GRUPO 1 NOVA FRIBURGO FELIPE SOUZA DE OLIVEIRA ANDRÉ LUIZ FARIA VIEIRA SANDRA MACÁRIO NOGUEIRA RITA DE CÁSSIA SILVA SONIA MARIA DA SILVA FARIA
TRABALHO DE CAMPO
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GRUPO 1 NOVA FRIBURGO
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REALIZAÇÃO FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ VICE-PRESIDÊNCIA DE AMBIENTE, PROMOÇÃO E ATENÇÃO À SAÚDE CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM EMERGÊNCIAS E DESASTRES EM SAÚDE ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA ESCOLA POLITÉCNICA DE SAÚDE JOAQUIM VENÂNCIO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ESTUDOS DE SAÚDE COLETIVA PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS EM VIGILÂNCIA EM SAÚDE E AMBIENTE UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE FARMÁCIA DEPARTAMENTO DE FARMÁCIA E ADMINISTRAÇÃO FARMACÊUTICA PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO SECRETARIA MUNICIPAL DE CONSERVAÇÃO E SERVIÇOS PÚBLICOS SUBSECRETARIA DE DEFESA CIVIL APOIO MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL SECRETARIA NACIONAL DE DEFESA CIVIL DEPARTAMENTO DE MINIMIZAÇÃO DE DESASTRES
TRABALHO DE CAMPO
GRUPO 1 NOVA FRIBURGO
VERSÃO EM AVALIAÇÃO
ORGANIZADORES CARLOS MACHADO DE FREITAS E VÂNIA ROCHA REVISÃO TÉCNICA MARCELO ABELHEIRA E VÂNIA ROCHA PROGRAMAÇÃO VISUAL PRISCILA FREIRE PROFESSORES TUTORES MARCELO ABELHEIRA E SUELI SCOTELARO PORTO
RELATÓRIO SOBRE O BAIRRO BARRACÃO DOS MENDES
Nova Friburgo 2013
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Sumário
1.
Introdução
2.
Área de estudo
3.
Ambiente Físico
3.1.
Geologia e clima
3.2.
Vegetação
3.3.
Hidrografia
4.
A tragédia de 2011 e os Impactos e Riscos no Meio Ambiente e na Saúde
5.
Redução de Riscos: Resiliência Ambiental, Prevenção, Mitigação, Preparação e Resposta
5.1
Recuperação de Áreas Degradadas
5.1.1 Capim Vetiver 5.1.2 Reflorestamento 5.2
Educação Ambiental
5.3
Educação e Saúde
5.4
Fiscalização
5.5
Mobilização Social
5.6
Capacitação
5.7
Sinais e Alerta
5.8
Ponto de Apoio e Abrigo
5.9
Infra - estrutura
5.10
Familiograma
5.11
Possíveis parceiros
6.
Potencialidades
6.1
Agroecologia
6.2
Parque Estadual dos Três Picos
7.
Anexos
1
1. Introdução
O modelo de produção praticado com o uso excessivo de agrotóxicos, desmatamentos, queimadas, na degradação do solo e na criação intensiva de animais, favorece o aumento dos níveis de emissões de gases do efeito-estufa. O cenário atual dos sistemas produtivos predominantes no meio rural constitui um exemplo de paradigmas dessa situação gerada pela adoção de um estilo de desenvolvimento socialmente excludente e ecologicamente predatório (SACHS, 2001). Entre os 16 municípios que compõe a Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, encontra-se Nova Friburgo, com uma população de aproximadamente 178 mil habitantes (IBGE, 2010), sendo menos de 15% destes, são moradores da zona rural. Localizada a 130 quilômetros da capital fluminense, possui o quarto IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Estado do Rio de Janeiro. Nova Friburgo se destaca como um dos municípios mais conservados do ecossistema Mata Atlântica do Brasil. De acordo com o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e pela SOS Mata Atlântica, o município possui 40.614 hectares de vegetação nativa, ou 44% do território. Entre as conseqüências da colonização por imigrantes europeus no meio rural do município, está o predomínio de pequenas propriedades rurais e de uso de mão de obra familiar no processo de produção agrícola da região (Belo, 2009). Nova Friburgo é hoje, um importante pólo de produção agrícola do Brasil e o maior do Estado. Em janeiro de 2011, a Região Serrana do Estado Rio de Janeiro sofreu com a maior tragédia climática da história do país, foi o 8º maior deslizamento do mundo desde 1900, além das mais de 900 mortes, houve um prejuízo de mais de 1 bilhão de dólares só no município de Nova Friburgo. Nova Friburgo foi o município mais afetado por esse fenômeno, o volume intenso das chuvas, desencadeou muitos deslizamentos de terra e o transbordamento de rios. Diversos bairros foram devastados por esse desastre hidrológico. Em poucas horas, choveu 182,8 mm em Nova Friburgo, provocando sérios danos, cerca de 70% do território sofreu danos. Após a catástrofe, houve uma quebra considerável da safra de verão de 2011, os produtores perderam lavouras, infraestruturas e equipamentos. Uma caixa de tomate chegou a custar R$ 100,00 dois dias após a tragédia. 2
Os agricultores do município perderam cerca de 80% da produção, o local mais prejudicado foi o 3º distrito, na bacia do Rio Grande, onde concentra cerca de 85% da produção municipal. Em algumas propriedades as erosões e as enxurradas foram tão intensas que além da perda de plantações, a camada fértil do solo e do subsolo foi arrastada, deixando as rochas expostas.
2. Área de estudo
A localidade escolhida para o trabalho é Barracão dos Mendes. Está situada no 3º distrito de Nova Friburgo a aproximadamente 30 quilômetros a sudoeste do centro da cidade e faz divisa com o município de Teresópolis. Seu acesso é pela estrada RJ 130, que liga Nova Friburgo a Teresópolis. Existem três vias de acesso: pelo bairro Conquista (principal acesso), por Alto dos Vieiras e por Fazenda Floresta.
Mapa 1 – Demonstração da área de estudo
O Barracão dos Mendes era um antigo ponto de comércio atacadista de hortigranjeiros da região. Produtores cultivavam e transportavam seus produtos no lombo de mulas e vinham vendê-los neste local. Hoje o barracão não existe mais, foi substituído pelo mercado do produtor rural CEASA, próximo ao bairro. A região na qual está localizado este bairro é caracterizada como área rural, localizado em um vale a 1.000 metros de altitude, nele são desenvolvidas atividades 3
agropecuárias, como o cultivo de vários alimentos, destacam-se a produção expressiva de olerícolas (legumes e hortaliças) e a criação de animais. Devido à beleza cênica do lugar, outra característica que atrai pessoas ao local é o ecoturismo, também chamado de turismo rural. A estrutura fundiária está baseada em pequenas propriedades rurais, a mão de obra é exclusivamente familiar e a maioria dos produtores apenas possui o primeiro grau de escolaridade. A agricultura da área é caracterizada com agricultura de encostas em relevo acidentado ou de margens dos corpos hídricos. Essa prática aliada aos altos índices pluviométricos favorece a erosão dos solos e a inundação das áreas baixas. Foi observado no bairro uma concentração na conformação urbana do espaço, tais como vendas, bares, igrejas, ruas pavimentadas e iluminadas, mas que não é classificada como uma área urbana.
Foto 1 – Barracão dos Mendes
Tabela com informações sobre a população Número de famílias Número de pessoas Acamados Número de crianças até 7 anos Idosos (+ 60 anos) Gestantes Hipertensos Diabéticos Pacientes em uso de psicotrópicos
260 Aproximadamente 600 8 79 101 12 118 16 46
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Tabela com outras informações sobre o território Mercado Escola Creche Loja de material de construção Loja agrícola Farmácia Posto de gasolina Padaria Bar
01 01 01 01 01 01 01 10
Igrejas
10
Coleta de Lixo
Duas vezes por semana
Abastecimento de água
100% não tratada - Solução alternativa coletiva (poço e nascente)
Esgoto sanitário
Algumas casas possuem fossas, mas a maior parte lança seus resíduos líquidos diretamente no rio.
Diversas áreas de vulnerabilidade foram observadas na pesquisa sendo possíveis pontos de riscos de deslizamentos. Centenas de pessoas estão expostas aos riscos associados aos desastres naturais, principalmente por não haver uma ocupação regular do solo. O bairro não possui um plano de contingência e tampouco uma infraestrutura adequada, como sinais de alerta e ponto de apoio para enfrentar problemas de enchentes e deslizamentos. Constatamos junto à comunidade um princípio de ação contra os riscos, mas os mesmos foram abortados pela Defesa Civil precocemente. Percebemos a falta de conscientização da comunidade para os riscos existentes, pois pouco foi feito em termos de estruturação para diminuir os prejuízos da comunidade. Foi observado em campo a falta das APP’s (Áreas de Proteção Permanente), estas são protegidas por lei e a vegetação destas áreas desempenham papéis importantes na proteção dos recursos hídricos e evitam enchentes, assoreamentos e controlam as erosões dos morros.
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Mapa 2 - Identificação, pela equipe de trabalho, das áreas de risco de deslizamento (em vermelho)
Durante a pesquisa de trabalho de campo junto às agentes comunitárias de saúde, constatamos problemas sérios relacionados ao alcoolismo, suicídio, doenças sexualmente transmissíveis, casos de câncer, tráfico de drogas e alto índice de acidentes envolvendo motocicletas. Vários outros problemas vêem se agravando devido ao crescimento desordenado que o bairro vem enfrentando, devido a migração de pessoas de outras localidades.
3. Ambiente Físico
3.1 Geologia e Clima A área de estudo situa-se na Serra do Mar, caracterizada pelo seu relevo montanhoso, com muitos afloramentos rochosos e pequenos vales, as altitudes variam entre 900 metros e 2000 metros de altitude. A origem das montanhas se deve aos eventos e influências dos eventos de separação dos continentes, denominada deriva continental das tectônicas de placas. As rochas são basicamente do tipo Gnaisse e Granito. Os tipos de solo predominantes são: Latossolo Vermelho-Amarelo e húmico e Podzólico Vermelho-Escuro. (RADAMBRASIL, 1983) Recebe influências dos ventos úmidos oceânicos (massa tropical marítima), que quando resfriam condensa-se e precipita-se em forma de chuva e nevoeiros.
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A região possui umidade relativa do ar em torno de 80%, a precipitação média anual é entre 1.500 – 2400 mm. A temperatura varia entre 9 ºC a 27 ºC, com média anual a 17,8 ºC (Brasil, 1970). O clima pode ser considerado tropical de altitude ou subtropical, podendo atingir valores negativos no inverno e nas maiores altitudes (BOHRER, 1998). Nos meses mais frios ocorrem geadas.
3.2 Vegetação A região encontra-se inserida no bioma Mata Atlântica. A vegetação original é constituída pela Floresta Ombrófila Densa Montana nas altitudes até 1600 metros de altitude, essa floresta possui uma alta diversidade biológica. A cobertura vegetal atual da região é constituída de pequenos fragmentos remanescentes da Mata atlântica, por florestas secundárias, plantios florestais, olericultura intensiva e pastagens em baixadas e em encostas.
Foto 2 – Pastagem e fragmento de Mata Atlântica em bom estágio de regeneração
3.3 Hidrografia A micro bacia hidrográfica do rio Barracão dos Mendes faz parte da bacia hidrográfica do Rio Grande, este nasce na Serra do Morro queimado no bairro de São Lourenço, que está localizado há 10 quilômetros da área de estudo. O Rio Grande sofre com as enxurradas, com as construções irregulares em suas margens e com a poluição. Este recurso hídrico é um dos mais importantes mananciais
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de abastecimento de Nova Friburgo, cerca de 50 % da cidade é abastecida com suas águas, além disso, quase toda a região serrana norte depende dele.
Mapa 3 - Bacias hidrográficas do município de Nova Friburgo. Imagem da Agenda 21 do município. A bacia do Rio Grande está marcada na cor rosa.
4. A tragédia de 2011 e os Impactos e Riscos no Meio Ambiente e na Saúde
Barracão dos Mendes contabilizou 6 mortes e dezenas de desalojados e desabrigados na catástrofe serrana de 2011. Os condicionantes do meio físico e vegetal foram determinantes para as suscetibilidades à erosão e pelas enchentes da região. Em Barracão dos Mendes as práticas da agricultura e da pecuária foram se expandindo dentro dos vales, a mata de encosta e a mata ciliar foi retirada. O desmatamento provocado pela ocupação, inicialmente com o plantio de café, seguido pela pecuária e cultivos agrícolas, favoreceu a formação dos processos erosivos. O desmatamento impermeabiliza o solo e agrava os processos erosivos. O resultado disso foi aumento de áreas degradadas nas encostas e o assoreamento do rio que acabou ficando desprotegido. A erosão que é um processo de deslocamento de terra ou de rochas de uma superfície deixou profundas marcas nas encostas dos morros de Barracão dos Mendes.
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Foto 3 – Encosta onde havia uma residência que foi soterrada pela erosão (1 óbito)
O relatório do Ministério do Meio Ambiente para a catástrofe de 2011 na região serrana argumenta que se o Código Florestal vigente fosse aplicado, os efeitos das chuvas teriam sido significativamente menores.
Foto 4 – Morro com erosão
Foi possível observar que a camada mais fina do relevo constituída pelo solo e algumas pedras se deslocaram da montanha e desceram feito uma avalanche. A grande inclinação das montanhas fez com que o deslizamento atingisse grande velocidade, aumentando a potência de destruição. Toneladas de pedras desceram pela calha do rio e atingiram casas e lavouras.
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Foto 5 - Diversos cultivos agrícolas se perderam e algumas terras ficaram soterradas por pedras de diversos tamanhos, ficando incultiváveis.
Fotos 6 e 7 - A topografia acidentada e as fortes chuvas causaram deslizamentos que desceram em forma de cabeça d’água. O agricultor Manoel Onofre perdeu sua casa e seus bens materiais. Felizmente conseguiu sair com vida junto a sua família.
Durante a calamidade foi vivenciado o mais puro conceito de resiliência no bairro. Moradores de comunidades vizinhas (Três Picos, Baixada de Salinas e Salinas), somaram um total de 115 voluntários que vieram ao socorro do Sr. Manoel Onofre e sua família. Trabalharam e auxiliaram continuamente na retirada de entulhos, pedras e lamas da sua residência e da sua propriedade.
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Devido às ajudas, hoje o agricultor está se recuperando e sua terra esta voltando a reproduzir devido a resiliência humana e ambiental.
Foto 8 - Em alguns pontos do bairro foi possível visualizar moradias em áreas de risco. Todas estas casas da foto acima estão servindo de moradia.
A região da bacia hidrográfica do rio Grande, na qual inclui a micro bacia do rio Barracão dos Mendes, vem apresentando uma situação preocupante, destacando-se por um elevado consumo de agrotóxicos, que pode chegar a 56 Kg por trabalhador durante um ano. Este valor é um dos maiores do país, cinco vezes maior que a média da região sudeste e dezoito vezes maior que a do estado (MOREIRA, 2002). Pesquisas evidenciam que elevados níveis de contaminação humana e ambiental foram encontrados nesta região, devido ao uso de agrotóxicos. A maior parte dos agrotóxicos aplicados nas lavouras, cerca de 99%, não atingem as “pragas’’ e acabam contaminando as águas subterrâneas, as águas superficiais, o solo e a atmosfera. Este descontrole traz grandes riscos socioambientais. Pesquisas demonstraram que dos 32 agrotóxicos mais utilizados na região, 17 sofrem restrições em outros países e oito deles já foram proibidos. A contaminação dos recursos hídricos representa uma das preocupações mais centrais e de alta relevância, devido ao fato deste recurso natural atuar como via de transporte desses contaminantes para fora das áreas-fonte. Se uma região agrícola, onde se utiliza extensivamente uma grande quantidade ou variedade de agrotóxicos, estiver localizada próxima a um manancial hídrico que abasteça uma cidade, a qualidade da água ali consumida estará seriamente sob o risco 11
de uma contaminação, embora a mesma possa estar localizada bem distante da região agrícola. Assim, não só a população residente próxima à área agrícola estaria exposta aos agrotóxicos, mas também toda a população da cidade abastecida pela água contaminada. (PERES; MOREIRA; DUBOIS, 2003, p.38). A água utilizada na agricultura é captada do Rio Barracão. Sendo que o mesmo recebe os dejetos da comunidade e do uso químico de agrotóxicos e fertilizantes.
Foto 9 – Água sendo captada do Rio Barracão
Segundo algumas pesquisas realizadas os principais efeitos associados à exposição aos agrotóxicos são: efeitos neurotóxicos, carcinogênicos, mutagênicos, dermatites de contato, lesões renais e hepáticas, arritmia cardíaca, alergia, asma brônquica, fibrose pulmonar, irritação nas mucosas e danos ao sistema reprodutivo. Em algumas visitas de campo feitas pelo grupo do trabalho, foi possível observar que alguns agricultores desconhecem ou negligenciam o uso dos equipamentos de proteção individual (EPI).
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5. Redução de Riscos: Resiliência Ambiental, Prevenção, Mitigação, Preparação e Resposta
5.1 Recuperação de Áreas Degradadas 5.1.1 – Capim Vetiver A
espécie
vegetal
conhecida
como
Capim-Vetiver
é
uma
ferramenta
biotecnológica para estabilizar encostas, surge como uma alternativa simples para recuperar as áreas degradadas da região. O Vetiver é uma espécie de colonização pioneira na sucessão ecológica dos ecossistemas e tem grande capacidade de estabilizar e controlar a erosão. Tem grande poder de adaptação e resiliência, sobrevive onde nenhuma espécie sobreviveria. Resiste a extremos de pluviosidade (300 - 3.000 mm/ano), tolera extremos térmicos (-14 ºC a +55 ºC), sobrevive a solos de baixa fertilidade e com valores extremos de pH (3-10). Controla a erosão até mesmo em grandes inclinações. Suas raízes alcançam até 6 metros de extensão e tem uma força tensil equivalente a 1/3 da força tensil do aço (fonte: http://sistemavetiver.blogspot.com.br/p/o-capim-vetiver.html). 5.1.2 – Reflorestamento Para a recuperação das áreas degradadas que estão nas Áreas de Proteção Permanente, principalmente a mata ciliar e os morros com inclinação maior que 45º, os métodos mais indicados para a restauração e resiliência seria o plantio de mudas nativas da Mata Atlântica, a semeadura ou a regeneração natural que se da pelo abandono da área. 5.2 – Educação Ambiental A educação ambiental poderá ser trabalhada de forma –’’formal” e “não formal” na localidade. As questões da educação ambiental necessitam estar referentes aos problemas locais. O objetivo desta educação buscará o despertar da consciência para a transformação da realidade, tanto em aspectos sociais quanto naturais.
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5.3 – Educação em Saúde A educação em saúde na localidade poderá ser trabalhada para a prevenção de doenças, a promoção da saúde e a qualidade de vida da população. A saúde e o bem estar da população estão intimamente ligados ao ambiente, sem uma terra saudável, cultivada de maneira adequada não é possível modificar o presente, comprometendo ainda mais o futuro das comunidades e da sociedade. 5.4 – Fiscalização Fiscalizar efetivamente o pleno cumprimento da legislação de uso e parcelamento do solo na área rural. As áreas de plantio e de habitação precisam ser definidas previamente de acordo com a lei. Desenvolver um plano de ação estratégico de controle da ocupação irregular com base nas informações descritas no Plano Diretor Participativo, no Código Ambiental e na lei do uso do solo e as leis ambientais vigentes. Regularização de loteamentos clandestinos, desde que não estejam em áreas de risco ou de interesse ambiental. 5.5 – Mobilização Social A mobilização social é imprescindível para a prevenção e para a preparação. Precisa ser um processo permanente de promoção e envolvimento coletivo. A mobilização pode ser trabalhada como uma estratégia de estímulo a participação integrada da população diante a uma situação de risco. A localidade necessita estar mobilizada e preparada para se orientar e ter respostas preliminares nas situações adversas. As pessoas que moram em áreas de risco precisam estar conscientizadas das necessidades de se dirigir a um ponto de apoio. É preciso confeccionar panfletos com informações de interesse público, sobretudo referente a desastres naturais em parceria com a associação de moradores. 5.6 – Capacitação A capacitação é um instrumento relevante na preparação dos riscos, pois oferece treinamento e conhecimento para moradores e profissionais de diversas áreas que
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poderão se integrar na prevenção ou na resposta de um evento que cause danos à comunidade. 5.7 – Sinais de Alerta O uso dos pluviômetros em áreas de risco auxilia o monitoramento dos alertas. Os alertas poderão ser através de mensagens por celular ou por sirenes instaladas na localidade. Há necessidades de melhoria na telefonia e na comunicação do bairro. É necessário estabelecer e formar um grupo de rádio amador para atuar como multiplicadores de informação. 5.8 – Ponto de Apoio e Abrigo É preciso estabelecer um ponto de apoio e um abrigo temporário com infraestrutura adequada e que garanta condições de permanência. O abrigo deve estar suprido de materiais (alimentos, água potável, artigos de limpeza, cobertores, colchonetes etc) e de uma equipe integrada – coordenador, médico, psicólogo, assistente social e outros profissionais. O ponto de apoio precisa estar seguro e sinalizado para o seu acesso. 5.9 – Infraestrutura Em relação ao escoamento das águas pluviais, constatamos que os bueiros e as galerias onde o escoamento é feito, está insuficiente para suportar o volume das águas e precisam de reparos e ampliação da rede com novas galerias. Contenção de encostas que ameaçam estradas e residências. 5.10 – Familiograma O familiograma é uma espécie de árvore genealógica muito útil que visualiza a relação dos componentes (ancestrais e descendentes) da família dentro de um determinado imóvel. Pode ser utilizado na prevenção e na resposta. Começou recentemente a ser utilizado por Agentes Comunitários de Saúde de áreas próximas a Barracão dos Mendes. Exemplo:
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Foto 10 - Familiograma
Rua Augusto Mendes
Casa nº 2
Número de moradores
6
Maria – 53 anos
Hipertensa
João – 55 anos
Diabético
Joana – 20 anos
Cadeirante
Luís – 15 anos Fátima – 18 anos Fábio – 22 anos 5.11 – Possíveis parceiros Governo Federal, Estadual e Municipal, Defesa Civil, Banco do Brasil, Conselho dos agricultores familiares de Nova Friburgo (CONRURAL), EMATER, EMBRAPA, ONG’s, Pesagro, Secretarias municipais (agricultura, cultura, meio ambiente, saúde e trabalho).
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6. Potencialidades
6.1 Agroecologia Diante dos impactos dos agrotóxicos e dos fertilizantes sintéticos no meio ambiente e na saúde, é importante propor medidas mais sustentáveis de produção. A forma convencional de agricultura praticada na região precisa passar por uma transição mais sustentável e menos agressora. Uma forma de produção mais equilibrada com o meio é a agroecologia, pois respeita e conserva a biosfera. Proporciona uma melhor qualidade de vida as pessoas, seja produtora ou consumidora. Segundo a pesquisadora Ivani Guterres: "A abordagem agroecológica propõe mudanças profundas nos sistemas e nas formas de produção. Na base dessa mudança está a filosofia de se produzir de acordo com as leis e as dinâmicas que regem os ecossistemas – uma produção com e não contra a natureza. Propõe, portanto, novas formas de apropriação dos recursos naturais que devem se materializar em estratégias e tecnologias condizentes com a filosofia-base".
6.2 Parque Estadual dos Três Picos A localidade do estudo faz divisa com o Parque Estadual dos Três Picos. Com 46.000 hectares é a maior unidade de conservação do Estado do Rio de Janeiro. Pesquisas realizadas constataram o maior índice de biodiversidade da Mata atlântica do país neste parque. O parque possui um dos afloramentos rochosos mais espetaculares do país. A cerca de 10 Km de Barracão dos Mendes está a portaria do parque que da acesso ao conjunto rochoso denominado Três Picos. A montanha denominada Pico Maior de Friburgo com 2.310 metros de altitude é a maior rocha da Serra do Mar.
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Foto 11 – Três Picos
A unidade de conservação dos Três Picos oferece e representa um estímulo ao desenvolvimento econômico da região, pois oferece o ecoturismo, já que há diversas atrações e possibilidades de atividades, como caminhadas, escaladas e cachoeiras de grande beleza.
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Referências: Guterres, I. Agroecologia militante: contribuições de Enio Guterres. São Paulo: Expressão Popular, 2006 Peres, F. É veneno ou é remédio? Os desafios da comunicação rural sobre agrotóxicos [Dissertação de Mestrado]. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública/ Fundação Oswaldo Cruz; 1999. RADAMBRASIL. Ministério de Minas e Energia (1983). Levantamento dos Recursos Naturais. AGENDA 21 – Nova Friburgo www.vetiver.com www.inea.rj.gov.br www.codenf.com.br SACHS, I. Repensando o crescimento econômico e o progresso social: o papel da política. In: ABRAMOVAY, R. et al. (Orgs.). Razões ficções do desenvolvimento. São Paulo: Editora Unesp/Edusp,2001.
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7. Anexo Entrevistas: Dra. Ana Carolina do PSF de Centenário (PSF mais próximo de Barracão dos Mendes, onde os habitantes desta localidade vão se consultar).
Em visita ao campo o grupo constatou que a assistência médica não acontecia há anos na comunidade. Agora com a sua incorporação ao programa de saúde da família esse trabalho está sendo realizado. Quais são as principais doenças constatadas? Principais doenças: Verminose: devido a falta de higiene Depressão: aumento devido a falta de lazer e cresceu após a tragédia de 2011 Hipertensão Alcoolismo
O que poderia ser feito para prevenir estes problemas? Trabalhos educativos com a comunidade. Já está sendo realizado um trabalho de caminhadas para idosos, doação de tênis e palestras que ajudam a melhorar o conhecimento da população Em relação a depressão a falta de profissionais prejudica a melhora desses pacientes. Existe o NASF um programa que envolvem profissionais como: fisioterapeutas, psicólogos e outros, só que no momento em Friburgo não há esses profissionais no Programa de saúde da Família.
Lílian Bento da Silveira, Diretora da Escola Municipal Cypriano da Veiga Como diretora o que você observa de problemas na comunidade? O que a secretaria de educação do município pode oferecer para minimizar estes males? Resposta: A escola tem matriculado 211 alunos, da educação infantil à educação de jovens e adultos. Um problema frequente é a defasagem idade/série que é causado pela repetência dos alunos e acabam ficando fora da idade recomendada. Para isso temos aulas a noite. Outro problema é o uso de agrotóxicos. 20
A secretaria de educação do município disponibiliza um veículo para trazer e levar os alunos. Também junto com a secretaria de saúde nos proporciona palestras sobre drogas, sexualidade, higiene e cuidados com a saúde.
Jorge Pajuaba, presidente da Associação de Moradores de Barracão dos Mendes Qual o número de associados e quando se reúnem? R: 186 associados, reunindo-se sempre na primeira quinta-feira do mês. O que o Sr. acha que possa ser feito para melhorar o bairro? R: Mais participação ativa dos produtores rurais e moradores, melhoria da iluminação pública, quebra molas com melhor aferição, pontos de ônibus cobertos, mais coletores de lixo, mais ronda policial. Em relação a saúde, o que pode ser feito? R: Construção de fossas sépticas e construção de uma ETE – Estação de Tratamento de Esgoto. Em relação a educação? R: Falta creches e colégio de segundo grau Esporte e Lazer? R: Construção de quadra poli esportiva e praças Em relação ao Meio ambiente? R: A Associação de moradores de Barracão dos Mendes é membro atuante do COMMAM – NF (conselho municipal do meio ambiente). Atua na agenda 21 local, no CBT – comitê de bacias hidrográficas, coordenação da bacia do Rio Grande, Comperj, INEA, Rio Rura, Defesa Civil e demais órgãos do setor. Existe pluviômetro na região? Existe sim, alguns estão instalados em algumas fazendas e temos materiais para a confecção de mais. A defesa cedeu alguns materiais como mochilas e lanterna, dos quais encontramse no posto de gasolina de Barracão dos Mendes. Houve mudanças na característica da população após a catástrofe? Sim houve mudança de comportamento, devido a perda de entes queridos, a perdas totais da lavoura e materiais de uso e até mesmo de suas próprias casas. Há uma angústia e dor sem ser abertamente declarada.
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Este relatório de campo foi desenvolvido pelo corpo discente como um Trabalho de Conclusão do Curso Agente Locais em Desastres Naturais, um projeto-piloto que visa a formação de multiplicadores em ações de Saúde, Proteção e Defesa Civil. Este material está em validação, por esta razão não pode ser divulgado, copiado, alterado, citado e impresso. A impressão está autorizada somente ao corpo docente e discente. Esta publicação foi desenvolvida em 2013 no Estado Rio de Janeiro, RJ, Brasil. O curso ocorreu entre os meses junho e julho de 2013 na cidade de Petrópolis, RJ, Brasil.