Ano 4 | Edição 4 | Dezembro de 2010 | Versão TABLOIDE
Curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA | www.metodistadosul.edu.br/universoipa
Biblioteca de bolso e a tecnologia verde
Caxias do Sul quer voos mais altos
foto: Luiz chaves
Foto: Rafael Martins
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esponsável por 25% do PIB produzido no estado, a Serra gaúcha cresce num ritmo acelerado e com os olhos no futuro.
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O que esperar do Rock in Rio 2011
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m tempos de informação veloz e crise ambiental o leitor digital de livros chega ao Brasil prometendo conquistar os aficionados em tecnologia e cultura. A “biblioteca de bolso”, como se pode definir este compacto aparelho mundialmente conhecido por e-reader, em princípio, parece apenas mais um novo aparato tecnológico. Contudo, divide opiniões e provoca discussões a respeito do futuro do mercado livreiro, bem como do hábito e incentivo à leitura no país. O e-reader é um aparelho portátil com tamanho semelhante ao de um livro médio (o modelo Alfa, da Positivo, lançado no Brasil, tem 17 cm de altura por 12,5 de largura).
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caderno
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Foto: Divulgação
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ma imensa produção retornará ao seu país de origem. O maior festival de música e entretenimento do mundo terá o Rio de Janeiro como sede em 2011.
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Opinião
Experimentar é viver O jornal Universo IPA alcança mais um número, dando continuidade a um projeto que desafia alunos do início da graduação em Jornalismo a colocar em prática conhecimentos ainda em construção. A edição de número 4 é o resultado do trabalho desenvolvido pela turma do segundo semestre de 2010, na disciplina de Projeto Experimental II. O ato de entrar em contato e de interagir com uma determinada realidade, informação ou ainda conteúdo diz respeito à experiência. Experimentar é, antes de tudo, viver algo. Existem experiências científicas realizadas em laboratórios para verificação de hipóteses e variáveis. Há outras realizadas em campo, também com o intuito de extrair conclusões válidas. Há ainda experiências religiosas, transcendentais, espirituais.... Elas podem ser coletivas, individuais... prazerosas ou sofridas... longas ou passageiras. Porém, indiferentemente, toda experiência resulta no amadurecimento do ser humano. Na experiência, o indivíduo analisa, confronta, duvida, pergunta, busca respostas, toma decisões e é responsável por elas. Durante o processo experimental, consciente de suas ações, constrói conhecimento sobre a realidade experimentada. E é neste sentido que buscamos criar espaços na disciplina de “Projeto Experimental” para o contato direto com o “mundo do jornalismo”. Transformamos a sala de aula em uma grande redação de jornal. As aulas tornaram-se reuniões de pauta. As pautas sugeridas foram discutidas e pensadas coletivamente, por um grupo de alunos que mostrou entusiasmo com as novidades que a profissão, em ambiente experimental, apresentava a cada dia. Cada estudante cuidou de uma pauta. Alguns, mais determinados, planejaram e concretizaram uma ideia. Outros, ainda com indícios de insegurança, natural em começo de curso, seguiram, mas foram obrigados a revisar suas pautas, mudando o rumo do projeto inicial. De um modo ou outro, todos atingiram o objetivo final: produzir uma matéria para o jornal Universo IPA. Desejamos uma boa leitura! Profª Michele Limeira
IPA - Instituto Porto Alegre da Igreja Metodista conselho superior de administração - consad
Presidente: Wilson Roberto Zuccherato Vice-presidente: Paulo Roberto Lima Bruhn Secretário: Nelson Custódio Fer Conselheiros: Augusto Campos de Rezende, Carlos Alberto Ribeiro Simões, Eric de Oliveira Santos, Gerson da Costa, Henrique de Mesquita Barbosa, Maria Flávia Kovalski, Osvaldo Elias de Almeida Conselheiros suplentes: Jairo Werner Junior, Ronald da Silva Lima
reitor:
Roberto Pontes da Fonseca
Jornal elaborado por estudantes do 2º semestre do curso de Jornalismo IPA coordenação do curso de jornalismo
Mariceia Benetti professores(as)
Lisete Ghiggi, Michele Limeira e Renata Stoduto. projeto experimental ii e produção e planejamento editorial e gráfico ii editores-chefes: Michele Limeira ajor - agência experimental de jornalismo
• arte-final e diagramação: Carlos Tiburski • revisão: Lisete Ghiggi e Michele Limeira endereço ajor: Rua Joaquim Pedro Salgado, 80, Rio Branco - Porto Alegre/RS CEP: 90420-060 • contato: 51 3316.1269 e ajor@metodistadosul.edu.br impressão: Zero Hora (1.000 exemplares)
Porto Alegre, Dezembro de 2010 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
A teimosia da esquerda ■
Carlos Eduardo de la Rocha
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s efeitos do mundo globalizado desta primeira década do século XXI não parecem ter chegado à América do Sul. Os ultrapassados, utópicos, radicais e principalmente autoritários conceitos socialistas continuam vivos nesta parte do continente. Certas atitudes mostram que estes ideais continuam vigentes, ainda que disfarçados. É claro que o Brasil, por exemplo, não virou um país socialista quando Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o poder, em 2003. Inclusive se fortaleceu economicamente. Porém, as raízes autoritárias daqueles que fazem questão de usar barbas e bigodes ainda são visíveis. Desde o ano passado, o governo federal tem protegido, de forma inexplicável, o ativista comunista italiano Cesare Battisti, condenado a prisão perpétua na Itália, sob acusação de quatro assassinatos na década de 1970. A atitude mais óbvia seria acatar o pedido de
extradição. Não há explicação vel da educação e a excelência para manter no país um cri- no esporte não são suficientes minoso como Battisti que não para que seus habitantes idoseja a proteção a um “compa- latrem a própria pátria. O prênheiro” que luta pelos mesmos mio da loteria cubana poderia ideais. O Brasil também acei- ser, tranquilamente, uma pasta, passivamente, as atitudes sagem só de ida para fora da ditatoriais do presidente ve- ilha. Quem sai uma vez, não nezuelano, Hugo Chávez, con- quer mais voltar. O mesmo tra a imprensa, que já censurou ocorre com os norte-coreanos, emissoras de rádio e televisão que vêem, ao sul, a outra Cono seu país. Incomodado com reia, mais rica, desenvolvida, as denúncias de corrupção à globalizada e principalmente, ministra-chefe da Casa Civil, aberta para o mundo, sem devaErenice Guerra, o nosso gover- neios autoritários. No entanto, no tentou, sem sucesso, algo Cuba e Coreia do Norte assuparecido no Brasil. Com estas mem esta posição esquerdista, medidas, a impressão que fi- ao contrário de outros, que paca é a de que quando há uma recem, talvez, não ter coragem ameaça ao “poder absoluto” do para admitir pelo quê realmente governo, ela deve ser freada a lutam. Apenas o fazem, disfarqualquer custo. çados, inseguros se aquilo que Já no resto do mundo, há ou- pregam é o correto. O mundo tros países que também tomam já se deu conta que não há mais atitudes equivocadas. Cuba e espaços para ditaduras e conCoréia do Norte estão enfra- ceitos esquerdistas no mundo. quecidos, mas insistem até hoje A história prova que não dá cerem impôr um regime totalitário. to. É impossível ignorar. No país caribenho, o alto ní-
Liberdade de imprensa ■
Raphael Oliveira
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im, ele existe e é ‘comemorado’ no dia três de março, mas é realmente respeitado? O que acontece no terceiro dia do terceiro mês do ano, para que se possam falar todas as verdades que não foram ditas nos outros 364 dias. Todo o cidadão tem direito à informação, segundo a Constituição Federal, mas de que adianta se, nós jornalistas, não podemos repassar a infor-
mação por causa da velha e conhecida censura? Mas o que mais chama a atenção não é a censura ou a quantidade de informação existente. O preocupante é o que acontece com o jornalista quando tenta passar por esse filtro e ir contra o ‘sistema’. Segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.en.rsf.org) só em 2010, enquanto esse texto era
escrito, foram mortos 35 jornalistas e dois assistentes de mídia. Outros 154 jornalistas, nove assistentes de mídia e 112 internautas foram presos. Onde está a liberdade de expressão, ou mesmo nosso direito à informação? Ou será que o Dia Mundial da Liberdade de imprensa é o dia onde os jornalistas presos são liberados para um banho de sol?
Porto Alegre, Dezembro de 2010 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
Meio Ambiente
Desenvolvimento para quem e para quê, senhora presidente?
DIVULGAÇÃO
Após o embate eleitoral e o resultado nas urnas chamarem atenção para o meio ambiente, a presidente Dilma Rousseff (PT) terá a missão de implantar matrizes energéticas mais limpas e socioambientalmente responsáveis no país ■
Guilherme Guterres
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cor rida à presidên- vimentista Dilma Rousseff. 4,5 milhões de KW, o equiva- o esgotamento dos recursos, a cia da República no Com a carreira política liga- lente a estimada geração da concentração de renda?” segu ndo t u r no das da direta e constantemente ao Usina de Belo Monte no Rio eleições 2010, entre campo das energias, a presiden- Xingu, suficientes para aten- Políticas para uma economia verde o candidato José Serra (PS- te eleita terá o desafio de im- der à demanda de 11,5 milhões DB) e Dilma Rousseff (PT), plantar matrizes mais limpas e de domicílios”. Ainda, sobre a matriz hídriPara que o país avance agrefoi motivada por assuntos pou- socioambientalmente responsáco abordados antes do pleito veis no sistema de fornecimento ca planejada para o alto Xin- gando valores sustentáveis ao gu, o advogado e coordenador desenvolvimento, não basta do dia três de outubro. Parte energético. Atualmente, no Brasil trami- adjunto do Programa Política que sejam implantadas polítidas mudanças nos discursos se deu devido ao desempenho tam projetos e licitações para a e Direito Socioambiental do cas públicas e privadas comproinesperado da candidata do implantação de 54 usinas hidre- Instituto Socioambiental (ISA), metidas com o meio ambiente. Partido Verde Marina Silva. létricas, uma forma de geração Raul Silva Telles do Valle, foi Para o Conselho Empresarial Os mais de dezesseis milhões de energia considerada limpa categórico ao ser perguntado Brasileiro para o Desenvolvie seiscentos mil votos dados por utilizar recursos naturais sobre a implantação da usina mento Sustentável (CEBDS), pelos eleitores à ex-ministra renováveis, mas que gera altos de Belo Monte e a possibilidade “o próximo presidente da Redo Meio Ambiente no gover- impactos ambientais em suas de licenciamentos para tecno- pública tem o compromisso de no Lula não apenas espanta- construções. Uma das alterna- logias alternativas, “Enquanto fazer o país liderar a economia ram os outros presidenciáveis, tivas seria o aproveitamento da buscamos formas de continu- verde”. Um desses compromismas colocaram em evidência energia solar. Para o professor ar expandindo os parques hi- sos é a busca pela certificação um tema pautado há bastante da Unicamp (SP) e pesquisador drelétricos, nos descuidamos internacional do etanol, que tempo e que, agora, parece não da Embrapa Ademar Romeiro, de como podemos aproveitar permitiria ao produto atingir aceitar mais ser adiado, o de- “em países como o Brasil o po- melhor outras fontes limpas, seu potencial de oferta muntencial da energia solar direta ou mesmo usar melhor a ener- dial, através do reconhecimensenvolvimento sustentável. No próximo primeiro de ja- é muito grande. A começar pe- gia que já temos. Veja o caso to internacional de um padrão los sistemas baseados na in- de Belo Monte. Se construída, de desenvolvimento que seja neiro, o diplomático e podução já disponíveis com vai destinar parte significativa economicamente viável, sopulista Luiz Inácio Lula boa eficiência térmica de sua energia para uma side- cialmente justo e ambientalda Silva passará a faixa (coletores solares para rúrgica chinesa que se insta- mente responsável. presidencial a aquecimento da água lará no norte. Será que vale a Para professor do Departasua afidomiciliar). O po- pena? Será que os poucos em- mento de Economia da FEA e do lhada tencial existente pregos que são gerados com- Instituto de Relações Internapolítica, a curto prazo pensam os danos ambientais, cionais da Universidade de São a desené de cerca de a contaminação das pessoas, Paulo, Ricardo Abramovay, “De vol-
fora, o Brasil pode ser bem visto por ter como principal fonte de energia a hidroeletricidade e por ter estar usando há mais de 20 anos o álcool como combustível. Mas se por um lado o avanço na produção de etanol é uma conquista, inclusive por estar sendo usado hoje para uma química “verde” e para o fornecimento de energia para a rede elétrica, por outro, o país enfrenta dois problemas que não estão equacionados. O caso mais emblemático é a energia solar que sequer aparece nos planos governamentais. A própria pesquisa universitária em eólicas, que começa a adquirir certa expressão, como resultado dos últimos leilões, ainda é bastante precária”.
ONGs e sociedade civil cobraram comprometimento dos candidatos com a preservação do meio ambiente
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273 milhões por dia até 2019 No Plano de Aceleração do Crescimento II (PAC II) estão previstas as construções de 54 estações, entre elas 10 usinas e 44 pequenas centrais elétricas, totalizando R$ 116 bilhões de investimos.De acordo com Plano Decenal de Expansão de Energia (PDEE), documento redigido pelo Ministério de Minas e Energia (MME), extimase o dispêndio de um trilhão de reais entre 2010 e 2019.
oucas semanas antes do pri- e que nesta eleição teve seu di- representante da Rede de ONGs meiro turno das eleições, recionamento aos candidatos do da Mata Atlântica no RS e de um evento realizado no Plenari- RS. O evento reuniu mais se- Adão Villaverde (PT), deputanho da Assembleia Legislativa tenta pessoas - entre políticos, do estadual e responsável pela do Rio Grande do Sul oficiali- representantes de instituições abertura da casa para a realizazou o lançamento da Platafor- e membros da sociedade civil. ção do evento. Um dos candidama Ambiental 2010 no estado. “Em 35 anos trabalhando com tos que se comprometeu com as O conjunto de diretrizes rela- ONGs pelo Brasil todo, nunca diretrizes foi o vice-governador cionadas a preservação do meio vi tanta mobilização”, declarou eleito do estado Beto Grill, do ambiente, idealizado pela or- o diretor de políticas públicas PSB. Veja se o seu candidato ganização não-governamental da SOS Mata Atlântica, Mário eleito ou não - se comprometeu Fundação SOS Mata Atlântica, Mantovani, que compôs a me- com a plataforma: www.sosma. é apresentado a mais de 10 anos, sa ao lado de Kátia Vasconcelos, org.br/plataforma.
Geral
Porto Alegre, Dezembro de 2010 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
Caxias, a capital da cultura quer voos mais altos
fotos: Luiz chaves
Construir um aeroporto internacional e ser cidade base para a Copa de 2014 fazem parte dos projetos da cidade ■
Cláudia Sobieski
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esponsável por 25% do PIB produzido no estado, a Serra gaúcha cresce num ritmo acelerado e com os olhos no futuro. Um dos municípios mais prósperos é Caxias do Sul que, além de ser considerado a capital da cultura, tem o segundo pólo metal-mecânico da América Latina e conta atualmente com mais de 40 mil empresas. Mas o empreendedorismo que é a marca do município tem esbarrado no problema da logística. O Rio Grande do Sul tem o maior custo de logística do Brasil, e isso corresponde a 17.9 % do PIB gaúcho. De acordo com o presidente da Câmara da Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul, Milton Corlatti, a metrópole da serra tem grande diversidade na produção e, além de um comércio consistente, o município conta com uma área de serviços forte, fabricação de autopeças entre outros. Com isso, a demanda nacional por produtos produzidos na serra, assim como as exportações, é intensa, mas as empresas enfrentam dificuldades para atendê-las. “O escoamento é grande e para se ter uma idéia nós não temos um aeroporto de cargas internacional”, analisa. Atualmente, todas as exportações do Rio Grande do Sul primeiro vão de caminhão até Campinas para depois embarcarem para o mundo. “É inconcebível hoje que para ter acesso a um aeroporto de cargas o produto tenha que transitar por mais de mil e poucos quilômetros, atravessar vários estados. O tempo que você perde nesse transporte faz você perder
negócios”, observa. Além disso, a geografia do município e as condições das rodovias também dificultam. “Para chegarmos a Porto Alegre e embarcar no aeroporto Salgado Filho demoramos quase quatro horas de carro devido aos congestionamentos das nossas rodovias que, em muitos trechos, têm estruturas péssimas. A cidade de Caxias está ilhada, estamos em cima do morro e longe de tudo”, pondera. Corlatti afirma que o município seria mais competitivo do que é se existisse um aeroporto condizente ou mesmo um trem de cargas que pudesse facilitar o transporte de todas as mercadorias.
Aeroporto Argumentos não faltam para a efetiva construção de um aeroporto internacional na Serra, assim como não falta o espaço físico. Há muito se analisa esta possibilidade e os estudos técnicos que até agora foram feitos apontam que o sítio da Vila Oliva, um distrito de Caxias do Sul, poderia ser a área que tecnicamente absorveria o aeroporto que a região necessita. Segundo Corlatti, os estudos estão em poder do departamento aeroportuário do estado e só não foram divulgados até agora por causa políticas, porque estão já estão prontos há muito. Além do Sítio da Vila Oliva, em Caxias, há outra área que também já foi motivo de estudo com a mesma finalidade. A região de Mato Perso, no município de Farroupilha, seria uma outra opção para a construção de um aeroporto, porém num
➜ Caxias do Sul pretende ser uma das cidades sedes da Copa 2014 tamanho menor e com a desvantagem de estar próximo ao centro do município. Para Corlatti, uma construção como essa não faz sentido. “Construir um aeroporto no centro de uma cidade é um atraso. O Brasil está crescendo muito rápido e a tendência é de movimentarmos voos para todos os lados do país”, argumenta. Por sua característica econômica, a Serra precisa de um aeroporto com 4 mil metros de pista para durar no mínimo cinquenta anos. “Nós queremos um aeroporto para o futuro. No mundo dos negócios meia hora perdida é dinheiro perdido. Nós não somos contrários a qualquer área, somos a favor do que é tecnicamente viável e para uma longa vida”, esclarece. Para o titular do Conselho Regional de Desenvolvimento (Corede) da Serra Gaúcha, José Antônio Adamoli, o Corede ainda não tem uma posição fe-
chada com relação a construção do aeroporto no sítio da Vila Oliva, porque não tem os elementos que permitiriam a tomada de uma decisão regional. “A falta de discussão sobre o tema ocorre porque o governo do Estado nunca ofereceu os estudos necessários. O que precisamos é que os órgão técnicos, sejam estaduais ou federais, tenham um diagnóstico ponderando questões como impactos ambientais, custos na aquisição da área, qual o volume na infra-estrutura que temos que construir”, diz. Elaborar um estudo que explique como isso vai funcionar na geopolítica poderá dar rumos sobre o que seria melhor nesse caso, e também acabaria com a disputa entre Bento Gonçalves e Caxias do Sul. “Nós não temos estudos técnicos, estudos ambientais e a viabilidade econômica e social dos dois sítios estudados”, admite. De acordo com Adamoli, o governador eleito Tar-
so Genro esteve em Caxias e demonstrou interesse em tomar os rumos desse processo. Porém antes da construção de um aeroporto de cargas para o estado, Adamoli enfatiza a necessidade da criação de uma central de logística para organizar as cargas. “À medida que existe uma central de logística organiza-se melhor isso. Sabemos que tem muita gente nossa enviando carga para São Paulo para ser exportada a partir de lá. Mas quando necessitamos fazer um levantamento de onde saem essas cargas essas informações não chegam”, questiona. Com relação à possibilidade de um aeroporto internacional da Serra operar durante o período da Copa de 2014, Corlatti não vê alguma possibilidade. “ Em quatro anos não se constrói um aeroporto desse porte, além disso tem todo o aparato burocrático. Isso é impossível”, diz.
Geral
Porto Alegre, Dezembro de 2010 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
Voar alto é se preparar e sonhar com a possibilidade de ser uma cidade base na Copa de 2014 U
ma cidade base tem por finalidade receber uma seleção e oferecer a ela uma infraestrutura adequada durante o período em que ela ficar no país. Com estas características, Caxias do Sul pode, tranquilamente, ser uma cidade base. De acordo com o secretário municipal do Esporte e Lazer de Caxias do sul, Felipe Gremelmaier, as questões técnicas do município com relação à copa permitem o sonho da vinda de uma seleção à Caxias. “Nós temos dois estádios que se colocam totalmente a disposição do evento. Além disso, temos dois centros de treinamento em perfeitas condições e o Laboratório de Medicina Esportiva da Universidade de Caxias do Sul, que é um grande diferencial, pois é um dos três melhores da América”, identifica. O secretário também destaca que a estrutura da rede hoteleira conta com cinco hotéis somando quase três mil leitos. “Também temos o aeroporto que tem condições de fazer vôos regulares a são Paulo e Curitiba. As obras que estão acontecendo somam um investimentos de R$ 2 milhões na reformulação e vão permitir que ele seja utilizado para a copa”, sinali-
➜ Viaduto da Rótula Nelson Bazei, em Caxias do sul, construído para melhorar o fluxo na entrada do município za. Se efetivamente Caxias for cidade base ela deverá deve realizar investimentos, principalmente nas rodovias que ligam a capital à Serra. Para o secretário, o acesso oficial à Serra partindo de Porto Alegre se-
rá pela RS 122, que ainda não está totalmente duplicada. “A nossa luta é terminar essa duplicação nos setores que faltam depois de Farroupilha. Então, o maior investimento necessário para acesso com relação à Co-
pa é o término da duplicação de RS 122, do trecho entre São Vendelino e Feliz”, explica. A assessoria de Imprensa do Departamento de Auto Estrada e Rodagem(DAER) foi contatada e informou que a divulgação de
Vila Oliva é um distrito que pertence a Caxias do Sul e tem cerca de 1,3 mil habitantes A Vila Oliva fica a cerca de 45 km ao leste da Cidade de Caxias do Sul. O presidente da CIC de Caxias do Sul, Milton Corlatti, conta que é um terreno plano que tem 462 hectares preservados numa zona rural, de propriedade particular. A área foi descoberta nos anos 80 por via satélite. “É uma área já preservada pelo município. No momento em que for definido que ali será o aeroporto a prefeitura vai tomar as medidas cabíveis, declarar a área como um espaço de utilidade pública. Mas a prefeitura não pode declarar enquanto não recebe aprovação da ANAC (Agência Nacional de
➜ Vista geral (D) e Igreja da localidade (E) do Distrito de Vila Oliva, uma localidade em estudos para a implementação do aeroporto da Serra Gaúcha
quaisquer dados referentes às ações do DAER visando a Copa 2014 depende de anúncio oficial do projeto pelo Governo do Estado. Somente após o anúncio deste programa de ações será possível detalhar as informações. Mas a população caxiense tem um grande desafio pela frente: promover o ensino dos idiomas inglês e espanhol. Segundo Gremelmayer, uma das maiores dificuldades é o domínio de outros idiomas. “É necessário saber o inglês e espanhol. O espanhol foi o idioma que faltou na África. Além disso, temos de organizar preparações dos destinos: placas de informações em inglês e outros idiomas. São situações que apontamos no momento”, reflete. Sonhar com a Copa por aqui não custa nada, mas e se Caxias não for cidade base? Para um município que está melhorando essa é uma grande questão. Gremelmayer responde tranquilo. “Se não vier ninguém estaremos preparados para o futuro. Tanto o setor privado quanto público decidiu que o investimento serão permanentes até porque a gente vai utilizar após copa do mundo. Ninguém vai fazer investimento para um mês”, pondera.
Política
Porto Alegre, Dezembro de 2010 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
Fotos: Raphael Oliveira
Urna eletrônica: é seguro votar? O processo eleitoral brasileiro é totalmente informatizado e tido como exemplo. Entretanto, a comum aceitação do sistema é discutida por muitos que tentam esclarecer a segurança do voto eletrônico ■
Raphael Oliveira
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atual sistema eleitoral brasileiro é um dos mais modernos e rápidos já vistos no país e é tido como exemplo. Entretanto, o que muitas vezes é deixado de lado é a segurança do processo e também o conhecimento sobre como ele funciona. O voto é direito do cidadão e também um dever, mas qual é a relação do uso da urna eletrônica com tais garantias constitucionais, e de que maneira o eleitor está envolvido em tudo isso? A urna eletrônica brasileira foi implantada nas eleições de 1996, em 57 municípios, com o propósito de automatizar e otimizar o processo, pois quando o voto ocorria em cédulas de papel a contagem era demorada
e havia desconfiança da veracidade do resultado. A vantagem da urna eletrônica, segundo o Secretário de Tecnologia da Informação (T.I.) do TRE-RS, Daniel Wobeto, é dar segurança e velocidade ao processo. “Com a urna eletrônica, o voto do eleitor é o voto que é computado”, afirma Wobeto. Apesar da modernização do processo e da agilidade, há quem acredite que o uso da urna eletrônica nas eleições não é totalmente confiável e seguro, apresenta possíveis falhas e o custo é caro para o bolso dos brasileiros. O professor de Ciências da Computação, da UNB, e editor do site Segurança Computacional, Pedro Antônio Dourado de Rezende, pensa que o
que é vantagem para certos interesses pode ser desvantagem para outros. “Para interesses com a perspectiva de que a democracia, hoje viável na modalidade representativa, é um jogo de manipulação de percepções e de opiniões das massas, as vantagens são óbvias. Pela forma com que foram aqui informatizadas, as eleições no Brasil tem hoje resultados rápidos e inquestionáveis”, explica Rezende. Ele acredita que também existe um grupo onde as vantagens são outras. “Já para interesses que dependem de eleições limpas, no sentido de qualquer eleitor ou candidato poder verificar como os resultados foram obtidos, as desvantagens estão ainda obscuras para
a opinião pública. Obscurecidas pelos reais motivos pelos quais os resultados não podem mais ser efetivamente questionados. Nesse contexto podemos então dizer,objetivamente, que o primeiro grupo de interesses têm levado vantagem sobre o segundo”, complementa.
Como funciona O tipo de urna utilizado no Brasil nas eleições de 2010 foi produzido pela empresa estadunidense Dieboldt, escolhida através de uma licitação. O modelo é do tipo DRE (Direct Record Electronic), que pertence à primeira geração de urnas eletrônicas em que a votação ocorre de modo totalmente virtual.
O que caracteriza essa primeira geração de urnas é o fato delas não disporem de nenhum mecanismo que permita a recontagem dos votos por meios independentes dos programas que rodam nelas e nos sistemas de totalização. O código utilizado para computar o voto do eleitor é feito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desde 2008, quando o sistema operacional utilizado por qualquer pessoa, podendo assim criar o seu próprio sistema), dando maior liberdade para que o TSE faça as coisas do seu jeito. Segundo o professor, as urnas de segunda geração, do tipo VVPAT (Voter-Verifiable Audit Trail), tornam detectáveis os ataques via software, mas
Política
Porto Alegre, Dezembro de 2010 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
ao custo de reintroduzir for- afirmam ser totalmente confi- ção, com sistemas independenmas de ataque praticáveis no ável e infalível, como o próprio tes de auditoria. papel, sem no entanto apontar TSE, enquanto outros apontam a origem da falha ou da manipu- inúmeros problemas e falhas O que pensa lação quando houver diferença técnicas, dúvidas e até mesmo o eleitor entre as contagens. Já as urnas detalhes do processo que interde terceira geração, do tipo E2E ferem em leis. Apesar de ser obrigado a vo(End-to-End Chain of Custody), “É como se o Brasil, último tar, existem as pessoas que gospermitem ao eleitor rastrear a país a abolir a escravatura na tam e as que não gostam, mas correta apuração do seu voto, e era moderna, que entrou na de- nada impede o cidadão de se inaos candidatos detectar a ori- mocracia pelo bico de pena da formar. “Acredito que o sistema gem de falha ou manipulação República Velha, que passou eleitoral brasileiro nas últimas significativa, se houver, ao cus- pelas ditaduras do Estado Novo décadas teoricamente vem apreto de uma proteção ao sigilo do e do Regime Militar, estivesse sentando uma evolução em tervoto mais complexa. em condições de agora ensinar mos de confiabilidade, rapidez Já o Secretário de T.I, Daniel ao mundo como os computado- e segurança. Também acredito Wobeto, diz que cerca de 120 res podem fazer avançar a de- que o voto se tornou mais simdias antes da eleição, os fiscais mocracia. O Brasil quer ensinar ples em relação a outras apurados partidos têm acesso a parte principalmente aos que inven- ções como o próprio EUA que dos códigos fonte do programa. taram os computadores, que se tem uma diversidade imensa Pessoas dos partidos ficam no consumiram em guerras para de votos, mas dentro das suas TSE, onde há um ambiente mon- reinventar a democracia mo- próprias evoluções ainda não é tado para que eles possam traba- derna, e nela se sustentaram 100% confiável pelo menos palhar e estudar os códigos fontes. por mais de século, erguen- ra quem vota porque não tem o Os partidos políticos, o Ministé- do-se a potências mundiais”, famoso comprovante”, menciorio Público e a Ordem dos Ad- critica Pedro Rezende. Ele ob- na o professor de geografia Javogados do Brasil (OAB) são as serva que outros países como ckson Bittencourt. Há inúmeras três entidade legitimadas a fazer Alemanha, Canadá e Estados maneiras de se informar sobre o esse tipo de verificação. Unidos, as eleições com urna assunto, sites do governo, ONeletrônica foram abandonadas e Gs, pesquisadores, estudiosos e retornaram ao voto manual. Já curiosos, porém como eternizou A briga outros seguiram na informati- Josef Stalin: “Quem vota e coSão diversas as opiniões so- zação, só que para os modelos mo vota não conta nada; quem bre a urna eletrônica e o mo- de urna mais avançados como conta os votos é que realmente delo utilizado no país. Alguns os de segunda e terceira gera- importa”.
Descarte material e virtual
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iscussões e opiniões sobre em um terço das sessões eleitoo processo não faltam, mas rais na eleição de fevereiro 2006. outro assunto que não pode ser Algumas urnas desapareceram deixado de lado é a validade do do controle da autoridade eleitoequipamento. Quando a preocu- ral, que acabaram sendo usadas pação com o meio ambiente tor- em testes independentes de penou-se e vale lembrar que a urna netração.”, conta o professor Peeletrônica por ser um computa- dro Rezende. Em maio de 2006 dor apresenta peças que são pre- circulou um vídeo mostrando judiciais ao meio ambiente caso um teste de penetração sobre sejam descartadas sem nenhum uma urna brasileira, carregacuidado. “O descarte é todo eco- da com os programas oficiais lógico. As partes são separadas. da eleição paraguaia de 2006 As partes plásticas são tritura- adulterados. Esse vídeo acabou das para a reciclagem, as pla- nos noticiários na TV de lá. Secas mães também são todas gundo Rezende, como consequtrituradas, inclusive tem ouro ência da demonstração pública e platina que é recuperado desse de vulnerabilidade das material”, garante o secretário urnas brasileiras, elas de T.I., Daniel Wobeto. Outra foram abandonadas maneira de descarte ocorreu em na eleição pa2005 quando algumas urnas fo- ra Presidência ram doadas para o Paraguai pa- no Pa ragua i. ra serem utilizadas por lá. “Em “Os candidatos 2005, cerca de vinte mil urnas optaram por reDRE foram doadas para o Pa- tornar ao sistema de raguai, as quais foram lá usadas voto manual, ao invés
de caírem na corrida de gato-erato pelo ‘aprimoramento’ do software ou do sistema DRE. Esse caso foi totalmente boicotado pela mídia corporativa no Brasil, que prefere repisar a lorota institucional de que outros países admiram ou invejam nosso sistema eleitoral”, enfatiza o professor.
Fatos importantes da história das urnas eletrônicas brasileiras 1982 - caso Proconsult: a primeira aparição de uma máquina responsável pela apuração dos votos ocorreu nas eleições para governador no Rio de Janeiro. O caso ficou conhecido pela tentativa de fraude por agentes militares e que acabou sendo abafado pela justiça. 1995: foi aprovado um projeto de lei que permitia o uso de um computador para a realização do voto e o TSE seria o responsável por regulamentar o seu uso. Optou-se por usar o modelo de gravação eletrônica direta (DRE) sem o comprovante do voto para ser conferido pelo eleitor. Surge assim, a urna eletrônica. 1996: cerca ➜ Equipamentos de identificação de 35 milhões do eleitor são ligados à urna de eleitores votaram nas novas urnas eletrônicas aprovadas no ano anterior. Nos anos seguintes a proporção de eleitores utilizando a urna eletrônica aumentou até que em 2000 o país inteiro já fazia uso do equipamento. 1999 - 2001: surgiram diversos projetos de lei sobre a fiscalização do voto, alguns que obrigavam a impressão do voto para a conferência do eleitor, também exigia-se o uso de software aberto nas urnas eletrônicas. Todos projetos foram adiados com uma lei criada para que as medidas propostas fossem analisadas somente em 2004 e permitia o uso do código fechado por parte do TSE. A identificação do eleitor é feita em um computador ligado à urna, o que também virou alvo de críticas 2002 - 2006: as urnas que rodavam com o sistema operacional VirtuOS passaram a ser Windows CE, o que ainda impossibilitava alterações no código fonte e era preciso uma licença paga para a utilização do sistema. A troca para um sistema livre e gratuito só ocorreu em ➜ Leitores biométricos ja são utilizados 2008 com desde as eleições municipais de 2008 a mudança para o Linux e significaria uma economia de R$ 15 milhões. 2008: além da troca de sistema foram feitos os últimos testes para a implantação do reconhecimento biométrico nas urnas eletrônicas, o teste foi feito nas eleições municipais de Colorado do Oeste/RO, São João Batista/SC e Fátima do Sul/MS. Todas as urnas compradas desde 2006 já possuem suporte para o leitor biométrico. 2010: o total de municípios com o cadastramento biométrico passou de três para 60. A expectativa do TSE é conseguir o total cadastramento em oito anos. As urnas utilizadas nas eleições foram os modelos 2000, 2004 e 2009, com a possibilidade de descarte do modelo 2000 pela dificuldade da adaptação de um pendrive.
Fonte: www.tse.gov.br/internet/urnaEletronica www.cic.unb.br/~pedro/sd
Tecnologia
Porto Alegre, Dezembro de 2010 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
Biblioteca de bolso A leitura digital ganha força com o e-reader, um aparelho que promete um mundo de informações na palma da mão ■
Rafael Martins
E
m tempos de informação veloz e crise ambiental o leitor digital de liv ros chega ao Brasil prometendo conquistar os aficionados em tecnologia e cultura. A “biblioteca de bolso”, como se pode definir este compacto aparelho mundialmente conhecido por e-reader, em princípio, parece apenas mais um novo aparato tecnológico. Contudo, divide opiniões e provoca discussões a respeito do futuro do mercado livreiro, bem como do hábito e incentivo à leitura no país.
Biblioteca de bolso no bolso brasileiro? O e-reader é um aparelho portátil com tamanho semelhante ao de um livro médio (o modelo Alfa, da Positivo, lançado no Brasil, tem 17 cm de
Detalhes e curiosidades do o e-reader comercializad Alfa Positivo, o no Brasil: - Pesa 240g e tem menos de 9mm de espessura; - Tela sensível ao toq ue, ou touchscreen, que permite ao leitor virar as páginas co m um simples toque no visor do aparelh o; - Capacidade de até 1,5 mil livros em seus 2GB de memó ria; - Dicionário Aurélio integrado, permitin do o usuário pesquisar significados sem ter que interromper a leitura; - Bateria que supo rta até 10 mil virad as de página; - Luminosidade da tela semelhante a uma página de papel: nã o cansa a vista e pode ser lido ao so l; - Teclado vir tual, qu e permite a marcaçã o e anotação de trech os do livro ao usuá rio ; - O valor do produto para o consumidor é de R$ 799,0 0.
altura por 12,5 de largura), de- ter uma boa oferta signado para a leitura de e-books, de títulos em porque são livros em formato digi- tuguês”, enfatiza. tal disponibilizados ou vendidos Vale ressaltar que, pela internet. Em geral, pesa me- nas lojas brasinos que um livro convencional leiras, o e-reader e tem uma incrível capacidade não sai por menos de armazenamento: em poucas de R$ 700,00. gramas carrega-se uma verdaMe s m o h a deira biblioteca, ou seja, cerca ve nd o a d ig ide 1,5 mil títulos em 2GB de t a l i z a ç ã o d o memória, utilizando o apare- c a t á logo bra lho nacional como exemplo. É sileiro, o que o novo fenômeno no mercado aumentaria as livreiro mundial, entretanto, no opções de títulos Brasil, o acesso ao produto ainda em português, esé elitizado. Por aqui, o merca- pecialistas acredido engatinha, segundo o gerente tam que a disseminação de uma das maiores livrarias do da leitura digital no país depenpaís, Ricardo Schill. “No Bra- derá da superação de um problesil, a venda de e-books ainda é ma anterior a ela: o do interesse muito pequena, principalmente pela leitura. Segundo o coordepela falta de aparelhos leitores nador editorial, Bruno Garcia, com preços acessíveis e também antes de se pensar em populapela pouca oferta de títulos em rização do aparelho leitor devenosso idioma. Esse cenário está se popularizar a leitura de fato. mudando e, em 2011, deveremos “Se na classe média as pesso-
as já leem pouco, quanto mais nas classes menos favorecidas, onde as crianças sequer têm professores em sala de aula. Por isso, acredito que ainda levará algum tempo para o e-reader se democratizar no Brasil”, afirma. Já para a mestre em Literatura, Roberta Scheibe, leitores em potencial são aqueles que têm o hábito diário de leitura, e neste país o leitor digital fica restrito a esta minúscula fatia de pessoas. “Esse aparelho não interfere chena questão do analfabetismo ou gando por do esparso número de leitores aqu i: Ol h a brasileiros. Quem não lê, não se o Mp20! Vo interessa pelo que não conhece”, cê pode ouvir enfatiza. Entretanto, Scheibe música, assisreconhece o valor da novidade tir filmes, acesno universo literário. “Tudo que sar a internet, se incentivar a população a ler – e conectar nas mígostar de ler – será bem vindo. dias sociais e, caso As escolas possivelmente terão sobre algum tempo, aparelhos para oferecer mais leia um livro com este uma opção aos alunos. A lás- magnífico aparelho”, ironiza. tima é que uma parcela muito pequena dos discentes frequenImpacto nas lojas ta a biblioteca – ou os ambienDe fato, a afirmação de Gartes de leitura virtual”, lamenta. Neste contexto, Garcia apon- cia foi confirmada pelos comerta que o aparato é mais atrati- ciantes. Em São Paulo, Marco vo a viciados em tecnologia do Antônio Canela vendeu e-reaque a leitores assíduos. “Muitos ders para um público mais curiovão comprar apenas para aces- so do que leitor propriamente sar a internet ou para utilizar dito. “Muitas pessoas compracomo videogame portátil. Já ram sem saber exatamente o que imagino os genéricos chineses fazer com o novo equipamento.
Porto Alegre, Dezembro de 2010 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
Tecnologia
Fotos: Rafael Martins
Quando a explicação do produ- arte, não irá se satisfazer com a conta: “Do ponto de vista amto era iniciada, muitos diziam compra do mesmo produto em biental avalio como uma realinão entender a sopinha de letras, formato digital”, afirma. dade positiva, pois não vamos não conheciam formatos de arEm novembro, chegou às pra- esgotar um único bem natural, quivos, não sabiam distinguir teleiras uma versão atualizada que são as árvores, para disseos diferentes formatos. Depois deste mesmo e-reader, tornando, minar a cultura”, comenta. Por de uma semana de uso, alguns de certa forma, a versão anterior outro lado, Ghiggi ressalta que clientes simplesmente já deixa- obsoleta. Katia Raupp, que traram de utilizá-lo, até mesmo fa- balha com venda de livros há 14 zendo piadas”, comenta. anos, acredita que num futuro “Num país onde se lê O primeiro e-reader brasi- breve a busca por profissionais tão pouco, será que a leiro chegou às lojas em agosto da sua área será mais seletiva. pirataria é o maior de 2010. Em menos de um mês “Acredito na especialização da já estava esgotado na Livraria profissão. Creio que, cada vez obstáculo para as Cultura, que vendeu o produto mais, a exigência por profissioeditoras?” com exclusividade na primeira nais qualificados, que saibam semana. Segundo o vendedor identificar o perfil do cliente e Getúlio Daddald, da filial de interagir com diversas mídias, a reciclagem de papel também Porto Alegre, em geral o clien- sobreviverão as mudanças no é uma realidade no mundo mote que mostrou interesse no apa- mercado. O livreiro ocupará po- derno, mas envolve diversos farelho tinha entre 25 e 50 anos. sição de consultor”, enfatiza. tores, inclusive a questão custo. “Não atinge os idosos pela falta “Pesquisas apontam para um alde intimidade com esse tipo de to custo energético no reaproA troca do papel aparelho. Penso que não atingi- pelo clique na tela veitamento. Atualmente o papel rá os muito jovens também porreciclado é visto como ecologique estes são atraídos pelo livro Em épocas de crise ambien- camente correto, mas seu custo fisicamente, sendo seu conteú- tal, a queda na produção de li- é alto. E não há incentivos pado secundário, conforme gera vros impressos seria mais um ra que ele fique mais acessível, tendências da moda”. Daddald atrativo na migração para o di- porque não existe uma polítidestaca ainda que a preferên- gital. Para a professora de jor- ca energética de compensações. cia pelo formato digital depen- nalismo ambiental e bióloga, Se o papel fosse reciclado e o de do tipo de cliente e de livro Lisete Ghiggi, tudo que venha seu custo diminuísse, a natubuscado. “O cliente que busca a poupar a natureza do que pos- reza não se ressentiria tanto”, prazer, como ficções ou livro de sa exauri-la deve ser levado em conclui.
E as livrarias, vão sumir? Segu ndo Br u no Ga rcia, tanto a produção quanto a distribuição dos e-books é mais barata. Além disso, o autor ganha o mesmo percentual de direitos, sendo que na maioria das vezes é a própria editora que sugere o lançamento da obra neste formato. “As novas editoras estão apostando muito no digital, enquanto as editoras já consolidadas atuam mais fortemente com o livro impresso, mas estão de olho na fatia dos e-books, que ainda tem muito para crescer”. Se na década passada presenciamos o desaparecimento das lojas de discos e a crise na indústria fonográfica devido ao sucesso do formato MP3, o mesmo poderia acontecer com as livrarias, uma vez que muitas editoras vendem o e-book diretamente ao consumidor. Porém, Garcia não vê um futuro obscuro para as lojas: “De uma forma ou de outra, as editoras não poderão desvincular-se totalmente dos intermediários, pois eles representam um papel importante,
têm muita capilaridade e servem de vitrine para os produtos. Cada editora deverá buscar um equilíbrio entre vendas diretas aos clientes e vendas através de intermediários, de maneira que seu negócio não tenha prejuízo”. Quanto ao livro impresso, Garcia não aceita a comparação entre os discos de música e acredita que a pirataria não será tão bem sucedida nesse ramo. “Primeiro é preciso dizer que a tecnologia não é a causa da pirataria, e sim a pobreza”, cita, deixando uma pergunta no ar: “Num país onde se lê tão pouco, será que ela (a pirataria) é o maior obstáculo para as editoras?” Em recente visita a Porto Alegre, numa conferência de cultura na UFRGS, o vencedor do prêmio Nobel de literatura de 2010, Mario Vargas Llosa, foi pontual quanto ao destino do livro impresso. “O livro eletrônico é uma realidade, o de papel ficará anacrônico. O meu temor é que o eletrônico conduza, quase de uma maneira fatídica, a uma certa banalização da literatura”, profetizou. Quem viver, lerá.
10 Tecnologia
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Softwares para salvar o planeta Aliando tecnologia e consciência ecológica , grandes empresas dedicam-se a produzir programas voltados ao bem estar do planeta ■
Gabriel Marçal
A
NASA anunciou, no gia”, afirma a engenheira am- engenheira ambiental. início de 2010, que biental, Larissa Alcântara. Fazer parte deste movimento a década que termiA iniciativa das empresas é em prol do planeta parece comnou em dezembro de um motivo para que se faça a plicado, mas está mais acessível. 2009 foi a mais quente desde previsão de um futuro melhor, A estudante de licenciatura em 1980. Com o intuito de ameni- mas ainda é necessária uma Matemática, da UFRGS, Emazar os danos que o uso diário de conscientização maior por parte nuelle Lopes, é prova disso. Ela é um computador causa ao mundo, do usuário, conforme acredita usuária de um programa desenempresas ligadas a computação Alcântara: “Para que a socieda- volvido pela equipe do Greenpedesenvolvem softwares que aju- de se torne parte deste progra- ace, chamado Black Pixel, que dam a economizar energia e di- ma de preservação, juntamente após ser instalado no computaminuem os efeitos destruidores com as empresas, a questão da dor ajuda a economizar a energia que a simples utilização de um educação ambiental é de gran- gasta pelo monitor e a emissão computador, como o lazer pode de importância, precisando ser de gás CO2. A estudante afirma causar. exercida nas escolas e em âm- ter conhecido o programa atra“Apple e a Microsoft proje- bito familiar”. A engenheira vés de um comercial feito petam produtos para economizar o também sugere que as empresas la emissora jovem de televisão máximo possível de energia. A invistam na divulgação daquilo MTV e está muito satisfeita com Apple desenvolveu basicamen- que ela chama de “tecnoecolo- o produto: “O gasto da energia te três sistemas para diminuir o gia”. “As empresas de tecnolo- do monitor do computador dimiconsumo de energia: utilização gia que propiciam a preservação nui bastante, mas uma diferença de adaptadores de energia mais do meio ambiente precisam ter que eu sinto é na minha conscieconômicos, componentes com uma maior divulgação de seus ência. É muito boa a sensação de baixo consumo de energia e sof- produtos, expondo os benefí- estar fazendo a sua parte, mestware para gerenciar a energia. cios e vantagens na utilização. mo que seja muito pouca coisa Já a Microsoft, atualmente, Assim, a população irá utilizar usar um software que diminui projetou o sistema Windows 7 produtos que de alguma forma o consumo de energia, (Windows Seven), que reduz de ajudem a reduzir os prejuízos para tentar salvar o 10% e 20% o consumo de ener- ao meio ambiente”, observa a mundo”.
Lixo eletrônico Nos últimos anos, o mercado de venda de produtos eletrônicos, principalmente na área da informática, fez com que se elevasse significativamente a venda de computadores. Entretanto, à medida que mais computadores são vendidos, mais lixo eletrônico é produzido. “O resíduo tecnológico ou eletrônico possui uma quantidade elevada de elementos químicos prejudiciais ao ambiente e ao homem e, por este fato, tornam-se grandes fontes poluidoras”, explica a engenheira ambiental. Não é fácil saber a proporção do problema causado pelo lixo eletrônico. Larissa enumera alguns riscos: “Acarretam a contaminação dos recursos naturais, afetando o crescimento e desenvolvimento de organismos vivos, e ainda, um aumento de doenças provenientes da contaminação por estes materiais, co-
mo doenças de pele e problemas respiratórios, consideradas mais comuns, e ainda, podem ainda causar doenças muito mais sérias, como o câncer”.
Caminhos para a conscientização A ambientalista dá três dicas para que a população saiba o que fazer com o lixo eletrônico: • alertar a população, expondo os malefícios que estes produtos causam devido a sua composição, e os possíveis impactos ambientais ocasionados por estes quando são descartados inadequadamente; • separar os resíduos, juntamente, com a criação de pontos de coletas de fácil acesso à população; • criar política de planejamento para que a destinação final dos resíduos eletrônicos ocorra de forma correta.
Gabr
iel M
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“A questão da educação ambiental torna-se de grande importância, precisando ser exercida nas escolas e em âmbito familiar”
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Comportamento 11
Para um bom convívio em sociedade, use e abuse sempre do bom senso Limites são fundamentais para evitar para evitar situações constrangeradoras e desagradáveis ■
Cláudia Lidiane da Silva Moreira
V
iver em uma socieda- expressar em lugares privados, de livre permite a cada porém não conseguem ou não indivíduo decidir o que podem, devido a discordância faz ou deixa de fazer. No de tais comportamentos. entanto, para a boa convivência é As boas maneiras traçam preciso estabelecer limites. direções compor tamentais A poluição sonora no ônibus, para todo aquele que decidisa relação extravagante de casais se expressar seus costumes e em lugares públicos, fumar em verdades, delimitando o espalugares fechados, discutir com ço do outro. “Constantemente o cônjuge no local de trabalho estamos analisando se a atitupodem tornar-se situações cons- de do outro está certa ou erratrangedoras e desagradáveis. Se- da, porém se formos pensar em gundo a professora de etiqueta, leis e regras, aqui não cabe diGrace de la Rocha, em lugares zer que exista o bom ou mau públicos deve-se respeitar o es- comportamento, o que existe ao paço do outro: “a nossa liber- vivermos em sociedade é o sendade somente começa quando so comum”, diz Gianna. Grace respeitamos a dos outros’’. chama a atenção: “boas maneiA psicóloga Gianna Petrini ras a gente exercita nos pequediz que é importante dar-se con- nos detalhes do dia a dia”. ta de até onde vai o seu espaço. O fundamental para um bom “Uma boa técnica nesse caso é convívio social, na opinião de colocar-se no lugar do outro, isso Grace, é “usar e abusar do bom chama-se empatia e sensibilida- senso”. A partir do momento em de social’’. O auxiliar adminis- que se vive em sociedade, os trativo, Rafael Dutra, concorda, limites já são propostos, avalia mas acredita que as pessoas pro- Gianna, e basta a cada cidadão curam expressar em lugares pú- estar de acordo com eles ou não blicos aquilo que têm vontade de “O que vai determinar a nossa
atitude pode ser chamado de senso crítico, é ele que vai ajudar-nos a avaliar os nossos atos e a partir daí podemos pensar como nos sentiríamos se estivéssemos na posição das pessoas que estão a nossa volta”. Para Grace, pode-se considerar uma falta de boas maneiras ou até mesmo de bom senso, pequenas coisas, que muitas vezes passam desapercebidas como fumar na rua jogando a fumaça no rosto de quem passa, entrar em elevadores apressadamente, atropelando quem ainda não saiu, e até mesmo entrar em ônibus ou lotação e não cumprimentar o motorista. Além de ser uma área do conhecimento, Grace considera boas maneiras uma disciplina. Gianna acredita que o ser humano tem a capacidade de evoluir com suas atitudes, tornando sua relação social mais harmônica: “Passamos a empatizar com as pessoas ao nosso redor nos tornando mais humanos e até mais flexíveis, en-
➜ Música em local público: com bom senso, ninguém fica incomodado tendemos com mais facilidade os pensamentos diferentes dos nossos; gosto muito de um pensador americano chamado Carl
Rogers que diz: “ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele”.
12 Comportamento
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Fotos de Vanessa
De cabeça para baixo com a Geração Z Pais e professores preocupam-se com a educação e o futuro de crianças e jovens com mentes multitarifas ■
Vanessa
A
Geração Z chegou para virar de “cabeça para baixo” a vida e o futuro das demais gerações. Pessoas antenadas, bem informadas, atualizadas, e que estão praticamente em todas as redes sociais, obtém um poder de ação enorme sobre o futuro. A geração Z faz o dever de casa enquanto ouve um de seus “mp-tudo” (seja, mp3, p4, mp5 ou IPod), tecla no MSN, enquanto assiste televisão, troca SMS durante o jantar. Na incrível e utópica era digital, pais e professores se preocupam com a educação e o futuro dessas mentes multitarefas. Segundo a pedagoga e mestre em educação, Elisângela Ribas (28), a sociedade terá que se moldar a essa nova geração, pois são pessoas extremamente dispersas que buscam resulta-
dos imediatos perante as suas encontrar canais de televisão). ações. “Elas aprendem, elas Daí o Z. Em comum, essa juse comportam, elas pensam ventude muda de um canal para de uma forma diferente. Para outro na televisão, vai da interelas o que está imposto hoje, é net para o telefone, do telefone visto como uma maneira mui- para o vídeo e retorna à interto tradicional, fechada, é uma net. A preparação dos professoforma monótona de poder trabalhar e estudar. Então, os professores A Geração Z tem muito terão que se atualizar. mais poder de influência Eu acredito que o que prende a atenção do que as anteriores aluno, seja a construção de materiais no computador, res para lidar coma geração Z é recursos que sejam relaciona- um desafio. dos ao conteúdo de sala de aula, “A escola vai precisar formar pois o aluno hoje quer produzir, o professor em função dessa noele é multimídia, quer fazer ví- va geração, claro que ele não deos e animações. O professor vai pensar como uma pessoa da tem que estar atento para isso”, geração Z, porque ela foi forafirma ela. mada em uma outra época, mas A grande prática dessa ge- ela vai pelo menos saber quais ração é zapear (acionar rapida- são os principais recursos que mente o controle remoto para os jovens estão lidando para se
inserir neles. É um desafio e é uma capacitação necessários”, acredita Elisângela.
Valores Outro fator relevante sobre as características da Geração Z referese aos valores fundamentais. A pedagoga Elisângela afirma que é preciso resgatar os valores humanos. “Há uma tendência a banalizar certos temas como o próprio sexo, o amor, respeito ao outro. Eu vejo como uma questão que tem que ser discutida com os jovens, talvez até a escola deveria trazer esse tema, dentro da sala de aula pra pensar “o que está acontecendo com a gente?” Estamos vivendo um momento de transformação, então para po-
der entender que cada um tem um direito e um dever dentro dessa sociedade, o diálogo é necessário”, acredita. A forma de a Geração Z enxergar o mundo é diferente até mesmo da geração que a antecede. Segundo a psicóloga Giane Schmaedecke, 32, as teorias antes impostas pelos nossos pais e educadores, foram trocadas pela inquietação e a curiosidade dos jovens, que no mundo conectado tem seu espaço e podem se tornar famosos, ou pessoas de sucesso da noite para o dia. “Hoje temos a possibilidade de nos comunicar com o mundo através dos cabos de fibra ótica, jogamos algo na rede e sabe se lá onde isso pode parar. Isso faz com que essa Geração Z tenha muito mais poder de influência que as anteriores. No senti-
Comportamento 13
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do mais cru, a tendência de cada geração é se antepor a anterior. A prova disso é como viviam os nossos pais e como vivemos hoje, e como viverão nossos filhos amanhã”, esclarece ela. Portanto, a tecnologia é decisiva para criar marcas de tempo, logo, os intervalos entre uma geração e outra ficaram mais curtos. E em casa, na escola, no mercado de trabalho, mais pessoas diferentes, estão convivendo. A Geração Alfa está chegando e pelo que o caçula das gerações será responsável?
O perfil da geração Y no trabalho - Identificação com a empresa. A geração Y não espera permanecer em um mesmo local de trabalho durante 20 anos. Por outro lado, eles estão dispostos a trabalhar horas a fio se sentirem uma conexão genuína com os valores da organização. - A geração Y não espera ter apenas um chefe. Essa é a única geração que nunca quis trabalhar apenas para um chefe ao longo de sua carreira. Os Ys não se sentem incomodados com o job rotation, pois vêem a ferramenta como uma oportunidade de crescimento. - Sensação de poder com grandes expectativas. Muitos jovens da geração Y se sentem poderosos. Agem como se o chefe devesse algo a eles por sua presença dentro da empresa. - A geração Y possui acesso a tudo e a todos – desde o fast food até as mensagens instantâneas. Isso os ensinou a ter pouca paciência e uma curta atenção concentrada, buscando progressos contínuos em cada aspecto da vida. Tudo o que desejam saber é o que se espera deles, oferecendo gratificações e benefícios constantes pelo trabalho realizado.
➜ No mundo conectado, a geração Z é inquieta, curiosa e desafia pais e professores
Qual a diferença de uma geração para outra? Para entender melhor o que de fato são essas gerações, representadas por letras e apelidos, daremos um rápido giro pela história • A Geração Baby Boomer surgiu após a Segunda Guerra Mundial entre 1943 a 1964. Eles tiveram como dever reconstruir o mundo. O nome “Boomer” vem do “Boom” que houve com o crescimento populacional pós-guerra. Hoje os Baby Boomers são pais, avós e chefes. • Geração X são os nascidos entre 1965 a 1978. Representam a chamada juventude “Paz e amor”, com o surgimento dos Hippies e com a Revolução do sexo, drogas e rock ‘n roll. Protagonizaram uma revolução jamais vista antes, conhecida como a Geração da Revolução.
busca de resultados imediatos, a Geração Y ou a Geração Canguru, não sai da casa dos pais. A principal característica é não se manter por muito tempo no mesmo emprego, isso porque não deixam de aproveitar as oportunidades que lhe aparecem. Este é mais um dos desafios que os chefes Baby Boomers e X das respectivas empresas de um Y, tem de enfrentar. A Geração Y, aquela que substituiu os yuppies, preferia o bermudão e a camisa de flanela: consumista, mas não de roupas, e sim de objetos eletrônicos. A Geração Y, os yuppies dos anos 1980, de gravata colorida e relógio Rolex, assistiu à revolução tecnológica
• Geração Y são os nascidos entre 1979 e 1992, não nasceram com a tecnologia, mas foram aprendendo a lidar com ela e a aper- • Geração Z, estes são os caçulas das 4 Gefeiçoá-la. Essa é a Geração caçula nas em- rações, nascidos a partir de 1993, ainda presas. Com um perfil despreocupado e em não saíram da escola. São conhecidos por
inúmeros apelidos, Geração F (facebook; r edes so ciais), Geração Net, Geração Digital, iGeneration, Geração Silenciosa e etc. Nasceram em meio a pleno avanço tecnológico, não tiveram migração digital, vivem dos benefícios da tecnologia que outros desenvolveram. Essa Geração tem por característica a superficialidade de se ter um compromisso. Por maior parte do seu tempo dedicar-se a vida virtual, provavelmente no futuro, terá problemas com seus colegas de trabalho e com trabalho em equipe. Muito individualistas, eles querem tudo de forma imediata. Eles têm acesso a quase tudo, como instrumentos de comunicação, internet celulares, MP3 players, iPods, e todos os atuais gadgets.
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caderno
Porto Alegre, Dezembro de 2010 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
Universitários da música Eles trabalham com o que gostam, mas nem sempre conseguem pagar a mensalidade de um curso superior com o dinheiro conquistado com prazer ■
Filipe Borges
C
ursar uma faculdade requer muito empenho por parte dos estudantes. São trabalhos teóricos e práticos, monografias, TCC´s e tantos outros compromissos da vida acadêmica. Mas, não basta só a vontade, a disposição e o objetivo de concluir o curso. Nem todos conseguem passar numa instituição pública, e acabam cursando o nível superior em faculdades particulares. A mensalidade pesa no orçamento familiar e é preciso encontrar um jeito de manter o compromisso financeiro. Melhor é quando se consegue aliar uma atividade prazerosa com um trabalho rentável, e assim poder usufruir de independência financeira e, ainda, cumprir com as obrigações acadêmicas. É o caso do músico Duda
Gasparoni, que faz o curso de música no IPA. Ele consegue manter a faculdade, a escola de sua filha, e todos os outros encargos. O músico está no quinto semestre e nunca precisou atrasar uma mensalidade devido à falta de serviço. Como já tem muito tempo de trabalho, geralmente não tem nem data na agenda para todos os compromissos profissionais. Mas ele alerta: “De qualquer forma, quem vive de uma profissão autônoma precisa estar sempre preparado para uma entre-safra”. Normalmente, paga antecipadamente a faculdade quando o mês foi positivo. Chega a ganhar descontos nas parcelas devido a sua adimplência. Duda acha que tenha em torno de dez faltas somando todas as disciplinas desde quando começou.
➜ Trombonista Renato Batista, que toca desde os 10 anos de idade
O motivo é que ele acredita que ➜ O DJ Jason K escolheu o curso no momento começou como técnico de certo de sua vida. Afinal, ele iluminação faz o nível superior porque ree auxiliar Fotos: Filipe Borges almente quer aprender: “o dide som ploma que pretendo receber no próximo semestre não seria necessário para a atividade que vefaculdade, muitos contam com Nem só nho desenvolvendo há muito ajuda de parentes. O Dj Pimpo de prazer tempo. Na verdade, gosto muiContursi, que começou a atuto das aulas”. O Dj Jason K normalmente ar na área musical em festas Atualmente, toda a sua ren- consegue pagar a faculdade com promovidas na própria faculda advém de apresentações o dinheiro das festas e diz que dade, diz que adora trabalhar em bares, restaurantes, festas “embora não seja um salário fixo, nesta área, mas garante que de aniversário, casamentos e com planejamento dá pra viver não consegue pagar o curso gravações. bem e ainda investir na empre- de Direito só com as festas O número baixo de faltas é sa”. Nos meses mais fracos, co- que toca. Para isso, ele tem atribuído à escolha correta do mo no verão, quando as pessoas o apoio financeiro dos pais e turno da tarde, que é o único tendem a ir para o litoral, o Dj dos avós. Com o ganho do traque permite trabalhar à noite e procura trabalho na praia para balho com a música ele condormir pela manhã. A família não deixar cair segue paga r já é de artistas, a sua mãe era o orçamento. só a s cont a s cantora e seu pai tocava violão Afinal a men- “Os ‘universitários da b á s i c a s c o nos bares de Porto Alegre. salidade da famo gasolina e música’ vivem esta cartão Situação parecida é a do culdade deve de crérealidade, mas o trombonista Renato Batista que ser paga includito. E admite: é funcionário público e faz par- sive nos meses “se não tivesse prazer da profissão te da Banda Municipal de Por- das férias uniessa ajuda não to Alegre, portanto, diferente de versitárias, em facilita a superação conseguiria muitos profissionais desta área. janeiro e fevedas dificuldades” pagar as conEle tem estabilidade e um salá- reiro. Devido tas pessoais”. rio com o qual pode contar todo a esta dificuldade, o Dj Jason As dificuldades de pagar mês. Para reforçar o orçamento, K já atrasou algumas parcelas o curso superior não é só um Renato faz bicos com outros ar- da faculdade, porém, com ne- problema das pessoas que tratistas e bandas. Assim consegue gociações conseguiu colocá-las balham com música, mas, de arcar com os custos acadêmicos, em dia. uma grande parcela de estuter sua independência financeiOutro problema na vida dos dantes que precisam equilira e obter uma qualidade de vi- profissionais noturnos são as brar suas contas para concluir da melhor. Ele nunca atrasou as aulas na sexta-feira, quando a o ensino superior. Os “unimensalidades do curso de Mú- maioria dos músicos e Djs tem versitários da música” vivem sica que faz no IPA e não preci- trabalho. Jason já teve proble- esta realidade, mas o prazer sa da ajuda de pais ou parentes mas com faltas, mas, hoje, evita da profissão facilita a supepara pagar a faculdade. O pro- se matricular em cadeiras neste ração das dificuldades. E gafissional enfatiza: “não me ima- dia que é um dos mais requi- rantem a emoção de subir em gino fazendo outra coisa, adoro sitados pelas casas noturnas e um palco e fazer as pessoas se o que eu faço. Aprendi aos 10 clientes. divertirem, dançarem e cananos a estudar o instrumento e Porém, nem todos conse- tarem, é maior que qualquer nunca mais parei.” guem arcar com os custos da dificuldade.
Porto Alegre, Dezembro de 2010 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
Saúde 15
Exigências de final de curso trazem efeitos à saúde do estudante Nathalia GomeS
Alimentação adequada, exercícios físicos e uma boa noite de sono podem ajudar o universitário a superar o estresse causado em épocas de correria na vida acadêmica ■
Dicas Para combater o estresse, a psicóloga Simone Sirovec deixa as dicas para melhorar a qualidade de vida, reduzir os níveis de ansiedade e manter um equilíbrio saudável na vida afetiva, familiar, profissional:
Nathalia Gomes
- passar um tempo com você mesmo, fazendo o que precisa fazer, é uma defesa contra o estresse.
F
inal de curso na faculdade, trabalho de conclusão, época de provas, formatura, essa correria é um tanto complicada. Imagine quando tudo isso se junta com a rotina diária, trabalho, família e compromissos pessoais. Em meio a tantas atividades, o cansaço, o estresse, a irritação excessiva por qualquer motivo pode trazer consequências em relação à saúde. A psicóloga Simone Sirovec, 34 anos, concorda que a correria de final de curso e a função de trabalho de conclusão junto com a rotina diária de trabalho e família podem sim trazer prejuízos para a saúde. Ela conta que já atendeu casos de estudantes que estavam terminando o curso e entraram em depressão. Dentre os motivos Simone cita o mais comum: “Têm alunos que se apavoram quando estão acabando a faculdade, pois em todo o curso não tiveram nenhuma experiência e o que mais assusta é o que fazer quando se formar”. Conforme a psicóloga Dinamara Selbach, 40 anos, é muito comum as pessoas no início do quadro de depressão verbalizar em: “Não sei o que está acontecendo comigo, sinto um aperto no peito, uma angústia...”. Quando a pessoa está predisposta a ter a doença, começa a ter distúrbios no sono e no apetite, afirma a psicóloga. Segundo Sirovec, os sintomas de depressão são variados, mas para fazer um diagnóstico é
- equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal: Pratique esportes e atividades de lazer, programe horários e se dedique à família e amigos, para manter uma boa qualidade de vida.
➜ Final de curso exige muita dedicação aos estudos e pode levar ao estresse necessário observar alguns sintomas como perda de energia ou interesse, humor deprimido, dificuldade de concentração, alterações de apetite ou sono, entre outros. Formada em Direito na Ritter dos Reis desde 2009, Caroline Werner, 24 anos, conta que, apesar de ter tido depressão no último semestre e de, na semana de entrega do trabalho de conclusão do curso, ter contraído o vírus H1N1, fato que a levou a apresentar seu trabalho para a banca com febre alta, tosse e voz rouca, acredita que somos capazes de ultrapassar todas as barreiras que aparecem no caminho e que quando aparentemente perdemos as forças, ainda temos, no mínimo, mais 50% de reserva. Carina Simões Pires, 24 anos, estudante de Administração com habilitação em Marketing na ESPM enfrenta, além dos desafios do trabalho de conclusão, a insatisfação com a graduação cursada. “Desde o 7º semestre, (são 10), eu não estava satisfei-
ta com o meu curso, mas como já era tarde para desistir, muito tempo e dinheiro envolvido, resolvi terminar. No segundo semestre de trabalho de conclusão tive tendência à depressão, por não gostar do que estava fazendo. Era muita pressão envolvida, muito trabalho para algo que eu não queria seguir como carreira”, diz Carina, que vai se formar no meio de 2011. Contudo, as psicólogas esclarecem: não é só o estress excessivo que causa a depressão, mas sim um conjunto de sintomas que precisam ser diagnosticados e analisados por um especialista.
Lazer e esportes para amenizar Mathias Repetto, 22 anos, estudante de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas, está em processo de trabalho de conclusão de curso. Ele conta que é complicado conciliar todas as atividades, mas tenta fazer tudo sem
deixar nada de lado, nem mesmo o lazer com os amigos nos finais de semana. Em relação à saúde, teve uma notável elevação de estresse causado pelo nível reduzido de sono e sua auto cobrança com a monografia e com o trabalho, pois no início do ano entrou como estagiário do Grupo Gerdau, o que ele tanto queria. Com a sua vida profissional está bem, satisfeito por estar terminando o curso e poder evoluir na carreira, pretende continuar na Gerdau, porém progredindo sempre. O exemplo de Mathias é para ser seguido. A psicóloga Simone dá a dicas para o equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal: pratique esportes e atividades de lazer, programe horários e se dedique à família e amigos, para manter uma boa qualidade de vida. “Um dos momentos mais relaxantes do meu dia é ir à academia, se o dia foi corrido e não puder malhar me sinto tenso e agitado”, comprova o estudante Mathias.
- evite sobrecarga: estabeleça uma lista de objetivos a curto e médio prazo, para ter mais informações sobre os projetos em desenvolvimento e evitar o estresse. - a administração do tempo é o caminho para o sucesso: planeje as tarefas que precisam de mais tempo e delegue quando necessário, estabelecendo prazos para a execução das atividades. Estas são algumas das principais chaves para o gerenciamento do tempo que levarão ao sucesso. - descanso = produtividade: é aconselhável fazer pequenas pausas durante a jornada de trabalho para permitir que a pessoa se desconecte brevemente e, em seguida, execute uma nova tarefa com maior concentração. Por outro lado, é vital dormir cerca de oito por dia para relaxar e, assim, enfrentar os próximos desafios com energia.
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Porto Alegre, Dezembro de 2010 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
A dupla rotina dos estudantes Acordar cedo para trabalhar e ir direto para a faculdade é o dia-a-dia de muitos estudantes. No entanto, dormir pouco prejudica a qualidade de vida Marlise
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Marlise
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vida corrida e um mercado competitivo fazem com que as pessoas durmam cada vez menos. Esta rotina é comum entre os estudantes. Uma noite mal dormida provoca cansaço físico e mental, afeta a memória e a capacidade de absorção das informações, altera a disposição para praticar atividades físicas, além de gerar estresse e até mesmo depressão. Entretanto, existem dicas, sugeridas por especialistas a alunos e professores, para melhorar o problema. Cada indivíduo necessita de horas de repouso diferentes para se sentir descansado ao acordar. Esse é o termômetro para saber se a pessoa está com uma boa qualidade de sono. Segundo o neurologista, Jorge Winckler, o ideal é dormir de seis a oito horas por noite. Caso isso não ocorra, o correto é recuperar as horas perdidas nos finais de semana, repousando de 10 a 12 horas. Winckler explica que o melhor momento para o descanso é no silêncio, no escuro e de preferência à noite. “A malatonina é o hormônio natural do sono, sempre que se entra em um ambiente escuro a hipófese produz esse hormônio”, explica o neurologista. Entretanto, o ideal está longe da realidade de muitos estudantes. A universitária Thaiane Py costuma dormir cinco horas e sempre que possível toma chimarrão ao acordar para driblar as poucas horas de repouso. A vantagem da estudante é que ela tira uma cesta em torno de meia hora depois do almoço, o que é recomendado segundo o neurologista. Outra estratégia de Thaiane é tomar bebidas a base de cola para despertar. Essas bebidas, entre outros alimentos, não devem ser ingeridas antes de dormir, segundo o otorrinolaringologista, Luis Alberto
➜ Horários após o almoço e fim de tarde são os momentos que o sono aparece com mais intensidade Osowski. “Para uma boa noite de sono é preciso comer duas horas antes de ir deitar e evitar dormir com a barriga cheia. É importante, também, não ingerir chocolates, carboidratos, bebidas a base de cola, café e álcool”, adverte o médico. Quem segue algumas dicas do especialista é a universitária Franciele Pass. Ela costuma fazer um lanche leve no intervalo, preferindo ingerir sucos e frutas e deixando os doces e carboidratos para as primeiras horas do
dia. Porém, Pass costuma descansar em média seis horas por noite, pois acorda às oito horas, vai direto do trabalho para universidade e chega em casa por volta da meia noite, consequentemente, acaba dormindo tarde. O momento de maior sonolência é após o almoço e no fim da tarde, horário que já está na faculdade e sente dificuldade de acompanhar as aulas, principalmente, “as monótonas”. “Sinto muito sono na aula se o professor fala o tempo inteiro, fala sem
nenhuma didática e nada diferente”, reclama a estudante. Num levantamento realizado no Centro Universitário do IPA, dos 20 estudantes entrevistados sobre qual o momento de maior distração durante as aulas, 20 relataram ser quando o professor utiliza vídeos, slides e a oratória o tempo todo.
Dicas A distração em sala de aula afeta também professores, pois,
muitas vezes se deparam com alunos sonolentos e até mesmo cochilando. Segundo a psicopedagoga, Mauren Stribel, é interessante que os alunos bebam bastante líquido durante as aulas. Outra alternativa é escrever a matéria e participar com perguntas opinando sobre o tema estudado. Quem concorda com as sugestões de Maurem é o professor universitário, Everton Cardoso, que costuma persuadir os estudantes a tomar notas durante as aulas e fornece provas somente com consulta ao material. “Assim, eles se vêem obrigados a escrever, o que contribui para que não se distraiam e sintam sono”, relata o professor. Outra estratégia de Cardoso é organizar as aulas de maneira que entre o conteúdo haja pequenos “intervalos”, desta forma os universitários conseguem interagir. Fornecer exemplos e histórias que complementem o assunto ajuda e torna o conteúdo um pouco menos cansativo, ensina o mestre. Stribel sugere ainda que os professores busquem envolver os alunos na temática de sua aula, trazendo exemplos aplicáveis à realidade do grupo, pois desta forma dará significado ao que estão aprendendo. Motivar a pesquisa fora do ambiente acadêmico, elaborar questionamentos e interagir sempre, pois o aprender não é passivo. Re c u r sos aud iov i su a i s também são indicados, pois aguçam a atenção, o foco e consequentemente melhoram a assimilação do conteúdo. Desta forma, torna o curso mais interessante e menos monótono. Assim como variar a didática, o elemento surpresa é sempre estimulante. “Um ambiente iluminado, arejado, onde o professor se movimenta e também pode mexer com a posição das classes, colabora para uma aula mais dinâmica, produtiva e menos sonífera”, explica a psicopedagoga.
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Porto Alegre, Dezembro de 2010 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
Universitários na maturidade Já passaram da idade símbolo de um universitário, mas com disposição e vontade de obter novos conhecimentos encaram a vida acadêmica Vanessa Fajardo
“Vou seguir trabalhando em comunicação, na próxima semana ingresso numa assessoria e a expectativa é das melhores” ➜ De volta às salas de aula, os universitários da maturidade buscam no ensino superior qualificação e realização de sonhos
Universidades com o projeto Em Porto Alegre e região metropolitana, instituições de ensino superior tem programas específicos para pessoas com mais idade: - Ulbra, há 15 anos oferece o Ulbrati (Ulbra e a Terceira Idade); - Unisinos oferece desconto de 50% de desconto para as pessoas com mais de 65 anos que cursarem qualquer curso diário; - Unilasalle dá 40% de desconto para pessoas de 50 anos e para pessoas com 60 anos para cima o desconto é de 50%; - Faculdade São Marcos (Alvorada) dá a isenção da taxa de inscrição do vestibular para pessoas com mais de 35 anos; - Faccat dá o direito para as pessoas com mais de 25 anos realizarem somente as provas de português e redação e as pessoas com mais de 45 anos têm 40% de desconto para as graduações (o desconto não inclui aulas realizadas aos sábado); - Faculdade São Judas Tadeu dá direito para as pessoas com mais de 35 anos ingressarem sem o vestibular (isso só se sobrarem vagas do vestibular normal e não abrange todas as graduações).
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Carolina Negreiros
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essoas já com uma vida pessoal bem estruturada, que não dependem mais de uma formação acadêmica para atingir as suas metas consumistas, decidem voltar a estudar. Por quais motivos? “Estudar é a melhor coisa do mundo, pois você se atualiza você se sente ‘inserido’ e não vê o tempo passar”. É o que conta Luíza Nunes, 49 anos, estudante do 8º semestre de Jornalismo do IPA. Como Luíza são muitas as pessoas que puderam retomar os estudos depois de dar prioridade a outros aspectos da vida, como a criação dos seus filhos, ou após conquistar as condições financeiras ou, ainda, sentiremse preparadas para encarar a vida universitária. Em uma dessas situações está Gessi Santos. Moradora da cidade de Alvorada, casada e com dois filhos. A dona de casa está sempre buscando conhecimen-
tos novos, pois a seu ver o “conhecimento é eterno”. Aos 51 anos, decidiu realizar um sonho antigo: cursar a faculdade de Direito. A decisão, também, encorajar filhos, maridos e até amigos. Foi vendo a sua mãe recomeçar a estudar que, Fábio Santos, 22, filho de Gessi, resolveu ingressar na universidade também: “Muito bom, foi por causa disso que eu me animei a fazer o vestibular e voltar a estudar”. O apoio da família, nestes casos, é fundamental, apesar de muitos não acreditarem que elas irão conseguir chegar até o final do curso. Foi exatamente o que aconteceu com Gessi: “No início não levaram muito a sério, quando cheguei dizendo que ia fazer vestibular, acharam que eu estava brincando, mas no dia que sai para fazer a prova viram que eu estava decidida, resolveram me apoiar”. A universitária Luiza Nunes concorda: “Todos apoiam e até admiram, pois alguns já não têm
disposição para enfrentar a rotina acadêmica. Mas o apoio da família é total”. No dia em que Gessi soube que tinha passado no vestibular para Direito seus familiares a apoiaram mais ainda. Ela está adorando ter reiniciado os estudos e gostando muito do curso que optou para se qualificar. Deixa ainda um recado: “Todos deveriam cursar Direito, para conhecer seus direitos e deveres e para mais tarde saber também a defender-se”. Luiza Nunes relata que o que lhe ajudou a escolher o jornalismo foi a “afinidade com a escrita e a leitura”. Passa pela cabeça de algumas pessoas, se esses universitários de maior idade irão exercer a profissão que optaram cursar. Luiza dá certeza está decidida a exercer a profissão que escolheu: “Vou seguir trabalhando em Comunicação, na próxima semana ingresso numa assessoria de Comunicação, e a expectativa é das melhores”.
18 Rotinas
Porto Alegre, Dezembro de 2010 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
Porto Alegre, destino preferido de estudantes do interior Todo ano jovens deixam suas cidades no interior para morar e estudar na capital, sem esquecer das tradições e lembranças da terra natal LUIS FERNANDO MARTINS
➜ O chimarrão e as conversas pela internet fazem parte do dia a dia dos jovens interioranos ■
Luís Fernando Martins
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orto Alegre é uma das ta de investimentos. “Em Porto cidade natal: “Eu não consegui cidades gaúchas mais Alegre encontrei mais oportu- me adaptar com a vida corrida procuradas por estu- nidades de trabalho, principal- de Porto Alegre. Em São Bordantes do interior que mente na área que eu quero. Já ja é tudo mais tranquilo, mebuscam cursar o ensino supe- que na minha cidade não encon- nos agitado. E ainda a saudade rior. O número de instituições tro espaço, vim buscar aqui”, diz que eu sentia de casa fez com de ensino e as chances ofereci- Filipe Simões Pires, estudante que eu optasse por voltar”, condas pelo mercado de trabalho de Educação Física, natural de ta Leonardo, que encontrou na da capital fazem com que estu- Santana do Livramento. Unipampa de São Borja a opordantes encontrem em Porto AleDeixar a cidade natal pa- tunidade de estudo na sua prógre a cidade ideal para viver. Os ra viver em um lugar diferen- pria cidade. principais fatores que fazem os te não é fácil. Dificuldades são Outro fator que dificulta a jovens deixarem suas cidades é enfrentadas diariamente, dentre adaptação são os compromissos a falta de opções de cursos nas elas estão a saudade da famí- e deveres domésticos, pois os universidades regionais e a situ- lia, dos amigos, dos costumes estudantes tem que cuidar das ação da empregabilidade. e tradições e ainda a adaptação tarefas de casa, da limpeza das Em Porto Alegre, eles encon- ao agito da capital. Alguns es- roupas e das contas a serem patram a oportunidade de crescer tudantes não conseguem driblá- gas, trazendo maior responsabiprofissionalmente, fato que está las e acabam retornando para lidade a jovens que geralmente cada vez mais difícil de aconte- sua cidade. É o caso de Leo- tinham o apoio dos pais em casa. cer no interior, principalmente, nardo Soares, que morou um “Meu filho tinha tudo que prenas cidades da fronteira oeste do ano em Porto Alegre e acabou cisava, casa limpa, roupa lavaEstado, que sofrem com a fal- retornando para São Borja, sua da e comida na mesa. Agora ele
teve que aprender a fazer tudo isso, e eu estou gostando muito, porque uma hora ele teria que aprender a crescer sozinho e a ganhar responsabilidade”, conta Ivone Martins, mãe de um estudante que está há oito meses em Porto Alegre. Os estudantes que escolheram seguir em frente e continuam em Porto Alegre, tentam superar as dificuldades com constantes ligações para casa, e as conversas pela internet viram rotina:“Eu ligo quase que diariamente para casa, e ainda passo boa parte dos meus dias conversando com meus familiares e amigos pelo MSN”, conta Filipe, que também viaja uma vez por mês até Livramento, matando assim um pouco da saudade de casa: “Todo mês eu vou
pra casa, só assim consigo ter força para continuar aqui”. Além disso, procuram diminuir a saudade dos costumes e tradições que trazem do interior convivendo com pessoas conhecidas da mesma cidade, que muitas vezes moram juntos, dividindo o aluguel da moradia. Também fazem reuniões, festas, rodas de chimarrão e churrascos com os outros conterrâneos, trazendo um pouco do interior para a capital O sotaque e a admiração com que falam das suas cidades caracterizam estes estudantes, que mesmo enfrentando a distância e a saudade estão na luta, em busca de um futuro melhor, e encontram em Porto Alegre a morada perfeita para alcançarem este objetivo.
Porto Alegre, Dezembro de 2010 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
Saúde 19
O milagre da drenagem linfática
fotos: Anielle Pereira dos Santos
A massagem pode reduzir em média 80% dos líquidos retidos no organismo com apenas cinco sessões. É o que prometem especialistas ■
Anielle Pereira dos Santos
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uando o assunto é uma estética em Porto Alegre. é reduzir a celulite e diminuir belez a, mu l her es “O processo da drenagem é es- medidas. Faço massagem monão medem esfor- timular os seus linfonódolos e deladora com drenagem linfáços à pr oc u ra de toda a parte linfática do orga- tica há mais de um ano”. técnicas estéticas para eli- nismo. O ideal seria se a cliente Entretanto, a drenagem minar gorduras localizadas. fosse o ano todo, pois o resulta- linfática tem seus resultados Hoje existem diversos tipos de do seria mais eficaz, não sendo aliados a outros cuidados. “A tratamentos estéticos ofereci- possível, a partir de agosto, dá primeira coisa que fiz foi pados em clínicas especializadas, para ter um ótimo resultado no rar de beber refrigerante. Mudei dentre as técnicas está à drena- verão”, explica. totalmente minha alimentação. gem linfática, que ficou conheA estudante de Jornalis- Hoje me alimento de três em cida por ser um método indicado mo, Júlia Aguiar Cazani Pe- três horas para não sentir fomes para a melhoria do organismo reira, não resistiu e se rendeu absurdas, como muita fruta, geem tratamentos pós-operatórios, aos tratamentos estéticos. “Não latina e barras de cereal. Água especialmente após a gestação sou gorda, mas sempre tive mui- eu também bebo bastante pore em redução de medidas. Tor- ta tendência em ter celulite e que ajuda a combater a celulite”, nou-se uma das técnicas mais ganhar peso fácil. Cheguei ao relata a estudante Júlia. requisitadas nos últimos anos, extremo, cansei delas. Fico reOs hábitos também fazem graças à eliminação do exces- parando nas outras meninas, e parte da rotina de Estefânia. so de líquidos. Trata-se de uma nunca coloco as pernas de fora. “Há um bom tempo cuido da mimassagem leve e localizada Decidi que iria começar com nha alimentação, evito frituras cujo objetivo é estimular a cir- drenagem linfática e redutores e como bastante verdura, mas culação. A duração da drena- de medidas”, conta. tenho momentos em que acagem linfática varia de 40 a 50 Modelar o corpo e reduzir bo escapando um pouco. Volta minutos por sessão. a celulite foi o que levou a jor- e meia acabo tendo que voltar Drenar os líquidos e que- nalista Estefânia Martins à dre- a uma dieta mais rígida. A atibrar as gorduras localizadas nagem linfática: “Eu também vidade física é também muito do organismo é o que a drena- tinha retenção de líquido e sabia importante no combate as celugem faz no organismo, expli- que a drenagem linfática tinha lites e em aumento de medidas, ca massoterapeuta Ana Paula como principal objetivo dimi- por isto, corro quatro vezes na Correira Santos, que atua em nui-la. O meu principal objetivo semana.”
➜ Efeitos da massagem são melhores quando há cuidados alimentares As práticas de Júlia e de Estefânia são recomendadas por especialistas. A nutricionista, Zaira Nunes dos Santos, afirma que a drenagem linfática deve ser acompanhada por uma nutricionista e outros tipos de cuidados. Deve ter um comple-
mento bastante rigoroso. Beber bastante água, cortar ou evitar certos alimentos que tendem a engordar e criar celulites terão que ser cortados, como refrigerantes e frituras, e fazer caminhadas é necessário para a redução de celulites.
Custo médio dos tratamentos Massagens - R$ 250,00 (pacote com 10 sessões) Limpeza de pele com massagem facial - R$ 50,00 Rejuvenescimento facial - R$ 50,00 Redução de medidas em 1 hora - R$ 40,00 a sessão Fonte: Estética Grazy Body And Hair
Contra indicações Infecções agudas Insuficiência cardíaca descompensada Flebites e tramboses Hipotensão arterial Tumores malignos Afecções cutâneas agudas Transtornos do baixo ventre Doenças cardíacas congestivas Fonte: Nutricionista Zaura Nunes dos Santos
➜ A massagem drena líquidos e quebra gorduras localizadas do organismo
20 Saúde
Porto Alegre, Dezembro de 2010 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
Os riscos da vaidade
fotos: Michele Ribeiro
Os perigos que se escondem por trás dos produtos de beleza podem trazer problemas à saúde ■
Michele Ribeiro
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o mu ndo de va idades que se vive atualmente, buscar sat isfação com a aparência é algo normal. E isso não ocorre mais apenas com as mulheres, muitos homens também se tornaram extremamente vaidosos. Porém, os cosméticos podem apresentar alguns riscos. Os principais estão no uso de maquiagens, esmaltes, tinturas de cabelos e tratamentos capilares.
Unhas Com a grande variedade de cores e tons de esmaltes disponíveis atualmente no mercado, fica quase impossível resistir a tentação de estar com as unhas a cada semana de uma cor. Entretanto, algumas pessoas podem apresentar alergia a algum componente dos esmaltes. Os mais comuns a causarem alergia são: o formaldeído, que é um gás incolor que se encontra na resina dos esmaltes e é responsável pela conservação do produto; o tolueno, que é um solvente tradicional; e a mica, o pigmento presente em esmaltes perolados ou cintilantes. Além destes três componentes, a resina poliéster, o metacrilato e a nitrocelulose também podem causar reações, segundo infor-
mações disponibilizadas no site da dermatologista Daniela Graff (www.danielagraff.com.br). Para pessoas alérgicas a estes componentes, os efeitos causados nas unhas são o enfraquecimento, a quebra, a escamação e/ou o descolamento das unhas. Em algumas pessoas estas reações ocorrem com o uso a longo prazo e não imediatamente após a aplicação. Como conta a estudante Aline Mendes, que usa esmaltes desde a adolescência e hoje, aos trinta anos, passou apresentar alguns sintomas: “minhas unhas ficam extremamente fracas, parecem papel, logo depois quebram. Se eu pintar com esmaltes comuns não consigo ficar com as unhas compridas”. Nos casos mais graves de hipersensibilidade, os sintomas não ocorrem nas unhas ou nos dedos, e sim, na pele. Pessoas com pele sensível podem apresentar inchaço nas pálpebras, coceira no rosto, pescoço e mãos, vermelhidão e pequenas bolhas ao entrarem em contato com esmaltes. Esta reação é mais conhecida por alergia de contato, ou então, eczema de contato. Para pessoas com este tipo de hipersensibilidade, existem os esmaltes hipoalergênicos, que segundo Daniela Graff, não contêm em sua fór-
➜ Região dos olhos merece atenção especial na hora da maquiagem
mula o formaldeído e o tolueno. Estes componentes são substituídos por outras resinas, menos agressivas. Outro fator que contribui para o enfraquecimento, quebra e escamação das unhas é o uso de acetona, pois ela as resseca. O ideal é que se use os removedores de esmalte, pois eles são mais fracos e possuem menos concentração de acetona. Alguns outros mitos sobre o uso de esmaltes devem ser esclarecidos: cores escuras não fortalecem as unhas; as unhas não respiram, ou seja, não há problema em se usar esmaltes continuamente; e, bases fortalecedoras também podem causar alergias. A concentração de formaldeído é maior do que nos esmaltes convencionais, pois este componente contribui para o fortalecimento das unhas.
Rosto Para as mulheres, acordar, lavar o rosto e se maquiar é algo normal e corriqueiro. E, ao contrário do que se pode imaginar, o problema não está em usá-las diariamente, e sim no uso inadequado. O maior problema está nas maquiagens vencidas. Segundo pesquisa realizada pela loja de departamentos Debenhams, da Inglaterra, 89% das mulheres não se preocupam com a validade das maquiagens e nem com os riscos à saúde pelo uso inadequado. Mas o uso de maquiagens dentro do prazo de validade também pode causar alergias. A área do rosto mais afetada por alergias é a dos olhos, se a maquiagem estiver vencida, então, maior é a chance de se contrair uma conjuntivite. O médico oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Hospital Israelita Albert Einstein de São Paulo, em artigo publicado em seu site (www.drqueirozneto.com. br), conta que o uso incorreto de
➜ Componentes de tintura para cabelos podem deixar os fios fracos maquiagem atinge cerca de 15% das mulheres brasileiras. É o caso da estudante de administração Bruna de Oliveira Marcos, que teve alergia após o uso de um lápis de olho: “Fiquei com os olhos inchados, vermelhos e coçava bastante”. Na pele, as alergias podem causar vermelhidão, coceira, feridas e/ou bolhas. Nos olhos, desenvolve-se uma conjuntivite química que pode ser perigosa, pois pode causar alterações na superfície da córnea, devido a coceira provocada pela alergia. Além da coceira, outros sintomas comuns são: lacrimejamento ou ressecamento dos olhos, vermelhidão, ardência, visão embaçada e inchaço das pálpebras, ressalta Queiroz Neto. O médico alerta para o perigo de se usar maquiagens de outras pessoas, pois os produtos são fontes de bactérias e vírus. Explica também que a escolha de produtos de qualidade é essencial para que não haja este tipo de problema e que a remoção correta da maquiagem também ajuda a prevenir irritações nos olhos.
Cabelos Há uma grande variedade de produtos para coloração e para alisamento de cabelos disponíveis no mercado. Porém, apresentam fatores de risco. Algumas pessoas podem ter aler-
gias a esses produtos devido ao mau uso deles ou por apresentarem maior sensibilidade a um determinado componente destas químicas. Nas tintas de cabelo, o parafenilenodiamina, que é a base das tinturas, é o componente com maior incidência de alergias. As tinturas podem causar: coceira, irritação, vermelhidão e feridas no couro cabeludo, inchaço na face, além de prejudicar os fios, tornando-os mais fracos, ressecados, sem elasticidade e sem brilho, é o que explica o dermatologista Ademir Junior em texto no seu site pessoal (www.ademirjr.com. br). “Meu couro cabeludo ficou bem vermelho, ardia bastante. Eu tinha a impressão que estava queimando”, relata a dona de casa Rose Piccoli, que aplicou a tintura em casa. Já nos alisamentos, o maior vilão é o formol. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o uso do formol é proibido pelo Ministério da Saúde, pois o uso em excesso pode causar feridas no couro cabeludo, queimaduras, ferimentos nas vias respiratórias, danos aos olhos, além de ser altamente cancerígeno. A atual preocupação do Ministério da Saúde é pelo uso do Glutaral, que entrou no mercado como substituto do formol, porém é dez vezes mais cancerígeno.
Saúde 21
Porto Alegre, Dezembro de 2010 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
Perigo: complexos vitamínicos ■
Janaina Foss
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ompostos de vitaminas vilões ou suplementos alimentares? Muitas pessoas consomem compostos vitamínicos sem informar-se sobre o risco que cada vitamina, em excesso, pode causar ao organismo. Com a correria do dia-a-dia, procuram a solução para superar o cansaço diário nos complexos vitamínicos, minerais e naturais, com o objetivo de se manter acordados por mais tempo. Contudo os laboratórios responsáveis não alertam aos consumidores que os produtos podem causar diversos riscos à saúde. Da vitamina A ao zinco, nacionais e importados, os suplementos com vitaminas e minerais fazem parte do cotidiano de milhões de pessoas em todo o planeta. Segundo a Organização Mundial da Saúde, pelo menos um terço da população global toma estes complexos diariamente. Só nos EUA existem 29 mil marcas à venda. Tanto lá, como aqui no Brasil, pouco se sabe sobre o funcionamento ou a necessidade destes micronutrientes. A nutricionista Zilda Albuquerque explica que é preciso ter muito cuidado com as vitaminas. Ela sempre procura trabalhar antes com a melhoria dos há-
bitos alimentares, mas alerta que vitaminas são necessárias ao organismo em quantidades pequenas, assim, uma alimentação variada supre a falta. No entanto, em algumas situações pode haver a necessidade de suplementação. Para muitos pacientes, dependendo a ausência de alguma vitamina, é feita uma avaliação criteriosa, e indica-se o uso de vitaminas. “Vale ressaltar que vitaminas em excesso também podem apresentar efeitos colaterais indesejáveis, por isso não devem ser ingeridas indiscriminadamente sem a orientação de um profissional”, salienta. Albuquerque explica que, na maioria dos casos, esses medicamentos são indicados para doenças causadas pela ingestão alimentar inadequada, períodos de convalescença, gestação, lactação, atletas em fase de treinos intensos. Períodos de estresse também podem necessitar de uma suplementação dependendo das queixas que o paciente apresenta. A nutricionista afirma que o objetivo dos consumidores é sempre melhorar os processos metabólicos, pois as vitaminas são cofatores enzimáticos, e o uso delas não apresenta um efeito visível e palpável. Talvez a referência mais comentada por pacientes em uso é a melhoria da
➜ Dra. Zilda em análise de trabalhos sobre complexos vitamínicos
disposição e do apetite, em alguns casos há relatos de melhoria em algum aspecto da pele, firmeza das unhas e brilho nos cabelos. A nutricionista ressalta que o cansaço e o estresse não são indicações para o uso de suplementação vitamínica, pois não há benefício algum nesta conduta. O consumidor Gerson Centeno afirma que um dos complexos vitamínicos que utiliza tira todo o cansaço que o corpo adquire com o passar das horas de trabalho, além de melhorar o poder de concentração em atividades diárias. Mas em relação ao outro, ele não ficou desperto e nem acordado como consta na bula. Mesmo ele que utiliza os suplementos alerta que devemos procurar um médico especialista antes de ingerir diversos suplementos, porque ele sentiu diversas vezes sintomas como irritabilidade, algo que ele nunca teve quando não os consumia.
A normas para venda A farmacêutica Alexandra Biazus explica que quem normatiza a venda destes complexos é a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). É um orgão Federal regulador que controla a produção e a comercialização de medicamentos. No caso dos suplementos, a Anvisa esclarece que eles são isentos de prescrição médica, porque não causam efeitos colaterais e reações adversas importantes. Alexandra afirma que a cultura popular transforma a automedicação em uma prática
Fotos: JANAÍNA FOSS
O abuso dos complexos alimentares para enfrentar dias de trabalhos em excesso e reduzir o cansaço pode ter efeitos graves sobre a saúde e, inclusive, causar alterações cardíacas
➜ Suplementos são vendidos em farmácias sem exigência de prescrição médica
comum e perigosa, como um há- necessidades. “É dever do probito, pois as pessoas buscam isso fissional farmacêutico alertar por comodidade, desinforma- os consumidores sobre os posção ou impossibilidade de assis- síveis efeitos indesejáveis, que, tência médica. “Devido a estes neste caso, estão mais ligados a motivos, acabam adquirindo es- hipersensibilidade a algum dos ses suplementos para solucionar componentes da fórmula”, alerquadros físita. Ela explica, cos de fad ipor exemplo, ga, desânimo “O grande problema que a Vitamie i nd isposina A e E em não é o fato de o ç ão, p or s e excesso são suplemento causar prejudiciais à autodiagnosticarem com saúde. “A vitaefeitos colaterais, déficit de vimina A (betamas de “mascarar” o taminas (por caroteno) tem real quadro clínico efeitos colavezes erroneamente), o que tera is qua npara o qual este muitas vezes do utilizada indivíduo deveria pode ser soluem g ra ndes cionado com estar sendo tratado” quantidades. uma dieta baAs principais lanceada”, comenta, ressaltando manifestações são problemas de que “o grande problema não é pele, como descamação, queda o fato de o suplemento causar de cabelo, sangramentos no naefeitos colaterais, mas de “mas- riz e problemas nos olhos. Já a carar” o real quadro clínico pa- vitamina E (tocoferol), mesmo ra o qual este indivíduo deveria em altas doses não representa estar sendo tratado”. risco significativo à saúde, soA farmacêutica reconhece os mente é contra indicado para perigos, porém afirma que de- pessoas que fazem tratamento vido aos raros efeitos colaterais com anticoagulantes, pois a vimuitas farmácias não informam tamina E pode aumentar os risaos consumidores seu efeitos e cos de sangramentos”, explica.
22 Comportamento
Porto Alegre, Dezembro de 2010 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
Arte na pele é coisa séria e definitiva Tatuadores alertam que quando uma pessoa decide fazer uma tatuagem não deve ter dúvidas para não correr o risco de se arrepende depois Fotos: Daiana Cauduro da Silva
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Daiana Cauduro da Silva
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tatuagem não é uma coisa de agora, é um modo de expressão antigo, modificado e aperfeiçoado ao longo dos anos. Surgiu em rituais, na mitologia polinésia, como símbolo de prosperidade, prestígio e felicidade. Hoje, é usada para as mais diversas manifestações, entretanto, deve ser encarada como assunto sério. Você não pode ter dúvidas ou arrependimento. É o que alertam os tatuadores. Segundo os tatuadores Gustavo Fernandes Machado (Guto) e André dos Santos (Deco), 70% dos trabalhos que fazem ou é para tapar algum nome de ex-namorado (a) ou ajeitar algum trabalho mal feito por outros profissionais. “Hoje em dia é muito comum as pessoas começarem a namorar e um mês depois fazer uma tattoo como prova de amor. Mas elas não têm consciência de que o namoro acaba e a tatuagem fica, é uma coisa para toda a vida. Mesmo que você cubra com outro desenho ou use laser a marca fica e o trabalho é em dobro”, explica Guto. Foi o que aconteceu com o Fabrício Barbosa de Jesus. Ele fez uma tattoo com o nome da
➜ A figura tribal foi tatuada há 12 anos e Gabriela diz que gosta cada vez mais da tatuagem namorada e agora vai ter que cobrir com um desenho bem maior, pois o namoro acabou e agora ele já está com outra pessoa. “Minha atual namorada não gosta muito, mas ela sabe que vou retirar daqui a pouco. E aprendi a lição: tatuagem com nome de namorada nunca mais, no máximo, da minha mãe e só
se ela merecer”, brinca. Outro fator importante é a situação do estabelecimento prestador do serviço. É preciso verificar se tem autorização para funcionar, se a pessoa tem o certificado como tatuador e, principalmente, as condições de higiene e limpeza do local. Segundo as regras o piso deve ser
de azulejo e branco, os materiais, de preferência, todos descartáveis. O cliente deve cuidar se o profissional está abrindo a embalagem com a agulha na sua frente e se, no final do processo, ele dobra e coloca-a no lixo. Além disso, os equipamentos devem estar embalados separadamente, as tintas devem
ser propícias para tatuagem e o profissional, estar usando luvas e máscara. “Existem materiais que podem ser reutilizados e, têm outros, que de maneira alguma podem ser reaproveitados, por isso sempre pesquise bem o local onde você irá fazer a sua tatuagem, pois o barato de hoje pode sair caro amanhã”, pondera Deco. Mas assim como têm pessoas que fazem e arrependem-se têm outras que tatuam e amam sua tatuagem. É o caso da Gabriela Colle que tem tatuado um tribal no pulso e uma flor na perna. Segundo ela a sua família não gosta muito, porém a Gabriela não leva em conta a opinião dos outros por achar que é preconceito: “Uma pessoa não deixa de ter caráter ou de ser eficiente no trabalho por ser tatuado ou não, isso é bobagem”. Após a tatuagem feita, também são necessários alguns cuidados, tais como: lavar o local tatuado com sabão neutro, usar plástico em cima da tatuagem por, no mínimo, uma semana, pois evita que o atrito com a roupa tire a casquinha, usar uma camada fina de pomada propícia para o caso e não expor ao sol sem filtro solar. Depois de cicatrizada, basta manter passando um creme hidratante no local.
Registros históricos Os primeiros registros contam que, segundo a mitologia polinésia, os humanos aprenderam a tatuar com os Deuses. No ritual, os desenhos eram sinal de prosperidade, prestígio e felicidade, aumentando a chance de a pessoa encontrar um parceiro e obter sucesso em batalhas. A máquina de tatuagem moderna foi criada por Percy Waters em 1929. Em 1979, Carol Nightingale reinventou a máquina de Percy Waters, desta vez mais potente, robusta e constituída por mais peças, semelhantes às máquinas modernas e atuais. A máquina de tatuagem não sofreu muitas mudanças desde sua invenção que foi feita pelo Samuel O’Relly que projetou a máquina, baseando-se em uma caneta de autographia.
Porto Alegre, Dezembro de 2010 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
Cultura 23
A volta do cinema de rua Com inauguração prevista para 2011, o antigo Cine Teatro Capitólio reabrirá suas portas, resgatando as origens do cinema de rua Mariane Maduell Freitas
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Mariane Maduell Freitas
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s amantes do cinema poderão contar com mais um novo espaço cultura e no centro da cidade de Porto Alegre. Após 16 anos, um dos principais prédios históricos, o Cine Teatro Capitólio, irá reabrir suas portas. Depois de um processo longo e burocrático, o prédio tornou-se Patrimônio Histórico e Artístico, sendo assim feita uma reforma estrutural interna e externa. A inauguração está prevista para o segundo semestre de 2011. Deverá funcionar no local uma cinemateca, que contará com um acervo cinematográfico, restauração e preservação de obras e arquivos fílmicos, tornando-se referência nesta área. Buscando expandir a difusão e a promoção cultural do cinema, dentre suas novidades, destacam-se ciclos temáticos, mostras, sessões de estréia, eventos de lançamentos de filmes, cursos e seminários, entre outras atividades do gênero. A prefeitura de Porta Alegre, junto com a Associação dos Amigos do Cinema Capitólio (AAMICA) e a Fundação Cinema RS (Fundacine) são os principais responsáveis pela recuperação das atividades do Cine Teatro. A cinemateca será um centro de referência para estudos e pesquisas voltada para todo o tipo de público que busque a cultura cinematográfica. “A parte de restauração vai funcionar utilizando procedimentos de avaliação das necessidades de cada material. Nem todos os filmes podem ser restaurados numa cinemateca. É preciso analisar a relevância do material e o quanto de restauração é preciso, quais as tecnologias a serem empregadas. Os procedimentos básicos poderão ser feitos aqui. Os casos de restauração mais complexas serão encaminhados para a Cinemateca Brasileira, em SP”, explica o vice-presidente da Fundacine,
➜ Cinemateca Capitólio com sua resturação externa quase concluída João Guilherme Barone. O Cinema Capitólio será a primeiro no Estado e segunda no país a desenvolver este tipo de projeto. Segundo Barone, para resgatar a cultura do cinema de rua a Cinemateca Capitólio contará com atividades com uma sala para exibição em 35mm e digital, uma sala multimídia, uma pequena sala para assistir filmes em DVD, uma biblioteca sobre cinema, computadores para pesquisa conectados ao sistema internacional de cinematecas e arquivos fílmicos e uma área de preservação, totalmente isolada das demais, na qual haverá um acervo de filmes e atividades de catalogação e preservação. Essa atividade será feita em convênio com a Cinemateca Brasileira que é o centro de referencia na área de preservação no Brasil, afirma Barone.
Histórico - O Cine Theatro Capitólio foi inaugurado em 12 de outubro 1928 com o filme Casanova. Nesta época era o cinema mais importante da capital. - O prédio foi projetado e construído pelo engenheiro Domingos Rocco, nesta época possuía em média de 1.295 lugares, para espetáculos variados. - Mantinha convênio com os produtores United Artists e a R. K. O. Radio, dois dos maiores produtores da época, sendo marco deste convênio o filme “Voando para o Rio”. Em 1969, o Grupo Serrador de São Paulo, em que passa a se chamar Cine Premiére. - Em meio a muitas crises, em 30 julho de 1994, o Cine Teatro fecha suas portas definitivamente.
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Porto Alegre, Dezembro de 2010 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
O que esperar do Rock in Rio 2011 Um mundo de diversões e conscientização social aguarda por você no Rio de Janeiro, no fim de setembro de 2011 Foto: Divulgação
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Lucas Mattos
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ma imensa produção tará a ser o que foi? retornará ao seu país Não há palavras que descrede origem. O maior vam os sentimentos gerados em festival de música e 1985, 1991 e 2001. A improvientretenimento do mundo te- sada Cidade do Rock, instalará o Rio de Janeiro como sede da em Jacarepaguá, presenciou em 2011. Ideperformanalizado pelo ces inesquecíempresário veis, atrações “Em 2011, não se brasileiro expressivas Roberto Meprevê nenhum fator e uma conedina, o festiperfeita político tão forte que xão val promete de momento, dê mais alma recuperar os loca l e pesgrandes mosoas. O resao festival, como mentos reponsável por a reconquista da gistrados nas esse acontetrês edições cimento, Rodemocracia de realizadas berto Medina, um país” na capital caqueria dar ao rioca. Porém, R io de Jacom um conjunto diferente de neiro apenas o prazer de ser atrações e um regresso tardio, a cidade de um bom festival, uma dúvida paira sobre os es- porém o resultado foi maior, foi pectadores: o Rock in Rio vol- gigantesco.
Um milhão e trezentas mil pessoas construíram um momento histórico para o certame musical do Brasil, em 1985 Celebravam todos a conquista da democracia restaurada, embalados pelo som potente de Iron Maden, Queen, Ozzy Osbourne e outras atrações internacionais que se apresentaram na América do Sul pela primeira vez. Em 2011, não se prevê nenhum fator político tão forte que dê mais alma ao festival, como a reconquista da democracia de um país. Por isso, Roberto Medina criou uma ideologia ao Rock in Rio. Seu slogan enfatiza um Mundo melhor, a marca, segundo a sua assessoria, visa uma atuação sustentável e socialmente responsável. A missão não é apenas trazer uma semana de entretenimento e, sim, acompanhar uma preocu-
pação do mundo, atualmente. forem. Está sendo construída, O Rock in Rio volta ao Bra- com certa urgência, a nova Cisil por um desejo pessoal do dade do Rock. O projeto arquiseu fundador. Críticos acredi- tetônico é desafiador. A cidade tam que a imagem e o valor do preencherá 150 mil m² e está lofestival tenha se transfigurado calizada próxima ao autódromo devido a sua de Jacarepamigração paguá, com dira Espanha e versos palcos “O empresário Portugal, duque acolherão rante dez anos. acredita que com as todas as v iUma inevitábes. O palco últimas edições o vel mudança Mundo será evento ganhou de estilo afepara os printou o festival, proporções maiores c i p a i s s h o de acordo com ws, o palco que poderia observadoSunset receres musicais, berá grandes imaginar” foi preciso se encontros tornar um típico evento musi- musicais, um espaço fashion cal para ser bem aceito em ou- realizará desfiles de modas e tro campo. djs de diferentes países comanO Rock in Rio 2011 preten- darão a Tenda Eletrônica. Não de proporcionar um parque de bastasse a estrutura para shodiversões completo a todos que ws, o Rock in Rio implantará
Porto Alegre, Dezembro de 2010 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
um parque de diversões com direito à Roda Gigante de 28 metros de altura, Freefall, Montanha-Russa e Tirolesa. Por suas grandes dimensões, a Cidade do Rock se tornará, por intervenção da Prefeitura do Rio, o Parque Olímpico Cidade do Rock, uma futura instalação que servirá para o lazer dos atletas nas Olimpíadas do Rio de Janeiro de 2016. A acessibilidade é outra prioridade para a organização do Rock in Rio. Com um alto investimento, o festival se torna obrigado a buscar um retorno financeiro, além de patrocínios e parcerias. Porém, o custo do ingresso será disponível para todos os bolsos. Com o título de Rock in Rio Card, qualquer pessoa pode garantir seu ingresso para um dia de show por R$ 190,00, sendo estudante, por R$ 95,00. Um único ingresso terá acesso a todos os brinquedos e shows realizados no dia. Por proceder pela igualdade, o festival não disponibilizará área vip e hierarquia de ingressos. Em entrevista coletiva realizada em outubro de 2010, o responsável pelo Rock in Rio, Roberto Medina se diz confiante com a volta da festa musical para o Rio de Janeiro. O empresário acredita que com as últimas edições o evento ganhou proporções maiores que poderia imaginar. Segundo Medina, o Rock in Rio foi um fator principal para o cenário do show business musical brasileiro. E afirma: “No final de setembro, milhares e milhares de jovens de espírito, não importa a idade que tragam escrita no papel, chegarão de todas as partes para um encontro inesquecível no Rock in Rio. E ali, na pátria temporária de todos, os fãs das mais diversas correntes musicais compartilharão alegrias, num território livre para todas as paixões. Porque essa é a essência do festival, concebido e produzido a partir de uma filosofia que pode ser resumida em três palavras luminosas: convergência, convivência e permanência.” O Rock in Rio 2011 será realizado nos dias 23, 24, 25, 30 de setembro e nos dias 01 e 02 de outubro de 2011.
Cultura 25
➜ James Hetfield, vocalista e guitarrista da banda Metallica, empolgou multidões no Rock in Rio Lisboa 2004
EU VOU! Luís Fernando Feller tem 23 anos, mora em Canoas e estuda Nutrição. Esboçou um certo interesse quando soube da confirmação do Rock in Rio 2011 no Brasil. Porém, Luís só foi ter a plena certeza de que irá participar do evento quando soube que era oficial o rumor do show da banda californiana Red Hot Chilli Peppers, da qual é fã desde os 13 anos. Além do show da banda favorita, Luís tem certeza que o festival irá satisfazê-lo por inteiro. Menciona ser uma experiência única, um momento para relaxar a mente e se despreocupar com as questões do dia a dia. Quando informado sobre a idéia da responsabilidade social que propõe o Rock in Rio, Luís deu uma risada sorrateira e complementou que pelo menos ele não estaria tão interessado nesta situação. Ele reconhece “um pouco” o que significou para o Brasil, as edições anteriores do Rock in Rio. Comentou que já acompanhou algumas imagens e se lembra vagamente do último ano de shows no Rio, em 2001: “Acho que a situação será diferente, mesmo assim, eu acredito que vai ser um momento histórico também”. Sobre mais atrações que gostaria de ver na festa, Luís deseja enormemente ir ao show do cantor e guitarrista Ben Harper e da Banda Irlandesa, U2.
EU FUI!
Uma viagem de ônibus cansativa, noites passadas sobre uma barraca, condições do tempo nada favoráveis e muitas aventuras pra contar. O professor de Matemática, de 45 anos, Antonio Nunes da Rosa, mais conhecido como Rosa, sente-se honrado por ter feito parte do Rock in Rio 1991. A princípio era a opção mais louca e ideal de passar as férias com os colegas, mas em pouco tempo percebeu que aquilo se tornariam parte da sua vida. Comenta entusiasmado que não tinha uma idéia de quanto dinheiro seria necessário para viagem. Antonio levou uma única quantia de dinheiro que teria para se alimentar e para possivelmente pagar os ingressos do show. Ele lembra queo não sabia ao certo se a entrada era gratuita. Mas a diversão se sobressaiu diante das preocupações. De acordo com o professor, o show de Billy Idol e dos Engenheiros do Hawaí no mesmo dia foi simbólico. Afirma ainda que o show do Guns N’ Roses provocou uma euforia na galera que ele nunca tinha visto antes. “São lembranças que compartilhadas com amigos, poderiam dar um bom livro.” O professor ainda não decidiu se vai prestigiar a edição 2011. Dependendo das atrações, pensa em ir, mas acredita que certamente não passará pelas mesmas emoções, até por causa das condições, que, hoje em dia, estão mais seguras e “menos sem graças”. A idade, segundo ele, também conta. “Não teria mais pique pra passar por tudo que passou”, ri.
Bandas confirmadas! As bandas Red Hot Chili Peppers, Snow Patrol, Capital Inicial, NX Zero, Metallica, Motörhead, Coheed and Cambria, Sepultura, Angra, Coldplay e Skank já estão confirmadas para os principais shows do festival. A organização do evento divulga periodicamente as atrações que comandarão o Rock in Rio 2011, no site oficial: www.rockinrio.com.br.
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A euforia em forma de música
Fotos de Carlos Eduardo de la Rocha
Criado na década de 90, o Trance, pouco conhecido no Brasil, possibilita as pessoas a experimentarem uma série de sentimentos e emoções ■
Carlos Eduardo de la Rocha
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uando o som começa a ecoar, é preciso respirar fundo, pois o coração acelera. Os segundos seguintes farão você sorrir, chorar, pular, relaxar. Há várias maneiras de se deixar envolver pelo Trance, umas das principais vertentes da música eletrônica. O ritmo pode fazer você ficar eufórico, mas ao mesmo tempo, calmo. É assim que o Trance pode ser definido: intenso, melódico e emocionante. O estilo é uma mistura equilibrada entre melodia e batidas aceleradas, que leva o apreciador ao significado literal do nome da vertente, que significa “transe”, em português. Para Jordan Suckley, nascido em Liverpool, na Inglaterra e entre os dez DJ’s mais promissores do mundo segundo a loja de músicas online Beatport e pela revista Trance Internacional,
o estilo é baseado em sentimentos: “Eu definiria o Trance como emoção e energia.” E a prova de que a música causa diferentes percepções em cada ouvinte está no fã de música eletrônica, Daniel Heemann, que diferente de Suckley, é mais tranquilo ao escutar Trance: “Prestando atenção na música você entra nela e a sua cabeça vai longe.” E completa: “A sensação é extremamente relaxante.” No entanto, ambos acreditam que o estilo teve alterações. Sucley explica que “o Trance tem mudado desde sua criação” (no início da década de 90), enquanto que Heemann afirma que a vertente “está sendo resgatada”, mesmo que artistas famosos tenham optado por adaptações: “DJ’s como Armin van Buuren, Tiësto e Paul van Dyk tornaram o Trance mais comercial e popular, trazendo
músicas mais dançantes e não apenas ‘viajantes’”. Jovem promessa da cena eletrônica mundial, Suckley revela como faz as pessoas dançarem na pista, em busca do perfeito equilíbrio entre a emoção e a intensidade: “Quando produzo uma música, amo ter um forte bassline (elemento mais grave e rítmico da melodia), que é o importante para que as pessoas fechem os olhos e dancem.” Muito se fala sobre sensações e sentimentos no Trance e, como o cansaço é um deles, o britânico brinca quando se refere à produção da música: “O café também ajuda”.
Generalização Apesar de ser um estilo de música popular em vários lugares do mundo, aqui no Brasil a situação do Trance é diferente. E
➜ Eleito melhor DJ do mundo por quatro vezes, Armin van Burren agita o público ainda conta com um agravante, ís, e por isso, causa a confusão. já que nas poucas vezes em que “A verdade é que o assunto está o ritmo é lembrado, ele é con- misturado com raves e drogas e fundido com uma de suas sub- a essência se perdeu”, lamenta. divisões: O Psy (nome que tem Os significados e sensações origem na palavra “psicodéli- são muitos. O ritmo conduz aos co”). De acordo com Heemann, extremos, da euforia ao transe o Psy, predominante em festas e da tranquilidade ao agito. E rave, é um som ainda mais agita- é isso que os DJ’s e fãs tanto do: “Diferente do Trance, o Psy apreciam, pois o Trance não é me deixa mais aceso.” Para ele, uma música para ouvir, mas paa subvertente é “moda” no Pa- ra sentir.
➜ DJ’s holandeses como Tiësto (acima) e Armin van Buuren, alemães como Paul van Dyk e Dash Berlin e ingleses como Gareth Emery e Paul Oakenfold provam a popularidade do norte europeu
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Lei complementa o estatuto do torcedor
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Alterações vetam “cânticos discriminatórios, xenófobos ou racistas” nos estádios de futebol brasileiro ■
Eduardo Cardozo
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Lei 12.299, que complementa o chamado Estatuto do Torcedor (Lei 10.671/03), veio em boa hora. Essas novas normas visam claramente dar segurança jurídica para a celebração da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. O futebol é paixão nacional, mas precisava de normas para garantir sua organização e funcionamento. São regras éticas e de transparências que o estatuto criou, inclusive, tornando relação de consumo o vínculo entre torcedor e entidades responsáveis (federação e clube) da prática desportiva. De acordo com a Lei, estádios com capacidade acima de 10 mil torcedores devem ter central técnica de monitoramento de todo o público presente, inclusive nas catracas. Está proi-
bido o acesso de bandeiras e do pelo comando do evento. O símbolos com mensagens ofen- principal problema é fora do essivas ou discriminatórias, fogos tádio, onde há muita provocação de artifício, bebidas ou substân- e acaba em confrontos entre os cias que possam incitar a vio- torcedores e policiamento. lência. Também fica proibido “Não adianta só prever pena entoar cânticos xenófobos ou para o torcedor, é preciso que racistas, e as torcidas organi- a polícia esteja mais preparazadas passam a responder por da. A polícia tem que ser mais danos causados por seus mem- ríspida, e precisa ter profissiobros dentro do evento, nas ime- nais preparados, treinados para diações ou no trajeto de ida e lidar com multidão, e o comanvolta, o torcedor infrator poderá do da brigada está trabalhando ser processado civil e criminal- neste sentido”, garantiu o Major mente. Segundo o comandante Fernando. do policiamento nos jogos em O Presidente da Federação Porto Alegre, Major Fernando, Gaúcha de Futebol, Francisexiste um fenômeno nos jo- co Novelleto Neto, argumenta gos de futebol: “a massa quer que para ter mais segurança em proteger uma fatia pequena de eventos esportivos deve-se totorcedor infratores, e no final mar cuidado com a fiscalização: todos acabam se prejudicando”. “A maior dificuldade que vamos Qualquer indivíduo suspeito de ter é identificar o torcedor infracometer infração será sarquea- tor, por esse motivo que essa lei
➜ Policiamento da Brigada Militar atenta em jogo válido pelo Campeonato Brasileiro de 2010
➜ Briga entre torcedores colorados durante Grenal no Estádio Olímpico vem para complementar o es- muito popular do Sport Clube tatuto, a torcida organizada irá Internacional, ainda há muito responder por qualquer ato in- que ser mudado: “Enfrentamos fracional do torcedor”. Ainda de muitos problemas, às vezes a acordo com Novelleto, atitudes polícia não fica do nosso lado, posteriores ou de repressão não e tudo se torna mais difícil. Tesão a melhor saída para a segu- mos o Estatuto do torcedor na rança: “Devemos ter reforço nas nossa sede, e assim compreenmedidas preventivas relaciona- demos melhor o mundo do fudas com o evento, dessa forma tebol e seus atributos.” Muitas teremos mais controle sobre os perguntas surgem então após uma primeira análise da lei. torcedores”. Para o presidente da torci- As respostas poderão chegar da organizada do Grêmio Foot- por meio de decisões judiciais. Ball Porto Alegrense, Geral do Sem dúvida, a introdução desGrêmio, Rodrigo Flores, o Ale- ta responsabilidade objetiva e mão, quase nada foi mudado na solidária da torcida responde prática: “O novo Estatuto do ao objetivo de prevenção dos Torcedor entrou em vigor em danos, de responsabilização julho de 2010, mas as mudan- do torcedor e de coletivização ças pouco existem na prática, do risco das ações individuais. os clubes e a polícia ignoram Entretanto, o Brasil não pode parte da lei e o torcedor acaba perder tempo nos ajustes do essofrendo”. Durante o campeo- tatuto, é preciso agir de forma nato de 2010, torcida e polícia eficaz e rápida. entraram em confronto no meio da multidão nos jogos em PorAlém da punição aos to Alegre. O grande problema torcedores organizados, não é controlar a conduta indinovo texto prevê punição a árbitros vidual, e sim a coletiva. A lei e cambistas. E o vem para complementar essa policiamento tem lacuna que faltava no estatuto, como tarefa prevenir a punição para infrações. Setumultos nos grandes gundo o Presidente Miguel Reeventos esportivos. côba, líder de uma organizada
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Porto Alegre, Dezembro de 2010 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA
Mulher para mais de frase ■
Ana Priscila Costa
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esde seu primeiro livro, Dez Quase Amores, que foi adaptado para o teatro, ela via na escrita literária a válvula de escape para o angustiante ofício de escrever pouco. Quando na maioria das vezes a criação para a publicidade não passava de frases e provocações, Cláudia queria - ou tinha de ir além. Muita criatividade e um senso de humor de dar inveja vêm de berço; o ritmo acelerado - ela garante - vem da rotina nas agências. O sucesso que resulta da soma fica claro em seus sete livros publicados - alguns deles já traduzidos em países como Itália e Croácia. Não é à toa que ela coleciona elogios de autores de peso como Sérgio Faraco e Nelson Motta. Sempre envolvida em mais de uma tarefa ao mesmo tempo, ela concilia há anos a profissão de redatora com suas demais criações e isso não comprometeu outras atividades inusitadas. Há mais de 10 anos ela é presença garantida no Sarau Elétrico, que ocorre semanalmente no Bar Ocidente, em Porto Alegre, e brinca de consultório sentimental no site da editora L&PM com uma frequência de profissional. Seu talento para a ficção lhe rende frutos além das editoras. Cláudia agora escreve para televisão e um de seus livros ganha formato de seriado que ainda não foi ao ar e já tem sua segunda temporada garantida. Conheça um pouco mais dessa publicitária que se arrepende de não ter insistido no jornalismo mas que não escapou à sina de escrever muito. E para muitos. Universo IPA - Conte-me um pouco de sua história. Sei que você chegou a cursar ge-
Letícia Remião
Depois de 20 anos na Publicidade, Claudia Tajes, 47 anos, parte para novos voos. Outros projetos a desafiam a continuar escrevendo cada vez mais ologia e jornalismo antes de chegar à Publicidade. Como foi essa trajetória? Claudia Tajes - Eu sempre gostei de escrever, mas meu pai era jornalista e escrevia muito bem. Fugi do destino –e da comparação com ele- o quanto pude, mas a geologia não tinha nada a ver comigo. Já no Jornalismo me arrependo de não ter ficado. Universo IPA - E como surgiu a vontade de ser escritora? O que a motivou? Claudia - Cada vez se escreve menos em Propaganda. Foi por isso, e pela frustração de não fazer mais que um titulo ou uma frase para os anúncios, que comecei a escrever minhas histórias todas as noites, depois que chegava da agência. Até que um dia me atrevi a entregar alguns originais na L&PM e, para minha surpresa, a editora se interessou em publicar. Universo IPA - Em Dez (quase) Amores e Só as Mulheres e as Baratas Sobreviverão há conflitos que envolvem mulheres e suas fragilidades, mulheres e relacionamentos. Já Vida Dura é uma ficção de um dilema masculino com uma trama muito envolvente. De onde vem inspiração para uma ficção desse tipo? Claudia - Eu gosto de assuntos que estão por aí, na vida de todo mundo. Nunca saberia escrever um romance histórico, por exemplo. Meu assunto é o dia-a-dia, um pouco exagerado e fantasiado, porque a vida como ela é, já costuma ser triste. Universo IPA - Em A Vida Sexual da Mulher Feia temos a história de uma mulher desde sua adolescência, passando por todos os contratempos de não
ser bela. O que lhe serviu de inspiração? Você conheceu muitas mulheres feias em sua vida? Claudia - Conheci ainda mais mulheres bonitas ou, ao menos, bem aceitáveis dentro de qualquer padrão que se estabeleça, que se acham horrendas. E se comportam como feias, e são tratadas assim pelo mundo. É um chavão, mas a gente é o que se sente, acho. Universo IPA - Como é o seu método de criação? Você chega a estabelecer uma rotina de trabalho? Claudia - Escrevo de noite e nos finais de semana porque durante o dia trabalho em uma agência de propaganda. Mas agora, que estou deixando a Publicidade depois de 20 anos, pretendo escrever muito e o tempo inteiro para garantir o sustento da família... Universo IPA - Que autores mais lhe influenciaram ou influenciam na literatura? Claudia - Todos os autores que eu leio e dos quais gosto me influenciam pelo talento com que escrevem, mesmo que não tenham nada a ver com o meu estilo. Todos são uma grande inspiração. Só para citar alguns: Paul Auster, Ian McEwan, Philip Roth, Luis Fernando Veríssimo, Marçal Aquino, Gabriel Garcia Marques, Mario Benedetti, Bucowski, Reinaldo Moraes, Pedro Juan Gutierrez e mil outros.
Claudia - Escrever nas redes sociais ou alimentar um blog exige tempo. Se eu fizer isso, não consigo escrever meus roteiros e livros. Sou muito devagar para escrever. Universo IPA - Para você, o que faz um livro ser prazeroso? Claudia - O enredo, o texto, os personagens, a mistura de tudo. Universo IPA - Você acha que a juventude lê pouco? Gostaria de dar algum recado para os jovens? Claudia - Acho que as pessoas lêem pouco de modo geral. Meu recado seria: se quem acha que ler é chato superar esse preconceito e abrir um livro, certamente vai descobrir um mundo que não imagina.
Universo IPA - Quanto de você tem em suas novelas? Universo IPA - A internet Claudia - Esses dias, na conse tornou uma importante fer- ferência que fez aqui em Porto ramenta de democratização Alegre, Mario Vargas Llosa disda escrita, muitos autores bra- se que tudo o que um autor essileiros se renderam ao Twit- creve é, de um jeito ou de outro, ter, aos blogs e outras redes. autobiográfico. Mesmo o que ele Você não é muito presente nas não viveu é autobiográfico, porredes. Isso é estratégico? Qual que passa pelas sensações dele. a sua opinião sobre isso? Então, é isso: do melhor ao, prin-
cipalmente, pior, tem muito de mim no que eu escrevo. Universo IPA - Você escreveu o texto para o segundo episódio da série As Cariocas e existe um projeto de adaptação de seu livro Louca Por Homem para o Canal HBO. Conte-me um pouco como surgiram esses convites. Claudia - As Cariocas foi um convite do Euclydes Marinho, autor da Globo de quem sou amiga, por ele gostar dos meus livros. A série da HBO foi um lance de sorte. A Casa de Cinema precisava de uma ideia para apresentar e falou comigo. Minha única idéia era a do livro que eu estava escrevendo na época, o Louca por Homem. Apresentamos, a emissora gostou e a série está produzida, vai ao ar em 2011. O mais incrível: a HBO já nos encomendou a segunda temporada, antes mesmo de estrear a primeira. Universo IPA - Você é conhecida por muitos como uma mulher modesta, tímida. Como era a Cláudia Tajes criança... adolescente? Claudia - Mais modesta. Mais tímida. E com um cabelo muito mais feio.