Universo Mágico e Simbólico de Portugal

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Título Universo Mágico e Simbólico de Portugal Autor Eduardo Amarante Director Editorial Eduardo Amarante Coordenação Editorial Dulce Leal Abalada Revisão Isabel Nunes Grafismo, Paginação e Arte final Div'Almeida Atelier Gráfico www.divalmeida.com/atelier Técnica da capa Div'Almeida Atelier Gráfico Impressão e Acabamento Espaço Gráfico, Lda. www.espacografico.pt Distribuição Projecto Apeiron, Lda. apeiron.edicoes@gmail.com 1ª edição – Janeiro 2012 ISBN 978-989-8447-19-7 Depósito Legal nº 338450/12 ©Apeiron Edições Reservados todos os direitos de reprodução, total ou parcial, por qualquer meio, seja mecânico, electrónico ou fotográfico sem a prévia autorização do editor. Projecto Apeiron, Lda. www.projectoapeiron.blogspot.com projecto.apeiron@gmail.com Portimão – Algarve


Eduardo Amarante

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Universo Mágico e Simbólico de Portugal

ÍNDICE

Preâmbulo à obra Prefácio Introdução

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Capítulo I Das origens do pensamento mítico ao novo espírito antropológico 1. O sagrado e o mito 1.1. O mito e o símbolo 1.2. O mito e o rito 1.3. Tempo sagrado e tempo profano 1.4. A arte e o sagrado

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Capítulo II O novo espírito antropológico 1. A antropologia religiosa 2. O mito cosmogónico 3. O antes e o depois: o caos e o cosmos 4. Guerra do cosmos contra o caos 5. Como é em cima é em baixo (imago mundi) 6. O mito da Atlântida e dos Atlantes

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Capítulo III A origem secreta do nome “Lusitânia” e os Lusitanos 1. O que narram as fontes históricas da Lusitânia 2. As origens sagradas dos Lusitanos 2.1. Iberos e Celtiberos 2.2. Celtas e Druidas no contexto ibérico 3. Os Lusitanos e as suas características etnogénicas 3.1. A romanização da Lusitânia 4. O ritual cosmogónico da guerra e a ética do guerreiro 4.1. Costumes bélicos e cavaleirescos 5. A tradição heróica e o sentido simbólico da realeza 5.1. Os Reis divinos e a sagração do rei. A realeza na Ibéria 5.2. Túbal-Caim, primeiro Rei da Ibéria 6. A lenda da corça

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Capítulo IV O sentido da religião nos cultos e nas tradições 1. O Centro do Mundo. Os promontórios e santuários sagrados

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75 2. A cultura megalítica 76 3. A noção de imortalidade da Alma entre o povo lusitano 78 3.1. A incineração e a inumação 80 3.2. As oferendas fúnebres 3.3. O culto dos antepassados e a função ritual da porta fúnebre 82 86 4. A verdade dos Mistérios e da Iniciação 88 4.1. A hermenêutica como método de interpretação simbólica 91 4.1.1. O símbolo da serpente 91 4.1.2. O “bode expiatório” 92 4.1.3. O significado da espiral 93 a) A simbólica da espiral e o jogo do ganso 4.1.4. A simbologia do caduceu como elo da ligação 94 homem/universo 94 4.1.5. O ceptro como selo de autoridade 94 4.1.6. A suástica como símbolo do universo em mutação 95 4.1.7. O símbolo universal da cruz 95 4.1.8. O círculo, símbolo da perfeição e do espírito 95 4.1.9. Os mistérios dionisíacos 96 4.1.10. O carácter simbólico da Lua 98 4.1.11. A função da ferradura e do crescente lunar 99 4.1.12. Sintra, a Serra da Lua 100 4.1.13. A corça, a vaca e os cornos lunares 100 4.1.14. A “Porca de Murça” 101 4.1.15. O simbolismo do falo no ritual agrário 101 4.1.16. A simbologia da água e o rio do esquecimento 103 4.2. A abolição dos Mistérios 5. O simbolismo mágico-religioso dos bétilos e das 104 pedras oraculares 107 5.1. Dos sinais insculpidos em pedras 108 5.2. Ao simbolismo genésico dos aerólitos Capítulo V A activação dos lugares mágicos de Portugal 1. A relação mágica e mítica do deus Lug ao Lugar: o mito do Dilúvio em terras peninsulares 2. A alma humana no lug(ar) sagrado Conclusão

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Universo Mágico e Simbólico de Portugal

Preâmbulo à obra _____

Quando nos inícios dos anos 90 veio a lume um pequeno livro Portugal e os seus Lugares Mágicos, mais tarde, em 2003, exaustivamente ampliado em 3 volumes(*), o autor Eduardo Amarante desbravava terreno ignoto, mas prenhe de manancial de conhecimento que, dando frutos, contribuiu para que o simbolismo fosse aceite como uma das muitas interpretações da historiografia portuguesa. Os leitores, pouco acostumados, no tempo, a estes temas, reagiam ora agradavelmente surpreendidos, ou com uma desconfiada estranheza. Na verdade, a forma arrojada como o autor analisava a tradição portuguesa, à luz do simbolismo universal, da filosofia e da nova antropologia, suscitava nas pessoas um vivo interesse, visto que pouco de falava dela no país e, muito em particular, da sua cultura popular. Poucos falaram, mas dos que o fizeram, destacam-se as obras magistrais de J. Leite de Vasconcelos, Teófilo Braga, Abade de Baçal e António Quadros. Com o tempo, as mentalidades transformaram-se e, actualmente, o cenário é bem diferente daquele que se vivia nos anos 80 e 90, período em que o autor desenvolveu a sua actividade. O Universo Mágico e Simbólico de Portugal recupera e amplia ideias que nortearam as obras que a precederam. A magia e os símbolos, a ela associados, resultam de uma linguagem ancestral de conhecimento, que nos remete para um saber tão antigo quanto a humanidade: o despertar para o estudo da Natureza e do Homem. Dulce Leal Abalada Dir. Projecto Apeiron

(*) Lugares Mágicos e Megalitismo - A Geografia Sagrada da Terra e as Energias Cósmicas e Telúricas; Lugares Mágicos e Tradições - Magia, Cultos e Ritos associados ao Céu e à Terra e, por último, Roteiro Megalítico - Percurso Mágico em terras Portuguesas.

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Prefácio _____

O final da era de PIXIS aproxima-se como um gigantesco redemoinho que engole a superfície do mar, arrastando consigo tudo o que encontra no seu caminho. Grandes barcas construídas de lógica e materialismo e carregadas de certezas e convicções consideradas inabaláveis, acabam por ser puxadas por uma corrente que as arrasta para um túnel rotativo, esmagando-se trituradas pelas trevas. Muito do que se tem considerado “impossível” ou “pouco provável” tem caído de forma inesperada à nossa volta, nos últimos tempos. Muito mais ainda se vai modificar. Já não há certezas nem garantias e o homem pergunta-se que rumo há-de tomar. Como e com quê?! Será isto um pesadelo ou uma visão apocalíptica do que nos espera? Talvez nada disso, mas apenas um relembrar da necessidade de nos consciencializarmos da nossa pequenez e da pesagem das nossas prioridades. A civilização babilónica autodestruiu-se na tentativa ousada de construção de uma torre até ao céu. Desentenderam-se entre si e viram que não falavam a mesma língua. Podiam até usar as mesmas palavras, mas como o seu significado era outro, acabou tudo por ruir. Que chave de acesso ao entendimento ficou então ao homem para perceber as indicações que Iniciados haviam deixado de eras anteriores? No seu desespero restou-lhe a esperança de poder compreender uma linguagem única e igual para os homens, inacessível porém aos animais. A linguagem dos símbolos. Esta não necessita de vocabulário, nem gramática. Pode ser transmitida sem receio do tempo ou do espaço. A sua compreensão dependerá em primeiro lugar do querer ver e, só em segundo, do saber ver. Mas quem não souber elevar-se acima da sua condição animal não a compreenderá. Os grandes mestres da Humanidade, filósofos, arquitectos, artistas, poetas e líderes religiosos, souberam transmitir parte do seu saber pela linguagem dos símbolos. Deixaram uma longa estrada sem fronteiras, nem de espaço, nem de tempo, auxiliando gerações e reencontrarem-se após longas caminhadas cegas pelos desertos de lutas em vão. Se Portugal existisse apenas por razões de raciocínio lógico e de conveniência material, seria compreensível o seu desaparecimento, como o de tantas outras nações que hoje não passam de meros nomes de locais em mapas da antiguidade.

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Mas Portugal possui uma luz própria, revelada pela sua tradição esotérica, que não deixa dúvidas do muito que ainda se espera dos CIDADÃOS DA LUZ. Não é por acaso que a sua LUZ-CITÂNIA sobreviveu como chama escondida nos corações dos seus habitantes, quando sua nação se viu anexada pelo Império Romano, renascendo séculos depois como Portugal Templário. Também não é sem razões profundas que cavaleiros e navegadores lusos plantaram a linguagem dos símbolos por todo o planeta terrestre, oferecendo-nos pistas preciosas para nos guiar de forma limpa, pura, a fim de enfrentarmos a passagem para a época de Aquário que ansiosamente nos espera. Entender o significado dos símbolos, interpretá-los de forma correcta e oferecer acesso aos conhecimentos e às convicções assim obtidos, é tarefa prioritária de todos os que desejam manter viva a chama interior da sua ancestral identidade e transmiti-la às gerações vindouras. Rainer Daehnhardt

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Introdução _____

Se no final do milénio passado já havia sinais fortes de crescente interesse pela Tradição, Magia e Lugares Mágicos, hoje esse interesse exponenciouse. E sobre esse aspecto podemos perguntar-nos o motivo de tal aceitação. Digamos que a História roda e o “conhecimento”, que até aí era tabu, passou a ser acessível a todos sem excepção. A novidade é aliada do “conhecimento”. Paralelamente a esta situação havia uma História oficial que pouco dizia às pessoas. E isto muito por culpa do seu estatismo ao analisar os fenómenos históricos sob uma forma linear e vazia de conteúdo religioso, espiritual. Essa história baliza-se em preceitos materialistas dos séculos XIX e XX, em determinadas formas de interpretar o mundo. Os historiadores que a defendiam, enredados que estavam nessa filosofia materialista e linear, tinham muitas dificuldades em romper com estes velhos dogmas e aceitar as novas ideias, também elas válidas, que começavam a fervilhar e a ter eco entre as gentes. Com o seu impulso, a História passou a ser vista, não como um processo linear, mas curvo (em forma de espiral), à semelhança do universo, e imbuída de elementos religiosos e espirituais. Porém, alguns estudiosos da História ainda resistentes teimavam em assentar os seus postulados numa visão linear, horizontal – mimetando os seus antecessores –, que os impedia, assim, de analisar os acontecimentos históricos em profundidade, na vertical, indo ao encontro das “primeiras” causas. Continuase a estudar muito, a escrever muito e a ensinar muito, mas com uma grande carga de preconceitos. Aliás, a fenomenologia histórica não é exequível sem a componente psíquica e, diria mesmo, sem a componente espiritual. No dobrar do milénio, um novo impulso é dado pela História. Novos desafios e novas oportunidades são postos ao homem. O conhecimento é hoje acessível a todos e cada qual dispõe dele como bem quer. O verdadeiro esoterismo, que então era votado ao esquecimento, passa a ser motivo das conversas mais variadas, caindo o seu ensinamento numa perigosa banalização, deturpado e manipulado por interesses comerciais. O racionalismo exacerbado, sem rosto e sem espírito, é um travão que barra o caminho ao verdadeiro ensinamento. Não basta saber, é preciso viver, experienciar, para conhecer. É necessário utilizar a Razão, mas sempre que isso não impeça a intuição de falar, de expressar-se e, sobretudo, de viver com o coração e pôr mãos à obra. Este é o lugar mágico por excelência. O Universo Mágico como “co-habita” com o homem no mundo e é a expressão de uma reminiscência de um lugar, mágico por excelência, que se plasmou num determinado tempo e fez-se presente e, imbuído de uma

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