Revista Informativa Especial - ANEC

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REVISTA INFORMATIVA EDUCACIONAL - ESPECIAL

FTD Sistema de Ensino. Agora, com Ensino Fundamental II (6o ao 9o ano) e novo site. O FTD Sistema de Ensino já era a melhor escolha porque oferece consistente material didático, equipe de assessoria pedagógica, atendimento 0800, central administrativa e comercial e outras vantagens. E ficou ainda mais completo, com Ensino Fundamental II (6o ao 9o ano) e um novo site, repleto de material de apoio ao professor e aos alunos, exercícios, testes de vestibular e muito mais.

ESPECIAL

Revista ANEC

OUTUBRO DE 2010 :: ANO III :: NO 11

Coloque a sua escola capítulos à frente. Adote FTD Sistema de Ensino.

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NO 11 :: ANO III :: OUTUBRO DE 2010

A cada ano, quatro volumes (cada volume corresponde a um módulo), que contemplam os conteúdos referentes a todas as disciplinas: Português, Matemática, Ciências, História, Geografia e Inglês.

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Congresso Nacional de Educação Católica

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PORTUGUÊS MATEMÁTICA CIÊNCIAS HISTÓRIA GEOGRAFIA INGLÊS

Com quase 3 mil participantes, evento traz inovação e empreendedorismo para pauta do dia a dia educacional


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Sumário 2

PALAVRA DO DIRETOR PRESIDENTE

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ACONTECE

12

14

26

ESPECIAL

PALESTRANTES

PROGRAMAÇÃO CULTURAL

28

34

36

EXPOSITORES

PÚBLICO

TRABALHO REGIONAL

42

46

52

CONVERSA COM MANTENEDORAS

REPERCUSSÃO DO CONGRESSO

REFLEXÃO


Palavra do Diretor-Presidente ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CATÓLICA DO BRASIL

DIRETORIA NACIONAL Diretor Presidente

Reitor Pe. José Marinoni, SDB Diretor 1º Vice-Presidente

Reitor Pe. Marcelo Fernandes de Aquino, SJ Diretor 2º Vice-Presidente

Reitor Ir. Clemente Ivo Juliatto, FMS Diretora 1º Secretária

Ir. Ana Maria Paes Diretor 2º Secretário

Reitor Pe. Christian de Paul de Barchifontaine, MI Diretor 1º Tesoureiro

Ir. Joaquim Juraci de Oliveira, FMS Diretor 2º Tesoureiro

Pe. Guido Aloys Johanes Kuhn, S.J Secretário Executivo

Prof. Dr. Dilnei Lorenzi CONSELHO SUPERIOR Presidente

Reitor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães Vice-Presidente

Reitor Prof. Wolmir Therezio Amado Secretário

Reitor Pedro Rubens Ferreira Oliveira CONSELHEIROS Ir. Teresinha Maria de Sousa, MC Ir. Nelso Antônio Bordignon, FSC Pe. Wilson Denadai Professor Roberto Prado Pe. Nivaldo Luiz Pessinatti, SDB Pe. Mieczyslaw Smyda, SJ

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO Luciene Lopes Pereira Nelismar de Souza JORNALISTA Lana Canepa

E

Pe. José Marinoni Diretor-presidente da ANEC

m homenagem ao sucesso alcançado no maior Congresso de Educação Católica do país, a ANEC preparou uma edição especial da Revista Informativa Educacional para mostrar os bastidores desse evento, que reuniu em Brasília quase 3 mil pessoas.

Caravanas de educadores de todo o Brasil se reuniram na capital federal para discutir o tema: Educação, Inovação e Empreendedorismo Global. Palestrantes renomados e diversas iniciativas culturais deram o tom do trabalho, que recebeu ótima avaliação dos inscritos. Nas próximas páginas, os leitores vão conferir os detalhes do encontro e um perfil detalhado dos participantes, obtido por meio de uma pesquisa de opinião. Além disso, conversamos individualmente com os palestrantes para dar uma dimensão mais real dos temas tratados durante os três dias de Congresso, para aqueles que não acompanharam os debates. Desejamos a todos uma boa leitura e que na próxima edição do Congresso Nacional de Educação Católica da ANEC, a ser realizado provavelmente em 2012, você possa também partilhar dessa mística conosco!

PARA ANUNCIAR NESTA REVISTA mídia@zeppelini.com.br ou pelo telefone (11) 2978-6686 PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO

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2 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010


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Acontece

ANEC realiza maior Congresso

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as próximas páginas, apresentaremos um pouco do que foi divulgado durante os três dias de Congresso Nacional de Educação Católica. As notícias a seguir foram publicadas no site da ANEC, no site do evento e no Twitter, além de terem sido reproduzidas nos meios de comunicação de várias instituições associadas e na imprensa em geral. A partir dos textos abaixo é possível acompanhar, passo a passo, a evolução dos fatos durante o evento e como o público reagiu aos conteúdos e oportunidades de negócios oferecidos pela ANEC. 4 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010


de Educação Católica do país

Lana Canepa, jornalista da ANEC

O

Congresso Nacional de Educação Católica, realizado em Brasília, reuniu durante três dias quase 3 mil educadores de todo o Brasil. A Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC), responsável pela organização do encontro, congrega mais de 2,5 mil instituições de ensino. Com o evento, a proposta da Associação foi promover um debate sobre conceitos modernos e questões científicas relacionados à melhor forma de educar. A cerimônia oficial de abertura do Congresso contou com a presença da vice-governadora do Distrito Federal, Ivelise Longhi; do presidente do Conselho Superior da ANEC, Dom Joaquim Mol; do arcebispo metropolitano de Brasília, Dom João Braz; do senador da república, Cristovam Buarque, entre outras autoridades. Além das discussões técnicas, muito entretenimento, peças de teatro, shows e um espaço de negócios que reuniu os parceiros com estandes para apresentação de novos serviços e produtos

educacionais. O tema apresentado foi: Educação, Inovação e Empreendedorismo Global. Para o secretário-executivo da ANEC, Prof. Dilnei Lorenzi, o Congresso superou as expectativas. “É um tema moderno, discutido no mundo inteiro, e que foi recebido com muita satisfação entre os participantes. É um congresso bienal e, certamente, em 2012 estaremos juntos novamente. Provavelmente no próximo iremos trabalhar os conceitos de educação e criatividade”. Caravanas de várias instituições percorreram centenas de quilômetros para participar dos debates na capital federal. Para a Irmã Terezinha, do Rio de Janeiro, a impressão dos educadores foi muito positiva. “Este primeiro Congresso organizado pela ANEC foi surpreendente. Os colaboradores do evento também trabalharam muito bem e os palestrantes foram ótimos. Hoje, a ANEC está se abrindo para outros temas, de forma que a educação é o que transforma. O Rio de Janeiro esteve presente em massa e estaremos novamente no próximo”. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 5


Acontece

Começa o Congresso Nacional de Educação Católica

Momento de abertura do Congresso

Os participantes se reuniram no Centro de Convenções Ulisses Guimarães, no coração da capital federal. O primeiro compromisso do encontro aconteceu às 17h, horário em que estava marcada uma Celebração Eucarística com o arcebispo metropolitano de Brasília, Dom João Braz de Aviz. O evento contou com a presença de autoridades que representam a educação brasileira. Em seguida, às 18h, aconteceu a solenidade de abertura oficial e um coquetel para os participantes. Um dos objetivos do Congresso foi proporcionar momentos de reflexão em relação às temáticas de Educação, Inovação e Empreendedorismo Global, com a finalidade de contribuir com a realidade educacional brasileira. O evento ainda teve a palestra do professor doutor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, presidente do Conselho Superior da ANEC e reitor da PUCMinas. O tema do debate era a Educação Católica, identidade e inovações para uma sociedade plural. O Congresso contou também com programação cultural, praça de alimentação, além de uma feira de estandes com uma extensa relação de expositores de produtos e serviços educacionais, que aconteceu na Ala Sul do Centro de Convenções, em Brasília.

Educação Católica, identidade e inovações para uma sociedade plural

Dom Joaquim Giovani Mol fala sobre inovação na Educação Católica 6 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010

Após a solenidade de abertura, Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, presidente do Conselho Superior da ANEC e reitor da PUC-Minas, proferiu a primeira palestra do Congresso. Com o tema Educação Católica, identidade e inovações para uma sociedade plural, Dom Joaquim ressaltou que as inovações promovidas pelas escolas católicas fazem parte da própria identidade dessas instituições. “Pelo fato de serem católicas, é uma obrigação oferecerem um ensino de qualidade e excelência, é mister que sejam boas escolas”, afirmou o bispo. Dom Joaquim Mol citou ainda Cardeal Newmann, que considerava como ponto central da identidade das universidades católicas o fato de serem “boas universidades”. Diante de uma sociedade em profunda mudança, Dom Joaquim também acredita que as entidades católicas de ensino somente poderão corresponder às exigências atuais na medida em que incorporarem e produzirem inovações.


Celebração Eucarística abre evento com chave de ouro

Celebração eucarística marca abertura do evento

O Congresso começou com uma celebração eucarística presidida pelo arcebispo de Brasília, Dom João Braz de Aviz. O motivo de o evento ser aberto com uma cerimônia religiosa foi explicado pelo presidente da ANEC, Pe. José Marinoni: “essa celebração abre com chave de ouro nosso primeiro Congresso, pois nada melhor que começar com as bênçãos, com a proteção de Deus, que é nosso Pai, e Nossa Senhora, nossa mãe”. Ao referir-se à iniciativa de promover um evento dessa proporção, Dom João Braz afirmou que “a ANEC desenvolve de maneira positiva a unificação dos rumos da Educação Católica no país”. Outro ponto fundamental da palavra do arcebispo de Brasília diz respeito a fomentar a identidade específica das escolas católicas, que é a experiência da fé cristã, e que toda a inovação não pode prescindir desse fundamento.

Feira chama a atenção dos participantes do Congresso da ANEC

Feira de exposição com produtos e serviços educacionais

Durante a realização do Congresso, 22 empresas parceiras apresentaram seus produtos na feira de exposição organizada especialmente para o evento. Entre os intervalos do Congresso, os participantes circularam pela Feira de Produtos e Serviços Educacionais, que reuniu estandes de empresas e instituições,. A iniciativa contou com uma estrutura para profissionais técnicos do ensino básico e superior, educadores, docentes, gestores, mantenedores e coordenadores. A meta foi investir em instrumentos para aumentar a qualidade do aprendizado dos alunos, tanto em escolas de ensino básico como superior. Além da feira, a organização do evento preparou diversas atrações culturais. Entre elas uma peça teatral, em que o ator Ayrton Salvanini apresentou um monólogo baseado em Vinícius de Moraes. Em seguida, os participantes confraternizaram o fim do primeiro dia de Congresso em um coquetel oferecido pela ANEC.

Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 7


Acontece

O poder dos parques tecnológicos no empreendedorismo educacional

Dr. José Eduardo Azevedo Fiates durante palestra

8 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010

Após a Celebração Eucarística, teve início a palestra do Dr. José Eduardo Azevedo Fiates, atualmente diretor-executivo da Sapiens Parque S.A – complexo que reúne empreendimentos de ciência e tecnologia, educação e cultura. Segundo Dr. José Eduardo, entre 100 ideias, quatro ou cinco tornam-se casos de sucesso no que diz respeito à quantidade e à qualidade. Assim, é necessário estarmos mais atentos e mais presentes dentro das escolas para apoiar os alunos empreendedores. “Professores com potencial tornam-se incubadores de grande empreendedorismo global”. Ainda de acordo com o palestrante, as principais universidades do mundo geram resultados importantes com o trabalho em parques tecnológicos. Portanto, é preciso existir um processo permanente de inovação. Esse é o papel do empreendedor, profissional ligado diretamente à educação.

Tecnologia da comunicação está mudando o ensino

Educação deve considerar desenvolvimento das virtudes humanas

As mudanças impostas pelo mundo moderno estão transformando também a forma de ensinar. A influência da internet na vida dos jovens é tão importante que modificou a forma de construir o conhecimento. Essas e outras ideias foram apresentadas durante a palestra do presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa de Santa Catarina, Dr. Antônio Diomário Queiroz. Segundo ele, a comunicação diferenciada, feita em uma sociedade em rede, entrelaçada pela internet, é realizada com base na transferência de conhecimento, e não na construção de conhecimento. “Essa interação social se faz em um processo de comunicação que tem a palavra como base. A palavra vem sempre com a conotação da questão moral, e ela reflete os valores que são a própria essência da religião católica. Então, a Educação Católica precisa também interagir de forma aberta em todos os níveis de formação, começando pela educação infantil, respeitando a criatividade das crianças, fortalecendo o seu senso crítico, a comunicação com pessoas diferentes de diversas culturas, para construir realmente algo novo”. A palestra teve como tema Interacionismo Social e Novas Tecnologias da Comunicação no Processo Educativo Contemporâneo.

A professora e doutora Léa Fagundes, coordenadora de pesquisa no Laboratório de Estudos Cognitivos da UFRGS e assessora do Ministério da Educação, foi uma das palestrantes do Congresso. O tema de sua apresentação foram as virtudes humanas, inovação e empreendedorismo. A palestrante falou sobre alguns problemas enfrentados na sociedade massificada, em que o objetivo dos jovens estudantes é somente conquistar o ganho direto individual. Aprender simplesmente para conquistar um bom espaço no mercado de trabalho. “Essa competição, essa voracidade, é a mesma situação encontrada no mundo dos animais. Os animais é que precisam lutar contra o outro pela sobrevivência. Entre os seres é preciso aprender e ensinar”. O ponto mais importante desse ensinamento seria reforçar as virtudes humanas. Outro tema que dominou a palestra foi a questão das novas tecnologias, a geração digital, e como isso pode ser prejudicial aos jovens. O recorta e cola de alunos que não aprendem a ter opinião, criar dúvidas e questionamentos pessoais, transformam esses estudantes em repetidores de informação.


Dom Dimas preside oração inicial no segundo dia do Congresso da ANEC

Especialistas debatem teorias educacionais em mesa redonda

Ivan Lins se apresenta no encerramento do segundo dia de Congresso da ANEC

O segundo dia do evento contou com a presença do secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Dom Dimas Lara Barbosa, que presidiu a oração para o início dos trabalhos. De acordo com Dom Dimas, a educação católica no Brasil foi fortalecida com a fusão das três antigas entidades, AEC, ANAMEC e ABESC, na atual Associação Nacional de Educação Católica do Brasil, a ANEC. Dom Dimas mencionou que a partilha de metas e objetivos, a comunhão das entidades associadas e os novos rumos do ensino católico são contribuições de valor inestimável que o Congresso da ANEC ofereceu, “É muito importante que a escola católica retorne às suas origens e redescubra sua própria identidade e missão”, afirmou o secretário-geral da CNBB.

Um grupo de educadores coordenados pela diretora da Mathema Formação e Pesquisa, Dra. Kátia Smole, debateu os dilemas e novas tendências da formação de jovens. Em uma citação, a coordenadora dos trabalhos disse que “não é porque somos humanos que sabemos o que é bom, belo e verdadeiro. É a educação que nos mostra o que é bom, belo e verdadeiro, e a educação católica já tem meio caminho andado”. Essa frase demonstra o espírito dos quase 3 mil participantes do evento, que vieram de todos os cantos do país para debater o tema: Educação, Inovação e Empreendedorismo Global.

O cantor e compositor Ivan Lins empolgou o público durante a apresentação de encerramento do segundo dia de Congresso da ANEC. Entre as canções do repertório estavam os sucessos Começar de Novo e Lembra de mim. Ivan Lins iniciou sua carreira musical em festivais universitários no final dos anos 1960, influenciado por diversos gêneros musicais como jazz, bossa nova e soul. Em suas apresentações, tem como principal instrumento o piano. Autor de dezenas de sucessos que foram temas de novelas, o artista, vai comemorar, em 2011, 40 anos de carreira.

Os novos perfis profissionais: jovens empreendedores e multifuncionais Como se forma um bom profissional? Um cidadão consciente? Um jovem educado? Algumas respostas para essas e outras perguntas foram apresentadas durante a palestra do escritor e psicoterapeuta, Dr. Leonardo Fraiman, que é diretor da Clínica Fraiman e parceiro da Teenager Assessoria Profissional. Hoje em dia, todos buscam a juventude. Essa referência muda o parâmetro sobre o que é realmente ser jovem. A tendência é que os jovens saiam de casa mais tarde até que tenham uma estrutura de vida mais completa. “Antes, o profissional que trocava muito de emprego era mal visto, mas atualmente os jovens procuram com mais frequência boas oportunidades profissionais. Tendo um bom currículo e aparecendo uma melhor oportunidade de emprego, ele logo faz a troca, pois o jovem de hoje não procura ter muitos vínculos.” O mercado de trabalho é focado em novidades tecnológicas, como GPS, notebook e celular, ou seja, o que antes era luxo passou a ser comodidade, facilitando a vida do profissional, mas sem perder de vista a necessidade de ensinar princípios básicos de educação, convivência, respeito, aqueles conceitos que as crianças levam para a vida toda. Isso se reflete também no seu local de trabalho, com a equipe de profissionais. De acordo com o palestrante, o novo profissional busca com mais frequência, ser empreendedor. Para que ele seja bem-sucedido em seu segmento, precisa alcançar um diferencial.

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Especial

Congresso Nacional de Educação

12 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010


Católica

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om a proposta de consolidar a atuação da ANEC como entidade representante da Educação Católica do Brasil e de oferecer um conteúdo de qualidade no debate do tema: Educação, Inovação e Empreendedorismo Global, a Associação organizou um encontro que reuniu em Brasília quase 3 mil educadores de todo o país. Um evento de proporções desafiadoras e que demandou um processo complexo de organização. Toda a equipe da ANEC participou dos preparativos e execução. A seguir, mostraremos os detalhes do encontro.

Espaço O evento foi realizado no Centro de Convenções Ulisses Guimarães, no coração da capital federal, em plena Esplanada dos Ministérios. Esse é um dos espaços mais nobres para a realização de eventos em Brasília, e conseguir reservar o local foi uma conquista da ANEC. O centro oferece um amplo espaço, auditório para 3 mil participantes, várias salas para as equipes da organização e um salão muito vasto para exposição. No auditório foram realizadas as palestras e shows. No salão, decorado com grandes fotos das capas da Revista Informativa Educacional, a ANEC ofereceu os coquetéis, com um buffet que oferecia almoço aos participantes e também uma grande feira de negócios. Foram convidados parceiros de vários setores ligados à educação que mostraram seu trabalho durante os três dias de encontro. Uma oportunidade para os gestores fecharem contratos com custos abaixo dos de mercado.

Conteúdo Os participantes receberam uma sacola ecológica, preparada pela equipe de comunicação da ANEC, com a programação do evento, guia do participante com dicas de estadia, transporte e alimentação, além de bloco e caneta para anotações. Durante o congresso, três jornalistas trabalharam na produção de conteúdo para alimentar o site da ANEC, preparar essa edição especial da revista e atender a imprensa local e nacional para a divulgação do Congresso. As reportagens de acompanhamento do passo a passo do encontro também foram reproduzidas em sites de instituições associadas e comentadas no Twitter.

Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 13


Palestrantes

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ada um dos nove palestrantes convidados para o evento concedeu à nossa equipe de jornalistas uma entrevista exclusiva para comentar detalhes do conteúdo debatido e falar sobre o trabalho desenvolvido no mercado com relação à educação. A escolha dos especialistas demandou muito esforço da equipe da ANEC e o resultado foi muito positivo. Na avaliação dos participantes, as palestras foram o ponto forte do evento. Conheça agora um pouco sobre cada um dos palestrantes do Congresso Nacional de Educação Católica.

14 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010


Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães Presidente do Conselho Superior da ANEC e reitor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Palestra: Educação Católica, identidade e inovações para uma sociedade plural Como o senhor avalia o papel da educação católica na formação da identidade brasileira? A educação católica é um tesouro porque nasce de experiências muito bem-sucedidas e pessoas profundamente inspiradas em métodos e pedagogias novas na lida com a juventude e a criançada. São os fundadores. Depois disso, as experiências foram aglutinadas e a igreja tem o papel de uma mestra educadora. Ela é construtora de novas metodologias de educação, na medida em que tem como foco principal a pessoa humana. A educação católica se prima por focalizar e centrar, o tempo todo, a pessoa humana com todas as suas dimensões. É isso que ela busca e, por isso, a pessoa que sai da educação católica sai desenvolvida na sua dignidade, na sua cidadania, na sua dimensão transcendental e na sua relação com Deus. Esse trabalho é coletivo, feito em conjunto com toda a importância da comunidade educativa, pai, família, professores, gestores, os próprios alunos e funcionários das escolas. Porque aquele educando precisa ser cercado, ambientado plenamente para poder se tornar uma pessoa adulta, bem formada e bem preparada para a vida. A educação católica é um tesouro porque é um conjunto de todas essas coisas.

cos que não têm envolvimento com a religião existe realmente nas nossas instituições. Algumas tentam se colocar melhor no mercado, mas na maior parte os princípios são prioridade para educadores e educandos. Eu penso que nós não devemos afrouxar, porque não existe educação neutra. A educação que se pretende neutra, na realidade, reduz a concepção, a sua antropologia e, assim, reduz também o ser humano. O ser humano é tudo isso, e hoje há uma redescoberta do sagrado como ponto de equilíbrio muito importante. Está claro que as religiões podem contribuir para a paz no mundo de uma maneira decisiva, então, a educação católica precisa assumir isso de maneira explícita e ofertar isso a pessoa. Porém, isso não significa impor, não é assim. É um trabalho educacional, de oferta, de diálogo e interação. A educação hoje pretende esconder, colocar de forma mais leve, enfim, amenizar. Não se deve amenizar porque isso é uma explicitação que a pessoa aceita ou não, ela é livre para poder se posicionar. O verdadeiro educador – e nós pretendemos que na educação católica tenhamos sempre, somente, educadores – é capaz de deixar que o outro exerça a sua liberdade.

O senhor acredita que os conceitos religiosos estão tendo a importância diminuída em algumas escolas que pretendem atingir o público de todas as religiões? O problema de neutralizar os conceitos da educação católica, para atingir públi-

Como o senhor define, de forma bem simples, a missão de educar? Educar é transformar a pessoa em mais pessoa. É tornar humana a pessoa humana que ela já é. É engrandecer o ser humano, isso é educar, preparar para a vida. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 15


Palestrantes

Dr. José Eduardo Azevedo Fiates Diretor de Inovação da Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras. Palestra: Qual é o papel dos parques tecnológicos na geração de emprego e nas relações de escola-empresa? O senhor pode falar um pouco sobre o conteúdo da palestra proferida durante o Congresso? Essencialmente, a ideia foi apresentar como os parques tecnológicos desempenham um papel essencial nesse empreendedorismo inovador. Chamando a atenção de que o parque tecnológico, na verdade, é a ponta de um processo que pressupõe a geração de empresas de su-

cesso, tecnologias e inovações, capacidade empreendedora na forma de pessoas qualificadas e, consequentemente, escolas qualificadas. Elas têm um papel fundamental para que exista uma massa crítica de empresas que depois possam ocupar o parque tecnológico. Na sequência, a ideia foi apresentar exemplos internacionais para mostrar que existe, de fato, uma experiência mundial bem-sucedida, em que parques tecnológicos geraram e geram resultados econômicos extremamente relevantes para os países. Fazer o contraponto com o que já existe hoje no Brasil, que é uma experiência importante no âmbito internacional do ponto de vista de empresas e projetos de parques tecnológicos bem estruturados, mas que ainda está distante do nível internacional no que diz respeito aos patamares de receita e tamanhos das empresas. Concluindo, destaca-se o papel e a importância que a educação tem, seja no ensino básico ou no superior, de preparar pessoas com espírito empreendedor, com capacidade de inovação, com base de conhecimento e atitude de comportamento empreendedor para poder fazer esse processo se desenvolver. Como estimular um aluno a ser empreendedor? Fundamentalmente você tem de trabalhar, sem dúvida, a qualificação do aluno. Uma boa base nas várias disciplinas, não só necessariamente aquelas que tratam de tecnologia, como Matemática e

16 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010

Ciências, mas também as áreas de cultura geral, relacionamento humano e a postura empreendedora do aluno. Isso envolve assumir a capacidade de tomar riscos, enfrentar desafios, ser questionador, ter ambição de coisas grandes, ousadas e audaciosas. Portanto, isso envolve tanto um treinamento, uma educação técnica, quanto uma educação mais comportamental, psicológica e de atitude dos jovens. Como o senhor avalia a iniciativa da ANEC de realizar um Congresso com esse tema? É fundamental, porque a ANEC congrega um conjunto de escolas, seja do ensino fundamental ou do superior, que representam uma massa crítica de alunos que certamente constituem um segmento fundamental para esse tipo de iniciativa no país. Eles são os novos empreendimentos inovadores, porque no ensino básico normalmente estudam em escolas de grande qualidade, portanto, com possibilidade de gerar aquele perfil alvo que nós estamos colocando. Também no âmbito universitário, escolas católicas são bem preparadas e têm condição de gerar essa massa crítica de empresas para os parques tecnológicos. É claro que é necessário, cada vez mais, haver uma ação sistêmica para que as escolas e universidades compartilhem boas práticas e experiências para desenvolver projetos, programas e capacidades bem estruturadas no sentido de promover novos empreendimentos.


Prof. Dra. Léa Fagundes

Coordenadora de pesquisa no Laboratório de Estudos Cognitivos (UFRGS) e assessora do Ministério da Educação Palestra: Virtudes humanas, inovação e empreendedorismo Comente sobre o conteúdo da sua palestra e o relacionamento com os alunos. Como tudo começou? Fundei um laboratório de estudos cognitivos há 30 anos. Trabalhei durante alguns anos no curso de Pedagogia e durante 20 anos fui professora de escola pública. Depois, fiz Pedagogia, concurso e passei a dar aula em uma universidade federal. Como tinha muita experiência, via que estava faltando conhecimento na escola. Então, fui atrás de estudar e descobri muita coisa. A resposta foi estar sempre imersa nos problemas de sala de aula. Trabalhando na periferia, o que a gente mais tem é contato com crianças que têm sofrimento social. Então resolvi criar um laboratório. Uma das questões que eu comecei a estudar foi a aprendizagem de Matemática. Surgiu a Matemática moderna, e eu notava que quanto mais novas fossem as crianças, mais gostavam dos números e continhas, mas à medida que começavam a crescer, passavam a odiar. Eu queria saber o porquê. Nós tínhamos um amigo que era piloto de avião, e ele ia muito para a França. Por isso, encomendávamos publicações sobre isso. Depois fui trabalhar no Instituto Nacional de Educação para fazer supervisão de currículo. Quando comecei a lecionar na universidade, assessorava a professora titular. Ela tinha me passado algumas aulas e comecei a estudar os currículos e programas. Vi que não tinham fundamento. Então, toda vez que você começa a questionar, concentra a atenção nos problemas e tem vontade resolvê-los, existe uma pesquisa encaminhada. Então, resolvi chamar a diretora da escola e formamos um grupo de estudo

sobre as teorias de Piaget. No começo, parecia incompreensível. Primeiro porque a abordagem é sistêmica e cria conceitos novos. Então são palavras que não existem no nosso vocabulário e, se existem, têm sentido diferente. Piaget, que era biólogo, construiu uma teoria, criou um método de concepção do conhecimento cientifico para estudar como o ser humano constrói o conhecimento. Ele começou a estudar como a inteligência se desenvolve, o que ela é e como se aprende. Estudando essas teorias, tive a oportunidade de fazer outro vestibular de Letras Clássicas, Grego, Latim e Língua Portuguesa. Até que eu fui para a faculdade de Pedagogia, quando minhas filhas estavam maiores, e consegui fazer um estudo sistêmico do condicionamento operante. Os pesquisadores tinham descoberto que os reflexos poderiam ser condicionados, assim como os de um cachorro. O ser humano é totalmente condicionável. A escola hoje está baseada nisso, porque quando queremos que um comportamento se repita, condicionamos com elogios e com estrelinha no caderno, inclusive com dinheiro ou chocolate, mas a escola condiciona só com notas, estrelas e castigos. E se o aluno é bom, ganha elogios, e isso é um condicionamento muito forte. Hoje a gente sabe que a punição não é tão eficiente quanto a ausência do elogio. Eu quase me desiludi porque queria fazer ciência na Educação. Eu não entendia porque as crianças tinham de decorar todas as operações e a tabuada mas não conseguiam resolver um problema se a ‘tia não dizia se a continha era de mais ou de menos’. Isso é condi-

cionamento. Então, a diretora me deu o aval para fazer a pesquisa na escola. Aí eu fiz mestrado e doutorado. No laboratório, estudei muito Piaget e práticas pedagógicas, e eu preparava os alunos para a Psicologia. Até hoje tenho um grupo de alunos que fez a primeira turma de Psicologia do Desenvolvimento. Com o tempo, iniciamos o mestrado e, depois, o doutorado. Eles foram acompanhando e agora são diretores de instituições e coordenadores. Isso me deixa muito feliz e orgulhosa.

Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 17


Palestrantes

Prof. Dr. Antônio Diomário Queiroz Presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa de Santa Catarina Palestra: Interacionismo social e novas tecnologias da comunicação no processo educativo contemporâneo. Qual foi o conteúdo da sua palestra? O que o senhor avalia ter passado como mensagem aos educadores? Em resumo, nós mostramos que a sociedade de hoje é uma sociedade em redes. A internet consegue integrar as pessoas do mundo todo, e dar acesso a conhecimentos que decorrem apenas das vivências. Existe o acesso aos saberes e, a partir daí, desenvolvem-se os próprios conhecimentos. Esse conhecimento está no relacionamento social, que se faz por um processo de interação que tem como base a palavra. Ela vem sempre com a conotação de natureza moral e, por conseguinte, reflete os valores morais que são a própria essência da educação católica. A educação precisa interagir de uma forma aberta em todos os níveis de formação. Começando pela educação infantil, respeitando a criatividade das crianças e ajudando a fortalecer o seu espírito crítico, a sua liberdade de criticar,

sua capacidade de conversar com pessoas de diversas culturas, para, posteriormente, construir o novo, um mundo melhor. A inovação nada mais é do que a convergência da experiência de diversas pessoas e instituições para encontrar soluções aos problemas que hoje existem no mundo. Isso demonstra que os alunos estão exigindo um pouco mais do que as instituições ofereciam até agora? Tanto os alunos quanto a sociedade. Os alunos que acessam a internet e outros meios de comunicação conhecem um conteúdo diferente do que as apostilas e materiais tradicionais às vezes oferecem.. Portanto, o professor tem de abdicar daquela postura medieval de incutir verdades e transferir conhecimentos aos alunos e respeitar a sua capacidade de aprender, gerando condições de aprendizagem e participando de uma função

importantíssima, que é a liderança desse processo interativo de aprendizagem. Para o senhor, qual é o diferencial da educação católica? O diferencial são os valores éticos e morais na formação das pessoas. Não apenas o discurso ético, que parte de crenças e valores às vezes distorcidos. Hoje eles se transformaram em uma condição imposta pelas instituições, mas no conceito moral de Deus dentro de ti, que é palavra verbo e que passou a Cristo a sua palavra viva de natureza moral. Isso nos possibilita definir com clareza o bem e o mal, e essa condição protege as pessoas das incertezas e das mudanças dos tempos. Da mesma forma, possibilitam ter clareza e oportunidade para entrar nesses processos de inovação e de desenvolvimento cientifico e tecnológico, que também caracterizam essa sociedade de conhecimento.

A inovação nada mais é do que a convergência da experiência de diversas pessoas e instituições para encontrar soluções aos problemas que hoje existem no mundo. 18 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010


Dr. Clóvis de Barros Filho Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo. docente da Universidade de São Paulo e conferencista pelo Espaço Ética. Palestra: Redes Sociais, Educação para o Empreendedorismo Global Qual é a ideia da sua palestra? Primeiro, é preciso observar que trabalhar em rede é uma forma de viver entre outros, como resultado de uma escolha e uma deliberação. Portanto, é uma questão ética por excelência, e isso não é nenhuma novidade. Os gregos estavam convencidos de que a melhor maneira de viver pressupõe entender que nós fazemos parte de um todo maior do que nós. Nossa vida depende de certo ajuste, uma adequação a esse todo que nos transcende. Esse todo é o universo, e temos um papel nele. A vida só será boa se entendermos isso. O que é mais interessante é que não só vivemos mal como também condenamos todos aqueles que dependem da nossa vida para que vivam mal também. Explico que isso é um pouco a ideia contemporânea de sustentabilidade. Em outras palavras, uma ação sustentável é adequada e ajustada a uma ordem sistêmica na qual as vidas estão interligadas e interdependentes. Essa é a primeira ideia. A segunda é que quando o homem se dá conta que o universo não é bem como os gregos achavam, ele percebe que a coisa fica um pouco na mão dele. A resposta para uma vida boa não é dada por uma instância concedente, ela não é um tesouro pronto. Mas é o resultado de uma elaboração de uma produção dele mesmo, intersubjetiva. A moral se torna contratual e resulta de um acordo, de um entendimento entre as partes, sobre até onde eu posso ir, até onde você pode ir. De novo a ideia de rede parece muito clara, quer dizer, de certa maneira para refletir sobre a melhor maneira de viver

é absolutamente fundamental considerar que os outros vivem também, portanto, existem limites nas estratégias de vida. Abordo também a questão da política de resultados e o pragmatismo. É a primeira solução que aponto e mostro o quanto esse discurso dos resultados está presente no mundo contemporâneo e de que maneira as alianças potencializam eventuais vitórias e sucessos. Digo que essa perspectiva pragmática tem problemas, então abordamos a segunda opção: o utilitarismo. A vida boa é aquela que alegra o maior número de afetados pela ação. De novo, a ideia de rede continua presente, a questão da responsabilidade social e, finalmente, o contratualismo moral, ou seja, o entendimento de que a coisa depende de um acordo. O que é fundamental para o trabalho em rede é que as pessoas tenham não só o direito, mas as condições necessárias

para se manifestar. Porque toda vez que alguém não se manifesta nesse pacto social global sobre o certo e sobre o errado, deixa um vazio perigosíssimo, sempre aproveitado por um tirano qualquer que pode, no lugar dele, dizer o que acha certo e o que acha errado. Portanto, devemos educar para participar, interagir e dizer o que pensamos, para que nossos alunos possam, devam e entendam que têm de ocupar espaço. Dizer o que pensa e participar, sob pena de aceitar que um ou outro tirano lhe empurre uma opinião goela a baixo. O educador é peça-chave nesse caso. Ele tem uma responsabilidade muito grande? Exatamente, o papel do educador é chave em toda a história. Seja lá qual for a concepção que você adotar, ele é fundamental, porque preparará o futuro agente para buscar no mundo as situações de vida mais adequadas possíveis.

Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 19


Palestrantes

Dr. Leonardo Fraiman

Escritor e psicoterapeuta, diretor da Clínica Fraiman e Parceiro da Teenager Assessoria Profissional

Palestra: O Brasil e os novos perfis profissionais O que a sua palestra mostrou sobre as novas pesquisas em educação? O mundo mudou muito. Observamos hoje uma família menos estruturada, menor e com menos tempo para interagir. Uma escola com carga maior por parte da sociedade, e até por parte do mercado de trabalho, e um aluno mais inquieto e dinâmico. Diante de tudo isso, desenvolvi junto à equipe uma metodologia chamada Orientação Profissional e Empregabilidade e Empreendedorismo (OPE). Sobretudo, a metodologia parte do autoconhecimento dos valores humanos para construir a empregabilidade e o

espírito empreendedor dos jovens. Na minha apresentação, comento qual é o papel do educador de todas as áreas do conhecimento para despertar essa vontade de agregar à vida, rompendo a ideia de que uma boa profissão é aquela que vai me dar dinheiro. Não é. Uma boa profissão é aquela que vai me dar satisfação, aquela que tem uma relação de ganhar, uma relação sustentável no tempo. É a nossa maneira de trabalhar pela sustentabilidade, de criar relações de sinergia, de parceria e de comunhão, em que o espírito empreendedor seja um dever, e não uma opção.

Acredito que uma pessoa não tem direito a um trabalho medíocre..Um professor, quando dá uma aula medíocre, automaticamente afasta o aluno do conhecimento, atrapalha sua autoestima, afasta até mesmo uma escolha profissional. Um produto que eu compro quebrado certamente está assim porque alguém não trabalhou de maneira empreendedora. Portanto, o empreendedorismo é um respeito ao outro. Não é uma opção. A gente trabalha por essa causa, de despertar no jovem uma vontade de ser empreendedor, mas que vai ser despertada através de um adulto que vai conviver com ele.

O aluno é o construtor do seu projeto de vida, não é simplesmente alguém que vai aplicar um teste e dizer o que ele tem que fazer. Ele é ensinado a pesquisar o mundo para construir um projeto de vida sustentável. 20 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010


Como isso chega hoje efetivamente em sala de aula? De duas maneiras. Hoje temos um livro para cada série, a partir do primeiro ano do ensino fundamental até o terceiro ano do ensino médio, sendo, portanto, uma possibilidade. A segunda forma seria pela capacitação do educador por meio de um portal. Toda essa capacitação de forma teórica e prática é filtrada ao final por uma avaliação de questões conceituais e latitudinais. Cada escola ministra de acordo com a sua deliberação. Existem escolas que possuem isso na grade horária, sendo uma diretriz da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em que prepara o aluno para o mercado de trabalho. Outras adotam no horário contrário como disciplina eletiva. O bom é que quem ministra a matéria é um professor de qualquer disciplina Pode ser um filósofo, um psicólogo, um historiador ou um matemático – uma vez que a disciplina é centrada em autoconhecimento. O aluno é o construtor do seu projeto de vida, não é simplesmente alguém que vai aplicar um teste e dizer o que ele tem que fazer. Ele é ensinado a pesqui-

sar o mundo para construir um projeto de vida sustentável. Qual a relação das instituições católicas, uma vez que o senhor fala muito de valores? Todo o nosso trabalho está alinhavado com os valores humanos do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), sendo os 13 grandes valores que, hoje, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) adota nas escolas associadas no mundo inteiro. Entre elas estão propostas atividades, reflexões e rodas de conversas. Hoje é interessante observar que o grande diferencial de um profissional não é a competência técnica, mas sim o berço. A gente avançou muito em tecnologia e pouco em metodologia, e muito menos ainda na humanidade. Se observarmos olho no olho, saber se sentar, sorrir, pedir as regras básicas de polidez, como ‘licença’, ‘obrigado’, ‘por favor’, entre outras noções básicas de convivência. Certamente isso faz toda a diferença. Contudo, não seria possível pensar no empreendedorismo sustentável se não fos-

se assentado em valores. Nós temos um portal com depoimentos de alunos e educadores sobre esse trabalho. Atualmente, são mais de 50 escolas que adotaram, e é emocionante, porque as pessoas dizem: “aprendi a gostar da vida, a gostar de mim, e eu quero ser engenheiro mecânico porque quero trabalhar pela sustentabilidade. Quero criar um motor que não polua”. A outra quer ser artista porque quer trazer alegria para o mundo, “Isso é o que eu sinto que está dentro de mim”, diz. Então são depoimentos que vão, inclusive, muito contra o que a mídia propaga do jovem, que é basicamente que o jovem não quer nada com nada e só consome drogas. Isso não é a realidade que vemos nas escolas que adotam o trabalho da gente. Muitas das escolas adventistas, salesianas, católicas, judaicas, enfim, que têm uma tradição religiosa honesta na sua proposta, são as que mais abraçam a causa. Elas entendem que acabam sendo um diferencial que reforça a missão de formar um ser humano do bem e, ao mesmo tempo, sentem a necessidade do jovem e da família. Acaba sendo um ganho muito interessante.

Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 21


Palestrantes

Dr. Clemente Nóbrega Presidente da CN Projetos de Inovação

Palestra: A função das instituições de ensino no desenvolvimento do empreendedorismo Quais são os principais pontos da palestra? Os pontos principais estão relacionados à ideia de empreendedorismo. O que a escola, a formação, tem a ver com essa ideia moderna e que está tão em voga? Como a educação pode contribuir para o empreendedorismo? Para isso, precisamos partir de um entendimento claro do que é ser um empreendedor. O empreendedor, na verdade, é uma figura que sempre existiu na economia, é um ente econômico. Ele só ficou bem definido a partir do trabalho de um economista austríaco chamado Yosef Schumpeter. Ele mostrou que o empreendedor não é uma entidade nem um governo. Eles são pessoas que se destacam pelo fato de terem um apetite maior para o risco do que a média dos seus contemporâneos. Mas correr risco para fazer coisas que ele acha que o mundo vai querer comprar. Então, atraído pela possibilidade de capturar os ganhos daquele risco que está correndo, se der certo, ele tem aquilo para ele. A figura do empreendedor só floresce em sociedades e regimes que garantam a propriedade privada, porque senão ele não existe. Não existe empreendedor em Cuba e na antiga União Soviética. Mas é só tirar essa restrição da paisagem e ele vai brotar. 22 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010


Hoje se fala muito que é preciso buscar o empreendedorismo, que a universidade o discute como tema ligado à inovação. A ideia que a gente defende é partir desse entendimento. Então dou muitos exemplos de figuras históricas, de outros que correram riscos acima da média, sem considerar aqueles que perderam, porque esses a gente não conhece, apesar de serem a enorme maioria. Quando dizemos: “vamos incentivar o empreendedorismo”, o que temos de fazer é definir perfeitamente que isso não é uma profissão clássica. Não é como ser um advogado ou um médico. Empreendedorismo não é profissão, é estado de espírito. Para que isso seja estimulado, é preciso explicar direito, para que as pessoas não pensem que elas podem fazer concurso para empreendedorismo. Tem método para quem quer aprender, mas isso não garante o sucesso, apenas orienta a busca. Bill Gates não precisou de um método. Aí entra a genialidade? Os que a gente vê por aí são gênios, os caras do Google, o Steve Jobs, mas para podermos massificar a ideia de inovação, precisamos de métodos, porque todo mundo pode empreender. Bill Gates contratava pessoas de empresas que entravam em falência. Isso acontecia porque essas pessoas tinham a perspectiva de passado e futuro e sabiam que a ruína poderia acontecer. Como o senhor observa essa realidade? Eu vejo que há todo tipo de explicação e de filosofia a respeito do tema que você está colocando. Outros executivos de sucesso, na segunda metade do século XX, contratavam gente simples, oriundas das forças armadas, para priorizar a lógica da disciplina, e deu certo. A filosofia do Bill Gates deu certo na Microsoft. O Google seguiu outro caminho, seleciona gente que tem certa intuição matemática. Não há uma maneira certa. Cabe ao empreendedor criar a empresa e ela vai adquirindo com o tempo os hábitos oriundos daquilo que fez sentido.

Uma das soluções hoje nas empresas é criar equipes multidisciplinares. Isso também é uma inovação? Isso é uma inovação organizacional. Tem uma lógica. Empresas inovadoras, e que criam culturas inovadoras, priorizam muito o trabalho de time, não valorizam tanto o cara genial, isso é tudo mito. Não são os grandes gênios que tocam as empresas. É a capacidade de pessoas relativamente comuns articularem coisas novas. O que eles só conseguem fazer juntos é uma propriedade de grupo, de cultura empresarial. O Congresso da ANEC reúne entidades da educação católica. Se o senhor fosse consultor dessas entidades, que conselho daria para não perder o caminho da inovação? A primeira dica que eu daria, e a mais importante delas, é: convençam-se de que inovação e empreendedorismo são coisas que têm método. Pode ser ensinado, aprendido e está ao alcance de qualquer um, não precisa ser gênio. É um caminho necessário. O dilema da sociedade é que todo mundo sabe que precisamos ter mais empreendedores. Por outro lado, não há método para formar essas pessoas. Eu escrevi um livro chamado Innovatrix, inovação para não gênios. É sobre o método que foi construído por mim e outro físico, e a gente ensina metodologia para inovar. Muitas empresas têm interesse nisso. Não é uma receita de bolo, a gente tem consultoria para adaptar esse método à realidade das empresas. Como o senhor avalia a iniciativa da ANEC em debater com escolas católicas o tema da Educação, inovação e empreendedorismo global? Eu acho fantástico, merece o nosso aplauso. Ligar a educação católica às temáticas que estão dominando o pensamento contemporâneo. Ainda falta método, as pessoas são cobradas para oferecer mais criatividade, mas não sabem como. Precisam aprender o método.

Quando dizemos: “vamos incentivar o empreendedorismo”, o que temos de fazer é definir perfeitamente que isso não é uma profissão clássica. Não é como ser um advogado ou um médico. Empreendedorismo não é profissão, é estado de espírito. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 23


Palestrantes

Prof. Dr. Tião Rocha

Presidente do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento

Palestra: Saberes necessários para a formação do cidadão: desafio da educação para uma sociedade sustentável Qual o conteúdo da sua palestra? A ideia é pensar um pouco sobre a trilogia Educação, Cultura e Desenvolvimento. Cultura enquanto os saberes, quereres e fazeres de uma comunidade, além do processo plural de aprendizagem e de desenvolvimento como geração de oportunidade. A Cultura é a matéria-prima da educação e do desenvolvimento. Então essa relação de pluraridade entre o eu e o outro cria oportunidades para as pessoas. Esse é um primeiro olhar para o trinômio. Depois contextualizo onde ela se aplica. Na família, na comunidade e na escola. Qual é a posição estratégica desses espaços geográficos, geofísicos, e como as articulações se fazem? Com isso, quero construir esse desenho, pensar que a gente deve, como educador, cultivar e desenvolver nosso olhar muito mais pelo lado cheio do copo do que pelo lado vazio. Não devemos olhar para o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para medir as carências, temos que medir as potências. Então, te-

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mos de medir o Índice de Potencial de Desenvolvimento Humano (IPDH), da capacidade de acolhimento, convivência, aprendizagem e oportunidade. Com isso, discutimos a inovação, o empreendedorismo e a construção da perspectiva de um mundo que deve estar incluída em nossa vida, os princípios da Carta da Terra, desde a escolinha. O resto é ‘causo de mineiro’. Então o aluno deve reagir muito mais ao ponto positivo, ao elogio, do que à critica. Ver a vida dessa forma é o primeiro passo. Os alunos devem aprender isso na escola? Eu falo sempre que a gente precisa construir uma pedagogia própria. Na minha experiência como educador acabei por construir algumas. A primeira é a pedagogia da roda, que tenta estabelecer um espaço generoso e acolhedor de trabalho; a outra é a pedagogia do brinquedo, em que os meninos aprendem brincando. Essa é uma pergunta que me fiz há vinte e tantos anos:

será que os meninos podem aprender tudo o que eles precisam brincando, ou será que a escola tem de ser o serviço militar obrigatório aos sete anos? A outra foi a pedagogia do sabão, porque o sabão todo mundo sabe fazer e custa muito barato, e é muito útil para a limpeza e a higiene. Então, é aproveitar os recursos que você tem a sua volta e dar a eles sentido. A outra, que eu chamo de pedagogia do abraço, traz a importância do cafuné pedagógico. Só quem fez cafuné na vida sabe o quanto é bom, então o processo de aprendizagem e de ensino pode ser um pouco disso – prazeroso e gostoso. A sala de aula, um espaço educacional qualquer, pode ser esse espaço. Ela não precisa ser necessariamente antagônica e conflitante. Mas isso é uma postura do educador diante de sua crença nessa possibilidade. Quando ele crê e olha as pessoas com esse lado luminoso, e não pelo lado obscuro, o cafuné pedagógico acontece naturalmente, não como uma coisa piegas, mas algo de construção e generosidade.


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Programação Cultural

D

urante o evento em Brasília, a ANEC ofereceu aos participantes vários momentos de descontração por meio de uma programação cultural. Entre eles, uma peça de teatro com o ator Ayrton Salvanini, que apresentou um monólogo baseado em Vinicius de Moraes. O autor falou de forma intensa e, em alguns momentos, ao som do violão, recitou trechos de poesias consagradas e músicas famosas baseadas em letras de Vinicius. Outros momentos culturais foram propiciados durante o Congresso. Entre eles estão o show do Pe. João Carlos, que cantou dezenas de canções religiosas, como “Meu Bom Deus” e “Menestrel”. O show do Pe. João Carlos revelou-se como um momento singular de reflexão, catequese e, ao mesmo tempo, descontração. O evento contou também com a apresentação do cantor e compositor Ivan Lins, que relembrou grandes sucessos. Antes do show, o artista conversou com a equipe de comunicação da ANEC. Confira a entrevista:

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IVAN LINS Qual a importância de realizar um show em um congresso de educação? Você acredita que a música também é uma fonte educacional? Primeiramente, o show é baseado nos 40 anos de carreira. Não dou preferência a nenhum trabalho novo ou antigo. Cantar para professores é sempre uma honra, porque eu sou um apologista de que a educação e a saúde são talvez as áreas mais prioritárias de um governo. Um país só pode ser considerado de primeiro mundo se tiver educação e saúde de primeiro mundo. Acho que o Brasil ainda está longe disso. Acredito que um professor é um super-herói. Consegue sobreviver com salários que são muito aquém do que eles merecem, e se nós tivéssemos gestores no nosso país com capacidade, certamente entenderiam que a educação é fundamental para que um país seja autônomo, para se criar cidadania, autoestima, acabar com a violência, com todas as mazelas enfrentadas pela sociedade moderna.

Algum educador marcou a sua vida? Os educadores marcam? Os educadores marcam. Eu tive vários, muitos educadores espetaculares. Eu estudei em colégio militar mas, antes disso, no primário, no breve período em que estudei em Niterói, tive uma professora que ensinava com o violão. Ela ensinava

métodos de se guardar a tabuada, de se aprender regras de Português, ortografia, Geografia, História, memorização, enfim, tudo com a música.

Será que surgiu dessa época o talento de Ivan Lins? Eu já era músico, desde os dois anos minha mãe dizia que eu seria. Mas o exemplo da minha professora me ensinou como a música é importante, tem de ser preservada e pode ser usada como uma ferramenta para aprimorar os métodos educacionais. Com a música você pode transformar uma aula em uma coisa extremamente prazerosa. Eu ainda acredito muito na educação do Brasil. Ainda mais agora, com a obrigatoriedade do ensino de música nas escolas – que foi aprovada através de uma luta nossa, na qual estive muito inserido –, e que pode mudar a pedagogia brasileira, para que se possa dar um avanço e utilizar a música com mais intensidade nos processos educacionais. Eu tenho visto muito a aplicação de músicas em igrejas, em cantos. A música realmente pacifica o indivíduo, faz muito bem à saúde. Deveria também ser um objeto de estudo da Medicina. Portanto, participar deste Congresso para mim é uma honra. Toda vez que canto para educadores, certamente acredito estar cantando para heróis. São os meus heróis brasileiros. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 27


Expositores

Mais de 20 empresas montaram estandes na Feira de Negócios da ANEC. Os expositores ofereceram produtos e serviços variados. Conheça aqui um pouco do trabalho desses parceiros.

Mehta containers

A empresa trabalha com módulos habitáveis para salas de aula. O interessado aluga ou adquire os módulos para colocar provisoriamente no local. No caso de uma reforma, a escola pode alocar os alunos ou a parte administrativa dentro dos módulos enquanto a reforma é executada, e depois transferir as pessoas para a obra final. De acordo com a gerente comercial da empresa, Sabrina Adorno, a parceria com a ANEC foi importante porque o produto ainda não é conhecido por todas as instituições católicas. “Conseguimos mostrar ao público de escolas o que a gente pode oferecer. Muitas vezes as pessoas não sabem que existe esse tipo de estrutura e simplesmente fazem construções temporárias para destruir depois da reforma, e isso não é ecologicamente correto. É muito melhor ter um módulo alugado e alocar os seus alunos, para depois transferir para a estrutura definitiva”.

Rede salesiana de escolas

A Rede Salesiana de Escolas é um conjunto de instituições católicas do Brasil cuja mantenedora é a Acipice Brasil. Hoje, são mais de cem escolas espalhadas de norte a sul do país, de Belém a Uruguaiana, e de Recife a Porto Velho. Há escolas no plano piloto de Brasília, como também em conglomerados e favelas do Rio de Janeiro. Por exemplo, dentro da favela “Jacarezinho”, trabalha-se com educação fundamental de meninos e meninas desde o ensino infantil até o nono ano do ensino fundamental.

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A rede trabalha com material pedagógico próprio desde 2004, porém, ainda não é comercializado nas livrarias. Foi feito apenas para as escolas da rede, mas algumas conveniadas, que não são Salesianas, também recebem o material. Escolas que pertencem a outras congregações, dioceses ou instituições particulares, como é o caso do Colégio Cavalieri, em Belo Horizonte, e do Colégio Maria Cardoso, no interior da Bahia. São 100% leigos, mas compraram a proposta. Mais do que vender o livro ou fazer o convênio, a ideia é promover uma proposta de educação. O projeto é estruturado nas diretrizes curriculares nacionais, dentro dos parâmetros e das tendências modernas da pedagogia. De acordo com o gestor do polo de Belo Horizonte, Ailton Moreira, a coleção tem livros para o público infantil, de três anos de idade, até o jovem do terceiro ano do ensino médio, e para todas as disciplinas. Segundo ele, a parceria com a ANEC é um sucesso. “É claro que os benefícios começam a aparecer à medida que a ANEC se propõe a dar esse suporte em vários setores, como a construção do Portal da Educação Católica Nacional. Esse seria sem dúvida um suporte muito grande, é pesado para nossas escolas terem sites e portais menores. Esse megaportal uniria todas as escolas católicas do Brasil, desde o infantil até a pós-graduação. A ANEC está conosco também na avaliação institucional. No ano passado foi feita essa primeira jornada de avaliação, levantando não só a questão do desempenho acadêmico, mas avaliando também como a escola é vista, a questão da aceitação ou não. Como os diversos atores da escola se enxergam, como o professor enxerga a direção, a direção o professor, o professor o aluno, a família e escola, enfim, todos esses dados são cruzados”.

Educandus

A Educandus é uma empresa que nasceu em Recife há 20 anos e trabalha com software educacional, conteúdo multimídia e portais educacionais. Atende as escolas públicas e privadas, redes de ensino e cursos livres. Possui conteúdo multimídia em toda a educação básica, atua em todo o país e tem cinco polos em vários Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco e Ceará. Hoje, são 130 funcionários atuando nesses cinco polos que atendem diretamente cerca de 400 mil alunos no Brasil. O diretor de projetos da empresa, Leonardo Mateu, fala sobre os benefícios da parceria com a ANEC. “Em primeiro lugar é uma grande parceria, pois se realiza com todas as redes católicas. Além da visibilidade, pela referência que as escolas católicas têm, é também para a empresa uma projeção, um crescimento considerável na área privada. Esse é um megaprojeto e um crescimento considerável. É visibilidade, uma parceria com uma grande rede, uma rede de excelência na qualidade de ensino, sendo extremamente importante”.

“É claro que os benefícios começam a aparecer à medida que a ANEC se propõe a dar esse suporte em vários setores, como a construção do Portal da Educação Católica Nacional. Esse seria sem dúvida um suporte muito grande, é pesado para nossas escolas terem sites e portais menores. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 29


GPN Print Center

A GPN é uma empresa que nasceu dentro da Universidade Católica de Brasília com o objetivo de criar um sistema que possibilita a reprodução de material indicado pelos professores. Normalmente são trechos de livros de terceiros, que até então eram reproduzidos nas universidades de forma ilegal, ou sem controle, o que caracteriza a violação de direito autoral. A proposta, desde 2005, foi desenvolver um sistema que pudesse regulamentar essa questão para organizar esses materiais apontados por eles e considerar a gestão do direito autoral. Esse projeto foi ganhando força dentro da Universidade Católica. A iniciativa foi levada ao Ministério da Cultura, que conheceu a solução e, mais tarde, foi apresentada à ANEC. A parceria com a associação foi um caminho para divulgar essa solução de gestão de direito autoral. O responsável pela empresa, Guilherme Camargo, conta como a parceria aconteceu. “Surgiu a oportunidade de participar do Congresso. É a nossa primeira exposição pública, tanto da empresa quanto da nossa parceria, que ainda está sendo moldada. O que a gente entende é que a GPN tem uma solução importante para a sociedade, principalmente para o universo acadêmico, do ponto de vista de acesso ao conhecimento, de forma justa e organizada, remunerando o autor, para que ele possa continuar a produzir. A ANEC, por outro lado tem uma representatividade muito forte. E a coisa funcionou muito bem. O Ministério da Cultura propõe uma consulta pública de modernização da Lei do Direito Autoral. Nossa lei é muito falha, não define bem o que pode e o que não pode. Assim, deixa toda a discussão com as editoras, que dizem de um lado o que não pode, e por outro lado os universitários se defendendo do que pode passar a ser uma discussão muito pobre. A proposta é simples: é a tarifa30 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010

ção para cada página reproduzida e o pagamento sobre o direito autoral para o detentor, seja a editora ou o autor. A parceria com a ANEC foi fundamental, ganhou um peso político muito grande, e ficamos satisfeitos com essa parceria”.

Escola de Inteligência

A Escola de Inteligência é uma empresa que visa à educação da emoção dentro da sala de aula, entre professores e pais de alunos. A proposta é fazer parceiras na educação para a promoção da saúde emocional, o desenvolvimento do caráter e das relações interpessoais. A diretora da escola, Camila Cury, fala sobre as vantagens da parceria com a ANEC. “Tem sido muito gratificante para nós, pois a ANEC é uma associação realmente preocupada com os valores. Os colégios católicos têm essa preocupação na formação do ser humano, que precisa caminhar junto com a informação. A informação são sementes, a formação do ser humano é a terra, e se você não prepara a terra, não importa quão frutífera seja a semente, ela não irá germinar. Nós propomos às instituições de ensino uma formação para que possamos colher boas sementes no mundo, que infelizmente adoece rápida e coletivamente”.

Gvdasa Sistemas

A empresa oferece um sistema de Relações Públicas Educacional (RP), que é um produto para atender as instituições de ensino. A ANEC fez uma parceria com a GVDASA para credenciar e oferecer o produto para as instituições associadas. Para a diretora da empresa, o benefício principal é a visibilidade. “Nós somos uma empresa que veio do sul do país, agora estamos sendo vistos pelo Brasil todo. Com essa parceria aumentamos nossos relacionamentos e, consequentemente, estamos conseguindo captar mais clientes. O objetivo da ANEC é


fazer com que as instituições tenham uma profissionalização da gestão. A GVDASA vem ajudar com isso, porque o RP é um sistema que faz com que as instituições fiquem mais automatizadas em seus processos de gestão”.

Sindicato dos Professores de Escolas Particulares (SIMPROEP)

O Sindicato dos Professores de Escolas Particulares também foi um dos expositores na Feira de Negócios da ANEC durante o Congresso Nacional de Educação Católica. Nesse caso, a meta da parceria foi tirar dúvidas dos professores sobre pontos específicos como a convenção, o sistema de trabalho, como fazer a filiação ao sindicato e adquirir os benefícios que ele oferece, como rede de planos de saúde, odontológicos, de clubes e associações. Para a responsável pelo sindicato, Viviane Davi, o próprio Congresso trabalha com professores, o público-alvo do sindicato. “Com o estande, ficamos à disposição dos que precisavam esclarecer dúvidas. O resultado é que algum profissional de educação que não pode ir ao nosso sindicato por questão de tempo pôde conversar aqui mesmo e conhecer melhor o que é o SIMPROEP.

Avalia Assessoria Educacional

A parceria entre a Avalia e a ANEC começou na intenção da associação de oferecer um produto diferenciado aos seus associados, quando se trata de avaliação educacional e institucional. Assim, foi criado o Sistema de Avaliação Educacional ANEC.

Foi realizada uma vasta pesquisa de mercado, no Brasil e na América do Sul, antes de escolher o sistema. Com a parceria, a associação oferece um produto diferenciado no mercado. A avaliação, algo inédito, é um questionário de atitudes e valores que os alunos respondem. O professor Luiz Magalhães Filho, gerente de Operações e Marketing da empresa, fala sobre a parceria. “A Avalia ganha porque a educação católica no Brasil tem um espectro muito grande de escolas. A gente acaba ganhando em escala, em quantidade de respostas aos instrumentos de avaliação. A parceria foi bastante benéfica para os dois lados, uma vez que os associados têm um produto diferenciado. A empresa atendeu uma associação de renome no mercado, que representa uma fatia muito grande”.

Grupo Factus

O grupo Factus é uma organização genuinamente brasiliense com 17 anos de fundação. O principal produto é um programa de recuperação de créditos, aliado com um processo chamado matrícula digital. Esses produtos permitem aos estabelecimentos de ensino melhorar a sua eficiência na gestão dos recebíveis, ou seja, das mensalidades escolares não pagas pelos responsáveis financeiros. De acordo com o diretor presidente da empresa, José Geraldo Pimentel, a parceria é de extrema valia, uma vez que a ANEC certamente está provendo seus associados com soluções que possam contribuir para um engrandecimento do profissionalismo dessas instituições de ensino. “A montagem do estande é um compromisso de fazer com que todos os estabelecimentos de ensino possam direta ou indiretamente usufruir toda uma orientação por meio de uma consultoria prestada por nós . Então, esse é o objetivo da nossa participação, além de prestigiar todas as pessoas que aqui estão e a direção da ANEC”. Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 31


Público

O perfil dos participantes do Com base em uma pesquisa de opinião realizada com congresso os participantes inscritos no Congresso Nacional de

Educação Católica, a equipe de comunicação da ANEC produziu uma série de reportagens sobre vários temas abordados. O primeiro foi a avaliação geral do encontro.

Um Congresso para ficar na história da Educação Católica do Brasil

Especialistas superam os graduados no Congresso da ANEC.

Um grande sucesso é o que assinala os números da avaliação do Congresso Nacional de Educação Católica, promovido pela ANEC. Para 58% dos participantes, o Congresso foi excelente, e 35% deles avaliaram o desempenho do evento como bom. Dos 2,5 mil inscritos, 81% consideram ótimo o material informativo recebido durante o Congresso e 78% elogiaram o atendimento prestado pelas equipes de serviço. A performance dos palestrantes foi outro quesito que mereceu destaque da grande maioria dos participantes, que atribuíram a nota máxima em 76% dos casos. Na avaliação geral do Congresso, 58% dos opinantes indicaram o evento como extremamente válido e 30% como muito bom. O Congresso correspondeu às expectativas de 85% dos entrevistados. A meta é realizar um novo congresso em 2012.

O primeiro Congresso Nacional de Educação Católica da ANEC revelou que mais da metade (52%) dos seus participantes concluíram curso de especialização. Esse número, de fato, representa uma quantidade significativa de 1.300 educadores especialistas de diversas regiões do país, que ministram disciplinas nas instituições católicas de ensino básico, médio e superior. O quadro dos participantes do Congresso da ANEC mostrou, ainda, que 325 inscritos são mestres e mais de 50 são doutores. Bacharelados e licenciados representaram 33% dos participantes, o que equivale a 825 educadores. Esses números representam uma boa notícia, pois uma das grandes preocupações da ANEC é fomentar que as escolas, faculdades e universidades católicas ofereçam um ensino de excelência com profissionais capacitados para o exercício de suas funções.

Pagar bons salários é uma forma inteligente de se investir na Instituição Uma recente pesquisa da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) mostra que os professores brasileiros do ensino básico da rede pública são os mais insatisfeitos com seus salários. O relatório ainda aponta que 83% deles acreditam que deveriam ser mais bem remunerados. Durante a realização do Congresso, a ANEC quis ouvir os educadores do nível básico, médio e universitário sobre o índice de satisfação com seus salários e o resultado mostrou uma realidade bastante diversa do relatório elaborado pela Unesco. Segundo nosso estudo, os professores totalmente insatisfeitos com seus rendimentos mensais equivalem somente a 4% do total. Os que se consideram apenas insatisfeitos somam 18%. Apenas esse resultado já seria suficiente para mostrar que as instituições de ensino privadas oferecem melhores condições financeiras para o exercício de atividades de seus professores. O índice de 31% foi atingido por aqueles que consideram que seus salários são razoáveis, isto é, de 34 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010

acordo com o que podem oferecer à instituição e aos alunos, sentem-se remunerados de maneira justa. No topo da pesquisa encontramos aqueles que recebem bons salários (32%) e excelentes salários (15%). Assim, podemos afirmar que 47% dos educadores das instituições católicas de ensino se sentem bem remunerados. É elogiável a iniciativa de diversas instituições em aplicar mais recursos para aumentar o nível de satisfação salarial de seu corpo docente. Atitudes como essa denotam um estágio elevado de consciência dos gestores escolares, que entendem que essa forma de agir atinge resultados de alto valor qualitativo. Profissionais mais bem remunerados têm melhores condições de aprimorar os seus currículos e serem, consequentemente, bons formadores para os educandos. E, é obvio que, na arte de administrar torna-se mais fácil cobrar resultados daqueles profissionais mais bem pagos, pois estes sentem-se obrigados a corresponder com os propósitos da instituição.


Região Centro-Oeste lidera participação no Congresso

Abrindo caminhos para uma educação de excelência

O primeiro Congresso Nacional de Educação Católica promovido pela ANEC contou com a participação de representantes de suas associadas de todos os cantos do país. A região Centro-oeste se destacou das demais ao representar 31% dos inscritos. Foram 225 pessoas provenientes do Estado de Goiás e 550 do Distrito Federal. A região Sudeste ficou logo atrás, com 23% dos participantes. Os paulistas e mineiros contribuíram com o mesmo número de inscritos: 200 cada um. A participação dos cariocas foi de 125 educadores. Os representantes da região Sul e do Nordeste corresponderam a 19% e 17%, respectivamente, enquanto a região Norte do Brasil superou as expectativas ao inscrever 250 educadores para o Congresso. Outra boa surpresa constatada no evento da ANEC foi a expressiva participação de educadores do Estado do Piauí, que marcaram presença com 200 inscritos, representando 8% do total de inscrições, igualando-se aos

A indisciplina é, sem dúvida, um dos principais percalços aos quais os educadores estão sujeitos no exercício de suas atividades. Uma pesquisa realizada pelo Ibope em 2007 apontou que 69% de 500 professores entrevistados em todo o país indicavam a falta de atenção e a indisciplina como as realidades mais sofríveis dentro das salas de aulas. As causas desse fenômeno são diversas. Podem provir do ambiente familiar, social, da falta de preparação dos educadores, da metodologia do ensino ou da própria escola. Mapear a fonte dos problemas é fundamental para se estabelecer o caminho para superá-los. Ainda que não seja um propósito fácil de atingir, a experiência de várias instituições de ensino serve como estímulo e, por que não, de modelo para as demais. Atingir uma média de comportamento em sala de aula, com conceitos que variam entre 52% considerados bom e 21% como excelente, não é apenas uma meta possível, mas uma realidade constatada em uma pesquisa promovida pela ANEC durante o Congresso. Foram ouvidos 250 educadores do ensino básico, médio e universitário entre os 2.500 participantes do Congresso. Outros números da pesquisa sobre o comportamento dos alunos durante o processo de aprendizagem mostraram que o comportamento razoável equivale a 22%, o ruim, a 4%, e o péssimo a apenas 1%. Um dos itens da pesquisa propõe a seguinte pergunta: como são avaliados os projetos de transmissão de valores e atitudes incutidos nas propostas pedagógicas das instituições católicas de ensino? Dentre os educadores entrevistados, 81% consideram que esse diferencial oferecido pelos colégios católicos é extremamente válido e eficaz; 43% consideram excelente, e 38% acham que o diferencial é bom. Apenas 4% dos entrevistados acreditam que a proposta é ruim ou péssima e que não contribui para promover a disciplina em sala de aula. Para finalizar essa temática, a ANEC apresentou mais uma questão: qual seria a validade desses conceitos recebidos para o processo formativo dos educandos? O resultado desse questionamento mostra que 54% dos entrevistados consideram excelente o resultado, e 28% creem que é efetivamente bom. Os números revelam a performance eficiente das instituições católicas de ensino, pois os entrevistados são educadores envolvidos diretamente no processo educativo de seus alunos em sala de aula.

grandes centros do país, como São Paulo, Minas Gerais e Paraná.

Católicos, claro que sim! Entre as pesquisas realizadas com os participantes do primeiro evento, foi realizada uma avaliação sobre o índice de comprometimento com a Igreja Católica dos profissionais e educadores de nossas associadas. O intuito da pesquisa não foi promover uma reflexão que sugerisse qualquer tipo de discriminação. Apenas nos pareceu interessante averiguar o nível de envolvimento dos funcionários com a missão diferenciada de nossas instituições. Sabemos que se exige uma boa atuação dos educadores que trabalham em instituições católicas para se formar bons alunos. Por isso, nosso objeto foi verificar os percentuais de envolvidos na mesma fé, que é a vitalidade do projeto educacional das escolas católicas. Essas escolas desenvolvem o papel de educar segundo as exigências estabelecidas. Entretanto, há um elemento que lhes dá uma identidade singular não somente na forma com que aplicam os conteúdos programáticos, mas principalmente no modo de ser e agir, no cumprimento de uma missão que é seu elemento central, isto é, a experiência cristã. A realidade nos indica que não basta ter profissionais que cumpram somente as regras de conduta, que trabalhem por mera obrigação, mas que se sintam integrantes de um corpo cuja tarefa é a promoção humana integral dos educandos. Eis uma premissa simples de se entender: “se creio naquilo que a instituição acredita e me esforço por fazer o que a instituição faz, ofereço o melhor de mim e compartilho não só do desafio, mas também do benefício dos resultados de tal empreendimento”. A pesquisa revelou que apenas 4% dos educadores de instituições católicas não frequentam cultos e liturgias semanais. Outros 7% afirmaram ter participação fraca nos eventos promovidos pela Igreja; Uma participação razoável foi a resposta de 18% dos entrevistados. Os resultados posteriores indicam como as nossas instituições de ensino se esforçam para terem profissionais dedicados com a missão cristã. Cerca de 30% dos entrevistados consideram ter uma boa participação em comunidades católicas e 41% afirmam ter uma vida religiosa excelente. É óbvio que não se pode afirmar que um educador católico tenha supremacia profissional sobre os demais. A escolha de funcionários comprometidos com a fé cristã pelas escolas católicas se justifica pela defesa de princípios fundamentais e pela aplicação mais intensa de esforços comuns visando os melhores resultados possíveis.

Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 35


Conversa com mantenedoras

N

esta edição da Revista Informativa, o tema da editoria Conversa com Mantenedoras é a formação do senso crítico dos alunos. O intuito é saber o que as nossas escolas estão fazendo para investir nesse importante momento da vida de uma criança – a construção do caráter. A educação vai determinar como as crianças de hoje irão tratar e conduzir a sociedade amanhã. Conceitos como ética, respeito e moralidade são lições essenciais que, se não forem aprendidos desde cedo, podem fazer falta no futuro. É como na hora de votar e decidir quem merece a nossa confiança. Em ano eleitoral, nos perguntamos se a formação do senso crítico dos alunos de hoje vai ser suficiente para mudar a sociedade de amanhã. Veja a seguir uma série de entrevistas com participantes do Congresso Nacional de Educação Católica sobre ações simples e que podem influenciar o futuro do nosso país.

42 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010


Ir. Terezinha de Stoski Servas de Maria Imaculada – Curitiba PR

Qual é a dinâmica do colégio da para levar as crianças a uma reflexão profunda que envolve e cria um senso crítico sobre a vida? Nós já estamos há quase 100 anos aqui no Brasil. Nossa fundação foi na Ucrânia, e a nossa missão e filosofia é o legado deixado pelos nossos fundadores. Eles falam que onde há um coração humano, há a necessidade de se educar. Apoiadas nesse legado é que desenvolvemos nossa missão e o nosso trabalho educativo. Como a senhora avalia a realidade das crianças e o papel das famílias? Hoje mais do que nunca o papel da escola é triplicado. Porque muitas vezes as fa-

Ir. Lucia Scarlose Colégio Sagrada Família de Campo Largo – Congregação das Irmãs Sagrada Família

Como a escola desenvolve o trabalho de levar as crianças no caminho da formação de um senso crítico na realidade que as rodeia? Desenvolver o senso crítico não é tão fácil assim. O que nós normalmente fazemos é estimular uma reflexão sobre os fatos da vida e da sociedade. Uma das ações que têm ajudado nesse desenvolvimento do senso crítico são também as aulas de Ensino Religioso e Filosofia. E é difícil conduzir os pais nessa preocupação de que eles devem filtrar aquilo que os filhos aprendem? Eu acredito que sim. Para nós, pelo menos, é muito difícil. Os pais não

mílias deixam para a escola resolver, formar e educar. Tanto que, antigamente, a criança já vinha da família com isso, e hoje a escola tem de desenvolver todos esses papéis. Como conduzir os pais no caminho da consciência de que eles são os primeiros educadores? É os mantendo presentes na escola. Aproveitando o momento, quero parabenizar a ANEC pelos palestrantes, pelo conteúdo e pelos debates que foram conduzidos para os educadores. Tenho certeza que focaram muito a educação, mas também a fé e a formação católica.

conseguem perceber essa necessidade porque acham que os filhos já têm capacidade de escolher. É claro que as crianças fazem as escolhas delas, mas os pais muitas vezes se omitem porque não percebem essa necessidade. Como a senhora acha que esse Congresso pode ajudar? Eu acho que, em primeiro lugar, para abrir as nossas mentes. Para mim especificamente como gestora, já percebi várias saídas e opções que podem ser um pouco diferentes do que estava sendo feito até agora.

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Maria Rosa Pastuch Congregação das Servas de Maria Imaculada – Prudentópolis, Paraná

Irmã Rosangela de Melo Campanharo Servas de Maria Imaculada – Educandário Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo

Como a instituição tem se preocupado em elevar o senso crítico dos alunos? Com certeza é um trabalho amplo, mas que sempre está permeado dentro do dia a dia das disciplinas, dos conteúdos trabalhados. Eles já estão pré-planejados nesse sentido. Mas principalmente através da Filosofia e do Ensino Religioso, que despertam e levam o adolescente e o jovem a refletir sobre a sua vida e os seus valores, enfim, tudo que norteia o universo deles, dentro e fora da escola.

Como um Congresso como esse pode ajudar? Um debate como esse é muito enriquecedor. Ele fortalece tudo aquilo que você vem buscando, lendo, que norteia no dia a dia, e com certeza de outros encontros e congressos, pessoas de alto porte, digamos assim, que já fazem parte e contribuem para a formação dos educadores na nossa instituição. Nos abastecemos e enriquecemos com todas as informações transmitidas nesse congresso maravilhoso.

Como a escola tem desenvolvido o trabalho para a formação do senso crítico das crianças? De certa forma, a escola apoia as crianças para que elas tenham uma leitura de mundo através de debates, leituras, escolhas de livros didáticos pertinentes a uma linha filosófica. A nossa escola de um modo geral tem como lema: educando o coração do aluno, educando para a comunidade. Então, através de reflexões, participação em projetos sociais, pastoral escolar, passeios, entre outros, os professores apresentam várias situações nas quais os alunos podem se inserir na sociedade em que ele está e começar a refletir.

par. Não gostam quando a escola de certa forma determina o público, só mães ou pais. Eles querem que todos da família estejam integrados na escola, pois ela trabalha bastante com projetos, e quando finaliza algum deles chama os pais, a família, para participar da finalização.,Feiras culturais, dia das mães e dos pais, missas. Como escola católica, a gente prima muito por isso, então sempre antes do dia dos pais, antes do dia das mães, fim de ano ou início de ano, fazemos alguns momentos religiosos na escola. Isso tem ajudado muito na participação de todo mundo.

E os pais? Qual a motivação que a escola dá para que eles saibam que são os primeiros educadores? Os pais estão muito participativos, todas as iniciativas da escola são muito bem recebidas e acolhidas. Eles participam de reuniões e toda vez que tem um evento na escola eles têm vontade de partici-

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Como um Congresso como esse pode ajudar no trabalho da escola? Eu acredito que pode ajudar muito. Vejo o nível da escolha dos palestrantes. A gente pode fazer uma leitura muito ampla de tudo isso, acredito que foram escolhidos a dedo, sendo um evento desse porte e sabendo que aqui estariam pessoas de escolas católicas , que vêm em busca de uma qualidade melhor para a sua escola.


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Repercussão do Congresso

D

urante o Congresso, vários convidados ilustres foram entrevistados para comentar a iniciativa e avaliar o encontro realizado pela ANEC. Entre eles, o senador Cristovam Buarque e o reitor da Universidade Católica de Brasília. A intenção foi medir o grau de aprovação do evento pelo olhar de pessoas de fora que não tivessem participado da organização do encontro ou não estivessem inscritos. Por fim, encerramos esta edição da Revista Informativa com uma entrevista com o Pe. José Marinoni, presidente da ANEC, que fez uma avaliação geral do Congresso.

46 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010


Cristovam Buarque (PDT-DF) Como o senhor avalia o tema do Congresso da ANEC? O tema é muito oportuno – Educação, Inovação e Empreendedorismo Global –, e que se descubra como colocar isso na educação, mas não só na educação superior. Eu temo muito que a área tenda a sequestrar a inovação e o empreendedorismo, quando na verdade a inovação é da ciência e da tecnologia, e devem começar na educação de base. É muito difícil ter um grande cientista que após os quinze anos não demonstrava vocação para a ciência, não aprendia Matemática, não lia textos de Ciência. Mas no geral a gente é o que foi até os quinze anos. A partir daí, podemos melhorar uma coisa ou outra, mas o grande salto é até essa idade. O grande jogador de xadrez, o grande pianista, o grande pintor, o grande jogador de futebol, o grande cientista e o grande empreendedor estão ali arraigados já na educação de base. Falta então voltar um pouco mais o olhar para a educação de base? Falta voltar o olhar para os pequenos, que a gente tende a ignorar. Você vê, todo mundo fala em universidade, melhorar a universidade, cota para a universidade. Ninguém fala em cota para a educação de base. E falta olhar para as mudanças que o conteúdo da educação de base exige. Não se pode continuar dando a um aluno de educação de base o que aprendia a minha geração. O processo de mudança da sociedade é mui-

to rápido. Deveríamos colocar também empreendedorismo, Ciência e Matemática desde o começo. Qual é a sua opinião sobre a educação pública e a privada? A primeira coisa é romper o preconceito de que público significa estatal e que particular significa privado. Uma educação pública tem uma repercussão do interesse público e é acessível a todos. Uma escola pode pertencer a uma pessoa, ter um dono e ser pública em duas condições: primeiro, ela deve ter repercussão de interesse público, qualidade e ensinar coisas que sejam de interesse da sociedade. Segundo, deve ser acessível a todos porque alguém paga para que todos estudem. Assim, ela se torna pública.

E uma escola estatal que não tem qualidade não é pública, e se até tem qualidade, mas não oferece conteúdo de interesse público, ela não é publica. Porque é fundamental separar público de estatal. Uma escola não seria pública se você começasse a ensinar preconceitos raciais ou machismo, preconceito de gênero ou ensinar a desenvolver bombas atômicas. Isso não é de interesse público. Uma das saídas seria o governo comprar vagas em escolas particulares. Eu tenho um projeto que tramita hoje no senado e que se chama Programa do Ensino Básico (Proesb). É um Prouni da educação de base em que não existe escola pública, e existe escola particular de qualidade para que o aluno estude.

Cristovam Buarque (meio) fala da importância da educação de base

Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 47


Pe. José Romualdo de Gasperi reitor da UCB Como o senhor avalia a iniciativa da ANEC de promover um Congresso Nacional de Educação Católica no ano de aniversário de 50 anos da capital federal? É evidente que quando se faz um Congresso, se congrega, e reúnem-se os educadores de todo o país. Então, no Congresso, os educadores de norte a sul, leste a oeste do Brasil ouviram uma linguagem comum, única, que pode se repetir em todos os lugares. E me parece que o Congresso tinha essa qualidade, de reunir todos os educadores, além de elevar a autoestima da educação católica já que, às vezes, não se acredita muito nela. Durante o evento, fizemos uma pesquisa de opinião sobre o perfil do educador católico justamente sobre essa questão da autoestima. Como o senhor, que comanda uma instituição de ensino de renome, avalia as respostas de seus educadores? O ambiente de convivência das católicas é o que mais atrai os educadores, falando a partir da minha universidade, e acho que isso se repete em todos os cantos. Em segundo lugar, é a perspectiva que eles têm de estar em uma instituição séria, que tem propósitos sérios e que quer levar a coisa à frente com muita seriedade também. Ao mesmo tempo, eles percebem que têm um projeto de vida a realizar ali dentro, e que a grande maioria recebe bem. Eles são bem remunerados, até

48 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010

em um nível maior, mas têm muito do aspecto da gratuidade, que os faz permanecer lá dentro. Então o senhor avalia que a questão dos valores atrai os alunos e professores? Com certeza, isso faz com que eles se sintam muito bem. Tenho depoimentos de pessoas que saíram para outras instituições, até públicas, e dizem: “sinto que perdi tudo que eu tinha, não tem esperança, não tem perspectiva nenhuma por aí afora”. Ou seja, o ambiente em uma comunidade educativa que vai se formando dentro de uma instituição católica é um valor que não pode ser perdido de qualquer forma. Acho que isso vai sendo construído para o bem da pessoa, da instituição e da sociedade. Como o senhor avalia a iniciativa da ANEC de realizar esse Congresso? Felicíssima! A ANEC, como eu disse no começo, está trazendo educadores de todo o país. Esses que têm na mão a mística e que têm todos os valores da instituição católica, para serem permeados por todos os cantos. Felicíssima porque, dessa forma, a ANEC congrega, faz conviver e, ao mesmo tempo, convive, eleva a autoestima de todo mundo. Com certeza isso planta esperança para o país. Estamos semeando a esperança da perspectiva da educação católica.


Dom Dimas Lara Secretário-geral da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) Em nome da CNBB, como o senhor avalia esse Congresso? A CNBB vê com grande esperança. A própria construção da ANEC, reunindo as antigas entidades, teve um significado muito grande no sentido de fortalecer a educação católica no Brasil. Em vez de nos apresentarmos divididos entre mantenedoras, ensino superior e básico, agora temos uma única instituição de educação católica, e cada vez mais à luz, inclusive da Conferência de Aparecida, e mais ainda à luz dos documentos da Congregação para Educação Católica e do próprio Papa. Aliás, tanto para João Paulo II quanto para Bento XVI é muito importante que a escola católica volte às suas origens, e veja sua própria identidade e missão. Nada melhor do que estarmos juntos para darmos passos nessa partilha de experiências e definição de metas e objetivos. Na atual gestão da CNBB começaram a ser promovidos cursos de gestão. O tema do Congresso consolida projetos da CNBB e da ANEC? Os cursos de gestão eclesial que a CNBB tem promovido, inclusive com a participação da ANEC, são uma atividade mais pontual, mais concreta,. Ou seja, dar aos gestores de bens eclesiásticos, ecônomos, administradores diocesanos, paroquiais, gestores de escolas e hospitais, enfim, de todas as organizações da igreja, instrumentos básicos da legislação trabalhista, da questão da filantropia – inclusive agora saiu a regulamentação a esse respeito. Então, a ideia é profissionalizar cada vez mais esses gestores.

Agora, o empreendedorismo social global é, sim, parte das estratégias não só da CNBB, mas da sociedade como um todo. A CNBB vê como um sinal dos tempos e que cada vez mais se valorize o voluntariado no mundo globalizado. Nós também, como cristãos, devemos ter a iniciativa para uma ação social e transformadora e, aí, tudo o que pudermos aprender uns com os outros é bem-vindo. O senhor poderia dar uma palavra final sobre o que incentivou a caminhada de formação de jovens e adultos na academia É interessante como, ao longo dos séculos, a igreja desempenhou um papel fundamental na educação. Lembro da primeira vez que fomos ao Ministério da Educação e fizemos questão de dizer que representávamos mais de 1,2 mil escolas, 80 instituições de ensino superior e 500 anos de presença na educação do Brasil. Hoje, sabemos que a educação passa por uma crise muito grave e, nesse sentido, de vez em quando vemos camisetas que brincam, mas que expressam uma realidade muito séria. Como aquela: “Hei de vencer Deus, mesmo sendo professor”, ou seja, nem sempre o professor é valorizado como merece por causa do seu papel fundamental na sociedade. De fato, acho que o Brasil vai dar um salto de qualidade efetivo no dia em que passar a acreditar na educação. Nós somos formadores para valores e para a vida, e nada é comparado a essa missão, que é um verdadeiro sacerdócio.

Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 49


Pe. José Marinoni Presidente da ANEC

Não só como presidente, mas também como participante, o senhor gostou do conteúdo que foi apresentado? Sim, porque era um conteúdo muito atual e desafiador. Um conteúdo que muda os parâmetros do nosso fazer educativo. No mundo globalizado, não podemos mais permanecer com as nossas convicções de que tudo aquilo que fizemos é ótimo e não precisa ser mudado. Nós precisamos de uma nova cultura que exige um intercâmbio de mentalidades, atitudes e fazer educativo.

Pe. José Marinone durante lançamento do livro Parceiros Educadores

No mundo globalizado, não podemos mais permanecer com as nossas convicções de que tudo aquilo que fizemos é ótimo e não precisa ser mudado. 50 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010

Qual é o balanço que o senhor faz do Congresso? Superou as expectativas? Superou sim. No começo, estávamos com receio por ser a primeira grande iniciativa da nova associação, mas graças a Deus, ao empenho e ao compromisso da organização, o Congresso superou as expectativas. Isso pode ser constatado não só por nós ou por aqueles que organizaram, mas também pelos participantes, pela satisfação, pelo prazer dos envolvidos que permaneceram na plateia ouvindo e interagindo com os palestrantes. Creio que, pelos assuntos que foram tratados, esse Congresso vai marcar a vida de muitos educadores e educadoras.

Já dá para dizer que esse foi o primeiro de muitos congressos da ANEC? Sim, é claro, a ANEC não pode parar. Se a educação católica desse país está presente desde os primórdios, continuará marcando a história educacional e a formação de pessoas que vão se transformar em agentes transformadores da sociedade para melhor. A gente vai estabelecer a periodicidade da realização do Congresso. O assunto vai ser debatido com a diretoria e o conselho superior, pois não é viável fazer todo ano. Mas a ANEC assume a responsabilidade de realizar um Congresso como esse a cada dois ou três anos.


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Reflexão Lana Canepa, jornalista da ANEC Lana Canepa

Q

uando um grande desafio é superado descobrimos a real proporção das capacidades humanas e o peso do trabalho em equipe. Sem a superação o homem não capaz de conhecer exatamente os seus limites. Mesmo quando sentimos que não seria possível enfrentar todas as dificuldades, principalmente quando foi considerada a possibilidade de desmarcar o Congresso, a equipe ficou mais forte. Todas as coordenações se envolveram no processo e valeu a pena o esforço. O Congresso foi um sucesso, os números da pesquisa de opinião dos participantes mostram isso. Esta edição da Revista Informativa é uma homenagem ao trabalho de todos. Uma forma de eternizar a importância do evento para a consolidação da ANEC e para a superação dos limites de toda a equipe. Com esse trabalho ficou claro que podemos fazer mais, e melhor. Parabéns a todos!

52 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010


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