Fundação Banco do Brasil e Objetivos do Milênio: contribuições para a transformação social
Legenda para a obra de Portinari, dando título, ano e outrs informações disponíveis no site do autor.
“É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática” Paulo Freire
sumário Cidadania e Solidariedade..................................................................................................................... 05 A Fundação e a Transformação Social.................................................................................................. 06 Os Objetivos do Milênio.......................................................................................................................... 08 Áreas de atuação da Fundação............................................................................................................. 12 Nossas ações e os Objetivos do Milênio............................................................................................... 18 Geração de Trabalho e Renda................................................................................................................ 20 As Cadeias Produtivas................................................................................................................. 22 Apicultura..................................................................................................................................... 24 Artesanato.................................................................................................................................... 28 Cajucultura................................................................................................................................... 32 Mandiocultura.............................................................................................................................. 36 Ovinocaprinocultura.................................................................................................................... 40 Reciclagem................................................................................................................................... 44 Ações de Desenvolvimento Territorial Sustentável................................................................... 48 Berimbau...................................................................................................................................... 50 Urucuia Grande Sertão................................................................................................................ 54 Território de Cocais...................................................................................................................... 58 Ações de Reaplicação de Tecnologias Sociais.......................................................................... 62 Barraginhas.................................................................................................................................. 64 Produção Agroecológica Integrada Sustentável........................................................................ 68 Água Doce.................................................................................................................................... 72 Fossas Sépticas Biodigestoras....................................................................................................76 Educação................................................................................................................................................. 80 AABB Comunidade....................................................................................................................... 84 BB Educar..................................................................................................................................... 88 Inclusão Digital............................................................................................................................ 92 Programa Memória...................................................................................................................... 96 Investimentos no Brasil.......................................................................................................................... 98 Referências............................................................................................................................................ 103
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Cidadania e solidariedade Em 2010 a Fundação Banco do Brasil irá completar 25 anos de atuação em favor do desenvolvimento do país, com ênfase na redução das desigualdades sociais e na promoção da cidadania. Nos últimos anos, a estratégia tem sido a de integrar as ações de educação com as de geração de trabalho e renda, tratadas como tecnologias sociais, com vistas a ampliar a sustentabilidade de empreendimentos econômicos e solidários e a criação de referências para políticas públicas. Essas ações se traduzem em programas estruturados que transformam a vida de milhares de brasileiros, com prioridade para comunidades de agricultores familiares, agroextrativistas, quilombolas, indígenas e junto a catadores de materiais recicláveis em grandes centros urbanos. O investimento no fortalecimento de cadeias produtivas em segmentos sociais de baixa renda se dá por meio de ações que valorizam o protagonismo das comunidades. Para isso é fundamental viabilizar parcerias com instituições públicas e privadas, envolvendo os meios empresarial, acadêmico, científico e o terceiro setor. É clara a convergência entre os investimentos sociais da Fundação Banco do Brasil e os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas, como fica demonstrado nesta publicação. O grande desafio de estimular a estruturação de empreendimentos solidários combinada a ações de educação é ir além das iniciativas pontuais e isoladas, buscando a melhoria contínua e sustentável nas condições de vida das populações excluídas ou sob risco de exclusão social. Nossa visão de desenvolvimento descarta o paternalismo e valoriza os saberes locais. Competências específicas dos participantes dos distintos projetos se reúnem para multiplicar os resultados, racionalizando o uso dos recursos e ampliando assim os resultados. Nosso compromisso futuro é alinhar cada vez mais as nossas ações com as metas dos Objetivos do Milênio, contribuindo, desse modo, para que o Brasil os atinja plenamente até 2015. Assim teremos um país mais solidário, mais justo e sustentável. Jacques de Oliveira Pena Presidente da Fundação Banco do Brasil
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A Fundação e a transformação social “A
utopia partilhada é a mola da História”, dizia Dom Hélder Câmara (1909-1999), mundialmente reconhecido pela dedicação à causa dos pobres e quatro vezes indicado para o Prêmio Nobel da Paz. Esta frase do arcebispo de Olinda e Recife define bem o gigantesco esforço coletivo que vem sendo realizado desde setembro de 2000, quando os países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) firmaram um pacto internacional para erradicar a pobreza. A Declaração do Milênio aponta o ano de 2015 como data-limite para que o mundo atinja os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs), conjunto de medidas que visam garantir o direito de todos a uma vida digna. Esta publicação pretende mostrar como a Fundação Banco do Brasil tem contribuído com a agenda global, por meio de seus programas de fomento à educação e à geração de trabalho e renda. Os problemas são enormes, mas não insolúveis, como mostram as avaliações sobre os progressos obtidos.
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Um relatório da ONU sobre os ODMs, de julho de 2009, assinala que políticas e ações corretas, apoiadas por financiamento adequado e forte comprometimento político, podem obter bons resultados. Hoje, menos pessoas morrem de malária e sarampo. Aumentou a cobertura do tratamento retroviral contra o HIV. Caminha-se para a universalização do ensino básico. Entre 1990 e 2005, o número de indivíduos em extrema pobreza caiu de quase a metade para pouco mais de um quarto da população do mundo em desenvolvimento. O Brasil se destaca pela redução à metade do número de pessoas em extrema pobreza, passando de 8,8% em 1990 a 4,2% em 2007 e superando a meta da ONU. Contudo, muitos desafios se tornam ainda mais difíceis por causa da crise econômica internacional. Há indicadores de que os pobres sofreram mais com essas turbulências. Em diversos países a crise colocou milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade e um número crescente de
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A Declaração do Milênio aponta o ano de 2015 como data-limite para garantir o direito de todos a uma vida digna. trabalhadores não ganha o bastante para sustentar suas famílias. O relatório da ONU cita entre os desafios prementes a guerra contra a fome, que deve ser abraçada com renovado vigor; as ações para geração de empregos decentes para todos, incluindo mulheres e jovens; a redução da mortalidade infantil; os esforços para colocar todas as crianças na escola e eliminar as desigualdades; o saneamento – inacessível a 1,4 bilhão de pessoas no mundo em 2006 –, a melhoria nas condições de vida nas periferias das grandes cidades e a preservação dos recursos naturais. “O que está em jogo é a viabilidade do planeta e o futuro da humanidade”, assinala o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, ao exortar a comunidade internacional a não dar as costas aos mais pobres e a reforçar a solidariedade. No Brasil, as ações da Fundação estão alinhadas com as políticas públicas governamentais e com as aspirações da ONU. Metodologia
O modelo adotado neste estudo guiou-se por analisar a correspondência estratégica entre as ações executadas pela Fundação Banco do Brasil e as localidades que mais necessitavam de suporte para cumprir os Objetivos do Milênio. O primeiro passo foi um estudo comparativo entre os objetivos de cada programa e cada uma das 18 metas estabelecidas para os oito ODMs. Uma vez identificada essa corres-
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pondência, procurou-se, entre os indicadores propostos pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) para mensuração das metas, quais os mais adequados para caracterizar os municípios abrangidos. O segundo passo foi o levantamento de todos os municípios onde a Fundação tem desenvolvido ações. Com os dados de atendimento e investimento anual por município, elaborou-se um conjunto de tabelas para caracterizar o alcance das atividades. O terceiro passo foi a elaboração das taxas de cada indicador proposto para análise das metas, a partir dos dados censitários do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em seguida foram cruzados os dados de atendimento com as taxas e indicadores construídos a partir dos dados do Censo. Assim foi possível avaliar que a ação da Fundação tem relação estratégica com os ODMs. Complementam este trabalho descrições dos diversos programas realizados em parceria com organizações da sociedade, bem como depoimentos de membros das comunidades e de profissionais que nelas atuam. A promoção da cidadania, da geração de renda e da preservação ambiental ganham contornos humanos, com relatos que emocionam pela alegria da transformação. Ao enfrentar as adversidades de maneira solidária e protagonista, milhares de brasileiros estão neste momento fazendo História. A Fundação Banco do Brasil se sente honrada em participar dessa construção.
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Os Objetivos do Milênio Oito jeitos de mudar o mundo
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Cúpula do Milênio, realizada no ano 2000 em Nova Iorque, marcou o compromisso dos líderes de 191 nações para tornar o mundo melhor, mais solidário e mais justo. Na ocasião foi estabelecido um pacto internacional com oito grandes objetivos e diversas metas a serem cumpridas até 2015, os Objetivos do Milênio (ODM), conhecidos no Brasil como 8 Jeitos de Mudar o Mundo. São ações de combate à pobreza e à fome, promoção da educação, da igualdade de gênero, de políticas de saúde, saneamento, habitação e meio ambiente. Progressos importantes vêm sendo obtidos no Brasil. A desigualdade de renda vem diminuindo constantemente desde 1995. Também houve redução nas desigualdades de gênero e raciais. O Bolsa Família, maior programa de
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transferência de renda do mundo, tem permitido articular iniciativas sociais com foco nas comunidades mais pobres. Em algumas áreas o Brasil assumiu compromissos mais ambiciosos que os previstos nos ODMs: em vez de reduzir à metade a proporção da população que passa fome, o país se comprometeu a eliminar a fome até 2015. Entretanto, ainda há muito a avançar no caminho para o desenvolvimento, pois não basta atingir as médias globais ou nacionais. Para concretizar o direito a uma boa qualidade de vida a todos, é importante enfrentar desigualdades regionais e locais. A conquista desses objetivos depende do envolvimento de todos: sociedade, poder público, iniciativa privada e organizações não-governamentais.
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ERRADICAR A EXTREMA POBREZA E A FOME META - Reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção da população com renda inferior a um dólar1 PPC2 por dia. Meta Brasileira -- Reduzir a um quarto, entre 1990 e 2015, a proporção da população com renda inferior a um dólar PPC por dia. META - Reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção da população que sofre de fome. Meta Brasileira -- Erradicar a fome entre 1990 e 2015.
UNIVERSALIZAR A EDUCAÇÃO PRIMÁRIA META - Garantir que, até 2015, as crianças de todos os países, de ambos os sexos, terminem um ciclo completo de ensino. Meta Brasileira -- Garantir que, até 2015, todas as crianças, de todas as regiões do país, independentemente de cor, raça e do sexo, concluam o ensino fundamental.
PROMOVER A IGUALDADE ENTRE OS SEXOS E A AUTONOMIA DAS MULHERES META - Eliminar a disparidade entre os sexos no ensino fundamental e médio, se possível até 2005, e em todos os níveis de ensino, o mais tardar até 2015.
REDUZIR A MORTALIDADE NA INFÂNCIA META - Reduzir em dois terços, entre 1990 e 2015, a mortalidade de crianças menores de cinco anos de idade.
1 2
Cotação em 17/06/09: 1 Dólar = R$1,962 Paridade de Poder de Compra
* Informações detalhadas estão disponíveis em http://www.pnud.org.br/odm/
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MELHORAR A SAÚDE MATERNA META - Reduzir em três quartos, entre 1990 e 2015, a taxa de mortalidade materna. Meta Brasileira -- Promover, na rede do Sistema Único de Saúde (SUS), cobertura universal por ações de saúde sexual e reprodutiva até 2015. Meta Brasileira -- Até 2015, ter detido o crescimento da mortalidade por câncer de mama e de colo de útero, invertendo a tendência atual.
COMBATER O HIV/AIDS, A MALÁRIA E OUTRAS DOENÇAS META - Até 2015, ter detido a propagação do HIV/Aids e começado a inverter a tendência atual. META - Até 2015, ter detido a incidência da malária e de outras doenças importantes e começado a inverter a tendência atual. Meta Brasileira -- Até 2015, ter reduzido a incidência da malária e da tuberculose. Meta Brasileira -- Até 2010, ter eliminado a hanseníase.
GARANTIR A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL META - Integrar os princípios do desenvolvimento sustentável às políticas e aos programas nacionais e reverter a perda de recursos ambientais. META - Reduzir pela metade, até 2015, a proporção da população sem acesso permanente e sustentável à água potável e esgotamento sanitário. META - Até 2020, ter alcançado uma melhora significativa na vida de pelo menos 100 milhões de habitantes de assentamentos precários.
ESTABELECER PARCERIA MUNDIAL PARA O DESENVOLVIMENTO METAS • Avançar no desenvolvimento de um sistema comercial e financeiro aberto, baseado em regras, previsível e não-discriminatório. • Atender às necessidades dos países menos desenvolvidos (...) empenhados na luta contra a pobreza. • Atender às necessidades especiais dos países sem acesso ao mar e dos pequenos estados insulares em desenvolvimento. • Tratar globalmente o problema da dívida dos países em desenvolvimento (...). • (...) formular e executar estratégias para que os jovens obtenham um trabalho digno e produtivo. • (...) proporcionar o acesso a medicamentos essenciais a preços acessíveis nos países em desenvolvimento. • (...) tornar acessíveis os benefícios das novas tecnologias, em especial das tecnologias de informação e de comunicações.
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Áreas de atuação da Fundação Investimentos em programas e AÇÕES
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Como estruturamos nossas ações
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Fundação Banco do Brasil tem se reinventado permanentemente ao longo de seu quarto de século de existência. Discussões iniciadas em 1999 sobre ciência e tecnologia levaram a uma nova perspectiva de trabalho para a instituição: o foco em ações estruturadas de combate à pobreza pelo viés das tecnologias sociais – soluções engendradas pelas comunidades e que podem ser reaplicadas em outros locais. Programas próprios, nas áreas de educação e trabalho e renda, visam a sustentabilidade nas dimensões humana, econômica e ambiental. O propósito é promover parcerias, mobilizar pessoas e multiplicar iniciativas para que as comunidades sejam protagonistas em sua caminhada para o desenvolvimento integral.
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Geração de trabalho e renda O investimento da Fundação Banco do Brasil nos programas de geração de trabalho e renda se dá em três eixos integrados: Cadeias Produtivas A partir das potencialidades locais, iniciativas de estímulo ao empreendedorismo solidário são aplicadas na região Nordeste e na periferia de grandes cidades, para fortalecer todas as etapas do processo produtivo. Desenvolvimento Territorial Sustentável Ações e técnicas sustentáveis de desenvolvimento da agricultura familiar, do artesanato e do turismo ecocultural contribuem para melhorar a qualidade de vida de comunidades no Piauí, em Minas Gerais e na Bahia. Reaplicação de Tecnologias Sociais A Fundação identifica e investe em tecnologias sociais – produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidos na interação com a comunidade e que representam soluções efetivas de transformação.
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CADEIAS PRODUTIVAS Apicultura
Esta iniciativa de empreendedorismo solidário capacita apicultores do Piauí, do Ceará e de Pernambuco para trabalhar de maneira sustentável em cooperativas, centros de beneficiamento e casas do mel. Artesanato
A Fundação incentiva a geração de trabalho e renda nas cadeias produtivas do artesanato, com ações para fortalecer a organização dos artesãos, aprimorar seu processo produtivo e incentivar a comercialização em grupo. Cajucultura
Unidades de beneficiamento da castanha de caju, centrais de classificação e seleção estão operando em quatro estados do Nordeste (PI, CE, RN, BA) com investimento da Fundação Banco do Brasil. Mandiocultura
A iniciativa visa promover a inclusão social e favorecer a geração de renda dos agricultores familiares por meio da valorização da produção, do beneficiamento e da comercialização da mandioca.
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Ovinocaprinocultura
Com foco na inclusão social e na melhoria da qualidade de vida, o programa contempla ações de capacitação gerencial, disseminação tecnológica e acesso aos mercados, por meio da implantação de agroindústrias. Reciclagem
A Fundação investe em projetos de inserção social de catadores de materiais recicláveis em vários estados, contribuindo para que esses profissionais conquistem a inserção autônoma na cadeia produtiva da atividade.
AÇÕES DE DESENVOLVIMENTO LOCAL Berimbau - Costa do Sauípe (BA)
Desenvolvida no entorno do complexo turístico Costa do Sauípe, na Bahia, a iniciativa visa reduzir as desigualdades sociais e criar melhores condições de vida para a população de baixa renda de dez comunidades. Urucuia Grande Sertão (MG)
Esta iniciativa investe na diversificação das atividades produtivas da agricultura familiar – fruticultura, artesanato, turismo ecológico, apicultura e outras –, respeitando os saberes e tradições da cultura regional.
Reaplicação de tecnologias sociais Barraginhas
A tecnologia social dos miniaçudes capta água da chuva infiltrada no solo para que ela não se perca nas enxurradas, revitalizando córregos e possibilitando a produção de alimentos em regiões semiáridas. Produção Agroecológica Sustentável
A Produção Agroecológica Integrada Sustentável (PAIS) é uma Tecnologia Social baseada na agricultura orgânica que gera renda e melhora a vida de milhares de agricultores, ao diversificar a produção. Programa Água Doce
O aproveitamento dos resíduos da dessalinização da água em regiões semiáridas para criação de peixes, camarões e caprinos tem transformado a vida da população rural em dez estados. Fossas Sépticas Biodigestoras
O tratamento de dejetos humanos com essa solução de baixo custo evita a contaminação das águas subterrâneas em áreas rurais, prevenindo a propagação de doenças e fornecendo biofertilizantes para o solo.
Território de Cocais (PI)
Organizar comunidades de 13 municípios do Piauí para o desenvolvimento sustentável, com foco na redução das desigualdades, é o objetivo do programa, que inclui estímulo ao cooperativismo e capacitações técnicas.
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Educação As tecnologias sociais desenvolvidas pela Fundação Banco do Brasil na área da educação respeitam a cultura e valorizam os saberes individuais e coletivos. Assim, estimulam nas comunidades dos mais diversos recantos do país a capacidade de atuar como protagonistas de sua própria mudança. Programas de complementação escolar para crianças e adolescentes, alfabetização de adultos, inclusão digital e resgate de personalidades que transformaram o Brasil são realizados em parcerias com empresas, prefeituras e outras organizações locais. Os inúmeros relatos de sucesso mostram que, por meio dessas ações, é possível construir uma sociedade mais desenvolvida, justa e solidária.
AABB Comunidade
Educação, saúde, cultura, esporte e lazer são o foco do programa de complementação escolar para 53 mil crianças e jovens de 400 municípios, parceria com a Federação Nacional das Associações Atléticas do BB. BB Educar
A capacitação de educadores voluntários contribui para o combate ao analfabetismo. Mais de 365 mil jovens e adultos já entraram em contato com uma perspectiva libertadora de educação, baseada em sua própria realidade. Inclusão Digital
O programa de inclusão digital da Fundação Banco do Brasil proporciona acesso gratuito às tecnologias de informação e comunicação, promove a cidadania e capacita educadores sociais em 263 comunidades. Programa Memória
As personalidades que contribuíram para a construção e o fortalecimento nacional são homenageadas num programa de difusão cultural cujas exposições itinerantes já percorreram centenas de cidades brasileiras.
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Investimentos em transformação social Valores consolidados em Educação e geração de trabalho e renda - 2003 a 2008
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Nossas ações e os Geração de trabalho e renda CADEIAS PRODUTIVAS Apicultura Artesanato Cajucultura Mandiocultura Ovinocaprinocultura Reciclagem
AÇÕES DE DESENVOLVIMENTO LOCAL Berimbau Urucuia Grande Sertão Território de Cocais
Reaplicação de tecnologias sociais Barraginha PAIS Água Doce Fossas Sépticas Biodigestoras
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Objetivos do Milênio Educação
AABB Comunidade BB Educar Inclusão Digital
ODMs: o que significam
Entenda a tabela
Programa Memória
A relação dos ODMs com os programas da Fundação Alguns programas da Fundação Banco do Brasil têm relação direta com os Objetivos do Milênio, outros atingem esses objetivos indiretamente. Para deixar isso claro, apresentamos os ícones de forma diferenciada.
Ícones quadrados indicam relação direta com o ODM. Ícones circulares referem-se à relação indireta.
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Erradicar a extrema pobreza e a fome
5
Melhorar a saúde materna
2
Atingir o ensino básico universal
6
Combater o HIV/AIDS, malária e outras outras doenças
3
Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres
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Garantir a sustentabilidade ambiental
4
Reduzir a mortalidade infantil
8
Estabelecer parceria mundial para o desenvolvimento
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Geração de Trabalho e Renda Iniciativas da Fundação Banco do Brasil em parceria com a sociedade contribuem para o desenvolvimento integral de pessoas, famílias e comunidades excluídas ou sob risco de exclusão social
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erar trabalho e renda faz parte do negócio do Banco do Brasil, um banco público que tem compromisso social. Essa diretriz orienta os programas e projetos da Fundação Banco do Brasil desde sua criação em 1985. Um importante pressuposto para o sucesso das ações de promoção da cidadania é a sustentabilidade. Depois de concluído, um projeto deve ser capaz de continuar, ao longo do tempo, gerando resultados a quem necessita e de atender todas as exigências legais de proteção ao meio ambiente. A política de geração de trabalho e renda da Fundação é constituída por quatro objetivos principais. O primeiro é proporcionar ganhos de renda às comunidades excluídas e com baixa qualificação profissional. O segundo, ampliar a rede social dos participantes de
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suas ações e programas. Vinculado a este há um terceiro objetivo: favorecer a conexão das pessoas aos circuitos comerciais mais dinâmicos da economia. O quarto objetivo é estimular o protagonismo social, processo em que os indivíduos tomam para si o controle sobre as diversas dimensões de suas próprias vidas. Os principais critérios que definem a elegibilidade para participação são faixa de renda, Índice Geral de Potencialidade Socioeconômica (IGPS), gênero e idade. Eles podem ser complementados por outros, como etnia, escolaridade, localização geográfica e conhecimento de determinadas técnicas. Os segmentos sociais de mulheres, jovens e quilombolas são três exemplos de potenciais parceiros na formulação e execução de programas.
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Geração de Trabalho e Renda
As cadeias produtivas A superação da pobreza no mundo globalizado demanda capacitação de empreendedores para atuar de maneira articulada e inovadora.
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partir de 2003, a Fundação Banco do Brasil passou a focar as atividades em educação e geração de trabalho e renda, com ações ancoradas no conceito de Tecnologia Social, que considera a inovação, o protagonismo e a mobilização social. Uma das prioridades estabelecidas foi atuar em consonância com o Programa Fome Zero, voltado para o combate à fome e à superação da pobreza. Direcionar os investimentos para as cadeias produtivas foi o amadurecimento natural dessa diretriz. Uma das características da globalização econômica é a progressiva organização e governança das cadeias produtivas no âmbito internacional. Isso implica uma relação mais
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intensa com consumidores conscientes, que demandam produtos fabricados de maneira socialmente responsável. As marcas ganham papel de destaque e crescem as exigências por maior qualidade com menor preço. Nesse contexto, a inserção econômica sustentável para populações de baixa renda exige a participação organizada em cadeias produtivas globais. Torna-se vital a capacitação para atuar em todo o processo, desde a fabricação da matéria-prima à exportação. O objetivo de médio e longo prazo é abrir perspectivas reais de superação da vulnerabilidade dessas populações, por meio de iniciativas inovadoras que propiciem melhores ganhos.
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Cadeias produtivas Apicultura
Pรกginas
O mel do sertรฃo ganha o mundo
24
Artesanato
Artesanato sustentรกvel
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Cajucultura
Cajucultura em cooperativas Mandiocultura
O valor da mandioca Ovinocaprinocultura
Rebanho de qualidade Reciclagem
Trabalho com reconhecimento
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32 36 40 44 . 23
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O mel do sertão ganha o mundo empreendedorismo solidário na criação de abelhas no Semiárido eleva renda de agricultores familiares
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vida de 800 famílias da zona rural nos municípios de Picos (PI), Horizonte (CE) e Trindade (PE) está sendo transformada pelo mel. Antes os agricultores utilizavam técnicas rústicas de apicultura e obtinham escassa produção. Esse quadro mudou com a criação do Promel – Projeto Nordeste de Geração de Trabalho e Renda e de Promoção do Desenvolvimento Regional Sustentável com Foco na Cadeia Produtiva do Mel –, iniciativa da Fundação com a Unitrabalho, a agência de cooperação holandesa ICCO, a Agência de Desenvolvimento Solidário, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Sebrae.
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O fortalecimento dos produtores, não só em termos de renda, mas também quanto ao protagonismo de suas organizações, abriu caminho para o crescimento sustentado. Avanços tecnológicos foram incorporados e a preservação do frágil ecossistema da caatinga tornou-se um elemento-chave para a atividade. Os apicultores passaram a trabalhar juntos em cooperativas, centros de beneficiamento e casas do mel. Gradativamente, a profissionalização da atividade trouxe doces resultados, com o aumento da produção, da renda e da autoestima das comunidades participantes.
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Cadeias Produtivas
Apicultura Artesanato Cajucultura Mandiocultura Ovinocaprinocultura Reciclagem
1 3 4 ODM
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Do Piauí para os Estados Unidos Fundada em 2005 em Picos (PI), a Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro – Casa Apis – adota técnicas ecologicamente corretas. Um moderno complexo industrial foi construído para embalar e exportar o mel sertanejo.
“C
omo apicultor individual e pequeno produtor, eu não tinha a capacidade de vender o meu mel fora dos limites da cidade de Picos”, diz Edmilson da Costa, diretor administrativo da Casa Apis. “Aí veio a ideia de se reunir em cooperativa e essa realidade mudou para muitas famílias”. A Central de Cooperativas proporciona capacitação de apicultores para a produção do mel, práticas apícolas, cooperativismo e manejo das abelhas. Também viabiliza a comercialização em potes e
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sachês, embalados com rigorosos critérios de higiene e qualidade. “Fizemos parcerias que permitiram lançar produtos nas grandes redes de supermercados e até já estamos exportando para os Estados Unidos”, conta Antônio Dantas Filho, diretor geral da Casa Apis. O produtor Dionísio Souza, agente de Desenvolvimento Regional, completa: “Agora podemos mostrar para todo o Brasil que nós estamos preparados para trabalhar com apicultura fixa, melhorando a cada dia”.
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16 municípios piauienses, em que a maior parte dos habitantes tem baixa renda, participam das ações da Apicultura.
FONTE: Último Censo Demográfico do IBGE (2000). Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil.
enfrentamento da pobreza Ações na cadeia da Apicultura têm presença importante em 16 municípios do estado do Piauí, localizados na região de Picos. Em 2000, esses municípios possuíam, na média, 72% da população vivendo com renda familiar inferior a ½ salário mínimo1 – percentual acima da população total do estado do Piauí, que alcançou o patamar de 62% de pessoas pobres, e bastante elevado quando comparado com o nível nacional, que chegou a 40% de brasileiros vivendo abaixo da linha de pobreza. Com isso, destaca-se que esse programa da Fundação Banco do Brasil apresenta uma atuação importante de geração de renda, numa área com alto nível de pobreza. A Fundação contribui diretamente na consecução do Objetivo do Milênio 1, especialmente para que o
Brasil alcance a Meta 1A (Brasileira) que é de reduzir a um quarto, entre 1990 e 2015, a proporção da população com renda inferior a 1 dólar2 PPC3 por dia. Ao gerar trabalho e elevar a renda das pessoas, a Fundação está agindo indiretamente na melhoria das condições gerais de vida da população e, com isso, na consecução de outros Objetivos do Milênio associados, como, por exemplo, o Objetivo 4, relacionado à redução da mortalidade infantil em dois terços, entre 1990 e 2015. Além disso, gerando trabalho para as mulheres, contribui para que o Brasil avance na realização do Objetivo 3, que se refere à promoção da igualdade de condições entre sexos e da autonomia das mulheres.
Em junho de 2000, o salário mínimo era de R$151,00 e, em junho de 2009, é de R$465,00. Cotação em 17/06/09: 1 Dólar = R$1,962 3 Paridade de Poder de Compra. 1 2
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Artesanato sustentável associações e cooperativas aprimoram o processo produtivo e agregam valor às peças
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m parcerias com Sebrae, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Aliança do Brasil e organizações locais, a Fundação atua no incentivo à geração de trabalho e renda nas cadeias produtivas do artesanato. As ações visam fortalecer a organização dos artesãos em associações e cooperativas, aprimorar seu processo produtivo e a comercialização em grupo. A intenção é elevar o valor dos produtos, contribuindo assim para gerar mais empregos e elevar a renda familiar dos participantes.
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Na prática essas ações se dão por meio do investimento na produção de embalagens, adoção de selos de procedência, etiquetas de contextualização cultural, publicações de catálogos e brindes empresariais. A difusão da cultura ecológica é uma meta que integra todas essas iniciativas, ao enfatizar o valor do artesanato sustentável. Outro aspecto importante nos projetos é o empoderamento das mulheres. A Fundação apoia projetos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, com destaque para os vales do Jequitinhonha (MG) e Mucuri (BA).
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Cadeias Produtivas
Apicultura Artesanato Cajucultura Mandiocultura Ovinocaprinocultura Reciclagem
1 3 4 ODM
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Valorização do talento e da autoestima feminina Iniciado em 2002, um projeto de valorização do artesanato envolve 360 pessoas diretamente e 1.200 indiretamente em oito municípios de Minas Gerais. A Fundação participa dessa ação desde 2006.
A
s ações do Artesanato são organizadas pela Ancorart (Central de Núcleos de Produção e Comercialização Organizados em Redes Solidárias) em dois Polos: Veredas e Urucuia Grande Sertão. São 30 núcleos de produção artesanal espalhados em oito municípios do Vale do Urucuia (MG): Riachinho, Uruana de Minas, Bonfinópolis de Minas, Natalândia, Arinos - no distrito de Sagarana-, Chapada Gaúcha, Buritis e Pintópolis. O primeiro polo produz peças em tecelagem manual e o segundo, outros tipos de artesanato, como bordado, crochê, pintura, tricô e peças produzidas a partir do buriti, palmeira típica do cerrado. Ambos foram fundamentais às comu-
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nidades participantes, pois passaram a gerar renda para 360 artesãos e contribuíram para colocar a região mineira na rota do turismo. Antigamente, quem tecia suas próprias roupas eram as pessoas pobres. Por isso, a cultura do tear manual passou a ser discriminada e as tecelãs, que aprenderam o ofício com suas mães e avós, escondiam essa informação dos próprios filhos. A chegada do Polo Veredas mudou essa realidade, conta Dionete Figueiredo Barboza, gestora de convênios da Ancorart: “Com o resgate da cultura, e a divulgação dos trabalhos, as tecelãs começaram a ficar famosas e o ofício passou a ser motivo de orgulho entre as mulheres”.
. Fundação Banco do Brasil
8 municípios mineiros participam das ações do Artesanato FONTE: Último Censo Demográfico do IBGE (2000). Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil.
artesanato A iniciativa de investimento no Artesanato está presente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país, e nas áreas do Vale do Jequitinhonha e do Vale do Urucuia, no estado de Minas Gerais. No Vale do Urucuia, o programa abrange Arinos, Bonfinópolis de Minas, Buritis, Chapada Gaúcha, Natalândia, Pintópolis, Riachinho e Uruana de Minas – municípios onde é alta a proporção de pobres na população. Em 2000, esses oito municípios mineiros possuíam, em média, 59% da sua população com renda familiar inferior a ½ salário mínimo1 – uma proporção de pobres bastante discrepante em relação ao nível estadual, que era de 30%. Em comparação com o Brasil, esses municípios situavam-se, também, bastante distantes, pois, em 2000, o país possuía 40%
da população abaixo da linha da pobreza. Dessa forma, com o Programa Artesanato, a Fundação Banco do Brasil age diretamente na realização do Objetivo do Milênio 1, principalmente para o alcance da Meta 1A (Brasileira) que visa a redução a um quarto, entre 1990 e 2015, da proporção da população com renda inferior a 1 dólar2 PPC3 por dia. Ao investir na geração de trabalho e renda para as famílias, especialmente para as mulheres, a Fundação atua na melhoria das condições gerais da população, contribuindo assim, indiretamente, na realização do Objetivo do Milênio 4, voltado para a redução da mortalidade infantil, e do Objetivo 3, que visa a promoção da igualdade entre sexos e a autonomia das mulheres.
Em junho de 2000, o salário mínimo era de R$151,00 e, em junho de 2009, é de R$465,00. Cotação em 17/06/09: 1 Dólar = R$1,962 3 Paridade de Poder de Compra. 1 2
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FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL E OBJETIVOS DO MILÊNIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Cajucultura em cooperativas fábricas de beneficiamento da castanha geram novas oportunidades para agricultores no nordeste
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ais de duas mil famílias de quatro estados do Nordeste – Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Bahia – ganharam uma oportunidade concreta de melhorar de vida com a implantação de minifábricas de castanha de caju. Desenvolvido desde 2003 pela Fundação junto com a Embrapa e o Sebrae, o projeto é desenvolvido por entidades locais e faz parte da estratégia de Desenvolvimento Regional Sustentável do Banco do Brasil, que oferece créditos para o fortalecimento de empreendimentos solidários em cadeias produtivas.
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Investimentos sociais de 45 milhões de reais estão sendo aplicados para implantar e reorganizar 50 unidades de beneficiamento da castanha, cinco centrais de classificação e seleção e dez pequenas fábricas de derivados. Graças ao financiamento, aos cursos de cooperativismo e à difusão de novas técnicas no trato dos cajueiros, os produtores reduziram a perda de castanha e a dependência dos atravessadores. A meta é aumentar a renda média mensal em, pelo menos, 520 reais e capacitálos para negociar o produto com preços mais favoráveis nos mercados interno e externo.
. Fundação Banco do Brasil
Cadeias Produtivas
Apicultura Artesanato Cajucultura Mandiocultura Ovinocaprinocultura Reciclagem
1 3 4 ODM
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FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL E OBJETIVOS DO MILÊNIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Mais renda sem intermediários A Cocajupi (Central de Cooperativas dos Cajucultores do Estado do Piauí), criada em 2005, reúne nove cooperativas com 485 cajucultores. Sua meta é fortalecer a agricultura familiar na microrregião de Picos (PI) com uma proposta voltada para a inclusão social solidária.
O
s produtores rurais de Picos, no Piauí, já estão sentindo os benefícios do Projeto Cajucultura. As mudanças iniciaram com a conscientização sobre a importância do cooperativismo, conta Jocibel Belchior Bezerra, presidente da Cocajupi: “Percebemos que através das cooperativas tínhamos melhor oportunidade de beneficiar o produto, envolver toda a família e vendê-lo sem precisar passar por atravessadores, obtendo maior lucro”. O presidente da
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Cooperativa Mista Agroindustrial de Jaicós (Coomaj), Francisco da Silva Costa, relata que recentemente a entidade recebeu um novo incentivo: uma minifábrica de beneficiamento de castanha de caju, em Jaicós: “Essa minifábrica vai permitir que o cajucultor acompanhe todo o processo, desde o beneficiamento, até a comercialização, que é feita pela Cocajupi”, diz. Outra mudança constatada pelos produtores de caju cooperativados foi o aumento na renda familiar.
. Fundação Banco do Brasil
Cadeias Produtivas
Apicultura Artesanato Cajucultura Mandiocultura Ovinocaprinocultura Reciclagem
menos de 1/2 salário
mínimo é a renda em diversos municípios onde a Fundação investe em projetos para enfrentar pobreza.
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FONTE: Último Censo Demográfico do IBGE (2000). Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil.
CAJUCULTURA Presente nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia e Piauí, o Programa Cajucultura tem atuação destacada em 24 municípios que, em 2000, possuíam, na média, 67% da população vivendo com renda familiar inferior a ½ salário mínimo1 . No mesmo período, a média de pobres dos quatro estados era de 56% e no Brasil, de 40%. Com esse programa, a Fundação Banco do Brasil tem uma atuação importante de geração de renda numa área onde o nível de pobreza é alto, com contribuição direta para o Objetivo do Milênio 1, especialmente a Meta 1A (brasileira) que é de reduzir a um
quarto, entre 1990 e 2015, a proporção da população com renda inferior a 1 dólar2 PPC3 por dia. Ao gerar trabalho e elevar a renda das pessoas, a Fundação atua indiretamente para o avanço na consecução de outros Objetivos do Milênio. Assim, melhorando as condições de vida nas comunidades atendidas, contribui para a realização do Objetivo 4, voltado para a redução da mortalidade infantil em dois terços, entre 1990 e 2015, e dando oportunidade de trabalho para as mulheres, contribui para a realização do Objetivo 3, que se refere à promoção de uma maior igualdade de condições entre sexos e à autonomia das mulheres.
Em junho de 2000, o salário mínimo era de R$151,00 e, em junho de 2009, é de R$465,00. Cotação em 17/06/09: 1 Dólar = R$1,962 3 Paridade de Poder de Compra. 1 2
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FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL E OBJETIVOS DO MILÊNIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
O valor da mandioca Com assistência técnica e equipamentos, agricultores familiares transformam a matéria-prima e aumentam a renda.
A
Bahia é o segundo maior produtor brasileiro de mandioca, mas não conseguia suprir a demanda de suas indústrias que utilizam o amido como matéria-prima e se viam obrigadas a adquirir a fécula em outras regiões do país, com preços mais elevados. Diante desse quadro e, a partir da necessidade de fortalecer a agricultura familiar, a Fundação Banco do Brasil, em parceria com a Embrapa, Sebrae, Petrobrás, BNDES e instituições locais, iniciou, em 2005, ações na cadeia produtiva da mandioca. As primeiras ações se realizaram em Vitória da Conquista e em outros 15 municípios
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baianos, com a implantação de indústrias para produção de fécula. A Fundação investiu na realização de seminários e de um diagnóstico socioambiental da cadeia produtiva na região Sudoeste do estado. Em seguida, os trabalhadores criaram a Cooperativa Mista Agropecuária de Pequenos Agricultores do Sudoeste da Bahia (Coopasub), que passou a receber assistência técnica, capacitação e equipamentos. Fábricas de bioplástico foram criadas em Benevides, no Pará. O programa também chegou ao Acre, onde conta com a participação de 120 agricultores de Assis Brasil, Brasiléia e Xapuri.
. Fundação Banco do Brasil
Cadeias Produtivas
Apicultura Artesanato Cajucultura Mandiocultura Ovinocaprinocultura Reciclagem
1 3 4 ODM
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FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL E OBJETIVOS DO MILÊNIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Farinha, beiju, biscoito e polvilho com destino certo Projeto executado pela Cooperativa Mista Agropecuária de Pequenos Agricultores do Sudoeste da Bahia (Coopasub) tem a participação de 2.200 famílias de Vitória da Conquista com ações de promoção do desenvolvimento sustentável e de fortalecimento da agricultura familiar.
“D
epois que comecei a participar do projeto, consegui mais experiência e aumentei a minha renda”, conta Janecleidia Jesus Novaes. “Melhorou muito para a minha família”. Antes ela trabalhava apenas com a fabricação de farinha. Agora, faz desde a plantação de mandioca, até a produção de seus derivados, como beiju, biscoito e polvilho, que já têm destino certo. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) adquire os produtos e os doa para creches. Com tanta atividade, Janecleidia con-
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seguiu trabalho para toda a família e tem perspectivas de crescer ainda mais com a construção de uma fecularia. O presidente da Coopasub, Izaltiene Rodrigues Gomes, informa que a Unidade de Produção de Fécula terá capacidade para beneficiar 100 toneladas de mandioca e produzir até 30 toneladas diárias de fécula para o mercado regional. A Bahia tem um consumo anual de 44 mil toneladas do produto. Também fazem parte do projeto, um Módulo Administrativo, um Armazém Central e uma Empacotadora de Farinha.
. Fundação Banco do Brasil
55% dos baianos viviam com menos de meio salário mínimo em 2000
FONTE: Último Censo Demográfico do IBGE (2000). Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil.
Mandiocultura O investimento da Fundação na mandiocultura se concentra, principalmente, em 16 municípios do estado da Bahia, dentre os quais podem-se destacar Vitória da Conquista, Cândido Sales e Condeúba, onde o programa apresenta maior representatividade. Esses dezesseis municípios baianos, em 2000, possuíam, na média, 66% de pessoas pobres, ou seja, população vivendo com renda familiar inferior a ½ salário mínimo1 – uma proporção de pobres superior à existente no total do estado da Bahia, que era de 55%, no mesmo ano. Tanto a média do percentual municipal como o percentual estadual encontramse bastante acima do nível nacional, que chegou a 40% de brasileiros vivendo abaixo da linha de pobreza. Na cadeia produtiva da mandiocultura, destaca-se que a atuação da Fundação
Banco do Brasil na geração de renda vem ocorrendo numa área com alto nível de pobreza. Com isso, contribui diretamente na realização do Objetivo do Milênio 1, especialmente para que o Brasil alcance a Meta 1A (Brasileira) que é de reduzir a um quarto, entre 1990 e 2015, a proporção da população com renda inferior a 1 dólar2 PPC3 por dia. Ao atuar de forma a gerar mais trabalho e elevar a renda das pessoas, a Fundação age indiretamente na melhoria das condições de vida das famílias, o que, consequentemente, contribui para a realização de outros ODMs, como o Objetivo 4, sobre a redução da mortalidade infantil a um terço, entre 1990 e 2015. Ademais, ao favorecer a geração de renda e trabalho para as mulheres, contribui para a realização do Objetivo 3, voltado para a promoção da igualdade entre os sexos e para a autonomia das mulheres.
Em junho de 2000, o salário mínimo era de R$151,00 e, em junho de 2009, é de R$465,00. Cotação em 17/06/09: 1 Dólar = R$1,962 3 Paridade de Poder de Compra. 1 2
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FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL E OBJETIVOS DO MILÊNIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Rebanho de qualidade Tecnologia contribui para que os criadores de carneiros e bodes produzam mais e melhor
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Brasil tem um dos maiores rebanhos de ovinos e caprinos do mundo, com 26,5 milhões de cabeças. Porém, os pequenos criadores enfrentam dificuldades para garantir a qualidade no processo de criação e o total aproveitamento dos derivados. Em parceria com o Sebrae e Embrapa, a Fundação Banco do Brasil criou o Programa de Incentivo à Criação de Carneiros e Cabras – Ovinocaprinocultura, que foi implementado nas regiões Norte, Nordeste e CentroOeste. Sua meta para 2009 é atender, direta e indiretamente, em torno de 15.400 produtores nessas regiões.
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Por meio do programa, os pecuaristas têm acesso a informações e tecnologias que os auxiliam a produzir mais e melhor. Técnicos fazem visitas periódicas para orientá-los sobre os cuidados com as cabras e ovelhas que acabaram de parir, a alimentação adequada em cada fase da vida, os tratamentos para determinados sintomas e outros esclarecimentos. Essas ações ajudam a combater a mortalidade animal e garantem a melhoria da produtividade e a oferta de carne, leite e peles. Faz parte do Programa uma unidade móvel, chamada “Bodemóvel”, que dá assistência à saúde do animal.
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Cadeias Produtivas
Apicultura Artesanato Cajucultura Mandiocultura Ovinocaprinocultura Reciclagem
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FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL E OBJETIVOS DO MILÊNIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Incentivo ao talento sertanejo O Programa para o Desenvolvimento Regional Sustentável de Ovinocaprinocultura, lançado em 2009 numa parceria com a Associação de Criadores de Ovinos e Caprinos do Sertão do Cabugi, em Lajes (RN), com a participação de 600 criadores.
C
riadores de bodes e carneiros das regiões Central e Oeste do Rio Grande do Norte agora contam com o investimento do Programa para o Desenvolvimento Regional Sustentável de Ovinocaprinocultura para desenvolver a atividade. “O objetivo é viabilizar a geração de postos de trabalho, aumento da renda, inclusão social e melhoria na qualidade de vida das famílias”, explica Valéria Maria Ferreira da Cruz, diretora da Incubadora de Empresas do Agronegócio da Caprinovinocultura do Sertão do Cabugi, vinculada à Acosc. Como parte integrante do Programa, é
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executado o Projeto Desenvolvimento Social e Fortalecimento da Base Produtiva da Caprinovinocultura do RN. Seu intuito é promover acesso à orientação técnica, econômica e ambiental por meio da atuação de Agentes de Desenvolvimento Regional Sustentável, explica Valéria: “O horizonte de execução é de cinco anos, devendo atender, no primeiro ano, 600 produtores rurais”. A primeira fase abrange os municípios de Afonso Bezerra, Angicos, Lajes, Pedra Preta, Pedro Avelino, Apodi, Caraúbas, Governador Dix-Sept Rosado, Mossoró, Rafael Fernandes e Umarizal.
. Fundação Banco do Brasil
11 Municípios do Rio Grande do Norte participam desta iniciativa
FONTE: Último Censo Demográfico do IBGE (2000). Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil.
OVINOCAPRINOCULTURA A Ovinocaprinocultura é uma atividade que recebe investimento social da Fundação Banco do Brasil em vários estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. No estado do Rio Grande Norte, essa parceria com a Fundação assume feições bastante promissoras, uma vez que ela se realiza junto a uma Associação de criadores de caprinos que abrange 11 municípios potiguares com grande presença de população pobre em seu território. Em 2000, esses municípios abrangidos pelo programa possuíam, em média, 63% da população com renda familiar inferior a ½ salário mínimo1 – uma proporção de pobres bastante acima do nível estadual, que é de 51%, e mais distante ainda do nível do Brasil, que possuía, em 2000, 40% da sua
população abaixo da linha de pobreza. Com isso, pode-se destacar que, com a iniciativa da Ovinocaprinocultura, a Fundação Banco do Brasil contribui diretamente na consecução do Objetivo do Milênio 1, principalmente para o alcance da Meta 1A (Brasileira) que visa a redução a um quarto, entre 1990 e 2015, da proporção da população com renda inferior a 1 dólar2 PPC3 por dia. Além disso, contribuindo na geração de trabalho e renda para as famílias, a Fundação age, indiretamente, na melhoria das condições gerais de vida da população, atuando para a realização de outros Objetivos do Milênio, como o Objetivo 3, que visa a promoção da igualdade entre sexos e a autonomia das mulheres, e o Objetivo 4, que busca reduzir a mortalidade infantil.
Em junho de 2000, o salário mínimo era de R$151,00 e, em junho de 2009, é de R$465,00. Cotação em 17/06/09: 1 Dólar = R$1,962 3 Paridade de Poder de Compra. 1 2
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Trabalho com reconhecimento Catadores de material reciclável se organizam em cooperativas e conquistam melhores condições de vida
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esde 2003 a Fundação Banco do Brasil investiu mais de 20 milhões de reais em 180 projetos de inclusão social de catadores de materiais recicláveis. O objetivo é fomentar a conquista da inserção autônoma na cadeia produtiva da atividade. Ao oferecer suporte para que esses profissionais reflitam sobre o que fazem e se transformem em agentes ambientais e econômicos, o Programa de Reciclagem contribui para elevar a sua qualidade de vida. Entre as dificuldades cotidianas estão o custo do transporte e a dependência dos
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atravessadores. A mobilização coletiva possibilita enfrentar melhor esses desafios. Atualmente o foco dos investimentos sociais é a consolidação de centrais de comercialização que envolve dezenas de cooperativas e associações em São Paulo, Limeira, Osasco (SP), Belo Horizonte, Poços de Caldas (MG), Salvador (BA), Manaus (AM), São Gonçalo (RJ), Porto Velho (RO), Boa Vista (RR) e no Distrito Federal – Brasília e cidades satélites. Em todo o país a categoria dá passos largos para superar o preconceito e conquistar o reconhecimento da sociedade.
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Cadeias Produtivas
Apicultura Artesanato Cajucultura Mandiocultura Ovinocaprinocultura Reciclagem
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FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL E OBJETIVOS DO MILÊNIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
“Nossa vida mudou” Assim como Janilson Santana Andrade, muitos trabalhadores obtiveram avanços significativos quando uniram as forças e passaram a atuar de maneira solidária na atividade de reciclagem: moradia, alfabetização e crédito no comércio.
“M
uitos não tinham documentos nem onde morar, mas nossa vida mudou”. Essas palavras são de Janilson Santana Andrade, que preside a Cooperativa de Trabalho, Reciclagem e Produção da Cidade Estrutural (Cortrap). “Hoje tenho a minha casa, carteira de motorista e sei ler e escrever, assim como muitos catadores, que conseguiram crédito nas lojas e podem fazer empréstimos”, conta. A Cortrap é filiada à Central das Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis do Distrito Federal e Entorno
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(Centcoop-DF), responsável pelo Projeto Coleta Seletiva Solidária, que envolve catadores das entidades representativas do segmento e alunos da Universidade de Brasília (UnB). Odécio Garcia, supervisor executivo da Centcoop-DF, explica que os catadores foram capacitados para promover melhor classificação e padronização dos materiais, agregando valor maior aos produtos coletados. Janilson e Odécio relatam que, entre 2006 e 2008, as remunerações chegaram a aumentar até 100%.
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Cooperativas e associações de reciclagem do município de São Paulo contam com investimentos da Fundação FONTE: Último Censo Demográfico do IBGE (2000). Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil.
reciclagem Em todo o país, diversas cooperativas e associações de reciclagem, com atuação concentrada nos grandes centros urbanos, recebem investimentos da Fundação Banco do Brasil. O foco dessa atuação se justifica, pois é nas grandes cidades brasileiras que se produz maior parcela de todo o lixo doméstico e nãodoméstico do país, e é ainda nessas cidades, que moram os maiores contingentes de pessoas pobres no Brasil. No município de São Paulo, por exemplo, a Fundação investe em dez cooperativas e associações de reciclagem. Sua presença é marcante nos distritos onde é elevado o nível de pobreza. Enquanto no município de São Paulo, em 2000, 10% dos responsáveis pelo domicílio não possuíam nenhum rendimento, no distrito de Parelheiros eram 22%; nos distritos de Brasilândia e Itaim Paulista, 1 2
15%; em Itaquera, 12%, e em São Miguel, 10% das pessoas responsáveis não possuíam rendimento. Observa-se, portanto, que a Fundação concentra seus esforços nas áreas onde habita grande quantidade de pessoas sem rendimento – público para o qual a reciclagem vem se tornando uma alternativa concreta. Dessa forma, a Fundação age diretamente na realização do Objetivo do Milênio 1, principalmente para o alcance da Meta 1A (Brasileira) que visa a redução a um quarto, entre 1990 e 2015, da proporção da população com renda inferior a 1 dólar1 PPC2 por dia. O processo de reciclagem também representa uma contribuição para a realização do ODM 7, cujas metas voltamse para a promoção da sustentabilidade ambiental.
Cotação em 17/06/09: 1 Dólar = R$1,962 Paridade de Poder de Compra.
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FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL E OBJETIVOS DO MILÊNIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Geração de Trabalho e Renda
Ações de Desenvolvimento Territorial Sustentável Valorizar os saberes locais e as realidades específicas das comunidades é fundamental nos projetos de enfrentamento da pobreza desenvolvidos pela Fundação Banco do Brasil
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á algum tempo as antigas políticas de enfrentamento da pobreza vêm sendo criticadas em diversos países por desconsiderarem os fenômenos de cada realidade regional e local. A distribuição de recursos sem a participação dos atores sociais interessados revelou-se frustrante e ineficaz, por não atender as reais necessidades das pessoas. Essa análise tem levado à crescente valorização do componente local nos projetos de desenvolvimento: microrregiões, municípios, distritos e comunidades dentro dos distritos. O sentimento de identidade que as pessoas partilham entre si é de grande valor na construção de projetos coletivos que frutifiquem.
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Nessa perspectiva, a estratégia da Fundação Banco do Brasil é tornar-se catalisadora de ações com foco no desenvolvimento territorial sustentável, apoiando as vocações específicas das diferentes localidades onde está presente – sempre com a visão de cadeia de valor. A metodologia inclui sensibilização e capacitação, diagnósticos, desenvolvimento de planos de negócios, monitoramento e avaliação. São fundamentais para o sucesso dessas iniciativas o protagonismo e a integração dos atores sociais – sociedade civil, empresários, associações, cooperativas, governos, universidades e ONGs, entre outros.
. Fundação Banco do Brasil
Ações de Desenvolvimento Territorial Sustentável
Berimbau
Páginas
No ritmo da solidariedade
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Urucuia Grande Sertão
Veredas do progresso
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Território de Cocais
Parcerias para o desenvolvimento
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FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL E OBJETIVOS DO MILÊNIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
No ritmo da solidariedade projetos de geração de trabalho e renda criam oportunidades para afrodescendentes na bahia
I
nstrumento de percussão reverenciado no candomblé e na capoeira, o berimbau batiza o nome de um programa social do qual participam muitos afrodescendentes no litoral Norte da Bahia. O Programa Berimbau visa promover o desenvolvimento sustentável, reduzir desigualdades e criar melhores condições de vida para a população de baixa renda que vive na vizinhança do complexo turístico Costa do Sauípe. Criado em 2003, é resultado de uma parceria entre a Costa do Sauípe, a Fundação Banco do Brasil e a Caixa de Previdência dos Funcionários do BB (Previ).
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As comunidades de Areal, Curralinho, Diogo, Estiva, Santo Antonio e Vila Sauípe, no município de Mata de São João, e comunidades de Canoas e Porto Sauípe, no município de Entre Rios participam ativamente na gestão de 41 projetos que buscam atender suas necessidades específicas. Essas ações envolvem capacitação profissional, incentivo à organização de cooperativas, revitalização da pesca, criação e beneficiamento de pequenos animais, ensino de informática, investimento na reciclagem de resíduos e à produção e comercialização de artesanato, entre outras.
. Fundação Banco do Brasil
Desenvolvimento territorial sustent谩vel Berimbau Urucuia Grande Sert茫o Territ贸rio de Cocais
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FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL E OBJETIVOS DO MILÊNIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
A força do associativismo O Programa Berimbau gera renda para as populações que vivem no entorno do complexo turístico Costa do Sauípe (BA) por meio do investimento em cadeias produtivas, melhoria da infra-estrutura social e preservação da cultura local.
“E
sse programa cria oportunidades de geração de renda e de desenvolvimento para pessoas que podem estar muito próximas de cair na violência, na prostituição, no tráfico de drogas, no desespero”, afirma Beraldo Boaventura, gerente socioambiental da Sauípe S.A., empresa parceira da Fundação Banco do Brasil. Para ele, a iniciativa ajuda a manter viva a esperança de milhares de pessoas. Mais de uma dezena de entidades comunitárias da região da
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Costa do Sauípe são parcerias do Programa Berimbau, entre elas, cooperativas de agricultores (Coopevales), de pescadores (Copermar-LN), de artesãs (Copartt), de reciclagem de resíduos (Verdecoop) e o Fórum de Ação Comunitária. Boaventura destaca ainda, o Projeto Meninos do Porto, instituição sem fins lucrativos que promove educação infantil e abriga cem crianças de três a seis anos de idade, oriundas de famílias de baixa renda em Porto do Sauípe.
. Fundação Banco do Brasil
57% dos moradores da Costa do Sauípe viviam com menos de meio salário mínimo em 2000
FONTE: Último Censo Demográfico do IBGE (2000). Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil.
BERIMBAU O Programa Berimbau abrange comunidades carentes em Mata de São João e Entre Rios – dois municípios baianos na Costa do Sauípe. É composto por diversos projetos que atendem à necessidade de geração de trabalho e renda para as pessoas que vivem nessas comunidades. Voltam-se também para as áreas de educação, cuidado com o meio ambiente e inclusão digital. O nível de pobreza da população residente na área abrangida é alto: em 2000, 57% das pessoas que moravam nesses municípios possuíam renda familiar inferior a ½ salário mínimo1 – um percentual de pobres maior do que o registrado para a Bahia, que era de 55%, e bem acima do nível do país, que registrou, em 2000, 40% de brasileiros vivendo abaixo da linha de pobreza. Assim, através do Projeto Berimbau, a Fundação Banco do Brasil contribui diretamente na consecução do Objetivo do
Milênio 1, especialmente para que o Brasil alcance a Meta 1A (Brasileira) que é de reduzir a um quarto, entre 1990 e 2015, a proporção da população com renda inferior a 1 dólar2 PPC 3 por dia. Este programa ainda contribui diretamente para a consecução de outros ODMs: o Objetivo 2, que visa a universalização da educação básica, o Objetivo 7, que se volta para garantir a sustentabilidade ambiental, e o Objetivo 8, mais especificamente a Meta 18, voltada para a expansão do acesso às novas tecnologias de informação. Ao investir na geração de renda, cuidar do meio ambiente e colaborar para que cada vez mais pessoas tenham acesso às novas tecnologias, a Fundação age, indiretamente, na melhoria das condições gerais de vida da população, contribuindo para a realização de outros ODMs, como o Objetivo 4, que visa a redução da mortalidade infantil, e o 3, voltado para um maior “empoderamento” das mulheres.
Em junho de 2000, o salário mínimo era de R$151,00 e, em junho de 2009, é de R$465,00. Cotação em 17/06/09: 1 Dólar = R$1,962 3 Paridade de Poder de Compra. 1 2
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FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL E OBJETIVOS DO MILÊNIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Veredas do progresso No Vale do Urucuia (MG), agricultores se articulam para ampliar a renda e preservar a cultura local
A
região fronteiriça entre Minas Gerais, Goiás e Bahia, retratada por Guimarães Rosa na obra-prima Grande Sertão – Veredas, é cenário de um relevante programa de desenvolvimento humano que envolve 20 mil pessoas em 11 municípios. O objetivo é diversificar as atividades produtivas da agricultura familiar, preservando a cultura regional. Desde 2004 a Fundação investe nos projetos, que são de responsabilidade da Agência de Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Vale do Rio Urucuia.
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O grande desafio é integrar ao mercado as atividades de fruticultura, artesanato, turismo ecológico, mandiocultura, apicultura e outras, para oferecer opções viáveis de trabalho aos jovens da região. Mas a elevação da renda é apenas uma das dimensões do programa, que aposta no fortalecimento da cidadania. Cursos profissionalizantes, atividades culturais e de socialização das experiências reforçam os laços de solidariedade comunitária. O Vale do Urucuia é um exemplo vivo do trabalho coletivo pelo desenvolvimento.
. Fundação Banco do Brasil
Desenvolvimento territorial sustent谩vel Berimbau Urucuia Grande Sert茫o Territ贸rio de Cocais
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FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL E OBJETIVOS DO MILÊNIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Transferência de tecnologia O Programa Urucuia Grande Sertão, iniciado em 2000 e no qual a Fundação investe desde 2004, abrange as comunidades de Arinos, Bonfinópolis, Buritis, Chapada Gaúcha, Formoso, Pintópolis, Riachinho, Urucuia e Uruana de Minas (MG).
O
Programa de Desenvolvimento Sustentável Urucuia Grande Sertão deu tão certo que duas cooperativas surgiram para dar continuidade aos trabalhos. Em 2008 foi criada a Copabase (Cooperativa Agrossilviextrativista em Bases de Agricultura Familiar e Economia Solidária) e no início de 2009 nascia a Ancorart. A primeira, para comercializar a produção dos seus cooperados – apicultura, fruticultura, mandiocultura e bovinocultura de leite – e promover a ajuda mútua. A segunda, para vender a produção do artesanato.
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“Quando não tínhamos o apoio da Fundação Banco do Brasil e de outros parceiros, muitos produtores perdiam tudo por não terem as informações, às vezes básicas, sobre formas de melhorar a produção”, conta o presidente da Copabase, Paulo Estácio de Figueiredo. Ele avalia que, se não fossem as visitas periódicas dos engenheiros agrônomos com novidades do setor para comunidades, os trabalhos não trariam o retorno desejado. Para isso foi criado o Projeto de Desenvolvimento Social e Apoio à Transferência de Tecnologia para Agricultores Familiares da Região do Vale do Rio Urucuia.
. Fundação Banco do Brasil
10 municípios mineiros e um goiano são contemplados pelas ações no Urucuia FONTE: Último Censo Demográfico do IBGE (2000). Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil.
Urucuia grande sertão As ações no Vale do Urucuia contemplam 10 municípios situados no estado de Minas Gerais e um em Goiás. Em 2000 esses municípios possuíam, em média, 62% da população vivendo com renda familiar inferior a ½ salário1 mínimo – percentual bastante acima do percentual de pobres dos estados abrangidos pelo programa, que foi de 28%, e elevado quando comparado com o nível de pobreza do Brasil, que chegou a registrar 40% de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza. O Programa atua numa área com nível de pobreza bastante elevado, o que permite destacar que a Fundação vem contribuindo diretamente na consecução do Objetivo do Milênio 1, especificamente para que o Brasil alcance a Meta 1A (Brasileira), que constitui na redução a um quarto, entre 1990 e 2015, da 1 2
proporção da população com renda inferior a 1 dólar1 PPC2 por dia. Acrescenta-se ainda que, pelo interesse em promover o desenvolvimento econômico local com uma preocupação ecológica, a Fundação atua diretamente na realização do Objetivo 7, que visa a sustentabilidade ambiental. Ao gerar trabalho e elevar a renda das pessoas, a Fundação atua indiretamente na melhoria das condições gerais de vida da população e na realização de outros Objetivos do Milênio, como o Objetivo 4, voltado para a redução da mortalidade infantil em um terço, entre 1990 e 2015. Ao criar oportunidade de trabalho para as mulheres, a Fundação também age na realização do Objetivo 3, voltado para a promoção da igualdade entre os sexos e para a autonomia das mulheres.
Cotação em 17/06/09: 1 Dólar = R$1,962 Paridade de Poder de Compra.
Relatório 2009 .
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FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL E OBJETIVOS DO MILÊNIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Parcerias para o desenvolvimento AÇÕES em 13 municípios piauienses promoveM inclusão social e produtiva com responsabilidade compartilhada
O
rganizar as comunidades de 13 municípios do Piauí para o desenvolvimento sustentável, com foco na redução da pobreza e das desigualdades, é o objetivo das ações da Fundação Banco do Brasil no Território de Cocais. A ideia é promover inclusão social e produtiva a partir das potencialidades do território e da articulação de parcerias, respeitando a cultura local. São princípios da iniciativa a participação dos atores locais, a visão territorial do planejamento e a construção coletiva dos projetos, com responsabilidade compartilhada.
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As ações abrangem os municípios de Barras, Batalha, Campo Largo, Esperantina, Joaquim Pires, Joca Marques, Luzilândia, Madeiro, Matias Olímpio, Morro do Chapéu do Piauí, Nossa Senhora dos Remédios, Porto e São João do Arraial, concentrando-se em quatro eixos: educação, trabalho e renda, saúde e identidade cultural do território. Entre os projetos desenvolvidos estão os de inclusão digital, alfabetização, fortalecimento de escolas agrícolas, estímulo ao cooperativismo e capacitações técnicas. Desde 2007 a Fundação já investiu R$ 600 mil no Programa e prevê mais R$ 1,5 milhão até 2010.
. Fundação Banco do Brasil
Desenvolvimento territorial sustent谩vel
Berimbau Urucuia Grande Sert茫o Territ贸rio de Cocais
1 3 4 7 ODM
Relat贸rio 2009 .
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FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL E OBJETIVOS DO MILÊNIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Letras e estradas Lançado em 2007 no município de Esperantina (PI), o PDTIS (Programa de Desenvolvimento Territorial Integrado e Sustentável) Território de Cocais investe na alfabetização e na recuperação de rodovias, entre outros projetos.
O
Projeto Alfabetização de Jovens e Adultos, que faz parte do PDTIS Território de Cocais, é coordenado pelo CEPES (Centro de Educação Popular Esperantinense) em comunidades extrativistas de babaçu e quilombolas, envolvendo 839 pessoas. “Ser analfabeto é muito ruim”, afirma Lino Boaventura, de 59 anos, membro da comunidade quilombola Olho D’Água dos Negros, no município de Esperantina. “Estou muito alegre e toda a minha comunidade também, porque agora nós sabemos ler e escrever”. Aquisição de Máquinas para Melhoria
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das Estradas e Apoio à Produção no Território de Cocais são dois outros projetos do PDTIS que visam a melhoria da infraestrutura produtiva da região por meio da implantação e manutenção das estradas regionais e municipais. Cerca de 20 mil famílias serão diretamente beneficiadas e 300 mil pessoas indiretamente. O PDTIS tem ainda os projetos de Instalação de Unidades para Processamento do Mesocarpo do Babaçu e de Diagnóstico das Cadeias da Base Produtiva: extrativismo vegetal, ovinocaprinocultura e cajucultura.
. Fundação Banco do Brasil
79% da população de 13 municípios piauienses viviam abaixo da linha da pobreza em 2000 FONTE: Último Censo Demográfico do IBGE (2000). Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil.
TERRITÓRIO De COCAIS Território de Cocais é um programa voltado para o desenvolvimento territorial sustentável em 13 municípios do Piauí. Em 2000 esses municípios possuíam em média 79% da população vivendo com renda familiar inferior a ½ salário mínimo1 – percentual acima da população total do estado, de 62% de pessoas pobres, é bastante elevado quando comparado com o nível de pobreza do Brasil, que registrou 40% de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza. Território de Cocais apresenta uma atuação importante, gerando renda numa área com nível de pobreza bastante elevado. Destaca-se que a Fundação vem contribuindo diretamente na consecução do Objetivo do Milênio 1, especificamente para que o Brasil alcance a Meta 1A (Brasileira), redução a um quarto, entre 1990 e 2015, da proporção da população com renda inferior a 1 dólar2 PPC3 por dia.
Soma-se a isso o interesse da Fundação em realizar esse desenvolvimento econômico das comunidades atendidas de forma sustentável, respeitando a cultura local, o que faz com que a Fundação contribua com a consecução do Objetivo 7, voltado para a garantia da sustentabilidade ambiental. Ao elevar a renda das pessoas de forma sustentável e adequada à realidade local, a Fundação atua indiretamente na melhoria das condições gerais de vida da população e, com isso, no avanço de outros Objetivos do Milênio, como o Objetivo 4, que visa a redução da mortalidade infantil em um terço, entre 1990 e 2015. Além disso, a participação das mulheres nas ações voltadas para trabalho e renda faz com que a Fundação atue no avanço do Objetivo 3, voltado para a promoção da igualdade de condições entre sexos e para a autonomia das mulheres
Em junho de 2000, o salário mínimo era de R$151,00 e, em junho de 2009, é de R$465,00. Cotação em 17/06/09: 1 Dólar = R$1,962 3 Paridade de Poder de Compra. 1 2
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FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL E OBJETIVOS DO MILÊNIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Geração de Trabalho e Renda
Ações de Reaplicação de Tecnologias Sociais Soluções simples, baratas e facilmente adaptáveis a outros contextos contribuem para o desenvolvimento sustentável
T
ecnologia Social é todo processo, método ou instrumento, capaz de solucionar algum tipo de problema social, atendendo aos quesitos de simplicidade, baixo custo, fácil reaplicabilidade e impacto social comprovado. É um conceito que remete a uma proposta inovadora de desenvolvimento, com metodologias participativas orientadas para a inclusão. As tecnologias sociais podem aliar saber popular, organização social e conhecimento técnico-científico. Entre os exemplos mais conhecidos estão o soro caseiro – mistura de água, açúcar e sal que combate a desidratação e reduz a mortalidade infantil – e as cisternas de placas pré-moldadas que
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atenuam os problemas de acesso à água em regiões semiáridas. Em 2001 a Fundação Banco do Brasil instituiu o Banco de Tecnologias Sociais para fortalecer experiências desenvolvidas por outras instituições que não teriam possibilidade de ampliá-las. O objetivo é contribuir para a disseminação de soluções para problemas como demandas de água, alimentação, educação, energia, habitação, renda, saúde e meio ambiente, entre outras. O Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, promovido a cada dois anos, é um instrumento de identificação, seleção, certificação, promoção e fomento dessas iniciativas transformadoras.
. Fundação Banco do Brasil
Ações de Reaplicação de Tecnologias Sociais
Barraginhas
Páginas
Oásis no semiárido
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PAIS
Qualidade de vida no campo
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Água Doce
O sal que gera renda
Fossas Sépticas Biodigestoras
Saneamento barato e eficaz
Relatório 2009 .
72 76
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FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL E OBJETIVOS DO MILÊNIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Oásis no semiárido A tecnologia social dos miniaçudes retém água das chuvas em regiões secas de quatro estados
B
arraginhas são miniaçudes que funcionam como “esponjas”, coletando a chuva no solo para que ela não se perca nas enxurradas. Assim reabastecem o lençol freático, combatem a desertificação e criam óasis de fartura em regiões semiáridas. Essa tecnologia social simples e engenhosa, desenvolvida em Minas Gerais pela Embrapa Milho e Sorgo, foi certificada em 2003 pelo Prêmio Fundação Banco do Brasil. Desde 2004 a Fundação já investiu R$ 2,5 milhões na reaplicação da tecnologia, da qual participam 31 mil agricultores.
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Com a adoção das barraginhas a água é conservada o ano inteiro. Onde antes só havia solo ressecado e desesperança, renascem córregos. A terra passa a produzir frutas, legumes e hortaliças, que sustentam os animais, garantindo a segurança alimentar. Dá para criar peixes nos miniaçudes e até os passarinhos retornam. O uso das águas é gerido pela própria comunidade. Das mais de 200 mil barraginhas construídas no país ao longo de 15 anos, 10,4 mil foram realizadas pela Fundação: 4,2 mil em Minas Gerais, 4,7 mil no Piauí, 500 no Ceará e mil em Tocantins.
. Fundação Banco do Brasil
reaplicação de tecnologias sociais
Barraginhas Produção Agroecológica Integrada Sustentável Água Doce Fossas Sépticas Biodigestoras
1 4 6 7 ODM
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FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL E OBJETIVOS DO MILÊNIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Proteção social e ambiental As Barraginhas são miniaçudes de baixo custo e fácil construção feitas com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico e social de regiões carentes.
valéria carvalho
O
idealizador do sistema de barraginhas, engenheiro agrônomo Luciano Cordoval, sintetiza a relevância desses miniaçudes para a população e para o meio ambiente: “Elas evitam a degradação dos solos, amenizam estiagens, propiciam plantio de lavouras, hortas e pomares, possibilitam a produção de alimentos para as famílias, geram excedentes comercializáveis e fornecem água para consumo humano e animal. Também estancam o êxodo rural,
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trazendo desenvolvimento e cidadania”. Ele conta que, somente em Minas Gerais, onde nasceu essa tecnologia social, existem cerca de 180 mil das 200 mil barraginhas construídas no país. O trabalho nas comunidades acontece em quatro fases, explica o engenheiro agrônomo: apresentação da ideia, visita a um projeto piloto, treinamento e, por último, construção: “A comunidade aprende fazendo e passa a caminhar com os próprios pés”.
. Fundação Banco do Brasil
40 municípios são atendidos pelo programa Barraginhas, que atua em 4 estados brasileiros FONTE: Último Censo Demográfico do IBGE (2000). Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil.
BARRAGINHAS A tecnologia social de Barraginhas é aplicada em diversos municípios do Sudeste, Norte e Nordeste do país, localizados nos estados de Minas Gerais, Tocantins, Piauí e Ceará. Os objetivos desse programa voltam-se, principalmente, para a proteção do meio ambiente, e para o desenvolvimento econômico e social das áreas atendidas. A implementação dessa tecnologia social ocorre em áreas onde é alto o nível de pobreza da população: em 2000, os 40 municípios atendidos pelo programa possuíam, em média, 67% da sua população vivendo com renda familiar inferior a ½ salário mínimo1 – um percentual de pobres superior à média dos estados abrangidos, que era de 50%, e bem acima do nível do país, que registrou, em 2000, 40% de brasileiros vivendo abaixo da linha de pobreza.
Com o programa Barraginhas, a Fundação Banco do Brasil contribui diretamente na consecução, por um lado, do Objetivo do Milênio 1, especialmente para que o Brasil alcance a Meta 1A (Brasileira) que é de reduzir a um quarto, entre 1990 e 2015, a proporção da população com renda inferior a 1 dólar2 PPC3 por dia e, por outro, do Objetivo do Milênio 7, que visa garantir a sustentabilidade ambiental. Ao gerar renda para as pessoas e cuidar do meio ambiente, a Fundação age indiretamente na melhoria das condições de vida da população, o que contribui para a realização de outros Objetivos do Milênio, como os Objetivo 4, relacionado à redução da mortalidade infantil em um terço, entre 1990 e 2015, e o Objetivo 6, voltado para o combate de diversas doenças endêmicas.
Em junho de 2000, o salário mínimo era de R$151,00 e, em junho de 2009, é de R$465,00. Cotação em 17/06/09: 1 Dólar = R$1,962 3 Paridade de Poder de Compra. 1 2
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FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL E OBJETIVOS DO MILÊNIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Qualidade de vida no campo Tecnologia Social ambientalmente sustentável gera renda e diversifica a produção agrícola familiar
A
Produção Agroecológica Integrada Sustentável (PAIS) é uma Tecnologia Social baseada na agricultura orgânica que gera renda e melhora a vida de milhares de agricultores em mais de cem municípios do país. Ela passou a ser adotada em 1999 em uma pequena propriedade de Petrópolis (RJ). Entre 2005 e 2009, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Ministério da Integração Nacional, a Fundação investiu mais de R$ 12 milhões na reaplicação da tecnologia social. A ação resulta em 4,2 mil unidades em 15 estados e no Distrito Federal. Mais 1,8 mil
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unidades estão sob responsabilidade de outras instituições. O sistema consiste no plantio de culturas diferentes e complementares em torno de anéis. No centro do círculo são criados pequenos animais, como galinhas e gansos, cujos dejetos servem para adubar as plantações do entorno. A irrigação é feita por gotejamento. Ao redor da unidade pode ser criado um quintal agroecológico que serve para reflorestamento, cultivo de frutas, de espécies nativas e comerciais. Cada unidade tem um custo de aproximadamente R$ 8,8 mil, incluindo dois anos de assistência técnica.
. Fundação Banco do Brasil
reaplicação de tecnologias sociais
Barraginhas Produção Agroecológica Integrada Sustentável Água Doce Fossas Sépticas Biodigestoras
1 4 7 ODM
Relatório 2009 .
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FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL E OBJETIVOS DO MILÊNIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Quintal ecológico As comunidades de Cristalina e Planaltina, em Goiás, participam do programa PAIS (Produção Agroecológica Integrada Sustentável), Tecnologia Social que é aplicada com recursos da Fundação Banco do Brasil.
“A
Agricultura Integrada permite ao pequeno agricultor a produção de alimentos saudáveis e garante a renda na comercialização dos produtos excedentes”, conta Gildásio de Andrade Pires, dirigente da Associação para o Combate à Exclusão Social e à Preservação Ambiental – Chico Mendes. “Resolve o problema de alimentação das comunidades carentes e ainda permite que as famílias arrecadem, mensalmente,
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entre 1 e 1,5 salário mínimo”. Ele explica que a proposta é produzir, a partir de um galinheiro, adubo para a horta cultivada ao seu redor. É uma espécie de quintal ecológico. Para a implantação do sistema, uma família de cinco pessoas necessita de um terreno com cerca de cinco mil metros quadrados. A Acespa já instalou 30 sistemas no entorno do Distrito Federal – 15 no município de Cristalina e 15 em Planaltina.
. Fundação Banco do Brasil
55% da população dos 15 estados abrangidos pela Pais viviam com menos de 1/2 salário mínimo em 2000 FONTE: Último Censo Demográfico do IBGE (2000). Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil.
pais A Tecnologia Social PAIS atende os municípios das regiões Nordeste, Norte, Centro-Oeste e Sudeste, que em 2000 possuíam maior concentração de pessoas abaixo da linha de pobreza. Em média, nos municípios atendidos pela PAIS, 55% da população viviam com renda familiar inferior a ½ salário mínimo1. No mesmo período, a média dos 15 estados abrangidos era de 44% de pessoas pobres. A média nacional estava um pouco abaixo, com 40% de pessoas em situação de pobreza. A Fundação Banco do Brasil, ao investir na agricultura integrada nestas regiões, contribui diretamente com geração de renda e tem impacto sobre a meta de reduzir, até 2015, a um quarto
a população que vive com menos de 1 dólar2 PPC3 por dia (Meta 1A - brasileira - Objetivo do Milênio 1). A reaplicação de tecnologia social de manejo de diferentes culturas com produção complementar integrada tem efeito direto sobre o alcance do Objetivo do Milênio 7, em especial a meta 9, que enfatiza a disseminação de princípios sustentáveis e procura reverter a perda de recursos naturais. Como resultado do aumento da qualidade de vida, a iniciativa auxilia, indiretamente, aqueles municípios a avançarem no Objetivo 4, relacionado à redução em dois terços, entre 1990 e 2015, da mortalidade infantil.
Em junho de 2000, o salário mínimo era de R$151,00 e, em junho de 2009, é de R$465,00. Cotação em 17/06/09: 1 Dólar = R$1,962 3 Paridade de Poder de Compra. 1 2
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FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL E OBJETIVOS DO MILÊNIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
O sal que gera renda Tecnologia Social integra dessalinização com aproveitamento dos resíduos para criação de peixes, camarões e caprinos
O
Semiárido nordestino tem 170 mil poços perfurados, que em geral produzem água salobra, imprópria para o consumo humano. Em torno de 17 mil aparelhos dessalinizadores são utilizados para retirar o sal da água por meio de uma membrana com poros microscópicos. O resíduo é uma água altamente salina que contamina a terra e a vegetação. Para reaproveitar esse efluente, a Fundação Banco do Brasil investe no Programa Água Doce, que atua por meio de quatro componentes: dessalinização, produção em unidade de-
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monstrativa, sustentabilidade ambiental e mobilização social. Os resíduos da água dessalinizada seguem para tanques com camarões e peixes, enquanto o restante da água salobra irriga a erva-sal, planta que, misturada a outras forrageiras, é usada como ração para caprinos. Em parceria com a Embrapa, o Ministério do Meio Ambiente, Universidade Federal de Campina Grande (PB), Petrobras e outras instituições, a Fundação destinou R$ 2,8 milhões para recuperar dessalinizadores e implantar novas unidades em dez estados brasileiros.
. Fundação Banco do Brasil
reaplicação de tecnologias sociais
Barraginhas Produção Agroecológica Integrada Sustentável Água Doce Fossas Sépticas Biodigestoras
1 4 6 7 ODM
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FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL E OBJETIVOS DO MILÊNIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Cícero aprendeu a “cuidar de peixe” Lançado em 2004, o Programa Água Doce visa tornar autosustentáveis os sistemas de dessalinização localizados no semiárido nordestino, por meio da capacitação de agentes locais multiplicadores.
O
Programa Água Doce utiliza uma tecnologia que produz água potável e reaproveita o sal resultante da dessalinização para criar a tilápia rosa e cultivar a erva-sal, envolvendo comunidades carentes em dez estados. “Trabalhar nisso melhorou muito a minha vida e a da minha família, pois me garantiu mais uma renda”, conta Cícero Martins da Costa, agricultor no Assentamento Caatinga Grande, em São José do Seridó, Rio Grande do Norte. Ele
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é agricultor durante um período e, no outro, há três anos “cuida de peixe”. Além da renda extra, Cícero também está ganhando experiência: “Se hoje eu quiser criar peixe, já tenho o conhecimento necessário”. A prioridade do Programa são os municípios onde há menor Índice de Desenvolvimento Humano, menores índices de chuva, dificuldade de acesso a outras fontes de abastecimento de água potável e maior mortalidade infantil.
. Fundação Banco do Brasil
65% da população
dos municípios de sete estados participantes do programa viviam abaixo da linha de pobreza em 2000 * Dos 10 estados abrangidos, foram analisados sete. FONTE: Último Censo Demográfico do IBGE (2000). Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil.
Água doce Dos 10 estados brasileiros contemplados pelo Programa Água Doce, foram analisados os dados referentes a sete: Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. O Programa incide diretamente nos municípios com maiores níveis de pobreza. Segundo o Censo Demográfico de 2000, os municípios atendidos tinham, em média, 65% da população com renda familiar inferior a ½ salário mínimo1. Naquele ano, a média dos sete estados era de 56% e os pobres no Brasil eram 40%. A atuação da Fundação Banco do Brasil, estimulando a geração de renda nos municípios com nível de pobreza acima da média nacional, contribui de forma direta para que o país avance na Meta 1A
(Brasileira) do Objetivo do Milênio 1, que pretende reduzir a um quarto a população com menos de 1 dólar2 PPC3 /dia até 2015. O programa tem ainda, diretamente, uma ação marcante para a sustentabilidade ambiental e, consequentemente, para o alcance das metas 9 e 10, do Objetivo do Milênio 7, que buscam disseminar princípios sustentáveis, reverter a perda de recursos naturais e reduzir a população sem acesso permanente à água potável. O tratamento da água tem impacto significativo sobre a qualidade de vida de toda a família, fazendo com que, através desse programa, a Fundação contribua indiretamente no avanço do Objetivo 4, voltado para a redução da mortalidade em dois terços, entre 1990 e 2015.
Em junho de 2000, o salário mínimo era de R$151,00 e, em junho de 2009, é de R$465,00. Cotação em 17/06/09: 1 Dólar = R$1,962 3 Paridade de Poder de Compra. 1 2
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FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL E OBJETIVOS DO MILÊNIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Saneamento barato e eficaz processo de biodigestão protege o lençol freático e gera biofertilizante em pequenas propriedades agrícolas
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m 2003 a tecnologia das fossas sépticas biodigestoras, desenvolvida pela Embrapa de São Carlos (SP), foi certificada pelo Prêmio de Tecnologia Social da Fundação Banco do Brasil. Sua instalação, simples e de baixo custo, evita a contaminação do lençol freático e previne a propagação de doenças causadas pela ingestão de água contaminada. Desde então, mais de 900 fossas sépticas biodigestoras já foram implantadas com investimento de R$ 1,1 milhão da Fundação, contribuindo para melhorar a qualidade de vida de 10,9 mil famílias.
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O sistema consiste no desvio da tubulação do vaso sanitário para três caixas coletoras, interligadas e enterradas. Nelas os dejetos passam pelo processo da biodigestão, se transformando em um biofertilizante rico em nutrientes para o solo. Uma fossa séptica biodigestora pode economizar até 4.500 quilos de fertilizantes por ano e custa em torno de mil e trezentos reais. A Fundação investiu na iniciativa em dez municípios: Samambaia e Planaltina, no Distrito Federal; Luziânia, Corumbá de Goiás, Vila Boa, Padre Bernardo, Cristalina e Cidade Ocidental, em Goiás; Paracatu, em Minas Gerais, e Recife (PE).
. Fundação Banco do Brasil
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Barraginhas Produção Agroecológica Integrada Sustentável Água Doce Fossas Sépticas Biodigestoras
1 4 6 7 ODM
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FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL E OBJETIVOS DO MILÊNIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Água limpa é qualidade de vida A Acespa – Chico Mendes (Associação para o Combate à Exclusão Social e à Preservação Ambiental) está substituindo as chamadas “fossas negras” por fossas sépticas biodigestoras em Alexânia, Santo Antônio do Descoberto, Luziânia, Vila Boa, Cristalina (GO) e Paracatu (MG).
C
om a substituição de esgotos a céu aberto e fossas sépticas comuns por biodigestoras, a população participante do Saneamento Básico Rural ganhou qualidade de vida. “Essa iniciativa traz um grande ganho para as pessoas, pois não apenas garante a qualidade da água e, consequentemente, a saúde das famílias, como também permite que os resíduos sejam transformados em fertilizante”, afirma o químico da Embrapa Wilson Tadeu da Silva. O criador dessa
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tecnologia social é o pesquisador Antônio Pereira Novaes, também da Embrapa. A Acespa já instalou 544 fossas sépticas biodigestoras em seis municípios: um de Minas Gerais e cinco de Goiás. De acordo com o dirigente da Associação, Gildásio de Andrade Pires, é um sistema simples e barato de tratar o esgoto na zona rural. “As famílias estão todas satisfeitas, pois, além de ganharem saneamento básico, estão produzindo o seu próprio adubo orgânico, o que acaba gerando economia”, garante.
. Fundação Banco do Brasil
40% da população atendida pelo programa viviam em condições sanitárias precárias em 2000 FONTE: Último Censo Demográfico do IBGE (2000). Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil.
Fossas sépticas biodigestoras Fossas Sépticas Biogestoras constituem uma tecnologia social implementada em municípios dos estados de Goiás, Minas Gerais e Pernambuco e no Distrito Federal, cujos objetivos referem-se à melhoria do saneamento básico e ao desenvolvimento econômico e social das comunidades atendidas. A introdução dessa tecnologia social vem sendo realizada em áreas com elevado nível de saneamento básico precário. Em 2000, os municípios atendidos pela tecnologia possuíam, em média, 40% da sua população vivendo em domicílios cujas instalações sanitárias se caracterizavam por fossas rudimentares ou valas – um percentual superior à média dos estados abrangidos, que era de 31%, e bem acima do nível do país, que registrou, em 2000, 28% de brasileiros vivendo em domicílios com saneamento básico precário. Com as Fossas Sépticas Biogestoras,
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a Fundação Banco do Brasil contribui diretamente na consecução do Objetivo do Milênio 7, principalmente para que o Brasil alcance a Meta 10 (Nações Unidas), que se refere à redução pela metade, até 2015, da proporção da população sem acesso permanente e sustentável à água potável e esgotamento sanitário. Também contribui para os Objetivos do Milênio 4 e 6, voltados para a redução da mortalidade infantil e para o combate de doenças endêmicas. Ao melhorar as condições de saneamento básico e de saúde, a Fundação, indiretamente, contribui para a elevação da renda das comunidades atendidas, pois a produção de adubos orgânicos, pela ação das fossas sépticas, representa economia nos custos do produtor. Dessa forma contribui para o avanço do país na consecução do Objetivo do Milênio 1, voltado para a erradicação da pobreza e da fome.
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Educação é prioridade 80 .
. Fundação Banco do Brasil
E
ducação é um dos focos da atuação da Fundação Banco do Brasil desde a década de 1980. Essa atuação se dá em estreita parceria com organizações da sociedade, colocando como foco prioritário as reais necessidades das pessoas a quem se destinam as ações. O Projeto Videoescola, aprovado em 1989, auxiliou no enfrentamento ao analfabetismo por meio do uso de televisão e videocassete. Também nessa época a Fundação investiu na realização de dois programas televisivos: Globo Ciência, na Rede Globo, e Estação Ciência, na TV Manchete. Em 1994 foram financiadas ações de capacitação e compra de equipamentos em 435 escolas, onde estudavam mais de 210 mil estudantes de baixa renda. O programa foi realizado em parceria com a CNEC – Cam-
Relatório 2009 .
panha Nacional de Escolas Comunitárias, uma sociedade civil criada há mais de 50 anos em Recife pelo professor Felipe Tiago Gomes com objetivo de instalar escolas públicas para a juventude pobre do país. Entre 2000 e 2004, a Fundação firmou parceria com o Instituto Ayrton Senna para instituir o programa Escola Campeã, de fortalecimento da gestão municipal escolar. O programa foi desenvolvido em 52 municípios de 24 estados por meio da distribuição de um kit pedagógico elaborado pela Fundação Eduardo Magalhães. Essas e outras ações que se seguiram têm em comum o envolvimento entusiasmado dos funcionários do BB e da Fundação. Em contato com as comunidades, educadores voluntários vivem a rica experiência de ensinar e aprender no convívio solidário.
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FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL E OBJETIVOS DO MILÊNIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Educação
A construção da cidadania plena Programas de alfabetização, enfrentamento da evasão escolar, iniciação à informática e preservação da memória do país fortalecem a educação nas comunidades carentes
A
experiência que a Fundação Banco do Brasil obteve nas décadas de 1980 e 1990, consolidada por preciosas parcerias com organizações não-governamentais e com educadores como Paulo Freire, levou a um salto qualitativo nas ações educacionais nesta primeira década do século 21. Por meio dos programas BB Educar e AABB Comunidade, que investem na educação participativa, foram reforçados os objetivos de erradicar o analfabetismo e enfrentar a evasão escolar. Outra importante vertente de atuação da Fundação é o programa Inclusão Digital, que qualifica crianças e jovens para os desafios da sociedade baseada nas tecnologias de comunicação e informação. As estações digitais do
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programa são espaços privilegiados de aprendizado e de intercâmbios culturais. Oferecem não apenas cursos de iniciação à informática e acesso à internet como também, em alguns casos, serviços bancários e equipamentos para rádios comunitárias. Já o Programa Memória, com suas exposições itinerantes e distribuição de materiais impressos, contribui para preservar a lembrança de brasileiros que deram contribuições importantes à cultura do país. Todas essas iniciativas têm em comum o fato de envolverem comunidades de regiões com indicadores sociais precários. Muitas crianças e adolescentes em situação de risco, vivendo em locais com escassas opções de lazer, tiveram as vidas transformadas por essas ações.
. Fundação Banco do Brasil
Programas de Educação
AABB Comunidade
Páginas
Brincar, viver, aprender
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BB Educar
Escrevendo a cidadania
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Inclusão Digital
A alfabetização do novo milênio
Programa Memória
A história preservada
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FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL E OBJETIVOS DO MILÊNIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Brincar, viver, aprender CRIANÇAS E ADOLESCENTES DESENVOLVEM SEU POTENCIAL EM ATIVIDADES LÚDICAS, ESPORTIVAS E EDUCACIONAIS NAS AABBs
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m 1987, inspirada no Estatuto da Criança e do Adolescente, a Federação Nacional das Associações Atléticas do Banco do Brasil (Fenabb) decidiu abrir as AABBs para o trabalho social. De início, facilitou a prática esportiva para crianças e jovens de famílias de baixa renda em Erechim (RS), Cristalina (GO), Quixadá e Quixeramobim (CE), para estimular a permanência na escola. A partir da 1996, uma parceria com a Fundação possibilitou aumentar a qualidade dos serviços e o número de participantes. Atualmente o AABB Comunidade atende mais de 50 mil crianças e jovens da rede
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pública de ensino em 397 municípios. Atividades educativas, esportivas e lúdicas são desenvolvidas por 3,8 mil educadores sociais para estimular a autoestima, a capacidade de comunicação e a expressão corporal. Sujeitos de sua formação, os estudantes cultivam a disciplina e o respeito às diferenças. O resultado se reflete na aprendizagem e na redução do abandono escolar. O Programa tem se integrado às políticas públicas locais com o apoio das Superintendências Estaduais e agências do Banco do Brasil, prefeituras, ONGs e outros parceiros locais.
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AABB Comunidade BB Educar Inclus茫o Digital Programa Mem贸ria
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A reconquista da alegria na escola Implementado em Marau (RS) em 1991 , o AABB Comunidade visa contribuir para a inclusão, não-repetência e permanência na escola de crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social. Atualmente possui 33 oficinas e atende 850 alunos das redes municipal e estadual.
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Programa Integração AABB Comunidade me deu a oportunidade de fazer algo que gostaria muito de aprender, que é dançar. E gratuitamente, pois não teria condições de pagar aulas particulares”, afirma Eloísa Ruas, aluna de dança livre e dança do ventre desde 2005. Ela conta que passou a ser uma pessoa mais alegre e tem dialogado mais com a família. Frank Manera, aluno de caratê desde 2004, revela que o Programa contribuiu significativamente para me-
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lhorar a sua vida: “Foi por causa dele que eu saí da rua, onde eu sempre andava sem ocupação”. Hiago Alves, também aluno de caratê desde 2007, afirma que aprendeu a respeitar mais as pessoas e a ter disciplina tanto em casa como na escola: “As minhas notas e o meu relacionamento com a família e com os meus amigos melhoraram bastante”. A coordenadora do Programa em Marau, Madeline Zancanaro, diz que o lema é “Educai as crianças e não será necessário punir os homens”.
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FONTE: Último Censo Demográfico do IBGE (2000). Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil.
AABB COMUNIDADE O AABB Comunidade está presente nos 27 estados e, por suas características e abrangência nacional, contribui diretamente para que o país avance no cumprimento do Objetivo do Milênio 2, sobretudo em relação à meta 3: garantia de que, até 2015, crianças, meninos e meninas, sejam capazes de completar todo o curso da escola primária. As condições de permanência das crianças na escola é estimulada por ações culturais, esportivas e de lazer integradas ao processo educativo. O programa atua de forma marcante
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nas regiões onde o estímulo à frequência escolar é fundamental, sobretudo nas regiões onde havia, em 2000, maior taxa de analfabetismo entre crianças e adolescentes de 10 a 15 anos. Entre os 53 mil participantes do programa, 55% estão nas regiões Nordeste e Norte. A escolarização, estimulada pela formação cultural e esportiva complementar de crianças e adolescentes, contribui também com o Objetivo 1, de redução da população em situação de pobreza, e com o Objetivo 3, de promoção da igualdade entre os sexos.
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Escrevendo a cidadania capacitação de voluntários para erradicar o analfabetismo cria novas perspectivas de vida para jovens e adultos
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m janeiro de 1992, uma experiência bem sucedida do Banco do Brasil para alfabetizar seus funcionários de serviços gerais, foi colocada a serviço da sociedade. Nascia o Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos – BB Educar. Desde então, 32 mil voluntários foram capacitados para ensinar a leitura e a escrita a 387 mil pessoas com mais de 15 anos de idade. Atualmente, 8 mil estudantes aprendem as primeiras letras. A metodologia segue as linhas pedagógicas dos educadores Paulo Freire, Vygotsky e Emília Ferrero, que valorizam a identidade e a realidade dos alunos para a construção dos saberes.
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Desde 2000 a coordenação do BB Educar está sob responsabilidade da Fundação Banco do Brasil, que faz a difusão de Núcleos de Alfabetização com o apoio de parceiros locais. É o caso do Vale do Gurutuba, no Norte de Minas Gerais, região de baixos indicadores sociais onde vivem 6 mil pessoas em 27 vilas remanescentes de quilombos. O BB Educar foi implantado na comunidade em 2005, junto com ações para geração de trabalho e renda, preservação da cultura e reconhecimento de seus direitos. Ações como esta se multiplicam em todo o país, contribuindo para a construção da cidadania plena.
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A viagem libertadora da leitura e da escrita Izair e Amália estão entre os milhares de brasileiros que não sabiam ler nem escrever e foram alfabetizados pelos voluntários do BB Educar, ganhando assim a oportunidade de inserção social e profissional digna.
Izair e Amália formaram-se em 2008 pelo Programa BB Educar.
“Q
uando entrei no Programa eu não sabia nada, não conhecia nenhuma letra. Hoje já sei escrever meu nome e consigo ler muita coisa”. A declaração é de Rosa Maria Ferreira da Silva Moraes. Ela é trabalhadora doméstica e conta que já teve muitos problemas por não ser alfabetizada. “Quando eu saí do outro emprego, minha patroa fez eu assinar um documento. Como eu não sabia ler, assinei e perdi todos os meus direitos. Agora eu não preciso assinar mais nada sem ler”, diz, orgulhosa.
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Rosa Maria tem 29 anos e já faz planos para o futuro. “Quero continuar meus estudos e depois arrumar um serviço melhor. Não vou mais trabalhar na cozinha dos outros”. Em 2008 ela começou a participar do Programa Alfa, de alfabetização de adultos, e garante que, de lá para cá, sua vida mudou. O coordenador do Programa, Emilio Hiroshi Moriya, conta que todo o trabalho é feito por voluntários: “Eles são movidos pelo sentimento de ajudar ao próximo na tarefa de diminuir essa vergonha nacional que é o analfabetismo de 10% da população do país”.
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FONTE: Último Censo Demográfico do IBGE (2000). INEP, Ministério da Educação.
BB EDUCAR O programa BB Educar atua sobre o analfabetismo de jovens e adultos no Brasil. Diversos estudos demonstram que a escolarização de crianças e adolescentes é influenciada pela escolarização dos pais. Ao desenvolver ações de erradicação ao analfabetismo, a Fundação Banco do Brasil contribui diretamente para a meta 3 do Objetivo 2, que estimula ações para que crianças e adolescentes sejam capazes de completar todo o ensino fundamental. De acordo com os dados do censo de 2000, o analfabetismo era maior na faixa etária acima de 30 anos em todo o país. Nas
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regiões Norte e Nordeste, também era expressivo o número de analfabetos entre jovens de 20 a 29 anos. A atuação do BB Educar abrange todas as regiões e incide de forma decisiva, com 83% dos participantes naquelas regiões que mais necessitam de suporte para atingir as metas do Objetivo 2. A redução do analfabetismo, com o atendimento de mais de 365 mil pessoas pelo programa BB Educar, contribui, ainda também, com a redução da população em situação de pobreza, Objetivo 1, e com o Objetivo 3, de promoção da igualdade entre os sexos.
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A alfabetização do novo milênio ensino da informática qualifica os jovens para novas profissões do século 21 e estimula o protagonismo
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a sociedade global conectada pela internet, dominar as novas tecnologias de informação e comunicação tornou-se um saber tão importante quanto alfabetizarse. Uma grande contribuição nesse sentido vem sendo dada desde 2004 pelo Programa Inclusão Digital, iniciativa da Fundação Banco do Brasil em parceria com organizações comunitárias. Mais que oferecer acesso gratuito a computadores pela população de comunidades carentes, a proposta é potencializar a construção coletiva do conhecimento, sempre que possível associada a outros programas já desenvolvidos.
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Nas 263 Estações Digitais espalhadas por todo o país – metade na região Nordeste –, educadores sociais são capacitados para atuar com jovens em oficinas e debates sobre cidadania, liderança, sustentabilidade, arte, medicina natural, reaproveitamento de alimentos e outros temas vinculados às realidades locais. Pontos de encontro e de inclusão social, esses espaços estimulam o protagonismo e qualificam as pessoas para as novas profissões do século 21. A informática é trabalhada não como um fim, mas como um meio para o desenvolvimento pleno do potencial humano.
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Janela aberta para o mundo O aprendizado das novas tecnologias de comunicação e informação promove a inclusão social, econômica e cultural de jovens que vivem em comunidades carentes, abrindo-lhes amplas oportunidades de crescimento.
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uiz Paulo Barboza da Cruz saiu da condição de aluno de informática direto para a de professor da Oficina Estação Digital da Associação Beneficente Caminho de Luz (Abecal), em São Paulo. “Eu trabalho como voluntário, mas é como se a atividade fosse um emprego, pois exige a mesma responsabilidade”, conta. Assim ele pretende adquirir experiência para entrar no mercado de trabalho: “Antes eu não tinha projeto de vida, mas já terminei o ensino médio e agora penso em fazer uma faculdade”.
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A Oficina Estação Digital faz parte de um dos projetos da Abecal. “Nosso objetivo é promover a inclusão social, cultural e econômica de pessoas em situação de risco e vulnerabilidade social, capacitando-as e tornando-as agentes do seu desenvolvimento e de sua cidadania”, explica o diretor presidente da Associação, Roberto Souza Oliveira. Uma das novidades da Oficina é a aquisição de quatro computadores para cadeirantes e mais cinco para o albergue, a fim de atender os moradores de rua.
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FONTE: Último Censo Demográfico do IBGE (2000). Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil. Fundação Banco do Brasil.
Inclusão DIGITAL Por meio de parcerias locais, o programa Estação Digital oferece acesso à tecnologia da informação para 262 comunidades em todos os estados do Brasil. Contribui diretamente para a meta 18, do Objetivo do Milênio 8, que constitui em tornar disponíveis os benefícios de novas tecnologias, especialmente as tecnologias de informação e de comunicações, em cooperação com o setor privado. De acordo com os dados do Censo Demográfico de 2000, considerando as grandes regiões do país, ainda era baixa a porcentagem de pessoas que viviam em domicílios com computador no Brasil. Enquanto no Sudeste esse percentual chegava a 13%, no Nordeste e Norte, não passava de 4%
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a proporção da população que contava com o uso do computador em casa. O programa oferece disponibilidade de acesso gratuito e capacitação de educadores, atuando com destaque naquelas Regiões onde havia menor disponibilidade de computadores nas residências, como é o caso do Nordeste, onde foram instaladas, entre 2004 e 2008, mais de 100 estações digitais. Segundo o paradigma de desenvolvimento da ONU, a inclusão digital tem um impacto direto na redução da população em situação de pobreza, que corresponde ao Objetivo do Milênio 1, e ajuda a promover o Objetivo 3, reforçando as oportunidades de igualdade de trabalho entre homens e mulheres.
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A história preservada exposições itinerantes apresentam fatos e personalidades que marcaram o brasil
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esde a sua criação, em 1997, o Projeto Memória vem se revelando uma das mais abrangentes iniciativas culturais do país. Seu objetivo é resgatar a lembrança de uma série de personalidades e fatos que marcaram a história do Brasil, destacando aspectos ainda pouco conhecidos. A primeira personalidade homenageada foi o poeta Castro Alves. Seguiramse Monteiro Lobato, Rui Barbosa, Pedro Álvares Cabral e os 500 anos do Descobrimento, Juscelino Kubitschek, Oswaldo Cruz, Josué de Castro, Paulo Freire, Nísia Floresta e João Cândido.
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Fascículos com capa dura – para acondicionar as próximas edições – têm sido distribuídos em 16 mil bibliotecas e escolas públicas dos 800 municípios atendidos pela Fundação Banco do Brasil. Painéis expositivos percorrem o roteiro nacional do Circuito Cultural BB. Eles são montados em espaços de grande acesso público, como instituições educacionais, shoppings e agências do Banco. A iniciativa se desenvolveu com parcerias de empresas como Petrobras e Odebrecht. Mais informações em www.projetomemoria.art.br.
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AABB Comunidade BB Educar Inclusão Digital Programa Memória
Educação libertadora
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Entre os homenageados pelo Programa Memória, que resgata a história de grandes personalidades brasileiras, está um educador que conta com reconhecimento internacional: Paulo Freire.
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uem conheceu Paulo pode até esquecer o que ele disse, mas não esquece o seu olhar terno, profundo e penetrante”. Essas palavras, ditas com orgulho e carinho pela viúva do educador e pensador Paulo Freire, justificam a importância da homenagem prestada pela Fundação em 2005. “Foi um grande trabalho para que os novos educadores fiquem conhecendo o esforço de 55 anos dos 75 que ele viveu”, afirma Ana Maria de Araújo Freire, que era
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chamada de Nita pelo educador. Ela participou como curadora e acompanhou todos os detalhes da exposição itinerante. Garante que compensou o esforço, pois a homenagem conseguiu refletir o pensamento de quem sempre defendeu uma sociedade democrática e mais humana a partir da educação. O Projeto Memória também lançou dois livros sobre o pensador: a sua biografia, escrita por Ana Maria, e uma fotobiografia, por Carlos Rodrigues Brandão.
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Investimentos no Brasil Índice de desenvolvimento humano por região e investimento da Fundação Banco do Brasil entre 2003 e 2008
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Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) permite uma visualização da situação das regiões do Brasil em relação aos Objetivos do Milênio. O IDH representa uma média de três indicadores: Longevidade (esperança de vida ao nascer); Educação - uma média entre a taxa de alfabetização (indivíduos com 15 anos ou mais) e a taxa bruta de freqüência escolar (quando se refere a municípios, estados ou regiões); e Renda - medida pelo PIB real per capita ou a renda familiar per capita. O índice varia entre 0 e 1. Quanto mais se aproxima de 1, mais próximo a região está do ideal de desenvolvimento humano e com mais condições de alcançar os Objetivos do Milênio.
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Em todo o país, desde 1991, o IDH tem crescido, sobretudo no item educação[1]. Mas ainda há diferenças nítidas entre as regiões brasileiras. O Nordeste, que tem o menor IDH do país, é a região para a qual a Fundação Banco do Brasil destinou a maior parte dos seus investimentos entre 2003 e 2008. Ainda assim, observa-se que os recursos estão distribuídos por todo o país, levando em consideração as disparidades intra-regionais. Na região Sudeste, por exemplo, a Fundação possui diversas ações em municípios do estado de Minas Gerais que possuem indicadores de renda, pobreza e escolaridade equivalente aos das áreas mais pobres do Nordeste. As parcerias da Fundação também levam em conta as
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diferenças de renda nas áreas metropolitanas. Em Brasília, por exemplo, cidade com IDH acima da média do país, a Fundação aplica recursos em comunidades que necessitam efetivamente de suporte para atingir as metas do milênio. Desta maneira, as ações da Fundação Banco do Brasil têm uma abrangência nacional e atingem as áreas que apresentam forte
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correlação com as prioridades das metas do Milênio.
[1]: PNUD. Emprego, Desenvolvimento Humano e Trabalho Decente: A experiência brasileira recente. Brasília: CEPAL/ PNUD/OIT, 2008
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Execução Instituto Primeiro Plano Rua João Pinto, 30, sala 803 88010-420 - Florianópolis - SC (48) 3025-3949 www.primeiroplano.org.br Coordenação Odilon Faccio Maria José H. Coelho Edição Dauro Veras (Mtb/SC471) Textos Dauro Veras Mylene Margarida (Mtb/SC318) Cláudia Siqueira Baltar Jornalista Responsável Maria José H. Coelho (Mtb/PR930) Projeto gráfico e diagramação Cristiane Cardoso (Mtb/SC634) Dados Técnicos Cláudia Siqueira Baltar Ilustração Elias Andrade Fotografias Sérgio Vignes Divulgação Banco do Brasil Divulgação Instituto Paulo Freire Revisão Cláudia Regina Pinheiro Pires Impressão Êxito Gráfica e Editora
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Fundação Banco do Brasil e Objetivos do Milênio: contribuições para a transformação social. Brasília: Fundação Banco do Brasil, 2009. ISBN 978-85-61534-07-3 1. Brasil - Política Social. 2. Distribuição de Renda - Brasil. 3. Geração de Trabalho. 4. Saúde. 5. Tecnologia social. 6. Comunidade. I. Fundação Banco do Brasil. II. PNUD
Índices para catálogo sistemático: 1. Brasil ; Política Social Tiragem: 2000 exemplares Brasília, agosto de 2009. Essa publicação utiliza as fontes Franklin Gothic e Bauer Bodoni e foi impressa em papéis couché matte certificados.
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Fundação Banco do Brasil Presidente Jacques de Oliveira Pena Diretor de Desenvolvimento Social Jorge Alfredo Streit Diretor de Gestão de Pessoas, Controladoria e Logística Dênis Corrêa Secretário Executivo Alfredo Leopoldo Albano Junior Gerente de Parcerias, Articulações e Tecnologia Social Jefferson D’Avila de Oliveira Gerente de Trabalho e Renda Mário Pereira Teixeira Gerente de Apoio à Gestão e Desenvolvimento de Projetos Fernando Nóbrega Gerente de Comunicação e Mobilização Social Claiton José Mello Gerente de Educação e Cultura Marcos Fadanelli Ramos Gerente de Pessoas e Infra-estrutura Lenira de Souza Santos Stringhetti Gerente de Finanças e Controladoria José Climério Silva de Souza Gerente de Tecnologia da Informação José Maurício Soriano Berçot
Realização: Gerência de Comunicação e Mobilização Social
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