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Universo, Física Quântica e Espiritualidade
Carlos Rodrigues
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Introdução Sabemos que a maioria da comunidade científica rejeita a espiritualidade. Sabemos contudo que também há cientistas de mérito reconhecido internacionalmente que acham que a espiritualidade é um dos constituintes do universo, por exemplo Amit Goswami (1936 – ainda vivo em 2017). Não a espiritualidade transmitida pelas religiões convencionais que está eivada de invenções dos homens com objetivos obscuros de poder e de domínio das massas, tendo dado origem a dogmas, ritos, folclore religioso e outras irracionalidades que são incompatíveis com uma mente inteligente e científica. Assim, o objetivo deste livro é, recorrendo aos recentes conhecimentos e teorias científicas da física clássica e da física quântica sobre o universo, provar a existência da Espiritualidade e da vida para além da morte corporal. Não é um livro para académicos – seria nesse caso um livro muito difícil de entender. Procurou-se que fosse um livro acessível, para pessoas comuns e como tal não entraremos em detalhes técnicos muito sofisticados que tornariam o livro impróprio para quem quer aprender distraindo-se. O novo conceito de Deus que daqui surge passa a ser a Lei do Universo e deixa de ser o Deus antropomórfico (isto é, semelhante ao homem) inventado pelos homens nas diferentes religiões e feito à imagem do homem com todos os defeitos que este tem; para tal, são eliminados todos os dogmas (também eles totalmente inventados pelos homens) conforme já está muito bem documentado nos livros de história, os quais, a maioria das pessoas (mesmo aquelas com formação superior) não lê, nem quer saber. Na sequência deste estudo, Deus passa a ser o que é, o tudo. E nada tem a ver com conceitos religiosos. Mas sim, com conceitos científicos e filosóficos decorrentes das leis do universo que ajudam a pesquisar o conceito do Deus real (ou o que queiram chamar a algo supremo que permeia o Universo), que não é, nem pode ser antropomórfico.
Tregosa, abril de 2017 Carlos Rodrigues
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Índice O átomo----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 6 Tabela Periódica ou de Mendeleiev ----------------------------------------------------------------------- 7 Planeta Terra ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 9 Decaimento alfa ------------------------------------------------------------------------------------------------ 9 Física Quântica ----------------------------------------------------------------------------------------------- 11 Experiência da Dupla fenda ------------------------------------------------------------------------------- 12 Atraso de escolha -------------------------------------------------------------------------------------------- 14 Consequências esperadas--------------------------------------------------------------------------------- 15 Espiritualidade e Física Quântica ------------------------------------------------------------------------ 16 O que significa quântica? ---------------------------------------------------------------------------------- 19 Explicando o modelo do átomo --------------------------------------------------------------------------- 21 Mundo probabilístico ---------------------------------------------------------------------------------------- 26 Salto quântico ------------------------------------------------------------------------------------------------- 28 Interação local e interação não local -------------------------------------------------------------------- 28 Teoria da unidade do universo --------------------------------------------------------------------------- 29 O universo é um campo ------------------------------------------------------------------------------------ 30 O campo pode dar origem a outros mundos diferentes -------------------------------------------- 32 Teoria da consciência --------------------------------------------------------------------------------------- 33 Detalhes sobre Física Quântica -------------------------------------------------------------------------- 34 Princípio da Incerteza --------------------------------------------------------------------------------------- 36 Cálculo de probabilidades---------------------------------------------------------------------------------- 36 Paradoxo de Schrodinger ---------------------------------------------------------------------------------- 37 A matemática tende a estar certa contra a intuição ------------------------------------------------- 38 Experiência de Aspect -------------------------------------------------------------------------------------- 38 Possível explicação do comportamento quântico. --------------------------------------------------- 40 Princípio de Exclusão de Pauli---------------------------------------------------------------------------- 41 A energia nuclear--------------------------------------------------------------------------------------------- 42 Por que razão o Sol brilha e irradia calor? ------------------------------------------------------------- 42 Teoria do Tudo de Einstein -------------------------------------------------------------------------------- 43 Teoria das Cordas ------------------------------------------------------------------------------------------- 44 Teoria da Relatividade de Einstein ---------------------------------------------------------------------- 45 Teoria da Relatividade Restrita (TRR) ------------------------------------------------------------------ 47 Relatividade da Simultaneidade -------------------------------------------------------------------------- 47 Relatividade da distância ----------------------------------------------------------------------------------- 49 Relatividade do tempo -------------------------------------------------------------------------------------- 50 Alteração da massa com a velocidade ----------------------------------------------------------------- 51 Relação entre a Massa e a Energia --------------------------------------------------------------------- 53 Paradoxo dos Gémeos ------------------------------------------------------------------------------------- 53 A vida é apenas um computador? ---------------------------------------------------------------------- 54 Visão materialista (não espiritualista) ------------------------------------------------------------------- 55 A alma lembra-se desta existência?--------------------------------------------------------------------- 56 Qual é o programa do computador da vida? ---------------------------------------------------------- 58 Paradoxos Autorreferenciais ------------------------------------------------------------------------------ 60 Teoremas da Incompletude-------------------------------------------------------------------------------- 60 Opiniões contrárias à visão materialista ---------------------------------------------------------------- 61 O sobrenatural ------------------------------------------------------------------------------------------------ 62 De onde vêm as leis do universo------------------------------------------------------------------------- 62 O livre arbítrio ------------------------------------------------------------------------------------------------- 63
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O determinismo ----------------------------------------------------------------------------------------------- 63 Indeterminabilidade quântica ------------------------------------------------------------------------------ 65 A teoria do caos ---------------------------------------------------------------------------------------------- 65 Efeito Borboleta ----------------------------------------------------------------------------------------------- 65 Demónio de Laplace----------------------------------------------------------------------------------------- 67 Paradoxo de Zenão ------------------------------------------------------------------------------------------ 67 Problema do Infinito ----------------------------------------------------------------------------------------- 68 Houve ou não houve Criação? --------------------------------------------------------------------------- 69 Termodinâmica e universo --------------------------------------------------------------------------------- 69 Paradoxo de Olbers ----------------------------------------------------------------------------------------- 71 O universo está em expansão ---------------------------------------------------------------------------- 71 Big Bang -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 71 Radiação Cósmica de Fundo ----------------------------------------------------------------------------- 72 Acontecimentos logo a seguir ao Big Bang ----------------------------------------------------------- 73 Ressurreição é impossível --------------------------------------------------------------------------------- 73 Fim do Sol determina o fim da Terra e a impossibilidade da ressurreição -------------------- 74 Fim do universo ----------------------------------------------------------------------------------------------- 77 Matéria e energia escuras --------------------------------------------------------------------------------- 78 A terceira hipótese que é uma variação do Big Crunch -------------------------------------------- 79 Os limites da ciência----------------------------------------------------------------------------------------- 80 Prova da existência de Deus ------------------------------------------------------------------------------ 81 Quem criou a Criação --------------------------------------------------------------------------------------- 82 Indícios da existência de Deus --------------------------------------------------------------------------- 82 Intenção da criação do universo ------------------------------------------------------------------------- 83 Software (programa) do universo ------------------------------------------------------------------------ 84 Ritmo do Cosmos -------------------------------------------------------------------------------------------- 85 Movimento Sincronizado dos Pêndulos ---------------------------------------------------------------- 85 A Bíblia esconde verdades científicas ------------------------------------------------------------------ 86 O tempo é relativo-------------------------------------------------------------------------------------------- 87 A extinção do Permiano ------------------------------------------------------------------------------------ 90 A Bíblia também descreve um conjunto de irracionalidades -------------------------------------- 90 Provar a existência de Deus------------------------------------------------------------------------------- 92 Constantes do universo – um universo ajustado ----------------------------------------------------- 93 Princípio Antrópico ------------------------------------------------------------------------------------------- 97 Prova final está no problema do determinismo ------------------------------------------------------- 98 Determinismo e Fatalismo. -------------------------------------------------------------------------------- 99 Novamente o Demónio de Laplace ---------------------------------------------------------------------100 Tudo foi determinado no início ---------------------------------------------------------------------------100 Nada é eterno ------------------------------------------------------------------------------------------------101 Princípio Antrópico Final-----------------------------------------------------------------------------------102 Inteligência artificial -----------------------------------------------------------------------------------------102 Colonizadores Universais ---------------------------------------------------------------------------------103 Extinção da vida ---------------------------------------------------------------------------------------------104 Que átomos suportam a vida? 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E a luz fez-se ----------------------------------------------------------------107 Objetivo da criação da humanidade --------------------------------------------------------------------107 Programar o recomeço (o novo ciclo) ------------------------------------------------------------------107 Será Deus um computador?------------------------------------------------------------------------------108
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Deus na Bíblia------------------------------------------------------------------------------------------------108 Paradoxo da omnipotência -------------------------------------------------------------------------------109 A errónea perceção do que é Deus --------------------------------------------------------------------110 Paranormalidade --------------------------------------------------------------------------------------------114 Evidências científicas --------------------------------------------------------------------------------------116 O lado dos céticos ------------------------------------------------------------------------------------------118 Tecnologia paranormal ------------------------------------------------------------------------------------119 Experiência de Quase Morte (EQM) -------------------------------------------------------------------119 EQM de Pam Reynolds ------------------------------------------------------------------------------------122 Cientistas sugerem a reencarnação humana --------------------------------------------------------126 Investigação sobre reencarnação -----------------------------------------------------------------------129 Vários mundos -----------------------------------------------------------------------------------------------135 Limites da influência do ambiente na perda do efeito quântico ---------------------------------137 Bibliografia ----------------------------------------------------------------------------------------------------141
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O átomo
Átomo de Lítio Tem no núcleo 3 protões e 4 neutrões
Átomo de Crómio 24 protões e 28 neutrões
Tem 1 protão no núcleo
Tem no núcleo 8 protões e 8 neutrões
Átomo é a mais pequena quantidade de matéria de um elemento. Na terra existem em estado natural 92 elementos (chamados de elementos simples), ou seja 92 tipos diferentes de átomos. Elementos muito conhecidos são por exemplo, ferro, prata, ouro, oxigénio, hidrogénio, urânio, etc. Cada átomo consiste num núcleo à volta do qual orbita uma nuvem de eletrões. Descobriu-se que o núcleo tem carga elétrica positiva e os eletrões têm carga elétrica negativa. O núcleo de cada átomo é composto por protões (que têm carga elétrica positiva) e neutrões (que eletricamente são neutros – daí o seu nome). Sabemos que cargas elétricas positivas atraem cargas elétricas negativas e vice-versa. Devido a isso os eletrões são atraídos pelos protões, mas não se juntam aos protões porque orbitam o núcleo a alta velocidade e devido a isso, surge uma força chamada de centrífuga (na realidade dever-se-ia chamar de pseudoforça), a qual, por si só, faria o eletrão sair da órbita. Tal não acontece porque a força centrífuga é igualada, e assim anulada, pela força de atração elétrica e assim, são mantidas as distâncias dos eletrões ao núcleo. Um grupo de átomos, quando estão ligados entre si, forma uma molécula. Diferentes grupos de moléculas formam vários materiais, por exemplo todos os materiais inorgânicos que temos à nossa volta, ou matéria orgânica com vida como acontece em todos os seres vivos, incluindo nós humanos. Quando o átomo tem o mesmo número de protões e eletrões é eletricamente neutro; se tem mais eletrões que protões é eletricamente negativo. Se tem mais protões que eletrões é eletricamente positivo. Estes tipos de átomos positivos ou negativos são chamados de iões (plural), ião no singular quando falamos de um único átomo. Os átomos são classificados de acordo com o número de protões do seu núcleo: o número de protões chama-se número atómico e determina qual é o elemento simples. Por exemplo o átomo do ferro têm 26 protões (ou seja, o número atómico do ferro é 26), o do ouro têm 79 protões, o de oxigénio têm 8 protões, o de urânio tem 92 protões. O átomo mais simples só tem um protão – é o hidrogénio. A maioria dos átomos tem também neutrões. Dois átomos com o mesmo número de protões são do mesmo elemento. Se um deles tem um número de neutrões diferente chama-se um isótopo desse mesmo elemento; como exemplo temos o abundante C - carbono 12, que tem 6 protões, 6 neutrões (6+6=12) e 6
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eletrões; este número 12 chama-se peso atómico do carbono, isto é, o número de protões mais o número de neutrões dá aproximadamente o peso atómico do elemento, porque o peso atómico dos eletrões é tão pequeno que altera muito pouco o peso atómico; existe, menos abundante, o C - carbono 14, com 6 protões, 8 neutrões (6+8=14) e 6 eletrões; logo o carbono 14 é um isótopo do carbono 12, isto é, há o carbono de peso atómico 12 e o de peso atómico 14, mas são o mesmo elemento e têm as mesmas propriedades químicas. Chama-se de decaimento radioativo quando um átomo se divide ou transforma em outros átomos. O carbono 14 converte-se em Azoto (também chamado Nitrogénio). Sabemos quanto tempo leva esta conversão e então temos aqui um dos meios de determinar a idade dos objetos arqueológicos que são encontrados. Átomos com mais de 92 protões são criados pelos cientistas artificialmente mas são geralmente muito instáveis e a maioria desses elementos artificiais desintegram-se logo após serem criados. Na química, para poupar trabalho e simplificar a escrita, cada elemento é representado de uma forma abreviada chamada de “símbolo químico do elemento”, por exemplo: oxigénio – O; hidrogénio – H; ferro – Fe. Todos os elementos podem ser consultados numa tabela, chamada de “Tabela Periódica” que foi primeiramente organizada pelo cientista russo Mendeleiev em 1869. Por isso se chama à tabela periódica de “Tabela de Mendeleiev”.
Tabela Periódica ou de Mendeleiev
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A maioria das substâncias que conhecemos não são elementos simples mas sim moléculas compostas com átomos de diferentes elementos simples (chamados de compostos). O exemplo mais conhecido em que cada molécula é composta com dois átomos de hidrogénio (H) e um de oxigénio (O), é a água. Assim a sua representação é H2O que é chamada de fórmula química da água (por convenção o 2 é colocado à frente do átomo de hidrogénio que neste caso são 2).
A água é um composto de um átomo de Oxigénio com dois átomos de hidrogénio. Os átomos para serem estáveis têm que ter 8 eletrões na última camada. Alguns elementos têm alguma estabilidade se tiverem dois eletrões na última camada. O Hélio tem só dois eletrões e é estável. Reparem na figura: o Oxigénio tem 6 eletrões na última camada e o Hidrogénio tem um eletrão. Ao combinarem-se, o Oxigénio partilha dos eletrões dos dois átomos de hidrogénio e fica com oito eletrões na última camada, e cada átomo de Hidrogénio fica com dois eletrões o que dá estabilidade a este composto – a água.
Não confundir composto com mistura. Numa mistura, os elementos iniciais continuam separados na mistura; por ex.: grãos de milho misturados com feijões; depois de bem misturados continuamos a ter na mistura os grãos de milho e os feijões com as suas propriedades iniciais intactas. O mesmo não acontece num composto como o exemplo da água citado no parágrafo anterior. Nesse composto o oxigénio e o hidrogénio deixam de ter as propriedades iniciais que tinham quando estavam separados (são gases), para formar uma substância nova, a água, que tem características bem diferentes das características dos seus constituintes. Massa é a medida física que permite exprimir a quantidade de matéria contida num corpo. No Sistema Internacional, a sua unidade é o quilograma (Kg). Não confundir com o peso que no nosso planeta é vulgar medir-se em Kgf (quilograma-força). Assim, um pacote de arroz com a massa de 1 Kg pesa no nosso planeta 1 Kgf; na Lua só pesa cerca de 167 gramas, mas na Lua continua a ter, na mesma, a massa (quantidade de matéria) de 1 Kg. Os átomos são objetos minúsculos cujo diâmetro é de apenas algumas décimas de nanómetros (1 nanómetro é igual a 10−9 metro, isto é 0,000 000 001 m) e com pouca massa em relação ao seu volume. O átomo é essencialmente vazio. Se aumentássemos o núcleo até ao tamanho de uma bola de futebol, os eletrões seriam do tamanho de bolas de berlinde (cerca de 1cm de diâmetro) e estariam a orbitar o núcleo a 30Km de distância do núcleo. Nestes 60Km de distância não há nada, apenas vazio. Daí que partículas muito
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pequenas e a radiação eletromagnética, como a luz ou as ondas de rádio, atravessem facilmente os átomos. A observação de átomos só é possível com o microscópio mais potente que há. Cerca de 99,94% da massa atómica está concentrada no núcleo, tendo os protões e neutrões aproximadamente a mesma massa. Os eletrões têm muito pouca massa, são muito pequenos e não estão todos à mesma distância do núcleo. Estão em diferentes camadas, correspondendo cada camada a nível energético diferente. Quando um eletrão salta de uma camada para outra, absorve ou emite partículas sem massa chamadas fotões que correspondem à diferença de energia entre essas camadas. Os eletrões definem as propriedades químicas de um elemento e influenciam as propriedades magnéticas de um átomo. A física quântica, também chamada mecânica quântica, é a teoria que descreve corretamente a estrutura e as propriedades dos átomos.
Planeta Terra A maior parte dos átomos que constituem a Terra e os seres vivos que a habitam já estavam presentes, na sua forma atual, na nebulosa que formou o sistema solar a partir de uma nuvem de moléculas de diferentes elementos simples e compostos, há cerca de 5 mil milhões de anos. O restante é o resultado de decaimento radioativo, sendo a proporção entre ambos usada na determinação da idade da Terra e dos achados arqueológicos. A maior parte do hélio (símbolo químico – He) da crosta da Terra é resultado da emissão alfa (O He tem dois protões no núcleo). A emissão alfa , desintegração alfa ou decaimento alfa é uma forma de decaimento radioativo que ocorre quando um núcleo atómico instável emite uma partícula alfa transformando-se em outro núcleo atómico com número atómico duas unidades menor e número de massa 4 unidades menor. Por exemplo: o isótopo de urânio 238, que é o mais vulgar na Terra, tem no núcleo 92 protões e 146 neutrões (92+146=238); este isótopo decai para os elementos tório (90 protões e 144 neutrões (90+144=234)) e hélio (2 protões e 2 neutrões (2+2=4)). (a partícula alfa é este núcleo de um átomo de hélio) Curiosidade: Existe o isótopo de urânio 235, que tem 92 protões e 143 neutrões (92+143=235), que existe na Terra apenas na percentagem de 0.72% relativamente ao 238, e que é o usado na reação nuclear da bomba atómica e das centrais nucleares geradoras de energia elétrica. Por isso é que são necessárias as centrifugadoras para separar o Urânio 235 do Urânio 238. Ao ser centrifugado, o urânio 238 (que é mais pesado) fica no exterior e o 235 (que é mais leve) fica no centro do depósito cilíndrico da centrifugadora)
A Terra contém aproximadamente 1,33 x 1050 átomos (arredondando 1,33 para 1 este número tem 50 zeros – é enormíssimo). Existem na atmosfera da Terra pequenas quantidade de átomos independentes que formam os gases nobres, como o árgon e o néon. Os restantes 99% de átomos da atmosfera encontram-se ligados na forma de moléculas, entre as quais dióxido de carbono, oxigénio e nitrogénio (também chamado de azoto). Na superfície terrestre, os átomos combinam-se entre si para formar vários compostos, entre os quais a água, o sal, óxidos, moléculas orgânicas que formam os seres vivos, etc.
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O diâmetro da Terra é de 12 742 Km. O perímetro é de cerca de 40 000 Km. Um ponto no equador move-se, graças ao movimento de rotação (cada rotação leva 24h – um dia) a uma velocidade de 1649 km/h. A Terra gira (orbita) em torno do Sol, no que se chama o movimento de translação e fá-lo com uma velocidade média, de 107 515 km/h. Cada volta ao Sol leva aproximadamente 365 dias, ou seja um ano. Por segundo, a rotação tem uma velocidade de 500m/s e a translação 30 km/s. Em relação ao centro da Via Láctea (a nossa galáxia), o Sol e a Terra movem-se (junto com todo o sistema solar) à velocidade de 250 Km/s. Em Km/h dá 800 000 Km/h.
O diâmetro da Via Láctea é de 100 000 anos-luz. E vemos a posição do nosso Sol (Sun). A escala representada à esquerda significa 10 000 anos-luz (ly).
A galáxia inteira gira ao redor do centro do nosso grupo local de galáxias à velocidade de 300 Km/s. Em Km/h dá 1 080 000 Km/h (1 milhão de quilómetros por hora). O universo existe há 14,5 mil milhões de anos. Logo a luz percorreu esse tempo em todas as direções. Assim o tamanho do universo é de 29 mil milhões de anos-luz. Uma Unidade Astronómica (UA) é a distância da Terra ao Sol que é de 150 milhões de quilómetros. Um Parsec é a distância a que se vê uma UA formando um ângulo de 1 segundo. São 3,26 anos-luz.
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O sistema solar existe há 4,5 mil milhões de anos. Os dinossauros existiram desde 200 até 65 milhões de anos atrás. O primeiro hominídeo (o nosso antepassado) existiu há cerca de 4,5 milhões de anos. O homem moderno terá atingido o seu estado atual há 200 000 anos.
Física Quântica A física quântica (alguns chamam mecânica quântica) é a teoria da física que se usa no estudo de matéria cuja dimensão é próxima do tamanho de um átomo (chamado de microcosmos), tais como moléculas, átomos, eletrões, protões e de outras partículas subatômicas. Em alguns casos também pode descrever sistemas de grandes dimensões (chamados de macroscópicos) como os supercondutores. A física quântica fornece descrições precisas para muitos fenómenos previamente inexplicados pela física clássica nomeadamente as órbitas estáveis dos eletrões. Um eletrão a orbitar o núcleo de um átomo numa dada órbita (também chamada de camada), a energia do eletrão tem de ter um valor predefinido e a camada, porque tem que ter um valor de energia predefinido, é chamada pela física quântica de órbita estacionária. Se o eletrão saltar para outra camada, a energia do eletrão varia instantaneamente para outro valor sem passar de forma contínua por valores intermédios. Isto é, ele tem um valor de energia numa camada e surge noutra camada (outra órbita estacionária) com outro valor de energia bem diferente. Quantum é o nome que se dá a essa quantidade de energia que um eletrão absorve ou emite ao saltar de uma órbita predefinida para outra imediatamente a seguir. É explicado como uma absorção ou emissão de um pacote de energia com valor predefinido. Isto é, a quantidade de energia só pode ter determinados valores, não podendo ter todos – é como variar de degrau em degrau de uma escada. O plural de quantum é quanta. Destas palavras surge a palavra quântica. Se o eletrão passa de uma órbita para a órbita imediatamente a seguir com raio maior, ele só o faz quando absorver um quantum de energia. Se o eletrão regressar desta órbita para a inicial, de raio imediatamente inferior, ele emite um quantum de energia. Os físicos deram o nome de quantização e essas mudanças de energia em patamar, em escada. Este fenômeno da quantização é completamente inexplicado pelo que prevê a teoria clássica. Os princípios da física quântica foram estabelecidos durante a primeira metade do século 20 pelos cientistas Niels Bohr (1885 – 1962), Albert Einstein (1879 – 1955), Heisenberg (1901 – 1976), Planck (1858 – 1947), Louis de Broglie (1892 – 1987), Schrodinger (1887 – 1961), Max Born (1882 – 1970), Neumann (1903 – 1957), Paul Dirac (1902 – 1984), Pauli (1900 – 1958), Feynman (1918 – 1988), entre outros, sendo que esses princípios ainda hoje, no século 21, não são bem compreendidos.
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Experiência da Dupla Fenda A experiência da dupla fenda ou experiência de Thomas Young (1773 fundamental para a determinação da natureza quântica da física atómica.
- 1829) é
Nota: Ver este pequeno filme no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=GXAYW4a3OZY
Comecemos a experiência com água. Quando atiramos um objeto para a água formam-se ondas conforme ilustrado na parte esquerda da fotografia seguinte. Montemos agora duas anteparas no caminho das ondas; na figura central, a antepara de baixo contém uma fenda vertical; verifiquemos que as ondas que atravessam a fenda, formam novas ondas de raio menor que as originais e que vão de encontro à antepara mais distante (a superior na figura do meio) onde a mancha branca vertical na antepara, representa onde as ondas a tocam com maior intensidade (parte central da fotografia). Porém, ao substituirmos a antepara de uma só fenda por outra com duas fendas, vão-se formar dois grupos de ondas que vão interferir umas com as outras formando um padrão chamado “padrão de interferência” representado na antepara do fundo com várias manchas brancas verticais e paralelas entre si (conforme ilustrado na figura da direita) e que são devidas ao facto de que a interferência vai formar zonas onde as ondas provenientes das duas fendas se somam (ondas mais altas) e zonas onde se anulam. As riscas brancas verticais representam os locais onde as ondas mais altas embatem.
Ondas que se formam na água
Ondas formadas com uma só fenda Ondas formadas com duas fendas
Vamos agora repetir a experiência com um projetor de bolas de berlindes, ou outras pequenas partículas como grãos de areia, etc. (figura esquerda seguinte). Se colocarmos a antepara com uma única fenda, no alvo formar-se-á uma risca vertical devido ao choque das bolas que passaram pela fenda única (figura central). Se agora trocarmos a antepara com uma fenda por outra com duas fendas, ao projetar as bolas de berlindes estas irão formar no alvo duas riscas devido aos choques das bolas que atravessaram as duas fendas (figura da direita). Estas duas riscas representam o padrão formado por tudo o que é matéria. Agora, conforme a figura ilustra, vamos substituir o projetor de bolas de berlindes por um projetor de eletrões. Os eletrões são apenas pequeníssimas partículas de matéria e portanto é de esperar um comportamento de padrão de matéria. Coloquemos uma antepara com duas fendas e uma antepara que será o alvo onde os eletrões vão bater. Os
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eletrões provenientes do projetor de eletrões são atirados para passarem através dessas duas fendas.
Projetor de berlindes
Fenda única
Padrão de matéria na dupla fenda
Quando uma sucessão de eletrões individuais atinge a parede detrás, para nossa surpresa, surge um padrão de onda, como se os eletrões estivessem a passar por ambas as fendas e interferindo uns com os outros, como uma onda faria.
Padrão de interferência causado por eletrões observado quando passam por duas fendas (várias riscas verticais em vez de apenas duas riscas verticais). Os eletrões (partículas aparentemente só de matéria) comportam-se como ondas.
Mas cada eletrão, individualmente, não pode passar pelas duas fendas simultaneamente. Para verificar (observarmos) por qual fenda eles passam, colocamos detetores nas duas fendas. Quando projetamos um eletrão, verificamos que ele passa, por exemplo, pela fenda esquerda, o próximo passa (também por exemplo) novamente pela esquerda, o próximo através da direita, e assim sucessivamente, até chegarmos a um número aproximadamente igual de eletrões que passaram pelas fendas esquerda e direita. Quando verificamos o alvo do fundo, nova surpresa acontece; Em vez do padrão de onda, encontramos no alvo, uma risca de eletrões à esquerda e uma risca à direita, isto é, duas riscas, como se fossem bolas de berlindes atiradas pelas duas fendas. Um padrão de matéria!
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Ou seja, porque observamos com os detetores por onde os eletrões passaram através das fendas, isso colapsou o padrão de onda. Ao serem observados, os eletrões abandonaram o padrão de onda de várias riscas, por um padrão de duas riscas que representa o padrão formado por matéria. A matéria é normalmente visível, desde que esteja à pressão e temperatura adequadas para tal e será sempre palpável. Por exemplo, o ar que é invisível, submetido a alta pressão e baixa temperatura fica visível e palpável, é um líquido. Os nossos olhos estão fabricados e calibrados para verem energia sob a forma de ondas de luz, os fotões, que também são quantidades de energia bem definidas – não podem ser um valor qualquer. Muitos objetos celestes e artificiais emitem energia que se propaga sob a forma de onda. A maioria é invisível, está fora da capacidade dos nossos olhos para observá-las, por exemplo as ondas eletromagnéticas como as de rádio, raios X, infravermelhos, ultravioletas, etc. e esta energia nunca é palpável. As ondas ficam inalteradas com variações de pressão e temperatura. Ainda que atravessem o Sol, ficarão sempre ondas. Poderão, contudo, serem absorvidas produzindo calor, provocarem efeitos eletromagnéticos, ou desviadas, por exemplo refletidas e refratadas, ou encurvadas pela distorção do espaço onde exista um objeto com massa e logo com gravidade. A um buraco negro, astro com fortíssima gravidade, nem a luz escapa! Os eletrões, ora são invisíveis como sendo apenas ondas, ora são matéria. E este comportamento depende respetivamente de não serem medidos (não observados) ou serem medidos (observados). Einstein demonstrou, através da sua célebre fórmula, que energia e matéria são apenas duas faces da mesma coisa. Nós vemos uma árvore, a lua, uma pedra, ou uma pessoa, porque algo envia uma radiação que faz colapsar as suas formas de onda e permite que sejam observados. Doutra forma seriam invisíveis porque as partículas atómicas que as formam estariam sob a forma de onda. Parece absurdo, mas é o que as experiências desde há um século, até aos dias de hoje, sugerem e isto tem baralhado os cérebros dos cientistas. O universo é mesmo uma grande surpresa! E as nossas certezas desmoronam-se completamente!
Atraso de Escolha O físico John Archibald Wheeler (1911 – 2008), em meados do século 20, pensou numa variação da experiência da dupla fenda: se não interferíssemos com os eletrões no seu caminho através das fendas e se para lá da antepara com dupla fenda ficassem os detetores era de esperar que os detetores já não interferissem e voltasse a aparecer o padrão de interferência de onda. Cada eletrão passaria através de uma das fendas e só depois é que seriam ligados os detetores para verificar por qual fenda ele passou. Nesse caso, a antepara não ia poder interferir com o processo, porque ele já teria acontecido. Mas interferiu na mesma. Esta nova experiência, batizada de Atraso de Escolha, mostrou que, quando os detetores estavam desligados e não se conseguia detetar por qual fenda os eletrões passaram, eles
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formavam um padrão de onda. Quando os detetores eram ligados, mesmo depois da antepara, esse padrão de onda colapsava e o padrão de interferência não era visto.
Consequências esperadas Pelo que se sabe, Wheeler já esperava que isso iria acontecer. A experiência foi feita para se pensar sobre o que ela significava: parece, que uma escolha feita no presente poderia determinar eventos do passado. O detetor era ligado depois do eletrão passar e isso determinava que o eletrão anteriormente (no passado) já sabia que iria ser observado e antecipava um comportamento de matéria. Isto parece ferir a lógica. Escolhe-se ligar um interruptor para ligar algo e uma série de eventos acontece; escolhe-se não o ligar e eventos diferentes acontecem. Isto é, ligar ou não agora, provoca uma causa no passado e que terá um efeito no momento do ato. Wheeler imaginou o mesmo exercício numa escala muito maior. Pensemos numa estrela distante milhões de anos-luz que emite luz. Entre a estrela e a Terra fica uma galáxia; esta, em vez de bloquear a luz, desvia a luz em direção à Terra, curvando-a. Um fotão (um quantum de energia) emitido da estrela pode tomar um de dois caminhos, um à esquerda, outro à direita da galáxia. Os fotões percorrem o caminho até a Terra, e podemos observá-los. Sabemos de onde eles vieram, mas não saberíamos por qual dos lados da galáxia eles passaram. Como a galáxia está a milhões de anos-luz da Terra, os fotões que partiram há milhares de anos da estrela que está por detrás da galáxia, teriam feito a escolha, entre um dos caminhos, milhões de anos atrás. Neste momento, momento da observação, não teríamos aparentemente nenhum modo para interferir com isso que já aconteceu. Porém, se os queremos medir, determinamos se eles passaram por um lado, ou pelo outro, ou até por ambos. É estranho, mas é o que mostram as experiências feitas com a física quântica. Significa isto que podemos definir, agora, eventos que aconteceram há milhões de anos? A maioria dos físicos crê que não, isso não seria possível. A tão desejada viagem no tempo, implica um conjunto de coisa que não existem, como retrocausalidade permitindo que um efeito preceda a sua causa. Em vez disso, os cientistas argumentam que devemos pensar na experiência da dupla fenda como uma superposição de estados. O fotão é colocado em ambos os estados quando passa pelas fendas ou em torno da galáxia, e permanece em ambos os estados até que seja medido. Como verificámos, a onda se colapsa quando o fotão é medido. Esta ideia é apoiada por qualquer versão da experiência da dupla fenda, mesmo se a escolha de medir o fotão tenha sido feita antes ou muito tempo depois de ele ter sido emitido. Um físico dirá que no Universo, provavelmente tudo, desde as estrelas aos seres vivos, é formado por partículas atómicas que apresentam um comportamento bastante exótico, descrito perfeitamente pelas leis da física quântica.
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Espiritualidade e Física Quântica O universo é constituído por objetos grandes e muito grandes, e por partículas muito pequenas. Para estudar as coisas muito grandes e que estão muito distantes de nós, foram inventados os grandes telescópios e com eles, a partir de Galileu (1564 – 1642) e até ao presente, foram descobertos os limites enormes do universo e parte dos seus mundos. Foram estabelecidas as leis que o regem e verificou-se que essas leis determinavam um universo previsível, positivista, determinista. Sabendo a posição de um objeto, a sua velocidade e a sua aceleração, nós podemos determinar onde estará o objeto ao fim de um determinado tempo. O grande físico Isaac Newton (1643 – 1727) estabeleceu a maioria das formulações matemáticas e físicas para estudar o universo do que é grande (o macrocosmos) e Einstein ampliou, corrigiu e completou esse conhecimento no que chamamos de física clássica. A par do universo do muito grande, existe o universo do muito pequeno que chamamos de microcosmos. Para observar o muito pequeno foram inventados os microscópios. Os primeiros microscópios foram os óticos que permitem um aumento até cerca de 2 000 vezes. Com este equipamento fomos capazes de ver as bactérias pela primeira vez e detetar que eram a causa de muitos fenómenos até aí inexplicados e também os causadores de muitas doenças. Porém, tal aumento de 2 000 vezes não permitia ver algo que se sabia existir, pelos efeitos que se observavam, por exemplo a doença varíola. Então foram inventados os microscópios eletrónicos que permitem um aumento desde 7000 vezes, posteriormente 100 000 vezes, depois 1 000 000 de vezes e mais recentemente até mais, de acordo com a técnica usada. Com tal aumento foi possível ver esses micro-organismos e assim foram vistos pela primeira vez os vírus. Entretanto com os microscópios eletrónicos de efeito de túnel foi possível ver átomos. Contudo, não há tecnologia para ver as partículas de que os átomos são feitos; tal aumento não permite ver de que é feita a matéria. Através de diversas formulações físicas e matemáticas foi possível deduzir quais as partículas que estão dentro de um átomo e através de experiências (algumas bem catastróficas como por exemplo a bomba atómica e os seus efeitos devastadores) verificar que essas formulações estão certas, ainda que não consigamos ver as ditas partículas. No CERN (Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire - Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear) situado na fronteira entre a Suíça e a França, é possível acelerar átomos, ou as suas partículas, a velocidades enormes e fazê-las chocarem umas contra as outras de forma a partir o átomo ou partículas e verificar que subpartículas aparecem. Contudo, estamos muito longe de entender o que está lá dentro. Apesar de já terem sido descobertas mais de uma dezena de subpartículas, a estrutura íntima do universo ainda está fora do nosso alcance e da nossa compreensão.
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No esforço de investigar essa estrutura íntima da matéria surgiu no final do século 19 e ao longo do século 20 a Física Quântica como já mencionamos. Poderemos considerar 1901 com o cientista Max Plank (1858 – 1947), e 1905 com Albert Einstein (1879 – 1955), como datas importantes para este objetivo com a descoberto da radiação do corpo negro e o efeito fotoelétrico (que os nossos painéis solares fotovoltaicos usam) a que depois outros cientistas, como Niels Bohr (1885 – 1962) em 1911, deram continuidade ao longo do século 20. Na Física, um corpo negro é um objeto hipotético que absorve toda a radiação eletromagnética que nele incide: nenhuma luz o atravessa e nem é refletida. Um corpo com essa propriedade, em princípio, não poderia ser visto, daí o nome corpo negro. Apesar do nome, na realidade, corpos negros emitem radiação, o que permite determinar sua temperatura. Um corpo negro ideal irradia energia na mesma taxa que a absorve, sendo essa uma das propriedades que o tornam uma fonte ideal de radiação térmica. Na natureza não existem corpos negros perfeitos, já que nenhum objeto consegue ter absorção e emissão perfeitas.
Corpo negro ideal. Toda a radiação incidente é completamente absorvida (parte esquerda da figura. Quando o corpo negro está acima do zero absoluto ele emite radiação (parte direita da figura).
Os cientistas medem a temperatura em graus Kelvin (K) em que zero K corresponde a 273.15 graus negativos Celcius (-273.15º) e se chama zero absoluto, 0 K. A nossa escala de medir a temperatura, a escala centígrada ou graus Celcius, determina que zero graus é a temperatura de congelamento da água e 100 graus a temperatura da água a ferver. Independente da sua composição, verifica-se que todos os corpos negros à mesma temperatura emitem radiação térmica com o mesmo espetro, isto é, com as mesmas frequências. Do mesmo modo, todos os corpos, com temperatura acima do zero absoluto, emitem radiação térmica. Conforme a temperatura da fonte luminosa aumenta, o espetro de corpo negro apresenta picos de emissão em menores comprimentos de onda, partindo das ondas de rádio, passando pelas micro-ondas, infravermelho, luz visível, ultravioleta, raios X e radiação gama. À temperatura ambiente (cerca de 300 K ou seja 27 graus centígrados), corpos negros emitem na região do infravermelho do espetro, ou seja, um animal de sangue quente, como nós humanos, estão a cerca de 37 graus centígrados e portanto emitem radiação infravermelha; é isso que permite a uma cobra, no escuro, ver onde está um animal porque os seus olhos veem radiação infravermelha. À medida que a temperatura aumenta algumas centenas de graus, corpos negros começam a emitir
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radiação em comprimentos de onda visíveis ao olho humano (compreendidos entre 380 a 780 nanómetros – um nanómetro corresponde a 10 elevado a menos 9 do metro, isto é, 0,000 000 001 metro, ou seja, é mesmo muito pequeno). A cor visível, pelo olho humano, com maior comprimento de onda é o vermelho, e as cores seguem como no arco-íris, até o violeta, que tem o menor comprimento de onda do espetro visível dos humanos - as abelhas veem radiação ultravioleta.
À esquerda temos o eixo da energia, a seguir temos as ondas, ultravioletas, visível e infravermelho. Na horizontal temos o eixo do comprimento de onda. Quanto mais pequeno é o comprimento de onda (à esquerda da figura) maior é a frequência da onda. Reparem também que uma lâmpada de 3000 K praticamente só tem radiação amarela, laranja e vermelha, enquanto uma de 6000 k tem quase todas as frequências visíveis desde o violeta até ao vermelho.
Um bom modelo de corpo negro são as estrelas, como o Sol, no qual a radiação produzida em seu interior é expelida para o universo e consequentemente aquece o nosso planeta. A cor branca do Sol corresponde a uma temperatura superficial da ordem de 5 750 K – é por isso que se compra uma lâmpada LED de 5500 K até 6400 K, para imitar a luz do Sol. A primeira menção a corpos negros deve-se a Gustav Kirchhoff (1824 – 1887) em 1860, no seu estudo sobre a espetrografia dos gases. Porém, foi Max Planck que, em 1901, ao introduzir a Constante de Planck, como recurso matemático, determinou a quantização (quantidade em pacotes ou impulsos) da energia, o que mais tarde levou ao surgimento da física quântica. Resumindo, nós temos assim duas Físicas que se desenvolveram ao longo dos séculos 19 e 20: uma orientada para o muito grande, o estudo do cosmos, das estrelas, galáxias, etc. Esta física chama-se de física do macrocosmos e foi-lhe dado o nome de Cosmologia, onde Albert Einstein tem um papel muito importante nomeadamente com as teorias da relatividade restrita e geral. Outra vertente da física foi estudar a estrutura mais íntima da matéria, estudar o átomo, o que ele é, o que ele tem. Esta física chama-se do microcosmos e foi batizada de Física Quântica.
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O que significa quântica? Como já indicamos, Max Planck estava a estudar a emissão de corpos aquecidos. Se pegarmos numa barra de ferro e começarmos a aquecê-la com um maçarico, verificamos que à medida que ela vai aquecendo ela vai mudando de cor. Começa com um vermelho escuro e depois vai ficando, vermelha, laranja, amarela e cada vez mais brilhante. Ela vai emitindo calor e depois cada vez mais luz. Então a barra de ferro está emitindo radiação que sentimos como calor e luz. Essa radiação chama-se de eletromagnética e já tinha sido bem desenvolvida por Maxwell (1831 – 1979) que demonstrou que essa radiação era composta por um campo elétrico e por um campo magnético e que se propagava à velocidade da luz (300 000 Km por segundo). Também já se sabia que a luz era uma radiação eletromagnética, tal como a emissão das ondas de rádio e televisão, só que de frequência muito mais elevada. Então, Max Planck ao estudar essa emissão dum corpo aquecido, por exemplo a barra de ferro, tentou encontrar uma relação entre a Energia dessa radiação e a sua frequência.
Max Planck começou a perceber que essa energia era emitida em impulsos, como um pacote de energia de cada vez; não era emitida de forma contínua, mas sim em
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quantidades fixas de energia em cada impulso. Mais, à medida que a temperatura subia nem a frequência, nem a energia subiam progressivamente mas sim em saltos abruptos; isto é, estava num determinado patamar de frequência e energia, por exemplo 10 de frequência e 20 de energia e continuando a aquecer, esses valores não se alteravam, até que bruscamente mudavam para 15 de frequência e 30 de energia e assim sucessivamente. Não havia valores intermédios de frequência, não havia 11, 12, etc. Estava em 10 e de repente passava para 15. O mesmo se passava com a energia que estava em 20 e de repente passava para 30 – não havia 21, 22, etc. (Nota: os números mencionados aqui foram indicados ao acaso para simplificar a ideia a transmitir; na realidade são outros valores, mas seguindo este conceito) .
Essas alterações bruscas eram como pacotes bem definidos e a esses pacotes de energia foi dado o nome, em latim, de quanta que é plural de quantum em que quantum é um valor definido e quanta significa várias quantidades definidas. Então quando é emitido um pacote de energia, dizemos que foi emitido um quantum de energia eletromagnética. Dizemos então 1 quantum de energia, 2 quanta de energia, 3 quanta, etc. É desta palavra quanta que vem a palavra quântica, o nome dado a esta física – a física da quantidade em pacotes de energia e não de uma forma contínua. Max Planck também observou que a Energia emitida era igual a uma constante (chamada de Constante de Planck – os físicos usam representar esta constante pela letra h) vezes a frequência da radiação: E=hxf Então descobriu-se que todos os átomos e todas as partículas que constituem o átomo funcionam dentro deste modelo de quantidades definidas, em saltos, e não contínuas. Mais tarde estes pacotes de energia eletromagnética vão ser batizados por Einstein de fotões (um fotão - no singular). Por isso se diz que a luz é uma emissão eletromagnética em fotões. Isto é a luz que vemos não é contínua mas sim fotões individuais de energia que chegam até nós em milhões de pacotes de energia eletromagnética isolados uns dos outros. O mesmo acontece com todas as ondas eletromagnéticas como as de rádio, televisão, telemóvel, etc. Então, a ideia de física quântica é que toda a energia é emitida e também recebida em quantidades definidas, em pacotes. Isto é, só se consegue emitir em número inteiro de pacotes; ninguém consegue emitir meio pacote, ou 2 pacotes e meio, ou três e um quarto; tem que ser sempre unidades inteiras: 1 pacote, 2 pacotes, 3 pacotes, etc., ou seja 1 quantum, 2 quanta, 3 quanta, etc. Nils Bohr descobre porquê. Já havia sido definido o modelo como seria um átomo: este tinha um núcleo central com carga elétrica positiva em torno do qual orbitavam eletrões com carga elétrica negativa – um pouco à imagem do sistema solar com o Sol no centro e os planetas a orbitar a diferentes distâncias. No entanto, no átomo os eletrões só podiam orbitar o núcleo a distâncias predefinidas chamadas de camadas ou órbitas estacionárias. Então quando se fornecia energia a um eletrão que estava na primeira camada, por exemplo aquecendo o átomo, o eletrão não saía dessa camada até determinado valor de energia absorvida. Quando era ultrapassado o valor de energia admissível nessa camada, o eletrão aparecia, instantaneamente, em tempo zero, na camada seguinte mais distante
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do núcleo. Quando se interrompe o aquecimento e o átomo arrefece, o eletrão permanece na camada para que se tinha mudado durante algum tempo, enquanto a sua energia corresponde à da camada em que se encontra; quando a sua energia baixa para a energia da camada original, novamente instantaneamente, ele desaparece nessa camada e reaparece na camada original e nesse salto ele emite um fotão, ou seja um pacote de energia que se chama, como vimos, um quantum. Esse desaparecimento e aparecimento entre camadas é chamado de salto quântico e verifica-se instantaneamente ou seja a velocidade infinita o que desafia a teoria de Einstein que determina a velocidade da luz para velocidade limite no universo. A luz que vem de uma lâmpada de filamento de tungsténio (o mesmo se passa noutras tecnologias de lâmpadas), são os eletrões que devido ao aquecimento (ou outro tipo de absorção de energia) mudam para uma camada superior e ao regressar à camada original emitem fotões, os quais constituem a luz que nos ilumina. Neste ponto, um átomo não se assemelha ao sistema solar porque neste, um corpo pode orbitar a qualquer distância do Sol enquanto num átomo os eletrões só podem estar em órbitas, camadas, predefinidas. A física quântica desenvolveu-se de uma forma diferente da física do macrocosmos. Einstein era um físico teórico: primeiro ele imaginava um modelo, desenvolvia um postulado, e afirmava que era assim. Mais tarde, outros físicos fariam experiências para testar se o postulado estava certo. Na física quântica os investigadores, geralmente, confrontaram-se com uma metodologia diferente: primeiro eles montavam uma experiência e observavam o que acontecia; em face desse resultado é que iam desenvolver a teoria matemática, o postulado que justificaria tal comportamento observado na experiência.
Explicando o modelo do átomo Dissemos que um átomo contém um núcleo central com carga elétrica positiva em torno do qual orbitam eletrões com carga elétrica negativa. E é aqui que surge um problema: Na física clássica, eletrões em movimento circular em torno do núcleo teriam aceleração centrípeta e como também estão em movimento eles deveriam emitir uma radiação eletromagnética; isso faria com que perdessem energia e devido à atração eletrostática entre cargas elétricas positivas e negativas o eletrão acabaria, ao fim de algum tempo, por cair no núcleo e o átomo destruir-se-ia e o universo, todo feito de átomos, colapsaria. Assim acontece por exemplo com um satélite artificial a orbitar a Terra; ele vai perdendo energia e diminuindo o raio da órbita; de vez em quando têm que ser acionados os foguetes para corrigir a órbita; doutra forma o satélite acaba por cair na Terra. O que acontece no átomo é contraditório com a física clássica. Então Niels Bohr resolveu o problema ignorando a física clássica. Ele observava que o átomo não se destruía e como tal os eletrões apesar de estarem em movimento circular, ele impôs, ele postulou que os eletrões nos átomos não irradiam e portanto não perdem energia e consequentemente não caem no núcleo. A questão deveria prender-se com a constituição do próprio eletrão e
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também das outras subpartículas do átomo. Então estes físicos montaram experiências para determinar qual a natureza dos eletrões; do que é que eram feitos? Numa experiência o eletrão comportava-se como uma bola de bilhar: ele embatia contra outras partículas e mudava-lhes a direção do movimento. Então esta experiência indicava que o eletrão era uma pequenina bola dura feita não se sabe de que material. Porém se fizéssemos a experiência da dupla fenda, mencionada num dos capítulos anteriores, o eletrão comportava-se como uma onda e logo sem massa e sem o comportamento da bola de bilhar. Isso indicava que o eletrão tinha uma dualidade ondapartícula: ora se comportava como uma onda sem massa, ora se comportava como matéria dura com massa. Isto levantou uma questão: se não fizermos nenhuma experiência, isto é, se o eletrão não fosse observado, estudado, medido, o eletrão era uma onda ou era uma partícula? Ninguém sabia responder a isto. Mas para Niels Bohr, a resposta a esta questão determinava porque no átomo o eletrão não caía no núcleo e a resposta só poderia ser que o eletrão era uma onda que girava em torno do núcleo. Por isso ele não perdia energia e não caía no núcleo. Einstein não aceitava esta dualidade onda-partícula do eletrão; para ele o eletrão só poderia ser uma dessas coisas: ou era partícula, ou era uma onda; as duas coisas é que ele não poderia ser. Porém experiências futuras detetaram que Einstein não tinha razão. A partir daqui foi determinado que os átomos e todas as suas subpartículas tinham a dualidade onda-partícula. As partículas podem ser ou ondas ou matéria, um estado de cada vez, nunca os dois estados ao mesmo tempo. Este postulado determina um fenómeno interessante e bem maluco e difícil de entender para a nossa consciência: Se ninguém estiver a medir, a observar a matéria, ela comportase como uma onda e portanto não é visível. Para que alguém veja a Lua, por exemplo, é porque alguém está a medi-la, a observá-la, enviando-lhe uma luz ou outra radiação e observar a reflexão. Isso faz com que as partículas de que a Lua é feita colapsem a sua função de onda e fiquem partículas sólidas e logo visíveis. Ninguém estando a fazer observações, as partículas voltam ao estado de onda e ficam invisíveis. Eis o postulado intrigante, incompreensível, aparentemente absurdo da Física Quântica. Mas há mais…
Para ver a rosa, a lâmpada emite luz que é refletida na rosa e a nossa vista a vê. Para ver a Lua, o Sol envia luz que é refletida na Lua e a nossa vista, na Terra, vê a Lua. Porém esta emissão de luz colapsa o estado de onda da rosa e da Lua e ficam matéria. Sem esta emissão de luz, ou outra radiação, todas as suas partículas, que as formam, estariam invisíveis no estado de ondas. É isto que a física quântica afirma.
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Uma onda é uma energia que vibra e que se estende no espaço, impossível de determinar onde está, enquanto uma partícula é matéria dura que num dado momento se encontra num dado local que poderá ser determinado. Vimos anteriormente que o eletrão está numa camada bem determinada em torno do núcleo. Então porquê que, quando o fazemos absorver ou perder energia ele surge noutra camada predefinida e não pode estar numa hipotética camada intermédia? Para responder a esta questão vamos brincar com uma corda, mas primeiro vamos apreender o que é um comprimento de onda. Uma onda tem frequência, logo tem períodos e cada período tem um comprimento no espaço que se chama comprimento de onda. Um período é constituído por uma parte positiva logo seguido de uma parte negativa – todos já viram o símbolo da corrente alternada, aquele símbolo que parece um til – é isso a representação gráfica de um período de uma onda – também se chama um Hertz (Hz) em homenagem a um cientista com esse nome (1857 – 1894) que demonstrou a existência da radiação eletromagnética. A corrente alternada também é uma onda. Para o nosso estudo vamos apenas considerar a onda sinusoidal, isto é, com a forma de uma sinusoide – o tal til. Como uma onda viaja à velocidade da luz, pergunta-se: que distância percorre no espaço um único período? É isso o comprimento de onda.
Um período T é igual ao comprimento de onda (longitude de onda).
Uma onda tem uma frequência que é o número de períodos que a onda tem no tempo de um segundo. Como exemplo, a frequência da nota Lá de um piano é de 440Hz por segundo; isto significa que esta onda tem 440 períodos por segundo; logo um período desta onda de 440Hz dura 1/440 segundos (s), ou seja 0,00227 segundos. Em 0,00227 s, à velocidade da luz (300 000 000 m/s), este período percorre no espaço 681 818 metros (m) ou seja cerca de 682 Km – é este o comprimento de uma onda de 440Hz, 682 quilómetros. Façamos agora o cálculo para outras ondas conhecidas: por exemplo a onda curta de 10 MHz (Mega Hertz) do nosso rádio – isto dá 10 m; é este o comprimento de onda de uma onda de rádio de 10 MHz. À frequência de 100 MHz em FM (frequência modulada) do nosso rádio do carro temos o comprimento de onda de 3 m.
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Vejamos agora o comprimento de onda da emissão de satélite para a nossa televisão onde a frequência é cerca de 10 Giga Herts (GHz) – isto dá 0,03 m igual a 30 centímetros. A cor verde que os nossos olhos veem tem um comprimento de onda de 550 nanómetros, isto dá 0,000 000 55 m igual a 0,000 55 milímetros (mm), ou seja, um período de luz verde viaja no espaço um comprimento pequeníssimo e tem uma frequência de cerca de 545 Tera Hertz (THz), isto é, 545 000 000 000 000 Hz, igual a 545 000 GHz, uma radiação eletromagnética de frequência elevadíssima. Meditemos: se a frequência da emissão de satélite é de 10 GHz, e a frequência da luz verde é de 545 000 GHz, estamos a ver a enorme diferença entre a frequência de uma onda de satélite e a de uma onda de luz? É por isso que numa fibra ótica (que trabalha com luz) de transmissão de televisão e Internet, cabem muitos mais canais e muitos mais clientes ao mesmo tempo. O comprimento de onda da oscilação dos eletrões pode ser tão baixa como 0,04 nanómetros (comparemos com os 550 nanómetros da luz visível – valor médio correspondente à cor verde), ou seja, uma frequência muito mais alta que a da luz visível. Eis porque os microscópios eletrónicos que funcionam com eletrões, em vez de luz visível, permitem um aumento muito maior, como vimos anteriormente. Quanto maior for a frequência com que observamos uma partícula, maior aumento poderemos obter. Agora que temos uma ideia das frequências com que estamos a lidar quando falamos de luz, vamos à experiência da corda.
Nesta corda vemos 3 períodos completos. Para vermos mais um período (portanto 4 períodos) temos que aumentar a corda do comprimento necessário para formar um período adicional.
Uma pessoa segura uma corda com poucos metros de comprimento numa das extremidades da corda; a outra extremidade está presa por exemplo num muro, ou numa árvore. A corda é colocada aproximadamente em linha reta e frouxa (não esticar a corda). A pessoa oscila o braço para cima e para baixo rapidamente. Observando a corda de lado,
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vamos observar que a corda começa a oscilar formando ondas mas com uma particularidade importante: O número de períodos da onda que se vê é sempre um número inteiro. Podemos ver, por exemplo, 3 períodos, 4 períodos, etc., mas nunca poderemos ver frações de períodos; por exemplo, nunca veremos 3,5 períodos ou 4,7 períodos, etc. Sempre aparece um número inteiro de períodos. Imaginando unir os extremos da corda, ela faria uma circunferência com um diâmetro que poderíamos medir, e mantendo-a a oscilar, a oscilação teria um número inteiro de períodos, por exemplo 3 períodos (na figura seguinte vemos 5 períodos; à esquerda da figura, vemos que 4,7 períodos não cabem).
Se quiséssemos agora ver a corda a oscilar com 4 períodos, teríamos que aumentar o comprimento da corda com o comprimento necessário para acomodar mais um período; com isso, quando a corda estivesse a oscilar com os 4 períodos, a circunferência formada aumentaria de um valor preciso para acomodar o aumento de um período; e assim sucessivamente por cada período que aumentássemos. Como não é possível colocar frações de períodos, a alteração dos diâmetros seria sempre por saltos do valor do diâmetro e nunca de uma forma contínua, ou seja, a alteração dos diâmetros seria quantizada. Ora aí está porque os eletrões só podem ocupar determinadas camadas: os eletrões estão a oscilar numa dada frequência no seu movimento orbital em torno do núcleo com um número inteiro de períodos naquela camada. Para passarem para outra camada superior, esta tem que ter o diâmetro adicional exato para acomodar um maior número inteiro de períodos. Logo não pode haver camadas intermédias porque lá não caberiam um número inteiro de períodos. Fica assim explicado o porquê da quantização de tudo o que está no átomo uma vez que todas as subpartículas estão a oscilar.
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O número de períodos tem que ser um número inteiro. Na figura da esquerda, a primeira camada, a mais pequena, só acomoda um período, a segunda dois períodos e a terceira 3 períodos. Na figura da direita, a hipotética segunda camada é impossível porque não acomoda períodos inteiros – logo não pode existir. Olhando para a amplitude da onda de cada camada, quanto mais externa é a camada, maior é a energia. No centro está o núcleo do átomo (não representado na figura da esquerda, só no da direita).
Os eletrões só podem ocupar determinados níveis de energia (camadas). As ondas dos eletrões de cada camada (valor preciso de nível de energia) só podem ter um número inteiro de períodos. Para simplificar só temos mencionado camada, mas na realidade cada camada forma uma esfera.
O eletrão só muda de camada quando absorver a energia necessária para gerar o número inteiro de períodos da camada superior; e só retorna à camada original quando puder perder a energia necessária para baixar de um número inteiro de períodos. Essa quantidade de energia é precisa e constitui o fotão que ele vai emitir; o fotão é quantizado (tem sempre a mesma quantidade de energia – é um pacote definido, não pode ter nem mais nem menos energia do que tem). Quando recebemos mais luz de uma lâmpada, o valor de energia de cada fotão pode até ser igual, o que aumenta é o número de fotões que recebemos.
Mundo probabilístico Como dissemos, se se fizer uma dada experiência, o eletrão comporta-se como uma onda e numa onda nunca pode ser determinado com precisão onde ela se encontra no espaço.
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Se fizermos outra experiência, o eletrão comporta-se como uma partícula; neste estado podemos detetar que num dado tempo o eletrão encontra-se em dado local. Isso dá um problema nas medidas destes fenómenos que vai dar origem ao princípio da incerteza de Heisenberg (1901 – 1976). Isto fazia muita confusão a Einstein; se se fizer a pergunta se o eletrão está parado pode-se responder, não; se se fizer a pergunta se ele está em movimento também pode-se responder, não; as duas respostas estão corretas porque se não se pode determinar com precisão o estado do eletrão, então nunca poderemos saber se ele está parado ou não e também não se pode afirmar que ele está em movimento – isto é o princípio da incerteza de Heisenberg que determina que há sempre uma imprecisão destas medidas no eletrão. É aqui que surge o espanto e a afirmação de Einstein de que: “Deus não joga dados – ou é, ou não é”. Mas Einstein não tinha razão. Dentro da física quântica as medidas passaram a ter imprecisões, a ter um comportamento estatístico, probabilístico: o eletrão tem uma certa probabilidade de estar em movimento mas também tem uma certa probabilidade de estar parado; se se consegue determinar a sua posição não se consegue determinar a sua velocidade e se se consegue medir a sua velocidade não se consegue determinar a sua posição! Devido à característica ondulatória das partículas teve-se que desenvolver uma matemática estatística para descrever fenómenos quânticos, ou seja, não mais uma física objetiva, determinista, precisa como na física clássica do mundo do macrocosmos, mas sim uma física probabilística para o microcosmos. À pergunta, onde está o eletrão ao redor do núcleo, a resposta é probabilística. Para os físicos clássicos a física não era mais uma realidade precisa. Segundo Niels Bohr, o átomo tem um núcleo e ao redor dele tem eletrões que não sabemos com precisão onde estão. Sabemos com precisão em que camadas estão e sabemos o porquê de o eletrão só poder ocupar determinadas camadas. Como explicamos anteriormente, o eletrão só pode ganhar ou perder energia em quantidades precisas, quantizadas, porque o número de períodos da oscilação do eletrão tem que ser sempre em números inteiros – relembrar a analogia da corda formando uma circunferência a oscilar. É por essa razão que o eletrão ao trocar de camada só pode absorver energia em quantidades quantizadas e perder energia também em quantidades quantizadas emitindo um fotão por cada quantum de energia perdida.
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Salto quântico Outra questão que desperta muita polémica é que, quando o eletrão está a perder energia e desaparece de uma camada e aparece na camada imediatamente inferior, ele reaparece nessa camada em qualquer ponto sobre a circunferência dessa camada e faz essa manobra instantaneamente. Porém, não se sabe o que acontece ao eletrão durante esse salto – é como ele se desmaterializasse na camada em que está e se materializasse novamente na camada de destino; e neste processo não sabemos do eletrão. Adicionalmente, ele faz esse salto em velocidade infinita, em tempo zero, e isto contraria a tese de Einstein de que nenhuma onda poderia viajar acima da velocidade da luz. Dizemos deste fenómeno que o eletrão fez um salto quântico. Por estranho que pareça, isto dá para imaginar que seria possível viajar instantaneamente para um mundo do universo que está longe de nós a muitos anos-luz* de distância, usando uma tecnologia quântica que fizesse com que a nave espacial desse um salto quântico, tal como faz o eletrão – a nave desaparecia de forma quântica no nosso planeta e instantaneamente apareceria de forma quântica noutro ponto do universo, por mais distante que ele estivesse! * Ano-luz é a distância percorrida pela luz no tempo de um ano. Como a luz viaja a 300 000 Km/s, então, num ano, ela viaja 300 000x365x24x3600=9.46x10^12 Km = 9 460 000 000 000 Km (uma distância enormíssima)! Uma nave atual viaja a cerca de 50 000 Km/h; então para percorrer esta distância a nave atual levaria 21 600 anos a fazer a viagem de um ano-luz! Resultado: com a tecnologia atual é impossível viajar para qualquer outro sistema solar, sendo que o mais próximo de nós, Alfa Centauri, está a cerca de 4 anos-luz! E muitos milhares de outros sistemas solares estão a muitos milhares de anos-luz de nós!
Interação local e interação não local O espanto não fica por aqui. Os físicos quânticos descobriram outra questão aparentemente absurda da física quântica. Chama-se da interação local e interação não local. O eletrão tem, entre outras, uma característica que se chama de spin (quer dizer rotação em torno de si). Os cientistas descobriram que ao aproximar dois eletrões eles se correlacionavam, entrelaçavam, emparelhavam-se para sempre; nesse correlacionamento, verificaram que um dos eletrões ficava com um spin com rotação num sentido e o outro ficava com o seu spin com cotação em sentido contrário ao do primeiro. Era como duas rodas dentadas engrenadas – quando se faz rodar uma das rodas num sentido, a outra rodará obrigatoriamente em sentido contrário à da primeira. Os cientistas experimentaram mudar o sentido do spin do primeiro eletrão e verificaram que instantaneamente o spin do segundo eletrão também se invertia – tal como acontece com as duas rodas dentadas engrenadas. Chama-se a isto de interação local.
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Depois afastaram o segundo eletrão para um local com uma distância bem grande do primeiro. Novamente foram ao primeiro eletrão e mudaram o spin; para espanto de todos, o outro eletrão invertia o spin instantaneamente. Ainda que, o segundo eletrão fosse colocado no outro extremo do universo, invertendo o spin do primeiro, o segundo invertia instantaneamente o seu spin! Coloca-se aqui uma questão: o que informa o segundo eletrão que o spin do primeiro eletrão foi mudado? E como é que essa informação viajava instantaneamente para o segundo eletrão? Esta experiência já foi feita em laboratório e deu certo (1982 - Aspect). Novamente a teoria de Einstein da impossibilidade de ultrapassar a velocidade da luz era derrogada. Então os físicos quânticos demonstraram que não havia nenhum sinal que era trocado entre os eletrões. Eles sabiam da alteração no primeiro eletrão sem trocarem qualquer sinal. A isto chama-se de interação não local. Daqui se pode imaginar um sistema quântico em que se pode comunicar instantaneamente para qualquer mundo do universo, não importa a distância a que esse mundo se encontra! Mas há outra conclusão muito importante relacionada com este facto:
Teoria da unidade do universo No início do universo, antes do Big Bang, todas as partículas do universo estavam juntas no mesmo ponto. Logo estavam todas correlacionadas. Depois aconteceu o Big Bang e as partículas afastaram-se umas das outras formando as galáxias, as estrelas, os planetas e os seres vivos, incluindo nós humanos. Como as partículas correlacionadas ficarão eternamente nesse estado, então todas as partículas do universo interagem instantaneamente umas com as outras. Então isto demonstra a teoria da unidade - o universo é uno; é apenas um único organismo, mecanismo, o que lhe queiram chamar; existe qualquer coisa no universo que nós não percebemos o que é, e que faz com que tudo seja um, que o universo seja uno. Então quando um terrorista faz um atentado ele está a interferir com todo o universo, incluindo com ele próprio; a física quântica demonstra que o universo é uno. Então andamos para aqui em competição uns com os outros, quantas vezes fazendo mal uns aos outros, porque ignoramos que isso nos vai afetar porque o universo é uno onde cada um faz parte do todo e todos interagimos, sem nos apercebermos, uns com os outros e as nossas ações refletem-se em nós próprios. Einstein não aceitava estes factos da física quântica e achava que deveria haver algum erro nesses postulados; juntou-se a mais dois físicos para tentar destruir esta nova realidade. Eram eles Podolsky (1896 – 1966) e Rosen (1909 – 1995). Eles desenvolveram o que chama de paradoxo EPR (iniciais dos nomes dos três cientistas) que pretendia demonstrar que tal interação não local não existia e muito menos instantaneamente.
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Porém, a experiência já foi feita, como dissemos, várias vezes em laboratório em 1982, experiência de Aspect (1947 – ainda vivo em 2017), e também no século 21 e os físicos quânticos é que têm razão. O Einstein morreu em 1955 convencido do contrário, mas hoje sabemos que neste ponto ele não tinha razão.
O universo é um campo Um eletrão tem carga elétrica negativa; portanto, como em todas as cargas elétricas, existe um campo elétrico ao seu redor que se estende até ao infinito. Um eletrão em movimento, logo essa carga elétrica em movimento, gera um campo magnético, e um campo magnético em movimento, ou a variar, gera um campo elétrico; um está associado ao outro e por isso se chama um campo eletromagnético. É assim que funciona um gerador de energia elétrica – um campo magnético varia, por exemplo rodando, e isso dá origem a que o gerador produza uma tensão elétrica. A lei de Coulomb (1736 – 1806) estuda a interação eletrostática, as cargas elétricas e o seu campo. De acordo com essa lei, a fórmula da intensidade desse campo elétrico E num dado ponto, é igual a uma constante K vezes a carga elétrica q da partícula a dividir pelo quadrado da distância R do ponto à partícula: E=Kxq/R^2 em que este R se pode estender até ao infinito. Se tivermos duas partículas elétricas, a uma dada distância uma da outra, elas interagem uma com a outra através desse campo, em que esse campo se estende até ao infinito e então essa interação estende-se até ao infinito. Einstein já postulava que um campo estende-se até ao infinito e todo o universo está mergulhado no campo que ele chamava de campo unificado. Einstein percebeu que havia aparentemente dois campos no universo – um, o campo eletromagnético, e o outro, o campo gravitacional (este é o que provoca que os objetos caiam, por exemplo, na Terra). Ele observou que estes campos são esteticamente muito parecidos na sua formulação. Realmente, o campo gravitacional g de um dado objeto num dado ponto, é igual a uma constante G vezes a massa do objeto m a dividir pelo quadrado da distância R: g=Gxm/R^2. Comparemos com a anterior: E=Kxq/R^2. São de facto esteticamente semelhantes. As partículas até então conhecidas eram o eletrão e no núcleo do átomo o protão (de carga elétrica positiva) e o neutrão (de carga elétrica neutra). Entretanto descobriram-se as subpartículas que formam o protão e o neutrão que se chamam de quarks e leptões que por sua vez dão origem a hadrões (o protão e o neutrão são hadrões); e depois ainda há outras nomeadamente os bosões dos quais um deles é famoso – o bosão de Higgs (1929 – ainda vivo em 2017); as subpartículas contribuem para formarem o protão, o neutrão, etc. Então Einstein postulou que a única realidade que existe no cosmos é o campo e todas estas subpartículas são concentrações locais do campo para formar cada uma delas. Dependendo da maneira como o campo se concentra dá origem a cada uma delas e se o campo se concentra em movimento forma uma onda eletromagnética que forma um fotão. As subpartículas não passam de concentrações locais de campo. As subpartículas organizam-se para formar átomos; os átomos combinam-se para formarem moléculas; as moléculas juntam-se e organizam-se para formarem organismos complexos inorgânicos e orgânicos como todos os seres vivos, nomeadamente nós humanos. Então nós humanos
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(aliás como tudo o que existe) somos formados de milhões de milhões de concentrações locais de campo. A região do espaço onde o campo é mais intenso, aparece para nós como uma subpartícula atómica. E como cada subpartícula é apenas campo concentrado, então todas as coisas estão conetadas umas às outras e todas as coisas são uma única coisa, o campo - tudo é uno. É isto um dos aspetos da teoria da unificação de Einstein. Se juntarmos este postulado do Einstein com os postulados da física quântica (que o Einstein não gostava) poderemos deduzir outras coisas. O campo está parado; em determinado ponto ele começa progressivamente a concentrar-se e a oscilar e no centro desse ponto a oscilação tem a maior amplitude; depois a oscilação vai diminuindo à medida que se afasta desse ponto até que para e volta a campo parado. Naquela zona perto do ponto onde a amplitude da vibração é mais intensa temos a formação de uma partícula, por exemplo um eletrão. Na zona onde a amplitude da oscilação é mais intensa temos maior probabilidade de encontrar o eletrão e à medida que nos afastamos do centro desse ponto a probabilidade de encontrar o eletrão diminui. Mas o que é isso do campo oscilar? Que coisa do campo oscila para formar o eletrão ou outra subpartícula? Ninguém sabe responder. Os cientistas têm desenvolvido o que chamam da teoria das cordas que é um tema muito complexo de exprimir matematicamente e que não tem consenso dentro da comunidade científica. Para simplificar vamos manter que é o campo que oscila. Então, quando partículas oscilam, por exemplo um eletrão, nós já vimos que a energia da radiação correspondente é E=hxf deduzida por Max Planck em que h é a constante de Planck e f a frequência. Este assunto foi desenvolvido mais profundamente por outro cientista da física quântica, Broglie (1892 – 1987). Mas, como todos sabemos, Einstein desenvolveu a célebre fórmula de que a energia E=mxc^2 em que m é a massa da partícula e c^2 é a velocidade da luz ao quadrado, o que significa que massa e energia é a mesma coisa – são apenas duas formas de ver a mesma coisa. Então, temos aqui duas fórmulas diferentes para calcular a energia. Broglie igualou estas duas fórmulas o que fica, hxf=mxc^2; daqui extraímos que m=(h/c^2)xf. Como h e c^2 são constantes, elas representam uma constante K simplificada e podemos reescrever a nova fórmula duma forma mais simples: m=Kxf ou seja: A massa de uma partícula depende diretamente da sua frequência de oscilação. No universo todas as partículas só existem em números inteiros. Nós temos 1 eletrão, 2 eletrões, ou 1 protão, 2 protões, etc. Nunca podemos ter meio eletrão, ou meio protão, ou 1 protão e meio, etc. O que isto sugere? Que a massa das partículas, um valor para cada tipo de partícula, é quantizada – só pode existir em valores bem definidos para cada tipo de partícula. E o mesmo tem que acontecer com as frequências que estão associadas a cada massa: cada frequência só pode variar entre valores de patamar ou seja quantizados – a variação da frequência também é quantizada.
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O campo pode dar origem a outros mundos diferentes Vimos que a massa é proporcional a uma dada frequência. No nosso mundo, a massa de um eletrão é proporcional a uma dada frequência fixa que designaremos de f1. Perguntase? Não poderá haver, noutro mundo deste mesmo universo, mergulhado no mesmo campo, uma outra frequência f2 em que o eletrão se estabilize com outra massa? Nesse caso teria outra consistência que os nossos sentidos e os nossos instrumentos não veem, não detetam, mas esse tipo de eletrão pode existir. A mesma situação podemos idealizar para todas as outras partículas. Então podemos facilmente idealizar outro mundo, idêntico ao nosso, mas onde a matéria de que é feito não é suscetível de ser observada pelos nossos sentidos, pelos nossos instrumentos, porque ele está num estado quântico diferente do que conhecemos. Também todas as partículas elementares seriam quantizadas, igualmente como no nosso mundo, mas em valores diferentes. E o que faz a partícula ser sólida? Como a massa é proporcional à frequência da oscilação (como vimos anteriormente), quanto mais elevada for a frequência da oscilação do campo, mais massa tem a partícula e logo mais densa e mais dura ela se torna, ela torna-se mais material. Nesse caso, à medida que aquela frequência f2, noutro mundo, fosse mais baixa, menos densa seria a massa das partículas ou seja mais etérea. Nós não veríamos esse mundo porque nele as partículas eram etéreas, impróprias para serem detetadas pelos nossos sentidos e pelos nossos instrumentos. Se a nova frequência f2 a que o campo oscila desce formando um mundo paralelo, menos denso, pode haver outras frequências f3, f4, etc. quantizadas, cada vez mais baixas a que o campo pode oscilar e estabilizar eletrões, e também as outras partículas, formando mundos cada vez mais etéreos. De cada vez que a frequência baixa, a massa diminui. E onde pode parar? Quando a frequência for zero, a massa fica zero e tudo volta a ser campo e tudo volta à unificação. Fecha-se o ciclo, tudo regressa ao campo original que permeia o universo. Fica assim demonstrado cientificamente a hipótese de existirem mundos paralelos no universo, nas condições explicadas no parágrafo anterior. E fica aberta a hipótese de um ou alguns desses mundos paralelos serem os mundos espirituais que várias das nossas filosofias religiosas defendem existir e que vários humanos providos do sexto sentido, (outros chamam de mediunidade) os chamados médiuns (médium significa que está no meio, a fazer de intermediário), afirmam a pés juntos que veem. Com esta demonstração científica fica difícil afirmar que eles não têm razão. Como admitimos que a frequência do campo poder baixar de forma quantizada para formar mundos mais etéreos, também podemos admitir a frequência aumentar formando partículas cada vez mais densas com mais massa, mais rijas. E tal coisa já sabemos existir no universo: são as estrelas de neutrões que são muito densas e os buracos negros que são tão densos que quase nada consegue escapar deles; Stephen Hawking (1942 – ainda vivo em 2017) propõe que devido a efeitos quânticos há uma radiação térmica que escapa
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de buracos negros. Estes astros confirmam a hipótese anteriormente colocada da frequência poder alterar. Então, estes dois casos conhecidos das estrelas de neutrões e dos buracos negros dão força à hipótese da frequência poder baixar com o resultado da existência dos mundos etéreos ou espirituais. Está assim demonstrado o interesse em estudar e investigar mais a física quântica, porque os seus pressupostos justificam de uma forma lógica e científica que os mundos espirituais podem existir. Os médiuns sérios não têm qualquer dúvida a este respeito, pois que eles veem e comunicam com pessoas que já morreram. Um médium famoso, cuja seriedade nunca ninguém pôs em causa, mesmo a nível científico, descreveu um mundo espiritual no livro Nosso Lar. Foi o médium Francisco Cândido Xavier mais conhecido por Chico Xavier (1910 – 2002).
Teoria da consciência Uma gaiola de Faraday (1791 – 1867) é um compartimento com paredes metálicas e como tal não permite que ondas eletromagnéticas entrem ou saiam do interior desse compartimento impossibilitando a comunicação através de rádio, telemóveis, etc. com alguém no seu interior. Em 1995, um grupo de cientistas colocou dentro de uma gaiola de Faraday um paranormal (uma pessoa com capacidade de produzir fenómenos ainda não explicados pela ciência, como levitar, fazer deslocar objetos com a mente, telepatia, etc.) e com o cérebro ligado a um aparelho que mede a atividade do cérebro e regista essa atividade no que se chama um eletroencefalograma. Dentro de outra gaiola de Faraday, colocada a muitos quilómetros de distância da primeira colocaram 10 indivíduos todos com o cérebro ligado da mesma forma de modo a também obterem o registo de cada um dos 10 cérebros através de cada eletroencefalograma. Os cientistas queriam assegurar de que nenhuma comunicação eletromagnética poderia ser trocada entre os participantes da experiência, qualquer que fosse a origem de tais ondas. O eletroencefalograma do cérebro de cada indivíduo é único, corresponde similarmente ao que acontece na impressão digital. Ao paranormal foram dadas fotografias de cada um dos participantes colocados na segunda gaiola. Agora o paranormal pegava numa fotografia aleatoriamente, concentrava-se nessa fotografia e tentava emitir um dado pensamento para esse individuo e anotava a hora a que emitia o pensamento e o número da fotografia. Depois a diferentes horas repetia o procedimento para cada uma das fotografias. No fim da experiência foram recolhidos os eletroencefalogramas e comparados os traçados do emissor com o do recetor respetivo a cada hora do registo da emissão. Foi verificado que o traçado era idêntico em todos os casos, ainda que cada recetor não tivesse consciência de ter recebido tal pensamento, mas o seu cérebro recebeu porque ficou registado no traçado do recetor correspondente. A este facto chama-se interação entre os cérebros e uma vez que ondas eletromagnéticas não podiam ser, pergunta-se o que era?
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Einstein afirmava que qualquer interação só podia acontecer com troca de sinais. Uma vez que a gaiola isolava essa hipótese, a experiência sugere que os cérebros interagem da mesma maneira que dois eletrões correlacionados, isto é, uma interação não local quântica, isto é, não precisam de qualquer sinal. Então os cérebros funcionam também de forma quântica o que indica que as consciências interagem de forma quântica. A consciência de cada um é quântica e não se rege pelas leis da física clássica, mas sim pela física quântica. Se chegamos à conclusão que a consciência é um objeto quântico então ela tem que seguir as mesmas leis que um objeto quântico. Logo a consciência tem que ter caráter ondulatório como um eletrão e todas as partículas – a consciência oscila como uma partícula. Então a consciência é mais uma das partículas do universo e a energia dela também é E=hxf tal como vimos anteriormente para qualquer partícula quântica. Logicamente quanto maior for a frequência de oscilação da consciência mais ela se adensa, mais se individualiza, mais grosseira, mais material e egoísta ela se torna. É por isso que estas consciências vivem em mundos mais materiais. Quanto mais baixa for a frequência da consciência menos ela se individualiza, mais vive em mundos mais etéreos, mais se funde com o universo, com a unidade universal, menos material se torna e mais espiritualmente se eleva. É por isso que na meditação dos budistas e outros espiritualistas, mais serenos eles ficam e mais se fundem com o universo. É também por isso que os bons médiuns, ao meditarem, mais baixa fica a frequência das suas consciências e mais eles entram em contacto com os planos espirituais mais elevados (como vimos anteriormente, as partículas de mundos espirituais vibram em frequências mais baixas e por isso são etéreos). Por isso os orientais nos aconselham relaxar para expandir as nossas consciências. Os estudiosos do espírito costumam dizer que o espírito superior está numa frequência mais elevada. Como se demonstrou, é precisamente ao contrário.
Detalhes sobre Física Quântica Einstein andava a tentar estabelecer a Teoria do Tudo e ao princípio pensou que esta teoria resolveria todos os segredos do Universo; porém, tudo se complicou quando teve conhecimento da Teoria Quântica. Mesmo alguns dos cientistas que delinearam a Teoria Quântica morreram sem chegarem a entendê-la totalmente. Como sabemos, a física de Newton (1643 – 1727) é suficiente para explicar o nosso mundo do dia-a-dia. Quando se constrói um arranha-céus, uma ponte ou se põe um satélite a orbitar a Terra, os técnicos em engenharia recorrem à física de Newton e de Maxwell (1831 – 1879). Os problemas desta física clássica só surgem quando lidamos com problemas que não fazem parte da nossa vida quotidiana e como exemplo podemos citar os problemas com velocidades extremas ou o estudo das partículas atómicas.
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Para entender as questões relacionadas com massas muito grandes e velocidades enormes, Einstein, desenvolveu a chamada Teoria da Relatividade. Para tratar do universo das partículas, apareceu a Teoria Quântica. De uma forma simples, a Relatividade trata dos grandes objetos e a Quântica é para os muito pequenos. A Teoria Quântica surgiu em 1901, como consequência do trabalho de Max Planck sobre a emissão de luz por corpos quentes. Por que razão um corpo quente emite uma tom de luz diferente conforme a temperatura a que se encontra? Mas foi Niels Bohr, que é considerado o pai da Teoria Quântica, que quando desenvolveu aquele trabalho, concebeu o modelo teórico dos átomos tal como hoje o entendemos, aquele, como já mencionado, que tem um núcleo com protões e eventualmente também neutrões e os eletrões orbitam o núcleo, um pouco à semelhança do que acontece no sistema solar onde os planetas orbitam o Sol. No entanto começou-se a verificar que no mundo do muito pequeno, as partículas têm uns comportamentos estranhos. Como já mencionado anteriormente, alguns físicos verificaram que as partículas subatómicas, por exemplo os eletrões, podem ir dum estado de energia a outro estado de energia, sem passarem pelos valores intermédios entre esses dois estados. Isto baralha os cientistas e é polémico. Porém, também no dia-a-dia fazemos coisas parecidas: por exemplo uma pessoa a subir os degraus de uma escada vertical de parede, não passa de um degrau para outro pisando degraus intermédios; não há meio ou quarto de degrau. Movemo-nos diretamente de um degrau para o outro. No mundo quântico, como já mencionado, as coisas, ao nível do salto de energia, também se passam assim. Vai-se de um estado para o outro sem passar por valores intermédios. Todos os cientistas aceitam que as micropartículas dão saltos de energia. Passa-se que no mundo subatómico, o espaço não é contínuo e tem apenas patamares. Dão-se saltos sem se passar pelo estado intermédio. Como se viu anteriormente, a matéria pode manifestarse ao mesmo tempo por partículas ou ondas. Há uma expressão antiga para definir isto: espaço e tempo ou energia e massa “são duas faces da mesma moeda” e ondas e partículas são “duas faces da matéria”. Determinar a matemática e a física deste comportamento tem sido um grande problema e ainda está sem solução satisfatória. Para prever os comportamentos da matéria como a conhecemos, a física tem uma mecânica, que os resolve. A mecânica é determinista nos casos da física clássica e da Relatividade. Por exemplo, nós sabemos onde está a Lua, a direção em que ela circula e a sua velocidade – então nós somos capazes de prever onde vai estar a Lua no futuro e sabemos onde esteve no passado. Por exemplo, a Lua viaja no sentido contrário aos ponteiros dum relógio a mil quilómetros por hora; então, daqui a uma hora estará, na sua órbita, mil quilómetros à esquerda da posição atual. Sabemos descrever a trajetória de um carro sabendo a sua posição atual, a sua velocidade e a sua direção. Diz-nos isto a mecânica clássica. Mas as coisas funcionam de uma maneira diferente no mundo
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quântico. Se sabemos a posição de uma partícula, não saberemos a sua velocidade exata. Se conhecemos a sua velocidade, não saberemos calcular a posição exata.
Princípio da Incerteza O Princípio da Incerteza é um conceito que foi idealizado em 1927 por Heisenberg que afirma que podemos saber com rigor a velocidade ou a posição de uma partícula, mas num dado instante nunca saberemos as duas coisas ao mesmo tempo. A evolução de uma partícula é uma coisa que não se pode calcular. Na mecânica clássica, a de Newton, podemos saber a posição e velocidade da Lua, e depois calcular com precisão os seus movimentos futuros e passados. Porém, não há forma de calcular com precisão a velocidade e a posição de um eletrão, e assim não se consegue prever os seus movimentos futuros nem os passados. Com o objetivo de resolver este problema, a física quântica usa o cálculo de probabilidades. O Princípio da Incerteza determina qual o papel do observador neste fenómeno. Heisenberg descobriu que nunca podemos saber com precisão e ao mesmo tempo qual a velocidade e a posição de uma partícula quando é observada, quando é medida. A teoria passou por vários aperfeiçoamentos até ao ponto de surgirem cientistas que achavam que o eletrão só decide em que local vai ficar no momento em que surge um observador. Contudo, isto não fazia nenhum sentido para os cientistas, entre eles Einstein. Einstein recusava-se a aceitar que a posição de uma partícula estivesse dependente da presença ou não de um observador, e ainda menos de cálculos de probabilidade. De acordo com Einstein, a partícula ou estaria num sítio ou estaria noutro, mas não podia estar nos dois locais no mesmo instante. Mais tarde demonstrou-se que Einstein não tinha razão.
Cálculo de probabilidades Quando um eletrão tem de escolher entre dois buracos para passar por um deles, há cinquenta por cento de probabilidades de o eletrão passar pelo buraco da direita e outros cinquenta por cento de passar pelo buraco da esquerda. Contudo, Niels Bohr verificou que no mesmo instante o eletrão passa pelos dois buracos ao mesmo tempo. Por mais estranho que seja, o eletrão passará pelo da direita e pelo da esquerda. Tendo que escolher entre dois caminhos, o eletrão passa pelas duas fendas ao mesmo tempo. Isto é, está em dois locais ao mesmo tempo! Imaginemos que pomos um eletrão numa caixa dividida a meio em duas metades; o eletrão estará nas duas metades no mesmo instante, mas em forma de onda. Ao observarmos a caixa, a onda desaparece de imediato e o eletrão transforma-se em matéria, numa partícula, e irá ficar apenas numa das metades quando o observamos. Não olhando para nenhuma das metades da caixa, o eletrão ficará nas duas metades ao mesmo tempo na forma de onda. O mais estranho é que se verificou que mesmo que as duas metades sejam separadas e posicionadas a milhares de anos-luz de distância uma da outra, o eletrão permanecerá nas duas metades, isto é em dois locais diferentes e no
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mesmo instante. Porém, quando decidimos espreitar (isto é, porque passa a haver um observador), para uma das metades, então aí, o eletrão toma a decisão de qual o local onde vai ficar e mostrar-se. Isto pode pôr em causa as nossas certezas e tudo aquilo em que acreditamos!
Paradoxo de Schrodinger Em 1926 o físico Schrodinger imaginou um paradoxo para perceber esta aparente falta de lógica do comportamento da matéria. Schrodinger formulou uma equação em que as partículas eram tratadas como ondas. Segundo seu colega, o alemão Max Born, as ondas indicavam a probabilidade de uma partícula ser encontrada em uma determinada região do espaço-tempo, uma probabilidade. Incomodado com estes factos de possibilidades e incerteza sobre a posição de uma partícula, chegou-se a pensar que tal se podia atribuir por exemplo, à ignorância do observador, e não a uma propriedade da partícula. Para mostar a estranheza dos resultados, Schrodinger sugeriu em 1935 que se imaginasse o que aconteceria com um gato colocado numa caixa hermeticamente fechada contendo material radioativo, um detetor de radiação, um recipiente de vidro com um gás mortal e um dispositivo para partir o recipiente de vidro e libertar o veneno. Quando houver o decaimento radioativo, a partícula liberta radiação e aciona o detetor, que, por sua vez, ativa o dispositivo que faz partir o frasco com o veneno. Se tal acontecer, não se sabe se vai acontecer, o gato morre.
Supondo que houvesse uma probabilidade de 50% de uma partícula decair a cada hora, haveria uma probabilidade igual (também de 50%) de o gato estar vivo ou estar morto dali a 1 hora após o início da experiência. Segundo Schrodinger, o caráter probabilístico da física quântica permite a interpretação de que, ao fim do teste, o gato não estaria nem vivo nem morto, mas em uma combinação das duas condições, morto e vivo ao mesmo tempo e só quando se abrisse a caixa é que se saberia. Os físicos chamam a esta situação contraintuitiva de superposição de estados, possível apenas no mundo quântico, da mesma forma que um eletrão poderia estar ao mesmo tempo nas duas metades da caixa enquanto não fosse observado. Com essa situação
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Schrodinger pretendia mostrar que era necessário interpretar com lógica a física quântica que ele próprio havia ajudado a formular. Nos quase 80 anos que já haviam passado não se encontraram falhas na teoria que permitissem desfazer este comportamento estranho. A física quântica é considerada uma das teorias mais testadas e bem-sucedidas da física, capaz de predizer fenómenos com uma grande precisão. Juntas, ela e a teoria da relatividade geral, são os pilares da física moderna. Há consenso entre os físicos de que o mundo é quântico. Mas não se sabe como formular o mundo clássico a partir de uma descrição apenas quântica e vice-versa.
A matemática tende a estar certa contra a intuição A física quântica feria o senso comum, mas de acordo com todas as experiências levadas a cabo pelos cientistas investigadores da física quântica observou-se estar certa. Já noutras investigações levadas a cabo pelos cientistas se tinha observado que, sempre que a matemática era contrária à intuição, quem tendia a estar certa era a matemática. Em 1543, pouco antes de morrer, esta situação aconteceu quando Copérnico (1473 – 1543) afirmou que era a Terra que andava à volta do Sol e não o contrário. A intuição afirmava que a Terra era o centro do universo, porque tudo parecia girar à volta da Terra. Devido à ignorância de toda a gente do seu tempo, Copérnico apenas obteve comprovação das suas observações entre os matemáticos, uma vez que estes, com a ajuda das equações, verificaram que só a hipótese de a Terra orbitar o Sol batia certo com os cálculos matemáticos. E hoje todos sabemos que era a matemática que estava certa. Na generalidade dos casos, o senso comum, por que todas as pessoas se guiam, está geralmente errado. E isto acontece na política, na religião e em todos os aspetos da vida dos homens. Também aconteceu o mesmo com as Teorias da Relatividade. Muitas das afirmações dessa teoria são contra a nossa intuição. A Teoria da Relatividade afirma que o tempo dilata ou contrai com a velocidade e outras coisas estranhas; e isto é contra o senso comum. Contudo, a verdade é que essas teorias são apoiadas pelos cientistas porque vão de encontro ao que a matemática e as observações da realidade confirmam. E já está testado no século 21 que assim é de facto. Acontece o mesmo com a física quântica. Parece ilógico afirmar que um eletrão está em dois locais simultaneamente enquanto não é observado. Este facto vai contra a nossa intuição. Porém, está certo pela matemática e é verificado por todas as experiências já efetuadas incluindo as do século atual.
Experiência de Aspect Se as partículas individualmente apresentam características quânticas, provadas e comprovadas pelas experiências já realizadas, como tudo é feito de partículas (plantas, animais - entre eles o homem, planetas e estrelas) então tudo também deveria ter um
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comportamento quântico, como o do gato simultaneamente vivo e morto da experiência mental de Schrodinger. A física quântica previa um universo indeterminista, em que o observador faz parte da observação, enquanto a Relatividade de Einstein preconizava um universo determinista, em que o papel do observador é irrelevante para o comportamento da matéria. Presumiase e presume-se, que não pode haver leis diferentes em função da dimensão da matéria, umas para o macrocosmos e outras para o microcosmos. Tem de haver leis únicas. Mas como explicar as divergências entre as duas teorias? O problema suscitou uma série de debates entre Albert Einstein, e o principal teórico da física quântica, Niels Bohr. Para demonstrar que a interpretação quântica era incorreta, Einstein focou um pormenor muito estranho da teoria quântica: o de que uma partícula só decide a sua posição quando é observada. Estes três cientistas tentaram dar uma machadada à interpretação quântica: Einstein, Podolski e Rosen, cujas iniciais formam EPR, formularam então o paradoxo com o nome de EPR (iniciais dos nomes dos cientistas), baseado na ideia de medir dois sistemas separados, mas que tinham estado previamente unidos, correlacionados, para ver se eles tinham comportamentos semelhantes quando observados. Os três propuseram que se colocassem os dois sistemas em caixas, posicionadas em pontos diferentes a muitos quilómetros de distância e depois se abrissem as caixas em simultâneo e se medissem os seus estados internos. Se o seu comportamento for automaticamente idêntico, então isso significa que os dois sistemas conseguiram comunicar um com o outro instantaneamente. Isto seria um paradoxo para os três cientistas. Einstein e os seus apoiantes observaram que não pode haver transferência instantânea de informação uma vez que nada anda mais depressa do que a luz. Bohr afirmava que, se se pudesse fazer essa experiência, verificar-se-ia que havia, de facto, comunicação instantânea. Se as partículas subatómicas não existem até serem observadas, argumentou, então não poderão ser encaradas como coisas independentes. A matéria, disse, faz parte de um sistema indivisível. Isso é o que dizia a física quântica. Mas Einstein achava que esta interpretação era absurda e considerava que o Paradoxo EPR, se pudesse ser testado, o demonstraria. Porém, Einstein morreu em 1955 e esse paradoxo não pode ser testado no tempo dele. O teste só viria a ser concretizado em 1982 por Alain Aspect, um físico francês que liderou uma equipa da Universidade de Paris nesta experiência de grande importância. Com o equipamento necessário cuja tecnologia para tal só esteve disponível nesse ano, Aspect descobriu que, sob determinadas condições, as partículas comunicam instantaneamente entre si. Essas partículas subatómicas podem até estar em pontos diferentes do universo, umas numa ponta do cosmos e outras na outra ponta, que a comunicação é instantânea. Einstein e a Teoria da Relatividade Restrita dizem que nada viaja mais depressa do que a luz, mas Aspect provou que as micropartículas comunicam instantaneamente entre si. Novas experiências efetuadas em 1998, em Zurique e Innsbruck, usando técnicas mais sofisticadas, confirmaram este comportamento. Aspect confirmou uma propriedade do universo. Ele verificou experimentalmente que o universo tem ligações invisíveis, que as
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coisas estão relacionadas entre si de um modo que não se suspeitava, que a matéria possui uma organização intrínseca que ninguém imaginava. Se as micropartículas comunicam entre si à distância, isso não se deve a nenhum sinal que estejam a enviar umas às outras. Isso deve-se simplesmente ao facto de que elas constituem uma entidade única. A sua separação é uma ilusão. Duas micropartículas podem estar separadas pelo universo inteiro, mas quando uma se mexe, a outra mexe-se instantaneamente. Pensa-se que isso acontece porque, na verdade, não se trata de duas micropartículas diferentes, mas da mesma micropartícula. A existência de duas é uma ilusão. A um nível profundo da realidade, a matéria não é individual, mas uma mera representação de uma unidade fundamental. Tudo está relacionado. É aqui que surge o conceito do tal campo que permeia todo o universo e do qual tudo é feito através de concentrações locais de campo. Todas as coisas e todos os acontecimentos não passam de diferentes rostos da mesma essência. O real é o uno do qual deriva o múltiplo. Na realidade não existe nenhum ser individual. Não há fim nem princípio, nem meio. Tudo é ilusão.
Possível explicação do comportamento quântico Face ao antagonismo entre a física clássica e a física quântica, diversas tentativas de reconciliação foram propostas. Uma das questões era, porque não se verificavam os efeitos quânticos em corpos grandes (macroscópicos)? A explicação foi apresentada pelo físico alemão Heiz-Dieter Zeh (1932 – ainda vivo em 2017) no início dos anos 1970. Ele teria observado que os sistemas macroscópicos que compõem o mundo clássico, regido pelas leis da física de Newton, jamais estão isolados do ambiente, com o qual interagem continuamente. Assim, esses sistemas não poderiam ser descritos pelas equações da física quântica de Schrodinger, porque estas eram somente aplicáveis a sistemas fechados. A consequência dessa conclusão foi verificada tempos mais tarde por Wojciech Zurek (1951 – ainda vivo em 2017), físico polonês nos Estados Unidos. Nessa interação, a informação do sistema quântico escapa para o ambiente por meio de um fenômeno que Zurek chamou de perda de coerência. Para entender o que é a perda de coerência, primeiro é preciso saber o que é coerência, uma propriedade das ondas, como as que se propagam quando uma pedra é atirada na água ou uma corda é agitada. O teste clássico da experiência da dupla fenda, que o inglês Thomas Young usou há mais de 200 anos para investigar se a luz é composta de ondas ou partículas (a física quântica mostraria que é simultaneamente ambas), pode ajudar na compreensão. Uma forma de fazer a experiência é repetir a experiência da dupla fenda agora com luz. Façamos a experiência da dupla fenda com uma luz monocromática (que só tem uma cor, isto é, só tem uma frequência). Aparece a combinação de cristas e vales que como já sabemos se chamam de padrão ou franja de interferência própria de ondas. Coerência é a propriedade que os sistemas têm de produzir esse padrão de interferência. No século passado, porém, os físicos descobriram que o que acontece com as ondas também ocorre com átomos ou partículas atômicas, como os eletrões. Como vimos na
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experiência da dupla fenda quando medimos por qual fenda os eletrões passam, esse padrão de interferência desaparece e, portanto, dizemos que se perde a coerência. No caso do gato, a abertura da caixa para espiar o gato, representa a interação do sistema com o ambiente. Nessa transição para o mundo clássico, perde-se informação quântica, como a que permitia a partícula estar em dois lugares ao mesmo tempo, ou o gato de Schrodinger estar morto e vivo. Não há forma de reproduzir o mundo clássico sem perder informação do mundo quântico. Para Zurek, a perda de coerência ocorre porque o ambiente está sempre a fazer medições sobre os sistemas quânticos, o tempo todo. Assim como a tentativa de descobrir por qual fenda passou o eletrão, essas medições eliminam informações ou estados quânticos mais frágeis e deixam apenas os mais estáveis, que são os que se percebem no mundo clássico. Zurek deu o nome de darwinismo quântico a essa destruição seletiva de informação. Num artigo publicado em 2002 Zurek escreveu que uma forma de compreender a ação produzida pelo ambiente é reconhecer que os observadores, em especial os humanos, não medem nada diretamente. Em vez disso, a maior parte dos dados que obtemos sobre o Universo são adquiridos quando as informações sobre os sistemas que nos interessam são intercetadas pelo próprio ambiente. Como dizíamos antes, a Lua é visível porque algo está a observá-la constantemente. O mesmo se passa com tudo.
Princípio de Exclusão de Pauli O universo é constituído por partículas fundamentais. Pensava-se inicialmente que essas partículas eram os átomos, de tal modo que lhes chamaram átomos. Átomo é a palavra grega que significa indivisível. Só que, com o tempo, os físicos perceberam de que era possível dividir o átomo. Descobriu-se que havia partículas ainda mais pequenas, designadamente o protão e o neutrão, que se juntam no núcleo do átomo, e o eletrão, que o orbita como se fosse um planeta, só que incrivelmente veloz. Imagine-se que éramos capazes de ampliar um átomo até o núcleo (no centro do átomo) ficar do tamanho de uma bola de futebol. Nesse caso, um eletrão seria um berlinde espalhado por um raio de trinta quilómetros em torno desse centro, capaz de dar quarenta mil voltas em torno da bola de futebol em apenas um segundo. Isto para dar a noção de quão vazio e pequeno é um átomo. Teríamos sessenta quilómetros de completo vazio. Então se o átomo tem tanto vazio, por que é que alguns materiais são tão duros e resistentes, ou por que razão, quando se toca numa mesa, a mão bate nela e não a atravessa? Tudo tem a ver com duas das propriedades dos eletrões: Uma, a velocidade a que se deslocam os eletrões. Por analogia, temos o caso de uma máquina de cortar aço com água. E como tal é possível? A água é projetada com tão grande velocidade contra o aço que a água fica tão dura que corta o aço. Outra deve-se às forças elétricas de repulsão entre os eletrões e a uma coisa que chamamos o Princípio de Exclusão de Pauli, que prevê que dois eletrões não podem ocupar o mesmo estado, o que nos leva à questão das forças existentes no universo.
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A energia nuclear Todas as partículas interagem entre si através de quatro forças: A força da gravidade, a força eletromagnética, a força forte e a força fraca. A força da gravidade, por exemplo, é a mais fraca de todas, mas o seu raio de ação é infinito. Aqui na Terra sentimos a atração da força de gravidade do Sol e até do centro da galáxia, em torno da qual giramos. Depois há a força eletromagnética, que é a junção da força elétrica com a força magnética. A força elétrica faz com que cargas de sinais opostos (uma positiva e outra negativa) se atraiam e cargas do mesmo sinal se afastem. Os físicos aperceberam-se de que os protões têm carga positiva. Mas a força elétrica determina que cargas semelhantes se repelem. Ora, se os protões têm cargas semelhantes, pois são todos positivos, obrigatoriamente têm de se repelir. Foram feitas as contas e descobriu-se que, se se ampliassem os protões para o tamanho de uma bola de futebol, mesmo que se cobrissem os protões com a mais forte liga metálica que se conhece, a força elétrica repulsiva entre eles era tão forte que essa liga metálica seria destruída como se fosse papel higiénico. E, no entanto, apesar de toda esta força repulsiva, os protões mantêm-se unidos no núcleo. Porquê? Que força existe que é ainda mais forte do que a poderosa força elétrica? Os físicos puseram-se a estudar o problema e descobriram que existia uma força desconhecida. Chamaram-lhe força nuclear forte. É uma força tão grande, tão grande, que é capaz de manter os protões unidos no núcleo. A força forte é cerca de cem vezes mais forte do que a força eletromagnética. Mas, apesar de toda a sua tremenda força, a força forte tem um raio de ação muito curto, menos que o tamanho de um núcleo atómico. Se um protão conseguir sair do núcleo, então deixa de estar sob a influência da força forte e submete-se apenas à influência das restantes forças.
Por que razão o Sol brilha e irradia calor? É devido ao movimento de um plasma (átomos que perderam ou ganharam eletrões) cuja origem última se encontra em reações nucleares que ocorrem no núcleo do Sol. Os físicos estudaram o que são reações nucleares e descobriram que, sob determinadas condições, era possível libertar a energia da força forte que se encontra no núcleo dos átomos. Consegue-se isso através de dois processos, a cisão e a fusão do núcleo. Ao partir-se um núcleo ou ao fundirem-se dois núcleos, a tremenda energia da força forte que une o núcleo é libertada. Alguns neutrões saem projetadas em alta velocidade e chocham com os outros núcleos próximos e estes vão também sendo quebrados, soltando ainda mais energia da força forte e provocando assim uma reação em cadeia que liberta em grande quantidade a energia dos núcleos dos átomos, onde está a força forte. Chamamoslhe, por isso, uma reação nuclear. É isso o que se passa no Sol. A fusão nuclear. Os núcleos dos átomos vão sendo fundidos, libertando-se assim a energia da força forte. Em 1934 houve um cientista italiano chamado Enrico Fermi (1901 – 1954), que bombardeou urânio com neutrões. A análise dessa experiência permitiu descobrir que o bombardeamento produziu elementos mais leves do que o urânio. A conclusão foi a de que
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o bombardeamento quebrara o núcleo do urânio, ou, por outras palavras, provocara a sua cisão, permitindo assim a formação de outros elementos. Percebeu-se deste modo que era possível libertar artificialmente a energia da força forte, não através da fusão dos núcleos, como acontece no Sol, mas através da sua cisão. E é isso a bomba atómica. A bomba atómica consiste na libertação em cadeia da energia da força forte através da cisão do núcleo dos átomos. Em Hiroxima foi usado o urânio para obter esse efeito, em Nagasáqui recorreu-se ao plutónio. Só mais tarde a bomba de hidrogénio usou os dois processos, uma bomba interior de cisão gera a temperatura suficiente para em seguida originar a fusão dos núcleos de hidrogénio, como acontece no interior do Sol.
Teoria do Tudo de Einstein A pesquisa fundamental da física é a Teoria do Tudo. A busca da Teoria do Tudo começou com a Teoria da Relatividade. Até Einstein, a física assentava no trabalho de Newton, que dava perfeita conta do recado na explicação do funcionamento do universo tal como ele é percecionado pelos seres humanos. Mas havia dois problemas relacionados com a luz que não se conseguia resolver. Um era saber por que razão um objeto aquecido emitia luz e o outro era perceber o valor constante da velocidade da luz. Einstein resolveu o problema da luz. Recordemos que a luz é formada por partículas chamadas fotões que também assumem o estado de uma onda eletromagnética. E essas partículas não aumentam de massa quando andam à velocidade da luz porque os fotões são partículas sem massa, isto é, encontram-se em estado de energia pura e nem sequer experimentam a passagem do tempo. Como andam à velocidade da luz, para eles o universo é intemporal. Do ponto de vista dos fotões, o universo nasce, cresce e morre no mesmo instante. Einstein concluiu em 1905 a sua Teoria da Relatividade Restrita (TRR), onde estabeleceu uma ligação entre o espaço e o tempo, dizendo que ambos são relativos. Por exemplo, o tempo muda porque há movimento no espaço. A única coisa que não é relativa, mas sim absoluta, é a velocidade da luz. Ele previu que, a velocidades próximas da luz, o tempo abranda e as distâncias contraem-se. Se tudo é relativo, com exceção da velocidade da luz, então até a massa e a energia são relativas. Mais do que relativas, massa e energia são as duas faces de uma mesma moeda expressas através da famosa equação E=mc^2 (energia é igual à massa vezes o quadrado da velocidade da luz). A velocidade da luz é enorme. O quadrado da velocidade da luz é um número tão grande que isto implica que uma minúscula porção de massa contém uma brutal quantidade de energia. Por exemplo, uma pessoa de uns oitenta quilos de peso contém no seu corpo matéria com energia suficiente para abastecer de eletricidade uma pequena cidade durante uma semana inteira. A única dificuldade é transformar essa matéria em energia. Isso tem a ver com a força forte que mantém unido o núcleo dos átomos. Fiquemos então com a ideia de que energia e massa são as duas faces da mesma moeda. Isto significa que se pode transformar uma coisa na outra, ou seja, energia transformar-se em matéria ou matéria em energia. Teoricamente é possível fazer uma pedra a partir da
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energia, embora a transformação de energia em massa seja algo que nós normalmente não observamos. Mas acontece. Por exemplo, se um objeto se aproximar da velocidade da luz, o tempo contrai-se e a sua massa aumenta. Nessa situação, a energia do movimento dá lugar à massa. Isso já foi observado no Acelerador de Partículas do CERN, na Suíça. Os eletrões foram acelerados a tal velocidade que aumentaram quarenta mil vezes de massa. Há mesmo fotografias do rasto de protões depois de choques. É por isso que nenhum objeto pode atingir a velocidade da luz. Se o fizesse, a sua massa tornar-se-ia infinitamente grande, o que requereria uma energia infinita para movimentar esse objeto. Ora, isso não pode ser. Daí que se diga que a velocidade da luz é a velocidade limite no universo. Nada a iguala, porque, se um corpo a igualasse, a sua massa tornar-se-ia infinitamente grande. Einstein não se conformava com a nova lógica da Teoria Quântica. Ainda por cima contradizia, em determinados campos, a Teoria da Relatividade. O que se podia verificar é que uma era boa para explicar o mundo do muito pequeno como os átomos e a outra era boa para explicar o universo dos objetos muito grandes. Mas Einstein pensava que o universo não deveria ser gerido por duas leis diferentes, uma determinista usada com os grandes objetos e outra probabilística usada para os pequenos objetos. Deveria haver um único conjunto de leis. Assim surgiu a busca de uma teoria do tudo que usasse as mesmas forças e leis da natureza baseadas num princípio que fosse uma lei única para tudo. As Teorias da Relatividade com uma única fórmula explicavam todas as leis que regem o espaço, o tempo e a gravidade. Com a nova teoria única, Einstein procurava reduzir também a uma única fórmula as leis da gravidade e do eletromagnetismo. Einstein pensava que a força que faz mover o eletrão à volta do núcleo deveria ser do mesmo tipo da que fazia orbitar a Terra à volta do Sol. Einstein nomeou-a de Teoria dos Campos Unificados. Se fosse encontrada seria a sua versão da Teoria do Tudo. Mas entretanto morreu sem alcançar esse objetivo e até hoje também ninguém o conseguiu.
Teoria das Cordas Uma das mais promissoras candidatas à Teoria do Tudo é a Teoria das Cordas. As suas equações preveem que a matéria básica é formada por cordas que vibram, existentes num espaço de vinte e seis dimensões para as micropartículas de energia, designadas bosões, e dez dimensões para as outras micropartículas, os fermiões. Tal como a força forte e a força fraca permaneceram circunscritas ao microcosmos depois do Big Bang, os físicos acreditam que vinte e duas dimensões permaneceram igualmente circunscritas ao microcosmos após a criação do universo. Por algum motivo, apenas a gravidade e a força eletromagnética estenderam uma influência visível ao macrocosmos e o mesmo aconteceu com apenas quatro dimensões espaço temporais. É por isso que nos parece que o universo tem três dimensões espaciais e uma temporal. São essas que afetam o nosso mundo visível, mas há vinte e duas outras que permanecem invisíveis no microcosmos, capazes apenas de influenciarem o comportamento das micropartículas. Como dissemos
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anteriormente, os cientistas têm desenvolvido esta teoria a que chamam da teoria das cordas que é um tema muito complexo de exprimir matematicamente e que não tem consenso dentro da comunidade científica.
Teoria da Relatividade de Einstein Há duas Teoria da Relatividade. Einstein concluiu a Teoria da Relatividade Restrita (TRR) em 1905, na qual explica uma série de fenómenos físicos, mas não a gravidade. O problema é que a Relatividade Restrita entrou em conflito com a descrição clássica da gravidade e era preciso resolver isso. Newton acreditava que uma alteração repentina de massa implicava uma alteração instantânea da força de gravidade. Mas isso não pode ser, uma vez que tal requer que exista algo mais veloz do que a luz. Suponhamos que o Sol explodia neste preciso momento. A Relatividade Restrita prevê que tal acontecimento só oito minutos e 20 segundos depois será sentido na Terra, uma vez que esse é o tempo que a luz leva a fazer a viagem entre o Sol e a Terra. Mas Newton julgava que o efeito seria sentido instantaneamente. No exato momento em que o Sol explodisse, a Terra sentiria o efeito desse acontecimento. Ora, isso não é possível, dado que nada anda mais depressa do que a luz. Para solucionar este e outros problemas, Einstein concluiu em 1915 a Teoria da Relatividade Geral, que resolveu as questões da gravidade e estabeleceu que o espaço é curvo. Quanto mais massa tem um objeto, mais curvado é o espaço em torno dele e, consequentemente, maior é a força de gravidade que exerce. Por exemplo, o Sol exerce mais força de gravidade sobre um objeto do que a Terra porque dispõe de muito mais massa. Para facilitar a compreensão de que o espaço curva-se imaginemos que o espaço é uma cama elástica dos ginastas, um trampolim. Imaginemos que pomos uma bola de futebol no meio. O que acontece? A superfície do trampolim afunda-se, e portanto, curva-se em torno da bola. Se se atirar um berlinde para o trampolim, ele vai deslocar-se, vai ser atraído para a bola de futebol, devido ao afundamento, à curva da superfície do trampolim. No universo passa-se a mesma coisa. O Sol é tão grande que curva o espaço em torno de si. Se um objeto exterior se aproximar devagar, vai embater no Sol. Se um objeto se aproximar a uma certa velocidade, como a Terra, começará a andar à volta do Sol, sem cair nele nem fugir dele. E se um objeto andar a muita velocidade, como um fotão de luz, ao aproximarse do Sol vai curvar um bocadinho a sua trajetória mas conseguirá fugir e prosseguir a sua viagem. Isto é o que diz a Relatividade Geral. Todos os objetos distorcem o espaço e, quanto mais massa tiver um objeto, mais distorcerá o espaço em torno de si. Como o espaço e o tempo são duas faces da mesma moeda, um pouco como a energia e a matéria, isto significa que os objetos também distorcem o tempo. Quanto mais massa tiver um objeto, mais lento será o tempo perto de si.
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Qualquer corpo celeste no espaço curva o espaço à sua volta fazendo que objetos que se aproximem curvem a sua trajetória e às vezes ficam em órbita ao redor do corpo. Na segunda figura, a deformação do espaço em torno da Terra mantém um satélite de televisão em órbita em torno da Terra.
O Sol curva tanto o espaço que a Terra (pequena bolinha azul à direita) fica em órbita do Sol.
A curvatura do espaço provocada pelo Sol faz com que a luz da estrela à esquerda em baixo, que seria invisível porque está em linha reta com o Sol e a Terra, e por isso não seria visível, fica visível porque da Terra dá a ilusão que ela está em cima à esquerda.
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É o mesmo caso mas agora mostrando que essa curvatura do espaço diminui quando a estrela se afasta do alinhamento entre a Terra (em baixo à esquerda com um telescópio) e o Sol.
Teoria da Relatividade Restrita (TRR) Dos postulados da Teoria da Relatividade Restrita (TRR) de Einstein, resulta um conjunto de importantes corolários (leis da física) que afetam as propriedades do espaço e do tempo. Nós não nos deteremos na explicação relativamente difícil destes corolários. Limitemo-nos a enumerá-los:
Velocidade da luz A velocidade da luz no vácuo é sempre igual a cerca de 300 000 Km/s ou em metros 300 000 000 m/s. Designamos a velocidade da luz com a letra c. Sempre que numa fórmula virmos a letra c estamos a referir-nos à velocidade da luz. Assim sendo, por exemplo, ela não depende nem da velocidade de um veículo que acendeu um farol de luz, nem da velocidade de quem está a ver o farol que foi aceso. Pelos postulados da teoria da relatividade restrita de Einstein, a velocidade da luz no vácuo é a velocidade máxima possível na Natureza. Nada pode viajar mais rápido que a velocidade da luz. Se num comboio que se move com uma velocidade v muito elevada, na frente do comboio, se acende um projetor com a luz virada para a frente, então a velocidade da luz em relação á Terra deve ser igual a c, e não a v+c; isto é, não podemos somar a velocidade do comboio mais a velocidade da luz porque isso daria uma velocidade superior à da luz o que, como dissemos, não é possível no universo.
Relatividade da Simultaneidade O conceito de tempo absoluto, que decorre a um ritmo estabelecido de uma vez para sempre, independentemente da matéria e do tempo, revelou-se incorreto.
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Imaginemos dois pontos A e B muito distantes um do outro nos quais se dá o mesmo acontecimento, um em cada ponto mas ao mesmo tempo. Como podemos detetar com precisão que estes dois acontecimentos ocorreram de facto ao mesmo tempo? Só colocando nos pontos A e B relógios sincronizados se pode ajuizar se estes dois acontecimentos nestes pontos se dão ao mesmo tempo ou não. Mas como é que podermos sincronizar relógios que se encontram a uma dada distância um do outro, se a velocidade de propagação dos sinais eletromagnéticos (luz, ondas de rádio, etc.) não é infinitamente grande? Para sincronizar os relógios é natural recorrer a sinais luminosos ou outros sinais eletromagnéticos, visto que a velocidade das ondas eletromagnéticas no vácuo é uma grandeza constante, conhecida com exatidão. É este o método utilizado para verificar as horas pelo rádio. Os sinais de tempo ajudam a sincronizar os nossos relógios com os relógios-padrão exatos, os chamados relógios atómicos que dão a hora exata no nosso planeta e que emitem essa hora para os nossos relógios através de ondas de rádio. Sabendo a distância entre a estação de rádio e a nossa casa pode-se calcular a correção correspondente ao atraso do sinal. Esta correção, é claro, é muito pequena. Na nossa vida quotidiana ela não tem qualquer significado. Mas no caso das grandes distâncias cósmicas ela pode tornar-se muito importante. Vejamos detalhadamente um método simples de sincronização de relógios que não exige nenhum cálculo. Suponhamos que um astronauta quer saber se os relógios A e B colocados nos extremos opostos de uma nave espacial, conforme a figura, estão certos entre si. Para isso, com o auxílio de um emissor de rádio, parado em relação à nave e colocado no meio dela, o astronauta faz com que o emissor envie um sinal de rádio de curta duração para que os relógios, quando receberem esse sinal, se acertem. O sinal atinge ao mesmo tempo ambos os relógios. Se depois da receção do sinal, ambos eles marcarem a mesma hora, isso significa que estão sincronizados.
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Mas só será assim se a nave estiver parada. Se a nave estiver em movimento, a situação é diferente. O relógio que se encontra na parte da frente da nave afasta-se do lugar onde se encontra o emissor e, para atingir o relógio A, o sinal tem de percorrer uma distância maior do que metade do comprimento da nave, figura a) e b); pelo contrário, o relógio B aproxima-se do emissor e o caminho percorrido pelo sinal é menor do que metade do comprimento da nave. Por isso, um observador a ver a situação fora da nave, conclui que os sinais não atingem ambos os relógios simultaneamente.
Dois acontecimentos nos pontos A e B dão-se ao mesmo tempo com a nave parada e em instantes diferentes com a nave em movimento. Por isso, somos obrigados a concluir que a simultaneidade dos acontecimentos em pontos distintos do espaço é relativa. O motivo do caráter relativo da simultaneidade é, como vimos, o valor finito da velocidade de propagação dos sinais.
Relatividade da distância O comprimento de um corpo não é uma grandeza absoluta, mas depende do corpo estar parado ou em movimento. Designemos por ℓo (comprimento original) o comprimento de uma vara que está parada. Então o comprimento ℓ, desta vara, quando se move com velocidade v, determina-se pela fórmula.
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Como se vê por esta fórmula, Isto é, o comprimento
l é menor que lo
Ou seja, o comprimento de um corpo depende de estar parado ou em movimento. Em movimento o comprimento vai diminuindo à medida que o corpo se aproxima da velocidade da luz. Se fosse possível o corpo estar a viajar à velocidade da luz, o seu comprimento seria zero!
Relatividade do tempo No estudo da Física Clássica, o tempo transcorre da mesma forma para quem esteja parado, e para quem esteja em movimento. Assim, para dois corpos munidos de cronómetros, o tempo passaria da mesma forma, independentemente de um dos corpos estar em repouso e o outro em movimento. Para a Física Moderna, intervalos de tempos para uma pessoa em altíssima velocidade, próxima à velocidade da luz c, transcorrem mais lentamente do que intervalos de tempo medidos por outra pessoa em repouso. Isso significa que uma hora para um observador em repouso corresponde a alguns minutos ou segundos (dependendo da velocidade) para outro observador em alta velocidade. Tal facto é conhecido como dilatação do tempo. A dilatação do tempo já foi comprovada na prática com os satélites que orbitam o nosso planeta. Relógios no interior desses satélites, em razão da alta velocidade, sofrem pequenos atrasos em relação a relógios que se encontram na superfície da Terra. O intervalo de tempo transcorrido para um observador que se move com velocidade v pode ser medido pela seguinte equação:
Onde: Δt0 – é o intervalo de tempo transcorrido para o observador que se move em alta velocidade; Δt – é o intervalo de tempo transcorrido para um observador que se encontra em repouso ou em baixas velocidades, por exemplo, na superfície da Terra; v – velocidade do corpo em movimento; c – é a velocidade da luz no vácuo (3 x 108 m/s).
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A equação acima é denominada Equação de Lorentz (1853 – 1928) e foi usada por Einstein para a sua TRR. Ela prevê a dilatação do tempo e mostra que a velocidade de um corpo tem que ser muito alta para que a dilatação do tempo comece a ser realmente considerável.
Alteração da massa com a velocidade No caso de grandes velocidades, as leis da mecânica de Newton não estão de acordo com os novos conceitos de espaço e de tempo. Só quando a velocidade é pequena é que os conceitos clássicos de espaço e de tempo são válidos. A segunda lei de Newton determina que: F=mxa
A força F é igual à massa m vezes a aceleração a.
Para velocidades grandes, porém, esta lei, nesta sua forma habitual (clássica), não é verdadeira. De acordo com esta segunda lei de Newton uma força constante, que atue no corpo durante o tempo que se queira, pode transmitir-lhe uma velocidade tão grande quanto se queira. Mas na realidade, a velocidade da luz é limitada a c, e em nenhumas condições um corpo pode mover-se com uma velocidade maior do que a velocidade da luz no vácuo. É necessária uma pequena mudança na equação do movimento dos corpos para que ela se torne verdadeira para grandes velocidades do movimento. Quando aumenta a velocidade do corpo a sua massa não se mantém constante, mas aumenta. O aumento da massa é tanto mais acentuado quanto mais perto a velocidade do corpo estiver da velocidade da luz c.
Vemos neste gráfico um objeto com massa original mo quando o objeto está parado, isto é, com a velocidade zero (0). Quando a velocidade do objeto aumenta e começa a aproximar-se da velocidade da luz c, a sua massa aumenta de acordo com a curva a vermelho, assumindo sucessivamente valores de 2mo, 3mo, 4mo, etc., até ter um valor infinito. E com um valor infinito a Força para o deslocar seria infinita.
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Se designarmos através de m0 a massa do corpo em repouso, então a massa m deste mesmo corpo em movimento com velocidade v define-se pela fórmula:
Na figura está representada a dependência da massa do corpo em relação à sua velocidade. Quando a velocidade do movimento é muito menor do que a da luz, a expressão pouco difere da unidade. Assim, para a velocidade de uma nave espacial atual, com uma velocidade v de 10 km/s, obtemos:
Não é de admirar, por isso, que não se note o aumento da massa com o aumento da velocidade quando comparamos pequenas velocidades. Mas as partículas elementares, nos atuais aceleradores de partículas carregadas, atingem velocidades enormes. Se a velocidade de uma partícula for apenas 90 km/s menor do que a velocidade da luz, então a sua massa aumenta 40 vezes. Os aceleradores potentes de eletrões podem imprimir a estas partículas velocidades inferiores à velocidade da luz apenas em 35 a 40 m/s. Nestas condições, a massa do eletrão aumenta aproximadamente 2000 vezes. Para que este eletrão se mantenha numa órbita circular é necessário que o campo magnético exerça sobre ele uma força 2000 vezes maior do que se poderia supor, não considerando a dependência de massa em relação à velocidade. Para calcular a trajetória de partículas rápidas já não se pode utilizar a mecânica de Newton. Deste modo, a massa, que desde o tempo de Newton, e durante dois séculos e meio, se considerava invariável, na realidade depende da velocidade. À medida que aumenta a velocidade, a massa do corpo, cresce ilimitadamente; por isso, a aceleração tende para zero, e a velocidade praticamente deixa de aumentar, por mais que se prolongue a ação da força. As leis da mecânica de Newton podem ser consideradas um caso particular da mecânica relativista, sendo aceitáveis quando a velocidade do movimento do corpo é muito menor do que a velocidade da luz.
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Relação entre a Massa e a Energia A relação entre a energia e a massa resulta da lei da conservação da energia e do facto de a massa do corpo depender da velocidade do movimento. Isto pode ser observado no seguinte exemplo simples. Quando se aquece um gás num recipiente é-lhe transmitida uma determinada energia. A velocidade do movimento calorífico caótico das moléculas depende da temperatura e aumenta com o aquecimento do gás. O aumento da velocidade do movimento das moléculas, significa o aumento da massa de todas as moléculas. Consequentemente, a massa do gás no recipiente aumenta quando aumenta a sua energia interna. Entre a massa do gás e a sua energia existe uma relação. A fórmula de Einstein. Na teoria da relatividade, este resultado é amplamente generalizado. Com o auxílio desta teoria, Einstein estabeleceu a relação geral entre a energia e a massa, que é dada por uma fórmula muito simples:
Quando o corpo está parado, aquela raiz quadrada dá 1 o que dá origem a que a fórmula fique simplificada como comumente a vemos:
Paradoxo dos Gémeos Dois gémeos fazem a seguinte experiência: um deles parte da Terra num foguetão, com destino a uma estrela distante, enquanto o outro permanece na Terra. Ao retornar, o viajante encontra-se com o gémeo que permaneceu na Terra e observa que este está alguns anos mais velho do que ele. Como se explica isso no contexto da TRR? Explica-se pela relatividade dos intervalos de tempo já explicada anteriormente.
A distância Lo da Terra T a velocidade da luz.
é de 4 anos-luz. A nave B está a viajar a 0,8c seja a 80% (0,8) da
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Solução Consideremos o planeta Terra e a estrela
situada à distância L=4 anos-luz
do Sistema Solar. O gémeo A fica na Terra e B parte para à velocidade u=0,8c ou seja 80% da velocidade da luz c. Vamos desprezar o movimento da Terra em torno do Sol e considerar a Terra e
fixas. A nave está em movimento.
Do ponto de vista do gémeo A, seu irmão viaja por um tempo L/u=5 anos,
até chegar à estrela e um tempo igual na volta; portanto o gémeo A envelheceu 10 anos entre a partida e o retorno do gémeo B. Para o gémeo B, como ele está a viajar próximo da velocidade da luz, o tempo dilata, é o tempo próprio dentro da nave; de acordo com a fórmula da relatividade dos intervalos de tempo, já anteriormente mostrada, façamos a conta:
O tempo do gémeo B é igual a 5 anos do gémeo A vezes a raiz quadrada de 1-0,8c^2/c^2. Isto dá: 5x0,6=3 anos para a viagem de ida; mais um tempo igual para a volta, o gémeo B quando regressa envelheceu apenas 6 anos. No fim da viagem, B está 4 anos mais novo do que A (10-6=4). Descrevemos assim algumas das implicações da Teoria da Relatividade.
A vida é apenas um computador? A humanidade sempre idealizou o conceito da vida para além da morte do corpo. Uma das visões mais aceite é a de que talvez o nosso corpo morra, mas a alma sobreviva para numa próxima reencarnação, corrigir os erros desta vida. Quem é que, estando próximo da morte, não gostaria de acreditar em tal coisa? A sobrevivência da alma. A possibilidade de ela reencarnar mais tarde noutro corpo e poder voltar a viver. Que ideia tão bonita! Será que não é possível a alma sobreviver? Mas o que é isso da alma? Será a consciência, uma força vital, um espírito que nos anima? Para a visão materialista, e portanto não espiritualista, a consciência, a vida inteligente é apenas fruto do funcionamento organizado e estruturado de órgãos complexos dos corpos dos seres vivos que se movem. Tal perceção está bem documentada no livro do António Damásio (neurocientista português que trabalha no estudo do cérebro e das emoções
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humanas), O Erro de Descartes. Fundamentalmente, ele baseia-se num facto geralmente observável: se uma parte do cérebro avariar, a personalidade da pessoa muda. Ele cita o caso bem conhecido de um trabalhador das linhas ferroviárias do EUA que foi vítima de uma explosão que provocou que um varão tivesse perfurado o crânio dele e destruído parte do cérebro e, incrivelmente, o trabalhador sobreviveu. Mas, com uma consequência importante: o trabalhador que antes era boa pessoa, depois do acidente, e enquanto viveu, ficou irrascível, intratável, de mau humor, passou a ficar muito difícil conviver com ele. Mais factos idênticos se observaram por esse mundo fora. Destas observações, a primeira dedução lógica é que a consciência e a personalidade são apenas fruto do funcionamento complexo do cérebro e não de nenhuma alma que lhe esteja associada. Porém, essa interpretação não constitui nenhuma novidade para os que têm uma visão e também experiências que apontam noutro sentido – os espiritualistas. O Livro dos Espíritos de Allan Kardec, publicado em 1857, nas questões 368 e 370-a, já ensinava que, o ser espiritual, o verdadeiro responsável pela personalidade, pela consciência, tem o exercício de suas faculdades limitadas, pela densidade da matéria do cérebro que as enfraquece e é um obstáculo à livre manifestação das faculdades do Espírito. Na questão 369 do mesmo livro é ressaltado que os órgãos são os instrumentos da manifestação das faculdades da alma, manifestação que se acha subordinada ao desenvolvimento e ao grau de perfeição dos órgãos. As faculdades da alma não são originadas no cérebro; porém a imperfeição do cérebro cerceia, mais ou menos, a manifestação das faculdades da alma. Na questão 371, até nos é transmitido que a alma dos cretinos e dos idiotas não é de natureza inferior e que eles trazem almas humanas, muitas vezes mais inteligentes do que dos outros ditos de normais, mas que sofrem da insuficiência do cérebro de que dispõem para se comunicar, da mesma forma que o mudo sofre da impossibilidade de falar. Há até o caso, de um brasileiro, Eduardo Leite, que há alguns anos sofreu um acidente semelhante ao americano e não apresentou nenhuma alteração de comportamento, estando absolutamente igual ao que ele sempre foi e causando perplexidade no meio académico, considerado esse caso como um mistério da medicina e servindo como ponto de reflexão a respeito do que a Ciência, na realidade, sabe sobre o assunto. De acordo com os ensinamentos dos instrutores do além, pôde-se concluir que o acidentado brasileiro, na hierarquia moral espiritual, estava melhor situado, bem superior do que a do americano. A lesão sofrida pelo americano fez com que suas faculdades morais inferiores, latentes, aflorassem com grande expressão, devido à destruição de parte do cérebro, parte essa que era responsável pela ocultação de suas faculdades morais mais depreciativas. Assim sendo, as conclusões de António Damásio parecem precipitadas à luz dos conhecimentos espirituais, dos quais a maioria da ciência se afasta preconceituosamente.
Visão materialista (não espiritualista) Do ponto de vista materialista, defendido pela maioria dos cientistas, cada pessoa tem o seu corpo. É algo que é pessoal, é uma propriedade da pessoa. Se eu digo, o corpo é
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meu, o que eu estou a dizer é que eu não sou o corpo. O corpo é meu, não sou eu. Então, o que sou eu? Eu sou os meus pensamentos, a minha experiência, os meus sentimentos. Isso sou eu. Eu sou uma consciência. Será que a minha consciência, este eu que sou eu, é a alma? O problema é que este eu, que sou eu, é eventualmente apenas produto de substâncias químicas que circulam pelo corpo, de transmissões elétricas entre neurónios, de heranças genéticas codificadas no ADN, de um sem número de condicionalismos exteriores que moldam o eu de cada um. O cérebro é uma complexa máquina eletroquímica que funciona como um computador e a minha consciência, esta noção que eu tenho da minha existência, é uma espécie de programa. De uma certa forma, e literalmente, o cérebro é o hardware (parte física, eletrónica, de um computador), a consciência é o software (um conjunto de instruções, um programa que faz o computador funcionar). Isto levanta questões, que em princípio, são difíceis de responder. Será que um computador tem alma? Se o ser humano é um computador muito complexo, será que ele próprio tem alma? Se todo o circuito (corpo) morrer, a alma sobrevive? Sobrevive onde? Em que sítio? Mas de que é feita essa alma que se ergue do corpo? De átomos sabemos que não é porque já sabemos que não é matéria, tal como a concebemos. Deve de ser uma substância incorpórea (sem corpo material). Chama-se também um espírito.
A alma lembra-se desta existência? Um dia, no futuro, a alma lembra-se desta existência? Dizem que sim. Os médiuns sérios têm a certeza de que sim. Mas isso não faz sentido pelas leis da física conhecida. Como é que nós organizamos a nossa consciência? Como é que eu sei que sou eu, que sou um psicólogo, que sou um pai e um marido? Eu sei que sou eu porque tenho memória de mim mesmo, de tudo o que me aconteceu, mesmo o que aconteceu há apenas um segundo. Eu sou a memória de mim mesmo. E onde se localiza essa memória? De acordo com a visão materialista, a minha memória encontra-se apenas localizada no cérebro, armazenada em células. Essas células fazem parte do meu corpo. E é aqui que está a questão. Quando o meu corpo morre, as células da memória deixam de ser alimentadas e de receber oxigénio e morrem também. Apaga-se assim toda a minha memória, a lembrança do que eu sou. Se assim é, como pode a alma lembrar-se da minha vida? Se a alma não tem átomos, não pode ter células da memória. Por outro lado, as células onde a memória da minha vida se encontrava gravada já morreram. Nessas condições, como é que a alma se lembra do que quer que seja? Visto desta forma, é como se nós fôssemos todos apenas máquinas, uns computadores. Mas todos sentimos que nós não somos computadores, somos pessoas, somos seres vivos. E qual é a diferença entre os dois? Nós pensamos, sentimos, vivemos. Pensamos que os computadores não. E temos a certeza de que somos mesmo diferentes? Os seres vivos são biológicos, os computadores não passam de circuitos, sabemos isso. Se se perguntar a um biólogo o que é a vida, ele vai responder mais ou menos assim: a vida é um conjunto de processos complexos baseados em átomos de carbono. Mesmo o
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mais materialista dos biólogos reconhece, no entanto, que a expressão chave desta definição não é átomos de carbono, mas processos complexos. É verdade que todos os seres vivos que conhecemos são constituídos por átomos de carbono, mas não é isso verdadeiramente o que é importante para a definição da vida. Há bioquímicos que admitem que as primeiras formas de vida na Terra não foram baseadas nos átomos de carbono, mas nos cristais. Os átomos são apenas a matéria que torna a vida possível. Não interessa se é o átomo A ou o átomo B. Imaginemos que eu tenho o átomo A na cabeça e que, por algum motivo, ele é substituído pelo átomo B. Será que eu deixo de ser eu só por esse motivo? Não parece. O que faz com que eu seja eu é um padrão, um conjunto de informação. Ou seja, não são os átomos, é a forma como os átomos se organizam. A vida vem da matéria. Os átomos que estão no meu corpo são exatamente iguais aos átomos que estão numa mesa ou numa qualquer galáxia distante. Eles são todos iguais. A diferença está na forma como eles se organizam. O que organiza os átomos de modo a formarem células vivas são as leis da física. É essa o ponto central. Como pode um conjunto de átomos inanimados formar um sistema vivo? A resposta está na existência de leis de complexidade. Todos os estudos mostram que os sistemas se organizam espontaneamente de modo a criarem sempre estruturas cada vez mais complexas, em obediência a leis da física e exprimindo-se por equações matemáticas. Um físico ganhou o Prémio Nobel por demonstrar que as equações matemáticas por detrás das reações químicas inorgânicas são semelhantes às equações que regem os padrões de comportamento simples de sistemas biológicos (com vida) avançados. Ou seja, os organismos vivos são, na verdade, o produto de uma grande complexidade dos sistemas inorgânicos. E essa complexidade, a maioria dos físicos acha que aparentemente, não resulta da atividade de uma qualquer força vital, mas da organização espontânea da matéria. Por exemplo, num livro, o que conta é a mensagem que ele transmite. Não é importante se está escrito à mão ou à máquina, se tem letras bonitas ou feias, se foi impresso numa imprensa ou numa impressora ligada a um computador. O que é importante é a sua organização, se ele transmite facilmente a mensagem ou é difícil de entender, e o mais importante é a mensagem que ele transmite. O mesmo se passa com a vida. Não importa se a vida é baseada no átomo de carbono ou de silício, em cristais ou em qualquer outra coisa. O que faz a vida é uma estrutura de informação, é uma organização completa e funcional. Podem-me tirar o átomo A e meter o átomo B no corpo, mas, desde que esta informação seja preservada, desde que esta estrutura se mantenha intacta, eu continuo a ser eu. Podem mudar todos os átomos e substituí-los por outros, que eu continuo a ser eu. Aliás, já está provado que, ao longo da vida, vamos mesmo mudando quase todos os átomos. E, no entanto, eu continuo a ser eu. O que interessa é a estrutura em si. Desde que os átomos viabilizem a estrutura de informação que define a minha identidade e as funções dos meus órgãos, a vida é possível.
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A vida é uma estrutura de informação muito complexa e onde todas as suas atividades envolvem processamento de informação, uma estrutura de informação que se desenvolve e interage com o mundo em redor. De uma maneira simples, nós somos uma espécie de programa. A matéria é o hardware e a nossa consciência é o software. Nós somos um complexo e avançado programa de computador.
Qual é o programa do computador da vida? O programa é a sobrevivência dos genes. Há biólogos que definiram o ser humano como uma máquina de sobrevivência, uma espécie de robô programado para transmitir e preservar os genes, logo a espécie. Computadores programados para preservar genes e a espécie a que esses genes pertencem. Assim, por essa definição, um computador é um ser vivo. É um ser vivo que não é construído por átomos de carbono. Um computador é uma máquina que funciona na base de entrada de dados, num programa que processa os dados e apresenta respostas e ações para cada entrada. E o mesmo se passa com todos os animais. Se conhecermos o programa de um cão e se soubermos o que o atrai e o repele, o que o motiva e o que o assusta, poderemos prever todo o seu comportamento. Salvo algumas exceções, os outros animais reagem de uma forma simples: se acontecer X, eles reagem de maneira A; se acontecer Y, eles reagem de maneira B. Exatamente como uma máquina concebida por nós. Porém um cão é uma máquina natural. Os computadores são máquinas artificiais. Os comportamentos dos animais são naturais; não são artificiais. Então tudo o que o homem faz também é natural. Nós, humanos, no nosso orgulho e vaidade julgamos que todo o mundo gira em torno dos nossos conceitos e preconceitos. Temos a ideia que a natureza se baseia em nós e então dividimos tudo entre coisas naturais e coisas artificiais, sendo que definimos que as artificiais são as feitas pelos homens e as naturais feitas pela natureza, pelas plantas e pelos animais. Mas isso é uma convenção humana. A verdade é que, se o homem é um animal, tal como todos os outros animais, então é uma criatura natural e sendo uma criatura natural, tudo o que ele faz é natural. Logo, as suas criações são naturais, da mesma maneira que as coisas feitas pelos outros animais também são coisas naturais. E no entanto os homens nem sequer são o animal mais importante da natureza. Os cientistas descobriram que se uma doença extinguisse apenas a espécie humana, todos os outros animais e plantas progrediriam de forma sustentada. Se os insetos se extinguissem, em cerca de cinquenta anos toda a vida na Terra se extinguiria. Para a Terra, os homens são os animais mais nocivos. No entanto, se o homem é um produto da natureza, então tudo o que ele faz também é natural. Apenas por uma convenção de linguagem se estabeleceu que os objetos que ele cria são artificiais, quando, na verdade, são tão naturais quanto tudo o que há na Terra.
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Logo, sendo criações de um animal natural, os computadores, são naturais. Alguns argumentarão que não têm inteligência. Mas será que não passarão a ter em breve? Há já investigações muito avançadas em curso que já criam inteligência artificial. Já vemos robôs por aí muito complexos. Já vemos automóveis que se conduzem sozinhos. Podemos ainda assim considerar que tudo isso é ainda muito rudimentar, mas é apenas uma questão de tempo e vamos ter mecanismos mais inteligentes que os homens; aliás, a jogar xadrez, ou a resolver o cubo de Rubik, já existem máquinas mais inteligentes que o homem. E em pouco tempo toda essa inteligência vai crescer exponencialmente. Alguns animais têm uma inteligência muito rudimentar. Mas, no caso dos computadores, nada garante que, daqui a cem anos, eles não venham a ter uma inteligência igual ou superior à nossa. E, se atingirem o nosso grau de inteligência, será certo de que desenvolverão emoções e sentimentos e tornar-se-ão conscientes. As emoções e a consciência resultam de se atingir um determinado grau de inteligência. Então, o que é a inteligência? A inteligência é a capacidade de fazer raciocínios complexos. Ou seja, a inteligência é uma forma de elevada complexidade. E não é preciso atingir-se o grau da inteligência humana para se criar a consciência. Por exemplo, os cães são muito menos inteligentes do que os homens, mas, se perguntar ao dono de um cão se o seu cão tem emoções e consciência das coisas, ele dirá, sem hesitar, que sim. O cão tem emoções e consciência. Logo, as emoções e a consciência são mecanismos que emergem a partir de um determinado grau de complexidade de inteligência. Portanto, quando os computadores, atingirem esse grau de complexidade, tornar-se-ão emotivos e conscientes. A ideia de máquinas possuírem consciência parece chocante ao comum dos mortais. Porém, a maior parte dos cientistas que lida com este problema acredita ser possível tornar consciente um cérebro artificial. Um cérebro é uma massa orgânica que funciona exatamente como um circuito elétrico. Em vez de ter fios, tem neurónios, em vez de ter chips, tem massa encefálica, mas é precisamente a mesma coisa. O seu funcionamento é determinista. As células nervosas disparam um impulso elétrico em direção ao braço com uma determinada ordem. Uma necessidade diferente produziria a emissão de um impulso diferente conforme o movimento pretendido. Exatamente como um computador. Quando fizermos computadores mais potentes, e cada dia estamos mais perto disso, é possível torná-los tão inteligentes quanto os seres humanos, e até mais. Um inglês chamado Alan Turing, estabeleceu que, no dia em que conseguirmos manter com um computador uma conversa igual à que teríamos com qualquer outro ser humano, então é porque o computador pensa, é porque o computador tem uma inteligência ao nosso nível.
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Paradoxos Autorreferenciais Durante muito tempo, os cientistas acharam que tal não era possível, devido a um complicado problema matemático. A questão dos computadores poderem ou não adquirir consciência está ligada a um dos problemas da matemática, a questão dos paradoxos autorreferenciais: Por exemplo, reparemos na afirmação: Eu só digo mentiras. Há nesta afirmação algo de contraditório. Se é verdade que eu só digo mentiras, então, tendo dito uma verdade, eu não digo só mentiras. Se a frase é verdadeira, então é contraditória, porque eu estou a dizer a verdade e assim, não minto sempre, o que contradiz a afirmação. Durante muito tempo, pensou-se que este era um mero problema de linguagem, resultante das limitações da comunicação humana. Mas, quando este enunciado foi transposto para uma formulação matemática, a contradição manteve-se. Os matemáticos passaram muito tempo a tentar resolver o problema, sempre na convicção de que ele era resolúvel. Essa ilusão foi desfeita em 1931 por um matemático chamado Kurt Gódel (1906 – 1978), que formulou dois teoremas, chamados da Incompletude.
Teoremas da Incompletude Os teoremas da Incompletude são considerados um dos maiores feitos intelectuais do século 20 e deixaram os matemáticos perplexos. A questão essencial é que Gódel provou que não existe nenhum procedimento geral que demonstre a coerência da matemática. Há afirmações que são verdadeiras, mas não são demonstráveis dentro do sistema. Esta descoberta revela que a matemática, tem limitações e como tal não é um meio completo para explicar tudo o que se passa no universo. A maioria das equações e fórmulas da matemática tendem para infinito. E o que é isso do infinito? O que se passa num fenómeno quando a equação está a caminhar para esse tal infinito? Ninguém pode afirmar com certeza; ficamos em zonas dúbias das ferramentas matemáticas. Outro exemplo, o teorema de Pitágoras: se o triângulo retângulo tiver os dois lados de valor igual a 1, o teorema diz que a hipotenusa será igual a raiz de 2. E quanto é a raiz de 2? É 1,414213... e não tem fim… não dá um resultado exato, logo o teorema não resolve todos os casos com precisão. O mesmo acontece em inúmeras situações e com outras formulações. Os teoremas de Gódel sugerem que, por mais sofisticados que sejam, os computadores vão sempre enfrentar essas mesmas limitações. Por ouro lado, apesar de não conseguir mostrar a coerência de um sistema matemático, o ser humano consegue perceber que muitas afirmações dentro do sistema são verdadeiras. Mas o computador, colocado perante tal contradição irresolúvel, bloqueará. Logo, os computadores jamais serão capazes de igualar os seres humanos.
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A grande questão é que nós podemos apresentar ao computador uma fórmula que sabemos ser verdadeira, mas que o computador não pode provar que é verdadeira. Mas o computador pode-nos fazer o mesmo. A fórmula só não é demonstrável para quem está a trabalhar dentro do sistema. Quem estiver fora do sistema consegue provar a fórmula. Isso é válido para um computador como para um ser humano. Conclusão: é possível um computador ser tão ou mais inteligente que as pessoas. Isto serve para provar que não passamos de computadores muito sofisticados. Assim se os computadores muito sofisticados não podem vir a ter alma, então, se nós somos computadores muito sofisticados, também não a podemos ter. A nossa consciência, as nossas emoções, tudo o que sentimos é resultado da sofisticação da nossa estrutura. Quando morrermos, os chips da nossa memória e da nossa inteligência irão desaparecer e nós apagamo-nos. Então, nestes raciocínios, a alma, não passa de uma invenção, de uma maravilhosa ilusão criada pelo nosso ardente desejo de escaparmos à inevitabilidade da morte. Fica assim demonstrado que a visão materialista (não espiritualista) tem um raciocínio lógico por trás e que não é fácil desmontar todos estes argumentos, hipóteses e postulados apresentados, porque repetimos, têm lógica.
Opiniões contrárias à visão materialista Algumas correntes espiritualistas e filosóficas e alguns cientistas acham que os postulados anteriores estão incompletos. Eles acham que adicionalmente existe um fluido vital que alimenta a vida desses átomos, um perispírito que o organiza e uma alma que o faz um ser pensante. Acham que para haver vida não basta haver um conjunto complexo de moléculas; é mesmo preciso um fluido vital que anima essa estrutura para ter comportamentos vitais; adicionalmente ainda é necessário algo que organiza o desenvolvimento molecular de cada órgão para cada função específica – é o perispírito, o qual, também desempenha a função que se chama de Modelo Organizador Biológico (MOB) e a alma é que é o ser pensante, a consciência. O corpo seria somente um veículo temporário da alma que se deita fora quando está velho e se substitui por um novo.
O segredo da vida tem assim uma dualidade de interpretações: Para uns está só nos átomos que constituem as moléculas, está na sua estrutura, na sua organização complexa e essa estrutura existe porque obedece a leis de organização espontânea da matéria, e assim a vida é o produto da complexidade da matéria inerte, e a consciência é o produto da complexidade dessa organização da matéria. Porém, para os outros é necessário, além desta organização que não poem em causa, acrescentar o mencionado fluido vital, o MOB e a alma, sendo que a ciência não sabe nada sobre o que são estas três coisas. Assim, a ciência materialista, ainda não sabendo pronunciar-se sobre esta opinião de uma forma comprovada, descarta esta hipótese.
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O sobrenatural O sobrenatural é aquilo que nós invocamos quando desconhecemos uma coisa natural. Antigamente, uma pessoa adoecia e dizia-se: está possuído pelos maus espíritos. Hoje, a pessoa adoece e nós dizemos: está possuído por bactérias ou por vírus ou por outra coisa qualquer. A doença é a mesma, o nosso conhecimento sobre as suas causas é que mudou. Quando desconhecíamos as causas, invocávamos o sobrenatural. Agora que as conhecemos, invocamos o natural. O sobrenatural não é mais do que uma fantasia alimentada em torno do nosso desconhecimento sobre o natural. Não há sobrenatural; há apenas o natural que nós desconhecemos. Tudo o que nos rodeia tem uma explicação. As coisas regem-se por leis universais, absolutas e eternas. É verdade que as leis do universo têm os atributos que nós geralmente relacionamos com Deus, mas isso acontece por razões naturais, não por razões sobrenaturais. As leis do universo têm esses atributos porque é essa a sua natureza. Por exemplo, elas são absolutas porque não dependem de nada, afetam os estados físicos mas não são afetadas por eles. São eternas porque não mudam com o tempo, eram as mesmas no passado e continuarão a ser as mesmas no futuro. São omnipotentes porque nada lhes escapa, exercem a sua força em tudo o que existe. São omnipresentes porque se encontram em qualquer parte do universo, não há umas leis que se aplicam aqui e outras diferentes que se aplicam ali. E são omniscientes (sabem tudo) porque exercem automaticamente a sua força, não precisam que os sistemas as informem da sua existência.
De onde vêm as leis do universo A origem das leis do universo constitui um grande segredo. É verdade que essas leis têm todos os atributos que normalmente nós conferimos a Deus. Mas, o facto de não conhecermos a sua origem não implica necessariamente que elas provenham do sobrenatural. Usamos o sobrenatural para explicar o que ainda não sabemos, mas que tem uma explicação natural. Se usarmos o sobrenatural, estamos a recorrer ao Deus das falhas. Daqui a algum tempo descobrir-se-á a verdadeira causa e nós fazemos figura de parvos. A Igreja, por exemplo, fartou-se de usar o Deus das falhas para explicar coisas que antigamente não tinham explicação, e depois sofreu a enorme vergonha de ter de se desdizer quando foram feitas descobertas que desmentiam a explicação divina. Giordano Bruno, Copérnico, Galileu, Newton e Darwin são os casos mais conhecidos que sofreram com a perseguição da Inquisição. Existe um determinado número de propriedades do universo que impedem de afirmar categoricamente de que Deus não existe. A questão da origem das leis fundamentais é uma delas. A sua existência serve para nos lembrar que se esconde um grande segredo por detrás do universo.
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O livre arbítrio Einstein terá proferido: “A Natureza esconde o seu segredo devido à sua essência majestosa, nunca para enganar alguém”. Einstein estava a referir-se a uma característica do universo, que é a forma como os segredos mais profundos se mantêm habilmente ocultos. Por mais que tentemos chegar ao cerne de um enigma, descobrimos que existe sempre uma barreira que nos impede de o desvendar completamente. Há até uma afirmação no mesmo sentido: “Quanto mais sei, mais sei que nada sei”. Um exemplo: a questão do determinismo e da livre vontade. Este é um problema que tem atormentado a filosofia durante muito tempo, e que foi retomado pela física e pela matemática. Como saber se nós tomamos decisões livres ou não? Não teremos feito alguma tarefa por estarmos condicionados psicologicamente pelos factos que deram origem à nossa decisão? Não estaremos a comer algo por estarmos condicionados por uma cisma, pela nossa saúde, ou pelo nosso organismo, ou por nos encontrarmos influenciados por um qualquer anúncio televisivo sem que disso tenhamos consciência? Até que ponto somos mesmo livres? Não se estará a dar o caso de tomarmos decisões que parecem ser livres mas que, se formos a analisar a sua origem profunda, são condicionadas por um número sem fim de fatores, de cuja existência muitas vezes nem nos apercebemos? Será que a livre vontade não passa afinal de uma ilusão? Será que está tudo determinado, apesar de não termos consciência disso? Qual é a resposta da ciência? Afinal somos livres ou não?
O determinismo O primeiro grande defensor do determinismo foi um grego chamado Leucipo. Ele afirmou que nada acontece por acaso e tudo tem uma causa. Platão e Aristóteles, no entanto, pensavam de outra maneira e deixaram espaço aberto à livre vontade, um ponto de vista que a Igreja adotou. Isso convinha à Igreja. Se o homem tinha livre vontade, Deus ficava desresponsabilizado de todo o mal que ocorria no mundo. Durante séculos prevaleceu assim a ideia de que os seres humanos dispõem de livre vontade. Só com Newton e o avanço da ciência é que o determinismo foi recuperado, ao ponto de um dos mais importantes físicos do século 18, Laplace (1749 – 1827), ter feito uma importante constatação. Ele observou que o universo obedece a leis fundamentais e previu que, se conhecermos essas leis e se soubermos a posição, a velocidade e a direção de cada objeto e de cada partícula existente no universo, seremos capazes de conhecer todo o passado e todo o futuro, uma vez que tudo já se encontra determinado. Chama-se a isso o Demónio de Laplace. Tudo está determinado. Einstein concordava com este ponto de vista e as teorias da Relatividade foram construídas segundo o princípio de que o universo é determinista. Mas isto ficou mais complicado quando apareceu a Física Quântica, que veio trazer uma visão indeterminista ao mundo dos átomos. A formulação do indeterminismo quântico deve-se a Heisenberg,
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que, em 1927, constatou que não é possível determinar ao mesmo tempo, e de forma rigorosa, a velocidade e a posição de uma micropartícula. Nasceu assim o Princípio da Incerteza, que veio afirmar: o comportamento dos grandes objetos é determinista, o comportamento dos pequenos é indeterminista. Foi esse o problema que lançou a busca de uma Teoria do Tudo, capaz de conciliar essas contradições. É esse, hoje em dia, o grande sonho da física. Os cientistas estão à procura de uma grande teoria que, entre outras questões, una a Relatividade e a Física Quântica e resolva o problema do determinismo ou indeterminismo do universo. Porém, o Princípio da Incerteza diz que não é possível determinar com exatidão o comportamento de uma partícula devido à presença do observador. Então, o Princípio da Incerteza, que é verdadeiro, feriu o senso comum, comprovou ser verdadeiro o que nós pensávamos estar errado. Nós sempre achámos ser um conjunto de asneiras o que alguns físicos diziam de que uma partícula só decide em que sítio se encontra quando aparece um observador. Na realidade, a história está cheia de casos que demonstram que a maioria da população (e seus sensos comuns) está errada nas suas crenças e convicções. É aquela experiência de que, se se puser um eletrão numa caixa e se separarmos essa caixa em duas partes, o eletrão está nas duas ao mesmo tempo e só quando alguém abrir uma das partes é que o eletrão decide onde vai ficar. Isso foi gozado por Einstein e por outros físicos. Eles recorreram a diversos exemplos para expor o absurdo dessa ideia, o mais famoso dos quais é o do gato de Schrodinger. Schrodinger demonstrou que, a ser verdadeira a ideia de que uma partícula está em dois sítios ao mesmo tempo, também um gato estaria vivo e morto ao mesmo tempo, o que parece um absurdo. Apesar de parecer absurdo está provado que bate certo. Então colocou-se a questão de saber se a interpretação estava correta. Heisenberg estabeleceu que não é possível determinar em simultâneo, e de modo exato, a posição e velocidade de uma partícula devido à influência do observador. Foi este enunciado que levou a que se afirmasse que o universo das micropartículas tem um comportamento indeterminista. É que não se consegue determinar o seu comportamento. Mas isso pode não querer dizer que o comportamento seja indeterminista. O Princípio da Incerteza nunca estabeleceu que o comportamento das micropartículas é indeterminista. O que se verificou é que esse comportamento não pode ser determinado, devido à presença do observador e à sua interferência nas partículas observadas. O Princípio da Incerteza diz-nos também que nunca poderemos provar que o comportamento da matéria é determinista, uma vez que, quando o tentamos fazer, a interferência da observação impede-nos de comprovar isso. O Princípio da Incerteza veio expor uma propriedade estranha e fundamental do universo: A história encontra-se determinada desde o nascer dos tempos, mas nós nunca o
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poderemos provar e jamais poderemos conhecê-la com exatidão. Ficámos a saber que, embora tudo esteja determinado, a realidade nunca a poderemos saber. O universo esconde o seu segredo, mas fá-lo devido à sua imensa complexidade. A incapacidade para determinar o comportamento da matéria aplica-se a todos os níveis do universo.
Indeterminabilidade quântica Antigamente pensava-se que só havia indeterminabilidade quântica. A Teoria da Relatividade e a Física Clássica de Newton eram deterministas. Afirmava-se que se se souber a posição, a velocidade e a direção da Lua, poderemos calcular com exatidão todos os seus movimentos passados e futuros. Porém, foram feitas descobertas posteriores que mudaram tudo. Por exemplo: por que razão não conseguimos prever com rigor o estado do tempo? Por que razão o boletim meteorológico na televisão prevê para o dia seguinte céu limpo e depois aparecem algumas nuvens a passar, e até chuva, desmentindo a previsão? O problema está na equação. Em 1961, um meteorologista chamado Edward Lorenz (1917 – 2008) sentou-se diante de um computador e pôs-se a ensaiar previsões meteorológicas sobre o comportamento do clima a longo prazo com base em apenas três variáveis: a temperatura, a pressão do ar e a velocidade do vento. A experiência nada revelaria de especial se não se tivesse dado o caso de ele ter querido examinar uma determinada sequência com mais pormenor. Repetiu o ensaio, e ao introduzir de novo este dado com parte decimal grande 0,506128 ele simplificou e introduziu apenas 0,506. Com este dado em que simplificou a parte decimal, Lorenz descobriu que a nova previsão meteorológica feita pelo computador era totalmente diferente da anterior. Totalmente intrigado, foi tentar ver o que mudara. Depois de analisar tudo, percebeu que por ter introduzir este dado mais simplificado de uma sequência mais longa, o programa determinou um resultado bem diferente. Confrontado com esta situação, ele apercebeu-se de que uma alteração muito pequena dos dados, uma coisa insignificante, alterava totalmente a previsão. Era como se uma mera lufada de vento imprevista tivesse o poder de mudar o estado do tempo em todo o planeta. Lorenz descobriu o caos.
A teoria do caos A Teoria do Caos constitui um dos mais fascinantes modelos matemáticos existentes e ajuda a explicar muitos comportamentos do universo. A ideia fundamental dos sistemas caóticos é simples de formular. Pequenas alterações nas condições iniciais provocam profundas alterações no resultado final. Ou seja, pequenas causas, grandes efeitos.
Efeito Borboleta O exemplo mais famoso é o chamado Efeito Borboleta. O bater de asas de uma borboleta por exemplo na Índia vai alterar muito pouco a pressão do ar em redor de si. Essa pequeníssima alteração irá produzir um efeito dominó nas moléculas de ar, ao ponto de,
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dali a algum tempo, provocar uma enorme tempestade no golfo do México no sul dos Estados Unidos. É isso o Efeito Borboleta. Agora, transportando o efeito desta pequena borboleta para o efeito de todas as borboletas no mundo e de todos os animais, o que resulta daqui, é uma situação imprevisível. Resumindo: a matéria organiza-se de tal maneira que não é possível prever o seu comportamento a longo prazo, embora ele já esteja determinado. A Teoria do Caos está presente por todo o lado. Se calhar, no mundo quântico esse comportamento já está determinado, mas as flutuações das suas condições iniciais são de tal modo pequenas que não nos é possível antecipar a evolução futura. É por isso que, para efeitos práticos, o mundo quântico nos parece indeterminista. Na verdade, as micropartículas têm um comportamento determinista, mas o facto é que não o conseguimos determinar. Acredita-se que isso se deve à influência da observação, conforme estabelecido inicialmente pelo Princípio da Incerteza, mas também devido a característica dos sistemas caóticos serem indetermináveis. E isto acontece com coisas minúsculas, como os átomos ou as moléculas mas também em toda a parte, incluindo nos grandes objetos. O próprio sistema solar, que parece ter um comportamento previsível, é, na verdade, um sistema caótico. O que se passa é que nós não nos apercebemos disso porque observamos movimentos muito lentos. Mas o sistema solar é caótico. Uma simulação feita por um computador calculou, que se a Terra começasse a orbitar o Sol a apenas cem metros de distância do local onde efetivamente começou, ao fim de cem milhões de anos afastar-se-ia quarenta milhões de quilómetros da rota original. Comprova-se assim que, pequenas causas originam grandes efeitos. As nossas vidas também são geridas pelo caos. Imaginemos, por exemplo, que uma pessoa se mete no seu carro e, antes de arrancar, percebe que a porta do carro está mal fechada. Então, abre a porta, fecha-a de novo e arranca. A pessoa perdeu alguns segundos neste processo. Quando chegar ao primeiro cruzamento, aparece um camião que embate contra o carro. Resultado, a pessoa ficou gravemente ferida e inválida para o resto da vida. Agora, imaginemos que a pessoa tinha fechado bem a porta do carro à primeira. Arrancou imediatamente o carro e chegou ao cruzamento alguns segundos antes. Olha para a direita, vê o camião a aproximar-se, espera que ele passe e depois prossegue a sua viagem sem nada de grave lhe ter acontecido. É isto a Teoria do Caos. Por causa da porta do carro mal fechada, perdeu alguns segundos que lhe vão fazer grande diferença para o resto da vida. Aqui está uma situação de pequenas causas, grandes efeitos. Tudo por causa de uma coisa tão pequena. Contudo, já estava determinado que a pessoa ia fechar mal a porta do carro. É que a pessoa estava nervosa e bateu a porta desconcentrada. E estava nervosa porque dormiu mal naquela noite e acordou maldisposta. E acordou maldisposta porque dormiu pouco. E dormiu pouco porque se deitou tarde. E deitou-se tarde porque teve uma discussão com o filho. E teve essa discussão por um comportamento errado do filho… e por isto ou por aquilo. Tudo é causa de tudo e provoca consequências que se tornam causas de outras
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consequências, num eterno efeito dominó, em que tudo está determinado mas permanece indeterminável. O próprio motorista do camião podia ter travado a tempo, mas não o fez porque viu uma rapariga bonita de minissaia que lhe atraiu a atenção e ele olhou para o lado. E a rapariga passou ali naquele instante porque se atrasou. E ela atrasou-se por causa de um telefonema do namorado. E o namorado ligou-lhe por isto ou por aquilo. Tudo é causa e consequência.
Demónio de Laplace Então vamos imaginar que é possível colocar todos os dados do universo num supercomputador. Nesse caso, conseguiríamos prever todo o passado e todo o futuro. O Demónio de Laplace aplicar-se-ia. Todo o passado e o futuro já existem e se nós soubéssemos todas as leis e conseguíssemos definir com precisão, e em simultâneo, a velocidade, direção e posição de toda a matéria, conseguiríamos ver todo o passado e todo o futuro. Essa é mais uma característica escondida do universo. Se nós conseguíssemos saber tudo sobre o estado presente do universo, conseguiríamos determinar o passado e o futuro, uma vez que já está tudo determinado. Mas mesmo do ponto de vista teórico não é possível saber tudo sobre o estado presente do universo por causa de outra característica não percetível do universo. O infinito. Tem a ver com o Paradoxo de Zenão:
Paradoxo de Zenão Lembram-se daquela história da corrida entre uma tartaruga e uma lebre. A tartaruga arranca primeiro, mas a lebre, que é muito mais rápida, depressa a ultrapassa. O problema é que, segundo Zenão, a lebre nunca poderá apanhar a tartaruga porque o espaço que as divide é infinitamente divisível. Para correr um metro, a lebre tem de correr metade dessa distância. E essa metade também é divisível por outra metade, e a outra metade por outra metade, e assim infinitamente. O Paradoxo de Zenão mostra o problema matemático já anteriormente referido do infinito. O que é isso do infinito? É não ter fim. E o que é isso de não ter fim? Podemos ir por aqui fora sempre sem uma resposta cabal, porque há coisas para as quais a nossa linguagem só dá uma ideia aproximada e nós ainda não desenvolvemos capacidades intelectuais para perceber grandezas e conceitos mais complexos. Isto prova que o infinito é um problema que não conseguimos ultrapassar para a obter uma previsão cabal. Voltando ao exemplo do estado do tempo, a previsão a longo prazo é impossível por duas razões. Mesmo que eu saiba quais são todos os fatores que influenciam o estado do tempo, eu teria de os considerar a todos. A respiração de cada animal, o movimento de qualquer ser vivo, a atividade solar, uma erupção vulcânica, o fumo que cada automóvel emite para a atmosfera, cada chaminé, cada fábrica, tudo. Na prática, é impossível ter em conta todos estes fatores em simultâneo.
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Problema do Infinito A segunda razão está relacionada com o problema do infinito. Por exemplo, vamos imaginar que eu teria de medir a temperatura global num dado momento para poder fazer deduções. Suponhamos que no Porto, eu colocava o termómetro e media ao meio dia 20 graus. Mas esta medição está incompleta. Eu só medi as unidades. Nós já sabemos que as pequenas alterações nas condições iniciais conduzem a grandes alterações nas condições finais. Se assim é, saber qual é a temperatura com precisão, com décimas, centésimas, milésimas, etc. é muito importante. Poderemos acrescentar mais alguns algarismos decimais à medida da temperatura mas como a parte decimal da medida seria enorme a Teoria do Caos diz que todas as casas decimais são importantes. Portanto, temos de pôr os valores seguintes, por muito minúsculos que sejam, uma vez que qualquer pequena alteração pode produzir efeitos enormes. Isto significa é que a medição daquela temperatura teria de levar um número infinito de algarismos e isso não é possível. Por mais algarismos que ponhamos, nunca poderemos saber com exatidão a temperatura num determinado lugar e hora, uma vez que teríamos de fazer uma conta que envolvia dados enormes. Mas a temperatura que se verifica num local é certamente ligeiramente diferente da temperatura existente a apenas um metro de distância. Logo, teríamos de medir todos os espaços. E isto é impossível. No Paradoxo de Zenão, verifica-se que cada metro é infinitamente divisível. Logo teríamos de medir a temperatura em todos os espaços existentes para poder saber quais as condições iniciais. Como a distância entre cada espaço, por mais pequena que seja, é sempre divisível pela metade, nós nunca conseguiríamos medir todo o espaço. O mesmo se aplica na medida do tempo. A diferença entre um segundo e outro é infinitamente divisível. Ora, entre um instante e o outro pode haver muito ligeiras variações de temperatura que têm de ser medidas. Mas como a divisão entre o tempo é igualmente infinita, segundo o princípio enunciado pelo Paradoxo de Zenão, nós nunca conseguiríamos obter essas medições todas. O Paradoxo de Zenão mostra-nos que existe tantas divisões de espaço num metro como no universo inteiro (ou seja essa coisa estranha de infinito); e no tempo existem tantas divisões do tempo de um segundo como em toda a eternidade, e esta é uma propriedade desconhecida do universo. No Teorema da Incompletude de Gõdel vimos que um sistema matemático não consegue provar todas as suas afirmações. Os teoremas da Incompletude mostraram uma nova característica desconhecida do universo. Através destes dois teoremas, o que o universo nos diz é o seguinte: há certas coisas que vocês, seres humanos, sabem que são verdadeiras, mas jamais poderão prová-lo devido à forma majestosa como eu, o universo, escondi alguns detalhes. Vocês poderão conhecer grande parte da verdade, mas as coisas estão concebidas de tal modo que nunca conseguirão percebê-la totalmente.
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Tudo isto demonstra o que afirmamos num dos primeiros capítulos: Tudo está ligado a tudo, até o que não parece ter ligação e a linguagem matemática não consegue descrever totalmente todos os segredos do universo. Essa é uma propriedade estranha do universo: a forma como ele esconde detalhes da verdade final. Está tudo determinado, mas tudo é indeterminável. A matemática é a linguagem do universo; porém, quando vamos ao fundo das coisas, encontramos sempre uma barreira que esconde detalhes importantes para desvendar todos os segredos do universo. Haverá sempre coisas desconhecidas algures no universo.
Houve ou não houve Criação? Em Astrofísica, o ponto Alfa é o início do universo; o ponto Ómega é o fim do universo. Por que razão o universo tem de ter um princípio e um fim? Qual o problema de o universo ser eterno? Poderá ele ser eterno? Ninguém sabe. Mas é um assunto que tem de ser estudado se queremos avançar em conhecimento acerca do universo do qual fazemos parte. A questão do princípio e do fim do universo não é uma questão somente científica; é também um problema espiritual, um problema teológico (teo - vem do grego e quer dizer Deus – o estudo acerca da divindade, sua essência, existência e atributos). Houve ou não houve Criação? Baseada no que está escrito na Bíblia, a Igreja sempre preconizou um princípio e um fim, um Génesis e um Apocalipse, um Alfa e um Ómega. Mas, na sequência das descobertas de Copérnico, Galileu e Newton, os cientistas passaram a achar que a hipótese de um universo eterno era a mais provável. O problema da Criação remete para o problema do Criador, pelo que, eliminando-se a Criação, eliminase a necessidade de um criador. Será possível demonstrar que o universo não é eterno? A primeira informação surge na Bíblia. Segundo relata o Antigo Testamento, Deus criou o universo numa explosão primordial de luz. Embora esta permanecesse a explicação para as religiões judaica, cristã e muçulmana, ela veio a ser questionada pela ciência. A Bíblia não é um texto científico, mas a tese do universo eterno tornou-se a explicação mais aceite. Porém, no século 19 foi feita uma das maiores descobertas efetuadas pela ciência, uma revelação que veio pôr em causa a ideia do universo com idade infinita.
Termodinâmica e universo A termodinâmica (do grego - termo, significa calor; dinâmica se relaciona com movimento) é o ramo da física que estuda as causas e os efeitos das mudanças na temperatura, pressão e volume. Grosso modo, calor significa energia em movimento, e dinâmica se relaciona com movimento. A termodinâmica estuda o movimento da energia e como a energia cria movimento.
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A segunda lei da termodinâmica diz que quando um corpo entra em contacto com outro, a energia dos dois corpos tende a dividir-se por igual, até que os dois corpos fiquem com a mesma temperatura, em equilíbrio térmico. Por exemplo, se misturarmos um pouco de água a ferver (100º) com um pouco de água fria (a 10º), elas não ficam separadas pelas temperaturas iniciais. Ao fim de algum tempo toda a água que misturamos fica com a mesma temperatura. Também de acordo com esta mesma lei, trabalho pode ser completamente convertido em calor, e assim em energia térmica, mas energia térmica não pode ser completamente convertida em trabalho. A entropia mede a incapacidade de algo ser reversível – ir num sentido mas não poder completamente inverter a situação, e geralmente denomina-se por desordem. Com a entropia procura-se medir a parcela de energia que não pode mais ser transformada em trabalho. A entropia representa-se pela letra S. Se os processos do universo forem irreversíveis, diz-se que a entropia aumenta e é positiva, logo tem que ser maior que zero, isto é S>0. Clausius (1822 – 1888), em 1861 descobriu que a variação da entropia do universo é sempre maior do que zero S>0. Então os processos do universo são irreversíveis, vão sempre num sentido e não voltam atrás. Clausius já tinha formulado a lei da conservação da energia, afirmando que a energia do universo é uma eterna constante, nunca pode ser criada nem destruída, apenas transformada. Depois decidiu propor o conceito de entropia, que abarca todas as formas de energia e a temperatura, acreditando que ela também seria uma eterna constante. Se o universo era eterno, a energia teria de ser eterna e a entropia também. Mas quando começou a fazer medições, descobriu, que as fugas de calor de uma máquina excediam sempre a transformação do calor em trabalho, provocando ineficiências. Mediu também a natureza, incluindo o ser humano, e concluiu que o fenómeno persistia em toda a parte. Então, a entropia não era uma constante, antes estava sempre a aumentar. Clausius detetou que a entropia existia em todo o universo. A consequência desta descoberta é que as coisas envelhecem. Isto veio provar três coisas. A primeira é que, se as coisas envelhecem, então haverá um ponto no tempo em que vão morrer. Isso acontecerá quando a entropia atingir o seu ponto máximo, no momento em que a temperatura se espalhar uniformemente pelo universo. A segunda é que o universo evolui sempre do passado para o futuro. Esta lei implica que tudo evolui com o tempo. A terceira coisa é que, se está tudo a envelhecer, é porque houve um momento em que tudo era novo, um momento em que a entropia era mínima. O momento do nascimento. Clausius demonstrou que houve um nascimento do universo. Isto é, já no século 19 se sabia que o universo não era eterno e os cientistas logo perceberam que a ideia de um universo eterno era incompatível com a existência de processos físicos irreversíveis. O universo está a evoluir para um estado de equilíbrio
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termodinâmico, em que deixa de haver zonas frias e zonas quentes, antes uma temperatura constante em toda a parte, o que implica entropia total, ou máxima desordem. Ou seja, o universo parte de total ordem para acabar em total desordem.
Paradoxo de Olbers Esta descoberta foi acompanhada pelo aparecimento de outros indícios. Um deles é o Paradoxo de Olbers. O Paradoxo de Olbers está relacionado com a escuridão do céu. Se o universo é infinito e eterno, então não pode haver escuridão à noite, uma vez que o céu estaria obrigatoriamente inundado de luz proveniente de um número infinito de estrelas. Mas a escuridão existe, o que é um paradoxo. Este paradoxo só se resolve se se atribuir uma idade ao universo, dado que assim se pode postular que a Terra só recebe a luz que teve tempo de viajar até ela desde o nascimento do universo. Essa é a única explicação para o facto de existir escuridão à noite. Portanto, houve mesmo um ponto Alfa. Mas temos outro problema relacionado com a gravidade. Os cientistas presumiam que o universo, sendo eterno, era também estático, e foi nesse pressuposto que assentou toda a física de Newton. O próprio Newton, porém, apercebeu-se de que a sua lei da gravidade, que estabelece que toda a matéria atrai matéria, tinha como consequência que todo o universo estaria amalgamado numa grande massa. A matéria atrai a matéria. Porém, olhando para o céu, a matéria está distribuída. Newton pensava que era o facto de o universo ser infinito que impedia que a matéria se amalgamasse toda. A resposta foi dada pelo astrónomo Hubble na década de 1920.
O universo está em expansão Hubble confirmou a existência de galáxias para além da Via Láctea, e quando se pôs a medir o espetro da luz que elas emitiam, percebeu que se estavam todas a afastar de nós. Ele verificou ainda que quanto mais longe se encontrava uma galáxia, mais depressa ela se afastava. Foi assim que se percebeu a razão pela qual, devido à lei da gravidade, o universo não estava amalgamado numa única e enorme massa. É que o universo está em expansão. Mas se toda a matéria do universo está a afastar-se uma da outra, é porque no passado esteve junta. A descoberta do universo em expansão implica que houve um momento inicial em que tudo se encontrava junto e foi projetado em todas as direções e os cientistas perceberam que isso batia certo com a Teoria da Relatividade Geral, que permitia o conceito de um universo dinâmico (em movimento).
Big Bang Com base nestas descobertas, um padre belga, chamado Georges Lemaítre, na década de 1920, propôs o Big Bang. A grande explosão. O universo começou com uma grande explosão súbita, embora a expressão mais adequada seja expansão.
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Logo não houve um antes. O universo começou com o Big Bang. O Big Bang implica que não havia espaço sequer. O espaço nasceu com a grande expansão súbita. Como as teorias da Relatividade estabelecem que espaço e tempo são duas faces da mesma moeda, se o espaço nasceu com o Big Bang, o tempo também nasceu com esse acontecimento primordial. Este problema do momento inicial é o mais complexo de toda a teoria. Chamam-lhe uma singularidade. Pensa-se que todo o universo se encontrava comprimido num ponto muito pequeno de energia e que, de repente, houve uma erupção, na qual se criou a matéria, o espaço, o tempo e as leis do universo. Mas o que provocou essa expansão súbita? Os próprios cientistas se mostram ainda perplexos perante esta pergunta. Todos os acontecimentos têm causas e os seus efeitos tornam-se causas dos acontecimentos seguintes. Primeiro vem a causa, depois produz-se o efeito. Ora se o tempo ainda não existia naquele ponto muito pequeno, como podia um acontecimento gerar outro? Não havia antes nem depois. Logo, não havia causas nem efeitos, porque nenhum acontecimento podia preceder o outro. Isto é o que entendemos do Big Bang com os conhecimentos que temos hoje.
Radiação Cósmica de Fundo Porém se assim foi, a haver uma grande expansão inicial, os cientistas perceberam que teria de existir uma radiação cósmica de fundo, uma espécie de eco dessa erupção primordial do universo. A existência desse eco foi prevista em 1948 e preconizava que teria uma temperatura por volta dos cinco graus Kelvin, ou seja, cinco graus acima do zero absoluto. De facto, em 1965, dois astrofísicos americanos estavam a levar a cabo trabalho experimental numa grande antena de comunicações de New Jersey quando depararam com um irritante barulho de fundo, que parecia vir de toda a parte do céu. Por mais que virassem a antena para um lado ou para outro, na direção de uma estrela ou de uma galáxia, de um espaço vazio ou de uma nebulosa distante, o som persistia. Andaram um ano a tentar eliminá-lo, procuraram uma qualquer fonte que estivesse na origem do ruído. A explicação veio dos cientistas da Universidade de Princeton, era o eco do Big Bang. O que eles estavam a captar era a luz mais antiga que chegou até nós, uma luz que o tempo tinha transformado em micro-ondas. Chama-se a isso radiação cósmica de fundo e as medições térmicas revelaram que ela se encontra nos três graus Kelvin, muito próximo da previsão feita em 1948. Quando se liga um televisor dos antigos, antes do TDT, numa frequência em que não há emissão, vê-se uns pontinhos no ecrã que parece chuva e ouvese um ruído desagradável; um por cento desse efeito é proveniente desse eco do Big Bang. Quando estamos a ver um televisor dos antigos e vemos aquele granizo no ecran e ouvimos aquele ruído no altifalante, estamos a ver o nascimento do universo. Essa erupção inicial, foi demonstrada matematicamente. Penrose (1931 – ainda vivo em 2017) e Stephen Hawking fizeram prova de uma série de teoremas que mostram que o Big Bang é inevitável.
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Acontecimentos logo a seguir ao Big Bang De acordo com os dados atuais, o Big Bang aconteceu há cerca de 14 mil milhões de anos. A energia estava concentrada num ponto e expandiu-se numa enorme expansão. Segundo a famosa equação de Einstein, onde a energia equivale a massa, o que se passou foi que a matéria emergiu da transformação da energia. No primeiro instante apareceu o espaço e logo se expandiu. Ora, como o espaço está ligado ao tempo, o aparecimento do espaço implicou automaticamente o aparecimento do tempo, que também se expandiu. Nesse primeiro instante nasceu uma super força e apareceram todas as leis. A temperatura era imensa, umas dezenas de milhares de milhões de graus. A super força começou a separar-se em forças diferentes. Iniciaram-se as primeiras reações nucleares, que criaram os núcleos dos elementos mais leves, como o hidrogénio e o hélio, e ainda vestígios de lítio. Em três minutos foi produzida noventa e oito por cento da matéria que existe ou alguma vez existirá. Noventa e oito por cento da matéria que existe foi formada a partir da erupção de energia. Até os átomos que fazem parte do nosso corpo remontam a esse momento do Big Bang. Depois da erupção inicial, o universo começou a organizar-se automaticamente em estruturas, obedecendo às leis criadas nos primeiros instantes. Com o tempo, as temperaturas baixaram até atingirem um ponto crítico em que a super força se desintegrou em quatro forças: primeiro a força da gravidade, depois a força forte, finalmente separaram-se a força eletromagnética e a força fraca. A força da gravidade organizou a matéria em grupos localizados. Ao fim de duzentos milhões de anos, acenderam-se as primeiras estrelas. Nasceram os sistemas planetários, as galáxias e os grupos de galáxias. Os planetas eram inicialmente pequenos corpos incandescentes que orbitavam as estrelas, como se fossem estrelas pequenas. Esses corpos arrefeceram ao ponto de solidificarem, como aconteceu com alguns planetas do sistema solar. Neste processo ao fim de cerca de 10 mil milhões de anos surge a nossa estrela, o Sol.
Ressurreição é impossível Face ao explicado, quase todos os átomos que se encontram no nosso corpo já passaram por diversas estrelas e já ocuparam milhares de organismos diferentes até chegarem a nós. E temos tantos e tantos átomos que se calcula que cada um de nós possui pelo menos um milhão que já pertenceu a qualquer pessoa que viveu há muito tempo. Isto significa, que cada um de nós tem muitos átomos que já estiveram em muitos dos corpos dos nossos antepassados, em outras pessoas e outros seres vivos incluindo todos os animais e todas as plantas e até, eventualmente alguns de Abraão, Moisés, Jesus, Buda, Maomé, etc. e também em corpos inorgânicos. É precisamente este ponto que mais contesta a crença na ressurreição; esta é impossível! Não é possível ressuscitar porque não há átomos que formem moléculas orgânicas suficientes para todos os seres que já existiram. E se os mesmos átomos pertenceram a vários corpos, que corpos eles iriam formar na hipotética ressureição? O primeiro? O segundo? O terceiro? E assim sucessivamente. E se formassem por exemplo o segundo corpo não poderiam
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simultaneamente formar os outros corpos. Adicionalmente, de nada serviria, como veremos, porque a Terra é finita. Vai desaparecer.
Fim do Sol determina o fim da Terra e a impossibilidade da ressurreição
A crosta terrestre, como podemos ver nos diagramas acima, tem uma espessura muito pequena. É apenas na crosta terrestre que se encontram as moléculas orgânicas e inorgânicas que mantêm a vida, e o seu número é pequeno. Ao fim de 4,5 milhões de anos que tem a existência do Homem na Terra, essas matérias já fizeram parte do corpo de vários homens. Na ressurreição, essa única matéria iria para que corpo, uma vez que pertenceu a vários corpos? Essa matéria, sendo limitada e pouca, não seria suficiente para restaurar todos os homens; logo não poderiam ressurgir todos os homens. Poder-se-ia argumentar que Deus, podendo tudo, iria fazer um milagre de multiplicação de moléculas. Mas as leis de Deus são imutáveis e as observações científicas, nomeadamente as astronómicas, demonstram que nada no universo teve um comportamento diferente de outras observações, isto é, Deus nunca derrogou as Suas Leis. Porque o faria apenas na Terra quando já foi observado que todos os astros criados por Deus morrem? Foi observado que o sistema solar é idêntico a outros sistemas. O Sol é uma estrela e por isso vai morrer um dia. Para explicar isto, os astrónomos criaram uma teoria, com a qual podemos entender a formação de uma estrela, o que ocorre com ela ao longo do tempo, as mudanças de brilho e tamanho, e várias outras coisas.
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O Sistema solar está agora na fase da tranquilidade. Essa fase de tranquilidade deve durar, no total, cerca de 10 mil milhões de anos. Como ela se iniciou há cerca de 4,5 mil milhões de anos, o Sol ainda tem pela frente aproximadamente 5,5 mil milhões de anos de tranquilidade.
Sol, Mercúrio, Vénus, Terra com a Lua, Marte, Cintura de asteróides, Júpiter, Saturno, Urano, Neptuno, Plutão e um Cometa
Mas, para nós na Terra, essa fase não será assim tão calma, porque a luminosidade do Sol sempre aumenta, ainda que de forma lenta, e deverá dobrar ao final dos 9 mil milhões de anos. Ficando mais brilhante, o Sol vai aquecer mais a Terra. Com mais calor, toda a água do nosso planeta vai evaporar. Não sabemos exatamente quando isso vai acontecer, mas poderá ser em pouco mais de 3 mil milhões de anos.
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Antes do final, o Sol transformar-se-á numa fornalha que empurrará as camadas externas do Sol para fora, transformando-o numa estrela gigante, uma Gigante Vermelha. Essa fase irá durar "apenas" pouco mais de mil milhões de anos. Nessa fase, o Sol alcançará uma luminosidade 2 mil vezes maior que a atual e um diâmetro 200 a 300 vezes maior que o presente. Com um diâmetro tão grande, a Terra ficará ou dentro do Sol ou muito próximo dele. Nesta situação toda a matéria será queimada, melhor, calcinada a mais de 3000º de temperatura. Nada restará na Terra para formar vida e provavelmente a Terra desaparecerá. Não é possível a ressurreição na Terra. Não haverá nenhum Paraíso na Terra. Ponto final.
Caso semelhante ao sistema solar e o seu fim, o que indicia o mesmo fim para o nosso Sol e a nossa Terra
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A Terra será calcinada pelo Sol. Não haverá nenhum Paraíso na Terra. Não haverá ressurreição dos corpos. Só os nossos Espíritos manterão a individualidade.
O Sol tem agora cerca de 5 mil milhões de anos e daqui a cerca de outros 5 mil milhões de anos vai morrer. Neste processo, primeiro vai morrer a Terra, depois morrerá o Sol, depois morrerá a galáxia, por último morrerá o universo. É essa a consequência inevitável da segunda lei da termodinâmica. O universo caminha para a entropia total. Tudo o que nasce, morre, o que nos encaminha para o fim do universo.
Fim do Universo Tudo indica que para o fim do universo existem duas possibilidades: - A primeira é o chamado Big Freeze, ou Grande Gelo. Seria uma consequência da já mencionada segunda lei da termodinâmica e da expansão eterna do universo. As mais recentes observações confirmam que o universo está a expandir-se de uma forma acelerada. Com o aumento da entropia, as estrelas vão-se apagando gradualmente até haver uma temperatura uniforme em todo o lado, transformando o universo num imenso e gelado cemitério galático. Calcula-se que será no mínimo, daqui a uns cem mil milhões de anos. Esta hipótese é a que parece ter atualmente mais consenso. Para facilitar a compreensão da escala destes valores, suponhamos que o universo é um homem que morrerá aos cento e vinte anos. Então, o Sol apareceu aos dez anos de vida desse hipotético homem e nós estamos nos quinze anos de vida dele. Isto significa que ainda existem cento e cinco anos da vida dele pela frente.
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- A segunda possibilidade é a do Big Crunch, ou Grande Esmagamento. A expansão do universo abrandaria e chegaria a um momento em que iria parar, começando depois a encolher. Devido à força da gravidade, o espaço, o tempo e a matéria começariam a convergir entre si até se esmagarem num ponto muito pequeno. O Big Crunch seria o Big Bang ao contrário. Destas duas possibilidades de morte do universo, os astrofísicos inclinam-se atualmente para a primeira hipótese - o Big Freeze. Acreditava-se anteriormente que os princípios que observamos em toda a natureza apontariam para um cenário de Big Crunch e por duas razões. Em primeiro lugar, porque a aceleração da expansão do universo teria obrigatoriamente de acabar porque há galáxias que se afastam de nós a noventa e cinco por cento da velocidade da luz. Se a aceleração continuasse para sempre, haveria um momento em que a velocidade de expansão seria superior à velocidade da luz o que contradiz a teoria da relatividade. Então, isso não pode ser e a expansão do universo teria de abrandar. Então, a aceleração é uma fase que deveria acabar. A contração deveria surgir, se o universo obedecesse a uma observação da filosofia e aparentemente universal. Verificamos sempre que analisamos um sistema, que tudo tem um início e um fim. Tudo o que nasce acaba por morrer. Os animais nascem e morrem, as plantas nascem e morrem, os ecossistemas nascem e morrem, as galáxias nascem e morrem, as estrelas nascem e morrem, os planetas nascem e morrem. O espaço e o tempo nasceram, e seguindo o princípio de que tudo o que nasce acaba por morrer, também o espaço e o tempo terão de morrer. Ora o Big Freeze estabelece que, tendo o espaço e o tempo nascido, nunca morrerão, o que viola aquele princípio universal. Nestas hipotéticas circunstâncias, o Big Crunch seria um destino provável para o universo, porque obedece ao princípio de que tudo o que nasce acaba por morrer. Contudo isto é uma dedução filosófica que pode não ter correspondência com as leis do universo, tantas delas ainda desconhecidas.
Matéria e Energia Escuras O Big Crunch requer que haja muito mais matéria no universo do que a que nós vemos. A matéria encontrada é insuficiente para, através da gravidade, provocar a contração do universo. Para resolver este problema, avançou-se com a hipótese de existir matéria escura, ou seja, uma matéria que permanece invisível aos nossos olhos, devido à sua fraca interação, à fraca ou ausente emissão de luz ou outra radiação que permita detetá-la. Observações e cálculos mais recentes indicam que, a matéria detetável por qualquer método conhecido pelos cientistas representa apenas 4% do universo. E isto é verdadeiramente impressionante. Todas as estrelas, planetas, cometas, galáxias, que observamos a olho nu, com telescópios, com emissões de rádio, com infravermelhos, com ultravioletas, raios X, raios gama, etc., todos esses milhões e milhões de estrelas, galáxias, buracos negros, estrelas de neutrões, etc.,… só representam 4% do universo! Os
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outros 96% do universo são-nos completamente desconhecidos. Sabemos hoje que existe adicionalmente cerca de 24% de matéria indetetável a que chamamos de escura, porque nem imaginamos o que seja. E existe cerca de 72% de energia escura, à qual damos esse nome de escura porque não sabemos o que é. Esta energia escura é o que justifica a aceleração da expansão do universo, presentemente observável, porque aparentemente têm uma ação antigravidade, contrariando assim a gravidade que deveria estar a desacelerar a expansão do universo. Assim, o Big Freeze parece mesmo ser o mais provável fim do universo, por causa de novas observações sobre a expansão do universo. Em 1998 descobriu-se que a velocidade a que as galáxias se afastam está a aumentar. Isso acontece provavelmente devido a uma nova força que até aqui se desconhecia, que se designou por força escura, proveniente da energia escura, já prevista por Einstein e que combate a força de gravidade. O Big Crunch requer que a velocidade de expansão diminua até parar e começar a contração. Mas como a velocidade de expansão está a aumentar e não sabemos se existe uma força desconhecida para a travar, sugere que o universo caminha para o Big Freeze (Grande Gelo).
A terceira hipótese que é uma variação do Big Crunch Suspeita-se que poderá haver uma terceira hipótese a considerar que contudo, é uma variação do Big Crunch. Tal como as estrelas e os planetas são esféricos, os cientistas têm a suspeita que o universo poderá também ser esférico. Se nós conseguíssemos viajar sempre numa determinada direção, provavelmente acabaríamos de volta ao ponto de partida tal como aconteceu a Fernando de Magalhães na primeira viagem de circumnavegação. Se nós partirmos de Lisboa num avião e viajarmos sempre para oeste sem parar, dali a algumas horas, nós estaremos a regressar a Lisboa vindos do ocidente. Nós daremos uma volta à Terra; logo a Terra tem um dado tamanho e é esférica, que desta forma comprovamos facilmente. O mesmo, a terceira hipótese considera relativamente ao universo. Como já foi demonstrado, as teorias da Relatividade mostram que o espaço e o tempo são diferentes manifestações da mesma coisa, e de certo modo, também o tempo é esférico tal como o espaço. Façamos uma analogia. Imaginemos que o tempo é a superfície esférica do nosso planeta Terra e que o Big Bang acontece exatamente no polo Norte. Imaginemos que há vários navios que se encontram todos juntos no polo Norte. Cada navio tem o nome de uma galáxia. Um chama-se Via Láctea (que é a nossa galáxia - a estrada de S. Tiago – a mancha branca que vemos no céu limpo de uma noite escura), outro chama-se Andrómeda, outro chama-se Galáxia M87, etc. Por ação do Big Bang, os navios poem-se a viajar todos para sul em direções diferentes. Como a superfície da Terra é esférica e os navios estão a afastar-se do polo Norte, isso significa que se estão a distanciar uns dos
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outros seguindo rotas diferentes – alguns estão a viajar pelo oceano Atlântico e outros, também em diferentes rotas, pelo Oceano Pacífico. Os navios afastam-se tanto que, a certa altura, deixam de se ver uns aos outros até chegarem ao equador, o ponto de máximo afastamento. Depois de atravessarem o equador continuam a viagem para sul, os navios começam a aproximar-se uns dos outros à medida que se aproximam do polo Sul, onde se voltam a avistar e juntam-se todos no polo Sul. O espaço-tempo, nesta hipótese, seria esférico. Passando esta analogia para o nosso universo, neste momento ainda estaríamos na parte norte da esfera espaço-tempo, daí as galáxias e a matéria estarem ainda a afastar-se. Vão ficando cada vez mais distantes até que deixarão de se ver. Vão a caminho do equador. Entretanto vão morrendo aos poucos, transformam-se em matéria inerte. O frio será generalizado. Quando atingirem o equador do universo, o tempo e o espaço começarão a encolher. Isso fará aumentar a temperatura da mesma maneira que um gás em compressão aquece. Este encolhimento do espaço-tempo acabará finalmente numa grande colisão no polo Sul do universo, o Big Crunch. Ainda não sabemos se esta hipótese tem algum fundamento porque não conhecemos o suficiente do universo e logo da sua forma. Mas numa perspetiva de investigação esta hipótese tem que ser investigada para detetarmos se o universo tem ou não esta forma e este fim que lhe corresponderia.
Os limites da ciência Kant (1724 - 1804) foi um filósofo prussiano (aproximadamente a região onde atualmente fica a Polónia) é amplamente considerado como o principal filósofo da era moderna e estabeleceu os limites da ciência. A metafísica ocupa-se das questões últimas da filosofia, tais como: há um sentido último para a existência do mundo? A organização do mundo é necessariamente essa com que deparamos, ou seriam possíveis outros mundos? Existe um Deus? Se existe, como podemos conhecê-lo? Existe algo como um espírito? Há uma diferença fundamental entre mente e matéria? Os seres humanos são dotados de almas imortais? São dotados de livre-arbítrio? Tudo está em permanente mudança, ou há coisas e relações que, a apesar de todas as mudanças aparentes, permanecem sempre idênticas? O que diferencia a metafísica das ciências particulares é que a metafísica considera o inteiro do ser enquanto as ciências particulares estudam apenas partes específicas do ser.
Com o auxílio destes conhecimentos, Kant concluiu que há três problemas fundamentais da metafísica que a ciência jamais será capaz de resolver: Deus, a liberdade e a imortalidade. Kant era da opinião de que os cientistas nunca serão capazes de provar a existência de Deus, de determinar se temos ou não livre vontade e de perceber com toda a certeza o que se passa depois da morte. Essas questões, já não pertenceriam ao domínio da física, mas da metafísica.
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Porém há cientistas que acreditam que é possível obter a prova até para as questões da metafísica e resolver os problemas da existência de Deus, da livre vontade e da imortalidade e que estas questões estão todas relacionadas.
Prova da existência de Deus Para provar a existência de Deus, primeiro tem que definir o que se entende por Deus. Se estamos à espera de ver um patriarca velho e barbudo, a olhar a Terra com ar preocupado, vigiando o que cada um de nós faz, que pede adoração e submissão, que pede sacrifícios como o da missa, ou tortura do corpo como quando se anda de joelhos à volta de um templo, fala com uma voz grossa, que se zanga umas vezes, que é bondoso e paternal outras, esta é a imagem que as religiões cristãs e islâmicas dão, então nunca provaremos a existência de tal personalidade. Esse Deus pura e simplesmente não existe, é apenas uma ideia inventada pelos homens e por isso se diz antropomórfica (com o aspeto de homem) que nos permite visualizar algo que está acima de nós. Nesse sentido, às vezes idealizamos Deus como uma figura paternal. Precisamos de alguém que nos proteja, que nos defenda do mal, que nos abrigue no seu colo protetor, que nos dê consolo nas horas difíceis, que nos ajude a aceitar o muito difícil da vida, a compreender o que nos custa a entender, a enfrentar o que é muito triste e desgraçado, alguém a quem recorremos na hora da aflição em busca de conforto, alguém que nos observa e ampara. Este Deus antropomórfico que nós herdámos da tradição judaico-cristã, esse Deus da Bíblia não existe. Aquela personagem que manda Abraão matar o filho só para ver se o patriarca lhe era fiel? Aquela personagem que lança a humanidade na desgraça só porque Adão comeu uma maçã, ainda que em sentido figurado? Mas alguém de bom senso acredita num Deus tão mesquinho e caprichoso? É evidente que esse Deus não existe! O Deus que alguns cientistas acreditam que existe, está em tudo o que nos rodeia. Não como uma entidade acima de nós, que nos vigia e protege, conforme nos foi ensinado na catequese, pela tradição judaico-cristã, mas como uma inteligência criadora, que não vemos porque ainda não temos conhecimento suficiente para tal, talvez amoral (não confundir amoral com imoral), que se encontra dentro de nós, dentro da nossa consciência, que faz parte de nós próprios, do qual fazemos parte, presente em todo o universo, que tudo interliga e a tudo dá sentido. Por outro lado, para poder-se provar que Deus existe depende do que se define por prova. O método científico é um processo de observação, de recolha de informação e medição da natureza, É uma constante interrogação de porque é que as coisas funcionam de determinada maneira. Através do método científico, o homem testa comportamentos da natureza e obtém respostas. Mas para estudar estes comportamentos é preciso pôr a inteligência a funcionar, para fazer as perguntas corretas e entender os resultados que obtenhamos. Não é qualquer pessoa que é capaz de fazer isto e por isso a aquisição de novos conhecimentos e progresso leva tanto tempo.
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Ao longo deste processo pode-se perceber a existência ou inexistência de Deus em função da forma como se fazem as perguntas e se temos capacidade intelectual para compreender as respostas. Por exemplo, a termodinâmica resultou de pesquisas bem feitas sobre como é que na natureza funcionam as transformações de energia nomeadamente na forma de calor. As experiências mostraram que a energia passa do quente para o frio e nunca ao contrário, e que na transformação da energia há sempre perdas por esta ou por aquela razão. O mesmo se passa com a questão de Deus. Temos de saber quais as perguntas que precisamos de fazer e depois termos a capacidade para saber interpretar as respostas que vamos obter. Por exemplo, se houve Big Bang, isso implica que o universo foi criado. A questão da Criação remete para o problema do Criador.
Quem criou a Criação As nossas ideias do sobrenatural, dos milagres, da magia, tudo isso é um conjunto de asneiras porque tais coisas nem existem; embora o senso comum afirme que existe, não corresponde à verdade – é uma ilusão mental; as pessoas estão hipnotizadas e não percebem o absurdo daquilo em que acreditam. A existir, Deus faz parte do universo. Deus é o universo. A criação do universo foi um ato natural, em obediência às leis da física e da matemática. Mas quem foi que criou essas leis da física que são as leis do universo? Quem foi que determinou as constantes universais? Quem foi que criou a vida no universo? Os teoremas da Incompletude, ao demonstrarem que um sistema lógico nunca poderá provar todas as afirmações nele contidas, apesar das afirmações serem verdadeiras. É como se Deus, a existir, nos dissesse: Eu expresso-Me através da física e da matemática, a física e matemática são a Minha linguagem, mas não vos darei a prova de que assim é. Pelo Princípio da Incerteza, nunca poderemos determinar em simultâneo e com exatidão a posição e velocidade de uma partícula. É como se Deus nos dissesse: as partículas têm um comportamento determinista, Eu já defini todo o passado e o futuro, mas Eu não vos darei a prova final de que assim é. E, no entanto, sabemos que as consequências dessas afirmações são verdadeiras e sabemos que as partículas, que nos testes, se comportam de uma forma indeterminística, elas deveriam comportar-se de forma determinística embora tal não consigamos provar. O que nos está vedado é a prova final, não os indícios de que assim seja realmente.
Indícios da existência de Deus No campo da lógica, a questão principal é fácil de compreender. Sabemos na física e na nossa experiência do dia-a-dia que todos os acontecimentos têm uma causa, sendo que as suas consequências se tornam causas de outros acontecimentos, num interminável efeito dominó. Agora imaginemos que vamos procurar as causas de todos os acontecimentos do passado. Se o universo teve um início, isso significa que o universo que hoje observamos
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nesta cadeia contínua de acontecimentos, indo de causa em causa para trás no tempo, chegamos ao momento da criação do universo, aquilo a que hoje designamos de Big Bang. O Big Bang deu origem ao nosso universo. Mas podemos continuar a perguntar: Quem criou o Big Bang e todas partículas que estavam concentradas no ponto inicial que lhe deram origem? Qual o motivo do Big Bang? Se existiu o Big Bang, algo o fez existir. O Budismo é uma religião antiga (já existe há cerca de 2500 anos), internacionalmente reconhecida como a mais avançada na compreensão da unidade que é o universo e da unidade de todas as formas de vida do nosso planeta. O Budismo incentiva um respeito muito grande por todas as formas de vida. O Budismo ensina que tudo está interligado, que cada ação nossa tem uma consequência futura e como tal incentiva a que as pessoas façam todas as ações corretamente. Contudo, o Budismo não sabe responder àquela questão. Não sabe o Budismo, nem sabe nenhuma outra religião. Como o Budismo incentiva a que nos libertemos de ideias e debates que nos podem trazer infelicidade, o Budismo pura e simplesmente não discute a existência ou não de Deus. Por isso, o Budismo é essencialmente ateísta. É interessante notar que uma filosofia tão nobre e tão forte na defesa do bem, da paz, do equilíbrio, da tolerância, de sermos boas pessoas, não precisa da ideia de Deus para nada. Para sermos justos, modernamente existe desde 1857, o espiritismo kardecista que defende os mesmos princípios do bem e da unidade de tudo, tal como o Budismo, mas dentro de um princípio basilar da existência de Deus. Continuando a nossa pesquisa de Deus, a hipótese de o universo ser eterno indicia a exclusão de Deus. Se o universo sempre existiu, não tem propósito, ele simplesmente existe. Simplesmente é. No universo eterno, sem começo nem fim, o dominó de causas é infinito, não existe uma primeira causa nem uma última consequência. Mas a Criação remete para uma primeira causa. Havendo Criação é de admitir a existência de um criador. Quem? A resposta ser Deus, é uma possibilidade. Se colocarmos Deus na pesquisa, dizendo que foi Ele quem criou a Criação, deparamos logo com muitos problemas novos. O primeiro problema é saber onde estava Deus se, antes do Big Bang, não existia tempo nem espaço? E o segundo problema é determinar o que causou Deus. Isto é, se tudo tem uma causa, Deus também tem uma causa. Os físicos chamam ao Big Bang uma singularidade. Nesse sentido, poderíamos dizer que Deus é uma singularidade, da mesma maneira que o Big Bang é uma singularidade. Isto é similar ao conceito do Budismo, logo não valeria a pena discutir isto. Contudo, admitamos, este argumento não é conclusivo. Mas há um segundo argumento que parece ter ainda maior força. Chamava-se o argumento da intenção.
Intenção da criação do universo Existe um argumento muito poderoso que foi dado por William Paley (1743 – 1805) no século 19. Quando observamos um relógio, depois de analisar o complicado mecanismo do relógio, diríamos que se trata de uma coisa fabricada por um ser inteligente com um objetivo específico; e como seres inteligentes, observando que um dos ponteiros dá duas voltas por dia, sabemos que a intenção é medir o tempo.
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Olhemos agora para tudo o que nos rodeia. Reparemos na complexidade de todo o universo com tantos milhões de galáxias, estrelas, planetas, buracos negros; na complexidade da organização necessária para pôr um sistema solar a funcionar; ou para relacionar os átomos; ou para conceber a vida, etc. Isto é muitíssimo mais complexo e inteligente do que o mecanismo de um simples relógio. Então se uma coisa relativamente simples como um relógio só pode ter sido concebido por um ser com uma inteligência de QI mínimo de 120 (a média é 100 e o Einstein tinha 160) o que poderemos nós dizer da inteligência necessária para criar e organizar todo o universo? Esta é a base do argumento da intenção. Se tudo o que vemos à nossa volta mostra um propósito e uma inteligência, por que não admitir que existe uma intenção na Criação? Por que não admitir que existe uma inteligência por detrás destas criações inteligentes? Mas onde está essa inteligência? E onde está o autor do relógio? Se nunca virmos o construtor de um relógio, mesmo assim não duvidaremos de que o relógio foi concebido por um ser inteligente. O mesmo se passa com o universo. Podemos nunca vir a conhecer a inteligência que o criou, mas basta olhar em redor para perceber que esta é uma criação inteligente. Na vida existe um conjunto de informação que se processa com um propósito, em que o conjunto é mais do que a soma das partes, em que o conjunto pode nem sequer ter consciência da existência e funcionamento de cada parte que o constitui. A vida é como um computador. Há um hardware (os órgãos que constituem o ser vivo) e há um software (o programa que faz acionar esses órgãos para exercerem determinada função em determinado tempo e uma consciência da sua existência e que determina ações). O mesmo se passa com o universo. Qual a função do universo? Por que razão ele existe?
Software (programa) do universo Como já indicamos anteriormente, os físicos estão a tentar conceber uma Teoria do Tudo. Mas muitos acham que não vão conseguir por causa dos teoremas da Incompletude, mais o Princípio da Incerteza, mostrarem que nunca se conseguirá. Haverá sempre uma barreira para sabermos os segredos do universo. Mas há quem ache que é possível conceber uma Teoria do Tudo. De acordo com as religiões e filosofias orientais, nomeadamente o Budismo, o universo move-se através dos opostos. Os extremos revelam diferentes facetas de uma mesma unidade. Bem e mal, macho e fêmea, luz e escuro, Yin e yang, energia e massa, ondas e partículas, espaço e tempo, etc. O universo é uno, mas não é parado, é movimento e tem rítmos. O movimento dos eletrões em torno dos núcleos, o movimento das oscilações dos átomos, o ritmo do movimento das moléculas, o ritmo do movimento dos planetas, o ritmo a que pulsa o cosmos. Nestes movimentos, em tudo há ritmo, em tudo há sincronismo, em tudo há simetria. A ordem emerge do caos.
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Ritmo do Cosmos Podemos reparar em alguns exemplos do ritmo do cosmos. Todas as noites, ao longo dos rios da Malásia, milhares de pirilampos juntam-se no ar e emitem luz em uníssono, obedecendo a um sincronismo secreto. Todos os instantes, ao longo do nosso corpo, os fluxos elétricos passam em cada órgão a um ritmo coordenado por milhares de células invisíveis. Todas as horas, ao longo dos nossos intestinos, os restos dos alimentos são empurradas pela ondulação ritmada das paredes do tubo intestinal, obedecendo a uma cadência ondulada. Sempre que o homem penetra a mulher e o seu esperma corre na direção do óvulo, os espermatozoides abanam as caudas ao mesmo tempo e na mesma direção. Quase todas as espécies, se reproduzem em épocas específicas, de acordo com as estações climáticas, (a sincronização dos ciclos menstruais das mulheres a viver juntas é um mito - ou seja aquela sincronização em outras espécies, não acontece nos humanos). Mas há ritmos na respiração, no coração, na circulação do sangue, etc. Na matéria inorgânica também se observam estranhos sincronismos. Isso foi descoberto no século 17, quando Christiaan Huygens (1629 – 1695) observou acidentalmente que os pêndulos de dois relógios de sala colocados lado a lado oscilavam em simultâneo sem variação. Por mais que os tentasse dessincronizar, alterando as oscilações dos pêndulos, Huygens constatou que, ao fim de apenas meia hora, os relógios voltavam a acertar as suas batidas. Huygens descobriu que a sincronia não é um ritmo exclusivo das coisas vivas.
Movimento Sincronizado dos Pêndulos O movimento sincronizado dos pêndulos de relógios colocados lado a lado não é o único caso de sincronismo (hoje sabemos que a sincronização dos pêndulos de dois relógios dispostos lado a lado deve-se à troca de impulsos sonoros entre eles). Descobriu-se que o átomo do césio oscila como um pêndulo entre dois níveis de energia e essa oscilação é ritmada com tal precisão que permitiu recorrer ao césio para criar os relógios atómicos, que só erram menos de um segundo em vinte milhões de anos. Descobriu-se que as moléculas da água, que se movem livremente, quando a temperatura desce aos zero graus juntam-se num movimento sincronizado, e é esse movimento que permite a formação do gelo. Descobriu-se que alguns átomos, quando colocados a temperaturas próximas do zero absoluto, começam a comportar-se como se fossem um único, são triliões de átomos sincronizados. Essa descoberta permitiu que os seus autores ganhassem o Prémio Nobel da Física em 2001. Em 1996 descobriu-se que os sistemas vivos e a matéria inerte se sincronizam em obediência a uma mesma teoria matemática: a Teoria do Caos. Descobriu-se que o caos é síncrono. O caos parece caótico, mas tem, na verdade, um comportamento determinista, obedece a padrões e é regido por regras muito bem definidas. Apesar de ser síncrono, o seu comportamento nunca se repete, pelo que podemos dizer que o caos é determinista mas não determinável. Haverá sempre segredos no universo.
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O ritmo cósmico não é percetível para quem não está iluminado (quer dizer que não tem conhecimento). De acordo com os orientais, é preciso ser Buda para observar esse ritmo emergir das coisas, isto é, atingir o conhecimento que Sidarta Gautama – o primeiro a ser Buda, o fundador do Budismo, atingiu há cerca de 2500 anos atrás, na sua busca para eliminar o sofrimento e atingir a felicidade e a harmonia. Que a variedade de coisas e acontecimentos que vemos e sentimos à nossa volta não passa de diferentes manifestações da mesma realidade. Os budistas defendem que tudo está interligado por um campo universal ou uma energia desconhecida. O pensamento oriental defende que o real é uno e as diferentes coisas não passam de manifestações da mesma coisa. Tudo está relacionado. A Teoria do Caos veio confirmar que assim é. O bater de asas de uma borboleta influencia o estado do tempo num outro ponto do planeta. Cada matéria é apenas uma diferente manifestação da mesma coisa.
A Bíblia esconde verdades científicas Diz na Bíblia no início do Antigo Testamento, o Génesis: No princípio, Deus criou o céu e a terra. A terra era informe e vazia. As trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus moviaSe sobre a superfície das águas. Deus disse: faça-se luz. E a luz foi feita. Diz-se que este texto pôs Einstein a pensar e por um motivo: é que a ideia deste trecho parece-se com a ideia do Big Bang. Já em 1951, Einstein tinha vários motivos para se inclinar para a hipótese do universo ter começado com o Big Bang. A descoberta de Hubble (1889 – 1953) de que as galáxias se estavam a afastar umas das outras indiciava que antes elas se encontravam juntas, como se tivessem partido de um mesmo ponto. O Paradoxo de Olber, que só se resolve se o universo não for eterno. A segunda lei da termodinâmica, que estabelece que o universo caminha para a entropia, pressupondo assim que houve um momento inicial de máxima organização e energia. As suas próprias teorias da Relatividade, que assentavam no pressuposto de que o universo está em movimento, estando em expansão. Einstein tinha o problema de saber que coisa era essa que contrariava a retração provocada pela gravidade. Para a resolver, Einstein chegou a propor a existência de uma energia desconhecida, a que chamou constante cosmológica. Mais tarde ele próprio rejeitou tal possibilidade, dizendo que essa ideia tinha sido o maior erro da sua vida, mas agora sabemos que Einstein afinal tinha razão e que há, de facto, uma energia desconhecida que contraria a gravidade e que provoca a expansão acelerada do universo. Atualmente, em vez de lhe chamarmos constante cosmológica, chamamoslhe energia escura. Einstein procurou descobrir se haveria alguma verdade escondida na Bíblia. Ele não estava à procura de metáforas, mas de verdades científicas. Os primeiros versículos da Bíblia estabelecem, sem qualquer dúvida, que o universo foi criado em seis dias. Seis dias apenas. Ora, do ponto de vista científico isto era um absurdo. Os católicos, para fugirem ao embaraço que isto coloca, dizem que o texto é todo ele metafórico, que Deus queria dizer seis fases. Einstein achava que isso era falsear a questão, não passava de um trocadilho para fazer com que a Bíblia tivesse razão a qualquer preço. A Bíblia dizia que o universo foi criado em seis dias. Isso não passava de uma evidente falsidade.
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Einstein era judeu, mas não era um homem religioso. Ele achava que algo transcendente poderia estar por detrás do universo, mas esse algo não seria certamente o Deus que mandou Abraão matar o seu filho para ter a certeza de que o patriarca Lhe era fiel. Einstein acreditava numa harmonia transcendente, não num poder mesquinho. Acreditava numa presença inteligente, não numa entidade bondosa. Acreditava numa força universal, não numa divindade antropomórfica. Contudo, com o conhecimento que ele já tinha do universo, aquela questão dos seis dias da Criação pô-lo a pensar e a fazer cálculos. Os cálculos relativos ao Big Bang preveem que toda a matéria (o tudo) foi criada nas primeiras frações de segundo. Antes do primeiro segundo ficar completo já o universo se tinha expandido milhares de milhões de quilómetros e a super força se tinha fragmentado em força da gravidade, força forte e força eletrofraca. Diz a Bíblia que o homem foi criado ao sexto dia. Não era possível a criação de tudo em apenas seis dias. Mas, o que poderia estar escondido na afirmação, seis dias? Estudando o Livro dos Salmos, um texto hebraico com quase três mil anos, Einstein deparou-se com uma frase no salmo 90 que diz: Mil anos à Tua vista são como um dia que passa. Este salmo 90 chamou a atenção de Einstein para as suas próprias teorias da Relatividade pelas quais ele detetou que o tempo era relativo.
O tempo é relativo O tempo é relativo. É o que dizem as teorias da Relatividade que deram origem ao paradoxo dos gémeos. Einstein dizia que o tempo passa a velocidades diferentes consoante a velocidade do movimento no espaço. Para explicar isso, deu o exemplo do paradoxo dos gémeos já mencionado anteriormente: Um a viajar perto da velocidade da luz ficava mais novo que o gémeo que ficava na Terra. O tempo está relacionado com o espaço. Einstein estabeleceu a velocidade da luz como sendo constante. As teorias da Relatividade dizem-nos que, por causa da constância da velocidade da luz, o tempo não é universal. Não há um tempo único global. A marcha do tempo depende da posição e da velocidade do observador. Suponhamos que ocorrem dois acontecimentos, o A e o B. Para um observador que está à mesma distância de ambos os pontos, estes acontecimentos decorrem em simultâneo; mas quem estiver mais próximo do acontecimento A vai achar que o acontecimento A ocorreu antes do B; mas quem estiver mais próximo do B vai achar o contrário. E, na verdade, os três observadores têm razão, devido aos diferentes pontos de observação, uma vez que o tempo é relativo à posição do observador. Outro ponto fundamental é a gravidade. Einstein descobriu que o espaço-tempo é curvo. Quando algo se aproxima de um objeto muito grande, como o Sol, é atraído por essa enorme massa. O espaço curva-se e, como espaço e tempo estão relacionados, o tempo também se curva. A Teoria da Relatividade Geral diz que a passagem do tempo é mais lenta em locais de alta gravidade e mais rápida nos locais de fraca gravidade. Cada objeto existente no cosmos possui a sua própria gravidade, fruto das suas características, o que significa que o tempo passa de modo diferente em cada ponto do universo. Por exemplo o
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tempo na Lua é mais rápido do que o tempo na Terra e o tempo na Terra é mais rápido do que o tempo no Sol. Os objetos com maior gravidade que se conhecem são os buracos negros, o que significa que junto deles o tempo é muito lento a passar e um ano seria muito grande. Por exemplo, um ano junto a um buraco negro pequeno seriam 100 anos, ou mais, na Terra. Einstein pensou que os seis dias da Criação, conforme são descritos pela Bíblia, devem ser vistos à luz da relação entre o tempo na Terra e o espaço-tempo no universo. Quando o Antigo Testamento fala num dia, está a referir-se a um dia terrestre. Mas, segundo as teorias da Relatividade, quanto maior é a massa de um objeto, mais lenta é a passagem do tempo à sua superfície. Então Einstein calculou: quanto tempo à escala temporal do universo é um dia na Terra? A Bíblia estabelece que a Terra só foi criada ao terceiro dia. Portanto, embora a medição fosse assente em dias terrestres, o Antigo Testamento está a referir-se ao terceiro dia à escala do universo, uma vez que nos dois primeiros dias não existia Terra. Einstein considerou que quando o universo começou a matéria estava toda concentrada e a gravidade era maior do que mais tarde. Isso significa que a força de gravidade era inicialmente enorme e, consequentemente, a passagem do tempo muito lenta. À medida que a matéria se foi afastando, a passagem do tempo foi acelerando porque a gravidade foi-se tornando menor. Então, o tempo antes era mais lento um milhão de milhão de vezes e depois foi acelerando. Cada duplicação do tamanho do universo abrandou o tempo por um fator de dois. Resultou dessas contas que o primeiro dia bíblico durou oito mil milhões de anos. Continuando com o mesmo raciocínio, o segundo dia durou quatro mil milhões, o terceiro durou dois mil milhões, o quarto durou mil milhões, o quinto durou quinhentos milhões de anos e o sexto dia durou duzentos e cinquenta milhões de anos. Isso tudo junto dá 15 mil milhões de anos. Todos esses cálculos têm alguma aproximação para facilitar a compreensão mas a grandeza real é bem próxima. Hoje, sabemos que o universo terá cerca de 14 mil milhões de anos o que é bem próximo dos 15 milhões que Einstein calculou com os valores que tinha em 1951. Os estudiosos da Bíblia dizem que através dela se deduz que o universo começou há cerca de 15 mil milhões de anos. Einstein comparou cada dia bíblico com os acontecimentos que ocorreram no universo a seguir ao Big Bang. Como dissemos todo este raciocínio tem uma ligeira aproximação, mas não deixa de ser surpreendente o que dos cálculos resulta: O primeiro dia bíblico tem oito mil milhões de anos. Começou há quinze vírgula sete mil milhões de anos e terminou há sete vírgula sete mil milhões de anos. A Bíblia diz que foi nessa altura que se fez luz e que foi criado o céu e a terra. Sabemos que, nesse período, ocorreu o Big Bang e a matéria foi criada. Formaram-se as estrelas e as galáxias.
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O segundo dia bíblico durou quatro mil milhões de anos e terminou há três vírgula sete mil milhões de anos. A Bíblia diz que Deus fez o firmamento nesse segundo dia. Sabemos hoje que foi nessa altura que se formou a nossa galáxia, a Via Láctea, e o Sol, que se encontram visíveis no nosso firmamento. Isto é, tudo o que se encontra nas redondezas da Terra foi criado neste período. O terceiro dia bíblico, correspondente a dois mil milhões de anos terminados há um vírgula sete mil milhões de anos, fala na formação da terra e do mar e no aparecimento das plantas. Os dados científicos referem que a Terra arrefeceu neste período e apareceu água líquida, a que se seguiu imediatamente o aparecimento de bactérias e vegetação marinha, designadamente algas. O quarto dia bíblico durou mil milhões de anos e terminou há setecentos e cinquenta milhões de anos. A Bíblia diz que apareceram neste quarto dia luzes no firmamento, designadamente o Sol, a Lua e as estrelas. Mas o Sol e as estrelas à nossa volta embora tenham aparecido no segundo dia, não eram ainda visíveis. O Sol e as estrelas da Via Láctea apareceram no segundo dia bíblico, há cerca de sete mil milhões de anos, mas não eram visíveis da Terra. A Bíblia diz que só se tornaram visíveis ao quarto dia. Ora, o quarto dia corresponde justamente ao período em que a atmosfera da Terra se tornou transparente, deixando ver o céu. Corresponde também ao período em que a fotossíntese começou a lançar oxigénio para a atmosfera. O quinto dia bíblico durou quinhentos milhões de anos e terminou há duzentos e cinquenta milhões de anos. Está na Bíblia neste quinto dia, que Deus disse: que as águas sejam povoadas de inúmeros seres vivos e que na terra voem aves, sob o firmamento dos céus. Ora os estudos geológicos e biológicos apontam para este período o aparecimento dos animais multicelulares e de toda a vida marinha, mais os primeiros animais voadores. E chegamos ao sexto dia bíblico, que começou há duzentos e cinquenta milhões de anos. Segundo a Bíblia, Deus disse: que a terra produza seres vivos, segundo as suas espécies, animais domésticos, répteis e animais ferozes, segundo as suas espécies. E, mais à frente, Deus acrescenta: façamos o homem. Contudo, sabemos, que os animais existem há mais de duzentos e cinquenta milhões de anos, mas muito curioso, não estes animais porque em termos biológicos, sabemos que aconteceu há exatamente duzentos e cinquenta milhões de anos uma grande extinção. Há duzentos e cinquenta milhões de anos ocorreu a maior extinção de espécies de que há conhecimento, a extinção do Permiano. Por um motivo ainda não determinado, mas que alguns supõem estar relacionado com o impacto de um grande corpo celeste na Antártida, cerca de noventa e cinco por cento das espécies existentes extinguiram-se de um momento para o outro. Até mesmo um terço dos insetos desapareceu, no que foi a única vez que ocorreu uma extinção de insetos em massa.
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A extinção do Permiano A extinção do Permiano foi aquela em que a vida na Terra esteve mais próxima da erradicação total. Esse grande cataclismo ocorreu há exatamente duzentos e cinquenta milhões de anos. Curiosamente, no momento em que começou o sexto dia bíblico. Depois dessa monumental extinção em massa, a Terra foi repovoada e a Bíblia faz referência explícita aos répteis segundo as suas espécies. Dá essa impressão, de se estar a referir aos dinossauros que coincide com este período. O homem surge no fim. Isto é, no fim da cadeia da evolução. É muito interessante neste trabalho de Einstein que, a história bíblica do universo, quando o tempo é medido de acordo com as frequências de luz previstas pela teoria do Big Bang, bate certo com a história científica do universo. Já se disse que Einstein não acreditava no Deus da Bíblia, não acreditava num Deus mesquinho e ciumento e vaidoso que exige adoração e fidelidade. Ele achava que o Deus da Bíblia era uma construção humana. Ao mesmo tempo, porém, chegou à conclusão de que a sabedoria antiga encerrava algumas verdades profundas e começou a acreditar que o Antigo Testamento escondia um grande segredo - a prova da existência de Deus. O verdadeiro Deus. A força inteligente por detrás de tudo. O uno que se revela múltiplo. Einstein começou por acreditar que o Antigo Testamento escondia a prova de Deus. Mas Einstein escondeu isso, porque precisava ainda de confirmar alguns dados. Todo este trabalho decorreu entre 1951 e 1955, ano em que Einstein morreu. A comunidade científica dessa época ainda tinha muitas dúvidas sobre a teoria do Big Bang. Assim sendo, como poderia Einstein arriscar a sua reputação? Einstein achou que não podia cair no ridículo e não a divulgou. Só na nossa época é que estes estudos vieram ao de cima e são de facto surpreendentes. Einstein descobriu que a Bíblia expõe a criação do universo com informações que só agora a ciência, recorrendo à física mais avançada, descobriu serem verdadeiras. Por exemplo, a Bíblia estabelece que o Big Bang ocorreu há quinze mil milhões de anos, coisa que os satélites atuais que analisam a radiação cósmica de fundo estão a confirmar com bastante aproximação ao calcularem que o Big Bang aconteceu há 14 mil milhões de anos. A pergunta impressionante que se pode, com justiça, colocar é: como podiam os autores do Antigo Testamento saber isso há milhares de anos?
A Bíblia também descreve um conjunto de irracionalidades Quando falamos de Deus, não podemos, racionalmente, estarmos a falar do Deus descrito pela Bíblia. O Deus descrito pela Bíblia é absurdo. Logo no início do Antigo Testamento está escrito que Deus quis dar ao homem uma auxiliar e, então, fez o seguinte: após ter formado da terra todos os animais dos campos e todas as aves dos céus, conduziu-os até junto do homem, a fim de verificar como ele os chamaria, para que todos os seres vivos fossem conhecidos pelos nomes que o homem lhes desse. Depois a Bíblia acrescenta:
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contudo, não encontrou para ele uma auxiliar adequada. Então, o Senhor Deus adormeceu profundamente o homem e, enquanto ele dormia, tirou-lhe uma das suas costelas, cujo lugar preencheu de carne. Da costela que retirara do homem, o Senhor Deus fez a mulher. Mas se Deus é omnisciente, logo sabe tudo, não saberia Ele de antemão que nenhum dos animais dava uma auxiliar adequada? Por que razão esteve Deus à espera de ver que nome dava o homem aos animais? Sendo omnisciente, não conseguiria Ele saber isso previamente? Reparemos no que aconteceu quando Deus decidiu provocar o dilúvio: O Senhor arrependeu-Se de ter criado o homem sobre a terra. O Senhor arrependeu-se? Mais uma vez, não era Ele omnisciente? Não podia Ele ter visto antecipadamente que o homem se iria corromper? Sendo perfeito e todo poderoso, não faria sentido que Deus tudo previsse em tempo útil? Que história é esta de Deus estar a emendar os Seus erros? Reparemos também no paradoxo de Deus ser omnipotente, pode tudo, e bom, mas deixar que o mal grasse por toda a parte. Então se Ele é bom e tem poder de impor o bem, por que razão deixa que o mal exista? Se Ele é perfeito, por que razão fez o homem tão imperfeito? Tudo isto deixou Einstein convencido de que Deus, a existir, não é o Deus da Bíblia. É uma entidade omnisciente e inteligente, a força por detrás do universo, o grande arquiteto de tudo, mas não a figura antropomórfica, paternal e moral da Bíblia. O Deus da Bíblia contém demasiadas incoerências, não é possível que Ele exista nessa forma antropomórfica (à imagem dos defeitos do homem). Deus não é uma figura protetora que passa a vida preocupado com o que os homens fazem. Esse Deus é uma criação dos homens, a maioria das vezes para domínio da maioria por uma minoria, outras vezes por medo, e também um conceito que inventámos para nos sentirmos mais seguros, mais protegidos, mais confortados. Então, há na Bíblia uma mistura entre verdades universais e profundas mentiras que foram inventadas pelos homens ao longo do tempo. Essas verdades universais, concluiu-se que estão misteriosamente escondidas no Antigo Testamento. Qual é a explicação para esse facto? Não há explicação. A realidade é que, por algum motivo desconhecido, os textos antigos encerram alguns segredos ocultos. Einstein constatou que os textos sagrados contêm verdades científicas profundas, impossíveis de conhecer no seu tempo. E não é só na Bíblia. Os textos sagrados dos hindus, os textos budistas, os textos taoístas, todos eles encerram verdades eternas, aquele tipo de verdades que só agora a ciência começa a desvendar. A questão é: como é que os sábios antigos tiveram acesso a essas verdades? É como se os sábios antigos tivessem sido inspirados por algo profundo, eterno, omnipresente mas invisível.
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Embora Einstein não acreditasse no Deus da Bíblia, achava que, em determinados aspetos e sob determinadas formas, as sagradas escrituras misteriosamente ocultavam algumas verdades profundas.
Provar a existência de Deus Provar a existência de Deus assenta em alguns pontos: Deus é subtil, não se mostra de uma forma ostensiva. Através da Teoria do Caos, dos teoremas da Incompletude e do Princípio da Incerteza percebemos que o Criador ocultou a Sua assinatura, escondeu-se por detrás de um fino véu para O tornar invisível. Deus não é inteligível através da observação. Não é possível provar a Sua existência por intermédio de um telescópio ou de um microscópio. Os físicos e os matemáticos olham para o universo como um engenheiro olha para um televisor ou para um computador. Apenas veem os átomos e a matéria, as forças e as leis que as regem, e tudo isso, não passa de hardware. O universo tem um programa, dispõe de um software. É um gigantesco programa de software. O hardware apenas existe para viabilizar esse programa. Um ser humano é feito de células e tecidos e órgãos e sangue e nervos. Isso é o hardware. Mas o ser humano é muito mais do que isso. É uma estrutura complexa que possui consciência, que ri, que chora, que pensa, que sofre, que canta, que sonha e que deseja. Ou seja, somos muito, muito mais do que a mera soma das partes que nos constituem. O nosso corpo é o hardware por onde passa o software da nossa consciência. Assim é também a realidade mais profunda da existência. O universo é o hardware por onde passa o software de Deus. O universo é o hardware de Deus. Por exemplo, uma vez que nós, seres humanos, fazemos parte do universo, isso significa que nós somos parte do hardware. Os físicos, andam à procura de partículas fundamentais, mas sempre que as encontram acabam por descobrir que elas são, afinal, compostas por partículas mais pequenas. Primeiro pensava-se que o átomo era a partícula fundamental. Depois descobriu-se que o átomo era constituído por partículas mais pequenas, os protões, os neutrões e os eletrões. Julgou-se então que essas é que eram as partículas fundamentais. Mas descobriu-se que os protões e os neutrões são formados por outras micropartículas mais pequenas, os quarks. E há quem pense que os quarks são formados por novas micropartículas ainda mais pequenas e as mais pequenas por outras mais pequenas. O microcosmos é infinitamente pequeno. Existe a possibilidade de o universo ser finito. Mas, pode não ser. Ninguém sabe pronunciar-se a este respeito. É possível que o universo seja finito, mas sem limites. Há ainda uma maneira indireta de chegar à prova da existência de Deus através da busca de dois traços essenciais: a inteligência e a intenção. Existe ou não inteligência e intenção na criação do universo?
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A questão é que o conceito de intenção é muito difícil de concretizar. Olhando para tudo em nosso redor, podemos constatar que existe grande inteligência na conceção das coisas. Mas essa inteligência é um acaso ou existe uma intenção por detrás de tudo? A haver intenção, qual é essa intenção?
Constantes do universo – um universo ajustado A expressão condições iniciais refere-se ao que aconteceu nos primeiros instantes da criação do universo com a distribuição da energia e da matéria, as leis do universo, a organização das diversas forças, os valores das constantes da natureza, etc. As constantes da natureza são quantidades que desempenham um papel fundamental no comportamento da matéria e que, em princípio, apresentam o mesmo valor em qualquer parte do universo e em qualquer momento da sua história. Um átomo de hidrogénio é igual na Terra ou numa longínqua galáxia. As constantes da natureza são uma série de valores misteriosos que se encontram na raiz do universo e que lhe conferem muitas das suas atuais características, constituindo uma espécie de código que encerra os segredos da existência. Descobriu-se que o tamanho e a estrutura dos átomos, das moléculas, das pessoas, dos planetas e das estrelas não resultam de um acaso nem de um processo de seleção, mas dos valores destas constantes. Assim sendo se os valores das constantes da natureza fossem ligeiramente diferentes, o que teria acontecido? Por exemplo, se a força da gravidade fosse ligeiramente mais fraca ou mais forte do que é, a luz apresentasse uma velocidade no vácuo um pouco maior ou um pouco menor do que a que tem, se a constante de Planck, que determina a mais pequena unidade de energia, possuísse um valor ligeiramente diferente, etc. o que aconteceria se ocorressem pequenas alterações nestes valores? Já mencionamos que havia dois fins possíveis para o universo. Ou o universo parava a expansão e se retraía, acabando esmagado, o Big Crunch, ou se expandia infinitamente até se acabar toda a sua energia e transformar-se num cemitério gelado, o Big Freeze. Se a velocidade de expansão conseguir vencer a força da gravidade, o universo expandir-se-á eternamente. Se não conseguir, regressará ao ponto de partida. Existe contudo outra hipótese, que é a de, a dada altura a força da expansão ser exatamente igual à da gravidade de toda a matéria existente. A hipótese de isso acontecer é ínfima, pois seria uma extraordinária coincidência, considerando os enormes valores que estão em causa, que a expansão do universo fosse exatamente contrariada pela gravidade exercida por toda a matéria. A observação diz-nos que o universo está a expandir-se a uma velocidade incrivelmente próxima da linha crítica que separa o universo do Big Freeze do universo do Big Crunch. Já se descobriu que a expansão está em aceleração, o que sugere um futuro de Big Freeze. Porém, encontramo-nos na linha divisória entre essas duas possibilidades.
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O facto de haver estruturas de baixa entropia (baixa desordem) é um mistério muito grande que alguns físicos dizem tratar-se de um incrível acaso. Se toda a energia libertada pelo Big Bang fosse uma pequeníssima fração mais fraca, a matéria voltaria para trás e esmagar-se-ia num gigantesco buraco negro. Se fosse ligeiramente mais forte, a matéria dispersar-se-ia tão depressa que as galáxias nem sequer se chegariam a formar. Estamos a falar em variações muito pequenas. Os físicos fizeram as contas e descobriram que, para que o universo pudesse expandir-se de modo ordeiro, essa energia teria de ter uma 120
precisão na ordem de um para 10 (dez elevado a 120). Quer isto dizer que bastava o ajuste ter falhado um bocadinho de nada e o universo não teria a possibilidade de albergar vida. Recuaria para um monumental buraco negro ou dispersar-se-ia sem formar galáxias. E, no entanto, a energia do Big Bang tinha este valor tão incrivelmente preciso, situado neste intervalo tão espantosamente estreito. O mais extraordinário é que foi, de facto, libertada a energia rigorosamente necessária para que o universo se pudesse organizar. Isto é, nem mais nem menos a energia estritamente imprescindível para tal. Quando ocorreu a grande expansão criadora, não havia matéria. A temperatura era imensamente elevada, tão elevada que nem os átomos se conseguiam formar. O universo era então uma sopa escaldante de partículas e antipartículas, criadas a partir da energia e sempre a aniquilarem-se umas às outras. Essas partículas, os quarks e os antiquarks, são idênticas umas às outras, mas com cargas opostas, e, quando se tocam, explodem e voltam a ser energia. À medida que o universo se ia expandindo, a temperatura ia baixando e os quarks e antiquarks foram formando partículas maiores, chamadas hadrões, mas sempre a aniquilarem-se umas às outras. Criou-se assim a matéria e a antimatéria. Como as quantidades de matéria e de antimatéria eram iguais e ambas se aniquilavam mutuamente, o universo apresentava-se constituído por energia e partículas de existência efémera, muito curta, e não havia hipóteses de se formar matéria duradoura. O que se passou, no entanto, foi que, por uma razão muito misteriosa, a matéria começou a ser produzida numa quantidade minusculamente maior do que a antimatéria. Para cada dez mil milhões de antipartículas, produziam-se dez mil milhões e uma partículas. Uma diferença mínima, quase insignificante, que foi suficiente para produzir a matéria. Isto é, dez mil milhões de partículas eram destruídas por dez mil milhões de antipartículas, mas sobrava sempre uma que não era destruída. Foi justamente essa partícula sobrevivente que, juntando-se a outras sobreviventes nas mesmas circunstâncias, formou a matéria. Se o número de partículas e antipartículas permanecesse exatamente igual, como parece natural, não haveria matéria e sem matéria, nós não estávamos aqui. Tudo graças a uma partícula extra. Outra questão onde o universo requer um incrível ajuste é a sua homogeneidade. A distribuição da densidade da matéria é muito homogénea, mas não é totalmente homogénea. Quando ocorreu o Big Bang, as diferenças de densidade eram incrivelmente pequenas e foram sendo amplificadas ao longo do tempo pela instabilidade gravitacional da matéria. O grau de não uniformidade é extraordinariamente pequeno, na ordem de um
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para cem mil, exatamente o valor necessário para permitir a estruturação do universo. Se fosse ligeiramente maior, as galáxias depressa se transformariam em densos aglomerados e formavam-se buracos negros antes de estarem reunidas as condições para a vida. Se o grau de não uniformidade fosse ligeiramente mais pequeno, a densidade da matéria seria demasiado fraca e as estrelas não se formariam. Era preciso que a homogeneidade fosse exatamente a que é para que a vida fosse possível. As possibilidades de assim ser eram minúsculas, mas ocorreram. A existência das estrelas com uma estrutura semelhante à do Sol, adequada à vida, resulta de um novo e rigoroso ajuste. A estrutura de uma estrela depende de um equilíbrio delicado no seu interior. Se a irradiação de calor for demasiado forte, a estrela transformase numa gigante azul e se for demasiado fraca a estrela torna-se uma anã vermelha. Uma é excessivamente quente e outra excessivamente fria e ambas provavelmente não têm planetas. Mas a maior parte das estrelas, incluindo o Sol, situa-se entre estes dois extremos, e o que é extraordinário é que os valores para além desses extremos são altamente prováveis, mas não ocorreram. Em vez disso, a relação das forças e a relação das massas das partículas dispõem de um valor tal que parece ajustado para que a generalidade das estrelas se situe no estreito espaço entre os dois extremos, assim possibilitando a existência e predominância de estrelas como o Sol. Se se alterasse muito ligeiramente o valor da gravidade, da força eletromagnética, da relação de massas entre o eletrão e o protão e nada do que vemos no universo se tornaria possível. No mundo das micropartículas temos duas importantes constantes da natureza, a proporção das massas dos eletrões e protões, designada constante Beta, e a força de interação eletromagnética, designada constante da estrutura fina, ou Alfa. Faça-se um pequeno aumento de Beta e as estruturas moleculares ordenadas deixam de ser possíveis, uma vez que é o atual valor de Beta que determina as posições bem definidas e estáveis dos núcleos dos átomos e que obriga os eletrões a moverem-se em posições bem precisas em torno desses núcleos. Se o valor de Beta for ligeiramente diferente, os eletrões começam a agitar-se de mais e impossibilitam a realização de processos muito precisos, como a reprodução do ADN. É o atual valor de Beta que, em ligação com Alfa, torna o centro das estrelas suficientemente quentes para gerarem reações nucleares. Se Beta exceder em 0,005 o valor do quadrado de Alfa, não haverá estrelas. Sem estrelas, não há Sol. Sem Sol, não há Terra nem vida. Se o Alfa aumentar em apenas quatro por cento, o carbono não poderá ser produzido nas estrelas. E se aumentar apenas 0,1 não haverá fusão nas estrelas. Sem carbono nem fusão estelar, não haverá vida. Ou seja, para que o universo possa gerar vida, é necessário que o valor da constante da estrutura fina seja exatamente o que é. Outra coisa é a força nuclear forte, aquela que provoca as fusões nucleares nas estrelas e nas bombas de hidrogénio. Descobriu-se que, se se aumentar a força forte em apenas quatro por cento, isso faria com que, nas fases iniciais após o Big Bang, todo o hidrogénio
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do universo se queimasse rápido de mais, convertendo-se em hélio. Isso significaria que as estrelas esgotariam depressa o seu combustível e algumas se transformariam em buracos negros antes de existirem condições para a criação de vida. Se se reduzisse a força forte em dez por cento, isso afetaria o núcleo dos átomos de um modo tal que impediria a formação de elementos mais pesados do que o hidrogénio. Sem elementos mais pesados, um dos quais é o carbono, não haveria vida. O valor da força forte dispõe de um pequeno intervalo para criar as condições para a vida e é justamente nesse estreitíssimo intervalo que a força forte se situa. A conversão do hidrogénio em hélio, crucial para a vida, é um processo que requer um ajuste perfeito. A transformação tem de obedecer a uma taxa exata de sete milésimos da sua massa para energia. Se se baixar pouquíssimo, a transformação não ocorre e o universo só tem hidrogénio. Se se aumentar também muito pouco, o hidrogénio esgota-se rapidamente em todo o universo. Para que exista a vida é necessário que a taxa de conversão do hidrogénio em hélio se situe exatamente no intervalo em que está. O carbono é o elemento no qual assenta a vida. Sem carbono, a vida complexa espontânea não é possível, uma vez que só este elemento dispõe de flexibilidade para formar as longas e complexas cadeias necessárias para os processos vitais. Nenhum outro elemento é capaz de o fazer. Para formar o carbono, é preciso que o berílio radioativo absorva um núcleo de hélio. O tempo de vida do berílio radioativo se limita a uma pequena fração de segundo. É neste período incrivelmente curto que o núcleo do berílio radioativo tem de localizar, colidir e absorver um núcleo de hélio, criando assim o carbono. A única forma de isto ser possível num instante tão pequeno é o das energias destes núcleos serem exatamente iguais no momento em que colidem. E, são mesmo iguais! Se houvesse uma diferença ligeiríssima, mínima que fosse, não se poderia formar carbono. Agora o carbono tem de sobreviver à atividade nuclear dentro da estrela, o que só é possível em condições muito especiais. Essas condições reúnem-se e o carbono não se transforma em oxigénio. Um físico acha que tudo isto é absolutamente inacreditável. O incrível ajuste requerido nas diversas forças, na temperatura do universo primordial, na sua taxa de expansão, mas também as extraordinárias coincidências necessárias no nosso próprio planeta. Devido às ressonâncias entre a rotação dos planetas e o conjunto dos corpos do sistema solar, a Terra deveria ter uma evolução caótica na inclinação do seu eixo de rotação, o que, impediria a existência de vida. Um hemisfério poderia passar seis meses a tostar ao Sol, sem nenhuma noite, e outros seis meses a gelar à luz das estrelas. Porém o nosso planeta tem uma lua. A Lua é um objeto tão grande que os seus efeitos gravitacionais moderaram o ângulo de inclinação do nosso planeta, viabilizando assim a vida.
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Todos os pormenores parecem encaminharem-se para viabilizar a vida na Terra. A Terra possui níquel e ferro líquido em quantidade suficiente no núcleo para gerar um campo magnético imprescindível para defender a atmosfera das letais partículas emitidas pelo Sol. Outro caso extraordinário é o facto de o carbono ser o elemento sólido mais abundante no espaço térmico em que a água é líquida. A própria órbita da Terra é crucial. Cinco por cento mais próxima do Sol ou quinze por cento mais afastada bastaria para impossibilitar o desenvolvimento de formas complexas de vida. A lista de coincidências e ajustes é muito grande. Isto quer dizer que não foi apenas a vida que se adaptou ao universo. O próprio universo preparou-se para a vida. De certo modo, é como se o universo sempre soubesse que nós vínhamos aí. A nossa existência dependeu de uma extraordinária e misteriosa cadeia de coincidências e ajustes. As propriedades do universo, tal como estão ajustadas, são requisitos imprescindíveis para a existência de vida. Essas propriedades poderiam ser muitíssimo diferentes e nesse caso, todas as alternativas conduziriam a um universo sem vida. Para haver vida, muitíssimos parâmetros teriam de estarem ajustados para valores muito específicos e rigorosos. Esses ajustes existem. Chama-se a isto Princípio Antrópico.
Princípio Antrópico O astrofísico Brandon Cárter (1942 – ainda vivo em 2017) propôs, em 1973, o Princípio Antrópico. O Princípio Antrópico significa que o universo está concebido de propósito para criar vida. Essa é a única explicação para a inacreditável lista de coincidências e coisas improváveis que nos permitem estar aqui. Muitos afirmam que é tudo fruto do acaso. Mas é altamente improvável. Saiu-nos a sorte grande quanto ao ajuste da expansão do universo, quanto ao ajuste da temperatura primordial, quanto ao ajuste da homogeneidade da matéria, quanto à ligeiríssima vantagem da matéria sobre a antimatéria, quanto ao ajuste da constante da estrutura fina, quanto ao ajuste dos valores das forças forte, eletrofraca e da gravidade, quanto ao ajuste da taxa de conversão do hidrogénio em hélio, quanto ao delicado processo de formação do carbono, quanto à existência no núcleo da Terra dos metais que criam o campo magnético, quanto à órbita do planeta, etc. Bastava os valores serem ligeiramente diferentes num único destes fatores e não havia vida. Quanto mais observamos e analisamos o universo, mais concluímos que ele revela as duas características fundamentais inerentes à ação de uma força inteligente e consciente. Uma é a inteligência com que tudo está concebido. Outra é a intenção de planear as coisas para criar vida. O Princípio Antrópico revela-nos que há intenção na conceção da vida. A vida não é um acidente, não é fruto do acaso, não é o produto fortuito de circunstâncias anormais. É o resultado inevitável da aplicação das leis da física e dos misteriosos valores das suas constantes. O universo está concebido para criar vida. A descoberta do Princípio Antrópico constitui uma via da confirmação da existência de Deus.
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Einstein disse: “O que realmente me interessa é saber se Deus poderia ter feito o mundo de uma maneira diferente. Não, Deus não poderia ter feito o mundo de maneira diferente”. O Princípio Antrópico constitui um poderosíssimo indício da existência de Deus. Quer dizer, se tudo está assim tão inacreditavelmente ajustado para possibilitar a existência de vida, então é porque o universo foi, de facto, concebido para a criar. Mas mantém-se uma última dúvida. Ela é muito pequena, ínfima, mas permanece lá, que nos impede de ter a certeza absoluta: E se tudo não passar de um monumental acaso? E se estas circunstâncias todas resultarem de um extraordinário jogo fortuito de espantosas coincidências? Esta remota possibilidade de ser tudo um monumental acidente andou muito tempo a perturbar os físicos.
Prova final está no problema do determinismo Kant escreveu certa vez que há três questões que nunca serão resolvidas: a existência de Deus, a imortalidade e a livre vontade. O problema da livre vontade é o de saber até que ponto nós somos livres nas nossas decisões. Durante muito tempo pensou-se que éramos, mas as descobertas científicas foram gradualmente limitando o campo da nossa liberdade. Foi-se descobrindo que as nossas decisões, embora pareçam livres, são na verdade condicionadas por um sem-número de fatores. Por exemplo, se eu decido comer, essa decisão foi realmente tomada pela minha consciência ou por uma necessidade biológica do meu corpo? Aos poucos começou-se a perceber que as nossas decisões não são verdadeiramente nossas. Tudo o que fazemos corresponde ao que nos impõem as nossas características internas, como o ADN, a biologia e a química do nosso corpo, para além de outros fatores, em interação complexa com fatores exteriores, como a cultura, a ideologia e todos os múltiplos acontecimentos que ocorrem na nossa vida. *O ADN é um composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos, e que transmitem as características hereditárias para cada novo ser vivo descendente. Há pessoas que são tristes, não porque a sua vida seja triste, mas pela simples razão de que o seu corpo não produz seretonina, uma substância que regula o humor. Assim sendo, muitas das ações dessas pessoas deprimidas têm origem nessa sua insuficiência química e não no livre-arbítrio. A ideia de que não dispomos de livre vontade, de que o livre-arbítrio não passa de uma ilusão, faz-nos parece que não passamos de uns meros robôs. É o que a ciência de certo modo concluiu. A matemática é determinista. Dois e dois são sempre quatro. A física é a aplicação da matemática no universo, com a matéria e a energia a obedecerem a leis e forças universais. Quando um planeta gira à volta do Sol ou
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um eletrão à volta do núcleo do átomo, isso não acontece porque lhes apetece, mas porque a isso as leis da física os obrigam. A matéria tende a organizar-se espontaneamente, em obediência às leis do universo. A partir de um determinado limiar em que os átomos se organizam em compostos, o seu estudo deixa de pertencer ao campo da física e transfere-se para a química. Quando os compostos começam a ficar mais complexos, nascem os seres vivos, que se caracterizam pela sua capacidade de se reproduzirem e pelo seu comportamento de agirem em função de um objetivo: a sobrevivência. Os psicólogos e os psiquiatras demonstraram que todos os comportamentos têm uma razão de ser, não ocorrem espontaneamente. Podemos não nos aperceber das suas causas, mas elas existem. Há experiências documentadas que mostram que o cérebro toma uma decisão de atuar antes de a consciência se aperceber disso. O cérebro toma a decisão e depois informa a consciência dessa decisão, mas isso é feito de tal forma, a não ser notado, que a consciência passa a acreditar que foi ela que tomou a decisão. Verifica-se que a consciência tem por base a biologia, que tem por base a química, que tem por base a física, que tem por base a matemática. Um eletrão não vira para a direita ou para a esquerda porque lhe apetece, porque exibe livre vontade, mas porque a isso as leis da física o compelem. O comportamento do eletrão pode ser indeterminável, devido à sua extrema complexidade caótica, mas está determinado. Como nós somos todos feitos de átomos, organizados de uma forma extraordinariamente complexa pelas leis da física, o nosso comportamento é também determinista. Mas, tal como o eletrão, o nosso comportamento é igualmente indeterminável, uma vez que resulta de uma interna complexidade caótica. Embora as nossas decisões pareçam livres, na verdade não são. Muito pelo contrário, todas elas são condicionadas por fatores de cuja influência não temos, na maior parte das vezes, a mínima noção.
Determinismo e Fatalismo Não confundir contudo determinismo com fatalismo. De um ponto de vista macrocósmico, tudo está determinado. Mas, do ponto de vista do microcosmos de cada pessoa, nada parece determinado porque ninguém sabe o que vai acontecer a seguir. Há muitos fatores externos que nos obrigam a tomar decisões. Por exemplo, se começa a chover, decidimos abrir o guarda-chuva. Essa decisão foi nossa, embora já estivesse determinada porque, ainda que não o soubéssemos, as leis da física organizaram-se para que fosse chover naquele instante e o software incorporado na nossa mente determinou que o guarda-chuva era a resposta adequada àquela situação exterior. A livre vontade é um conceito do presente. Mas o facto é que não temos possibilidade de alterar o que fizemos no passado. Isso significa que o passado se encontra determinado. Se ambos, passado e futuro existem, embora em planos diferentes, o futuro também está determinado. Tomamos decisões livres, mas elas já estão determinadas.
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Novamente o Demónio de Laplace Recordemos o Demónio de Laplace. A ciência descobriu que todos os acontecimentos têm causas e efeitos, sendo que as causas já são efeitos de um acontecimento anterior e os efeitos se tornam causas de acontecimentos seguintes. Levando às últimas consequências o incessante processo das causas e efeitos, recordemos, Laplace determinou, no século 18, que o atual estado do universo é efeito do seu estado anterior e causa daquele que se lhe seguirá. Se conhecermos todo o estado presente de toda a matéria, energia e leis, até ao mais ínfimo pormenor, conseguiremos calcular todo o passado e todo o futuro. Está tudo determinado. De um certo modo, o passado e o futuro existem. Ora, da mesma maneira que não podemos alterar o passado, também não podemos alterar o futuro, uma vez que ambos são a mesma coisa em tempos diferentes. Isto quer dizer que, se o passado está determinado, então o futuro também está determinado. Esta descoberta foi confirmada pelas teorias da Relatividade, cujas equações são deterministas e estabelecem implicitamente que tudo o que aconteceu e acontecerá se encontra inscrito em toda a informação inicial do universo. As teorias da Relatividade mostraram, que o tempo decorre de modo diferente em diversos sítios do universo, condicionado pela velocidade da matéria e pela força da gravidade. Os acontecimentos A e B ocorrem em simultâneo num ponto do universo e decorrem desfasadamente noutros lugares. Porém, noutro ponto, primeiro acontece o A e depois o B. E num terceiro ponto ocorre primeiro o B e depois o A. Isto quer dizer que, num ponto do universo, o B ainda não aconteceu, mas vai acontecer. Aconteça o que acontecer, vai ocorrer porque isso está determinado. Quando é que tudo foi determinado?
Tudo foi determinado no início Tudo foi determinado no início, no instante em que o universo se formou. A energia e a matéria foram distribuídas de determinada forma e as leis e os valores das constantes foram concebidos de determinada maneira, e isso determinou logo ali a história que toda aquela matéria e energia teriam daí para a frente. O facto de estar tudo determinado significa que tudo o que aconteceu, acontece e acontecerá está previsto desde o nascer do tempo. Até a leitura deste livro pelo leitor já estava prevista. É como se nós fôssemos atores num palco enorme, cada um a interpretar o seu papel, em obediência a um monumental guião escrito por um argumentista invisível quando o universo começou. Está tudo determinado. Este é o argumento que veio transformar o Princípio Antrópico em prova da existência de Deus. O universo foi concebido com um engenho tal que denuncia inteligência e com um ajuste tal que denuncia um propósito. A nossa existência não tem a mínima hipótese de ser acidental pelo simples facto de que tudo está determinado desde o início.
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Deus não é o Deus da Bíblia, o resto são detalhes. Uns chamam-lhe Deus, outros chamam-lhe Yeovah, outros Allah, outros Brahman, outros Dbarmakaya, outros Tao. Os cientistas, chamamos-lhe universo. Diferentes nomes, diferentes atributos, a mesma essência. Se Deus existe e concebeu o universo com um ajuste tal que determinou a nossa criação, tal parece indiciar que a nossa existência é o objetivo do universo. Nós aparecemos numa fase relativamente inicial da vida do universo. O universo tem catorze mil milhões de anos, mas vai durar cem mil milhões de anos. Se fôssemos o objetivo, apareceríamos no fim. Mas aparecemos pouco depois do início. Porquê? Aqui neste planeta há vida em toda a parte. Nas planícies e nas montanhas, nos mares e nos rios, entre as pedras e até debaixo da terra. Para onde nos viremos, vemos vida. E, no entanto, sabemos que tudo isto é efémero. Tudo isto está condenado a desaparecer. O período em que a vida é possível no universo é muito limitado.
Nada é eterno Este período fértil em vida não passa de um pequeno episódio na história do universo. A vida na Terra depende da atividade do Sol. O Sol não vai existir até à eternidade. Todos os dias a nossa estrela está a tornar-se mais luminosa, aquecendo gradualmente o planeta até acabar por destruir toda a atmosfera, o que deverá acontecer dentro de mil milhões de anos. Como se isso não bastasse, daqui a quatro ou cinco mil milhões de anos todo o combustível que alimenta a atividade solar irá esgotar-se. O núcleo deverá encolher-se até que os efeitos quânticos atuem para o estabilizar. Nessa altura, o Sol aumentará tanto de volume que se transformará numa estrela gigante vermelha, com a sua superfície a crescer até engolir os planetas interiores. A Terra acabará por ser engolida pelo Sol, mergulhando naquela fornalha infernal. E, quando todo o combustível solar for consumido, a pressão interna entrará em colapso e o Sol encolherá até ficar reduzido a um pequeno astro, arrefecendo como uma anã negra. O mesmo processo ocorrerá nas estrelas que se encontram no céu. Uma a uma, todas aumentarão de volume e todas morrerão, umas encolhendo até se tornarem anãs, outras explodindo em supernovas. Vão nascer novas estrelas. O problema é que já nascem cada vez menos estrelas, porque os elementos que as formam estão a desaparecer, ou seja, o hidrogénio primordial está a esgotar-se e os gases começaram a dissipar-se. Daqui a alguns milhares de milhões de anos, deixarão de nascer estrelas. Com a gradual morte das estrelas, as galáxias vão-se tornando cada vez mais escuras até que, um dia, se apagarão todas e o universo se transformará num imenso espaço gelado, cheio de buracos negros. Mas mesmo os buracos negros irão desaparecer, com o total regresso da matéria à forma de energia. Numa fase muito adiantada, apenas restará radiação.
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Este facto levanta um grande problema ao Princípio Antrópico. Se o universo está destinado a morrer dessa forma, qual o objetivo da vida? Por que razão Deus ajustou a criação do universo para permitir o nascimento da vida se planeava destruí-la logo a seguir? Qual o propósito de tudo isto?
Princípio Antrópico Final O Princípio Antrópico Final postula que o universo se encontra ajustado para provocar o nascimento da vida, da vida inteligente. E, após ter aparecido, a vida inteligente jamais desaparecerá. O Princípio Antrópico Final nasce da constatação de que não faz sentido estar tudo organizado de modo a fazer aparecer vida para depois se deixar que ela desapareça dessa maneira. A Terra não tem futuro, vai ser destruída. E nós, se no nosso orgulho, na nossa ânsia de domínio dos outros, com a imoralidade dos valores capitalistas a que nos deixamos subjugar, com a nossa falta de fraternidade com os outros povos, não nos destruirmos antes numa guerra nuclear, então, iremos adquirir tecnologia para ir para outros sistemas estelares. Se formos para planetas junto de outras estrelas, escaparemos à inevitável destruição da Terra. Mas essas são as estrelas que também vão desaparecer. As galáxias que também se vão apagar. O universo também vai morrer. Mesmo que consigamos escapar da Terra, estaremos apenas a adiar o inevitável. Nessas circunstâncias, como é possível postular que a vida inteligente jamais desaparecerá? O estudo da sobrevivência e do comportamento da vida no futuro longínquo constituiu-se recentemente como um novo ramo da física. As investigações em torno desta questão começaram com Freeman Dyson (1923 – ainda vivo em 2017). Dyson esboçou um esquema, muito incompleto, que viria a ser reformulado por outros cientistas que se interessaram pela mesma questão, designadamente Steve Frautschi (1933 – ainda vivo em 2017). Sucederam-se novos estudos em torno deste problema, todos eles assentes inteiramente nas leis da física e na teoria dos computadores.
Inteligência artificial A primeira etapa já tem vindo a ser desenvolvida em vários centros de pesquisa. O desenvolvimento da inteligência artificial é um desejo profundo de muitos cientistas. A nossa civilização dá ainda os primeiros passos na tecnologia dos computadores, mas a evolução está a ser muito rápida e é possível que, um dia, sejamos capazes de desenvolver tecnologia tão ou mais inteligente do que nós. À atual taxa de evolução, os cálculos mostram que os computadores atingirão o nível humano de processamento de informação e capacidade de integração de dados no prazo de cerca de um século. Quando chegar o dia em que atingirem o nosso nível, os computadores adquirirão consciência. Os engenheiros preveem que, para além de podermos vir a desenvolver computadores tão inteligentes como nós, poderemos também desenvolver robôs que sejam colonizadores universais. Os colonizadores universais são engenhos que podem construir tudo o que possa ser construído, com a habilidade humana de construir tudo o que possa ser
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construído. O matemático Von Neumann já mostrou como esses colonizadores podem ser criados e a NASA diz que é possível fabricá-los em algumas dezenas de anos. Esses colonizadores universais servem para garantir a sobrevivência da civilização. O Princípio Antrópico Final estabelece que, uma vez tendo aparecido, a inteligência jamais desaparecerá do universo. Assim sendo, a inteligência na Terra não tem alternativa: terá de abandonar o berço e espalhar-se pelas estrelas. Os instrumentos desse processo são os computadores e os colonizadores universais. Parece inevitável que, algures no futuro, os seres humanos terão de enviar colonizadores universais computadorizados para as estrelas mais próximas. Esses colonizadores universais terão instruções específicas para colonizarem os sistemas solares que encontrarem e construírem aí novos colonizadores universais, os quais, por sua vez, serão enviados para as estrelas seguintes, num processo em crescimento exponencial. Isto principiará naturalmente com a exploração das estrelas que nos são mais próximas, como Próxima Centauri e Alfa Centauri, e estenderse-á gradualmente às estrelas seguintes. O processo levará uns milhares de anos. Se isso é muito tempo à escala humana, não o é à escala universal. Como mencionado num dos primeiros capítulos, há outra hipótese - é que existem outras formas de vida - a vida espiritual, que não depende da vida material como a conhecemos. Mas, devido à lei de causa e efeito determinar que os erros, do egoísmo, da falta de fraternidade, etc., terem de ser corrigidos em mundos materiais da mesma natureza que os mundos onde os erros foram feitos, torna-se necessário existirem mundos materiais até nos depurarmos desse egoísmo e tornarmo-nos unos com todos. Outro ponto que também tem que ser considerado, é que de acordo com a probabilidade, existem outros seres inteligentes em outros mundos. E algumas dessas civilizações serão tecnologicamente muito mais evoluídas que a nossa. Muito provavelmente já dominam tecnologias baseadas nos postulados da física quântica e já têm soluções para este problema da extinção de planetas habitáveis. Assim não estaremos sozinhos na resolução deste problema. Mas fazendo o nosso trabalho de colaborar... vamos lá aos colonizadores universais, que no entanto, pode tornar-se apenas em ficção científica.
Colonizadores Universais Nesta hipótese, bastaria construir quatro ou cinco destes colonizadores universais. Uma vez chegado a um sistema solar, o colonizador universal irá procurar planetas ou asteroides onde poderá extrair os metais e toda a matéria-prima de que necessitar. O robô começará a colonizar esse sistema e a povoá-lo com vida artificial pré-programada por nós ou até com vida humana, uma vez que é possível dar-lhes o nosso código genético para reprodução sempre que as condições encontradas forem adequadas. Para além disso, o robô terá também a missão de fabricar novos colonizadores universais, que enviará para as estrelas seguintes. À medida que avança, o processo de colonização das estrelas ir-seá acelerando porque cada vez haverá mais e mais colonizadores universais. Mesmo que a civilização original desapareça, devido a um qualquer cataclismo, esta civilização
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continuará a espalhar-se autonomamente pela galáxia, graças aos colonizadores universais e ao seu programa automático de colonização. À medida que a habitabilidade na Terra se tornar mais difícil, a prioridade será encontrar planetas para onde se possa transferir a vida. É normal que, agora, tudo pareça uma fantasia. Mas, quando as coisas se tornarem graves cá na Terra, com o aumento da atividade solar e a degradação da atmosfera, o problema vai começar a ser encarado muito a sério. O que nos parece hoje ficção científica, pode no futuro tornar-se realidade. Com a proliferação exponencial dos colonizadores universais, toda a nossa galáxia acabará por ser colonizada. De um pequeno planeta da periferia, a inteligência espalharse-á pela Via Láctea. A natureza do nosso planeta só consegue criar a inteligência através de circunstâncias excecionais envolvendo os átomos de carbono, cuja complexa organização deu origem ao que designamos vida. Mas o carbono só é predominante em estado sólido numa estreita faixa térmica. Nós, seres humanos, estamos a desenvolver uma certa forma de vida através de outros átomos, como o silício, por exemplo. O que os colonizadores universais vão espalhar pela galáxia será a inteligência artificial contida nos chips dos seus computadores. Não é certo que a vida baseada nos átomos de carbono seja capaz de sobreviver a viagens de milhares de anos entre as estrelas. O que temos a certeza, no entanto, é que a inteligência artificial será capaz de o fazer.
Extinção da vida A vida baseada no átomo de carbono está condenada a extinguir-se. Mesmo com os colonizadores universais, o facto é que, um dia, todas as estrelas vão desaparecer. Ora, sem estrelas, a vida baseada no átomo de carbono não é possível. A inteligência artificial não necessita de estrelas para funcionar. Necessita de fontes de energia, mas essas fontes não têm de ser as estrelas. Pode ser a força forte contida no núcleo de um átomo, por exemplo. O que faz a vida não é o hardware. É o software. Podese continuar a existir, não num corpo orgânico feito de carbono, mas num corpo metálico, por exemplo. Já há pessoas que vivem com pernas e coração artificial; poder-se-á viver com um corpo todo artificial que o eu, continuará a sentir-se o mesmo eu. Num corpo diferente, mas será o mesmo eu. Numa ótica materialista, e é sob esta ótica que estamos agora a raciocinar, a consciência é uma espécie de programa de computador e nada impede que esse programa continue a existir caso se consiga criar um hardware adequado onde a inserir. Esta questão está já a ser estudada por físicos, matemáticos e engenheiros e o facto é que eles já concluíram que, por muito extraordinário que tudo isto possa parecer agora, é perfeitamente possível de colocar em prática. O postulado do Princípio Antrópico Final assim o exige, para garantir a sobrevivência da inteligência no universo (repetimos que estamos a raciocinar dentro de uma ótica materialista).
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Que átomos suportam a vida? Tal como a conhecemos, a vida baseia-se essencialmente em átomos do elemento carbono (C). Outras hipóteses têm sido investigadas e a pergunta que os cientistas fazem é: poderá noutro sistema solar a vida estar baseada noutro elemento? Os cientistas têm especulado acerca dos prós e dos contras de usar outros átomos, que não os de carbono, para formar as estruturas moleculares necessárias para a vida, mas nenhum propôs uma teoria que empregasse tais átomos para formar todas as estruturas necessárias. No entanto, Carl Sagan (1934 – 1996) argumentou que, é difícil estar-se certo que o princípio que se aplica a todas as formas de vida na Terra, também se aplique à vida em todo o universo. Sagan achou que é excessivo pensar que, apenas o carbono tenha a exclusividade da vida. Carl Sagan apontou que o silício e o germânio são alternativas possíveis ao carbono, mas, por outro lado, notou que o carbono parece ser mais quimicamente versátil e ser mais abundante no cosmos. Por outro lado sabemos que a vida baseada no carbono é frágil A vida baseada no carbono, acaba facilmente. Basta ver o tempo de vida dos diferentes animais e plantas da terra para chegarmos a essa conclusão. A vida tal como a conhecemos é frágil. Nota: embora conheçamos algumas oliveiras com cerca de 4 mil anos, é apenas um caso muito excecional. O postulado do Princípio Antrópico Final estabelece que a inteligência sobreviverá ao longo da história do universo. Isto levanta a hipótese de que a vida, já baseada noutro suporte mais resistente, espalhar-se-á pelo universo de forma que assumirá o controlo de todo o processo. Esta é a hipótese que muitos físicos acreditam que acontecerá. E fazemno baseados na Teoria do Caos (uma borboleta pode afetar o clima do planeta). Então por que uma coisa tão pequena como a Terra não poderá assumir o controlo de uma coisa tão imensa como o universo? Claro que a existirem outras civilizações noutros mundos muito mais evoluídas do que nós, tudo isto que aqui estamos a dizer é muita presunção da nossa parte… Apesar do universo ser muito maior do que a Terra, o princípio é o mesmo. Também a vida na Terra começou com umas simples moléculas e evoluiu para a espécie humana que está a controlar todo o planeta. Então, pelo mesmo princípio, nada impede que daqui a algumas dezenas de milhões de anos, a inteligência tome conta de toda a galáxia ao ponto de também influenciar a sua evolução. Tudo isto é explicado por diversos estudos científicos, conduzidos por Tipler e Barrow , em 1986. E tudo dentro do postulado pelo Princípio Antrópico Final. Tendo aparecido no universo, a inteligência nunca irá desaparecer. Para sobreviver, a inteligência tudo fará para controlar as leis do universo. Dentro deste pressuposto, a vida não é o objetivo do universo, mas um elo fundamental para gerar o aparecimento da inteligência que controlará o universo.
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Inteligência sobrevive ao fim do universo Mas esta hipótese levanta outra questão: como poderá a inteligência sobreviver ao fim deste universo? No fim do universo, o que acontecerá à inteligência? Como podemos verificar com todas estas teorias, muitas já confirmadas experimentalmente na natureza, tudo está ligado. No nosso cérebro, quando fazemos um raciocínio, geram-se correntes, alguns eletrões movem-se. E quantas vezes esses pequenos raciocínios acabaram influenciando, ainda que por muito pouco, o percurso do universo? Não será que nós fazemos parte desse conceito de Deus. Se admitirmos que Deus está em tudo e que portanto nós estamos em Deus, quando observamos algum detalhe da natureza, estamos a ver uma parte de Deus. Deus é tudo. Como nós pertencemos a uma parte da natureza, nós somos uma parte de Deus. Pensemos nos nossos neurónios. Cada neurónio não sabe que faz parte duma parte do cérebro, duma parte que pensa e é a parte consciente do corpo. A nossa consciência é a soma de todos esses neurónios e processos complexos que cada grupo vai gerando e assim cada neurónio não é uma individualidade, mas sim parte do nosso todo. De igual forma, os seres humanos, talvez sejam os neurónios de Deus e não nos apercebemos disso. Pensamos que somos individuais, separados do resto dos seres vivos e também dos inorgânicos e no entanto fazemos parte de tudo, tal como todo o resto que se encontra neste planeta e em todo o universo. Parece que era isto que Einstein acreditava: que Deus é tudo o que vemos e ainda tudo o que não vemos. Nota: O Livro dos Espíritos de Allan Kardec, publicado em 1857, aborda este assunto. Da leitura dele, conclui-se na questão nº 15 do referido livro, que o raciocínio que temos vindo a desenvolver, pressupõe muito orgulho da nossa parte (humanidade) – não podendo sermos Deus, queremos fazer parte Dele. O Livro dos Espíritos apresenta uma das filosofias espiritualistas mais avançadas da humanidade. Como tal, muitos dos raciocínios que estão colocados aqui, são hipóteses que contudo podem estar completamente certas, para despertar o nosso incentivo no estudo destas questões e simultaneamente nos pôr a pensar para além do que a cultura em que estamos inseridos nos ensinou e nós adotámos sem qualquer sentido crítico. Porém, como demonstramos, a maioria desses conhecimentos que adotámos da nossa cultura judaico-cristã, são autênticos disparates filosóficos e teológicos e ferem as leis universais. Por outro lado, a criação de inteligência artificial não será ficção dentro de alguns anos.
Morte serena Dentro destas hipóteses, há uma certa paz na ideia da morte. Temos contudo de fazer as pazes com a vida. Temos de perdoar aos outros. Para o conseguirmos, precisamos primeiro de nos perdoarmos a nós próprios. Perdoa-te a ti mesmo e depois perdoa aos outros. Temos medo da morte porque achamos que não fazemos parte da natureza, que uma coisa somos nós e outra é o universo. Mas tudo na natureza morre. De certo modo, nós somos um universo, e, por isso, nós também morremos.
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O universo pode ser cíclico. Assim creem as religiões e filosofias orientais. Os hindus acreditam que tudo no universo é cíclico, até o próprio universo. O universo nasce, vive, morre, entra na não existência e volta a nascer, num ciclo infinito, num eterno retorno. Tudo é cíclico. Assim defendeu Pietro Ubaldi (1886 – 1972) no livro A Grande Síntese.
Deus disse: faça-se luz! E a luz fez-se Einstein intuiu que este enunciado bíblico era verdadeiro. Anos depois da sua morte, a descoberta da radiação cósmica de fundo veio provar que a hipótese do Big Bang era correta. O universo nasceu de facto de uma espécie de explosão inicial, o que significa que afinal a Bíblia tinha razão: tudo começou quando a luz se fez. A questão que se coloca agora é a de determinar quem é a entidade que obrigou a luz a fazer-se. Chamemos-lhe Deus se quisermos, o nome não interessa. O que interessa é que o universo começou com o Big Bang e vai acabar com o Big Freeze (o mais provável de acordo com as teorias atuais) ou com o Big Crunch. Einstein suspeitava que seria com o Big Crunch.
Objetivo da criação da humanidade A revelação do Princípio Antrópico, associada à descoberta de que tudo está determinado desde o início dos tempos, demonstra que sempre houve a intenção de criar a humanidade. Então qual foi o objetivo de criar a humanidade? Qual a razão por que existimos? A resposta é, faça-se luz! Einstein concluiu que a humanidade não é para provocar o fim do universo, mas para ser um instrumento para se alcançar o fim do universo de uma forma programada. E qual é esse programa que a humanidade irá gerar? A energia gera matéria, a matéria gera vida, a vida gera inteligência. E a inteligência? Einstein foi o primeiro a responder que a inteligência gera Deus. A humanidade foi criada para desenvolver uma inteligência ainda mais sofisticada do que a biológica. A inteligência artificial. Os computadores. Daqui a centenas de anos, os computadores serão mais inteligentes do que o homem e, dentro de milhões de anos, estarão habilitados a escapar às alterações cósmicas que ditarão o fim da vida biológica. Os seres vivos baseados no átomo de carbono não serão viáveis daqui a muitos milhões de anos, quando as condições cósmicas se alterarem; mas os seres vivos baseados noutros átomos poderão sê-lo.
Programar o recomeço (o novo ciclo) A hipótese que apresentamos a seguir, só é válida se acontecer o Big Crunch, o que os físicos atuais não aceitam tão bem como o Big Freeze. O grande computador universal ver-se-á então colocado perante o problema do Big Crunch. Como escapar ao fim do universo? Há uma maneira de o grande computador universal garantir que voltará a existir. O grande computador universal terá de controlar ao
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pormenor a forma como o Big Crunch irá ocorrer. Terá de controlar tudo segundo uma fórmula que lhe permita recriar o mesmo universo depois do Big Crunch, de modo a que tudo possa voltar a existir. Tudo, incluindo ele próprio. Recriar tudo. O grande computador universal vai desaparecer com o Big Crunch, mas, conceberá uma fórmula que lhe permitirá reaparecer no novo universo. Essa fórmula implicará uma programação exata dos processos físicos e nucleares, entre outros, como a energia tem que ser concentrada e organizada com um rigor e ajustes tais que, evoluindo depois de modo determinista segundo leis e constantes com valores devidamente definidos, permitirá que reapareça no novo universo a matéria, depois a vida, finalmente a inteligência para dar origem a um novo computador universal para repetir o ciclo, aplicando assim sempre o Princípio Antrópico. Essa fórmula será de tal forma complexa que só uma superinteligência será capaz de a conceber. No estado de inteligência em que nos encontramos, ainda não somos capazes de processar tal quantidade de informação e raciocínios. Mas os supercomputadores irão atingir esse estádio.
Será Deus um computador? Toda a inteligência é computadorizada. É o que sentem os físicos e os matemáticos. Inteligência é computação avançada. Os seres humanos, são computadores biológicos. Uma formiga é um computador biológico simples, cada ser humano é um computador biológico mais complexo. Só isso. Então podemos designar Deus por inteligência criadora, grande arquiteto, entidade superior, o que se quiser chamar. Não interessa o nome. O que interessa é que é essa inteligência que está na raiz de tudo. Einstein concluiu que o universo existe para criar a inteligência que irá gerar o próximo universo. É esse o software do universo, é esse o fim da existência. Faça-se luz! é a metáfora bíblica para a fórmula da criação do universo, a fórmula que o grande computador universal irá enunciar quando ocorrer o Big Crunch (grande esmagamento), a fórmula que provocará um novo Big Bang (grande expansão) e tudo irá recriar. Tudo, incluindo Deus. O objetivo último do universo é recriar Deus e nós não passamos de um instrumento desse ato.
Deus na Bíblia Grande parte das histórias da Bíblia são mitos. Isso é afirmado por todos os cientistas independentes. E os estudos de história, da linguística dos antigos textos, da arqueologia, etc., têm vindo a confirmar a misticidade de tais escritos, na generalidade dos casos. A conceção de um Deus pessoal é uma ideia simples, até infantil, porque se trata de um conceito antropomórfico (que é semelhante ao homem), uma fantasia criada pelo homem para tentar influenciar o seu destino e buscar consolo nas horas difíceis. Como nós não sabemos interferir com a natureza, desenvolvemos esta ideia de que ela é gerida por um Deus, umas vezes benevolente e paternalista que nos ouve e que nos guia, outras vezes um ciumento zeloso que castiga quem não o adora ou o desobedece.
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Ter um Deus que nos protege é uma ideia muito reconfortante. Inventamos a ilusão de que, se rezarmos muito, obteremos dele favores que controlarão a natureza em nosso benefício e satisfará os nossos desejos, por artes sobrenaturais. Quando as coisas correm mal, e como não entendemos que um Deus tão benevolente o tenha permitido, dizemos que isso deve ser obra de um diabo qualquer (que também inventamos) qualquer determinação misteriosa e ficamos assim mais confortados. Logicamente, isto não faz sentido nenhum no raciocínio dos mais atentos e em geral mais cultos. Somos uma de entre milhões de espécies de vida que existem no planeta Terra, o terceiro planeta de uma estrela periférica, mediana, de uma galáxia também mediana com milhares de milhões de estrelas, uma de entre milhares de milhões de galáxias que existem no universo. Fica confuso imaginar que Deus dá-se ao trabalho de, nesta enorme vastidão de proporções gigantescas, preocupar-se com cada um de nós. Mas tal ideia é tranquilizante. E, no entanto, tal pode de facto acontecer. Mas também pode ser uma grande ilusão. A Bíblia diz que Ele é bom e é omnipotente. Se é omnipotente, pode fazer tudo, incluindo preocupar-se com o universo e com cada um de nós. Num raciocínio independente de religiões, poderemos questionar, se Deus é de facto bom e omnipotente, como pretende a Bíblia, por que razão permite a existência do mal? Por que razão deixou que ocorresse o Holocausto? Se Deus é bom, não pode ser omnipotente, uma vez que não consegue acabar com o mal. Se Ele é omnipotente, não pode ser bom, uma vez que permite a existência do mal. Um conceito parece excluir o outro. Lendo a Bíblia com atenção, repararemos certamente que ela não transmite a imagem de um Deus benévolo. Antes transmite maioritariamente um Deus ciumento, um Deus que castiga, que exige fidelidade cega, um Deus que causa medo, um Deus que aprecia sacrifícios de sangue, um Deus que foi capaz de dizer a Abraão para matar o seu único filho só para ter a certeza de que Abraão Lhe era fiel. Ora, se Ele é omnisciente, não sabia já que Abraão lhe era fiel? Para quê, esse teste tão cruel, sendo Ele bom? Assim, o Deus da Bíblia não parece ser tão bom como se diz. Se Deus é omnipotente, isto é, pode tudo, por que motivo puniria Ele os seus filhos se tudo é Sua criação? Não estará a castigá-los por coisas de que é Ele, finalmente, o exclusivo responsável? Julgando os seus filhos não estará Ele a julgar-se a si próprio? Por outro lado, como veremos, a omnipotência é um conceito, cheio de irresolúveis contradições lógicas.
Paradoxo da omnipotência Há um paradoxo (paradoxo da omnipotência) que explica a impossibilidade da omnipotência e que pode ser formulado da seguinte maneira: se Deus é omnipotente, pode criar uma pedra que seja tão pesada que nem Ele próprio a consegue levantar. Se Deus
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não conseguir levantar a pedra, Ele não é omnipotente. Se conseguir, Ele também não é omnipotente porque não foi capaz de criar uma pedra que não conseguisse levantar. Alguns filósofos, como J. L Cowan, veem neste paradoxo razão suficiente para rejeitar a possibilidade da existência de uma entidade omnipotente. Outros, como Tomás de Aquino, defendem que o paradoxo se forma a partir de um mau entendimento do conceito de omnipotência. Outros filósofos, como René Descartes, afirmam que Deus é absolutamente omnipotente, apesar do problema levantado. Além disso, alguns filósofos consideram que a classificação de um ser como omnipotente ou não-omnipotente é um falso dilema, uma vez que não considera a possibilidade de existirem diversos graus de omnipotência. Algumas abordagens modernas ao problema envolvem debates semânticos onde se questiona se a língua, e consequentemente a filosofia, conseguem relatar fielmente o conceito de omnipotência em si. Há ainda quem argumente que a omnipotência permite contornar a lógica, tornando o paradoxo inútil. É difícil acreditar no Deus pessoal da Bíblia. Mas é mais fácil acreditar no Deus que se revela na ordem harmoniosa daquilo que existe; na beleza e a lógica simples do universo. Não é possível provar a existência de Deus, da mesma maneira que não é possível provar a sua não existência. Nós apenas temos a capacidade de sentir o misterioso, de experimentar a sensação de deslumbramento pelo maravilhoso esquema que se exprime no universo.
A errónea perceção do que é Deus Muitos dos problemas que algumas religiões organizadas produziram nas pessoas através dos séculos, vêm da conceção que essas religiões nos transmitiram sobre Deus -- um ser algo distinto de nós, a quem temos de prestar culto, adorar, agradar, esperando ser premiados no fim da vida por esses atos. Esse conceito é uma blasfémia. Deus não precisa nem quer procissões, foguetes, andores, fanfarras, pálios, missas, terços, etc. Deus só espera uma única coisa, e espera todo o tempo que precisarmos para chegar lá: Que sejamos boas pessoas, que sejamos bons com tudo. A crença que está associada com qualquer religião organizada é algo que incomoda os sentidos de uma pessoa profundamente espiritualista; Essas crenças são algo que fez muito mal ao mundo, às mulheres, aos povos oprimidos. A religião convencional, que está errada nos seus conceitos, tem assombrado o mundo. Nos tempos recentes, com o desenvolvimento da ciência, nomeadamente a física quântica, tem vindo a ser demonstrado que esses conceitos antigos, e que ainda continuam na mente de muitas pessoas atrasadas culturalmente, e que infelizmente ainda é a maioria do povo da Terra, tem atrasado moralmente o mundo.
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Agora temos uma tecnologia mais evoluída, ímanes antigravidade, transporte por campos magnéticos, energia aparentemente do nada, etc. Mas mesmo assim temos esse conceito feio, retrógrado e supersticioso de Deus. É como se evoluíssemos em ciência da matéria mas não crescemos na ciência do espírito… que é o mais importante para crescer. As pessoas entram rapidamente nessas crenças supersticiosas e anticientíficas quando se sentem ameaçadas por algo. Entram rapidamente no conceito erróneo de que Deus castiga, de que há castigo eterno! Mas Deus não é assim. E quando alguém começa a questionar os conceitos convencionais de Deus, as pessoas acham-te um agnóstico, um ateu, um subversivo da ordem social estabelecida, ainda que esta ordem esteja muito mal. Deus tem que ser infinitamente maior que as fraquezas humanas que O idealizaram à sua semelhança com os mesmos ciúmes e vinganças que as próprias pessoas têm. Idealizam Deus como se Ele tivesse as imperfeições humanas e temem-no como temem os homens maus. Deus é infinito e com todas as perfeições. Como pode um homem ou uma mulher pecar contra algo tão supremo? É impossível uma força criadora tão infinita ficar zangada com os erros dos homens que são tão imperfeitos e Ele sabe disso. Ou então não seria Deus. A arrogância dos poderosos quer controlar os outros com essa imagem de Deus feito à semelhança desses homens maus, com essas superstições e com esses enganos. A maioria das pessoas pensa erradamente em Deus como sendo uma grande figura no Céu, com barba branca a examinar os homens lá de cima, julgando, castigando, recompensando ou dando ordens. Como se diz vulgarmente, Deus nos vê lá de cima, regista no seu computador o que fazemos, vê se nos comportamos de acordo com o seu desejo, ou se o ofendemos. Esta é uma ideia de Deus absolutamente absurda e ultrajante. Enquanto estivermos nesse caminho nós estaremos sempre fora do caminho da evolução e desenvolvimento espiritual. Como é que nós, tão insignificantes, poderíamos ofender a Deus? Que tipo de Deus é esse em que as pessoas acreditam? Uma heresia completa. Como é que Deus, tão grandioso, iria agora se preocupar com o que fazemos usando o nosso orgulho, a nossa vaidade e a nossa opulência? Como Ele acharia essa situação tão grave que nos iria condenar eternamente, sabendo ele que todos estão a caminhar para a perfeição? Essas antigas ideias de Deus são bizarras. Porém, os homens do poder agarram-nos a esses medos, a essas inseguranças para nos dominarem e controlarem em seu próprio benefício, escravizando os outros através da introdução desses medos nas pessoas.
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As religiões têm tido um papel importante na criação desses medos e dessas inseguranças nas pessoas e através do medo atuam com muita eficácia, quer seja deliberadamente ou não. As pessoas obedecem rapidamente e inconscientemente quando são ameaçadas com esses medos, com essas frases de castigo eterno. Mesmo que uma pessoa se tenha livrado dos arreios de uma religião, ela ainda vive nos antigos conceitos de medo, segundo esse molde de aprisionamento da sua liberdade para pensar racionalmente. A maneira como pensamos que funciona a realidade é moldada pela religião. Então, enquanto uma pessoa não sair completamente desse sistema, nunca poderá caminhar numa perspetiva evolucionista de crescimento interior. As religiões dão-nos um conceito de separação: para uns é bom ser católico, para outros é bom ser protestante, para outros é bom ser islâmico, etc. Cada um, na sua religião, pensa que só ele conhece o caminho e a verdade; os outros estão todos errados. Então todos vivem e pensam em separação, não pensam em comunhão ou em colaboração porque estão programados para agir em separação. A física quântica nos demonstra que o entendimento correto é o da unidade completa. Todos somos o mesmo, todos somos irmãos, todos pertencemos ao mesmo universo e temos de interagir em unidade, em comunhão, em verdade, no bem, sem fazer mal aos outros seres vivos. O mesmo Deus está em todos. O único Deus está no interior de cada um. Essa é a viagem fundamental da espiritualidade. A grande crença das pessoas (que não querem crescer espiritualmente) é que têm um pai no céu cuidando delas e pedem a Jesus que faça as coisas por elas. Elas pensam que se dirigirem a fé a Jesus ele vai salvá-las dos seus pecados, vai cuidar delas e tudo ficará bem. Mas Jesus não pode comer por mim; Jesus não pode nascer por mim, fazer as obras de elevação moral por mim e nem Jesus me pode tornar bom fazendo ele o trabalho que tem que ser feito por mim. Em termos reais, não podemos ser salvos dos erros que fazemos nem por Deus, nem por Jesus, nem por nenhuma santa, ou outro ser, mas sim pelo nosso esforço em nos tornarmos melhores. É uma evolução pessoal que tem de ser feita. Por falar em Jesus, vale dizer que o conceito que as pessoas têm de Jesus também não corresponde à verdade histórica. Jesus nasceu judeu, viveu judeu e morreu 100% judeu. Não significa isto que não tenha sido uma boa pessoa, um iluminado. Do que sabemos, historicamente, ele comportava-se de acordo com as melhores práticas morais do judaísmo. Mas Jesus não fundou nenhuma nova religião e tanto quanto os historiadores sabem, tal coisa nunca lhe passou pela cabeça. Então como surgiu o Cristianismo?
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Foram os seus discípulos, os discípulos dos discípulos, os discípulos dos discípulos dos discípulos que lentamente e ao longo de vários séculos foram escrevendo conceitos que já existiam nas religiões daquela zona, nomeadamente dos Essénios e Nazarenos, comunidades que existiam no tempo de Jesus. Também foram copiar conceitos das religiões da Mesopotâmia e criaram uma teologia semelhante a elas, pondo Jesus na base dessas teologias inventadas. Porém, temos que aceitar uma verdade que é indiscutível. O que resultou dessa criação incentiva as pessoas à prática do bem. E isso é que é verdadeiramente importante. Se não foi ensinado por Jesus, mas foi posteriormente ensinado por outras pessoas bondosas, isso não retira valor aos ensinamentos morais. Pena foi que, em nome de uma doutrina tão fraternal, tão equitativa na distribuição dos bens, tão igualitária, uma minoria (menos de 1% da população), ao longo dos séculos, por motivos de domínio económico e territorial, tenham usado essa doutrina de uma forma má e deturpada e fizeram-se guerras, mataram milhões de pessoas e tenha sido criado um sistema económico capitalista tão explorador, tão egoísta, tão segregador, que deu origem ao racismo, ao xenofobismo, à escravatura e à perseguição e morte de livres pensadores, cientistas e pessoas de bem que se lhes opuseram. Contudo chama-se a atenção para um procedimento incorreto de muitas pessoas, que é o de estar a interpretar filosoficamente e teologicamente a pessoa de Jesus e ensinamentos atribuídos a ele que na realidade não foram. Foram, como dissemos, idealizações futuras feitas por gerações de pensadores posteriores. E isto é histórico. Nós queremos livrar-nos dos erros feitos, através da religião; e a realidade não funciona assim. Somos nós que temos de reparar os erros que fazemos. Não será Jesus, nem Deus, nem nenhuma santa, nem ninguém em vez de nós. Só nós, através das boas ações em diferentes reencarnações podemos atingir a perfeição, apenas por nós próprios. Isso diminui a grandeza de Deus? De forma alguma. A lei de Deus determina que sejamos nós, por mérito próprio a sermos os artífices da nossa evolução. Na verdade Deus nos abre as portas e nos deixa ser absolutos, eternos e também divinos. Isso, nós somos divinos, Deus está dentro de cada um. Nós fomos convencidos que Deus está fora de nós, quando na verdade ele está dentro de nós. Na medida em que evoluímos para o bem, para a fraternidade e unidade com todos, nós vamos encontrando o Deus que está bem dentro de cada um. Não queremos aceitar a nossa responsabilidade e a nossa grandeza, pois é muito mais fácil inventar uma religião para cuidar das nossas inseguranças. São essas nossas inseguranças e o nosso egoísmo que deram origem às religiões e permitiram que florescessem. E alguns se servem delas para nos dominar economicamente, fazer guerras, destruir o nosso semelhante e todos os seres vivos da criação, para a obtenção do poder para uns poucos, como se nós não fôssemos todos irmãos! E enquanto assim pensarmos
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não conseguiremos sair deste sistema em que há domínio e escravização de uns sobre os outros. Os habitantes da Terra estão impregnados e enormemente subjugados por conceitos erróneos (que as pessoas estabeleceram de acordo com os seus interesses egoístas) do que está certo e do que está errado. No livro “Conversas com Deus” esclarece-se que não existe nem bem nem mal. Significa isto que é cada um por si? Não, de jeito nenhum. Todas as pessoas erram e todas também acertam no decurso da vida. As atitudes imorais que fazemos ao nosso semelhante é o nosso grande problema e é por isso que estamos aqui -- para errar, para aprender, para enganarmo-nos, para buscar e usar o conhecimento adquirido para criar um bem estar geral progressivamente melhor. Não tem ninguém no céu a anotar os nossos erros, os nossos pecados. Os registos estão aqui na nossa consciência e teremos de arcar aqui com as consequências do mal que fazemos aos outros, expiando e reparando aqui esses desacertos. E isto é muito mais doloroso do que um Deus que leva para o céu os nossos registos, conforme é erradamente dito. Assim, qualquer um que comece o caminho do conhecimento e do esclarecimento será absolutamente impecável em tudo o que fizer. Será por medo da condenação? Ou da punição de Deus? Ou porque pecou e não foi perdoado? Não. Isso são tudo desculpas que nos afastam do problema real. A pessoa verdadeiramente esclarecida e iluminada vai descobrir que cada ação tem uma reação com a qual vai ter de lidar e resolver para o bem ou para o mal. E se é esperta não vai fazer coisas que lhe vão agravar a infelicidade e que tem forçosamente de reparar mais tarde e depois fazer o balanço na alma. Este é o verdadeiro critério de como as coisas funcionam. As pessoas quando deixam de ser egoístas caminham para Deus que está dentro delas. Deus deixa de estar fora delas conforme até aí pensavam. Vivemos em Deus e temos nossa existência nele. Nele nos movemos e temos o nosso ser; de facto somos divinos e o Deus de cada um é sempre o mesmo Deus. Todos estamos em Deus, qualquer que seja o nome que um descrente dê a Deus: nada, invenção, pobreza de espírito, ignorância, etc. Tudo isso é apenas Deus, tudo interligado no universo em que não é preciso nem adoração, nem rituais, nem templos, porque Deus está dentro de cada um e em tudo. Apenas é necessário uma coisa: Sermos realmente fraternos; uma união com o Deus interior.
Paranormalidade O governo americano começou em 1978 um programa ultrassecreto: formar um exército de paranormais. Um batalhão de homens capaz de usar o sobrenatural como arma de guerra. Era o Projeto Stargate que terminou em 1995 quando a CIA achou que não seria
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mais, necessário nos seus propósitos de controlo do que se passa em todo o mundo. A ideia desse projeto era realmente de preparar um batalhão com operacionais dotados de capacidades paranormais. Um batalhão de pessoas com talento para prever o futuro e usar a clarividência (faculdade de perceber à distância através de perceção extra sensorial eventos que acontecem em outros lugares) com o objetivo de fazer espionagem, enxergando através de paredes e perceber acontecimentos à distância. Primeiro eles testavam entre os soldados quais teriam mais perfil de paranormal. Cientistas da Universidade Stanford faziam testes aos homens. Eram testes simples, como pedir que o sujeito adivinhasse que carta do baralho alguém estava a esconder na mão. Então escolhiam os que acertavam mais (ou se preferirem, os que erravam menos) e faziam mais testes. Até filtrar um grupo de pessoas que realmente parecia ter algum sexto sentido. Essas pesquisas duraram mais de 20 anos e consumiram 20 milhões de dólares. E o mais intrigante: deram resultado. Recuemos até 1977. Os militares dos EUA queriam saber o que os russos estavam a construir numa zona misteriosa, que os satélites americanos tinham fotografado em algum lugar no norte da antiga URSS. Sem terem processo de espiar a coisa da forma tradicional, com visão direta, chamaram um dos soldados que mais se tinha destacado nos testes do Projeto Stargate, o especialista em visão remota Joseph McMoneagle. Mostraram a fotografia do satélite e ele sentenciou: estavam a construir um submarino. Os oficiais não acreditaram. Parecia absurdo, já que a construção ficava a quase um quilómetro da água, um lugar pouco propício para fazer um submarino. Mas Joseph disse que em 4 meses sairia um de lá. E acertou. Como dissemos, o Stargate durou até 1995, quando o governo de Clinton pôs fim ao programa, que considerou caro para poucos resultados. Mas não foi a primeira nem a última vez em que os paranormais foram levados a sério por instituições sérias. Seus serviços continuam requisitados, e em áreas até mais inusitadas que a espionagem militar. Joseph McMoneagle vive isolado na sua casa nas montanhas da Virgínia, onde mora com a mulher e 6 gatos. O sensitivo acabou por fundar a sua própria firma de consultadoria e cobra 250 dólares por hora de trabalho. McMoneagle diz que geralmente leva pouco mais de duas horas para ver alguma coisa. Por exemplo, diz que vê quais são os melhores terrenos para companhias de extração de minérios comprarem. E também atua em tecnologia. Uma empresa perguntou-lhe em qual produto deveria investir. Recomendou que apostasse no mercado dos livros eletrónicos. Além de ter antevisto o Kindle (dispositivo para ler livros eletrónicos) em 1994, McMoneagle trabalha há alguns anos numa experiência inusitada: ele está a tentar construir uma máquina a partir de imagens vindas do futuro. Diz que não sabe dizer o que a máquina faz ainda. Só tenta ver as peças uma a uma por visão remota e vai montando a máquina. Um dia saberemos o que é. Há também médicos paranormais. Um grupo de sensitivos brasileiros, não tenta fazer curas, mas dizem-se capazes de diagnosticar doenças. Para testar essas habilidades, uma equipa de pesquisa da Universidade de Brasília acompanha os diagnósticos que a equipa
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de sensitivos dá a pacientes do Hospital Universitário. Depois, a equipa vai comparar os resultados com os dos exames verdadeiros para ver se alguma coisa coincide. Cada sensitivo tem apenas 10 minutos na sala com o paciente, sob a vigilância dos pesquisadores. E o paranormal não pode tocá-lo nem se comunicar com ele. Os pesquisadores pretendem saber responder se esse tipo de perceção extra sensorial funciona, diz o físico Álvaro Tronconi, coordenador da experiência. Se a percentagem de acertos for acima do esperado pelas probabilidades, vamos investigar como essas pessoas chegam aos diagnósticos. Não se estranhe esse casamento entre ciência e ocultismo. Existe quase um século de pesquisas sérias sobre clarividência, telepatia, capacidade de mover objetos com o pensamento, etc. tudo aquilo que se possa chamar de paranormal - ou parapsicológico, como preferem os pesquisadores. Cientistas de várias áreas dedicam-se a estudar os fenómenos da parapsicologia (ou fenômenos psi para encurtar). E, embora nunca tenha havido uma prova definitiva de que eles existam mesmo, os resultados de algumas dessas experiências são surpreendentes. E podem indicar que talvez exista mesmo algo entre o plano espiritual e a Terra.
Evidências científicas A paranormalidade começou a virar ciência com o psicólogo Joseph Rhine (1895 – 1980). Ele fundou o primeiro laboratório dedicado ao assunto, nos anos 30 do século 20 numa grande universidade dos EUA, a Duke. A ideia de Rhine era criar um método para testar telepatia e clarividência. Tal como no caso do Projeto Stargate, Rhine adotou o mesmo método de alguém adivinhar cartas de um baralho. Um voluntário ia colocando cartas na mesa e outro tentava adivinhar o naipe dela - sem ver nada, claro. Metódico, Rhine fazia o máximo para evitar qualquer forma de comunicação entre os dois, como colocá-los em prédios diferentes. Realmente, está documentado, Rhine encontrou efeitos que parecem mais do que simples coincidências. O baralho que usou, tinha 5 naipes de figuras (e não 4 como os comuns). Isso significa que a hipótese de acertar era de 20%. Em 800 tentativas, cada voluntário acertou, em média, 207 cartas. E o esperado era que acertassem só 160 (20% de 800=160). Como explicar este resultado fora do comum? Isso intrigou muita gente. Afinal, alguma forma de telepatia podia servir como explicação até para coincidências do dia-a-dia. Muitas vezes acontece que quando uma pessoa está a pegar no telefone para ligar a alguém, o telefone toca e é essa pessoa! As experiências de Rhine foram o primeiro passo para desvendar isso. A curiosidade foi crescendo. A ciência da parapsicologia também. Logo apareceram testes que prometiam mais exatidão. A técnica de Ganzfeld (campo total, em alemão) utilizada desde os anos 70, consiste em fazer com que voluntários recebam imagens telepáticas transmitidas por outra pessoa que assiste a imagens numa outra sala. No final, os
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voluntários escolhem uma entre quatro imagens apresentadas. Quem acertar o que o colega tentou transmitir da outra sala, marca um ponto. A diferença desse teste em relação ao de adivinhar cartas é que o recetor fica num ambiente controlado, o tal campo total, que supostamente aumentaria seu poder de concentração. Os resultados? Como nas experiências de Rhine, os resultados foram melhores do que as estatísticas previam. Outro cientista nesta área é Garret Moddel, um físico da Universidade do Colorado que segue a trilha aberta por Joseph Rhine. Seu objeto de pesquisa: a capacidade de mover objetos com a mente, ou telecinésia. Ele resolveu testar a telecinésia usando raios luminosos. Entre 2006 e 2007 Moddel usou um projetor de luz e uma chapa de vidro para testar sua ideia. A chapa, em condições normais, deixava 92% da luz passar e refletia 8%. "Quando os voluntários olhavam para a luz desejando que ela fosse mais ou menos refletida, os medidores eletrónicos detetaram, uma mudança subtil nos índices de reflexão: ela mudou muito ligeiramente de 8% para 8,005%. Mas sendo pouco, foge à probabilidade e está fora da nossa capacidade de compreensão. Falemos agora de consciência fora do corpo. Edward Kelly, psiquiatra da Universidade da Virgínia pede que seus pacientes identifiquem objetos que teriam visto em lugares distantes enquanto faziam viagens extra sensoriais (chamada de projeção astral). O objetivo principal de Kelly era medir o comportamento do cérebro dos sujeitos enquanto eles dizem ter esse tipo de experiência. Edward Kelly fez experiências com vários pacientes e eles fora do corpo (em projeção astral) conseguiram descrever objetos distantes com muita exatidão. E temos o caso da vidente Moreen Renier que ajudou a polícia da Florida e o FBI em mais de 600 casos. Caso do psicólogo Daryl Bem. Ele pesquisava a existência de premonições no seu laboratório, na Universidade Cornell. Para verificar se dá mesmo para prever o futuro, ele fez o seguinte: colocou 100 estudantes voluntários para tentar memorizar uma lista de 48 palavras. Cada uma aparecia na tela do computador durante 3 segundos. Depois, eles tinham de escrever numa lista as palavras de que se lembravam. Depois dos voluntários já terem feito suas anotações, o computador escolhia aleatoriamente 24 palavras daquelas 48 e colocava na tela. Aí, surpresa: a coincidência entre os números que o computador aleatoriamente escolhia e aqueles de que as pessoas se lembravam era maior que a probabilidade. Isso indicava que, de alguma forma, um evento do futuro (a seleção aleatória que o computador faria) afetava a memória dos voluntários. A hipótese de que existissem tantas coincidências é o equivalente a jogar uma moeda 7 vezes seguidas e acertar cara ou coroa em todas elas, diz Daryl Bem. Alguma coisa tinha de estar por trás disso. Algo está atrás do que envolva paranormalidade. Também metade da física está além da imaginação e do senso comum e está certa. A física quântica, ensina que existem
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partículas capazes de ficar em dois lugares ao mesmo tempo e não são excentricidades. Todos somos feitos dessas partículas. Einstein na sua Teoria da Relatividade mostrou que o tempo não é o que parece. O mundo, como ele é de verdade, é como se toda a história do Universo estivesse num rolo de filme. A primeira imagem seria o momento do Big Bang. Lá no meio estaria o nosso presente. E o futuro completaria o resto do rolo. Ou seja, as imagens que formariam o futuro já estão lá. Você não sabe se vai sair no fim de semana ou não? Quem pudesse olhar o Universo pelo lado de fora, saberia. Isso já está definido, gravado nas imagens do espaço-tempo. Desde o início dos tempos. Não parece, mas a realidade é assim mesmo. Se os eventos do futuro já estão impressos de alguma forma, nós não poderíamos ter algum sentido capaz de captar o que está por vir? Alguma forma de enxergar, ou de sentir, o que está nas imagens da frente? Rauscher e outros entendidos em física e versados em parapsicologia dizem que se o futuro já está escrito, alguém poderia nascer com o talento de ler o que está lá. Se os eletrões se podem comunicar (interação não local) à distância, então as partículas do cérebro também poderiam interconectar-se com as do mundo exterior. Pela teoria do correlacionamento, as experiências psi serão uma consequência inevitável de nossa realidade correlacionada, diz o parapsicólogo Dean Radin, um dos defensores mais ferrenhos da paranormalidade quântica, no seu livro Mentes Conetadas. Essa pode ser a explicação para a telepatia, a telecinésia, a premonição, etc.
O lado dos céticos O que descrevemos até aqui é verdade. Mas, pode não ser toda a verdade. Nas experiências pioneiras de paranormalidade, de Joseph Rhine, de 800 tentativas, seus voluntários acertaram 207, contra as 160 que a estatística esperava. Ou seja: 26% contra 20%. Mas tem aí um problema: a estatística prevê esses 20% para um número infinito de tentativas. Quanto menos tentativas houver, maior a hipótese de desvio no resultado. Conforme se tenta adivinhar mais vezes, a tendência é que o número se vá aproximando dos 20%. E fica a questão: até que ponto 800 tentativas com 26% de acerto são o suficiente para dizer que uma pessoa leu a mente de alguém? Para qualquer cientista que não leve a sério a parapsicologia (a imensa maioria), a resposta é não. O mesmo raciocínio pode-se aplicar às outras experiências descritas. Mas também se pode colocar uma observação: os cientistas são muito preconceituosos relativamente a este tema, o que certamente prejudica haver mais investigações e mais extensivas sobre este assunto. E também poderia acontecer exatamente o contrário: com o aumento de voluntários, e selecionando apenas os mais capazes, os acertos afastar-seiam mais das estatísticas. Com a tecnologia que temos hoje, a física quântica, em coisas como o correlacionamento só têm acontecido no mundo das partículas. No mundo das coisas grandes, esses efeitos
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aparentemente deixam de existir. Será que no futuro teremos essa tecnologia em coisas grandes? Ninguém, na nossa época, ainda sabe responder com precisão.
Tecnologia paranormal Recentemente um estudante de engenharia biomédica, Adam Wilson, realizou um feito notável, para a nossa época, e com milhares de testemunhas: pela primeira vez, alguém escreveu e enviou uma mensagem pela Internet usando apenas o cérebro. Não foi truque. Wilson usou um capacete com elétrodos, capaz de ler as ondas cerebrais exatamente como os aparelhos de eletroencefalograma (EEG). Ligado a um computador, quando as letras que o cientista queria digitar apareciam na tela, a máquina reconhecia uma alteração nas ondas cerebrais e passava a informação adiante. Foi assim que ele escreveu a frase usando o EEG para enviar uma mensagem no Twitter. A ideia é possibilitar que pessoas que perderam a fala voltem a comunicar com os outros. Usando a mesma técnica, pode-se movimentar objetos com a mente por exemplo num jogo eletrónico de computador, usando o capacete de elétrodos na cabeça e concentrando-se no movimento pretendido no jogo. Estes pequenos feitos mostram o que pode ser feito com a neurotecnologia. Combinando engenharia e medicina, essa área da ciência inaugurou a era da telecinésia eletrónica. Com essa interação cérebro-máquina, vamos fazer com que pessoas que perderam os movimentos passem a se movimentar com equipamentos eletrónicos comandados pela mente. Não é novidade: é assim que o famoso cientista Stephen Hawking movimenta a sua cadeira de rodas e se comunica com o mundo. O mesmo princípio está por trás do projeto militar americano Silent Talk (conversa silenciosa), já que telepatia eletrónica pode ser útil no campo de batalha. O governo do país reservou 4 milhões de dólares para a pesquisa. Sempre a mesma coisa - usar a tecnologia para matar pessoas e exercer domínio sobre outros.
Experiência de Quase Morte (EQM) Um dos objetivos deste livro é transmitir ensinamentos morais para que as pessoas tenham um comportamento fraterno perante tudo o que nos rodeia e com quem interagimos por forma a ter uma moral melhor e sair da maldade que é sempre indesejável. Os ensinamentos dogmáticos, está demonstrado, não conduzem as pessoas a um mundo melhor. A ressurreição, está provado, não existe. O capitalismo que se formou continua a fomentar uma exploração desenfreada das pessoas e dos recursos do planeta. O medo do inferno já não assusta ninguém, porque já ninguém acredita que tal coisa exista. E as descobertas modernas revelaram que todas as religiões foram invenção dos homens com propósitos de algum tipo de poder.
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A fé irracional das pessoas também não conduz a um melhor comportamento; cheias de devoção no templo, mas com mau comportamento em sociedade. Resta-nos verificar se é plausível demonstrar que a vida continua após a morte e que existe a lei de causa efeito, segundo a qual, reencarnaremos as vezes que forem necessárias e receberemos em vidas seguintes o que fizemos aos outros em vidas anteriores. Teremos que viver novamente para reparar e expiar os erros passados e fazer os estudos e trabalhos necessários para crescer intelectualmente e moralmente. A prova da existência de vida além da morte é uma pesquisa dos espiritualistas e as Experiências de Quase Morte (EQM), são um enorme contributo para tal. O termo, experiência de quase morte, refere-se a um conjunto de visões e sensações frequentemente associadas a situações de morte iminente, sendo as mais divulgadas a projeção da consciência, emancipação da alma, experiência fora do corpo, a sensação de serenidade e a experiência do túnel. Esses fenómenos são relatados após o indivíduo ter sido pronunciado clinicamente morto ou muito perto da morte, daí a denominação EQM, com paragem cardíaca e respiratória e eletroencefalograma parado (registo de cérebro que parou). O interesse pelas EQM iniciou-se devido principalmente ao trabalho do psiquiatra e parapsicólogo Raymond Moody com o seu best seller (muito vendido) Vida Depois da Vida, escrito em 1975. Em 1981 foi criada uma Associação Internacional de Estudos de Quase Morte. A associação utiliza a "Escala Greyson", do psiquiatra Bruce Greyson para determinar quais são as EQM legítimas. As EQM, como fenómeno, já estão provadas. Mas não existe nem prova científica e nem consenso científico sobre o significado e a causa desses fenómenos. Vários médicos, parapsicólogos, cientistas e espiritualistas em geral, apontam as experiências como provas da existência da alma e da vida após a morte. Por outro lado, muitos outros médicos e cientistas apontam as EQM como tendo características de alucinações. Hoje sabemos que cerca de 10 a 15 milhões de norte americanos passaram pela experiência de quase morte. Até 2005, haviam sido documentadas menções de EQM em 95% das culturas do mundo. Ou seja, é independente da cultura ou religião. As pessoas que viveram o fenómeno relatam, geralmente, uma série de experiências comuns, tais como: - um sentimento de paz interior; - a sensação de flutuar acima do seu corpo físico; - a impressão de estar num segundo corpo, distinto do corpo físico; - a perceção da presença de pessoas à sua volta; - a visão de seres espirituais; - visão de 360º; - sensação de que o tempo passa mais rápido ou mais devagar; - ampliação de vários sentidos;
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- a sensação de viajar através de um túnel intensamente iluminado no fundo (experiência do túnel). Nesse espaço, a pessoa que vive a EQM percebe a presença do que a maioria descreve como um "ser de luz", embora seu significado possa variar conforme os tipos culturais, a filosofia ou a religião pessoal. O portal entre essas duas dimensões é também descrito como a fronteira entre a vida e a morte. Por vezes, alguns pacientes que viveram essa experiência relatam que tiveram de decidir se queriam ou não regressar à vida física. Muitas vezes falam de um campo, uma porta, uma sebe ou um lago, como uma espécie de barreira que, se atravessada, implicaria não regressarem ao seu corpo físico. Até recentemente, este fenómeno costumava ser considerado pela ciência como um assunto vulgar, fruto de lendas, crendice popular ou religiosidade. No entanto, as pesquisas do Dr. Raymond Moody (1975) e a da Dra. Elizabeth Kubler-Ross, principalmente após a publicação dos best sellers Vida Depois da Vida, e Sobre a Morte e o Morrer, respetivamente, levaram ao início de uma corrente de pesquisas em todo o mundo sobre o fenómeno e deram início à discussão e à análise do fenómeno de forma mais aberta. Enquanto existem observadores que atribuem esse fenómeno a experiências espirituais, outros recorrem a teorias como alucinação, memória genética ou a remanescência do nascimento biológico. Os primeiros têm dificuldade em aceitar os outros porque fica difícil explicar como é que um cérebro parado possa desenvolver episódios tão ricos de detalhes e emoções. Entre os primeiros encontra-se o célebre psiquiatra português Mário Simões. Muitos pesquisadores materialistas, como a psicóloga Susan Blackmore e o anestesiologista Lakhmir Chawla, acreditam na teoria de que as EQM são alucinações complexas causadas pela falta de oxigênio no cérebro durante a etapa final do processo de morte. Mas muitos outros pesquisadores, como os psiquiatras Raymond Moody e Bruce Greyson, discordam das teorias materialistas e defendem teorias que interpretam as experiências como prova de que a consciência não é produzida no cérebro e de que existe vida após a morte, devido principalmente ao argumento de que muitas pessoas demonstram perceções extrassensoriais com precisão em seus relatos de EQM (como por exemplo, o famoso caso de EQM da cantora Pam Reynolds a seguir descrito). Após a experiência de quase morte, muitas pessoas declaram terem alterado seus pontos de vista em relação ao mundo e às outras pessoas. As mudanças comportamentais geralmente são significativamente positivas, e o principal fator para a mudança é a perda do medo da morte e a perceção de que todos somos irmãos e integrados com todos os seres vivos e o universo (curioso este paralelismo com algumas conclusões da física quântica que apontam no mesmo sentido, como a interação não local). Em geral, a pessoa diz enxergar o mundo de maneira mais vívida, ser inundada por sentimentos de bondade e amor ao próximo, ter vontade de ajudar os necessitados, sentir abertura a uma forma de religiosidade não dogmática e a crenças orientais como a
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reencarnação, aceitar-se mais e aceitar mais os outros, perder o sentido de importância do ego e se preocupar menos com as opiniões dos outros. Essas pessoas alegam que passaram a valorizar mais as suas vidas e as dos outros, reavaliaram os seus valores, a ética e as prioridades habituais e tornaram-se mais serenas e confiantes. Um dos relatos mais intrigantes descritos por Moody no seu livro A Luz do Além foi o seguinte caso: Em Long Island, EUA, uma mulher de setenta anos cega desde os dezoito, foi capaz de descrever, com detalhes vívidos, o que aconteceu, enquanto os médicos tentavam ressuscitá-la de um ataque do coração. Ela conseguiu dar uma boa descrição dos instrumentos que foram utilizados, e até mesmo de suas cores. O mais surpreendente é que a maioria daqueles instrumentos foi concebida na época em que ela já era cega, havia cerca de cinquenta anos e ainda disse ao médico que ele usava uma bata azul quando estava a ressuscitá-la (sendo que ela era cega, como poderia saber?).
EQM de Pam Reynolds
O quadro "Ascent of the Blessed" (1490) de Bosch é associado por pesquisadores de experiências de quase morte a alguns aspetos recorrentes em EQM. À direita Pam Reynolds
O Dr. Michael Sabom é cardiologista e no seu mais recente livro Luz e Morte, inclui uma análise detalhada, médica e científica de uma experiência de quase morte surpreendente de uma mulher chamada Pam Reynolds (era uma cantora nos EUA).
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Ela passou por uma operação rara para remover um aneurisma gigante da artéria basilar no seu cérebro, que ameaçava a sua vida. O tamanho e localização do aneurisma, no entanto, excluída a sua remoção segura usando o padrão de técnicas neurocirúrgicas. Ela foi encaminhada para um médico que foi pioneiro de um procedimento cirúrgico conhecido como ousado com paragem cardíaca hipotérmica (a baixa temperatura). Permitiria que o aneurisma de Pam fosse retirado com uma hipótese razoável de sucesso. Nesta operação, apelidada de "congelamento", pelos médicos que fazem isso, é necessário que a temperatura do corpo de Pam seja reduzida drasticamente; assim, os batimentos cardíacos e a respiração param, as ondas de seu cérebro param, e o sangue é drenado da sua cabeça. Resumindo, ela foi condenada à morte. Após a remoção do aneurisma, ela foi ressuscitada para a vida. Durante o tempo que Pam esteve em paralisação, ela passou por uma EQM. Suas notáveis observações fora do corpo durante a cirurgia foram mais tarde verificadas e mostraram-se serem muito precisas. Este caso é considerado um dos mais fortes casos de evidência verídica na pesquisa de EQM por causa da sua capacidade de descrever os instrumentos cirúrgicos únicos, os procedimentos utilizados e a sua capacidade de descrever com detalhe esses eventos, enquanto ela estava clinicamente em morte cerebral. Quando todos os sinais vitais de Pam foram parados, o médico virou-se, pegou numa serra cirúrgica e começou a cortar o crânio de Pam. Enquanto isto se passava, Pam relatou que se sentiu fora do seu corpo e pairava acima da mesa da operação. Então ela viu os médicos que trabalhavam no seu corpo sem vida por algum tempo. De sua posição de fora do corpo, ela observou o corte com a serra que o médico fazia no seu crânio, o que se parecia, segundo ela, com uma escova de dentes elétrica. Pam ouviu e relatou mais tarde as conversas dos enfermeiros na sala de operação e disse exatamente o que estava a acontecer durante a operação. Neste tempo, cada monitor ligado ao corpo de Pam registava "sem vida". Em algum momento, a consciência de Pam flutuou para fora da sala de cirurgia e viajou por um túnel que tinha uma luz no final do mesmo, onde os seus parentes e amigos falecidos estavam à espera incluindo a sua avó morta há muito tempo. A EQM de Pam terminou quando um seu falecido tio levou-a de volta ao seu corpo para que ela fizesse a reentrada. Pam comparou a sensação de entrar novamente no seu corpo morto como, mergulhar numa piscina de gelo. O seguinte é o relato de Pam Reynolds de sua EQM em suas próprias palavras: A próxima coisa que eu me lembro foi o som: Foi um Ré natural (ela era cantora). Enquanto ouvia o som, eu senti que estava-me puxando para fora do topo da minha cabeça. Quanto mais longe do meu corpo eu ia ficando, mais claro o tom se tornou. Eu tinha a impressão de que era como uma estrada, uma frequência que faz você continuar... Eu me lembro de ter visto várias coisas na sala de cirurgia, quando eu estava a olhar para baixo. Foi o estado mais consciente que eu acho que já estive em toda a minha vida. Não foi como a visão normal. Foi brilhante, mais focada e mais clara do que a visão normal. Havia tantas coisas na sala de operação que eu não conhecia, e tantas pessoas. Eu achei que o caminho que eles fizeram na minha cabeça raspada era muito peculiar. Eu esperava que eles raspassem todo o cabelo, mas não.
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Odiei o som daquilo que se parecia com uma escova de dentes elétrica. A serra tinha lâminas intercambiáveis, mas estas lâminas estavam no que parecia ser uma caixa de chaves. Eu ouvia a serra. Eu não vi eles a usá-la na minha cabeça, mas eu ouvia ela sendo usada em algo. Brrrrrrrrr! Assim. Alguém disse alguma coisa sobre minhas veias e artérias, como sendo muito pequenas. Eu acredito que foi uma voz feminina, e que foi também o Dr. Murray, mas aí eu não tenho certeza. Ela foi a cardiologista. Lembro-me de pensar que eu deveria ter dito a ela sobre isso... Lembro-me da máquina coração pulmão. Eu não gosto do respirador... Lembro-me de uma série de ferramentas e instrumentos que eu não reconheceria prontamente. Havia uma sensação como sendo puxada, mas não contra a minha vontade. Eu estava indo de minha livre vontade, porque eu queria ir. A sensação era como subir num elevador rápido. E lá foi como uma sensação física, mas não foi uma sensação corporal. Era como um túnel, mas não era um túnel. Em algum ponto no início do túnel tomei consciência de que minha avó me chamava. Mas eu não a ouvia chamar-me com os meus ouvidos. Foi uma mais clara audição do que com os meus ouvidos. Eu confio nesse sentido mais do que eu confio nos meus próprios ouvidos. A sensação era de que ela queria que eu fosse com ela, então eu continuei sem medo no eixo. Era um eixo escuro que eu passei, e no final havia um ponto pequeno de luz que foi ficando maior e maior e maior. A luz era incrivelmente brilhante, como estar sentada no meio de uma lâmpada. Ela era tão brilhante que eu coloquei as minhas mãos na frente do meu rosto na expetativa de vê-los e eu não podia. Mas eu sabia que eles estavam lá. Não de um sentido do tato. Novamente, é terrivelmente difícil de explicar, mas eu sabia que eles estavam lá. Percebi quando comecei a discernir valores diferentes à luz - e todos foram cobertos com luz, eles foram luz, e houve luz permeando tudo à minha volta que começou a formar as formas que eu poderia reconhecer e entender. Eu podia ver que um deles era minha avó. Eu não sei se era realidade ou uma projeção, mas eu sei que era a minha avó, reconheceria o som dela, a qualquer hora, em qualquer lugar. Reconheci muitas pessoas. Meu tio Gene estava lá. A minha tia Maggie. O meu avô também estava lá. Eles foram cuidando de mim. Eles não me permitiram ir mais longe. Foi-me comunicado - essa é a melhor maneira que eu sei como dizer isso, porque eles não falavam como eu estou a falar - que se eu fosse todo o caminho para a luz algo iria acontecer comigo fisicamente. Eles não seriam capazes de me colocar de volta no meu corpo, como se eu, se tivesse ido longe demais e eles não poderiam voltar a ligar-me. Então, eles não me deixaram ir a qualquer lugar ou fazer qualquer coisa.
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Eu queria ir para a luz, mas eu também queria voltar. Eu tinha filhos para serem criados. Era como assistir a um filme em velocidade acelerada no vídeo. Então eles (parentes falecidos) foram me alimentando. Eles não estavam a fazer isso pela minha boca, como com a comida, mas eles estavam alimentando-me com alguma coisa. A única maneira que eu sei como colocá-lo é algo brilhante. Faíscas é a imagem que eu tenho. Eu recordo a sensação de ser alimentada e ficando mais forte. Eu sei que parece engraçado, porque, não era uma coisa física, mas por dentro, a experiência que eu sentia fisicamente era forte, pronta para qualquer coisa. Minha avó não me levou de volta através do túnel, nem mesmo me mandou de volta ou me pediu para ir. Ela apenas olhou para mim. Eu esperava para ir com ela, mas ela me comunicou que, ela não achava que ela faria isso. Meu tio disse que iria fazê-lo. Ele foi o único que me levou de volta até o final do túnel. Tudo estava bem. Eu queria ir. Mas depois cheguei à final e vi a coisa, o meu corpo. Eu não queria chegar a ele. Parecia terrível, como um acidente de comboio. Parecia que era um morto. Eu acredito que foi coberto. Isso me assustou e eu não queria olhar para ele. Foi me comunicado que era como pular para uma piscina. Não há problema, ir direto para a piscina. Eu não queria, mas eu acho que eu estava atrasada ou alguma coisa, porque ele (o tio) me empurrou. Senti um repelente definido que, ao mesmo tempo me puxava a partir do corpo. O corpo foi puxando e empurrando o túnel foi... Foi como mergulhar em uma piscina de água gelada... Doeu! Quando voltei, eles estavam a tocar Hotel Califórnia. O Dr. Brown disse-me que eu precisava de dormir mais. Quando recuperei a consciência, eu ainda estava no respirador. Durante a cirurgia, o cérebro de Pam foi posto morto por todos os três testes clínicos - seu eletroencefalograma ficou “flat” (uma linha reta), sua resposta tronco cerebral estava ausente, e nenhum sangue fluía pelo seu cérebro.
Alguns cientistas acreditam que as EQM são produzidas pela química do cérebro. Mas, o Dr. Peter Fenwick, um neuropsiquiatra e uma autoridade líder na Grã-Bretanha sobre as EQM, acredita que essas teorias estão muito aquém dos factos. No documentário, "Into the Unknown; Strange But True", o Dr. Fenwick descreve o estado do cérebro durante uma EQM: O cérebro não está a funcionar. Ele não está lá. Ele está parado. É anormal. Assim, como ele pode produzir essas experiências muito claras? Um estado inconsciente é quando o cérebro deixa de funcionar completamente. Por exemplo, se a pessoa desmaiar, apenas algumas zonas do cérebro ficaram mal irrigadas e já é o suficiente para a pessoa cair ao chão e não sabe o que está a acontecer. Os sistemas de memória são particularmente sensíveis à inconsciência. Então, a pessoa não se vai lembrar de nada. Mas, depois de uma experiências (EQM), em que o cérebro parou durante algumas dezenas de segundos,
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como é que a pessoa sai com memórias claras, lúcidas e cheias de detalhes? Este é um verdadeiro enigma para a ciência e que eu ainda não vi nenhuma boa explicação científica que possa explicar esse facto. A tradição moderna de igualar a morte com um nada, pode ser abandonada. Pois não há razão para acreditar que a morte humana rompe a qualidade da unidade no universo Larry Dossey.
Cientistas sugerem a reencarnação humana Desde que o mundo é mundo discutimos e tentamos descobrir o que existe além da morte. Desta vez a ciência quântica explica e comprova que existe vida (não física) após a morte de qualquer ser humano. O livro intitulado “O biocentrismo: Como a vida e a consciência são as chaves para entender a natureza do Universo” fez sensação na Internet, porque continha uma noção de que a vida não acaba quando o corpo morre e que pode durar para sempre. O autor desta publicação o cientista Dr. Robert Lanza, eleito o terceiro mais importante cientista vivo pelo NY (New York) Times, não tem dúvidas de que isso é possível. Além do tempo e do espaço, Lanza é um especialista em medicina regenerativa e diretor científico da Advanced Cell Technology Company. No passado ficou conhecido por sua extensa pesquisa com células-tronco e também por várias experiências bem sucedidas sobre clonagem de espécies animais ameaçadas de extinção. Mas, há pouco tempo, o cientista envolveu-se com a física quântica e astrofísica. Esta atividade deu à luz a nova teoria do biocentrismo que vem a pregar desde então. O biocentrismo ensina que a vida e a consciência são fundamentais para o universo. Outro livro muito importante é o que relata a investigação do cientista David Fontana, um membro da “British Psychological Society (BPS) e que já foi presidente (atualmente vicepresidente) da Society for Psychical Research. Trata-se de “Is there an afterlife? – a comprehensive overview of the evidence” (Há vida depois da vida? – uma visão geral abrangente da evidência desse facto).
Outros contributos dignos de menção são os trabalhos sobre regressão de memória a vidas passadas, de cuja investigação só pode resultar a conclusão de que realmente já vivemos antes e muitas vezes. Sob hipnose, muitos de nós conseguimos recordar-nos dessas vidas com detalhes muitas vezes comprovados pela história e pelos arquivos antigos. Nesta área destacamos os trabalhos da psiquiatra pela universidade de Miami, Edith Fiore, publicados em 1978 no livro “You Have Been Here Before (Você já Viveu Antes)” e também nos trabalhos do psiquiatra Brian Weiss formado pela universidade Columbia em Nova Iorque, cujas experiências estão relatadas em vários livros da sua autoria e de que destacamos um, “Muitas Vidas, Muitos Mestres”.
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Edith Fiore
Brian Weiss
Investigação sobre reencarnação Existe a possibilidade real de diretamente pesquisar reencarnação através do acesso à memória de crianças em tenra idade. O pesquisador Ian Stevenson (fig. 1) entretanto falecido em 2007 tem mais de 2000 casos investigados.
Fig 1 - Ian Stenvenson
Erlendur Haroldsson
O trabalho de Stevenson foi continuado pelo professor Erlendur Haroldsson da Universidade da Islândia e pelo professor de psiquiatria na Universidade de Virgínia, Jim Tucker (fig. 2) o qual já possui um arquivo com cerca de 2500 casos de crianças que tiveram lembranças de vidas anteriores.
Fig. 2 - Jim Tucker
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Um dos casos reportados por Tucker é o do menino Ryan Hammons (fig. 3) que, com quatro anos de idade, começou a ter fortes lembranças de uma existência anterior como ator em Hollywood, afirmando ter três filhos cujos nomes não conseguia lembrar-se. Seus pais, céticos inicialmente, levaram-no ao médico que predisse o fim de suas crises com o passar do tempo. Um dia, enquanto folheavam um livro sobre atores de Hollywood, Ryan conseguiu identificar-se entre os atores da década de 1930. Vários foram os dados fornecidos por Ryan que o identificam de forma inequívoca com Marty Martin, famoso ator de Hollywood na década de 30. Ryan é um dos autênticos casos de lembranças de vida anterior, como descreve Tucker.
Fig. 3 - Ryan e sua existência anterior como o ator Marty Martin (1930).
Do trabalho de Tucker, ao lidar com grande volume de dados, resultou a compilação de alguns números que demonstram os padrões estatísticos observados nos casos que ele estudou:
A maior parte das crianças que se lembram de vidas anteriores tem entre dois e seis anos de idade.
A idade média com que ocorreu a desencarnação da personalidade na vida anterior é de 28 anos;
60% das crianças que se lembram de vidas anteriores são meninos;
Aproximadamente 70% das crianças afirmam ter desencarnado de morte violenta ou não natural;
Nos casos de falecimento por morte violenta, mais de 70% são meninos;
90% das crianças afirmam pertencer ao mesmo género da existência anterior (ou seja, 10% trocam de sexo);
O tempo médio entre existências é de um ano e meio;
20% das crianças afirmam lembrar-se do que ocorreu no intervalo de erraticidade (quando estão desencarnadas, isto é, no plano espiritual).
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Continua-se a pesquisar se há fatores culturais que influenciam estes dados reencarnacionistas porque outros estudos têm demonstrado que variações de cultura - que impõem vínculos de comportamento e, podem limitar o livre-arbítrio das pessoas – determinam que o fenómeno tem algumas variações de uma região (ou cultura) para outra. Isso indicia que parte da nossa cultura ou conhecimentos anteriores transitam para a reencarnação seguinte, o que corrobora o que está indicado no Livro dos Espíritos. Para conhecer mais dos casos de Tucker, recomendamos um dos seus livros que foi recentemente publicado - "Return to Life - extraordinary cases of children who remember past lives" (Retorno à Vida, casos extraordinários de crianças que lembram vidas passadas, ainda sem tradução para o Português).
Cinco casos sugestivos de reencarnação 1. Gus Ortega (Colorado - EUA)
Fig. 4 - Gus Ortega acredita ser a reencarnação do seu avô.
Gus Ortega diz ter sido seu avô. Ele começou a falar disso quando tinha 18 meses e fez muitas declarações bem específicas. Este é um dos mais convincentes casos de reencarnação investigado por Jim Tucker. Gus afirma ser seu avô Augie, morto em 1993 por um derrame. Ele tinha uma loja, vendia de tudo e amava a sua família, mas nunca conheceu seu neto Gus, que nasceu 1 anos após a morte de Augie. Com um ano e meio, Gus disse para o seu pai enquanto ele mudava a sua fralda: "Quando eu tinha a tua idade, eu mudava a tua fralda". Um dia, o seu pai trouxe fotos antigas para casa e mostrou ao filho. Algo extraordinário aconteceu: seu filho apontou para uma pessoa na foto e disse "Oh... esse sou eu!". Gus lembrava-se de episódios da vida do avô dos quais o seu pai mal se lembrava.
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2. Ian Hagedorn (Florida - EUA)
Fig. 5 - Ian Hagedorn acredita ser a reencarnação do seu avô
Casos americanos com marcas de nascença são incomuns, mas existem. Tucker estudou este: Ian Hadedorn, de 6 anos, mora em Pensacola e é filho de Maria Hagedorn. Ele diz ter sido um polícia em Nova Iorque morto com um tiro. Sua lembrança diz que uma noite entrou numa loja e lá havia bandidos que o mataram com um tiro. Este polícia seria o pai de sua mãe! Ian sofre de uma rara doença do coração e quando se esforça demais, desmaia. Ele já fez 6 cirurgias antes de fazer 4 anos. Sua artéria pulmonar foi gerada com defeito, fazendo com que seu coração não se desenvolva do lado esquerdo. Maria conta que seu pai era polícia e quando entrou na Radio Shack dois homens tiraram uma metralhadora do casaco e a apontaram para o gerente. Seu pai disse: Larga as armas, é a polícia. Alguém atirou nele quando disse isso. Na autópsia, a causa da morte foi uma artéria pulmonar rompida causada por um tiro. A mesma artéria que faz Ian sofrer atualmente! Maria conta que com 3 anos, Ian estava a fazer bagunça e ela disse-lhe para ele parar senão iria apanhar, e então ele disse: "Quando tu eras pequena e eu era teu pai, tu fizeste muita bagunça e eu nunca te bati." Ian continuou a falar sobre o avô, convencendo a todos de que é ele reencarnado.
3. Diluskshi Nissanka (Sri Lanka)
Fig. 6 - Diluskshi acredita ser a reencarnação da menina Shiromi
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O Sri Lanka é um país de maioria budista e de lá vêm muitos e talvez os melhores casos de reencarnação. O caso de Diluskshi Nissanka é um dos mais fantásticos. É estudado pelo Prof. Erlendur Haraldsson da Universidade da Islândia. Diluskshi falou de uma vida passada durante 3 anos, onde ela persistia e repetia a mesma história sem parar. Ela chocou os pais quando disse que não era filha deles. Disse ter outros pais noutro lugar e que morou num lugar perto de Dambulla, local a 6 horas de viagem, onde havia um rio, e que caiu de uma ponte que passava sobre ele e morreu.
Fig. 7 - A ponte onde Dilukshi caiu e afogou-se
Para a família de Nissanka, suas lembranças são dolorosas. Sempre que falam disso, fica claro que Nissanka não se sente parte da família. É ainda mais difícil para a sua mãe. "Ela começou a falar da outra vida na escola Montessori e que seu templo ficava noutro lugar. Quando comíamos e íamos dormir, ela falava de sua outra vida. Eu me senti muito mal, ela só falava da sua outra família." diz Kashuriarachi, mãe de Diluskshi. "Fiquei tão irritado com ela que, uma vez, bati-lhe." diz Siriwardana, pai de Diluskshi. Um jornalista ouviu o caso e publicou a sua história no jornal. Logo a família recebeu uma carta de um senhor chamado Ranatunga, que reconheceu Diluskshi como sendo sua filha morta. Os Nissankra fizeram uma viagem de 6 horas até Dambulla para encontrar esta família. No caminho, Diluskshi reconheceu o local e guiou o motorista para a casa onde sua antiga família morava. Foi um encontro emocionante. Diluskshi fica muito mais à vontade nesta família. Shiromi, a filha de Ranatunga, tinha 6 anos quando morreu afogada ao cair da ponte. De 20 declarações dadas por Diluskshi, 12 encaixam-se muito bem e são bem específicas.
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4. Cameron Macaulay (Escócia)
Fig. 8 - Cameron Macaulay
Este caso de reencarnação é um dos mais bem estudados e foi episódio da série “Histórias Extraordinárias”, exibido no Discovery Channel. Foi estudado por Jim Tucker. Como uma típica criança de seis anos de idade, o pequeno Cameron Macaulay gostava muito de fazer desenhos. Um de seus preferidos era o de uma casa de um único pavimento, com a fachada toda branca, localizada numa baía. Quando sua mãe perguntou que casa era aquela, Cameron respondeu que aquela era a sua casa, e que ele vivia ali com sua antiga mãe, numa região situada em Barra, uma ilha escocesa, a uma distância de 260 quilómetros de seu lar atual. Cameron estava convencido de que tinha vivido uma vida passada, e estava muito preocupado que sua antiga família pudesse estar a sentir a sua falta. Desde que aprendeu a falar, Cameron contava aventuras infantis vividas naquela ilha, e ele passou a fornecer detalhes sobre a casa em que estas aventuras aconteceram e muitas outras memórias vieram à tona. Cameron descrevia sua antiga família, seus irmãos e irmãs, chegando até mesmo a contar como seu antigo pai tinha morrido. Depois, Cameron começou a apresentar sinais de tristeza e sofrimento, reclamando por estar separado da sua família de Barra. A professora de Cameron chamou os seus pais e disse-lhes que o menino se queixava muito da ausência dos pais e dos irmãos. Além disso, sentia muita falta de brincar nas pedras da praia e reclamava que sua casa atual tinha apenas um quarto de banho, enquanto a casa de Barra tinha três. Desde então não parava de falar sobre a ilha e o que tinha experimentado ali. Contou como costumava observar os aviões a pousar desde a janela do seu quarto. Disse que seu pai se chamava Shane Robertson, e que ele tinha morrido porque não tinha olhado para os dois lados, possivelmente referindo-se a um atropelamento. Uma equipa de pesquisadores, entre os quais Jim Tucker, procurou o menino, e o convidaram a ir a Barra para conhecer o seu antigo lar. O menino ficou tão excitado que não conseguia parar de pular de alegria.
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Fig. 9 - Ilha de Barra e a casa que Cameron diz ser a sua primeira casa
Quando o avião pousou na baía de Cockleshell, e Cameron desceu do avião, levantou as suas mãos ao alto e gritou: “Estou de volta!” A equipa de pesquisadores localizou a casa branca na baía (fig. 9), dirigiram-se para lá, mas sem contar nada a Cameron. Ao chegar à frente da construção, Cameron reconheceu-a logo. Porém, Cameron parecia triste enquanto andava pelo interior da casa, como se sentisse falta de alguma coisa. Talvez ele estivesse à espera que, ao entrar em casa, sua mãe estivesse ali para recebê-lo, exatamente como ele se recordava. Conhecia todos os seus detalhes, e não demorou para que encontrassem os três quartos de banho que ele tinha mencionado à sua professora. Ao ver as fotos antigas de família, Cameron reconheceu um carro preto e um cão preto e branco, dos quais ele já tinha falado diversas vezes. A partir desta viagem a Barra ninguém mais desconfiava que Cameron estivesse a inventar coisas, e o menino se tornou mais calmo, não sentindo mais a tristeza que tanto o aborrecia.
5. James Leininger (Estados Unidos)
Fig. 10 - James M. Huston Jr. e James Leininger
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James Leininger era uma criança que gostava de brincar somente com aviões e somente aviões. Não adiantava outros brinquedos que seus pais Andrea e Bruce lhe davam para brincar; ele só queria aviões. Aos 2 anos mudou. Ele começou a ter pesadelos terríveis relacionados à aviação de guerra. Sua mãe acordava-o quanto ele gritava coisas como: ”avião atingido em chamas; o homem pequeno não consegue sair.” Seus pais levaram-no ao terapeuta Carol Bowman, que se dedicava ao estudo de casos de reencarnação, o qual conseguiu trazer da memória do menino diversas lembranças. Ele detalhou que era um piloto de caça e que seu avião, um Corsair que estava quase sempre com os pneus vazios, havia sido atingido em cheio no motor direito pelos japoneses em Iwo Jima.
Fig. 11 - James Leininger e Anne Barron
Fig. 12 - James Leininger já adolescente
James contou ao pai que ele tinha descolado de um navio chamado Natoma, e que tinha voado algumas vezes com alguém chamado Jack Larson. Bruce, o pai de James, descobriu que o Natoma e Jack Larson eram reais. O Baía Natoma era um pequeno portaaviões no Pacífico, e Larson morava no Arkansas. Seu pai descobriu que o único piloto da esquadra morto em Iwo Jima se chamava James M. Huston Jr. e tinha 21 anos, morto em 3 de março de 1945. Ele passou então a acreditar que seu filho era a reencarnação de James M. Huston Jr. e que ele tinha voltado porque havia algo a ser terminado. O casal Leininger escreveu uma carta à irmã de Huston, chamada Anne Barron, contando a história do menino. Diante de tantos detalhes, que de modo algum ele poderia saber, ela também passou a acreditar. Este tem sido considerado o caso mais bem documentado de reencarnação já estudado e a história é tão atraente que deu origem ao livro: "A Volta" da Editora BestSeller.
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Vários mundos O cientista Robert Lanza (1959 – ainda vivo em 2017) aponta para a estrutura do próprio universo e diz que as leis, forças e constantes variações do universo parecem ser ajustadas para a vida, ou seja, a inteligência que existia antes importa muito. Lanza sugere que a morte da consciência não existe. As pessoas identificam-se com o seu corpo e por isso deduzem que a suas consciências são fruto do corpo. Eles acreditam que o corpo vai morrer mais cedo ou mais tarde, pensando que a sua consciência vai desaparecer também. Se o corpo gera a consciência então a consciência morre quando o corpo morre. Mas se o corpo recebe a consciência da mesma forma que um recetor de televisão por satélite recebe os sinais de satélite então é claro que a consciência não termina com a morte do veículo físico. Na verdade a consciência existe fora das restrições de tempo e espaço e do corpo. Ela é capaz de estar em qualquer lugar: no corpo humano e no exterior de si mesma. Em outras palavras é não local, no mesmo sentido que os objetos quânticos são não local. Lanza também acredita que múltiplos universos podem existir simultaneamente. Num universo o corpo pode estar morto e noutro continua a existir, absorvendo as consciências que migraram para este universo. Isto significa que uma pessoa morta quanto viaja através do túnel acaba num mundo semelhante onde a consciência continua viva. E assim por diante, infinitamente, um efeito cósmico de vida após a morte. Não são apenas meros mortais que querem viver para sempre mas também alguns cientistas de renome têm a mesma opinião de Lanza. São os físicos e astrofísicos que tendem a concordar com a existência de mundos paralelos e que sugerem a possibilidade de múltiplos universos. Este é o conceito científico da teoria que eles defendem. Eles acreditam que não existem leis físicas que proibiriam a existência de mundos paralelos. Nós já apontamos num capítulo anterior como isso seria possível através de diferentes frequências de concentração do campo. O primeiro a falar sobre isto foi o escritor de ficção científica HG Wells (1866 – 1946) em 1895 com o livro “The Door in the Wall“ – A porta na parede, em tradução livre. Após 62 anos, essa ideia foi desenvolvida pelo Dr. Hugh Everett (1930 – 1982) na sua tese de pós-graduação na Universidade de Princeton. Na década de 1980 Andrei Linde (1948 – ainda vivo em 2017) cientista do Instituto de Física da Lebedev em Moscovo, desenvolveu a teoria de múltiplos universos. Agora como professor da Universidade de Stanford, Linde explicou: o espaço consiste em muitas esferas de insuflar que dão origem a esferas semelhantes que, por sua vez, produzem esferas em números ainda maiores e assim por diante até o infinito. No universo elas são separadas. Cada uma delas não está ciente da existência das outras mas elas representam partes de um mesmo universo físico. A ainda jovem física Laura Mersini Houghton da Universidade da Carolina do Norte, em 2004, com seus colegas argumentam: as anomalias do fundo do cosmos existem devido ao facto de que o nosso universo é influenciado por outros universos existentes.
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Assim, há abundância de lugares ou outros universos onde a nossa alma poderia migrar após a morte. Mas será que a alma existe? Existe alguma teoria científica da consciência que poderia acomodar tal afirmação? Segundo Hameroff (1947 – ainda vivo em 2017) uma experiência de quase morte acontece quando a informação quântica que habita o sistema nervoso deixa o corpo e se dissipa no universo. Ao contrário do que defendem os materialistas, Hameroff oferece uma explicação alternativa da consciência que pode, apelar para a mente científica racional e intuições pessoais. Num artigo de 2017 e de acordo com Stuart e o físico britânico Roger Penrose a consciência reside, nos microtúbulos das células cerebrais que são os sítios primários de processamento quântico. Após a morte, esta informação, a consciência é libertada do seu corpo. Eles argumentaram que a nossa experiência da consciência é o resultado de efeitos da gravidade quântica nesses microtúbulos, uma teoria que eles batizaram - Redução Objetiva Orquestrada. Consciência é formulada por eles para ser uma propriedade fundamental do universo, presente até mesmo no primeiro momento do universo durante o Big Bang. Nossas almas estão de facto construídas a partir da própria estrutura do universo. Nossos cérebros são apenas recetores e amplificadores para a consciência que é intrínseca ao tecido do espaço-tempo. Então, há realmente uma parte de sua consciência que é não material e vai continuar a viver após a morte de seu corpo físico. Hameroff disse ao Canal Science através do documentário Wormhole: “Imaginemos que o coração pare de bater, o sangue pare de fluir e os microtúbulos percam seu estado quântico. A informação quântica dentro dos microtúbulos não é destruída, não pode ser destruída. Se o paciente é ressuscitado, esta informação quântica pode voltar para os microtúbulos e o paciente diz: Eu tive uma experiência de quase morte. Ele acrescenta: “Se ele não reviveu e o paciente morre é possível que esta informação quântica possa existir fora do corpo talvez indefinidamente.” Esta noção de consciência quântica explica coisas como experiências de quase morte, projeção astral, experiências fora do corpo e até mesmo a reencarnação sem a necessidade de recorrer à ideologia religiosa. A energia de sua consciência é reciclada de volta num corpo diferente em algum momento e nesse meio tempo ela existe fora do corpo físico em algum outro nível de realidade, em outro mundo ou universo.
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Limites da influência do ambiente na perda do efeito quântico No dia-a-dia não se notam propriedades estranhas das partículas, como a capacidade de se estar em mais de um lugar do espaço ao mesmo tempo, porque elas interagem com o ambiente ao redor. O meio no qual as partículas se encontram imersas, exatamente por ser muito complexo, absorve essas características quânticas e as dissipa de modo que não podem mais ser recuperadas. Perdidas essas propriedades, os componentes mais elementares da matéria passam a se comportar como qualquer objeto visível a olho nu. Mas numa experiência com partículas de luz realizado, meses atrás, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) um grupo de físicos brasileiros demonstrou que nem sempre a informação quântica que chega ao ambiente é perdida para sempre. Ou, ao menos, não imediatamente. Sob condições especiais, parte da informação é retida e talvez possa até ser recuperada. “É como se a interação da partícula com o envolvente deixasse uma impressão digital no ambiente”, explica o físico Luiz Davidovich, que, ao lado de Paulo Henrique Souto Ribeiro e Stephen Walborn, coordenou a equipe que conduziu os testes. Apresentada na edição de 12 de outubro da revista Physical Review Letters, a constatação de que a perda de informação não é completa pode despertar o interesse de físicos e especialistas em teoria da informação por dois motivos. O primeiro é de ordem prática. Como a informação não se esvai completamente, nem de uma só vez, pode se tornar um pouco mais simples construir sistemas mais estáveis, que permitam usá-la para realizar cálculos, caso dos computadores quânticos, ou para transmiti-la com segurança, por meio da criptografia quântica (sistema de esconder informação de forma a não ser detetada facilmente por quem não deve fazê-lo). É que o funcionamento desses sistemas depende diretamente das propriedades quânticas das partículas, razão por que os protótipos já produzidos – o que parece ser o primeiro computador quântico comercial, construído pela empresa canadense D-Wave Systems – precisam ser mantidos a temperaturas baixíssimas e isolados o máximo possível da influência do ambiente que os cerca. Já o segundo motivo é de ordem teórica, e até filosófica. Conhecer melhor como as partículas atómicas interagem com o meio pode contribuir para estabelecer os limites (de tamanho, massa ou energia) que separam o mundo clássico do quântico. Em outras palavras, saber até que ponto valem as leis da mecânica quântica. Essa, a propósito, é uma questão tão perturbadora quanto antiga. Segundo os físicos, nada nessa teoria, que começou a ser formulada há pouco mais de um século, indica haver esse limite. No mundo macroscópico, fotões como os vindos das estrelas – e são muitos os fotões que, por exemplo, chegam à Terra – estão colidindo, a todo o tempo, com os objetos. É como se fizessem medições que destroem a informação quântica e nos permitem ver o mundo como clássico, diz Davidovich, que há quase três décadas investiga os fenómenos complexos da mecânica quântica. Entre eles, está a perda de coerência, que determina a passagem do mundo quântico para o clássico. Até hoje não se observou um limite de tamanho, massa ou energia que estabeleça uma espécie de fronteira entre um mundo e o outro. Num encontro que reuniu os grandes
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físicos do mundo em 1927, Niels Bohr propôs que essa fronteira variaria de um sistema para outro. Na Áustria, anos atrás, a equipe do físico Anton Zeillinger demonstrou que moléculas de fulereno* formadas por 60 átomos de carbono e com estrutura semelhante à de uma bola de futebol mantêm um comportamento quântico (como onda e partícula) no teste da dupla fenda. O grupo já anunciou que planeja repetir o teste com vírus, bem maiores. *Os fulerenos são uma forma alotrópica (fenómeno em que átomos do mesmo elemento químico organizam-se de uma forma diferente originando uma ou mais substâncias simples diferentes)
do Carbono, a terceira mais estável após o diamante e o grafite. Tornaram-se populares entre os químicos, tanto pela sua beleza estrutural quanto pela sua versatilidade para a síntese de novos compostos químicos.
Fulereno: representação tridimensional. Cada esfera da figura é um átomo de carbono
Embora não se conheçam esses limites, os físicos hoje têm uma ideia mais precisa dos fatores que influenciam essa transição. Quando foi para o laboratório do físico francês Serge Haroche na École Normale Supériere, em Paris, em 1986, Luiz Davidovich começou a investigar essa questão. Com a equipe da França, ele e o colega brasileiro Nicim Zagury, também da UFRJ, começaram a planear um sistema que permitisse simular a medição que o ambiente faz sobre os sistemas quânticos. Dez anos mais tarde, Davidovich publicou com seus colegas franceses um artigo na Physical Review A, detalhando como o sistema poderia ser construído de modo a medir a informação do sistema quântico e acompanhar a sua transformação em clássico devido ao efeito do ambiente. A ideia era aprisionar fotões de uma luz muito pouco energética (na frequência das micro-ondas) que se encontram em superposição de estados no interior de uma cavidade feita com espelhos especiais – essa superposição é análoga a ter uma cavidade acesa com fotões, e apagada sem fotões, ao mesmo tempo – e em seguida fazer um átomo atravessá-la. Quando passa pela cavidade, o átomo altera a energia dos fotões, que, por sua vez, alteram o nível de energia do átomo. Ao avaliar o átomo que saiu da cavidade, os pesquisadores conseguiriam conhecer as características dos fotões aprisionados – se estavam ou não em uma superposição de estados. Segundo Davidovich, nessa experiência, realizada no mesmo ano em que foi publicado o artigo na Physical Review A, o átomo, que é transparente à luz aprisionada, funciona como uma espécie de “rato quântico” que os pesquisadores enviam para a caixa
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do gato de Schrodinger. É uma forma de espiar o gato sem abrir a caixa, diz Davidovich. Dependendo de como sai o rato quântico, podemos saber se o gato estava ou não numa superposição de dois estados – morto e vivo, explica. Essa experiência demonstrou que o tempo em que ocorre a perda de informação quântica – ou tempo de decoerência – é inversamente proporcional ao número de fotões aprisionados na cavidade e integrou uma série de trabalhos que conferiu a Haroche o Prémio Nobel de Física de 2012 (honraria dividida com o americano David Wineland, da Universidade do Colorado, também pesquisador dessa área). Essa relação que encontraram explica por que não se observam objetos macroscópicos em mais de um lugar ao mesmo tempo. Como são feitos por um número muito elevado de partículas, esses objetos perdem suas características quânticas num tempo absurdamente curto. Anos atrás, Wojciech Zurek demonstrou que à medida que o sistema quântico interage com o meio que o envolve e perde informação – ou seja, sofre decoerência –, registros dessa informação ficam no ambiente. Agora, no estudo da Physical Review Letters, Davidovich e os físicos Souto Ribeiro, Walborn, Osvaldo Jimenez Farias, Gabriel Aguillar e Andrea Valdéz-Hernández mostraram numa experiência com fotões que o mesmo ocorre com uma propriedade fundamental para a computação e a criptografia quânticos chamada emaranhamento. O emaranhamento, ou entrelaçamento, ou correlacionamento é um elo quântico que partículas (ou conjunto de partículas) mantêm entre si, mesmo quando distantes umas das outras. Essa conexão, tão intensa quanto frágil é tal que as modificações sofridas por algumas das partículas refletem-se nas outras. Usando um feixe de laser que incide sobre uma série de cristais e filtros, o grupo da UFRJ conseguiu observar o que ocorre com o entrelaçamento num ambiente bem simples – extremamente mais simples do que o ambiente em que vivemos – sobre o qual tinham completo controlo e podiam realizar medições e saber quanto de informação foi perdida por decoerência. Talvez esse seja o único sistema físico em que se consegue medir completamente o estado do ambiente, conta Souto Ribeiro. Ao atravessar o primeiro cristal, o feixe de laser contendo triliões e triliões de fotões gera apenas um par de fotões entrelaçados – no caso, os pesquisadores entrelaçaram o plano de vibração da luz, a polarização, que podia ser vertical ou horizontal. Após essa primeira etapa, cada um dos fotões segue um caminho distinto rumo ao detetor. Antes que a medição da polarização seja conferida no final do percurso, um dos fotões passa por outra série de cristais e filtros e ganha mais um tipo de informação, codificada no caminho que percorreria em seguida (direita ou esquerda). É como se os fotões tivessem interagido com o ambiente externo ao sistema e transmitido a ele parte da informação. Na analogia com o gato de Schrodinger, essa transferência de informação seria o equivalente a moléculas de odor escaparem da caixa indicando se o gato está morto ou ainda vive. Os físicos observaram que o entrelaçamento inicial entre a polarização dos dois fotões começou a desaparecer depois da interação com o ambiente. Mas, em alguns casos, surgiu no final uma forma distinta de emaranhamento, em que os dois fotões se
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apresentavam emaranhados com o ambiente. Segundo os pesquisadores, ao conhecer a parte da informação que é perdida para o ambiente, talvez seja possível recuperá-la. Ainda não fizemos isso, mas vimos que é possível, afirma Davidovich. Nossa ideia é tentar entender o emaranhamento como sendo uma grandeza física qualquer, como a energia ou a velocidade, para tentarmos estabelecer leis de evolução dessa quantidade, diz Souto Ribeiro, que coordenou, com o colega Walborn e Amir Caldeira e Marcos Oliveira, da Unicamp (universidade brasileira de Campinas no estado de São Paulo), outro estudo publicado na Physical Review Letters mostrando que aqueles estados mais estáveis previstos por Zurek podem tornar-se evidentes antes mesmo que o sistema se torne clássico. Para Souto Ribeiro, o facto de ter funcionado em um ambiente simples indica que também deve dar certo com ambientes mais complexos, uma vez que as equações que descrevem a interação com ambientes simples são exatamente as mesmas que descrevem com os complexos, nos quais é difícil realizar medições. Davidovich considera que ele e seus colaboradores apenas começaram a trilhar um caminho novo. A experiência que fizemos nos dá apenas informação parcial sobre o que acontece porque o objeto está longe de ser considerado macroscópico, explica. Gostaria de estudar as impressões digitais que objetos macroscópicos deixam no ambiente. O próximo passo deve ser explorar, do ponto de vista teórico, o que ocorreria nesse caso. Planear uma experiência para observar isso, diz, seria extremamente difícil. Ou seja, em linguagem mais simples, nós conhecemos características quânticas em partículas pequenas que seriam muito interessantes de aplicar em grandes objetos. Seria um brutal avanço tecnológico para o nosso futuro. Ainda não temos essa tecnologia. Não conhecemos, nem interpretamos muito bem as suas leis, mas estudos e experiências estão a ser feitos e pode acontecer que consigamos, no futuro, obter o cabal conhecimento sobre esta propriedade do universo. Se tal vier a acontecer, que a saibamos aplicar para a paz e o progresso do planeta como um todo; que seja propriedade de todos os seres vivos e não de apenas uma minoria opressora e dominante. E assim, que os homens caminhem para um patamar de progresso moral e científico, onde o egoísmo seja eliminado e a união entre todos os povos e todos os seres vivos seja a meta final.
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Bibliografia As hipóteses colocadas neste livro, ainda que numa linguagem que se procurou ser acessível, tanto quanto foi possível, têm fundamento científico, e continuam a ser investigadas pela ciência. Em alguns pontos, os próprios cientistas, com o conhecimento atual, ainda consideram como hipóteses. Todos os temas foram lidos e investigados através da Internet; o mesmo, qualquer pessoa interessada pode fazer. O Universo Autoconsciente de Amit Goswami; Física Quântica e Espiritualidade, Laércio Fonseca; O Espírito e a Física Quântica, Laércio Fonseca; Vida Depois da Vida, Raymond Moody; Muitas Vidas, Muitos Mestres, Brian Weiss; Você já viveu antes, Edith Fiore; O livro dos Espíritos, Allan Kardec; Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação, Ian Stevenson; Bíblia; Wikipédia, diversos conhecimentos sobre os temas abordados, cientistas e suas descobertas; YouTube, centenas de filmes e palestras abordando estes assuntos; Google, ferramenta indispensável para encontrar tantos pensadores e teóricos destes assuntos; muitos dos temas encontram-se em língua inglesa; porém, procurando no Google encontram-se traduções em língua portuguesa, dos capítulos mais importante para o objetivo de aprofundar os conhecimentos. Is there an after life, David Fontana; Quantum Theory, Heisenberg; The Meaning of Relativity, Albert Einstein; The Evolution of Physics, Albert Einstein; The Physical Principies of the Chaos, James Gleick; Chaos and Nonlinear Dynamics, Robert Hilborn; Cinco Equações Que Mudaram o Mundo, Michael Guillen; A Short History of Nearly Everything, Bill Bryson; How We Believe, Michael Shermer; Introducing Time, Craig Callender, Ralph Edney; The Anthropic Cosmological Principie, John Barrow, Frank Tipler; The Physics of Immortality, Frank Tipler; The Constants of Nature, John Barrow; The Science of God, Gerald Schroeder; The Accidental Universe, Paul Davies; The Mind of God, God and the New Physics, Paul Davies; Theories of the Universe, Gary Moring; Universe, Martin Rees.