Matérias sobre maternidade

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Gravidez, Maternidade e Crianรงas


[ SAÚDE ] Por Cris Marques Fotos: Arquivo pessoal e banco de imagens

Musicoterapia na gestação

O

uvir uma boa música tem o poder de melhorar o ânimo, alegrar, relaxar, proporcionar vivências e experiências positivas e momentos de catarse e liberação de energia, trazer à tona lembranças e saudades, proporcionar a reflexão e a crítica sobre si mesmo e o meio em que se vive, ajudar na interação, socialização, criatividade e desenvolvimento de habilidades e até curar alma e corpo. Carolina Ferreira Santos, musicoterapeuta, especializada em neurociências, explica que a música é uma ferramenta de desenvolvimento social, psicológico e biológico e a musicoterapia é a ciência que estuda a relação entre o homem e o som. “Essa é uma terapia criada a partir da identidade sonora do paciente, ou seja, suas particularidades, gostos e preferências musicais, e aplicada por um musicoterapeuta, profissional qualificado para isso, tendo cursado uma graduação ou pós-graduação na área”. Segundo ela, a técnica pode ser utilizada na gestação, com crianças, adolescentes, adultos e idosos no processo de autoconhecimento e qualidade de vida, deficiências, transtornos do desenvolvimento, déficit de atenção, hiperatividade, AVC, Parkinson Alzheimer, depressão, transtorno bipolar, dependência química, entre outros. “No caso das grávidas, a ferramenta pode ser utilizada desde o início da gravidez. Ela pode auxiliar na construção de vínculos entre mãe e bebê, experiências de autoescuta, alterações emocionais vividas pela gestante e favorecer a comunicação entre a família”. Além da audição de músicas, a mulher também pode cantar, tocar e até compor canções para o filho. “Isso é positivo para o reconhecimento da voz da mãe após o parto, pois tudo o que foi ouvido dentro da barriga será reconhecido pela criança. [...] Há quem diga ‘escute esse ou aquele estilo’, mas, na verdade, o que importa é a identidade sonora daquela pessoa, já que cada processo musicoterapêutico é único”.

*Matéria publicada na Weekend 319

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[ SAÚDE ] BENEFÍCIOS EM NOTAS MUSICAIS Para Carolina, que atua com musicoterapia aqui em Guarulhos, na Comunicare – Clínica e Consultoria Multidisciplinar (rua Leonardo Valardi, 59, Jardim Gumercindo), procurar essa ferramenta terapêutica durante a gestação só traz benefícios. “Será uma experiência acolhedora que proporcionará melhor qualidade de vida para mulher e bebê, refletindo, inclusive, no crescimento da criança. A mãe até pode fazer uso da música em casa, ouvindo canções e cantando; porém os benefícios não serão os mesmos do processo musicoterapêutico, que requer profissional formado, técnicas e procedimentos específicos”.

TERAPIA(S) DO BEM Para Fernanda Lima Arantes, enfermeira estudante de naturopatia, acupuntura e PNL (Programação NeuroLinguística) e mãe da Maya, de apenas 8 meses, a música sempre foi algo presente em sua vida. “Chegar em casa e ligar o som para relaxar é uma das coisas mais prazerosas do meu dia a dia. Além disso, trabalho em uma unidade de terapia intensiva (UTI) e lá temos musicoterapia. Uma vez por semana, vai um músico tocar violino ou sanfona para os pacientes e isso acaba sendo envolvente também pra gente que é da equipe”. Ciente de todos esses benefícios terapêuticos, ela usou a arte em sua gravidez. “Música melhora a qualidade de vida, diminui o estresse, ajuda a expressar os sentimentos, alivia a dor... Para mim foi natural, porque eu já utilizava no meu cotidiano e nos estudos. Tenho depressão e durante a gestação tive essa preocupação para que a bebê não sentisse minhas crises; então, dava o ‘play’ e conversava bastante com ela. Também usei cromoterapia, aromaterapia e argiloterapia”. A entrevistada conta que, na época, escutava de tudo, mas sempre deu preferência para o estilo clássico, mantras e cânticos, sons relaxantes e cantigas de ninar. “Era nítida a mudança no comportamento dela. Com melodias mais agitadas, ela não parava de se mexer e chutar; já com as mais calmas, ficava bem quietinha. Dancei muito com ela dentro da barriga. Hoje, nos momentos de relaxamento, principalmente na hora de dormir, a reação é imediata: Maya começa a ouvir, estampa um sorriso e, após alguns minutos, cai no sono. [...] Acredito que tudo que dá certo deve permanecer e com a música não foi diferente. Ela presta muita atenção ao ouvir qualquer ruído; o primeiro bercinho era musical, quando tinha cólica colocava o som do útero, seus brinquedos imitam instrumentos e, definitivamente, ela ama!”, finaliza.

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Carolina Ferreira Musicoterapeuta 98402-2957 / 94609-9621 www.facebook.com/musicaesaude


[[ SAÚDE SAÚDE ]] Por Por Cris Cris Marques Marques Fotos: Fotos: Rafael Rafael Silva Silva ee arquivo arquivo pessoal pessoal

Gravidez com

trombofilia R

eceber eceberoopositivo positivono noexame examede degravidez, gravidez,gerar gerarum umbebezinho bebezinho dentro dentro do do ventre, ventre, ter ter um um bom bom parto parto ee poder poder segurar segurar aquela aquela criança criança nos nos braços, braços, pela pela primeira primeira vez, vez, éé oo sonho sonho de de muitas muitas mulheres. mulheres. Porém, Porém, com com aa gravidez gravidez –– um um período período de de muitas muitas mudanças, mudanças, cuidados cuidados ee fragilidade fragilidade –– também também surgem surgem as as dúvidas dúvidas ee os os medos. medos. EE se, se, para para aa maioria maioria das das mamães, mamães, oo primeiro primeiro trimestre trimestre éé oo mais mais difícil difícil por por ser ser aa fase fase mais mais importante importante para para aa formação formação ee desenvolvimento desenvolvimento do do bebê bebê ee também também aa mais mais crítica crítica para para abortos abortos ee surgimento surgimento de de malformações; malformações; para para outras, outras, aa gestação gestação inteira inteira éé de de extrema extremaatenção. atenção.ÉÉoocaso casodas dasmulheres mulherescom comtrombofi trombofilia. lia. Segundo Segundo Heloisa Heloisa Helena Helena Sampaio Sampaio Ferreira Ferreira de de Castro Castro (foto (foto ao ao lado), lado), médica, médica, ginecologista ginecologista ee obstetra, obstetra, diretora diretora do do Departamento Departamento de deAdministração AdministraçãoRegional Regionalde deSaúde Saúde––Região Região11Centro, Centro,aatrombofi trombofilia lia éé uma uma condição condição do do sangue sangue da da pessoa, pessoa, que que pode pode predispor predispor ao ao aparecimento aparecimento de de doença doença tromboembólica. tromboembólica. Ela Ela pode pode ter ter origem origem genética, genética, isto isto é, é, vir vir representada representada nos nos genes genes da da pessoa, pessoa, ou ou aparecer aparecer de de acordo acordo com com as as condições condições de de vida vida ee características características familiares. familiares. “Famílias “Famílias com com membros membros portadores portadores de de doenças doenças cardiovasculares, cardiovasculares, tromboses tromboses de de origens origens diversas, diversas, AVC, AVC, infartos, infartos, especialmente especialmente em em

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*Matéria publicada na Weekend 355

idades idadesprecoces precoces(mais (maisjovens), jovens),têm têmmaior maiortendência tendênciade dedesenvolver desenvolver fenômenos fenômenos tromboembólicos. tromboembólicos. Já Já quando quando não não há há oo fator fator genético, genético, aa maior maior causa causa éé aa síndrome síndrome antifosfolípide, antifosfolípide, na na qual qual aa paciente paciente apresenta apresenta um um anticorpo anticorpo que que estimula estimula aa coagulação coagulação do do sangue, sangue, formando formandoos ostrombos trombosque quepodem podementupir entupiraacirculação”. circulação”. Ela Ela explica explica que, que, durante durante aa gestação, gestação, essa essa situação situação éé ainda ainda mais mais perigosa perigosa por por aumentar aumentar oo número número de de abortos abortos espontâneos espontâneos sem sem diagnóstico diagnósticocausal causalconhecido, conhecido,abortos abortosde derepetição, repetição,pré-eclâmpsia pré-eclâmpsia (hipertensão (hipertensão arterial arterial específi específica ca da da gravidez), gravidez), descolamento descolamento prematuro prematurode deplacenta, placenta,partos partosprematuros prematuroseeaté atédoenças doençasmaternas maternas para para aa mulher, mulher, como como uma uma embolia embolia pulmonar pulmonar –– pequenos pequenos êmbolos êmbolos que que se se deslocam deslocam ee entopem entopem aa circulação circulação pulmonar, pulmonar, levando levando até até ao ao óbito, óbito, pela pela rapidez rapidez de de instalação instalação do do quadro quadro ee sua sua gravidade. gravidade. “A “A gestante gestante que que pertence pertence ao ao grupo grupo de de risco, risco, que, que, além além dos dos fatores fatores familiares, familiares, inclui inclui fumantes, fumantes, obesas obesas ee hipertensas, hipertensas, deverá deverá ser ser acompanhada acompanhada como como pré-natal pré-natal de de alto alto risco, risco, com com participação participação de de um um hematologista hematologista como como consultor consultor do do ginecologista, ginecologista, para para aa realização realização de de exames exames mais mais específi específicos, cos, como como aa dosagem dosagem dos dos anticorpos anticorposantifosfolípides antifosfolípideseefatores fatoresde decoagulação”, coagulação”,pontua. pontua.


GESTAÇÃO SAUDÁVEL De acordo com Heloisa Helena, é possível, sim, ter uma gravidez saudável mesmo com a condição; basta planejar com carinho, iniciar o mais precocemente o pré-natal com um ginecologista de confiança e tecnicamente competente e, antes de tudo, iniciar uma vida de hábitos saudáveis, sem tabaco nem álcool, com atividades físicas regulares e boa alimentação. “O elemento mais importante e usual do tratamento é manter o ‘sangue mais fininho’, por meio da administração de anticoagulante injetável. Hoje, o mais comum é a heparina de baixo peso molecular, de administração diária e com menor risco de complicações e efeitos colaterais. Seu custo é realmente alto, mas, em alguns locais, é possível conseguir esse medicamento de forma gratuita. Não havendo essa gratuidade e nem condições de custear, também existe a possibilidade de uso da heparina de alto peso molecular, que tem outra forma de administração, com fracionamento de doses”, elucida ela, que admite que a aplicação pode ser desconfortável, mas é segura e aumenta consideravelmente as chances de chegar bem ao final da gravidez e poder curtir o bebezinho no colo.

SÍMBOLO DE AMOR Marina Martins Carvalho Vigneron de Oliveira (foto acima e ao lado), zootecnista e fiscal ambiental, na Secretaria de Meio Ambiente de Diadema, teve trombose venosa profunda (TVP), em 2008, atribuída ao uso de anticoncepcional e, anos mais tarde, quando decidiu que queria engravidar, acabou lendo sobre a trombofilia e percebeu que pertencia ao grupo de risco. “Procurei um hematologista para fazer os exames genéticos e descobri que tinha uma mutação no gene da protrombina [proteína essencial para a coagulação sanguínea]. Tive uma perda gestacional com 6 semanas, mas isso foi depois de eu ter descoberto a trombofilia e usar o anticoagulante desde o positivo do exame. Já na segunda gravidez, comecei a aplicar logo após a ovulação. Durante todo esse período, tentei me afastar dos relatos de perdas, mas acabavam chegando, o que piorava a tensão. Tinha muito medo de perder meu filho. Além disso, as injeções de anticoagulante são muito doloridas, fica roxo, inchado e, às vezes, o local sangra. Mas, era meu marido quem aplicava e ele fazia com todo cuidado, transformando aquilo em um momento especial pra gente”, conta ela, que tomou 316 injeções diárias de enoxaparina até o parto do Theo (na foto principal, em meio às seringas, e na foto ao lado, com a mamãe), hoje com 10 semanas. Mesmo sendo uma gestação de alto risco, que exigiu acompanhamento de perto por uma obstetra, além de hematologista e vascular, Marina teve um parto normal. “Eu queria isso e, além de querer, tinha convicção de que era a opção mais segura. Trombofilia não contraindica o procedimento, só é necessário ter alguns cuidados quanto ao momento de parar o remédio. No Brasil, já é difícil uma mulher sem problemas parir. Imagine nessa condição! Então, não foi tão simples, troquei umas cinco vezes de médico até me sentir segura e busquei

muita informação”. Para ela, a trombofilia precisa ser mais divulgada para desmistificar e acalmar as futuras mamães. “Isso pode diminuir o sofrimento de quem perdeu vários filhos até descobrir o problema. Para quem passa por essa situação, eu digo: estude, frequente grupos e leia muito. Assim conseguirá ter segurança em suas decisões. Procure bons profissionais e não deixe o medo de mais uma perda se sobrepor à esperança e à felicidade de estar gerando uma vida. Curta a gestação e tenha orgulho dos roxinhos da injeção, eles são um símbolo do amor pelos nossos filhos”, finaliza.

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CAPA Por Cris Marques Fotos Arquivo pessoal, banco de imagem e Beatriz Takata – Bia Fotografia

Alimento

à vida

chegada de um novo bebê é um acontecimento que mexe com os pais, principalmente com a mulher, e reflete em todo o núcleo familiar. É um misto de novidade, felicidade, insegurança e medo, em meio aos cuidados que aquele pequeno ser requer. E, na imensa lista dos receios, com certeza, a amamentação tem espaço cativo. Thais Olardi Tarocco, doula e consultora de aleitamento materno, explica que, do aspecto fisiológico, dar de mamar não deveria ser difícil. “O corpo começa a se preparar para o aleitamento ainda na gestação. As mamas tornam-se maiores e mais pesadas, dentre outras alterações que vão possibilitar a produção de leite. Porém, apesar de mamíferos, os seres humanos são multifatoriais, ou seja, sofrem interferência do meio, o que faz com que seja necessário aprender a amamentar. A mãe também precisa ensinar o novo ser a mamar e esse processo exige ajuste, paciência, insistência e atenção aos sinais de que algo não está certo”, relata. Denise Curti Feliciano, psicóloga, psicopedagoga e também doula, acrescenta que o ato desperta sensações, até então desconhecidas e que isso exige uma doação por completo. “Amamentar não é só alimentar e saciar a fome da criança: é passar segurança, aconchego, carinho, tranquilidade e mais uma gama imensa de sentimentos”. Sendo assim, é indiscutível que a importância do aleitamento materno é mais do que nutrição, ela é multifatorial. “O leite materno é o alimento mais completo e equilibrado para essa fase. Ele fortalece o sistema imunológico do bebê, que tende a apresentar menos doenças infecciosas, alergias e problemas futuros. Além disso, o ato também auxilia no desenvolvimento dos ossos e músculos do crânio, face e boca, o que irá refletir na respiração, fala, mastigação e deglutição, além de ajudar na preparação para a introdução de sólidos. E a amamentação também traz benefícios para as lactantes, auxiliando o útero a voltar ao normal após o parto, reduzindo o risco de hemorragia e câncer de mama e ovário, gerando sensação de bem-estar por causa dos hormônios e atuando na perda de peso”, afirma Thais. *Matéria publicada na Weekend 308

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Thais Olardi Tarocco

Denise Curti Feliciano


APOIO E ORIENTAÇÃO SÃO FUNDAMENTAIS De acordo com a psicóloga, a falta de informação e apoio são os fatores que mais dificultam a amamentação, pois, segundo ela, hoje a mulher perdeu a crença em si. “É importante a mãe voltar a acreditar que amamentar é o que ela pode fazer de melhor para o filho e isso só acontece com informação, calma e disponibilidade. Ela precisa acreditar que não há nada de errado com seu corpo ou com seu leite. Precisa apenas de tempo. Tempo total para estar com seu bebê; estar com ele e para ele. E isso, numa sociedade imediatista como a nossa, é um desafio muito grande”, diz Denise. Ao primeiro sinal de dificuldade, Thais dá a dica. “É importante que se busque ajuda de profissionais qualificados, consultoras de aleitamento, pediatras que conheçam o manejo da lactação, fonoaudiólogas e grupos de apoio (virtuais ou presenciais). Eu sempre indico uma visita aos bancos de leite também; além de gratuitos, eles possuem informação de qualidade [...] Agora, para combater os casos em que nem sequer existe interesse em uma busca por solução, só mesmo orientando a sociedade. Seja com campanhas do Ministério da Saúde, ativismo ou mesmo desmistificando os mitos em uma conversa do dia a dia”. Já sobre os bicos artificiais, a profissional é enfática. “Os bicos de silicone não devem ser usados, podendo até agravar a dificuldade que fez a mãe buscar essa alternativa. Assim como as mamadeiras e chupetas, os bicos de silicone podem causar confusão de bicos, pega incorreta, diminuição da produção de leite, dificuldade de cicatrização ou até aumento do trauma mamilar”, pontua a consultora de aleitamento materno.

OS RECEIOS DOS PAIS Apesar de toda a importância do aleitamento materno e da OMS – Organização Mundial da Saúde – e outros órgãos determinarem que o leite materno deve ser o único alimento a ser oferecido ao bebê até os seis meses de vida, no Brasil, a média é de apenas 51 dias. Esse número reflete a falta de apoio e incentivo que as lactantes sofrem, além das dúvidas que não são sanadas da forma correta, o que leva até à desisJuliana de Souza tência. “Choro não é um indicativo de fome; os recém-nascidos choram por vários motivos. Depois, é fácil identificar se ele está sendo bem alimentado verificando se, ao final da mamada, a mama está vazia ou, pelo menos, mais vazia que no início. A forma com que ele abocanha o seio também é importante: ele precisa abocanhar a maior parte da auréola possível para que a sucção seja eficiente e não apenas o bico, já que a pega errada, além de causar rachaduras no seio materno, interfere na quantidade ingerida. Outro parâmetro para saber se a amamentação está sendo eficaz é a fralda cheia, ou as trocas frequentes. Se o pequeno faz bastante xixi, é um ótimo sinal de que está mamando bem. Ganhar peso também é um fator importante, mas cada bebê deve ser avaliado respeitando sua genética e individualidades”, defende Juliana de Souza, nutricionista.JV V

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JÁ CONHECE AS AMIGAS DO VENTRE? Aqui em Guarulhos mesmo, existe um grupo em prol de uma maternagem mais ativa, responsável e consciente. Inclusive, todas as profissionais citadas na matéria fazem parte dele. Em encontros periódicos, as Amigas do Ventre promovem rodas de apoio sobre assuntos relacionados à gestação, parto humanizado e pós-parto, com a troca de informações, leituras, dicas e apoio para levar adiante a autonomia da mulher com seu corpo e assuntos relacionados aos filhos. “Nós fazemos esse papel de orientar, de informar, de ouvir, de apoiar e incentivar”, comenta Thais. Conheça: Facebook Amigas do Ventre ou roda.amigasdoventre@gmail.com


SABER NUNCA É DEMAIS

A POLÊMICA DA DESINFORMAÇÃO No começo de outubro, Fernanda Gentil, jornalista da Rede Globo e recém-mamãe, postou um desabafo em seu perfil no Instagram, contando sobre a introdução do leite artificial na alimentação de seu filho Gabriel, na época com apenas 2 meses. “O amor que bate no peito, bate também na mamadeira”. Apesar de tocante e de levantar uma questão importante sobre a própria aceitação por parte da mulher que, verdadeiramente, não pode amamentar, o texto reforçava cinco dos maiores mitos do aleitamento materno. “Ela, como uma pessoa pública, tem muita influência e um relato como esse reforça a falta de informação. Mamilo invertido, dor, amamentação automática, próteses de silicone ou cirurgia nas mamas e leite que secou... Nenhum desses fatores impede o ato. Alguns podem até dificultar, mas todos podem ser contornados com uma boa orientação, apoio e incentivo”, cita Thais. A profissional acrescenta que os problemas que podem ocorrer nesse período são bem raros e normalmente se dão por doenças pré-existentes ou que surjam durante o período e até algum trauma emocional. “Alguns casos de hipotireoidismo descontrolado podem dificultar a produção de leite. Com o tratamento, a produção pode se restabelecer. No caso de HIV, muitos profissionais desaconselham o aleitamento, mas existem artigos científicos que defendem que esses bebês sejam amamentados. Tudo deve ser discutido com o médico. Algumas cirurgias na mama, principalmente a de redução, podem dificultar o processo, mas não impedem, de jeito algum, a amamentação”. Ela conta também que, em algumas situações, pode ser necessária uma complementação na alimentação, mas garante que isso pode ser feito através de uma sonda de relactação – técnica na qual a sonda é colocada em uma mamadeira ou outro recipiente e presa ao seio, com sua extremidade perto do mamilo. Assim, o bebê suga a mama e o líquido da sonda ao mesmo tempo, alimentando-se e estimulando também a produção de leite materno.

É muito comum a mulher se preparar, física e mentalmente para o parto e acabar se esquecendo da lactação. É o que conta Maira Rodrigues Caldas Ribeiro, administradora e mãe do Augusto, de 6 meses. “Antes de começar, eu não tinha medo, mas também não tinha pesquisado sobre o assunto. Achava que seria algo natural e fácil. Ele mamou logo na primeira hora de vida e foi só um pouco incômodo. Mas depois piorou muito. A pega não estava correta, eu tinha muito leite e meu peito ficava superchei; os dois racharam e era uma dor absurda. Sofri, chorei e pensei em desistir muitas vezes. Foi aí que descobri que informação nunca é demais e ter um grupo de apoio é mais do que fundamental. Minha doula foi em casa com uma consultora em amamentação, que me fez as orientações. Hoje amo amamentar e consegui chegar aos seis meses exclusivos de leite materno”.

Maira e Augusto

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CARINHO SEM LIMITES Renata Camargo Coscia Campos acredita que o leite materno é o melhor alimento para a criança e que o ato cria um vínculo e um carinho tão único que continuou amamentando seu filho Davi, hoje com 1 ano e 8 meses. “Lido sempre com olhares de reprovação e, quando me dizem algo, tento explicar os benefícios da amamentação prolongada. Sobre a polêmica do ato ser ‘coisa de pobre’, a primeira coisa que me passa pela cabeça é que as pessoas são muito desinformadas. Mas a realidade é que elas são vítimas de um sistema que prega isso. Ouvem isso desde pequenas. Então, como julgá-las?” Além da recomendação de amamentação exclusiva até os seis meses de vida, após a introdução dos sólidos o indicado é, sim, continuar amamentando a criança até 2 anos ou mais. “O leite materno é o melhor polivitamínico que existe e só ajuda a complementar a alimentação. No início da introdução alimentar, alguns pais podem achar que o bebê não está se alimentando o suficiente por causa do leite, mas é errado pensar assim. A comida deve ser oferecida aos poucos, com calma e sem muitas expectativas. É importante ressaltar que até 1 ano o leite materno supre as necessidades nutricionais; então, não há motivo para pânico. Com calma e amor, tudo se resolve”, garante a nutricionista Juliana.

Davi e Renata Beatriz Takata – Bia Fotografia

INCENTIVO ESSENCIAL Amamentar não é uma tarefa fácil, mas, sem apoio, é impossível. Essa é a opinião de Ana Flávia Bicalho Padoves, engenheira, gerente de programas e mãe da Laura, de 1 ano. “O começo foi bem difícil. Com cinco dias, minha filha tinha perdido 20% do peso e, se não fossem o pediatra e o meu marido terem me dado todo o suporte do mundo, ela teria desmamado ali. É quase inacreditável que o médico tenha sido tão humano que, mesmo com essa perda de peso, inaceitável para a maioria absoluta dos profissionais, não tenha me indicado a fórmula. Ele me incentivou a ordenhar o leite e oferecer para ela no copinho (eu dei na seringa); assim ela acalmava e ia pro peito em seguida. Depois vieram as inseguranças. Laura ficava o dia inteiro no peito. Inteiro! E, claro, os palpites sempre eram os mesmos: ‘esse leite não está sustentando’ ou ‘essa menina precisa é de chupeta’. Se não fosse ter ao meu lado pessoas que me explicassem que faz parte o recém-nascido ficar o dia todo no peito e que a chupeta só ia atrapalhar, eu, mãe de primeira viagem, não conseguiria bancar minha decisão”.

Laura e Ana Flávia, logo após o parto

INSISTÊNCIA E DOSES HOMEOPÁTICAS DE AMOR

Adyja e Theo

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A história de Adyja Maria Braga dos Santos, ex-fisioterapeuta, sócia-proprietária da Mulliere Lingeries e Acessórios e mãe do Theo, que está com sete meses, foi um pouco diferente “Meus problemas começaram ainda no hospital, quando me venderam um bico artificial. Já em casa, ele não pegava o peito de maneira alguma, chorava muito, ficava nervoso e assim eu fui ficando cada vez mais triste e desesperada. Fiquei com medo dele passar fome e entrei com o complemento na mamadeira. Uma amiga pediatra ficou ‘besta’ com o fato do hospital me vender o bico artificial e avaliou que ele já estava acostumado a isso. Depois ainda passei por uma doula especialista em amamentação, alguns dias no Banco de Leite de Guarulhos e uma nova pediatra, além de relactação e aumento de complemento. Segui praticamente numa amamentação mista quase até o quinto mês de vida dele e depois desisti. Não foi fácil! A médica falou que mesmo assim isso faria diferença na vida dele. Então costumo dizer que meu filho tomou doses homeopáticas do meu leite. Tenho esperança de amamentar numa próxima gestação. Com certeza, farei tudo diferente”.


[ COMPORTAMENTO ] Por Cris Marques Fotos Arquivo pessoal, banco de imagens e divulgação

Mensagem dos

desenhos infantis

A

s crianças aprendem e se desenvolvem com os estímulos que recebem do mundo ao seu redor. Com os desenhos, não é diferente. Por meio das situações expostas ali, naquela inocente telinha, elas vão absorvendo mensagens, assimilando conteúdos e criando suas verdades e é aí que os pais devem ficar atentos. Para Denise Curti Feliciano, psicóloga, psicopedagoga, doula e mãe de Raul, 4 anos, e de Laís, 2 anos, utilizar a TV como um meio de distração não é nada positivo. “Quanto mais vidrado, mais desligado de si mesmo, de suas sensações corporais e de suas conexões o pequeno fica. Pra mim, isso é extremamente sério para o desenvolvimento infantil; perde-se a criatividade e a qualidade das relações humanas”. Mas, de acordo com ela, proibir não é a solução. “Aqui também assistimos, mas bem pouco, cerca de 15 a 30 minutos por dia, e sempre selecionamos o que assistir. Eu e o pai sempre estamos *Matéria publicada na Weekend 321

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juntos, interagindo, rindo, comentando algum acontecimento, destacando pontos da personalidade de algum personagem”. Sobre a Peepa Pig, umas das personagens mais pôlemicas por seu comportamento mimado, competitivo e sua mania de chamar pais e amigos de “bobinhos”, a profissional assume não conhecer tão a fundo o que está por trás do enredo, mas que, assim como qualquer outra animação, a recomendação é acompanhar, conversar, orientar e criticar. “Assisti a um episódio ou outro da porquinha, inclusive um em que ela insistia na nomeação de uma melhor amiga, usei a situação para questionar com meu filho se era necessário mesmo ter um melhor amigo e classificar cada coleguinha [...] A saída não é banir, mas estar junto nesse momento, que pode ser de aprendizado. Não dá pra gente controlar o tempo todo o que eles veem, ouvem, observam por aí, mas dá pra gente conversar com eles sobre tudo”.


[ COMPORTAMENTO ]

VIGILÂNCIA CONSTANTE Joana Alves Rios, arquiteta e urbanista e mãe de João Pedro, 4 anos, e de Luis Felipe, 8 meses, participa de um grupo no Facebook com mais de 10 mil mães brasileiras e foi por lá que viu o alerta de outra integrante sobre a animação “Dora Aventureira”. No episódio, a garota corta uma rede, muito parecida com a que usamos no País para proteger as janelas, para desobstruir seu caminho. “Foram pelo menos três postagens sobre o assunto e muitos comentários. A maioria gostaria que o episódio fosse retirado da programação, mas não houve nenhum retorno se alguém conseguiu contato com o responsável pelas transmissões no Brasil”. Para ela, que sempre confere a faixa etária do programa e tenta, ao máximo, acompanhar seu filho mais velho no momento em que ele assiste à TV, os pais precisam participar da vida dos pequenos. “A Dora não ensina a cortar a rede de proteção das janelas, mas a criança pode querer imitar aquilo que viu. Cabe aos responsáveis antever a hipótese e trabalhar com o filho, para que ele não tente reproduzir o que não deve ser reproduzido. Muitos desenhos acabam ‘ensinando’ coisas inadequadas, e é impossível controlar, dentro do desenho preferido, o que é legal de ser mostrado ou não”.

MUNDO BITA, UM EXEMPLO DE BOA PRÁTICA Preocupados com o conteúdo que os pequenos tinham à disposição nos meios digitais, Felipe Almeida, Chaps Melo, João Henrique e Enio Porto criaram a Mr. Plot, empresa de educação e entretenimento infantil, responsável pelo sucesso “Mundo Bita” (www.mundobita.com.br). “O personagem nasceu antes mesmo da ideia. O Chaps havia feito inúmeras pinturas para ilustrar o quarto de Bebel, sua primeira filha. Entre as figuras criadas, estava aquele bonachão de bigode laranja. Um ano depois, quando tivemos a ideia do negócio, resolvemos apostar nele. [...] Queríamos inicialmente ser uma editora de e-books, mas só depois percebemos que aquele modelo não era sustentável. Tentamos os desenhos animados musicais e começou a dar certo”, explica João (o primeiro à direita na foto ao lado), um dos roteiristas e diretor de comunicação da organização. Com dois aplicativos em formato de livro digital, lançamento dos clipes, em 2012 e, já no ano seguinte o primeiro DVD e a estreia no canal de TV paga Discovery Kids, hoje já são mais de 130 milhões de visualizações no YouTube, presença destacada em plataformas importantes como Netflix, Play Kids e TV Brasil e a turminha estampada em produtos. “Já temos parceiros importantes, que foram desbravadores e apostaram na ideia, que agrega um valor positivo e educativo. Mesmo assim, é importante lembrar que o licenciamento não é nosso objetivo. Queremos criar experiências, ajudar as famílias no desenvolvimento das crianças, lotar teatros com a alegria do Mundo Bita; o restante vem a reboque”, finaliza.

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[ COMPORTAMENTO ] Por Cris Marques Fotos: Rafael Almeida, arquivo pessoal e banco de imagens

Conheça o pote da calma,

técnica que pode ajudar crianças pequenas

R

espirar fundo, contar até 10 ou buscar um estado de espírito mais calmo e centrado são práticas eficazes para encarar uma situação chata ou de estresse, mas exigem atenção e maturidade de seus praticantes, o que não pode ser esperado nem exigido de uma criança. Justamente por isso, existem algumas técnicas voltadas exclusivamente para os pequenos, como o pote da calma, ou calming jar, em inglês. O item, inspirado no método Montessori, lembra muito aqueles globos de neve que as pessoas trazem como lembrança de viagem, com glitter e brilhos que flutuam, o que distrai e tranquiliza o infanto, que tem ali, naquele momento de contemplação, tempo para se acalmar, explicar os motivos da tristeza, raiva ou frustração e assimilar o ocorrido. Para Beatriz Azevedo (foto menor), neuropsicóloga especialista em ludoterapia (psicoterapia infantil) e sócia-proprietária do Espaço Ki – Qualidade de Vida e Prevenção (www.espacoki.com.br), clínica e escola que atua com terapias complementares há 24 anos na cidade, a técnica é positiva e indicada acima dos 2 anos, pois age diretamente no sistema nervoso central. “Ela funciona como o caleidoscópio ou qualquer outro objeto que chame a atenção da criança, como um aquário com peixinhos e objetos coloridos e com movimento. E, mesmo que não tenha 100% de eficácia sempre, visto que cada um possui suas particularidades, a ideia realmente é mudar o foco para dar tempo do menor se acalmar e focar no momento presente”.

*Matéria [ 20 publicada na ] Weekend 325


[ COMPORTAMENTO ]

PARA FAZER EM CASA Beatriz Azevedo explica que o pote da calma pode ser feito em casa, de preferência, junto com a criança. “O uso do objeto traz o pequeno para o momento presente e podemos, inclusive, aliar outras técnicas como respiração e cromoterapia, utilizando as cores mais frias para acalmar e as cores mais fortes para despertar a criatividade e a atenção”, exemplifica. Para isso, basta escolher um recipiente transparente e com tampa, adicionar duas colheres de cola glitter, quatro colheres de purpurina, também colorida, e preencher com água morna, deixando um espaço para o conteúdo ser agitado. Depois, inclua uma gota de corante alimentar, tampe e agite bem. Se quiser, também é possível colocar enfeites dentro, como peixes de plástico, carrinhos ou até estrelas. Ela ainda alerta que, apesar de algumas receitas pedirem pote de vidro, o ideal mesmo é que seja usada uma garrafa pet, por ser mais segura e não ter o risco da criança se machucar. Além disso, é preciso lacrar bem para que não exista a possibilidade de abertura e que, por conter conteúdos que podem ser tóxicos se ingeridos, que os adultos acompanhem de perto o manuseio.

MUDANDO O FOCO Natali Ricco, mãe da Amanda, 10 anos, e do Felipe, 8 anos, conheceu o método por meio de um blog americano sobre maternidade. “Assim que vi, imaginei que poderia usar com meu filho e mostrei pra ele algumas fotos; então, nós fomos até a papelaria e compramos os materiais necessários. Ele escolheu tudo do jeito que queria e nós fizemos a garrafinha nas férias do ano retrasado. Também conversei com a psicóloga dele para saber uma opinião profissional e ela falou que era uma boa e que eu poderia tentar, afinal, mal não faria”. Ela conta que toda a família sentiu o resultado e até a Amanda, quando percebe que o irmão está ficando nervoso ou um pouco mais agitado, já oferece o item como opção. “Ele pega a garrafinha quando está chateado com alguma coisa, nervoso ou triste. Ficar olhando para os brilhos e glitters em movimento chama sua atenção, entretém e faz com que ele pare de pensar fixamente naquilo que o estava incomodando. Quando o Felipe devolve o objeto, parece que esqueceu, a situação já passou e aquilo não tem mais tanta importância”, ressalta ela que, inclusive, indica a técnica para outras mães com filhos pequenos.

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[ COMPORTAMENTO ] Por Cris Marques Fotos: Marcelo Santos, arquivo pessoal e banco de imagens

A crise dos dois anos C

riar um filho não é uma tarefa fácil e isso já é consenso entre pais, tutores e quem pensa em aumentar a família. Cada fase tem os seus desafios e, principalmente, tempo de adaptação. É assim com a gravidez, a chegada do recém-nascido, os estímulos e descobertas iniciais, a introdução alimentar, os primeiros passinhos, a entrada na escola, a alfabetização, o fim da infância e até a tão temida puberdade, com suas mudanças físicas, psicológicas e comportamentais. Mas, você sabia que essa adolescência pode dar uma mostra muito antes? É o caso da crise dos dois anos, também conhecida como adolescência do bebê. “Apesar do nome, esse período pode ocorrer de 1 ano e meio a 3 anos, variando de criança para criança, e é assim chamado pois muito se assemelha à juventude, uma vez que o pequeno está aprendendo a expressar suas vontades. Até então, eram os adultos que decidiam se ele

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*Matéria publicada na Weekend 347

colocaria o casaco ou comeria brócolis, por exemplo. Quando a expressão das vontades começa, surgem também a capacidade de se opor e o desejo de testar o ambiente para entender até onde pode ir”, explica a neuropsicóloga Adriana Fernandes (foto), que atua no Instituto Psicológico Recomeçar, na Vila Augusta, e em um consultório particular. Para ela, que também mantém um site de atendimento on-line, autorizado pelos Conselhos Federal e Regional de Psicologia, o www. olharparadentro.com.br, a intervenção dos pais se faz extremamente necessária, justamente para sinalizar regras e limites. “Esse é um momento delicado, tanto para o filho quanto para os pais, que são de carne e osso e também se irritam, devendo manter o controle; normalmente, ele é marcado pelas alterações no comportamento da criança, que agora faz ‘birra’, tem ataques de choro,

se joga no chão, quando contrariada; e é teimosa, optando, quase sempre, por fazer o contrário do solicitado. [...] Também é importante mencionar que, nessa fase, o cérebro do bebê passa por uma mudança importante, a apoptose, além dos ‘ajustes’ para se adaptar às diversas alterações sofridas. Do momento do nascimento até então, foram desenvolvidas várias ramificações neurais com o objetivo de possibilitar o desenvolvimento em qualquer área. Com o crescimento, algumas ramificações são mais utilizadas que outras; então, as pouco ou não utilizadas são ‘podadas’, ficando apenas aquelas que estabelecem conexões funcionais”.


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Álcoolatento Gel pode ser providencial Um olhar E BACTÉRIAS Higienizante INCLUSIVE para definir Fixed se tais comportamentos são H1N1 Com ação antimicrobiana inerentes à fase em que o filho se encontra ou se já se faz necessária intervenção profissional. “Um dos sinalizadores é a autoa290g gressão, situações em que o descontrole70ge 99 ataque de nervos são mais intensos que o90 cada cada comum e representam riscos à integridade física”. De acordo com a neuropsicóloga, também é essencial correlacionar as atitudes com o ambiente, já que, se a família 90 estiver cada vivendo um momento turbulento e isso estiver aparente no dia a dia, com Blue Zinco choro, entre os entes, Mulherbrigas A-Z ou discussões Diclofenaco cápsulas que o bebê esteja sentindo o im-99 é60possível cada Dietilamônio 500 mg 60g alterações ambienpacto e reagindo a essas tais, o que requer auxílio especializado.

Ref. 522

7,

LIDANDO COM O MINIADOLESCENTE Nem toda criança reage da mesma forma à crise dos dois anos: algumas utilizam Tylaflex outras estratégias (menos 4 Comp. desgastantes) para expressar suas vontades, mas, para a Tylemax maioria, a15ml birra parece mesmo ser “requisito” fundamental. Segundo Adriana Fer15 nandes, a postura dos pais/tutores será 99 cada cada determinante para alimentar ou contornar a situação, principalmente se ela vier Maxalgina permeada de berros e explosão 10ml motora. “É importante manter a calma e deixar claro Aproveite produtos que o os pequeno é amado, mas que tal ato te participantes: entristece, além de não se enfurecer junto

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1,

LEVE 4

ou, pelo menos, não demonstrar”. Entre as orientações, ela ressalta abaixar e olhar diSabonete retamente nos olhos da criança para conNivea - 90g versar e pedir que ela se controle; já no caso de ataques mais intensos, o ideal é tirá-la 99 do local, principalmente se for público e cada estiver gerando constrangimento. Se for em um ambiente controlado e que não repreCalcium C 1g sente riscos, oD adulto pode optarVitergyl por sair. suplemento vitamínico c/ 30 comprimidos efervescentes Depois,mineral com- 90 oscápsulas ânimos controlados, é hora de dialogar, deixando claro que quer entender o que motivou tal situação, e explicar o porquê daquela atitude ser inadmissível.

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Vitergyl C. Principio Ativo: ácido ascórbico. MS: 1.1560.0161 Contraindicação: Pacientes com insuficiência renal e nos casos de hipersensibilidade ao ácido ascórbico ou quaisquer outros componentes da formulação. NÃO USE ESTE MEDICAMENTO EM CASO DE DOENÇA GRAVE DOS RINS. Diclofenaco Dietilamônio Gel - 60g. Principio Ativo: Diclofenaco Dietilamônio. Contraindicação: Hipersensibilidade conhecida ao diclofenaco, ou à qualquer componente da formulação; hipersensibilidade ao ácido acetilsalicílico ou a outros medicamentos antiiflamatórios não esteroidais. MS: 1.5584.0364. (MEDICAMENTO GENÉRICO NEO QUÍMICA - LEI N° 9.787/99). Tylaflex Principio Ativo: paracetamol MS: 1.0917.0061 Contraindicação: Hipersensibilidade aos componentes da fórmula. É um medicamento. Seu uso pode trazer riscos. Procure o médico e o farmacêutico. Leia a bula. NÃO USE JUNTO COM OUTROS MEDICAMENTOS QUE CONTENHAM PARACETAMOL, COM ÁLCOOL, OU EM CASO DE DOENÇA GRAVE NO FÍGADO. Tylemax é um medicamento. seu uso pode trazer riscos. Procure o médico e o farmcêutico. Leia a Bula. Principio Ativo: Paracetamol. Contraindicação: Não use junto com outros medicamentos que contenham paracetamol, com álcool, ou em caso de doença grave no fígado. MS:1.3841.0003. Maxalgina é um medicamento. seu uso pode trazer riscos. Procure o médico e o farmcêutico. Leia a Bula. Princípio: Dipirona sódica. Contra: Não use junto com outros medicamentos que contenham paracetamol, com álcool, ou em caso de doença grave no fígado. MS: 1.3841.0002

Pouco depois de completar dois anos, A mãe conta que, além de ter muita paciMaria Eduarda deixou de acatar os pedidos ência, é importante ser firme nas decisões dos pais, sem antes questionar alguns pore procurar dividir experiências com outras “SE PERSISTIREM O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO.” quêsOS ouSINTOMAS, tentar contrariar. “Com a idade, a famílias. “Tenho várias amigas com filhos Duda começou a ser mais independente, pequenos e procuro conversar com elas PREÇOS VÁLIDOS PARA COMPRA À VISTA. OFERTAS VÁLIDAS PARA PAGAMENTO NO VAREJO. LOJA DE GUARULHOS. FOTOS MERAMENTE ILUSTRATIVAS. NÃO JOGAR ESTE IMPRESSOsobre EM VIAS PÚBLICAS. RESERVAMOS O DIREITO DE CORRIGIR ERROS GRÁFICOS.bem cheia de vontade própria e mais respondoas vivências e experiências, CONSULTE OUTROS CARTÕES na, quase sempre fazendo o contrário do sucedidas ou não. Aqui em casa, temos que pedimos. Não conhecia como adolesconversado bastante e a ensinado a respeicência do bebê, mas sabia que essa era a tar e não ser respondona ou rebelde, mas fase da rebeldia; só não imaginava o quanto quando a conversa não basta, vai para o Sai por: Sai por: Sai por: era60 difícil”, pontua Lilian Rodrigues Fernan- 93 castigo, dois minutos para pensar no99 aque unidade a unidade a unidade des, consultora independente de beleza. R$ 59,80 fez”, finaliza. R$ 38,97

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Opção prática e confortável para carregar o bebê

meses mesesdepois depoisque quemeu meuprimeiro primeirofifilho lhohavia havia nascido. nascido.Inicialmente, Inicialmente,pensei penseina napraticidapraticidade, de,mas, mas,depois depoisdescobri descobrique queele eleééum umgrangrande dealiado, aliado,pois poispermite permiteque queaamãe mãedê dêcolo colo por pormais maistempo tempoeede deuma umaforma formamais maispareparecida cidacom comooventre ventrematerno maternoeetambém tambémajuda ajuda na naamamentação, amamentação,jájáque queoocalor calordo docontato contato do dobebê bebêcom comooseio seiofavorece favoreceooaumento aumentoda da vascularização vascularização na na região região mamária mamária e,e, por por consequência, consequência,aaprodução produçãode deleite”, leite”,explica. explica. De Deacordo acordocom comaamédica, médica,apesar apesardos dosinúinúmeros meros benefícios, benefícios, alguns alguns cuidados cuidados são são esessenciais senciaispara paraoouso usocorreto. correto.“Há “Háslings slingsque que sustentam sustentamadequadamente adequadamentecrianças criançasde deaté até 20 20 quilos, quilos, ou ou seja, seja, dá dá para para carregá-la, carregá-la, em em posições posiçõesvariadas, variadas,por poraté até22anos anosde deidade idade ou oumais. mais.ÉÉsó sóquestão questãode deencontrar encontraroomais mais apropriado. apropriado.Isto Istoinclui incluimodelo, modelo,tipo tipoeequaliqualidade dadedo dotecido tecidoeeaaamarração amarraçãoque queserá seráfeita. feita. As As costas costas do do recém-nascido, recém-nascido, por por exemplo, exemplo, fificam camdobradinhas dobradinhasem emforma formade deC; C;só sódedepois pois que que elas elas fificam cam mais mais eretas, eretas, àà medida medida

que queele eleganha ganhacontrole controledo dotronco. tronco.Já Jámaior, maior, suas suasperninhas perninhasprecisam precisamestar estarna naposição posiçãode de ‘sapinho’, ‘sapinho’,flflexionadas exionadaseecom comos osjoelhos joelhosmais mais altos altosque queoobumbum. bumbum.Outra Outradica dicaimportante importante éénão nãoamarrar amarraroo‘pano’ ‘pano’pela pelaprimeira primeiravez vezsem sem uma umaajuda ajudaprofi profissional, ssional,uma umavez vezque queele elepreprecisa cisade deum umajuste ajustecorreto corretopara paraproporcionar proporcionar segurança segurançaeeconforto”, conforto”,orienta. orienta.


DO USO À CONSULTORIA Maria Wanessa da Silva, mãe da Marjorie, de quase 1 ano, ganhou seu primeiro sling enquanto ainda estava grávida. “Eu já tinha ouvido falar que o canguru não era uma boa opção, por conta do posicionamento da criança, e que essa poderia ser a solução para os meus problemas, mas confesso que, logo de começo, tive medo. Porém, minha filha sempre foi muito apegada a mim e não dormia se não fosse no meu colo. Então, eu não conseguia fazer absolutamente nada sem a ajuda de outras pessoas. Por isso, resolvi insistir”. Ela conta que procurou vídeos na internet e aprendeu uma amarração, que, pouco tempo depois, descobriu não estar tão certa assim. “Tem algumas coisas que não são aconselháveis e que tem muita gente na rede que ensina. Eu sentia que aquilo não estava muito seguro, tanto que uma mão sempre ficava apoiando. Mas, eu não desisti e continuei pesquisando até que eu encontrei fontes confiáveis, inclusive em grupos do Facebook. No momento em que aprendi a amarrar corretamente e descobri as posições adequadas, tudo mudou. A

Wanessa e Marjorie

bebê passou a usar sempre e, até hoje, adora; inclusive, vou trabalhar de ônibus e ela vai comigo, no sling”, acrescenta. Ciente dos vários modelos e tecidos diferentes e deslumbrada com as inúmeras possibilidades do objeto, ela foi em busca de informação para se aprofundar ainda mais no assunto. “Descobri um curso que ia ser dado por uma marca, que é a que eu revendo hoje, e passei dois dias em Botucatu, em aulas de imersão. A partir daí, eu me tornei uma assessora em bem carregar”. A consultoria de Wanessa pode ser na casa da família ou até em grupo (de até 10 pessoas) e vai desde uma introdução sobre as questões ergonômicas do corpo do bebê até o posicionamento adequado e as possibilidades de amarração. “Normalmente, a maior dúvida da mãe é se a criança está mesmo segura e confortável. Ela já sabe e entende que esse é um instrumento muito útil e que é maravilhoso carregar o filho ali juntinho, mas precisa de ajuda”, finaliza ela, lembrando que o sling pode ser usado por qualquer cuidador, como a avó ou o pai da criança.

Crislaine Rafaela da Silva carregando a pequena Júlia, de apenas 2 meses, após as dicas da consultora Wanessa

ALGUNS TIPOS DE SLING • Wrap Entrelaçado na frente, atrás e na cintura, esse pano comprido é ideal como sling principal, já que distribui bem o peso da criança entre os ombros do adulto. Indicado desde os primeiros dias depois do parto, permite diversas amarrações e é confeccionado em diversos tecidos e tamanhos, podendo ter de 2 a 5 metros. • Argola Composto por um pano comprido, ele possui duas argolas em uma de suas pontas para fazer o ajuste e o peso fica distribuído em apenas um ombro. Usado desde o nascimento, ele permite que o bebê fique na posição vertical, deitado e até nas costas. “Uma coisa importante de observar na compra desse modelo é se a argola é própria para slings, não tendo nenhuma emenda, nem marca de solda ou algo do tipo, para não correr o risco de quebrar”, alerta Wanessa. • Mei Tai Com quatro alças e uma estrutura fixa, ele é muito fácil de amarrar porque já vem com o painel pronto. “É só amarrar na cintura, encaixar o bebê e cruzar nas costas as tiras que vão nos ombros. Ele é bem mais prático de colocar, só que é indicado apenas para bebês a partir de 6 meses, que já sentam e têm, pelo menos, a sustentação do pescoço. Existem algumas marcas que fazem mei tais chamados de evolutivos. Com sistemas de ajustes do painel, esses podem ser usados a partir dos 3 meses”, afirma. • Pouch Menos comum no Brasil, ele se assemelha ao wrap, porém tem as pontas costuradas, formando um círculo. Colocado no ombro, ele fica como um bolso onde a criança é encaixada.

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• Mochila ergonômica Um canguru melhorado, segundo a consultora, a mochila permite que o bebê fique na mesma posição que no tecido: com os joelhos acima do bumbum e a coluna curvada em C, com a vantagem de que o assento já está pronto e basta um clique para fechar. Sua desvantagem é que, por ter um tamanho e formato específico, ela tem que ser trocada por um modelo maior conforme a criança cresce.



Blog

CAPA Por Cris Marques

de mamãe

Conheça o universo da maternidade por meio de quem compartilha suas experiências na “blogosfera materna” s blogs são uma das ferramentas de comunicação mais populares da internet. Em formato de diário virtual, normalmente abordam um tema específico e fazem sucesso justamente por seu caráter pessoal. É nesse espaço, usado para informação, formação, diversão, amizade e até para o campo profissional, que os autores falam sobre suas vidas, registram suas rotinas e expõe suas experiências. E isso não seria diferente em um momento tão complexo e maravilhoso como a maternidade. A mamãe blogueira quer relatar sua experiência, indicar um produto ou profissional, perguntar se alguém de seu público já passou por aquilo também, procurar um ombro amigo, registrar cada momento da gestação e do crescimento do filho, instruir e dividir o que sente. “Esse período causa diversas mudanças físicas e emocionais na vida da mulher. Ela se sente mais sensível e com muitas dúvidas, o que é natural. Por isso, a necessidade *Matéria publicada na Weekend 297

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de buscar todas as informações possíveis. E de compartilhar também”, explica Fernanda Fernandes, pedagoga e psicopedagoga. De acordo com a profissional, essa troca de informações por meio de blogs é muito saudável e pode ajudar outras mães, sejam elas de primeira viagem ou não. “Esse interesse pelo on-line é o resultado de uma geração tecnológica que procura recursos para facilitar seu dia a dia e a internet oferece formas fáceis e rápidas de comunicação que ‘aproximam’ até quem está longe. É um ambiente propício para conhecer pessoas novas, trocar ideias, responder questões, fazer comparações e discutir os mais variados assuntos: de preocupações, ansiedades e alimentação até promoções e temas para as festinhas. [...] Ao postar, a blogueira se coloca como exemplo, para que suas leitoras possam seguir tal situação/ recomendação ou, até mesmo, tomar como lição e prevenir possíveis problemas ou situações futuras”.

Fotos Arquivo pessoal e banco de imagens


Da praça para o www

CAPA

Sabe quando as mães levavam os filhos para brincar na pracinha e se juntavam para conversar sobre essa grande aventura que é gerar e criar uma criança? Pois bem, com os blogs sobre o assunto essa prática apenas migrou do real para o virtual. “Não existe nada como encontrar um ombro amigo de quem já passou, compreende ou tem total empatia por você e seu momento. A troca de experiências também é valida para nos ajudar a ver as coisas sob novos pontos de vista, repensar modelos e expectativas. Eu acho que quando ela é rica e respeitosa só acrescenta em um ‘maternar’ melhor. Mas há também a parte chata, os julgamentos, a competição. Igualzinho ao que acontecia na praça”, pontua Loreta Berezutchi, publicitária, blogueira e mãe do Pedro e da Catarina. A história dela começou em 2011, com o lançamento do Bagagem de Mãe (www.bagagemdemae.com.br), depois de se mudar de São Paulo para Recife. “Com a mudança percebi a necessidade de manter contato com os familiares e as amigas que estavam longe. Como fui a primeira a casar e ter filhos, era eu quem sempre passava as dicas sobre esse universo, o que resultava no envio de e-mails gigantescos. Então uma amiga sugeriu que eu tivesse um espaço para compartilhar esse material e também todas as experiências que estava vivendo na nova cidade”. Hoje, o blog atrai mulheres grávidas e/ ou com crianças de até 6 anos que se identificam com a história da publicitária e seu modo de pensar, além de leitores interessados em viagens com a família.

Maternidade em pauta Angélica Viegas, blogueira desde 2002, já mantinha seu próprio domínio, o www.angeliica.com, quando se casou e engravidou e isso acabou refletindo nos assuntos que eram postados por lá. “Não foi uma mudança radical, mas foi, sim, bastante significativa e essas postagens serão lembranças da infância de meu filho. Com isso eu pude trocar experiência com outras mães e ajudar quem tinha as mesmas dúvidas que eu. Só acho complicado quando o assunto é saúde, por exemplo. A grávida não pode substituir a opinião profissional por relatos on-line. Não é porque uma blogueira descreveu que sua gravidez foi ‘assim e assado’ que a dela também será”, alerta. E o Angeliica.com – com dois is mesmo, pois Angélica Huck, a artista da Globo, é dona do domínio com um i só – acabou revelando outros dois “profissionais da internet” na família: o marido, que chegou a postar algumas experiências no blog, e seu pequeno, que ganhou um espaço no canal do Youtube. “O Rodrigo assumiu alguns posts, até para que ele se colocasse no meu lugar de blogueira e entendesse como é expor uma opinião e receber retorno dos leitores. Foi uma ação bem bacana que precisamos repetir. Já a série de vídeos do Diguinho Viegas [como ele é conhecido na blogsofera], surgiu depois que ele descobriu um youtuber mirim super fofo, chamado Felipe Calixto. Certo dia, me deparei com ele falando sozinho com o monitor, como se fosse um apresentador conversando com seus telespectadores. Pronto! Foi a deixa que eu precisava para dar início a ideia”.

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ESPAÇO PARA PUBLICIDADE Assim como em outros nichos, os blogs mamães também são espaços promissores para publicidade, seja com parcerias, publieditoriais – posts contratados por agências ou empresas para que o blogueiro divulgue determinado produto ou serviço – , presentes e cobertura de eventos. “Eu acho que ações desse tipo são bem vindas, desde que eu acredite nela. De maneira alguma deposito confiança em algo que eu não confie. Não acho que vale a pena levar vantagem enganando as pessoas, principalmente quando se trata de crianças. Eu que sou mãe entendo bem esse tipo de preocupação”, conta Angélica, que participou da inauguração do novo Parque da Mônica, por causa de seu blog em uma das coberturas mais incríveis que já fez, segundo ela. Loreta ainda acrescenta que muitas mulheres, como ela mesma, encontram no blog uma profissão, uma forma de gerar renda para a família sem precisar sair de casa, o que é possível por meio da publicidade. “Talvez a maior dificuldade das mães blogueiras, hoje, seja reconhecer sua importância no mercado publicitário e ter esta visão macro sobre o anunciante e o impacto que ele causa nas famílias. A publicidade infantil, por exemplo, é uma questão que me incomoda muito e eu mantenho o olhar atento para as marcas que usam este artifício, sou contra e estas não encontram espaço no meu blog, não”.

Na base do limite

A psicopedagoga Fernanda Fernandes incentiva a mulher que pensa em criar um blog específico para falar do assunto ou aproveitar a plataforma que já tem para abordar a questão, porém ela adverte que é preciso prezar pela segurança e ficar atenta aos perigos da internet. “Quando se trata de criança, o cuidado deve ser redobrado. Os pais tentam ‘congelar’ essa fase linda da infância dos filhos, registrando, mostrando e compartilhando tudo, o aprendizado, as gracinhas e até as bagunças, para que os familiares, amigos e leitores acompanhem, mas essas fotos e vídeos podem cair em mãos erradas, principalmente se indicam, de alguma forma, informações do dia a dia. Além disso, é importante pensar na privacidade da criança não publicando algo que poderá constrangê-la”. Loreta conta que, apesar de falar sobre a vida dos filhos, segue a risca a cartilha de proteção, especialmente no que diz respeito às fotos. “Não posto imagens deles com uniforme da escola, placa de carro ou no banho. Por enquanto, a questão da exposição ainda não os alcançou, mas, quando alguém para e os cumprimenta ou fala deles com certa intimidade, eles acham estranho. Imagino que talvez, quando estiverem maiores e começarem a ler os conteúdos dos posts, possam ficar com vergonha. Na hora que isso acontecer, eu paro imediatamente de tocar nesse tipo de assunto. O respeito aos meus filhos é minha prioridade”, finaliza ela.

Caderninho virtual Talvez você já tenha ouvido falar dos caderninhos de anotações usados pelas mamães de recém-nascidos para acompanhar a rotina diária do bebê, mas, por mais que a ideia seja boa, o método pode ser muito trabalhoso e sujeito a erros. E foi pensando exatamente em facilitar esse processo que a designer freelancer Danielle Vicosa e seu marido Elvio Vicosa criaram o app Mamae (mamaeapp.com). Disponível gratuitamente para iOS e com projetos de expansão para Apple Watch, Android e Windows Phone, o aplicativo tem versões em português, espanhol, inglês e alemão e já conta com mais de mil usuárias. “Ele possui uma interface simples e intuitiva. Basta escolher um dos cinco instrumentos para o monitoramento das atividades da criança, como seio, bombinha, mamadeira, fralda ou sono, e cadastrar a nova atividade”, afirma Danielle. Outro benefício é que ele disponibiliza os dados em gráficos, tornando fácil para as mães entenderem melhor o comportamento do bebê.

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CAPA

DE OLHO NA BLOGOSFERA MATERNA Além do próprio blog de nossas mamães fontes, elas ainda indicam outros domínios legais para acompanhar e entender mais sobre maternidade e a criação dos filhos. Confira: • ForMães (www.facebook.com/formaes) Grupo criado por Cristiana Taylor e Renata Costa com mais de 9.000 participantes para desabafar, trocar dicas e emocionar-se com as outras mães que estão por lá. • Mães amigas (www.maesamigas.com.br) Grupo criado pelas mamães Polyana Pinheiro e Michelle Occiuzzi sobre esse universo. • Mamatraca (mamatraca.com.br) Olhar mais crítico sobre a maternidade e a sociedade, incluindo assuntos polêmicos como consumo. • Materniarte (www.materniarte.com.br) No espaço, as professoras de arte Adriana, que também é mãe do Theo, e Thais Flaitt ensinam atividades e brincadeiras. • Maternidade Colorida (maternidadecolorida. com.br) Nutricionista e mãe da Clara, Paola posta por lá muitas receitas deliciosas e saudáveis para os pequenos. • Para Criança (www.paracrianca.com.br) Blog comandado pela Karina Ruela e com conteúdo criado após vivência, pesquisa e opiniões de especialistas.


[ COMPORTAMENTO ] Por Cris Marques Fotos: banco de imagens e divulgação

Para empoderar meninas O s estereótipos de gênero são definidos entre os 5 e 7 anos de idade e é por meio de paradigmas como o do sexo frágil, das princesas que precisam esperar pelo resgate de um príncipe, dos brinquedos “de menina”, entre eles panelinhas, vassouras e ferros de passar, e da mulher que, mesmo trabalhando fora, deve ser responsável pelos filhos e pela organização da casa, que a cultura machista encontra espaço para se perpetuar. E isso pode ser percebido na prática, como mostra a campanha “Redraw The Balance”, em tradução livre, redesenhar o equilíbrio, da instituição europeia Inspiring the Future. No vídeo, gravado em uma escola infantil, as professoras sugerem que seus alunos desenhem como seriam os funcionários de algumas profissões: bombeiro, piloto de avião e cirurgião. Ao final da tarefa, apenas cinco dos 66 desenhos representam alguém do sexo feminino. Então, entram na sala três profissionais mulheres que

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*Matéria publicada na Weekend 337

ocupam justamente os ofícios sugeridos. O espanto é geral e algumas crianças chegam até a sugerir que o uniforme delas seja uma fantasia. Para Tatiana Fraga (foto), poeta e jornalista, a discussão sobre gêneros tem que ser iniciada ainda na primeira infância. “Na verdade, não é só trazer o assunto: é mostrar e ser exemplo. Nesse contexto, pais, tutores, responsáveis e até educadores têm que ficar atentos, porque os preconceitos e os rótulos estão tão normatizados que continuam sendo reproduzidos. O respeito e o cuidado com todas as pessoas, meninas, meninos, gays, trans, velhos, novos, desde o inicio, é o que vai trazer o empoderamento”. Diretora do espaço de leitura, projeto de

incentivo para crianças de até 12 anos, e do espaço de convivência, que atua com cursos de arte-educação para idosos, no parque da Água Branca, em São Paulo, a autora escolheu as diferenças entre os sexos como tema para seu primeiro livro infantil: “Nino e Nina”. “A obra tem duas capas. De um lado são poemas na ótica de um menino, do outro, de uma menina e, no meio, eles se encontram. As crianças se identificam bastante, porque traz exemplos bem concretos da vida cotidiana, mas, no meio do texto, incluo ideias opostas do que é considerado ‘normal’, até porque isso é natural para os pequenos. Quem coloca estranhamento, conceitos adversos e não aceitação são os adultos, a televisão, a indústria de brinquedos, a sociedade...”, ressalta Tatiana.


[ COMPORTAMENTO ] RECONSTRUINDO PRINCESAS Com a igualdade de gênero em alta, aos poucos a indústria cultural vai mudando sua mensagem. Hoje, temos princesas da Disney que não buscam mais por príncipes, como Mulan, animação um pouco mais antiga que pode até acabar em romance, mas mostra a força e a astúcia da jovem guerrilhando; Valente, do filme homônimo, e Elsa, de “Frozen”. Porém, elas continuam batendo na tecla do estereótipo: ou a mulher é frágil e precisa ser resgatada ou ela é tão corajosa que não precisa de ninguém, é autossuficiente. “Essas caraterísticas são ruins, porque acabam criando um patamar inalcançável. São todas construções que podem ser reconstruídas. Essas histórias não precisam ser abolidas, mas é preciso questionar e comparar com a nossa realidade, nosso cotidiano de pessoas que às vezes querem ser resgatadas, outras querem lutar; ora são frágeis, ora fortes. Têm que existir outros referenciais, senão a gente acaba caindo numa mesma história, um modelo único. O importante é a diversidade”.

VERSA E VICE Mesmo que a sociedade mais tradicional demore a acostumar-se com essa “inversão” de valores, as próprias crianças começam a desconstruir o que, até então, é padrão. É o caso do questionamento de um garotinho de 4 anos, que viralizou na internet brasileira. Filho de Ligiane Ramos, a autora da postagem no Facebook, o garoto sempre se divertiu com diversos brinquedos, inclusive as bonecas da irmã mais nova. Foi então que ele percebeu algo que o incomodou e perguntou para sua mãe o porquê delas falarem apenas “mamãe”. “Quer dizer que os pais não fazem nada? Não dão comida? Não levam elas pra cama ou dão carinho?”. Ela ainda relata que, depois da indagação, ele tirou o aparelho de fala de dentro da boneca e disse que iria dar almoço para ela, porque pai também tem que cuidar de suas filhas. Com mais de 27 mil compartilhamentos, 240 mil curtidas e 11 mil comentários, é inegável dizer que, além de muito fofo, o ocorrido fez sucesso e somou ao importante debate.

LEITURA PARA MENINAS SUPERPODEROSAS “Coisa de menina”, da ilustradora Pri Ferrari, livro que será lançado muito em breve por meio de uma campanha de financiamento coletivo. Resumo: Livro ilustrado com uma abordagem simples sobre diversas atividades que foram, são e podem ser escolhas para o futuro de uma menina. Recomendado para meninas e meninos; afinal, queremos que mulheres cresçam acreditando em si e também queremos que os homens respeitem-nas.

“Café com leite”, escrito por Ilan Brenman, ilustrado por Bruna Assis Brasil e lançado pela Mundo Mirim. Sinopse: Ana era uma menina que gostava de brincar com bonecas, de pular corda e amarelinha. Mas também era apaixonada por futebol. Só que os meninos não deixavam a garota jogar. Descubra, nesta sensível obra, que a vida às vezes pode nos surpreender quando menos esperamos.

“Nino e Nina”, escrito por Tatiana Fraga, ilustrado por Carla Caruso e lançado pela Mundo Mirim. Sinopse: As meninas dizem que os meninos só sabem jogar bola. Os meninos dizem que as meninas só gostam de boneca. Sempre tão diferentes. Sempre tão iguais. Neste livro “dois em um”, as crianças têm uma obra cheia de poesia, onde “ninos” e “ninas” descobrem que as diferenças mais os aproximam do que os distanciam.

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CAPA Por: Cris Marques Fotos: arquivo pessoal, banco de imagens e divulgação

Criança tem que ser criança

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ápis, caderno, chiclete, peão, Sol, bicicleta, skate, calção, esconderijo, avião, correria, tambor, gritaria, jardim, confusão. Assim começa a música “Criança Não Trabalha”, escrita por Arnaldo Antunes e interpretada pela dupla musical infantil Palavra Cantada, formada em 1994 pelos músicos Sandra Peres e Paulo Tatit. Ao escutar tal descrição, os mais velhos imediatamente relembram com carinho dessa fase; mas, e os pequenos e jovens de hoje em dia? Será que a falta das palavras celular, computador, internet, Youtube, Facebook ou videogame fazem

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*Matéria publicada na Weekend 351

falta a ponto da canção não fazer mais sentido? Pode até ser que sim, mas não deveria. Por mais que o mundo evolua, a tecnologia avance a passos largos e as gerações mudem, criança é criança e tem que vivenciar isso. De acordo com Adriana Fernandes, neuropsicóloga que atua no Instituto Psicológico Recomeçar, na Vila Augusta, e em um consultório particular, infelizmente, existe um movimento crescente em vários âmbitos (social, familiar, midiático) promovendo a adultização precoce da criançada, além da tecnologia, que ocupa cada vez mais espaço, o que, dependendo da intensidade, torna-se prejudicial, “roubando” momentos de brincadeira, socialização e aprendizagem. “A infância necessita ser vivida e respeitada como tal. É muito importante entender sua importância em todos os sentidos: manutenção da inocência, promoção das brincadeiras (principalmente com os coleguinhas), alimentação saudável e acesso à educação moral e formal, uma vez que estamos falando de um ser em desenvolvimento que absorve todos os estímulos”. Para ela, as experiências vividas nessa época vão influenciar significativamente, de maneira benéfica ou destrutiva, o “produto

final”. “De 0 a 3 anos de idade, temos 80% da circuitaria cerebral estabelecida. No final do 6° ano, temos aproximadamente 95% já determinados. Isso corrobora a relevância de assegurar todos os direitos e promover o suporte necessário nas primeiras etapas da vida. Crianças criadas em um ambiente nocivo, com pouco estímulo, falta de cuidado e carinho, tendem a se tornar adolescentes vulneráveis e adultos inseguros, agressivos, insensíveis, inflexíveis, com baixa tolerância a frustração, dentre outros problemas comportamentais. Já as que são estimuladas e crescem em um local que supre suas necessidades físicas, sociais e afetivas, geralmente crescem com boa autoestima, dotadas de mais recursos internos e mais ferramentas para lidar com as adversidades da vida de forma saudável e produtiva”. Nesse contexto, o brincar, de verdade, é extremamente importante, já que é por meio desse ato que o pequeno vai desenvolver uma série de competências, como resolução de conflitos, tomada de decisões, superação de limites, respeito às diferenças e regras, tolerância, formação de vínculos, criatividade e cooperação. Isso sem contar o desenvolvimento motor, a linguagem e o raciocínio.


PARA CURTIR (COM) AS CRIANÇAS arranjar tempo para os filhos e fazer com que esse período seja proveitoso. “O importante é a qualidade dessas horas e a conexão, pois de nada adianta estar presente fisicamente, mas não estar interagindo de verdade”. Dentre as pequenas atitudes que, no futuro, podem representar recordações permeadas de carinho, ela cita ler um livro para a criança, fazer um piquenique na hora do almoço, ligar de surpresa só para dizer um “oi” no meio da tarde, perguntar como foi o dia dela na escola, brincar, contar uma história antes de dormir e optar por programas infantis no final de semana.

Erika Verginelli

A infância não é mágica apenas para os pequenos, devendo ser aproveitada também pelos pais, que podem brincar, estar junto e acompanhar de perto cada descoberta, cada aventura de sua prole. “Nessa fase, é possível introjetar o máximo de valores, limites e experiências possíveis, com o objetivo de auxiliar no processo de formação do caráter. Também não podemos ignorar que se trata de uma etapa única e que passa muito rápido, ficando depois uma saudosa lembrança”, afirma a neuropsicóloga. De acordo com ela, apesar das rotinas apertadas dessa nova era, é possível

FABRICANDO A BRINCADEIRA Designer, cenógrafa, ilustradora e mãe, Estéfi Machado, começou a envolver seu filho Teo, 9, em sua rotina, oferecendo a ele a possibilidade de se relacionar com os materiais que ela já usava em casa, como tecidos, papéis, botões e tintas. Logo, ela viu na internet e, mais recentemente, na literatura, com “O Livro da Estéfi”, lançado pela Companhia das Letrinhas, a possibilidade de dividir o que eles criavam. “Quem trabalha em casa sabe a falta que faz uma conversa com adultos. O blog [www.estefimachado.com.br] foi o canal que encontrei para compartilhar esses momentos e acabou virando minha vitrine profissional. O uso de materiais recicláveis aconteceu

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sem querer e, hoje, é nossa grande bandeira: olhar para as coisas à nossa volta com um segundo olhar, enxergar beleza em algo que seria descartado. [...] Fazer a própria brincadeira faz com que o pequeno passe por um processo de transformação, tenha ideias, encontre soluções e, de quebra, criamos um vínculo inestimável nessa troca”. Ao lado de seu rebento e das afilhadas Petra, Elena e Anita, todas com 5 anos, ela cria de brinquedos a objetos, passando por itens de decoração para festas, com temas muito originais. “Criança tem que ser criança mesmo, não um ensaio para a próxima fase da vida, como muitas vezes acontece. Tem que brincar,

descobrir, fantasiar e criar. [...]. Até concordo que uma peça reciclada tenha uma vida mais curta: o próprio material, mais frágil, às vezes determina isso. Mas quem tem filho sabe que, muitas vezes, algo industrializado e caro acaba sendo usado duas ou três vezes e fica encostado da mesma forma. Pra mim, o ganho disso não é no quanto dura e sim no que foi transformado no processo. Isso já vale tudo. Aqui em casa, Teo brinca bastante e, muitas vezes, transforma mais ainda, dando seu toque pessoal; outras, um amiguinho ou prima vem brincar junto e leva o brinquedo pra casa; assim, criamos um ciclo saudável de diversão”, enumera.


BOM MESMO É BRINCAR Em um tempo em que as brincadeiras em grupo e os exercícios físicos perdem, literalmente, espaço para games, tablets e televisão, a Mauricio de Sousa Produções (MSP), responsável por uma das marcas mais adoradas por crianças e adultos, a Turma da Mônica, traz uma grande novidade: o projeto Movimento Brincadeira. “Nossa turminha ainda brinca muito de amarelinha, bolinha de gude, corda e outras tantas atividades que fizeram parte da infância de muita gente e que hoje fazem falta no desenvolvimento das nossas crianças. Queremos ajudar as famílias a incentivar os pequenos a redescobrir essas brincadeiras, sempre alinhando tudo com educação, cultura e, claro, muito divertimento”, diz Mônica Sousa, diretora-executiva e inspiração para a personagem homônima. O pontapé inicial foi dado na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que aconteceu no final de agosto, com um estande cheio de atividades, e segue com outras ações, como o site turmadamonica. uol.com.br/movimentobrincadeira, que

já conta com um minimanual de brincadeiras e vai ganhar mais conteúdo; uma linha exclusiva de brinquedos e acessórios da Tok&Stok, com balanço, andador, sapato equilibrista, acerte ao alvo e jogo de tacos, e, em breve, novos produtos, ações digitais, editoriais e livros.

ESPAÇO PARA A IMAGINAÇÃO

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horário aos domingos, um assunto é apresentado para as crianças, por meio de histórias narradas por um contador convidado e, a partir daí, surgem as músicas, brincadeiras e livros que serão abordados; isso sem contar um colaborador especial: o Matias, 5, filho de Mariana. “Vi uma matéria falando que uma criança brasileira passa em média de quatro a seis horas por dia na frente de um dispositivo eletrônico. Fiquei chocada! Imagina quanta energia fica contida? Depois, falam que a nova geração está hiperativa, com problema de foco e daí dão remédio para acalmar. Ah, gente… o adulto deve se responsabilizar pelo que oferece ao filho”. Apesar de ser on-line, ela defende que o Maritaca é diferente, pois proporciona a escuta. “A ideia básica é dar elementos para a imaginação. O rádio é um instrumento incrível para despertar a criatividade, porque ele não dá a imagem pronta: o ouvinte deve criar o que escuta e isso não é igual a ficar em um eletrônico, sendo hiperestimulado, sem

se relacionar com o mundo. [...] Tenho o retorno de alguns pais que contam que as crianças param tudo que estão fazendo para ouvir e terminam o programa dançando”, finaliza, contente. Rádio Vozes

Em uma viagem de carro, a jornalista Mariana Piza presenciou o poder da música na infância, ao ver a filha de sua amiga passar de incomodada e brava de estar ali parada a feliz e calma, com apenas o play em um CD de música infantil. Ali, ela começou a pensar em uma rádio só para crianças, o que seria concretizado apenas 9 anos depois. “Conversei com Patricia Palumbo e ela disse que achava muito legal a ideia, mas que seria muito difícil alguma rádio topar uma programação infantil. No final do ano passado, ao nos reencontrarmos, soube que ela estava abrindo uma web rádio, a Rádio Vozes, e fui convidada para realizar meu projeto”. Com o apoio dos parceiros Nina Blauth, responsável pela abertura e vinhetas, Valentina Fraiz, ilustradora da personagem, e Artefactos Bascos, que fez a arte do logo, a jornalista comanda, semanalmente, o Maritaca (www.radiovozes.com/maritaca e facebook.com/programamaritaca). A cada programa, que vai ao ar aos sábados, às 9h, com reprise no mesmo



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