inFoRMATiVo do ConSeLHo ReGionAL de QUÍMiCA dA 5a ReGião
julho a dezembro de 2024 edição n°162
produção, tendências e ciência
QUÍMiCA peRde UMA FiGURA iMpoRTAnTe
BRASiL é deSTAQUe nA pR odUção de CAFé MUndiAL.
GeRenCiAMenTo de ReSÍdUoS pÓS-enCHenTeS.
VejA AS pARTiCipAçõeS do CRQ-V nA
MÍdiA GAúCHA
São ViSToS peLA pRiMeiRA Vez
VejA oS CienTiSTAS pReMiAdoS.
CRQ-V ReALizA Ação pARA A jUdAR eMpReSAS AFe TAdAS peLAS enCHenTeS
ConFiRA ALGUnS doS e VenToS CoM pARTiCipAção do CRQ-V neSTe SeMeSTRe.
é com grande satisfação que apresentamos mais uma edição da nossa revista informativa semestral, repleta de temas que refletem a pluralidade e relevância da química em nosso estado.
nesta edição, prestamos uma homenagem ao grande engenheiro Químico nelson Gonçalves Calafate, membro da Academia Riograndense de Química, cuja trajetória marcou profundamente a história da ciência brasileira e do CRQ-V. Também destacamos o papel do nosso país como líder mundial na produção de café, um produto que, além de ser parte da nossa cultura, carrega importantes aspectos químicos em seu processo produtivo.
outro tema de destaque é a gestão de resíduos em situações críticas, abordada na matéria sobre os desafios pós-enchentes. o foco na ciência foi apresentado nas matérias sobre o avanços na compreensão dos elétrons de valência e no conteúdo sobre os vencedores do prêmio nobel. Além disso, abordamos um tema que une química, estética e cosmética e mostra a importância dessa relação para o nosso cotidiano.
nossa entidade também segue contribuindo para a sociedade, como nas ações de apoio às empresas atingidas pelas enchentes, e na presença em eventos que promovem o desenvolvimento da química na região.
Agradecemos a todos os leitores e colaboradores que tornam esta revista possível. esperamos que este conteúdo inspire, informe e, acima de tudo, reafirme o compromisso do CRQ-V em promover o avanço da química no Rio Grande do Sul.
dark Waters - o preço da Verdade é baseado em fatos reais e apresenta uma investigação ocorrida em virtude de produtos químicos perfluorados, como o pFoA, utilizados na fabricação do teflon por uma das maiores indústrias químicas da época (anos 90/2000). o filme explica os efeitos prejudiciais desses compostos na saúde humana e no meio ambiente, contribuindo para doenças graves. A trama acompanha o advogado Robert Bilott, que, após ser alertado por um fazendeiro sobre a poluição, se torna um defensor da justiça ambiental. ele enfrenta dilemas éticos enquanto luta para expor a verdade, colocando em risco sua carreira e sua família. A mensagem central destaca a responsabilidade das empresas em relação à saúde pública e a necessidade de regulamentação na indústria química.
expedien T e
Presidente
paulo Roberto Bello Fallavena Vice-presidente estevão Segalla secretário
Renato evangelista tesoureira elsa Lesaria nhuch
assessoria de comunicação do cRQ-V assecom@crqv.org.br
Jornalista Responsável
Louise Veronezi Gigante
Redação
Louise Veronezi Gigante
Késia Mesquita
Kaylane S. de oliveira
Diagramação
Louise Veronezi Gigante
Késia Mesquita
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Em memória de
nelson G on ÇA lV es c A l A fAte nelson G on ÇA lV es c A l A fAte nelson on
Membro da Academia Riograndense de Química deixa legado científico para o Brasil
no mês de setembro, o Brasil perdeu uma figura importante no meio científico. nelson Gonçalves Calafate, membro da Academia Riograndense de Química nos deixou aos 94 anos.
profissional apaixonado pela Química e pela trajetória desta ciência no Brasil, o engenheiro Químico, Químico industrial e engenheiro de Segurança do Trabalho deixou uma marca que jamais será esquecida.
Aos 15 anos, Calafate começou como office-boy em uma empresa norte-americana, onde foi promovido a “prático de laboratório”, incentivado pelo diretor técnico, dr. juvenal osório de Araújo dória, que mais tarde se tornaria o segundo presidente do Conselho Federal de Química.
Ao longo de sua carreira, ele atuou em diversas organizações, como químico industrial e engenheiro químico, além de se especializar em engenharia de segurança do trabalho. Sua trajetória culminou em posições gerenciais, chegando a ser diretor industrial. ele sentia orgulho ao mencionar a robustez da indústria química brasileira, que conta com empresas de todos os portes, movimentando bilhões de reais por ano.
Calafate também destacava a importância da interação entre a academia, a pesquisa científica e a indústria, enfatizando que essa conexão deve ser a base para as políticas de inovação tecnológica nos próximos anos. Um dos campos emergentes que despertou seu interesse foi a ‘Química Verde’, voltada para o desenvolvimento sustentável. para ele, era essencial unir inovação científica e sustentabilidade com objetivos econômicos.
o envolvimento dele na criação da Lei Magna nº 2.800/56 é um marco importante na história da química no Brasil. juntamente com sua esposa, enquanto estudantes do Curso de Química industrial da escola nacional de Química (antiga “Universidade do Brasil”), ele foi convidado a buscar apoio do General joão Carlos Barreto, presidente do Conselho nacional do petróleo.
05/03/1930 13/09/2024
Com o objetivo de avançar no chamado “projeto dos Químicos”, ele e sua equipe se aproximaram de figuras políticas influentes, chegando ao deputado relator do projeto, nelson de Souza Carneiro, e, eventualmente, ao presidente juscelino Kubitschek de oliveira. jK, então, sancionou a Lei 2.800 em 18 de junho de 1956, estabelecendo o Conselho Federal e os Regionais de Química. Calafate se destacou por seu comprometimento incansável com o avanço da ciência e por seu papel fundamental na valorização da profissão. Sua participação na Lei 2.800 foi essencial para que esta profissão fosse valorizada e ganhasse notoriedade em todo o Brasil. Além de sua excelência técnica, o Acadêmico era amplamente admirado por sua capacidade de inspirar os que o cercavam, sempre incentivando novas gerações de químicos a seguirem seus passos com paixão e dedicação. o presidente do CRQ-V, paulo Roberto Bello Fallavena lamenta o falecimento de nelson Calafate: - "neste momento de luto, prestamos nossa homenagem a um grande profissional que muito contribuiu para o desenvolvimento da química. Com saudade, lembraremos de sua trajetória e exemplo de vida, que permanecerão vivos entre todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo e trabalhar ao seu lado".
cA fé produção, tendências e ciência
Uma experiência química complexa, que envolve diversos compostos e reações e que faz parte da rotina brasileira: assim podemos definir o café, um dos alimentos mais valorizados no Brasil, conhecido como a bebida que “vale ouro”. esta valorização e popularidade também podem ser percebidas no âmbito comercial, uma vez que nosso país é o maior produtor e exportador mundial destes grãos.
Produção Brasileira
Respondendo por 40% da produção global, a exportação do café brasileiro alcançou volume histórico no ano-safra 2023/2024, segundo dados do relatório estatístico do Conselho dos exportadores de Café do Brasil. As mais de 47 milhões de sacas de 60 kg representam alta de 32,7% se comparadas ao período anterior e foram distribuídas para 120 países. dentre os principais importadores do produto brasileiro, estão os estados Unidos da América e os europeus, Alemanha, Bélgica e Holanda. A cultura do café ocupa 2,2 milhões de hectares no Brasil, com um faturamento estimado em R$ 70 bilhões até o final de 2024.
os tipos cultivados no Brasil são o café arábica (Coffea arabica) e o conilon (robusta). o primeiro é cultivado em regiões de maior altitude e clima ameno e é apreciado por seu sabor suave, aromático e complexo, além de ter menor teor de cafeína. este tipo representa cerca de 70% da produção nacional, com Minas Gerais, São paulo e paraná como os principais estados produtores. já o café conilon (Coffea canephora) é produzido especialmente no estado de Rondônia, é mais resistente a pragas e condições climáticas adversas e oferece um sabor mais intenso, com concentração de cafeína elevada. este tipo é frequentemente utilizado em blends e na produção de café solúvel, representando 30% da produção. A forma como a bebida é preparada também influencia na extração destes compostos e possui ligação direta com o sabor do café. A temperatura da água, por exemplo, entre 90 e 96°C é ideal para extrair compostos de sabor e aroma, ou seja, se muito
quente, pode acarretar em sabor amargo, em virtude do excesso de compostos extraídos. o tamanho da moagem também possui influência, pois, quanto mais fina, maior a área de contato com a água e maior a taxa de extração. o tempo de extração também pode resultar em sabor amargo e desagradável, se realizado por um longo período.
A química do processo
entender a química por trás do café é valorizar uma bebida que envolve conhecimento, tecnologia e cuidado em cada etapa. o grão de café, em sua forma verde, apresenta muitos minerais importantes para o organismo, como o potássio, cálcio, magnésio, sódio, ferro, manganês, zinco e cobre. Além disso, aminoácidos como a alanina, arginina, cisteína, isoleucina, tirosina e valina também são encontrados. Após a colheita, o grão passa pelo processo de torrefação, onde os grãos são aquecidos a uma temperatura entre 180 e 240°C, passando por alterações significativas. As duas principais reações químicas que ocorrem neste momento são a Reação de Maillard e a caramelização.
A primeira inicia a partir de 140°C, e produz centenas de compostos que contribuem para a cor marrom característica do café torrado e para o desenvolvimento de aromas e sabores complexos que variam de notas de nozes e chocolate a caramelo e frutas. já a caramelização acontece quando os açúcares presentes nos grãos, como a sacarose, são expostos a altas temperaturas e começam a se decompor, formando compostos que conferem doçura e corpo ao café. A intensidade da caramelização depende do tempo e da temperatura da
Tendências
nos últimos anos, a demanda por cafés especiais cresceu impulsionada pela preocupação com a sustentabilidade, representando cerca de 20% das exportações. Segundo Gerson Silva Giomo, pesquisador do instituto Agronômico de Campinas (iAC), o que define um café como “especial” são alguns aspectos, desde a produção na lavoura até o processamento pós-colheita e a torrefação. para ser considerado especial, um café deve atingir, no mínimo, 80 pontos em uma escala de avaliação sensorial estabelecida pela Specialty Coffee Association (SCA). os atributos avaliados incluem: fragrância, aroma, uniformidade, doçura, sabor, acidez, finalização e harmonia. embora o Rio
torra, contribuindo para o sabor doce e amargor moderado que complementa o amargor natural do café.
Ao iniciar o preparo de um café, o processo de extração ocorre, liberando centenas de compostos. entre eles, podemos destacar a cafeína, principal composto que concede os efeitos estimulantes. no cérebro, a cafeína bloqueia a adenosina, um neurotransmissor associado ao sono, promovendo a sensação de alerta. Além de ser um estimulante, ela pode melhorar o desempenho cognitivo e reduzir o risco de doenças neurodegenerativas, como o parkinson e o Alzheimer. entretanto, o consumo excessivo pode levar a efeitos negativos, como insônia, ansiedade e aumento da pressão arterial. já os ácidos clorogênicos são antioxidantes naturais presentes no café, que influenciam a acidez e a percepção do amargor.
os lipídios são encontrados no óleo essencial dos grãos de café e são responsáveis pela formação da crema (camada de espuma) nos cafés expressos e pela preservação de compostos aromáticos durante o preparo. os diterpenos (cafestol e kahweol), compostos lipídicos também podem ter efeitos antioxidantes e, em alguns casos, anti-inflamatórios.
Grande do Sul não seja um dos grandes produtores, o estado possui um mercado em expansão no setor de cafés especiais e consumo de café. A capital, por exemplo, vem acompanhando a tendência global de valorização do café artesanal e orgânico, com uma crescente presença de cafeterias especializadas. Além disso, pequenos produtores e empreendedores vêm investindo em técnicas de cultivo sustentáveis e variedades especiais, que são particularmente apreciadas no mercado de cafés de alta qualidade. o clima frio do estado, combinado com técnicas específicas de torrefação, permite a produção deste produto com perfis diferenciados, agradando paladares exigentes.
pós-guerraoperação
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS PÓS-ENCHENTES
Após encarar a devastadora enchente que atingiu porto Alegre no mês de maio, o povo gaúcho enfrentou um grande desafio: o gerenciamento de cerca de 110 mil toneladas de resíduos. o impacto foi agressivo e exigiu uma mobilização sem precedentes. A equipe no departamento Municipal de Limpeza Urbana (dMLU) se dedicou ao planejamento de uma operação de limpeza que abrangeria todos os bairros afetados.
Conforme o presidente do dMLU Carlos Alberto Hundertmarker, o trabalho foi intensivo, realizado em todos os turnos, incluindo sábados, domingos e feriados. nos primeiros 60 dias pós-enchente, o foco foi a destinação correta dos resíduos, que, embora classificados como inertes, apresentavam nível 2 de contaminação, o que demandou uma atenção especial. os resíduos foram destinados a dois aterros: Minas do Leão e Santo Antônio da patrulha.
“Acredito que é fundamental destacar a preocupação ambiental do dMLU, especialmente em relação à correta destinação dos resíduos. é importante ressaltar que houve a contaminação com produtos químicos, especialmente na região do Quarto distrito, Anchieta e Humaitá, onde existem várias indústrias químicas. esses resíduos, classificados como de tipo “2” foram levados pelas águas, assim como as casas das pessoas. portanto, tivemos uma
preocupação significativa com a destinação ambiental adequada desses materiais”, afirma Carlos Albero Hundertmarker. para garantir a eficiência da operação, contratos emergenciais foram assinados com diversos departamentos, além disso, maquinários e equipamentos foram comprados de outros estados. A operação denominada de “operação pós-guerra”, demandou um investimento de aproximadamente 100 milhões de reais e consistiu na coleta de resíduos na porta das residências e estabelecimentos comerciais. A gestão correta de resíduos e materiais é fundamental para a proteção ambiental e a saúde pública, especialmente em um mundo onde a geração de resíduos continua a aumentar. planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (pGRS) são ferramentas essenciais para garantir que esses resíduos sejam tratados, armazenados e descartados de maneira adequada, minimizando os impactos negativos no meio ambiente e na sociedade. os profissionais da química são indispensáveis nesse processo, por conta da responsabilidade de desenvolver técnicas de tratamento e reciclagem, avaliar a composição dos resíduos e propor soluções sustentáveis. Além disso, ajudam a garantir que as normas e regulamentações sejam seguidas, contribuindo para a proteção dos ecossistemas.
MICROPLÁSTICOS
NA ÁGUA DE PORTO ALEGRE
A produção de plásticos abrange processos complexos e impactos ambientais variados, especialmente considerando sua onipresença nos produtos modernos. Quimicamente, plásticos são polímeros derivados de compostos orgânicos, geralmente à base de petróleo ou gás natural. entre as principais resinas plásticas no Brasil estão o polipropileno (pp), o polietileno de alta densidade (peAd), o poliestireno (pS) e o policloreto de vinil (pVC), utilizados para embalagens, construção e fabricação de utensílios. em 2023, segundo dados do Sindiplast, a produção física brasileira deste produto atingiu cerca de 6,7 milhões de toneladas, com o faturamento da indústria de transformação chegando a R$ 123 bilhões. este setor gera aproximadamente 370 mil empregos no país e inclui mais de 12 mil empresas, configurando-se como um pilar econômico significativo para o Brasil. porém, deste montante, apenas 1,4 milhão de toneladas de resíduos foram recicladas no mesmo ano. Mundialmente, a produção de plástico ultrapassa 390 milhões de toneladas anuais, tendo seu uso principal em embalagens (31% da produção), seguido por setores como construção civil, automotivo e eletrônico. esse crescimento implica grandes desafios ambientais, incluindo a poluição por microplásticos, que já impacta ecossistemas e saúde humana, uma vez que partículas microscópicas são encontradas em alimentos e até mesmo no corpo humano. os microplásticos são partícu-
las plásticas que variam de 10 micrômetros a 5 milímetros, sendo visíveis a olho nu ou apenas com microscópio. Segundo a pesquisadora do departamento de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Andreia neves Fernandes, eles estão presentes alimentos, água, solo e ar, o que os torna onipresentes no meio ambiente. embora não tenha comprovação definitiva de que os microplásticos causem riscos diretos à saúde humana, eles podem carregar contaminantes, como metais e substâncias orgânicas, que são comprovadamente associados a danos em animais. Andreia mencionou um estudo recente denominado “in Vivo Tissue distribution of polystyrene or Mixed polymer Microspheres and Metabolomic Analysis after oral exposure in Mice” realizado com camundongos, que demonstrou que microesferas de poliestireno podem migrar para órgãos vitais, como cérebro e fígado. o estudo também aponta que a exposição a essas partículas resulta em diferentes respostas metabólicas. de acordo com a pesquisadora, que também coordena o Laboratório de processos Ambientais e Contaminantes emergentes da universidade, estima-se que, em média, os humanos consumam cerca de 5 gramas de microplásticos por semana. Apesar dos riscos, não existem métodos eficazes para eliminar microplásticos da alimentação. As indústrias de alimentos e o setor de tratamento de água estão cada vez mais preocupados com a melhoria
dos processos para evitar que essas partículas cheguem à mesa do consumidor. A situação, segundo Andreia, destaca a necessidade urgente de mais pesquisas e medidas para mitigar os impactos dos microplásticos na saúde humana. no estudo, realizado por diversos pesquisadores, foram detectadas microesferas de poliestireno em tecidos distantes, incluindo cérebro, fígado e rim. Além disso, foram relatadas diferenças metabólicas que ocorreram no cólon, fígado e cérebro, que mostraram respostas diferentes, dependendo da concentração e do tipo de exposição às microesferas. pesquisas explicam que o uso global de plásticos vem aumentando e muitos dos produtos acabam nos oceanos ou em aterros, levando a um acúmulo de plásticos no meio-ambiente. “os detritos plásticos se degradam lentamente em microplásticos que podem ser inalados ou ingeridos por animais e humanos”, cita. os pesquisadores afirmam que os resultados colocam em evidência os riscos à saúde causados pela exposição aos diferentes tipos, misturas e concentrações de microesferas plásticas. Um dos autores do estudo, o médico Marcus Garcia, da University of new Mexico College of pharmacy, destacou ao jornal Medical news Today, que “as implicações das nossas descobertas para a saúde humana são substanciais”. de acordo com a pesquisadora da UFRGS, até o momento não existe nenhum processo para reduzir ou até mesmo eliminar os microplásticos presentes nos alimentos que consumimos.
PROCEDIMENTOS ESTéTICOS INvASIvOS
substâncias injetáveis utilizadas para fins estéticos se popularizaram, mas, não dispensam atenção e acompanhamento profissional
Tratamentos invasivos se tornaram grandes aliados na busca por melhoria estética. Seja na aplicação de produtos no rosto ou corpo, visando aspecto de juventude ou emagrecimento, estes procedimentos ganharam fama e hoje têm espaço de destaque, principalmente, nas redes sociais. dentre estes tratamentos, podemos mencionar o botox e o preenchimento facial como os “queridinhos” da população brasileira.
A toxina botulínica, comumente chamada de “botox” é produzida pela bactéria Clostridium botulinum. essa bactéria é responsável por uma forma rara de intoxicação alimentar chamada botulismo, que pode ser fatal. no início do século 20, cientistas identificaram uma bactéria que prospera em ambientes com baixo oxigênio, como os encontrados em alimentos em conserva. eles descobriram que, ao ser ingerida, essa bactéria interfere na ação do neurotransmissor acetilcolina, essencial para a comunicação entre os músculos e o sistema nervoso, resultando em paralisia muscular.na década de 1950, pesquisadores como edward Schantz começaram a trabalhar na purificação da toxina para uso médico. em 1980, o botox foi aprovado para uso em tratamentos oftalmológicos, como estrabismo e blefaroespasmo.
A popularização do botox como tratamento estético começou nos anos 90, quando os médicos perceberam que a injeção da toxina podia reduzir rugas e linhas de expressão. desde então, seu uso se expandiu, e o botox se tornou um dos procedimentos estéticos mais procurados no mundo todo. Além disso, a toxina botulínica é utilizada em várias condições médicas, como distúrbios musculares, enxaquecas e sudorese excessiva.já o ácido hialurônico, o famoso “preenchimento”, é uma substância naturalmente encontrada no corpo humano, especialmente na pele, nas articulações e nos olhos. Sua descoberta
remonta à década de 1930, quando foi isolado pela primeira vez por Karl Meyer e john palmer a partir do humor vítreo do olho de vacas.
em 1980, os cientistas começaram a desenvolver formas sintéticas e modificadas do ácido hialurônico para uso médico e estético. A primeira aplicação estética significativa surgiu na década de 1990, quando se tornou popular como um preenchimento dérmico para suavizar rugas e aumentar o volume facial.
o ácido hialurônico se destaca por sua capacidade de reter água e proporcionar hidratação à pele, além de ser um produto biocompatível com organismo humano. Com o passar dos anos, diversas formulações foram criadas para diferentes aplicações, como preenchimentos labiais, contorno facial e tratamento de cicatrizes. Hoje, é um dos procedimentos estéticos mais procurados, conhecido por ser minimamente invasivo e oferecer resultados imediatos. Além do uso popular no rosto, estas substâncias também são aplicadas em outras regiões do corpo para tratamentos específicos como controle de sudorese e assimetria. de acordo com a dra. Sophia Weigert, Biomédica esteta, a aplicação deste produto apresenta baixo risco, mas, existem reações alérgicas possíveis, como edema intermitente. Um risco maior é a compressão de vasos sanguíneos, que pode levar à necrose, demandando atenção do profissional para evitar complicações. embora os procedimentos injetáveis sejam eficazes, eles não substituem os cuidados diários com a pele, que a tornam saudável e potencializam os resultados dos tratamentos estéticos. estas aplicações devem ser realizadas por profissional habilitado e com garantia de legalidade e veracidade dos produtos. Todo cuidado é pouco quando se fala em tratamentos invasivos, pois, reações adversas podem trazer da-
nos irreversíveis ao paciente. outro produto que ganhou destaque nas mídias sociais e que possui ligação com fins estéticos é o ozempic. desenvolvido inicialmente para o controle da diabetes tipo 2, ele se tornou uma ferramenta no tratamento da obesidade e ganhou adeptos curiosos. A semaglutida imita o GLp-1 (Glucagon-like peptide-1), um hormônio que regula o apetite e o metabolismo. Ao retardar o esvaziamento do estômago e aumentar a sensação de saciedade, o medicamento ajuda a controlar a glicemia e promove a redução do peso corporal. Além disso, estudos mostram que a substância reduz o risco de eventos cardíacos graves e melhora a saúde renal em pessoas com diabetes tipo 2.
Segundo a médica endocrinologista, paula jaskulski, o ozempic é indicado para pessoas com diabetes tipo 2 e, em doses maiores (como no Wegovy, aprovado recentemente no Brasil), para o tratamento da obesidade. Apesar dos benefícios, o uso sem orientação médica é arriscado. efeitos colaterais comuns incluem náuseas, vômitos, dores abdominais e constipação. Além disso, a medicação é contraindicada para gestantes, lactantes e pessoas com histórico de câncer medular de tireoide ou pancreatite sem causa definida.
Segundo paula, a crescente procura pelo ozempic para fins estéticos, impulsionada por modismos online, é preocupante, “muitas pessoas têm usado o remédio para perda de peso puramente estética, como projeto verão, sem considerar os efeitos colaterais e riscos associados”, menciona. A especialista alerta que o emagrecimento saudável exige uma abordagem integrada, com mudanças no estilo de vida, dieta equilibrada e exercícios físicos, “sem a mudança de estilo de vida, os resultados em todos os casos são muito menores, e muitas vezes a perda de peso não acontece com qualidade”, conclui.
elét R ons D e VA l Ê nc IA SÃO
VISTOS PELA
PRIMEIRA VEZ
A distribuição dos elétrons na camada externa dos átomos, conhecidos como elétrons de valência, foi observada experimentalmente pela primeira vez.
Como todas as interações atômicas e reações químicas são determinadas pelos elétrons de valência, esse avanço oferece uma visão mais clara sobre a natureza fundamental das ligações químicas. isso tem implicações significativas, que envolvem química e biologia, desde a origem da vida, até os processos utilizados na indústria química e farmacêutica. o pesquisador Takeshi Hara juntamente com os seus colegas da Universidade de nagoia, no japão, obtiveram resultados que mostram que as estimativas teóricas usadas até então não forneciam dados precisos como se acreditava.
durante experimentos de difração de raios x em um acelerador síncrotron, a equipe descobriu que era possível extrair seletivamente a densidade dos elétrons de valência dos átomos em um cristal. “Usando esse método, observamos o estado eletrônico da molécula de glicina, um tipo de aminoácido,” disse o professor Hiroshi Sawa. “embora o método
fosse relativamente simples, o resultado foi impressionante. A nuvem de elétrons observada não exibiu a forma suave e contínua que muitos esperavam, mas sim um estado fragmentado e discreto.” o grupo criou mapas coloridos para representar variações em conjuntos de dados em intervalos específicos. o mapa transversal das moléculas (glicina e citidina) mostrou interrupções na distribuição dos elétrons ao redor dos átomos de carbono. este estudo possibilitou a visualização direta da essência das ligações químicas, o que pode contribuir para o design de materiais funcionais e a compreensão dos mecanismos das reações químicas. isso ocorre porque ele ajuda na análise dos estados eletrônicos das moléculas, que são difíceis de inferir apenas a partir das fórmulas estruturais químicas. isso pode, por exemplo, explicar por que alguns medicamentos são eficazes e outros não. Áreas onde as interações afetam a funcionalidade e a estabilidade estrutural, provavelmente se beneficiarão com esta pesquisa.
Fonte/Foto: inovação Tecnológica
PRÊMIO NOBEL DE QUÍMICA 2024
david Baker, demis Hassabis e john M. jumper foram premiados com o nobel de Química 2024 por suas contribuições na decifração das estruturas das proteínas utilizando inteligência artificial. Anunciado pela Academia Real das Ciências da Suécia, o prêmio de 11 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 5,8 milhões) será dividido entre eles, com Baker recebendo metade e Hassabis e jumper dividindo a outra metade. Hassabis e jumper, ambos da Google deepMind, desenvolveram o modelo AlphaFold2, que revolucionou a previsão das estruturas tridimensionais das proteínas a partir de suas sequências de aminoácidos. Baker, por sua vez, foi reconhecido por criar novas proteínas sintéticas.
As descobertas têm implicações significativas para o desenvolvimento de medicamentos e tratamentos médicos, facilitando o design de fármacos que interagem com proteínas de maneiras inovadoras! o AlphaFold2 já foi amplamente utilizado em todo o mundo, refletindo sua importância na biociência moderna.
AÇÃ o JU ntos P el A R econst RUÇÃ o
o Rio Grande do Sul sofreu perdas econômicas inestimáveis desde o início da catástrofe do mês de maio. os eventos que atingiram o nosso estado afetaram todos os níveis da indústria gaúcha de forma direta e indireta. Segundo dados da pesquisa da Federação das indústrias do Rio Grande do Sul (FieRGS), aproximadamente 47 mil indústrias estão sediadas nestes locais afetados. este grande número de empresas preocupa, principalmente, por gerar emprego para mais de 800 mil pessoas. Visando a recuperação de nosso estado, lançamos, no início do mês de junho, uma campanha de divulgação de marcas gaúchas da área da Química.
nosso objetivo foi promover a qualidade e diversidade dos produtos e serviços, incentivando a comunidade a consumir localmente e ajudando na recuperação econômica das áreas atingidas. As empresas interessadas na divulgação podem se cadastrar através de formulário disponível em nosso site e redes sociais. por lá, tivemos a oportunidade de contar sobre a história da empresa, além de divulgar sua linha de produção e formas de atuação.
essa campanha visou não apenas apoiar as empresas locais afetadas pelos eventos climáticos, mas também destacar a qualidade dos produtos e serviços oferecidos por essas indústrias. Cada uma delas desempenha um papel fundamental na recuperação e bem-estar da comunidade, reforçando a importância de consumir e valorizar o nosso estado. Continuar apoiando essas marcas é essencial para a recuperação econômica e para o fortalecimento da economia regional.
“nós, como órgão essencial para a sociedade, estamos comprometidos em apoiar nossos profissionais e empresas nesta jornada de recuperação. Vamos trabalhar juntos para não apenas restaurar o que foi perdido, mas, também, para fortalecer nossa comunidade e garantir um futuro resiliente para todos”.
poSSe de 1/3 do PlenÁRIo Do cRQ-V
no início do mês de agosto, reuniram-se para a posse de 1/3 dos Conselheiros (eleitos para o período 2024/2027) e eleição de diretoria (para o período 2024/2025) do CRQ-V o presidente, dr. paulo Roberto Bello Fallavena, os Conselheiros Federais newton Mário Battastini e Raquel Fiori e os Conselheiros Regionais Anamélia Saenger de Vasconcellos, evandro Luís janovik, Larissa Leffa Fernandes, Leonardo Moreira dos Santos, Roberto Achutti Bertoncello, Rubens zolar da Cunha Gehlen e Wolmar Alipio Severo Filho. na ocasião foram empossados os seguintes Conselheiros: engenheiro Químico Titular Maurício de Almeida Schmitt
e sua suplente engenheira Química Tânia denise Miskinis Salgado, Químico industrial Titular Renato evangelista e seu suplente Químico industrial Mauro ibias Costa, representantes das Associações e Sindicato; Bacharel em Química Titular elsa Lesaria nhuch e seu suplente Bacharel em Química Leandro Rosa Camacho, representantes das escolas de nível Superior.
Com a nova composição do plenário, ocorreu a eleição da diretoria para o período 2024/2025, ficando assim composta: estevão Segalla como Vice-presidente, Renato evangelista como Secretário e elsa Lesaria nhuch como Tesoureira.
Dr. Paulo Roberto Bello Fallavena - Presidente do CRQ-V
Conselheira elsa Lesaria nhuch em formatura dos alunos do curso Técnico em Química do Colégio dom Feliciano.
Conselheiro Renato evangelista participando da aula inaugural do curso Técnico em Alimentos do Colégio Sinodal progresso em Salvador do Sul.
Colaboradoras do CRQ-V em homenagem ao outubro Rosa e a preveção contra o Câncer de Mama.
presidente do CRQ-V, dr. paulo Roberto Bello Fallavena na MoSTRATeC (Mostra internacional de Ciência e Tecnologia), com o diretor executivo da Fundação Liberato Salzano Vieira da Cunha, josé de Souza.
Conselheiro Wolmar Alipio Severo Filho em palestra para os alunos do curso Técnico em Química do instituto estadual de educação prof. Annes dias.
Conselheiro evandro janovik no evento “Conversas profissionais” para os cursos de engenharia da Ulbra Canoas.
Conselheireiro Renato evangelista em palestra para os alunos do curso Técnico e Tecnólogo em Viticultura e enologia do iFRS Bento Gonçalves.