A Submerged Culture Autor Author
Fotos subaquรกticas Underwater photos
Fernando Clark
Naufrágios do Brasil Uma Cultura Submersa Shipwrecks in Brazil A Submerged Culture José Carlos Silvares Autor / Author
Fernando Clark Fotos subaquáticas / Underwater Photos
Editora / Publisher
Apoio / Support
1ª Edição - São Paulo - 2010
Foto naufrรกgio Fernando Clark - Shipwreck picture Fernando Clark
Foto naufrรกgio Fernando Clark - Shipwreck picture Fernando Clark
Foto naufrรกgio Fernando Clark - Shipwreck picture Fernando Clark
Alagoas Naufrágios Shipwrecks
46
Itapagé
45 Alagoas
White sand beaches, vast palm trees plantations, and many natural pools, with crystalline waters and colorful shoal of fish. This is how we define the 232 km long seashore of this State. One of its southbound beaches, Piaçabuçu, harbors a surprise among its dunes: the meeting of the waters of the São Francisco River with the Atlantic Ocean. This coast has witnessed a large disaster: the sinking of an “ita” of Costeira, the “Itapagé,” during the War.
Praias de areias brancas, extensos coqueirais e um grande número de piscinas naturais com águas cristalinas e cardumes coloridos. Assim pode ser definido o litoral de Alagoas, com seus 232 quilômetros. Uma delas, ao sul, em Piaçabuçu, tem um atrativo no meio das dunas: o encontro das águas do Rio São Francisco com o Oceano Atlântico. Esse litoral testemunhou um grande desastre marítimo: o afundamento de um “ita” da Costeira, o “Itapagé”, durante a guerra.
www.culturasub.com
Imagem do acervo de Jo達o Emilio Gerodetti Image from the collection of Jo達o Emilio Gerodetti
ItapagĂŠ
Foto naufrágio Fernando Clark - Shipwreck picture Fernando Clark
Características e situação atual Characteristics and status Bandeira Flag Nome anterior Previous name Armador Shipbuilder Construtor Shipyard Ano Year Tonelagem Ton Comprimento / Largura Length / Width Tipo Type Data afundamento Date of sinking Motivo Reason Local Place Posição Position Profundidade Depth Situação Status
Brasil Brazil N/A Companhia Nacional de Navegação Costeira Companhia Nacional de Navegação Costeira Ateliers et Chantiers de Normandie, Rouen, França Ateliers et Chantiers de Normandie, Rouen, France 1927 4.998 t 4,998 t 113,26 m / 15,88 m 113.26 m / 15.88 m cargueiro misto passenger and cargo ship 26 setembro 1943 september 26th 1943 torpedeado hit by torpedoes Barra de São Miguel - AL Barra de São Miguel, AL 10º04S, 35º54W aprox. 25 m approx. 25 m desmantelado e espalhado disassembled and scattered
Imagem do acervo de José Carlos Silvares Image from the collection of José Carlos Silvares
49 Itapagé
Itapagé
Reprodução de cartaz anunciando os Jogos Olímpicos de 1932 em Los Angeles Poster advertising the 1932 Olympics in Los Angeles
o mais famoso dos “itas” do Norte the most famous Northern “itas”
O “Itapagé” era um belo navio. Ficou famoso ao lado de seus gêmeos da série cujos nomes começavam pela palavra “ita” (“pedra”, no idioma tupi-guarani; “Itapagé”, “pedra do feiticeiro”). Foram construídos em estaleiros da França e da Escócia por encomenda da Companhia Nacional de Navegação Costeira. Eram os famosos “itas da Costeira”, cantados em prosa e verso nos portos brasileiros por onde passavam e referência imortal na canção “Peguei um ita no norte”, de Dorival Caymmi. Nessa época, meados dos anos de 1920, com as estradas precárias e um serviço rodoviário deficiente, muitas famílias circulavam nesses navios entre as cidades do trajeto nortesul e vice-versa.
“Itapagé” was a beautiful ship. She reached fame, along with her sisters of the series, whose names started with the word “ita” (“stone,” in the Tupi-guarani language; “Itapagé,” meaning “sorcerer stone”). They were built in shipyards in France and Scotland, by the order of the Companhia Nacional de Navegação Costeira. They were the famous “itas da Costeira,” praised in songs and in poems at the Brazilian Harbors, whenever they went by, and which become immortal with the song “Peguei um ITA no norte” [Boarding an ITA up North], from Dorival Caymmi. At that point, in the middle of the 20s, with worn out roads and a deficient road service, many families used these ships to move from north to south, and vice-versa.
O “Itapagé” foi construído nos estaleiros franceses Ateliers et Chantiers de Normandie, em Rouen. Ele era gêmeo do “Itaimbé” e “Itahité”. Tinham 4.998 toneladas brutas, 113,26 metros de comprimento, 15,88 metros de largura, uma chaminé, dois mastros, dois motores, dois hélices e velocidade de até 13 nós. Tinham espaçosos camarotes, próprios para acomodar famílias inteiras, serviço de refeitório, salas de música e de estar, biblioteca, sala para fumantes e amplos espaços externos para passeios. A diferença entre o “Itapagé” e os dois outros é que estes tinham máquinas a vapor.
The “Itapagé” was built in the French shipyards of Ateliers et Chantiers, of the Normandy, in Rouen. “Itapagé,” “Itaimbé” and “Itahité” were triplets. They were 4,998 gross ton ships, with 113.26 meters in length, 15.88 meters wide, had one smoke stack, two masts, two engines, two propellers, and speed of up to 13 knots. They held cabins for entire families, meals services, music and living rooms, library, smoking rooms and ample decks for strolls. The difference between “Itapagé” and the other two, was that the latter had steam engines.
www.culturasub.com
Foto naufrágio Fernando Clark - Shipwreck picture Fernando Clark
50 Naufrágios do Brasil - Shipwrecks in Brazil The remaining ships of the series were almost identical and were built in Glasgow, Scotland. They were the “Itanagé,” “Itapé” and “Itaquicé,” launched to sea between 1926 and 1929. Another highlight to “Itapagé” took place on 1932, while berthed in Rio de Janeiro, when she received a delegation of 375 individuals participation in the Los Angeles Olympic Games, in the USA. From these, 83 were athletes. The main athlete was a young swimmer, 17 years old, the first South American woman to compete in Olympic Games – Maria Emma Hulga Lenk Ziegler, or, merely Maria Lenk, the daughter of German immigrants to become the most important Brazilian swimmer of all times. “That trip was not an easy one,” latter stated Maria Lenk. The Government paid the trip in exchange for work. In addition to boarding a cargo ship, the athletes had to sell, at the stopover Harbors, 3,000,000 Kg of coffee stored in the holds, to secure their living monies in Los Angeles. “The important was the amateur concept. I competed with a borrowed uniform, which I had to return when the competition was over.” On that year, Brazil did not win medals. However, the swimmer achieved fame and was an example to many athletes, until she died on 2007, swimming in the pool of the Clube de Regatas Flamengo, in Rio de Janeiro, 92 years old. The ship made many voyages in her coastline route, and during the World War II left the Rio de Janeiro Harbor towards Recife (Pernambuco), on September 22nd 1943, under the mastery of the valiant long course Master, Mr. Antonio da Barra, highly esteemed among crewmembers of the Costeira and his passengers. Eixo de um trator que o Itapagé transportava, agora repousa no fundo do mar Axle of a tractor carried by the Itapagé; now resting on the seabed
Imagem do acervo de João Emilio Gerodetti Image from the collection of João Emilio Gerodetti
Os demais navios da série eram praticamente iguais e foram construídos em Glasgow, Escócia. Eram o “Itanagé”, “Itapé” e “Itaquicé”, lançados ao mar entre 1926 e 1929.
“Aquela viagem não foi fácil”, disse Maria Lenk mais tarde. O Governo pagou a viagem em troca de trabalho. Além de viajar em um cargueiro, os atletas tinham que vender nos portos de escala as 50 mil sacas de café embarcadas nos porões, para conseguir o dinheiro que os sustentariam em Los Angeles. "O que valia era o conceito do amadorismo. Eu competi com um uniforme emprestado, que tive de devolver quando as provas acabaram". Naquele ano o Brasil não conseguiu nenhuma medalha. Mas a nadadora tornou-se famosa e um exemplo para muitos atletas, até morrer em 2007, ao exercitar-se na piscina do Clube de Regatas Flamengo, no Rio, aos 92 anos.
www.uboat.net
Outra fama do “Itapagé” veio em 1932, quando, atracado no Rio de Janeiro, recebeu a delegação de 375 pessoas que participaram dos Jogos Olímpicos em Los Angeles, Estados Unidos. Desse total apenas 83 eram atletas. O destaque era uma jovem nadadora de 17 anos, a primeira mulher sul-americana a competir em uma Olimpíada – Maria Emma Hulga Lenk Ziegler, ou simplesmente Maria Lenk, filha de imigrantes alemães que se tornaria a maior nadadora brasileira de todos os tempos.
O “Itapagé”, em foto do cartão-postal oficial da companhia Costeira “Companhia Costeira” postcard from the “Itapagé”
O navio fez muitas viagens na sua linha litorânea, até que já em plena Segunda Guerra Mundial, deixou o porto do Rio de Janeiro em direção a Recife (Pernambuco) no dia 22 de setembro de 1943, sob o comando do valoroso capitão-de-longo-curso Antonio da Barra, muito estimado entre os marítimos da Costeira e os passageiros que transportava. Capitão Albrecht Achilles, do submarino U-161 Captain Albrecht Achilles, submarine U-161
www.culturasub.com
Fotos naufrágio Fernando Clark - Shipwreck pictures Fernando Clark
51 Itapagé
Fotos do Itapagé no fundo do mar Photos from the ship “Itapagé” on the seabed
O que aconteceu quatro dias depois, quando o navio costeava o litoral de Alagoas, será a partir de agora narrado pelo próprio comandante, em emocionante depoimento que deu a um jornalista, em Maceió. Acompanhe:
The events taking place four days later, while the ship bordered the coast of Alagoas, in the words of the Master, during a thrilling statement to a journalist, in Maceió, are as follows:
“Saímos do Rio de Janeiro no dia 22 de setembro, às 10 horas, navegando sem incidentes até a hora do torpedeamento. Íamos direto a Recife, e daí a Belém, conduzindo um grande carregamento, inclusive 15 mil amarrados de borracha para o Exército”.
“We left Rio de Janeiro, on September 22nd, at 10:00 AM, and sailed, eventless, up to the time of the bombing. We were headed straight to Recife, and from there we would go to Belém, carrying a heavy load, which included 15 thousand bundles of rubber to the Army.”
“No dia 26 de setembro, às 13h50, foi sentido um estampido aterrador que sacudiu todo o navio, que começou a tombar para boreste. Encontrava-me eu no camarote, lendo. Corri imediatamente ao passadiço, onde encontrei o imediato já morto, e o segundo radiotelegrafista com uma perna quebrada. Providenciei imediatamente o pedido de socorro, porém o aparelho de rádio estava desmantelado”.
“On September 26th, at 13:50 PM, we felt a terrifying explosion, which shook the ship, and she started to lean starboard. I was in my cabin, reading. I immediately run to the bridge and found the first pilot already dead, and the second radio telegrapher with a broken leg. I immediately requested a SOS, but the radio fell to pieces.
“Não podendo chamar auxílio, corri a arriar as baleeiras, com ajuda de alguns tripulantes. Não conseguimos arriar duas baleeiras que estavam na ponte, devido à inclinação do navio, que era grande”. “A fim de salvar minha vida e a de todos os passageiros e tripulantes, com o navio prestes a submergir, saímos andando pelo costado, e jogamo-nos na água, para alcançar uma balsa próxima. Já na balsa, aproximei-a da baleeira ainda presa ao navio, e cortei a amarra com o canivete de um passageiro”. “Começamos então o recolhimento dos náufragos, auxiliados por outra baleeira, onde estavam o primeiro e o segundo pilotos, rumando em direção à costa, onde chegamos às 18 horas e 20 minutos”. “Ao nos aproximarmos da praia fomos avistados por pescadores que vieram em nosso auxílio. Encontrávamo-nos então nas proximidades de alguns arrecifes, onde apareceu o perigo de um novo naufrágio, caso não fossemos avisados pelos pescadores. Surgiu então a figura de um herói popular, o destemido pescador João Cipriano, que, com seus companheiros, evitou que os barcos desgovernados fossem ao encontro dos arrecifes”.
“Unable to call for help, I run after the life boats, with the assistance of some of the crewmembers. We were not able to ready two of the life boats, which were at the bridge, due to the ship hard inclination.” “To save my life, and the lives of the passengers and of the crewmembers, with the ship about to sink, we run through the sides and throw ourselves in the water, trying to reach a nearby boat. As in the boat, I reached for the lifeboat still tied to the ship, and cut the ties with one of the passenger’s pocketknife.” “We started to rescue the passengers, aided by another lifeboat, where the first and the second mate were, heading towards the shores, where we arrived at 18:20 PM.” “When we approached the beach, fishermen saw us and they run to our aid. We were close to some reefs, and there was the risk of another sinking, but the fishermen had warned us. Then, a popular hero appeared: the courageous fisherman João Cipriano, who, with his friends avoided that the uncontrolled boats collided with the reefs.” “We arrived at the roadstead, within the reefs, where the fishermen took care of the injured, rendering all services possible, and the remaining individuals went to the fishermen houses and stayed until the following day, when stretchers and medications arrived, brought in by physicians and authorities.”
www.culturasub.com
www.uboat.net
52 Naufrágios do Brasil - Shipwrecks in Brazil “As vehicles could not access that location, we went on foot, and the injured were carried on stretchers by mules to Jequiá, where we found cars, ambulances and other vehicles that took us to the City of São Miguel dos Campos. There we received complete comfort and medical assistance.” “The ship, with the bombing, sank in four minutes. There were 30.8 meters of bottom, sinking the ship sideways. If she did not sink, her masts would have stayed out of the water.” “After the sinking of the Itapagé the enemy submarine emerged up to her deck, 50 meters away from where we were. Three robust and blond crewmembers appeared, recording that disaster.” “During the fight with that fierce sea, and not yet recovered from that horrible surprise, the survivors believed they would die by bullets, as happened with other Brazilian ships. However, it did not happen.” “The grey submarine, looking brand new, submerged again, reappearing 500 meters away, from where she remained surfaced heading towards east. The crewmembers we saw at the enemy’s deck wore black shorts and were naked to their waists.” “I will never forget those brief moments… I will never forget: the Itapagé carried two trucks one of each jumped sky-high with the explosion, and was stuck on the crane. One of its wheels loosened and violently hit the first pilot, which was working on the bridge. It killed him, and broke the leg of the second radio telegrapher.” “I arrived at the deck few seconds after the explosion, and tried to help this man, a private friend of mine, who kept asking me to help him to get up. I could not do it, because he took a strong blow to his kidneys. He than, begged for me to shoot him, mercifully, which I could not do. The radio telegrapher saved himself. He turned his leg, with a compound fracture, and tied to his waist with his own shirt, dragging himself to the water, from where he was rescued, right from the middle of the wreckage.”
“Chegamos à enseada, dentro dos arrecifes, onde os jangadeiros tomaram conta dos feridos, prestando todos os socorros possíveis, sendo os restantes náufragos distribuídos pelas casas dos pescadores até o dia seguinte, quando chegaram macas e remédios, conduzidos por médicos e autoridades”.
During his statement, the Master stopped talking; and shed tears of sorrow… He could not hide the emotion remembering his fellow crewmembers, the dead, and the injured.
“Sendo o local inacessível a viaturas, marchamos a pé, sendo os feridos conduzidos em macas sobre burros, até Jequiá, onde encontramos automóveis, ambulâncias e outros veículos que nos conduziram à cidade de São Miguel dos Campos. Ali fomos cercados por completo conforto e assistência médica”. “O navio, ao receber o torpedo, afundou em quatro minutos. Havia 14 braças de fundo, afundando o barco de lado. Se o navio não tivesse afundado dessa forma, seus mastros ficariam fora d’água”. “Depois que o Itapagé afundou, o submarino agressor emergiu até a altura do convés, a 50 metros do local onde estávamos. Surgiram então três tripulantes louros e robustos, que filmaram os destroços”. “Naquela luta contra o mar grosso, ainda não refeitos da horrorosa surpresa, os náufragos tiveram a impressão de que iam ser metralhados, como foi feito com os náufragos de outros navios brasileiros. Tal porém não aconteceu”.
Reprodução da capa do Diário de Notícias, de Salvador, de 4 de Outubro de 1943 Cover image of the “Diario de Noticias”, Salvador, October 4th 1943
www.culturasub.com
Imagem do acervo José Carlos Silvares - Image photo collection from the José Carlos Silvares
O submarino alemão U-161 German submarine U-161
53 Itapagé Foto naufrágio Fernando Clark - Shipwreck picture Fernando Clark
“O submarino pintado de cinzento, parecendo novo, mergulhou novamente, reaparecendo em seguida a 500 metros de distância, onde passou a navegar à superfície, até desaparecer em direção leste. Os marujos que vimos no convés do barco inimigo vestiam calções pretos e estavam nus da cintura para cima”. “Aqueles momentos trágicos não serão jamais esquecidos. Trago na retina o seguinte episódio: o Itapagé conduzia dois caminhões, um dos quais, com a explosão, saltou a grande altura, ficando preso pelo guindaste. Uma roda do mesmo desprendendo-se, foi atingir violentamente o primeiro-piloto, que se achava de serviço na ponte de comando, matando-o e quebrando a perna do segundo radiotelegrafista”. “Cheguei ao convés instantes após a explosão do torpedo e tentei imediatamente socorrer esse companheiro, meu amigo particular, que me pedia que o levantasse. Não pude fazê-lo, entretanto, por ter ele sido atingido por forte pancada nos rins. Imploroume então que lhe desse um tiro de misericórdia, o que não fiz. O radiotelegrafista salvou-se da seguinte maneira: ele próprio virou a perna quebrada com a fratura exposta e amarrou-a à cintura com sua própria camisa, arrastando-se até cair na água, onde foi apanhado depois no meio dos destroços”. Em alguns momentos de sua narrativa o comandante parou de falar, emocionado, escorrendo lágrimas de seus olhos. Não escondia a grande emoção que sentia ao falar dos companheiros mortos e feridos. Após revelar que perdeu todos os seus bens que estavam a bordo, como também ocorreu com os demais passageiros e tripulantes, o comandante tomou providências tão logo chegou à terra para que os demais navios que estavam nas proximidades fossem avisados do ocorrido e da presença de um submarino alemão naquele trecho da costa. O comandante Antonio da Barra ficou levemente ferido nas mãos e nas pernas, mas foi medicado em seguida. Antes de despedir-se, ele fez questão de dizer que estava à disposição da companhia para embarcar novamente. E, demonstrando orgulho, disse uma última frase: “O Itapagé foi ao fundo do mar com a bandeira brasileira tremulando em seu mastro”. O naufrágio do “Itapagé” causou a morte de 18 dos 70 tripulantes, e de 4 dos 36 passageiros. Entre os mortos estão o imediato Erasmo Berges e o primeiro-piloto Cláudio da Silveira Cruz. O submarino inimigo que atacou o navio foi o U-161, sob comando do capitãotenente Albrecht Achilles, que na época tinha 29 anos. Em sua trajetória de terror pelos mares ele afundou ou destruiu 20 navios de variadas bandeiras, como norteamericanos, britânicos e canadenses. Achilles atuou no U-161 entre fevereiro de 1942 e setembro de 1943. No dia seguinte ao torpedeamento do “Itapagé”, uma patrulha aérea do esquadrão VP-74, da Marinha dos Estados Unidos, graças ao alerta feito pelo comandante brasileiro sobre sua presença naquela área, identificou o submarino alemão e lançou sobre ele uma carga de bombas de profundidade. O submarino explodiu, matando seus 52 tripulantes. Em 1945 o governo alemão, por ordem do ditador Adolf Hitler, reconheceu os atos de bravura do capitão Achilles, condecorandoo pós-morte com a patente de capitão-de-corveta.
Foto do banheiro do Itapagé Picture of Itapage's bathroom
After revealing that he had lost all his assets, which were on board, as happened with the remaining passengers and crewmembers, the Master took measures, as soon as he landed, so the other ships in the proximities received warning on the events and of the presence of an enemy German submarine within that coast area. Master Antonio da Barra was slightly injured, on his hands and legs, but received immediate medical care. Before leaving, he availed himself to the Company, to board again. In addition, proudly stated: “The Itapagé sunk with the Brazilian flag waving on her mast.” The sinking of the “Itapagé” resulted in the death of 18 from the 70 crewmembers. Among the dead were the mate, Mr. Erasmo Berges, and the first pilot, Mr. Cláudio da Silveira Cruz. The enemy submarine, which attacked the ship, was the U-161, under the command of the Master Mr. Albrecht Achilles, 29 years old at that time. During her terror voyages through the seas, she sunk 20 ships, of several nationalities, such as USA, UK, and Canadian. Achilles mastered the U-161 from February 1942 to September 1943. On the day that followed the bombing of the “Itapagé,” an aerial patrol of the VP-74 squad, from the US Marines, thanks to the warning by the Brazilian Master, identified the German submarine and shoot deep bombs. The submarine exploded, killing all 52 crewmembers. On 1945, the German Government, under the orders of Adolf Hitler, recognized the bravery acts of the Master Achilles, awarding him, post-mortem, with the lieutenant commander post.
www.culturasub.com
Naufrágios do Brasil
Shipwrecks in Brazil
Uma Cultura Submersa
A Submerged Culture
Um acervo inédito de imagens históricas e
An unpublished collection of historical and
subaquáticas.
underwater images.
Um documento sem igual que revela episódios reais e
A unique document that unfolds actual and surprising
surpreendentes sobre alguns dos principais naufrágios
events of the major ship wreckages along the Brazilian
ocorridos no litoral brasileiro. Casos importantes e
coastline. These are important and ample events,
abrangentes, protagonistas de páginas de grande
which made the first pages, with broad repercussion
repercussão e de comoção.
and commotion.
“Naufrágios do Brasil – Uma Cultura Submersa” é o
“Naufrágios do Brasil – Uma Cultura Submersa”
registro fiel de fatos que marcaram a história da
[Shipwrecks in Brazil - A submerged culture] is the
navegação marítima, em capítulos escritos com
faithful record of facts that marked the maritime
narrativa e rigor jornalísticos.
navigating, with journalistic narrative and rigor.
www.culturasub.com