O Doido e a Morte de Raúl Brandão

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O DOIDO E A MORTE RAUL BRANDÃO


FICHA TÉCNICA Título da peça de teatro: O Doido e a Morte Autor: Cristiana Valente Raquel

Turma: 10º CTLH Data: 24 de março 2020 Obra: Teatro Autor: Raul Brandão Professor: José Manuel Brás Ferreira

Disciplina: Literatura Portuguesa Escola: Agrupamento de Escolas Dr. Ramiro Salgado Local: Torre de Moncorvo



ÍNDICE 1. Introdução……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….6 2. Raul Brandão…………………… ……………………………………………………………………………………………………………………………………...8 3. Caraterização das personagens………………………………………………………………………………………………………………………………..10-11

4. Relação entre as personagens…………………………………………………………. ………………………………………………………………………12-13 5. Lugar da ação…………………………………………………………………………………………………………………………………………………………14 6. Elemento principal – Bomba………………………………………………………………………………………………………………………………………..15 7. Contrastes……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………..16 8. Resumo…………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………18 9. Estrutura Interna…………………………………………………….………….. ………………………………………………………………………..20-21-22-23 10. Processos de Cómico………………….………….. ………………………………………………………………………………………………………………24 10.1. Cómico de Situação………………………………………………………………………………………………………………………………………………24 10.2. Cómico de Caráter……………………………………………………………………………………………………………………………………………….25 10.3. Cómico de linguagem……………………………………………………………………………………………………………………………………………26 11. Crítica..……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….28 12. Conclusão…………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….29 Bibliografia…………………………………………………………………………………………………………………………………………………………........30



1. INTRODUÇÃO O doido e a morte conta a história da explosiva ameaça de morte que o Sr. Milhões leva dentro de uma caixa até ao gabinete de Baltasar Moscoso, Governador Civil e dramaturgo frustrado.

Refém de um doido, Baltasar vê as suas fraquezas expostas, sendo forçado a ouvir e a concordar com a críticas que lhe vão sendo apontadas, criticas que o Sr. Milhões dirige a uma sociedade corrupta e injusta.


http://gtccpm.blogspot.com/2006/03/o-doido-e-morte-uma-crtica.html


2. RAUL BRANDÃO Raul Germano Brandão, nasceu em 1867 na Foz do Douro, descendente de pescadores, o mar foi um tema recorrente da sua obra.

Em 1891, terminado o curso secundário e depois de uma breve passagem, como ouvinte, pelo Curso Superior de Letras, matricula-se na Escola do Exército. Dedicou-se desde muito novo ao jornalismo, que lhe proporcionou um posto de

observação da atualidade política e social, bases das suas reflexões filosóficas sobre as questões morais da sociedade. Faleceu em 1930, aos 63 anos de idade, deixando uma extensa obra literária e

jornalística.


https://pt.wikipedia.org/wiki/Raul_Brand%C3%A3o#/media/Ficheiro:Raul_Brandao2.jpg


3. CARATERIZAÇÃO DAS PERSONAGENS PERSONAGENS PRINCIPAIS

CARATERIZAÇÃO

Snr. Milhões

Homem consciente da realidade e da condição humana, inteligente, revoltado, rico, trocista que desempenha, ao longo de toda a ação, um papel executor.

Governador Civil Baltazar Moscoso

Homem inconsciente e preocupado com o estatuto social, irrealista, interesseiro, egocêntrico. Apresenta na primeira parte um discurso racional seguido de uma crescente desagregação caótica do seu comportamento marcado pela raiva e agitação.


PERSONAGENS SECUNDÁRIAS

D. Ana Baltazar Moscoso “Aninhas”

Mulher do Governador Civil, não mostrou fidelidade nem compaixão pelo seu marido, mostrando despreocupação a situação vivida pelo esposo. É egoísta, egocêntrica e interesseira.

Nunes

Espécie de polícia-secretário-criado. Submisso do governador, mostrou-se fiel a Baltazar alertando as autoridades do sucedido, porém não se arriscou para salvá-lo.

Enfermeiro

Resolve a situação quando destapa a caixa e tira para fora algodão em rama.

Enfermeiro FIGURANTES

CARATERIZAÇÃO

Policias


4. RELAÇÃO ENTRE AS PERSONAGENS

ADMIRAÇÃO - “É o próprio ministro que recomenda o homem mais rico de Portugal” p.133

Governador Civil

PREOCUPAÇÃO - “Ó Nunes ele está doido” p.138 “O senhor é tolo!” p.141

IMPORTÂNCIA - “Eu sou imperador, sou rei, sou Deus! Posso à vontade aniquilar o universo…” p.139 JUSTIFICAÇÃO - “Eu sou eu, sou um amigo da humanidade. A um gesto meu desaparece a desgraça da face da Terra, acabam os crimes, as misérias e as paixões” p.142

ANGUSTIA - “Ai Jesus! Ai Jesus! Ai Jesus!” p.139 FÚRIA – “Mas tu quem és afinal, ó supremo canalha, que assim decides eliminar-me…”p.155

“Eu sou o doido! Eu sou a morte!” p.156

ÓDIO - “O senhor é cruel” p.160 “O senhor é pior que um inquisidor” p.160

Snr. Milhões


RELAÇÃO ENTRE AS PERSONAGENS Snr. Milhões

Governador Civil DESESPERO - “Salva –me ou morre comigo.” p.147 DESINTERESSE - “Adeus! Morrer queimada não! Morre em paz! Descansa em paz! Jaz em paz!” p.150

Aninhas

DESPRESO - “Aí tem o senhor o que são as mulheres, a sua e a dos outros” p.150


5. LUGAR DA AÇÃO O espaço da cena

resume-se ao gabinete do Governador, os personagens estão

presos lá dentro, circunscritos a uma realidade de curta direção e sinistro. Porém, este gabinete guarda toda a vida dos personagens, é nele que o Governador passa o seu dia, lendo, jogando golfe e escrevendo suas peças de teatro.


6. ELEMENTO PRINCIPAL – A BOMBA Guardada numa caixa, mantém-se intacta, mas detona uma tensão enorme entre os vários personagens. Ela é uma força que vem de fora e atinge os personagens, forçando-os a reagir. Com a morte como única saída, todos os elementos da peça

ganham intensidade. A relação entre eles, forçada pela presença da bomba, gera basicamente dois movimentos. Primeiramente, um movimento, no qual a sua vida e o conforto do seu gabinete parecem se desmoronar e ruir, em que, por um

momento se descobre a futilidade e os desperdícios vividos e o outro movimento, que surge de dentro deles, do cárcere pessoal, e impele para a fuga. Qualquer saída é válida, por isso, cada um a seu modo se contorce para alcançar a sua.


A vida inútil, sem consciência cívica nem humana do governador civil .

A consciência do condição humano.

Doido

sobre

A mentira das máscaras sociais no cumprimento do dever, no amor e no dia a dia.

Verdade lúcida do Doido.

Discurso realista, racional do governador civil.

Discurso lírico do Doido.

Cair da máscara do governador civil.

Destino fatal assumido pelo Doido.

a


https://ctalmada.pt/o-doido-e-a-morte-2


8. RESUMO Escrita em 1923, farsa em um ato, O Doido e a Morte, conta a história de um Governador Civil, Baltazar Moscoso, dramaturgo frustrado, que tenta escrever mais uma das suas peças e pede para não ser interrompido por ninguém. Nunes avisa-o de que o Senhor Milhões o vem visitar com uma carta de recomendação do ministro. Como o Sr. Milhões é uma pessoa ilustre é recebido. Ao ser recebido, o Senhor Milhões liga a campainha elétrica da secretária a uma caixa que transporta consigo. Em seguida, o milionário comunica que acaba de ativar uma bomba, que rebentará daí a vinte minutos. Desesperado, o Governador Civil vê-se abandonado por todos, inclusive pela sua mulher, D. Ana. Indiferente à aflição de Moscoso, o senhor Milhões continua com a ameaça e com a crítica demolidora das convenções sociais e a defesa de um sentido último para a vida. O próprio Governador Civil admite ser a sua última mentira. E na iminência da explosão, chegam dois enfermeiros, que vêm buscar o Sr. Milhões, o Doido. Um enfermeiro destapa a caixa e verifica-se que no seu interior apenas continha algodão em rama e não o temido pèróxido de azote, o que leva o Governador Civil a dizer um palavrão entre a raiva e o alivio.


https://www.publico.pt/2014/05/21/fotogaleria/o-doido-e-a-morte-334755


9. ESTRUTURA INTERNA 1. A exposição da peça começa quando o Governador Civil está sentado á secretária, e diz para Nunes que não quer qualquer tipo de visita e declara que não está

disposto a atender ninguém, até que aparece o Sr. Milhões.

“O snr. Milhões é um homem importante e severo, de grandes suíssas cuidadas e lunetas de aro de oiro.“ p. 133


2. Todo o conflito na peça de teatro tem origem quando o Sr. Milhões apresenta para o Governador Civil um aparente negócio ou projeto importante, até que o Governador

Civil dá um pontapé na caixa e o Sr. Milhões refere que dentro da caixa está um negócio muito grave, foi então que revelou que estava uma bomba dentro da caixa.

" O maior crime de todas as épocas, a suprema tragédia de todos os tempos! Vamos estoirar dentro de vinte minutos." ...” O que o senhor vê aqui nesta caixa, é o mais formidável de todos os explosivos SO3-HO4, cem vezes mais poderoso que a dinamite, o algodão pólvora, e o fulminato de mercúrio. Basta carregar nesta campainha, para irmos todos pelos ares, eu , o senhor, o prédio, o bairro, a capital.

SO3-HO4. “…” O pèróxido de azote.” p. 135-136


3. Quando o Governador se apercebe do que está no interior da caixa entra em pânico e chama Nunes para lhe dar auxilio, para o salvar, mas Nunes acaba por não aparecer. Assim, o Governador começa por falar com o Sr. Milhões de maneira que se pudesse safar desta situação ao tentar demonstrar as consequências que o explosivo poderia ter, mas o Sr. Milhões acaba por não mudar de ideias. “...O senhor não se ponha com brincadeiras. Eu sou um governador civil, uma autoridade constituída, e o senhor lembre-se que tem mulher e filhos. É um homem de ordem, é um homem rico… eu estou aqui sossegado, no cumprimento do meu dever, a escrever uma peça, nunca lhe fiz mal nenhum, tenho por V. Exª. a maior

consideração… “…” o senhor pode ainda ser muito feliz!” p. 137-138-141


4. O desenlace da peça ocorre quando se ouve um barulho no exterior. O Sr. Milhões faz retinir a campainha e o Governador Civil cai na cadeira com gestos desordenados,

depois entram dois enfermeiro de casaco branco de resguardo e um deles acaba por destapar a caixa e, por fim, descobrem que era apenas algodão em rama.

“É algodão em rama…” p. 164


10.1. CÓMICO DE SITUAÇÃO •

Mudança cómica de atitude do Governador Civil, que começa por avisar a Nunes que não queria receber ninguém e, no entanto, assim que o Sr. Milhões entra no escritório do Governador Civil muda logo de ideias e de humor só pelo facto do Sr. Milhões ser um homem rico e de grande importância.

Quando o Sr. Milhões coloca a caixa no chão, o Governador dá um pontapé e o Sr. Milhões repreende-o de imediato! O Governador não fazia ideia do que poderia estar dentro da caixa! Quando o Governador sabe que o explosivo está dentro da caixa, começa por chamar Nunes bastante aflito, o que acaba por ser um momento cómico.

Quando o Sr. Milhões afirma que tem uma bomba que irá explodir dentro de 20 minutos, causando o pânico no Governador Civil, o que causa o riso.

Quando entra Aninhas, a mulher do Governador Civil. Ao ver a situação onde o seu marido se encontra, decide abandoná-lo, referindo "Morrer queimada, não!". A atitude desta personagem causa o riso.

Quando o Governador Civil descobre que afinal não estava um explosivo na caixa, mas apena algodão em rama.


10.2. CÓMICO DE CARÁTER •

D. Ana – É uma das personagens que mais tem o cómico de caráter, principalmente quando pergunta ao Sr. Milhões “ Quanto falta?” p.148, para saber quanto tempo resta para fazer explodir a suposta bomba e o marido ir pelos ares.

Sr. Milhões – O Doido que apresenta ser sabichão e o único que se caracteriza como sensato e conhecedor da realidade pensando assim que fazer explodir uma bomba será a salvação. Porém nada passa de uma farsa, cumprida até ao final da obra, cujo papel desempenhado pelo Sr. Milhões é enganar o Governador Civil e fazê-lo confessar alguns dos seus maiores pecados. “Cuidado que podemos ir todos pelos ares” p.135 “E vi de repente o mundo não como todos o veem, mas como ele é na realidade” p.140


10.3. CÓMICO DE LINGUAGEM

• A última frase da obra causa riso.

“Ai o grande filho da puta!”


http://webfoliodaritalucio.blogspot.com/2017/05/a-problematica-existencial-em-o-doido-e.html


11. CRÍTICA Esta obra remete-nos para problemáticas existenciais que sempre preocuparam o ser humano, pois é na morte que o individuo se confronta com a sua própria condição

humana. O sentido da existência perpassa todo o texto, bem como a sua faceta de farsa: a mentira, a teatralização das relações humanas, a artificialidade da hierarquia social sempre muito

valorizada em sociedades retrógradas ou rígidas de qualquer tipo, os dilemas em torno da "representação" de papéis, o medo, fator comum a qualquer ser humano - que ultrapassa outras questões - pois o medo é também real - não é apenas "farsa".

Tudo isso consegue ser trazido por Raul Brandão à escrita, em poucas linhas, sem necessidade de grandes discursos, ou da utilização de uma linguística complicada.


12. CONCLUSÃO O doido e a morte conta a história da explosiva ameaça de morte que o Sr. Milhões leva dentro de uma caixa até ao gabinete de Baltazar Moscoso, Governador Civil e dramaturgo frustrado.

O Governador, por fim, trai todos os seus princípios morais para sair dali, chega a trair a si mesmo, entregando-se para seu único confessor possível, o Doido, como grande mentiroso, enquanto o intolerante Sr. Milhões só vê uma forma de acabar com os males

da Terra é fazer-se explodir e desintegrar-se, com o Governador Civil, para que sua poeira seja dissipada pelo cosmos. Refém de um doido, Baltazar vê as suas fraquezas expostas, sendo forçado a ouvir e a

concordar com a crítica, tão hilariante quanto pertinente, que o Sr. Milhões dirige a uma sociedade multiplicadora de injustiças e de sentidos absurdos para a vida.


BIBLIOGRAFIA BRANDÃO, Raul. Teatro. 1923 WIKIPÉDIA. Raul Brandão. 2020. em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Raul_Brand%C3%A3o A Problemática existencial em O Doido e a Morte. 2017. em: http://webfoliodaritalucio.blogspot.com/2017/05/a-problematica-existencial-em-o-doido-e.html

Webfólio de Literatura Portuguesa de 11º Ano. 2017 . Em: http://webfoliododuarte.blogspot.com/2017/04/o-doido-e-morte.html O doido e a morte. 2020. em: https://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/o-Doido-e-a-Morte/68608819.html O Doido e a Morte. 2020. em: https://prezi.com/vwblgd1u2hlz/o-doido-e-a-morte/


http://www.clubedotaro.com.br/site/m32_22_louco.asp https://www.fabioludovina.com/carta-tarot-para-16-07-2014/



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