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Ano 5 | Edição 25 | Julho - Agosto | 2014
PRODUTIVIDADE PALAVRA DE ORDEM NO CENÁRIO BRASILEIRO
enGenHaria preventiva ibape-MG lança norma para vistoria preventiva
poLÍtiCa urBana novas propostas de mudança para BH
eLeiÇÕes Candidatos ao governo de Minas Gerais falam de seus projetos
aposentadoria novos caminhos de vida para engenheiros aposentados
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fAçA A ESColhA CERTA
ART-0086
Na hora de preencher a ART no campo (entidade de classe), escolha a Sociedade Mineira de Engenheiros, SME - através do código 0086. Assim, você reforça o compromisso de desenvolver, valorizar e integrar a Engenharia em Minas Gerais.
Compromisso com as soluções para um futuro sustentável da engenharia e bem-estar social.
Sociedade Mineira de Engenheiros
www.sme.org.br
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EDITORIAL | PALAVRA DO PRESIDENTE
O papel da engenharia no processo produtivo Ao término da Copa do Mundo, que foi um sucesso, apesar do fraco desempenho da equipe nacional, mas graças, sobretudo, à generosidade do povo brasileiro, para os engenheiros e a engenharia de Minas Gerais restou um incômodo: a queda de uma das alças do Viaduto Guararapes, na Av. Pedro I, que ceifou vidas e causou muitos dissabores à população de Belo Horizonte, em especial aos moradores das vizinhanças do referido viaduto. Apesar de não termos, ainda, o laudo pericial oficial conduzido pela Polícia Civil acerca desta tragédia (até o fechamento desta edição o laudo oficial não era de conhecimento público), desse episódio a engenharia mineira não sairá incólume. Muito necessita ser apurado, porém, consideramos absurdas as matérias publicadas pela imprensa, a exemplo de uma reportagem divulgada por uma revista de circulação nacional, que afirma que o projeto do viaduto passou pelas mãos de, pelo menos, 30 profissionais da engenharia, sem que nenhum deles tenha se apercebido da existência de problema. Obviamente, o jornalista se enganou ao imaginar que as 31 ARTs anotadas da obra diziam respeito diretamente a aspectos relacionados às possíveis causas deste grave acidente; o que não é verdade, pois muitas delas como a de paisagismo, nada tem a ver com o fato. Parecenos, também, precipitada e etica-
nado à quantidade de horas trabalhadas, mas à realização de um trabalho eficiente. Nos últimos anos, o País em seu desenvolvimento se valeu da capacidade ociosa da indústria, da mão de obra desempregada e de um contexto externo amplamente favorável.
Augusto Celso Franco Drummond Presidente da SME
mente questionável, a discussão precoce de responsabilidades entre as empresas de engenharia, sem que tenhamos o laudo oficial que deveria servir de referência para tal. Passando do plano mineiro para o nacional, a Diretoria da SME tem se mostrado, particularmente, preocupada com o ciclo futuro de desenvolvimento da economia brasileira (e as oportunidades de trabalho para o profissional), com a constatação que, provavelmente, estamos perdendo a condição de um crescimento competitivo, em razão de nossa baixa produtividade, não somente no segmento da engenharia, mas nos diversos setores produtivos. Os analistas e especialistas no assunto apontam que o trabalhador brasileiro é muito menos produtivo na comparação com os de outros países. Esse fato não está relacio-
Doravante, só vamos alcançar um crescimento significativo do PIB (taxas, por exemplo, acima de 4%) se houver um incremento expressivo de nossa capacidade individual de produção; o que significa investimentos em educação, inclusive na capacitação profissional do trabalhador, para elevar a qualidade de seu desempenho. Esta deve ser também uma responsabilidade das empresas, instituindo programas para a formação científica e tecnológica e de estímulo à pesquisa e inovação, para que possam sobreviver no ambiente de competitividade. Ao Governo cabe não se descuidar do planejamento e da definição de prioridades (aspectos essenciais para uma engenharia exercida em bases sólidas), assegurar que a infraestrutura do País seja eficiente, com menos burocracia e mais estímulos ao setor produtivo. Os engenheiros e a engenharia são indispensáveis neste momento, pela capacidade de influírem no processo produtivo, no sentido de maior produtividade e competitividade, e de um desenvolvimento econômico e social sustentado. 3
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Seja um associado da SME Compromisso com Você! A Sociedade Mineira de Engenheiros, por meio de sua equipe, tem desenvolvido uma série de trabalhos para atender cada vez mais e melhor a cada um dos associados. Em seus 83 anos de existência, a SME trabalha para integrar, desenvolver e valorizar a Engenharia, a Arquitetura, a Agronomia e seus profissionais, contribuindo para o aprimoramento tecnológico, científico, sociocultural e econômico.
Produtos e Serviços
Em nosso site há uma série de produtos e serviços como cursos, palestras, seminários, eventos e uma extensa gama de convênios que você poderá desfrutar.
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Compromisso com o Futuro
Aprimoramento profissional e inovação tecnológica também têm sido uma das grandes bandeiras da SME para oferecer os melhores produtos e serviços para você e sua família. Por meio de nosso site, da revista, dos eventos e da participação nas redes sociais, a SME tem se tornado, cada vez mais, um canal aberto para ouvir suas sugestões e para representar seu interesse.
INFORMAÇÕES: WWW. SME.ORG.BR - (31) 3292 3962 OU SME@SME.ORG.BR
Augusto Celso Franco Drummond Presidente Alexandre Francisco Maia Bueno Vice-Presidente José Ciro Mota Vice-Presidente
Luiz Henrique de Castro Carvalho Vice-Presidente Marita Arêas de Souza Tavares Vice-Presidente Virginia Campos de Oliveira Vice-Presidente Alexandre Rocha Resende Diretor
Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz Diretora Fabiano Soares Panissi Diretor
Humberto Rodrigues Falcão Diretor
Janaína Maria França dos Anjos Diretora José Andrade Neiva Diretor
Publicação
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Marcelo Monachesi Gaio Diretor
Luiz Celso Oliveira Andrade Paulo Henrique Pinheiro de Vasconcelos Rodrigo Octávio Coutinho Filho Wilson Chaves Júnior
Túlio Tamietti Prado Galhano Diretor
Carlos Gutemberg Junqueira Alvim Presidente
Krisdany Vinicius Santos de Magalhães Cavalcante Diretor
Túlio Marcus Machado Alves Diretor
CONSELHO DELIBERATIVO 2014 Ailton Ricaldoni Lobo Presidente
Conselheiros Alberto Enrique Dávila Bravo Carlos Eustáquio Marteleto Eduardo Paoliello Fernando Henrique Schuffner Neto Flavio Marques Lisbôa Campos Francisco Maia Neto Jorge Pereira Raggi José Luiz Gattás Hallak José Raimundo Dias Fonseca Levindo Eduardo Coelho Neto
CONSELHO FISCAL
Conselheiros Alexandre Heringer Lisboa João José Figueiredo de Oliveira José Eduardo Starling Soares Marcelo Aguiar de Campos
Coordenador Editorial José Ciro Mota Revisão Editorial Jalmelice Luz MG 3365 JP
Jornalista Responsável Luciana Maria Sampaio Moreira MG 05203 JP Apoio
Publicação | SME Sociedade Mineira de Engenheiros Av. Álvares Cabral, 1600 | 3º andar Santo Agostinho Belo Horizonte Minas Gerais | CEP - 30170-001 Tel. (31) 3292 3962 sme@sme.org.br www.sme.org.br Projeto Gráfico Blog Comunicação Marcelo Távora revista@blogconsult.com.br (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590 Depto. Comercial Blog Comunicação revista@blogconsult.com.br
Tiragem 10 mil exemplares | Bimestral
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Contato editorial jornalismo@sme.org.br
Compromisso, Inovação e Avanço
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ENGENHARIA PREVENTIVA Ibape-MG lança norma para vistoria preventiva
MINASCON/CONSTRUIR Feira foi visitada por engenheiros de todas as áreas
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ARTIGO Acidentes no trabalho, previsíveis e evitáveis
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NOVOS ENGENHEIROS Marcelo Davidson Tristão Borges
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ARTIGO Educação e Produtividade
ARTIGO Energia Solar em tempos de crise energética
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CAPA Aumento de produtividade: um debate necessário para repensar o crescimento do País
APOSENTADORIA Novos caminhos de vida para engenheiros aposentados
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ARTIGO O desenvolvimento econômico nacional passa pela Construção Civil
ARTIGO Viadutos dos Guararapes
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MESTRES DA ENGENHARIA Alessandro Moreira
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ARTIGO Normas técnicas
ELEIÇÕES Entrevista com candidatos de Minas Gerais falam de seus projetos
POLÍTICA URBANA PBH vai analisar e votar propostas de mudança para a cidade
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NOTAS do SETOR ENERGIA
O presidente da SME, Augusto Drummond, participou do Café Parlamentar realizado pela ACMinas, quando o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Rogério Nery de Siqueira Silva, apresentou o planejamento e as ações de sua secretaria para o ano de 2014. Três pilares sustentaram o planejamento. O primeiro, chamado de “Energia Competitiva”, visa levar alternativas mais baratas, como ampliar a distribuição de gás natural para regiões ainda não abastecidas do Estado. O segundo pilar é a “Promoção do Comércio Exterior”, que de acordo com Rogério Nery, inclui vários projetos de incentivo para empresas que planejam exportar seus produtos. Por último, o “Polo de Logística Avançada” que fixa dimensões para que Minas Gerais seja reconhecido como o principal território nacional nesse setor. A meta é atrair investimentos da ordem de R$ 14 bilhões, além de 17 mil empregos.
Augusto Drummond, Roberto Fagundes, Luiz Antônio Athayde e Silvio Antônio Soares Nazaré.
ENGENHARIA ESTRUTURAL
O Prêmio Talento Engenharia Estrutural 2014 traz novamente o destaque para um elemento imprescindível de qualquer obra: o engenheiro estrutural. Os melhores trabalhos serão selecionados nas categorias - Infraestrutura, Edificações, Obras de Pequeno Porte, Obras Especiais e Construção Industrializada. A Gerdau, promotora do evento, irá premiar o vencedor do melhor projeto com uma viagem a Cidade do México, com uma visita monitorada a uma obra emblemática naquele país, uma visita à planta de Perfis Estruturais da Gerdau no México, além do diploma e troféu alusivo ao evento. No dia 30 de outubro de 2014, no evento do Prêmio Talento Engenharia Estrutural, em local a ser definido, serão conhecidos os vencedores de cada categoria, bem como as respectivas menções honrosas. O concurso, promovido pela Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural e o Grupo Gerdau, é anual e o prêmio será entregue durante a realização do ENECE – Encontro Nacional de Engenharia e Consultoria Estrutural, em São Paulo. Mais informações: www.premiotalento.com.br.
HOMENAGEM
O Crea Minas prestou homenagem póstuma, no dia 6 de agosto/14, ao ex-presidente do Conselho (1982/84), Tárcio Primo Belém Barbosa, com a inauguração do plenário que leva o nome do engenheiro.Tárcio Belém Barbosa, também, presidiu a Sociedade Mineira de Engenheiros. Durante a cerimônia, o filho do engenheiro,Tárcio Barbosa Filho falou da dedicação do pai à Engenharia. "Sou testemunha da dedicação de meu pai a engenharia, ao Crea, à Sociedade Mineira de Engenheiros e à Associação do ExAlunos da Escolha de Engenharia da UFMG, dedicação essa
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que vinha em forma de amor, pois ele amava tudo isso. A engenharia para ele era como sangue, uma necessidade", destacou.
O novo plenário, no sexto andar do prédio que abriga a sede do Crea-MG, em Belo Horizonte, leva agora seu nome. O plenário teve o número de acentos ampliado de 90 para 150, com espaços dedicados ao atendimento das normas de acessibilidade. O palco passou a ser multiuso com a instalação de uma mesa modular móvel, que permite também o uso da sala para apresentações culturais, além das reuniões plenárias.
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Participe envie notícias e novidades para: jornalismo@sme.org.br
IBAPE NACIONAL
MOBILIDADE NA RMBH
71ª SOEA
Secretário adjunto da SEMOB, José Rodrigues Pinheiro Dória, Alexandre Resende e Jobson Andrade, presidente do CREA Minas.
O Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias (IBAPE) juntamente com a seção do estado do Paraná, promovem em Foz do Iguaçu, no dia 18/09/2014, o II Seminário Nacional de Perícias. Já no dia 19/09 ocorre o I Seminário de Avaliações do IBAPE-PR. Os dois eventos trazem informações de grande importância para os Peritos e Engenheiros Avaliadores, que poderão se atualizar com profissionais do mais alto nível técnico. Informações no site: http://www.ibape-mg.com.br/.
O engenheiro Fabiano Panissi representou a SME na 71ª SOEA – Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia que será realizada, em Teresina (Piauí). O tema dessa edição foi Fabiano Panissi, Dilvar Oliva de Salles, “Inovação Tecnológica Krisdany Vinicius Cavalcante para o Desenvolvimento Nacional”. A ligados ao desenvolvimento e à SOEA acontece anualmente, reu- infraestrutura brasileira. Ainda nindo engenheiros e agrônomos, nessa edição da SOEA, aconteceu meteorologistas, geólogos, geó- o Congresso Técnico Científico grafos, técnicos e tecnólogos da Engenharia e da Agronomia para debater temas diretamente (Contecc).
PRÊMIO HUGO WERNECK
O “Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Amor à Natureza” chega à sua quinta edição, este ano, com o slogan “Quanto vale a sombra de um buriti?”. Participam da premiação todas as pessoas, empresas, entidades e projetos que lutam pela causa ambiental. A premiação - que já homenageou personalidades como a atriz Camila Pitanga, iniciativas a exemplo do projeto Rondon Resíduos e empresas como Gerdau, Vale e Rede Globo - terá a preservação do Cerrado e das veredas retratadas por Guimarães Rosa como tema central. O objetivo é chamar a atenção para o bioma, que já perdeu 50% da área original e abriga 11 mil espécies de plantas nativas, 199 de mamíferos, 1.200 de peixes, 180 de répteis e 150 de anfíbios.
O diretor da SME, engenheiro Alexandre Rocha Resende representou a entidade, em solenidade no Crea Minas, no último dia 13 de gosto/14, de lançamento do documento Mobilidade na Região Metropolitana de Belo Horizonte - RMBH. O estudo é fruto de vários encontros técnicos realizados, desde o final de 2012, pela Câmara Temática de Mobilidade Urbana do Conselho. Com essa publicação, as autoridades em Minas Gerais têm em mãos uma importante contribuição para definir políticas públicas relacionadas ao transporte de cargas e ao deslocamento de passageiros no maior polo populacional do Estado.
O “Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Amor à Natureza” é uma iniciativa do Grupo ECOLÓGICO e visa reconhecer e destacar as principais iniciativas socioambientais de indivíduos, empresas privadas e públicas, instituições de ensino e do terceiro setor nacionais que, por meio de atitudes, projetos, campanhas e desenvolvimento de atividades, contribuem para a proteção do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida das populações. A cerimônia de entrega do prêmio será realizada, em 11 de novembro/14, no Teatro Francisco Nunes, Parque Municipal Américo Renné Giannetti, em pleno coração verde da capital mineira. Mais informações: www.premiohugowerneck.com.br. 7
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ENGENHARIA & PREVENÇÃO
Ibape-MG lança norma para vistoria preventiva
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Avaliação ainda é desafio para as construtoras de médio e pequeno porte
todo momento, anuncia-se um novo empreendimento em Belo Horizonte. Com isso, a paisagem da cidade planejada, que está prestes a completar 117 anos, muda rapidamente. Casas antigas têm sido demolidas para dar lugar a edifícios residenciais, o produto que tem a maior demanda para o mercado imobiliário que, apenas em 2013, comercializou 20.466 apartamentos na capital, com valor médio de R$ 407,1 mil. Os dados são da uma pesquisa realizada pela Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG) e Instituto de Pesquisas Econômicas e Administrativas da UFMG (Ipead), com base nas emissões do Imposto Sobre Transmissão de Bens Imóveis por Ato Oneroso “Inter Vivos” (ITBI) do período. O caminho natural para o início da obra passa pela demolição e preparação do terreno para a execução de um novo projeto. No entanto, há aspectos adicionais
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que não podem passar despercebidos pelos construtores. Foi para garantir a segurança financeira às empresas e tranquilidade para os proprietários dos imóveis do entorno das novas edificações, o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape-MG), acaba de apresentar a norma técnica que trata da vistoria cautelar, que padroniza todas as práticas que compõem a análise externa e estrutural dos bens, visando a produção de um completo relatório que inclui condições do piso, revestimento, fissuras e rachaduras e, também, dos sistemas hidráulico e elétrico. A norma demandou um ano de estudos e foi aprovada internamente pelos associados do Ibape-MG em maio deste ano. “A norma foi desenvolvida para cobrir uma lacuna existente em relação às vistorias cautelares”, explica o presidente do Ibape-MG, engenheiro eletricista e civil, especialista em avaliações e perícias, e vice-presidente técnico da entidade nacional, Frederico Correia Lima. A entidade
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tem discutido com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) a elaboração de outras normas de desempenho e segurança para as edificações.
dados auferidos durante a vistoria, é possível definir, inclusive, qual o melhor método para a demolição e/ou para a execução da fundação”, adianta Frederico Lima.
Ao aplicar a norma, é possível detectar se os imóveis do entorno apresentam patologias, vícios construtivos, não conformidades ou falhas e danos que podem – ou não – se intensificar durante a nova construção. “Com todos os
“É muito comum as pessoas que moram no imóvel vizinho à obra acreditar que os problemas surgiram depois do início da nova obra. Muitas vezes, esses imóveis não têm a manutenção adequada”, aponta. O resultado costuma ser uma ação judicial para indenização pelos danos causados ao bem.
A vistoria cautelar também é conhecida como vistoria de vizinhança, o que pressupõe que, antes mesmo da demolição de um imóvel, é indicado que se faça a análise dos outros, localizados no entorno do lote de interesse. No caso específico de Belo Horizonte, lembra o engenheiro, há edificações antigas em muitos bairros que têm sido comercializadas devido ao valor do lote, para novas construções e essa é uma medida preventiva que não pode ser esquecida.
O laudo final é composto pelo levantamento pericial e também fotográfico detalhado de cada imóvel avaliado. As informações sobre os imóveis do entorno, com o registro de gravidade dos problemas auxilia a empresa a construir com menos impacto para a vizinhança e informa aos proprietários qual a real situação dos bens avaliados antes do início da obra.
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ENGENHARIA & PREVENÇÃO
Embora não seja obrigatória por lei, a vistoria cautelar é uma ferramenta que pode ser usada como prova a favor da construtora e segurança financeira dos negócios no futuro. Os laudos devem ser emitidos por um perito em engenharia.
De acordo com o engenheiro, quando há corte no terreno, o muro vizinho pode não aguentar o impacto causado pela movimentação de terra, o que representa risco para os vizinhos e também para os trabalhadores. “As empresas de grande porte já assimilaram essa prática mas é importante que todas tenham esse cuidado”, afirma.
Embora não seja obrigatória por lei, a vistoria cautelar é uma ferramenta que pode ser usada como prova a favor da construtora e segurança financeira dos negócios no futuro. “Os laudos devem ser emitidos por um perito em engenharia”, ressalta Frederico Lima. A aplicação da vistoria preventiva também deve ser usada antes do
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início de empreendimentos públicos. Segundo o dirigente, devido à burocracia, o período destinado à confecção do projeto costuma ser curto, o que, muitas vezes, significa que as informações são parciais ou podem ser modificadas durante a execução. Por isso, o procedimento cautelar funciona como uma garantia de segurança para todas as partes envolvidas no empreendimento.
A norma técnica de vistoria caut elar pode ser consultada gratuit a mente no site do Ibape-MG (www.ibape-mg.org.br) e será apresentada no dia 18 de setembro, durante a programação do 2º Seminário Nacional de Perícias e o 1º Seminário de Avaliações, que será realizado em Foz do Iguaçu.
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Frederico Correia Lima, presidente do Ibape-MG, engenheiro eletricista e civil, especialista em avaliações e perícias
MERCADO DE TRABALHO
Segundo o dirigente, o mercado de trabalho para os engenheiros especialistas em avaliação e perícia é uma hipótese a ser considerada pelos profissionais que ingressam no mercado. “É importante ter profissionais capacitados nessas áreas”, destaca. O curso de pós-graduação em Avaliação e Perícia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) é fruto de parceria com o Ibape-MG, que entre outras frentes de atuação, também divulga essa especialidade da Engenharia. Atualmente, o Ibape-MG tem 300 associados, entre os mais de 1 mil que atuam na área de avaliações e perícias em Engenharia no Estado.
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EVENTO SME
Estande na Minascon/Construir Minas foi muito visitado por engenheiros de todas as áreas A Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) participou, neste ano, da Minascon/Construir Minas, com estande próprio. O evento realizado entre os dias seis e nove de agosto, no Expominas, acontece a cada dois anos, com extensa programação de palestras, cursos e encontros de profissionais da cadeia da indústria da construção civil, além da feira de negócios, com mais de 300 empresas participantes. A iniciativa é uma parceria entre a Câmara da Indústria da Construção da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e a Fagga/GL Events Exhibitions. A 11ª edição do evento atraiu 40 mil visitantes e gerou negócios da ordem de R$ 120 milhões. 12
O engenheiro civil e vicepresidente da SME, José Ciro Mota, comemorou a participação da entidade na Minascon/Construir Minas. “Estivemos ao lado de empresas que sempre tiveram grande participação na história da SME. Foi, também, uma excelente oportunidade para apresentar a entidade e divulgar nossos os projetos da nova gestão para os jovens profissionais que estão ingressando na Engenharia”, enfatiza.
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PRESENÇAS O governador Alberto Pinto Coelho destacou os números da construção no Estado. “Este setor, que representa 7,5% do PIB e mais de 10% do volume de empregos em Minas Gerais, tem um crescimento independente das políticas públicas, mas sofre os resultados da macroeconomia como um todo, daí a relevância de um encontro como esse”, avaliou.
O presidente da Fiemg, Olavo Machado Júnior, ressaltou que a feira já está consolidada no mercado mineiro e tem alcançado, também, repercussão nacional e internacional.“Foi uma ótima oportunidade para agregar valor aos produtos da indústria da construção civil em Minas Gerais”, afirmou o presidente da Fiemg, Olavo Machado Jr. De acordo com o vice-presidente da Federação e presidente sua Câmara da Indústria da Construção, Teodomiro Diniz Camargos, a proposta do evento é exatamente consolidar a cadeia produtiva mineira, ao apresentar itens de qualidade fabricados no Estado. “Podemos crescer no setor de acabamento, por exemplo”, citou.
PROGRAMAÇÃO VARIADA Na programação, palestras ministradas por nomes de referência, concursos, seminários, congressos e encontros de diferentes empresas, órgãos, entidades e instituições profissionalizantes do setor da construção civil. Entre as novidades apresentadas, as que despertaram mais a atenção do público foram aquelas relacionadas à sustentabilidade, com soluções que propiciam a economia de água, energia, tempo e recursos financeiros. Essa tendência, cada vez maior na in-
dústria de materiais de construção, foi representada pela Casa da Indústria Mineira. O projeto apresentado foi responsável pela construção de uma casa de 10 x 10 metros em apenas cinco dias, com total de gastos de apenas R$ 94 mil. O modelo foi o vencedor do Prêmio bim.bon desde ano, uma iniciativa da Fiemg para valorizar a indústria mineira.
energética através de sensores de movimento.
O segmento de tecnologia para a gestão da construção e para o uso residencial trouxe também novidades, como o software de automação habitacional que proporciona eficiência
A Praça do Concreto apresentou os blocos Terrae, uma novidade em contenção de encostas, que dispensa o uso de argamassa, podendo ser preenchido por terra para fins paisagísticos.
Na Ilha da Infraestrutura, o visitante pôde conhecer móveis sustentáveis, que utilizam fibra de plástico e material residual proveniente de processos industriais, reduzindo o desmatamento e o impacto da retirada de matériaprima da natureza.
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ENTREVISTA
Candidatos ao governo de Minas Gerais falam de seus projetos Cinco temas para quatro candidatos ao governo de Minas Gerais. Para esta edição, a Revista Mineira de Engenharia apresenta o resultado de questionamentos sobre transporte e mobilidade, desenvolvimento econômico sustentável, diversificação das fontes de energia, gestão de recursos naturais e criação da carreira de engenheiro no serviço público estadual para Fernando Pimentel (PT), Pimenta da Veiga (PSDB), Tarcísio Delgado (PSB) e Túlio César Dias Lopes (PCB). Dessa forma, a Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) pretende incentivar o debate político e subsidiar os leitores de informações que possam contribuir para a escolha do melhor candidato ao governo do Estado. O candidato do Partido Social Democrata Brasileiro (PSDB) é
o advogado Pimenta da Veiga. Nascido em Belo Horizonte, ele iniciou sua carreira política pelo extinto MDB como deputado federal, sendo reeleito em seguida. Chegou a ser eleito prefeito da capital em 1988 e teve no mandato de deputado federal entre 1999 e 2003, seu último cargo público, já pelo PSDB.
1) Quais os projetos do candidato Pimenta da Veiga para as áreas de transportes público, mobilidades e rodovias estaduais? O problema da mobilidade urbana está, certamente, entre os três áreas mais graves que nós precisamos enfrentar. Primeiro, é preciso um transporte público de qualidade. O mais eficiente é o sistema sobre trilhos. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), por exemplo, a solução é o metrô. Nos últimos 12 anos, o governo federal não fez um metro de metrô em Belo Horizonte, mesmo sendo a CBTU um órgão nacional. 14
Vamos lutar para assegurar a expansão das linhas do metrô na capital. O governo de Minas já apresentou os projetos de Engenharia para a expansão da Linha 3, prevista para ligar os bairros Lagoinha e Savassi. Na questão do tráfego de veículos, já foi aberta licitação para o Rodoanel Norte, ligando Betim a Ribeirão das Neves, com 66 quilômetros de extensão, o que vai desafogar o trânsito na região metropolitana. É uma obra que vamos executar em parceria com a iniciativa privada. O Rodoanel Sul será outra obra, com o mesmo objetivo: ser executada também na nossa gestão.
Vamos continuar as obras das rodovias estaduais, além de iniciar outras construções. Em 2010, o governo estadual lançou o programa Caminhos de Minas, que faz a interligação por asfalto das regiões mineiras. Até agora, seis trechos já foram concluídos e outros 38 estão em andamento. O programa vai beneficiar, ao todo, 307 municípios e 7 milhões de mineiros. Com Aécio Neves e Anastasia, Minas pavimentou 5,5 mil quilômetros de estradas e agora pretendemos avançar mais. No nosso governo, vamos construir um grande eixo rodoviário, uma autopista, ligando o Norte ao Sul do Estado.
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Assim como já está acontecendo em Belo Horizonte, está entre as nossas metas ainda a construção de anéis rodoviários nas cidades mais importantes, para retirar das vias urbanas o tráfego de veículos pesados, o intermunicipal, o que além de diminuir o tempo de deslocamento, dará mais segurança a motoristas e pedestres. Outra questão muito importante, que tem a ver com mobilidade, é a logística. Para um Estado como o nosso, com enorme e crescente parque industrial e importantes empresas do ramo de transportes, é preciso discutir, em nível nacional, a questão das ferrovias. Não há que se falar em mobilidade e em logística sem se pensar em ferrovias. Então, é uma discussão que, na condição de governador de Minas, quero liderar no Brasil, porque não basta que os governos estaduais invistam. É preciso esforço do governo federal e participação da iniciativa privada, com certeza. 2) A atividade de mineração tem grande peso para a economia do Estado. Como o governo atuará para fortalecer a cadeia do setor minero metalúrgico, para ganhar competitividade na exportação de produtos de maior valor agregado? Mineração, siderurgia e metalurgia foram os setores que mais atraíram investimentos no Estado, que recebeu R$ 182 milhões entre 2003 e 2013, mas a competitividade dos nossos produtos só estará assegurada com o novo Marco da Mineração. O novo
marco fará justiça aos mineiros. Com Aécio Neves na presidência, a realidade será outra. 3) Como o governo atuará para melhorar a gestão dos recursos hídricos? Haverá incentivos do governo para o uso de outras energias renováveis? Nosso Estado possui recursos naturais abundantes e devemos saber utilizá-los com responsabilidade para que possamos promover um desenvolvimento sustentável. Diversos rios e bacias importantes nascem aqui ou passam por nosso território, o que nos torna protagonistas nesse sentido. A gestão responsável dos recursos hídricos é fundamental para o nosso desenvolvimento, visto que a água é importante elemento na produção e fator fundamental para a biodiversidade. Os comitês de bacias hidrográficas auxiliam nessa gestão, sempre tendo como foco a revitalização de rios e o uso consciente da água. Nosso governo também estará atento ao uso de energias renováveis, com tecnologias inovadoras e que combinam com o conceito de sustentabilidade que pretendemos. 4) Qual o projeto do candidato para o desenvolvimento econômico sustentável de Minas Gerais? Há obras de interesse público no programa de governo? Quais? São três os pilares do desenvolvimento que nós planejamos para o Estado: crescimento econômico, inclusão social e sustentabilidade. A preocupação com o meio ambiente é central em nosso programa de governo, num
Estado em que os recursos naturais são abundantes.Vamos incentivar também a produção do etanol, que é um produto com vantagens ecológicas inegáveis e que gera riqueza no campo. Então é isso: pensar o crescimento, pensando no meio ambiente. 5) Qual a importância dos engenheiros para a futura gestão de Pimenta daVeiga? Existe a possibilidade de o governo do Estado profissionalizar a carreira de engenheiro no serviço público estadual? Os engenheiros são profissionais de crucial importância para o desenvolvimento do Estado. Os mais diversos setores da nossa economia precisam da atuação dessa categoria para inovação, produção e novos investimentos. Há engenheiros em vários órgãos e secretarias do governo estadual. São cargos que exigem curso superior e, algumas vezes, cursos de especialização e pós-graduação para a reciclagem exigida numa profissão que se renova a cada dia. Há quase três anos, eles passaram a ganhar um adicional por exercerem essa atividade de curso superior, mas não há uma carreira de engenheiro, e acreditamos que seja a hora de reavaliarmos isso. O nosso governo será construído em parceria com os servidores, portanto, desde já, o diálogo está aberto para acolher as propostas da categoria e isso, certamente, será alvo de avaliação da equipe que está consolidando o nosso Plano de Governo. 15
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ENTREVISTA
O economista Fernando Pimentel é o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT). Ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, iniciou sua vida política no movimento estudantil da década de 70. Seu primeiro cargo público foi o de secretário da Fazenda na capital mineira em 1993. Depois, foi nomeado secretário municipal de Governo, Planejamento e Coordenação Geral. Foi o primeiro prefeito eleito no primeiro turno na história de Belo Horizonte em 2004, depois de ser o vice-prefeito na gestão de Célio de Castro.
1) Quais os projetos do candidato Fernando Pimentel para as áreas de transportes público, mobilidades e rodovias estaduais?
mitam a redução de custos nos transportes, gerando mais desenvolvimento e também melhoria no nível de empregos.
lhar na elaboração do Plano Integrado de Transporte e Trânsito em todas as cidades de Minas com mais de 20 mil habitantes.
Nosso plano de governo, elaborado depois de ouvir a população durante a “Caravana da Participação”, traz propostas para desenvolver a infraestrutura viária de Minas Gerais considerando as características de cada uma das regiões do Estado. No Noroeste, Norte e Vales do Jequitinhonha e Mucuri, por exemplo, a ação prioritária será construir e manter rodovias fundamentais ao desenvolvimento econômico dessas regiões, interligando-as a Belo Horizonte e permitindo o incremento do potencial agrícola, pecuário e industrial.
Quanto à mobilidade urbana, sabemos das dificuldades da população, que realiza, em média, dois deslocamentos por dia para chegar ao trabalho, à escola ou para alguma atividade de lazer. Em Minas Gerais, a falta de políticas de transporte público eficiente afeta a maioria das cidades, mesmo as de médio porte.
2) A atividade de mineração tem grande peso para a economia do Estado. Como o governo atuará para fortalecer a cadeia do setor minerometalúrgico, para ganhar competitividade na exportação de produtos de maior valor agregado?
Nas regiões Central, Sul, Triângulo, Alto Paranaíba, Zona da Mata e Vale do Rio Doce, a prioridade será aumentar a eficiência da malha já existente, duplicando as rodovias, construindo arcos rodoviários que desviem o fluxo de veículo do centro das cidades e construindo trechos rodoviários e ferroviários que per16
A situação é mais crítica na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde o sistema de mobilidade é de baixa qualidade e de alto custo. Em tese, esse é um tema dos municípios, mas o governo do Estado não pode se omitir, ainda mais por que a melhoria do sistema de transporte pública depende das ligações intermunicipais. O governo estadual deve participar ativamente para proporcionar mais qualidade de vida às mineiras e aos mineiros e isso passa por um sistema de transporte eficiente e confortável. Vamos traba-
O setor extrativo mineral emprega 25% dos trabalhadores mineiros e tem participação expressiva nas exportações de Minas Gerais. Mas é possível avançar muito, agregando valor aos minerais exportados em bruto na maioria das vezes. Vamos fortalecer a cadeia produtiva da mineração, gerando mais emprego e renda para os trabalhadores e mais receita para os cofres do Estado. O último grande investimento neste sentido foi a instalação da FIAT nos anos 1970. Precisamos atrair empresas que processem nossos minerais no Estado.
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3) Como o seu governo atuará para melhorar a gestão dos recursos hídricos? Haverá incentivos do governo para o uso de outras energias renováveis? Dentre as várias diretrizes traçadas para Minas Gerais no nosso plano de governo, a produção de energias renováveis é prioridade. O primeiro e importante passo é investir em infraestrutura para a produção desse tipo de energia, como a solar e a eólica, por exemplo. Entre as metas apresentadas, destacamos o incentivo governamental para um projeto de geração de energia alternativa a ser implantado em hospitais, escolas, hotéis e repartições públicas, e a adoção de políticas públicas tributárias específicas para incentivar a iniciativa privada a investir na produção das energias renováveis. Essas metas fazem parte do Programa Minas Sustentável, que reflete a visão de que o crescimento econômico socialmente justo e inclusivo só poderá ser atingido se a relação com o meio ambiente for parte integrante desse processo. Por isso, também esperamos tornar o estado uma referência nacional e internacional em gestão de recursos hídricos e tecnologias sustentáveis de uso, tratamento e recuperação da água, principalmente, na agrope-
cuária, mineração e saneamento em áreas urbanas. 4) Qual o projeto do candidato para o desenvolvimento econômico sustentável de Minas Gerais? Há obras de interesse público no programa de governo? Quais? Para que Minas Gerais se desenvolva economicamente, o governo estadual precisa se reorganizar. A legislação tributária de Minas Gerais, totalmente obsoleta, é um dos maiores desafios. Em relação ao ICMS, por exemplo, Minas vem perdendo a guerra fiscal para outras unidades da Federação por ter se tornado a campeã na cobrança do imposto em vários setores estratégicos da economia como energia elétrica e óleo diesel. Como consequência, muitas indústrias deixam se instalar aqui ou, em casos mais extremos, trocam Minas por estados que oferecem condições consideradas mais vantajosas. A impressão que fica é que nos últimos anos o governo estadual se preocupou mais com a arrecadação de receitas do que com a promoção da atividade produtiva e a criação de empregos. Para mudar esse cenário, vamos apresentar medidas que simplifiquem a legislação e os regulamentos dos impostos estaduais.
5) Qual a importância dos engenheiros para a futura gestão de Fernando Pimentel? Existe a possibilidade de o governo do Estado profissionalizar a carreira de engenheiro no serviço público estadual? Em meados dos anos 2000, com a decisão do governo do presidente Lula de recolocar na agenda do Brasil as grandes obras de infraestrutura, com as necessidades geradas pela produção agroindustrial crescente, a retomada da indústria de petróleo e gás proporcionado pela descoberta do pré-sal e o programa habitacional Minha Casa Minha Vida, o país sentiu falta de mão de obra especializada, notadamente de engenheiros. Aos poucos, o Brasil recupera sua capacidade de fazer projetos e forma novas gerações de profissionais vão nos permitir avançar na área da infraestrutura. No período em que fui prefeito de Belo Horizonte (2003-2008), fizemos grandes intervenções urbanas e, em todos eles, foi fundamental a participação de engenheiros. Diante disso, fica evidente a importância dos engenheiros em qualquer esfera de governo, seja federal, estadual ou municipal. Uma parceria que, com certeza, vai continuar, caso eu seja eleito. 17
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ENTREVISTA
Representante do Partido Socialista Brasileiro (PSB), o técnico em contabilidade e advogado Tarcísio Delgado iniciou sua trajetória política como liderança do movimento estudantil, em Juiz de Fora. Seu primeiro cargo eletivo foi o de vereador, na mesma cidade. Depois foi eleito deputado estadual e chegou a deputado federal, sendo reeleito logo em seguida. O retorno foi 12 anos depois. Em 1983, foi eleito prefeito de Juiz de Fora, cargo que ocupou por mais dois mandatos, em 1998 e 2000.
1) Quais os projetos do candidato Tarcísio Delgado para as áreas de transportes público, mobilidades e rodovias estaduais? As cidades continuam crescendo desordenadamente. Por isso, acho necessário um planejamento urgente, já que os grandes centros urbanos continuarão a crescer. A população não foi às ruas à toa em 2013 reivindicar mudanças. O sistema chegou ao limite e é necessária a busca pelo bem-estar. Em Minas a mobilidade urbana depende de um estudo profundo. Não há um projeto único de mobilidade que sirva para todo o Estado.Tem que atender as necessidades de cada uma delas, de acordo com o tamanho e a topografia e demandas. São necessárias equipes de engenheiros, pessoas especializadas na área, para estudar caso a caso. Não adianta fazer um projeto geral. Uma das prioridades do nosso plano de governo é solucionar as questões 18
dos impactos ambientais: adotar nos bairros transportes urbanos cativos, de qualidade. Seriam microônibus, com ar condicionado, capazes de atender aos moradores nos endereços e em horários, pré-definidos. Dessa forma, eles seriam fidelizados e deixariam de usar o carro para ir para o trabalho. Hoje em dia, o luxo é não precisar de carro. Outra questão é o uso da tecnologia para a melhoria do transporte coletivo. A questão da mobilidade também é cultural e educacional: andar mais a pé e utilizar bicicleta são atitudes que precisam ser reconsideradas.As soluções são muitas, mas o caminho é um só: o transporte público de qualidade. Como ex-diretor geral do DNER entre 1995 e 1996, refirmo que um país continental como o Brasil, com grandes extensões evidentemente tem que cuidar bem das rodovias. Minas Gerais é o estado com maior número de rodovias federais asfaltadas e evidentemente tem fazer mais
ainda para favorecer a mobilidade interna e o transporte das riquezas. É fundamental a preservação das rodovias. Mesmo para aqueles que defendem o transporte ferroviário é necessário entender que Minas é coberta por uma extensa malha rodoviária e é premente priorizar a restauração das rodovias para dar escoamento à maior parte da produção. O Estado perde percentual considerável de tudo o que é transportado. A precariedade das rodovias atrasam entregas e danificam produtos. E esse prejuízo certamente chega ao bolso do consumidor, que acaba pagando mais caro pelos alimentos. 2) A atividade de mineração tem grande peso para a economia do Estado. Como o governo atuará para fortalecer a cadeia do setor minero metalúrgico, para ganhar competitividade na exportação de produtos de maior valor agregado? Esse é um dos problemas cruciais, centrais da nossa luta. Vamos mexer
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num vespeiro, verdadeira caixa de marimbondos, já percebemos. Infelizmente é um problema sério que afeta Minas. Mas o Estado não pode continuar assim: pobre e rico ao mesmo tempo. Há tantos recursos mas Minas Gerais não usufrui deles. O recurso vai para para dois ou três grupos econômicos muito fortes que ganham bilhões e bilhões e nós ficamos sem nada. Nós vamos tratar disso com muita seriedade e com a força de Minas. Se eu chegar a ser o governador de Minas não vou dizer ao governo federal que é preciso tomar uma medida nesse sentido. Eu vou dizer que tem que tomar uma medida em curto prazo. A questão é urgente e tem que envolver toda a força de Minas com todas essas riquezas concentradas para que o Brasil também ganhe. Deus nos deu a riqueza e o diabo está tirando.
3) Como o seu governo atuará para melhorar a gestão dos recursos hídricos? Haverá incentivos do governo para o uso de outras energias renováveis? Minas têm felizmente grandes recursos hídricos. Também somos ricos nisso. Já produzimos certa quantidade de energia renovável e é possível produzir muito mais. Só são necessários mais investimentos no setor. Trabalhar junto com a iniciativa privada. Tanto a Gasmig, como a Codemig, temos que criar empresas para explorar o setor em parceria com a iniciativa privada para dividirmos os lucros. Sou solidário à luta para derrubar a PEC 68, que está em tramitação na Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Estão querendo relaxar a exigência constitucional estabelecida pelo governo Itamar
Franco, que exige a aprovação da venda das estatais mineiras mediante aprovação de três quintos da Assembleia e ainda um referendo popular. Agem para facilitar a privatização da Cemig e da Gasmig, o que é um absurdo. 5) Qual a importância dos engenheiros para a futura gestão de Tarcísio Delgado? Existe a possibilidade de o governo do Estado profissionalizar a carreira de engenheiro no serviço público estadual? Fundamental a profissionalização da carreira do Engenheiro no serviço público do Estado. É preciso criar o quadro funcional de engenheiros como fiz em Juiz de Fora, para que um engenheiro tenha uma carreira. Ele tem que ter uma projeção periódica. Ele tem que progredir na carreira.
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ENTREVISTA
Túlio César Dias Lopes ou Professor Túlio Lopes, do Partido Comunista Brasileiro (PCB), é o mais jovem candidato para o governo de Minas Gerais nas eleições de 5 de outubro. Técnico em Contabilidade, graduado em História pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), especialista em História e Culturas Políticas e mestrando em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) é, também, servidor público estadual da área de Educação.
1)Quais os projetos do candidato Professor Túlio Lopes para as áreas de transportes público, mobilidades e rodovias estaduais? O orçamento estadual que é totalmente destinado para as rodovias, será dividido progressivamente até atingir 80% para esse modal e 20% para ferrovias e hidrovias. Vamos criar, também, um Fundo de Transportes Terrestres. Para a área de mobilidade, o nosso projeto inclui a criação de uma empresa de transportes de passageiros apta a operar o transporte urbano e interurbano de passageiros por ônibus e por trens, além de linhas turísticas. Pretendemos transformar o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-MG) em Departamento de Estradas Regionais, com uma diretoria de Transporte Ferroviário que divulgará e fortalecerá esse modal. Está prevista a construção 20
de linhas de metrô leve (monotrilho). Licitar o Transporte Rodoviário por Ônibus, assegurando a participação de 20% do volume de ônibus para cooperativas de pequenos operadores e 5% para a empresa pública de transportes de passageiros;
2) A atividade de mineração tem grande peso para a economia do Estado. Como o seu governo atuará para fortalecer a cadeia do setor minero-metalúrgico, para ganhar competitividade na exportação de produtos de maior valor agregado?
Criar pedágios para as rodovias estaduais visando a garantia de melhor atendimento, sendo parte do tributo destinado ao Fundo de Transportes Terrestres.
A nossa proposta é reestatizar a Vale, a Açominas e a Usiminas. Também vamos proibir mineração em áreas de preservação ambiental. A cobraça dos royalties subirá para 10% do faturamento bruto das empresas e a cobrança do ICMS sobre exportação do minério (fim da Lei Kandir).
Vamos dar atenção especial à questão metropolitana, inclusive o transporte metropolitano que deverá atingir um novo patamar de qualidade e impulsionar a Secretaria de Desenvolvimento Regional evitando a situação atual de concentração do capital na capital. Tarifa Zero nos transportes coletivo e de massa, com garantia da mobilidade urbana e intermunicipal.
2)Como o governo atuará para melhorar a gestão dos recursos hídricos? Haverá incentivos do governo para o uso de outras energias renováveis? Vamos implantar uma política de desenvolvimento econômico, humano e ecologicamente sustentável. A legisla-
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ção de obras será aperfeiçoada para contemplar a proteção ambiental, com multas e ação repressiva contra as empresas poluidoras.
com elevação da qualidade de vida, geração de empregos e atendimento às necessidades básicas da maioria da população.
Vamos criar polos industriais para atrair empresas que utilizam energias renováveis e produzam produtos ambientalmente amigáveis com tecnologias limpas e boas condições de trabalho. Em relação a Cemig, ela será 100% estatal, sob o controle dos trabalhadores.Vamos incentivar a produção e a distribuição de energia a partir de fontes renováveis como eólica, solar e de biocombustíveis e paralelamente, vamos criar políticas para aumentar o consumo desse tipo de energia.
Vamos criar, também, a Região Metropolitana, como um ente políticoadministrativo autônomo, e de entes político administrativos nas Macrorregiões do Estado, para viabilizar o planejamento econômico integrado entre os municípios, respeitando-se as peculiaridades e as vocações de cada região.
4) Qual o projeto do candidato para o desenvolvimento econômico sustentável de Minas Gerais? Há obras de interesse público no programa de governo? Quais?
Pretendemos implantar uma estrutura de planejamento econômico e social integrada e participativa, com a cobrança progressiva de impostos sobre o capital, as finanças, as grandes propriedades e as grandes fortunas, com o controle e a fiscalização da arrecadação pelos trabalhadores, organizados no Poder Popular.
Vamos criar um Conselho Popular de Economia e Desenvolvimento Urbano, para elaboração, implantação e acompanhamento de reforma urbana centrada no uso social da propriedade e do solo urbano e de um plano de desenvolvimento social,
Vamos priorizar os investimentos na produção industrial e agrícola voltada para o abastecimento interno, em infraestrutura e em áreas sociais, intensivas em trabalho e geradoras de bem estar, como habitação, transportes, educação, saúde e cultura.
Pretendemos criar um banco de fomento para pequenos empreendimentos, sob controle popular; incentivo fiscal a posteriori às empresas que gerarem empregos. O nosso plano de desenvolvimento científico e tecnológico aponta para prioridades sociais: emprego, saúde, educação, habitação, transportes, defesa civil, meio ambiente, habitação e desenvolvimento urbano. Recriação e fortalecimento dos bancos públicos estaduais é outra parte importante do nosso projeto, bem como a recuperação do patrimônio histórico e incentivo ao turismo cultural e ecológico. 5) Qual a importância dos engenheiros para a futura gestão do Professor Túlio Lopes? Existe a possibilidade de profissionalizar a carreira de engenheiro no serviço público estadual? Apoiamos às reivindicações da categoria e queremos garantir espaços consultivos e deliberativos para que os engenheiros possam contribuir de forma coletiva com nossa gestão participativa. 21
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ELEIÇÕES 2014
Conheça as propostas de engenheiros que são candidatos
Nas eleições de 5 de outubro também há engenheiros entre os candidatos à Câmara dos Deputados e à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Para representar Minas Gerais em âmbito nacional, concorrem Paulo Simão (PSD-MG) e o Engenheiro Gilson Queiroz (PT-MG). Já na esfera estadual, os candidatos são Humberto Falcão (PSC) e Tarcísio Caixeta (PT). Confira abaixo as propostas de cada um deles para a Engenharia brasileira e os profissionais da área.
Paulo Simão (PSD-MG)
Moradia popular e um novo e sustentável modelo de gestão das cidades são os dois projetos que o engenheiro civil pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Paulo Simão elegeu como suas prioridades na campanha para deputado estadual. Liderança incontestável da indústria da construção do país, ele presidiu a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) desde 2003 e deixou o cargo neste ano, após 11 anos, para candidatar-se a deputado estadual por Minas Gerais pelo PSD, legenda que presidiu no Estado. “Uma vez eleito, vou estar do outro lado, para defender as propostas que, durante os últimos anos, levei como reivindicações da indústria da construção para a Câmara dos Deputados”, afirma. Mais que empresário de sucesso, o engenheiro fez história na atividade associativa. Começou como membro de comissão técnica de Baixa Renda da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e chegou a presidente da entidade. Simão também foi presidente por duas gestões e vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG) e, ainda, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) na gestão de José Alencar. Casado desde os 23 anos, tem três filhos. 22
Gilson Queiroz (PT-MG)
O candidato Engenheiro Gilson Queiroz tem a sua trajetória acadêmica e profissional pautada pela sensibilidade em lidar com as pessoas e, também, com a responsabilidade social.
Seu extenso currículo inclui experiências em setores importantes como construção, infraestrutura, saúde e ambiente. “Tenho a convicção de que a Engenharia é um segmento fundamental para a soberania do país. Quando falamos em Engenharia, estamos discutindo um setor que inclui engenheiros, técnicos, empresas, instituições públicas e também usuários”, enfatiza. O candidato também defende as reformas tributária e política. Para Queiroz, o que interessa é um país em desenvolvimento, que gere benefícios para todos os profissionais do setor, mas também para a sociedade.
Sua liderança política começou no Grêmio da Engenharia Civil e no Diretório Acadêmico da Escola de Engenharia da UFMG. Em 1994 assumiu a Diretoria de Obras da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) ao mesmo tempo participava das discussões que resultaram na democratização do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-MG), autarquia que presidiu em 2006, com reeleição em 2009.Assumiu a presidência da Fundação Nacional de Saúde – Funasa em 2011, onde permaneceu até março deste ano.
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Humberto Falcão (PSC)
Humberto Falcão é Engenheiro Agrônomo, nascido em Belo Horizonte. Pela sua atuação e liderança associativa e cristã, foi convidado pelo PSC para disputar uma vaga na ALMG e aceitou o desafio que representa a oportunidade de representar milhares de mineiros em um processo de promoção da justiça pública. “Entre os objetivos das profissões e da ação dos profissionais está o bem-estar e o desenvolvimento do homem em suas diversas dimensões. Levando-se em conta: indivíduo, família, comunidade, sociedade e nação”, aponta. Sendo eleito, vai promove o bem comum através de uma atuação política que busca um verdadeiro florescimento humano, com a liberdade de iniciativa e de associação. Falcão defende, também, as esferas de atuação da igreja, da família, das associações intermediárias da sociedade civil e o fomento ao empreendedorismo rural e urbano. Em 2002 ingressou no CREA-MG (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais), onde integrou a Câmara Especializada de Agronomia, o que lhe proporcionou grande experiência no ramo do agronegócio em Minas Gerais. Em 2011, a convite, candidatou à presidência do CREA-MG e, durante aquela campanha, sentiu que poderia fazer mais pelos engenheiros, pelas empresas de Engenharia e por seu Estado. Como profissional de agronomia, Humberto sabe que para uma boa colheita é necessário plantar boas sementes. Sabe também que a profissão é o bem social da humanidade e o profissional é o agente capaz de exercê-la. Casado, tem duas filhas.
Tarcísio Caixeta (PT)
Criador da Lei Municipal da Engenharia e Arquitetura Públicas, que promove a regularização da moradia em vilas e favelas de Belo Horizonte e participante da Comissão de Habitação Popular da Câmara Municipal de Belo Horizonte, onde cumpre o quarto mandato como vereador, o engenheiro de Minas com especialização em Engenharia Sanitária e Engenharia de Segurança, Tarcísio Caixeta, pretende ampliar sua atuação para Minas Gerais. “Ofereço minha atuação política e administrativa, com foco no desenvolvimento da cidade para o bem estar de toda a sociedade”, adianta. Na “bagagem” Caixeta leva o diálogo constante com lideranças de diversos setores como a Engenharia. Natural de Patrocínio, iniciou sua militância política ainda estudante, na UFMG. Logo após a graduação, trabalhou como professor e foi dirigente do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro-MG) e do Sindicato dos Engenheiros no Estado de Minas Gerais (Senge-MG). Na gestão pública, foi Secretário de Indústria e Comércio do prefeito Patrus Ananias. Na administração Célio de Castro, assumiu a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap). O candidato também foi presidente da Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel).
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ARTIGO | ENERGIA
Energia Solar em tempos de crise energética Rodrigo Cunha Trindade A crise de energia e o apagão anunciado coloca novamente o assunto energia na pauta do dia de todos. Os custos dos energéticos já sofrem aumento e apontam com forte tendência de alta para os próximos meses. Os preços controlados pelo governo estão reprimidos e dizem que por motivos políticos podem ter forte alta após as eleições para corrigir seu valor. Mesmo com uma matriz energética relativamente limpa e com boa participação de hidrelétricas deveríamos dar mais espaço para energias renováveis e limpas. Um país com altos índices de radiação solar e condições de temperatura que favorece o uso de aquecedores solares deveria adotar essa tecnologia de forma mais ampla. Temos em nosso país um contexto muito favorável para adotar o aquecedor solar como o aquecedor de água do banho do brasileiro.Além das condições do nosso clima encontramos muitas empresas nacionais que oferecem os equipamentos etiqueta24
dos pelo INMETRO. São mais de 140 empresas de pequeno e médio porte distribuídas pelo Brasil gerando emprego e renda localmente. Claro que a escolha de um bom produto é importante, mas não suficiente para assegurar o retorno esperado dos investimentos aplicados no aquecedor solar: projeto e instalação de qualidade são fundamentais para garantia do desempenho do sistema. Um programa para acompanhar a qualidade dos coletores solares e reservatórios térmicos conduzido pelo INMETRO permite que os produtos com melhor eficiência seja agraciado com o Prêmio PROCEL que incentiva o uso de equipamentos mais eficientes. Programas como esses ajudam no fortalecimento da tecnologia e estimula o desenvolvimento tecnológico dos componentes aplicados aos sistemas. Tive a oportunidade de participar do desenvolvimento da nova norma de Projeto e Instalação de Sistemas de Aquecimento, Norma NBR 15569, o
resultado foi uma norma atual que pode ser de grande utilidade para viabilizar instalações melhores e que apresentem bons resultados com o uso de aquecedores solares. Com um ambiente normativo atualizado a tecnologia pode avançar de forma mais confiável e sustentável. Outro aspecto positivo é o grande número de sistemas em operação que confirmam os benefícios do uso dos aquecedores solares. Belo Horizonte, eleita recentemente a Capital Nacional da Hora do Planeta, e já reconhecida como a Capital da Energia solar pelos mais de 3.600 equipamentos de grande porte instalados em edifícios residenciais, hotéis, hospitais, creches, vestiários, indústrias e outras aplicações que demandam grande quantidade de água quente. O desenvolvimento da aplicação de aquecedores solares com grande capacidade para atendimento do uso coletivo levou a cidade a se destacar mundialmente, não se encontra tantos sistemas de grande porte em outras cidades do planeta como temos na
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Grande Belo Horizonte. Os milhares de instalações residenciais unifamiliares completam a boa referência do aquecedor solar e o retira da categoria de energia alternativa colocando o mesmo como a forma confiável e econômica para geração de água quente.
energia e concessionárias. A potência elétrica elevada e o consumo desse equipamento o tornam alvo do consumidor e de programa de racionalização de energia. Os aquecedores solares podem substituir os chuveiros elétricos de forma sustentável e ainda oferecendo conforto.
Outro ponto que deixa o aquecedor solar em posição interessante é seu oponente principal: o chuveiro elétrico. Equipamento com alta penetração nos lares dos Brasileiros apesar de ter baixo custo na hora da compra provoca diversos transtornos ao sistema elétrico do país. Seu uso concentrado no horário entre 19 e 21 horas o coloca com o responsável pelo pico de consumo e pelo famoso horário de ponta, com efeitos nocivos para a distribuição de
Em tempos de Copa do Mundo, nos orgulhamos de ser o país do futebol, mas temos potencial para sermos o País da Energia Solar! Somos banhados por uma energia gratuita e abundante em todo território e os aquecedores solares, módulos fotovoltaicos e os programas adotando o álcool (sim! Só quem tem o sol que temos pode produzir tanta cana como produzimos) podem nos transformar nos maiores produtores de energia solar mundial.
DICAS PARA USO BEM SUCEDIDO DOS SISTEMAS DE AQUECIMENTO SOLAR a) Dedicar atenção especial para fase de concepção do sistema. O dimensionamento adequado, sem influência dos agentes que comercializam os equipamentos e com auxilio de um profissional experiente que conhece diversas soluções técnicas e disponibilidade comercial dos produtos viabilizam as melhores soluções técnicas com agilidade e competitividade na hora da instalação; b) A assessoria de um profissional especializado ajuda na integração do aquecimento solar com as outras disciplinas (hidráulica, estrutura, elétrica e arquitetura). A elaboração de um projeto especializado e detalhado ajuda o construtor a preparar adequadamente o prédio para receber o sistema; c) O detalhamento das soluções escolhidas, especificações precisas e pautadas em normas e testes aceitos pelo mercado facilita o processo de aquisição dos equipamentos e instalação com o melhor custo;
d) O acompanhamento da instalação e start (comissionamento) tem sido fundamental para fechar o ciclo de uma boa instalação. O olho clínico de um especialista assegura que os equipamentos comprados foram entregues dentro das especificações e a instalação seguiu o projeto;
e) Em tempos de forte crescimento, estamos observando empresas fornecedoras de equipamento entrar em falência ou fragilidade financeira. Excesso de vendas ou falta de gestão são os fatores atribuídos a essa novidade no mercado dos aquecedores solares. Um projeto independente tem sido útil para os construtores que se surpreenderam com empresas fornecedoras quebrando no meio do processo de instalação conseguir e finalizar a instalação com menos transtornos. Engenheiro Rodrigo Cunha Trindade é Diretor Técnico da Agência Energia Projeto e Consultoria em Energia Solar e Vice-presidente de Relações
Institucionais da ABRASIP MG. Graduado em engenharia mecânica pela Universidade Federal de Minas Gerais, MBA em Gestão Empresarial
pela FGV e Sustentabilidade no Ambiente Construído pela Escola de Arquitetura da UFMG, o Eng. Rodrigo Cunha Trindade que a mais de 20 anos
está à frente da empresa de Projeto e Consultoria Agência Energia responsável por mais de 850 projetos no Brasil e exterior.
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APOSENTADORIA
O que fazer agora?
Histórias de engenheiros que continuam produtivos e felizes nesta nova etapa de vida Entre 1980 e 2013, a estimativa de vida do brasileiro aumentou 17,9%, passando de 62,7 para 73,9 anos, segundo dados do Relatório de Desenvolvimento Humano 2014, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O aumento de 11,2 anos, aliado ao avanço da medicina é um dos fatores que explica uma mudança expressiva dos profisssionais. Afinal, vai longe o tempo em que a aposentadoria era algo esperado a cada dia de trabalho. Por isso, o momento de “parar” já não é vivenciado da mesma forma.
Segundo o presidente do grupo mineiro Nortearh, especializado em recolocação profissional e Recursos Humanos (RH), Carlos Alberto Caram Farah, nos últimos três anos a demanda do mercado por engenheiros de nível sênior foi maior que em 2014, quando o mercado desacelerou em muitos setores estratégicos.“Quando a economia voltar a crescer, o retorno de profissionais experientes voltará a ganhar força”, adianta. 26
E a razão pode ser resumida em experiência e vigor físico. Para o empresário, houve uma mudança em relação ao retorno do profissional ao mercado. “Antes eles eram recontratados como empregados para projetos de consultoria. Mas, atualmente, eles estão retornando porque têm força de trabalho e muita vontade de continuar produzindo”, ressalta. O engenheiro civil e sanitarista Martinho Augusto Portocarrero Naveira começou a trabalhar em 1965 como professor. Ingressou na Copasa em 1972 e em dezembro do ano 2000, já superintendente, foi surpreendido com uma comunicação de que havia chegado o momento da aposentadoria. Depois de concluído o processo, ele tirou um mês de férias e retornou ao trabalho por mais 10 anos como consultor na mesma empresa. Nesse meio tempo, o engenheiro pensava em voltar para a escola para uma especialização na História da Higiene, desde Roma até os tempos atuais. “Eu queria aprender mais sobre como era o abastecimento de água e como foram construídas as redes de esgoto ao longo dos tempos”, explica.
Da leitura dos romances, ele passou a se interessar por temas como ética e política. “Caí na Filosofia”, reconhece.
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O tema “Aposentadoria” não está na formação escolar ou no dia a dia das pessoas e empresas, mas o futuro deve ser planejado pelos profissionais de todos os níveis hierárquicos e setores de atuação, nas áreas financeira, social, de saúde, qualidade de vida e, principalmente em relação à carreira. Álvaro Moreira, diretor da ABRH-MG
Foi então que viu um anúncio na Faculdade de Arquitetura da UFMG de um Curso Livre de Filosofia. Achou interessante e começou a frequentar as aulas e a diversificar os títulos da sua biblioteca.
A partir daí, não resistiu. “Chegou um momento em que eu já estava fisgado pela Filosofia”, comenta. Foi então que Martinho Naveira decidiu fazer o vestibular para Filosofia também na UFMG. Dispensado do Enem, ele fez a segunda etapa, com provas abertas e foi aprovado.
Hoje, está no 8º período e pretende concluir o curso em breve. “Continuo trabalhando mas um novo desafio se impôs”, afirma o engenheiro para quem a capacidade de adaptação à aposentadoria depende da personalidade e das aspirações do indivíduo.
“O importante é não perder a curiosidade de saber como as coisas são e porque são como são. Não se pode perder o brilho no olhar”, filosofa.
Para o diretor da Associação Brasileira de Recursos Humanos de Minas Gerais (ABRH-MG), Álvaro Moreira, a preparação para a aposentadoria deve fazer parte do cotidiano dos profissionais. “O tema não está na formação escolar ou no dia a dia das pessoas e empresas, mas o futuro deve ser planejado pelos profissionais de todos os níveis hierárquicos e setores de atuação, nas áreas financeira, social, de saúde, qualidade de vida e, principalmente em relação à carreira”, aponta. 27
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APOSENTADORIA
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O retorno ao mercado, logo após a aposentadoria, foi uma espécie de “colchão amortecedor” para evitar possíveis traumas ou monotonia. José de Andrade Neiva
pois, atuou como consultor por dois anos até perceber que a vida era maior que o trabalho. “Parei e decidi curtir a vida com a minha mulher, Dilma. Durante a maior parte das nossas vidas, investimos nos filhos e passamos a investir no casal”, comenta.
Poucas são as empresas que desenvolvem projetos do gênero, para auxiliar os funcionários que estão próximos da aposentadoria a se organizarem melhor para uma nova fase da vida, segundo o dirigente. Ele defende, ainda, que esse tipo de iniciativa deve ser incluída em um programa social mais abrangente que aborde o desenvolvimento da carreira e também do indivíduo. Os profissionais que não dispõem desse tipo de ferramenta, devem se informar sobre a legislação que regula o sistema de aposentadorias no país. Quem pretende continuar em atividade, deve aproveitar a fase de transição para fazer novos cursos de capacitação que possam “abrir novas portas”. Mesmo com a intenção de voltar ao mercado, a vida do indivíduo muda completamente. “O impacto varia de pessoa para pessoa. No entanto, a chave para a preparação que foi feita para esse momento, considerando o conhecimento adquirido ao longo dos anos e o novo rumo que cada um dará a sua vida”, argumenta. 28
Mas o retorno ao trabalho é apenas uma das muitas opções disponíveis. Antes de tomar qualquer decisão ou aceitar convites, o profissional deve analisar se o seu nível de conhecimento vai aumentar e se haverá ganhos pessoais e, em algumas situações, financeiros. “O indivíduo deve ter em mente que ocupar o tempo com uma nova oportunidade de trabalho, apenas para se manter ativo, não é uma boa opção”, adverte. O engenheiro eletricista e mecânico José de Andrade Neiva percorreu todo esse trajeto. Aposentado desde 1993 pela Cemig, ele trabalhou mais seis ou sete anos em uma construtora da área de energia. De-
Quando não estão viajando, José e Dilma têm uma rotina de atividades que inclui pilates, hidroginástica, passeios ao Minas Tênis Clube, encontros com os filhos e netos e, também com os amigos. Eles também praticam dança de salão. “Foi uma atitude meditada e equilibrada. A preparação foi primordial no meu caso”, reconhece. O retorno ao mercado, logo após a aposentadoria, foi uma espécie de “colchão amortecedor” para evitar possíveis traumas ou monotonia. “Meu retorno foi prazeroso mas senti que havia chegado a hora de parar. Não tive sentimento de culpa. Hoje me sinto livre, leve e solto para fazer as coisas que dão vontade. Quando pensamos em viajar, simplesmente nos arrumamos e vamos”, conclui.
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ARTIGO | VIADUTO GUARARAPES
Viaduto Batalha dos Guararapes e os caminhos da perícia de engenharia Frederico Correia Lima, presidente do Ibape-MG Clémenceau Chiabi, vice-presidente do Ibape-MG
Logo após a notícia da lamentável tragédia que matou duas pessoas e feriu outras vinte e duas com o desabamento da alça sul do viaduto Batalha dos Guararapes no dia 03 de julho último, em Belo Horizonte, representantes do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape-MG) vem acompanhando os trabalhos periciais. Ainda sem resultado final dos trabalhos, mas em prol da difusão do conhecimento técnico e reforçando a importância do trabalho dos peritos, este artigo mostra os caminhos seguidos e os que ainda serão percorridos para a investigação técnica e conclusão do caso. Como resultado da queda, vários veículos foram esmagados, sendo um micro-ônibus, um de passeio e dois caminhões. O peso total estimado desta alça era da ordem de 7.500 toneladas.
Pilar P3 em corte
32
DADOS DO VIADUTO GUARARAPES Dimensão da alça sul (aprox.)
218,00 m
Largura média/alça
8,80 m
Estrutura
Viga caixão com protensão
Dimensão da alça norte (aprox.) Altura Pilar P3
193,00 m
7,87 m
A alça colapsada possuía 4 pilares (P1, P2, P3 e P4), sendo dois em comumcom a alça norte (P1 e P2).
(FONTE: PROJETOS DISPONÍVEIS NO SITE DA PBH)
Posicionamento do pilar P3 que afundou e do pilar P5 na alça norte
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Durante vistoria no mesmo dia do acidente, já podia ser constatado que o pilar P3 sofreu significativo afundamento, que visualmente seria em torno de 6 metros, (conforme se observa em fotografia tomada naquele momento, tendo como referência suas dimensões e o andaime ao lado). Ainda com dificuldade de definir a origem ou as origens do evento, havia uma preocupação naquele momento com os outros viadutos do mesmo complexo viário (especificamente da Av. Pedro I), mas principalmente com a alça norte que tem características bastante similares à alça sul. Entre as características similares estão o tamanho do vão, a carga, a disposição e as dimensões de estacas e blocos (fundação) e mesma região (solo com características possivelmente similares). Informações preliminares coletadas no dia seguinte ao acidente sugerem que o cimbramento já havia sido retirado dias antes, vez que a protensão teria sido realizada cerca de duas semanas anteriores à queda. Também a concretagem que estava sendo realizada na hora do acidente não deveria ser considerada como estrutural pois era relativa às barreiras new Jersey (similar ao um guarda-corpo), em volume irrisório de 3m3. Finalmente, a presença de vazios (grutas) sobre o pilar seria hipótese remota visto que a região não é característica das rochas calcárias ou carboníticas. Depois da remoção dos veículos das vítimas , foi tomada a decisão da demolição da alça acidentada, neste momento com o intuito de liberação da Av. Pedro I (via sobre a qual passava a alça). Também evidenciou-se a preocupação com os sistemas de energia elétrica, gás canalizado, abastecimento de água e coleta de esgoto. Havia a preocupação com relação ao impacto do viaduto sobre estes. No levantamento realizado posteriormente evidenciou-se uma deformação no envelopamento destinado a condutores elétricos de uma rede de energia dedicada, mas que não estava em funcionamento. Não foram constatados danos na rede de gás. No primeiro momento, foi levantada toda documentação da obra, incluindo projetos, memórias de cálculo, sondagens, testes laboratoriais e ensaios dos materiais e execução. Acompanhando este levantamento foi utilizado a
tecnologia denominada laser scanner3D que permite a criação de uma nuvem de pontos, que juntamente com fotos da área objeto da análise, permite a criação de imagens 3D com alta precisão. Considerando-se um possível risco de colapso da alça norte, fez-se necessário o cimbramento desta, após projeto específico para esse fim. Deu-se início, então, à demolição da alça sul, monitorada através de equipamentos topográficos com acompanhamento de deslocamentos (horizontais e verticais) de 4 pontos, sendo três na alça colapsada e um na alça norte. O procedimento contou com uma empresa especializada, que se utilizou de escavadeiras equipadas, martelos hidráulicos de 1500kg (rompedores), assim como corte do aço/protensão com maçarico. Houve, durante este processo, conforme esperado, algum movimento horizontal da alça norte, mas este foi relacionado com o impacto indireto das máquinas e não causou preocupação do ponto de vista de risco para o entorno imediato, vez que não fora constatada qualquer movimentação vertical. Após a demolição de parte da alça e limpeza da via, foi iniciada de forma mais detalhada a perícia da criminalística da Polícia Civil de Minas Gerais, isolando-se a área ao entorno do pilar P3. 33
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ARTIGO | VIADUTO GUARARAPES
Após a demolição e retirada dos escombros sobre o pilar que sofreu afundamento, pôde-se dar continuidade a perícia. Para tanto, foram realizadas sondagens em três pontos no entorno imediato do referido pilar. Esta sondagem à percussão tem como finalidade a confrontação com as executadas anteriormente e que embasaram o projeto, assim como a verificação de um comportamento diferenciado no solo que pudesse ter originado o colapso do viaduto. Depois deu-se início a escavação do bloco e estacas para verificação da situação e posicionamento em que se encontravam. O projeto previa a execução de um bloco com altura de 2,00 m, largura de 4,30 m e comprimento de 9,30 m. A base do pilar P3 que possuía formato de taça apresentava 2,00 x 2,00 m. Abaixo do bloco eram dez estacas escavadas (E25 a E34) de diâmetro de 800 mm cada, para 250 toneladas e espaçadas igualmente sendo 5 em cada lado do bloco. A profundidade estimada em projeto era de 18 m, mas deveria ser verificada in loco durante a execução.
que a parte do bloco imediatamente abaixo da base do pilar afundou juntamente com as duas estacas centrais.(Ver foto abaixo)
A perícia, no intuito de verificar a situação do concreto, da armadura e a disposição e dimensão desta em relação ao projeto, executou um corte no bloco para verificação desta coerência. Também torna-se importante para confrontação com o projetado o ensaio do concreto através de corpos de prova. Vê-se que seria possível a análise de outros pontos a serem investigados, tais como existência de sobrepeso e da falha do aparelho de apoio, mas descartadas num primeiro momento, vez que aparentemente estas não explicariam o afundamento vertical do pilar.
Base do pilar, bloco e estacas em planta Conforme informações obtidas verbalmente, as estacas passaram por um teste de integridade (PIT) e uma das dez estacas passou por prova de carga estática, verificando-se uma capacidade da carga maior do que a projetada, sugerindo naquele momento que as estacas não seriam causa do colapso. Após a escavação pôde-se constatar com clareza que a ruptura ocorreu no bloco. Houve cisalhamento do bloco de ambos os lados da base do pilar, ou seja, o bloco se mostra dividido em duas partes e com alguma movimentação, sendo 34
Em resumo, os trabalhos periciais desta natureza devem buscar após análise da disposição espacial, da possível dinâmica do movimento de queda e do rol das mais prováveis causas, estudos sobre possíveis falhas nas sondagens, cálculos e projetos, bem como na execução de todas as etapas das obras, como nas dimensões, posicionamento e materiais utilizados. Sendo assim, até o fechamento deste artigo, este foi o caminho percorrido no trabalho pericial.Todavia, ainda fica a discussão sobre a situação da alça norte do viaduto. Especula-se a respeito de sua demolição.Acreditamos que qualquer que seja a conclusão, ela deve refletir que é possível executar a recuperação da fundação, mas deve-se sopesar o risco aos trabalhadores, o risco à vizinhança e o impacto social e do trânsito advindo de um período longo de interdição da via.
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ARTIGO
Acidentes no trabalho, previsíveis e evitáveis
Sílvio Pirolli, Engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho
Sílvio Pirolli* Os acidentes no trabalho são ocorrências previsíveis, lamentáveis e inaceitáveis. Inúmeras ocorrências registradas, nos últimos anos, revelam esta realidade. Em agosto de 2011, em Salvador (BA), nove trabalhadores – carpinteiros, armadores, pedreiros e ajudantes – perderam a vida em um único acidente. O elevador de obras, instalado no lado externo da edificação de 33 andares, desprendeu-se da estrutura em queda livre de uma altura de 65 metros. Em Minas, os dados são significativos. Em 2009, 43 operários perderam a vida em acidentes em obras em Minas. Em 2010, oito operários morreram. Em 2011, foram registradas 12 vitimas fatais em obras na Região Metropolitana de Belo Horizonte e 32 no Estado, além dos mutilados, incapacitados permanentemente para o trabalho e dependentes da Previdência Social. Entre as causas mais comuns desses acidentes estão a improvisação, quedas de altura em condições sempre as mesmas, falta de treinamento, máquinas que operam sem manutenção e sem dispositivos de proteção, trabalhadores submetidos à pressão para produção acelerada, entre outras. Esses acidentes, além de previsíveis, são de fato evitáveis por meio de ações preventivas identificadas nas análises de riscos, com planejamento e gestão e no respeito às normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego. Em 2013, o jornal Estado de Minas publicou a notícia de que uma siderúrgica no estado foi condenada a indenizar um funcionário que teve quatro dedos amputados, após sofrer um acidente durante a produção de ferro gusa. O caso aconteceu quando o trabalhador realizava um procedimento, considerado inseguro, ensinado pela empresa. À época da decisão, a empresa ainda poderia entrar com recurso. Mais uma vez, este fato vem demonstrar que a segurança e 36
a saúde dos trabalhadores e a integridade das instalações industriais devem ser consideradas pelas empresas, não como custo, mas como investimento e parte do negócio. Entretanto, constata-se um descompasso muito grande entre a legislação e o dia a dia das operações industriais, principalmente entre pequenas e médias empresas, tanto do lado empresarial quanto pelo da força de trabalho, onde se considera a Segurança do Trabalho como uma interferência na cadeia produtiva, quando deveria ser considerada parte importante do trabalho. Isto revela a existência de um conflito entre a cultura antiga e a nova mentalidade que o desenvolvimento do País está a exigir. Em uma visão ampla, a Segurança do Trabalho excede suas atribuições, passando a ser, mais propriamente, identificada como Segurança e Higiene Industrial, ferramenta imprescindível nos empreendimentos e instalações industriais, de grande e pequeno porte. Vale ressaltar que “não importa quão alarmante as estatísticas enfatizam as ocorrências ou quão imperativa é mostrada a necessidade de educação no trabalho, nenhuma medida de segurança é completa ou satisfatória se não resultar na correção ou eliminação do reisco”. Este pensamento tão atual é de autoria de Heinrich, H.W., no Industrial Accident Prevention, publicado em 1959, em New York: McGraw-Hill Book Company.Finalmente, é oportuno lembrar a célebre frase de Saint-Exupéry, Antoine, no “O Pequeno Princípe” que “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Sílvio Pirolli é Engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho, Conselheiro da Câmara Especializada de Engenharia Civil (CEEC), órgão deliberativo do Crea-Minas, Coordenador do Grupo de Trabalho de Engenharia de Segurança, Incêndio e Desastres Naturais da SME.
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POLÍTICA URBANA
Nova proposta para Belo Horizonte
P
raticamente em silêncio, a 4ª Conferência Municipal de Políticas Urbanas concluiu os debates que resultaram em uma grande proposta de mudança que afetará a paisagem da capital mineira no último dia 2 de agosto. As 647 propostas apresentadas, 240 pela PBH e outras 407 pelos delegados, foram votadas e serão analisadas pela Câmara Municipal de Belo Horizonte até a votação final, em 2015. O fechamento das discussões aconteceu após uma disputa jurídica na qual a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte reverteu a liminar da 2ª Vara de Fazenda Pública Municipal que havia interrompido as atividades propostas, com base em denúncia do Ministério Público, que alegou diversas irregularidades na escolha dos representantes da sociedade civil. Das discussões sairam as diretrizes para o novo Plano Diretor e Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo e legislação urbanística correlata. Entre as mudanças propostas a redução do coeficiente construtivo dos lotes de 2,7 para 1 na região central é considerada a mais polêmica. No entanto, há como “burlar” essa redução mediante a Outorga Onerosa do Direito de Construir (ODC), que consiste na autorização de construções maiores que o limite da legislação pela PBH, mediante pagamento do valor correspondente.
38
Renato Michel diretor de Projetos do Sinduscon-MG
O diretor de Projetos do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Renato Michel não esconde a indignação com a forma como uma importante discussão foi conduzida. “Esta é a quarta edição de uma série de mudanças que começou em 1996. A edição atual pretende revolucionar toda a legislação e acreditamos que o tempo concedido foi muito curto para esgotar todos os temas. Da forma como foi organizada, parece que estávamos lá para cumprir um rito e chancelar um projeto já definido antes mesmo de ser discutido como todas as partes interessadas”, explica. Segundo o dirigente que também é membro do Conselho Municipal de Políticas Utrbanas (Compur), responsável pela
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“Esta é a quarta edição de uma série de mudanças que começou em 1996. A edição atual pretende revolucionar toda a legislação e acreditamos que o tempo concedido foi muito curto para esgotar todos os temas. Da forma como foi organizada, parece que estávamos lá para cumprir um rito e chancelar um projeto já definido antes mesmo de ser discutido como todas as partes interessadas” organização da Conferência, a análise dos delegados também foi comprometida pela falta de ordem e transparência por parte da Prefeitura, que divulgou o material para discussão de forma parcelada ou com tempo curto para análise, por parte dos conselheiros. Um dos resultados dessa conduta é que dos 249 representantes dos setores técnico, empresarial e sociedade civil eleitos, apenas 44 continuaram participando das plenárias finais. Michel afirma que a discussão tem que acontecer e o Sinduscon-MG tem disposição mas o ambiente deve ser melhor preparado para que todos possam estudar e se posicionar sobre as propostas de alteração na cidade do futuro. “Isso também não aconteceu”, afirma. Há que se considerar, também, que as propostas são muito radicais e ainda desconhecidas por parte dos moradores da cidade. Para Michel, a redução de 2,7 para 1 o coeficiente de construção na zona central, impactará os proprietários dos lotes. Para as empresas do setor, o foco dos próximos empreendimentos será a Região Metropolitana de Belo Horizonte
(RMBH), com ênfase para as regiões de divisa entre os municípios, como já aconteceu com o Vale do Sereno e Vila da Serra, em Nova Lima. As previsões não são positivas também para a administração municipal, que perderá receita com essas mudanças, via Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) e Imposto Sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI). Por outro lado, há propostas bizarras como a que prevê a redução do número de vagas como medida que obrigará as pessoas a usarem o transporte coletivo. “A indústria da construção civil é uma grande empregadora e essas vagas de trabalho serão deslocadas para outras cidades. Em suma, as mudanças vão alterar de forma decisiva toda uma organização já estabelecida”, argumenta o dirigente. Ainda há esperança de reverter essa situação nas audiências públicas que devem ser realizadas pela Câmara Municipal de Belo Horizonte, que votará o projeto.“Continuamos nos reunindo e vamos lutar para mostrar nosso ponto de vista e os temas que consideramos importantes para o setor e para a sociedade”, adianta. 39
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POLÍTICA URBANA
2° Master Plan Econômico da RMBH Os empresários do mercado imobiliário estimam que, se a proposta da prefeitura for aprovada, o preço dos imóveis na cidade pode subir 50%. Isso porque, atualmente, o valor de um terreno representa 25% do preço final de um empreendimento e, para manter o aproveitamento, as construtoras terão que pagar à prefeitura o equivalente a duas vezes esse valor.
Otimar Bicalho, presidente do CMI/Secovi-MG
Para o presidente da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Otimar Bicalho, o valor dos terrenos não deve cair e, caso as negociações entre os proprietários e as construtoras não sejam viáveis para ambas, não ocorrerão. “Corremos um sério risco de haver uma paralisação no mercado imobiliário de Belo Horizonte, além da redução dos postos de trabalho na construção civil, que tem movimentado a economia da cidade”, declara. 40
A CH2MHILL do Brasil Engenharia empresa de consultoria contratada pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de Minas Gerais (SEDE) para desenvolver o estudo de Master Plan Econômico nas áreas de influência da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). O objetivo principal do estudo é disponibilizar informações e diretrizes de alto valor agregado ao estado de Minas Gerais e aos municípios da RMBH, que possam contribuir para atrair indústrias inovadoras, centros de pesquisa, parques logísticos inteligentes, bem como contribuir com a concepção de novos arranjos de habitação, mobilidade e ampliação de oferta de emprego de maior valor salarial. O Master Plan Econômico define como áreas de influência o entorno do Aeroporto Internacional Tancredo Neves (AITN) e da Cidade Administrativa do Estado de Minas Gerais (CAMG); os Contornos Metropolitanos norte e oeste, antes conhecidos como Alça Norte do Rodoanel e o Contorno Metropolitano sul, antes conhecido como Alça Sul do Rodoanel. O referido estudo contou com a assistência técnica e suporte financeiro do Banco Mundial, em sintonia com os planos governamentais de médio e longo prazo e com o Projeto Estruturador “Inserção Competitiva das Empresas de Minas Gerais no Mercado In-
ternacional”, que centra o seu objetivo maior em tornar o território mineiro mais atraente aos investimentos relacionados a produtos e serviços de alto conteúdo tecnológico, como poder de geração massiva de empregos qualificados. O Master Plan ambiciona estruturar um planejamento integrado para uma parcela expressiva da RMBH e seu colar. Novos ativos públicos e privados poderão ser implementados, considerando como elemento essencial o uso sustentável do solo e sua implicação no adequado ordenamento econômico da região. A proposta inclui um novo olhar na organização econômica do território, considerada estratégica e, também, pretende subsidiar a construção de novos instrumentos de planejamento na gestão metropolitana. O primeiro estudo resultou em proposições bastante assertivas quanto ao ordenamento territorial metropolitano, baseado em uma lógica intrínseca de desenvolvimento econômico propositivo, em bases sustentáveis, destacando-se o alto nível de satisfação por parte de várias esferas da Administração Direta do Estado quanto ao trabalho elaborado. Inclusive, alguns municípios que não foram contemplados pelo presente estudo já solicitaram a expansão do escopo para englobar suas respectivas áreas.
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O Master Plan econômico se transformou em um instrumento útil no esforço do Governo em gerar maior aderência dos municípios compreendidos na mancha de sua área de influência no alinhamento com a visão de planejamento econômico e territorial do Estado de Minas Gerais. Alguns dos municípios contemplados no primeiro estudo já estão utilizando as recomendações do projeto e os dados geo-referenciados para adaptar seus planos diretores. O segundo estudo proporcionará uma maior integra-
ção dos setores industriais da nova economia na região dos 18 municípios da RMBH. A Consultoria executora do Master Plan obteve autorização do Banco Mundial para utilizar recursos restantes da conta de Assistência Técnica com o Estado de Minas Gerais para estender o projeto para outros municípios. Dentre as principais justificativas para a expansão do contrato, destacam-se:
BASES PARA EXPANSÃO
A área de estudo expandida integrará outros municípios considerados importantes dentro da lógica econômica do estudo que se beneficiariam com uma análise feita através de um estudo no porte de um Master Plan Econômico. Alguns destes municípios pertencem ao colar metropolitano, o que ampliaria sobremaneira o esforço de se ampliar a governança do Estado, via Agência Metropolitana de Desenvolvimento Urbano junto a essas novas municipalidades, visando levar adiante os mesmos princípios de ordenamento do território, fato sabidamente muito complexo no cenário brasileiro, em se tratando de regiões metropolitanas e seu colar. A lógica utilizada para a expansão da área se baseia nos Eixos Vertebradores de transporte rodoviário já existentes ou planejados, cujas áreas disponíveis em seu entorno são mais favoráveis para a ocupação racional de novos empreendimentos, em um espaço territorial hierarquizado, com governança ambiental e maiores áreas não-conurbadas; A expansão da área fará com que a totalidade das áreas lindeiras do novo Contorno Metropolitano sejam estudadas dentro de uma mesma metodologia; Será também estudado o Corredor Multimodal de Alta Tecnologia entre o CETEC/SENAI, passando pela UFMG/BHTec e avançando pelo norte, até chegar ao AITN e ao CTCA, em Lagoa Santa; Serão identificadas quatro novas áreas-alvo, a serem desenvolvidas dentro dos conceitos “trabalhomoradia-lazer”, sustentabilidade e com governança ambiental; Será produzida uma cartilha específica a ser disponibilizada para os municípios visando uma melhor compreensão dos conceitos e da hierarquização do uso do solo ainda não ocupado, de forma que as recomendações possam ser melhor aproveitadas na revisão de seus plano diretores; Será disponibilizado, através de melhor instrumentação, o manejo dos ‘findings’ da área do atual estudo e de sua expansão, cujas intervenções físicas que vierem a ser implementadas possam ser acompanhadas em tempo real tanto pelo EMG como pelos municípios.
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HISTÓRIA SME | JOSÉ DA COSTA CARVALHO NETO
JOSÉ DA COSTA CARVALHO NETO
O
engenheiro e José da Costa Carvalho Neto presidiu a Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) entre os anos de 1996 e 1999 mas a sua história com a entidade começou antes mesmo da formatura em Engenharia Elétrica.
“Conheci a SME quando ainda f u n cionava no edifício Automóvel Clube,bem no centro de Belo Horizonte. Ocorre que eu morava no mesmo prédio e todo domingo, a Sociedade promovia a sua tradicional Hora Dançante, onde iam as meninas mais bonitas da cidade, para conhecer os futuros engenheiros”, riu com o bom humor e a capacidade de contar histórias que lhe é peculiar.
Foi assim que ele traçou a estratégia de associar-se logo após a formatura. E assim fez. “O então presidente da SME, Aloísio Vasconcelos, que também veio a ser presidente da Eletrobras, me convidou para participar de uma das comissões técnicas”, lembra.
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O engenheiro e atual presidente da honding Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, que também está na lista dos ex-gestores da SME, convidou José da Costa para participar do conselho da Administração da entidade, entre 1990 e 1991. Essa equipe era formada por nomes como Aureliano Chaves, Eliseu Resende, João Camilo Pena, Eduardo Azeredo, entre outros. Seis anos depois, ele foi lançado como candidato.
“Naquela época, a SME tinha comissões técnicas setorizadas de energia, telecomunicações, saneamento, transporte, pesquisa e desenvolvimento, habitação, meio ambiente, entre outras e nós intensificamos muito essas comissões. Apesar de setorizadas elas analisavam todos os problemas estruturais e conjunturais que ocorriam naquele determinado tema e procurávamos ser um fórum de debates. Por exemplo, quando você tinha o Plano Nacional de Energia em desenvolvimento, que na época era coordenado pela Eletrobras, a discussão era toda feita na Sociedade Mineira de Engenheiros, que era um campo neutro, onde se pode-
ria colher subsídios e debater os aspectos técnicos e as prioridades”, comenta.
A gestão de José da Costa deu continuidade ao programa SME 12h30, um almoço mensal com um grande palestrante que abordava temas de destaque para a área. Entre eles, engenheiros, políticos das esferas federal, estadual e municipal. “Nós criamos o programa Ponto e Contraponto, que partia de uma questão polêmica onde trazíamos duas visões divergentes do assunto com debatedores importantes”, resgata. Temas como a privatização da Vale do Rio Doce, atual Vale, contou com a participação de Aureliano Chaves, por exemplo. Outros temas de grande importância naquele momento foram o sistema viário de Belo Horizonte, usinas nucleares. Outro projeto da sua gestão foi o Brasil no Século XXI, que levantava uma série de questionamentos sobre o posicionamento do país. “Estávamos no século XX e a ideia era estabelecemos o que tinha que ser feito
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Jorge Coelho/Eletrobras
Presidente da Eletrobras, Engenheiro eletricista e mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Minas Gerais, José da Costa Carvalho Neto foi secretário adjunto de Minas e Energia de Minas Gerais, em 1987, e presidiu a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) entre julho de 1998 e janeiro de 1999. Também na Cemig, onde entrou como estagiário em 1966, foi diretor de Distribuição, de 1991 a 1997, e exerceu os cargos de superintendente, gerente de departamento e de divisão. Foi professor na cadeira de Centrais Elétricas na Pontifícia Universidade Católica-MG, de 1970 a 1977. Na iniciativa privada, ocupou os cargos de diretor-presidente da Arcadis Logos Energia, de membro do Conselho de Administração da Logos Engenharia e Enerconsult e diretor da Orteng Equipamentos e Sistemas.
para que o Brasil passasse a ser considerado um país desenvolvido no século XXI”, relata.
Para dar respostas, a SME criou um grupo de trabalho que realizou seminários com o ex-ministro Ciro Gomes, o senador Eduardo Suplicy, Eliseu Resende, Camilo Pena, Caio Castro, Fernando Pimentel, além de economistas, entre outros.
“Foi um debate muito importante que ressaltou muito as bases das ações necessárias: estabilidade institucional e política, justiça forte, saúde, educação, segurança e a infraestrutura, onde a Engenharia é importantíssima. Não há desenvolvimento sem Engenharia, mas a Engenharia fica muito prejudicada quando não há desenvolvimento”, aponta. A passagem de José da Costa pela presidência da SME foi essencial para que ele ampliasse os contatos com profissionais de destaque no cenário
nacional, em diferentes áreas. “Muitos daqueles debates foram importantes para minha vida profissional desde cedo”, revela.
Na época em que presidiu a SME, ele também era diretor da Cemig. E a experiência que adquiriu no convívio com os pares e a atualização constante culminou com a sua indicação à presidência da Cemig. Além da carreira, a vida pessoal também ganhou muitos amigos, com os quais se encontra para conversas e casos os mais variados.
Para finalizar a história de amor, nada como uma declaração, depois de tantos e marcantes anos de convivência. “A Sociedade Mineira de Engenheiros é muito importante e sua posição é muito respeitada, pois é uma posição em defesa da valorização da Engenharia. A SME não tem cor política, ela defende a Engenharia a serviço do país. Sempre foi seu lema, não só
quando presidi a Sociedade. É um destacado centro de debates, que é muito importante para a formação e desenvolvimento do engenheiro. Ele deve participar da Sociedade, dos cursos que ela oferece, das comissões técnicas e dos debates”, enfatiza.
Embora José da Costa nunca tenha perdido o seu espaço já que concilia a agenda concorrida de principal executivo da Eletrobras com os eventos promovidos pela entidade, já está formando sucessores. Quando o filho graduou-se em Engenharia Elétrica, foi recomendado a ingressar na SME. Atualmente, ele é membro de uma das comissões técnicas. “Tenho um neto que está cursando Engenharia, com especialização em energia, e eu fiz a mesma recomendação, para que ele entre como sócio tão logo seja possível”, conclui. Em 2012, ele foi agraciado com a Medalha Lucas Lopes.
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NOVOS ENGENHEIROS | MARCELO DAVIDSON TRISTÃO BORGES
Grandes projetos garantem aprendizado constante
B
acharel em Engenharia de Agrimensura, Marcelo Davidson Tristão Borges, 38 anos, tem especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Faculdade de Engenharia de Minas Gerais e está fazendo o mestrado em Direção Estratégica, Gestão de Riscos Laborais pela Universidade Ibero-Americana de Santa Catarina (Funiber-SC). Tirando o gosto inquestionável pelo estudo e a vontade de investir continuamente na carreira, ele tem um currículo extenso, com experiência naquele tipo de obra de grande porte que qualquer profissional da nova geração anseia colecionar. Uma delas é a construção da maior barragem de rejeitos da América Latina, um projeto da Vale. Como gerente Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Saúde (QSMS), ele é o responsável pela elaboração de procedimentos e também pelo 44
atendimento aos requisitos contratuais e legais como o licenciamento ambiental. É o engenheiro, também, que responde pelas atividades e programas de prevenção do empreendimento.
No consórcio Jetan e Jaraguá Equipamentos, entre 2013 e março de 2014, ele exerceu o mesmo cargo, no projeto de construção do Parque de Tranques do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e também na obra de interligação dos tanques, com aproximadamente 1,7 mil trabalhadores. “Aprendi muito com a área de Montagem Industrial pelo porte do empreendimento e pela troca de informações com outras empresas que faziam interface com nossos contratos. É muito gratificante ser parte decisiva na direção desse tipo de projeto,” avalia. Mas há mais projetos grandes do mesmo segmento, pela Egesa.
A escolha da Engenharia como carreira aconteceu ainda na infância. “Sempre quis saber como construir as coisas. Ficava admirado em ver equipamentos de terraplenagem e guindastes em operação”, lembra. No ensino médio, a vocação se confirmou com a afinidade do estudante com as matérias da área de Exatas. Na sua família não havia nenhum parente com ensino universitário. Ele começou com curso de Engenharia Agrimensura, que ele considera uma área formidável, pois é a base de todo grande projeto e depois se formou em Engenharia Civil.
“A Aerofotogrametria e a Topografia são o início de tudo porém ainda é um área pouco valorizada. Sobram vagas e faltam profissionais, ainda mais com a remuneração abaixo da expectativa”, destaca.
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Um dos projetos de futuro de Tristão é lecionar, seja para transmitir conhecimento ou para incentivar os estudantes a continuar o processo contínuo de valorização da Engenharia como a mais importante profissão que existe. Mas o conhecimento que ele adquiriu em Civil possibilitou ingressar no mercado com melhor salário e com valorização profissional. Paralelamente, Marcelo Tristão continuou investindo na própria carreira. Atualmente, o mestrado é uma preparação para uma experiência no exterior, para “trabalhar um pouco mais o inglês”. Dessa forma, estará mais qualificado para dar novos passos na vida profissional. “Sempre acreditei que a formação do profissional deve ser contínua. A parte técnica e a prática do dia a dia é que fazem um profissional”, revela. Outro ponto que o engenheiro observa sempre é o risco da acomodação em um determi-
nado cargo ou empresa, o que pode afastar a pessoa das mudanças do mercado.
Um dos projetos de futuro de Tristão é lecionar, seja para transmitir conhecimento ou para incentivar os estudantes a continuar o processo contínuo de valorização da Engenharia como a mais importante profissão que existe.
Para ele, o conselho básico para os futuros profissionais da área é que conhecimento é poder. Portanto, estudar é imprescindível.“Em um processo seletivo, entrevista ou mesmo teste de proficiência, com certeza, aqueles que realmente estudaram e se esforçaram para aprender serão diferenciados”, ressalta.
Os resultados são alcançados. Para Tristão, que se tornou o gerente de QSMS mais jovem do Brasil atuante no sistema Petrobras, o processo de aprovação do currículo para um cargo de confiança exigiu extensa experiência no tipo de empreendimento, tempo de formação e, ainda, 90 dias de trabalho prático. Essa história já completou cinco anos com grande expectativa em relação ao futuro.
Competidor de Tiro Prático, com participação em torneios nacionais e internacionais, como o Flórida Open, em 2013, ele aproveita os momentos de lazer ao lado das filhas Isabela e Emanuela, de seis e três anos. 45
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ARTIGO
Educação e Produtividade Ronaldo Gusmão
Para que possamos levar metade da população ainda vulnerável para um padrão aceitável de qualidade de vida, o Brasil precisará de um crescimento médio anual de 4,2% do PIB até 2030, segundo especialistas. Uma meta factível se triplicarmos o crescimento da produtividade de forma sistêmica e generalizada. Mas para aumentarmos a produtividade, precisamos produzir novos conhecimentos, desenvolver e empregar muita tecnologia. E para isso é necessário ter educação e pesquisa de qualidade. Os países que se desenvolveram mais rapidamente nas últimas décadas foram os que mais qualificaram sua força de trabalho. O Brasil é perfeitamente capaz deste feito. Desenvolvemos dois setores bem distintos: o agrícola e o aeroespa46
cial, que hoje são altamente competitivos, principalmente devido à ênfase dada em pesquisa e desenvolvimento no passado e que continua com muito investimento ainda hoje.
Neste mundo globalizado e altamente conectado, precisamos atrair mais os talentos estrangeiros. Pasmem! O Brasil tinha no início de 1900, 5% da força de trabalho de estrangeiros. Hoje, um século depois, temos somente 0,5% da força de trabalho de estrangeiros. Devemos não só atrair os estrangeiros, mas principalmente oferecer condições para os brasileiros que estão no exterior tenham um vínculo maior com as instituições brasileiras, elevando assim o nível de qualificação de nossos profissionais e, consequentemente, de nossa produtividade.
Para o país tornar-se competitivo é necessário que suas empresas e organizações sejam competitivas, e para isso é necessário que seus colaboradores sejam profissionais competitivos, que por sua vez só o serão se forem qualificados e produtivos. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) mostrou que a produtividade do trabalhador na indústria brasileira caiu de 30% para 20% se comparado ao trabalhador da indústria norte-americana nos anos de 1973 a 2004. Hoje, um trabalhador norte-americano produz o equivalente à produção de cinco brasileiros, por um mesmo período. E somente com educação poderemos reverter esses números. Educação e pesquisa de qualidade geram novos conhecimentos, que por sua vez
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Ronaldo Gusmão,
presidente do Ietec
Para que possamos levar metade da população ainda vulnerável para um padrão aceitável de qualidade de vida, o Brasil precisará de um crescimento médio anual de 4,2% do PIB até 2030. geram novas tecnologias, processos, negócios e produtos.
O Plano Nacional de Educação, aprovado recentemente no congresso nacional, deu ênfase ao aumento progressivo no investimento do setor público. O objetivo é chegar a 10% do PIB, em 2024. Outra meta importante e ambiciosa é a de formar 60 mil mestres e 25 mil doutores por ano.
A pesquisa de inovação tecnológica (Pintec), realizada pelo IBGE e divulgada no final de 2012, mostrou que entre as 128,68 mil empresas pesquisadas, somente 35,6% haviam sido inovadoras. Essas empresas empregavam nas atividades internas de pesquisa e desenvolvimento somente 11 mil profissionais pós-graduados. Mostrou também que a falta de pessoal qualificado era um gargalo para o avanço da inovação em 72,5% das empresas. O Ietec, referência em educação no setor de engenharia há 27 anos, irá contribuir com essa meta na formação dos mestres. O mestrado em Engenharia e Gestão de Sistemas e Processos, desenvolvido pelo Instituto, é o que tem de melhor nas duas áreas. A união da engenharia com a
gestão vem colaborar significativamente para o desenvolvimento do país, vejamos: O Brasil tem cerca de 668 mil engenheiros registrados nos conselhos de engenharia e agronomia, e segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), destes, somente 28% exerciam efetivamente a função típica de engenheiro. Onde estão os outros? Grande parte está exercendo cargos de gestão, e outros em pesquisa e desenvolvimento.
Vamos participar ainda mais na qualificação desses profissionais. Nosso objetivo é contribuir significativamente para aproximar o conhecimento acadêmico às necessidades das empresas. Precisamos proporcionar a união da teoria acadêmica avançada dos pesquisadores com a prática profissional dos engenheiros, administradores e outros profissionais de ciências sociais e da terra, formando assim profissionais com base conceitual sólida associada à necessidade empresarial. A formação ideal do profissional é a combinação de uma base ampla de conhecimento matemático teórico com know-how prático.
Educação e produtividade, com mais mestres, para um Brasil mais próspero e justo.
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GESTÃO & PRODUTIVIDADE
AUMENTO DE PRODUTIVIDADE:
um debate necessário para repensar o crescimento do País
O
aumento dos níveis de produção e do bem-estar da população brasileira tem relação direta com o crescimento da produtividade tanto dos trabalhadores quanto das empresas. Este é o pensamento consensual entre pesquisadores, analistas e algumas categorias profissionais. Contudo, para que no futuro próximo esse cenário ideal prevaleça em relação ao atual de baixa produtividade, alguns desafios estão colocados para o Brasil. Entre eles, a implantação de uma gestão eficiente,
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estímulo à pesquisa e inovação tecnológica e, principalmente, elevar a formação e qualificação do trabalhador. É a partir desta constatação que a SME abre internamente o debate sobre o tema, com possibilidades de ampliá-lo junto a outras entidades, quanto à urgência de se aumentar a produtividade, considerado o maior desafio, no longo prazo, para o País crescer. Na última década, embora o Brasil tenha atingido a taxa histórica mais baixa de desemprego, uma média de desocupação de 5,4%, segundo dados
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A SME abre internamente o debate sobre a produtividade
do trabalho no Brasil, considerado o maior desafio, no longo
prazo, para o País voltar a crescer. Na última década, embora o País tenha atingido a taxa histórica mais baixa de desem-
prego, a produtividade do trabalhador ficou estagnada o que afeta negativamente, não apenas a área da engenharia, mas todo o setor produtivo.
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produtividade do trabalhador ficou estagnada, impossibilitando avanços na economia e maior competitividade dos produtos nacionais no mercado internacional. Dois outros levantamentos revelaram a mesma situação de estagnação. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) identifica em estudo
que a produtividade da indústria nacional aumentou 1,1% de 2001 a 2012, enquanto os salários tiveram um crescimento de 169%. Em comparação com outros países de condições semelhantes, o estudo da CNI mostra que os trabalhadores brasileiros são mais produtivos apenas que os da Índia. Entre as razões que mais influenciam o mau desempenho estão, o peso dos impostos, a infraestrutura e logística e a educação. Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas mostrou que, em 2012, um norte-americano era 82% mais produtivo que um brasileiro. Se o problema da baixa produtividade e suas possíveis causas são
identificáveis, os caminhos a serem percorridos para mudar este quadro estão na pauta de discussão. Essas e outras indagações foram lançadas em reunião de diretoria da SME, no dia 14 de julho/14. Os engenheiros Alexandre Bueno e Wagner de Brito Barbosa, gerente geral da ArcelorMittal Brasil fizeram explanações. A contribuição da entidade, de acordo com o presidente da SME, Augusto Drummond, será buscar as condições, aproveitando a experiência do quadro de associados, para oferecer treinamento profissional para engenheiros e tecnólogos. Na expectativa de que essa iniciativa possa refletir no aumento de produtividade. 49
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GESTÃO & PRODUTIVIDADE
Produtividade da indústria nacional aumentou 1,1% de 2001 a 2012, enquanto os salários tiveram um crescimento de 169%
EDUCAÇÃO Há o entendimento entre os diretores da SME de que trabalhadores mais qualificados têm condições de produzir mais e melhor. E que investir em qualificação assegura a presença de bons profissionais no mercado e uma produção de maior valor agregado. Mas, com a observação de que essa formação completa e de qualidade será possível somente se o governo investir na educação de base, nas escolas de primeiro e segundo graus da rede pública de ensino. Todas essas etapas teriam um efeito positivo na formação do engenheiro, na empregabilidade e, destacadamente, na produtividade do trabalho. Embora, o Brasil tenha avançado na oferta e acesso da população à educação superior, pesquisas apontam que isso não refletiu nas taxas de produtividade. Essa dicotomia é explicada por especialistas e pesquisadores com base em duas hipóteses: a primeira relacionada à baixa qualidade da educação no Brasil, onde cerca de 40% dos universitários brasileiros são conside50
rados analfabetos funcionais, segundo dados recentes publicados pelo Instituto Paulo Montenegro que é uma organização vinculada ao IBOPE, com o objetivo desenvolver e executar projetos na área de educação. A segunda hipótese se refere ao descompasso entre o conhecimento que as universidades oferecem e as exigências do mercado. EXPLANAÇÃO Em sua apresentação, o engenheiro Alexandre Francisco Maia Bueno analisa as transformações que ocorreram nas empresas brasileiras, nos últimos 30 anos, e que pouco influenciaram na produtividade do trabalho. A primeira percepção dele é que o País, tomando como marco temporal a década de 1980, sobretudo no ambiente empresarial, evoluiu por ‘ondas’. Nesse movimento, vários modelos de gestão, a maioria copiados de outros países, foram adaptados à realidade brasileira. Em 1985, a palavra de ordem era a Qualidade Total e o marketing strategy. Na década seguinte, o conceito de reen-
Descompasso entre o conhecimento que as universidades oferecem e as exigências do mercado.
genharia e técnicas de administração, a exemplo do downsizing que propunha um projeto de racionalização planejado, cuja meta era construir uma organização mais eficiente e enxuta. Nos anos 2000, as empresas começaram a se preocupar com o planejamento estratégico, utilizando, ao longo dessa década, de ferramentas como Balanced Scorecard (BSC) que mede o desempenho das organizações a partir de uma visão estratégica da empresa e não, apenas, sobre dados contábeis e financeiros. Surge nessa época, a ideia de sustentabilidade empresarial e de inovação que prevalece no ambiente empresarial, alimentada, na última década, pela preocupação com a eficiência operacional. Agora, a produtividade que promete ser a mola propulsora nas gestões de negócios, na elaboração e aplicação de políticas públicas, com visão de futuro. Esses métodos, conceitos e prática tiveram seu impacto positivo ou não, em determinados períodos, mas não foram suficientes para alimentar a produção e elevar a produtividade.
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Setores como a construção civil e a indústria de transformação tiveram produtividade negativa
Nas últimas décadas, Alexandre Bueno observa que os únicos setores que cresceram em produtividade do trabalho no Brasil foram: agropecuário, com um aumento perto de 4,5%, - o que não é uma surpresa, por se tratar de um setor intensivo de tecnologia, onde houve investimentos maciços em qualificação de pesquisadores, em pesquisas e modernização de laboratórios -, seguido da indústria financeira, das áreas de seguros e previdência complementar. Os demais setores continuam patinando ou paralisados. “Há setores, como a construção civil e a indústria de transformação, que tiveram produtividade negativa. Isso é um cenário um pouco triste”, lamenta. Bueno aponta alguns fatores que impactam fortemente a produtividade do trabalho, que passa a ser um grave problema tanto para as empresas privadas quanto para o governo. São procedimentos e métodos de gestão ultrapassados ou inadequados à realidade brasileira, tecnologia defasada, logística comprometida, excesso de burocracia, falta de treinamento e de capacitação. “Até o tempo que o trabalhador gasta no descolamento de sua casa ao local de trabalho é impactante. São procedimentos roubadores de tempo”, comenta. Ele diz que é necessário repensar alguns indicadores econômicos, a exemplo do salário mínimo dentro da equação: aumento salarial com o respectivo ganho de produtividade, resultando no crescimento econômico. “Não se pode falar em elevação salarial voltada para o consumo dos mesmos bens e serviços, sem o crescimento
Alexandre Francisco Maia Bueno, vice-presidente da SME da produtividade do trabalho”. Isso alimentaria o retorno de uma espiral inflacionária vivida pelo brasileiro, em outras épocas, e que se manifesta na atualidade. Ele explica que “a produtividade tem que ser medida com base no conceito de unidade de PIB – Produto Interno Bruto produzido por unidade de trabalho realizado. A produtividade tem que ser medido dessa maneira. Não se trata de dizer que o brasileiro trabalha muito ou pouco, mas da efetividade do trabalho”, completa. Para Wagner de Brito, o pífio aumento de produtividade no Brasil, em torno de 1%, 1,5% é devido, em parte, ao fator demográfico. E explica: “existe um população pobre com anseio de consumo. Na medida em que o governo cria esse acesso possibilita alavancar o PIB em cima do consumo. Mas, esse evento demográfico está acabando e não adiantará facilitar o crédito. “O Brasil vai envelhecer, as classes média e média baixa vão se estabilizar e o consumo vai diminuir. Então, teremos de descobrir o que trará o crescimento”. 51
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GESTÃO & PRODUTIVIDADE
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Aportar essas novas tecnologias é fundamental, também, na formação do engenheiro, que tem sido o grande organizador de metas na indústria, mas que vem perdendo espaço e a capacidade de interferir nas organizações, através da organização de processos e métodos. para os profissionais. Ele cita a prática de algumas empresas, por exemplo, no setor da construção civil que empregam, ainda, a força humana e menos a força mecânica, apesar do risco maior de desgaste físico, perdas de materiais e de tempo.
Wagner de Brito Barbosa, gerente geral da ArcelorMittal Brasil
Brito diz que fazer esse raciocínio com os governos, em todas as esferas, e com a classe sindical, é difícil porque as agendas são diferentes. Ele diz que o uso excessivo de legislações proibitivas ou as práticas protecionistas trazem muitas dificuldades para os diversos setores. “É obvio que precisamos de leis. Mas, estamos fazendo o ‘para casa de leis’, ao invés de aguardar o momento de usá-las. O foco deveria ser o crescimento da economia. O País precisa entender que não pode dar aumento real sem o ganho, porque tudo isso leva a um ciclo vicioso”. TECNOLOGIA E INOVAÇÃO A aquisição e produção de tecnologia é outro elemento de estímulo à produtividade. Mas, no Brasil existem dificuldades nas duas frentes. O número de registro de batentes é baixo, em relação a outros países, e os níveis de investimento na área são pequenos. Soma-se a esses fatores, segundo Alexandre Bueno, a resistência ou o mal uso das tecnológicas, o que é ruim para a economia e 52
Lembra-se da derrota da ideia do bilhete eletrônico como única moeda no transporte público de Belo Horizonte, barrada pela Câmara Municipal. Isso apesar de 93% das passagens de ônibus serem pagas com cartão eletrônico. Ele chama atenção para a necessidade de as empresas acompanharem a evolução tecnológica, apontando as inúmeras ferramentas na internet de uso geral e gratuito que podem beneficiá-las. “Quando a maquina elétrica surgiu, no inicio do século passado, os empregadores trocaram a máquina a vapor, que exigia maior número de pessoas para operá-las, pela elétrica, mas, não houve ganho de produtividade. Foi preciso uma geração de gerentes para entender que a máquina elétrica poderia ser modular, ter qualquer tamanho e ser colocada junto a qualquer processo. Ai, houve enorme ganho de produtividade”. Com o computador está acontecendo o mesmo. Embora tenha se tornado de uso geral no início da década de 1980, somente há cincos anos está sendo usado como uma alavanca de produtividade. Aportar essas novas tecnologias é fundamental, também, na formação do engenheiro, “que tem sido o grande organizador de metas na indústria, mas que vem perdendo espaço e a capacidade de interferir nas organizações, através da organização de processos e métodos”, conclui.
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Krisdany Cavalcante “O Brasil não tem um projeto viável para alterar a situação atual de fraquíssimo crescimento. Falta discussão, falta um projeto de rumo. Não um projeto de governabilidade, com prazo de cinco anos, mas que tenha a educação como base. Isso é uma visão de país de longo prazo. A formação do engenheiro faz parte dessa discussão com o estímulo do aluno, desde o colegial”. José Andrade Neiva "Entendo que só teremos capacidade de melhorar o nosso ensino se formos proativos na base educacional, a começar pelos professores que deverão ser bem remunerados, permanentemente qualificados e valorizados, priorizando sempre a educação em todos os níveis". Antônia Sônia Cardoso Diniz “A formação tecnológica no Brasil está muito aquém da oferecida em outros países. Existem facilitadores para entrada e saída de estudantes das universidades que comprometem a formação. Há exigências de profissionais competentes, mas, também, aplicados e rápidos. Para alcançar uma boa formação não é possível colocar essas três coisas juntas. As empresas ainda são lentas para absorver tecnologias de ruptura porque isso mexe no processo”. José Ciro Mota “A Copa do Mundo foi um bom exemplo de produtividade. A seleção da Alemanha mostrou planejamento, disciplina e trabalho. A seleção brasileira, a total improvisação. A copa deixou esse legado de repensar a perda da produtividade que está em todas as áreas, na indústria, na medicina, na engenharia, no futebol”. Virgínia Campos Há alguns anos, quando se falava em produto japonês, chinês ou coreano, muitos torciam o nariz. Esses países entraram no mercado, fizeram a inclusão e, hoje, têm qualidade. Há pouco tempo, a China estava junto com o Brasil no grupo dos países emergentes. Os chineses tomaram decisões e nos deixaram para traz. Enquanto isso, continuamos estagnados”. Alexandre Resende "Na temática da produtividade sob o enfoque da engenharia identifica-se um grande problema que é o desgaste de nossa infraestrutura, que é um fator de estrangulamento do crescimento do País. As rodovias e ferrovias estão relegadas a um plano inferior; não há uma política portuária e aeroviária e a cabotagem, que poderia ser explorada pela imensidão de nossa costa, é desprezada. O setor de energia sofre e há o risco de grave racionamento. Na verdade, faltam planejamento e políticas claras, o que reflete nos indicadores de produtividade, comprometendo as metas do País." 53
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ARTIGO
O desenvolvimento econômico nacional passa pela Construção Civil *Teodomiro Diniz Camargos Inúmeros indicadores demonstram que o cenário econômico nacional está muito longe de ser exuberante. Os juros altos, a inflação no teto da meta, os índices de confiança de empresários e consumidores em patamares baixos, a desaceleração da geração de emprego formal, o modesto incremento do Produto Interno Bruto, a menor expansão do crédito, a perda de força do consumo, as consecutivas quedas da produção industrial, a redução dos investimentos e a deterioração das perspectivas de crescimento são alguns deles. Com uma coleção de números pouco alentadores percebe-se facilmente que a temperatura da economia está muito fria e, após duas décadas do Plano Real, apesar de todos os avanços alcançados, o Brasil ainda não conseguiu solidificar o seu crescimento. 54
Mais do que problemas conjunturais, o cenário macroeconômico atual encontra velhos conhecidos: as deficiências de infraestrutura, a carga tributária elevada (e o complexo sistema tributário nacional) e o excesso de burocracia fazem parte desta lista e demonstram claramente as fragilidades existentes. Evidenciam, ainda, a necessidade de se alterar a orientação da política macroeconômica do Brasil, que nos últimos anos privilegiou o consumo sem fortalecer o investimento. Além disso, pouco avançou em relação às reformas necessárias, gerando incertezas sobre o futuro. A agenda para o desenvolvimento é conhecida, mas foi pouco utilizada. Com isso, o País se afastou do caminho de um crescimento consistente. É preciso corrigir a rota e mudar a direção. O percurso a ser
seguido passa, naturalmente, pela ampliação dos investimentos. Essa é a condição básica para o Brasil fortalecer o seu desenvolvimento, o que proporcionaria o retorno do ânimo e da confiança de empresários e de consumidores, retomando a credibilidade interna. Contribuiria, ainda, para dissolver o impasse do crescimento baixo e da inflação alta.
Momentos de fragilidade econômica e de perspectivas pouco alentadoras como o atual demandam iniciativas que apresentem soluções, e certamente o pessimismo não é uma delas. A reflexão e o debate sim.
É de conhecimento geral que a Construção Civil é um dos setores que conseguem impulsionar a mola da economia, pois é um dos braços do investimento. Fábricas, escolas,
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Teodomiro Diniz Camargos é Vice-Presidente da FIEMG e Presidente da CIC/FIEMG.
rodovias, portos, aeroportos, ferrovias, hospitais, habitações entre tantos outros fazem parte de suas atividades e das necessidades mais básicas do País. Ela responde por mais de 40% do total de investimentos. Com 13,4 milhões de pessoas ocupadas em toda a sua cadeia produtiva, o setor é capaz, além de fortalecer a economia, de proporcionar desenvolvimento social. Dinamizar as suas atividades é naturalmente alavancar o crescimento socioeconômico e ampliar os investimentos necessários. É solidificar as bases físicas imprescindíveis para um desenvolvimento duradouro. Nos últimos 10 anos a Construção Civil vivenciou um importante ciclo de desenvolvimento, contribuindo efetivamente para uma maior expansão da economia nacional. De 2004 a 2013 a taxa média anual do
incremento de suas atividades foi de 4,28%. Particularmente em Minas Gerais o resultado foi ainda mais satisfatório, com uma média anual de crescimento de 5,03%.
Mas desde 2012 o setor vem apresentando desaceleração do ritmo de suas atividades, em um cenário caracterizado pelo baixo crescimento econômico e pela deterioração do ambiente de negócios. Com isso, as taxas de crescimento têm ficado inferiores as necessárias para o fortalecimento da economia. É preciso alterar esse quadro. O setor, como sempre esteve, está apto para, mais uma vez, dar a sua contribuição. Está muito preparado e tem ampliado os seus esforços em várias áreas: na capacitação da sua mão de obra, na utilização de novos processos construtivos, na utilização de inovações tecnológicas, na maior preocupação com o
meio ambiente e com a sustentabilidade e na solidificação do desempenho de suas edificações. Está apto a ajudar a transformar a realidade nacional.
O País precisa muito mais do que uma ilusão trazida pela realização de uma Copa do Mundo. Precisa jogar luz no horizonte, restabelecendo a confiança perdida, o que certamente refletiria positivamente nos investimentos. Uma das formas para isso é resolver suas fragilidades básicas e a expansão da Construção Civil pode contribuir muito. Somente assim será possível mudar o cenário futuro. *Teodomiro Diniz Camargos é Vice-
Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) e Presidente da Câmara da Indústria da Construção (CIC/FIEMG).
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MESTRES DA ENGENHARIA | ALESSANDRO MOREIRA
Professor Alessandro Moreira é o novo diretor da Escola de Engenharia da UFMG A facilidade em Matemática e Física, no ensino médio, já eram um sinal de que a vocação do professor e atual diretor da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para o quadriênio 20142018, Alessandro Fernandes Moreira, 46 anos, era mesmo ser engenheiro eletricista. Mas em 1991, quando concluiu o curso na mesma instituição, o mercado de trabalho estava em baixa, com poucas vagas abertas para novos profissionais. A chance de voltar aos estudos para o mestrado em Engenharia Elétrica era a opção mais viável no momento. E foi durante esse curso que ele começou a direcionar a sua carreira para a docência. “Acredito que existe algo interior que define essa aptidão, tendo em vista que minha mãe, apesar de não ter a formação superior, foi responsável pela alfabetização de várias crianças no interior de Minas Gerais”, relata. O caminho de ensinar também foi a escolha do irmão, professor e doutor em Educação. 56
Em 1993, ele ingressou como professor com dedicação exclusiva na UFMG. Na graduação ele assumiu as disciplinas de Conversão da Energia e Máquinas Elétricas (Teoria e Prática), Acionamentos Elétricos (Teoria e Prática), Sistemas Elétricos Industriais e Introdução à Engenharia Elétrica. Na pós-graduação, ficou com as aulas de Controle de Acionamentos Elétricos e Interferência Eletromagnética Conduzida. Quatro anos mais tarde, Moreira iniciou os estudos na University of Wisconsin-Madison na área de Eletrônica de Potência e obteve o título de PhD em Engenharia Elétrica em 2002. No retorno, percebeu que a contribuição que poderia dar aos seus futuros pares seria em educação.
No mesmo ano, o professor assumiu a coordenação do curso, onde permaneceu até 2010, quando concorreu como vice-diretor na chapa de Benjamim Rodrigues de Menezes. “Acredito que fizemos uma boa gestão com vários avanços para a Escola de Engenharia”, avalia.
Neste ano, ele candidatou-se como diretor, juntamente com o professor Cícero Murta Diniz Starling (vice), para dar continuidade ao trabalho iniciado há quatro anos para construir um modelo de gestão para a Escola da Engenharia do Século XXI. “Se tivesse que destacar um momento especial, devo dizer que fui muito feliz como coordenador da graduação em Engenharia Elétrica. Acredito que fiz um bom trabalho, que é a base de sustentação da minha atuação à frente da instituição”, enfatiza.
O engenheiro sabe que a responsabilidade que assumiu é muito grande, principalmente para um ex-aluno que sonha consolidar a posição de liderança da Escola de Engenharia da UFMG no cenário nacional e, ainda, fazer da instituição um local de empoderamento para os estudantes. Em outra frente, ele pretende colocar a academia a serviço da sociedade. Para tanto, vai trabalhar para que o aprendizado da Engenharia trilhe novos caminhos. “Por um lado, a sociedade necessita de profissionais
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Acredito que tenho facilidade em transmitir conhecimento. Consigo sempre me adaptar ao perfil dos alunos. A cada semestre são pessoas diferentes que me dão respostas distintas. Penso que o ideal seria adaptar a forma de ensino a cada semestre. mais sensíveis ao cotidiano, com as questões sociais e ambientais e com o crescimento econômico”, adianta. De outro, a universidade deve estar preparada para potencializar as aptidões dos estudantes, para que atuem para tornar o país cada vez mais próspero.
Para alcançar esses resultados, Moreira intenciona tornar a formação em Engenharia inovadora, empreendedora, humanista e tecnicamente forte, tanto nos cursos de graduação, quanto de pós-graduação. “Temos planos para incentivar cada vez mais
os projetos de ensino, pesquisa e extensão, para que a Escola de Engenharia da UFMG esteja efetivamente disponível para a sociedade, dialogando com os órgão e instituições públicos e privados e apta para resolver suas demandas”, destaca. No primeiro momento da gestão, o professor vai se afastar da sala de aula para se dedicar ao planejamento dos projetos para os próximos quatro anos. Entretanto, dentro de um ano, ele retornará à docência para manter a sintonia que sempre teve com os alunos. Assim como os estu-
dantes, também os mestres se renovam a cada semestre. Como? Ele responde. “Acredito que tenho facilidade em transmitir conhecimento. Consigo sempre me adaptar ao perfil dos alunos. A cada semestre são pessoas diferentes que me dão respostas distintas. Penso que o ideal seria adaptar a forma de ensino a cada semestre”, afirma.
E é assim que Moreira tem construído a sua carreira como professor. Para ele, outro fator preponderante é saber ouvir. Afinal, o diálogo sempre abre portas. 57
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ARTIGO
Normas técnicas e o engenheiro
Lincoln Dias Oliveira é engenheiro civil e Presidente da Comissão de Construção Civil e Urbanismo da SME
* Lincoln Dias Oliveira As diversas áreas da engenharia são guiadas por normas sem as quais o exercício da profissão seria muito difícil. A Associação Brasileira de Normas técnicas – ABNT - é o foro nacional de normalização brasileiro onde são discutidas e aprovadas por profissionais das diversas áreas as normas que geram regras e diretrizes para o exercício da engenharia. A observância das normas não é obrigatória, embora aconselhável, mas em diversas ocasiões o engenheiro se vê em situações não previstas em norma ou que seu conhecimento profissional o leva a tomar decisões em favor da segurança ou até mesmo da qualidade de serviços. O engenheiro deve ser capaz de resolver problemas através de seu conhecimento técnico, não deve se deixar paralisar em virtude de problemas que surgem e que não estão normalizados. Mesmo as situações que já estão normalizados sofrem revisões em virtude da necessidade, do surgimento de novas tecnologias ou da ampliação das discussões pelas câmaras da ABNT. O engenheiro não pode fugir a responsabilidade apesar da norma. A norma é o norte e não o fim em si, ela dá direção, mostra que caminho seguir e muitas vezes revela até mesmo a necessidade de investimentos em pesquisas em determinadas áreas. O engenheiro deve ser um profundo conhecedor das normas técnicas, pois é ela que resume o conhecimento de 58
profissionais mais experientes e que auxiliam nos projetos, execução, fiscalização, parâmetros e testes de qualidade. O engenheiro deve antes de tudo ter o desejo de aprimorar conhecimentos, buscar soluções, não devendo se prender as normas embora as respeitando, buscando sempre superar seu maior nível de qualidade e não apenas se esconder através de procedimentos para justificar sua falta de empenho. O profissional de engenharia deve ser competente para fazer sua leitura da norma e não aplicá-la de maneira igual em situações diferentes, trazendo prejuízo à qualidade ou gerando em risco à segurança. A padronização de processos é necessária e sem ela os projetos ficariam parados e não haveria parâmetros mínimos de fiscalização interna ou externa, mas paralisar projetos e obras por falta de normalização ou equipamentos seria negar a profissão de engenheiro. A equipe de engenharia é aquela que se debruça sobre os livros, sobre os projetos, sobre o computador, que desmonta um equipamento e verifica que pode ser adaptado e que pode daí surgir uma nova metodologia, um novo caminho, uma nova norma, uma nova solução, um novo tipo de máquina, um novo método construtivo, uma nova maneira de executar, de testar, de afinal de contas “engenhar”. * Lincoln Dias Oliveira é engenheiro civil e Presidente da Comissão de Construção Civil e Urbanismo da SME
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