ANO II | Nº 05 | FEVEREIRO - 2014 | R$10,00
PASSEIO PEDAGÓGICO PORTO DE SUAPE pág. 22
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FORMAÇÃO CONTINUADA pág. 37
REFERENCIAIS CURRICULARES ppág. 14
PSICOPEDAGOGIA pág. 42
TEATRO PARA TODOS pág. 46
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EXPEDIENTE
ÍNDICE
Direção
Luciana D’Emery
6 DIÁLOGOS 7 ENTREVISTA 8 EDITORIAL
Jornalistas Responsáveis
Diego Gouveia - DRT4063 Késia Souza - DRT3628
Marcos Bagno
Comissão Editorial
Diego Gouveia Edson Silva Luciana D’Emery Mariana D’Emery Silvana de Fátima Projeto Gráfico
COTIDIANO
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por HAMILTON WERNECK
REFERÊNCIAS CURRICULARES Inserir texto sobre a matéria aqui
MURAL DA EDUCAÇÃO SALA DE AULA
Diego Gouveia Luciana D’Emery
PAINEL
Supervisão Editorial
Curinga Comuniquê
PROJETO DIDÁTICO - COPA Inserir texto sobre a matéria aquI Inserir texto sobre a matéria aquI
Diego Gouveia
TEMPESTADE DE IDEIAS
diego@revistaacene.com.br
Júlia Veras
Késia Souza
PROFESSARE
29
Artigo
CALENDÁRIO
30
kesia@revistaacene.com.br
por EDSON SILVA
Humberto de Oliveira Lacerda de Holanda
PROJETO PEDAGÓGICO
Colunistas
Hamilton Werneck
hamilton@revistaacene.com.br
Colaboradores
Revisão
Diego Gouveia Mariana D’Emery Impressão
Gráfica JB
Fale conosco
contato@revistaacene.com.br www.revistaacene.com.br Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da Acene Para o Conhecimento, uma publicação bimestral.
A marca da gestão florestal responsável
PSICOPEDAGOGIA
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PSICOPEDAGOGIA
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PSICOLOGIA
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por NOME DO AUTOR ACENE CULTURAL
Mídias Digitais
CAPA - EDUCAÇÃO E AUTISMO
por NOME DO AUTOR
Jayse Antônio da Silva Ferreira Edson Silva Mariana D’Emery
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Inserir texto sobre a matéria aquI FORMAÇÃO CONTINUADA
fred@revistaacene.com.br
25
AGOSTO / SETEMBRO
contato@humbertolacerda.com.br
Fred Toscano
22
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julia@revistaacene.com.br
Edson Silva
18 20
PERFIL - TATIANE TRIGUEIRO
PASSEIO PEDAGÓGICO - SUAPE
Repórteres
edson@revistaacene.com.br
16
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TEATRO
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48 HORA DO LANCHE 50 MAIS CULTURA
por FRED TOSCANO
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EDITORIAL
EDITORIAL ACENE PARA O CONHECIMENTO
Nossa sétima edição foi contemplada com o momento festivo que é o encerramento da Copa do Mundo no Brasil. Por que nós brasileiros já nos consideramos vitoriosos? Porque mostrar ao mundo inteiro o que é ser brasileiro foi nossa maior conquista. Envolver e acolher os visitantes e poder apresentar nossas tradições de maneira espontânea fez parte do grande espetáculo, além de sermos protagonistas de novos significados para “Copa do Mundo”, que estão relacionados com ser solidário, alegre, e acolhedor. Por falar em ser solidário, acolhedor, apresentamos nossa reportagem de capa sobre Educação Especial com foco na inclusão escolar da crianças autistas. Você vai conhecer histórias de mães dedicadas à educação
dos seus filhos. E de educadores que exercem a verdadeira educação inclusiva. Na seção Painel, iniciamos uma série de reportagens sobre o Referencial Curricular da Educação Básica. Suape, com as novas perspectivas de emprego e crescimento econômico para Pernambuco, também pode ser um espaço pedagógico. Apresentamos esse espaço na dica de passeio pedagógico. O tema é reforçado com um primoroso encarte na Tempestade de Ideias. Baseado nas ideias de Cesar Cool de que a educação no mundo passará por três mudanças radicais, sendo uma delas a transformação no modelo de ensino, com novas formas de construir conhecimentos além dos muros da escola, vivenciamos em
Equipe Acene em visita à Arena Pernambuco – Eduardo Cunha (fotógrafo), Thiago Vasconcelos (assessor de imprensa da Arena), Luciana D’Emery (diretora) e Diego Gouveia (repórter e editor)
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Belém de Maria, em Pernambuco, o Projeto Roda de Leitura, que mostra esse novo modelo na prática. Na Formação Continuada, vamos falar sobre Psicopedagogia. E na Acene Cultural, temos uma matéria sobre o Teatro com áudio descrição e as possibilidades para descobrir talentos e inovar com criatividade. A seção dicas de livros, filmes, teatros e shows volta com excelentes novidades. Agora é ler para perceber a gama de bons valores que a Revista Acene Para o Conhecimento agrega a sua vida. Desejo a todos uma excelente leitura! Luciana D'Emery
Diretora Executiva luciana@revistaacene.com.br
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FRASES
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“Há o infinitamente grande do cosmos, o infinitamente pequeno do microcosmos e o infinitamente complexo da mente e o infinitamente profundo do coração humano”.
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Leonardo Boff, no livro O Despertar da Águia.
“Só temos o mundo que criamos com o outro; só o amor nos permite criar esse mundo comum”.
Humberto Maturana e Francisco Varella, no livro A Árvore do Conhecimento.
“Devemos perguntar a nós mesmos: a serviço do que exatamente estamos usando quaisquer que sejam nossos talentos? Se nosso foco serve apenas para nossos objetivos pessoais – interesse próprio, recompensa imediata e o nosso pequeno grupo – no longo prazo, como espécie, todos nós estamos condenados”.
Daniel Goleman, no livro Foco.
“[…] Às vezes, um livro enche você de um estranho fervor religioso, e você se convence de que esse mundo despedaçado só vai se tornar inteiro de novo a menos que, até que, todos os seres humanos o leiam…”.
John Green, no bestseller A Culpa é das Estrelas.
Mário Quintana
"Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas." Uma célebre frase de um grande poeta brasileiro nos faz refletir sobre a leitura. Seja exemplo para uma criança e leia, a presentei com livros, estimule a leitura em casa e na escola. Que a semana comece com boas leituras e bons exemplos é o que deseja a equipe da Revista Acene para o Conhecimento! Elizângela Neves
Exatamente!
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Emília Ferreiro, psicolinguista.
Nietzsche, filósofo alemão (1844 – 1900).
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“...por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que olham, dos ouvidos que escutam, há uma criança que pensa" “No caso do indivíduo, a tarefa da educação é a seguinte: torná-lo tão firme e seguro que, como um todo, ele já não possa ser desviado de sua rota.”
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ENTREVISTA
EDUCAÇÃO PARA O AUTOCONHECIMENTO E A CULTURA DE PAZ
Educadores do Instituto Caminho do Meio inovam a educação em iniciativa no interior do Rio Grande do Sul POR Júlia Veras
Com que objetivo educamos uma criança? Que caminhos elas são orientadas a seguir no futuro? Fazer perguntas, como bem nos disse o professor de português José Pacheco, criador da escola da Ponte, é o primeiro passo para a renovação. Para esse questionamento, a resposta é (quase) sempre a mesma: para que ela se torne um bom profissional, para que tenha mais oportunidades, para que possa alçar melhores condições financeiras. Sim, argumentos indiscutíveis, mas que são tão importantes quanto a educação para o autoconhecimento e a cultura de paz, de acordo com a visão do presidente do Centro de Estudos Budistas Bodisatva (CEBB), Lama Padma Samten e seus alunos. Juntos, eles criaram, em 2002, no município de Viamão, Rio Grande do Sul, o Instituto Caminho do Meio, uma instituição que declara sua certeza de que a escola deve ser espaço de conhecimento de si mesmo e compreensão do outro. Como explica uma das coordenadoras, não há uma noção de aula, propriamente, mas sim de cotidiano compartilhado, no qual o planejamento dos professores inclui todas as etapas do dia. Alunos e professores meditam, fazem preces de agradecimento, têm atividades ao ar livre, e, como o nome da instituição sugere, buscam encontrar o equilíbrio áureo entre a autossatisfação, os sentimentos e o conteúdo formal. Assim como a estrutura da escola, a ideia é que essa entrevista seja democrática e colaborativa. Por isso, vocês saberão mais sobre a experiência por meio das respostas de uma mandala de educadores: Vanessa Krauskopf, coordenadora pedagógica; Carolina Senna, professora do ensino fundamental; Tatiana Klein, professora da educação infantil, e Monica Rocha, coordenadora administrativa e psicóloga.
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Foto: Eduardo Cunha / Curinga Comuniquê
ENTREVISTA
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Como surgiu a iniciativa de criar o instituto que é o mantenedor da escola e a escola? Vanessa - O Instituto Caminho do Meio, associação sem fins lucrativos, surgiu da percepção de que somos completamente dependentes do mundo vivo ao nosso redor e também do mundo material. Quando vemos o quanto precisamos dos outros, começa a surgir a noção de interdependência, ou seja, de que somos inseparáveis. Para preservar nossas vidas, precisamos preservar as vidas dos demais seres. Tudo o que fizermos para o mundo vai produzir resultados sobre nós; se agirmos de forma correta, obteremos resultados positivos; se agirmos de forma negativa, vamos colher resultados negativos. Tem-se por prática habitual tomar o treinamento em habilidades para a
geração de renda como solução para a vida. Essa ação é muito útil e importante, mas considerar a geração de renda como um objetivo em si é um engano. Isso apenas mantém o processo atual que nos coloca na dependência das situações externas e não nos traz felicidade. O Instituto Caminho do Meio foi constituído juridicamente no ano de 2008 por iniciativa do Lama Padma Samten, presidente do Centro de Estudos Budistas Bodisatva (CEBB), e seus alunos como suporte às atividades de cultura de paz desenvolvidas desde 2002. Quem são os alunos de vocês? Quantas crianças existem hoje na escola, quantos professores trabalham nela? Onde funciona e como funciona ? Monica - A Escola vem crescendo
desde sua fundação e hoje temos onze professores, distribuídos entre Maternal, Jardim e Fundamental. Além deles, contamos com especialistas como professores de agroecologia, trabalhos manuais, com fios e linhas, música, yoga. Todo esse trabalho é voltado para 50 crianças, filhos de moradores do CEBB, crianças do Castelinho, comunidade localizada ao lado do centro de dharma, com necessidades muitas vezes básicas e sem condições de contribuir para o funcionamento da escola, assim como famílias da própria cidade de Viamão (RS), em que o CEBB está localizado. Há também famílias que vêm de Porto Alegre trazer seus filhos para um ambiente que seja favorável à introdução não apenas de conteúdos, mas também e principalmente que valoriza a formação e educação de cidadãos para um mundo melhor para 9
ENTREVISTA
todos. Atualmente, funcionamos turno integral. A maioria das crianças chega às 8h e sai às 18h. Sendo assim, oferecemos quatro refeições diárias: desjejum, almoço, lanche e sopa. Na visão de vocês, quais as características da escola? Quais os diferenciais em relação às escolas tidas como tradicionais? Carolina - A Escola Caminho do Meio tem como diferencial principal o olhar para o mundo interno, com base na tradição contemplativa milenar que é o budismo. Não se trata de uma abordagem religiosa e sim de uma prática de investigação direta do próprio mundo interno, em primeira pessoa. De forma geral, nas escolas, aprendemos essencialmente sobre o mundo externo, e não nos damos conta de que o mundo interno, ou seja, a posição da mente ao olharmos fora influencia diretamente a experiência de mundo que temos e que parece externa. Essa percepção de que o mundo interno afeta nossa maneira de ver os fenômenos em volta não se opõe a uma abordagem tradicional, mas apenas acrescenta dimensões ao processo educativo. Na nossa escola, essa abordagem precisa ser praticada pelos professores e é gradativamente introduzida no currículo também para as crianças, por meio do exemplo dos próprios adultos, graças ao enfoque na qualidade das relações interpessoais, pela promoção de habilidades emocionais e também por práticas meditativas e contemplativas. Como foi organizar a proposta pedagógica da escola mixando valores humanos e as determinações do MEC? Vanessa - As determinações do MEC são amplas e permitem que cada escola realmente construa um currículo que responda a uma necessidade e sonho da comunidade local. As orientações apontam para uma proposta integrada e com diversas possibilidades de trabalho com valores humanos. O projeto pedagógico da escola segue aberto e em construção, trazendo vivo o convite e a necessidade 10
atual de se olhar para o significado da vida, para as emoções e para as habilidades em lidar com situações desafiadoras de forma criativa. Para isso, inevitavelmente, é preciso oferecer uma educação que possibilite e semeie relações positivas consigo, com o outro, com o meio e com as autoridades.
Inserir texto de olho aqui neste espaço reservado para um textinho de olho. Qual o grau de engajamento de pais e comunidade na instituição? Monica - Contamos cada vez mais com a participação das famílias não apenas com presenças nas reuniões que tratem do cotidiano de seus filhos na escola, mas também por meio do que hoje chamamos Mandala das Famílias. Em parceria conosco, coordenadores da escola, eles podem pensar espaços, alimentar o projeto pedagógico, sonhar avanços e projetos, gerando esse sentimento de que a escola é construída por todos e que todos somos responsáveis pela manutenção desse sonho que hoje, com seis anos, aspira longa vida para benefício de muitos seres, inclusive expansão para além do Estado do Rio Grande do Sul! De que forma as aulas são ministradas?
Quais os diferenciais dos conteúdos ministrados nas escolas tradicionais? Carolina - Buscamos promover uma abordagem integral e que respeite o processo de desenvolvimento da criança. Na educação infantil, vamos trabalhar essencialmente o oferecimento de um ambiente e um cotidiano nos quais as qualidades das crianças possam aflorar de maneira significativa. Não há uma noção de aula, propriamente, mas sim de cotidiano compartilhado, no qual o planejamento dos professores inclui todas as etapas do dia, desde a higiene pessoal e alimentação até momentos de cantigas, jogos e momentos artísticos e criativos, dentro de um cotidiano atravessado por um grande tema bimestral no qual está em destaque uma das cinco sabedorias que estruturam o planejamento anual da escola. As estações do ano e os ciclos culturais brasileiros também são considerados na estruturação desse cotidiano pedagógico, e o aprendizado é promovido a partir das experiências vividas em conjunto. E no ensino fundamental? Carolina - A noção de planejamento integrado com as cinco sabedorias, ciclos naturais e culturais permanece articulado com um currículo que procura equilibrar aspectos acadêmicos, artísticos e práticos. As aulas são ministradas de forma a suscitar na criança o desenvolvimento de habilidades não apenas intelectuais, mas também artísticas e práticas. Procuramos educar a criança como um todo, incluindo seu corpo, mãos e coração. Assim, as aulas são sempre abertas com canções e versos que nos inspiram a agradecer a cada dia pelo sol que permanece ali e voltou a brilhar em um novo dia. Procuramos lembrar de forma muito simples e direta que o mundo pode ser esse lugar que nos inspira forte gratidão e alegria. Em seguida, buscamos implicar diretamente o corpo das crianças, por meio de brincadeiras, movimento, recitações, pequenos teatros ou jogos relacionados ao tema que estivermos tratando. Quando vamos abordar o
ENTREVISTA
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tema de forma mais propriamente conceitual, buscamos ter experimentado aquele conhecimento de maneira prática ou artística anteriormente para que o aprendizado se torne vivo. Em todas as séries, incluímos no currículo atividades artísticas de maneira permanente, como a música, o desenho e os trabalhos manuais (com fios e linhas) e buscamos aproveitar o amplo espaço verde ao redor, que é um dos maiores privilégios da escola. Essa abordagem tem por base a noção de que a cultura de paz não é ensinada por discurso, mas se constitui com base em uma experiência direta de que o mundo é um lugar no qual essencialmente a compaixão sustenta a vida, no qual a interdependência é um dado que nos faz perceber de forma natural que benefícios amplos, inclusivos, são aqueles que trazem a felicidade mais duradoura, ao passo que benefícios estreitos, restritos, ao custo do prejuízo de outros, tendem a ser vantagens curtas e igualmente restritas. Essas são compreensões que precisam advir da observação e da experiência e não do discurso. O processo educativo deveria favorecer circunstâncias nas quais essa observação abrangente fosse de fato possível. Quais as vantagens desse modelo de escola em que se trabalha a cultura de paz? Que projeto de futuro ela ajuda a construir? Tatiana - A educação em cultura de paz - método para despertar e focar qualidades positivas naturalmente presentes em cada ser humano, para que seja possível estabelecer melhores relações consigo, com o outro, com a sociedade e com as autoridades - pode nos trazer o equilíbrio dentro do contexto em que vivemos, ajudando-nos a perceber mais profundamente as realidades e liberdades presentes em cada papel em que atuamos. Vanessa - Ao exercitarmos desde pequenos o olhar interno e dar-nos conta da interdependência entre tudo e todos, construímos um futuro mais respeitoso, mais compassivo, mais generoso, mais abundante e certamente Foto: divulgação
mais feliz. Quais projetos existem na escola? Vanessa - O plano anual articula aspectos pedagógicos, ciclos, estações do ano, elementos da natureza, e as cinco sabedorias. Dessa forma, nossos projetos bimestrais têm um eixo comum para os variados grupos de crianças de toda a escola. Esses projetos, por aspirarmos que sejam vivos, buscam partir do exercício constante das cinco sabedorias e da observação atenta da natureza ao redor. Dessa forma, favorecemos a ampliação do conhecimento de si, do outro e do mundo, e o desenvolvimento de habilidades artísticas, motoras, comunicativas, sociais, cognitivas, em harmonia com esses temas cheios de significado ao longo do ano. Como funciona a avaliação na escola? Carolina - A avaliação na escola é permanente e inclui a autoavaliação da equipe, bem como o acompanhamento dos progressos das crianças. Não trabalhamos com provas nem notas, mas nos valemos da observação cuidadosa dos educadores, que produzem periodicamente relatos
qualitativos dos processos de aprendizado e desenvolvimento de cada criança, a serem compartilhados com as famílias. Além dos relatos escritos pelos educadores, os próprios trabalhos das crianças funcionam como forma de documentar e registrar suas conquistas e seu desenvolvimento ao longo do tempo na escola. Muito se questiona sobre a utilização de religiões nas práticas educativas. Como vocês lidam com isso? Tatiana - Não partimos do aspecto religioso, ainda que nos referenciemos no budismo, fazemos isso nos refugiando na lucidez, ou seja, sem nos prendermos ao aspecto religioso. Ainda que tenhamos meditação, preces de manhã e dedicação à tarde, o aspecto religioso se encerra aí, e mesmo isso é visto como meio hábil. Compreendemos que o cerne da sabedoria está no coração, está dentro, não em artifícios externos. O processo da espiritualidade é a própria lucidez. A espiritualidade não é assim: nós vamos formar uma realidade artificial chamada budismo e nos fixar naquilo. Não se trata disso. Na escola, nos beneficiamos da sabedoria presente 11
ENTREVISTA
no budismo para ter condições, essencialmente, de ampliar a visão.
rodas as posturas integradas aos projetos em andamento.
Quais os desafios da educação infantil para os próximos anos? Como a escola contribui para melhoria da educação? Tatiana - É um desafio para os próximos anos que ela não atenda somente a uma demanda da sociedade atual, que é marcada por uma terceirização da infância. O grande espaço de socialização das crianças, em geral, é a escola, e não mais as redes, a comunidade e a família. O desafio é se reconectar com essas instâncias e se colocar num lugar propositivo: a escola como um dos espaços de socialização, considerando a importância de todos os outros. A escola se propõe a gerar ações transformadoras que inclui a cultura de paz na sua relação com as comunidades, unidades de ensino e empresas, localizando sonhos ou aspirações positivas, potencializando as lideranças já presentes e melhorando suas relações.
Existe formação continuada dos professores? Vi que eles buscam uma preparação também por meio da meditação e achei muito interessante. Vanessa - Sim, a formação continuada existe desde que a escola surgiu, em 2008. Ela está vinculada à proposta pedagógica diferenciada da própria escola, que integra a sabedoria milenar presente na tradição budista – com destaque às cinco sabedorias dos bodisatvas –, aos saberes e competências escolares, acompanhando as propostas oficiais do Ministério da Educação e adotando o modelo de projetos pedagógicos como costura entre as atividades, focando o aprendizado de maneira interdisciplinar e priorizando a vivência e o desenvolvimento de capacidades e habilidades. O fato de a Escola Caminho do Meio ter uma proposta pedagógica diferenciada e em permanente construção requer um processo de formação continuada que também considera a prática de meditação como um dos principais meios hábeis para o treino de presença a fim de viabilizar a concretização de tal proposta e construir uma coerência entre visão e ação dentro da escola.
Como vocês utilizam práticas como a meditação e a yoga no dia a dia das crianças? Tatiana - Na educação infantil, oferecemos trabalhos de foco, atenção plena, brincadeiras que possibilitem o treino da presença, mas também já oferecemos a prática mais conhecida de meditação: sentado, em lótus e as crianças se envolvem com alegria. A yoga, atualmente, é oferecida para os professores para que cada um traga, no cotidiano, por meio das brincadeiras, rodas rítmicas e posturas, as qualidades dessa prática. Vanessa - No ensino fundamental, as crianças conhecem ou têm mais intimidade com essa práticas. Realizamos momentos de meditação como ritual importante e diário. Ao longo do tempo, podemos ver que as próprias crianças recorrerem a essa prática para lidar com acontecimentos cotidianos. A yoga, assim como na educação infantil, nesse momento é oferecida aos professores para que eles ofereçam em suas 12
A escola é paga? Como o instituto se mantém? É possível ajudá-lo de alguma forma? Monica - Como nosso público é muito diversificado, nem todos podem, conseguem arcar com o valor proposto pela Escola para sua sustentação. Assim, contamos com colaborações financeiras espontâneas que podem ser depositadas diretamente na conta da escola (Banco do Brasil, Agência 0628-9; C/C 33.003-5 - Instituto Caminho do Meio), e também, por meio do imposto de renda. O link aqui indicado explica a forma de fazê-lo caso a proposta da Escola seja algo que faça sentido para sua rede de crenças e valores! http://bit.ly/apoioir.
SAIBA MAIS: Uma breve explicação sobre as cinco sabedorias, que é o fio condutor da nossa visão para a Pedagogia da Mandala: Sabedoria do Espelho (cor: azul): A sabedoria do espelho nos permite oferecer aquilo que faz sentido dentro do mundo do outro, aquilo que ele é capaz de entender. Esta sabedoria nos permite acolher o outro onde quer que ele esteja e nos permite a compreensão de que o mundo que vemos ao nosso redor é o mundo que reflete nossa mente. Sabedoria
da
Equanimidade
(cor:
amarelo). Esta compreensão faz nascer um interesse genuíno em mover-se na direção do outro, amparando, promovendo qualidades positivas. No contexto da prática educativa, incrementamos as qualidades positivas que permitem um crescimento dentro do contexto das aprendizagens que demandam cada etapa. Sabedoria Discriminativa (cor: vermelho): Tem por base a lucidez e a serenidade. No contexto da prática educativa, constitui o eixo de compreensão que nos permite diagnosticar obstáculos, orientar e prescrever métodos. Sabedoria da Causalidade (cor: verde): Sabedoria que brota da adversidade das circunstâncias. No contexto da prática educativa, permite que avancemos além das sensações de ganho ou perda, vantagem ou desvantagem, nossa e dos outros. Permite que possamos dissolver obstáculos
e
negatividades,
ou
integrá-las, para que as aprendizagens sejam significativas e positivas. Sabedoria de Darmata (cor: branco): Permite-nos
não
dar
concretude
demasiada às situações e fenômenos, ou ao que quer que esteja nos afetando, permitindo o acesso à região de lucidez, coragem, estabilidade, criatividade e segurança, interna em cada um.
COTIDIANO | Hamilton Werneck
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A MANIFESTAÇÃO LÍQUIDA
Prof. Hamilton Werneck é pedagogo, escritor e palestrante. hamilton@revistaacene.com.br
Seria bom voltarmos a ler Zigmunt Baumann, em Vida Líquida. O mundo está assim, é fluido, ninguém sabe quem lidera, no entanto, eles devem existir. São líderes virtuais. E, como a classe média, a que mais paga imposto, embora como os demais brasileiros não veja muito retorno, é a que está mais presente nas redes sociais. Isso pode ser constatado pelos óculos escuros de grife usados pelos manifestantes, pelas roupas e pelos tênis de marca. Parece claro que tudo está além dos centavos acrescidos às passagens de ônibus. As questões de inflação, corrupção e, sobretudo, inércia dos governantes já vêm dizendo há algum tempo que esse modelo está esgotado. Parece-me, também, que os políticos estão na retaguarda esperando entender melhor as manifestações, temendo aparecer e serem por elas “queimados” em suas pretensões. Não é fora da história esse tipo de massa que vai às ruas e ela tem o mesmo perfil: adolescentes e jovens universitários ou secundaristas, com origem na classe média e que sentem perder alguns privilégios ou deixar de obter outros. Numa segunda fase, outros movimentos poderão entrar. É típico dessa classe não
Foto: Ademar Filho / SEE-PE
querer aparecer como sendo política, no entanto, ao sair às ruas estão fazendo política. Se os governantes não derem uma resposta convincente, se o Supremo Tribunal Federal não encerrar o julgamento do “mensalão”, se não conseguirem controlar a inflação e fazer voltar ao Brasil que era há, pelo menos, três anos, é imprevisível o que surgirá das manifestações. Baixar as passagens não as mandará para casa porque os governantes atacaram o pretexto, não o cerne da doença. A diferença fundamental dessas passeatas de protesto em relação às anteriores é que os manifestantes estão apontando, claramente, que eles não pactuam com baderneiros, dizendo que entendem perfeitamente que até os governantes podem infiltrar nesses movimentos de rua alguns baderneiros para desmoralizar aquilo que os atinge. Essa massa é mais inteligente que a de outras épocas, muito menos alienada que em outras ocasiões, porém, virtualmente comandada, como sempre ocorreu. São mais instruídos, creio que sim; destituídos de valores e alguns com características de “monstros treinados” também! É nesse ponto que a educação precisa ser revista.
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PAINEL
PARÂMETROS CURRICULARES NORTEIAM ENSINO DE LÍNGUAS E ARTES A partir desta edição, o leitor vai conferir uma série de reportagens sobre os parâmetros curriculares da educação básica A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) do Ministério da Educação (MEC) determina que o currículo da Educação Básica no Brasil deve ter uma base nacional comum e, diante disso, ser acrescida de outros conteúdos construídos a partir da realidade de cada estado. O MEC recomenda que as escolas de todo o país devem seguir o que está previsto nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), feitas pelo Conselho Nacional de Educação. As instituições de ensino também devem se guiar pelo que é definido em instâncias estaduais e municipais, no caso os Parâmetros Curriculares estaduais. Os documentos do MEC, como Parâmetros Curriculares Nacionais(PCNs) e os Referenciais Curriculares Nacionais (RCNs), podem servir como orientadores das escolas. E é sobre este assunto que, a partir desta edição, a Revista Acene para o Conhecimento inicia uma série especial de reportagens. Vamos tratar dos parâmetros curriculares de todas as disciplinas da educação básica, falando sobre o que é ensinado nas salas de aula de Pernambuco. A Secretaria de Educação do Estado 14
(SEE) concluiu este ano a implantação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para toda a rede de ensino. Ao todo, foram três anos de elaboração, estudos e implementação. Um trabalho que envolveu especialistas, gerentes de Educação, comunidade acadêmica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e a Universidade de Pernambuco (UPE), comunidade escolar (professores, coordenadores). Começamos, nesta edição,
Inserir texto de olho aqui neste espaço reservado para texto aqui.
abordando as disciplinas de Língua Portuguesa, Língua Estrangeira e Artes. “Todos os nossos parâmetros estaduais estão em conformidade primeiro com relação à determinação do MEC. As propostas de conteúdo foram adaptadas a nossa realidade e também estão em conformidade com o que as correntes atuais de educação defendem. O que já existia na rede era uma Base Curricular Comum, que foi reformulada para a implantação dos parâmetros. Além disso, o nosso currículo hoje é mais voltado para a realidade sociocultural. O que fizemos foi atrelar os conteúdos aos vários contextos em que ele atua. Agora, não é mais o conteúdo pelo conteúdo simplesmente. Ele precisa entender como se dá o processo da língua, das influências na sua cidade, na sua cultura”, explicou o assessor pedagógico da Secretaria Executiva do Desenvolvimento da Educação, Luciano Freitas, que participou da elaboração dos parâmetros. Para o especialista em Educação, Marcos Cordiolli, que é autor do livro “Currículo Escolar: Teorias e Práticas”, quem está orientando a construção dos
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currículos hoje no Brasil é o Sistema Nacional de Avaliação, que é composto principalmente pelas avaliações da Prova Brasil e Exame Nacional (Enem). “A primeira prova é aplicada no 5º e no 9º ano do fundamental e mede a qualidade das escolas públicas de todo o País. Já o Enem vem substituindo os vestibulares de universidades federais. E é justamente o ensino superior que também motiva debates sobre mudanças no currículo da educação básica”, lembrou. O treinamento da rede estadual sobre os novos parâmetros foi feita ao longo dos períodos de formação, que são realizados ao longo do ano. Todas as formações planejadas nesses três anos de implantação foram feitas com conteúdos dos parâmetros. A primeira delas no início do ano letivo. O segundo momento é realizado logo após o recesso do meio ano. A SEE produziu três volumes dos parâmetros para cada área. Um dos volumes são os documentos para fins de consultas, estudos e planejamento escolar. No outro, estão os conteúdos para o bimestre. Nele, são disponibiliza-
dos os conteúdos a serem trabalhados nos componentes curriculares de Língua Portuguesa e Matemática, referentes ao Ensino Fundamental e Médio. Já os Parâmetros Curriculares na Sala de Aula são documentos que se articulam com os Parâmetros Curriculares do Estado, possibilitando ao professor conhecer e analisar propostas de atividades que possam contribuir com sua prática docente no Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos. Essas propostas poderão ser exploradas em todos os componentes curriculares da Educação Básica. Todos os documentos estão disponíveis online no site da Secretaria Estadual de Educação. Para a Língua Portuguesa, de acordo com Luciano Freitas, o maior objetivo foi, justamente, a quebra da língua distante, homogênea. Foram levadas em consideração as diferenças culturais e as variações linguísticas, que, mesmo sendo dentro de um estado, apresentam tantas nuances diferentes. “Nos Parâmetros da Língua Portuguesa, constam aspectos para além da gramática propriamente dita. Apresentamos
nos documentos uma gramática que faça sentido no dia a dia daquele falante, daquele escritor. Levamos em consideração também as novas tecnologias, o que influenciou bastante na elaboração. Respeitamos as diversidades regionais. Neles, trabalhamos também uma gama de gêneros regionais, que explicitam as identidades de um povo”, explicou o assessor pedagógico. Nos mesmo moldes, seguem os Parâmetros de Língua Estrangeira. “Eles partem da mesma concepção da Língua Portuguesa, que são as concepções sociointeracionistas, ou seja, você conceber o ensino de uma outra língua não somente para compreender o estrangeiro e sim para saber usar a língua estrangeira para o seu cotidiano. E também para ter condições de ser um falante em um aspecto sociocultural.” Já os Parâmetros de Artes levou em conta o princípio sociocultural. “Nesse documento, o ensino da arte é mostrado mais como um campo do saber, do que somente uma questão cultural. É um instrumento político para estimular a criticidade do estudante”, ressaltou Luciano Freitas.
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PAINEL
MURAL MURA DA E PRONATEC 2.0
rá nacionalmente a matrículas e organiza esAc de l na cio Na ma fissional. O Pronatec A partir de 2015, o Progra trajetória de formação pro c) ate on (Pr go pre e Em governo federal com o so ao Ensino Técnico foi criado em 2011 pelo sos cur 0 22 em as vag oferta de cursos de oferecerá 12 milhões de objetivo de ampliar a de sos cur 6 64 em e tecnológica. O governo técnicos de nível médio educação profissional e em das cia un an am s for al R$ 14 bilhões até o qualificação. As novidade federal investe na fase atu A . eff uss Ro a lm Di lhões de matrículas do junho pela presidenta final de 2014. Das 7,5 mi es lhõ mi 7,5 a iliz tab con 8 milhões foram de primeira fase do projeto primeiro Pronatec, 5,2 rta ofe a ará pli am 2.0 m negros (68%). Além de matrículas. O Pronatec alunos que se autodeclara e ora ded en pre em ção udantes são mulheres de cursos voltados à forma disso, 60% de todos os est da un seg A . ios sár empre de entre 15 e 20 anos. à gestão para pequenos e 67% são alunos com ida das são an exp à etapa dará continuidade
CINEMA NACIONAL NAS ESCOLA
S
Escolas de todos o País deverão exib ir pelo menos duas horas por mês de filmes produzidos no Brasil. A iniciativa foi publicada no dia 27 de junho no Diário Oficial da União. A lei modifica o texto das diretrizes básicas da educação do país (Lei 9.394), para incluir a exibição dos filmes naciona is como componente curricular complementar integrado à proposta pedagóg ica das escolas.
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PAINEL
AÇÃO EDUCAÇÃO AVANÇOS CO
M O NOVO AC
ORDO ORTOG
RÁFICO Informações da Comissão Nac ional para o Instituto Intern acional da Lín um tratado m ultilateral dest gua Portuguesa (IILP) mostram inado a unifica uso do idioma avanços do Bra r o português nos sil na implantação do acor pa íses da CPLP. O do ortográfico do cu m en to . fo De acordo co i assinado em informações do m dezembro de 19 documento, o A por represen 90 cordo Ortográftantes de ico da Língua Po Angola, Bra rtuguesa, destin Cabo-Verde, si l, ado a unificar a Guiné-Bissau, ortografia entr e os membros Moçambique, Portugal e São da Tomé e Príncip dos Países de Comunidade Língua Portug e. Em setembr de 2009, houve uesa (CPLP), o a quase 100% im adesão oficial do está plantado no Bra A Timor Leste. o de st ac ar qu si l e tem avançae no Brasil o ac do nos demais ordo está quas países. O proc 100% implanta e esso também es do em fase adiantad , ele salientou qu tá a em Portugal. e o Programa N ac io na l do E L m Cabo Verde, ivro Didático a implantação (PNLD) inco começa este an porou os ajus ro. Em Moçam tes ortográfico bique, o Conse s do acordo sem lho de Ministr ne nh um pr ob os le ma. A imprensa recomendou a ratificação do ac brasileira passou ordo para que po a adotar a nova ssa ser implanortografia em ja tado. Os demai s países estão em neiro de 2009 as editoras, a e vias de adotá-lo publicar os liv O Acordo Ort . novas norm ros conforme ográfico da Lín as as estabelecida gua Portuguesa s. é
MELHORA NO DESEMPENHO Formação Com a divulgação da pesquisa do InstituContinuada de Professores no Brasil, Consulting to Ayrton Senna e do Boston de profesGroup, ficou claro que a formação mpenho sores é essencial para melhorar o dese do, que dos alunos. De acordo com o estu ados cion apresenta desafios e oportunidades rela sil, Bra no à formação continuada de docentes napre res estudantes expostos a bons professo riam nde dem de 47% a 70% a mais do que apre nóstico da em média em um ano escolar. O diag ntamentos pesquisa está de acordo com os leva o estudo do Ministério da Educação. Para no Brasil, Formação Continuada de Professores o, 2.732 foram entrevistados, por meio eletrônic rvisupe o, pessoas entre secretários de Educaçã decoor sores de ensino, diretores de escolas, emnov e nadores pedagógicos e professores entr bro de 2012 e março de 2013.
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SALA DE AULA
“EU QUERO FAZER A REVOLUÇÃO” Mudar o mundo pode parecer impossível, mas se tornou exercício diário para a professora de História Tatiane Trigueiro POR Diego Gouveia
Com muito trabalho, a professora Tatiane Trigueiro realiza todo dia um pouco do sonho que tem desde a juventude: mudar o mundo. Quando decidiu cursar História, a jovem imaginava que seria possível transformar a realidade do País em que vive e de outras nações. Os anos se passaram e ela percebeu que contribuir para mudar o curso da história da humanidade a partir de gestos simples, mas bastante importantes, demandaria muito esforço, recompensado com excelentes resultados. Ainda na época em que percorria os corredores do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Pernambuco, deparou-se com uma grande possibilidade de promover transformações. No estágio docência, encarou o desafio de ministrar aulas para alunos de uma escola pública do bairro da Iputinga, no Recife. “Quando vi que era difícil 18
mudar a vida dos alunos somente com minhas ações em sala de aula, decidi fazer mestrado para formar professores. Era preciso mostrar aos professores que eles poderiam ir além e, dessa forma, reconfigurava o dia a dia de professores e, consequentemente, estudantes”, comenta. Como mestre, Tatiane Trigueiro formou educadores de Letras, Pedagogia e História. Atualmente, a professora se dedica à educação básica. “Sinto como se tivesse cumprido parte da minha missão na formação de professores e percebo que o melhor lugar para se fazer a revolução é nas salas de aula do ensino fundamental e médio”, avalia. Tatiane é professora de História da Colégio Equipe e Saber Viver. Mais uma demonstração de esforço em mudar a história será experimentada, neste mês, quando participará da sexta edição da Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB) com
um grupo de alunos do Equipe. Composta por seis etapas, o grupo liderado pela professora se encaminha para a última fase – uma prova escrita – respondida no campus da Universidade Estadual de Campinas, em São Paulo. Realizada pela primeira vez em 2009, a Olimpíada Nacional em História do Brasil tem atraído a participação de alunos e professores de todo o País. Criada pelo Departamento de História da Unicamp, a iniciativa firmou-se no cenário educacional como uma proposta inovadora de estudo consistente de História. O formato da Olimpíada é diferente de outras já conhecidas. Participam equipes compostas por quatro pessoas, sendo três estudantes (oitavo e nono anos do ensino fundamental e qualquer ano do ensino médio) e o professor de história do colégio. As cinco fases online duram uma semana cada uma, e as respostas são obtidas pelos partici-
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pantes por meio do debate com os colegas de equipe e a pesquisa em livros, internet e com os professores. A equipe liderada por Tatiane é formada pelos alunos Beatriz, Tiago e Lucas, do primeiro ano do ensino médio. “Na verdade, inicialmente, a escola entrou com dez grupos. Dois deles participarão da fase final. O interessante da Olimpíada é que ela leva o aluno a se interessar pela pesquisa. Na etapa online, as questões são objetivas. São quatro assertivas, sendo uma incorreta e às demais são atribuídas pontuações que variam da menos à mais completa. Um trabalho que envolveu bastante o meu grupo foi quando precisamos entrevistar pessoas que tinham vivido durante a Ditadura Militar. Os meninos se engajaram bastante e recebemos um retorno bastante positivo das
equipes que avaliaram os nossos trabalhos”, complementa. Com viagem marcada, o quarteto parte para a última fase. Nela, 1200 finalistas vão à Unicamp para realizar uma prova dissertativa. O resultado e a entrega de medalhas são aguardados com ansiedade por todos. No dia 17 de agosto, há uma solenidade com apresentação dos resultados. A Revista Acene vai acompanhar e conta para os leitores o resultado da Olimpíada na próxima edição. No final das contas, todos já são vencedores, especialmente Tatiane Trigueiro, que se debruça sobre o desafio de estudar a história do Brasil por meio de textos, documentos, imagens e mapas, impactando, mais uma vez, vidas por onde passa. “É um trabalho de formiguinha que acaba trazendo bons resultados”, finaliza. 19
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A HERANÇA DA COPA DO MUNDO Escola de Tamandaré ganhou concurso da Revista Acene de projeto didático com foco na Copa do Mundo
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A Copa do Mundo de 2014 trouxe muitos ensinamentos para o Brasil como um todo. Fora a derrota da seleção brasileira, o saldo do Copa foi bastante positivo. A população pôde conhecer novas culturas, costumes, falar novas línguas. A economia ganhou bastante com a realização do mundial no Brasil. E a Educação também. Grande parte das escolas de todo o Brasil trabalharam em salas de aula todo o contexto que envolveu a realização do campeonato. Muitos projetos pedagógicos foram realizados por essas instituições de ensino abordando essa temática. Na cidade de Tamandaré, distante 100 km do Recife, a Secretaria de Educação desenvolveu um trabalho que reuniu alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) de mais de uma escola e comunidade escolar do município. O projeto pedagógico intitulado “A copa do mundo 2014 Um mundo de ideias e culturas, as novas perspectivas no continente que sedia a copa mundial de futebol” foi planejado e executado ao longo de quatro meses do primeiro semestre deste ano. Começando em fevereiro e terminando em maio, com a culminância na Escola de Referência de Ensino Médio Tamandaré. A iniciativa foi multidisciplinar e envolveu professores de todas as disciplinas das turmas de jovens e adultos da cidade.
De acordo com a Secretaria de Educação de Tamandaré, para construir o projeto, primeiramente houve a coleta de informações em livros didáticos, pesquisa na internet, panfletos informativos e visitas a espaços pertinentes ao tema abordado, dessa forma incentivando o aluno EJA a buscar conhecimento didático em eventos esportivos. Os professores, coordenadores e gestores das escolas do município de Tamandaré, em que funciona a EJA, foram convidados a participarem da construção do Projeto Pedagógico. Cada escola escolheu um subtema e o trabalhou na unidade de ensino. Participaram alunos do EJA, professores, coordenadores e diretores da Escola Almirante Tamandaré, Escola Municipal Amália Macário de Freitas Ferreira, Escola Luiz Bezerra de Melo e Escola Rinaldo Silva de Oliveira. Os grupos escolares dessas unidades de ensino realizaram diversas atividades, entre elas visita à Arena Pernambuco, apresentação de seminários, construção de maquetes, painel de fotografias, levantamento a respeito dos países que participaram da copa, quadro de medalhas já conquistadas de cada um deles, que estava sendo estudado. A realização do projeto foi bastante dinâmica e o estudo aprofundado, já que foi feito ao longo de quase todo o primeiro semestre.
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A equipe pedagógica da secretaria afirmou que, ao final do projeto, os alunos e demais visitantes puderam compreender melhor a participação do Brasil nas copas passadas, os preparativos que envolvem a organização de um mundial. Houve também estudos a respeito dos idiomas dos países participantes, assim como da moeda, localização, cultura. A intenção, segundo o órgão, era mostrar a importância para o País de participar desse momento histórico. O processo de avaliação foi realizado ao longo de todas as atividades. As equipes pedagógicas dos colégios envolvidos disseram que o processo avaliativo foi sistemático e contínuo, realizado ao longo de cada etapa. Os resultados foram considerados bastante positivos. Os alunos foram provocados a aprofundar o conhecimento adquirido por meio dos meios de comunicação que chegam às casas todos os dias, com muitas especulações. O que eles conheceram sobre a Copa do Mundo foi discutido e apreendido na escola em estudos aprofundados. REDE ESTADUAL A temática da Copa do Mundo 2014 foi trabalhada em cerca de 250 escolas de 16 Gerências Regionais de Educação (GRE), por meio de um
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projeto promovido pela Secretaria de Educação e Esportes (SEE) e por meio da Secretaria Executiva de Desenvolvimento de Educação (SEDE). De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Educação, estudantes, familiares e profissionais de ensino participaram da competição disputada internamente em cada escola. Equipes de quatro a seis estudantes de todas as séries e modalidades de ensino se subdividiram a fim de realizarem
provas estabelecidas pelas unidades escolares e suas respectivas regionais. Atividades interdisciplinares foram realizadas pelos alunos, bem como pesquisas históricas sobre o futebol, criação de paródias e cordéis, quiz, debates sobre a importância da boa convivência e da paz nos estádios, confecção de cartazes, gráficos e maquetes, além de apresentações artísticas.
Arte 1 Conhecimentos apreeendidos: História do Brasil ao longo das copas do mundo Idiomas diferentes Novas culturas Localização geográfica dos países participantes Localização geográfica das cidades sedes Economia (as diferentes moedas) Dados econômicos sobre o fluxo de turistas no Brasil Arte 2 O subtemas trabalhados por cada escola de Tamandaré: Escola Almirante Tamandaré Temática: Copa 2014, aspectos socioculturais e o momento histórico no Brasil Escola Municipal Amália Macário de Freitas Ferreira Temática: Brasil, o país da Copa: unindo os continentes por uma paixão Escola Luiz Bezerra de Melo Temática: A copa: O grande momento do futebol mundial Escola Rinaldo Silva de Oliveira Temática: Viajando pelo continente na copa 21
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PORTO DE SUAPE: OPORTUNIDADE PROFISSIONAL PARA ESTUDANTES Grupos que visitam o complexo industrial portuário vivenciam experiência de uma feira de profissões
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Com mais de 20 mil empregos gerados e expectativa de mais contratações, o Porto de Suape, localizado entre os municípios de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho, recebe diariamente visitantes, incluindo grupos escolares, para conhecer as instalações do local, que é, atualmente, um dos principais destinos para investidores nacionais e internacionais. No passeio, jovens entram em contato com profissionais das indústrias e do porto. É uma excelente oportunidade para se aproximar de atividades profissionais que muitas vezes não são tão conhecidas do grande público. De acordo com o vice-presidente de Suape, Caio Ramos, receber grupos faz parte da função do porto. “Ficamos muito felizes em receber visitantes de todas as regiões de Pernambuco e dos estados vizinhos. É uma oportunidade de mostrar a dinâmica dos empreendimentos que se instalam no território de Suape que estão colocando Pernambuco num novo ciclo de industrialização. Um dos nossos objetivos é despertar, sobretudo nos jovens estudantes, o interesse de se preparar para o novo mercado de trabalho que eles vão concorrer no breve futuro”, comenta. Dividida em três etapas, a visita a Suape começa com uma palestra sobre o porto, seguida por um panorama de oportunidades profissionais que o moderno polo de desenvolvimento econômico de Pernambuco oferece. Com informações precisas, os monitores explicam para o público campos profissionais promissores do local. Passando das atividades industriais às portuárias, os futuros “candidatos” às vagas de emprego têm a possibilidade de planejar sua carreira. O passeio é composto, ainda, por uma visita ao mirante. Nele, o grupo consegue ver a zona portuária e o complexo industrial, incluindo a Refinaria Abreu e Lima, fábrica de produtos de refino do petróleo. Do alto, são vistos diversos caminhões trafegando pelas vias numa demonstração do montante de mercadorias que circulam
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Arte – Porto de Suape (precisa estar bem no comecinho) Situado nos municípios do Cabo de Santos Agostinho e Ipojuca, o Complexo Industrial Portuário de Suape possui um território com 13,5 mil hectares, nos municípios do Cabo de Santo Agostinho e de Ipojuca. Nessa área, há 105 empreendimentos instalados que geram 25 mil empregos diretos e outros 45 em implantação.
pelo local. De acordo com a assessoria de imprensa de Suape, Com relação à movimentação de cargas, de janeiro a maio deste ano, o Porto de Suape movimentou 6,6 milhões de toneladas, das quais 4,9 milhões foram de importação e 1,6 milhão de exportação. Para o transporte dessas mercadorias, Suape recebeu 644 navios nos primeiros cinco meses do ano, representando uma média de 129 embarcações por mês. Em 2013, Suape bateu o recorde histórico de movimentação de cargas. Foram 12,8 milhões de toneladas, representando uma alta de 14,9% em relação ao ano de 2012. Foram mais de 9,8 milhões de toneladas de importação e 3 milhões em exportações. O último recorde havia sido registrado em 2011, com 11,2 milhões de toneladas. Para 2014, a previsão é atingir 14 milhões de toneladas. Em 2013, aportaram em Suape 1.364 navios, uma média de 114 embarcações por mês. A terceira e última etapa é concluída na área portuária, mais precisamente no Prédio da Autoridade Portuária. É impressionante observar a chegada e partida de navios cheios de containers. Fica também fácil entender porque Suape é tão importante. Com águas profundas e excelente localização geográfica, sua utilização era previsível. Situado na extremidade oriental da costa da América do Sul, o porto destaca-se pela curta distância, de apenas 8 dias, da costa norte-americana e do
Leste Europeu. Com perfil concentrador de cargas, está interligado a mais de 160 portos em todos os continentes. Lá, são vistos grandes equipamentos levam as pesadas estruturas modulares de um lugar para outro. Também é surpreendente ver as embarcações sendo carregas e descarregadas com derivados do petróleo. Uma profissão que chama atenção e tem atraído muita gente é a de prático, uma espécie de manobrista de navios. Há práticos que chegam a ganhar valores exorbitantes como R$ 300 mil por mês. Ao final da visita, ficam oportunidades de aprendizado para os estudantes. Além de aprofundar conhecimentos de diversas disciplinas, como veremos no Tempestade de Ideias, a partir da página 25, o complexo industrial e portuário enche a juventude de esperança por um País melhor com condições de vida dignas. As discussões históricas e políticas referentes à construção e operação do porto não devem ficar de fora. É preciso reconhecer os impactos positivos e negativos gerados pelo empreendimento. FORMAÇÃO PARA PROFESSORES A Coordenadoria Executiva de Educação Ambiental de Suape oferece gratuitamente cursos para maiores de 16 anos, funcionários do porto, colaboradores das empresas instaladas no local, profissionais da administração
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pública e privada, além de educadores, moradores dos municípios do entorno, estudantes e público geral interessado em meio ambiente. Desde o início das formações, em 2010, já passaram pelos cursos mais de 2.700 pessoas. O objetivo da Coordenadoria é produzir conhecimentos ecológicos e mobilizar a comunidade inserida na área de influência direta de Suape visando construir e consolidar ações que promovam melhorias nos aspectos socioambientais locais. De acordo com o coordenador de Educação Ambiental de Suape, Roberto Zaponi, é fato que os impactos ambientais causados pela instalação de zona portuária são notórios. “No entanto, trabalhamos para minimizar esses efeitos. A construção do conhecimento está ligada à construção da liberdade e da cidadania. Nós não temos essa construção ambiental sem que as empresas ofereçam algumas iniciativas como cursos. Nossas formações mostram como Suape está interessado em ter um meio ambiente bem planejado”, pondera. Atualmente, são oferecidos os seguintes cursos: Oficina Ecológica, Oficina Ecopedagógica, Curso Livre de Educação Ambiental e o Curso de Pedagogia Ambiental. Este último é bastante direcionado para educadores. A finalidade da formação é trabalhar a fundamentação teórica/prático da educação ambiental por meio das bases conceituais e filosóficas da ecopedagogia. Com inscrições abertas durante todo ano, o curso tem duração de 40 horas, um encontro por semana durante um mês, e dá direito à certificação por Suape e pelo Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep). Ao final do curso, todos os participantes saem com um projeto com foco ambiental para ser desenvolvido, podendo até mesmo ser levado para as escolas.
Arte (esta arte precisa estar junto dessa parte da formação de professores): Para se inscrever no Curso de Pedagogia Ambiental, basta acessar o site ww.suape.pe.gov.br ou ligar para (81) 3527-5088. Há turmas para os meses de setembro e outubro deste ano. As aulas acontecem todas as terças-feiras. São quatro encontros presenciais e um a distância, totalizando cinco módulos. Conteúdos do Curso de Pedagogia Ambiental Módulo I – Conceitos para se fazer Educação Ambiental Módulo II – Educação Ambiental: conceitos, histórico, princípios; Os pilares da educação para o século XXI; Projeto político-pedagógico; Legislação e Políticas Públicas (Parâmetros Curriculares Nacionais e Política Nacional de Educação Ambiental) Módulo III – Conceitos Pedagógicos, Correntes de Educação Ambiental; Bases metodológicas na educação ambiental e Metodologias Aplicadas Módulo IV – Percepção e Interpretação Ambiental: Diagnóstico Módulo V – Roteiro Orientado para Elaboração do Projeto Pedagógico para Educação Ambiental
Arte (essa arte também deve ficar junto da parte da visita) Como agendar uma visita para o Porto de Suape? Para marcar a visita, que é totalmente gratuita, o responsável deve ligar para o telefone 81 3527.5068, no horário das 7h30 às 16h30, e enviar um ofício em papel timbrado e assinado pelo coordenador ou diretor da instituição para o e-mail visita@suape.pe.gov.br, além da relação nominal com RG dos visitantes. No ofício, devem constar o perfil do grupo, quantidade de 24 visitantes e o dia e horário da visita, informados no momento do agendamento. Só após o recebimento do ofício e da relação dos participantes é que a visita será confirmada. As visitas são realizadas de segunda a sexta-feira das 9h ao meio-dia e das 13h às 14h. Suape recebe grupos com até 100 pessoas. Os visitantes devem usar calça comprida, calçado fechado, camisa com
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TEMPESTADE DE IDEIAS O passeio pedagógico ao Complexo Industrial Portuário de Suape sugere muitas ideias para serem trabalhadas em sala de aula. Para os estudantes, uma visita ao Porto desperta algumas curiosidades que podem ser trabalhadas em sala de aula; são elas:
Ciências, 8º e 9º Anos: Como os navios se movimentam? Argumentação O princípio da movimentação dos navios é físico e pode ser entendido a partir da Lei de Newton que explica que cada ação gera uma reação oposta e da transformação de energia térmica em energia mecânica. Para entender esses princípios, é possível realizar um experimento simples, a construção de um barco a vapor. Aplicação Material Necessário: - Bandeja de isopor (pode ser cortada no formato de um barco); - Lata de refrigerante; - Rolha de cortiça; - Canudo; - 50 cm de Arame; - Pedaço de madeira - Vela.
(certificando-se de que, quando a lata ficar deitada, o buraco ficará mais para cima; - Faça um buraco na rolha de cortiça, coloque nele um canudo e prenda a rolha no local em que sai o refrigerante da lata; - Abaixo da lata, apoie uma pequena vela sobre o pedaço de madeira; - Com cuidado, acenda a vela e deixe que a chama vá esquentando a água. [ IMAGEM] Atividades Apoie o barco sobre uma bacia com água e espere um pouco: quando a água começar a ferver, o vapor sairá pelo canudo e o barco se movimentará. Após isso, é importante que cada estudante escreva no caderno um pequeno relatório sobre o experimento.
Realizando o Experimento: - Prenda a lata de refrigerante com o arame nas duas extremidades (conforme a figura); - Encha a lata com um pouco de água
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- Matemática, 6º e 7º Anos: Quantos carros há pátio? Argumentação É impressionante a quantidade de carros estacionados nos pátios das montadoras, antes de serem distribuídos para vendas. Como contá-los? [IMAGEM] Aplicação Uma opção simples é utilizá-los para trabalhar a Tábua de Pitágoras. [IMAGEM] Atividades Os estudantes podem terminar de preencher a tabela multiplicando os números da coluna vertical pelos da coluna horizontal (em destaque: 6 x 5 = 30) e assim, multiplicar facilmente objetos agrupados, como os carros no pátio de uma montadora ou mesmo facilitar a vida nas multiplicações propostas em sala de aula e encontradas no dia a dia.
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- Educação Ambiental, 8º Ano: Proteja o Meio Ambiente Argumentação Após realizar um estudo sobre o Complexo Industrial Portuário de Suape, abordando os programas de sustentabilidade e educação ambiental ali existentes, seria interessante debater com os estudantes sobre a preocupação com o desenvolvimento sustentável. Aplicação A apresentação de slides com fotografias do Porto, enfatizando as áreas preservadas ao redor de todo o território é uma boa ferramenta para as discussões. Atividades Finalizar o estudo com a confecção de cartazes, relacionando o desenvolvimento econômico com a manutenção do meio ambiente saudável e o crescimento das cidades onde vivem.
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PROFESSARE | Edson Silva
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INUNDADOS DE SENTIMENTOS
A verdadeira educação acontece quando o professor ultrapassa a materialidade passageira das coisas e consegue convidar àqueles que o escutam a conhecerem o reino das coisas verdadeiras, que são guardadas como tesouros, em cada coração. Assim, quando um professor ensina língua portuguesa, mais que as formalidades do idioma, é sobre a importância do diálogo humano que ele orienta os aprendizes e lhes mostra que a comunicação é ferramenta que favorece o bem, faz espalhar-se a ternura. Já o professor de matemática não ensina apenas fórmulas e cálculos; ele instrui a multiplicar pensamentos, dividir bondades na vida, subtrair as dores, compartilhar emoções. Professores de história não ensinam apenas sobre o passado; eles alertam sobre o futuro, semeando esperanças, vestindo de olhares mais generosos cada momento presente. A professora de ciências não descreve secamente a organização da vida, tampouco as relações entre os seres; ela desvenda o universo em todo o seu encanto, colorindo-o de sonhos e das relações que permitem que a existência seja uma rede de boas energias. Se a professora de língua estrangeira desvenda o mistério de outros idiomas, ela igualmente presenteia os estudantes com outras culturas, com a possibilidade de criar novos laços e o poder abraçar o mundo.
Brilhantes são os professores de geografia, que mais que descreverem lugares ou identificarem objetos e situações, ensinam como ultrapassar fronteiras, desbravar novos horizontes, dialogar com a vida, realizar sonhos. Quando ensinam artes, mais que movimentos e obras artísticas, os professores permitem aos alunos conhecerem o bom, o verdadeiro e o belo que são a música e a dança da criação. E por meio da educação física, os professores ensinam sobre a saúde do corpo, enquanto são capazes de ensinar os estudantes a ganhar e a perder, elevando-lhes a alma. Entretanto, talvez seja simplesmente o que os professores parecem não ensinar aquilo que mais fortemente faz com que deixem notas de afeto na vida de quem por eles passa: um abraço que ensina sobre carinho; um olhar que compreende mil palavras; um sorriso cúmplice de verdadeiros amigos; uma presença querida e continuamente esperada.
Edson Silva da Rede Estadual de ensino; escritor; formador e palestrante. edson@revistaacene.com.br
*** Professores, que suas palavras, seus gestos e seus pensamentos falem a todos cada vez mais, como pequenos milagres que se renovam em seus corações inundados de sentimentos. Porque o dom de ensinar é um ato de amor. E viver esse dom é brilhar, ir além.
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CONFIRA ALGUMAS DATAS E ATIVIDADES QUE PODEM SER REALIZADAS NO MÊS DE AGOSTO 03 . Dia do Capoeirista 05 · Dia Nacional da Saúde 08 · Dia do Pároco 11 · Dia do Estudante 12 · Dia Nacional da Artes 14 . Dia do Cardiologista 15 · Dia da Informática 16 . Dia do Filósofo 19 · Dia do Artista de Teatro 19 · Dia Mundial da Fotografia 22 · Dia do Folclore 23 · Dia da Injustiça 24 · Dia da Infância 24 · Dia dos Artistas 29 · Dia Nacional do Combate do Fumo
14 – Dia do Cardiologista
Que tal fazer uma ação na escola com foco na melhoria da qualidade de vida? Os alunos podem explicar o que é hipertensão e como esse problema pode ser combatido. 16 – Dia do Filósofo
Boa oportunidade para conversar com os estudantes sobre os filósofos mais importantes da humanidade. Pode render uma ótima atividade de pesquisa. 23 – Dia da Injustiça
Neste dia, pode-se conversar com a turma sobre injustiças sociais, levando o grupo à reflexão sobre os problemas brasileiros. 24 – Dia da Infância
Não dá para deixar esse dia em branco. Consulta ao Estatuto da Criança e do Adolescente pode trazer bons conteúdos. 24 – Dia dos Artistas
Quem disse que falar sobre celebridades não pode ser tema de aula? Numa discussão dessa, é possível entender melhor os padrões sociais criados a partir da mídia.
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CONFIRA ALGUMAS DATAS E ATIVIDADES QUE PODEM SER REALIZADAS NO MÊS DE SETEMBRO 05 · Dia da Amazônia 06 · Oficialização da letra do Hino Nacional 07 · Independência do Brasil 08 · Dia Internacional da Alfabetização 10 · Fundação do 1º Jornal do Brasil 14 · Dia do Frevo 15 . Dia Nacional do Musicoterapeuta 16 · Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozônio 16 · Dia Nacional do Surdo 20 · Dia do Petróleo 21 · Dia da Árvore 21 . Dia da Luta Nacional das Pessoas com Deficiências 22 · Data da Juventude do Brasil 23 · Início da Primavera 25 · Dia Nacional do Trânsito 26. Dia Nacional do Surdo 29 · Dia do Petróleo
08 de setembro – Dia Internacional da Alfabetização
Boa data para trazer dados relativos à escolarização no Brasil e discutir com a turma caminhos para melhorara educação e seus índices. 15 de setembro – Dia Nacional da Musicoterapia
Excelente oportunidade de levar música para sala de aula. O bom entrosamento da turma vai garantir uma experiência muito interessante.
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16 de setembro – Dia Nacional do Surdo
Hoje é dia de falar sobre linguagem. Falar sobre a língua de sinais pode aproximar os alunos da realidade das pessoas surdas, além de contribur para o respeito. 20 de setembro – Dia do Petróleo
Hora de colocar toda turma para pesquisar dados relativos aos poços de petróleo no Brasil e informações sobre o mercado mundial.
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22 de setembro – Data da Juventude do Brasil
Iniciar uma discussão sobre o que é a juventude e suas características deve render bons momentos em sala de aula.
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LEITURA EM REDE Projeto de leitura traz diversão, aprendizado e artes para alunos de Belém de Maria POR Marcela Cintra
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Em Belém do Maria, município localizado na Zona da Mata pernambucana a aproximadamente 150 km da capital, leitura é coisa séria (e divertida também) e vai além das páginas dos livros, desaguando na pintura, na colagem, no teatro e no incentivo à criatividade. É baseado nessa “fórmula” que o projeto Leitura em Rede tem funcionado. A ideia foi executada pela Secretaria de Educação da cidade em conjunto com os professores, orientadores e coordenadores do município e objetiva incentivar a leitura entre as crianças e adolescentes de Belém de Maria, aproximando-os de linguagens mais poéticas, sonoras e musicais. Ao todo, dezesseis creches e escolas participaram da iniciativa, que começou no início do ano letivo de 2014. Para a diretora de ensino da Secretar-
ia de Educação do município e uma das idealizadoras do Projeto, Elizângela Neves, a importância do ponto de vista pedagógico da ideia se dá porque “possibilita que coordenadores estejam, juntamente com seus professores, em dias pré-agendados de aula, pensando, avaliando e replanejando as ações de aprendizagem, utilizando a leitura como um instrumento”. A secretária de Educação de Belém de Maria, Socorro Pinheiro, também destaca a relevância do Leitura em Rede: “O projeto é consideravelmente importante porque une ideias, ações mobilizadoras, a fim de transformar contextos diversos numa mesma rede de ensino, que assim como o Brasil, não privilegiava o processo de leitura numa perspectiva mais abrangente”, avalia. Para conhecer a iniciativa a fundo, tivemos a oportunidade de visitar cinco instituições participantes e constatamos a grandiosidade e importância do projeto a partir de cada apresentação de teatro, dança, oficina e explicação dada pelos alunos e professores. Na creche Tia Lila, por exemplo, as crianças de dois e três anos já pintavam e bordavam. Assim que chegamos, fomos surpreendidos com a apresentação teatral da peça “Dona Baratinha”, baseada no livro homônimo de Ana Maria Machado – autora escolhida para trabalhar com os pequenos durante o mês de maio. Na representação, 11 pequenos atores se revezam entre personagens e uma professora narradora. Na “plateia mirim”, aproximadamente 20 crianças assistiam à peça com olhares atentos. Ao final da divertida apresentação,
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seguimos para as salas de aula, em que aconteciam outras atividades como recorte, colagem e ilustração, tudo relacionado aos livros lidos pelos professores em sala. Para a professora Rute Silva Brito, narradora da peça e uma das funcionárias mais cênicas e empolgadas da creche, “a dramatização é importante, pois, dessa forma, as crianças assimilam mais o conteúdo trabalhado, além de ser uma forma lúdica e criativa de transmissão de conhecimento”, considera. Em outra visita, conhecemos o colégio Adauto Carício que trabalhou,
com o Ensino Fundamental I e II, os autores Vinícius de Morais, Monteiro Lobato e Romero Britto. Na escola, uma agitação contagiante. As salas de aula foram transformadas em espaços para oficinas, em que as obras dos escritores e artistas trabalhados eram apresentadas aos visitantes (pais, alunos, professores, amigos). No pátio, estandes explicativos também foram montados. E foi nesse espaço onde ocorreu a última apresentação do Adauto, uma performance dançante da música mais conhecida de Vinícius de Morais, “Garota de Ipanema”. Alunos
do 7º ano se doaram e encantaram a todos os presentes com os passinhos de samba ensaiados. A estudante Maria Eduarda Campos – uma das participantes da dramatização -, de 12 anos, surpreende pela maturidade. Para ela, a arte e a leitura são importantes no aprendizado porque possibilitam “descobrir coisas que estavam enterradas [dentro de si] e coisas novas”. Ainda em relação à presença dos livros na aprendizagem nas escolas, a professora de artes Paula de Freitas, de 23 anos, acredita que “a leitura é fundamental, pois, quando o aluno compreende que ela é uma porta que se abre, sua realidade de vida muda”. E quem há de discordar? Belém de Maria é exemplo vivo e pulsante disso. No projeto Leitura em Rede, o apoio de diretores e coordenadores foi de extrema importância para a sua realização, sem dúvidas. Porém, os protagonistas dessa história foram os professores e alunos que trabalharam juntos, com vontade e em sintonia, para que a ideia culminasse em algo rico, que fosse além dos quadros e gizes vez por outra enfadonhos das salas de aula. E conseguiram.
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ARTE Conteúdos que podem ser abordados em História, Literatura e Português: - Poetas e artistas plásticos nacionais; - Biografia e obras; Conteúdos que podem ser abordados em Matemática e Artes: - Traços das pinturas de Romero Britto, que destacam as formas geométricas.
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EM CRISTINÁPOLIS, SERGIPE, FAMÍLIA E ESCOLA ESTÃO EM SINTONIA Projeto didático desenvolvido no município é prova disso POR Marcela Cintra
Mostrar a importância da presença da família no processo de escolarização das crianças é no que o Projeto Socioeducativo “A Família na Escola: ensinando e aprendendo; aprendendo e ensinando”, da Secretaria Municipal de Educação de Cristinápolis, no estado de Sergipe, aposta. A ideia, colocada em prática no início do ano letivo, nasce como uma alternativa didática para fortalecer e subsidiar o processo de ensino e aprendizagem na rede municipal de ensino. Os responsáveis pela iniciativa pretendem, ainda, sensibilizar a família - independente do modo como ela é constituída - e educadores, sobre a importância da integração e da participação nas ações da escola, no desenvolvimento cognitivo dos educandos e nas atividades pedagógicas e socioeducativas desenvolvidas pela unidade escolar. Para alcançar tal conscientização, o projeto trabalha com a participação dos pais em reuniões escolares, oficinas e atividades didático-pedagógicas,
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momentos nos quais familiares não apenas são informados sobre novos projetos acadêmicos, mas têm papéis ativos ao darem ideias, opiniões e, também, ao receberem orientações em como colaborar com a educação da criança em casa. Além disso, o “Família na Escola” recorre a alternativas que unam pais e filhos, mostrando, aos familiares, a produção dos alunos, suas conquistas em sala de aula e suas atividades concluídas, valorizando, assim, o trabalho da criança e fazendo com que os pais possam acompanhar o desempenho e, até mesmo, conhecer as peculiaridades dos seus filhos. É também explorando as competências e habilidades individuais de cada criança e trabalhando de forma interdisciplinar que as atividades são propostas e realizadas, para que, ao final de cada mês, sejam apresentadas pelos grupos (pais, educadores e alunos) em mostras, utilizando-se das artes cênica, plástica, visual, corporal e musical. O trabalho conjunto do poder público, das comunidades escolar e familiar e
da sociedade revela a extrema importância de uma educação cidadã, desenvolvida em rede, com a participação efetiva e afetiva dos responsáveis por um processo educativo transformador, em que se valoriza o desenvolvimento humano, educando não apenas academicamente, mas para a vida. Escola é lugar de gente E não é só do incentivo à participação da família na vida escolar da criança que caminha o programa. Os moradores do município são estimulados, também, a reconhecer a escola como um espaço público, um ambiente para uso e desfrute da comunidade e de convívio social. Para isso, a cada quinzena, são realizadas atividades no ambiente escolar entre alunos, familiares e professores. Música, dança, palestras, dramatização e outras dinâmicas são algumas das ações propostas pelo projeto para estimular a comunidade a ter o respeito e entendimento do espaço físico da escola como público.
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AUTISMO + SALA DE AULA = :) Deixando o preconceito de lado e compreendendo melhor estudantes com necessidades especiais, a sala de aula pode se tornar um espaço melhor para todos POR Diego Gouveia
Em dezembro de 2012, foi sancionada a Lei que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com transtorno do Espectro Autista, chamada de Lei Berenice Piana. Pela legislação, os autistas passaram a ser considerados oficialmente pessoas com necessidades especiais e, com isso, puderam começar a ter direito a todas as políticas de inclusão no país, entre as quais estão a Educação e o ensino profissionalizante. Na área da educação, os especialistas que afirmam que a lei é um reforço para a inclusão dos autistas. Ficou estabelecido que o autista tem direito a estudar em escolas regulares, seja na Educação Básica, seja no Ensino Profissionalizante. Caso seja comprovada a necessidade, a pessoa com o transtorno do espectro autista terá direito a acompanhante especializado para auxiliá-la nas atividades do ambiente escolar. No que diz respeito ao gestor escolar, a legislação afirma que, caso haja a recusa da matrícula de um aluno com o transtorno, o responsável pela escola terá que pagar uma multa no valor de três a 20 salários-mínimos. E, em casos de reincidência, o gestor responderá a um processo administrativo e poderá perder o cargo. Em um artigo sobre o assunto, a mestre em psicologia Juliana Godoi Fialho diz que a aprovação da Foto: Eduardo Cunha / Curinga Comuniquê
legislação significou uma grande vitória para os autistas, seus familiares e profissionais que atuam com essa população. “Uma das áreas da intervenção com autismo que, seguramente, mais se beneficiará dessa e de outras leis de proteção das pessoas com autismo que ainda virão, é a inclusão escolar. Esse tem sido o campo mais difícil em nossa atuação cotidiana, afinal, infelizmente, ainda existe muito preconceito, resistência à mudança e falta de preparo das escolas e dos profissionais para que a inclusão dessas crianças realmente ocorra”. A psicóloga disse que no trecho da nova lei em que se fala: “Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista incluída nas classes comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV do art. 2º, terá direito a acompanhante especializado.”, significa um grande alívio para os profissionais, que têm lutado por acompanhante especializado de escola em escola e que já ouvido tantos “nãos” e tantos estranhamentos frente a esse pedido. Ela ressalta que o acompanhante especializado é direito do autista e é fundamental para que ele se adapte ao meio escolar e consiga aproveitar ao máximo as estimulações desse contexto. "Claro que é sempre melhor conseguir que esse direito se faça valer por 37
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meio da parceria com a escola e com a equipe de educadores, explicando os motivos dessa necessidade e mostrando que a criança precisa de uma atenção individualizada na maior parte do tempo. É importante convencer a escola de que essa atenção individualizada não pode ser disponibilizada pelo professor, afinal este deve ocupar o seu papel de referência do grupo e manter
Arte 1 (deve ficar nas primeiras páginas) Características do Autismo Embora inúmeras pesquisas ainda venham sendo desenvolvidas para definirmos o que seja o autismo, desde a primeira descrição feita por Kanner em 1943, existe um consenso em torno do entendimento de que o que caracteriza o autismo são aspectos observáveis que indicam déficits na comunicação e na interação social, além de comportamentos repetitivos e áreas restritas de interesse. Essas características estão presentes antes dos 3 anos de idade, e atingem 0,6% da população, sendo quatro vezes mais comuns em meninos do que em meninas. A noção de espectro do autismo foi descrita por Lorna Wing em 1988 e sugere que as características do autismo variam de acordo com o desenvolvimento cognitivo; assim, em um extremo temos os quadros de autismo associados à deficiência intelectual grave, sem o desenvolvimento da linguagem, com padrões repetitivos simples e bem marcados de comportamento e déficit importante na interação social, e, no extremo oposto, quadros de autismo, chamados de Síndrome de Asperger, sem deficiência intelectual, sem atraso significativo na linguagem, com interação social peculiar e bizarra, e sem movimentos repetitivos tão evidentes.
sua atenção para o coletivo. Sem essa figura de referência, a rotina da sala de aula também não se mantém e atrapalha ainda mais a inclusão do autista nesse ambiente. Por isso, o acompanhante terapêutico (AT) é fundamental". Juliana Godoi Fialho ressalta em seu texto que, entretanto, existem casos em que essa tentativa de parceria entre a escola, a família e a equipe de intervenção não é bem sucedida por uma resistência da escola. "Algumas chegam ao cúmulo de já negar a matrícula da criança, antes mesmo de tentar com todas as estratégias oferecidas pela família e profissionais. Nesses casos, a família e a equipe de intervenção devem se respaldar na lei que protege a criança", aconselha. O acesso é o primeiro passo, lembram os especialistas. “A inclusão começa com a chegada desse aluno à escola, mas é preciso também garantir
sua permanência e aprendizagem. As instituições não podem negar a matrícula desses alunos nem exigir qualquer tipo de laudo médico”, comenta o presidente da Associação Brasileira para Ação dos Direitos das Pessoas com Autismo (Abraça), Alexandre Mapurunga. Ele, assim como outras instituições, defendem uma escola regular para quem tem o espectro autista. “A modalidade de atendimento educacional especializado é complementar ao ensino regular, e serve, principalmente, para garantir a efetividade do ensino e a permanência do aluno na escola”, afirma. A escola regular tem a mesma função para o autista que tem pra outras crianças: permitir que ela aprenda e se desenvolva. “As escolas especiais surgiram como uma alternativa quando a exclusão era regra. Agora, precisam se ressignificar para apoiar a inclusão e assumir a função complementar,
Fonte: Associação de Amigos do Autista
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tratando de questões específicas e favorecendo a participação e autonomia em todos os aspectos da vida, mas nunca segregando, restringindo ou substituindo, pois assim perdem a razão de ser”, ressalta o presidente da Abraça. A importância da inserção do autista em sala de aula regular é uma unanimidade entre pais e especialistas. “O que faz o deficiente se desenvolver é a interação com pares diferentes dele. A criança aprende por imitação. Colocá-la em um lugar em que só há pessoas com o mesmo problema não adianta", afirma a professora Rossana Ramos, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), autora do livro Inclusão na Prática: Estratégias Eficazes para a Educação Inclusiva. No entanto, a tarefa ainda não é fácil. Em todo o Brasil, a realidade é essa. Ainda não são todas as escolas que aceitam a matrícula. Pais, mães, familiares como um todo agora têm esse importante aliado, que é a legislação. A lei é o primeiro passo, a mudança na cultura das escolas realmente não aconteceu, nem acontecerá de imediato após a sanção da nova legislação. "Leis por si só não vão resolver nada, a menos que existam ações voltadas à formação do professor e à mudança da escola. É preciso rever a formação de modo a ajudar os docentes a lidar com as limitações e as dificuldades de cada aluno, com ou sem necessidades especiais. A consciência é o que nos ajuda a incluir, e só se chega a ela por Arte 2 Autismo no Brasil Estima-se que o Brasil tenha 2 milhões de autistas, mais da metade ainda sem diagnóstico. De acordo com os especialistas, o transtorno do espectro autista é mais comum em meninos do que meninas, a proporção é de quatro meninos para cada menina. Por isso, a cor azul foi definida como a cor símbolo do autismo.
meio do conhecimento”, explica a especialista. PERNAMBUCO - Na rede estadual de Pernambuco, segundo dados da Secretaria de Educação do Estado (SEE), existem cerca de 100 crianças com autismo matriculadas nas escolas. Nas escolas da rede particular, não há um número fechado da quantidade de alunos matriculadas com o espectro autista. Mas há unidades de ensino que recebem normalmente alunos autistas. A SEE afirma que tem trabalhado na Arte 3 Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva Tem como objetivo o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas escolas regulares, orientando os sistemas de ensino para promover respostas às necessidades educacionais especiais, garantindo: • Transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a educação superior; • Continuidade da escolarização nos níveis mais elevados do ensino; • Formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação para a inclusão escolar; • Participação da família e da comunidade; • Acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e equipamentos, nos transportes, na comunicação e informação; • Articulação intersetorial na implementação das políticas públicas. Fonte: Política Nacional de Educação Especial/ MEC
formação continuada e em serviço dos profissionais da educação que lidam com estudantes com autismo, em especial os que atuam no atendimento educacional especializado. Além disso, a SEE orienta a promoção de ações permanentes nas escolas para a sensibilização de toda a comunidade escolar. O objetivo é só um: garantir o melhor atendimento educativo a esse estudante. A presidente da Associação de Famílias para o Bem-Estar e Tratamento da Pessoa com Autismo (Afeto), Maria Ângela Dantas, defende a criação de adaptações para o atual currículo escolar, por meio da inserção de diretrizes na realidade educacional. Ela reconhece que a tarefa é difícil, no entanto, ressalta que pouco a pouco as escolas tentam se adaptar. “A realização de cursos para professores e educadores em geral é um dos pilares do projeto. Acredito que precisamos adaptar o currículo a quem tem necessidades especiais. É importante entender o autista, o que acontece, suas reações. Um curso para professores e educadores sobre autismo é essencial. As formações universitárias ainda não trabalham esse tema e é aí que há uma problemática”, destaca a presidente da Afeto. Ela mesma passou por dificuldades para encontrar uma escola para a sua filha. “Foram mais de cinco anos em busca de uma unidade de ensino que pudesse inserir a minha filha no universo escolar. Até que encontrei a Escola Municipal Dom Hélder Câmara, localizada no bairro do Espinheiro, onde minha filha cursa o quarto ano do ensino fundamental”, conta. No Recife, o Centro de Desenvolvimento Infantil (CDI) oferece um importante auxílio aos pais e familiares como um todo, e é um importante parceiro junto aos pais e escolas. Criado em 2010 com a proposta de oferecer uma colônia de férias para as crianças com espectro autista, os resultados foram tão bons que o centro passou funcionar ao longo do ano e serve como um importante apoio e parceiro dos
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alunos, pais e escolas. De acordo com a diretora do centro, hoje, todas as crianças atendidas pelo centro estão em escolas regulares. São cerca de 20 crianças. “A nossa proposta terapêutica é pautada no modelo desenvolvimentista DIR/Floortime. Aqui atendemos crianças no espectro autista por meio de um acompanhamento individualizado e aprofundado. As habilidades e diferenças individuais das crianças e de suas famílias são respeitadas e valorizadas durante o acompanhamento. A partir da avaliação inicial, traçamos, em conjunto com a família, metas terapêuticas para a criança e a encaminhamos para atendimento individual e/ou em grupo, conforme suas necessidades individuais”, conta Juliana Lopes. De acordo com ela, o Centro procura periodicamente as escolas em que as crianças que são atendidas pelo espaço
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estudam para uma conversa a respeito do desenvolvimento e também de metodologias que podem ser trabalhadas em salas de aula. “Hoje, muitas escolas recebem alunos no espectro autista, mas é sempre importante um acompanhamento de profissionais especializados. Procuramos realizar encontros com os docentes, coordenadores e pais para estreitar os laços e estimular o desenvolvimento de ações e atitudes que possam estimular o aprendizado e desenvolvimento dos meninos e meninas”, comentou Juliana Lopes. Juliana e os outros especialistas do Centro também realizam um trabalho de estímulo aos pais e familiares para que as crianças sejam matriculadas em escolas. “Hoje, todas as nossas crianças estudam. Mas algumas assim que chegaram ainda não tinham ido para a escola. Ao longo das terapias, mostra-
mos aos pais que essas crianças já poderiam ir à escola. É um trabalho conjunto feito com a família e com a escola”, destacou. No CDI, a criança é estimulada nas áreas de linguagem, tato e motor, em diferentes ambientes e com diferentes terapeutas, sempre na companhia dos pais, para que se identifique suas aptidões e suas áreas de dificuldade e assim seja traçado um plano de intervenção efetivo para a criança.
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Arte 4 (Sugiro uma arte com cenas dos filmes) Abaixo listamos cinco filmes que tratam das relações educativas com pessoas diagnosticadas com a síndrome do espectro autista. Nas obras, são abordadas as questões do preconceitos, aprendizagens e ensinamentos, as histórias servem como inspiração, estimulam respeito e a compreensão da identidades e formas únicas de perceber o mundo. Meu nome é rádio (2003) Baseado em fatos reais, o filme “Meu nome é Rádio”, conta a história de um estudante diagnosticado como autista, que depois de sofrer inúmeros preconceitos, acaba recebendo o apoio de um professor, que também é treinador do time de futebol de uma escola no interior dos Estados Unidos. A amizade e relação de confiança desenvolvida entre os dois modifica não só suas vidas, mas toda a dinâmica do colégio e da comunidade. Uma Viagem Inesperada (2004) O filme, inspirado em fatos reais, conta a história de Corine, uma mãe que realiza o possível e o impossível para garantir a inclusão educacional e social de seus filhos gêmeos, ambos diagnosticados com autismo. Corine enfrenta instituições públicas, a própria família e sua comunidade para garantir às crianças respeito, dignidade e inclusão efetiva. O nome dela é Sabine (2007)
passa a viver em uma casa com estrutura adaptada. O filme, nas vozes das irmãs, discute o despreparo de instituições e de parte da sociedade a lidar com o tema e o mal que esse despreparo causa às pessoas autistas e suas famílias. Mary e Max (2009) Vencedora de inúmeros prêmios, a animação “Mary e Max” conta a história real de Mary, uma garotinha muito solitária, que vira grande amiga de Max, um adulto, diagnosticado com Asperger e que tem grandes dificuldades de estabelecer uma vida social. Por meio de cartas, a amizade acompanha Mary em sua infância, juventude e passagem para a vida adulta e Max, no envelhecimento. Muito sensível, o filme é um verdadeiro convite à alteridade, apresentando como relações de amizade, independentemente de sua configuração ou da forma que se estabelecem, são verdadeiramente educativas. Son-rise: meu filho, meu mundo (1979) O filme narra a história autobiográfica da família que, na década de 70, fundou o método Son-rise. Polêmico – já que parte dos especialistas defende que ainda não há cura para o autismo – , o filme apresenta como um casal, por meio de uma abordagem intuitiva, conseguiu se aproximar de seu filho, diagnosticado com autismo. Para além da discussão da cura, a história e o método inspiraram trabalhos educacionais e de desenvolvimento da criança autista.
Em documentário, a atriz Sandrine Bonnaire discorre de forma muito sensível sobre a vida e história de sua irmã Sabine, diagnosticada com autismo. Em imagens e depoimentos coletados por 25 anos, nos aproximamos de uma infeliz estadia de Sabine no hospital psiquiátrico e do seu reencontro com a felicidade, quando ela
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PSICOPEDAGOGIA DINAMIZA O PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Entenda como a psicopedagogia pode facilitar o aprendizado dos alunos POR Júlia Veras
O processo de aprendizagem é uma troca em que professor e alunos constroem juntos o conhecimento. À luz da psicopedagogia, é possível ao docente contornar dificuldades e estimular os alunos para que cada um alcance uma melhor relação com o aprender. Como explica a professora da faculdade Joaquim Nabuco Katharina Molina, a disciplina em questão estuda o processo, as dificuldades e as modalidades de aprendizagem, além da dinâmica dos saberes em variados espaços e grupos. Esse seria, então, um campo importantíssimo para melhorar a qualidade das relações e da produção em sala de aula. Considerando que a sala é um espaço heterogêneo, é preciso ter bem claro que diversas necessidades devem ser atendidas. É fundamental a descoberta do modo como ocorre o processo de construção de conhecimento para o sujeito que adquire conteúdo. “Isso varia de um indivíduo para outro, e exerce forte impacto nas relações professor-aluno, pois o educador terá que construir junto com a turma processos mediadores que favoreçam esse trabalho. Os estudantes, cada um com sua modalidade de aprendizagem, irão se relacionar uns com os outros em meio aos impactos, variantes e as possíveis dificuldades ou até mesmo patologias relativas à área”, ressalta 42
Katharina. Em resumo, a especialista acredita que, se um docente tem uma formação em psicopedagogia, compreenderá com mais abertura as necessidades individuais e coletivas inerentes ao saber. Consequentemente, a produção escolar terá condições de trilhar a ordem do universal para o particular, do ponto de vista psicopedagógico. "No sentido prático, equivale a dizer, por exemplo, que uma operação matemática pode ser explorada de várias formas para que alunos com diferentes modalidades de aprendizagem a compreendam. Porém, os casos de dificuldades ou patologias requerem atendimento específico, pois
o diagnóstico psicopedagógico tem um caminho complexo, assim como a elaboração de estratégias de intervenção, o que demanda ação coletiva interdisciplinar", argumenta. A professora substituta do Departamento de Psicologia da UFPE, Sílvia Maciel, concorda com essa visão. Ela defende a ideia de que os temas relativos à psicopedagogia possibilitam aos atores do cenário escolar compreender as nuances que envolvem os processos de aprendizagem e, em função disso, oferece-lhes subsídios teóricos para a constituição de uma prática educativa que leve em conta a singularidade dos sujeitos de aprendizagem. "Nós educa-
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dores precisamos compreender que existem diferentes modos de aprender e de não aprender. Para isso, é preciso, antes de tudo, manter-se abertos e atentos aos sinais dados pelos estudantes. A compreensão dos processos de aprendizagem, e de seus possíveis entraves, poderá fazer surgir um novo tipo de relação de produção de sentidos em nossas salas de aula, mais focado na qualidade das aprendizagens”, pontua. Facilmente, conclui-se que respeitar as singularidades é um ponto-chave que a psicopedagogia deixa de lição. "Depois disso, e em função dessa compreensão, precisamos não cair na armadilha de rotular nossos alunos por suas dificuldades. Devemos nos sentir desafiados a criar estratégias para que as aprendizagens tenham sentido". É preciso, portanto, estar disposto a estudar e a aprender, a buscar e compartilhar experiências. É preciso considerar o aluno em sua totalidade, acrescenta Katharina, nos seus aspectos cognitivos e afetivos no desenvolvimento da construção e a sistematização de metodologias que visam à construção de conhecimento vinculado à realidade do educando sem deixar de oferecer as novas tecnologias e possibilitando a sua formação ampla,
que não exclui, aqueles que têm dificuldade de aprendizagem. Esse problema deve ser estudado e diagnosticado dentro de uma dinâmica individual e familiar, pois uma anamnese num atendimento psicopedagógico procura entender as relações familiares desde o comportamento da mãe durante o parto, passando pelos primeiros cuidados com o bebê até o momento atual da criança. Sílvia ressalta que essa área é de interface de saberes, de interlocução, de diálogo, de aproximações e de interdisciplinaridade entre a Psicologia e a Pedagogia. Os temas que têm sido questão para a Psicopedagogia e, consequentemente, o conhecimento que vem sendo produzido a partir da articulação da teoria com a prática, frente às diversas situações de aprendizagem, são de fundamental importância para o desenvolvimento de ações efetivas no cotidiano de nossas salas de aula, como sublinha Sílvia. E para levar a cabo tudo isso, o diálogo é fundamental. Entre professores e alunos, entre famílias e escola, entre teorias e práticas, entre Psicologia e Pedagogia. Na prática - Sílvia alerta que, para compreender as nuances dessa prática profissional, é importante entender, antes, o que são e como se estabelecem os problemas e as dificuldades de aprendizagem, já que os estudos dos processos ligados à essa área são a base para a constituição da prática psicopedagógica. Perguntas ligadas a como se aprende, a como se desenvolvem os processos de aprendizagem ou a como eles se formam são questões cotidianas para quem trabalha nessa área. Além disso, ela destaca que é preciso um questionamento constante sobre que fatores condicionam ou produzem as diferentes dificuldades de aprendizagem, e sobre como reconhecê-las, diferenciá-las, tratá-las e preveni-las. "A formação em Psicopedagogia, que ocorre em nível de pós-graduação, é de caráter necessariamente multiprofis-
sional e se sustenta em conhecimentos teóricos, em metodologias e em técnicas tanto da Psicologia quanto da Pedagogia. Essa especialidade não é um campo profissional à parte, mas uma área de atuação para psicólogos e pedagogos". Nesse processo de investigação, o profissional que trabalha com a psicopedagogia precisa criar estratégias de intervenção capazes de gerar vínculos mais satisfatórios do sujeito com a aprendizagem. Assim sendo, argumenta a professora, a prática psicopedagógica se configura de diferentes maneiras, em função das diversas demandas apresentadas por aqueles que procuram intervenção psicopedagógica. E vem sendo desenvolvida tanto na área clínica, quanto na institucional em escolas, empresas, hospitais - com o objetivo não só de prevenir, tratar ou diminuir a frequência de problemas, mas também de colaborar para que o sujeito que aprende possa articular, em sua singularidade, os sentidos de suas aprendizagens.
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PSICOPEDAGOGIA | Igor Carneiro
MUTISMO SELETIVO NA INFÂNCIA 01
PSICOPEDAGOGIA A etiologia do Mutismo Seletivo (MS), apesar de não ser muito conhecida no cenário educacional brasileiro, não significa que não esteja presente nas instituições escolares. Segundo a psicóloga Elisa Neiva, uma das especialistas que estuda o assunto, o MS é apresentado como “uma condição transitória na vida de crianças e adolescentes, com graus elevados de ansiedade e outras comorbidades”. São crianças que se comunicam pouco e manifestam sentimentos e sorrisos menos ainda, que reforçam comportamentos de medo de falar. Porém, escolhem momentos e pessoas com quem podem interagir, sendo paradoxalmente falantes. Normalmente, afeta 6 crianças a cada 100, duas vezes mais que o Autismo. Mas quais as possíveis características do Mutismo Infantil? Primeiramente, vale dizer que o MS pode se apresentar nas crianças dos 3 aos 8 anos de idade, configurando-se por meio das dificuldades em estabelecer contato pelo olhar e de ter iniciativa, timidez intensa, insegurança, introspecção, excesso de birra, problemas de sono, insistência, controle sobre familiares próximos, dependência em situações simples e tristeza. Suas causas podem ser genéticas com predisposição à ansiedade, ambientais e/ou provindas de situações traumáticas como violência, separações e perdas em família. Outro fator observado é que as crianças que são diagnosti-
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cadas com MS apresentam desejo de se comunicar, muitas vezes por gestos e olhares, extinguindo a fala, nas situações que elegem. No olhar psicopedagógico, é de extrema relevância considerar a história de vida da criança a partir da relação em família e no meio social, incluindo a escola como colaboradora direta no processo de avaliação e superação dos sintomas. Defendemos a ideia de que o MS não é um distúrbio de fala como alguns imaginam, mas a ausência da fala, ou a escolha específica dela que precisa ser observada especialmente pela família, pela possibilidade de os pais ou cuidadores, informados a respeito, poderem promover um ambiente mais seguro e saudável, passível de convivência harmoniosa, no propósito de combater a atitude de não falar por medo, causa premente dessa ansiedade, insegurança e angústia. Busca-se estender essa orientação à escola, principalmente porque a criança constrói uma trajetória de aprendizagens e pode obter bom aproveitamento, apesar da interferência do fator social. No campo educacional, ainda não há nenhum programa formalizado no Brasil, no entanto, nada impede que a família e a escola, com apoio de uma equipe multiprofissional, organize uma ambiência de interação com situações propositivas de comunicação, evitando os gestos, porém focalizando a música, as dinâmicas, os jogos e arte de uma forma que respeite o compasso da criança frente aos vínculos que se pretende estabelecer.
Elizângela Neves da Rede Estadual de ensino; escritor; formador e palestrante. edson@revistaacene.com.br
PSICOLOGIA | Elizângela Neves
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MUTISMO SELETIVO NA INFÂNCIA 02
Elizângela Neves da Rede Estadual de ensino; escritor; formador e palestrante. edson@revistaacene.com.br
PSICOLOGIA Quanto ao diagnóstico do MS, ainda se trata de um assunto delicado, tendo em vista que crianças que apresentam um quadro de mutismo seletivo tendem a não chamar atenção na escola ou em ambientes estranhos de imediato, pois são crianças muito quietas, sendo as complicações e dificuldades intensas. Às vezes, essas crianças não conseguem nem pedir para ir ao banheiro na escola, tendo a escola um papel de extrema relevância no diagnóstico do MS, pois, muitas vezes, os pais desconhecem o comportamento dos filhos em ambientes que não seja o doméstico. Essa mudez seletiva deve durar no mínimo um mês para ser notada na instituição escolar, não contando com o primeiro mês de escolarização, período em que é comum gerar ansiedade e timidez, evitando contato com os professores e os demais colegas de turma. No prognóstico do mutismo seletivo, quanto mais cedo começar um tratamento, melhor a evolução do quadro. Têm-se alcançado ótimos
resultados com a TCC (Terapia Cognitivo-comportamental), Técnicas Projetivas e Psicoeducacionais (desenhos, pinturas e massa de modelar) e inclusão da família no processo terapêutico, visando exercitar o processo da fala primeiramente em ambiente familiar, para depois se estender no ritmo do sujeito aos ambientes mais hostis. Também tem sido possível observar uma melhora significativa nos quadros de MS quando a criança passa a estabelecer um vínculo afetivo com animais domésticos. Por não se sentir julgada, desenvolve um processo de confiança, expressão dos seus sentimentos e responsabilidade com o animal. Se o MS não for tratado, poderá evoluir para um quadro futuro de fobia social que poderá comprometer a qualidade de vida do indivíduo tanto na vida social como no trabalho. Buscar respeitar a individualidade da criança é fundamental para desenvolver integralmente os processos humanos e suas múltiplas inteligências, dando foco terapêutico na inteligência interpessoal e nos processos de comunicação.
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ACENE CULTURAL
TEATRO PARA TODOS Detalhes da encenação garantem o divertimento de um público heterogêneo POR Júlia Veras
Não é só a temática - que toca em assuntos como a morte e objetivos não realizados - que faz do espetáculo infantil “De Íris ao Arco-íris” singular. A peça carrega em sua encenação uma inversão de lógica rara e que levanta importantes discussões, seja no teatro ou na sala de aula. Os conceitos de minoria foram aqui invertidos: a peça foi especialmente elaborada para o público infantil com deficiência auditiva, mas encerra elementos que a tornam acessível para ouvintes, como explica o ator, diretor e autor do texto que deu origem ao trabalho, Jorge de Paula. A protagonista da montagem - que foi contemplada pelo Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2012 e pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) - é a lagarta Íris, que faz de tudo para chegar ao Reino Encantado. A semente desse projeto começou a brotar entre os anos de 1998 e 1999, quando Jorge, ainda aluno do curso de Artes Cênicas da Universi-
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dade Federal de Pernambuco (UFPE), fez parte de um grupo de estudos guiado pelo professor, ator e diretor Marco Camarotti. Em um exercício, ele teve que responder à pergunta “Por que o arco-íris aparece quando chove?”. A resposta veio em formato de conto de fadas, que chegou a ser encenado na época, como uma das quatro peças que resultaram do exercício. A montagem simples, no entanto, não deixou satisfeito o seu autor. “Fizemos tudo com pouco dinheiro, e com o falecimento de Camarotti, essa história acabou adormecida. Mas sempre tive o desejo de voltar a ela um dia”. Dez anos depois, Jorge resolveu chamar a atriz Andréa Veruska para fazer uma nova execução, dessa vez após um período de estudo e pesquisa, que possibilitou a criação do formato específico. Embora tenha plena consciência da importância da audiodescrição e do uso das libras para facilitar aos deficientes a imersão no mundo das artes e do conhecimento, Jorge preferiu não trabalhar com eles no espetáculo. Para ele, os artifícios poderiam adaptar uma obra feita para não deficientes - e não era esse seu objetivo. “Se pensarmos que apenas há pouco tempo as obras feitas para crianças se libertaram da ideia de que elas devem ser tratadas como pequenos adultos e que precisam de trabalhos que sejam voltados para o seu tipo de compreensão de mundo, em relação à compreensão das crianças com necessidades especiais, essa inclusão é ainda mais distante”. Para alcançar o objetivo, ele conta
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uma história por meio dos mais variados recursos. Se não há diálogos, a narrativa faz uso de imagens e sombras reproduzidas em um retroprojetor, trabalho de corpo de atores e manipulação de bonecos. Cada detalhe imagético foi pensando para construir a encenação. Desde o começo, Jorge sabia que iria fazer uso de um jogo entre preto e branco e projeções bidimensionais para apresentar ao público a Iris lagarta. Quando ela renasce como borboleta, a história ganha três dimensões e cores alegres, com a manipulação de bonecos. Durante o período de montagem, cogitaram o uso de símbolos como interrogações ou ZZZZZZZ, para indicar sono. Depois, resolveram tirar qualquer analogia ao alfabeto.
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A acessibilidade para os ouvintes se dá por meio de um trilha sonora assinada pelo músico Júlio Morais, que cumpre a função de acompanhar o espetáculo, sem, no entanto, dar detalhes da narrativa ou conter efeitos sonoros que marquem ou sublinhem determinados momentos. “Sendo a peça inteira sem fala, a música tinha que cumprir o papel de dar o tom, ajudar a passar as sensações das cenas para quem não está acostumado a entender tudo em silêncio”, conta Júlio que buscou inspiração nos desenhos da Disney. Ele conta que pouco antes de iniciar o trabalho, assistiu ao Toy Story 3 e se prendeu na trilha, prestando especial atenção nas nuances das cenas mais despretensiosas, nas transições de tensão para alívio/alegria e vice-versa. “Então construí a atmosfera de Íris assim, com instrumentação de orquestra, porque desde que vi os primeiros rascunhos dos personagens, foi esse o caminho que visualizei”, relata. No meio de todo esse caminho, estão presentes assuntos como morte, perseverança, esperança e objetivos não realizados. “Marco Cammarotti sempre nos dizia que se pode tratar todo tipo de assunto com uma criança. No mundo ocidental, colocamos a morte em um lugar muito drástico, mas ela é algo natural. Embora a Íris não realize o seu intento, a audácia dela deixa um símbolo de perseverança, que é o arco-íris. Uma coisa é fato: as crianças não saem tristes da peça”, ressalta o diretor. Agora, Jorge, juntamente com Andréa Veruska, Karla Martins e Wagner Montenegro, está planejando um novo desafio, dessa vez voltado para crianças deficientes visuais. “A origem da palavra teatro significa ‘Lugar onde se vê’. Sabemos que 80% da forma como se dá nosso aprendizado é por meio de imagens. Partindo dessa princípio, é possível fazer teatro para pessoas que não enxergam? É essa pergunta queremos responder”, questiona. Assim como no caso de Íris, a peça também será acessível para
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videntes. CONTATO PARA ESCOLAS - “De Íris ao Arco-Íris” foi aprovado no Edital para Áreas Culturais dos Correios 2014, e a partir de maio de 2015 a peça sairá em turnê pelas cidades de São Paulo, Santos, Rio de Janeiro e Angra dos Reis. No segundo semestre de 2014 o grupo poderá ser contratado para fazer apresentação para escolas. Contato da peça: Jorge - (81) 9278 6961 / Karla Martins - (81) 9208 1000 // 9619 5396 e 8444 8194 ACESSIBILIDADE NO TEATRO Foi por constatar e não se conformar com o fato de a maioria das obras ainda não serem dotadas de acessibilidade que a professora de Psicologia da Faculdade Pernambucana de Saúde, Liliana Tavares, fundou há quatro anos
a Com Acessibilidade Comunicacional, que presta serviços de audiodescrição, Braille e interpretação de libras. A psicóloga, que já trabalhava com pessoas com necessidades especiais, acabou enveredando pelo caminho da audiodescriação. O trabalho cresceu e, em abril de 2014, veio o Festival de Filmes com Audiodescrição do Recife, com mostra competitiva de audiodescrição, o VerOvindo. Nele, todos os filmes, de longa e de curta metragens, ofereceram acessibilidade para as pessoas com deficiência visual. Ao todo, foram quatro dias com exibições na Sala do Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, no Derby, e uma mostra competitiva de audiodescrição. “Foi muito emocionante. Lembro de um senhor que ficou cego por conta de um acidente e foi assitir a um dos filmes. No final, ele estava profundamente emocionado e disse que voltaria sempre. A recompensa é enorme”.
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MAIS CULTURA PAÇO DO FREVO O Paço Nacionalmente, o Dia do Frevo é comemorado no dia 14 de setembro. É uma boa ocasião para conhecer o Paço do Frevo. Instalado no Bairro do Recife, o espaço é dedicado à difusão, pesquisa, lazer e formação nas áreas da dança e música do frevo, O objetivo é propagar o ritmo para as futuras gerações. Por que conhecer? Pela possibilidade de conhecer um vasto universo de personalidades, histórias, memórias e experimentar o carnaval pernambucano durante o ano todo. Visitação Praça do Arsenal, s/n, Bairro do Recife Funcionamento Existe a possibilidade de realizar o agendamento de visitas guiadas pelo email agendamento@frevo.org.br ou pelo telefone (81) 3355-9500. Fechado às segundas, o Paço funciona nos seguintes horários: Terças, quartas e sextas, das 9h às 18h; Quintas, das 9h às 21h; Sábados e domingos, das 12h às 19h; Estudantes da rede pública em visita pré-agendada têm direito à gratuidade. 48
www.jobim.org/chico CHICO BUARQUE PARA TODOS O Instituto Tom Jobim disponibiliza online diversas obras e documentos do acervo pessoal de Chico Buarque. O material completo conta com 7.916 letras e partituras, 26.152 textos, 1.044 imagens e por volta de 600 arquivos de vídeo e áudio, que incluem a discografia completa do compositor. Por que acessar? Excelente oportunidade de entrar em contato com as obras deste importante compositor da música popular brasileira. Entre os documentos para consulta, encontram-se algumas relíquias da vida do artista, como o livro de impressões da mãe do compositor que relata seus primeiros anos de vida. Ou a história em quadrinhos “O Chico-mirim”, que escreveu aos 12 anos, além de matérias a respeito de sua carreira. Na sala de aula Os professores podem trabalhar diversos conteúdos a partir das composições de Chico Buarque. De interpretação de texto aos estudos sobre o período da Ditadura, é inegável a contribuição de Chico para o País.
INQUEBRÁVEL, ESTELITA PARA CIMA Autores: Ronaldo Correia de Brito, Marcelino Freire, Sidney Rocha, Raimundo Carrero, Cristiano Ramos, Wilson Freire, Joca Reiners Terron, Antonio Prata, Cristhiano Aguiar, Luciano Lamberti, Federico Falco, Paulo Scott, Micheliny Verunschk, Jussara Salazar, Jordi Valls Pozo e Lucila Nogueira Editora: Mariposa Cartonera, integrante de uma rede de editoras que prezam por uma proposta sustentável Categoria: Educação, Movimentos Sociais Mais informações: http://bit.ly/mariposacartonera Movimento social luta por um Recife mais preocupado com as questões sociais e ambientais. O Ocupe Estelita ganhou as redes sociais e as ruas. Até música, composta pelo cantor Criolo, já foi feita para mostrar ao público a importância da participação social e do planejamento adequado das cidades. Por que ler? A antologia reúne autores de várias nacionalidades em defesa do movimento Ocupe Estelita. Integrantes do movimento estão no Cais José Estelita, no Recife, em protesto contra o projeto Novo Recife, que tem um projeto para construção de torres de até 40 andares em uma área histórica da cidade. Na sala de aula O professor pode discutir com os estudantes temas relacionados aos movimentos sociais, aos atuais movimentos populares no Brasil, bem como incentivar a discussão sobre planejamento das cidades.
Fotos: divulgação | reprodução de internet
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HOJE EU VOU VOLTAR SOZINHO
CD ALMÉRIO RODA VIVA Programa de entrevistas brasileiro originalmente exibido pela TV Cultura desde 29 de setembro de 1986, tradicionalmente nas noites de segunda-feira. O programa não tem um perfil definido de entrevistados, tendo como convidados diversos líderes políticos, escritores, esportistas, filósofos, músicos entre outras pessoas que sejam consideradas notórias para o Brasil e para o mundo. O Roda Viva conta com diferentes entrevistadores, convidados de acordo com as suas áreas de atuação e conhecimento. Por que ver? Pelas temáticas atuais que são abordadas no programa, permitindo atualização de conhecimentos e aprofundamento em questões importantes do mundo contemporâneo. Na sala de aula Trechos do programa podem estimular os estudantes a dialogarem a respeito de diversos temas, bem como se aproximar do gênero jornalístico da entrevista. Quem sabe não dá para fazer uma simulação de um Roda Viva em sala de aula. Para assistir? Segundas-feiras às 22h pela retransmissão da TV Cultura.
Fotos: reprodução de internet | divulgação
Formato: CD Intérprete: Almério Mídia: CD Volume: 1 Ano de produção: 2014 País de produção: Brasil Estilo: Alternativo Almério Caruaru tem se tornado um polo importante para o cenário musical pernambucano. Embora seja natural do município de Altinho, é em Caruaru que o cantor Almério vive. Em seu trabalho de estreia, mistura o pop com ritmos regionais e tem conquistado ouvintes por onde tem passado. Por que ouvir? Valorização da cultura regional e boa oportunidade de expandir o repertório musical. São 14 músicas no total. Entre elas: Lampejo, São João do Carneirinho, Invólucro Caruaru, Na Velocidade e Além-homem. Em sala de aula O professor pode trabalhar as letras das músicas com os alunos, além de investir na identificação dos ritmos que são utilizados nas músicas. É uma boa chance de conhecer novos ritmos e as combinações entre eles. O download gratuito do CD pode ser feito no site: http://bit.ly/almerio
Lançamento: Abril de 2014 (1h35min) Dirigido por: Daniel Ribeiro Com: Ghilherme Lobo, Fabio Audio, Tess Amorim Gênero: Drama, Romance Nacionalidade: Brasil Atenção: O filme não é recomendado para menores de 12 anos O Filme Leo é um adolescente com deficiência visual. Como outros jovens, está descobrindo qual o seu lugar no mundo. Desejando ser mais independente, precisa lidar com suas limitações e a superproteção de sua mãe. Para decepção de sua inseparável melhor amiga, Giovana, ele planeja libertar-se de seu cotidiano fazendo uma viagem de intercâmbio. Porém a chegada de Gabriel, um novo aluno na escola, desperta sentimentos até então desconhecidos em Leo, fazendo-o redescobrir sua maneira de ver o mundo novo para a vida dele. Por que ver? A escola é um dos principais cenários do filme. A discussão sobre pessoas com necessidades especiais e homossexualidade são importantes para acabar com o preconceito. Na sala de aula O professor pode trabalhar questões de gêneros, fomentando um debate rico e produtivo acerca da sexualidade humana. Também, é possível conversar com a turma sobre pessoas com necessidades especiais e como elas merecem ser tratadas. O filme é baseado no curta “Hoje eu não quero voltar sozinho”. Para assistir, basta acessar o YouTube.
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HORA DO LANCHE | Fred Toscano
SEGURANÇA ALIMENTAR
Fred Toscano é formado em gastronomia e mestre em História pela Universidade Federal de Pernambuco fred@revistaacene.com.br
Quando pensamos em segurança alimentar, especialmente quando consideramos crianças e adolescentes em idade escolar, quase sempre nos concentramos nos aspectos de sanidade química e microbiológica, ou mesmo no acesso ao alimento, que deve ser estável e contínuo. Mas é importante lembrar também que a garotada está sujeita a outros perigos na hora da merenda, alguns deles nem sempre tão evidentes. Os perigos físicos são aqueles que podem causar prejuízo à saúde ou mesmo matar, ainda que não envolvam elementos químicos perigosos ou risco de contato com micro-organismo patogênicos. A pipoca, por exemplo, dessas que podem ser compradas em qualquer cantina, pode causar obstruções respiratórias e até mesmo matar. Acha que é exagero? Pois a Academia Americana de Pediatria, nos Estados Unidos, quer que certos alimentos passem a avisar, em seus rótulos, que podem oferecer riscos à crianças. Um outro produto muito consumido por elas e que também pode ser facilmente encontrado em cantinas e refeitórios é o chiclete, vilão em 50
casos extremos de asfixia. De jujubas até salsichas de cachorro-quente, vários itens, até então considerados inofensivos, estão na mira do FDA, o Food and Drugs Administration. E, por falar em rótulos, o Brasil avança para torná-los mais informativos e os alimentos mais seguros, especialmente para a meninada. A campanha Põe No Rótulo tem como objetivo fazer com que os dados essenciais da composição de vários alimentos destinados ao público infantil sejam mais claros e completos. Isso é especialmente importante quando levamos em consideração que quase um terço da população do país sofre de algum tipo de alergia e, dentro desse universo, aproximadamente 20% são crianças. Nem sempre os pais estão cientes do que as crianças podem ou não comer, e esse controle é ainda mais difícil fora de casa. Portanto, é de extrema importância que pais, educadores e nutricionistas e gastrônomos tenham acesso à uma rotulagem mais eficiente, o que pode até mesmo salvar vidas.
Foto: shutterstock
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