estratégica, no qual oferecem Planejamento Estratégico e Pesquisa de Mercado. Na área de Gestão de Produção oferecem Análise de Custos, Análise de Produtividade, Gestão de Estoque, Planejamento e Controle da Produção (PCP), Planejamento Logístico e Planejamento Logístico de Eventos. Na última área, Gestão da Qualidade, proporcionam os serviços de Implementação do 5S, Plano de Layout e Mapeamento de Processos. À frente da empresa está o estudante do 5º período de Engenharia de Produção, Alexandre Magno de Melo, que buscou nessa experiência uma oportunidade de adquirir uma vivência prática da sua área de atuação. “O que me fez entrar na empresa júnior foi a vontade de sair do comum, de não ficar só com as aulas teóricas e tentar realizar outras atividades na faculdade”, explica. Sobre os ganhos pessoais e profissionais, Alexandre Magno cita habilidades fundamentais, como autoconhecimento e liderança. “A Projet me proporcionou um grande crescimento em autoconhecimento e em como conviver bem com pessoas de culturas diferentes. De forma profissional, eu aprendi diversas técnicas de engenharia de produção, além de conhecer muito sobre conceitos empresariais e liderança dentro de uma equipe”. O Diretor-Presidente completa destacando a importância dessa experiência para todo o time da empresa. “Os antigos membros trabalham atualmente em grandes empresas, transformando o meio em que estão inseridos e utilizando de todos os aprendizados que tiveram na Projet”, finaliza.

Valmir de Paulo Bernardes, Diretor-Presidente da Civil Jr Crédito: Divulgação Civil Jr

“A Projet é um meio de excelente vivência profissional para os alunos de Engenharia de Produção. Acredito no seu potencial em formar pessoas para atuação como futuros gestores, potencializando uma das mais robustas condições técnicas de profissionais desta área: a capacidade de gerenciar equipes orientando-as à resultado. Os alunos que passaram e passam pela empresa hoje, transformam a empresa em uma entidade de respeito e renome. Sinto orgulho em observar o crescimento da Projet e o senso de propriedade de seus atuais membros!” Eric Weide, ex-membro da Projet e atual General Manager e Operations da Votorantim

CIVIL JR

(31) 98595-6356 e-mail: valmir.bernardes@civiljr.com

PROJET

A equipe da Projet é formada por graduandos do curso de Engenharia de Produção da UFOP. Crédito: Divulgação Projet Revista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018

(31)98814-5622 / (31) 97564-7439 e-mail: contato@projet.ufop.br 41


ARTIGO

Engenharia 4.0 - tecnologias assistivas, seus potenciais e oportunidades profissionais Por Fabyola Gleyce da Silva Resende*

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ançada no dia 31 de agosto de 2017, a campanha Setembro Verde oficializa o mês de setembro como referência nacional na luta pelos direitos à acessibilidade. A escolha deste mês foi em decorrência do Dia Nacional da Pessoa com Deficiência, 21 de setembro. A Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento de característica multidisciplinar, que envolve desde os profissionais da saúde aos profissionais da engenharia. Engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que têm como objetivo promover a funcionalidade relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. Esse conceito foi proposto pelo Comitê de Ajudas Técnicas da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República em 2009. O custo de fabricação ou aquisição de um recurso adaptativo pode apresentar preços elevados, o que impossibilita muitos pacientes darem continuidade ao tratamento em domicílio. Com isto, torna-se necessário investigar como as tecnologias emergentes podem contribuir na ampliação de estratégias das intervenções terapêuticas tanto em centros de reabilitação quanto no lar do paciente. É relevante ressaltar a importância dos termos técnicos adequados para uma perspectiva inclusiva. Os termos são sensíveis às mudanças e seus significados incorporam novas abordagens com o decorrer do tempo. É essencial que a sociedade substitua os conceitos que não mais representam as ideias e informações que são construídas dentro do ideal de plena cidadania, uma vez que uma sociedade inclusiva também deve ter o devido cuidado com a linguagem.

Por que não usar o termo “Portador de Necessidades Especiais” ao invés de “Pessoa com Deficiência”? De acordo com o Ministério da Saúde (2009) o termo “portador” diz respeito a algo que se “porta” e que é possível se desvencilhar quando se deseja. Pode remeter a algo que é temporário, sendo que a deficiência, na maioria dos casos, é permanente. Já o termo “necessidades especiais” se aplica a todos os seres humanos que possuem ou não uma deficiência. Usar óculos com um determinado grau e determinado

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tipo de lente, por exemplo, pode ser entendido como uma necessidade especial de uma determinada pessoa.

O mercado das Tecnologias Assistivas No Brasil, dados do Censo Demográfico 2010 divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstra que, considerando a existência de pelo menos uma deficiência, o percentual de pessoas acometidas é de 7,5% na faixa etária de até 14 anos, 24,9% na faixa de 15 a 64 anos e 67,7% nas pessoas com 65 ou mais anos de idade. Isso representa aproximadamente 40 milhões de pessoas no Brasil e mais de um bilhão de pessoas no mundo, ou seja, 14% da população mundial. As inovações tecnológicas têm sido fundamentais no processo de facilitar a vida das pessoas com deficiência e o mercado das tecnologias assistivas é um dos mercados com maior potencial de crescimento para quem deseja empreender e gerar impacto social. Aplicativos de comunicação alternativa como o Hand Talkque faz a tradução de palavras para a linguagem brasileira de sinais (libras), aplicativos que conectam deficientes visuais com voluntários dispostos a “emprestar” a visão, dispositivos que fazem leituras de livros em voz alta, conhecidos como “audio-books”, são exemplos de como as tecnologias assistivas, por meio dos chamados aplicativos sociais, podem descomplicar o cotidiano de pessoas com deficiência e possui grande potencial de mercado para o engenheiro de software. Nos Estados Unidos, esse mercado já movimenta mais de 50 bilhões de dólares por ano. O mercado das tecnologias assistivas ainda é considerado novo e pouco explorado, porém, com grande potencial ao permitir um olhar diferenciado sobre as áreas da saúde, educação, construção civil, dentre outros. Dados Revista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018


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Crianças utilizando próteses em 3D. Fonte: Enabling the Future. Disponível em www.enablingthefuture.org

tros, e permite que pessoas que necessitam de próteses especiais sejam conectados com profissionais que possam imprimir esses dispositivos. Restrições atuais em relação ao tamanho, custo e velocidade de impressão estão sendo progressivamente superadas, o que fará com que essa tecnologia se torne mais difundida levando acreditar que, nos próximos anos, estará presente em todos os segmentos do dia a dia da sociedade.

de 2015 revelam que no Brasil haviam 22 investidores em empresas de impacto social ativos, investindo cerca de 177 milhões de dólares. O empreendedor interessado em atuar na área das tecnologias assistivas e em negócios de impacto social deve, primeiro, procurar perceber quais são as dores reais das pessoas com deficiência e, em seguida, entender como aplicar soluções em modelos de negócio que sejam escaláveis e replicáveis, capazes de atingir a população com deficiência.

A Impressão 3D como Tecnologia Assistiva Outro setor que tem desempenhado um papel nobre e fundamental no processo de reabilitação de pessoas com deficiência é a impressão 3D, também conhecida como manufatura aditiva. A impressão 3D consiste na criação de um objeto físico por impressão, camada sobre camada, de um modelo ou desenho digital em 3D e é uma das tecnologias que integram a chamada “Indústria 4.0” ou Quarta Revolução Industrial. Essa tecnologia possui uma extensa gama de aplicações, que envolve desde grandes confecções como turbinas eólicas até menores, como implantes médicos. Uma das aplicações da impressão 3D que merece destaque é a impressão de próteses e órteses. Uma prótese confeccionada por uma impressora 3D é um dispositivo menos sofisticado que uma prótese médica, porém é mais barato, prático e pode ser personalizada de acordo com cada necessidade. Fundações como a Enabling the Future reúnem indivíduos de todo o mundo que usam impressoras 3D para criar mãos e braços em três dimensões para deficientes físicos, que necessitam de um dispositivo de apoio para membros superiores. Profissionais de várias partes do mundo colaboram com maneiras de ajudar a melhorar os projetos de impressão 3D para mãos e braços para pessoas que nasceram sem esses membros ou foram vítimas de acidentes, guerras ou desastre natural. A comunidade e-Nable é composta por engenheiros, professores, estudantes, cientistas, profissionais médicos, designers, pais, crianças, filantropos, artistas, dentre ouRevista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018

É válido ressaltar que o setor da impressão 3D está aberto a novos investidores e desenvolvedores, o que tem levado ao desenvolvimento tanto da parte física das impressoras quanto nos softwares utilizados, capazes de tornar essa tecnologia mais acessível. Em um período de 10 anos, a impressora 3D reduziu seu preço de cerca de  U$ 20.000,00 para U$ 500,00 e o processo de impressão tem-se tornado cada vez mais rápido. A tendência de crescimento deste setor se dá devido às novas demandas de diferentes segmentos como a área médica, arquitetura e construção, automotivo, indústria de máquinas e equipamentos, indústria aeroespacial, brinquedos, agricultura, moda, alimentação e vários outros. Atualmente estima-se que 95% dos objetos fabricados por impressão 3D envolvam o mercado industrial, porém a demanda por produtos de precisão tem aumentado, o que gera novas oportunidades de negócio. A economia brasileira tem ganhado uma poderosa aliada ao permitir o acesso da população a produtos antes inacessíveis em termos financeiros e a consequente geração de empregos e renda. Por fim, conclui-se que a área das tecnologias assistivas além de gerar um forte impacto social positivo, também representa boas expectativas para a engenharia em suas múltiplas modalidades, desde o engenheiro de software ao bioengenheiro. A chamada “cibercultura” integra cada vez mais as diferentes realidades da sociedade contemporânea, capaz de influenciar e reconfigurar os processos de aprendizagem e desenvolvimento. Essa constatação é ainda mais evidente quando nos referimos às pessoas com deficiência. Como bem afirmou Mary Pat Radabaugh em 1993: “Para as pessoas sem deficiência, a tecnologia torna as coisas mais fáceis. Para as pessoas com deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis”. * Fabyola Gleyce da Silva Resende é Engenheira Eletricista e de Segurança do Trabalho. Atualmente é Diretora de Comunicação na Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) e é Assessora da Presidência do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia. (CONFEA).

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Carta ao Jovem Engenheiro Por Marya Karolline Vaz Bertoldo *

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ós, jovens engenheiros, estamos lidando com um mercado de trabalho instável e que nos exige cada vez mais experência profissional. Essa, porém, muitas vezes não nos é dada. Mas nós temos um diferencial que nos ajuda a superar esses momentos de crise: temos a habilidade de adaptação.  A maioria dos jovens engenheiros continua no processo de aprendizagem, sendo numa pós-graduação, mestrado ou até mesmo estudos no exterior. Estamos sempre nos desenvolvendo e assumindo riscos. E é isso que nos torna capazes de liderar, de gerir e de conquistar nosso espaço, seja em grandes ou em novas empresas. A maioria de nós trabalha dobrado para conseguir espaço no mercado. As ferramentas como o Instagram são utilizadas, principalmente pelos engenheiros civis, para atrair mais clientes em busca de oportunidades de negócio. Estamos nos adaptando em meio a novas tecnologias, em meio à crise. Em paralelo, estamos em busca do melhor, de agregar experiências ao currículo, de ser reconhecido, de estabilizar nossa carreira profissional.

Ser um jovem engenheiro nos dias de hoje requer muita disciplina e coragem. Temos que ter a habilidade de ouvir os engenheiros mais experientes, mas temos também que saber como nos expressar. Temos que saber ouvir aqueles que nos julgam incompetentes pela pouca idade, mas também temos que trabalhar dobrado para provar o contrário.  Ser um jovem engenheiro e se adaptar às mudanças, saber se superar dia após dia e não desistir de um sonho que demorou cinco anos para se concretizar. Infelizmente ou felizmente, depende do ponto de vista, não tive uma opor-

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tunidade de emprego no Brasil. Infelizmente porque eu me dediquei ao máximo para me tornar engenheira e não tive um retorno no mercado de trabalho, o que me deixou frustrada em relação à engenharia. Hoje, vendo a situação do país, eu me pergunto se fiz a escolha certa em relação a profissão, pois todo aquele esforço teoricamente não serviu para nada. Estou formada há quase dois anos e nunca trabalhei como engenheira. Mas mesmo assim, sempre que me faço essa pergunta a resposta é sim. Sim porque a engenharia é mais que uma profissão. No meu ponto de vista um bom engenheiro é aquele que ama o que faz.  Felizmente eu não me deixei abalar pela situação do país, pois sabia que para concorrer com os melhores eu teria que me adaptar e o meu currículo tinha que melhorar. Foi então que decidi sair do país. Vim em busca de mais experiência, de estudos e de ser valorizada como profissional. Vim na esperança de que um curso\mestrado no exterior pudessem abrir portas para mim. Quando decidi sair do país eu não tinha dinheiro suficiente para isso, mas eu corri atrás, coloquei metas e assim pude cumprir cada uma. Estou aqui há 3 meses, trabalho como babá e moro com uma família americana. E o que o que ganho aqui, mesmo não sendo muito, infelizmente é mais do que um engenheiro recém-formado ganha no Brasil. Além disso, estou traçando outras metas para continuar meus estudos e, na minha opinião, é assim que temos viver: traçando metas em nossas vidas e não deixando a situação do país afetar nossos sonhos, mesmo que às vezes precisamos dar uma volta de 360 graus, ao invés de simplesmente traçarmos uma reta  do ponto de largada até onde nossos ob-

jetivos se encontram. Procuro trabalhar sempre com a soma, pois eu acho que qualquer experiência agrega valores para nós. Já encontrei aqui jovens engenheiros que também saíram do Brasil por não encontrarem perspectivas de melhora e estão aqui se sujeitando a empregos que não condizem com seus diplomas. Mas o que nós temos em comum? A adaptação, por mais que as nossas metas sejam diferentes, nós não nos estagnamos, estamos em constante aprendizagem e na esperança que o Brasil melhore e valorize qualquer profissional, como aqui é feito. Mesmo de longe estamos acompanhando o que acontece no Brasil e torcemos para que tudo melhore, pois a imagem que as pessoas daqui têm do Brasil é de caos, desordem, corrupção e violência. E infelizmente, muitas vezes quando falamos que somos brasileiros, as pessoas têm receio, porque essa é a imagem que o Brasil transmite. Por conta disso, temos que estudar dobrado, pois o nosso diploma não é valorizado aqui. Tudo que está acontecendo no Brasil, com essa má administração, reflete em qualquer um de nós, mesmo não morando mais no país. E qual conselho daria para os jovens engenheiros? Tracem metas, decidam o que vocês querem e não deixem o cenário do Brasil assustar vocês. Tudo é uma questão de tempo. Eu sei que assim como vocês eu também vou chegar lá. Vamos conseguir exercer a profissão com dignidade e ser valorizados, só não podemos desistir na primeira dificuldade que enfrentamos.  * Marya Karolline Vaz Bertoldo é engenheira e diretora licenciada da SME, morando no EUA.

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Edifícios Inteligentes exigem Operação e Manutenção Especializadas Por Misael de Jesus dos Santos Sá*

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erca de 30 anos separam a inauguração de 2 imóveis de propriedade da Forluz, fundo de pensão dos funcionários da Cemig: o Edifício Júlio Soares, em 1985, e o Edifício Aureliano Chaves, em 2015. Estas edificações, localizadas na Avenida Barbacena, no bairro Santo Agostinho, se sobressaem na paisagem belo-horizontina, conforme é visto na foto aérea abaixo.

nas áreas de escritórios. Os vidros são insulados (duplos com colchão de ar entre eles), diminuindo significativamente a carga térmica proveniente do ambiente externo. Todos os sistemas do prédio foram projetados visando a economia energética, destacando-se: a captação de energia solar para aquecimento d’água para os vestiários e cozinhas; elevadores inteligentes, em número de 13 unidades, com antecipação de chamadas para otimizar os deslocamentos em função do fluxo de pessoas e frenagem regenerativa, gerando energia elétrica para a edificação;

O Edifício Aureliano Chaves foi todo projetado e construído para ser um empreendimento sustentável e, por isso, recebeu a certificação internacional LEED no grau ouro e o selo triplo A do Procel/Eletrobrás. A edificação, com área construída de 59.000 m2, possui: 5 subsolos, contendo áreas técnicas e 472 vagas de garagens; 4 lojas comerciais de frente para a rua; praça acessível à comunidade; lobby de entrada com pé direito duplo; 24 pavimentos-tipo de escritórios; pavimento mecânico, com centrais de utilidades e casa de máquinas dos elevadores. As fachadas de maior insolação (leste e oeste) são cegas e aeradas, minimizando o aquecimento da estrutura e reduzindo o uso do ar condicionado. A fachada norte tem brises, evitando-se a incidência direta do sol Revista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018

luminárias e lâmpadas de alta eficiência com sistema inteligente DALI de controle, que monitora o status de cada endereço - dimeriza e informa ocorrência de problemas (p.e. queima de equipamento), além de iluminação individual de tarefas nas mesas de trabalho; utilização de persianas automatizadas com sensores de iluminação, que identificam a necessidade de acionamento em função da insolação, possibilitam maior claridade aos ambientes internos e impedem o ofuscamento; ventilação forçada noturna, resfriando a estrutura internamente e melhorando a performance do sistema de climatização; o sistema de ar condicionado tem sensores de temperatura que controlam o insuflamento, com previsão de teste, ajuste e balanceamento necessários, sendo que as áreas técnicas que apresentam possibilidade de contaminação de ar têm exaustão individualizada.

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Houve uma grande preocupação com economia do uso de água, utilizando-se de equipamentos eficientes no sistema hidrossanitário (torneiras com sensores de presença, caixas acopladas com válvulas dual flush, etc) e de tratamento primário no próprio prédio para o reuso de água de lavatórios e chuveiros em vasos sanitários/ mictórios, bem como a captação de água da chuva para posterior irrigação dos jardins. Estima-se que a economia de água no prédio chegue em entorno de 40%. O controle de CO2 interno é realizado com a utilização de filtros de alta capacidade de desempenho e o aumento da taxa de renovação do ar condicionado automaticamente quando necessário, bem como a proibição do fumo nas áreas internas e externas (distância de 14 m da entrada do lobby), com o objetivo de dar a melhor qualidade ambiental aos usuários. O prédio é ainda dotado de entrada de energia subterrânea com 2 fontes independentes, possibilitando maior confiabilidade no fornecimento pela concessionária, além de grupo motor-gerador a gás com seleção automática das cargas essenciais em caso de emergência. Os pavimentos possuem piso elevado com revestimento em carpete e o sistema de cabeamento estruturado é todo em fibra ótica, oferecendo a melhor tecnologia mundial em transmissão de dados. Modernos sistemas de proteção contra descargas atmosféricas, de prevenção e combate a incêndio (com detectores de fumaça e temperatura, sprinklers, hidrantes, etc) e de sinalização de emergência fazem a segurança dos usuários, estando adequados aos mais diversos espaços de trabalhos. Um sistema de vigilância por circuito fechado de câmeras realiza a segurança patrimonial das áreas internas e externas da edificação. Todos os ambientes são controlados através de um Centro de Controle Predial (CCP), com os sistemas operados remotamente. Cabe ressaltar que, durante toda a construção, foram adotadas rígidas medidas de sustentabilidade ambiental, destacadas a seguir: controle de emissão de particulados no ar (poeira) e de geração de ruídos; separação, armazenamento e coleta seletiva dos materiais e resíduos produzidos na obra; pneus dos tratores e caminhões lavados antes da saída do canteiro, para não sujar as ruas da cidade; terra e resíduos gerados na obra foram negociados com empresas para reaproveitamento, a fim de diminuir o descarte em aterros sanitários; materiais com componentes reciclados foram utilizados no processo construtivo (esquadrias em alumínio, piso elevado, carpete, etc), bem

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como o uso de materiais com baixo índice de compostos orgânicos voláteis (tintas, selantes, adesivos, etc). Estes materiais minimizam a retirada da matéria-prima do meio ambiente, utilizam menos energia e emitem menor quantidade de CO2 na sua produção, bem como protegem de inalação tóxica o trabalhador da obra e aquele que venha a ocupar futuramente a edificação. O sistema de coleta seletiva continuará a ser realizado após a ocupação do prédio. O Edifício Júlio Soares teve seu projeto concebido nos anos 70 do século passado, contemplando os sistemas mais modernos encontrados à época para edificações semelhantes. Além de áreas de escritórios, deveria também abrigar o Centro de Operação do Sistema (COS) e o Centro de Processamento de Dados (CPD) da Cemig, assim como as diversas áreas de manutenção predial. A edificação é constituída de um bloco horizontal, com jardim, térreo (portaria, recepção, auditório, etc), intermediário (CPD, COS e CCP), 2 subsolos (copiadora, PABX, arquivos, garagens, etc), e de um bloco vertical, com 20 pavimentos-tipo de escritórios, pavimento refeitório, pavimento mecânico e heliponto. Já naqueles tempos, o projeto atendeu orientação especial da Prefeitura de Belo Horizonte para criação de um espaço aberto de livre acesso (jardim), com entrada pela esquina da Rua Alvarenga Peixoto e Avenida Barbacena. O sistema de segurança contra sinistros foi desenvolvido dentro das mais complexas e avançadas técnicas de prevenção e combate a incêndio (detectores de fumaça e temperatura, sprinklers, CO2 em espaços especiais, escadas enclausuradas, etc), numa parceria com o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais. A central telefônica implantada foi concebida tendo um PABX moderníssimo, necessário para uma empresa de porte, e que já permitia a Discagem Direta à Ramal (DDR). O prédio já contava com cabeamento estruturado para comunicação de voz e dados. A edificação foi dotada de um Centro de Controle Predial que supervisiona: os elevadores (12 unidades); a detecção e combate a incêndios; o grupo gerador de energia de emergência (diesel); as bombas de elevação e esgotamento, bem como os níveis dos reservatórios de água; o som predial e de alarmes em geral; o ar condicionado central; o circuito fechado de TV. Revista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018


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sistema de segurança predial: troca de portas corta-fogo, adequação de guarda-corpos e corrimãos, troca da iluminação e da sinalização de emergência; automação predial; implantação de novo sistema supervisório, com controle unificado; diversos: troca do piso vinílico das circulações, recuperação e polimento dos pisos em granito, adequação dos passeios às normas da PBH, recuperação e pintura dos quadros metálicos de todos os shafts, retirada da central de gás e sua substituição por gás natural fornecido pela Gasmig e melhorias nos vestiários

Hoje, a edificação está submetida a um processo de modernização (retrofit) de algumas de suas instalações, conforme listadas abaixo: sistema elétrico: quadros (QDCs e QFs) para adequação às normas vigentes, reaperto de todo barramento blindado e implantação de medidores individuais de energia nos pavimentos; sistema ar condicionado: substituição dos fancoils, troca de bombas e substituição da automação da central de água gelada, substituição das caixas de volume de ar variável, renovação das torres de resfriamento, renovação da impermeabilização e instalação de isolamento acústico na casa de máquinas; sistema hidráulico: instalação de válvulas redutoras de pressão, renovação da impermeabilização dos reservatórios superior e inferior, melhorias nas tubulações dos shafts e implantação de medidores individuais de água nos pavimentos; sistema de prevenção e combate a incêndio: troca dos bicos dos sprinklers, aumento do número de hidrantes, troca dos atuais por novos detectores de fumaça endereçáveis e troca da central de alarmes; Revista Mineira de Engenharia nº 38 | agosto/ setembro/outubro 2018

Verifica-se, pelas descrições acima, que as edificações tiveram uma evolução significativa com o passar do tempo, buscando a sustentabilidade ambiental na concepção do projeto e na sua construção, tendo como foco a praticidade, a segurança e o conforto para os seus usuários. Mas isso levou a que as grandes edificações se tornassem empreendimentos bastante complexos, com os seus sistemas de utilidades em grande parte necessitando de controles informatizados para serem eficientes na operação. Não é mais possível a operação, e a consequente manutenção destes sistemas de utilidades sofisticados, por simples leigos nos assuntos, mas sim por profissionais conhecedores e capacitados nas modernas tecnologias envolvidas, quer da equipe própria ou das equipes de prestadores de serviços nas suas diversas especialidades, quase sempre estas equipes são compostas por pessoal técnico sob a supervisão de um engenheiro. É urgente que tenhamos um “novo olhar” para com estas edificações modernas e complexas, espalhando seus reflexos pelas inúmeras edificações de nossas cidades que necessitam urgentemente passar por modernização de seus sistemas de utilidades (retrofit), na busca de melhorias para os espaços de trabalho, para a segurança e o conforto dos seus usuários. Os grandes edifícios tornam-se cada vez mais complexos e de tecnologias inteligentes e, por isso, exigem que a operação e a manutenção sejam feitas por equipes técnicas especializadas! * Misael de Jesus dos Santos Sá é engenheiro civil e aposentou-se na Cemig, onde exerceu diversos cargos gerenciais e teve participação na elaboração do projeto e no gerenciamento da construção do Edifício Júlio Soares.

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ATUAÇÃO DA SOCIEDADE MINEIRA DE ENGENHEIROS

Comissões Técnicas da SME

Solenidade de entrega do 25º Prêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação

Eleição para nova diretoria

SME participa ativamente de discussões sobre o contrato de ferrovias

Posse da nova diretoria

A SME e o Diário do Comércio realizaram a 16ª edição do Diálogos DC

Projeto SME 12:30 aborda tema de infraestrutura aeroportuária

Seminário discute mobilidade e qualidade de vida

Venha se associar!

www.sme.org.br Revista Mineira de Engenharia

SME no Congresso Nacional




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