Informativo nº 115

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Out-Nov-Dez de 2009 | Ano XIII | N° 115

PODE SER ABERTO PELA ECT

Morte Celular Divulgação Banho de Bactérias Chuveiros domésticos são ambientes propícios à proliferação de micróbios

Curso CRQ-V apoia curso Técnico em Imagem Pessoal

Institucional Academia Riograndense de Química abre período de inscrições

Pesquisadores estudam mecanismo que pode levar à cura de doenças degenerativas


índice 4 DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Banho de Bactérias

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inovação

Polímeros biodegradáveis podem ser aplicados à Medicina

experiência

Inovação e Conhecimento são ingredientes para o sucesso

especial

Bioquímico gaúcho faz parte de grupo que estuda a morte celular

eventos

CRQ-V apoia Curso Técnico em Imagem Pessoal - ênfase em Cosmética e Tricologia

Conselho Federal de Química e MEC assinam termo de colaboração O termo de colaboração entre o Conselho Federal de Química e a Secretaria de Ensino Superior do MEC (SESu/MEC) tem o objetivo de contribuir com subsídios para as de regulação e supervisão da educação superior , especificamente nas áreas de Química, Química Industrial, Engenharia Química e suas modalidades. Ou seja, o Sistema CFQ/CRQs auxiliará a SESu/MEC com manifestações técnicas que servirão de base para as decisões quanto a processos de autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos superiores. Para mais informações acesse: www.cfq.org.br

MENSAGEM DE NATAL Enquanto o mundo atravessa momentos tão difíceis, quando nossos irmãos dos quatro cantos da terra sofrem e gemem açoitados pela dor, pela fome, pela violência, pelo medo e são vítimas da falta de amor, nos questionamos seriamente sobre este tipo de Natal que há anos festejamos. Além da imagem criada de um Papai Noel gordo e feliz, neste período ficamos compadecidos com o próximo, ajudando a diminuir sua fome, tentando aquecer os sonhos de crianças em uma única noite. E depois? Depois, damos as costas e voltamos a ser cidadãos indiferentes a tudo e a todos, até que algo nos atinja. Gentileza, amor, carinho, atenção ajudam tanto e estão sendo ignorados, num mundo cibernético, onde até os cartões de natal enviados são cópias e colagens que deixam vago aquele espaço antes preenchido com a caneta e o papel, desejando algo especial a alguém ainda mais especial. Neste natal procure inovar suas ações, resgatar os sentimentos fraternais, começando com quem está ao seu lado, em casa, na vizinhança, na sua rotina. Mostre de forma diferente, gentil, e distribua aquilo que tens de mais precioso, que lhe foi dado por Deus, não acaba e não custa nada: o amor. Um Feliz Natal Eventos CRQ-V

CRQ-V e Fepam renovam convênio

O CRQ-V apresentou à assessora da presidência da Fepam Maria Elisa Santos Rosa, a proposta de renovação de convênio que prevê a troca de informações em benefício de ambas as instituições.

números do conselho DOCUMENTOS

AGO/SET/OUT

TOTAL

ART’S emitidas

1.465 134 138 11 588

4.303 487 310 45 1398

Registros Definitivos Registros Provisórios Certidões Processos Analisados

Expediente INFORMATIVO CRQ-V - Av. Itaqui, 45 - CEP 90460-140 - Porto Alegre/RS - Fone/fax: 51 3330.5659 - www.crqv.org.br Presidente: Paulo Roberto Bello Fallavena Vice-Presidente: Estevão Segalla Secretário: Renato Evangelista Tesoureiro: Ricardo Noll

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Assessoria de Comunicação do CRQ-V assecom@crqv.org.br Jorn. Resp.: Vanessa Valiati Edição de Arte: Letícia Lampert

Colaboração: Camila Vargas Estagiário: Felipe S. Decker Tiragem: 9.000 Impressão: Ideograf


Durante o verão, piscinas devem ter cuidado especial Começa a temporada de veraneio nos clubes e a abertura das piscinas é o principal acontecimento. Mas hoje em dia, não é necessário ir muito longe para usufruir de um local para a prática da natação. Muitos condomínios possuem sua piscina coletiva. Mas os cuidados devem ser os mesmos que nos clubes. É uma questão de saúde pública o bom tratamento da água de uso coletivo. Diversas doenças podem ser transmitidas por fungos ou bactérias que se proliferam nestes locais. Para tanto, existem leis que regulam a desinfecção destas piscinas. Tanto a Lei Estadual 6.503/RS quanto a Lei 2.800 (Lei do Químico) dispõe de regulamentação que exigem um responsável técnico formado em química para o tratamento das águas. Especialmente em Porto Alegre, há uma Lei municipal, a resolução nº 05/96, que trata das particularidades locais sobre este assunto. Qualquer condomínio ou clube deve ter um responsável técnico permanente durante seu funcionamento. A maior parte destas piscinas coletivas é usada somente durante o verão. Somente as piscinas térmicas mantêm-se em uso o ano inteiro. Para cuidar das águas, o técnico responsável deve remeter ao CRQ a Anotação de Função Técnica. Este pode ser terceirizado, sendo autônomo ou trabalhando em uma empresa especializada.

O principal cuidado fora de temporada é a proliferação de mosquitos. Nesta época, é recomendado não esvaziar a piscina para não causar seu ressequimento, mesmo as piscinas de fibra. Então, requer-se cuidados especiais para não se criar uma colônia de insetos. Qualquer água, sendo potável ou não, contém microorganismos vivos. Portanto, a lei estadual exige um pH entre 7,2 e 7,6. Diferente disto, a água fica turva e pode prejudicar os usuários, causar danos aos equipamentos e também diminuir a eficiência do processo de desinfeção. Assim, são usados substâncias específicas quando o pH estiver com excesso de acidez ou de alcalinidade. Para eliminar os microorganismos, faz-se uso da desinfecção por cloração. O mais correto é usar o cloro granulado à base de hipoclorito de cálcio. O cloro líquido é produzido à base de soda cáustica, que deixa o pH elevado. Além disso, o rendimento e por consequência, o custo, são mais rentáveis com o tipo granulado. O ideal é a piscina permanecer com um teor de cloro residual livre de 1,0 a 1,5 mg/L. Também deve ser feita a limpeza através da coagulação/floculação através do sulfato de alumínio. Ele acumula os resíduos causados pela clorificação e pelas partículas oriundas do ar e da chuva.

Academia Riograndense de Química abre período de inscrições A Academia Riograndense de Química tem como objetivo congregar os vários segmentos da atividade Química no estado do Rio Grande do Sul. A instituição busca premiar e divulgar o trabalho de cidadãos que trabalham para o desenvolvimento da área da química, nos níveis estadual, nacional ou internacional Os profissionais interessados em concorrer ao título de acadêmico devem ter atividade científica, técnicoprofissional ou docente (comprovada por títulos e trabalhos publicados), ou ainda, ter prestado serviços relevantes à profissão em níveis estadual, nacional ou internacional. Para candidatar-se ou indicar um profissional, basta preencher o formulário de inscrição disponível no site www.academiaquimicars.com.br e en­viá-lo para o e-mail academiaquimicars@gmail.com anexando o curriculum vitae resumido (modelo plataforma Lattes). Os documentos também podem ser enviados pelo correio ou entregues no protocolo do Conselho Regional de Química da 5ª Região (Av. Itaqui 45, B. Petrópolis.Porto Alegre/ RS.CEP 90460-140). O prazo para o envio vai até 15 de março de 2010 Mais informações e regulamento: www.academiaquimicars.com.br ou pelo telefone (51) 33305659 ramal 203.

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divulgação científica

Banho de bactérias Os chuveiros domésticos oferecem um ambiente propício para a proliferação de micróbios potencialmente patogênicos, que podem ser inalados na forma de partículas suspensas, de acordo com um estudo realizado por pesquisadores da Universidade do Colorado (UC) em Boulder, nos Estados Unidos. A pesquisa, que será publicada esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas), concluiu que cerca de 30% dos chuveiros analisados abrigava níveis consideráveis de Mycobacterium avium, ligada a doenças pulmonares. O patógeno contamina com mais frequência pessoas com sistemas imunológicos comprometidos e, eventualmente, pode infectar também pessoas saudáveis. De acordo com o autor principal do estudo, Norman Pace, professor do Departamento de Biologia Molecular, Celular e de Desenvolvimento da UC, os cientistas analisaram cerca de 50 chuveiros de nove cidades em sete estados norte-americanos.

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Estados Unidos, nas últimas décadas, de infecções pulmonares relacionadas a espécies de bactérias não ligadas à tuberculose, como a Mycobacterium avium. Segundo os autores, esse crescimento pode estar ligado ao fato de a população do país ter passado a utilizar mais o chuveiro e menos a banheira. “A água que jorra do chuveiro pode distribuir gotículas recheadas de patógenos que ficam suspensos no ar e podem ser facilmente inalados, penetrando nas partes mais profundas dos pulmões”, afirmou Pace. Os sintomas da doença pulmonar causada pelo M. avium, segundo o estudo, podem incluir cansaço, tosse seca persistente, falta de ar, fraqueza e sensação geral de mal-estar. “Pessoas com o sistema imunológico comprometido, como mulheres grávidas, idosos e aqueles que estão lutando contra outras doenças, são mais propensas a tais sintomas”, disse.

Não é surpreendente encontrar patógenos em águas da rede pública, de acordo com Pace, mas os pesquisadores descobriram que algumas das bactérias se aglutinam, formando um “biofilme” viscoso que adere ao interior dos chuveiros, em uma concentração mais de 100 vezes maior que a encontrada na água encanada.

Embora os cientistas tenham tentado testar a presença de patógenos nos chuveiros por meio de cultura de células, essa técnica é incapaz, segundo Pace, de detectar 99,9% das espécies de bactérias presentes em um determinado ambiente.

“Quando a pessoa liga o chuveiro e recebe um jato de água, provavelmente está levando também uma carga particularmente elevada de Mycobacterium avium, que pode não ser muito saudável”, disse Pace. O estudo é parte de um esforço maior de sua equipe, cujo objetivo é avaliar a microbiologia dos ambientes internos, com apoio da Fundação Alfred P. Sloan.

Uma técnica de genética molecular desenvolvida pelo grupo do pesquisador na década de 1990 permitiu a retirada de amostras diretamente dos chuveiros, isolando o DNA e amplificando-o com utilização da reação em cadeia da polimerase, a fim de determinar as sequências de genes presentes, possibilitando a identificação de tipos de patógenos específicos.

Outra pesquisa realizada pelo Hospital Nacional Judaico, em Denver, indicou que houve um crescimento nos

“Houve alguns precedentes que indicavam que os chuveiros podiam gerar alguma preocupação, mas até esse

De olho na água

estudo, não sabíamos o quanto o problema podia ser relevante”, disse Pace. Durante as primeiras fases da pesquisa, a equipe testou chuveiros em pequenas cidades, muitas das quais estava usando água de poço e não encanada. “Inicialmente, achamos que os níveis de patógenos detectados nos chuveiros se deviam a isso. Mas, quando começamos a trabalhar os dados de Nova York, vimos uma grande quantidade de M. avium e o estudo foi revigorado”, disse. Além da técnica de coleta de amostras do chuveiro, a equipe utilizou outro processo: várias duchas foram partidas em pedaços pequenos, que foram revestidos de ouro. Um corante fluorescente foi usado para marcar as superfícies e, com um microscópio eletrônico de varredura, os pesquisadores puderam observar as superfícies em detalhe. Apesar dos resultados, Pace ressalta que provavelmente não é perigoso utilizar chuveiros para tomar banho, contanto que o sistema imune da pessoa não esteja comprometido de alguma maneira. Segundo ele, como os chuveiros de plástico apresentam uma carga maior de patógenos, os chuveiros de metal podem ser uma boa alternativa. “Há lições a serem aprendidas aqui em termos de como controlar a água e lidar com ela. O monitoramento da água é muitas vezes arcaico. Já existem ferramentas para fazê-lo com mais precisão, de forma mais barata que a utilizada hoje em dia”, disse. O artigo Opportunistic pathogens enriched in showerhead biofilms, de Norman Pace e outros, pode ser lido por assinantes da Pnas em www.pnas.org. (Agência FAPESP)


INOVAÇÃO

Polímeros biodegradáveis podem ser aplicados à Medicina A PUCRS, em conjunto com a empresa AS Technology, de São José dos Campos, depositou patente sobre o uso de um polímero biodegradável nos processos de regeneração óssea e nervosa: o poliuretano-caprolactona, já usado em válvulas cardíacas e na fabricação de automóveis. Por se tratar de um biomaterial que demora mais para ser absorvido pelo organismo, ele se mostra ideal quando a necessidade está acima de seis meses. Em testes in vitro, o polímero não apresentou citotoxicidade - não causou inflamação nem necrose. Experimentos feitos com ratos tiveram bons resultados. Os poliuretanos podem sofrer modificações estruturais e possuir características de maior ou menor flexibilidade, facilitando sua aplicação. Os casos beneficiados são de reconstrução da gengiva, regeneração de tecidos e nervos, implantes odontológicos, cicatrizes e queimaduras. Muitas cirurgias que utilizam metais ou titânio têm que ser refeitas para retirar os materiais depois de algum tempo.

O Grupo da Faculdade de Química também trabalha com o poli(ácido láctico) e poli(ácido glicólico), produzidos no LOR. Esses estão em fase dos testes in vitro com as células osteoblásticas, odontoblásticas e fibroblásticas e mostraram que têm potencial para área médica. Representantes da empresa entraram em contato com a pesquisadora Vanusca no Congresso Latino-Americano de Órgãos Artificiais e Biomateriais, em Campinas, em 2004. Desde então a AS Technology investe na pesquisa. Durante o evento, Vanusca obteve o prêmio de melhor trabalho na categoria Mestrado. Na PUCRS, várias pessoas estão integradas ao projeto. Além de Vanusca

e dos professores Rosane, Sandra (Química) e Braga Silva (Medicina), há as docentes Jeane Dullius (Química) e Denise Machado (Medicina e Instituto de Pesquisas Biomédicas), Tassiani Poltronieri (diplomada em Química Industrial) e Christian Viezzer (biólogo do IPB). Todos participaram como inventores da patente. Há ainda outros pesquisadores desenvolvendo o projeto de polímeros biorreabsorvíveis para área médica, incluindo professores, alunos de iniciação científica e mestrado. Vanusca destaca a importância de diferentes áreas se envolverem no projeto. O Escritório de Transferência de Tecnologia (ETT), da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, participou do processo de depósito de patente, com o contrato de cotitularidade entre a AS Technology e a PUCRS, que estabeleceu os direitos e obrigações de cada parte. A coordenadora Elizabeth Ritter destaca a importância de os pesquisadores se preocuparem em proteger os resultados de seus projetos no caso de haver uma possível aplicação. "Mesmo que o cientista não esteja focado nisso, mas numa pesquisa básica, a aplicação aumenta a relevância social dele e da Universidade". Gilson Oliveira/PUCRS/Divulgação

O trabalho resulta da tese de doutorado da química industrial Vanusca Jahno, defendida no Programa de PósGraduação em Medicina e Ciências da Saúde da PUCRS, orientada por Jefferson Braga Silva e coorientada por Rosane Ligabue e Sandra Einloft. Desde o mestrado (em 2003), realizado na Engenharia da UFRGS em parceria com o Grupo de Desenvolvimento em Materiais e Tecnologias Limpas da Faculdade de Química da PUCRS, Vanusca estuda membranas biopoliméricas com aplicação em biomateriais, com potencial para regenerar tecidos ou ossos. Até hoje só existem esses materiais importados. "Como são caros, nem todos têm acesso. Com um produto nacional e redução de custos dos materiais envolvidos, o benefício seria na melhoria da saúde dos brasileiros". A pesquisadora aposta que em menos de 20 anos esses procedimentos serão mais comuns no Brasil. Nos últimos dez anos a área evoluiu muito.

Os polímeros são sintetizados no Laboratório de Organometálicos e Resinas (LOR), da Faculdade de Química. Testes in vitro com células-tronco de linhagem odontoblástica (iniciais da dentina) e osteoblásticas (de osso) ocorrem na Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto/ Universidade de São Paulo e no Instituto de Pesquisas Biomédicas da PUCRS (IPB). Os experimentos com animais se dão no Laboratório de Habilidades Médicas e Pesquisa Cirúrgica, da Medicina da Universidade.

Trabalho é resultado da tese de doutorado de Vanusca Jahno

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experiência

Inovação e Conhecimento são ingredientes para o sucesso Doutor em engenharia química, o empresário Mário Saffer conta a sua trajetória Mário Saffer, 54 anos, engenheiro químico, é proprietário da Engebio, empresa de engenharia química. Faz diagnósticos, licenciamento industrial, projetos para sistemas de tratamentos de efluentes e de resíduos industriais. Mais recentemente, voltou-se aos trabalhos vinculados ao meio ambiente, principalmente com energias renováveis. Para essa conquista, Saffer teve a sua trajetória profissional marcada por estudos e trabalho. Formado em 1979 pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ele conta que durante o tempo de estudante sempre buscou fazer estágio. A química fazia parte de sua vida há muito tempo, com o trabalho de seu pai, Paulo Saffer, que tinha uma indústria de produtos domissanitários e de desinfecção hospitalar. Ali, o filho pôde ensaiar diferentes conhecimentos sobre a profissão que o acompanharia.

Marcos Bertoncello

Outra atividade que ampliou os conhecimentos de Saffer foi a pesquisa científica. A oportunidade surgiu quan-

Engenheiro Químico Mário Saffer

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do estagiou e trabalhou na Fundação de Ciência e Tecnologia (Cientec). Até 1985, o engenheiro desenvolveu diversas pesquisas na área de energia por meio do carvão, especialmente para o seu doutorado. Porém, a falta de incentivo desestimulou Saffer, que resolveu focar-se nos projetos. Desta vez foi trabalhar em uma empresa privada de consultoria. Com porte internacional, o local abrigava mais de quatro mil funcionários no Brasil. Saffer permaneceu por cinco anos na empresa e executou diversos projetos industriais e layouts, entre outras atividades. Naquela época, a política nacional começou a sofrer grandes mudanças com o Plano Collor. “As grandes empresas tiveram que se socializar com os gerentes, houve venda de ações aos funcionários e tudo funcionava como uma cooperativa”,lembra Saffer. Dessa forma, ele teve a oportunidade de ser acionista da empresa. Mas ele também visava a criação de seu próprio negócio. Mesmo com esses dois caminhos em sua frente, ele decidiu arriscar e virou empresário. “Naquele momento eu tinha a chance de ter a minha própria empresa, criando o

meu caminho sozinho. Foi um investimento que fiz na minha carreira”, enfatiza. Saffer conta que a Engebio já existia quando ele se tornou sócio, em 1990, A empresa foi desenvolvida pela engenheira química Ellen Pritisch. O objetivo nesta união era acompanhar a implantação da área industrial do Pólo Petroquímico do Rio de Janeiro. Com o afastamento da sócia, ele começou a cuidar de tudo sozinho. Com o conhecimento adquirido, apostou na parte ambiental com a qual grandes empresas do Exterior já se preocupavam há muito tempo. Além disso, a cultura estrangeira influenciou as empresas brasileiras com essa conscientização ambiental, ocasionando a busca de projetos industriais que não agridem o meio ambiente. “Fizemos diversos projetos focando em energias renováveis, compostagem, resíduos do couro, casca de arroz”, conta o engenheiro. A partir deste crescimento Mário Saffer sempre busca inovações para implantar na empresa. Um exemplo disso são as parcerias firmadas na França, desde 2000. O engenheiro morou no país durante quatro anos para fazer o doutorado em Engenharia de Processos, no Instituto Nacional Politécnico. Assim, se tornou o primeiro doutor em Engenharia Química do Rio Grande do Sul, aos 24 anos. O vínculo com a Universidade continuou como professor, pesquisador na UFRGS. Além disso, foi professor na PUC/RS. Saffer mostra que o segredo para conquistar os objetivos na área da química são o estudo, a dedicação e a inovação. Para quem está começando a trajetória profissional, ele aconselha buscar conhecimento em estágios, empregos e nos estudos. Caso a meta dos iniciantes seja investir em sua própria empresa, a bagagem intelectual e profissional deve ser reforçada. “A experiência na área, os contatos, a troca de informações com outros profissionais, isso tudo é fundamental para o profissional ter êxito no que faz, principalmente como empresário”, finaliza.



especial

Morte Celular é desvendada e pode auxiliar na cura de doenças degenerativas Pesquisador gaúcho trabalha em pesquisa que pode ajudar também na cura do câncer Sabe-se que todas as células dos seres vivos possuem um mecanismo que identifica defeitos em sua composição e funcionamento. Quando isto ocorre, a célula ativa um mecanismo de suicídio, chamado de apoptose. É como se ela soubesse que faz parte de um grupo maior e que a sobrevivência deste grupo depende de sua morte. Mas o que causa este fenômeno?

Depois de fazer seu mestrado e doutorado na UFRGS estudando processos oxidativos, conseguiu uma bolsa para seu Pós-Doutorado no Center of Drug Evaluation and Research, do Food and Drug Administration, o FDA, a agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos. Com um grupo sob a orientação de Emily Shacter, descobriu que uma proteína, a cofilina, quando atacada por oxidantes, passa a interagir com a mitocôndria. Isso então induz a uma disfunção mitocondrial e a célula morre. Mas levou tempo. “Foi uma batalha”,

Felipe S. Decker/CRQ-V

O pesquisador Fábio Klamt buscou esta resposta desde que entrou para a faculdade de Biologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a UFRGS, em 1994. De lá para cá, aprendeu que substâncias oxidantes, como peróxido de hidrogênio, são os causadores da

morte celular. Faltava descobrir como isso ocorre.

Fabio Klamt teve o trabalho publicado na revista Nature Cell Biology

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lembra Klamt. Durante quatro anos, dois deles morando em Washington, pesquisou quais oxidantes que ativam a apoptose. O trabalho foi publicado em outubro na revista Nature Cell Biology, publicação especializada na área. Desde 2008, seu trabalho nesta pesquisa está sendo feito a partir da UFRGS. Mesmo assim, sempre que pode vai até os EUA para participar mais de perto. Como acontece a oxidação celular? O primeiro passo na pesquisa foi identificar qual oxidante que ativa a apoptose. Depois de alguns testes, descobriram que os oxidantes fisioló-


gicos como a taurina cloramina (TnCl) e o peróxido de hidrogênio (H2O2) eram os mais eficazes. O TnCl é produzido pelo sistema imunológico para matar células defeituosas, inclusive tumorais. Mas o mais difícil foi o passo seguinte: identificar os alvos de oxidação da taurina cloramina. Foi utilizada então a técnica de redox-proteoma, que consiste em marcar as proteínas oxidadas com um composto fluorescente para depois realizar a sua identificação. Nas células tratadas, foram encontradas mais de 14 proteínas diferentes. Mas logo nos primeiros testes, identificaram que a cofilina era o melhor candidato de gatilho celular para ativação da apoptose. Para confirmar seu papel, foi então feita o que os bioquímicos chamam de mutação sítio-dirigida. Na cofilina, foram identificados 4 aminoácidos que reagem à oxidação, chamados de Cisteína. A partir daí, cada Cisteína foi trocada por um aminoácido que não se oxida, chamado de Alanina. Reintroduzida na célula, a proteína foi estimulada pelo oxidante. Mas desta vez a célula não morreu. Concluiu-se assim que o suicídio celular é dependente da oxidação da cofilina. Esperava-se que os oxidantes, como oTnCl, agissem de forma menos seletiva. Utilidade da pesquisa Os radicais livres, que são moléculas com número ímpar de elétrons, ou seja, instáveis, podem danificar

células. Este dano está envolvido em doenças como as neurodegenerativas e no câncer. Mas o metabolismo do corpo humano consegue dar conta da maioria destes radicais livres. Acontece que com a idade, as defesas diminuem e ficamos mais vulneráveis às ações dos radicais livres. As células acabam sofrendo mutações e perdem o controle sobre a morte e a proliferação. A partir daí, nascem células tumorais, que podem evoluir para cânceres. Como a cofilina parece ser o gatilho de indução da apoptose, a sua ativação seletiva em células tumorais pode ser uma nova abordagem terapêutica no câncer. Através deste estudo, percebeu-se que pode existir uma forma de recuperar o controle sobre estas atividades celulares através de uma ação pontual e seletiva. Mas não é só o câncer que é causado por células defeituosas que perdem o controle sobre sua morte. Diversas doenças degenerativas, como Alzheimer, Parkinson são causadas por degenerações celulares, especialmente cerebrais. Inibir a atividade da cofilina nessas células poderia ser um mecanismo de evitar a degeneração neuronal. Este estudo pode ser utilizado no desenvolvimento de algum tratamento mais eficaz à estas doenças. Apoptose induzida por oxidantes é mediada pela oxidação da proteína reguladora de actina cofilina.

rados pela atividade fagocítica compreendem as principais fontes de estresse oxidativo durante a inflamação. Oxidantes como a taurina cloramina (TnCl) e peróxido de hidrogênio (H2O2) podem danificar proteínas e induzir a apoptose, mas o papel específico da oxidação de proteínas neste processo ainda não tinha sido definido. Nós descobrimos que a proteína reguladora de actina cofilina é um alvo-chave da oxidação. Quando a oxidação desta simples proteína reguladora é impedida, a apoptose por oxidação induzida é inibida. A oxidação da cofilina faz com que ela perca sua afinidade pela actina e transloca para a mitocôndria, onde ela induz o inchamento e a abertura do poro de permeabilidade transitória (PPT) e a liberação de citocromo c. Isto ocorre independentemente da ativação do Bax e requer ambas oxidações dos resíduos de Cisteína da cofilina e a desfosforilação da Serina 3. O silenciamento da cofilina endógena usando siRNA inibe a apoptose induzida por oxidação, a qual é restaurada pela reexpressão de tipos selvagens de cofilina mas não por cofilina contendo mutações de Cisteína para Alanina. Exposições da cofilina com TnCl resulta em ligações dissulfetos intramoleculares e oxidação de resíduos Met para sulfóxidos Met, mas somente a oxidação da Cisteína faz com que a cofilina induza o dano mitocondrial.

Saiba Mais Oxidant-induced apoptosis is mediated by oxidation of the actin-regulatory protein cofilin. Klamt F, Zdanov S, Levine RL, Pariser A, Zhang Y, Zhang B, Yu LR, Veenstra TD, Shacter E. Nat Cell Biol. 2009 Oct;11(10):1241-6. Epub 2009 Sep 6. Taurine chloramine, an oxidant derived from neutrophils, induces apoptosis in human B lymphoma cells through mitochondrial damage. Klamt F, Shacter E. J Biol Chem. 2005 Jun 3;280(22):21346-52. Epub 2005 Mar 30.

Oxidantes fisiológicos que são ge-

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eventos

CRQ-V apoia Curso Técnico em Imagem Pessoal ênfase em Cosmética e Tricologia Para auxiliar no desenvolvimento e qualificação dos profissionais da área da saúde e beleza, o Instituto de Apoio aos Profissionais da Ciência (IAPC) ,com o apoio do Sindicato dos Salões de Barbeiros, Cabeleireiros, Institutos de Beleza e Similares (Sinca/RS) e do Conselho Regional de Química (CRQ-V), apresenta o Curso Técnico em Imagem Pessoal - ênfase em Cosmética e Tricologia O curso terá a duração de aproximadamente um ano e três meses e a primeira edição está prevista para o primeiro trimestre de 2010, em Porto Alegre. Com a conclusão, o profissional formado poderá obter registro profissional no Conselho Regional de Química por conta dos conhecimentos adquiridos com as disciplinas específicas de química básica, química dos cosméticos e cosmetologia aplicada, além dos conhecimentos de físico-química. O resultado é uma sólida formação tecnológica, que atende às exigências da sociedade.

Mercado de Trabalho O egresso do curso poderá exercer sua profissão em empresas públicas (prefeituras, autarquias, órgãos federais, estaduais e municipais) e privadas (indústrias de cosméticos, consultorias, salões de beleza, comércio específico, farmácias, farmácias de manipulação, etc.), em instituições de pesquisa, organizações não governamentais, organizações da sociedade civil de interesse público, cooperativas e outros. Qualifica-se, da mesma forma, para atuar como autônomo (prestador de serviços) e/ou empreendedor na área de tricologia e cosméticos.

- Identificar patologias do couro cabeludo e encaminhar para diagnóstico e tratamento médico;

O técnico em Imagem pessoal em ênfase em Cosmética e Tricologia pode:

-Elaborar laudos, perícias, pareceres, relatórios e projetos, inclusive de novas tecnologias;

- Planejar, orientar, executar, acompanhar e controlar as etapas de produção de um cosmético; - Realizar tratamentos do couro cabeludo com xampus, condicionadores, tinturas e outros produtos que tenha sido recomendados sob orientação médica.;

- Gerenciar e executar atividades de aquisição e comercialização de matérias primas, insumos e produtos finais; - Utilizar o visagismo para atender os clientes na escolha de corte, forma e coloração dos cabelos; - Prestar assistência técnica em indústrias de cosméticos de pequena complexidade, salões de beleza e outros prestadores de serviços na área de cosmética e tricologia;

Mais informações : Instituto de Apoio aos Profissionais da Ciência iapc.escola@terra.com.br ou (51) 3072 6508

Nanotecnologia na tintura para cabelos torna o processo de coloração mais rápido A nanotecnologia surge como alternativa no tingimento dos fios de cabelo, reduzindo o tempo de espera nas estéticas. Com esse procedimento, são gastos apenas dez minutos. Cinco deles, reservados para o pigmento atingir o seu pico e o restante do tempo para a fixação no fio. No processo, não é utilizada a água oxigenada, e sim, um revelador de 15 volumes para descolorir o tom do cabelo mais rapidamente. A nanotecnologia é a tecnologia na qual a matéria é manipulada em escala atômica e molecular para criar novos materiais e processos com características funcionais diferentes dos materiais comuns. É uma

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área que não trata apenas do estudo de estruturas minúsculas – o nanômetro, mas da aplicação desse conhecimento. Um fio de cabelo humano tem cerca de 80 mil nanômetros. As nanopartículas de tintura podem ser obtidas por processos químicos, principalmente por sol-gel ou hidrotermal, já em tamanho nanométrico, ou seja, menor que 100 nm. Por causa desta redução do tamanho, as partículas da tintura conseguem penetrar nos fios dos cabelos. O professor e pesquisador do Departamento de Química da Universidade de São Carlos (SP), Elson Longo, explica que as partículas nanométricas interagem praticamente em nível mo-

lecular com a superfície do cabelo. Os benefícios na utilização da tecnologia englobam a saúde das madeixas. As tinturas com a nanotecnologia não abrem as cutículas do cabelo, ao contrário das tradicionais, que danificam o fio. Outro ponto positivo do produto é a interação da nova cor com a antiga. O processo também facilita a eliminação de defeitos no cabelo, tornando-os mais sedosos e dando uma aparência de cabelo bem cuidado. O retoque dependerá do ritmo de crescimento do fio. Como a coloração com nanopartículas é menos agressiva, a manutenção pode ser feita quinzenalmente, sem maiores danos.


Atenção! O CRQ-V continua oferecendo o curso de Transporte de Cargas Perigosas, ministrado pelo químico Orion de Vargas Flores. As edições são mensais e ocorrem na Rua Baronesa do Gravataí, 700 - próximo ao shopping Praia de Belas, em Porto Alegre. As aulas são gratuitas e restritas a profissionais de nível superior registrados no Conselho.

Lembramos que, para a emissão dos certificados de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) para a atividade, é necessária a comprovação de curso específico ou da experiência na área Para mais informações e inscrições: iapc. escola@terra.com.br ou (51) 3072 6508

PROGRAMA 1– LEGISLAÇÃO AMBIENTAL *Potencial poluidor; *Classes de risco; *Leis federais e estaduais sobre transporte de carga perigosa; *Licenças ambientais Rio grande do sul – FEPAM Santa Catarina – Fatma Paraná– IAP São paulo – CETESB IBAMA Polícia federal – produtos controlados Exército– produtos controlados MTR *NBRDE transporte químico Ficha de emergência Ficha verde Envelope Simbologia *Documentação da carga

Nota fiscal Itinerário Carga química com outras cargas Estacionamento 2– TÉCNICAS EM ACIDENTE NO TRANSPORTE DE CARGA PERIGOSA Avaliação da emergência Medidas de controle Ações e respaldo EPI’s/ kit de emergência Isolamento Telefones de emergência Plano de emergência Responsabilidade do fabricante, expedidor, destinatário e importador Produtos químicos não classificados Mídia/aspectos negativos Causas de sinistro: mecânica, humana, etc.

Agenda 2009 DEZEMBRO 11 • Biogás Inscrições pelo e-mail: abqrs@abqrs.com.br Fone: (51)3225-9461 12 • Créditos de Carbono e Protocolo de Kyoto Inscrições pelo e-mail: abqrs@abqrs.com.br Fone: (51)3225-9461 18 e 19 • Curso sobre Norma ISO/IEC 17025:2005 Inscrições pelo e-mail: abqrs@abqrs.com.br Fone: (51)3225-9461

Agenda 2010 JANEIRO 15 • Transporte de Cargas Perigosas Inscrições pelo e-mail: iapc.escola@terra.com.br Fone: (51)30726508 16 • Efluentes Líquidos Inscrições pelo e-mail: iapc.escola@terra.com.br Fone: (51)30726508

CRQ-V apoia encontro de Engenharia Química O curso de Engenharia Química da Faculdade de Engenharia da PUCRS, através do Professor Dr. Claudio Luis Crescente Frankenberg, Coordenador Acadêmico da FENG, e a Associação Brasileira de Engenharia Química – ABEQ, e o apoio de entidades como o Conselho Regional de Química da 5ª Região, realizaram no período de 08 a 11 de novembro, na cidade de Canela/ RS, o XIII Encontro Brasileiro sobre o

Ensino de Engenharia Química – ENBEQ. O ENBEQ é um tradicional evento da comunidade acadêmica envolvida com o ensino de Engenharia Química (EQ) no Brasil. O encontro instiga discussões nos diversos aspectos da área e de sua formação profissional. É promovido pela Associação Brasileira de Engenharia Química (ABEQ), com realização bianual e conta com a par-

ticipação de docentes dos cursos de graduação e de pós-graduação em EQ de diversas universidades do país, profissionais interessados no ensino de EQ e representantes discentes. Atualmente, o ENBEQ representa o mais importante meio de intercâmbio para troca de conhecimentos, experiências, definições de ações e recomendações que visam à melhoria do ensino da Engenharia Química.

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