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INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO AcTiVas - para um habitat amigável e seguro

Inês Rondão e Victor Francisco

Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro, Coimbra

Introdução

O envelhecimento da população é um dos maiores desafios das sociedades ocidentais contemporâneas. O impacto socioeconómico que o mesmo poderá ter na conjuntura geopolítica atual tem levado os governos dos países desenvolvidos a direcionar cada vez mais esforços e recursos no sentido de incentivar a natalidade, com o objetivo de travar esta situação. Contudo, o desafio é muito mais abrangente, evidenciando a necessidade premente de, em simultâneo, desenhar medidas e iniciativas que permitam assegurar uma vida ativa, segura e saudável a uma franja crescente da população – os seniores – que, além de apresentarem uma idade média consecutivamente mais elevada, estão gradual e tendencialmente a viver sozinhos até cada vez mais tarde, e/ou em situação regular de isolamento social, e/ou a promover o crescimento de novos modelos de co-habitação (como o co-living ou co-housing). Em Portugal, e face ao decréscimo da população jovem, a par do aumento da população idosa, o índice de envelhecimento mais do que duplicará, passando de 147 para 317 idosos, por cada 100 jovens, em 2080 (INE, 2017), o que evidencia a necessidade de se apostar, de forma efetiva e eficaz, em medidas que preparem o país para esta mudança de paradigma social, não apenas minimizando os impactos negativos anteriormente referidos, mas sobretudo permitindo e potenciando a exploração do potencial associado a uma população sénior autónoma, ativa e feliz.

O projeto AcTiVas (Figura 1) teve como objetivo desenvolver, através de um conjunto de atividades de I&D, diversas vertentes que, direta e indiretamente, impactam o ambiente construído, abrangendo desde a arquitetura, aos materiais, à domótica e à aquisição e interpretação de dados, passando pela sensorização e pelo mobiliário responsi- vo, resultando num conjunto de soluções verticais, de elevado valor acrescentado. O projeto promoveu simultaneamente o (re)posicionamento em cadeias de valor globais - não só a do Habitat, mas também a da Saúde e a das TICE - enquanto fornecedores inovadores e especializados no desenvolvimento, conceção e disponibilização de soluções disruptivas.

As soluções AcTiVas

As diversas soluções desenvolvidas neste projeto visam a criação ou reabilitação de espaços ou ambientes habitacionais, pelo design arquitetónico do espaço focado na acomodação dos utentes, preferencialmente nas suas casas e, ao mesmo tempo, facilitar na transição/adaptação deste mesmo espaço ao longo do tempo, de forma a transformar-se, moldar-se e ajustar-se criteriosamente às necessidades pontuais ou evolutivas dos utentes.

Neste sentido foram desenvolvidos diversos sistemas de sensorização e funcionalização para integração em mobiliário:

• Sensores integrados em painéis de revestimento para monitorização de temperatura e humidade (Figura 2a);

• Funcionalização para reação ao toque e retorno háptico, para controlo de equipamentos diversos (Figura 2b);

• Superfícies antimicrobianas e de fácil limpeza, para reduzir a adesão de microrganismos e reduzir o esforço de limpeza (Figura 2c).

Foram também desenvolvidos pavimentos e revestimentos cerâmico sensorizados que serão descritos em maior detalhe na secção seguinte, mas para os quais se pode desde já enunciar as seguintes funções:

• Cerâmicos sensorizados para deteção de riscos de inundação (Figura 3a);

• Cerâmicos sensorizados para deteção de riscos de incêndio (Figura 3b).

Todos os dados do espaço gerido, recolhidos através destas soluções de sensorização, são integrados através da Gateway (Figura 2a), desenvolvida também no âmbito do projeto. Esta, constitui uma interface com o utilizador e, simultaneamente, comunica com a plataforma social, possibilitando ao cuidador aceder a esta informação. A plataforma social integra, para além desta informação sobre o espaço gerido, um conjunto de aplicações com diversas funções: alimentação, medicação, atividade física, entre outras. Complementarmente, constituiu ainda uma plataforma de comunicação com a rede de cuidados formais, por exemplo: entidades de prestação de cuidados de saúde, e informais, que podem ser o cuidador ou NGOs, por exemplo.

Todos estes desenvolvimentos apresentam ainda a mais-valia de estarem integrados num sistema construtivo modular pré-fabricado, aliando novos conhecimentos em tecnologias sustentáveis e integráveis de sensorização e monitorização nos elementos construtivos, nas matérias existentes, bem como no mobiliário, o qual poderá ser desenvolvido de forma integrada no sistema construtivo modular pré-fabricado, de forma a dar dinâmica inerente a uma construção evolutiva e modular.

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