ENEM - História Geral

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História Geral

HISTÓRIA GERAL UNIDADE 1 ANTIGUIDADE ORIENTAL Introdução Os estudos da Antiguidade Oriental dizem respeito a uma série de sociedades que iniciaram seu desenvolvimento nas margens de rios, na região do Oriente Próximo. O estudo dessas sociedades é muito relevante, pois foi nessa época e região que surgiram conceitos e inovações ainda importantes na sociedade contemporânea, como a escrita e os códigos de leis. Assim sendo, para entendermos nossa sociedade de forma plena, é imprescindível que conheçamos a história dessas civilizações. Os povos do oriente próximo habitavam o Crescente Fértil, região banhada pelos rios Nilo, Jordão, Tigre e Eufrates. O Crescente Fértil caracterizava-se pela fertilidade de seus solos, ao contrário das áreas que o circundavam, que eram áridas ou semiáridas. Assim, esse território foi marcado por diversos conflitos pela posse da terra. Hoje, essa região é ocupada pelos atuais Israel, Jordânia e Líbano, bem como partes da Síria, Iraque, Egito, Turquia e Irã.

cultiváveis, o que deu a tais povos a denominação de Sociedades Hidráulicas. Com exceção dos Hebreus, criadores da primeira religião monoteísta, as sociedades daquela região eram politeístas e seus governos teocráticos. Os governantes (reis, imperadores ou faraós) eram considerados verdadeiros deuses. Assim a população era levada a acreditar que esses eram responsáveis pela fertilidade da terra e a pela prosperidade de suas comunidades. Egito Período Pré-Dinástico A civilização egípcia desenvolveu-se no nordeste africano, numa região banhada pelo rio Nilo. Como a região era desértica, o Nilo ganhou extrema importância para os egípcios. O rio era utilizado como via de transporte e as cheias garantiam a fertilidade de suas margens. Foi buscando a produtividade dessas margens alagáveis que, por volta do ano 5.000 a.C., formaram-se os primeiros agrupamentos humanos, os Nomos. Os nomos eram pequenos e independentes politicamente, mas devido à insuficiência de mão-de-obra para construções necessárias à ampliação das áreas cultiváveis, esses nomos uniram-se em dois reinos. Em 3.500 a.C., nasceram o Alto Egito, ao norte, e o Baixo Egito, ao sul.

Crescente Fértil

As primeiras sociedades que surgiram no Oriente Próximo se organizaram através do Modo de Produção Asiático. Todas as terras pertenciam ao Estado e a servidão coletiva era a forma utilizada pela população como pagamento pelo usufruto dessas. O estado se apropriava do excedente agrícola dos servos e distribuía-o entre a nobreza e a classe sacerdotal. Nos períodos em que não estavam ocupados com atividades agrícolas, os servos eram utilizados na realização de grandes obras públicas, as quais iam de pirâmides e zigurates a dique, represas e canais de irrigação. Tais obras não só serviam para exaltar seus reis e faraós como garantiam a ampliação das áreas

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Egito Antigo

Em 3.200 a.C., através de ações militares, Menés, rei do Alto Egito, unificou os dois reinos, tornando-se o primeiro senhor do Egito. Surgia assim o Império Egípcio. Período Dinástico A sociedade egípcia era composta pelos seguintes grupos sociais: Faraó, Nobres, Sacerdotes, Militares, Escribas, Artesãos, Comerciantes, Camponeses e Escravos, sendo o faraó a autoridade máxima, chegando a ser considerado um deus na Terra. Sacerdotes, nobres, militares e escribas (responsáveis pela escrita) também

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Ciências Humanas e suas Tecnologias ganharam importância na sociedade. Esta era sustentada pelo trabalho e impostos pagos por camponeses, artesãos e pequenos comerciantes. Os escravos também compunham a sociedade egípcia e, geralmente, eram pessoas capturadas em guerras. A sociedade egípcia era matriarcal, pois a “divindade” do faraó tinha origem em sua mãe, que tinha a capacidade de gerar um “deus” em seu ventre.

FIQUE LIGADO NO ENEM! A MULHER NA ANTIGUIDADE As civilizações antigas cultuavam a mulher e a feminilidade, como podemos perceber nas figuras de diversas deusas, e também destacaram-se como sacerdotisas, sábias e filósofas. Todavia, essas civilizações, em sua maioria, possuíam o modelo patriarcal, onde os homens exerciam o domínio e as mulheres eram submissas a seus pais e maridos. Em Atenas, por exemplo, as mulheres davam total assistência aos maridos e filhos, podendo sair de casa apenas para visitar os pais, frequentar casas de banho e participar de algumas festas religiosas, além de não serem consideradas cidadãs. A sociedade egípcia antiga tinha uma característica bem distinta dessas sociedades, pois as mulheres exerceram um papel muito importante e tinham praticamente os mesmos direitos dos homens. Elas chegaram ocupar postos políticos que só foram alcançados pelas mulheres novamente na sociedade atual. Hatshepsut, por pexemplo, assumiu o título de faraó quando Tutmés II, seu marido, morreu.

Deuses do Egito Antigo

Como acreditavam na vida após a morte, mumificavam os cadáveres dos faraós, colocando-os em pirâmides, com o objetivo de preservar o corpo para a vida seguinte. Esta seria definida, segundo crenças egípcias, pelo deus Osíris em seu tribunal de julgamento. O coração era analisado pelo deus da morte, que mandava para uma vida na escuridão aqueles cujo órgão estava pesado (que tiveram uma vida de atitudes ruins) e para uma outra vida boa aqueles de coração leve. Muitos animais também eram considerados sagrados pelos egípcios, de acordo com as características que apresentavam: chacal (esperteza noturna), gato (agilidade), carneiro (reprodução), jacaré (agilidade nos rios e pântanos), serpente (poder de ataque), águia (capacidade de voar), escaravelho (ligado a ressurreição). Durante o reinado do faraó Akhenaton, com o intuito de diminuir a influência dos sacerdotes em seu governo, foi implantado o culto monoteísta a Aton. A escrita egípcia também foi algo importante para este povo, pois permitiu a divulgação de ideias, comunicação e controle de impostos. Existiam duas formas de escrita: a demótica (mais simplificada) e a hieroglífica (mais complexa e formada por desenhos e símbolos). Os egípcios inventaram uma espécie de papel chamada papiro, que era produzida a partir de uma planta de mesmo nome.

Mulher egípcia A economia egípcia era baseada principalmente na agricultura, realizada principalmente nas margens férteis do rio Nilo. Os egípcios também praticavam o comércio de mercadorias e o artesanato. Os trabalhadores rurais eram constantemente convocados pelo faraó para prestarem algum tipo de trabalho em obras públicas (canais de irrigação, pirâmides, templos, diques), através de um sistema conhecido como servidão coletiva. A religião egípcia era repleta de mitos e crenças interessantes. O egípcios acreditavam na existência de vários deuses, dentre os quais destacamos: Hórus, Set, Amon, Rá, Aton, Anúbis Isis e Osiris. Muitos desses deuses eram antropozoomórficos, ou seja, tinham o corpo formado por parte de ser humano e parte de animal. Os deuses egípcios se relacionavam e formavam um sistema mitológico bastante complexo. O faraó era considerado um deus encarnado.

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Produção do papiro

A civilização egípcia destacou-se muito nas áreas de ciências. Desenvolveram conhecimentos importantes na área da matemática, usados na construção de pirâmides e templos. Na medicina, os procedimentos de mumificação, proporcionaram importantes conhecimentos sobre o funcionamento do corpo humano. A partir do século XII a.C., o Egito foi sucessivamente invadido por diversos povos. Em 525 a.C., os persas conquistaram o Egito.


História Geral Mesopotâmia A palavra mesopotâmia tem origem grega e significa "terra entre rios". Essa região localiza-se entre os rios Tigre e Eufrates no Oriente Médio, onde atualmente situase o Iraque. Vale lembrar que os povos da antiguidade buscavam regiões férteis, próximas a rios, para desenvolverem suas comunidades. Dentro desta perspectiva, a região da mesopotâmia era uma excelente opção, pois garantia à população: água para consumo, rios para pescar e servir de via de transporte. Assim, a região foi disputada e ocupada por diversos povos ao longo da antiguidade. Seus primeiros habitantes foram os sumérios.

Dentre os amoritas (babilônicos) surgiu o primeiro código de leis escritas da humanidade, o Código de Hamurabi. Baseado da Lei do Talião, pautava-se na moral do “olho por olho, dente por dente”. O rei Hamurabi também ficou conhecido por suas conquistas militares, tendo ampliado a hegemonia e seu império por quase toda a região mesopotâmica.

Parte superior da estela do Código de Hamurabi

Os Assírios foram o povo mesopotâmico com maior desenvolvimento militar, o que garantiu o domínio da Mesopotâmia, Palestina e Egito. Impunham aos vencidos, castigos e crueldades como uma forma de manter respeito e espalhar o medo entre os outros povos.

Expansão territorial dos povos mesopotãmicos

Os sumérios foram os primeiros habitantes da Mesopotâmia. Organizavam-se em Cidades-Estados, ou seja, em cidades que possuíam autonomia política. Eles foram os inventores da escrita (cuneiforme) e construíram grandes zigurates.

Os Caldeus (Neobabilônicos) foram os últimos dos chamados povos mesopotâmicos. Seu principal imperador foi Nabucodonosor, responsável pela construção dos Jardins suspensos da Babilônia (que fez para satisfazer sua esposa) e a Torre de Babel. Durante seu governo a Babilônia atingiu o auge de sua hegemonia e esplendor, ficando conhecida como “Rainha da Ásia”. Foram dominados pelos Persas em 525 a.C..

Jardins Suspensos da Babilônia Escrita Cuneiforme

Os acádios dominaram os sumérios e, através das conquistas do rei Sargão I, organizaram o Primeiro Império Mesopotâmico. Estes foram subjugados pelos Amoritas.

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Ciências Humanas e suas Tecnologias Hebreus Os hebreus são um povo de origem semita que se distinguiram de outros povos da antigüidade por sua crença religiosa monoteísta. Habitavam a região da palestina e deixou diversas contribuições à civilização atual. Sua religião, o judaísmo, influenciou tanto o cristianismo quanto o islamismo. O conhecimento acerca desse povo, vem principalmente das informações e lendas do Antigo Testamento.

possibilidades de comunicação entre as pessoas. Séculos mais tarde, a civilização greco-romana foi diretamente influenciada pelo sistema inaugurado pelos fenícios.

Persas Localizados entre o golfo Pérsico e o mar Cáspio, os persas estabeleceram uma das mais expressivas civilizações da Antiguidade no território que hoje corresponde ao Irã. Os persas são conhecidos pelo seu militarismo e expansionismo, pois dominaram grande parte do oriente próximo Alfabeto Fenício

Exercício

Extensão do Império Persa

Dada as grandes proporções do território persa, os domínios persas foram divididos em satrápias, subdivisões do território a serem controladas por um sátrapa, que tinha a importante tarefa de organizar a arrecadação de impostos e contava com o auxílio de um secretário-geral e um comandante militar. A religião persa era o Zoroastrismo, também conhecida por Masdeísmo. Criada pelo profeta Zaratustra, era uma religião dualista, tendo em Mazda o deus do bem e em Iramã o deus do mal.

Fenícios Os fenícios foram responsáveis pela formação de uma rica civilização que ocupou uma faixa do litoral mediterrâneo que adentrava o território asiático até as montanhas do atual Líbano. A expansão comercial fenícia foi responsável pela organização de vários centros urbanos independentes, entre os quais destacamos Arad, Biblos, Ugarit, Tiro e Sídon. Em cada uma dessas cidades, observamos a presença de um monarca escolhido pela decisão dos grandes comerciantes e proprietários de terra do local. Dessa forma, podemos afirmar que o cenário político fenício era eminentemente plutocrático, ou seja, controlado pelas parcelas mais ricas da população. Uma interessante contribuição advinda do comércio entre os fenícios foi a elaboração de um dos mais antigos alfabetos de toda História. Por meio de um específico conjunto de símbolos, os fenícios puderam empreender a regulação de suas atividades comerciais e expandir as

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(Enem 2009) O Egito é visitado anualmente por milhões de turistas de todos os quadrantes do planeta, desejosos de ver com os próprios olhos a grandiosidade do poder esculpida em pedra há milênios: as pirâmides de Gizeh, as tumbas do Vale dos Reis e os numerosos templos construídos ao longo do Nilo. O que hoje se transformou em atração turística era, no passado, interpretado de forma muito diferente, pois a) significava, entre outros aspectos, o poder que os faraós tinham para escravizar grandes contingentes populacionais que trabalhavam nesses monumentos. b) representava para as populações do alto Egito a possibilidade de migrar para o sul e encontrar trabalho nos canteiros faraônicos. c) significava a solução para os problemas econômicos, uma vez que os faraós sacrificavam aos deuses suas riquezas, construindo templos. d) representava a possibilidade de o faraó ordenar a sociedade, obrigando os desocupados a trabalharem em obras públicas, que engrandeceram o próprio Egito. e) significava um peso para a população egípcia, que condenava o luxo faraônico e a religião baseada em crenças e superstições.

UNIDADE 2 GRÉCIA Os estudos da Antiguidade Ocidental dizem respeito a três grandes civilizações que se desenvolveram na região mediterrânea entre os séculos XX a.C e V d.C.: gregos, macedônicos e romanos. Seu estudo é muito relevante, pois foram essas civilizações que deram as bases da sociedade ocidental contemporânea e, por isso, são chamadas de Civilizações Clássicas. Conceitos como cidadania, república e democracia, tão importantes nos dias de hoje, foram por esses povos desenvolvidos.


História Geral Grécia A Grécia se localiza no sul do continente europeu, na Península Balcânica, e possui características naturais que sempre favoreceram seu desenvolvimento comercial e marítimo. Sua história pode ser dividida didaticamente em cinco fases:  Pré-Homérica (séc. XX a.C. ao XII a.C)  Homérica (séc. XII a.C. ao VIII a.C)  Arcaica (séc. VIII a.C. ao VI a.C)  Clássica (séc. VI a.C. ao IV a.C)  Helenística (séc. IV a.C) Soldados Espartanos

Mapa da Grécia Antiga destacando a Península Balcânica

As informações que se conhecem sobre o período PréHomérico e Homérico chegaram pelos poemas épicos Ilíada e Odisséia, atribuídos ao poeta Homero. Os principais povos que habitaram a região foram os jônios, dórios, eólios e aqueus. O Período Pré-Homérico foi marcado pelo desenvolvimento da Civilização Cretense, também conhecida como Minóica. Sua principal característica foi ter desenvolvido um intenso comércio marítimo de produtos na região balcânica e na Ásia Menor. Os principais produtos comercializados por eles eram joias, tecidos, armas e objetos de bronze. Seu sistema de governo era uma monarquia, cujo rei, ou o Mino, tinha a função de chefe político, mas também tinha seu poder ligado à religião. Durante o Período Homérico a Grécia era organizada em genos. As unidades gentílicas eram pequenos agrupamentos humanos autossuficientes, sem propriedade privada e sem classes sociais, cujos membros eram ligados por laços consanguíneos. No final do período Homérico, devido ao aumento demográfico, ocorreu a desintegração dos genos, o que gerou a formação das Cidades-Estado do período Arcaico, como veremos a seguir. A cidade de Esparta, localizada ao sul do Peloponeso e fundada pelos dórios, caracterizou-se por sua tradição militar. O governo era aristocrático e monopolizado por uma oligarquia que, por meio de instituições, impedia o acesso da população à vida política. O imobilismo social era garantido por um rígido sistema educacional que preparava, desde cedo, os indivíduos para a atividade militar. Todo cidadão espartano era um soldado e vivia em função das conquistas militares. Assim, o trabalho na terra e o comércio ficavam a cargo dos escravos e dos estrangeiros, respectivamente.

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A cidade de Atenas, por sua vez, caracterizou-se pela importante atividade marítimo-comercial e por seu desenvolvimento cultural. Localizada na Ática, foi fundada pelos jônios no final do período homérico. Atenas teve várias formas de governo ao longo da sua história. Somente durante o governo de Clístenes, que assumiu o poder em 510 a.C., efetivou-se um plano de reformas políticas que garantiu a participação de uma maior parcela da população ateniense: a democracia. Todos os cidadãos teriam acesso às decisões políticas. É válido lembrar que só eram considerados cidadãos em Atenas aqueles que fossem homens, livres, com mais de 18 anos e nascidos em Atenas, o que limitava o número de pessoas aptas a participar das decisões políticas na Acrópole. A democracia ateniense era direta.

FIQUE LIGADO NO ENEM! TIPOS DE DEMOCRACIA Democracia Direta - todo cidadão tem o direito a expor sua opinião num debate público e, quando necessário, votar pela decisão de determinado assunto. Democracia Indireta e Representativa - as decisões políticas não são tomadas diretamente pelos cidadãos, mas por representantes eleitos por eles. Apenas os representantes eleitos elaboram e votam as leis que regem o país. Existem países onde o voto dos cidadãos é obrigatório (como no Brasil) e todos os cidadãos dessa nação são obrigados a votar e escolher seus representantes. Existem também países onde o voto é facultativo (como nos Estados Unidos), podendo os cidadãos escolher se querem ou não votar em seus representantes. Atenas destacou-se também por legar às sociedades contemporâneas importantes aspectos culturais, como o teatro, a filosofia e a arquitetura.

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Ciências Humanas e suas Tecnologias

Império Macedônico Fragmento da Pintura “Escola de Atenas” de Rafael Sanzio, onde encontramos as representações de Platão e Aristóteles ao centro.

FIQUE LIGADO NO ENEM! CIDADANIA Na Grécia Antiga o conceito de cidadania era usado para designar os direitos relativos ao cidadão, ou seja, o indivíduo que reunia as características necessárias para poder participar das decisões políticas. Hoje, a noção de cidadania, em linhas gerais, compreende os aspectos da vida em sociedade como um todo, na medida em que representa tanto o direito ao voto como a possibilidade de colaborar, seja direta ou indiretamente, nos destinos da sociedade através da participação cívica. Cidadania não é uma definição estanque, mas um conceito histórico, o que significa que seu sentido varia no tempo e no espaço. Podemos entender cidadania como o exercício dos direitos e dos deveres civis, políticos e sociais estabelecidos na constituição. No período Clássico, O expansionismo persa sobre a região grega da Ásia Menor deu início às Guerras Médicas, onde os gregos impediram a tomada da Península Balcânica pelos persas. A vitória dos exércitos gregos estabeleceu a hegemonia de Atenas sobre as demais cidades gregas. Isso levou Esparta, liderando outras cidades gregas, a dar início à Guerra do Peloponeso, uma guerra interna que durou 27 anos e levou à falência das cidades-estados gregas. Essa vulnerabilidade permitiu que os macedônicos invadissem e estabelecessem sua preponderância sobre a Grécia. O Período Helenístico marca o domínio macedônico sobre a Grécia, que foi conquistada por Filipe II e depois por seu filho, Alexandre, o Grande. O Império Macedônico ampliou-se durante o reinado de Alexandre, tornando-se um dos maiores em expansão territorial de toda a história da humanidade. Todavia, após sua morte, conflitos internos pelo poder enfraqueceram-no e dividiram-no, possibilitando que os romanos conquistassem a Grécia. O advento do helenismo deu um novo caráter à cultura grega, a qual passou a contar com diversos elementos da cultura oriental.

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A civilização grega legou ao mundo importante acervo artístico-cultural, que forneceu as bases sobre as quais se assenta a cultura ocidental. O homem era, no pensamento grego, o centro do universo (antropocentrismo), e a razão humana, o meio de se chegar ao conhecimento. A religião grega era politeísta e antropomórfica. Os deuses na Grécia antiga só se distinguiam dos homens porque eram imortais. De resto, revestiam-se de todas as características humanas.

Exercício (Enem 2009) No período 750-338 a. C., a Grécia antiga era composta por cidades-Estado, como por exemplo Atenas, Esparta, Tebas, que eram independentes umas das outras, mas partilhavam algumas características culturais, como a língua grega. No centro da Grécia, Delfos era um lugar de culto religioso frequentado por habitantes de todas as cidades-Estado. No período 1200-1600 d. C., na parte da Amazônia brasileira onde hoje está o Parque Nacional do Xingu, há vestígios de quinze cidades que eram cercadas por muros de madeira e que tinham até dois mil e quinhentos habitantes cada uma. Essas cidades eram ligadas por estradas a centros cerimoniais com grandes praças. Em torno delas havia roças, pomares e tanques para a criação de tartarugas. Aparentemente, epidemias dizimaram grande parte da população que lá vivia. Folha de S. Paulo, ago. 2008 (adaptado).

Apesar das diferenças históricas e geográficas existentes entre as duas civilizações elas são semelhantes pois a) as ruínas das cidades mencionadas atestam que grandes epidemias dizimaram suas populações. b) as cidades do Xingu desenvolveram a democracia, tal como foi concebida em Tebas. c) as duas civilizações tinham cidades autônomas e independentes entre si. d) os povos do Xingu falavam uma mesma língua, tal como nas cidades-Estado da Grécia.

UNIDADE 3 ROMA Segundo a lenda descrita por Virgílio em seu poema Eneida, a vila de Roma foi fundada pelos irmãos gêmeos Rômulo e Remo. Filhos do deus Marte com a mortal Reia Sílvia, eles teriam sido abandonados por sua mãe em uma cesta no rio Tibre e criados por uma loba, que os encontrou e os acolheu com se fossem sua própria cria. Uma vez adultos, fundaram a cidade de Roma em homenagem a loba.


História Geral Canuleia, que estabeleceu a igualdade civil entre patrícios e plebeus; e a Lei Poetelia, que acabou com a escravidão por dívida. Todavia, mesmo com os avanços em termos políticos, as desigualdades socioeconômicas permaneceram durante toda a história de Roma antiga. Roma conquistou uma série de territórios na Península Itálica, movimento que ficou conhecido como Expansão Interna. Posteriormente entrou em guerra com os cartagineses pelo controle do Mar Mediterrâneo. Tal conflito ficou conhecido como Guerras Púnicas e deu início a Expansão Externa da república romana.

Rômulo e Remo

A cidade de Roma localiza-se no centro da península Itálica, região do Lácio. Foi fundada em 753 a.C. por uma série de povos, dentre os quais destacam-se latinos, sabinos e etruscos. Desde cedo caracterizou-se por receber bem outros povos, o que levou a formação de uma cidade com pluralidade étnica e cultural. A história da Roma Antiga divide-se em três fases: Monarquia

(753 a.C. – 509 a.C.)

No primeiro momento de sua evolução política, Roma foi uma monarquia, na qual o rei era o dirigente supremo, auxiliado pelo Senado. Nessa época, a sociedade romana dividia-se em patrícios, plebeus, clientes e poucos escravos, mas somente os patrícios tinham acesso á vida política em Roma. Após um período de dominação etrusca, apoiada pelo rei, a aristocracia romana proclamou a República. República (509 a.C. – 27 a.C.) Durante o período republicano, o Senado detinha o poder máximo, porém existiam outros órgãos políticos, como as assembleias e a magistratura.

Expansão territorial do Império Romano em 106 d.C.

Se essas conquistas ativaram o espírito de unidade dos romanos, minimizando os conflitos sociais, também provocaram efeitos modificadores no caráter da sociedade e economia romana, com a entrada de um grande número de escravos no território romano e estabelecendo a falência dos plebeus. Durante essa crise, verificou-se a polarização dos grupos: de um lado, a aristocracia (conservadora) e, de outro, o partido popular (reformista). Os irmãos Graco, pertencentes ao segundo grupo, tentaram implementar reformas sociais, com uma divisão mais justa das terras conquistadas, mas foram perseguidos e mortos pela camada dominante. Em meio a crise, foi estabelecido o I Triunvirato, no qual Júlio Cesar, após derrotar seus adversários políticos, foi nomeado Ditador Perpétuo de Roma. Uma vez no poder, Cesar tentou promover uma série de reformas populares, mas seu destino foi igual ao dos irmãos Gracos. Em meio à instabilidade política vivenciada por Roma, a republica foi esgotada e substituída pelo Império, com Otávio, no final do século I a.C. Império (27 a.C – 476 d.C)

Representação o Senado Romano

As desigualdades sociais existentes em Roma provocaram uma série de levantes envolvendo sobretudo plebeus, que reivindicavam maiores possibilidades de participação política. Tais levantes populares conseguiram estabelecer uma série avanços políticos, como: a criação do Tribunato da Plebe, onde os plebeus podiam participar das decisões políticas; A Lei das XII Tábuas, que ditavam normas eliminando as diferenças de classes; a Lei

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A história do Império caracterizou-se pela concentração de poder nas mãos de um único individuo: o Imperador. O primeiro imperador romano foi Otávio Augusto, que, durante seu reinado, reduziu o poder do Senado e promoveu a política do pão e circo, buscando conquistar o apoio da massa miserável da população de Roma. Otávio também conseguiu impor a paz nas fronteiras do Império e deu grande impulso ao desenvolvimento econômico, mas seus sucessores não continuaram seu trabalho. A religião romana era politeísta e profundamente influenciada pela grega. Durante o período imperial, na região da Palestina, surgiu o cristianismo. A perseguição

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Ciências Humanas e suas Tecnologias aos cristãos foi iniciada pelo imperador Nero, pois estes negavam a origem divina do imperador. Mesmo perseguida, a religião cristã se expandiu pelo império, levando o imperador Constantino a assinar o Edito de Milão, em 313 d.C., concedendo liberdade de culto. Em 380 d.C., foi assinado por Teodósio o Edito de Tessalônica, que elevou o cristianismo à religião oficial do império. A partir do século III d.C., teve início uma profunda crise no império, estabelecida principalmente pela falta de escravos e por uma profunda crise econômica. A desestruturação do exército impedia o controle das fronteiras, que passaram a ser pressionadas pelos povos bárbaros. Para os romanos, todos os povos que não falavam a língua latina eram considerados bárbaros, ou seja, todos os povos que viviam fora das fronteiras do império. Em 395 d.C., os filhos do imperador Teodósio dividiram o império em duas partes: Império Ocidental, cuja capital era Roma; e Império Oriental, cuja capital era Constantinopla. No ano de 476 d.C., o Império Ocidental foi invadido pelos bárbaros germânicos, levando a sua queda. O Império Oriental perdurou por toda a Idade Média, passando a ser conhecido com Império Bizantino.

Idade Média (Enem 2009) No período 750-338 a. C., a Grécia antiga era composta por cidades-Estado, como por exemplo Atenas, Esparta, Tebas, que eram independentes umas das outras, mas partilhavam algumas características culturais, como a língua grega. No centro da Grécia, Delfos era um lugar de culto religioso frequentado por habitantes de todas as cidades-Estado. No período 1200-1600 d. C., na parte da Amazônia brasileira onde hoje está o Parque Nacional do Xingu, há vestígios de quinze cidades que eram cercadas por muros de madeira e que tinham até dois mil e quinhentos habitantes cada uma. Essas cidades eram ligadas por estradas a centros cerimoniais com grandes praças. Em torno delas havia roças, pomares e tanques para a criação de tartarugas. Aparentemente, epidemias dizimaram grande parte da população que lá vivia. Folha de S. Paulo, ago. 2008 (adaptado). Apesar das diferenças históricas e geográficas existentes entre as duas civilizações elas são semelhantes pois a) as ruínas das cidades mencionadas atestam que grandes epidemias dizimaram suas populações. b) as cidades do Xingu desenvolveram a democracia, tal como foi concebida em Tebas. c) as duas civilizações tinham cidades autônomas e independentes entre si. d) os povos do Xingu falavam uma mesma língua, tal como nas cidades-Estado da Grécia.

UNIDADE 4 ALTA IDADE MÉDIA

Formação dos Reinos Cristãos Invasão Germânica à Roma

Exercício (Enem 2013) Durante a realeza, e nos primeiros anos republicanos, as leis eram transmitidas oralmente de uma geração para outra. A ausência de uma legislação escrita permitia aos patrícios manipular a justiça conforme seus interesses. Em 451 a.C., porém, os plebeus conseguiram eleger uma comissão de dez pessoas — os decênviros — para escrever as leis. Dois deles viajaram a Atenas, na Grécia, para estudar a legislação de Sólon. COULANGES, F. A cidade antiga. São Paulo: Martins Fontes, 2000. A superação da tradição jurídica oral no mundo antigo, descrita no texto, esteve relacionada à a) adoção do sufrágio universal masculino. b) extensão da cidadania aos homens livres. c) afirmação de instituições democráticas. d) implantação de direitos sociais. e) tripartição dos poderes políticos.

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A invasão dos povos bárbaros fragmentou o Império Romano Ocidental em vários reinos que, de uma forma ou de outra, acabaram se cristianizando e se aproximando da Igreja Católica. Dentre esses reinos destaca-se o dos Francos, um povo germânico cuja história está intimamente ligada à formação dos atuais estados da França e da Alemanha.

O Reino Franco A origem dos francos é ainda hoje discutida, mas sabese que esses se organizavam em várias tribos independentes na região da Gália (atual França) quando da queda do Império Romano. A unificação dessas tribos se deu após a conversão de Clóvis I ao cristianismo, fundando assim a Dinastia Merovíngea. O mais famoso rei dessa dinastia foi Carlos Martel, que em 732 d.C. venceu a Batalha de Poitiers, impedindo o avanço islâmico sobre o ocidente.


História Geral

Clovis I

Pepino, o Breve, inaugurou uma nova dinastia, a Carolíngea. Ele foi um rei eleito que solidificou sua posição através de uma aliança com o Papa Estevão III. Pepino foi responsável por reconquistar as áreas perdidas em torno de Roma e entregá-las ao papa, uma doação que criaria os estados papais. A Igreja estava muito satisfeita e a ação de Pepino mudaria o curso da história. O novo poder papal estabeleceria uma nova ordem que caracterizaria toda a Idade Média: a supremacia da Igreja Católica. Carlos Magno, filho de Pepino, foi um dos mais notórios reis da história. Ele realizou uma série de campanhas militares e expandiu territorialmente o Reino Franco. O rei estabeleceu a prática de cristianizar os povos conquistados, aumentando a influência da Igreja Católica e do cristianismo no mundo, sendo coroado pelo papa Leão III como Imperador do Ocidente. A cerimônia, na verdade, reconhecia o Império Franco como sucessor do Romano. Carlos Magno difundiu o benefício (beneficium), prática que consistia na doação de terras a quem prestasse serviços militares ao rei, tendo para com ele uma relação de fidelidade. Nessas terras, os senhores tinham ampla autonomia administrativa, o que auxiliou a fragmentação do poder nas mãos de nobres, sendo assim uma das origens do feudalismo.

Divisão do reino Franco através do Tratado de Verdun

Expansão Islâmica O Islamismo é uma religião que teve origem no século VII, através das pregações do profeta Maomé, e hoje tem adeptos em todas as partes do mundo. Segundo a tradição islâmica, Maomé nasceu em Meca, em 570 d.C.. Aos quarenta anos, o profeta teria sido iluminado pelo anjo Gabriel, de quem recebera as orientações e os dogmas para a criação da nova religião.

Maomé sendo iluminado pelo anjo Gabriel

Coroação de Carlos Magno por Leão III

Em 843 d.C., os netos de Carlos Magno assinaram o Tratado de Verdun. O tratado teve como consequência a desintegração do Império Carolíngio e, ao mesmo tempo, serviu de ponto de partida para a gradual constituição das modernas nações alemã e francesa.

ENEM

Na época, Meca era habitada pela tribo árabe coraixita, cuja religião era politeísta. Por pregar a nova religião monoteíta, Maomé sofre forte perseguição dos sacerdotes e viu-se obrigado a fugir para Medina no ano de 622 d.C, episódio conhecido como Hégira. Em Medina, Maomé continuou suas pregações e reuniu um grande exército. Em 630 d.C., através de ações militares, Maomé retornou a Meca, onde unificou as tribos árabes entorno da nova religião. Surgia assim o Império Árabe. Com a morte de Maomé, em 632 d.C., o império passou a ser controlado por Califas (palavra que significa “sucessor”) e expandiu-se em todas as direções. Em poucas décadas, ocupou uma extensão de terra somente comparável ao Império romano em seu auge. Os mulçumanos dominaram toda a Península Arábica, regiões próximas a Índia, norte da África, cruzaram o estreito de Gibraltar e, já na Europa, ocuparam a Península Ibérica. Sua expansão sobre o território europeu foi findado por Carlos Martel, na Batalha de Poitiers.

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Ciências Humanas e suas Tecnologias principal a proteção contra invasões estrangeiras. O rei era o suserano dos suseranos, ou seja, partia dele a divisão inicial dos feudos. Uma vez investido de um feudo, o senhor feudal tinha a exclusividade do poder local, o que gerava a fragmentação do poder do monarca. Em outras palavras, quem mandava no feudo era o senhor feudal. O rei pouco interferia sobre as decisões políticas internas do feudo. O feudo dividia-se em manso senhorial e mansos servis. Tudo o que era produzido no manso senhorial ficava com o Senhor feudal. A produção do manso servil garantia a subsistência do servo. Na agricultura, praticava-se a rotação dos cultivos, a fim de se garantir alguma fertilidade do solo. Expansão Islâmica entre 622 d.C e 732 d.C.

O progresso militar atingido pelos muçulmanos permitiu-lhes isolar a Europa, bloqueando o comércio especialmente através do controle do mar Mediterrâneo. Para muitos historiadores, isso acentuou uma tendência já existente desde o século V, voltada para a vida agrária, e que conduziria a Europa ao feudalismo.

Feudalismo O feudalismo se solidificou como modelo econômico na Europa Ocidental na passagem do século X para o XI. Todavia, encontramos suas origens já na crise do Império Romano. A Idade Antiga deixou duas fortes heranças à formação do feudalismo: o colonato e o comitatus. Com o início das invasões bárbaras ao território romano, os patrícios passaram a deixar os grandes centros urbanos e migraram para suas terras no interior. Nessas terras, plebeus e escravos trabalhavam na agricultura e pagavam pelo uso das terras ao patrício com parte de sua produção. A essa prática deu-se o nome de colonato e nela encontramos as bases das relações servo feudais. O comitatus tem origem germânica e refere-se a uma série de obrigações que os chefes militares tinham para com seus guerreiros, envolvendo fidelidade e proteção. Estas obrigações influenciaram fortemente o que chamamos de relação de Suserania e Vassalagem, característica do modelo feudal. Soma-se a essas heranças a prática do benefício, difundida por Carlos Magno durante seu reinado, que teve como consequência a fragmentação do poder central, principal característica política do sistema feudal. Principais Características do Feudalismo:       

Poder descentralizado Ruralização Produção predominantemente agrária Autossuficiência Força de trabalho servil Economia amonetária Sociedade estamental As relações de suserania e vassalagem entre senhores formavam laços de dependência e lealdade, que garantiam a estrutura de dominação senhorial no feudalismo. O suserano era o nobre que doava parte de suas terras a outro nobre, com as quais este montava o seu feudo. Esse ato era conhecido como investidura, e tinha como objetivo

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Desenho representando os elementos de um Feudo

A sociedade feudal era dividida em três classes sociais: nobres, clérigos e servos. Não havia mobilidade social e, segundo as pregações da Igreja Católica, tal sociedade havia sido organizada por Deus para que cada uma das classes executasse uma missão. Aos servos cabia a produção, ao clero as orações e aos nobres a defesa. “Para que as ovelhas possam dar lã, é preciso que o pastor vele por elas e que os cães as defendam dos ataques dos lobos”. Assim, o servo que se revoltava contra seu senhor estava se revoltando contra as obrigações que Deus lhe deu ao colocá-lo no mundo. Os servos, em troca da proteção oferecida pelos senhores e do arrendamento das terras, pagavam pesados impostos, dentre os quais destacam-se a corveia, a talha e as banalidades. A corveia consistia em três dias de trabalho por semana no manso senhorial. Parte da produção do manso servil era entregue ao senhor através da cobrança da talha. As banalidades eram os impostos pagos pelo uso de instrumentos e instalações do feudos, como arado e o moinho. Quanto à cultura, o Deus católico esteve sempre presente nos pensamentos e nas atitudes do homem medieval. Sua existência fundamentava a busca pela vida eterna. Dessa forma, o prestigio usufruído pela Igreja e seus agentes era enorme. Ela se transformou numa das mais ricas instituições medievais, detentora de grandes propriedades e de ainda maior influência política.

Exercício (Enem 2013) (Enem 2011) O café tem origem na região onde hoje se encontra a Etiópia, mas seu cultivo e consumo se disseminaram a partir da Península Árabe.


História Geral Aportou à Europa por Constantinopla e, finalmente, em 1615, ganhou a cidade de Veneza. Quando o café chegou à região europeia, alguns clérigos sugeriram que o produto deveria ser excomungado, por ser obra do diabo. O papa Clemente VIII (1592-1605), contudo, resolveu provar a bebida. Tendo gostado do sabor, decidiu que ela deveria ser batizada para que se tornasse uma “bebida verdadeiramente cristã”. THORN, J. Guia do café. Lisboa: Livros e livros, 1998 (adaptado).

A postura dos clérigos e do papa Clemente VIII diante da introdução do café na Europa Ocidental pode ser explicada pela associação dessa bebida ao a) ateísmo. b) judaísmo. c) hinduísmo. d) islamismo. e) protestantismo.

Renascimento Comercial e Urbano As cruzadas apresentaram à Europa uma série de produtos que ganharam grande valor comercial no velho continente, estreitaram as relações comerciais entre oriente e ocidente. Além disso, ocorreu a reabertura do mar mediterrâneo, que passou a ser controlado pelas cidades italianas de Gênova e Veneza. Começaram a aparecer uma série de feiras comercializando produtos orientais pela Europa. Essas feiras foram crescendo, deixaram de ser itinerante e se fixaram, dando luz aos burgos, cidades que viviam basicamente das atividades comerciais, e a uma nova classe social: a burguesia.

UNIDADE 5 BAIXA IDADE MÉDIA

Cruzadas A prática da divisão dos feudos entre suseranos e vassalos foi tornando-se cada vez mais difícil, uma vez que a extensão territorial desses tornava-se cada vez menor. Dessa forma, muitos nobres ficavam sem terras. A esses restavam duas opções: entrar para a cavalaria ou para o clero. O crescimento demográfico registrado na alta idade média contribuiu para a formação de uma massa de desocupados, pois nem todos conseguiam torna-se servos de um feudo. Essa realidade aumentou a rivalidade entre os reinos cristãos da Europa Ocidental, que passaram a fazer investidas militares uns sobre os outros buscando a ampliação de seus territórios. No século XI, por questões ligadas da iconoclastia (adoração de imagens) e ao questionamento da autoridade papal pelo imperador de Bizâncio, a Igreja Católica passou pelo Cisma do Oriente, o que resultou na criação da Igreja Católica Ortodoxa, cujo chefe passou a ser o próprio imperador. Tal fato resultou em grande perda de poder por parte da Igreja Católica Apostólica Romana. Foi nesse contexto que, em 1095, ocorreu o Concílio de Clermont, no qual o papa Urbano II propôs que as nações cristãs da Europa parassem de lutar umas contra as outras e marchassem contra os infiéis mulçumanos, a fim de reconquistar Jerusalém. Iniciaram-se assim as cruzadas, expedições militares que partiam da Europa cristã para combater os muçulmanos no Oriente. As cruzadas foram guerras de cunho religioso, político e econômico e seus principais objetivos eram:  Libertação do Santo Sepulcro  Expansão Territorial  Reabertura do Mediterrâneo A Igreja pretendia restabelecer seu prestígio, abalado pelo Cisma, e dar as tão sonhadas terras aos nobres. Aos pobres que participaram dessas expedições, a Igreja prometia a salvação de suas almas.

ENEM

Representação de uma feira na Baixa Idade Média

A reativação do comércio oriental propiciou o surgimento de inúmeras rotas comerciais, em cujos cruzamentos desenvolveram-se as cidades. Estas passaram a ser pólos de atração da população rural, que já não mais precisavam da proteção dos senhores feudais e revoltavase com a exploração a que estava submetida. Outro fato que estimulou a ampliação do comércio foi que muitos senhores feudais deixaram de cobrar os impostos em produtos e passaram a exigir o pagamento em dinheiro pelo uso de suas terras. Assim, os servos tinham que ir as feiras vender seus produtos, aumentando ainda mais o fluxo comercial.

Rotas comerciais utilizadas na Baixa Idade Média

Os comerciantes, categoria social que contava com um apreciável desenvolvimento nessa fase, organizavam-se em corporações, chamadas Ligas Hanseáticas, que

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Ciências Humanas e suas Tecnologias controlavam o comércio de vastas regiões e não permitiam o enfraquecimento de seus membros. Os artesãos das cidades possuíam suas corporações de ofício, detentoras de rígidas hierarquias e normas bem definidas.

Renascimento Artístico e Científico As cruzadas também estimularam o surgimento do Renascimento Artístico e Científico. Grandes obras de filósofos da antiguidade só reapareceram na Europa devido ao fato de terem sido preservadas pelos muçulmanos. É importante lembrar que o desenvolvimento científico e filosófico no oriente sempre foi muito forte e o intercâmbio cultural entre oriente e ocidente também foi estimulado na época das cruzadas. O movimento renascentista buscava inspiração na Antiguidade Clássica, negando os valores medievais incompatíveis com a nova realidade existente na Europa. A burguesia e diversos membros da elite urbana patrocinavam artistas, intelectuais e cientistas (mecenato), para valorizar as novas idéias e conquistar prestígio social. O mesmo ocorria com os monarcas que, há pouco, haviam conseguido estabelecer a centralização política de seus domínios. A Itália foi o berço do renascimento. Isso se deve ao desenvolvimento comercial e consequente enriquecimento experimentado por aquela região a partir da Baixa Idade Média. Outro fato que colaborou para o surgimento do renascimento foi que, diante da decadência do Império Bizantino, muitos sábios que lá viviam deslocaram-se para as cidades italianas, levando consigo o pensamento grecolatino que haviam conservado. A cultura da Renascença tinha como principal característica a negação da ordem medieval. Nesse sentido, o antropocentrismo (Humanismo), o racionalismo, o individualismo afloram nas obras desse período, pois, como são valores marcadamente urbanos, contribuem, para a afirmação da ideologia capitalista em formação. Da Itália, o pensamento renascentista irradiouse para as demais nações europeias, particularmente para aquelas que viviam em acentuado processo de desenvolvimento econômico, graças a expansão marítima do século XV.

Exercícios (Enem 2011) Se a mania de fechar, verdadeiro habitus da mentalidade medieval nascido talvez de um profundo sentimento de insegurança, estava difundida no mundo rural, estava do mesmo modo no meio urbano, pois que uma das características da cidade era de ser limitada por portas e por uma muralha. DUBY, G. et al. “Séculos XIVXV”. In: ARIÈS, P.; DUBY, G. História da vida privada da Europa Feudal à Renascença. São Paulo: Cia. das Letras, 1990 (adaptado). As práticas e os usos das muralhas sofreram importantes mudanças no final da Idade Média, quando elas assumiram a função de pontos de passagem ou pórticos. Este processo está diretamente relacionado com a) o crescimento das atividades comerciais e urbanas. b) a migração de camponeses e artesãos. c) a expansão dos parques industriais e fabris. d) o aumento do número de castelos e feudos. e) a contenção das epidemias e doenças.

UNIDADE 6 IDADE MODERNA I

Reforma Religiosa O renascimento comercial e urbano vivido pela Europa desde a Baixa Idade Média, desencadeou uma crise na mentalidade medieval, provocando a Reforma religiosa do século XVI. O comportamento desregrado dos clérigos, bispos e até pontífices, a venda de cargos eclesiásticos e de indulgências desmoralizaram a Igreja romana. Os monarcas, por sua vez, viam no poderio eclesiástico um obstáculo à centralização total do poder em suas mãos. Finalmente, a condenação da prática da usura e da obtenção do lucro colocou a burguesia européia em oposição à Igreja. O movimento reformista teve início em 1517, quando o monge agostiniano Martinho Lutero pregou suas 95 teses na Catedral de Wittenberg. O luteranismo lutava contra a venda de indulgências e de relíquias sagradas, afirmando que somente a fé seria capaz de levar o homem a salvação.

Criação de Adão - Michelangelo

Os principais nomes do Renascimento europeu são: Leonardo da Vinci, Michelangelo, Copérnico, Rafael, Miguel de Cervantes, Luís de Camões, Shakespeare, Maquiavel, entre outros. Representação de Lutero pregando as 95 teses

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História Geral João Calvino criou a teoria da predestinação, através da qual o sucesso econômico de um indivíduo é quem determina sua salvação eterna. O calvinismo foi rapidamente assimilado pela burguesia por mostrar-se uma doutrina condizente com seus interesses. Em território inglês, foi o rei Henrique VIII que rompeu com o papa, publicando o Ato de Supremacia, que o tornava chefe da Igreja na Inglaterra, chamada de Igreja Anglicana, consolidada apenas no governo de sua filha, Elizabeth I. A reforma espalhou-se pela Europa e despertou a reação dos católicos, que deram inicio a Contra-Reforma. A criação da Companhia de Jesus (Jesuítas), a realização do Concílio de Trento, o fortalecimento da Inquisição e a elaboração do Índex (lista de livros proibidos) constituíram os principais feitos da Igreja romana para combater os protestantes, o que resultou simultaneamente em medidas reformuladoras da Igreja Católica.

meios” deriva da ideia de que, por mais violenta e injusta que pareçam as atitudes do monarca, este sempre está procurando fazer o que é melhor para o desenvolvimento da nação e, nesse sentido, suas ações seriam justificadas. Thomas Hobbes, em seu livro “O Leviatã”, defende a ideia de que a sociedade é autofágica e, assim sendo, precisa de um governante forte para que possa se desenvolver. É interessante observar que esses dois primeiros filósofos estão em consonância com as ideias renascentistas da época, buscando legitimar o poder do monarca de forma racional. Jacques Bossuet, por ser ligado à Igreja, fugiu dessa tendência, lançando a Teoria do Direito Divino dos Reis, onde dizia que os reis eram iluminados por Deus o que, dessa forma, legitimava seu poder.

Nicolau Maquiavel

Jesuítas trabalhando na conversão de povos no novo mundo

Absolutismo O Renascimento Comercial deu luz a uma nova classe social: a burguesia. Todavia, o feudalismo impunha uma série de entraves ao desenvolvimento das atividades comerciais, como a multiplicidade de moedas, a falta de unidade de pesos e medidas e as aduanas internas. Por outro lado, os monarcas não viam a hora de voltar a centralizar o poder em suas mãos e perceberam na ascensão da burguesia uma excelente oportunidade para limitar o poder da nobreza feudal. Criou-se assim uma espécie de pacto entre a burguesia e a realeza: os burgueses financiaram exércitos aos reis para que estes não mais dependessem da proteção dos nobres feudais e, em contrapartida, os monarcas criaram uma série de regras que favoreciam o desenvolvimento das atividades comerciais burguesas. Nasceram assim o Absolutismo e o Mercantilismo. Com o apoio e financiamento da burguesia, os governos absolutistas obtiveram a concentração total de poderes na pessoa do rei, cujos interesses eram vistos como sendo da nação como um todo. A justificativa para a centralização do poder na realeza baseava-se nos teóricos absolutistas, destacadamente Maquiavel, Hobbes e Bossuet. Nicolau Maquiavel, em seu livro “O Principe”, defendia a ideia de que, por estar acima dos demais membros da sociedade, o rei conseguia enxergar a nação como um todo, conhecendo seus problemas e buscando soluções. A célebre frase “os fins justificam os

ENEM

Na França, a expressão maior do absolutismo monárquico foi Luís XIV, da dinastia dos Bourbons, o chamado “Rei Sol”. Já na Inglaterra, o movimento áureo do absolutismo coube aos Stuart, especialmente aos governos de Jaime I e Carlos I. Nesse período, o peso relativo do Parlamento foi muitíssimo reduzido. Porém, intensos conflitos entre os reis e o Parlamento resultaram em numa guerra civil entre realistas e parlamentaristas. A vitória coube aos parlamentaristas que, sob a liderança de Oliver Cromwell, executaram o rei e instalaram a República. O governo de Cromwell sustentou-se, principalmente, na força militar, já que, pouco depois de derrotar os realistas, estabeleceu uma ditadura pessoal. Após sua morte, porém, Exército e Parlamento uniram-se e restauraram a monarquia Stuart. Carlos II tentou retornar a centralização política, mas não obteve sucesso, pois, em 1688, a chamada Revolução Gloriosa sepultou definitivamente o absolutismo na Inglaterra. O rei continuava a reinar, porém quem governava era o parlamento. Outras nações européias tiveram governos de caráter absolutistas, confirmando ser esse regime político uma marca da Idade Moderna e do capitalismo comercial.

Mercantilismo Na época moderna, os Estados absolutistas europeus adotaram uma política econômica cujo objetivo principal era fortalecê-los através do entesouramento. Tal política foi chamada de mercantilismo e pressupunha a intervenção do Estado nos assuntos econômicos. A política mercantilista fundamentava-se principalmente no metalismo, na balança comercial favorável, no protecionismo e no pacto colonial.

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Ciências Humanas e suas Tecnologias A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas, Maquiavel define o homem como um ser a) munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros. b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política. c) guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes. d) naturalmente racional, vivendo em um estado présocial e portando seus direitos naturais. e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares.

UNIDADE 7 EXPANSÃO MARÍTIMA Mercantilismo

O metalismo pregava o acúmulo de metais para a cunhagem de moedas. As vias de acesso a esses metais podiam ser a exploração de jazidas, o comércio de especiarias ou até mesmo a pilhagem através da ação de corsários. O metalismo marca uma importante mudança na concepção de riqueza: no feudalismo a riqueza era calculada pelo acúmulo de terras e, a partir da introdução do capitalismo, passou a ser medida através do acumulo de capitais. Através do Protecionismo Alfandegário, os governos absolutistas taxavam pesados impostos aos produtos que vinham de fora, favorecendo a comercialização de produtos nacionais. A Balança Comercial Favorável era obtida com o auxílio do Pacto Colonial, que pregava o monopólio comercial das colônias as suas metrópoles – uma colônia portuguesa só poderia comercializar com Portugal, uma colônia espanhola só comercializava com a Espanha e assim sucessivamente. Para aumentar os lucros e as exportações, as colônias eram estimuladas a consumirem os produtos metropolitanos. As colônias também forneciam gêneros de alta lucratividade, que, após chegarem às metrópoles, eram exportados para outros países, o que também contribuía para uma balança comercial favorável. Foi, portanto, sob o mercantilismo europeu que se inseriu a colonização da América.

Exercício (Enem 2013) Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se. MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.

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Com a expansão do mundo islâmico, iniciada por volta de 635, o mar Mediterrâneo foi dominado pelos árabes. Dessa forma, durante praticamente toda a Idade Média o Mediterrâneo esteve fechado ao comércio europeu. Com as cruzadas, os árabes foram expulsos da Europa e o mar Mediterrâneo foi reaberto ao comércio. As cidades de Gênova e Veneza eram os principais pólos e dominavam a navegação mediterrânea. Durante o período em que os árabes estabeleceram-se na Europa, o continente foi apresentado a produtos exóticos (especiarias) que, com a expulsão árabe, tornaram-se extremamente valorizados. Com a reabertura do Mediterrâneo, os Italianos passaram a dominar esse mar e taxar impostos sobre outras nações que por ele navegavam. Buscando maior lucratividade, eliminando de uma só vez os atravessadores (caravanas) e fugindo dos impostos pagos aos italianos pela navegação no Mediterrâneo, Portugal lançou-se ao Oceano Atlântico. A intenção portuguesa era descobrir novas rotas comerciais para chegar até as Índias, país de onde vinham as principais especiarias comercializadas nas feiras européias. Portugal foi o pioneiro no processo de Expansão Marítima por algumas razões. Com a Revolução de Avis (1383 – 1385), Portugal tornou-se a primeira monarquia absolutista da Europa, o que tornou o Estado mais rico, gerando a disponibilidade de capitais necessária ao início das navegações pelo Atlântico. O rei Henrique, investiu na formação de capitães fundando a Escola de Sagres, que reuniu especialistas como astrônomos, cartógrafos e pilotos. Os marinheiros portugueses já tinham alguma experiência com a pesca no Atlântico. Essas particularidades deram condição a Portugal lançar-se no Mar Tenebroso no início do século XV.


História Geral

Principais viagens portuguesas na Expansão Marítima

A Espanha foi a segunda nação a se lançar ao Atlântico. Como Portugal já dominava as rotas africanas, os espanhóis traçaram uma nova estratégia: navegar para o ocidente para chegar ao oriente. Foi seguindo essa lógica que Cristóvão Colombo chegou à América. Principais Datas: 

1415-1469: Portugal faz colônias ao norte do Bojador;  1488: Bartolomeu Dias chega ao Cabo das Tormentas (posteriormente intitulado de Cabo da Boa Eserança);  1492: Cristóvão Colombo chega às Américas;  1498: Vasco da Gama chega à Índia;  1500: Pedro Álvares Cabral chega ao Brasil. Em 1494, Portugal e Espanha, por intermédio do Papa Alexandre VI, assinaram o Tratado de Tordesilhas, dividindo o mundo entre as nações Ibéricas.

Territórios Maias, Astecas e Incas

O Maias estabeleceram-se na América Central, especificamente na Península de Yucatán e áreas próximas. Não chegaram a organizar um forte e poderoso Estado centralizado, pois dividiam-se em cidades com autonomia política. Cada cidade tinha um chefe supremo sua população era composta majoritariamente por camponeses e artesãos, que eram obrigados a pagar tributos e a trabalhar nas grandes obras. A economia dos maias baseava-se na agricultura, tendo no milho seu principal produto. Os conhecimentos de astronomia dos maias eram realmente avançados. Eles podiam prever eclipses, elaboraram um calendário de 365 dias e tinham uma matemática bastante desenvolvida. Todavia, a arquitetura e a engenharia representam as áreas do conhecimento mais desenvolvidas pelos maias. Seus grandes centros religiosos, as pirâmides, as cidades com edifícios de vários andares, os canais de irrigação e os reservatórios de água maravilhavam os conquistadores europeus. As lutas internas, catástrofes naturais (terremotos, epidemias, etc.), as guerras externas e principalmente, o declínio da agricultura levaram a sociedade maia à decadência.

Limites do Tratado de Tordesilhas

Povos Pré-Colombianos Três grandes povos habitaram a América Espanhola antes da chegada dos europeus: Maias, Astecas e Incas.

ENEM

Pirâmide Maia

Os Astecas formaram um imponente império contendo mais de quinhentas cidades e abrigando mais de quinze milhões de habitantes. Habitavam a regiões da América Central e do México, tendo iniciado sua formação a partir de uma ilha no Lago Texcoco, onde fundaram sua capital, Tenochtitlán (atual cidade do México). A agricultura era a atividade econômica principal, tendo no milho e no cacau seus mais importantes produtos. A sociedade asteca era controlada por uma elite militar. O rei era o líder maior de todos os exércitos e exercia as principais funções políticas. Comerciantes e artesãos

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Ciências Humanas e suas Tecnologias compunham a classe intermediária e os camponeses ocupavam a mais baixa posição da hierarquia social. A cultura e o saber dos astecas tiveram expressão nos mais diversificados campos. Assim como os maias, estabeleceram a criação de um calendário que organizava a contagem do tempo e também cunharam um sistema de escrita. Na cultura religiosa existiam vários dos deuses, formadores de uma complexa mitologia, que davam significado a vários eventos naturais e culturais. O sacrifício e o derramamento de sangue humano integravam os rituais astecas. O último grande imperador asteca foi Montezuma. Após sua queda os astecas foram dominados pelo espanhol Hernán Cortés que, organizando uma tropa com mais 600 espanhóis, 40 cavalos e 1000 guerreiros tlaxcalas (tribo dominada pelos astecas), tomou Tenochtitlán. Uma grande epidemia de varíola trazida pelo homem branco também auxiliou no extermínio dos astecas.

A ruína dos incas aconteceu no século XVI, com a chegada dos espanhóis ao continente americano. Um dos colonizadores que tiveram grande papel nesse processo de dominação dos incas foi Francisco Pizarro. Ao entrar em contato com os incas, Pizarro estabeleceu uma série de alianças militares com povos locais que rivalizavam com o império. Iniciado em 1532, o processo de conquista se encerrou em 1572 com a prisão e morte de Tupac Amaru, o último imperador inca.

A Conquista da América A colonização espanhola na América fundamentou-se, principalmente, na exploração de ricas jazidas de ouro e prata, utilizando para isso a população nativa. A mentalidade mercantilista que comandava a empresa colonial demandava um controle rígido sobre o comércio com as colônias. Nesse sentido, a Espanha montou um aparelho administrativo que zelava pela exclusividade do comércio colonial com a metrópole. Para melhor administrá-las, as terras americanas pertencentes a Espanha foram divididas em Vice-Reinos, dentre os quais destacam-se:  Vice-Reino da nova Espanha  Vice-Reino de Nova Granada  Vice-Reino do Peru  Vice-Reino do Prata

Representação de Tenochtitlán

A civilização inca se formou inicialmente em torno de sua capital: Cuzco. Porém, em duas décadas, o império se expandiu por regiões que hoje compreendem partes da Argentina, Chile, Bolívia, Equador e Peru. Para formarem tão vasto império, os incas contaram com a confluência de vários povos que anteriormente ocupavam essa região. A base da economia Inca era a agricultura e os principais produtos eram a batata doce, milho, pimentas, algodão, tomates, amendoim, mandioca e um grão conhecido como quinua. O plantio era feito em terraços e já usavam a adiantada técnica das curvas de nível.

Sistema de Plantio Inca

Os incas construíram uma extensa malha de estradas na região andina, com mais de quinze mil quilômetros. Além de escoar a produção agrícola, tais estradas foram de grande importância para o comércio e o trânsito de informações.

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Vice-Reinos da América Espanhola (1800)

A colonização hispânica da América foi violenta e dizimou grande parte da população nativa, além de destruir boa parte de sua cultura. Em parte da América Anglo-Saxônica estabeleceu-se a colonização de povoamento. Para lá foram cidadãos ingleses que fugiam das perseguições políticas e religiosas. Os franceses e holandeses fundaram colônias em terras americanas. A colonização da América enquadrou-se na mentalidade do Antigo Regime e, desse forma, contribuiu para o desenvolvimento do capitalismo comercial. Favoreceu o fortalecimento político das monarquias absolutistas e o desenvolvimento econômico da burguesia europeia. O acesso ao poderio econômico levou a burguesia europeia a reivindicar uma maior participação na vida política de seus países. Também as elites coloniais passaram a contestar a estrutura de dominação implantada pelas metrópoles europeias. Inaugurava-se a era do Iluminismo.


História Geral Exercício (Enem 2010) O Império Inca, que corresponde principalmente aos territórios da Bolívia e do Peru, chegou a englobar enorme contingente populacional. Cuzco, a cidade sagrada, era o centro administrativo, com uma sociedade fortemente estratificada e composta por imperadores, nobres, sacerdotes, funcionários do governo, artesãos, camponeses, escravos e soldados. A religião contava com vários deuses, e a base da economia era a agricultura. principalmente o cultivo da batata e do milho. A principal característica da sociedade inca era a a) ditadura teocrática, que igualava a todos. b) existência da igualdade social e da coletivização da terra. c) estrutura social desigual compensada pela coletivização de todos os bens. d) existência de mobilidade social, o que levou à composição da elite pelo mérito. e) impossibilidade de se mudar de estrato social e a existência de uma aristocracia hereditária.

UNIDADE 8 IDADE MODERNA II

Iluminismo O mercantilismo praticado durante a Idade Moderna deu à burguesia grande poder econômico. Em contrapartida, o absolutismo monárquico mantinha essa classe afastada das decisões políticas, pois concentrava todo o poder nas mãos do rei. Os séculos XVII e XVIII foram marcados por uma forte contestação a esse modelo, o chamado Antigo Regime, onde os principais beneficiados eram a realeza, a nobreza e o clero. As ideias iluministas nasceram do acentuado desenvolvimento filosófico e científico do século XVII. Pautado no racionalismo e no progressismo, o iluminismo tinha como premissas a busca pelo saber e a liberdade de pensamento.

sistematizados na obra Enciclopédia, cujos maiores incentivadores foram Diderot e D`Alembert. No plano econômico, durante o Século das Luzes (século XVIII), desenvolveu-se a fisiocracia, que defendia a não interferência do Estado nos assuntos econômicos das nações. Tal doutrina econômica negava o ideário mercantilista, defendendo que a riqueza das nações residia na agricultura, a verdadeira atividade produtiva. Seu lema laissez-faire, laissez-passer (“deixai fazer, deixai passar”) foi, posteriormente retomado por Adam Smith, o pai do liberalismo econômico. Convencidos do alcance das ideias iluministas, governantes absolutistas incorporaram algumas de suas propostas, visando à manutenção de seu poder absoluto. Receberam, por isso, a denominação de déspotas esclarecidos e realizaram reformas em seus Estados partindo, fundamentalmente, do racionalismo ilustrado. Tal medida, porém, não foi suficiente para garantir a sobrevivência do Antigo Regime na Europa.

Liberalismo Como vimos anteriormente, o liberalismo foi uma doutrina que recebeu forte influência das ideias iluministas, pregando liberdade política e econômica. Seu grande representante é Adam Smith, considerado o pai do liberalismo. Tal filósofo era contrário ao forte controle estatal na economia e na vida das pessoas, defendendo a ideia de que as pessoas são livres para fazer o que quiserem, o que traz a ideia de livre mercado, que deveria ser regulado pela lei da oferta e procura (quanto maior a oferta menor o preço / quanto maior a procura maior o preço).

Adam Smith

O século das Luzes

Os principais representantes do pensamento ilustrado foram o inglês John Locke e os franceses Montesquieu, Voltaire e Rousseau. Todos eles teciam críticas violentas ao absolutismo, ao poder da Igreja e à forma de organização da sociedade europeia. Os conhecimentos acumulados a partir das formulações iluministas foram

ENEM

O liberalismo defende a igualdade entre todos, pregando a ideia de que a ascensão social está ligada unicamente ao esforço individual. Daí uma das mais importantes premissas do liberalismo ser o individualismo. Politicamente, o pensamento liberal prega que o regime monárquico, comandado pelas vontades individuais de um rei, não pode garantir a liberdade, pois a vontade do rei subjuga o interesse social, impedindo os princípios de liberdade e igualdade.

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Ciências Humanas e suas Tecnologias As mudanças trazidas pela Revolução Industrial, pela Primeira Guerra Mundial e, mais tarde, pela quebra da bolsa de Nova Iorque, fizeram com que a doutrina liberal entrasse em crise. Na década de 1990, surgiu o neoliberalismo, resgatando boa parte do ideal liberal clássico.

Independência dos EUA A luta pela independência das Treze Colônias inglesas da América do Norte deu-se pela penetração das ideias iluministas e visavam o fim do controle metropolitano sobre a colônia. A Guerra dos Sete Anos, travada entre a França e a Inglaterra, gerou grandes gastos à coroa inglesa. Como forma de angariar recursos, a metrópole criou uma série de medidas que aumentavam a arrecadação colonial, como a Lei do Selo, a Lei do Chá e a Lei do Açúcar. O conjunto de medidas adotadas pelos ingleses em relação a suas colônias causou violentas manifestações por parte dos colonos. Tais manifestações culminaram, em 1776, com a Declaração da Independência das Treze Colônias, que passaram para o comando do General George Washington. Na declaração aparecem nitidamente os princípios da filosofia iluminista. A luta pela libertação das colônias inglesas se estendeu até 1783, quando, com a ajuda da França e da Espanha, fez-se vitoriosa. No mesmo ano, a Inglaterra reconheceu a independência dos Estados Unidos da América. Após a independência foi elaborada a Constituição dos Estados Unidos, que estabeleceu o regime republicano, combinando propostas presidencialistas e federalistas.

Exercício (Enem 2013) Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos. Assim, criam-se os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, atuando de forma independente para a efetivação da liberdade, sendo que esta não existe se uma mesma pessoa ou grupo exercer os referidos poderes concomitantemente. MONTESQUIEU A divisão e a independência entre os poderes são condições necessárias para que possa haver liberdade em um Estado. Isso pode ocorrer apenas sob um modelo político em que haja a) exercício de tutela sobre atividades jurídicas e políticas. b) consagração do poder político pela autoridade religiosa. c) concentração do poder nas mãos de elites técnicocientifícas. d) estabelecimento de limites aos atores públicos e às instituições do governo. e) reunião das funções de legislar, julgar e executar nas mãos de um governante eleito.

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UNIDADE 9 REVOLUÇÃO FRANCESA A Revolução Francesa pode ser entendida como resultado da expansão das ideias iluministas, que contestavam a estrutura política do Antigo Regime. É válido lembrar que a maior parte dos grandes filósofos iluministas eram franceses. O governo despótico da dinastia Bourbon havia estabelecido uma forte crise econômica na França. Luís XIV, o rei sol, gerou um imenso rombo nos cofres públicos com obras monumentais, como a do Palácio de Versalhes. Luís XV foi derrotado na Guerra dos Sete Anos, na qual a França perdeu uma série de territórios no continente americano e uma pequena fortuna para custear o conflito. Luís XVI, mesmo em meio a uma crise econômica, enviou sua marinha e auxilio econômico para ajudar na independência dos Estados Unidos. Para piorar a situação, o inverno de 1789 foi o mais frio do século, impedindo a produção de grão e gerando um aumento abrupto no preço dos gêneros alimentícios, resultando em fome generalizada entre a população de baixa renda. Na época, a sociedade francesa estava dividida em três estados: o Primeiro Estado era composto pelo clero, o Segundo pela nobreza e o Terceiro era formado por uma mistura heterogênea, na qual encontravam-se burgueses, camponeses e sans-culottes (trabalhadores urbanos). A burguesia questionava a falta de participação política e o fato de somente o terceiro estado pagar impostos. Em meio a esse caldeirão, Luis XVI convocou a Assembleia dos Estados Gerais, instrumento utilizado pelo rei para consultar os três Estados da sociedade francesa, que não era convocado há mais de 100 anos. Todavia, divergências entre os interesses do Terceiro Estado e dos outros dois levaram Luís XVI a decretar o encerramento da Assembleia. Revoltada, a população de Paris tomou a Bastilha – uma prisão do Estado – em busca de armas que lhe permitissem lutar contra as tropas reais. Iniciava-se assim a Revolução Francesa.

A Liberdade Guiando o Povo, de Eugène Delacroix, quadro que simboliza o espírito da Revolução Francesa


História Geral Os revolucionários dividiam-se em dois grupos principais: os girondinos representavam a alta burguesia e seu principal interesse era o controle político da França; os jacobinos representavam as camadas populares de tendências radical e pretendiam subverter totalmente as ordens política, econômica e social do Antigo Regime francês. A primeira fase da Revolução Francesa se deu sob o controle político dos girondinos, na chamada Assembleia Nacional. Nessa fase foram criadas a Declaração dos Direitos do Homem o do Cidadão e a Constituição de 1791. É interessante perceber a ambiguidade desses documentos: enquanto a declaração dos direitos pregava a igualdade entre os cidadãos a constituição estabelecia o voto censitário, dando direito ao voto somente às pessoas que possuíam determinada renda.

Declaração dos Direitos do Homem o do Cidadão

A segunda fase se deu com os jacobinos no poder e foi a mais violenta da revolução. A chamada Convenção Nacional caracterizou-se por uma grande perseguição aos nobres e as pessoas consideradas antirrevolucionárias, levando milhares de pessoas à guilhotina, dentre às quais o próprio rei e sua esposa, Maria Antonieta. Uma nova constituição foi redigida, abolindo a monarquia e criando uma república. Nessa fase destaca-se a atuação do exército revolucionário, que conseguiu impedir as constantes tentativas de invasão de outras nações, cujo objetivo era por fim a revolução.

Diretório, última fase da Revolução Francesa. A instabilidade permaneceu, representada por várias tentativas de golpe. Esse clima possibilitou a instalação de um governo forte, através de um golpe de Estado. Em 1799, o Golpe do 18 brumário pôs fim ao Diretório e à Revolução Francesa, iniciando o governo do Consulado, no qual destaca-se a figura de Napoleão Bonaparte.

Exercício (Enem 2010) Em nosso país queremos substituir o egoísmo pela moral, a honra pela probidade, os usos pelos princípios, as conveniências pelos deveres, a tirania da moda pelo império da razão, o desprezo à desgraça pelo desprezo ao vício, a insolência pelo orgulho, a vaidade pela grandeza de alma, o amor ao dinheiro pelo amor à glória, a boa companhia pelas boas pessoas, a intriga pelo mérito, o espirituoso pelo gênio, o brilho pela verdade, o tédio da volúpia pelo encanto da felicidade, a mesquinharia dos grandes pela grandeza do homem. HUNT, L. Revolução Francesa e Vida Privada, in: PERROT, M. (Org). História da Vida Privada: da Revolução Francesa à Primeira Guerra. Vol. 4. São Paulo: Companhia das Letras, 1991 (adaptado). O discurso de Robespierre, de 5 de fevereiro de 1794, do qual o trecho transcrito é parte, relaciona-se a qual dos grupos político-sociais envolvidos na Revolução Francesa? a) À alta burguesia, que desejava participar do poder legislativo francês como força política dominante. b) Ao clero francês, que desejava justiça social e era ligado à alta burguesia. c) A militares oriundos da pequena e média burguesia, que derrotaram as potências rivais e queriam reorganizar a França internamente. d) À nobreza esclarecida, que, em função do seu contato com os intelectuais iluministas, desejava extinguir o absolutismo francês. e) Aos representantes da pequena e média burguesia e das camadas populares, que desejavam justiça social e direitos políticos.

UNIDADE 10 INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA ESPANHOLA

Era Napoleônica e o Congresso de Viena

Execução de Luís XVI

No consulado, o poder era exercido quase exclusivamente por Napoleão, um militar que fora chamado pelas classes dominantes para pôr fim à desorganização que imperava na vida política da França. O consulado foi primeiramente triplo e, depois, uno, com Bonaparte ampliando gradativamente seu domínio sobre a política francesa, culminando na criação do império, em 1804.

Divergências internas entre os próprios jacobinos favoreceram a reação burguesa, que retomou o poder no

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Ciências Humanas e suas Tecnologias Independência na América espanhola.

Coroação de Napoleão Bonaparte como Imperador da França

Para resolver a crise econômica que assolava o país, Napoleão criou o Banco da França e uma nova moeda, o franco, além de intensificar inúmeras obras públicas e estimular a industrialização. Em 1804, foi publicado o Código Napoleônico, um código de leis que procurava dar amparo legal à ideologia liberal revolucionária. Napoleão também promoveu uma profunda reforma educacional. Na política externa, encontrou na Inglaterra a principal rival, decretando, em 1806, o Bloqueio Continental, que proibia os países europeus de comercializarem com os ingleses e submetia as nações que desobedecessem a suas determinações a duras represálias. Foi o que aconteceu com a Rússia e Portugal. Fugindo de Napoleão, a Corte Portuguesa transferiu-se para o Brasil. A Rússia teve seu território invadido, mas as tropas napoleônicas sofreram uma grande derrota devido ao intenso frio do inverso russo. Pouco depois da fracassada Campanha da Rússia, Napoleão foi também derrotado na batalha das Nações. Em 1815, a Batalha de Waterloo marcou a derrota definitiva de Napoleão.

O processo de independência dos Vice-Reinos da América Espanhola se deu em consonância com as revoluções filosóficas e sociais do século XVIII e início do XIX. A difusão do iluminismo, a independência dos Estados Unidos a Revolução Industrial e principalmente as Guerras Napoleônicas corroboraram para a emancipação política de muitos países. No início do século XIX, a elite criolla (filhos de espanhóis nascidos na América) possuía limitados poderes nas instituições administrativas do mundo colonial espanhol. Muitos membros dessa elite conheciam as ideias iluministas e enxergavam nelas a resposta ao domínio metropolitano, na época representado pelos interesses dos chapetones (espanhóis que viviam na colônia). Havia também uma insatisfação generalizada entre as populações menos privilegiadas, o que contribuiu para o processo de independência. A pesada rotina e as péssimas condições de trabalho e a situação de miséria na qual vivam índios, mestiços e escravos já haviam gerado revoltas na América hispânica, como é exemplo a rebelião liderada por Tupac Amaru, ocorrida no Peru no final do século XVIII.

José Gabriel Tupac Amaru sendo executado após rebelião

Soma-se a esses fatores a confusão criada devido a invasão napoleônica à Espanha e a crescente demanda inglesa e norte-americana por mercados consumidores, a qual esbarrava no monopólio firmado pelo Pacto Colonial. Os constantes choques entre criollos e chapetones desencadeou o processo de separação política. Com financiamento americano e inglês, a elite criolla incentivou as populações coloniais a realizarem uma série de levantes contra as autoridades espanholas. Seus maiores líderes foram Simon Bolívar e José de San Martin, que auxiliaram na independência de vários países latino-americanos.

Campanha da Rússia

Ainda em 1815, as nações europeias organizaram o Congresso de Viena, o qual, pautado nos princípios da legitimidade e do equilíbrio, inaugurou uma fase reacionária, com a finalidade de combater os princípios revolucionários. Entretanto, a estrutura do Antigo Regime era totalmente incompatível com as transformações dinamizadas pela Revolução Industrial europeia, que foram, pouco a pouco, minando as realizações reacionárias do Congresso de Viena. O mítico encontro entre San Martin e Simão Bolívar em Guayaquil

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História Geral Uma vez independentes, as nações da América Latina se reuniram no Congresso do Panamá, em 1826. Simon Bolívar defendeu a ideia de uma grande integração político-econômica entre os novos países. Ingleses e norte-americanos foram contra o projeto bolivarista, julgando que este ameaçava seus interesses econômicos na região, o que o levou a falência. Infelizmente, as independências não representaram profundas transformações na realidade socioeconômica das populações latino-americanas. A relação de dependência econômica que se estabeleceu entre essas novas nações e as grandes potências, somada a manutenção dos privilégios das elites, mantiveram muitos dos problemas que existiam nas antigas colônias. As elites coloniais foram as grandes beneficiárias desse processo.

FIQUE LIGADO NO ENEM! A INDEPENDÊNCIA NEGRA A independência do Haiti em relação a metrópole francesa foi realizada em 1804, após uma violenta revolta, na qual a população branca foi exterminada pelos escravos. A difusão das ideias de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” garantiu ao país ser o primeiro da América a abolir a escravidão. A adoção dos princípios revolucionários da França e a violência das ações empreendidas pelos revoltosos levou-os a serem conhecidos como Jacobinos Negros, uma alusão aos líderes da Convenção Nacional, fase da Revolução Francesa conhecida pela execução de milhares de nobres e anti-revolucionários. Seu grande líder foi Toussaint L’Ouverture, que comandou os escravos na luta pela independência e pelo fim da escravidão.

d) Liberalismo político e econômico, adotado pelas cortes espanholas; enfraquecimento do governo espanhol por causa da intervenção militar francesa; política do Congresso de Viena favorável à independência das colônias. e) Interesse econômico da Inglaterra na independência das colônias; política de suspensão das restrições de importações, seguida pelo governo de José Bonaparte; aliança entre chapetones, colonos nascidos na Espanha, e criollos, nascidos nas colônias para promover a independência.

UNIDADE 11 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL A Revolução Industrial é o nome dado ao conjunto de transformações econômicas e sociais iniciadas na Europa durante o século XVIII. O grande pioneiro nesse processo foi a Inglaterra que, possuidora de uma rica burguesia e de um Estado com grande acúmulo de capitais devido à exploração colonial, introduziu o tear mecânico às manufaturas têxteis por volta de 1750.

Representação de uma manufatura têxtil

Toussaint L’Ouverture

Exercício (UFSCar-SP) A independência das colônias espanholas da América deveu-se a diversos fatores. Assinale a opção na qual todos os fatores relacionados contribuíram para essa independência. a) Política mercantilista da Espanha; influência da independência brasileira; interesse dos Estados Unidos no comércio das colônias espanholas. b) Monopólio comercial em benefício da metrópole; desigualdade de direitos entre os criollos, nascidos nas colônias, e os chapetones, nascidos na Espanha; enfraquecimento da Espanha pelas guerras napoleônicas. c) Influência das ideias políticas de Maquiavel; auxilio militar brasileiro à independência dos territórios vizinhos; exemplo da independência dos Estados Unidos.

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A Política dos Cercamentos, praticada pelo governo inglês, expulsou diversos camponeses de terras que eram por eles cultivadas há muito tempo, mas que, na nova ordem do dia, deveriam fornecer matérias primas às indústrias britânicas. Isso gerou um grande êxodo rural e garantiu mão de obra barata para fábricas e minas de carvão. Deu-se assim a formação de uma nova classe social: o proletariado. Nessas fábricas, os proletários tinham jornadas de trabalho de até 16 horas diárias, trabalhavam até a exaustão e recebiam salários extremamente baixos. Mulheres e crianças também eram utilizados como mão de obra nas fábricas e recebiam salários ainda mais miseráveis do que o dos homens. A base da mentalidade dos burgueses nessa época era a exploração máxima da classe trabalhadora, o que os garantia enorme lucro e a dependência do proletariado, que se submetia a tamanha barbárie em busca da subsistência de suas famílias. Outro problema enfrentado pelos trabalhadores eram as péssimas condições de higiene nas humildes regiões habitacionais, o que levou a surtos de doenças como a cólera e o tifo. Em muitos casos, as residências proletárias sofriam com a escassez do fornecimento de água e não protegiam contra o frio. Essa realidade levou à morte inúmeros trabalhadores pobres.

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Ciências Humanas e suas Tecnologias Tal quadro não se restringia aos trabalhadores urbanos. Os camponeses, desprovidos de terras ou assentados em terrenos inférteis, também sofriam com a fome. Tamanha exploração levou os proletários a refletirem sobre sua situação, o que se manifestou através de greves e revoltas. São exemplo o Ludismo e o Cartismo. O Ludismo se opunha a mecanização do trabalho, o que levou seus participantes a invadirem fábricas e quebrarem suas máquinas. O Cartismo foi um movimento que lutou pela participação política do proletariado no Parlamento Inglês.

Ludistas quebrando máquinas

Foram organizados os sindicatos, que visavam melhorias nas condições de trabalho, transformando meros trabalhadores em uma coletividade que lutava pelo fortalecimento da classe operária. Com o surgimento dos sindicatos não se tratava mais da luta do pobre contra rico, mas sim de trabalhadores conscientes enfrentando seu explorador.

Doutrinas Socialistas As doutrinas socialistas nasceram da observação da exploração proletária por parte da burguesia industrial e da legitimação dada pelo pensamento liberal a ela. O liberalismo pregava individualismo, afirmando que o esforço individual levaria a ascensão social. Segundo essa visão, o trabalhador poderia deixar sua condição de pobreza uma vez que se dedicasse ao trabalho e poupasse, o que o possibilitaria comprar seu próprio meio de produção, podendo assim explorar a mão de obra alheia. De uma forma geral, os pensadores socialistas defendem a ideia de que a riqueza é gerada pelo próprio trabalho, logo deveria ser dividida entre a classe trabalhadora. O Socialismo Utópico surgiu no início do século XIX, pregando a organização de uma sociedade sem conflitos e desigualdades. Seus pensadores buscavam inspiração em filósofos mais antigos, como Thomas Morus e Rousseau, que defendiam a ideia de que a propriedade particular é a fonte de toda injustiça social. Seus principais representantes são Robert Owen, Charles Fourrier e SaintSimon. Os socialistas utópicos buscavam uma sociedade ideal, todavia não desenvolveram meios capazes de articular sua implantação. Em meados do século XIX, as teorias desenvolvidas por Karl Marx e Friedrich Engels deram origem ao Socialismo Científico, doutrina que prevê o triunfo final dos trabalhadores sobre a burguesia através da ação revolucionária do proletariado. Segundo esses pensadores, a solidariedade internacional dos trabalhadores em busca de sua emancipação superaria o poder dos Estados nacionais, pregando uma revolução internacional que derrube a burguesia e implante o comunismo, nome dado a essa nova sociedade sem classes e sem a exploração do trabalho.

FIQUE LIGADO NO ENEM! DIREITOS TRABALHISTAS A luta por direitos trabalhistas surge com a Revolução Industrial, quando nasce o proletariado, classe que vendia sua força de trabalho nas fábricas em troca de salário. Embora revoltas e greves tenham ocorrido durante todo o século XIX, foi somente no início do século XX que os trabalhadores começaram a ter seus direitos regulamentados. Em 1917, o México lançou a primeira constituição que tratou do tema, estabelecendo jornada de oito horas, proibição de trabalho de menores de 12 anos, limitação da jornada dos menores de 16 anos a seis horas, jornada máxima noturna de sete horas, descanso semanal, proteção à maternidade, salário mínimo, direitos de sindicalização e de greve, indenização de dispensa, seguro social e proteção contra acidentes do trabalho. Posteriormente, na Alemanhã, a República de Weimar montou uma carta que autorizava a liberdade de coalizão dos trabalhadores e tratava da representação dos trabalhadores nas fábricas. O Tratado de Versalhes, firmado após a Primeira Guerra Mundial, criou a OIT – Organização Internacional do Trabalho, que tratou das relações entre empregadores e empregados internacionalmente.

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Karl Marx e Friedrich Engels

O Anarquismo propôs a organização de uma sociedade sem nenhuma forma de autoridade imposta. Seus pensadores acreditavam na instalação de um novo modelo de sociedade, sem classes sociais e propriedade privada, mas defendem que seu processo de formação não deve levar à criação de um novo Estado, pois este seria sempre uma nova forma de poder coercitivo. O anarquismo tem duas correntes principais. Segundo Pierre-Joseph Proudhon, a instalação do anarquismo deve ser feita com base na fraternidade e na cooperação entre os homens. Já Mikhail Bakunin defende que uma nova sociedade só pode ser formada após a destruição da estrutura social vigente e, assim sendo, a utilização de meios violentos e do terrorismo seria válida.


História Geral Exercício (Enem 2010) A Inglaterra pedia lucros e recebia lucros. Tudo se transformava em lucro. As cidades tinham sua sujeira lucrativa, suas favelas lucrativas, sua fumaça lucrativa, sua desordem lucrativa, sua ignorância lucrativa, seu desespero lucrativo. As novas fábricas e os novos altos-fornos eram como as Pirâmides, mostrando mais a escravização do homem que seu poder. DEANE. P. A Revolução Industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 1979 (adaptado). Qual relação é estabelecida no texto entre os avanços tecnológicos ocorridos no contexto da Revolução Industrial Inglesa e as características das cidades industriais no início do século XIX? a) A facilidade em se estabelecer relações lucrativas transformava as cidades em espaços privilegiados para a livre iniciativa, característica da nova sociedade capitalista. b) O desenvolvimento de métodos de planejamento urbano aumentava a eficiência do trabalho industrial. c) A construção de núcleos urbanos integrados por meios de transporte facilitava o deslocamento dos trabalhadores das periferias até as fábricas. d) A grandiosidade dos prédios onde se localizavam as fábricas revelava os avanços da engenharia e da arquitetura do período, transformando as cidades em locais de experimentação estética e artística. e) O alto nível de exploração dos trabalhadores industriais ocasionava o surgimento de aglomerados urbanos marcados por péssimas condições de moradia, saúde e higiene.

FIQUE LIGADO NO ENEM! COLONIALISMO E NEOCOLONIALISMO Na época das grandes navegações, a ação colonialista era pautada no Mercantilismo. Assim, as colônias do século XVI tinham como função principal o fornecimento de especiarias e riquezas minerais e matérias primas através do trabalho escravo. O imperialismo do século XIX se insere na segunda fase do capitalismo: a industrial. Nas neocolônias o principal objetivo era a busca por mercados consumidores. Todavia também destacamse o fornecimento de matérias-primas, aplicação do excedente do capital industrial e escoamento do excedente populacional. Os principais países imperialistas foram Inglaterra e França, e a eles couberam as mais acirradas disputas por colônias. No entanto, como outras nações também desejassem participar da divisão da África e da Ásia e como havia o temor de que essas disputas gerassem graves conflitos, as nações europeias se reuniram, em 1885, na Conferência de Berlim, para repartir entre si o continente africano.

UNIDADE 12 IMPERIALISMO E A PRIMEIRA GUERRA

Imperialismo Dentre as muitas consequências da revolução industrial, uma das mais importantes foi o imperialismo. Uma vez que o poder de consumo dessas nações foi superado por sua força produtiva, elas partiram em busca de áreas de influência a fim de ampliar seus mercados consumidores e fornecedores de matérias-primas. Foi seguindo essa lógica que se deu dominação europeia sobre a África e da Ásia. Esse domínio podia ser direto, quando exercido por autoridades europeias instaladas nas colônias; ou indireto, caso as autoridades coloniais se unissem aos europeus e atuassem de acordo com os interesses imperialistas. Primeiramente os europeus dominavam os povos através de sua superioridade militar e, posteriormente tinha início outro tipo de dominação: a cultural. Era necessário mudar os hábitos rústicos das populações nativas, a fim de transformá-las em mercados consumidores de produtos industrializados. A esse processo dá-se o nome de aculturação.

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Partilha da África realizada na Conferência de Berlim

O continente asiático foi partilhado entre as nações europeias em conjunto com o Japão e com os Estados Unidos. É interessante ressaltar o rápido desenvolvimento que o Japão conheceu durante a chamada Era Meiji. De um país dominado passou, no final do século XIX, a disputar colônias com as grandes nações europeias. Os acordos diplomáticos envolvendo a partilha dos continentes africano e asiático não deram fim às disputas pelo domínio colonial e conflitos armados, envolvendo as nações imperialistas ocorreram no final do século XIX. A Guerra dos Bôeres, envolvendo colonos franceses, holandeses e ingleses na disputa pelo controle da África do Sul, é exemplo disso. Na Ásia, diferentes nações reagiram contra o domínio ocidental. Movimentos de caráter nacionalista eclodiram na Índia, na China e no Japão, sem, contudo, conseguir conter o avanço imperialista. A Guerra dos Boxers, onde chineses pregavam o uso dos punhos para lutar contra a dominação ocidental, foi um desses movimentos.

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Ciências Humanas e suas Tecnologias

FIQUE LIGADO NO ENEM! O IMPERIALISMO NO CONTINENTE AMERICANO O continente americano sofreu a ação imperialista dos Estados Unidos. Pautados na Doutrina Monroe, “América para os americanos”, pregavam a expulsão da influência inglesa e francesa do continente. Através da política do Big Stick (grande porrete), onde os EUA passam a agir não só de forma diplomática, mas também através de guerras e fomento de revoluções, os norte-americanos findaram por dominar econômica e politicamente muitos países da região. Para legitimar sua dominação, as nações imperialistas valiam-se do Darwinismo Social. Baseados na teoria da evolução pautada na seleção natural de Charles Darwin, seus seguidores pregavam que os brancos eram mais evoluídos moral e socialmente e tinham a missão de civilizar os povos atrasados dos continentes africano e asiático. Assim como na natureza aquelas espécies que não se adaptam desaparecem, as sociedades primitivas que não aceitassem a civilidade proposta pelos brancos estaria fadada ao desaparecimento. Esse pensamento justificou o extermínio de etnias e tribos inteiras.

As três décadas que antecederam o início da Primeira Guerra ficaram conhecido como Paz Armada. Nesse período houve um forte desenvolvimento bélico e formaram-se dois grupos militares. A Tríplice Aliança era formada pela Alemanha, Itália e Império Austro-Húngaro, reunindo os países menos privilegiados na partilha das neocolônias. A Tríplice Entente era formada pela Inglaterra, França e Rússia. O estopim para o início do conflito foi o assassinato do herdeiro do trono Austro-Húngaro, Francisco Ferdinando, em Sarajevo. A Sérvia foi invadida pelos austríacos. Os russos, que também almejavam o controle da região, saíram em “defesa” dos sérvios. O embate entre Rússia e o Império Austro-Húngaro desencadeou a política das alianças, dando início à Primeira Guerra Mundial. O embate iniciou-se com uma guerra de movimentos para, depois, transformar-se numa guerra de trincheiras. Várias tecnologias foram desenvolvidas e utilizadas no conflito, como o submarino, aviões e o gás mostarda.

Primeira Guerra (1914 – 1918) As disputas imperialistas desencadearam uma forte rivalidade entre os países europeus. É importante observar que a partilha dos continentes africano e asiático se deu de forma bastante desigual. Uma explicação para isso foi o fato de que enquanto a Inglaterra e a França conquistavam territórios, tanto a Alemanha quanto a Itália passavam por um movimento interno de unificação. Uma vez formadas as novas nações, estas encontraram praticamente todas as áreas periféricas ocupadas por ingleses e franceses. Nem mesmo a Conferência de Berlim, na qual os alemães propunham uma revisão das fronteiras africanas, conseguiu corrigir essas distorções. Somadas a essa questão encontramos outros fatores, como o revanchismo francês e a Questão Balcânica. Após a derrota na Guerra Franco-Prussiana, a França foi obrigada a ceder a Alsácia-Lorena, região rica em carvão e ferro, ao recém formado Império Alemão, gerando um forte sentimento de revanche entre os franceses. A região balcânica foi palco de disputas entre as grandes nações imperialistas. Com o fim do controle TurcoOtomano sobre a região, algumas potências vizinhas prontamente manifestaram vontade em impor seus interesses políticos naquele lugar, como a Rússia e o Império Austro-Húngaro.

Soldados lutando em trincheiras. Repare no uso das mascaras que eram usadas para protegê-los contra as armas químicas.

Em 1917, os Estados Unidos entraram na guerra ao lado dos Aliados, enquanto, no mesmo ano, a Rússia, em meio à Revolução Socialista, deixou o conflito. Os reforços norte-americanos foram suficientes para acelerar esgotamento da Tríplice Aliança. Em, em novembro de 1918, a Alemanha assinou sua rendição. No ano seguinte foi assinado o Tratado de Versalhes, que estabeleceu sanções à Alemanha e criou um organismo internacional ao qual caberia zelar pela paz mundial: a Liga das Nações. O Tratado de Versalhes determinou punições humilhantes aos alemães, semeando o revanchismo que, anos depois, desencadearia um confronto de consequências ainda mais desastrosas: a Segunda Guerra Mundial.

Revolução Russa

Alsácia Lorena – Região perdida pelos franceses na Guerra Franco-Prussiana

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O Império Russo inaugurou o século XX mantendo uma estrutura econômica praticamente feudal. Seu grau de industrialização era bastante baixo e a grande maioria de sua população vivia nos campos. Isso não impediu que o Czar Nicolau II entrasse na disputa por áreas de influência. Em 1905, teve início a Guerra Russo-Japonesa, um conflito pelo controle das regiões da Coréia e da Manchúria, no qual os russos saíram derrotados. Os questionamentos ao governo czarista se intensificaram. Duas correntes políticas principais opunham-se ao seu governo: os mencheviques, partidários de uma revolução de caráter liberal e burguês; e os bolcheviques, socialistas


História Geral radicais que defendiam a implantação imediata do poder do proletariado. A entrada da Rússia na Primeira Guerra Mundial minou irremediavelmente o poder de Nicolau II. As constantes derrotas sofridas pelo exército czarista frente aos alemães e a grande fome sentida pela população por falta de mão de obra nos campos, uma vez que os camponeses foram levados às frentes de batalha, levaram a população a não mais tolerar o despotismo esclarecido do Czar . Em março de 1917 ele foi obrigado a abandonar o trono, substituindo-se a monarquia russa pela república. Um parlamento (Duma) ficava encarregado das principais decisões políticas, tendo à frente o mencheviques Alexandre Kerenski. Os mencheviques, porém, foram incapazes de minimizar as dificuldades herdadas do regime czarista, desgastando-se progressivamente. A manutenção da Rússia na Primeira Guerra Mundial e as sucessivas derrotas foram elementos decisivos para a ascensão da oposição bolchevique, através da Revolução de Outubro. A revolução foi liderada por Lênin, que tornou-se o homem forte da Rússia, acompanhado por Trótski e Stálin. Seu governo foi marcado pela tentativa de superar a crise econômica e social que se abatia sobre a nação, retirando-a da Primeira Guerra Mundial e realizando profundas reformas de caráter socioeconômico. Uma violenta reação do mundo capitalista ergueu-se contra a adoção do socialismo na Rússia, opondo os russos brancos (mencheviques czaristas) - apoiados militarmente pelas potências européias - ao Exército Vermelho (bolqueviques liderados por Trótski). No entanto, os socialistas resistiram às pressões contrárias ao seu novo governo e, em 1921, conseguiram estabelecer-se definitivamente no poder. Lênin, então, adotou a NEP, uma planificação econômica, que possuía elementos capitalistas que visavam reerguer a produtividade nacional, normalizar a economia e, desse modo, consolidar o socialismo. Em 1922, diversas repúblicas asiáticas e européias agregaramse à Rússia, originando a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

Países que integravam União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

A morte de Lênin, em 1924, desencadeou uma acirrada disputa pelo poder político entre Trótski e Stálin. Stálin conseguiu vencer a proposta trotskista de generalização da Revolução Socialista pelo mundo e instalou-se no poder, no qual permaneceu até 1953. Durante seu governo, Stálin, por meio dos planos quinquenais, conseguiu transformar a União Soviética numa importante potência mundial.

Exercícios (Enem 2009) A primeira metade do século XX foi marcada por conflitos e processos que a inscreveram como um dos mais violentos períodos da história humana. Entre os principais fatores que estiveram na origem dos conflitos ocorridos durante a primeira metade do século XX estão a) A a crise do colonialismo, a ascensão do nacionalismo e do totalitarismo. b) B o enfraquecimento do império britânico, a Grande Depressão e a corrida nuclear. c) C o declínio britânico, o fracasso da Liga das Nações e a Revolução Cubana. d) D a corrida armamentista, o terceiro-mundismo e o expansionismo soviético. e) E a Revolução Bolchevique, o imperialismo e a unificação da Alemanha.

FIQUE LIGADO NO ENEM! FORMAÇÃO DA URSS A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas foi criada em 1922 pelos bolcheviques, liderados por Lênin, fruto da expansão das ideias comunistas que geraram a Revolução Russa de 1917. Após a II Guerra Mundial, a URSS se tornou a segunda maior potência econômica e militar do mundo. Ela era composta por várias repúblicas e tinha na Rússia sua principal força. A URSS caiu em 1991, em meio à crise do socialismo, quando foi dissolvida dando lugar à Comunidade dos Estados Independentes.

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UNIDADE 13 ENTRE GUERRAS

Regimes Totalitários O fim da Primeira Guerra Mundial gerou tempos bastante difíceis para as nações europeias, que passaram a enfrentar sérios problemas, como a reconstrução e restabelecimento da produção em meio à inflação, ao desemprego e à miséria. A Grande Guerra havia dado xeque mate no liberalismo, pois nele residiam as verdadeiras razões do conflito. Por outro lado, o regime socialista soviético estava em expansão e a ideologia comunista apresentava-se como a principal saída para as populações carentes da Europa.

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Ciências Humanas e suas Tecnologias Nesse contexto surgiram propostas totalitárias, especialmente na Itália e na Alemanha, que eram apoiadas pela burguesia, temerosa de ver se repetir na Europa Ocidental o que ocorrera na Rússia, com a ascensão do socialismo. Na Itália, Benito Mussolini criou o Partido Fascista, que propunha a instalação de um governo forte e centralizado. Os camisas negras, como ficaram conhecidos os fascistas, combatiam como violência os adeptos do comunismo, o que lhes rendeu forte simpatia por parte da burguesia industrial, que temia a estatização de seus meios de produção com a ascensão do comunismo. Com o apoio financeiro da elite, o fascismo expandiu-se e, em 1922, Mussolini realizou a famosa Marcha sobre Roma, entrando na capital italiana com milhares de camisas negras. Percebendo a força dos fascistas, Vitor Manuel III, então rei da Itália, convocou Mussolini para o cargo de Primeiro ministro. Uma vez no poder, Il Duce (como ficou conhecido Mussolini) impôs sua ditadura totalitária.

territorial alemã). Percebendo a força do Nazismo, o presidente Hindenburg convocou Hitler para o cargo de Chanceler. Uma vez no poder, Hitler depôs a República de Weimar e deu início ao III Reich (terceiro império alemão).

Adolf Hitler – Líder carismático alemão

FIQUE LIGADO NO ENEM!

Marcha Sobre Roma

As principais características do Fascismo são:  Totalitarismo  Nacionalismo  Militarismo  Anti-Comunismo  Líder Carismático Com o fim da Primeira Guerra Mundial o Império Alemão foi substituído por uma nova forma de governo: a República de Weimar. A Alemanha encontrava-se arruinada e a inflação anual superava a impressionante marca de 20.000%. Em meio ao caos econômico e influenciado pelas ideias de Mussolini, foi fundado o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, o NAZI. Assim como na Itália, os nazistas também iniciaram numa oposição aberta e violenta contra os comunistas, conseguindo apoio e financiamento das elites. A primeira tentativa de derrubar o governo de Weimar se deu com o Putsch de Munique, onde Adolf Hitler, então um simples membro do partido, liderou a tentativa de tomada de uma cervejaria onde estavam reunidos líderes do governo. O golpe fracassou e seu líder foi preso. Em seus anos de prisão, Hitler escreveu o Mein Kampf. Considerado a Bíblia do Nazismo, o livro trás conceitos como o da superioridade da raça ariana, o anti-semitismo e o espaço vital (que pregava a necessidade da expansão

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O TOTALITARISMO DE STALIN Josef Stalin assumiu o poder na URSS em após a morte de Lenin, em 1922. Foi hábil em eliminar seus adversários políticos e, em 1936, outorgou uma Constituição que centralizava o poder em suas mãos, tornando-se ditador e confirmando seu poder totalitário. Por meio de uma política de expurgos maciços, que instalou o terror permanente, o governante promoveu o afastamento e a eliminação dos que se opunham a ele, até mesmo de antigos e leais defensores do regime socialista. Com essa extrema centralização e com o aumento do controle burocrático e policial sobre a população soviética, Stalin instaurou o culto a sua personalidade, transformando a ditadura do proletariado em ditadura pessoal.

As ideias totalitárias fascistas invadiram a Europa e conquistaram adeptos em vários países. Durante os anos 30, a Espanha foi marcada pela divisão dos grupos políticos de direita e esquerda em duas grandes representações: a Frente Popular, comandada pelos comunistas; e a Falange Espanhola Tradicionalista, que agrupava os grupos ultraconservadores fascistas espanhóis. O conflito entre esses grupos desencadeou uma guerra civil. A Falange Espanhola, liderada por Francisco Franco, recebeu apoio militar dos governos de Hitler e Mussolini, enquanto a Frente Popular tinham seus exércitos formados com o apoio da entidades comunistas internacionais. Os conflitos duraram de 1936 à 1938, deixando um saldo de cerca de um milhão de mortos e implantando uma situação de caos na Espanha. A guerra foi vencida pela Falange Espanhola, o que levou Franco ao poder, que estabeleceu um governo fascista conhecido como Franquismo.


História Geral

Guernica – Quadro pintado por Pablo Picasso que representa o bombardeio sofrido pela cidade espanhola de Guernica por aviões alemães em 1937, em apoio ao ditador Franco.

O fascismo também invadiu Portugal e, através da eleição de Antônio Carmona, chegou ao poder. Durante esse governo, Salazar foi chamado para ocupar o cargo de Ministro da Fazenda, promovendo um conjunto de ações econômicas que favorecia diretamente a grande burguesia lusitana. O apoio concedido a esse setor acabou por conduzi-lo à ao poder em 1932. Salazar impôs uma carta constitucional com traços explicitamente inspirados no fascismo italiano. O novo documento estabeleceu a censura dos meios de comunicação, a proibição dos movimentos grevistas e a criação de um sistema político unipartidário. A partir de então, se instalava uma das mais duradouras ditaduras criadas na Europa: o Estado Novo Português. A reabertura política só se deu em 1974, através da Revolução dos Cravos.

A recuperação da economia americana se deu pelas mãos do presidente Roosevelt, que implantou o New Deal. Antes da crise, o governo não intervinha na economia, pois pautava-se nas ideias econômicas liberais. Roosevelt criou uma série de medidas intervencionistas, realizando obras públicas e financiando a recuperação de indústrias, o que garantia o combate ao desemprego que assolava o país. Dessa maneira a economia americana se recuperou e, em menos de uma década, passou a ser novamente a mais forte do planeta.

Exercícios (Enem 2012) Observe a charge

Crise de 29 A Primeira Guerra Mundial desestruturou de forma endêmica a economia europeia, que teve suas fábricas desorganizadas e até mesmo destruídas ao longo do conflito. Para suprir a demanda do mercado consumidor europeu, os norte-americanos aceleraram o ritmo de sua produção e, no início da década de 20, eram responsáveis pela produção de aproximadamente 45% dos industrializados consumidos no mundo. Essa marca gerou uma forte alta no preço das ações das indústrias americanos nas bolsas de valores. Com a recuperação de seu poder de produção, a Europa diminuiu as importações de produtos norte-americanas, o que refletiu em perda de grande parte do mercado consumidor utilizado pelos EUA. Temendo a queda no valor de suas ações, o que possivelmente aconteceria caso diminuíssem o ritmo de sua produção e iniciassem as demissões, as indústrias americanas mantiveram sua produção acelerada. Como produziam, mas não conseguiam vender, os pátios das fábricas passaram a ficar abarrotados com imensos estoques. O valor das ações permaneciam em alta, garantidos por forte especulação. Quando os acionistas tomaram consciência da real situação, tentaram vender suas ações. O grande problema foi que todos tentaram vendê-las ao mesmo tempo, gerando uma oferta de ações imensa sem que houvesse procura. O resultado foi que em um único dia o valor das ações americanas caiu 80%, gerando a Quebra da Bolsa de Nova Iorque e empurrando os americanos para um período que ficou conhecido como Grande Depressão, marcado pela crise econômica e pelo alto índice de desemprego.

ENEM

Com sua entrada no universo dos gibis, o Capitão chegaria para apaziguar a agonia, o autoritarismo militar e combater a tirania. Claro que, em tempos de guerra, um gibi de um herói com uma bandeira americana no peito aplicando um sopapo no Fürer só poderia ganhar destaque, e o sucesso não demoraria muito a chegar. A capa da primeira edição norte-americana da revista do Capitão América demonstra sua associação com a participação dos Estados Unidos na luta contra a) a Tríplice Aliança, na Primeira Guerra Mundial. b) os regimes totalitários, na Segunda Guerra Mundial. c) o poder soviético, durante a Guerra Fria. d) o movimento comunista, na Guerra do Vietnã. e) o terrorismo internacional, após 11 de setembro de 2001.

UNIDADE 14 SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Segunda Guerra (1939 – 1945) A Segunda Guerra Mundial foi o conflito de proporções mais catastróficas registrado na história da humanidade. Envolveu mais de setenta nações e expandiu-se, de forma direta ou não, pelos cinco continentes do planeta. A guerra

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Ciências Humanas e suas Tecnologias levou à morte aproximadamente 60 milhões de pessoas, dentre as quais grande parte composta por civis. Outra característica brutal desse conflito foi a guerra psicológica, onde atacar populações de cidades inimigas, suas indústrias, suas mulheres, crianças e velhos passou a fazer parte da estratégia militar. Suas causas encontram-se em tratados mal formulados ao final da primeira guerra, na expansão do socialismo, na crise do liberalismo e na nova corrida imperialista realizada pelas nações totalitárias. Seu início se deu com a invasão nazista à Polônia, em 1939, o que levou França e Inglaterra a declararem guerra à Alemanha. Posteriormente, Hitler invadiu a URSS, levando Stalin a unir-se a ingleses e franceses.

Assim como na primeira, a segunda também foi travada por dois grupos: o Eixo, composto por Alemanha, Itália e Japão; e os Aliados, formado por Inglaterra, França e URSS. Posteriormente, vários países passaram a integrar esses grupos. O conflito tomou proporções mundiais quando os Japoneses atacaram a base americana de Peral Harbor, levando os Estados Unidos a declararem guerra ao Japão. A partir desse ponto a guerra se tornou verdadeiramente mundial e passou a se dar em duas frentes: uma concentrada na Europa, na qual os Alemães levavam ampla vantagem, e outra no Pacífico, onde americanos e japoneses disputanvam o controle das ilhas oceânicas. A vitória soviética na Batalha de Stalingrado marca o fim da hegemonia nazista e a reação aliada na Europa. As tropas americanas desembarcaram na região norte da França (Dia “D”), libertando a região do domínio nazista. Os ingleses, com apoio americano, conseguiram importantes vitórias no norte da África e passaram a controlar o Mediterrâneo. As tropas soviéticas invadiram o território alemão e, em 1º de maio de 1945, tomaram Berlim. Hitler se suicidou e a Alemanha assinou sua rendição.

Soldados nazistas conduzindo poloneses aos campos de concentração

FIQUE LIGADO NO ENEM! O HOLOCAUSTO O Holocausto foi o nome dado a prática de perseguição política, étnica, religiosa e sexual, que resultou em extermínio em massa, estabelecida pelo governo de Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial. Estima-se que aproximadamente 6 milhões de pessoas tenham sido mortas em campos de concentração, dentre as quais, a grande maioria composta por judeus.

Crianças de origem judaica chegando ao campo de concentração de Auschwitz, onde estima-se que 1,5 milhões de pessoas foram mortas.

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Soldado levantando a bandeira soviética em prédio em ruínas em Berlim

FIQUE LIGADO NO ENEM! A DIVISÃO DA ALEMANHA Como resultado de suas ações militares antes e durante a guerra, Alemanha foi quadripartida entre as nações vencedoras na Conferência de Postdam. As regiões que ficaram sob o domínio da Inglaterra, França e Estados Unidos deram origem a República Federativa Alemã (RFA), de orientação capitalista, que ficou conhecida como Alemanha Ocidental. A parte que coube a URSS deu luz à República Democrática Alemã, de orientação socialista, conhecida como Alemanha Oriental.


História Geral Divisão da Alemanha pela Conferência de Postdam

A guerra na Europa estava terminada, mas no Pacífico as tropas nipônicas continuavam a dominar vastas regiões. Alegando antecipar o fim do conflito e poupar vidas de soldados americanos, os Estado Unidos jogaram duas bombas atômicas sobre o Japão: uma na cidade de Hiroshima e outra em Nagasaki, levando à morte milhares de civis instantaneamente e forçando os japoneses a assinarem sua rendição incondicional. Terminava assim a Segunda Guerra Mundial. Como principais resultados da Segunda Guerra podemos citar:  A bipolarização do mundo  O início da Guerra Fria  A criação da ONU  A criação do Estado de Israel

"Mahatma" Gandhi Os países africanos só conseguiram suas independências a partir da segunda metade da década de 1950. As nações que não possuíam produtos cobiçados por suas metrópoles, como ouro, diamantes e petróleo, conseguiram sua autonomia de forma pacífica, através de negociações diplomáticas. Já as nações que possuíam tais produtos tiveram que lutar por suas independências. É importante observar que boa parte das fronteiras africanas foram traçadas pelas nações europeias, que não levaram em conta a pluralidade étnica e religiosa desses povos. Antes da ação imperialista das grandes potências, existiam na África uma infinidade de etnias e tribos, quase todas inimigas entre si, que foram, de uma hora para outra, agrupadas em estados nacionais. Com as independências, ocorreu o afloramento de antigas rivalidades, provocando violentas guerras civis, como foi o caso do Congo, da Nigéria e, mais recentemente, de Angola, Moçambique, Ruanda, e Serra Leoa.

FIQUE LIGADO NO ENEM! DESCOLONIZAÇÃO DA ÁFRICA E DA ÁSIA A descolonização da África e da Ásia se deu a partir da Segunda Guerra Mundial. As grandes potências imperialistas foram arruinadas nos longos anos de guerra, acelerando o processo de fragmentação de seus impérios nesses continentes. A ideologia libertária criada no conflito também corroborou para as independências, afinal, as nações europeias lutavam contra a opressão nazista e mantinham milhões de asiáticos e africanos sobre seu jugo. A guerra estimulou o nacionalismo nos nativos da África e da Ásia, que passaram a considerar cada vez mais intolerável o domínio estrangeiro sobre seus territórios. Por outro lado, as nações imperialistas viram a guerra esfacelar toda a suposta superioridade moral europeia que, segundo o Darwinismo Social, legitimava tal domínio. Os movimentos emancipatórios tiveram início na Ásia, logo após o final da guerra. Um dos primeiros países a conquistar sua independência foi a Índia, na qual se destaca a participação de "Mahatma" Gandhi. A ação de Gandhi pautava-se na Resistência Pacífica, que consistia em desobedecer as leis inglesas, sem se importar em sofrer as consequências do ato, e boicotar os produtos ingleses. Ficou conhecido por fazer greves de fome, a fim de estimular hindus e muçulmanos a deixarem de lado as divergências religiosas e se unissem em favor da causa comum: a independência.

Campo de Refugiados em Ruanda

Exercício (Enem 2012) Observe o cartum

O cartum, publicado em 1932, ironiza as consequências sociais das constantes prisões de Mahatma Gandhi pelas autoridades britânicas, na Índia, demonstrando a) a ineficiência do sistema judiciário inglês no território indiano. b) o apoio da população hindu à prisão de Gandhi. c) o caráter violento das manifestações hindus frente à ação inglesa. d) a impossibilidade de deter o movimento liderado por Gandhi.

ENEM

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Ciências Humanas e suas Tecnologias e)

a indiferença das autoridades britânicas frente ao apelo popular hindu

UNIDADE 15 GUERRA FRIA A discussão de vários acordos de paz entre as grandes potências aliadas resultou na partilha do mundo em áreas de influência entre soviéticos e norte-americanos. Em 1947, o presidente americano Henry Truman deu um discurso onde pregava a necessidade de se combater o comunismo internacional. Nascia assim a Guerra Fria, que se caracterizou pela confrontação ideológica entre o bloco capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e o bloco socialista, liderado pela União Soviética. A corrida armamentista e espacial são as duas grandes marcas desse período.

perseguidos pelo governo. Sem participação nas decisões políticas do país, os comunistas, sob a liderança de Mao TséTung, passaram a mobilizar as populações camponesas, atraídas pela promessa de uso coletivo das terras e da criação de um sistema político igualitário. Foi assim criado o Exército Vermelho, que passou a lutar contra o governo chinês. Em 1949, os comunistas tomaram Pequim, aclamando Mao TséTung como novo líder da República Popular da China. No fim dos anos 1950, o governante soviético Kruchev e os norte-americanos Eisenhorwer e Kennedy ensaiaram uma aproximação e algumas tentativas de distensão, o que ficou conhecido como política da Coexistência Pacífica. Entretanto, tal política não impediu novas rivalidades e confrontações. Na América Latina, Cuba engrossou o bloco soviético durante a bipolarização mundial, tendo à frente Fidel Castro. Em 1962, o país foi o epicentro de outra grave crise internacional, a chamada Crise dos Mísseis.

FIQUE LIGADO NO ENEM!

Representação da bipolarização do mundo durante a guerra fria

Os Estados Unidos estabeleceram o Plano Marshall, visando a recuperação econômica de países europeus e asiáticos, com o objetivo de evitar que a crise econômica vivida por essas nações as arrastassem para o bloco Soviético. Os soviéticos, com objetivos muito parecidos, criaram o Comecon. No plano militar, o bloco capitalista criou a Otan, enquanto as nações socialistas se uniram entrono do Pacto de Varsóvia. Em 1949, Mao Tsé-tung, liderando o Partido comunista Chinês, tomou o poder, estabelecendo a República Popular da China. No ano seguinte, uma séria confrontação entre capitalistas e comunistas deu início a Guerra da Coreia. Nela, soldados americanos lutaram junto aos sul-coreanos contra os norte-coreanos, que eram financiados pela URSS. Algo similar ocorreu durante a década de 1960, dando origem a Guerra do Vietnã, considerada a mais violenta da segunda metade do século XX.

FIQUE LIGADO NO ENEM! REVOLUÇÃO CHINESA DE 1949 A China inaugurou o século XX sendo palco da ação imperialista de grandes potências, principalmente da Inglaterra e do Japão. Insatisfeitos com a dominação estrangeira, uma grande mobilização criou o Partido Comunista Chinês. Como tinha grande apelo popular, os lideres do partido passaram a ser

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REVOLUÇÃO CUBANA DE 1959 Na década de 1950, Cuba era o “quintal” de grandes empresas norte-americanas, o que gerava uma subserviência dessa nação ao governo dos Estados Unidos, fato comprovado pelo explicito apoio que o “Tio Sam” dava ao ditador cubano Fulgêncio Batista. A população sofria com graves problemas sociais, o governo negligenciava suas necessidades e reprimia com brutal violência seus opositores. Foi nesse tenso cenário que um grupo de guerrilheiros se formou com o propósito de tomar o governo pela força das armas. Liderados por Fidel Castro e Ernesto “Che” Guevara, os revolucionários conseguiram derrubar Batista e estabeleceram um governo cujo principal foco era a melhoria na condição de vida da população menos favorecida. Dentre as medidas tomadas estavam a reforma agrária e o controle estatal sobre as empresas do país. As propostas do novo governo contrariavam os interesses norteamericanos, que impuseram sansões econômicas à ilha. Assim, Fidel aproximou-se do bloco soviético, definindo Cuba como uma nação socialista. Para evitar novas revoluções comunistas no continente, o governo norte-americano financiou diversas ditaduras em países latino-americanos. A instabilidade, as ditaduras e os confrontos políticos não conseguiram alterar a realidade de subdesenvolvimento, de miséria e de enormes desigualdades sociais existentes na América. Na descolonização da Ásia e da África, destacou-se a iniciativa da Conferência de Bandung, na qual se oficializou o bloco do Terceiro Mundo, disposto a não se alinhar automaticamente à União Soviética ou aos Estados Unidos. Em oposição a toda a tensão gerada pelo Guerra Fria, a década de 1960 também foi marcada por movimentos de contracultura, que visavam a subversão das normas vigentes. Um de sues principais expoentes foi o movimento hippie nos Estados Unidos, que protestava contra a Guerra do Vietnã e o uso de armas nuclerares, com frases do tipo “Paz e Amor”, “Faça amor, não faça


História Geral guerra” e “Proíbam a bomba”. As questões ambientais e sexuais também eram alvo dos hippies.

FIQUE LIGADO NO ENEM! A REVOLUÇÃO SEXUAL Os anos 60 e 70 foram marcados por uma série de movimentos que desafiavam os códigos tradicionais de comportamento relacionados à sexualidade humana, a chamada Revolução Sexual. O fenômeno ocorreu em todo o mundo ocidental e foi responsável pelo desenvolvimento de novos hábitos sexuais, muitos dos quais hoje se tornaram regra geral de comportamento. O movimento, também chamado de “libertação sexual”, propunha uma maior aceitação do sexo fora das relações monogâmicas e heterossexuais. A invenção da pílula contraceptiva foi um dos gatilhos da revolução, que também buscava a normatização da homossexualidade e a legalização do aborto. Tabus como o sexo antes do casamento, a masturbação, fantasias eróticas, o uso da pornografia e da sexualidade foram questionados pelo movimento. A revolução também foi influenciada pela independência financeira adquirida pelas mulheres, que entraram no mercado de trabalho durante e após a Segunda Guerra Mundial, fazendo dela palco da luta pela igualdade dos gêneros.

mercados consumidores. A integração mundial decorrente do processo de globalização ocorreu em razão de dois fatores: as inovações tecnológicas e o incremento no fluxo comercial mundial. Outra característica da globalização é a formação de blocos econômicos, que buscam se fortalecer no mercado que está cada vez mais competitivo, como são exemplos a União Europeia e o Mercosul.

Exercícios (Enem 2009) O fim da Guerra Fria e da bipolaridade, entre as décadas de 1980 e 1990, gerou expectativas de que seria instaurada uma ordem internacional marcada pela redução de conflitos e pela multipolaridade. O panorama estratégico do mundo pós-Guerra Fria apresenta a) o aumento de conflitos internos associados ao nacionalismo, às disputas étnicas, ao extremismo religioso e ao fortalecimento de ameaças como o terrorismo, o tráfico de drogas e o crime organizado. b) o fim da corrida armamentista e a redução dos gastos militares das grandes potências, o que se traduziu em maior estabilidade nos continentes europeu e asiático, que tinham sido palco da Guerra Fria. c) o desengajamento das grandes potências, pois as intervenções militares em regiões assoladas por conflitos passaram a ser realizadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), com maior envolvimento de países emergentes. d) a plena vigência do Tratado de Não Proliferação, que afastou a possibilidade de um conflito nuclear como ameaça global, devido à crescente consciência política internacional acerca desse perigo. e) a condição dos EUA como única superpotência, mas que se submetem às decisões da ONU no que concerne às ações militares.

Mulheres lutando por igualdade de gênero

O bloco socialista, incluindo a União Soviética, passou por uma grave crise econômica na década de 1980. A falta de concorrência, os baixos salários, a falta de produtos e a falta de democracia causaram o esgotamento político e econômico dos países socialistas. Em meio a essa crise, o presidente soviético Mikhail Gorbachev tentou implantar mudanças estruturais na política e na economia, lançando a Gasnost e a Perestroika. Em 1989, a queda do muro de Berlim foi o ato simbólico que decretou o encerramento de décadas de disputas econômicas, ideológicas e militares capitalistas e socialistas. Em 1991, a União da Repúblicas Socialistas Soviéticas chegou ao fim, dando lugar a CEI, Comunidade dos Estados Independentes.

Globalização Com o declínio do socialismo, o sistema capitalista tornou-se predominante no mundo. A consolidação do capitalismo iniciou a era da globalização, principalmente, econômica e comercial. Globalização é o nome dado ao processo ocorrido devido a evolução dos transportes e meios de comunicação, que encurtou distâncias e aproximou culturas. A globalização está em consonância com os interesses do capitalismo e, principalmente, dos países desenvolvidos, pois ampliou substancialmente seus

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