Jul-Ago-Set de 2009 | Ano XIII | N° 114
Por dentro do arroz
pesquisa Escassez e Excesso Áreas de cultivo agrícola têm fertilizantes demais - ou de menos
ciência Amor na química
eve ntos Academia Riograndense de Química escolhe primeiros acadêmicos
Conheça a história e composição química do cereal que alimenta mais da metade da população mundial
índice 3 PESQUISA
Escassez e Excesso
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ciência
Amor na Química
inovação
Bateria de lítio-enxofre dura três vezes mais que baterias atuais
especial
Por dentro do arroz
eventos
Academia Riograndense de Química tem seus primeiros acadêmicos
sorteio A ganhadora do livro “Barbies, Bambolês e Bolas de Bilhar”, de Joe Schwarcz foi a técnica química Aline Machado.
atenção O Sindicato dos Químicos do Rio Grande do Sul (Sinquirs) mudou de endereço em Porto Alegre. A sede agora está localizada na Avenida Protásio Alves, 584 sala 301, Bairro Petrópolis.
Mais informações: E-mail: sinquirs@sinquirs.com.br Site: www.sinquirs.org.br Telefones: (51) 3211-3572
Editorial O Informativo do CRQ-V fala, nesta edição, da importância de um cereal que está presente na mesa da maioria dos brasileiros: o arroz. Aqui você confere um pouco da história, a composição e o recente estudo de pesquisadoras gaúchas que publicaram um trabalho sobre a influência das condições de parboilização na composição química do arroz. Também falamos sobre agrotóxicos e sobre o amor, que envolve muito mais química do que imaginamos. Divulgamos os primeiros acadêmicos que pertencem agora à Academia Riograndense de Química, escolhidos por sua história e engajamento em projetos que, de alguma maneira, influenciaram a ciência no RS e no restante do país. Continuem enviando sugestões para que o informativo continue interessante. Boa leitura.
crq-v
seguro O CRQ-V, por meio de um convênio firmado com o Instituto de Apoio aos Profissionais da Ciência (IAPC), está oferecendo modalidades de seguro (automóvel, residencial, empresarial, pessoal e etc.) aos registrados e seus familiares. Para mais informações contatar o corretor Marcelo Marques pelos telefones (51) 3225 7141 ou (51) 99782910.
Na renovação anual de um terço dos conselheiros do CRQ-V, prevista por lei, foram eleitos como representantes de Escolas, os bacharéis em Química Karine Arend e Hermes Neubauer de Amorim. Para a representação de Associações e Sindicatos, os eleitos foram os químicos Renato Evangelista e Ademar de Bernal Baldi.
Vantagens: Produto Personalizado; Cartão de desconto em mais de de 15 mil estabelecimentos; Franquias diferenciadas; Sorteio de prêmios; Canal direto entre segurador e corretor.
A eleição é feita por meio de uma assembléia de delegados eleitores indicados pelas escolas de nível superior, associações e sindicatos devidamente registrados no Conselho Federal de Química.
números do conselho DOCUMENTOS
ABR/MAI/JUN
TOTAL
ART’S emitidas
1.448 201 66 22 771
2.838 353 172 34 810
Registros Definitivos Registros Provisórios Certidões Processos Analisados
Expediente INFORMATIVO CRQ-V - Av. Itaqui, 45 - CEP 90460-140 - Porto Alegre/RS - Fone/fax: 51 3330.5659 - www.crqv.org.br Presidente: Paulo Roberto Bello Fallavena Vice-Presidente: Estevão Segalla Secretário: Renato Evangelista Tesoureiro: Ricardo Noll
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Assessoria de Comunicação do CRQ-V assecom@crqv.org.br Jorn. Resp.: Vanessa Valiati Edição de Arte: Letícia Lampert
Colaboração: Camila Vargas Estagiário: Marcos Bertoncello Tiragem: 9.000 Impressão: Ideograf
Análise de alimentos O Instituto Adolfo Lutz (IAL) disponibilizou o Livro de Métodos Físico-Químicos para Análise de Alimentos em sua primeira edição eletrônica, revisada a partir da quarta edição impressa, lançada com o apoio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2005. De acordo com a Secretaria da Saúde de São Paulo, o livro constitui um importante instrumento de apoio à atividade laboratorial e à capacitação de profissionais que atuam na área. A importância foi demonstrada pela grande aceitação da obra, gerando uma procura que rapidamente esgotou a sua primeira tiragem. Para atender a demanda e ampliar o acesso à publicação, o IAL decidiu disponibilizá-la gratuitamente em seu site, de modo a fornecer subsídio para o aprimoramento laboratorial e para as ações de vigilância sanitária. “Este lançamento representa, ainda, uma contribuição às comemorações dos 20 anos do Sistema Único de Saúde, que conta com a participação permanente do IAL na sua construção”, disse Marta Salomão, diretora do IAL. O livro pode ser baixado no endereço: www.ial.sp.gov.br (Agência FAPESP)
HUMOR
O sucesso do Ensino Técnico na Região Sul Uma pesquisa do Ministério da Educação (MEC) mostra que, na Região Sul, 77% dos ex-alunos dos cursos técnicos estão empregados, o que comprova a grande importância deste nível para a escolha de uma profissão ou até mesmo para quem espera cursar o Ensino Superior. O percentual sulista é maior que a média nacional, que ficou em 72%. O alto índice de empregabilidade representa o sucesso da Região neste quesito. Para o estudo, o MEC ouviu mais de 2,5 mil ex-alunos de 130 instituições da rede federal de educação profissional, científica e tecnológica em todo país, que se formaram no período de 2003 a 2007. Metade dos entrevistados buscou o ensino técnico após a conclusão
do Ensino Médio; 20% fizeram o curso integrado (médio e técnico juntos); e 31% em concomitância com curso regular de Ensino Médio. A formação recebida foi bem avaliada por 67% dos entrevistados, que a consideraram boa e ótima. A margem de erro é de 2,4 pontos percentuais. Tendo como base esta pesquisa, o objetivo do governo agora é ampliar das atuais 215 mil vagas para 500 mil no país. O número de escolas deverá passar de 215 para 354 no ano que vem. Em dezembro de 2008, foram criados 38 institutos federais de educação, ciência e tecnologia no país. Três deles estão no Rio Grande do Sul, a partir dos Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets), escolas agrotécnicas federais e escolas técnicas vinculadas a universidades.
Diamante Humano A técnica para produzir a pedra preciosa foi desenvolvida na Rússia, e patenteada por Rinaldo Willy e Weit Brimer, que fundaram a Algordanza, em Coire, na Suíça, em julho de 2004. Conhecido em inglês como memorial diamond, o diamante humano, é mais uma forma de homenagear e eternizar os mortos. No processo, as cinzas humanas são submetidas a um processo químico para separar o carbono das outras substâncias. Pos-
teriormente, o carbono é purificado e submetido a altíssima pressão e temperatura (cerca de 1700oC), para acelerar sua transformação em diamante, etapa que a natureza leva milhões de anos para realizar. Depois de quatro a seis semanas os diamantes estão prontos para serem lapidados, de acordo com a vontade do cliente. (Scientific American- Brasil)
Biocombustível do mar Pesquisas mostram eficácia no uso de microalgas como fonte de biocombustível O Instituto de Biologia da Universidade Federal Fluminense divulga estudos promissores sobre na utilização de microalgas na fabricação de biodiesel. A matéria-prima é encontrada em todo o litoral do Brasil e tem capacidade de produzir pelo menos 40 mil litros de combustível por hectare ao ano. O desenvolvimento acelerado das microalgas é superior a qualquer outro vegetal conhecido. Outra vantagem no cultivo é que não há a necessidade de terra fértil, apenas de água para ela se multiplicar. Os insumos necessários são água,
luz e nutrientes. As microalgas utilizam a luz do sol para converter o CO2 e água em biomassa. No processo, toda a matéria-prima é utilizada, não há sobras porque são organismos unicelulares e não têm caule, raízes, folhas e flores. Inicialmente o custo da fabricação é alto. Para a extração do óleo seria necessário fazer adaptações nas usinas existentes de grãos. A expectativa dos pesquisadores é positiva quanto aos investimentos das grandes empresas. As melhores perspectivas estão na área da aviação, onde pode ser estabelecida uma parceria para a fabricação da bioquerosene a partir das microalgas.
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pesquisa
Escassez e Excesso As áreas utilizadas para cultivo agrícola em todo o mundo contêm fertilizantes demais – ou de menos. E os dois extremos implicam elevados custos tanto para o ambiente como para o próprio homem. Os fertilizantes sintéticos aumentaram enormemente a produção de alimentos, mas o custo da poluição gerada pelo uso desenfreado tem sido cada vez maior – como a criação de zonas mortas, impraticáveis para o cultivo, em áreas costeiras no Golfo do México e em outros locais. De outro lado, muitas áreas precisam de um uso mais intensivo desses reforços químicos, para repor os nutrientes perdidos por conta da agricultura. A situação paradoxal é destaque em um artigo publicado na edição desta sexta-feira (19/6) da revista Science, escrito por um grupo internacional de pesquisadores, entre eles o professor Luiz Antonio Martinelli, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo, um dos coordenadores da área de biologia da FAPESP.
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Os pesquisadores analisaram o cultivo de milho em três diferentes países e contextos: Quênia, China e Estados Unidos. Nas pequenas plantações no país africano, solos antes férteis estão se empobrecendo à medida que os cultivos removem mais nutrientes do que os adicionados pelos esforços de fertilização. No país mais populoso do planeta, campos são fertilizados de modo mais intenso do que em qualquer outro cenário, atual ou anterior, que tem levado o excesso de fertilizantes para o ambiente, degradando a qualidade da água e do ar, em grande problema ambiental. O terceiro contexto analisado está no meio-oeste dos Estados Unidos, no qual a quantia de fertilizante empregada na agricultura de milho (em rodízio com a soja) era elevada, mas tem sido reduzida desde a década de 1990. Os impactos negativos ao ambiente da utilização desenfreada de fertilizantes químicos têm levado muitos especialistas a defender uma drástica
redução nesse uso, mas os autores do novo estudo apontam o problema de se adotar uma medida como essa, única, para todos os contextos agrícolas. Enquanto algumas regiões usam fertilizantes demais, com sérios impactos ambientais, em outras, como na África subsaariana, onde mais de 250 milhões de pessoas estão insuficientemente nutridas, as quantidades adicionadas de nitrogênio, fósforo e de outros produtos são insuficientes para manter a fertilidade mínima do solo. Na China, onde a fabricação de fertilizantes é subsidiada pelo governo, a produtividade média por hectare aumentou 98% entre 1977 e 2005. O motivo é o uso de reforços como o nitrogênio, cujo uso cresceu 271% no período. “As adições de nutrientes superou em muito as verificadas nos Estados Unidos e no oeste da Europa e grande parte da fertilização excessiva se perde no ambiente, degradando tanto a qualidade do ar como da água”, destacam os autores.
O artigo aponta que agricultores no norte da China usam em média 588 quilos de fertilizantes à base de nitrogênio por hectare cultivado, resultando em uma liberação de 227 gramas de excesso do elemento químico no ambiente. Segundo os pesquisadores, o uso poderia ser cortado pela metade sem perda na produtividade. No outro extremo estão os países mais pobres do mundo. No Quênia, por exemplo, os agricultores usam em média 7 quilos de fertilizantes à base de nitrogênio por hectare. Muito pouco para repor os cerca de 52 quilos de nitrogênio por hectare que são perdidos anualmente pelas culturas agrícolas. A diminuição é possível, como verificada nos Estados Unidos, onde o superuso de fertilizantes era a norma entre as décadas de 1970 e 1990. No período, toneladas de nitrogênio em excesso foram parar no Golfo do México, levadas pelo rio Mississipi, formando zonas mortas com quantidades ínfimas de oxigênio. Desde a década de 1990, entretanto, o uso tem sido reduzido, mas sem impactar a produtividade, devido ao uso de melhores técnicas agrícolas. Mesmo usando seis vezes menos fertilizantes do que os chineses, os agricultores no meio-oeste norte-americano conseguem produtividade semelhante. Desafio e oportunidade O Brasil está no meio dos extremos. As áreas cultiváveis não estão sendo nutridas de modo insuficiente e o uso de fertilizantes, em geral, está longe do cenário dramático encontrado na China. Para Martinelli, que também é professor visitante da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, o Brasil está em um momento crucial em relação ao problema, e precisa saber equilibrar corretamente o desenvolvimento agrícola com a proteção ambiental. Martinelli acaba de produzir um artigo junto com Solange Filoso, do Centro de Ciência Ambiental da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, ainda não publicado, no qual descreve a transformação da agricultura brasileira nas últimas décadas e ressalta a importância de se preservar um de seus bens mais valiosos.
“No futuro próximo, o Brasil poderá se tornar um dos primeiros países a atingir um estágio satisfatório de desenvolvimento ao mesmo tempo em que preserva a sua fenomenal biodiversidade e seus importantes ecossistemas”, destacam os autores no artigo encaminhado por Martinelli à Agência FAPESP. O artigo apresenta diversos números sobre a evolução da produção agrícola no país. Entre 1961 e 2007, a área plantada com soja cresceu quase 8.000% e a produtividade, mais de 20.000%. A área com milho cresceu menos, dobrando no mesmo período, mas a produtividade aumentou em cinco vezes. Apenas nos últimos dois anos, por conta da adoção em massa de biocombustíveis, a área plantada com cana-de-açúcar passou de 6 milhões para 9 milhões de hectares. A pecuária continua com o maior uso da terra: cerca de 200 milhões de hectares. Por outro lado, a área desflorestada na Amazônia aumentou em mais de 400% desde a década de 1970, passando dos 70 milhões de hectares em 2007. O uso de fertilizantes aumentou grandemente desde a década de 1960: potássio (6.000%), nitrogênio (4.000%) e fósforo (2.500%). Apesar de elevados, os números resultaram em uso ainda muito inferior ao verificado nos países desenvolvidos – e muito abaixo dos valores chineses. Mas Luiz Martinelli e Solange Filoso apontam que o cenário brasileiro pode piorar rapidamente, especialmente se o país continuar no ritmo atual de desflorestamento.
“Apesar dos avanços econômicos, é fundamental que entendamos que a fronteira agrícola brasileira não pode avançar indefinitivamente. A expansão contínua colocará em risco não apenas a megabiodiversidade da flora e da fauna brasileiras como as funções vitais que os ecossistemas fornecem para sustentar os sistemas agrícolas”, apontam. Eles destacam a urgência de que os tomadores de decisão e a sociedade compreendam os limites dos ecossistemas e que, se isso ocorrer, há uma boa chance de o Brasil continuar a se desenvolver mantendo a sua biodiversidade, que poderá vir a ser, no futuro, um bem ainda mais valioso do que é hoje. “Devemos agir agora, não amanhã, porque poucos países desenvolvidos tiveram oportunidade como essa”, afirmam. Os autores apontam ainda a estreita inter-relação entre os ecossistemas e os sistemas agropecuários em todo o mundo. “Podemos dizer, por exemplo, que um porco na China, alimentado com soja brasileira, depende da água da Amazônia”, apontam, lembrando que, de acordo com diferentes modelos climáticos, se o desflorestamento na região amazônica atingir um ponto crítico, haverá uma queda significativa na produção de chuva em outras partes do país. O artigo Nutrient imbalances in agricultural development, de Luiz A. Martinelli e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org. (Agência FAPESP – www.agencia. fapesp.br)
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ciência
Amor na química Mãos trêmulas, coração disparado e pensamento fixo naquela pessoa. Tudo isso é consequência das reações químicas do amor Camila Vargas Não saltam corações dos olhos quando se está apaixonado, como acontece nos desenhos animados. Porém, há algumas reações corporais que são sentidas e impossíveis de serem controladas. São alterações químicas no cérebro capazes de transformar o comportamento das pessoas. Cientistas tentam decifrar o mistério que envolve o amor com teorias contraditórias, mas há um consenso entre os estudiosos: de que a paixão é a maneira que seu corpo encontrou para sinalizar a outra pessoa de que ela é a escolhida. Não há regras escritas sobre o funcionamento dos amores; como eles começam ou terminam, mas o corpo através das reações químicas é o responsável pelas indicações sentimentais. A atração entre um homem e uma mulher co-
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meça com a liberação do hormônio testosterona. Ele é responsável pela libido que envolve os casais. Quando a mulher reconhece a pessoa ideal, ela libera dois nanogramas de testosterona por decilitro de sangue. O homem consegue liberar 10 vezes mais quando sente ter encontrado a sua parceira ideal. Aquela felicidade constante, o sorriso no rosto que parece estar congelado é culpa da dopamina, mesma substância que a cocaína e a heroína ativam no cérebro. É ela que faz a pessoa sentir uma alegria imensa, como se não coubesse no peito do apaixonado. Na hora do beijo, a impressão de que o mundo parou e o céu está repleto de fogos de artifício é sinal de uma grande paixão e de que a dopamina está atuando no organismo. Todas essas sensações agradáveis também trazem seus efeitos colaterais como: insônia, taquicardia e falta de apetite. O organismo não suporta muito tempo essas reações, por isso, a paixão tem prazo de validade. Ela acaba quando completa três anos. Os hormônios são destruídos por subst â n -
cias liberadas durante os orgasmos na relação sexual. Ou seja, quando o relacionamento é saudável a paixão se volatiliza por meio dos hormônios. Para que a relação perdure, outras reações químicas devem ocorrer no corpo dos apaixonados. Segundo a psiquiatra Carmita Abdo, em entrevista ao Jornal do Comércio, no homem são as substâncias chamadas de vasopressina e citocina são responsáveis pela estabilidade da relação. Na mulher a ocitocina é a protagonista, porque é por meio dela que se estabelecem os laços afetivos. Como por exemplo, na hora do parto, a futura mãe libera grandes quantidades desta substância para suportar o momento e ter disposição para receber com amor seu filho. A ocitocina junto com a serotonina está presente também nas pessoas relaxadas, no pós-orgasmo, por exemplo. Uma das funções desta substância é bloquear os hormônios produtores do estresse. Se o relacionamento continuar, a ocitona e a vasopressina irão auxiliar no fortalecimento do amor e bem estar do casal. Além disso, podem dar mais cumplicidade na relação sexual, proporcionando mais prazer a ambos, principalmente para as mulheres que tem mais dificuldade em ter orgasmos. Dados da Pesquisa Mosaico Brasil, desenvolvida pelo Projeto de Estudos em Sexualidade do Hospital de Clínicas da Universidade de São Paulo (ProSex), apontam que 17% das gaúchas entrevistadas não têm orgasmos, enquanto, a média nacional é de 26%. Para a psiquiatra Carmita Abdo, pode-se dizer que as gaúchas são mais felizes do que as mulheres de outros Estados.
inovação
Bateria de lítio-enxofre dura três vezes mais que baterias atuais Cientistas canadenses descobriram uma forma de fazer com que as baterias de lítio, que equipam praticamente todos os equipamentos eletrônicos portáteis, armazenem até três vezes mais energia do que as atualmente disponíveis no mercado. Baterias de lítio-enxofre A equipe da Dra. Linda Nazar foi a primeira a demonstrar o funcionamento robusto e com alto desempenho de uma bateria recarregável de lítio-enxofre, uma combinação de elementos teoricamente promissora mas que vinha desafiando os químicos há pelo menos 20 anos. As baterias de lítio-enxofre têm suscitado o interesse dos químicos não apenas porque a combinação dos dois elementos alcança densidades de energia muito mais elevadas do que as densidades dos compostos químicos atuais, mas também porque o enxofre é mais barato do que os materiais hoje utilizados nas baterias de íons de lítio. "O maior desafio foi sempre o catodo, a parte da bateria que armazena e libera os elétrons durante os ciclos de carga e descarga," explica a Dra. Nazar. "Para permitir uma reação eletroquímica reversível de alta eficiência, o enxofre eletricamente ativo precisa manter-se no mais perfeito contato com um condutor, como o carbono."
bono com 6,5 nanômetros de espessura, separados por canais ocos com três a quatro nanômetros de largura. Essas minúsculas fibras de carbono mantêm os espaços ocos abertos, evitando o colapso de toda a arquitetura. Depois de fundido, o enxofre entra nos nanoporos por força capilar, solidificando-se e formando nanofibras de enxofre. Como o preenchimento dos espaços entre as fibras de carbono é virtualmente perfeito, a área de contato enxofre-carbono é muito grande, permitindo a criação de uma nova bateria com um rendimento excepcional. Densidade energética "Esse material compósito pode alcançar até 80% da capacidade teórica do enxofre, que é três vezes a densidade energética dos catodos metálicos de lítio, com boa estabilidade entre os ciclos," diz a Dra. Nazar.
outras finalidades, criando compósitos pela incorporação de outras duplas de materiais. A Universidade de Waterloo requisitou a patente da nova bateria de lítio e enxofre e afirmou, em comunicado, estar avaliando propostas de empresas privadas para o licenciamento da tecnologia. Bibliografia: A highly ordered nanostructured carbon-sulphur cathode for lithiumsulphur batteries Xiulei Ji, Kyu Tae Lee, Linda F. Nazar Nature Materials 17 May 2009 Vol.: 8, 500-506 DOI: 10.1038/nmat2460 (Inovação Tecnológica – www.inovacaotecnologica.com.br)
A técnica de fabricação do compósito também poderá ser utilizada para
Carbono mesoporoso Os pesquisadores encontraram uma solução utilizando um material chamado carbono mesoporoso, que possui nanoporos com diâmetro e volume muito uniformes. Eles construíram uma estrutura de bastões de car-
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especial
Por dentro do arroz Marcos Bertoncello Uma planta da família das gramíneas que alimenta mais da metade da população mundial. Somente o trigo e o milho o ultrapassam como maior cultura cerealífera. É rico em hidratos de carbono. E basta uma panela, um pouco de óleo, água e sal, para se fazer um dos pratos mais comuns da maioria das nações. Este é o arroz. Mas você sabia que existe mais de uma variedade de arroz? Segundo matéria publicada na revista Saúde é Vital da editora Abril, há cinco tipos diferentes. São eles: o negro, o parboilizado, arbóreo, integral e polido (o mais usual). Destes, o arroz parboilizado é considerado, naturalmente, mais nutritivo, pois é o único que não sofre adição de compostos químicos no seu processo. Seu sabor característico e seu tom amarelado são decorrentes da mudança da estrutura do amido
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e fixação dos nutrientes, o que indica que o produto tem suas propriedades nutritivas naturais preservadas. Esta peculiaridade serve como tema para estudos e pesquisas para a sociedade. Foi o caso do trabalho ‘Influência das condições de parboilização na composição química do arroz’, organizado pelas pesquisadoras Giniani Carla Dors, Renata Heidtmann Pinto e Eliana Badiale Furlong, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O objetivo foi avaliar a influência de diferentes tempos de maceração e autoclavagem, durante o processo de parboilização, na composição química do arroz parboilizado. Uma amostra de arroz verde, com casca e seca, foi submetida ao processo de parboilização. Após a secagem, a amostra foi beneficiada em miniengenho, separando-se a casca juntamente com o farelo e o endosperma amiláceo. Todas as porções foram trituradas e peneiradas, recolhendo-se as porções que passaram através de 0,5 mm para serem caracterizadas quanto aos teores de umidade, cinzas, proteínas, fibras, amilose e fenóis totais. Os resultados mostraram que as condições operacionais de tempo de maceração e autoclavagem afetaram os teores de minerais, proteínas, fibras, amilose e fenóis entre o endosperma amiláceo e as porções externas do grão de maneira diferente para cada componente, sendo que o parâmetro tempo de maceração, no seu maior nível (seis horas), teve influência significativa nas frações determinadas.
História do Arroz O sudeste da Ásia é apontado como o provável local de origem do arroz. As mais antigas referências são encontradas na literatura chinesa, há cerca de 5.000 anos. O uso do arroz é muito antigo na Índia, sendo citado em todas as suas escrituras. Na Europa, o alimento começou a ser cultivado a partir do século VII, com a entrada dos árabes pela península Ibérica. Américo Vespúcio, navegador italiano, fez referências à existência do cultivo de arroz em terras brasileiras, o que foi constatado por expedições de Pedro Álvares Cabral. O Brasil é apontado como o primeiro país a cultivar o produto no continente americano. No século XVI, lavouras arrozeiras já ocupavam parte do Estado da Bahia, dando início a essa cultura no Brasil. O arroz fornece a principal dieta cereal para a metade da população da terra, sendo a terceira maior produção mundial, perdendo para o trigo e o milho. É amplamente cultivado da Ásia e nas Américas Central e do Sul. A prática da rizicultura no Brasil, de forma organizada e racional, ocorreu em meados do século XVIII e, daquela época até a metade do século XIX, o país foi um grande exportador deste alimento. Os principais produtores mundiais de arroz são a China, Índia e Indonésia, de acordo com pesquisa do Índice Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2005. Fora do continente asiático, o Brasil é o principal produtor. No país,
o Rio Grande do Sul está disparado no raking de cultivo - 46% do total -, seguido pelo Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. No Estado, o arroz irrigado é cultivado nas seguintes regiões: Fronteira Oeste, Depressão Central, Campanha, Litoral Sul, Planície Costeira Externa da Lagoa dos Patos e Planície Costeira Interna da Lagoa dos Patos. O que é parboilização? O processo está baseado no tratamento hidrotérmico a que é submetido o arroz em casca, pela ação tão somente da água e do calor, sem qualquer agente químico. Pode ser sintetizado em três etapas: encharcamento; gelatinização do amido e secagem. A palavra ‘parboilizado’ deriva da expressão em inglês ‘parboiled’, aglutinação de ‘partial’ com ‘boiled’, dando ideia de cozimento parcial ou ‘parcialmente fervido’ que ocorre no processamento industrial. É o arroz em casca que passa por um tratamento hidrotérmico antes das etapas de descasque e polimento. A parboilização garante um produto de qualidade superior, totalmente natural e muito nutritivo. Quanto ao cozimento, não é necessário fritar nem adicionar óleo devido ao processo de parboilização. O arroz parboilizado é mais rico em vitaminas e sais minerais, porque sofre um processo de pré-cozimento, mantendo as propriedades nutritivas do arroz. É ideal para ser preparado junto com outros alimentos.
Exemplo da composição química do Arroz COMPOSIÇÃO E NUTRIENTES
ARROZ BRANCO
ARROZ PARBOILIZADO
Proteínas (%)
6,70
7,00
Gordura (%)
0,37
0,60
Cinzas (%)
0,36
0,45
Fibra (%)
0,16
0,25
Carboidratos (%)
92,0
91,0
Cálcio (mg/100g)
10,0
14,0
Fósforo (mg/100g)
94,0
200,0
Ferro (mg/100g)
0,90
1,00
Tiamina (mg/100g)
0,15
0,40
Riboflavina (mg/100g)
0,015
0,020
Niacina (mg/100g)
1,80
4,70
Vitamina E (mg/100g) Traços Fonte: Pantera Alimentos Ltda – São Paulo
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Principais produtores de arroz do mundo PAÍS China Índia Indonésia Bangladesh Vietnã Tailândia Mianmar Filipinas Brasil Japão Fonte: IBGE 2005
TONELADAS ANUAIS 185.454.000 129.000.000 53.984.590 40.054.000 36.341.400 27.000.000 24.500.000 14.800.087 13.140.900 10.989.000
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eventos
Academia Riograndense de Química tem seus primeiros acadêmicos
Paulo Fallavena, presidente do CRQ-V e Nelson Calafate
Paulo Vellinho e o diretor do Sindiquim, Iberê Costa
O presidente da ABQ/RS, Ricardo Noll e Jair Foscarini
Roberto Bertoncello, presidente do Sinquirs e Flávio Lewgoy
No dia 19 de junho, durante o coquetel em comemoração ao Dia do Químico, a Academia Riograndense de Química entregou o título de “Acadêmico” aos profissionais que, pela história de vida, auxiliaram a área química exercendo a profissão, ou enquanto pessoas públicas, buscaram o auxílio por meio de projetos para o desenvolvimento do Estado.
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Nelson Calafate - engenheiro químico, trabalhou na elaboração da Lei 2.800 que regulamenta a profissão de Químico, é atual conselheiro do CRQ-3 (Rio de Janeiro). Pesquisador da área química e farmacêutica, foi gerente de grandes empresas na área petrolífera, petroquímica, química, embalagens industriais, gráfica e metalúrgica. Recentemente recebeu a medalha “An-
toine-Laurent de Lavoisier”, pela contribuição à química no estado do Rio de Janeiro e no Brasil. Paulo Vellinho - químico industrial, faz parte do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República, e, entre outros cargos exercidos, é diretor-presidente da Paulo Vellinho Consultores Associados. Vellinho direcionou suas atividades à administração de empresas. Foi presidente da Springer s/a, da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) e da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE). Jair Foscarini - engenheiro químico, formado pela UFRGS, iniciou a car-
reira na área química e logo migrou para a administração pública, sempre preocupado em apresentar projetos que valorizassem a àrea e o meio ambiente. Foi prefeito do município de Novo Hamburgo, deputado estadual e Secretário Estadual dos Transportes. Na Assembléia Legislativa ocupou a presidência das comissões de finanças e planejamento, da comissão de serviços públicos e da comissão de constituição e justiça. Flavio Lewgoy - químico industrial, participou da elaboração da lei dos agrotóxicos, tanto estadual como nacional. Foi o responsável pelo laboratório do Instituto de Criminalística do RS e pioneiro na introdução da química forense no Estado. É professor, pesquisador e especialista em genética.
Dia do Químico tem palestras e inauguração
Luis da Cunha Lamb
O engenheiro químico e consultor em legislação ambiental, Eduardo McMannis Torres explicou aos estudantes e profissionais o processo que vai desde a produção até a destinação final do resíduo na fabricação de bens e citou exemplos de produção mais limpa, como os carros recentes que são 100 vezes menos poluentes que os de 25 anos atrás; ou ainda, as novas geladeiras que consomem 70% menos eletricidade que as de dez anos atrás e não utilizam o CFC. A doutora em Ciências Farmacêuticas, Renata Raffin, explicou o funcionamento das nanopartículas em cosméticos, definindo como a “formulação cosmética que veicula ativos ou outros ingredientes nanoestruturados e que apresenta propriedades superiores quanto a sua performance em comparação com produtos convencionais”. Algumas das vantangens da utilização destes compostos, segundo ela, são a segurança, eficácia, estabilidade e melhores características sensoriais.
Eduardo McMannis Torres
O Dia do Químico no Conselho Regional de Química da 5ª Região foi marcado por palestras sobre a produção mais limpa, nanotecnologia e a relação entre os blogs e a ciência; além da inauguração do auditório, na sede do CRQ-V.
Blogs e ciência De acordo com o Phd em Lógica e Teoria da Computação, Luís da Cunha Lamb, os blogs podem ser usados para acrescentar conteúdo às salas de aula, pois é uma mídia apropriada para a nova geração de estudantes e permitem postagem de soluções alternativas em tempo real
Agenda 2009 AGOSTO 01 • Biogás Inscrições pelo email: abqrs@abqrs.com.br Fone: (51) 3225-9461 08 • Bioensaios Inscrições pelo email: abqrs@abqrs.com.br Fone: (51) 3225-9461 15 • FRACIONAMENTO, EMBALAGENS, ROTULAGEM E TRANSPORTE DE PRODUTOS QUÍMICOS Inscrições pelo email: abqrs@abqrs.com.br Fone: (51) 3225-9461 18 • Curso de Plástico Reforçado com Fibra de Vidro (PRFV) – “FIBERGLASS” (toda indústria de PRFV precisa ter profissional Químico com ART junto ao CRQ-V) Inscrições pelo email: abqrs@abqrs.com.br Fone: (51) 3225-9461 SETEMBRO 12 • Curso de Introdução aos Biossensores Inscrições pelo e-mail: iapc.escola@terra.com.br
Algumas sugestões de blogs • http://compsci.ca/blog • http://www.chemistry-blog.com/ • http://cienciabrasil.blogspot.com/ •http://palazzo.pro.br/wordpress/ • http://www.newscientist.com/blogs/shortsharpscience/ • http://www.raquelrecuero.com
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