Julho - Agosto de 2008 | Ano XII | N° 109
ENTREVISTA Sérgio Pereira, superintendente da Corsan fala sobre a profissão
INOVAÇÃO PUCRS tem patentes licenciadas
CONTROLE CNPq seleciona projetos para o uso de fertilizantes alternativos
Seminário Internacional discute Química Forense
índice 4 seminário
Seminário Internacional discute Química Forense
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entrevista
Em defesa do profissional da química
inovação
Universidade tem as duas Primeiras patentes licenciadas
sugestão do leitor
O que é esse tal de Glúten?
Editorial Mais de 300 profissionais interessados em Química Forense. Esse foi o balanço do II Seminário de Química Analítica, evento apoiado pelo CRQ-V. Foram dois dias de intensas atividades, palestras e cursos com profissionais de renome internacional. Esta edição traz a cobertura do Seminário, realizada em conjunto com a revista Química Hoje. E ainda, entrevistamos o superintende da Corsan e diretor do Sinquirs, Sérgio Pereira, sobre a química aliada ao gerenciamento de setores e a relevância da representação pela entidade. Também gostaríamos de utilizar este espaço para agradecer a todos os profissionais que enviaram sugestões de pauta. É bom saber que nosso interesse em estimular a leitura têm sido bem recebido. Continuem participando!
agenda 2008
Cursos, Fóruns, Workshops, Seminários, Palestras e Formaturas
memória
Sorteio Nesta edição, sortearemos o "I Mapeamento dos Agrotóxicos utilizados nos RS ", uma publicação da Câmara de Agrotóxicos do CRQ-V. Para participar, basta enviar uma sugestão de pauta para assecom@crqv.org.br. A melhor sugestão levará o livro.
Os artigos com a marca do CRQ-V foram bastante procurados no Seminário Internacional de Química Analítica. Para quem não conseguiu adquirir, o e-mail para contato é eventos@crqv. org.br. Ou ainda, o Conselho estará presente nos eventos a seguir: 23 a 25 de outubro Edeq - Ulbra Canoas 29 de outubro a 1º de novembro Fiema - Bento Gonçalves 19 a 21 de novembro Avisulat - Bento Gonçalves
Com imenso pesar, o Conselho Regional de Química da 5ª Região informa o falecimento de dois dos seus profissionais da área da química no Rio Grande do Sul. Ieda Pereira Morandi, formada em química pela PUCRS, morreu aos 84 anos. Viúva do fundador da Jimo Química Industrial Ltda., Julio J Morandi, Ieda se tornou responsável técnica da empresa ao assumi-la, após a morte de seu marido. Mário Longhi, 61, enólogo aposentado, morreu numa viagem turística ao Egito. Nascido em Bento Gonçalves, Longhi trabalhou por mais de 20 anos na Embrapa Uva e Vinho. Atualmente administrava a Velha Cantina, em Farroupilha. Foi um dos pioneiros na diretoria da Associação Brasileira de Enologia.
números do conselho A ganhadora do livro “Os Botões de Napoleão”, de Penny le Couter e Jay Burreson foi a técnica química Gracieli Zapello, de Gravataí.
DOCUMENTOS
MAI/JUN
TOTAL
ART’S emitidas
922
2664
Registros Definitivos
86
320
Registros Provisórios
24
117
Certidões
11
47
Processos Analisados
334
1144
Expediente INFORMATIVO CRQ-V - Av. Itaqui, 45 - CEP 90460-140 - Porto Alegre/RS - Fone/fax: 51 3330.5659 - www.crqv.org.br Presidente: Paulo Roberto Bello Fallavena Vice-Presidente: Estevão Segalla Secretário: Renato Evangelista Tesoureiro: Ricardo Noll
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Assessoria de Comunicação do CRQ-V assecom@crqv.org.br Jorn. Resp.: Vanessa Valiati Edição de Arte: Letícia Lampert
Colaboração: Camila Vargas Estagiário: Marcos Bertoncello Tiragem: 10.000 Impressão: Gráfica Trindade
Em função da renovação dos conselheiros do CRQ-V, prevista por lei, segue abaixo a nova composição, em vigor desde 1º/08: Representantes de Associações e Sindicatos Conselheiros Titulares Engenheiro Químico: Rafael Batista Zortea Ricardo Noll Químico Industrial: Renato Evangelista Newton Mario Battastini Bacharel em Química: Estevão Segalla Técnico Químico: Darlize Hubner Martins Conselheiros Suplentes Engenheiro Químico: Renato João Zuchetti Eduardo McMannis Torres Químico Industrial: Marcelo Gosmann Raquel Fiori de Souza Bacharel em Química: Elsa Lesaria Nhuch Técnico Químico: Mauro Ibias Costa
Representantes das escolas Conselheiros Titulares Engenheiro Químico: Celso Camilo Moro Químico Industrial: Dione Silva Correa Bacharel em Química: Annelise Engel Gerbase Conselheiros Suplentes Engenheiro Químico: Marçal José Rodrigues Pires Químico Industrial: Mateus Antonio Gubert de Andrade Bacharel em Química: Hermes Luis Neubauer de Amorim Diretoria Presidente: Dr. Paulo Roberto Bello Fallavena 1º Vice- Presidente: Estevão Segalla 2º Vice- Presidente: Rafael Batista Zortea 1º Tesoureiro: Ricardo Noll 2º Tesoureiro: Darlize Hubner Martins 1º Secretário: Renato Evangelista 2º Secretário: Annelise Engel Gerbase
CRQ-V firma parceria com Rede Master de Hotéis A partir de agora sócios e funcionários da autarquia têm descontos em todos os hotéis da Rede Master. O convênio possibilita uma tarifa diferenciada chegando a valores com mais de 60% de desconto. Na capital gaúcha há sete hotéis com diversas opções de apartamentos, assim como nas principais cidades do Brasil, entre elas, São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ, Recife/PE, Maceió/AL, Salvador/BA, Fortaleza/CE, Belém/PA e Curitiba/PR. Para fazer a reserva com desconto, o profissional, ao se identificar, deve informar o número de registro do CRQ-V. Para entrar em contato com a Rede Master, basta ligar para a Central de Reservas 0800 707 6444 ou pelo e-mail reservas@ masterhoteis.com.br.
Brasil importa agrotóxicos proibidos no exterior Até julho de 2008, o país importou mais de 6.000 toneladas de substâncias que foram vetadas no exterior, inclusive nos países onde são produzidas. Danos ao sistema reprodutivo, problemas no sistema nervoso e câncer são os possíveis efeitos decorrentes da ingestão dessas substâncias de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). As informações são do jornal Folha de São Paulo. Dentre os agrotóxicos importados estão o paraquate, paration metílico, endossulfam, carbofuran, metamidofós. Todos essas substâncias apresentaram crescimento na importação muito elevado. Desses, por exemplo, o mais consumido pelo Brasil foi o último, usado na cultura de algodão, amendoim, batata, soja trigo e tomate. Foram cerca de 8.000 toneladas de metamidofós trazidas na temporada 2007/2008. O produto é produzido na China e em Taiwan e, justamente, essa substância é proibida no próprio território chinês, bem como na Índia e em toda União Européia. Em entrevista ao jornal FSP, o vice-presidente executivo do Sindicato das Indústrias de Defensivos Agrícolas (Sindag), José Roberto da Ros, ressaltou que o risco dos agrotóxicos à saúde é monitorado pela Anvisa, o que evitaria qualquer preocupação quanto a isso. Ros também exaltou a importância de alguns produtos, essenciais para agricultura brasileira, e defendeu que sejam tomadas ações para mitigar o risco de intoxicação por trabalhadores e consumidores.
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Seminário
Seminário Internacional discute Química Forense
Foram abordados temas como espectrometria de massa, perícia química e toxicologia, entre outros, contando com a presença de personalidades nacionais e internacionais. Confira abaixo um resumo dos principais temas. Antes do início das palestras (que ocorriam simultaneamente), o químico e coordenador do Programa de Ciências Forenses da Florida Internacional University, doutor José Almirall trouxe a realidade deste ramo da química nos EUA (mais de 400 laboratórios forenses na América do Norte) Para ele, desde o início, o intuito da química forense é o mesmo - buscar a verdade a partir das análises. De acordo com Almirall, quando se inicia
a investigação de um caso , perguntas devem ser respondidas: “se trata de um crime? quando e onde aconteceu o evento? qual é o significado?”. Para ele, são essas questões que norteiam o processo de análise e coleta do material. “Sempre se encontram evidências quando se trata de um crime, porque a violência envolvida no ato é muito grande” Espectrometria de Massa Identificar, elucidar e quantificar os diferentes átomos que compõem uma substância: esse é o princípio da espectrometria,técnica que utiliza os movimentos dos íons em campos elétricos e magnéticos para classificá-los de acordo com a relação massa/carga. A Espectrometria de Massa aplicada a Análises Forenses foi o tema da doutora Elsa Nhuch, da Florida International University, de Miami (EUA). Elsa destacou que a técnica pode ser muito útil na biotecnologia (análise de proteínas), farmacologia (metabolismo de drogas), análises clínicas (hemoglobina, teste de drogas) entre outras áreas. A relação com a química
Abertura do II Seminário de Química Analítica
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forense está justamente, segundo ela, no uso como ferramenta analítica do perito, principalmente na testagem de drogas e substâncias tóxicas. O objetivo é auxiliar em casos jurídicos, possibilitando mais provas e evidências. Perícia ambiental O químico e perito criminal Marcelo Gatteli Holler falou sobre o trabalho do profissional da química no ramo das perícias. Logo no início, ressaltou que a presença dos químicos nesse tipo de atividade é quase nula. Entretanto, para desvendar a causa de crimes ambientais há uma infinidade de ações que podem ser exercidas pelo profissional. Ao chegar ao local do crime, o químico utiliza a constatação do dano ambiental, identificação de espécies silvestres, de fósseis ou da madeira. Outros recursos também são essenciais para o processo, como por exemplo, o exame por sensoriamento remoto e de documentoscopia. Para o perito, os químicos interessados em ingressar na carreira da perícia criminal devem ter consciência de que a responsabilidade dos resultados das análises é decisivo para a investigação e qualquer erro pode incriminar um inocente. Além disso, ele citou a complexidade do processo e a interdisciplinariedade para a evolução do aprendizado. “Tem que estar preparado também para a estranheza das pessoas sobre a profissão, pois ainda não é muito conhecida pelo público. Perguntas questionando ‘o que faz um perito?’ serão corriqueiras”, avisou. No final, Holler mostrou a realidade exibindo fotos de operações feitas pela Polícia Federal e deixa claro que os profissionais da química nesse ramo são necessários para a qualificação do trabalho: “É uma ótima área para o químico, apesar de poucos estarem no ramo das perícias criminais ambientais”, disse.
Best Photos/ Ageventos/Divulgação
Mais de 300 pessoas participaram do II Seminário Internacional de Química Analítica realizado em Porto Alegre no mês de agosto. O encontro promovido pela Federação Nacional dos Profissionais da Química, com o apoio do Conselho Regional de Química da 5ª Região, reafirmou o interesse de estudantes e profissionais pela área forense.
Toxicologia Forense em alta “Quantos aqui querem atuar na área de perícia?”, foi a pergunta do palestrante para o público. A maioria ergueu o braço. A indagação de Bruno Spinosa de Martinis mostrou o interesse dos estudantes de biologia, química e farmácia que compareceram à palestra, o que propicia uma significativa melhora dos estudos na área de peritos no Brasil. Ou seja, a toxicologia forense está crescendo. Bacharel em química, mestre e doutor em química analítica, pósdoutorado no exterior (National Institute on Drug Abuse - National Institutes of Health (NIDA/NIH - Baltimore, Maryland, Estados Unidos), além de, atualmente, professor do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), Bruno Spinosa de Martinis debateu a questão do auxílio que a toxicologia forense pode dar à polícia na solução de crimes, principalmente em casos jurídicos através da testagem de drogas em corpos humanos no post mortem. Para ilustrar, o palestrante usou o caso do convênio entre o Instituto Médico Legal (IML) e a Universidade de São Paulo (USP) para a análise de corpos em mortes naturais, homicídios, acidentes e suicídios. O objetivo é justamente identificar casos de intoxicações enviados pela justiça, geralmente através de restos mortais como sangue, urina e tecidos.O professor Martinis conversou com nossa equipe ao final de sua palestra. Confira os principais trechos.
O convênio do Instituto Médico Legal (IML) e a Universidade de São Paulo (USP) existe já há quanto tempo e qual seu principal objetivo? Esse convênio já existe desde 1999, porém ainda não possui uma formalização, ou seja, precisa de uma assinatura da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. A importância dessa parceria está numa troca de cooperação entre as instituições. No caso da USP, tem-se o acesso ao material biológico no post mortem, importantíssimo para pesquisas dos estudantes da Faculdade de Medicina. Já o IML se beneficia da estrutura como laboratórios, por exemplo, além de se tornar um grande auxiliar nos desvendamentos de casos. O senhor já esteve no exterior, sabe como funciona. Diante disso, você considera que o Brasil está muito atrás na questão da análise forense em relação aos outros países? A toxicologia foi sempre deixada de lado no Brasil. Isso comparando com países fortes nessa área como Estados Unidos, Canadá, Austrália e alguns países da Europa. Eles estão muito mais avançados, principalmente porque agem com mais critérios; são mais abrangentes. A gente está começando a melhorar, muitas coisas já mudaram, mas ainda estamos engatinhando. O bom é que esse crescimento anda em paralelo com o grande interesse que estudantes de química, biologia e farmácia têm nessa área de peritos, como constatei na minha palestra e como já havia notado em outros eventos pelos quais participei. Quais são os principais problemas encontrados pelo Brasil para crescer nessa área forense? E o que deve ser mudado? Como tinha dito, o interesse aumen tou, mas ainda está muito aquém do esperado. Deve haver uma mudança de comportamento dos profissionais antigos, que não dão grande importância à questão, isso dificulta muito. A pesquisa na área forense tem um grande valor. Além disso, existem muitas limitações quanto aos equipamentos e os materiais para as análises forenses, nisso os outros países estão bem mais avançados.
Bruno de Martinis
Alimentos Ardência na garganta, gosto amargo, cheiro e cor não-convidativos: cuidado, o alimento que você está ingerindo pode estar contaminado. Em uma das palestras mais procuradas pelos estudantes, sobre os aspectos toxicológicos dos alimentos, a perita químico-forense, Adriana Wolffenbüttel alertou para a presença inerente de substâncias potencialmente tóxicas nos alimentos, como os glucosinolatos (que inibem as funções digestivas) e os glicoalcalóides (que interferem na absorção de cálcio). Para evitar intoxicações, além do cuidado com contaminações microbiológicas e deterioração, e da ajuda dos rótulos, os sinais do corpo devem ser respeitados. “A primeira sensação que a pessoa tem em contato com o alimento nos diz muito. É uma capacidade natural do animal e o homem começou a se afastar dessa percepção”, afirma. Wolffenbüttel também chamou a atenção para o perigo da contaminação dos alimentos por meio residual, como agrotóxicos, aditivos quimicos (corantes, aromatizantes,conservantes) e os resíduos deixados pelas próprias embalagens: ftalatos (plásticos) e metais (alumínio e estanho). Mas tranqüiliza : “ Na água servida em copos de alumínio a contaminação não é significativa”. Na área intencional ou criminal, as principais substâncias encontradas são óxidos de metais, cianeto, pó ou cacos de vidro, nitrito de sódio (conhecido como salitre), estricnina, raticidas e os agrotóxicos. A profissional exemplificou a contaminação intencional com o caso da fraude do leite, ocorrida no RS (adição de soda cáustica e água oxigenada). Para a perita, o profissional da química deve buscar conhecimento na literatura, principalmente nas áreas de farmacologia e farmacodinâmica. O papel do cientista, segundo ela é encontrar a informação e fazer um “link” com a realidade em que vive.
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ENTREVISTA
Em defesa do profissional da química
Começou a fazer parte do quadro de funcionários da Corsan em 2004 quando foi chamado para ocupar o cargo de químico. Inicialmente trabalhou na Superintendência de Tratamento (SUTRA), depois foi responsável pelo tratamento de água e esgoto da fronteira oeste (na época a Corsan dividia sua atuação em nove regionais). Em seguida assumiu como assessor da Diretoria da empresa. Desde a nova gestão em 2007, até o momento ele é o Superintendente de Apoio Operacional, sendo responsável pelo setor de operação, manutenção e tratamento, envolve tanto áreas de engenharia mecânicas, civis, química, elétrica e técnicas. “Sempre gostei de química”, assim define o engenheiro que com o passar dos anos se afastou da área técnica da profissão, para se especializar no ramo administrativo e empresarial. Qual a importância do químico na Corsan? A importância do químico se sustenta em vários pilares, o principal deles é a questão da manutenção da qualidade no produto que oferecemos - a água tratada e esgoto afastado e tratado. Também temos a busca de novos processos de tratamento e aplicação de novos produtos para tratamento e otimização dos mesmos. O químico tem um potencial muito grande de atuação, hoje temos vários profissionais da área ocupando cargos de destaque na companhia. É um desafio que o químico tem pela frente. Assim como eu cheguei, muitos outros vão chegar amanhã, o importante é que estamos mostrando e abrindo espaço
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Divulgação/CRQ-V
Formado em Engenharia Química pela Fundação Universidade do Rio Grande (FURG) em 1979, Sérgio Pereira é químico da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) e integra a Diretoria do Sindicato dos Químicos do RS. Por mais de 10 anos trabalhou na indústria química no ramo de gaseificação de carvão e fertilizantes
Sérgio Pereira, superintendente da Corsan para estes profissionais. Se a empresa é de produção e desenvolve um produto nobre como a Corsan, ela deve dar muita importância para a operação e o tratamento. E os químicos dentro da Companhia têm uma responsabilidade muito grande, pois devem manter o aprimoramento, e assim contribuir para os rumos que a empresa vai tomando na sua área técnica. Como é a atuação do profissional? A Corsan tem basicamente três cargos na área da química: técnicos químicos, químicos e engenheiros químicos. As principais funções são tratar a água, ser responsável técnico, tentar melhorar os processos, participar de projetos de melhorias e assim buscar a qualidade sempre. A área laboratorial é de extrema importância dentro da Companhia. Isso é visto com os três grandes laboratórios que dão apoio para todo o Estado. O primeiro é o Departamento de Ensaios e Apoio Laboratorial (DEAL), onde há muitos químicos e técnicos químicos fazendo análises fisico-químicas, bacteriológicas e biológicas, analisando tantos as matérias-primas (água bruta) como água tratada, ele também tem a incumbência de normatizar e padronizar os procedimentos de todos os laboratórios
locais distribuídos nos municípios onde a Corsan atua. Outro laboratório é a Central de Esgotos, que trabalha nos padrões exigidos pela Fepam. O terceiro laboratório está ligado ao Pólo Petroquímico que também tem um número elevado de profissionais da química - o Sitel (Sistema Integrado de Tratamento de Efluentes Líquidos). Lá são feitas as análises da água e do tratamento de esgotos líquidos e sólidos do Pólo. Além disso, trata todos os efluentes industriais produzidos pelas empresas. Os químicos trabalham nos laboratórios centrais, nas Estações de Tratamento de Água e Esgoto, nas superintendências de tratamento e operacional. Qual a importância de ter um representante do sindicato em um cargo de superintendente em uma companhia tão visada? Eu fico muito a vontade quando falo do Sinquirs, porque quando nós entramos na Corsan, a participação dos químicos no Sindicato era muito pequena. Os profissionais não faziam parte do Sinquirs, o sindicato que representava os químicos era o majoritário, o Sindi-
água. Naquele ano, por recomendação de alguns químicos antigos da Corsan, fomos buscar o entrosamento com o Sinquirs. Logo no primeiro ano conseguimos cadastrar todos os químicos no Sindicato e preparar para que no ano seguinte apresentássemos uma proposta de negociação. Dessa forma, o Sinquirs começou a fazer parte do grupo de Sindicatos que negociam com a Corsan. Conquistando assim, o piso salarial dos químicos que era uma reivindicação antiga, já que a Corsan dispõe de um plano de carreira que, por uma defasagem natural, o mínimo do plano de carreira estava abaixo do piso do sindicato.
é negociado em conjunto pela intersindical com a Corsan. Vamos reivindicar como uma nova cláusula a aceitação dos técnicos químicos como representados pelo Sinquirs, a manutenção do piso salarial e todos os anos negociaremos cláusulas especificas de formação sistêmica do químico, ou seja, cursos, treinamentos para a atualização constante do profissional através de convênios com universidades.
A grande conquista foi quando conseguimos que todos os químicos começassem a receber o piso da sua categoria. Já no segundo ano, mantivemos essa vitória e fomos em busca de outras reivindicações. Dessa vez conseguimos que a Companhia ampliasse o número de vagas. Assim, mais profissionais da área foram chamados por concurso.
E a representação do químico pelo Sinquirs? Qual a relevância? O sindicato majoritário não tinha uma câmara que representasse os químicos, nós não tínhamos um sindicato que representasse nossas necessidades específicas. A área da química envolve tratamento, operação e várias situações particulares. Há uma série de questões técnicas com as quais o químico tem que se envolver, e ele é responsável por buscar essas soluções e deixar a Companhia dentro dos melhores padrões de atuação como empresa de produção.
Um desafio para 2008 é fechar o acordo sindical 2008/2009 e também incluir os técnicos químicos. Esse acordo
Há dois meses fizemos uma assembléia geral com os químicos dentro do DEAL. Agora, assim que a proposta de
acordo coletivo for fechada, faremos uma reunião com os profissionais da química do Sitel. Qual o histórico da Química na Corsan? A Corsan tem toda uma história relacionada ao tratamento de água e esgotos. O químico conseguiu ao longo dos 42 anos de Corsan, uma marcha de serviços e uma estruturação que dá base para que os profissionais consigam trabalhar em qualquer lugar do Estado com o mesmo padrão de qualidade, as mesmas atribuições, as mesmas normas de atuação e metodologia de trabalho. Tudo é padronizado. Isso garantiu a Corsan a qualidade do serviço prestado. Nos municípios em que a Companhia atua ninguém reclama da qualidade da água. O químico é muito reconhecido na empresa, porque houve o trabalho dos antigos profissionais que, desde o início, valorizavam o estudo e a pesquisa, buscando a eficiência. Hoje, a área de química tem toda uma questão de qualidade, com análises certificadas pelo Inmetro, ou seja, já são análises consideradas como padrão. Atualmente estamos investindo nas análises interlaboratoriais.
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INOVAÇÃO
Universidade tem as duas Primeiras patentes licenciadas Empresa fará medicamento à base de resveratrol contra os males do envelhecimento A PUCRS tem as duas primeiras patentes licenciadas por uma empresa, a Eurofarma. O objetivo será o desenvolvimento de um medicamento à base de resveratrol. O professor e pesquisador da Faculdade de Química André Souto descobriu uma formulação capaz de aumentar a biodisponibilidade desse composto no corpo humano. O resveratrol é eliminado com grande facilidade pelo organismo. A outra patente se refere à descoberta, também por Souto, da molécula na raiz da azeda, hortaliça de origem asiática com nome científico rumex. Ainda em fase de testes, a concentração no vegetal se mostra, por exemplo, cem vezes maior do que no suco de uva preta ou no vinho e é similar a outras plantas estudadas internacionalmente, como a Polygonum cuspidatum. Estudos nacionais e internacionais mostram que o resveratrol tem potencial na prevenção de doenças cardiovasculares e neurodegenerativas. Os pesquisadores acreditam que a molécula estimula o caminho das sirtuínas (enzimas reguladoras dos mecanismos da longevidade). Com o envelhecimento, são ativados ou desativados genes que diminuem a capacidade de resposta do organismo ao estresse. A molécula agiria sobre eles, reduzindo a intensidade com que se expressam.
“Será licenciado algo para se fazer em conjunto. As etapas seguintes do desenvolvimento do produto demandarão outros conhecimentos.” Souto está entusiasmado com a oportunidade de participar de todas as etapas da concretização da sua idéia. “Fico fascinado em ajudar a concretizar o verdadeiro elo da Universidade com a comunidade a partir do resultado de pesquisas”, resume. Na negociação com a Eurofarma, acredita que contou o prestígio da PUCRS: “Aqui tem tudo o que uma empresa quer: seriedade, rapidez e competência”. O produto será feito no Laboratório de Química de Produtos Naturais, da Química, coordenado por Souto. Antes da fase clínica (em humanos) e da comercialização do fármaco, serão detectados a ação do medicamento, suas propriedades, efeitos colaterais e se há restrições entre faixas etárias. Os testes em animais ocorrerão nos laboratórios da Faculdade de Biociências, liderados pelos professores Jarbas de Oliveira (estudará efeito da substância contra diabetes), Carla Bonan e Maurício Bogo (neurotoxicidade) e Nadja Schroder (neuroproteção).
Azeda, hortaliça com elevada concentração de resveratrol Segundo Souto, em princípio o medicamento deverá ser indicado a pessoas de meia idade, quando começam a sofrer o processo natural de envelhecimento, e a diabéticos do tipo 2 (nãoinsulino dependentes e que acomete mais os idosos). (Ana Paula Acauan/ PUCRS Informação) Saiba mais: O que é uma patente? Título de propriedade sobre uma invenção (prduto novo) ou modelo de utilidade (aperfeiçoamento de produto já existente) concedido pelo Estado à pessoa ou empresa criadora do produto. O que pode ser patenteado? Toda invenção que representa uma inovação tecnológica não patenteada e possa ser produzida industrialmente Qual a situação do Brasil? Em 2007 foram registrados 24,1 mil pedidos de patentes, Para se ter uma idéia, a China já superou a barreira de 150 mil por ano. O baixo desempenho é atribuído à falta de conhecimento sobre o sistema e a demora para se obter o documento (no Brasil, o processo pode levar de seis a nove anos).
Marcos Colombo/PUCRS
Conforme os resultados dos ensaios clínicos, a expectativa é que a Eurofarma, terceira empresa de capital nacional e em venda de medicamentos genéricos do Brasil, lance o produto (referente à primeira patente) em três a quatro anos. A PUCRS terá direito a 4% sobre as vendas (royalties). Esse valor é dividido com o pesquisador (que fica com 33%). A coordenadora do Escritório de Transferência de Tecnologia da Universidade, Elizabeth Ritter, lembra que a empresa não comprará um produto pronto.
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André souto, professor e pesquisador
XVII Congresso Latino Americano dos Químicos e Técnicos da Indústria do Couro Químicos, técnicos, empresários, pesquisadores e consultores da indústria do couro participam, de 8 a 10 de outubro, do XVII Congresso Latino Americano dos Químicos e Técnicos da Indústria do Couro, promovido pela FLAQTIC - Federação Latino Americana das Associações de Químicos e Técnicos da Indústria do Couro. O Congresso, organizado pela ABQTIC, é internacionalmente reconhecido como um conceituado espaço para apresentações, debates, discussões e difusão das inovações em ciência e tecnologia do couro geradas pelos países latino americanos, e acontece nos salões do Rio Othon Palace Hotel, no Rio de Janeiro.
Entre os diferentes temas abordados na programação do Congresso destacam-se tecnologias emergentes de processamento de couro, inovações em adequação ambiental (gestão, tratamento e aproveitamento de resíduos sólidos e de efluentes líquidos); estrutura de colágeno; obtenção e propriedades de produtos químicos; conservação; ribeira e curtimento; recurtimento, tingimento e engraxe; acabamento; avaliação econômica de tecnologias; gestão da produção e de curtumes; mercado; máquinas, equipamentos e automação; propriedades do couro e testes físicos e químicos. Entre as presenças já confirmadas para o XVII Congresso Latino
Americano dos Químicos e Técnicos da Indústria do Couro estão autoridades mundialmente reconhecidas em áreas específicas do processamento de couros, que atuam em universidades, centros tecnológicos, indústrias fornecedoras, consultoria especializada e curtumes, oriundas de países como Espanha, Estados Unidos, Suíça, Turquia, Argentina, Colômbia, México, França, Reino Unido, Uruguai, Índia e Brasil. Para conhecer a lista dos resumos aprovados, acesse o link www.flaqtic2008.com.br/trabalhos. Para garantir desde já a participação de seus técnicos, as empresas podem fazer reservas de inscrições através do site www.flaqtic2008.com.br/inscricoes.
CNPq seleciona projetos para o uso de fertilizantes alternativos Grande parte dos fertilizantes utilizados na agricultura hoje são procedentes de fontes não-renováveis e muitas vezes importados, o que gera problemas de ordem econômica para o País e na sustentabilidade dos sistemas de produção agrícola a longo prazo. A pesquisa e inovação tecnológica em novas fontes de fertilizantes tornou-se uma área do conhecimento extremamente relevante, e que deve receber investimentos. Para isso, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT) lançou edital para a seleção de projetos de pesquisa sobre o uso eficiente e fontes alternativas de nutrientes para a agricultura nacional. Estão disponíveis R$ 8 milhões, sendo que 30% dos recursos serão
destinados a projetos coordenados por pesquisadores vinculados a instituições sediadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. As propostas a serem apoiadas devem enquadrar-se na pesquisa para fontes alternativas de fertilizantes, como adubação verde, coquetéis vegetais, compostagem, biofertilizantes, resíduos de origem vegetal e animal de sistemas produtivos regionais, uso de rochas nacionais, fixação biológica e química de nitrogênio. Também serão analisados projetos sobre o uso eficiente de fontes fertilizantes visando à sustentabilidade de unidades produtivas da agricultura familiar, considerando indicadores de produção relacionados a unidades do nutriente utilizado e a disponibilidade lo-
cal, regional e nacional da fonte adotada. Podem participar pesquisadores e professores com vínculo empregatício/funcional com instituições de ensino superior, centros e institutos de pesquisa e desenvolvimento públicos e privadas, sem fins lucrativos. O coordenador do projeto deve ter título de doutor, o currículo cadastrado na Plataforma Lattes e produção científica ou tecnológica relevante, nos últimos cinco anos, na área específica do projeto de pesquisa As propostas devem ser encaminhadas sob a forma de projeto ao CNPq até 29 de setembro, com o preenchimento do Formulário de Propostas Online, encontrado no site www. cnpq.br (Agência CT)
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SUGESTÃO DO LEITOR
O que é esse tal de Glúten? De acordo com a Lei n.º 8.543, de 23 de dezembro de 1992, é obrigatória a impressão de advertência em rótulos e embalagens de alimentos industrializados que contenham glúten, a fim de evitar a doença celíaca ou síndrome celíaca. A determinação faz parte da legislação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Mas afinal o que é essa substância e quais os perigos que ela pode ocasionar às pessoas? Ao entrar em um supermercado, o consumidor pode ter certeza que qualquer produto alimentício conterá na embalagem, junto às informações nutricionais, as conhecidas frases: “contém glúten” ou “não contém glúten”. Essa substância é uma proteína que se encontra nas sementes de muitos cereais, principalmente o tri-
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go. É a responsável pela elasticidade da massa da farinha e pelo crescimento do pão, facilitando a fermentação. Um pão rico em glúten possui, proporcionalmente, menos carboidratos. Por esse motivo, ele é utilizado em muitas dietas de emagrecimento. Outros cereais onde o glúten pode ser encontrado são o centeio, a cevada e a aveia. O grande problema dessa substância são as conseqüência que ela pode causar aos portadores de doença celíaca. Pessoas com essa doença têm uma hipersensibilidade ao glúten, que pode gerar danos na mucosa do intestino delgado, impedindo a digestão correta. Dessa forma, o organismo não conseguiria absorver nutrientes, vitaminas, sais minerais e água, essenciais para o corpo humano.
Muitas pessoas confundem os tipos de alimentos que podem conter a proteína. Mas ela está presente apenas em cereais. Alguns produtos que não possuem glúten são: arroz, milho e soja.
A doença celíaca (ou enteropatia glúten-induzida) é uma patologia que pode causar os seguintes sintomas: - diarréia - fadiga - dificuldade de desenvolvimento em crianças - dermatite herpetiforme (inflamação na pele) - osteoporose (danos aos osso do corpo humano) - má digestão
O Instituto AME – Arte, Meio Ambiente e Educação promove junto com o Banco de Resíduos dos Bancos Sociais da Fiergs o workshop com a Dra. Joana Félix que falará sobre “O Uso e Reuso de Resíduos”, dia 8 de outubro, das 14h às 17h, na Fiergs. PhD em Química, Dra. Joana, a partir do curtume, extrai o cromo, colágeno, corantes, taninos e óleo de engraxe (que é transformado em biodiesel). Ela lembra que água também é reutilizada nos processos. Outro aproveitamento aplicado no trabalho de Joana envolve os resíduos domésticos que se tornam fertilizantes NPK. As vagas são limitadas. O evento, que tem apoio institucional do Conselho Regional de Química da 5ª Região (CRQV), da Assintecal e da Associação Comercial, Industrial e
de Serviços de Novo Hamburgo (ACI NH), tem como objetivo sensibilizar, conscientizar e oportunizar o conhecimento sobre um dos mais graves problemas mundiais na atualidade. De acordo com a presidente do Instituto AME, Noara Tubino, dar o destino correto para as sobras e encontrar um processo adequado para o reaproveitamento dos resíduos é um dos grandes desafios neste século. Segundo ela, é preciso adaptar as melhores maneiras de reaproveitamento dos resíduos que podem se tornar matériaprima e gerar riqueza.
FORMATURAS Foto: CHAPA DIGITAL
Instituto AME e Banco de Resíduos dos Bancos Sociais da Fiergs promovem o Workshop “O Uso e Reuso de Resíduos”
Formandos do curso de Química (Lic.) da URI - Campus Santo Angelo junto ao conselheiro Ricardo Noll.
Mais informações: (51) 3225-7360 e (51) 3228-3150 Inscrições pelos e-mails: usoderesiduos@gmail.com e instituto_ame@ terra.com.br. As vagas são limitadas.
Agenda 2008 SETEMBRO 05 e 06 • Economia de Energia na Indústria Química ABQ/RS Informações: (51) 3225.9461 www.abqrs.com.br 12 e 13 • Compostagem ABQ/RS Informações: (51) 3225.9461 www.abqrs.com.br 17 e 24 • Curso Prático de Cromatografia Gasosa - Módulo de Análise Quantitativa Fundação Liberato – Novo Hamburgo/RS ABQ/RS Informações: (51) 3225.9461 www.abqrs.com.br
26 • Curso Prático de Cromatografia • Gasosa – Módulo Básico Fundação Liberato – Novo Hamburgo/RS ABQ/RS Informações: (51) 3225.9461 www.abqrs.com.br 27 • Biodiesel ABQ/RS Informações: (51) 3225.9461 OU www.abqrs.com.br OUTUBRO 17 e 24 • Curso Prático de Cromatografia Gasosa – Módulo II Fundação Liberato – Novo Hamburgo/RS ABQ/RS Informações: (51) 3225.9461 www.abqrs.com.br
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