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Valdivia Beauchamp

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Rhany Costa

Rhany Costa

VALDIVIA S. BEAUCHAMP

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NUMA PINCELADA, PRESENÇA DE INTELECTUAIS BRASILEIROS NA EUROPA

Quando no Brasil Imperial, na segunda metade do século XIX, no reinado de Dom Pedro II, o teatro Alla Scala de Milão encenou a ópera “Il Guarani", do compositor brasileiro Antônio Carlos Gomes; pela primeira vez, a obra de um autor não italiano, abalaria o procenio daquele templo da Arte, tornando-se um sucesso imediato.

Paralelamente foram iniciadas as imigrações europeias para o Brasil, a cargo do governo imperial brasileiro. A amálgama de idiomas e costumes no século XX, daria ensejos a viagens e incursões de brasileiros, no sentido das pátrias de seus antepassados, talvez, um chamamento do DNA do"inconsciente coletivo" do povo, traduzidos na admiração pela arte e cultura.

Na Europa, o diplomata João Cabral de Melo Neto, humanista e minucioso observador das letras, recebia a comenda da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (ordem honorífica portuguesa criada em 1170, extinguida durante a implantação da república, voltando a ser concedida em 1918 por mérito literário, científico e artístico a chefes de Estado estrangeiros ou pessoas de feito extraordinários ou de enorme relevância para Portugal).

O pré-modernista João Guimarães Rosa, que em 1967 se apossou da cadeira N.º 2 da Academia Brasileira de Letras, também de formação médica, já escrevia assim em Cordisburgo: "As pessoas não morrem, ficam encantadas.". Bem maior foi sua missão, Guimarães Rosa conseguia universalizar mensagenzinhas, formas de pensar do sertanejo. Porém sua missão mais importante foi quando cônsul para o Brasil em Hamburgo. Facilitou a retirada de judeus para o Brasil, daqueles que se encontravam sob o julgo do Führer.

O paisagista Roberto Burle Marx foi com sua família, em 1928, para a Alemanha devido a um problema de visão que o acometia, lá, ao visitar Botanischer Garten und Botanisches Museum Berlin-Dahlem (Jardim e Museu Botânico de Berlim-Dahlem), decidiu que as plantas seriam seu objeto de estudo, ao voltar para o Brasil, em 1930, se matricula na Escola Nacional de Belas Artes, fato que posteriormente o fez ter contato com personalidades como Niemeyer e Portinari. Fascinado pela flora brasileira, descobriu 35 espécies de plantas nativas, as quais levaram o nome burlemaxii, sendo o paisagista pioneiro em utilizar plantas nativas em projetos arquitetônicos no Brasil.

Não poderia deixar de lado Júlia da Silva Bruhns, mãe dos escritores Heinrich e Thomas Mann, que apesar de não ter sido uma intelectual, imigrou para Alemanha com 6 anos, e conseguiu lançar dois de seus filhos no mundo literário, além da mesma escrever um livro de memórias.

Os irmãos Mann são considerados exl.literatur, ou seja, um escritor exilado que é crítico do nazismo. Heinrich viveu, produziu e morreu na Suíça, enquanto Thomas o fez nos Estados Unidos. Em vários de seus livros eles se utilizaram de sua própria experiência de vida e de sua família para a criação de cenários ou como base para o realismo presente na obra, em que algumas, representava a burguesia alemã.

Foi uma epoca do “bloom” brasileiro, mas a nostalgia, a saudade, primazia da língua portuguesa, estava sempre presente em seus corações, e todos esses regressaram à pátria, e nunca foram esquecidos!

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