Sincovelpa 25 Anos

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REVISTA OFICIAL DO SINDICATO DOS CONDUTORES DE VEÍCULOS E TRABALHADORES EM TRANSPORTES RODOVIÁRIOS, URBANOS E DE PASSAGEIROS DE LENÇÓIS PAULISTA

Anos

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EDIÇÃO HISTÓRICO-COMEMORATIVA 1989 - 2014


OPINIÃO

A palavra do presidente

Uma expectativa e uma perspectiva Sempre fui um homem que enfrenta desafios, sempre contagiado por emoções fortes, falante e debatedor de assuntos. E me orgulho em dizer que sou um homem de feitos eternizados na história da política sindical de Lençóis Paulista, Areiópolis, Borebi, Macatuba e Pederneiras. Esse legado é um presente que posso acrescentar à memória de meus pais, Pedro Pintor, que trabalhou em fazendas do nosso município como tratorista, e minha mãe, Maria Aparecida de Godoy Pintor. E para meus avós paternos Gabriel Pintor e Eugenia Godoy Pintor, e maternos, Antonio Pereira de Godoy e Rosa Sabino Godoy. Nós precisamos de estrutura e a primeira é a nossa família. Quis o destino que eu ingressasse no movimento sindical. Eu era muito jovem naquela época. Depois que crescemos, nossos objetivos ficam, não digo menores, mas sim, mais focados e mais próximos. Quando assumi interinamente a presidência do Sincovelpa, já sabia quais eram as dificuldades da categoria. As tinha conhecido em casa, vendo a luta do meu pai, tratorista da lavoura. Eu tinha expectativas de desenvolvimento, uma ideia de como organizar o trabalho para dar apoio e força ao trabalhador dessa tão importante frente profissional. Nunca medi esforços para defender os interesses desses companheiros. Eu estava entre aqueles amigos que, lá no final da década de 1980, na Viação Mourão, se uniram para reivindicar melhorias para a categoria. Também eram meus os sonhos de Geraldo Lacerda, Benedito Carbelotti, Degleir Francisco Macedo e de todos os funcionários da empresa. No dia 22 de maio de 1988, na assembleia de fundação, me associei e passei a fazer parte da primeira diretoria da Associação Profissional dos Condutores de

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José Pintor, presidente do Sincolvepa Veículos Rodoviários e Trabalhadores Urbanos de Passageiros de Lençóis Paulista, que depois viria a ser convertida em Sindicato. No momento mais difícil, com a renúncia da diretoria, tomei a iniciativa de assumir a entidade para que não morressem os nossos sonhos de valorização do profissional do volante. E vencemos. Sempre no plural. Em cada momento dessa bela jornada, contei com o apoio de aguerridos companheiros, amigos queridos, colegas de profissão, que tão gentilmente dedicaram anos de sua vida ao sindicalismo. Hoje, muitos desses companheiros não estão mais entre nós. Mas, naquele tempo, tínhamos o mesmo objetivo. Homens que deixaram de estar em seus lares, na convivência de seus entes queridos, para empreender na luta por melhores condições de trabalho. Se hoje temos essa história digna de ser contada, é resultado do esforço de cada uma dessas pessoas. O aniversário de 25 anos é uma excelente oportunidade para refletir sobre o que se pensava naquela época e quais foram as práticas que atravessaram os tempos. Hoje, falar das perspectivas da nossa entidade para o futuro é identificar esse espírito de união, sempre presente no campo dos valores, das ideias e das ações. Percorremos juntos um trajeto

bem longo. Agradeço por todas as dificuldades que enfrentei, se não fosse por elas, não teria saído do lugar. As facilidades nos impedem de caminhar. As críticas nos auxiliam muito. E 25 anos se passaram, mas parece que foi ontem que o doutor José Marques correu atrás do juiz para nos garantir naquela tumultuada eleição de 1992. Infelizmente ou felizmente, nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Doutor José Marques, graças ao seu trabalho e ensinamentos, conseguimos trilhar no caminho certo. Só tenho a lhe agradecer por ter confiado na minha pessoa. Comemorar 25 anos é um grande resultado do nosso trabalho. Muito obrigado. Outros companheiros advogados que também não mediram esforços para contribuir com nossa entidade foram doutores Valdir Antônio dos Santos, Jose Eduardo Amante e Josey de Lara Carvalho (em memória). Os meus agradecimentos a todos funcionários que estão ativamente todos os dias na nossa luta, e a todos que passaram por aqui nesses 25 anos. Obrigado também ao Escritório Exata, que deu vida ao Sindicato na sua contabilização, especialmente nas pessoas dos senhores, Vicente Lucio Malavasi Antônio João Zuntini e de todos os colaboradores que por lá passaram. Com esse rol de pessoas consegui, como presidente, alavancar e escrever essa história tão bonita. É com muita satisfação que apresentamos o resumo da vida do Sincovelpa nesta edição comemorativa, que vem para selar a importância da trajetória dos 25 anos de atividades. Os próximos 25 anos prometem ser de bastante trabalho. A luta nunca termina! Vamos continuar com esse compromisso de lutar por uma sociedade desenvolvida e mais justa socialmente.


ÍNDICE

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HISTÓRIA O Sindicalismo: como surgiu e como será no futuro?

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BRASIL A classe operária e as primeiras leis trabalhistas

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MEMÓRIA Os primeiros passos para a criação do Sincovelpa SOCIAL Sincovelpa crescendo em estrutura de atendimento e credibilidade junto ao trabalhador BASE A consolidação em Lençóis, Macatuba, Areiópolis e Pederneiras

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ENTIDADE Avançando a cada dia no atendimento ao associado e lutando pela categoria Revista Oficial do Sindicato dos Condutores de Veículos e Trabalhadores em Transportes Rodoviários, Urbanos e de Passageiros de Lençóis Paulista Jornalista Responsável: Cristiano Guirado - MTB 44.324 IMPRESSÃO: Grafilar - São Manuel Tiragem - 3,5 mil exemplares - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

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MUNDO

União:

A história do sincialismo

um instinto básico

Associar para fortalecer é uma reação comum do ser humano

M

uito antes do ser humano chegar ao topo de sua escala evolutiva ele já se associava para se fortalecer. Na Pré-História, antes de saber ler, escrever ou até mesmo falar, o homem já tinha a consciência das vantagens de se viver em tribos, batalhando em conjunto por um interesse comum. O companheirismo e o trabalho em equipe eram as principais ferramentas e armas usadas pelo homem primitivo na busca pela sobrevivência diária. Companheirismo que sempre se fortalece na dificuldade, nas condições adversas. Seguindo a linha do tempo da evolução da humanidade, ainda nos primórdios da civilização, eram comuns as revoltas de escravos e servos, cobrando melhorias nas condições de trabalho ou simplesmente lutando pela própria liberdade. Esse instinto natural do homem de se indignar e reagir contra um sistema opressor começou a ganhar roupagens trabalhistas nos séculos 18 e 19. Segundo historiadores, os primeiros movimentos de resistência de trabalhadores foram

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motivados pela dificuldade de adaptação ao novo sistema econômico, centrado no modelo de produção industrial. A classe operária demorou a deixar a cultura de maior liberdade e autonomia no trabalho. Na Inglaterra, a Revolução Industrial mudou o mundo como nenhuma guerra ou doença havia feito antes. Vieram as ruas calçadas, as vias férreas. Nas cidades, bondes substituíam as carruagens. Foi uma época em que a comunicação evoluiu bastante, com o surgimento do código Morse e, posteriormente, o telefone. O novo sistema econômico provocou sérias alterações na ordem social, a começar pela quantidade de pessoas que deixaram as propriedades rurais para morar nos grandes centros urbanos europeus, em busca de trabalho nas fábricas. A contratação de mulheres e crianças (mão de obra mais barata) era comum. O contingente de pessoas vivendo na miséria aumentou bastante, o desemprego era uma ameaça constante e os trabalhadores não tinham qualquer direito. Condições que fizeram com que a classe trabalhadora se

atentasse às dificuldades e, o que é mais importante, percebessem a força que nasceria de sua união. Começava a história de uma das mais importantes modificações sociais da trajetória da Humanidade. Na época, as reivindicações eram por direitos hoje tidos como primordiais de qualquer acordo de trabalho. Buscava-se a redução da jornada de trabalho, que era de 16 horas diárias, a fixação de um salário mínimo e direito a repouso remunerado, além de melhor condições de segurança e direito de greve. Os trabalhadores organizaram-se em associações representativas para formalizar o contato e negociações com empregadores. Aos poucos, as primeiras reivindicações foram, mundo afora, ganhando peso de lei. O desenvolvimento e propagação do instrumento sindical foi relativamente lento, seja pela dificuldade em instruir e informar a massa trabalhadora, que naquela época era contra a qualquer ideia ou possibilidade de movimento operário. Mas nas últimas décadas do século 19, ações na América do Norte e na Europa consolidaram de vez o sindicalismo como uma


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