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A DIFÍCIL E COMPLETA ARTE DE ATRAIR O INVESTIDOR Bruno Rosa, PRÉMIO
BRUNO ROSA*,
PRÉMIO
A DIFÍCIL E COMPLETA ARTE DE ATRAIR O INVESTIDOR
Muitos presidentes de empresas brasileiras vêm relatando a dificuldade de obter financiamento neste início de 2022 na Bolsa de Valores. Os juros em alta também estão na lista de reclamações. É por isso que, para não perder o ano e impulsionar seu plano de crescimento, muitas companhias começaram janeiro refazendo sua estratégia de negócios, criando uma espécie de plano B, reforçando os investimentos em inovação e tecnologia. O mês de janeiro, aliás, começou com muitas incertezas. O aparecimento da variante Ômicron elevou novamente os números de contaminações na Europa, Estados Unidos e países da América do Sul, como o Brasil. A tensão entre Ucrânia e Rússia tem pressionado cada vez mais o preço do petróleo, que já ensaia romper a barreira dos US$ 90. Há ainda uma sinalização de que os EUA iniciem um novo ciclo de aumento de juros, assim como já ocorre no Brasil. Se adicionar temas regionais, a lista aumenta. No Brasil, investidores e analistas mostram preocupação com as eleições para presidente em outubro. Assim, o próprio mercado já sabe que no segundo semestre do ano a chamada janela do mercado financeiro estará fechada para captações. Há duas semanas conversei com Filippe Savoia, CEO de uma das maiores redes de academia do Brasil, a Bluefit. Ele foi enfático. Sem o dinheiro do mercado de ações, a busca será elevar o número de franquias e investir em novos serviços. Para se ter uma ideia do desafiador ano de 2022, doze empresas já suspenderam os planos de abrir seu capital na Bolsa em janeiro. Será uma continuação do ano passado? Desde 2021, já são 70 operações de abertura de capital suspensas, segundo levantamento feito pelo head de renda variável da Ável Investimentos, Leonardo Schmitt. Ele me explicou que parte desse número reflete a queda da Bolsa de Valores do Brasil no ano passado, o que acabou por afetar as captações financeiras. A luz amarela acendeu quando a Petrobras anunciou que iria adiar a venda na Bolsa de suas ações na Braskem, a maior produtora de resinas termoplásticas nas Américas. É uma operação estimada em mais de 1,3 bilhão de euros. Aliás, seria. O risco é de que a oferta fique para 2023 por conta da instabilidade das eleições no Brasil. Mas esse ambiente incerto divide espaço com um Brasil que registou 45 aberturas de capital em 2021, um recorde que movimentou 10,6 bilhões de euros, informou a EY em relatório divulgado no fim de janeiro. Por isso, as companhias vêm apostando em mais inovação e tecnologia em seus produtos e ações de transparência corporativa para atrair a atenção não só dos consumidores, mas dos investidores. É dessa forma que os analistas apostam também em um cenário positivo e com muita liquidez até dezembro. Lembram que somente em janeiro de 2022 entraram no Brasil cerca de 3,3 bilhões de euros em recursos do exterior, um quinto de todo o ano passado, com inéditos 16,7 bilhões de euros. Muitas empresas brasileiras têm ainda buscado um caminho novo: captar investimento direto no exterior. A fintech NuBank, as empresas de soluções digitais CI&T, Zenvia e Vtex, além das gestoras Vinci Partners e Patria Investments, foram para a Bolsa dos Estados Unidos. A próxima a buscar o mercado internacional é a Americanas, uma das maiores varejistas do país. Apesar dos desafios da economia brasileira, o gestor de um grande fundo de ‘private equity’ resumiu esse complexo cenário de uma forma simples: há uma maior seletividade na hora de investir. E só as empresas com um bom plano de crescimento estruturado, diverso e transparente vão conseguir ser bem sucedidas. A conferir. l