Vestibular literatura

Page 1

AUTORES

GÊNEROS LITERÁRIOS Os conteúdos literários se organizam assume um gênero. Existem diversas concepções artísticas na Literatura. Há textos para divertir, para fazer pensar, para criticar a sociedade, para emocionar, para jogar com a linguagem. Cada uma dessas se manifesta por meio dos gêneros literários. O termo “gênero” origina-se do latim genus, eris, que significa nascimento, descendência, origem, e refere-se a um conjunto de características temáticas e formais intrínsecas às manifestações literárias. Sendo por muito tempo dividido em três categorias: épico, lírico e dramático. Tal divisão foi proposta na Grécia antiga (384 322 a.C.) pelo filósofo grego Aristóteles.

TROVADORISMO 1189  Dom Duarte, Dom Dinis, Paio Soares de Taveirós, João Garcia de Guilhade, Aires Nunes, entre outros.

CARACTERISTICAS

Texto literário x Texto não literário (ou informativo / utilitário) • Os textos que consideramos literários apresentam semelhanças no modo de empregar certos recursos de linguagem. Os textos utilitários, também chamados de não literários, são aqueles em que a linguagem é utilizada, sobretudo, com a intenção de transmitir uma informação. Já os textos literários são aqueles em que a linguagem é utilizada não apenas para transmitir uma informação, mas também para, de alguma forma, proporcionar prazer, reflexão, comoção, identificação, sublimação, espanto, etc. • Nos textos literários, a preocupação com o modo de dizer é muito mais evidente do que nos textos utilitários.

GÊNERO DRAMÁTICO Está associado à arte da representação. O enredo desenvolve-se por meio da encenação dos atores mediante a apresentação do espetáculo teatral. Apresenta uma estrutura teatral, em que não há um narrador explícito e o texto é conduzido pelas próprias personagens, que se exprimem em discurso direto. Neste contexto, figuram-se a participação de elementos extraverbais, tais como cenário, figurino, iluminação, sonoplastia, entre outros. PRIMEIRAS ESCOLAS LITERÁRIAS:

 Valorização do homem (antropocentrismo); paganismo; superioridade do homem sobre a natureza; objetividade; racionalismo; universalidade; saber concreto dos valores greco-romanos; rigor métrico e rítmico: equilíbrio e harmonia.

HUMANISMO AUTORES

A Literatura A Literatura é uma forma de expressão artística. Todo artista trabalha com uma matéria-prima: o músico, com os sons; o pintor, com as cores; o escultor,com as formas; o arquiteto, com os espaços. Os escritores têm como matéria-prima a palavra. Logo, literatura pode ser vista como a ‘arte da palavra’

GÊNERO LÍRICO Gênero cuja composição, inicialmente, era acompanhada por uma lira. Modernamente, visto como expressão de uma subjetividade, como manifestação poética de algum tipo de sentimento, o que explicaria sua preferência pela primeira pessoa gramatical.

CARACTERISTICAS

Como estudar literatura para o Enem? O ENEM espera que o candidato seja capaz de construir e aplicar variados conceitos, estimulando a interdisciplinaridade. Sendo assim, é necessário que o conhecimento literário esteja aliado às relações que são estabelecidas com a história, a política, a geografia, entre outros. A estética, a estrutura formal, o modo de expressão discursiva são observados nas manifestações artísticas, não só nas literárias, mas em outros segmentos – principalmente na música, na escultura, na pintura e na arquitetura. Assim, o ENEM avalia o quanto o candidato conhece a respeito do mundo em que vive, da realidade e da história de seu país e como se posiciona diante de tudo isso.

GÊNERO ÉPICO OU NARRATIVO Em sua origem, apresenta longos poemas narrativos, com linguagem elevada, multiplicidade de vozes, assunto histórico e influência mitológica. Sua marca é o sentimento dos valores coletivos, ou seja, a história contada exalta as qualidades e feitos de um povo. São conhecidos também como epopéias e foram os primeiros textos narrativos. Histórias como "A Ilíada", "Odisseia", "Os Lusíadas" e o mais recente "O Senhor dos Anéis" e "300". Atualmente, o gênero épico foi praticamente substituído pela prosa de ficção (fábulas, crônicas, contos, novelas e romances) e é comumente chamado de gênero narrativo.

1418 Gil Vicente e Fernão Lopes.

Transição do mundo medieval para o mundo moderno influenciou as artes e proporcionou o Renascimento cultural. Na literatura, a prosa historiográfica (crônica), o teatro (autos e farsas) e a poesia palaciana foram consolidados.

#ORGULHODESERPRÓ |

1


CARACTERISTICAS

AUTORES

CLASSICISMO 1527  Luís de Camões, Sá de Miranda e Fernão Mendes Pinto.

 O classicismo é um movimento cultural que valoriza e resgata elementos artísticos da cultura clássica (greco-romana).  Valorização dos aspectos culturais e filosóficos da cultura das antigas Grécia e Roma;  Influência do pensamento humanista;  Antropocentrismo: o homem como o centro do Universo;  Críticas às explicações e a visão de mundo pautada pela religião;  Racionalismo: valorização das explicações baseadas na ciência;  Busca do equilíbrio, rigor e pureza formal;  Universalismo: abordagem de temas universais como, por exemplo, os sentimentos humanos.

 Dama não identificada (senhor, mia senhor, senhor fremosa); CANTIGAS DE AMIGO  Eu lírico feminino lamentando-se pela falta do amigo (namorado, amante);  Representação da vida campestre, não dos palácios;  Relação amorosa mais próxima do real, uma vez que o amor é possível;  A mulher (camponesa, lavadeira) normalmente se dirige a um elemento da natureza ou a uma amiga, à mãe ou à irmã, ou ao próprio amigo; CANTIGAS DE ESCÁRNIO  Crítica através de palavras de duplo sentido, ironias, trocadilhos e jogos semânticos;  Crítica indireta, normalmente não era revelado o nome da pessoa atacada; CANTIGAS DE MALDIZER  Crítica direta, explícita, através de linguagem ofensiva e palavras de baixo calão;  Identificação da pessoa satirizada;

TROVADORISMO O Trovadorismo foi um MOVIMENTO LITERÁRIO e poético que surgiu na Idade Média no século XI. E foi por através dele que surgiram as primeiras manifestações literárias em Língua Portuguesa (Português Arcaico). Este movimento literário teve seu esplendor entre os anos finais do século XII a meados do século XIV. Marcou-se o início do Trovadorismo na Península Ibérica com a Cantiga da Ribeirinha, em 1198 ou 1189. TROVADORISMO “Pois naci nunca vi Amor E ouço del sempre falar; Pero sei que me quer matar, Mais rogarei a mia senhor: Que me mostr' aquel matador, Ou que m'ampare del melhor (...)”. (Nuno Fernandes Torneol - fragmento) Manifestações Literárias: CANTIGAS DE AMOR  Eu lírico masculino se declarando a uma dama;  Vassalagem;  Coita: sofrimento amoroso; o homem (coitado, cativo, aflito, enlouquecido, sofredor) não tem o amor da dama (fremosa, delgada, de bem parecer);

2 | Pró Floripa

HUMANISMO O movimento Humanista foi considerado a transição entre a Idade Média e a Idade Moderna, ou seja, na literatura, entre o Trovadorismo e o Renascimento. Tal período literário correspondeu aos ideais filosóficos, morais e estéticos que valorizavam o homem como o centro do universo. Por volta do século XIV, ou Alta Idade Média, na Europa Ocidental, ocorreram mudanças sociais e econômicas profundas que contribuíram para o surgimento de novas formas de pensar. Essas modificações do modo de pensar não aconteceram de uma hora para outra, foram consolidando-se ao longo dos séculos anteriores até concretizarem-se em uma nova mentalidade e nova cultura. Assim, essas novas formas de pensamento influenciaram a economia, a organização do poder e a produção artística. Características: Pré – Renascimento; Formação do Estado Português, (Dinastia de Borgonha, Dinastia de Avis); Mecenatismo Oficial; Bifrontismo; Poeta; Poesia Palaciana:


-Frívola, circunstancial, artificial; concursos públicos; -Medida velha; redondilho maior, redondilho menor; -Cancioneiro Geral de Garcia Rezende (1516); 286 poetas, 29 língua castelhana; HUMANISMO “(...) Pois amor me quer matar com dor, tristura e cuidado, eu me conto por finado, e quero-me soterrar (...)”. (Gil Vicente – Fragmento)

CLASSICISMO O Classicismo foi um movimento artístico cultural que ocorreu durante o período do conhecido como Renascimento (a partir do século XV) na Europa. Tal período é assim denominado por fazer direta referência aos modelos clássicos (greco-romano). Os classicistas retomaram a ideia de que a arte deve fundamentar-se na razão; Buscavam o equilíbrio entre os sentimentos e a razão, procurando assim alcançar uma representação universal da realidade; CLASSICISMO “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança: Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, Diferentes em tudo da esperança: Do mal ficam as mágoas na lembrança, E do bem (se algum houve) as saudades (...)”. (Luís de Camões - Fragmento)

1. (ENEM) Estudar a literatura portuguesa medieval não significa simplesmente compreender o passado. O estudo das cantigas trovadorescas, por exemplo, permite-nos uma melhor compreensão da forma como se vê o amor também no século XX. Pixinguinha e João de Barro, em nosso século, produziram Carinhoso, uma canção muito conhecida: Meu coração, não sei por quê, Bate feliz quando te vê E os meus olhos ficam sorrindo E pelas ruas vão te seguindo Mas, mesmo assim, foges de mim. Ah, se tu soubesses como eu sou tão carinhoso E o muito, muito que te quero E como é sincero o meu amor Eu sei que tu não fugirias mais de mim.

Relacione a canção acima aos estudos sobre cantigas trovadorescas. A alternativa verdadeira é: a) Faz-se perceptível, na letra da canção, a ridicularização dos defeitos humanos, como o fato de a mulher estar fugindo de uma situação constrangedora, sendo o texto, portanto, uma cantiga satírica. b) Esta canção assemelha-se às cantigas medievais pelo tratamento dado ao objeto do amor e também porque, segundo a classificação das cantigas trovadescas, esta letra pode ser considerada uma cantiga de amigo. c) A postura do trovador diante da mulher amada coincide com o eu-lírico da canção: a mulher, que é facilmente conquistada, caracteriza esse texto como uma cantiga de amor. d) A mulher, no texto, sofre a coita amorosa, identificada na letra da música, pelas palavras foges e fugirias. e) A canção Carinhoso aproxima-se das cantigas trovadorescas pelo tratamento dado à mulher amada – uma mulher praticamente inatingível – bem como pela existência de uma melodia que acompanha a letra da música, o que também ocorria nas cantigas medievais.

2. (Mackenzie) Texto para a questão: Chicó – Por que essa raiva dela? João Grilo – Ó homem sem vergonha! Você inda pergunta? Está esquecido de que ela o deixou? Está esquecido da exploração que eles fazem conosco naquela padaria do inferno? Pensam que são o cão só porque enriqueceram, mas um dia hão de pagar. E a raiva que eu tenho é porque quando estava doente, me acabando em cima de uma cama, via passar o prato de comida que ela mandava para o cachorro. Até carne passada na manteiga tinha. Para mim nada, João Grilo que se danasse. Um dia eu me vingo. Chicó – João, deixe de ser vingativo que você se desgraça. Qualquer dia você inda se mete numa embrulhada séria. Ariano Suassuna, Auto da Compadecida Considere as seguintes afirmações. I. O texto de Ariano Suassuna recupera aspectos da tradição dramática medieval, afastando-se, portanto, da estética clássica de origem greco-romana. II. A palavra Auto, no título do texto, por si só sugere que se trata de peça teatral de tradição popular, aspecto confirmado pela caracterização das personagens. III. O teor crítico da fala da personagem, entre outros aspectos, remete ao teatro humanista de Gil Vicente, autor de vários autos, como, por exemplo, o Auto da barca do inferno. Assinale: a) se todas estiverem corretas. b) se apenas I e II estiverem corretas. c) se apenas II estiver correta. d) se apenas II e III estiverem corretas. e) se todas estiverem incorretas. #ORGULHODESERPRÓ |

3


3. (ENEM) LXXVIII (Camões, 1525?-1580) Leda serenidade deleitosa, Que representa em terra um paraíso; Entre rubis e perlas doce riso; Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa; Presença moderada e graciosa, Onde ensinando estão despejo e siso Que se pode por arte e por aviso, Como por natureza, ser fermosa; Fala de quem a morte e a vida pende, Rara, suave; enfim, Senhora, vossa; Repouso nela alegre e comedido: AUTORES

Estas as armas são com que me rende E me cativa Amor; mas não que possa Despojar-me da glória de rendido.

QUINHENTISMO

CARACTERISTIC AS

CAMÕES, L. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008.

1500 1° Documento escrito em terras brasileiras: Carta a D. Manuel. Gêneros: poesia lírica e épica, teatro Crônicas Pero Vaz de Caminha. Teatro  José de Anchieta.  Valorização do homem (antropocentrismo); paganismo; superioridade do homem sobre a natureza; objetividade; racionalismo; universalidade; saber concreto dos valores greco-romanos; rigor métrico e rítmico: equilíbrio e harmonia.

BARROCO

A pintura e o poema, embora sendo produtos de duas linguagens artísticas diferentes, participaram do mesmo contexto social e cultural de produção pelo fato de ambos: a) apresentarem um retrato realista, evidenciado pelo unicórnio presente na pintura e pelos adjetivos usados no poema. b) valorizarem o excesso de enfeites na apresentação pessoal e na variação de atitudes da mulher, evidenciadas pelos adjetivos do poema. c) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela sobriedade e o equilíbrio, evidenciados pela postura, expressão e vestimenta da moça e os adjetivos usados no poema. d) desprezarem o conceito medieval da idealização da mulher como base da produção artística, evidenciado pelos adjetivos usados no poema. e) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela emotividade e o conflito interior, evidenciados pela expressão da moça e pelos adjetivos do poema.

4 | Pró Floripa

AUTORES 

CARACTERISTICAS

SANZIO, R. (1483-1520) A mulher com o unicórnio. Roma, Galleria Borghese. Disponível em: www.arquipelagos.pt. Acesso em: 29 fev. 2012. (Foto: Reprodução/Enem)

1601 Bento Teixeira: Prosopopeia. Padre Antônio Vieira  oratória (sermões) Grgório de Matos (Boca do Inferno)  poesia satírica  poesia sacra (religiosa) poesia amorosa  Arte dos contrastes; antinomia homem/céu; homem/terra; visualização e plasticidade; fugacidade; irracionalismo; unidade e abertura (perspectivas múltiplas para o observador); luta entre o profano e o sagrado. Culto a elementos evanescentes (água/vento). Movimento ligado ao espírito da Contrarreforma; jogos de metáforas; riqueza de imagens; gosto pelo pormenor; malabarismo verbal – uso de: hipérbato, hipérbole, metáforas e antíteses.


AUTORES

ARCADISMO

CARACTERISTICAS

1768 Cláudio Manuel da Costa: Obras Poéticas. Poesia lírica  Cláudio Manuel da Costa  Tomás Antônio Gonzaga  Silva Alvarenga  Alvarenga Peixoto Poesia épica  Basílio da Gama Santa Rita Durão  Arte do equilíbrio e da harmonia; busca do racional, do verdadeiro e da natureza (Bucolismo); retorno às concepções de beleza do Renascimento; poesia objetiva e descritiva; aurea mediocritas; o objetivo arcádico de uma vida serena e bucólica; pastoralismo; valorização da mitologia; técnica da simplicidade. Leitura linear e regrada: inutilia truncat (cortar o inútil), carpe diem (aproveitar o dia), fugere urbem (fugir da cidade).

QUINHENTISMO É a denominação genérica de todas as manifestações literárias ocorridas no Brasil durante o século XVI (15001601), correspondendo à introdução da cultura européia em terras brasileiras. Não se pode falar em uma literatura "do" Brasil, como característica do país naquele período, mas sim em literatura "no" Brasil - uma literatura ligada ao Brasil, mas que denota as ambições e as intenções do homem europeu. Descoberta do Brasil (1500):  Necessidade de relatar à metrópole sobre as novas terras;  Tais textos constituem a chamada literatura de informação sobre o Brasil;  Escrita em estilos variados, dependendo do autor.  Não possui cunho estético, ou seja, não foram feitos como obras de arte.

CARACTERÍSTICAS

AUTORES

ROMANTISMO 1836 Gonçalves de Magalhães Suspiros Poéticos e Saudades. Poesia 1ª Geração  Gonçalves Dias ª 2 Geração  Álvares de Azevedo  Casimiro de Abreu  Fagundes Varela  Junqueira Freire ª 3 Geração  Castro Alves Prosa Urbano  Joaquim Manuel de Macedo  Manuel Antônio de Almeida Regional  Bernardo Guimarães  Visconde de Taunay Indianista/Histórico/Regional/Urbano  José de Alencar. ª 1 Geração: nacionalismo, ufanismo, natureza, religião (cristianismo), indianismo/medievalismo. ª 2 Geração: mal do século, evasão, solidão, profundo pessimismo, anseio de morte, Ultrarromantismo, Byronismo, saudosismo. ª 3 Geração: Condoreirismo, liberdade. Oratória reivindicatória, literatura social e engajada. Hipérbole. Geral: imaginação, fantasia, sonho, idealização, sonoridade, simplicidade, subjetivismo, sintaxe emotiva, liberdade criadora, idealização da mulher, cor local, fuga da realidade, bem X mal, final feliz.

BARROCO Foi um período estilístico e filosófico da História da sociedade ocidental, ocorrido no período entre os séculos XVI e XVII. O termo "barroco" deriva da palavra portuguesa homônima que significa "pérola imperfeita" ou joia falsa. Possui divertas denominações, tais como: Marinismo (Itália), Gongorismo (Espanha), Preciosismo (França) e Seiscentismo (na literatura bras.). BARROCO Pecador contrito aos pés do Cristo crucificado”. “Ofendi-vos, meu Deus, é bem verdade, Verdade é, meu Senhor, que hei delinquido, Delinquido vos tenho, e ofendido, Ofendido vos tem minha maldade. Maldade, que encaminha a vaidade, Vaidade, que todo me há vencido, Vencido quero ver-me e arrependido, Arrependido a tanta enormidade. Arrependido estou de coração, De coração vos busco, dai-me abraços, Abraços, que me rendem vossa luz. Luz, que claro me mostra a salvação, A salvação pretendo em tais abraços Misericórdia, amor, Jesus, Jesus!” #ORGULHODESERPRÓ |

5


Descreve o que era naquele tempo a cidade da Bahia.

ARCADISMO

“A cada canto um grande conselheiro, Que nos quer governar cabana e vinha; Não sabem governar sua cozinha, E podem governar o mundo inteiro.

Soneto XLVI

Em cada porta um bem frequente olheiro, Que a vida do vizinho e da vizinha Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha, Para levar à praça e ao terreiro. Muitos mulatos desavergonhados, Trazidos sob os pés os homens nobres, Posta nas palmas toda a picardia, Estupendas usuras nos mercados, Todos os que não furtam muitos pobres: E eis aqui a cidade da Bahia.” Moralidade sobre o dia de quarta-feira de cinzas. “Que és terra, homem, e em terra hás de tornar-te, Te lembra hoje Deus por sua Igreja; De pó te faz espelho, em que se veja A vil matéria, de que quis formar-te. Lembra-te Deus, que és pó para humilhar-te, E como o teu baixel sempre fraqueja Nos mares da vaidade, onde peleja, Te põe à vista a terra, onde salvar-te. Alerta, alerta, pois, que o vento berra Se assopra a vaidade e incha o pano, Na proa a terra tens, amaina e ferra. Todo o lenho mortal, baixel humano; Se busca a salvação, toma hoje terra, Que terra de hoje é porto soberano.” (Gregório de Matos Guerra)

ARCADISMO O arcadismo é uma escola literária surgida na Europa no século XVIII, razão por que também é denominada como setecentismo ou neoclassicismo. O nome "arcadismo" é uma referência à Arcádia, região campestre do Peloponeso, na Grécia antiga, tida como ideal de inspiração poética.

6 | Pró Floripa

“Não vês, Nise, brincar esse menino Com aquela avezinha? Estende o braço; Deixa-a fugir; mas apertando o laço A condena outra vez ao seu destino. Nessa mesma figura, eu imagino, Tens minha liberdade; pois ao passo Que cuido que estou livre do embaraço, Então me prende mais meu desatino. Em um contínuo giro o pensamento Tanto a precipitar-me se encaminha, Que não vejo onde para o meu tormento. Mas se fora menos mal esta ânsia minha, Se me faltasse a mim o entendimento Como falta razão a esta avezinha.” (Cláudio Manuel da Costa) Texto I “Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, Que viva de guardar alheio gado, De tosco trato; de expressões grosseiro, Dos frios gelos e dos sois queimado. Tenho próprio casal e nele assisto; Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; Das brancas ovelhinhas tiro o leite E as mais finas lãs, de que me visto. Graças, Marília bela, Graças à minha estrela!” Texto VII “Os seus compridos cabelos, Que sobre as costas ondeiam, São que os de Apolo mais belos, Mas de outra cor não são. Têm a cor da negra noite, E com o braço do rosto Fazem, Marília, um composto Da mais formosa união.” Texto VIII “Os teus olhos espelham a luz divina, A quem a luz do sol não se atreve; Papoila ou rosa delicada e fina Te cobre as faces, que são da cor da neve. Os teus cabelos são uns fios d’ouro; Teu lindo corpo bálsamo vapora.” (Tomás Antônio Gonzaga)


ROMANTISMO Canto da Morte

ROMANTISMO Movimento burguês: estabelecimento da classe burguesa; Revolução Industrial e Revolução Francesa; Sobre burgueses, de burgueses, para burgueses; linguagem facilitada, buscando o grande público; Três conceitos balizam o movimento: Individualismo, Liberdade e Nacionalismo. Ímpeto, efusão sentimental sem preocupações formais; Inspiração, sonho, fantasia, subjetividade. A atitude do eu-lírico romântico é puramente egocêntrica; Sentimentalismo excessivo; Pessimismo; sofrimento; Ultrarromantismo: fuga da realidade; Arte engajada: função social; Denúncia de injustiças sociais e defesa da liberdade; Combate à escravidão; 

A natureza como expressão do eu – a natureza no arcadismo funcionava apenas como cenário, já no Romantismo a natureza reflete e revela o interior do eu ( que escreve) ou das personagens; A religiosidade – A valorização da espiritualidade, a religiosidade cristã, o gosto pelo sobrenatural são recorrentes nessa estética; Obra que deu início ao Romantismo no Brasil – Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães (1836).

A Poesia Fases: 1ª Fase - Saudosismo, nacionalismo e indianismo (valorização das próprias raízes e da pátria) – Principal representante: Gonçalves Dias. 2ª Fase: Mal-do-Século ou ultrarromântismo – pessimismo, desejo de morte, solidão religiosidade. Principal representante: Álvares de Azevedo. 3ª Fase: Condoreira - Poesia social. Principal representante: Castro Alves – O poeta dos escravos. A Prosa O primeiro romance brasileiro – O filho do pescador, de Teixeira e Souza – foi publicado em 1843, entretanto não conquistou muita popularidade, pois apresentava uma trama bastante confusa. Foi com A Moreninha (1844), de Joaquim Manuel de Macedo, que surgiu o verdadeiro romance romântico brasileiro.  Prosa social-urbana – ambientada nas cidades;  Prosa histórica;  Prosa Indianista (que também é histórica) – tem como protagonista o índio – focalizado também, como na poesia, em uma perspectiva heróica;  Prosa Regionalista – necessidade de valorizar culturalmente todo os espaços do Brasil.

“Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi: Sou filhos das selvas, Nas selvas cresci; Guerreiros, descendo Da tribo tupi. Da tribo pujante, Que agora anda errante Por fado inconstante, Guerreiros, nasci: Sou bravo, sou forte, Sou filho do Norte; Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi. (...)” A Maldição do Pai “Tu choraste em presença da morte? Na presença de estranhos choraste? Não descende o cobarde do forte; Pois choraste, meu filho não és! Possas tu, descendente maldito De uma tribo de nobres guerreiros, Implorando cruéis forasteiros, Seres presa de vis Aimorés.(...)” Canção do Exílio “Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha vida tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar - sozinho, à noite Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu’inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá.” (Gonçalves Dias) #ORGULHODESERPRÓ |

7


Se Eu Morresse Amanhã “Se eu morresse amanhã, viria ao menos Fechar meus olhos minha triste irmã; Minha mãe de saudades morreria Se eu morresse amanhã! Quanta glória pressinto em meu futuro, Que aurora de porvir e que manhã! Eu perdera chorando essas coroas Se eu morresse amanhã! Que sol! Que céu azul! Que doce n’alva Acorda a natureza mais louçã! Não me batera tanto amor no peito Se eu morresse amanhã!

Que entre as névoas do inverno cintilava Apontando o caminho ao pegureiro. Eras a messe de um dourado estio. Eras o idílio de um amor sublime. Eras a glória, - a inspiração, - a pátria, O porvir de teu pai! - Ah! No entanto, Pomba, - varou-te a flecha do destino! Astro, engoliu-te o temporal no norte! Teto, - caíste! – Crença, já não vives!”(...) (Fagundes Varela) Vozes d’África (trecho) “Deus! ó Deus! Onde estás que não respondes? Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes Embuçado nos céus? Há dois mil anos te mandei meu grito, Que embalde desde então corre o infinito... Onde estás, Senhor Deus?...

Mas essa dor da vida que devora A ânsia de glória, o dolorido afã ... A dor no peito emudecera ao menos Se eu morresse amanhã!” (Álvares de Azevedo)

Qual Prometeu tu me amarraste um dia Do deserto na rubra penedia - Infinito: galé!...

Meus Oito Anos

Por abutre - me deste o sol cadente, E a terra de Suez - foi a corrente (Castro Alves)

“Oh! Que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais! Como são belos os dias Do despontar da existência! - Respira a alma inocência Como perfumes a flor; O mar é - lago sereno, O céu - um manto azulado, O mundo - um sonho dourado, A vida - um hino d’amor! Que auroras, que sol, que vida, Que noites de melodia Naquela doce alegria, Naquele ingênuo folgar! O céu bordado d’ estrelas, A terra de aromas cheia, As ondas beijando a areia E a lua beijando o mar! (Casimiro de Abreu) Cântico do Calvário À memória de meu filho morto a 11 de dezembro de 1863 “Eras na vida a pomba predileta Que sobre um mar de angústias conduzia O ramo da esperança. - Eras a estrela

8 | Pró Floripa

Iracema Pousando a criança nos braços paternos, a desventurada mãe desfaleceu como a jetica, se lhe arranca o bulbo. O esposo viu então como a dor tinha consumido o seu belo corpo; mas a formosura ainda morava nela, como o perfume da flor caída do manacá. Iracema não se ergueu mais da rede onde a pousaram os aflitos braços de Martim. O terno esposo, em que o amor renascera com o júbilo paterno, acercou de carícias que encheram sua alma de alegria, mas não a puderam tornar à vida: o estame de sua flor se rompera. O doce lábio emudeceu para sempre; o último lampejo despediu-se dos olhos baços. Poti amparou o irmão na grande dor, Martim sentiu quanto um amigo verdadeiro é precioso na desventura: é como o outeiro que abriga do vendaval o tronco forte e robusto do Ubiratã, quando o cupim lhe broca o âmago. O camucim que recebeu o corpo de Iracema, embebida em resinas odoríferas, foi enterrado ao pé do coqueiro, à borda do rio. Martim quebrou um ramo de murta, a folha da tristeza, e deitou-o no jazigo de sua esposa. A jandaia pousada no olho da palmeira repetia tristemente: – Iracema! Desde então os guerreiros potiguaras que passavam perto da cabana abandonada, e ouviam ressoar a voz plangente da ave amiga, afastavam-se com a alma cheia de tristeza do coqueiro onde cantava a jandaia. E foi assim que um dia veio a chamar-se Ceará o rio onde crescia o coqueiro, e os campos onde serpeja o rio. (José de Alencar)


4. (ENEM) Quando Deus redimiu da tirania Da mão do Faraó endurecido O Povo Hebreu amado, e esclarecido, Páscoa ficou da redenção o dia. Páscoa de flores, dia de alegria Àquele povo foi tão afligido O dia, em que por Deus foi redimido; Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia. Pois mandado pela Alta Majestade Nos remiu de tão triste cativeiro, Nos livrou de tão vil calamidade. Quem pode ser senão um verdadeiro Deus, que veio estirpar desta cidade o Faraó do povo brasileiro. (DAMASCENO, D. Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: 2006)

Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios barrocos, o soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por a) visão cética sobre as relações sociais. b) preocupação com a identidade brasileira. c) crítica velada à forma de governo vigente. d) reflexão sobre dogmas do Cristianismo. e) questionamento das práticas pagãs na Bahia.

a) ambos se identificam pelas características estéticas marcantes, como tristeza e melancolia, do movimento romântico das artes plásticas. b) o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto, representando-o de maneira realista, ao passo que o texto é apenas fantasioso. c) a pintura e o texto têm uma característica em comum, que é representar o habitante das terras que sofreriam processo colonizador. d) o texto e a pintura são baseados no contraste entre a cultura europeia e a cultura indígena. e) há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma vez que o índio representado é objeto da catequização jesuítica.

6. (UFPR) Com relação ao Barroco, é correto afirmar que: 01. Os princípios da analogia, transformação e contrastes são as principais matizes que subjazem aos diversos processos estilísticos do movimento. 02. Como estado de espírito o movimento reflete angústia e tensão existencial. 04. É um movimento pós-romântico que se desenvolveu principalmente nos países da Península Ibérica. 08. Esteticamente o movimento apresenta duas tendências principais entre elas o conceptismo, o qual enfatiza o conteúdo e a complexidade das ideias. 16. Historicamente o movimento está intimamente relacionado à contrarreforma que atuou de modo marcante no campo da literatura, da arquitetura e da música.

7. SONETO Ardor em firme coração nascido; Pranto por belos olhos derramado; Incêndio em mares de águas disfarçado; Rio de neve em fogo convertido:

5. (ENEM)

Tu, que em um peito abrasas escondido; Tu, que em um rosto corres desatado; Quando fogo, em cristais aprisionado; Quando cristal em chamas derretido. Se és fogo como passas bradamente, Se és neve, como queimas com porfia? Mas ai, que andou Amor em ti prudente!

(ECKHOUT, A. “Índio Tapuia” (1610-1666))

A feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto. (CAMINHA, P. V. A carta. www.dominiopublico.gov.br)

Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do texto de Caminha, conclui-se que:

Pois para temperar a tirania, Como quis que aqui fosse a neve ardente, Permitiu parecesse a chama fria. Leia o poema de Gregório de Matos: I - O par fogo e água, que figura amor e contentação, passa por variações contrastantes até evoluir para o oxímoro. II - O poema evidencia a "fórmula da ordem barroca" ditada por Gérard Genette: diferença transforma-se em oposição, oposição em simetria e simetria em razão. III - O poema inscreve, no âmbito da linguagem, o conflito vivido pelo homem do século XVII.

#ORGULHODESERPRÓ |

9


De acordo com o poema, pode-se concluir que estão corretas: a) I e II b) I e III c) II e III d) apenas uma delas e) todas elas

8. (ENEM) Torno a ver-vos, ó montes; o destino Aqui me torna a pôr nestes outeiros, Onde um tempo os gabões deixei grosseiros Pelo traje da Corte, rico e fino. Aqui estou entre Almendro, entre Corino, Os meus fiéis, meus doces companheiros, Vendo correr os míseros vaqueiros Atrás de seu cansado desatino. Se o bem desta choupana pode tanto, Que chega a ter mais preço, e mais valia Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto, Aqui descanse a louca fantasia, E o que até agora se tornava em pranto Se converta em afetos de alegria. Cláudio Manoel da Costa. In: Domício Proença Filho. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p. 78-9. Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, assinale a opção correta acerca da relação entre o poema e o momento histórico de sua produção. a) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na primeira estrofe, são imagens relacionadas à Metrópole, ou seja, ao lugar onde o poeta se vestiu com traje “rico e fino”. b) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como núcleo do poema, revela uma contradição vivenciada pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo urbano da Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia. c) O bucolismo presente nas imagens do poema é elemento estético do Arcadismo que evidencia a preocupação do poeta árcade em realizar uma representação literária realista da vida nacional. d) A relação de vantagem da “choupana” sobre a “Cidade”, na terceira estrofe, é formulação literária que reproduz a condição histórica paradoxalmente vantajosa da Colônia sobre a Metrópole. e) A realidade de atraso social, político e econômico do Brasil Colônia está representada esteticamente no poema pela referência, na última estrofe, à transformação do pranto em alegria.

9. (PUC-RJ - Adaptada) Quais dessas afirmações caracterizavam a poesia realizada no Brasil no século XVIII? 01. Preocupa-se em descrever uma atmosfera denominada locus amoenus. 02. A poesia seguia o tema de “cortar o inútil” do texto.

10 | Pró Floripa

04.

As amadas eram ninfas lembrando a mitologia grega e romana. 08. Os poetas da época não se expressaram no gênero épico. 16. Gosto pelo campo, bucolismo e estilo simples. 32. Formas rígidas, equilíbrio e presença da mitologia.

10 . (UFPR – Adaptada) “Enquanto pasta, alegre, o manso gado, minha bela Marília, nos sentemos à sombra deste cedro levantado. Um pouco meditemos Na regular beleza, Que em tudo quanto vive nos descobre A sábia natureza. Atente como aquela vaca preta O novilhinho seu mais separa, e o lambe, enquanto chupa a lisa teta. Atente mais, ó cara, Como a ruiva cadela Suporta que lhe morda o filho o corpo, e salte em cima dela.” Com relação ao fragmento acima, de uma lira de Tomás Antônio Gonzaga, podemos afirmar que: 01. Apresenta uma expressão poética altamente subjetiva. 02. Apresenta uma nítida concepção de poesia de cunho pedagógico, ao gosto barroco. 04. Apresenta a clareza, a simplicidade e a verossimilhança como características evidentes. 08. Apresenta, como característica pré-romântica, uma preocupação idealizante em relação à natureza. 16. Apresenta um clima pastoral, convenção poética árcade que tematiza a naturalidade e o equilíbrio como formas ideais das relações humanas. 32. Inversões sintáticas, vocabulário rebuscado e prolixo.

11. (ENEM) (ENEM) Leia o soneto abaixo: “Já da morte o palor me cobre o rosto, Nos lábios meus o alento desfalece, Surda agonia o coração fenece, E devora meu ser mortal desgosto! Do leito embalde no macio encosto Tento o sono reter!… já esmorece O corpo exausto que o repouso esquece… Eis o estado em que a mágoa me tem posto! O adeus, o teu adeus, minha saudade, Fazem que insano do viver me prive E tenha os olhos meus na escuridade. Dá-me a esperança com que o ser mantive! Volve ao amante os olhos por piedade, Olhos por quem viveu quem já não vive!” (AZEVEDO, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000)


O núcleo temático do soneto citado é típico da segunda geração romântica, porém configura um lirismo que o projeta para além desse momento específico. O fundamento desse lirismo é: a) a angústia alimentada pela constatação da irreversibilidade da morte. b) a melancolia que frustra a possibilidade de reação diante da perda. c) o descontrole das emoções provocado pela auto piedade. d) o desejo de morrer como alívio para a desilusão amorosa. e) o gosto pela escuridão como solução para o sofrimento.

b) o conhecido autor de O guarani e Iracema foi importante porque deixou uma vasta obra literária com temática atemporal. c) a divulgação das obras de José de Alencar , por meio da digitalização, demonstra sua importância para a história do Brasil imperial. d) a digitalização dos textos de José de Alencar terá importante papel na preservação da memória linguistica e da identidade nacional. e) o grande romancista José de Alencar é importante porque se destacou por sua temática indianista.

14.(ENEM) 12. (ENEM) No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro estilo de época: o Romantismo. “Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.” (ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson,1957.) A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está transcrita na alternativa: a) “… o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas …” b) “… era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça …” c) “Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, …” d) “Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos …” e) “… o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.”

13. (ENEM) “Ele era o inimigo do rei” , nas palavras de seu biógrafo, Lira Neto. Ou, ainda , “ um romancista que colecionava desafetos azucrinava D. Pedro II e acabou inventando o Brasil” . Assim era JOSÉ DE Alencar (1829-1877) , o conhecido autor de O guarani e Iracema, tido como o pai do romance no Brasil. Além de criar clássicos da literatura brasileira com temas nativistas, indianistas e históricos, ele foi também folhetinista, diretor de jornal, autor de peças de teatro, advogado, deputado federal e até ministro da Justiça. Para ajudar na descoberta das múltiplas facetas desse personagem do século XIX, parte de seu acervo inédito será digitalizada. História Viva, n.99,2011.

Com base no texto, que trata do papel do escritor José de Alencar e da futura digitalização de sua obra, depreende-se que a)a digitalização dos textos é importante para que os leitores possam compreender seus romances.

O sertão e o sertanejo Ali começa o sertão chamado bruto. Nesses campos, tão diversos pelo matiz das cores, o capim crescido e ressecado pelo ardor do sol transforma-se em vicejante tapete de relva, quando lavra o incêndio que algum tropeiro, por acaso ou mero desenfado, ateia com uma faúlha do seu isqueiro. Minando à surda na touceira, queda a vívida centelha. Corra daí a instantes qualquer aragem, por débil que seja, e levanta-se a língua de fogo esguia e trêmula, como que a contemplar medrosa e vacilante os espaços imensos que se alongam diante dela. O fogo, detido em pontos, aqui, ali, a consumir com mais lentidão algum estorvo, vai aos poucos morrendo até se extinguir de todo, deixando como sinal da avassaladora passagem o alvacento lençol, que lhe foi seguindo os velozes passos. Por toda a parte melancolia; de todos os lados tétricas perspectivas. É cair, porém, daí a dias copiosa chuva, e parece que uma varinha de fada andou por aqueles sombrios recantos a traçar às pressas jardins encantados e nunca vistos. Entra tudo num trabalho íntimo de espantosa atividade. TAUNAY, Visconde de. Inocência. O romance romântico teve fundamental importância na formação da ideia de nação. Considerando o trecho acima, é possível reconhecer que uma das principais e permanentes contribuições do Romantismo para construção da identidade da nação é a a) possibilidade de apresentar uma dimensão desconhecida da natureza nacional, marcada pelo subdesenvolvimento e pela falta de perspectiva de renovação. b) consciência da exploração da terra pelos colonizadores e pela classe dominante local, o que coibiu a exploração desenfreada das riquezas naturais do país. c) construção, em linguagem simples, realista e documental, sem fantasia ou exaltação, de uma imagem da terra que revelou o quanto é grandiosa a natureza brasileira. d) expansão dos limites geográficos da terra, que promoveu o sentimento de unidade do território nacional e deu a conhecer os lugares mais distantes do Brasil aos brasileiros. e) valorização da vida urbana e do progresso, em detrimento do interior do Brasil, formulando um conceito de nação centrado nos modelos da nascente burguesia brasileira.

#ORGULHODESERPRÓ |

11


15. (UFJF-MG - Adaptada) Em relação ao Romantismo brasileiro, quais afirmações são verdadeiras? 01. Expressão do nacionalismo através da descrição dos costumes e regiões do Brasil. 02. Expressão poética de temas confessionais, indianistas e humanistas. 04. Desenvolvimento do teatro nacional.

AUTORES

PRÉ-MODERNISMO

SIMBOLISMO

REALISMO NATURALISMO PARNASIANISMO

1881 Machado de Assis Memórias Póstumas de Brás Cubas/ Realismo Aluísio Azevedo O Mulato/ Naturalismo. Década de 80 Definição do ideário parnasiano. Prosa   

Machado de Assis Aluísio Azevedo Raul Pompeia.

Poesia (Parnasianismo)  Olavo Bilac  Alberto de Oliveira  Raimundo Correia  Vicente de Carvalho 1893 Cruz e Souza º Missal (1 semestre) º Broqueis (2 semestre)

08. Análise crítica e científica dos fenômenos da sociedade brasileira. 16. Caracterização do romance como forma de entretenimento e moralização. 32. Racionalismo, contenção emocional e análise científica.

CARACTERÍSTICAS Realismo: preocupação com a verdade exata, observação e análise, personagens tipificadas, preferência pelas camadas mais altas da sociedade. Objetividade. Descrições pormenorizadas. Linguagem correta, no entanto é mais próxima da natural, maior interesse pela caracterização que pela ação – tese documental. Naturalismo: visão determinista do homem (animal, presa de forças fatais e superiores – meio, herança genética, fisiologia, momento). Tendência para análise dos deslizes de personalidade. Deturpações psíquicas e físicas. Preferência por camadas menos privilegiadas. Patologia social: miséria, adultério, criminalidade, etc. – tese experimental. Parnasianismo: arte pela arte, objetividade, poesia descritiva, versos impassíveis e perfeitos, exatidão e economia de imagens e metáforas, poesia técnica e formal, retomada dos valores clássicos, apego à mitologia grecoromana.

Simbolismo: reação contra o Positivismo, o Naturalismo e o Parnasianismo; individualismo, subjetivismo, atitude irracional e mística, respeito pela música, cor, luz; procura das possibilidades do léxico, aliteração, sinestesia, sugestão da palavra, musicalidade, eco, apuro formal.

Poesia  Cruz e Souza  Alphonsus de Guimaraens  Pedro Kilkerry  Augusto dos Anjos  Emiliano Perneta Primeiras décadas do séc. XX – Pré- Pré-Modernismo: tendências das primeiras décadas do Modernismo. século XX, sentido mais crítico, fixando diferentes facetas da realidade social, política ou alterações na paisagem e cor Prosa local.  Monteiro Lobato Obs.: Não é considerado como escola literária.  Euclides da Cunha  Lima Barreto  Graça Aranha.

12 | Pró Floripa


REALISMO E NATURALISMO “É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos – para condenar o que houver de mau na nossa sociedade” – A literatura nova – Eça de Queirós Contexto Histórico Consolidação e fortalecimento da burguesia; Triunfo do capital industrial sobre o capital de comércio; Capitalismo avançado, expansão à América, África e Ásia; Revolução Industrial, avanço científico e tecnológico; Explosão urbana (consumo), eletricidade, telégrafo sem fios, locomotiva a vapor, antecipando a civilização industrial de nosso tempo; Ciência, progresso e razão;

Características  Objetividade; busca da verdade, não do verossímil; observação e análise, impressões sensoriais através da descrição objetiva;  Impassibilidade; posição neutra do autor; “fotografa” interior ou exteriormente; nenhuma ação de personagem realista é gratuita, há sempre explicação lógica e cientificamente aceitável para seu comportamento;  Personagens esféricas X Personagens lineares; várias qualidades e tendências, profundidade psicológica, dinâmicas;  Volta-se para a psicologia, para o indivíduo;  Retrata e critica as classes dominantes, a alta burguesia urbana;  Temas contemporâneos, não se fala mais do passado; crítica social desnudando as mazelas da sociedade do período;  Exaltação sensorial; experimentar fisicamente, ao contrário dos românticos; sexualização do amor;  Adultério como ponto de partida, sexo torna-se praticamente obrigatório; REALISMO Dom Casmurro Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas... As minhas cessaram logo. Fiquei a ver a delas; Capitu enxugou-as depressa, olhando de furto para a gente que

estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã. (Machado de Assis) NATURALISMO Cortiço Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas sua infinidade de portas e janelas alinhadas. Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas de chumbo. Como que se sentiam ainda na indolência de neblina as derradeiras notas da última guitarra da noite antecedente, dissolvendo-se à luz loura e tenra da aurora, que nem um suspiro de saudade perdido na terra alheia. A roupa lavada, que ficara de véspera nos coradouros, umedecia o ar e punha-lhe um fartum acre de sabão ordinário. As pedras do chão, esbranquiçadas no lugar da lavagem e em alguns pontos azulados pelo anil, mostravam uma palidez grisalha e triste, feita de acumulações de espumas secas. (Aluísio Azevedo)

PARNASIANISMO  Inserida no mesmo contexto histórico e social do Realismo;  Realismo x Parnasianismo Semelhanças: - ideal anti-romântico; negação da subjetividade; descrição visual; Diferenças: não se preocupam com o social; não há críticas nem denúncias; não se fala do cotidiano;  La Parnasse Contemporain, 1866;  Parnasianismo, monte Parnaso, Fócida – Grécia;  Apenas Brasil e França;  Retomada dos valores clássicos: valorização da razão, equilíbrio e sobriedade;  Ars gratia ars; a beleza formal justifica o existir da poesia; arte para a elite, recusa a temas “vulgares”;  Valorização da forma;  Impassibilidade, contenção do lirismo;  Temas universais: o amor – meu amor;

PARNASIANISMO A um poeta Longe do estéril turbilhão da rua, Beneditino, escreve! No aconchego #ORGULHODESERPRÓ |

13


Do claustro, na paciência e no sossego, Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua  Mas que na forma se disfarce o emprego Do esforço; e a trama viva se construa De tal modo, que a imagem fique nua, Rica mas sóbria, como um templo grego.

Não se mostre na fábrica o suplício Do mestre. E, natural, o efeito agrade, Sem lembrar os andaimes do edifício:

  

penetrasse as camadas profundas do “eu”, e traduzisse os mistérios da vida; Influências de Baudelaire, Rimbaud, Verlaine, Mallarmé; Ciência: Einstein coloca em questão alguns postulado tradicionais; Freud estuda a existência do inconsciente; Decadentismo; Baudelaire – Schopenhauer; Subjetivismo, individualismo, conflito eu x mundo; Poesia não é só emoção, mas tomada de consciência da emoção; ela carrega em si certa maneira de conhecer; Mergulho no “eu profundo”;

Porque e Beleza, gêmea da Verdade, Arte pura, inimiga do artifício, É a força e a graça na simplicidade. Profissão de fé (trechos) (...) “Invejo o ourives quando escrevo: Imito o amor Com que ele, em ouro, o alto relevo Faz de uma flor. Imito-o . E, pois nem de Carrara A pedra firo: O alvo cristal, a pedra rara, O ônix prefiro.”(...) (Olavo Bilac) Vaso chinês Estranho mimo, aquele vaso! Vi-o Casualmente, uma vez, de um perfumado Contador sobre o mármor luzidio, Entre um leque e o começo de um bordado. Fino artista chinês, enamorado, Nele pusera o coração doentio Em rubras flores de um sutil lavrado, Na tina ardente, de um calor sombrio. Mas, talvez por contraste à desventura Quem o sabe? - de um velho mandarim Também lá estava a singular figura: Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a Sentia um não sei quê com aquele chim De olhos cortados à feição de amêndoa. (Alberto Oliveira)

SIMBOLISMO  Fim do século XIX, início do século XX: Positivismo, cientificismo, determinismo, materialismo;  Simbolismo: necessidade de superar a visão puramente racionalista e objetiva da vida, busca de um modo suprarracional de conhecimento, que

14 | Pró Floripa

Simbolismo no Brasil (1893) Cruz e Souza (1861-1898)  Escravos alforriados, tutor; criado como criança branca;  Desterro (Florianópolis);  Primeiros poemas eram contra a escravidão;  Preconceito: não se torna promotor;  Realidades sociais degradantes: loucura, miséria, racismo, doença;  Resquício parnasiano: Broquéis; preferência pelo soneto;  Emprego de palavras de uso científico e visão pessimista da vida; (Realismo e Naturalismo);  Baudelaire: Satanismo, correspondências (sinestesia);  Culto da noite;

SIMBOLISMO Antífona “Ó Formas alvas, brancas, Formas claras De luares, de neves, de neblinas!... Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas... Incensos dos turíbulos das aras... Formas do Amor, constelarmente puras, De Virgens e de Santas vaporosas... Brilhos errantes, mádidas frescuras E dolências de lírios e de rosas... Indefiníveis músicas supremas, Harmonias da Cor e do Perfume... Horas do Ocaso, trêmulas, extremas, Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...”(...) (Cruz e Sousa)


Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja.

PRÉ-MODERNISMO O que se convencionou chamar de Pré-Modernismo no Brasil, não constitui uma “escola literária”, ou seja, não temos um grupo de autores afinados em torno de um mesmo ideário, seguindo determinadas características. Na realidade, Pré-Modernismo é um termo genérico que designa uma vasta produção literária que abrangeria os primeiros 20 anos do século passado. Porém, podemos pensar em alguns pontos em comum: A denúncia da realidade brasileira, negando o Brasil literário herdado do Romantismo e do Parnasianismo; O Brasil não-oficial do sertão nordestino, dos caboclos interioranos, dos subúrbios, é o grande tema do PréModernismo. O regionalismo, montando-se um vasto painel brasileiro: O Norte e o Nordeste com Euclides da Cunha; O vale do Paraíba e o interior paulista com Monteiro Lobato; O Espírito Santo com Graça Aranha; o subúrbio carioca com Lima Barreto. Os tipo humanos marginalizados: - o sertanejo nordestino; - o caipira; - os funcionários públicos; - os mulatos.  Uma ligação com fatos políticos, econômicos e sociais contemporâneos, diminuindo a distância entre a realidade e a ficção. São exemplos:  Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto (retrata o governo de Floriano e a Revolta da Armada);  Os sertões, de Euclides da Cunha (faz um relato da Guerra de Canudos);  Cidades mortas, de Monteiro Lobato (mostra a passagem do café do vale do Paraíba paulista)  Canaã, de Graça Aranha (faz um documentário sobre a imigração alemã no Espírito Santo) PRÉ-MODERNISMO Versos Íntimos “Vês! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão - esta pantera Foi tua companheira inseparável! Acostuma-te à lama que te espera! O homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera.

Se alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija!” (Augusto dos Anjos)

16) Esaú e Jacó Ora, aí está justamente a epígrafe do livro, se eu lhe quisesse pôr alguma, e não me ocorresse outra. Não é somente um meio de completar as pessoas da narração com as ideias que deixarem, mas ainda um par de lunetas para que o leitor do livro penetre o que for menos claro ou totalmente escuro. Por outro lado, há proveito em irem as pessoas da minha história colaborando nela, ajudando o autor, por uma lei de solidariedade, espécie de troca de serviços, entre o enxadrista e os seus trebelhos. Se aceitas a comparação, distinguirás o rei e a dama, o bispo e o cavalo, sem que o cavalo possa fazer de torre, nem a torre de peão. Há ainda a diferença da cor, branca e preta, mas esta não tira o poder da marcha de cada peça, e afinal umas e outras podem ganham a partida, e assim vai o mundo. ASSIS, M. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1964 (fragmento). O fragmento do romance Esaú e Jacó mostra como o narrador concebe a leitura de um texto literário. Com base nesse trecho, tal leitura deve levar em conta a) o leitor como peça fundamental na construção dos sentidos. b) a luneta como objeto que permite ler melhor. c) o autor como único criador de significados. d) o caráter de entretenimento da literatura. e) a solidariedade de outros autores. 17. Em relação ao Realismo e ao Naturalismo, podemos afirmar que: 01. Analisam o homem como objeto de investigação religiosa. 02. São ambos anticlericais, antirromânticos e antiburgueses. 04. Preocupam-se em descrever ou narrar minuciosamente personagens e cenas. 08. Ambos mantêm pontos comuns, sendo que o primeiro analisa o homem em seus aspectos biopatológicos, enquanto o segundo em seus aspectos psicossociológicos. 16. Ambos enfocam o emocional. 32. Apresentam ideias completamente divergentes. 18. (ENEM) A pátria Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste! Criança! não verás nenhum pais como este! Olha que céu! que mar! que rios! que floresta! #ORGULHODESERPRÓ |

15


A Natureza, aqui, perpetuamente em festa, É um seio de mãe a transbordar carinhos. Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos, Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos! Vê que luz, que calor, que multidão de insetos! Vê que grande extensão de matas, onde impera, Fecunda e luminosa, a eterna primavera! Boa terra! jamais negou a quem trabalha O pão que mata a fome, o teto que agasalha... Quem com o seu suor a fecunda e umedece, Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece! Criança! não verás pais nenhum como este: Imita na grandeza a terra em que nasceste! BILAC, O. Poesias infantis. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1929. Publicado em 1904, o poema A pátria harmoniza-se com um projeto ideológico em construção na Primeira República. O discurso poético de Olavo Bilac ecoa esse projeto, na medida em que a) a paisagem natural ganha contornos surreais, como o projeto brasileiro de grandeza. b) a prosperidade individual, como a exuberância da terra, independe de políticas de governo. c) os valores afetivos atribuídos à família devem ser aplicados também aos ícones nacionais. d) a capacidade produtiva da terra garante ao país a riqueza que se verifica naquele momento. e) a valorização do trabalhador passa a integrar o conceito de bem-estar social experimentado.

19. (ENEM) Um dia, meu pai tomou-me pela mão, minha mãe beijou-me a testa, molhando-me de lágrimas os cabelos e eu parti. Duas vezes fora visitar o Ateneu antes da minha instalação. Ateneu era o grande colégio da época. Afamado por um sistema de nutrido reclame, mantido por um diretor que de tempos a tempos reformava o estabelecimento, pintando-o jeitosamente de novidade, como os negociantes que liquidam para recomeçar com artigos de última remessa; o Ateneu desde muito tinha consolidado crédito na preferência dos pais, sem levar em conta a simpatia da meninada, a cercar de aclamações o bombo vistoso dos anúncios. O Dr. Aristarco Argolo de Ramos, da conhecida família do Visconde de Ramos, do Norte, enchia o império com o seu renome de pedagogo. Eram boletins de propaganda pelas províncias, conferências em diversos pontos da cidade, a pedidos, à substância, atochando a imprensa dos lugarejos, caixões, sobretudo, de livros elementares, fabricados às pressas com o ofegante e esbaforido concurso de professores prudentemente anônimos, caixões e mais caixões de volumes cartonados em Leipzig, inundando as escolas públicas de toda a parte com a sua invasão de capas azuis, róseas, amarelas, em que o nome de Aristarco, inteiro e sonoro, ofereciase ao pasmo venerador dos esfaimados de alfabeto dos confins da pátria. Os lugares que os não procuravam eram um belo dia surpreendidos pela enchente, gratuita, espontânea, irresistível! E não havia senão aceitar a farinha daquela marca para o pão do espírito. POMPÉIA, R. O Ateneu. São Paulo: Scipione, 2005

16 | Pró Floripa

Ao descrever o Ateneu e as atitudes de seu diretor, o narrador revela um olhar sobre a inserção social do colégio demarcado pela a) ideologia mercantil da educação, repercutida nas vaidades pessoais. b) interferência afetiva das famílias, determinantes no processo educacional. c) produção pioneira de material didático, responsável pela facilitação do ensino. d) ampliação do acesso à educação, com a negociação dos custos escolares. e) cumplicidade entre educadores e famílias, unidos pelo interesse comum do avanço social.

20. (ENEM) Capítulo LIV — A pêndula Saí dali a saborear o beijo. Não pude dormir; estireime na cama, é certo, mas foi o mesmo que nada. Ouvi as horas todas da noite. Usualmente, quando eu perdia o sono, o bater da pêndula fazia-me muito mal; esse tiquetaque soturno, vagaroso e seco parecia dizer a cada golpe que eu ia ter um instante menos de vida. Imaginava então um velho diabo, sentado entre dois sacos, o da vida e o da morte, e a contá-las assim: — Outra de menos... — Outra de menos... — Outra de menos... — Outra de menos... O mais singular é que, se o relógio parava, eu davalhe corda, para que ele não deixasse de bater nunca, e eu pudesse contar todos os meus instantes perdidos. Invenções há, que se transformam ou acabam; as mesmas instituições morrem; o relógio é definitivo e perpétuo. O derradeiro homem, ao despedir-se do sol frio e gasto, há de ter um relógio na algibeira, para saber a hora exata em que morre. Naquela noite não padeci essa triste sensação de enfado, mas outra, e deleitosa. As fantasias tumultuavamme cá dentro, vinham umas sobre outras, à semelhança de devotas que se abalroam para ver o anjo-cantor das procissões. Não ouvia os instantes perdidos, mas os minutos ganhados. ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992 (fragmento).

O capítulo apresenta o instante em que Brás Cubas revive a sensação do beijo trocado com Virgília, casada com Lobo Neves. Nesse contexto, a metáfora do relógio desconstrói certos paradigmas românticos, porque a) o narrador e Virgília não têm percepção do tempo em seus encontros adúlteros. b) como “defunto autor”, Brás Cubas reconhece a inutilidade de tentar acompanhar o fluxo do tempo. c) na contagem das horas, o narrador metaforiza o desejo de triunfar e acumular riquezas. d) o relógio representa a materialização do tempo e redireciona o comportamento idealista de Brás Cubas. e) o narrador compara a duração do sabor do beijo à perpetuidade do relógio.

21. (ENEM) Capítulo III Um criado trouxe o café. Rubião pegou na xícara e, enquanto lhe deitava açúcar, ia disfarçadamente mirando a


bandeja, que era de prata lavrada. Prata, ouro, eram os metais que amava de coração; não gostava de bronze, mas o amigo Palha disse-lhe que era matéria de preço, e assim se explica este par de figuras que aqui está na sala: um Mefistófeles e um Fausto. Tivesse, porém, de escolher, escolheria a bandeja, – primor de argentaria, execução fina e acabada. O criado esperava teso e sério. Era espanhol; e não foi sem resistência que Rubião o aceitou das mãos de Cristiano; por mais que lhe dissesse que estava acostumado aos seus crioulos de Minas, e não queria línguas estrangeiras em casa, o amigo Palha insistiu, demonstrando-lhe a necessidade de ter criados brancos. Rubião cedeu com pena. O seu bom pajem, que ele queria pôr na sala, como um pedaço da província, nem o pôde deixar na cozinha, onde reinava um francês, Jean; foi degradado a outros serviços. ASSIS, M. Quincas Borba. In: Obra completa. V.1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993 (fragmento).

Quincas Borba situa-se entre as obras-primas do autor e da literatura brasileira. No fragmento apresentado, a peculiaridade do texto que garante a universalização de sua abordagem reside a) no conflito entre o passado pobre e o presente rico, que simboliza o triunfo da aparência sobre a essência. b) no sentimento de nostalgia do passado devido à substituição da mão de obra escrava pela dos imigrantes. c) na referência a Fausto e Mefistófeles, que representam o desejo de eternização de Rubião. d) na admiração dos metais por parte de Rubião, que metaforicamente representam a durabilidade dos bens produzidos pelo trabalho. e) na resistência de Rubião aos criados estrangeiros, que reproduz o sentimento de xenofobia.

23. (UCP – PR) Assinale a alternativa correta. a) O Romantismo é consequência do surto de cientificismo e da fadiga da repetição das fórmulas subjetivas. b) O poeta parnasiano deixa-se arrebatar pelo conflito entre o mundo real e o imaginário, expresso num sentimentalismo acentuado. c) O Realismo é consequência do surto de cientificismo e da fadiga da repetição das fórmulas subjetivas. d) No Romantismo, o escritor mergulha no interior das personagens, mostrando ao leitor seus dramas e sua agonia. e) No Simbolismo, predominou a prosa.

24. (ENEM) O mulato Ana Rosa cresceu; aprendera de cor a gramática do Sotero dos Reis; lera alguma coisa; sabia rudimentos de francês e tocava modinhas sentimentais ao violão e ao piano. Não era estúpida; tinha a intuição perfeita da virtude, um modo bonito, e por vezes lamentara não ser mais instruída. Conhecia muitos trabalhos de agulha; bordava como poucas, e dispunha de uma gargantazinha de contralto que fazia gosto de ouvir. Uma só palavra boiava à superfície dos seus transformando-se em tenebrosa nuvem, que escondia todo o seu passado. Ideia parasita, que estrangulava todas as outras ideias. Mulato! Esta só palavra explicava-lhe agora todos os mesquinhos escrúpulos, que a sociedade do Maranhão usara para com ele. Explicava tudo: a frieza de certas famílias a quem visitara; as reticências dos que lhe falavam de seus antepassados; a reserva e a cautela dos que, em sua presença, discutiam questões de raça e de sangue. AZEVEDO, A. O Mulato. São Paulo: Ática, 1996 (fragmento).

22. No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro estilo de época: o romantismo. “Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.” ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson, 1957. A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está transcrita na alternativa: a) ... o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas... b) ... era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça... c) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, ... d) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos... e) ... o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.

O texto de Aluísio Azevedo é representativo do Naturalismo, vigente no final do século XIX. Nesse fragmento, o narrador expressa fidelidade ao discurso naturalista, pois a) relaciona a posição social a padrões de comportamento e à condição de raça. b) apresenta os homens e as mulheres melhores do que eram no século XIX. c) mostra a pouca cultura feminina e a distribuição de saberes entre homens e mulheres. d) ilustra os diferentes modos que um indivíduo tinha de ascender socialmente. e) critica a educação oferecida às mulheres e os maustratos dispensados aos negros.

25. (ENEM) Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste! Criança! não verás nenhum pais como este! Olha que céu! que mar! que rios! que floresta! A Natureza, aqui, perpetuamente em festa, É um seio de mãe a transbordar carinhos. Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos, Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos! Vê que luz, que calor, que multidão de insetos! Vê que grande extensão de matas, onde impera, #ORGULHODESERPRÓ |

17


Fecunda e luminosa, a eterna primavera! Boa terra! jamais negou a quem trabalha O pão que mata a fome, o teto que agasalha... Quem com o seu suor a fecunda e umedece, Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece! Criança! não verás pais nenhum como este: Imita na grandeza a terra em que nasceste! BILAC, O. Poesias infantis. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1929.

Publicado em 1904, o poema A pátria harmoniza-se com um projeto ideológico em construção na Primeira República. O discurso poético de Olavo Bilac ecoa esse projeto, na medida em que: A) a paisagem natural ganha contornos surreais, como o projeto brasileiro de grandeza. B) a prosperidade individual, como a exuberância da terra, independe de políticas de governo. C) os valores afetivos atribuídos à família devem ser aplicados também aos ícones nacionais. D) a capacidade produtiva da terra garante ao país a riqueza que se verifica naquele momento. E) a valorização do trabalhador passa a integrar o conceito de bem-estar social experimentado.

26. (ENEM) Vida obscura Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro ó ser humilde entre os humildes seres, embriagado, tonto de prazeres, o mundo para ti foi negro e duro. Atravessaste no silêncio escuro a vida presa a trágicos deveres e chegaste ao saber de altos saberes tornando-te mais simples e mais puro. Ninguém te viu o sofrimento inquieto, magoado, oculto e aterrador, secreto, que o coração te apunhalou no mundo, Mas eu que sempre te segui os passos sei que a cruz infernal prendeu-te os braços e o teu suspiro como foi profundo! (SOUSA, C. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1961)

Com uma obra densa e expressiva no Simbolismo brasileiro, Cruz e Souza transpôs para seu lirismo uma sensibilidade em conflito com a realidade vivenciada. No soneto, essa percepção traduz-se em a) sofrimento tácito diante dos limites impostos pela discriminação. b) tendência latente ao vício como resposta ao isolamento social. c) extenuação condicionada a uma rotina de tarefas degradantes. d) frustração amorosa canalizada para as atividades intelectuais. e) vocação religiosa manifesta na aproximação com a fé cristã.

18 | Pró Floripa

27. (ENEM) Cárcere das almas Ah! Toda a alma num cárcere anda presa, Soluçando nas trevas, entre as grades Do calabouço olhando imensidades, Mares, estrelas, tardes, natureza. Tudo se veste de uma igual grandeza Quando a alma entre grilhões as liberdades Sonha e, sonhando, as imortalidades Rasga no etéreo o Espaço da Pureza. Ó almas presas, mudas e fechadas Nas prisões colossais e abandonadas, Da Dor no calabouço, atroz, funéreo! Nesses silêncios solitários, graves, que chaveiro do Céu possui as chaves para abrir-vos as portas do Mistério?! (CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993.)

Os elementos formais e temáticos relacionados com o contexto cultural do Simbolismo encontrados no poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são: a) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos. b) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática nacionalista. c) o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico de temas universais. d) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas inovadoras. e) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor de temas do cotidiano.

28. São todas características do Pré-Modernismo, exceto: a) É considerada literatura pré-modernista tudo o que, nas primeiras décadas do século XX, problematiza a realidade social e cultural do Brasil. b) A busca por uma linguagem mais simples e coloquial é uma das preocupações dos escritores pré-modernistas, especialmente do escritor Lima Barreto, um de seus principais representantes. c) O período pré-modernista foi marcado pela convivência entre várias tendências artísticas, ocasionando uma espécie de sincretismo cultural. d) O Pré-Modernismo sobrepôs-se ao Parnasianismo, escola literária vigente em meados do século XX, gozando de amplo prestígio entre as camadas mais cultas da sociedade.


29. (ENEM)

VANGUARDAS EUROPEIAS Movimentos de vanguarda (do francês avant-garde: termo militar que designa o pelotão que vai à frente) emergiram na Europa nas duas primeiras décadas do século 20 e provocaram ruptura com a tradição cultural do século 19. Todos pautavam-se no mesmo objetivo, que era o questionamento, a quebra dos padrões, o protesto contra a arte conservadora, a criação de novos padrões estéticos, que fossem mais coerentes com a realidade histórica e social do século que surgia. Destacaram-se por sua radicalidade, a qual proporcionou que influenciassem a arte em todo o mundo. As vanguardas europeias também passaram pela Literatura Brasileira deixando sua contribuição, especialmente ao somarem com a Semana de Arte Moderna e o movimento modernista, pois juntos vieram romper com a antiga estética que até então reinava em nosso país. As principais correntes vanguardistas foram: Futurismo: primeira das correntes, caracteriza-se pelo interesse ideológico na arte. Sua produção preconiza a subversão radical da cultura e dos costumes, negando o passado em sua totalidade e pregando a adesão à pesquisa metódica e à experimentação estilística e técnica. Cubismo: resultado das experiências de Pablo Picasso (1881 – 1973) e de Georges Braque (1882 – 1963), esteve, inicialmente, ligado à pintura e teve por princípio a valorização das formas geométricas. Na literatura, caracteriza-se pela fragmentação da linguagem e geometrização das palavras, dispostas no papel de maneira aleatória a fim de conceber imagens. Dadaísmo: surgido em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), constitui um grito de revolta contra o capitalismo burguês e o mundo em guerra. Por isso, os dadaístas são contra as teorias e ordenações lógicas. Expressionismo: tem como herança a arte do final do século 19 e valoriza aquilo que chama de expressão: a materialização criativa (na tela ou no papel) de imagens geradas no mundo interior do artista. Surrealismo: como o Expressionismo, preocupa-se com a sondagem do mundo interior, a liberação do inconsciente e a valorização do sonho. Esse fascínio pelo que transcende a realidade aproxima os surrealistas das ideias do psicanalista austríaco Sigmund Freud (1856 – 1939).

AMARAL, Tarsila do. O mamoeiro. 1925, óleo sobre tela, 65x70, IEB//USP

O modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas europeias. A partir da Semana de Arte Moderna, esses conceitos passaram a fazer parte da arte brasileira definitivamente. Tomando como referência o quadro O mamoeiro, identifica-se que, nas artes plásticas, a a) imagem passa a valer mais que as formas vanguardistas. b) forma estética ganha linhas retas e valoriza o cotidiano. c) natureza passa a ser admirada como um espaço utópico. d) imagem privilegia uma ação moderna e industrializada. e) forma apresenta contornos e detalhes humanos.

30. (ENEM)

O quadro Les Demoiselles d’Avignon (1907), de Pablo Picasso, representa o rompimento com a estética clássica e a revolução da arte no início do século XX. Essa nova tendência se caracteriza pela a) pintura de modelos em planos irregulares. b) mulher como temática central da obra. c) cena representada por vários modelos. d) oposição entre tons claros e escuros. e) nudez explorada como objeto de arte. #ORGULHODESERPRÓ |

19


31. (ENEM)

Máscara senufo, Mati. Madeira e fibra vegetal. Acervo do MAE/USP.

As formas plásticas nas produções africanas conduziram artistas modernos do início do século XX, como Pablo Picasso, a algumas proposições artísticas denominadas vanguardas. A máscara remete à: a) preservação da proporção. b) idealização do movimento. c) estruturação assimétrica. d) sintetização das formas. e) valorização estética.

CARACTERISTICAS

AUTORES

MODERNISMO 2ª FASE

 Engajamento religioso e social – literatura de denúncia das condições humanas; tendência neorrealista; coloquialismo; nacionalismo; cotidiano; romance psicológico;  Temas apresentados por região: Coronelismo, Cacau na Bahia, Cana-de-açúcar, Seca no Ceará e em Alagoas, Misticismo e candomblé, Cangaço, Os pampas gaúchos POESIA  Ampliação da temática: Social nacional para o Universal, Poemas de tendência mística, Revalorização de estilos anteriores, neossimbolismo.

MODERNISMO 3ª FASE

AUTORES

1922 SEMANA DE ARTE MODERNA  Mário de Andrade (Papa do Modernismo)  Oswald de Andrade  Manuel Bandeira  Linguagem coloquial, cotidiano, negação da tradição cultural;  Antipurista, antiacademicista, antiparnasianismo, verso livre;  Nacionalismo crítico, ironia, sarcasmo, irreverência, poema-piada, liberdade de criação, direito à pesquisa – folclore.

1945 – 60  João Cabral de Melo Neto  João Guimarães Rosa  Clarice Lispector  Concretismo:  Décio Pignatari  Haroldo de Campos  Augusto de Campos POESIA  Retomada dos aspectos formais da poesia.  Culto à forma e à linguagem (geração de 45 e poetas concretistas).

CARACTERISTICAS

CARACTERISTICAS

AUTORES

MODERNISMO 1ª FASE

1930  Jorge Amado  Rachel de Queiroz  Graciliano Ramos  José Lins do Rego  José Américo de Almeida  Erico Verissimo  Carlos Drummond de Andrade  Cecília Meireles  Vinícius de Moraes  REGIONALISMO DE 30

PROSA  O domínio do conto e da crônica, análise e observação do cotidiano; as “linhas” do fantástico, literatura psicológica / intimista, tendências a reflexões metafísicas.  No campo regional = investigação de novas

possibilidades linguísticas (universalidade); Importante o desenvolvimento do teatro psicológico e social.

20 | Pró Floripa


AUTORES

Atualidade 60 – até a atualidade  Poesia: Augusto de Campos, Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Ferreira Gullar, Affonso Romano de Sant’Anna, Gilberto Gil, Caetano Velloso, Chacal, Paulo Leminski, Cacaso.  Prosa: Rubem Fonseca, Dalton Trevisan, Cristovão Tezza, João Ubaldo Ribeiro, Milton Hatoum, Lygia Fagundes Telles, Luis Fernando Veríssimo, Stanislaw Ponte Preta, Rubem Braga, Fernando Sabino, Nelson Rodrigues, Gianfrancesco Guarnieri, Chico Buarque, Dias Gomes.

Poesia (concretismo, neoconcretismo, poesia-práxis, poesia marginal, poema processo, tropicalismo, poesia marginal) Prosa (contos, crônicas, romances -urbano, regionalista, psicológico - , novelas, teatro )

CARACTERISTICAS

Principais características da contemporânea são:  Mistura de tendências (ecletismo);

literatura estéticas

 União da arte erudita e da arte popular;  Prosa histórica, social e urbana;  Poesia intimista, visual e marginal;  Temas cotidianos e regionalistas;  Engajamento social e literatura marginal;  Experimentalismo formal;  Técnicas inovadoras (recursos gráficos, montagens, colagens, etc.);  Formas reduzidas minicrônicas, etc.),

(minicontos,

 Intertextualidade e metalinguagem.

Menina e moça “Gostei de todas as festas Porque esse negócio de missa E procissão É só para os olhares Vou agora triste no trem Com aquela paixão No coração Vou emagrecer Junto às palmeiras Malditas Da fazenda” (Oswald de Andrade)

“No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Urarico era, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma. Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Si o incitavam a falar, exclamava: – Ai! que preguiça!... e não dizia mais nada. [...] Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro, Macunaíma dandava pra ganhar vintém. E também espertava quando a família ia tomar banho no rio, todos juntos e nus. Passava o tempo do banho dando mergulho, e as mulheres soltavam gritos gozados por causa dos guaiamuns diz-que habitando a água doce por lá.” (Mário de Andrade) No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra. (Carlos Drummond de Andrade) Soneto de Fidelidade De tudo ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure. (Vinicius de Moraes) Só Gabriela parecia não sentir a caminhada, seus pés como que deslizando pela picada muitas vezes aberta na hora a golpes de facão, na mata virgem. Como se não existissem as pedras, os tocos, os cipós emaranhados. A poeira dos caminhos da caatinga a cobrira tão por completo que era impossível distinguir seus traços. Nos cabelos já não penetrava o pedaço de pente, tanto pó se acumulara. Parecia uma demente perdida nos caminhos. Mas Clemente sabia como ela era deveras e o sabia em cada partícula de seu ser, na ponta dos dedos e na pele do peito. Quando os dois grupos se encontraram, no começo da viagem, a cor do #ORGULHODESERPRÓ |

21


rosto de Gabriela e de suas pernas era ainda visível e os cabelos rolavam sobre o cangote, espalhando perfume. (Jorge Amado) “E se somos Severinos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte severina: que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia (de fraqueza e de doença é que a morte severina ataca em qualquer idade, e até gente não nascida).” (João Cabral de Melo Neto) 32. (ENEM)

existencialista, espiritualismo, preocupação social e política, metalinguagem e sensualismo. c) Os escritores de maior destaque da primeira fase do Modernismo defendiam a reconstrução da cultura brasileira sobre bases nacionais, revisão crítica de nosso passado histórico e de nossas tradições culturais, eliminação do complexo de colonizados e uso de uma linguagem própria da cultura brasileira. d) Amadurecimento da prosa, sobretudo do romance, enfoque mais direto dos fatos, influência da estética Realista-Naturalista do século XIX e caráter documental, como no livro Vidas secas, de Graciliano Ramos. 34. (ENEM) Confidência do Itabirano Alguns anos vivi em Itabira. Principalmente nasci em Itabira. Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. Noventa por cento de ferro nas calçadas. Oitenta por cento de ferro nas almas. E esse alheamento do que na vida é porosidade e [comunicação. A vontade de amar, que me paralisa o trabalho, vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e [sem horizontes. E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, é doce herança itabirana. De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço: esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil, este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval; este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas; este orgulho, esta cabeça baixa... Tive ouro, tive gado, tive fazendas. Hoje sou funcionário público. Itabira é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói! ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003.

MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA. Oswald de Andrade: o culpado de tudo. 27 set. 2011 a 29 jan. 2012. São Paulo: Prol Gráfica, 2012.

O poema de Oswald de Andrade remonta à ideia de que a brasilidade está relacionada ao futebol. Quanto à questão da identidade nacional, as anotações em torno dos versos constituem a) direcionamentos possíveis para uma leitura crítica de dados histórico-culturais. b) forma clássica da construção poética brasileira. c) rejeição à ideia do Brasil como o país do futebol. d) intervenções de um leitor estrangeiro no exercício de leitura poética. e) lembretes de palavras tipicamente brasileiras substitutivas das originais.

33. Assinale a alternativa em que se encontram preocupações estéticas da Primeira Geração Modernista: a) Principal corrente de vanguarda da Literatura Brasileira, rompeu com a estrutura discursiva do verso tradicional, valendo-se de materiais gráficos e visuais que transformaram a estrutura do poema. b) Busca pelo sentido da existência humana, confronto entre o homem e a realidade, reflexão filosófico-

22 | Pró Floripa

Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes do movimento modernista brasileiro. Com seus poemas, penetrou fundo na alma do Brasil e trabalhou poeticamente as inquietudes e os dilemas humanos. Sua poesia é feita de uma relação tensa entre o universal e o particular, como se percebe claramente na construção do poema Confidência do Itabirano. Tendo em vista os procedimentos de construção do texto literário e as concepções artísticas modernistas, conclui-se que o poema acima a) representa a fase heroica do modernismo, devido ao tom contestatório e à utilização de expressões e usos linguísticos típicos da oralidade. b) apresenta uma característica importante do gênero lírico, que é a apresentação objetiva de fatos e dados históricos. c) evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua comunidade, por intermédio de imagens que representam a forma como a sociedade e o mundo colaboram para a constituição do indivíduo. d) critica, por meio de um discurso irônico, a posição de inutilidade do poeta e da poesia em comparação com as prendas resgatadas de Itabira. e) apresenta influências românticas, uma vez que trata da individualidade, da saudade da infância e do amor pela terra natal, por meio de recursos retóricos pomposos.


35. Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou. [...] Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-préhistória já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos – sou eu que escrevo o que estou escrevendo. [...] Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes. Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual – há dois anos e meio venho aos poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê? Quem sabe se mais tarde saberei. Como que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só não inicio pelo fim que justificaria o começo – como a morte parece dizer sobre a vida – porque preciso registrar os fatos antecedentes. LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998 (fragmento).

A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a trajetória literária de Clarice Lispector, culminada com a obra A hora da estrela, de 1977, ano da morte da escritora. Nesse fragmento, nota-se essa peculiaridade porque o narrador a) observa os acontecimentos que narra sob uma ótica distante, sendo indiferente aos fatos e às personagens. b) apresenta uma característica importante do gênero lírico, que é a apresentação objetiva de fatos e dados históricos. c) evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua comunidade, por intermédio de imagens que representam a forma como a sociedade e o mundo colaboram para a constituição do indivíduo. d) critica, por meio de um discurso irônico, a posição de inutilidade do poeta e da poesia em comparação com as prendas resgatadas de Itabira. e) apresenta influências românticas, uma vez que trata da individualidade, da saudade da infância e do amor pela terra natal, por meio de recursos retóricos pomposos. 36. ENEM Antiode Poesia, não será esse o sentido em que ainda te escrevo: flor! (Te escrevo: flor! Não uma flor, nem aquela flor-virtude — em disfarçados urinóis). Flor é a palavra flor; verso inscrito no verso, como as manhãs no tempo. Flor é o salto da ave para o voo: o salto fora do sono

quando teu tecido se rompe; é uma explosão posta a funcionar, como uma máquina, uma jarra de flores. (MELO NETO, J.C. Psicologia da composição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997)

A poesia é marcada pela recriação do objeto por meio da linguagem, sem necessariamente explicá-lo. Nesse fragmento de João Cabral de Melo Neto, poeta da geração de 1945, o sujeito lírico propõe a recriação poética de a) uma palavra, a partir de imagens com as quais ela pode ser comparada, a fim de assumir novos significados. b) um urinol, uma referência às artes visuais ligadas às vanguardas do início do século XX. c) uma ave, que compõe, com seus movimentos, uma imagem historicamente ligada à palavra poética. d) uma máquina, levando em consideração a relevância do discurso técnico-científico pós-Revolução Industrial. e) um tecido, visto que sua composição depende de elementos intrínsecos ao eu lírico. 37. (ENEM) À garrafa Contigo adquiro a astúcia de conter e de conter-me. Teu estreito gargalo é uma lição de angústia. Por translúcida pões o dentro fora e o fora dentro para que a forma se cumpra e o espaço ressoe. Até que, farta da constante prisão da forma, saltes da mão para o chão e te estilhaces, suicida, numa explosão de diamantes. PAES, J. P. Prosas seguidas de odes mínimas. São Paulo: Cia. das Letras, 1992. A reflexão acerca do fazer poético é um dos mais marcantes atributos da produção literária contemporânea, que, no poema de José Paulo Paes, se expressa por um (a): a) reconhecimento, pelo eu lírico, de suas limitações no processo criativo, manifesto na expressão “Por translúcidas pões”. b) subserviência aos princípios do rigor formal e dos cuidados com a precisão metafórica, como se em “prisão da forma”. c) visão progressivamente pessimista, em face da impossibilidade da criação poética, conforme expressa o verso “e te estilhaces, suicida”. d) processo de contenção, amadurecimento e transformação da palavra, representado pelos versos “numa explosão / de diamantes”.e) necessidade premente de libertação da prisão representada pela poesia, simbolicamente comparada à “garrafa” a ser “estilhaçada”.

#ORGULHODESERPRÓ |

23


38. TEXTO I João Guedes, um dos assíduos frequentadores do boliche do capitão, mudara-se da campanha havia três anos. Três anos de pobreza na cidade bastaram para o degradar. Ao morrer, não tinha um vintém nos bolsos e fazia dois meses que saíra da cadeia, onde estivera preso por roubo de ovelha. A história de sua desgraça se confunde com a da maioria dos que povoam a aldeia de Boa Ventura, uma cidadezinha distante, triste e precocemente envelhecida, situada no confins da fronteira do Brasil com o Uruguai MARTINS, C. Porteira fechada. Porto Alegre: Movimento, 2001 (fragmento).

TEXTO II Comecei a procurar emprego, já topando o que desse e viesse, menos complicação com os homens, mas não tava fácil. Fui na feira, fui nos bancos de sangue, fui nesses lugares que sempre dão para descolar algum, fui de porta em porta me oferecendo de faxineiro, mas tava todo mundo escabreado pedindo referências, e referências eu só tinha do diretor do presídio. FONSECA, R. Feliz Ano Novo. São Paulo: Cia. das Letras, 1989 (fragmento).

A oposição entre campo e cidade esteve entre as temáticas tradicionais da literatura brasileira. Nos fragmentos dos dois autores contemporâneos, esse embate incorpora um elemento novo: a questão da violência e do desemprego. As narrativas apresentam confluência, pois nelas o(a) A oposição entre campo e cidade esteve entre as temáticas tradicionais da literatura brasileira. Nos fragmentos dos dois autores contemporâneos, esse embate incorpora um elemento novo: a questão da violência e do desemprego. As narrativas apresentam confluência, pois nelas o(a) a) criminalidade é algo inerente ao ser humano, que sucumbe a suas manifestações. b) meio urbano, especialmente o das grandes cidades, estimula uma vida mais violenta. c) falta de oportunidades na cidade dialoga com a pobreza do campo rumo à criminalidade d) êxodo rural e a falta de escolaridade são causas da violência nas grandes cidades. e) complacência das leis e a inércia das personagens são estímulos à prática criminosa.

39. ENEM Logia e mitologia Meu coração de mil e novecentos e setenta e dois já não palpita fagueiro sabe que há morcegos de pesadas olheiras que há cabras malignas que há cardumes de hienas infiltradas no vão da unha na alma um porco belicoso de radar e que sangra e ri e que sangra e ri a vida anoitece provisória centuriões sentinelas do Oiapoque ao Chuí. CACASO. Lero-lero. Rio de Janeiro: 7Letras; São Paulo: Cosac & Naify, 2002.

O título do poema explora a expressividade de termos que representam o conflito do momento histórico vivido pelo

24 | Pró Floripa

poeta na década de 1970. Nesse contexto, é correto afirmar que a) o poeta utiliza uma série de metáforas zoológicas com significado impreciso. b) morcegos”, “cabras” e “hienas” metaforizam as vítimas do regime militar vigente. c) o “porco”, animal difícil de domesticar, representa os movimentos de resistência. d) o poeta caracteriza o momento de opressão através de alegorias de forte poder de impacto. e) “centuriões” e “sentinelas” simbolizam os agentes que garantem a paz social experimentada.

40. ENEM Pote Cru é meu pastor. Ele me guiará. Ele está comprometido de monge. De tarde deambula no azedal entre torsos de cachorro, trampas, trapos, panos de regra, couros, de rato ao podre, vísceras de piranhas, baratas albinas, dálias secas, vergalhos de lagartos, linguetas de sapatos, aranhas dependuradas em gotas de orvalho etc. etc. Pote Cru, ele dormia nas ruínas de um convento Foi encontrado em osso. Ele tinha uma voz de oratórios perdidos. BARROS, M. Retrato do artista quando coisa. Rio de Janeiro: Record, 2002.

Ao estabelecer uma relação com o texto bíblico nesse poema, o eu lírico identifica-se com Pote Cru porque a) entende a necessidade de todo poeta ter voz de oratórios perdidos. b) elege-o como pastor a fim de ser guiado para a salvação divina c) valoriza nos percursos do pastor a conexão entre as ruínas e a tradição. d) necessita de um guia para a descoberta das coisas da natureza. e) acompanha-o na opção pela insignificância das coisas.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.