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Fabricação de EPIs para profissionais da saúde

COMBATE AO COVID-19 UFC produz EPIs para profissionais da saúde durante pandemia

Por Raquel Barbosa

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a tentativa de ajudar

Na comunidade médica na luta contra o novo coronavírus, a Universidade Federal do Ceará (UFC) já distribuiu mais de 2800 face shields através da ação “UFC e você contra o coronavírus”. A campanha, que vem acontecendo desde o começo da pandemia, distribuiu face shields para vários hospitais de Fortaleza.

As face shields, escudo para o rosto, quando traduzidas, são máscaras para uso principalmente dos profissionais da saúde. Seu objetivo é proteger a área dos olhos, boca e nariz de partículas e gotículas que podem ser expelidas pela fala ou espirros de pacientes, diminuindo assim o risco de contaminação do profissional de saúde. Ela é usada acompanhada de outros equipamentos de segurança como uma vestimenta de proteção do corpo e da cabeça, e uma máscara para proteção de vias aéreas.

A iniciativa, de acordo com o professor Roberto Vieira, surgiu de várias frentes. O envolvimento da Oficina Digital e do Grupo de Tecnologia Assistiva foi através de Ítala Oliveira, mestranda da UFC e terapeuta ocupacional do Hospital Geral Dr. Waldemar de Alcântara (HGWA). A parceria começou devido à quantidade insuficiente de equipamentos de proteção individual (EPIs) no hospital. Ítala, participante da Oficina Digital, entrou em contato com os colegas, dando início ao movimento no grupo.

O próximo passo, de acordo com o prof. Roberto Vieira, foi a prototipação e adaptação de alguns modelos de máscaras extraídas da internet, feitas pelo professor Carlos Eugênio Moreira de Sousa, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo e Design - DAUD. Chegando ao resultado final de três modelos, os mesmos foram enviados e avaliados pelo hospital, sendo o modelo híbrido validado. O processo de produção de máscaras é flexível, e os protótipos são continuamente readaptados para um melhor desempenho.

A ação, em sua origem, tinha como objetivo atender apenas

Pesquisadores produzem face shields para profissionais de saúde durante a pandemia (Foto: Reprodução)

o pedido feito por Ítala. No entanto, as coisas mudaram quando, devido a falta de insumos, foi aberta uma campanha para doação desses materiais. Várias instituições entraram em contato com o grupo, fazendo com que eles criassem um formulário de inscrição para que todos os interessados pudessem fazer a solicitação. “Em paralelo, começaram a surgir outras iniciativas na universidade, e uma delas foi esse chamado. Foi criado um formulário para cadastro de impressoras 3D na universidade, foi então quando tomamos conhecimento desse movimento. Em determinado

COMBATE AO COVID-19

unificamos toda a estrutura e conseguimos trabalhar em um único grupo nessa iniciativa específica de produção de máscaras “

Roberto Vieira, Professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo e Design (DAUD)

Pesquisadores produzem face shields para profissionais de saúde durante a pandemia (Foto: Reprodução)

momento começamos a conversar, nosso grupo e o grupo que estava organizando as impressoras 3D, juntamos tudo, unificamos toda a estrutura e conseguimos trabalhar em um único grupo, nessa iniciativa específica de produção de máscaras” como conta o prof. Roberto.

É importante ressaltar a parceria feita com o Hospital Waldemar de Alcântara, que facilitou o processo de validação das máscaras, o que permitiu que os grupos envolvidos da Universidade conseguissem iniciar a produção em maior escala, mais rápido. Essas máscaras, no entanto, não são distribuídas apenas para o ISGH. Foi aberto um formulário de cadastro para as unidades hospitalares que estivessem com escassez de material. Essa distribuição também conta com o auxilio do hospital, que se disponibilizou a efetuar toda a logística do projeto. Quando há algum material a ser doado, a instituição é sinalizada, disponibilizando um profissional para levar esses materiais até o local de produção das máscaras. Em seguida, as máscaras já finalizadas são coletadas e enviadas para os locais de destino. A iniciativa utiliza impressoras 3D para a confecção das face shields. Uma das vantagens desse tipo de equipamento se dá pelo fato dessas máquinas serem de prototipagem rápida, o que lhes concede velocidade no resultado, conseguindo prototipar e validar de forma mais rápida, além de ter um custo baixo de produção, quando comparado a outras produções de baixa escala. Além disso, a probabilidade de pessoas terem essas máquinas 3D em casa popularizou a produção, tornando possível a rápida disponibilização desses projetos nas redes, proporcionando a pessoas de todas as partes

do mundo encontrar, testar, e imprimir esses protótipos.

Para a produção desses modelos, é utilizado uma folha de acetato na parte da frente, desempenhando a função de escudo e protegendo o rosto do profissional, juntamente com a estrutura feita pela impressora 3D que firma a parte de acetato ao rosto. Porém, mesmo que mais conhecida, os modelos 3D não foram os únicos produzidos pela Universidade. Posteriormente, foram também produzidos modelos compostos apenas por acetato. Nesse caso, foram utilizadas máquinas de corte a laser ou plotters de recorte, o que torna o processo de produção ainda mais rápido. O professor Clemilson Costa Santos, do Instituto UFC Virtual do Grupo de Redes de Computadores, Engenharia de Software e Sistemas (GREat) também desenvolveu uma técnica para produzir máscaras a partir de canos de PVC.

Com o objetivo de reduzir os custos com material, tempo para a produção e seu peso, as máquinas são configuradas para formar uma estrutura interna semelhante a uma colmeia nas máscaras, além de uma estrutura externa fechada, garantindo a proteção do usuário.

Já para as produções em larga escala, os processos se tornam mais otimizados, reduzindo o tempo e os custos da produção, além de atenderem a várias especificações de segurança para obter os certificados de produção. A dificuldade de esterilização das máscaras produzidas a partir das impressoras 3D, de acordo

Profissional de saúde utilizando face shield produzida pela Universidade Federal do Ceará (Foto: Reprodução)

com o prof. Roberto Vieira, tornam essas máscaras de uso descartável, a fim de evitar a contaminação. O projeto, aponta ele, é uma forma da Universidade ajudar a comunidade médica, enquanto a indústria esteve fechada por causa da pandemia e não conseguiu suprir as necessidades daquele momento. Além da produção de face shields, existem outras iniciativas por parte da Universidade. Produção de pias móveis para higienização de pessoas em situação de rua, distribuição de alimentos e a produção de álcool em gel estão entre as ações de combate ao Covid-19.

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